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A primeira edição falando de Amerê e do que acontece na Conferência atestou que este livro seria proibido (ainda é, então?), nem se responsabiliza, diferentemente desta vez, (...)

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(A Conferência)

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Para você que adquire um destes livros na forma física:O preço (quando não, apreço!) terreno atribuído àsobras do presente autor apenas se justificam pelosmeios de produção e sua posterior divulgação. A fé emDeus, à Luz e ao Bem Comum, é e sempre será ointuito desta vida, por enquanto durarem seus dias.Agradeço a todos a oportunidade, e que nossos errospossam ser perdoados. Que a Paz esteja em nós!

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A primeira edição falando de Amerê e do que acontecena Conferência atestou que este livro seria proibido(ainda é, então?), nem se responsabiliza,diferentemente desta vez,

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Personagens (Em Aparição)

Amerêo garoto zoeiroPilarBianca Fiorio arrumadorBabá E a estrangeira

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ARGUMENTO

Amerê. É vista em tanta fé, fastios. Está de pé, calada.Muito e de várias maneiras se destruiu ao chegar nesteponto a nossa Amerê. O que se sabe é que reinava a esperano local. Os mortos e os vivos são os que se alinham nessadoideira; sangue e pregos, porque nada disso fora esperado.Ouve-se um fuuuss..

Um momento depois, vindo de longe, Amerê levantando orosto, começa ela a revelar tudo o que percebe, vejamos:

“Como levamos”, examina ela. Chegam perto Pilar, oarrumador, Babá e a estrangeira. O garoto está vindo delonge e sem pressa. Continua Amerê, após esperar queficassem juntos os presentes:

“Reclamando não, refazendoPor um belo maior favorCaímos no sono, ah, nesseTanto nos fartamos, teimamosCom as drogas de buscarMostrando cansaço reconfortanteMas desfaz-se em vãos, lodos, pântanos e bambuzais. Como que grandes sáurios Sim, vimos os mega destruidores,só fazem matar! Que é isso?

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Quais de vocês fazem matar?Primeiramente caçando o que forEssa brincadeira é velhaA de saltar muros, roubar veículosPassar por cima à tua maneira, só e fugir capenga.”

A seguir, calou-se respirando fundo; logo depois com aforça revigorada levantou os braços e implorou, ao mododos iniciados – Amerê pediu a justiça para todos, que omundo a ouvisse! “Justiça”, ela repete. Durante ummomento, quem estava ali sentiu o ambiente refrescar. ABabá toma a palavra:

“Assim sendo, descontraídosPassávamos por um descampadoJá sabemos qual, ele volta!A morena ia apreensivaGirou e disse para a gente:Precisamos chegar depois de lá Temos que ir para Argot”

“Quê? Como assim?”, fala o arrumador.

“Não seria ao Argumento??”, comenta aestrangeira.

“Ela estava muda essa morena, sozinha em si,olhando fora. Esse futuro não era nem o esperado”,continua relatando a Babá.

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“Mas é o que nos pertencePagamos pelos erros, pois éComo levamos, como deixamos?”, reflete Amerê,

observando todos.

“Dane-se”, mesmo assim era o que falava a morena, eenfatiza a Babá que “para aquela pessoa em seuxingamento, no estado em que se via, para ela nada naquelaépoca importaria.”

“Mesmo após banais avisosToda a bolha estourouAssaltar virou a leiQuem pode ostentarSe o medo assopra à vista?”, diz isso e Amerê se

detém, pois o garoto se aproximava deles ali. Acenarampara ele, que ao se juntar tranquilamente dispôs o ambientecom sua melindragem. Formaram então um círculo paraescutar a declaração de Amerê. Ela prossegue:

“Eu vi”, e respira fundo. “Cais e mais carros pelosabandonados

E muita gente desesperada pedindo......Correr à luzE via-se tal Palácio de Granito, como na Antiguidade Só poderia ser uma alegoria!”

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Diante disso, intervém o garoto:

“Bem, é uma forma polida, lisonjeira, não é (risos), de dizer que...

“Desabada a coxinha de galinha Certo monstro gigantesco, este.....Jogou aqui no chão, depois de sua fomeNos deixou o salgado estatelado Mais uma coxinha de galinha.”

“A afirmação continua sim, se não for contestada, masa hora pede... a ficarmos mais leves”, aquiesce Amerê.

Ao ouvir isso, o garoto arregala o rosto, achou ele ter sidozombeteiro demais. Pilar também quer rir, mais pelogaroto. Os demais já estão entregues, só escutam agora omurmurar das rezas, apenas seus corpos físicos estão alinaquele momento. Amerê já havia paralisado o lugar; elaabre os braços, suplicando igualmente a bênção da Luz, efala mais alto:

“Fossi... paralisados,cegos de prazer e raiva pelo destinoSão precisos e dão o recado...Ao que se retiram os mais lentosDa jogada e para ela apenas quem for brutoOs jovens que catem os despojosEra cedo demais, já disseram! Pedem muito.”

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E cochicha bem baixinho o garoto, quase não sai ar de seuspulmões:

“Ainda há muito para a gente, calma aê.”

Amerê meneia a cabeça, como se deixando seu corpo serinvadido pela revelação. Continua:

“É deixado apenas um trecoQue, tateando pelo escuro,Desanima se não é música ou ordemDe massa misturada a fiapos..... humm (...)”, ao

passo que o garoto lhe interrompe, querendo suscitar maisênfase, percebendo que ela sofria ao dizer tudo aquilo. Elebrinca, então:

“Não é bem a carne, só o desfiado... tá vendo não!?”

Mas dessa vez ninguém sorri pois estão em sintonia com aenergia emitida por Amerê. O garoto também respirafundo, sabe que ao se entregar àquela energia talvezperdesse uma parte de si. Mas era a vez de lavar a alma! Elerespira, e antes que pudesse reorganizar seus pensamentos,volta Amerê do transe proferindo as seguintes (e ríspidas)palavras:

“É massa de si (e do momento)... sempre tosca massa

Por vezes vem temperada e amorfa Outras sem sal, depende do cozinheiro!!!!”, e se

cala. Mas o garoto intervém, assistido pela compaixão dos

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que rezam em silêncio:

“Ah poxa, deixaram o que nos entopeSó alargando o bucho, heinNão crescem fortes assim,Canalinhas iniciantes, tanta massarelegados pra nada do melhorTentam de tudo um poucoMais aí vai o problema:Não se especificam e inchamSe roedores que são, desgastam... de tudo.”

Amerê não deixa o jovem terminar sua brincadeira mesmoestando ela mesma agora com o rosto relaxado, abrindo oslábios, querendo sorrir. Por meio de gestos sutis ela embalatudo ao redor. Ela fala, e ao entoar as palavras,complementa o garoto o que tinha ele a dizer:

“Mas não o bojoNem mesmo o idealA massa é tão grande,as gerações sem tempoNinguém se cria, veja.”

“Quase não dá para geral”, pensa ele, junto dela.

“E dizem que seriam mais hipóteses”, diz Amerê.

“Anjinhos .. . idiotas... não têm pais”, adiciona ogaroto.

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Amerê tenta expressar que “em qualquer outro dia quefosse podia dizer que a mentalidade é a do miserável,passado tanto, passado e apenas cresceram como espécie; éisso ser idiota!? Os já pouco gratos seres humanosinvoluíram mentalmente e acumularam as tentativas semserem contundentes... Correm de lado a outro, são paresem suas ansiedades misturadas. Chocam-se lado a lado.Fizeram filas em nuncas, e nem seguem padrões brandos!Humano, por teu prejuízo, cada qual se resguarda. E nocanto espiam aos outros, metabolizando, a digerir omartírio das analogias; entenda: suas barrigas apodrecerãorápido (citem novamente a matéria grosseira!)” Amerê paraalguns segundos, e mais adiante acrescenta, como bemdizem:

“Ressecadas as vestes de carne, já a água nos corpos sendobarrenta, o que comem é de contaminar-se, não sejammenos! Muito mais há no futuro além da reprodução, éunânime, a reprodução sem finalidade tem sido sua únicaforma usada para se retardar?” Não muito longe dali,Bianca Fiori sentia o tempo inteiro o que se passava durantea Conferência. Também ela buscava uma nova vida, alimpeza verdadeira. E em todo canto após começada aConferência, em diversos pontos do globo e através daspessoas mais que especiais, muitos eventos ocorriam. Oinesperado se fazia em toda parte! A mesma Bianca Fioriemenda:

“O que já o beleléu zoouDesde a mão do monstro,Até o que venha acaso expelir

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Dejetos nós da esperançaUns têm e descansamOutros esperam e secamDeu errado o existirO plano era pra todosSe Cí visse! Ah se Cí visse…!Mais uma vez, vamosEnlameados pela ganânciaEstresse e loucura, tais moléstias.”

E o garoto repete com ele mesmo, ainda que em seu íntimoesse pensamento seja sentido em toda parte do planeta:

“Era Pós-Tec, o nome era assim, nada a ver com ahumanidade.” Então com profundo silêncio físico emdetrimento da união espiritual, Amerê anda com odiscurso, renovada em forças:

AMERÊ:

“O ar está pesado e declara queNo céu da boca das pessoas, um mosto de chumbo e partículas.”

GAROTO:

“Tá tudo zoeiradoAté a saída esfumaçou! Ofega a gente que respira mal.”

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AMERÊ:

“Vem o cúmuloAnsiando, quer profetizando ou nãoO fim dos tempos pela face da Terra!”

GAROTO:

“Essa piada, e não adiantaAprume-se já que é pipaVoa e dispensa o acúmulo.”

(E, finalmente, todos juntos:)

AO MESMO TEMPO:

“Ao final, é,Nos amamos como animaisSobrevivemos, viu!?Do câncer somosQue tipos, vezes?Que te sobra dos óculos,Ser, que te sobraQuebradas, hastes, só uma lenteA outra pendida por aíVê desigual, nunca saberáNão às respostas cabíveis, não! Melhor... ressurgirmos Vamos retornar ao Infinito

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e à Luz Não mais igualados pela ânsia de finitude.”

(Todos estendem as mãos)

GAROTO:

“Roedores, monstrosOs salgadinhos...que a terra os trague, amém Valeu por dizer, Amerê.”

(Novamente falam em uníssono:)

AO MESMO TEMPO:

“É a fumaça que nos tinge, o fogo clareiaQuisera ser a luz do esclarecimentoO que nos traz de volta à Vida Para a realidade que te fez idem.”

“Vamos voltar!!!...” Mas Amerê se dissolve no ar, etodos também, e estão agora em tudo. Do ar são parte erevivem, daí a observação dos que amam aos que queremmais – mesmo aprender e futucar, que se acha algo, e sejacomo para dar seu bom-dia. Desejem o melhor (Seabraçam)

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AO MESMO TEMPO:

“AêêÊÊÊ!!!!!!!!!!!!!”

(Todos)

GAROTO:

“Merê, ai merê lê leiê, soltarVem e cumpre iê ê, vem É boa de fazerrrrrrrr.”

Começa uma música, ao ritmo da cantoria do garoto. Aspalavras “saudados sejamos nós, no fim” ecoam em todaparte.

Revemos Pilar e Bianca Fiori, com o arrumador e a Babá. Aestrangeira se aproxima a seguir com o garoto.

COMEÇA O ARRUMADOR:

“Nossa complacência que faltaA esta a mais que iguala em sua cisma eternaMais além, a gente humilde dessa vez é a que

reclama, sua voz instrumento, tão bom, que percepçãomaior!

Junta, temos o dom da palavra (e tudo queexiste.....)”

(Pausa o arrumador, e concorda com os olharesdos amigos, falando na direção de quem estava ali:)

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ARRUMADOR:

“Você pode até fugir destaAcreditem, irmãos, sempre Sem esquecer se representa!”

Nesse ponto algo ocorre, a atmosfera preenche. É apresença. O tom solene dá lugar ao instante da graça,possível que o que quer que digam vire lei, não contestam.Claro, porque é firme a junção das vontades.

Discursa a Babá para o garoto, e acompanham ospresentes:

“Sabe de quem já levou coça braba e... – a Babá se ajeitaassim que começa, estende a mão para o garoto, que asegura; termina ela a frase com um sorriso terno: –...fezbico? Lembra do teu parente, vários dos que beberam vinhotinto de sangue morno, ou de quem arrumou sarna pra secoçar, e escafedeu-se. Mas te veem em toda parte, eu falo devocê jovem ou de todo o mundo, simples e fácil de acender.Já disse, é iluminação. É e faz parte!

PILAR APONTA:

“A Poesia já falava, pois bem,Da mandinga ou do catimbeiro, dos Mistérios

ou do ocultoEfervesce e atinge suas vistas, a Vida nunca é a

mesmaAmerê sobe e quer mais alta nossa elevaçãoConjuga-se para nosso ardor

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Aceitem que é parte, é como ela disse.Sua paciência leve, que bom Tintas o mundo.”

E a estrangeira segue o rumo da conversação, ela que temesse nome apenas representativo, percebendo o profundosilêncio do garoto àquela altura, enfatiza ela:

ESTRANGEIRA

“Amerê, quem te deu nome?Te temos no coração, aqui lembramos Qual tua real origem, amiga nossa Diz das perguntas e como acontecePrecisamos de caminhos!Vemos justa crua motrizNão há que turvos a atrapalhemAn não comparece aquiFora derrota como ignorânciaAlfinetando conclusões Cadência, Amerê!!”

ARRUMADOR:

“Lancem os trabalhos.”

“Há um novo ver”, alguém comenta, mas ninguém alireconhece aquela voz sussurrada, fazer distinção não cabeneste tipo de situação. Mais formas e enlaces aparecem se apercepção estiver limpa; nenhuma defasagem ocorre. “Vocêtudo pode, e sem reservas”, complementa Bianca Fiori, eque “O Conhecimento está voltando, é tempo de buscar.”

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O arrumador interrompe esse instante com as palavras:

“Já que leu tantos livros, bebeu de diversas fontes, já paraisso basta? É só o começo, agora é viver, sim, e transformartudo. Assim passa na música, a transformação é parecida. Amúsica e as melodias acontecem para o nosso bem, dealguma forma; são transcritas e podemos executar quandoquisermos. Que aos ouvidos diversos do melhor possaagraciar, nós aqui sabemos e entendemos quando se falaque saudamos tua inventividade, doce som. É incrível,improvável, mas que impossível não desejarem suacorrupção! Ou acham que uma dádiva dessas não atraiatenção!?...”

TODOS JUNTOS:

“Saudamos tua inventividade! Vamos cantar.”

A ESTRANGEIRA, RETOMANDO:

“Nem mesmo AnuEm toda sua animalidadeSob tais efeitos bestiaisOra jocosos ora dissuasivosTampouco poderia ferir Amerê.”

BABÁ:

“Pois sua vista é desmedida. Não obedece a

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padrões ou palavras; em sua forma apenasperceptível para que os olhos materiais possamdormir em paz, mesmo assim nem bebe dainterrogação ou defasagem.”

GAROTO:

“Amerê é como nós, mas que é obscuridade nomundo físico? (Pausa) Que desperdício detempo. Eu brinco.”

BABÁ:

“Falamos de histórias... o mundo físico étransitório, a prova e a expiação. Talvez tenhamfeito muitas histórias para entreter nossos dias.Alguém apagou algum trecho? Ou foi mexido?”

ARRUMADOR:

“Já não se sabe, há muita turvação quandocontam. As histórias são adulteradas mas aintuição vive em nós. Melhor ouvir a voz própria,a intuição sempre. Que vem dos instintos –Pausa, seu olhar atinge com precisão o que quer.– Contra a devassidão dos meios – ri e pausa denovo; depois, por fim, acalma a respiração. Diz:A dobradura viés. Tudo é de apagar-se.”

O ARRUMADOR NOVAMENTE:

“Por que não o melhor repassado? As novas

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gerações trabalham para o Tempo. Para quêtravar mais lutas? Investidas no esquecimento?”

ESTRANGEIRA:

“Em vão grão na mão tão! Assim que chamam.Busca no ocultado, e encontra.”

(Aqui ouvimos um som, é como um trovão que corta apercepção!)

AMERÊ FALA PARA TODOS, ECOANDO:

“Amerê te ilumina Esteja conosco.”

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.CORTE, SEGUNDA PARTE:

Bianca Fiori entra em cena. Está só e diante de você que lê este relato! São seus pensamentos aqui repassados, vindos de uma memória antiga. Vamos cantar juntos:

Eu penso em..... “errar”, claro, na divisa, somostestemunhas e entrevemos. É a melodia da jornada humanaà perfeição do Espírito.Procurei em todos becos, mesmo através das entonações,esmeril até nas vagas centelhas; qual uma via a dar pelapresença dos deuses de diversos nomes criados; ah, Deus étodos esses nomes; Deus é nosso lar! Sigo a empreitada davastidão, e me caio por terra, estatelada aos olhos que jánão sentem como sentiram meus entes, dos que dependema si os quatro ventos, o faz-me rir acaso; não há teclas lá deonde vim, ainda que ora ou outra precise de certa digitaçãopara ser compreendida, ou que alguém diga como é fácilamar, vamos voltar! Não mais em rodeios ou carasdesenhadas, um agraciar sorrir vale bem mais; busqueitanto que esqueci se era, assim tanto, certas vezes menos, oque era a paixão de uma existência... então estou avessa aafagos? Mas veja meus galos na cabeça! Já sei muito dessemundo palpável, só falta você, só você para descansarmos epodermos namorar com a precisa música... quero apresença; dar e receber abraços que surtem como entalhespelo Tempo, chorar pra rir por nós... a favor do planetacompleto: apenas noivar com o dia.

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Chegam o garoto, Babá, Pilar, o arrumador e a estrangeira.O garoto pergunta para Bianca Fiori:

“Só veio agora! Demorou tanto! Onde esteve? Hoje vai ter mais uma reunião.”

BIANCA FIORI, COM A EXPRESSÃO TERNA:

“Eu sei.”

O ARRUMADOR, REUNINDO E RODEANDO:

“Algo” – e pausa a seguir – “Olha, podia ser melhor, podiarolar. Se eu, você, todos, fôssemos garantias; mesmo umaresolvida no tráfego já atravessa quaisquer sonhos de nãos!Deixamos ser, que tal fosse com a mesma realidade oumais referências multiplicar ao expandir? Se já te fizeramalgo de bom; talvez outros até tenham tentado relembrar...talvez em parcos resultados... podem sorrir se fizeram amais... temo dizer; ouve com calma, a paz convosco.”

“Mais, a Poesia ditou, vamos relembrar... temo dizer” –outra vez ele pausa, caminha lateralmente, está com asmãos dadas pelas costas. Depois prossegue – “...vê asrarezas e teima de olhar; soube que não disse tudo, que essapeleja travada não se resolve por convulsões; este poderserve à vida e seus humores, não adianta um artificializarquando o que te faz vibrar é o que realmente à pele atiça;tua aura e moléculas nessa vida, como na água que semeia epreenche a carne. Mas eu estou só daqui de onde me perco,e nada posso fazer a não ser olhar e perceber o quanto era;

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mas tudo bem, se prestes a zerar estas resoluções, estespedidos por alimento, o vulcão em... tudo.”

Bianca Fiori responde, mantendo as feições benéficas, elaque só dá notícias de última hora:

“Foi que foi dito, entendemosPor que não poderiaPoderia ser diferente a convicçãoAcaso o nome fosse duplo?Esta ordem distintaQuem compreende E leva além sensibilidade?”

O GAROTO, PARA ELA:

“Veja (aí) o tronco arrancadoDesde a fundição da ruaFoi perdendo seu espaço Era árvore, era descoberto.”

BIANCA FIORI:

“Calma, eu sei o que é um campoAcha que não ouvi falar ou vi por mim?Um campo natural e vasto, nossa Que os seres coexistiam.”

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GAROTO:

“Era natural, não forçado.”

Bianca Fiori está com o coração apertado, suas mãos nopeito. Não pode mais falar, as maçãs do rosto ficaramvermelhas.

BABÁ, PARA ELA:

“Dito foi muitoEnjoado, em... todosCansa a repetiçãoCansa dizer, ouvir-seSe nas verdades A contestar,(...)”

E não prossegue pois o garoto a interrompe, e divertindo-se:

“Da vidaQue se priva;Mas a vida, nãoApesta se priva.”

(Aqui o garoto segura a mão de Bianca Fiori, para lhe darforças. Sua pausa foi equivalente a uma respiração;continua:)

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GAROTO:

“Por que então, criatura da Terra, a que pensa e reflete, afunda? Mata? Fede!

Inconsciente, otária?

“Incorpore-se”, diz Pilar para ele.

BIANCA FIORI:

“Sim, você faz parte, e somos iguais.”

ARRUMADOR:

“O que é então o Eu da invenção?Pecinhas juntas nisso de violarO Universo serviu esta casa,dissemos ser Terra. E a gente o quê?Melhor não minando, olha só, espera!Nem roubando... das suas invençõesTeríamos as melhores, posteriores,se multiplicariam A essencial grande energia.”

BABÁ:

“Mas o que falta? Onde estacionaram?Nas gerências? Ou em gerir? Hoje dorme na gaiola, deu mole!”

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À medida que iam pensando naquelas palavras, ospresentes amoleciam.

PILAR:

“Onde se toma caminho algum, ali então tembonde de liberdade?”

(Pausa geral)

PILAR DE NOVO:

“Feliz dócil, conformado, obediente, consumidor?Não vai levar ou dar nadaSenão mais frutos repetidosde paçoca monetáriaTanto tempo gasto, sei lá Enfiados nas escolas.”

O garoto se cresce, não perde a oportunidade de brincar; para ele apenas o riso amolece:

“Anos e anos de praga!”

ARRUMADOR:

“Que desastre, períodosPoderiam ser poucosOu é um burro encarregadoUm retardatário completo

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Se fora conduzido, achandoe achando, Deus te livre Te acharam e disseram Ouviu e aquiesceu.”

GAROTO:

“E agora? E amanhã?”

BABÁ:

“Ah tão grandes corporações de caixa quemantêm o conforto da chifrada, saúdamorelhadas.”

(Riem. Logo após há uma pausa rápida de todos)

A BABÁ PROSSEGUE:

“Jazem aspirações e mirabolâncias certeirasMorrerrápido, jazpratudo! Que isso, gente.”

(Riem a contento. Era bom!)

GAROTO:

“Influenciar neles.”

BABÁ:

“Que isso, heim!”

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BIANCA FIORI:

“E somem estes lindos filhos e filhas,E os deles igualmente por aí Mas do poder não saem.”

BABÁ:

“Êêêh duras corporações! Come marimbondo, vai.”

PILAR:

“Sob este véu hipócritaPaira loira propaganda.”

O garoto, achando que diz algo repreensivo:

“Chorume persuasivo!”

O arrumador, para ele:

“Que, estupefatos na lata Enganar furtar, tudo igual?”

A estrangeira, que até o momento estivera calada como uma boa ouvinte:

“Veda.”

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BABÁ:

“As opçõestamanhas...Foi planejadoEstá na cara.”

GAROTO:

“Pretensão!”

PILAR:

“Achar ser únicoA única Era de CivilizaçãoOs elementos se riem!Das sombras sem rigidezTrabalho. Amargueira. E mais indiferença, cançõessilêncios, esperas, é Doma o vento? Nem.”

ARRUMADOR:

“Conseguiria!Caminhamos, mas não” (E se detém, ao que a

estrangeira maneia a cabeça positivamente; ele logo retomaa linha de raciocínio:)

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“Bora em procissãoTodos os fatosSob a mesma luz Pode socializar.”

BABÁ:

“No mesmo abrigo... destes despejados?”

PILAR:

“Se o mal habitar tua boca, e divisa a gente Se te tiram o hálitoVocê viu tantas crianças belasbrincando de marimba Via a rua de terra batida e sol a pino Era divertidoTantas críticas nestas condiçõesNão levam, dão em nada Se pelearmos entre nós.”

(Silêncio, esperam ela continuar)

“Em outros há gargalhaOnde os tais mistériosInexplicáveis, ondeRepousam que nãoEm muitas memórias,E ânsia. Sepultados pela rapidez

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Injustificados pela tolerânciaQue faz a Natureza?E o Homem?Como interagem, Entre si, a gente.”

(Nova pausa de Pilar e, voltando, com mais fôlego:)

“Sob tais mundos submersosEsquecidos, não revigoradosDe onde partir? Recomeçar? Tem conhecimento antigo?”

GAROTO:

“Se sou aimiri, sob formiguinhaApenas somo nessa conta Está lá, escritão!”

ARRUMADOR:

“Pura rocha.”

(Se reúnem e dão um abraço coletivo)

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Corte para Pilar feliz sozinha contando sobre a geração;cantarola ela em bela voz:

“A célula é vivaResponde, sofreFaz o que deveNos enlaça a todosEnganchados e maisNa sala de aula, lembraA menina pensavaNo meio aquosoSubstâncias somosDivagamosGostar existe!Nossa mãe, todasAmam fazerOu não estamosAqui?? Bom é criar.”

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Corte para a estrangeira enquanto aconselha sobre o queviria a ser Apostasia. Ela gesticula graciosamente:

ESTRANGEIRA:

“De uma simples célulavocê nasceu, apenas 1foi se multiplicandoaté ficar total por si só apostou toda a sorteAgora vai embora, poxateu corpo ao solo, renovando e é pótão plural, máximoum monte de partes;nascer, viver, morrerir, ser, e está em Deusque é aquilo tudocomo você é da Naturezasempre belo enxergarAgraciar existir, é o saberleve e puro unoDepois de você, outrao que era, espalhadopelo planeta inteirotransformações que passa.”

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Corte de volta para todos os personagens reunidos, vejam!Apenas o arrumador fala primeiro, explicando aproblemática dos animais indefesos:

ARRUMADOR:

“DeslizeA formiga, que é animal de verdade \ sofre ao

carregar o que lhe deixam de fútil, não sabe \ que tóxicaporcaria de batata palha tem para comer \ já nem parecemais o que já foi \ o que se vê daqui é uma foto tonta \ Oanimal cansa, sabia? \ A formiga leva, vai estocar o que nãoo entende \ é uma vítima sequela das boas \ mas nem foi àescola, talvez haja razão \ será da pureza óbvio?”

AGORA TODOS JUNTOS:

“Nada é fixo na Criação! Louvamos existir e aoportunidade!!”

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Corte, e o garoto volta, recontando casos das pessoas perdidas em busca da paz; ele dramatiza contando do seu jeito como ouviu:

“Eu sei que a Galera & Batidão, este grupo na boa, já naprimeira parte, é, chegou e disse:

− Que bobeira de pose é essa?− De onde tirou isso, agora, você aí? − Se comporta, caramba!”

E depois mais uns aparecem chateando:

“− Não aporrinha, ô pela saco.− Ih fala, ô... ô baba-ovo! Quanta gente irritando.− VAZAAAAA SE NÃO FOR GENTE BOA − Vá jogar uma pelada, que DEU SAMBA− Então, ei fala tu, dá uma arrego aê, parceiro!?− Adianta meu lado, vai.− A batida e o ritmo que te levantam, a voz

conduz suave – o tempo que queira. Enquanto o coraçãobater. Desembrutecendo o teu coração, tão vermelho einfluído de sangue como todo o mundo humano...”

“Vejamos os casais que se alinham no baile; muitaspassadas, doces, carinhos, lambidas; mãos, digo, detalhes...exalando, dois sorrisos verdadeiros. Não há tempo ruim, aperspectiva e o olhar é que nos felicitam.”

“Os dois sinos de timbres outros, em tom, em ritmo, quemdiscorda?”

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O GAROTO FINALIZANDO:

“Em memória da Amerê que se deixou comomensagem, esqueça essas intrigas a te podar... olivre-arbítrio; estamos aqui na Conferência parajuntos chegarmos às conclusões. Ouçam comoas pessoas desse mundo se expressam!”

A GENTE FALANDO PELO MUNDO:

(Diversas pessoas, são suas palavras:)

“Te querem manejável Mas diz: NÃO!!!”

“Sou idiota, ã...?”

“Sou é livre,Não nasci pra ninguém Eu nada, hein.”

“O mundo é, era, minha... tua árvore!”

“Tendo por mãe a TerraQueremos por ela viajar,domar os sons que exalaDesbravar nossos entesterráqueos, as disparidadesQue autoridade que nada

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Se o planeta não tem donoVeio em todos! Que bom E vamos de passagem, é Amando e aprendendo.”

“Agradecemos e choramos Obrigado à Existência!”

“Querem qualquer silêncio,mas do silêncio domadodeste sim tenho remédios;puros, livres de químicas;que não levam nem índicesQuais nomes são para a mesma coisa, disse então:moléstias que seguem em fila.”

“Umas atrás das outras:vezes, tentativas, lascando!”

“Seguem sua levada?”

“Não há cura??”

“Se pela ignorância têm tão vaga noçãoMuito mais passa com essas pessoasE salta diante dos olhos. Não sente, como o soldado Nem vê ao lado a lenda da gratidão Quando tem a viseira e o capacete atados

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E vagos odores do real... Já ouviu sobre a tecnoconsciência, foi!? Nossas cabeças doem!”

“Te-te-tecno-e-ecologia, o quê?”

“Excluídos tantos ordináriosAcadêmicos prostradosOu a eugênica fraqueza de atosFrente ignóbil, obsoleto sistema de todo depauperado.”

“Dorme com esse barulho, e felizes pesadelos!!”

“Por todos os cantos se espalhaO Câncer não vai ter fim, dizemÉ sempre “inviável” remédioTal notícia, orelhas soltas, Vamos prestar mais atenção.”

“Promovendo outra mensagem.”

“Mensagens pelas redes sociais, pelo mais válido, né!?”

“Coisas horrendas, injustiças; que visão (...)”

“E que se deve refletir, eu sei Então o cidadão médio diz:'Pensar!? Mas pensar em quê??'

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'Pense nas crianças – alguém diz –Essas podem mudar o mundoNão estão corrompidas nem vão, São gastação e sinceridade'.”

“Isso foi a resposta?” “Pensar no que o outro acha, talvez.”

“Se você isso ou aquilo, pensar que é legal.”

“Nunca te limita.”

“Assim como, limitar alguémpela sua originalidade, ah limitarPorque empadroar é restringir Que só serve pra negativar.”

“...através tal pareidolia paralela.”

“A questão não é teu vizinho...”

(Alguém ao lado complementa que:)

“Mas quem arrendou terreno!Há muita informação por aí Muita besteira que direcionar.”

“Não! Queremos é paz.”

“Paz!! Competir é tolice.”

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“Saudável cortacaminhoNão agressivo, não mesmoPreferir nem participar Nem se manchar.”

“É o boicote necessário.”

“Válido. Mas dá certo?”

“Não mais esse pensa- mento-de-rinha.”

“Disputar é o passadoBasta de lascar-se, basta de esfomear nossas formasProsperar é compreender,fazer de mãos dadas!Violência, pedaço e defeitoSe já foi necessária tamanhaloucura, chega. É o que já foi.Glória, não é mais! Tchau Era simples satisfaçãoque deturpou, falhou nacomunicação. Virou egoísmo?Não gostou? Vira a cara!”

“É, vira a cara.”

“A liga aumenta Sempre.”

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“Sempre há uma segunda opção.”

“Que nem o desespero seguraCria pelo outro, você vai gostar?Que da outra face será nutridoSe aquieta a você um tantinho, esparsa aí.” “Ideias não arrancam pedaço.”

“Nem deprimem menteAcorde, viva, compartilhe.”

“Que seja o BemO espelho de vidaa brotar Encare-se . . .”

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Corte, é visto um recado em um determinado ambiente,como se fosse uma recordação ou sonho; o certo é que eraum alerta bem definido e estampado em uma das paredesda sala em que ocorre a Conferência; ali estampado norecado dizia:

“Mas a sacanagem é como um rebentar diário!Desconfie das suas pílulas. Apenas desconfie porum tempinhoQuem se dá ao direito de patentear oselementos?”

“Tomar rasas decisões. Perpetuar dívidas,soluçõesTodas as armações, manobrasÉ delicado.”

“Em quem se apoiar quando interesses pessoaisou tentativas governamentais é que estão emvoga?? Viram? É a frieza, ninguém se deixaconhecer.”

Com calma vem o garoto e prega um cartaz que tem oseguinte poema, este vem por cima e tapando o conteúdoanterior; ainda assim, se você olhar com cuidado poderácompreender ambas as mensagens. O poema do garoto eraeste:

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GAROTO:

“O bode expiatório é emocionalTrepa nas costas, dificulta a vida Atrás, nossa pesada carga ao máximoApartados de sua real gala, nósSugados pelo medo que não cessaComo pode deixar? Por que participa?? Sai, poxa.”

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Corte, o garoto e o arrumador duelam cada um com seuspoemas, a vitória é o lirismo, e assim chegam umas quantasrespostas apressadas:

GAROTO:

“Nem melhor cria Mas uma das, digo, uma delas!Tantos valores, oportunidades Tudo abaixo.”

ARRUMADOR:

“Na grande quebraA tua, a dele, nósComo pode substituirTanto amor à mera tecnologia?”

Depois vem a estrangeira. Lê-se escrito em suas mãos:

“Antes o recursoAgora o que te restaRecriminando os possessivosAparecerão os que dividemCada qual o é justo, viram Da mesma premissa, poluir... viu, é essa insanidade.”

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E mais uma mensagem ditada pela Babá chega para quepossamos apreciar:

“Melhor agir em carinho, melhor sou assim, ninguém sefere com esses efeitos; pacífica não baseada em mentiras, averdade!Íntegras e claras, as tuas potencialidades inovando noinesperado.Ainda corre o desafio do MAIS: nossas opiniões, forças na »» » Exclamação!!!”

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Muda a cena para um casal conversando em um vídeo; ogaroto que está mostrando essas imagens:

ELE:

“Ah Moça, minha dona e meu caféQue vê todas as manhãs estas vidas Limpa tudo lá fora, e vem cá, vemDe mansinho olha, rebola, rodopiaLinda negra e sua pele forte Te peguei pelo braço.”

ELA:

“Era o caos, lembra? Você me trouxe para o amor.”

ELE:

“Mostra você também como amar é bom, para que o mundo veja, veja como salva tanta gente.”

ELA:

“Sorri aos chefes bebedores de spraitêê; um dia vão aprender, igual não somos produto nem concurso.”

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ELE:

“Você que está vivaDá energia que move A ordem, e passeia Levanta a casa!”

ELA:

“Rir-se de si Nós rimos, e sempreJá disseram queSe não expõeTe estragaUma piada, defeitoOu qualidade?Do ritual fora Cerne, alma.”

ELE:

“Dançava espíritoMediava corpóreaMexe, leva, vamos A roda extingueDela nasceOlha pra trás!E se dizimadaA tribo, as cançõesOs significadosSerá o fim, pela... Desconexão.”

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(Há um pequeno intervalo, e se entreolham. Foco em suasbelas e robustas feições dos que se amam.)

ELA:

“O garotão não é de ferro,Esse é um nome inventadose fosse aqui a novela da aculturaleza,sobre estereótipos nas cabeças;de narcisistas caídos, o demonizar da raça da gente.Há uma série de tropeços e a derrota do bobo,tal 'adoece de neuras'.Finalmente ele aprende que se o corpo vacila, a mente bamba a bugalha toda!Mas é um empecilho,este de citar, dar palpitesquem é você para tal?E quem é super?Somos fortes sim! Sem tralalásFecham-se as bocas que muito falaram.”

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Corte para a estrangeira admirar em sua língua:

“A las personasYa hemos reído demasiadoEstamos con otras cosasSolo un par de años ha cambiadoDonde antes fuiste a su áticoTodo el tiempo la TierraA girar y volver listosNosotros los hijos ulterioresPero, ¿lo ves?Ya nos hemos reídoDemasiadoLos juntos se podrán fuertesSu presencia notadaSienten el ambienteSus pieles sudadasEl Sol es su familiaLo obvio ya estaba allíA las personas sus alasPero, ¿lo ves?Ya nos hemos reído Demasiado.”

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(Pequena respiração, e ela termina seus pensamentos –busque você alguém de fora para te ajudar na tradução:)

“Las YedrasAquí tenemos todo prontoLo hemos aprendidoTodos los viejos ojosSomos El Nuevo MundoTenemos la cuentaPagamos y fuimos a la calleAquí hay del todoYa ¡Lo hemos aprendido!Tus viejos ojosSomos del Nuevo MundoLas futuras Eras A cerrar la tienda.”

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Corte. O garoto. Ele se ajeita. Aparece e ressoa a vozinfantil dele contando a piada do "parado". Em meio adiversos sons vamos aos poucos distinguindo o que ele diz:

“(...) poderia que só zoeiratomara que piada de sinos alegrando a sala pois que rir é bom,”

Outro corte. Vem a voz da tranquila estrangeira a seguir,em outra língua conhecida:

“Sí que te tomas en sério.”

E depois, o arrumador – com um tom carregado decompaixão:

“¡Qué te pasa! Vete a vivir Ya que engreído del eje paradode lo que te sacas cuando sales lo tiene aprendido:

A que ser hombre é errar e levantar.”

E repete o garoto, rindo e remendando o arrumador:

“É errar para levantar.”

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Corte para Pilar também entoar:

“Contra uma vida quase viés pensanteNão se resume enfado ou riso Acumula e explode através toda.”

Ao redor dela, o garoto, Bianca Fiori, a estrangeira, a Babá eo arrumador se entreolham. E mesmo sem ver a figuracândida de nossa Amerê, sentem sua energia. Todosrepetem:

“Obrigado à Existência!”

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Terceira parte

De prova que

Chega o arrumador e comenta para atenção geral:

“Eu mesmo, por exemplo, nunca briguei nestavida! Nem pretendo. Deixa quieto, poxa.”

BABÁ:

“Que quer que seja, só vai melhorar se tiver umcomeço.”

Nisso, de pronto, interrompe Pilar os pensamentos daBabá, ela que é sua amiga em tudo; quer escutá-la, não semantes lhe dar força:

PILAR:

“Diz, querida!”

BABÁ:

“Se tiver um começo”, reassume ela, “e se estivera serviço do Bem, longe de qualqueresterilidade. Vá pelo começo.”

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PILAR:

“O papo está bom, me deixa tão feliz!”, pensa contente. Eoutra vez vem o arrumador na calma de seus passos, e diz,enfático, pois quer ajudar também:

ARRUMADOR:

“Deixa o problema do jeito que está, se não te acompanha.”

GAROTO:

(Novamente aparece rindo e se esbaldando:)

“Sabe, olha só, eu sei dessa história, é a dos papais emamães e como fazem.” (e ri) Continua:

“É o que é, eu digo, já no término da Conferência, mesmoassim.” O garoto tinha a expressão bem leve e aindaprecisava dizer certas coisas. Isso era, estava mesmoinjuriado com tantas queixas, ele sempre preferiucomentar as coisas boas e esquecer de citar as chatices; edessa forma resume ele o que for:

“Como cansa”, começa o garoto. “Ih, mas vocês reclamammuito, só Deus é que poderia julgar qualquer coisa.”

Nem bem o garoto proferiu as seguintes palavras paraquem estava naquela sala e o clima virou outro;entreolhando-se calmamente, em cada um o desejo de nãoterminar aquele momento era evidente – estar esse tempo

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ali era tão bom; queriam, e sentiam, que era eterno. Seusrostos resplandeciam. Ao que parece, nada mais deinquietude lhes perpassava.

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Quarta parte

Assim sendo, o garoto surpreende toda essa harmonia commais uma (e última!) provocação, meio que rindo por sabero que faria:

GAROTO:

“Ah, e por que é que vocês não saem daqui e vai cada umcuidar de sua vida e da vida dos outros!? É a hora de ajudar,quero dizer” – e aqui ele faz uma gesto munido de seusorriso aberto, sabendo que fez o que devia. Sua voz eramais enfática. – ele termina dizendo: “Valeeeeeu” – E correo garoto pela bobeira que fez, ciente de que não lhe fariamnenhum mal, e é o que acontece! Os adultos esquecem asbrincadeiras das crianças, parecem apenas despropositadasou divertidas demais. Só mais alegria contemplam quandobrindam à Vida.

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Quinta Parte

Foco em um bilhete, lentamente seus dizeres vãoaparecendo e podemos enxergar as palavras que tãoternamente o compõem. São estas, como uma chamada ouum puxão de orelha:

“Aimiri, caraLhe devemos um poema decenteOutro que não de reclamação, mas de ideiasDissemos de você que era 'pessoa louca'!Um destes desperdícios de talentoVocê só formiguinha aindaQuantas belas há? Pelo existir??”

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DESFECHO

(Depoimentos)

É dito, mas não é necessário saber por quem:

ALGUÉM:

“O que é falado aqui, se fosse, iria como em poucoscontemplar. Vamos aumentar o número da pureza. É a vezda renovação da Vida.”

MAIS ALGUÉM:

“Você só tem que sorrir.”

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POSFÁCIO

“A afirmação contínua, se não contestada.”

Aimiri é um antigo nome indígena para formiguinha, vistaatualmente como quem quer que seja, por pequenhez ouacanhamento; então o que há de Aimiri nestes tempos? Amerê jáfoi Aimiri. Reaparece Amerê, vinda de qualquer parte, voltando depois deesvair-se, sendo ela mesma em sua totalidade a que fala e ajudaseus entes durante a Conferência na forma de expressões em suamaior parte dos poemas igualmente prós(peros). Qual seria omotivo da Conferência, uma reunião? Para quê? Há quem digaque “Se fosse, seria / Acontece ao acaso? / Dessa forma e aqui éque passa.” E a Conferência existe. Se pensarmos no poemailustrativo nos últimos cortes deste livro, cujos versos são“Contra uma vida quase viés pensante / Não se resume enfado ouriso / Acumula e explode através toda”, temos, ao fechar, aHumanidade do século (iminente) XXI ainda em percalçostecnológicos e estruturados versus a cultura natural; oabafamento residual contra o frescor da Natureza para a alma edescanso do Ser. Como nesse poema, o que foi Amerê vem paraenfatizar uma saída, a via e descanso na Paz, quer dizer, umavida muito mais do que só mais ou menos, não ficando apenasrindo e achando graça dos malefícios que tantos abusos a si e aoplaneta inferem; rir somente depois da missão cumprida! Diantedisso, além de não nos divisar, pensando na alma humana e suaparte para o Todo, Amerê alerta, e para isso (a Conferência é todoo sempre e durante!), temos uma volta, temos este alerta talvez,que retém e explode de energia quando ressurge. De resto, toda a

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intenção fica mais aparente no contexto do livro! Um anfiteatro e ali estão saudando a Natureza e o Bem com todasua verdade – aparecendo e preferindo a inventividade semmelhores vozes próprias – o Divino nos aguarda.

Amerê diz enfática:“'Esteja conosco.”

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NOTA DO ESCREVENTE

Esta história não teria existido de fato não fosse pelo meu(re)encontro com a bela Marília Veloso a seu devido tempo– devo a isso o entendimento do que realmente foi aConferência! É da Zíngara também o crédito pela fotografiaaqui utilizada Visitem vocês o blog À Zíngara e a página Pela Harmonia

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Paulo Vitor Grossi é escritor e músico independente,publicou entre outros títulos o romance “c a c t u s”, além doargumento de “Amor, Ódio, Redenção e Morte” e anovela/roteiro “Casa de Praia”. Participou grupos de músicaALICE, íO, Instrumental Vox, SAEM e Ummantra.Pela Poesia, lançou “Cura”, ”Servidão” e a experiência emdiversas línguas, CIRCULAR

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Primeira edição em junho a setembro de 2012 Revisão de Maíza Grossi Nunes2013 © Paulo Vitor Grossi (Amerê)

A Conferência, 2016

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