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PARADIGMAS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO CONSTRUINDO REFERENCIAIS DE APOIO PARA A PRÁTICA DOCENTE Prof. Dr. Adelar Hengemühle 1 Março/2010 Resumo: 06 dimensões para construir um campo teórico que sustente práticas pedagógicas inovadoras e qualificadas ; 09 passos para preparar as instituições educacionais, principalmente os docentes, com o propósito de levar o idealizado para a prática, é o que resume este ensaio. Palavras-chave: Fundamentos Teóricos – Projeto Pedagógico - Perfil de Estudante – Conteúdos – Metodologia - Avaliação Referencial teórico consistente; projeto pedagógico para orientar as ações e as metas; gestão que coordene esforços coletivos para dinamizar coletivamente o projeto, operacionalizando as ações que levem às metas; formação continuada para qualificar os docentes e material didático de apoio coerente com o projeto pedagógico, são pressupostos sobre os quais se assentam as bases de uma instituição educacional que deseja caminhar para a excelência em sua missão. Este ensaio, 1 Mestre em Educação pela UNICAMP/Campinas/SP (Linha de Pesquisa: Metodologia de Ensino), Doutor em Educação pela PUCRS (Linha de Pesquisa Formação de Professores), autor dos livros Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas e Formação de Professores: da função de Ensinar ao Resgate da Educação, ambos editados pela Ed. Vozes e organizador dos livros “Significar a Educação: da Teoria à Sala de Aula”, pela EDIPUCRS e “Da teoria à prática: a escola dos sonhos é possível” editado pela Universidade Federal do Ceará, Diretor do Instituto de Educação Cenecista Marquês de Herval e da Faculdade Cenecista de Osório, Osório/RS 1

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Page 1: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

PARADIGMAS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO

CONSTRUINDO REFERENCIAIS DE APOIO PARA A PRÁTICA DOCENTE

Prof. Dr. Adelar Hengemühle1

Março/2010

Resumo: 06 dimensões para construir um campo teórico que sustente práticas pedagógicas inovadoras e qualificadas ; 09 passos para preparar as instituições educacionais, principalmente os docentes, com o propósito de levar o idealizado para a prática, é o que resume este ensaio.

Palavras-chave: Fundamentos Teóricos – Projeto Pedagógico - Perfil de Estudante – Conteúdos – Metodologia - Avaliação

Referencial teórico consistente; projeto pedagógico para orientar as ações e as

metas; gestão que coordene esforços coletivos para dinamizar coletivamente o

projeto, operacionalizando as ações que levem às metas; formação continuada

para qualificar os docentes e material didático de apoio coerente com o projeto

pedagógico, são pressupostos sobre os quais se assentam as bases de uma

instituição educacional que deseja caminhar para a excelência em sua missão.

Este ensaio,

fundamentado em paradigmas teóricos da contemporaneidade,

centrado no projeto pedagógico como referência para a ação;

preocupado em superar os entraves históricos que limitam a ação

qualificada dos docentes, entre os quais os conceitos que permeiam as

várias dimensões dos conteúdos e do seu sentido de ser, somado às

dificuldades da metodologia e avaliação;

focado na elaboração de material didático de apoio, coerente com os

paradigmas teóricos,

1 Mestre em Educação pela UNICAMP/Campinas/SP (Linha de Pesquisa: Metodologia de Ensino), Doutor em Educação pela PUCRS (Linha de Pesquisa Formação de Professores), autor dos livros Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas e Formação de Professores: da função de Ensinar ao Resgate da Educação, ambos editados pela Ed. Vozes e organizador dos livros “Significar a Educação: da Teoria à Sala de Aula”, pela EDIPUCRS e “Da teoria à prática: a escola dos sonhos é possível” editado pela Universidade Federal do Ceará, Diretor do Instituto de Educação Cenecista Marquês de Herval e da Faculdade Cenecista de Osório, Osório/RS

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Page 2: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

deseja contribuir com aqueles educadores abnegados que buscam ação

diferenciada em sua atuação profissional.

A temática aqui abordada é ampla e complexa. Neste pequeno ensaio,

sucintamente, vamos retomar alguns referenciais teóricos e voltar o foco para

indicadores práticos. Por isso, o (a) prezado leitor (a), para ter a compreensão

fundamentada do presente ensaio, necessitará da leitura de produções

anteriores2.

BENGALAS DE APOIO: REFERENCIAIS TEÓRICOS

Toda a ação do presente que desprezar ou não se apoiar nos

conhecimentos gerados e testados pela humanidade no passado corre grande

risco de tatear no escuro e cometer erros que, na educação, às vezes, são

irrecuperáveis, ou causam grandes problemas para os estudantes. É sobre as

teorias do passado que se assentam nossas práticas e é a partir delas que

construímos as novas, sempre mais complexas. Projetos e ações educacionais

precisam ser prospectados e executados com cuidado e zelo, pois mexem com

pessoas, em especial, pessoas, normalmente, em fases conflituosas (crianças,

adolescentes...) da vida e de formação. As teorias, como nos ensinou o Prof. Von

Zuben, da Unicamp, são nossas bengalas de apoio que ajudam a caminhar com

segurança.

Em linhas gerais, nesses referenciais teóricos, aprendemos, entre outras

coisas, que é desejo e necessidade da pessoa, desde os primórdios, encontrar

respostas para compreender o meio, agir conscientemente e de forma integrada

no mesmo, constituindo-se como sujeito capaz e em movimento. Portanto, nossos

referenciais precisam estar apoiados, entre outros, no respeito às dimensões

humanas e na visão sobre os cenários do contexto. A partir deles, construímos

fundamentos de apoio educacional para que possamos delinear as práticas

desenvolvidas na comunidade escolar com objetividade, disciplina, metas e,

2 Artigos “(Re) avaliando processos e conceitos” (/Agosto/2009), “Desenvolver habilidades, formar para as competências: modelos novos, práticas antigas” (Fev/2010) e o livro “Formação de Professores: da função de Ensinar ao Resgate da Educação”

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Page 3: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

principalmente, voltadas para possibilitar ao ser humano desenvolver seu sentido

de vida, compreendendo a vida de forma sempre mais complexa.

Portanto, para ordenar a bússola da caminhada pedagógica, apontamos, a

seguir, uma filtragem de pensamentos que nos ajudam a organizar a visão e a

prática pedagógica. O pensamento dos teóricos, a seguir, procura fundamentar e

levar à compreensão 06 dimensões (cenários, concepção de homem, perfil de

estudante, fundamentos educacionais, perfil de professor e modelo de gestão)

que, acrescentadas à avaliação3 do processo, podem ser uma referência de

campo teórico para a construção do projeto pedagógico da instituição educacional.

DIMENSÃO 1

CENÁRIOS LOCAIS, REGIONAIS E MUNDIAIS:

REFLEXÕES SOBRE A REALIDADE DE ONDE VÊM NOSSOS ESTUDANTES

E PARA A QUAL PRECISAMOS TORNÁ-LOS COMPETENTES

A vida é dinâmica. Os referenciais mudam de forma célere. Não há mais,

aliás nunca houve, verdades acabadas. A cultura é herdada e reconstruída.

Assim, segundo Bordenave e Pereira (2001:24),

“Em um mundo de mudanças rápidas, o importante não são os

conhecimentos ou idéias, nem os comportamentos corretos e fáceis que se

esperam, mas sim o aumento da capacidade do aluno – participante e

agente da transformação social – para detectar os problemas reais e

buscar para eles soluções originais e criativas”.

Sobre as transformações e análises dos cenários, temos vastas referências

hoje. Entre tantos fundamentos, segundo nossa compreensão, esta acima

sintetiza o desafio educacional quando pretendemos desenvolver práticas

pedagógicas que capacitem os discentes a bem viver em contexto volátil, onde os

3 Aqui nos referimos à avaliação do projeto pedagógico que necessita de processo (pesquisa junto à comunidade interna e externa) para conhecer as aproximações e distanciamentos ocorridos na prática, a luz do que foi idealizado no projeto pedagógico. A partir destes dados, a instituição promove seus reposicionamentos.

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Page 4: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

referenciais mudam diariamente e a pessoa precisa ter cérebro sistêmico

preparado para olhar a realidade, acessar seu conhecimento teórico ou buscar

novos conhecimentos e ser capaz de compreender ou resolver os novos desafios

presentes em seu dia-a-dia.

REFLEXÃO: O material de apoio didático precisa incorporar os problemas locais,

regionais e mundiais, para que o estudante, apoiado nos fundamentos teóricos

desenvolvidos na prática pedagógica, seja capaz de compreender, resolver e agir

em situações reais de vida.

DIMENSÃO 2

EDUCAÇÃO: RESPEITO À NATUREZA HUMANA

A primeira preocupação de quem planeja e desenvolve ações educativas é

com a pessoa, pois ela é o ponto de partida e de chegada de toda reflexão e ação

pedagógica. Sucintamente, trazemos algumas reflexões sobre a pessoa que

consideramos importantes para iluminar as práticas pedagógicas. De acordo com

Popper, (1995: 70), “Possuímos uma curiosidade inata geneticamente

fundamentada e um instinto de exploração, que nos torna ativos na exploração

do nosso meio ambiente físico e social. Em ambos os casos, somos ativos

solucionadores de problemas”. Seguem Bordenave e Pereira (2001:24), “ A

aprendizagem precisa ser desejada, apoiada no interesse por resolver um

problema, detectar os problemas reais e buscar para eles soluções”. Rosa (1994,

48) afirma que “Só pensamos sobre alguma coisa quando esta nos parece

intrigante, curiosa ou interessante”.

Percebemos, nas afirmações acima, alguns termos importantes que

caracterizam o ser humano; entre estes, curioso, desejoso, interessado. Para

provocar desejo, a situação precisa ser interessante. O problema é um instigador

da motivação. É preciso ser ativo, ter instinto de exploração... Temos, portanto, um

quadro interessante para pensar a educação voltada para pessoas.

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Page 5: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Outros referenciais, em síntese, sugerem que, mesmo com toda a

individualidade característica da pessoa, o ser humano possui, no mínimo, três

dimensões e potencialidades: a dimensão afetiva e as potencialidades de ter

inteligência e vontade de querer saber por que as coisas são como são. Portanto,

uma prática pedagógica que não cultive a afetividade, não considere que todos

são inteligentes e têm vontade de saber por que as coisas são como são, estará

distanciada da natureza humana.

REFLEXÃO: O material de apoio didático precisa oferecer subsídios para que os

desejos e necessidades naturais da pessoa possam ser contemplados e

desenvolvidos.

DIMENSÃO 3:

PERFIL DE ESTUDANTE NECESSÁRIO NO CONTEXTO DO SÉCULO

XXI

Os cenários, as dimensões e potencialidades do ser humano são os

parâmetros para definir o perfil de estudante. O referencial mais significativo para

definir este perfil a ser buscado pelas Instituições Educacionais no Século XXI e

que tem a preocupação em resgatar o ser humano em sua inteireza, são os quatro

pilares da educação apresentados por Delors (1996), dos quais transcrevemos e

destacamos alguns tópicos abaixo.

Aprender a Ser Aprender a Conhecer Honestidade e coerência. Valores éticos e morais. Liberdade e responsabilidade. Perseverança, constância e

persistência. Equilíbrio emocional.

Consciência de aprender a aprender, atualizar-se sempre.

Espírito de pesquisa e de busca. Capacidade de argumentar. Integração da teoria e da prática. Apropriação crítica das informações e recursos

tecnológicos. Aprender a Fazer Aprender a Conviver

Criatividade. Liderança Capacidade de comunicação. Espírito de iniciativa, invento e

Autoconhecimento para conhecer e compreender os outros.

Respeito às diferenças culturais, sociais e religiosas. Espírito cooperativo e de equipe.

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Page 6: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

imaginação. Solução de problemas.

Capacidade para enfrentar as tensões entre as pessoas, grupos e nações.

Capacidade de dialogar.

Temos, assim, as dimensões subjetivas e cognitivas da pessoa, elencadas

nos pilares, ou seja, ser, conviver, conhecer e fazer. O desafio maior não está em

elaborar este perfil, mas em conceituar cada um dos termos e dar-lhes dimensão

concreta no processo das práticas pedagógicas. A comunidade escolar, interna e

externa, precisa refletir e definir os conceitos (ética, espírito de pesquisa,

capacidade de argumentar, solução de problemas, espírito cooperativo e de

equipe...) para que, com os conceitos claros, possa pensar e elaborar a

metodologia e a avaliação para que desenvolvam o perfil almejado, buscando a

coerência entre o idealizado e o praticado.

IMPORTANTE: O perfil almejado de estudante é o ponto central de todo

projeto pedagógico. O estudante é o motivo de existir da instituição educacional. É

dele e para ele que convergem as reflexões e as práticas. Portanto, ao ter

identificado o cenário contextual, ao ter refletido o ser humano, ao ter esclarecido

o perfil de estudante a formar nesta realidade, desenvolvendo as dimensões e

potencialidades da pessoa; precisamos fundamentar a educação que leve a este

desenvolvimento, tendo docentes e gestão adequada para dinamizar o processo

da ação pedagógica.

REFLEXÃO: O material didático de apoio precisa apresentar subsídios que

embasem, orientem e levem professores e estudantes ao desenvolvimento do

perfil almejado.

DIMENSÃO 4

EDUCAÇÃO: FUNDAMENTOS PARA ORIENTAR A AÇÃO

EDUCACIONAL

São os fundamentos educacionais que sustentam nossa prática e orientam

o caminho para as metas a serem alcançadas. Temos hoje um vasto material de

referenciais teóricos, alguns dos quais procuramos filtrar a seguir. Este conjunto

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Page 7: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

de fundamentos tem em comum a preocupação com as dimensões e

potencialidades humanas, suas necessidades e desejos, além do olhar voltado

para os contextos que precisam ser compreendidos e nos quais cada pessoa

busca realizar o seu sentido de vida. Na educação, o desafio, hoje, é apropriar-se

e desenvolver fundamentos que possibilitem desenvolver ao máximo as

potencialidades humanas.

Na educação, historicamente, os referenciais têm mudado, à medida que a

humanidade vai avançando em sua compreensão da vida e da pessoa. Hoje, de

acordo com Gadotti (1992, 09), “Educar significa capacitar, potencializar para que

o educando seja capaz de buscar a resposta do que pergunta, significa formar a

autonomia”. Complementando Gadotti, Bordenave e Pereira (2001, 47) citam

Rogers quando este afirma que

“... o único homem educado é aquele que aprendeu como aprender, como adaptar-

se à mudança; o homem que tenha compreendido que nenhum conhecimento é

seguro, e que somente o processo de buscar o conhecimento dá uma busca para a

segurança”

Partindo destes pensamentos, podemos afirmar que o processo de

potencializar o ser humano, ou seja, o processo de educação nunca estará

concluído. Logo, o segredo de educar está relacionado com o ato de preparar o

cérebro, para que a pessoa possa buscar, por si, infinitamente, novas respostas

para problemas sempre mais complexos. Os conceitos de educação, hoje, estão

muito aderentes aos pensamentos acima.

A partir de algumas categorias que estão em voga na atualidade,

apresentaremos, a seguir, o pensamento mais pontual de alguns teóricos,

organizados em 08 princípios, nos quais, além de referendar fundamentos,

também estaremos apontando possíveis alternativas para superar entraves que

limitam a prática idealizada.

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 1

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Page 8: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Os Conhecimentos Teóricos desenvolvidos nas práticas pedagógicas devem

ser úteis na vida das pessoas

Se os conhecimentos escolares não ajudarem as pessoas a viver com mais

qualidade, então a escola precisa rever suas práticas. Estas idéias são expressas

por muitos teóricos, como Paulo Freire (1999), quando insistia em que a

aprendizagem escolar precisa ser útil para a vida. Tomaz Tadeu da Silva

(1995), afirmando que “aprender gramática, ciências ou geografia é também

aprender disposições, consciência e sensibilidades em relação ao mundo que está

sendo descrito”. Delors (1996) que, nos quatro pilares da educação para o séc.

XXI, além de preocupar-se com o SER e o CONVIVER, propunha, no

CONHECER e FAZER, a necessidade de formar pessoas com espírito de

pesquisa, com capacidade de resolver problemas, entre outros. E Morin (2000,

40), quando criticava que os problemas fundamentais e os problemas globais

estão ausentes das ciências disciplinares.

Os seres humanos somos movidos pela motivação de encontrar sentido de

vida e utilidade quando nos empreendemos em uma ação. Portanto, a ação

educativa precisa expressar sentido e utilidade, tanto para os docentes como para

os estudantes. Sem isto, o fazer se torna automático no cumprimento de uma

tarefa insignificante que fazemos, porque alguém mandou fazer e da qual pouco

proveito levaremos.

Reflexão: O material de apoio didático precisa aproximar o conteúdo teórico dos

conteúdos do senso comum (empíricos), para que o estudante veja sentido no

mesmo e possa usá-lo para a compreensão e a solução de problemas do seu

contexto.

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 2

A Educação do Século XXI precisa preparar o sujeito para ser

Competente

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Page 9: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

O termo formar para as Competências, nos últimos anos, é muito abordado,

pouco compreendido e, muito menos, praticado nas salas de aula. Vamos tentar

simplificar este tema a partir dos conceitos de pensadores contemporâneos.

Segundo Moretto (2001, 86) “O objetivo da nova proposta para o ensino é

desenvolver a capacidade do sujeito para abordar situações complexas”. E assim,

Moretto (2001, 19) conceitua o termo: “Competência é a capacidade de o sujeito

mobilizar recursos (cognitivos) visando a abordar uma situação complexa”. Segue-

se Perrenoud (1999, 07) quando afirma que “Competência..é .capacidade de agir

eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimento, mas

sem limitar-se a eles”. E acrescenta o mesmo autor (1999, 53)

“Uma abordagem por competências determina o lugar dos conhecimentos –

eruditos ou não – na ação: eles constituem recursos, frequentemente

determinantes para identificar e resolver problemas, para preparar e para tomar

decisões”.

Por fim, mais alguns pensamentos de Perrenoud (1999) afirmando que

competência é a capacidade de o sujeito mobilizar recursos (cognitivos) visando

a abordar uma situação complexa. Em outro momento o autor diz que

competência em educação é a faculdade de ompetência em educação é a faculdade de mobilizar mobilizar um conjunto de um conjunto de recursosrecursos

cognitivoscognitivos - como saberes, habilidades e informações - para - como saberes, habilidades e informações - para solucionarsolucionar com com

pertinência e eficácia uma série de pertinência e eficácia uma série de situações complexas fora da rotina. situações complexas fora da rotina. Por fim,Por fim,

João Carlos Wilke,4 lembra que visar ao desenvolvimento de competências é

quebrar a cabeça para criar situações-problema que sejam, ao mesmo tempo,

mobilizadoras e orientadoras para aprendizagens específicas.

Portanto, formar para as competências requer introduzir e trabalhar a partir de

problemas significativos do contexto dos estudantes nas práticas pedagógicas e

exercitá-los para que resolvam os mesmos, apoiados nos conteúdos teóricos.

Assim, compreendemos estar formando pessoas competentes, capazes de

resolver problemas fora da rotina.

4 www.jcwilke.hpg.ig.com.brwww.jcwilke.hpg.ig.com.br

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Page 10: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Reflexão: Material de apoio didático precisa trazer problemas significativos do

contexto local, regional e mundial e encaminhar os estudantes para que,

apropriando-se dos conteúdos teóricos, sejam capazes de mostrar compreensão

e/ou solução dos problemas.

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 3

Formar Pessoas Competentes pressupõe desenvolver as suas

Habilidades

Não há pessoas competentes se não tivermos cérebros exercitados em

situações complexas. Tal qual o termo formar para as Competências, o termo

desenvolver Habilidades está em voga nos últimos anos, embora, na maioria das

vezes, mal compreendido e muito menos praticado. A sua prática, aliás, está

ligada a uma mudança significativa das práticas pedagógicas - metodologia e

avaliação. Vamos ao pensamento de alguns teóricos. Afirma Moretto (2001, 21)

que

“Habilidade... saber fazer algo específico. Isto significa que estará sempre

associado a uma ação, física ou mental, indicadora de uma capacidade adquirida.

Assim, identificar, relacionar, correlacionar, aplicar, analisar, avaliar, manipular com

destreza são verbos que podem indicar a habilidade do sujeito em campos

específicos”.

Ação física, como sabemos, origina-se na ação mental e para haver ação

mental, precisamos de cérebro desenvolvido. A grande função da educação hoje é

exercitar o cérebro em ações complexas. Por isso, restringimo-nos a relacionar,

neste momento, o termo habilidade à ação de exercitar o cérebro com exercícios

mentais superiores (argumentar, analisar, compreender...).

Aqui, Thereza Bordoni5 traz também sua contribuição, ao afirmar que em lugar

de continuar a decorar conteúdos, o aluno passará a exercitar habilidades e,

através delas, à aquisição de grandes competências, ou seja, desenvolvendo

5 www.vaganaescola.com.brwww.vaganaescola.com.br

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Page 11: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

habilidades através dos conteúdos. Percebe-se que os termos competência,

habilidade e conteúdo estão interligados na ação pedagógica. Fica pertinente

que, para formar pessoas competentes, precisamos mudar a metodologia e

avaliação: de receber informações, decorá-las e repeti-las, PARA receber

problemas, analisá-los à luz dos conteúdos teóricos e ter capacidade de

argumentar, refletir... possíveis compreensões ou aplicar, reconstruir, solucionar

problemas, sempre embasados na teoria.

Reflexão: Material de apoio didático de qualidade precisa desafiar os estudantes

para que exercitem o cérebro, a partir de problemas, fundamentados nos

conteúdos teóricos, provocando o desenvolvimento de exercícios mentais

superiores (refletir, analisar, argumentar...) que denominamos aqui de habilidades.

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 4

UM DOS PRESSUPOSTOS BÁSICOS PARA QUE AS PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS SEJAM BEM SUCEDIDAS EXIGE QUE OS DOCENTES

TENHAM CLAREZA DOS CONCEITOS SOBRE OS CONTEÚDOS: SENSO

COMUM E TEÓRICO

Conteúdo é um termo utilizado no cotidiano das Instituições de Educação. Seu

conceito, no entanto, não está claro no nível pedagógico. Em dicionários,

encontramos definições como, que está dentro de algo (O conteúdo do copo é

água), assunto ou matéria (o conteúdo do texto), ou ainda, fatos, temas,

situações, problemas, conceitos, princípios, valores, conhecimentos, etc,

produzidos pelo ser humano ou pelo meio ambiente (natureza). Nesse sentido,

parece que tudo está situado no mesmo nível de compreensão, mas não é. Senão

vejamos:

na história da humanidade, como nos dias atuais, as pessoas, no seu dia-a-

dia, estão diante de fatos, problemas, situações... , alguns corriqueiros,

outros novos, normalmente com limitada compreensão ou solução. É o

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Page 12: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

chamado campo empírico, ou senso comum, pois está incorporado no

imaginário das pessoas;

também, tanto na história, como hoje, temos pessoas que, através de

processos investigativos sempre mais avançados, são capazes, segundo

Carlos Fontes6, de organizar um conjunto coerente de princípios que

explicam fenômenos complexos, tornando-os compreensíveis aos olhos

das pessoas que têm limitada compreensão diante de certos fatos,

situações e problemas. É o chamado campo teórico.

Para haver compreensão, é preciso aproximar o campo empírico do campo

teórico, onde um explica o outro e abre o horizonte de análise de fatos, situações

e problemas sempre mais complexos.

Aqui temos, como já foi abordado nos artigos anteriores, um grande problema

na educação, pois não há clareza dos conteúdos que se encontram no campo

empírico e no campo teórico. É preciso classificar o que é empírico (que precisa

ser explicado) e o que é teórico (que explica algo). Para ilustrar essa problemática

dos conteúdos e seus conceitos, temos a figura abaixo, onde o campo empírico

(senso comum do presente e do passado) e o senso teórico estão interligados e

significados.

6 www.afilosofia.no.sapo.pt/conceitos

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SENSO COMUM DO PASSADO

SENSO COMUM DO PRESENTE

CAMPO EMPÍRICO

SENSO TEÓRICO

Page 13: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Reflexão: O material de apoio didático precisa deixar claro o que é conteúdo do

senso comum e o que é conteúdo do senso teórico, onde os conteúdos do senso

teórico serão a luz para compreender e/ou resolver os problemas do senso

comum (empírico).

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 5

OS CONTEÚDOS TEÓRICOS DO PASSADO PRECISAM SER

RESSIGNIFICADOS NO PRESENTE, COM SENTIDO PARA O PROFESSOR

E ESTUDANTES.

Se Paulo Freire ensina que aquilo que se aprende na escola precisa ser útil

na vida dos estudantes, então, antes de tudo, o professor precisa conhecer o

porquê de cada fórmula, lei e conceito. No entanto, na realidade, além da falta de

clareza sobre o que é conteúdo, poucos profissionais conhecem o sentido de ser

dos mesmos. De acordo com Moretto (2001, 20), “Para resolver uma situação

complexa, o primeiro elemento exigido é conhecer os conteúdos.”

Temos aqui outro problema: como o docente que não conhece os problemas

que o conteúdo é capaz de resolver, vai saber, diante de um problema, que

conteúdo abordar?

Para ressignificar os conteúdos do passado, hoje, Gramsci, citado por

Perrenoud (1999), afirma que

“as idéias e formulações mais iluminadoras são tipicamente do tipo conjuntural. Para

fazer um uso mais geral delas, elas têm que ser cuidadosamente extraídas de sua

concreta e específica imersão histórica e transplantadas para novo solo com

considerável cuidado e paciência”.

Portanto, conhecer os porquês do surgimento dos conteúdos teóricos

possibilita ao docente olhar para a realidade hoje e visualizar situações e

problemas no contexto do estudante, onde estes se tornam significativos. Para

que o professor tenha esta visão, precisa pesquisar e ter à sua disposição

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Page 14: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

material de apoio que lhe possibilite conhecer a origem dos conteúdos

teóricos e, a partir destes dados, significá-los no presente dos estudantes.

Para corroborar, acrescentamos o pensamento de mais alguns teóricos. Freire

(1997, 33) diz que é preciso “Discutir com os alunos a razão de ser dos saberes

em relação com o ensino dos conteúdos”. Morin (2000, 36) afirma que é “Preciso

situar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido”.

Perrenoud (1999, 45) comenta que “Para ter sentido para os alunos, o

aprendizado precisa ser associado às práticas sociais.”

Para ajudar no processo de ressignificação, há alguns anos adotamos a figura

abaixo, onde o professor se apropria da história dos conteúdos – senso comum do

passado e senso teórico e, desta forma, tem visão significativa dos conteúdos na

realidade dos estudantes.

Reflexão: O material didático de apoio precisa apresentar, de cada conteúdo

teórico, os fatos, situações e problemas que o originaram e sugerir fatos,

14

Page 15: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

situações e problemas do contexto local, regional e mundial dos estudantes,

onde este conteúdo teórico se torna significativo.

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 6

PARA MOTIVAR E PROVOCAR O DESEJO NOS ESTUDANTES, OS

CONTEÚDOS DEVEM ESTAR RELACIONADOS A PROBLEMAS

SIGNIFICATIVOS PARA ELES EM SEU CONTEXTO

Formar pessoas competentes, com espírito de pesquisa, pressupõe

compreender e resolver problemas, apoiado em conteúdos teóricos. Além desta

relação com a formação de competências, o termo problema também está

relacionado à motivação humana. Receber um enigma/problema para resolver

significa pôr-se em situação de desconforto, de caos. O ser humano, no entanto,

ao encontrar-se no caos, põe-se em constante movimento para sair do mesmo,

procurando estabelecer uma nova ordem. O caos causa aflição, a ordem causa

conforto que, no entanto, leva a novos caos e à busca de novas zonas de

conforto. Portanto, o problema é um recurso significativo para provocar o desejo e

a motivação nos estudantes.

No entanto, problematizar nas práticas pedagógicas já é por si só, um

problema, pois há muita confusão para conceituar o termo. Por isso vamos a

algumas possíveis compreensões. Em Saviani,7 encontramos contribuições bem

pontuais e simples para este conceito, já com dimensão pedagógica. Ressalta o

autor que a essência do problema é a necessidade. Algo que eu não sei não é

problema, mas quando eu ignoro alguma coisa que eu preciso saber, eis-me

diante de um problema. Em outro momento, diz o autor, que da mesma forma, um

obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada,

uma dúvida que não pode ser dissipada são situações que se nos configuram

como verdadeiramente problemáticas. Mais adiante, continua o autor, a

compreensão do conceito problema supõe a necessidade. Esta só pode existir se

ascender ao plano consciente, ou seja, se for sentida pelo homem como tal. O

7 Saviani, Dermeval. Educação do Senso Comum à consciência filosófica. 17 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007

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Page 16: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

conceito problema implica tanto a conscientização de uma situação de

necessidade (aspecto subjetivo) como uma situação conscientizadora da

necessidade (aspecto objetivo). Conclui Saviani que, em suma, problema, apesar

do desgaste determinado pelo uso excessivo do termo, possui um sentido

profundamente vital e altamente dramático para a existência humana, pois indica

uma situação de impasse.

Reflexão: Retomamos – problema está relacionado a formar pessoas

competentes. Como já frisado anteriormente no termo competência, o material de

apoio didático precisa apresentar problemas do contexto local, regional e mundial

e levar os estudantes a utilizar os conteúdos teóricos para compreender e/ou

resolver os mesmos.

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 7

A METODOLOGIA ORIENTA O CAMINHO QUE NOS LEVA ÀS METAS

Com os fundamentos de apoio teórico construídos e clareados, chegamos

mais próximos da prática. Chegamos à reflexão da metodologia. Vamos iniciar

com possíveis conceitos. O termo Método (do Grego methodos), met' hodos

significa, literalmente, "caminho para chegar a um fim". Se a etimologia da palavra

nos diz que é “o caminho para chegar a um fim”, precisamos definir qual o

caminho e a que fim queremos chegar. Aqui recorremos a uma passagem de

Lênin quando este autor afirma que “ a essência do método é a teoria”. Portanto,

o método está embasado na teoria, a partir da qual compreendemos o mundo e a

vida que, em consequência vai estar expressa no projeto pedagógico,

principalmente na parte onde está definido o perfil de estudante que queremos

formar.

É no perfil de estudante buscado que vamos focar nossas reflexões sobre a

metodologia. Costumeiramente, hoje, este perfil está aderente com “ a formação

de pessoas que tenham espírito investigativo, críticos, capacidade argumentativa,

capazes de compreender e resolver problemas...” Para orientar–nos

metodologicamente no caminho desta formação, há alguns anos temos indicado a

16

Page 17: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

figura abaixo, cujo objetivo é levar o estudante de sua realidade e compreensão

empírica para a compreensão científica. Neste processo, o professor organiza a

ação pedagógica, desafiando o estudante a partir de problemas, levando-o a

situar-se diante destes problemas no passado, tendo o conteúdo teórico como luz

para compreender e/ou resolver o problema e, a partir deste momento, o

estudante recebe outros problemas os quais precisa resolver, apoiando-se no

conteúdo teórico desenvolvido. Precisa mostrar compreensão. Teremos, assim,

um processo de pesquisa e, além de estarmos coerentes com o perfil idealizado,

estamos apoiados nos fundamentos teóricos que embasam a educação da

contemporaneidade.

Reflexão: Material didático de qualidade precisa organizar o desenvolvimento de

cada conteúdo teórico, partindo de problemas, ou sugerindo os mesmos;

apontando aspectos empíricos do passado, para que os estudantes se situem

historicamente nestes problemas; apresentar, de preferência, mais do que um

conteúdo ou referenciais teóricos para que os estudantes possam

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Page 18: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

compreender/resolver os problemas e, na parte da exercitação (passo 4 e 5 do

arco acima), apresentar novos problemas do contexto, solicitando que os

estudantes os resolvam ou mostrem sua compreensão, sempre com fundamento

teórico.

PRINCÍPIO EDUCACIONAL 8

AVALIAÇÃO - O REFERENCIAL PARA CONHECER AS APROXIMAÇÕES E

DISTANCIAMENTOS DAS METAS ALMEJADAS

Se no perfil de estudante definimos as metas e na metodologia o caminho para

chegar às metas, na avaliação precisamos saber até que ponto as metas

almejadas e exercitadas foram ou não atingidas. Tyler8, considerado o pai da

avaliação educacional, encara a avaliação como a comparação constante entre os

resultados dos alunos, ou o seu desempenho e objetivos, previamente

definidos. A avaliação é, assim, o processo de determinação da extensão com

que os objetivos educacionais se realizam. Outros autores citados no mesmo

artigo como Bloom, Hastings e Madaus também relacionam a avaliação com a

verificação de objetivos educacionais. Noizet, Caverni e Cardinet, também

citados, se referem à avaliação como um processo de verificação de objetivos

Também Ketele, continuando no mesmo artigo acima, referencia a avaliação ao

processo de verificação de objetivos previamente definidos. Segundo esse

autor, é no próprio processo de ensino-aprendizagem que surge a avaliação,

funcionando como um mecanismo que verifica se os objetivos pretendidos

foram efetivamente atingidos.

Fica constatado que o ponto de apoio do processo avaliativo está no perfil de

estudante a ser formado, que:

também está relacionado com as competências;

está focado nos exercícios mentais (habilidades);

8 António Rosado & Catarina Silva. Artigo “Conceitos Básicos sobre avaliação das aprendizagens” http://home.fmh.utl.pt/~arosado/ESTAGIO/conceitos.htm

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Page 19: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

é provocado pelos problemas do contexto;

está fundamentado nos conteúdos teóricos; e

é desenvolvido pelo caminho metodológico.

Apoiados nos fundamentos teóricos educacionais abordados e nos indicativos

de perfil de estudante a ser formado, os instrumentos de avaliação, sejam provas,

trabalhos, produções... dos estudantes, estão apoiados no perfil de estudante

almejado, nas habilidades superiores, na problematização e nos conteúdos

teóricos. Vamos exemplificar estas idéias abaixo:

a) O Instrumento de avaliação focado na verificação do desenvolvimento

das habilidades superiores

A estrutura de um instrumento de avaliação que busca verificar o

desenvolvimento das habilidades superiores (identificar, argumentar,

compreender...) é diferente das práticas tradicionais, nas quais o estudante repete

informações/verdades repassadas pelo professor. Agora trabalhamos com

referenciais que precisam estar muito bem claros, pois, como vimos nos artigos

anteriores, não trabalhamos mais com questões que exigem respostas do tipo

certas ou erradas, mas sim, com exercícios mentais superiores, onde precisamos

conhecer o maior ou menor grau de desenvolvimento da mente. Algumas escolas

estão adotando, com dificuldades, mas com avanços, o seguinte cabeçalho para

os instrumentos de avaliação:

(DADOS DA INSTITUIÇÃO E DO ALUNO)

1. Conteúdo teórico a ser avaliado: Ex: Ecossistema2. Habilidades que serão avaliadas:Ex: a) Identificar as causas do problema da poluição do Rio dos Sinosb) Analisar os focos dos problemas, à luz dos referenciais teóricosc) Apresentar propostas, teoricamente

3. Outros critérios:- Ortografia, ...

- Em cada análise e argumento devem ser citados, no mínimo, um autor e de cada autor, no mínimo, uma citação.

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Page 20: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

fundamentadas e argumentadas para a solução do problema 4. Critérios para obtenção dos conceitos:APTO: o aluno será considerado apto se desenvolver as habilidades de analisar e argumentar solicitadas acima, dentro dos critérios estabelecidos.NÃO APTO: Se o aluno desenvolver apenas uma das seguintes habilidades: analisar ou argumentar.Obs: Poderá ser considerado “APTO” o aluno que tenha desenvolvido uma das duas habilidades – analisar e argumentar, e que tenha desenvolvido bem a habilidade de identificar.

Onde:

1. é apontado o conteúdo teórico a ser avaliado;

2. os verbos indicam as habilidades que serão avaliadas. Lembramos que o

conceito dos termos deve estar claro para o professor e para o estudante

(o que é Identificar? Comparar? Analisar? Argumentar?)

3. neste quadro, o professor fica à vontade para colocar outros critérios que

deseja avaliar;

4. aqui, o professor deixa claro o que estudante precisa desenvolver para

atingir o conceito. Neste exemplo acima, a escola trabalha com conceito

APTO e NÃO APTO.

b) Possível estrutura das questões, tendo como fundamento as

habilidades, a problematização, o apoio dos conteúdos teóricos e o

perfil de estudante a ser formado

Um dos problemas percebidos na prática é a incoerência entre o proposto

no cabeçalho (habilidades...) e as questões. Para haver coerência, sugerimos

a seguinte estrutura para as questões.

o estudante recebe um ou mais problemas do contexto;

são indicados os referenciais teóricos nos quais o estudante irá apoiar-

se nas análises e formar o quadro de fundamentos para a

argumentação; e

será solicitado que, fundamentado nos conteúdos teóricos... e nos

autores... estudados, apresente suas conclusões argumentadas sobre a

compreensão e/ou solução do(s) problema(s).

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Page 21: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

De acordo com o exemplo de cabeçalho do instrumento apresentado acima,

segue um referencial de questões coerentes com o proposto:

Na coleta de dados realizada sobre o ecossistema da bacia do Rio dos

Sinos, detectou-se o grave problema da poluição da água, da precária

condição de sobrevivência da fauna e da flora. Identifique as cinco

maiores causas dessa situação, tendo como referencial os dados

apontados nas aulas.

Analise os focos dos problemas (no mínimo 02 problemas), à luz dos

referenciais teóricos (no mínimo 01 para cada problema) desenvolvidos

durante as aulas

A partir dos estudos e análises, escreva uma carta ao Secretário

Municipal do Meio Ambiente, apresentando a sua proposta,

argumentada teoricamente (no mínimo dois fundamentos), para a

solução de um dos problemas focados.

REFLEXÃO: O material didático de apoio, as avaliações precisam pôr-se de

acordo com a proposta pedagógica, principalmente para conhecer as distâncias e

as aproximações entre o perfil de estudante almejado e efetivamente

desenvolvido.

DIMENSÃO 5

O PERFIL DE DOCENTE NECESSÁRIO PARA DINAMIZAR A AÇÃO

PEDAGÓGICA

A crise da formação e das práticas incorporadas na cultura dos docentes

parece que, finalmente, se instalou em nossas instituições. Hoje é preciso atentar

para uma função do docente diferenciada daquela que saudosamente trazemos

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Page 22: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

do passado. Alguns teóricos nos ajudam a pensar a ação do professor hoje.

Vygostsky (1994), afirma que o papel do professor é mediar o processo entre o

que o aluno já sabe e o novo conhecimento a ser aprendido. Oliva (1990),

completa que compete ao professor desafiar, instigar a dúvida, retirar dos alunos

as certezas que os colocam em situação tão confortável. Para Freire, citado por

Berbel (1998, 19),

“a tarefa do professor, e num sentido mais amplo a do educador, é a de

problematizar aos educandos, os conteúdos que os mediatizam, e não a de

dissertar sobre ele, de dá-lo, de entendê-lo, de entregá-lo como se tratasse

de algo já feito, elaborado, acabado, terminado”.

Antunes (1998) argumenta que o professor deve usar a ferramenta dos

conteúdos postos pelo meio ambiente e pelo meio social para estimular as

diferentes inteligências de seus alunos e levá-los a se tornarem aptos a resolver

problemas ou, quem sabe, criar produtos válidos para seu tempo e sua

cultura.

Estes pensamentos vêm ao encontro do referencial teórico que defendemos

no presente ensaio, ou seja, se queremos práticas pedagógicas apoiadas em

determinados referenciais teóricos e perfil de estudante a ser desenvolvido, então

precisamos nos preocupar para que o perfil do professor seja aderente. Para

reverter o cenário atual dos problemas da formação inicial dos professores,

precisamos investir em projetos de formação continuada, exercitando a teoria na

prática, para que os docentes se tornem capazes de responder com competência

diante dos desafios contemporâneos e dos ideais que buscamos como instituição.

REFLEXÃO: O material didático, tendo ciência da realidade, das sequelas da

formação dos professores e das práticas incorporadas por estes, precisa, além de

institucionalmente preocupar-se com a formação continuada, fornecer material de

apoio para que os professores possam sentir-se seguros na prática.

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Page 23: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

DIMENSÃO 6

A GESTÃO DOS PROCESSOS EDUCACIONAIS COORDENA ESFORÇOS

COLETIVOS PARA QUE AS METAS INSTITUCIONAIS SEJAM ATINGIDAS

Levar os referenciais teóricos contemporâneos à prática também necessita

de nova postura dos dirigentes. Segundo Faundez (1993), é preciso mudar o foco

do gestor.

De o gestor ser visto como chefe, autoritário, burocrata PARA líder,

empreendedor, que coordena esforços coletivos em busca da inovação, focado

nas metas do plano institucional; da postura centralizadora, individualista e busca

de culpados para os resultados insatisfatórios, PARA uma postura de delegação,

trabalho em equipe, buscando as causas dos resultados insatisfatórios; de ver

satisfeitos seus desejos de poder e ser centro das atenções, PARA preocupar-se

em suprir as necessidades da equipe; de centralizar as informações, PARA

disseminar as informações e municiar a equipe; de decidir sozinho, PARA decidir

em equipe; da visão fragmentada da organização, PARA visão sistêmica da

organização; de tomar decisões baseado em “achismos”, PARA tomar decisões

baseadas em dados investigados; de tentar resolver todos os problemas sozinho

PARA analisar, chegar a consensos, assumindo e resolvendo os problemas no

coletivo. Acrescentamos a essas considerações outras reflexões que contribuem para a

boa gestão:Cultura do planejamento, prática e avaliação do planejado.

O sucesso das inovações depende da construção coletiva e do sentido que

as mesmas causam aos colaboradores.

Ser empreendedor criativo, responsável e com agilidade de ação.

Reflexão: Dos gestores, em especial dos diretores e coordenadores,

depende, em grande parte, o sucesso ou não do processo educacional das

instituições. É preciso que esses estejam atualizados, conheçam e exercitem a

proposta pedagógica e tenham perfil adequado para dinamizar a organização

institucional que, apoiada em planejamento, coordene esforços coletivos,

levando às metas almejadas e definidas pela Mantenedora.

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Page 24: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

DOS REFERENCIAIS TEÓRICOS PARA A PRÁTICA

Embasados pelo referencial teórico refletido, propomos, a seguir, 09 passos

para aproximar a teoria da prática

Compreendemos que, assim, estaremos dando unidade à nossa ação,

podendo, em cada escola legitimar os discursos, pois teremos aporte teórico,

projeto e material de apoio interligados e consistentes. Temos consciência de ser

esta uma missão que irá demandar muito estudo, pesquisa, esforço, em especial

no que se refere aos termos conteúdo, metodologia e avaliação.

Estamos diante de uma mudança paradigmática e toda mudança vem

acompanhada de um reposicionamento do nosso pensar e agir, o que não ocorre

em um passe de mágica, mas traz resistências, comodismos, entre outros, pelas

complexidades humanas que têm, em seu pano de fundo, dimensões e segredos

nem sempre fáceis de serem compreendidos e desvendados. No entanto, um

projeto institucional que se mostre coerente com as dimensões, potencialidades

humanas e as necessidades dos cenários do contexto, que cause impacto e

sentido nas pessoas, tem grandes chances de, progressivamente, ser adotado e

efetivado satisfatoriamente pela comunidade educacional.

Os passos a seguir são apenas sugestão, mas vêm permeados por lógicas

que foram amplamente testadas com instituições e profissionais da educação

durante muitos anos.

Passo 1

Projeto Pedagógico Institucional

O pressuposto primeiro para a elaboração de material didático de apoio aos

docentes e orientação para as unidades é a necessidade de uma referência. Onde

vamos apoiar e justificar nossa ação? Para onde vamos caminhar? Este é aspecto

primeiro. Esta referência, em nível de Mantenedora, comumente, é denominada

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Page 25: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Projeto Pedagógico Institucional. A Mantenedora, de forma coletiva e participativa,

define as bases que serão as referências para a fixação das metas: aonde

queremos chegar. Clareado e definido AONDE queremos chegar, podemos nos

ater a refletir e a definir os caminhos: COMO vamos chegar às metas.

Um projeto pedagógico precisa ser sucinto, de fácil compreensão e aplicação.

Por isso, propõe-se um referencial de Projeto Pedagógico, a seguir, que pode ter a

seguinte estrutura, toda ela já fundamentada no referencial teórico acima:

a) Cenários: visão do contexto local, regional e mundial de onde vêm

nossos estudantes e para o qual precisamos prepará-los.

b) Concepção de Homem: é preciso definir como compreendemos o Ser

Humano? Como ele aprende? Como se motiva? Suas potencialidades e

dimensões (afetivo, inteligente, com vontade....). Ter concepção de

Homem pressupõe ter instituições e práticas pedagógicas voltadas em

respeito ao mesmo.

c) Perfil de estudante que queremos: se temos claro o cenário no qual

este estudante vive ou vai viver, a concepção de Homem, então

precisamos definir qual é o perfil de estudante que queremos formar.

Aqui está o ponto central do Projeto Pedagógico. É no perfil que

estão nossas metas que indicarão COMO serão as práticas pedagógicas

(metodologia e avaliação), as relações e a organização institucional.

d) Fundamentos Educacionais: neste ponto o Projeto define os

fundamentos teóricos nos quais se apoia. Este apoio dá clareza e

segurança aos membros da comunidade educativa em seu caminhar.

Além de saber aonde queremos chegar e como chegaremos lá, é

fundamental saber os porquês.

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Page 26: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

e) Perfil de Professor: se queremos um perfil de estudante que esteja em

consonância com os cenários e as concepções humanas, se apoiamos o

projeto em determinados fundamentos, então precisamos ter claro o

perfil de professor de que precisamos para dinamizar as práticas

pedagógicas. Tendo claro o perfil, tanto na contratação como na

exclusão, teremos mais claro por que estamos procedendo desta ou

daquela forma. Assim, também teremos as bases para definir a

Formação Continuada dos Professores.

f) Gestão Institucional: para dinamizar a gestão institucional, coordenar

os esforços coletivos e chegar às metas, precisamos definir o modelo de

gestão que queremos e precisamos. É comprovado que a gestão,

passando por todos os níveis, em especial partindo da Direção, é

fundamental para o sucesso ou fracasso da Instituição. Ter claro o

modelo de gestão também ajuda na avaliação da gestão, inclusive

quando se necessita contratar ou excluir alguém do processo.

g) Avaliação do projeto: precisamos ter instrumentos (avaliar práticas,

instrumentos de avaliação pedagógica, pesquisa – focada no perfil de

estudante, professor, gestor...almejados) para que possamos conhecer,

coletivamente, como, na prática, o idealizado está ocorrendo e nos

reposicionar para qualificar as fraquezas detectadas.

Passo 2

Ter Clareza de Conceito quanto ao Perfil de Estudante almejado

Tendo Projeto Pedagógico construído e documentado, precisamos clarear os

termos-chave usados no perfil de estudante que queremos. Sem saber o conceito

simplificado do que significam os termos que irão nortear a ação, como saber

COMO realizar a ação pedagógica? Abaixo, um referencial de como esse

processo pode ser feito em nível de Mantenedora:

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Page 27: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Perfil de estudante almejado (Alguns exemplos)

Significado desse perfil para a CNEC

Crítico

Empreendedor

Espírito de pesquisa

Um exemplo de uma escola que está exercitando este processo:

Perfil almejado

pela escola

Sentido deste perfil para os professores

ConscienteConsciente que sabe, que tem a noção, racional, responsávelque sabe, que tem a noção, racional, responsável

Investigativo:Investigativo: pesquisador, inquiridor

Crítico:Crítico: aquele que tem a faculdade de examinar e julgar

InstigadorInstigador que incita, estimula

Pró-ativoPró-ativo que toma a iniciativa da ação

Solidário:Solidário: em que há responsabilidade mútua, em que há responsabilidade mútua, aderido à causa ou

sentimento do outro

Responsável:Responsável: que tem de tratar de algo, alguém que reflete antes de agir que tem de tratar de algo, alguém que reflete antes de agir

Passo 3

Exercitar o Perfil de Estudante na prática

Tendo definido o sentido do perfil pela Mantenedora, cada Instituição, nas

reuniões pedagógicas, nas jornadas pedagógicas... pode avançar no processo,

discutindo como será a metodologia e a avaliação para alcançar o perfil almejado.

Vejamos o quadro a seguir:

Perfil de estudante almejado Significado desse perfil para a

Como será a metodologia para

Como será a avaliação para

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Page 28: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

(Alguns exemplos) escola/curso garantir o desenvolvimento desse perfil?

conhecer em que nível o perfil foi desenvolvido?

Crítico

Empreendedor

Espírito de pesquisa

Apoiados pelo Projeto Pedagógico Institucional, conceituados e compreendidos

os principais termos, em especial o Perfil de Estudante almejado que norteia as

práticas institucionais, iniciamos a preparação do material didático que irá apoiar

os fazeres dos docentes.

Passo 4

Mapeamento dos conteúdos teóricos

Para que possamos ter uma visão geral e sistêmica de todos os conteúdos,

sugerimos o mapeamento a seguir:

a) Mapeamento dos conteúdos por componente curricular

Por componente curricular. Ex. Matemática

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 1ªEM 2ªEM 3ªEM

b) Mapeamento dos conteúdos por série: Para que tenhamos uma visão

interdisciplinar dos conteúdos por série, propõe-se o mapeamento abaixo.

Por Série: Ex. 5a Série

28

Page 29: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Port. Mat..... Hist.... Geo.... Ciências ......

.

Tendo feito este segundo mapeamento, poderemos fazer uma primeira

classificação em relação aos conteúdos que se repetem e os temas que se

aproximam entre os componentes curriculares. Este mapeamento, chamado aqui

de interdisciplinar, possibilita a otimização do desenvolvimento dos conteúdos

teóricos em cada componente curricular.

Passo 5

Classificação dos conteúdos: senso comum presente/passado e senso

teórico (Os passos 4, 5 e 6 precisam ser feitos concomitantemente, pois

estão interligados)

Como já refletido no referencial teórico, diante do contexto atual onde existe,

desde os documentos oficiais, uma grande confusão entre o que é conteúdo

teórico (lei, fórmula, conceito... que explica algo) e senso comum (fatos e

problemas empíricos do presente/passado) que precisam ser explicados, faz-se

necessário analisar e classificar os conteúdos. Propomos a seguinte tabela para

organizar a classificação:

Conteúdos do Senso Teórico

(Alguns exemplos)

Conteúdos do senso comum do passado

Conteúdos do senso comum do contexto presente

Ética

Fórmula de Báscara

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Page 30: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Raiz Quadrada

Período composto por

subordinação

Passo 6

Ressignificação dos Conteúdos Teóricos

Colocamos a ressignificação dos Conteúdos Teóricos como passo 6

somente a título de organização. Na verdade, como já frisado, os passos 4, 5 e 6

precisam acontecer de forma concomitante. Explicamos: não é possível conhecer

os conteúdos teóricos (mapeamento do passo 4) sem ter feito a classificação entre

teórico e senso comum (passo 5), como também não é possível estabelecer a

aderência do senso comum do presente, com o senso comum do passado e o

senso teórico que o explica, se o docente não tiver clareza das situações e dos

problemas (senso comum do passado) que originaram o senso teórico (passo 6).

Trazemos, abaixo, um referencial para orientar o processo de ressignificação.

Obs: A ordem das colunas depende de cada situação ou do conhecimento

sobre o tema. Podemos partir do conhecimento teórico e depois buscar, tanto na

origem como hoje, as aderências; como também, podemos partir do senso comum

– presente e passado – e, depois buscar a aderência no senso teórico.

Conteúdos do senso comum do contexto presente dos alunos e que são explicados, compreendidos ou solucionados pelos conteúdos teóricos

Conteúdos do senso comum do passado e que deram origem ou são explicados pelos conteúdos teóricos

Conteúdos do Senso Teórico

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Page 31: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Criminalidade,

discriminações, acidentes de

trânsito, uso de bebidas

alcoólicas

Indisciplina nas civilizações

da antiguidade, a lei do mais

forte, disputas de poder –

gregos, romanos.

O ser humano e as regras

de convivência social

O ser humano e as regras

de convivência social

Astros, mitos, satélite natural Astronomia

Reator nuclear, pequenas

massas e grande geração de

energia

Grandes massas para

pequena geração de energia

(queima de madeira,

combustível, carvão mineral)

Física Quântica – fusão

nuclear

DNA, células tronco,

clonagem, transgênicos,

anticorpos

Cor da pele, etnias

humanas, hereditariedade,

albinismos

Genética

Alterações climáticas,

extinção de animais,

tsunami, desmoronamentos

Desertificação, crescimento

urbano, desmatamentos

Relações do homem com o

meio

Na prática e embasados em escolas que já desenvolveram este processo,

tanto o passo 5, como o passo 6 podem ser desenvolvidos por componente

curricular. Exemplo: os docentes do mesmo componente dividem os conteúdos

teóricos do componente curricular de todas as séries, a partir do mapeamento, e

cada docente assume “x” conteúdos teóricos e faz a ressignificação

presente/passado do senso comum e senso teórico.

Passo 7

Problematização dos Conteúdos

O material didático, como apoio e referência à prática, além de fornecer os

conteúdos classificados e ressignificados, precisa apresentar exemplos de

problemas da atualidade que irão ajudar os docentes a organizar o caminho

metodológico. Embasados em Saviani, para o qual o termo problema está

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Page 32: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

relacionado a necessidades humanas não supridas, podemos construir, por

componente curricular, um quadro de necessidades e problemas, como segue:

Necessidades da Pessoa Humana Problemas no Contexto

Beber água limpa Poluição das águas Respirar, equilíbrio ambiental (chuvas...) Desmatamento, poluição do ar, catástrofes

ambientais (ciclones...)Conviver em harmonia, afeto ... Guerras, egoísmos, individualismos,

exclusões , violência (mortes, agressões ...)...

Alimentar-se, moradia, agasalhar-se... Fome, moradores de rua, pessoas passando frio...

Fazer uma viagem de férias, a negócios ... Acidentes, carro estragado, curva mal feita no asfalto...

Saúde do corpo, mente... Doenças do corpo (câncer, gripe, coração...) e mente (depressão, ...)

Ética, valores morais, honestidade.. Desvios, roubos, desrespeito, mentiras, dinheiro a qualquer preço...

Desvios, roubos, desrespeito, mentiras, dinheiro a qualquer preço...

Desequilíbrio financeiro, dívidas, cheque especial, ..

Comunicar-se, entre outros, por escrito, criando para tanto símbolos e estruturas linguísticas

Desconhecimento da estrutura linguística, causando, com isso, problemas na comunicação, como, oração subordinada sem oração principal, pontuação, ...

Ligação com um Ser Superior (Deus, Alá, Javé...)

Falta de crença, fé, valores...

Utilizar as riquezas naturais Uso indiscriminado dos recursos naturais

Com este quadro de informações acima, somado com a ressignificação dos

conteúdos teóricos podemos, agora, por componente curricular, aproximar os

problemas dos conteúdos teóricos, como mostra o quadro abaixo:

PROBLEMAS DA COMUNIDADE LOCAL,

REGIONAL E MUNDIAL RELACIONADOS

À ÁREA DE FORMAÇÃO

CONTEÚDOS TEÓRICOS ADERENTES

AOS PROBLEMAS

A exclusão por causa da cor da pele, deficiência física, o índio deslocado de suas terras...

O ser humano como ser preconceituoso

Divisões sociais geradas pelas disputas de poder, exclusão dos mais fracos.

O ser humano como um ser competitivo

Chuva ácida, poluição do ar, da água, do solo.

Soluções químicas

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Page 33: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Síndrome de down, deficiência mental, ...

Genética

Mudança das marés, mudanças climáticas, lixo espacial

Astronomia

Tendo referenciais de problematização para cada conteúdo teórico, estamos

agora instrumentalizados para exercitar os professores na prática pedagógica –

metodologia e avaliação.

Passo 8

Metodologia – o caminho que nos leva às metas

Tendo:

a Mantenedora projeto pedagógico institucional, com perfil de

estudante almejado conceituado, para que todos tenham a

compreensão do significado do perfil pretendido;

os professores referenciais sobre o sentido de ser dos conteúdos,

clareza sobre os conteúdos do senso comum e teórico, referenciais

de conteúdos problematizados;

então estamos preparados para orientar o caminho (metodologia) que nos levará à

meta almejada.

Para exercitar as dimensões até aqui abordadas e a metodologia, tanto a

Mantenedora como cada unidade institucional necessita de projeto de formação,

oportunizando aos docentes refletir e socializar suas práticas, movidos pela base

teórica. Esta ação precisa ser motivada e provocada. Inicialmente os gestores

principais – direção e coordenação das escolas ou faculdades - são “ungidos” e

incorporam a proposta projetada. Se as instâncias superiores das unidades não

assumirem o projeto pedagógico, que se supõe foi construído coletivamente, o

mesmo estará fadado ao fracasso.

Da equipe diretiva parte a motivação para os docentes. Jamais sob forma

de imposição, mas sempre sob o prisma da significação. Lembremo-nos: as

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Page 34: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

pessoas assumem novos paradigmas se estes provocarem sentido e as

convencerem de que há mais chances de sucesso do que nas práticas anteriores.

Dito isso, é preciso exercitar o corpo docente. Um bom exemplo para elaborar

material didático de apoio é o livro Estratégias de Ensino e Aprendizagem, de

Bordenave e Pereira9, que vem estruturado a partir da problematização +

teorização + produção teoricamente fundamentada, apoiado no Arco de

Maguerez. Nele, o material didático direciona as ações para que o professor,

passo a passo, possa desenvolver o processo pedagógico, onde:

os conteúdos teóricos são ressignificados e úteis para a vida do aluno;

o professor aborda os conteúdos dentro de uma relação de aproximação e

significação – senso comum do presente, senso comum do passado e

senso teórico;

os problemas do contexto servem para provocar a motivação e situar os

alunos no presente e no passado, desenvolvendo o espírito de pesquisa; e

os conteúdos teóricos têm a função de explicar e oferecer compreensão

dos problemas ou dos fatos desconhecidos dos estudantes.

Embasados nas teorias indicadas e desenvolvidas, sugerimos os seguintes

passos para desenvolver a abordagem de um conteúdo teórico. Apoiados em

Bordenave e Pereira (2001), esta também pode ser a estrutura do material

didático de apoio.

Primeiro Momento da aula

O material apresenta, através de pequenos textos, figuras, ..., problemas

comuns do contexto dos estudantes de várias partes do Brasil e provoca

perguntas nos alunos, do tipo: por que isto acontece?....como podemos resolver

esta questão?.... Além de o professor apresentar determinados problemas, os

estudantes podem acrescentar outros. As respostas dos alunos aos

questionamentos, neste momento, estão embasadas nas suas concepções

prévias, sem ou com pouca fundamentação teórica.

9 Bordenave, Juan Diaz; Pereira, Adair Martins. Estratégias de ensino e aprendizagem. 22 ed. Petrópolis:Vozes, 2001

34

Page 35: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

Segundo Momento da aula

O material didático apresenta problemas, fatos, situações do passado,

similares aos problemas do presente, para que os estudantes possam situar-se no

contexto histórico dos fatos.

Terceiro Momento da aula

Após esse momento inicial de provocação e de olhar histórico, o material

apresenta o conteúdo teórico que deverá explicar os problemas abordados. Este

material pode ser as fórmulas, os conceitos, os textos explicativos de algum

teórico, ou referenciais onde o docente e os estudantes podem encontrar mais

fundamentos. Para os pequenos (educação infantil e séries iniciais), o conteúdo

teórico pode ser uma história em quadrinhos, uma fábula.... O professor, à medida

das necessidades, amplia o material teórico, ou o próprio material de apoio pode

indicar bibliografias onde os estudantes podem ampliar os fundamentos.

Quarto Momento da Aula

No momento seguinte, para exercitar o processo, o material didático pode

trazer novos problemas e solicitar que o estudante, de forma individual ou em

grupo, usando o conteúdo teórico desenvolvido, apresente a solução do(s)

problema(s), ou sua compreensão teoricamente fundamentada e argumentada.

Quinto Momento da aula

Momento final do processo de abordagem de um conteúdo teórico. Embora

a avaliação esteja presente em todo o processo, neste momento final, o

estudante, de forma individual, é submetido a uma produção problematizadora,

em consonância com o processo desenvolvido – problema + teoria +

compreensão/solução teoricamente fundamentada.

Para ajudar os professores a exercitar a prática pedagógica, nos momentos

de formação continuada nas escolas, reuniões pedagógicas, jornadas

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Page 36: Artigo Paradigmas contemporâneos de educação construindo referenciais de apoio para a prática docente

pedagógicas ..., sugerimos o seguinte quadro, onde os mesmos, em grupos,

por componente curricular, elaboram suas aulas e socializam com os colegas:

Conteúdo teórico a ser

desenvolvido:__________

Série em que será trabalhado:

______________

Passo 1: Problematização Inicial e Compreensão Empíricaa) Que situação-problema do presente dos alunos será apresentada aos alunos, para provocar neles a motivação, o desejo de aprender o conteúdo teórico?Como será desenvolvido esse momento? b) Que questionamentos serão feitos aos alunos para que eles, no seu senso comum, expressem o que entendem em relação à situação-problema e apresentem suas soluções?Como será desenvolvido esse momento?Passo 2: Referencial Histórico da Problematização InicialQue conteúdos do senso comum do passado serão apresentados aos alunos para que eles percebam a relação presente e passado?Como esse momento será desenvolvido?Passo 3: TeorizaçãoQue conteúdo do senso teórico será desenvolvido para que os alunos possam compreender ou apresentar soluções à situação-problema do passo 1?Como será desenvolvido

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esse momento?Passo 4: Compreensão Teoricamente FundamentadaQue novas situações-problema serão apresentados aos alunos para que os mesmos, utilizando o conteúdo teórico desenvolvido, demonstrem que compreenderam e/ou sabem resolver problemas com o novo conteúdo teórico?Como será desenvolvido esse momento?Passo 5: Produção Teoricamente FundamentadaQue instrumentos serão utilizados na avaliação e como serão as questões de avaliação para avaliar a capacidade de compreensão, solução, aplicação [...] do novo conhecimento teórico?

Não existe e nem pode existir a indicação de caminho metodológico único.

Lendo as produções dos professores em dois dos livros que organizamos,

“Significar a Educação: da teoria à sala de aula” e “Teoria e prática – a escola dos

sonhos é possível”, verificamos que cada professor, na sua individualidade e

situação, utilizou inúmeras formas para desenvolver o processo, mas nenhum

perdeu o eixo condutor apontado pelo referencial teórico: provocação de

problemas – presente e passado + teorização + produção teoricamente

fundamentada.

Passo 9

Avaliação do processo: entre o idealizado e efetivado

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Seguindo a linha de pensamento até aqui abordada, a avaliação, como

processo, está focada nos objetivos institucionais – perfil de estudante a ser

formado pela Instituição – tendo como referencial:

formar para as competências (perfil de estudante a ser formado) – ser

capaz de resolver problemas fora da rotina. Nos perfis de estudante, temos,

comumente, p. ex., espírito de pesquisa, capaz de argumentar.... Portanto,

a partir de problemas da realidade e dos conteúdos teóricos, o estudante é

exercitado; e

desenvolver habilidades - exercitar a mente em exercícios superiores

(identificar..., analisar, argumentar..., reconstruir, aplicar...).

Com estes referenciais, acrescentados dos conteúdos – senso comum e

teórico, dos conteúdos ressignificados, problematizados e com os professores

apropriados de referencial metodológico que oriente o caminho para chegar ao

perfil almejado, teremos a base para propor modelos de instrumentos de avaliação

e a estrutura das questões.

Independente do tipo de avaliação, as questões de avaliação precisam ter, no

mínimo, a seguinte estrutura:

a) apresentar um problema da realidade; e

b) solicitar ao estudante, fundamentado em conteúdo teórico, apresentar

soluções ao problema, ou refletir o problema, trazendo argumentos que

demonstrem a sua compreensão.

A questão de avaliação precisa deixar claros os critérios da resposta solicitada.

Por exemplo, se solicito que o estudante argumente; preciso indicar: quantos

autores, quantas citações de cada autor... estou solicitando na argumentação.

Como já frisado no referencial teórico, aqui não há mais respostas do tipo certas

ou erradas, mas sim, temos como referencial o nível de desenvolvimento e a

capacidade do estudante de externar argumentos, apoiado em fundamentos

teóricos.

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A título de ilustração, como já fizemos na abordagem teórica anteriormente,

trazemos, abaixo, algumas questões já estruturadas de acordo com os

fundamentos apresentados:

1. “Uma empresa de biotecnologia anunciou o desenvolvimento de uma planta

transgênica contendo um gene que confere resistência a um herbicida, e de uma

cabra transgênica que secreta, através das glândulas mamárias, um fator de

coagulação do sangue humano. O anúncio da comercialização das sementes da

planta provocou reações desfavoráveis por parte dos biólogos que, no entanto,

aceitaram bem a criação das cabras, cujo leite viria a ser utilizado na produção de

um medicamento para tratar hemofílicos.”

a) Fundamentado em 02 dos autores estudados, analise a diferença de

reação dos biólogos em relação à planta e à cabra, trazendo, no mínimo, uma

citação de cada autor.

b) Proponha e justifique, baseado nos referenciais teóricos desenvolvidos em

sala de aula (no mínimo 02), um teste a que a planta deve ser submetida, antes

de ser cultivada em larga escala.

2. Hoje o inverno já não é tão frio e nem o verão tão quente, ou seja, as estações

do ano já não estão mais tão bem definidas.

Apresente 3 argumentos, fundamentado em, no mínimo, 2 autores estudados, o

porquê de estes fatos estarem ocorrendo.

3. Quanto menor o número de árvores em uma região, menor poderá ser a

ocorrência de chuvas.

Fundamentado nos conteúdos estudados (no mínimo 3 fundamentos), analise

os problemas que este fato pode gerar e apresente possíveis soluções.

4. Baseados nos teóricos trabalhados em aula (no mínimo 01), onde analisamos

o conceito de hidrodinâmica, descreva, a partir de uma situação real do

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contexto, como é o processo de irrigação mais utilizado nas lavouras e que

resolve o problema da perda das plantações por causa da chuva escassa.

5. Um prédio de 10 andares possui muitos vazamentos que comprometem sua

estrutura. Com base nessa situação e fundamentado em, no mínimo, 02 autores

estudados, explique por que este problema ocorre e como resolvê-lo.

A avaliação, como a metodologia, precisa ser exercitada pelo corpo docente.

Seja nas reuniões, nas jornadas, nos grupos de estudo..., é fundamental que os

docentes formulem a elaboração de instrumentos de avaliação (cabeçalho com

habilidades, questões coerentes...) e socializem com os colegas, para que

fortaleçam suas convicções, adquiram segurança e, coletivamente, desenvolvam a

avaliação de acordo com o Projeto Pedagógico. No entanto, voltamos a lembrar:

se o material didático de apoio não estiver coerente com as bases do Projeto

Pedagógico, teremos algumas iniciativas individuais de mudança nas unidades,

no entanto, ficará muito mais difícil atingir as metas no coletivo.

Em uma rede, o grande desafio é construir a unidade. No entanto, a unidade

de ação estará muito mais fragilizada se, em todas as instâncias, não houver

aderência, comprometimento, produções e ações que demonstrem o esforço de

consolidar o idealizado na prática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como inicialmente afirmamos, a produção deste ensaio apoia-se em

produções anteriores e em bibliografias indicadas a seguir. Procuramos

apresentar, sucintamente, alguns fundamentos que, na nossa visão, são aqueles

que sintetizam o pano de fundo na compreensão dos cenários, do homem, do

perfil de estudante, dos fundamentos da educação, do perfil de docente e dos

modelos de gestão. Todos eles estão interligados e formam significativo

referencial para elaborar o projeto pedagógico, sustentando práticas educacionais

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que vêm ao encontro das necessidades da pessoa, nos cenários contemporâneos

e nas dimensões e potencialidades humanas.

À luz da teoria e conscientes dos problemas percebidos durante muitos

anos nas práticas educacionais, sugerimos 09 passos para auxiliar a instituição

educacional no processo de dinamização, aproximando a teoria da prática.

Partindo do projeto pedagógico, conceituando o perfil de estudante almejado,

sugerimos o mapeamento dos conteúdos, a classificação dos conteúdos em senso

comum – passado, presente - e senso teórico, a ressignificação e problematização

dos conteúdos, o exercício metodológico e avaliativo. Nossa história de atuação

como professor e acompanhando professores em sua ação pedagógica, sugere

que sem estes exercícios e reflexões, os docentes terão dificuldades em

desenvolver sua ação pedagógica com sucesso.

Refletido isto e permeando todo o texto, tivemos a preocupação em sugerir

formas para que o material didático de apoio possa ser referência aos docentes,

tendo em vista o projeto pedagógico sugerido. Sabemos que estamos diante de

um grande desafio. Produzir material didático de apoio, em acordo com as teorias,

é uma grande tarefa. Precisamos de trabalho coletivo de pesquisa para reunir as

informações, principalmente para clarear a questão dos conteúdos: senso comum,

senso teórico, ressignificação e problematização. Existe restrito material disponível

para investigação. Em muitas situações, precisaremos criar e inovar. Nesta tarefa,

os docentes da rede têm importante contribuição a dar.

Assim também, para a estruturação do material de apoio didático, conforme

nos sugerem Bordenave e Pereira (2001) (problematização + teorização +

produção teoricamente fundamentada), tanto na metodologia como na avaliação,

necessitaremos de trabalho minucioso e de profunda compreensão do processo,

para que possamos oferecer subsídios aos docentes na orientação da sua prática

pedagógica.

Não por último, necessitaremos de um audacioso projeto de formação

continuada dos docentes, para que os ideais do projeto pedagógico sejam

compreendidos, refletidos e concretizados. Os docentes necessitarão,

inicialmente, ter acesso ao referencial teórico. Em seguida terão que ser

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desafiados em levar a teoria à prática de suas salas de aula. Por consequência,

em seminários nas unidades, na região ..., através de oficinas... socializam a sua

prática e também entram em contato com as práticas dos seus colegas. Por fim,

não se pode esquecer de documentar e publicar as práticas, permeadas com base

teórica. Este movimento – teoria – prática - socialização – documentar – publicar...

não tem fim.

Por outro lado, não se pode esquecer dos docentes novos que anualmente

entram em nossas unidades. Estes precisam ter a oportunidade de acender à

base teórica e inserir-se no movimento teórico-prático.

O desafio é grande. Necessita de uma rede profissionalizada. Necessita de

profissionais competentes e audaciosos. No entanto, compreendemos que,

somente assim, teremos a oportunidade histórica de concretizar nossos ideais

como Educadores.

“UM SONHO QUE SE SONHA SÓ É APENAS UM SONHO

UM SONHO QUE SE SONHA JUNTO É A REALIDADE QUE COMEÇA”

(DOM HELDER CÂMARA)

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