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EDUCAÇÃO E CIDADANIA: Evolução Histórica e Paradigmas Contemporâneos Rafael Tallarico Laiz Cláudia Teixeira

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Page 1: Evolução Histórica e Paradigmas Contemporâneos...para se fazer cidadãos, conscientes da sua liberdade individual e dos outros, em si e para si. Somente sou livre se o outro também

A importância que uma nação dá à Educação dos seus cidadãos delineia qual tipo de futu-ro ela dará às gerações vindouras.Pouca valia tem qualquer política governa-mental assistencialista se não capacitar as pessoas para terem condição individual de ascensão social. A Educação tem o objetivo de romper as barreiras que impedem o cresci-mento material e intelectual.A capacidade de criticar importa na re� exão e avaliação institucional e humana. A dialéti-ca interconstrutiva, que visa sempre o cresci-mento, prescinde do conhecimento. Vários problemas sociais poderão ser evita-dos, caso seja dada uma ênfase primeira à Educação. Os índices de criminalidade, mar-ginalização, desemprego, diminuem com a especialização cientí� ca das pessoas. Conhecido é o provérbio de Salomão: “Edu-ca a criança no caminho que ela deve andar, e depois de velha ela não se desviará dele.” Este é um papel a ser iniciado pela família e que depois encontra sua completude no ensi-no, com a busca incessante de conhecimento. Papel do Estado.A sociedade ocidental, com identidade cris-tã-europeia, se caracteriza por abrigar a plu-ralidade, sem perder o sentido da unidade do todo. O “Absoluto” é o Perfeito, ao longo da História, que se apresenta onde há a Justiça, como Idéia, ou seja, o próprio Direito.A interlocução dos indivíduos deve favorecer o crescimento pessoal, seja na família, na escola, no lazer, no espaço público, em qual-quer lugar. O Estado Democrático de Direito é o abrigo maior da cidadania. Cidadania não é apenas votar e ser votado. Envolve também a capacidade prospectiva e criativa de colaborar para a melhoria da condição humana, através de um processo político inclusivo, com princípios, debates e reconhecimento das potencialidades indivi-duais, ou seja, sempre acima dos interesses.O Estado Contemporâneo, que se pretenda Democrático, e queira fazer valer os direitos e garantias fundamentais, primeiro deve se ocupar da formação de seus cidadãos, uma vez que maior à própria liberdade, é o conhe-cimento da liberdade.Esta é a “Paidéia” Ocidental.

EDUCAÇÃO E CIDADANIA:Evolução Histórica e Paradigmas Contemporâneos

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PARADIGMAS CONTEM

PORÂNEOS

Rafael Tallarico Laiz Cláudia Teixeira

RAFAEL TALLARICO // LAIZ CLÁUDIA TEIXEIRA

Rafael Tallarico é graduado em Direito pela Pon-tifícia Universi-dade Católica de Minas Gerais. É mestre em Direi-to e Justiça pela Universidade Fe-deral de Minas Gerais. Advoga-do militante na área empresarial

e criminal. É professor de Direito Interna-cional Público, Direito Econômico, Filoso� a do Direito, Hermenêutica e Sociologia Jurí-dica das Faculdades Asa de Brumadinho/MG e de Sabará/MG). Orienta monogra� as e trabalhos cientí� cos jurídicos e possui ar-tigos publicados na Revista Asa- Palavra. É autor dos livros “Estado e Soberania: Pers-pectivas no Direito Internacional Contem-porâneo” e “A Liberdade de Expressão da Opinião Pública”, pela D`Plácido Editora.

Laiz Cláudia Teixeira é Gra-duada em Direito pela Faculdade ASA de Brumadi-nho; Especialista em formação de professores para o ensino superior jurídico pela Uni-versidade Anhan-guera e Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes; Especialis-

ta em criminologia, política e segurança pú-blica pela Universidade Anhanguera e Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes; Advogada mi-litante nas áreas Tributária e Criminal; Pro-fessora do Curso Técnico nas disciplinas de Direito Minerário e Empreendedorismo da Faculdade ASA de Brumadinho; Professora do Curso de Administração de Empresas na disciplina de Atividades Complementares da Faculdade ASA de Brumadinho; Profes-sora de Legislação Especí� ca na Especiali-zação em Saúde e Segurança do Trabalho do Curso Técnico de Enfermagem da Facul-dade Asa de Brumadinho.

O primeiro desa� o do homem, na História, foi dominar a natureza para atender às suas necessidades básicas, individuais e coletivas. A escassez, ou limitação de recursos, face às quase in� nitas necessidades humanas, exigiu o aprimoramento de técnicas de produção e especialização do trabalho.

O desenvolvimento do intelecto humano se tornou imperativo para melhoria da condição humana. A mola mestra para se atingir este � m é a Educação.

Platão, na Antiguidade Clássica- Grega, ressalta a importância da Educação para a formação dos cidadãos da polis, em especial do Guardião da Constituição, que tudo governa e a quem todos representa.

O homem justo é aquele que caminha segundo as virtudes, principalmente a Jus-tiça, e o homem injusto é o que se deixa comandar pelos vícios. Platão indica o caminho para se extirpar os vícios: a Educação.

A Educação, desde o surgimento do Ocidente, nas margens do Egeu, é a amálgama para se fazer cidadãos, conscientes da sua liberdade individual e dos outros, em si e para si.

Somente sou livre se o outro também o é. A busca de conhecimento importa no aprimoramento individual, que acaba por favorecer a coletividade. Novas “menta-lidades” devem ser oportunizadas para a evolução do conceito de liberdade.

Esta é uma obra que busca resgatar � loso� camente o papel da Educação para a formação de cidadãos, principalmente em um Estado Democrático de Direito, que busca a igualdade formal de todos, o que pressupõe, no mínimo, o conhecimento de cada um de seus Deveres e Direitos perante o Ordenamento Jurídico.

Conceitos como História, Razão, Educação, Cidadania e Liberdade se entrelaçam nesta obra para formarem a síntese atual da condição humana.

EIXOS TEMÁTICOS: Educação: De� nição \\ Educação: Surgimento e Evolu-ção Histórica no Brasil sob um Enfoque Jurídico-Filosó� co \\ Liberdade: Abordagem Filosó� ca \\ O Ensino Superior no Brasil como Promovente da Liberdade de Expressão: Democracia Efetivada.

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Educação e Cidadania:Evolução Histórica e

Paradigmas Contemporâneos

Rafael TallaricoLaiz Cláudia Teixeira

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Copyright © 2014, D’ Plácido Editora.Copyright © 2014, Os autores.

Editor ChefePlácido Arraes

Produtor EditorialTales Leon de Marco

Capa Tales Leon de Marco

DiagramaçãoDanilo Jorge da Silva

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, por quaisquer meios, sem a autorização prévia da D`Plácido Editora.

Editora D’PlácidoAv. Brasil, 1843 , SavassiBelo Horizonte - MGTel.: 3261 2801CEP 30140-002

Catalogação na Publicação (CIP)Ficha catalográfica

Educação e Cidadania: Evolução Histórica e Paradigmas Contemporâneos.Rafael Tallarico; Laiz Cláudia Teixeira -- Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2014.

BibliografiaISBN: 978-85-67020-30-3

1. História da Educação 2. Direito Civil 3. Direito I. Direito II. História da Educação III. Título.

CDU900:37 CDD 342.1

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“Só merece a liberdade e a vida aquele que a cada dia sabe ganhá-las”.

Ihering.

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Esta obra é dedica ao Uno Deus, que Era, que É e que Há de Vir.

Dedicamos também aos queridos pais e familiares.

Faço uma homenagem ao Dr. José Nascentes Coelho (in memorian), varão hábil e eloqüente, pela exemplar prudência no agir

Fazemos uma homenagem à Dra Wilba Lúcia Maia Bernardes, professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais,

pelo exemplo acadêmico e didático.

Homenageamos o Dr. João Bosco Leopoldino da Fonseca, professor da Pós-Graduação da Universidade Federal de Minas

Gerais, pelo pragmatismo científico e profissional.

Homenageamos, também, o Dr. Arthur José de Almeida Diniz, professor da Pós-Graduação da Universidade Federal de

Minas Gerais, pela amizade incondicional.

Registramos nossas homenagens ao professor Luiz Claudio Teixeira Souza que, por seu esmero e amor pela Educação, provou que a

verdadeira liberdade advém da plenitude do saber.

À professora Sônia Aparecida Barcelos Maciel: uma verdadeira entrega pela Educação, constituindo-se em exemplo a ser seguido.

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UNE: União Nacional dos Estudantes.Ande: Associação Nacional de Educação.Andes: Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior.Anpae: Associação Nacional de Profissionais de Administração da Educação.Anped: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação.CPB: Confederação de Professores do Brasil.Cedes: Centro de Estudos Educação e Sociedade.CGT: Central Geral dos TrabalhadoresCUT: Central Única dos TrabalhadoresFasubra: Federação das Associações dos Servidores das Universidades Brasileiras.OAB: Ordem dos Advogados do Brasil.SBPC: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.SEAF: Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas.UBES: União Brasileira de Estudantes Secundaristas.LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação.Ciep: Centros Integrados de Educação Pública.AI: Ato Institucional.UnB: Universidade de Brasília.

Lista de abreviaturas e siglas

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Sumário

1. Introdução 152. Educação: Definição 193. Educação: Surgimento e Evolução Histórica no Brasil 293.1 Brasil colônia 29

3.1.1 A contribuição dos jesuítas 293.1.2 As primeiras escolas de ler e escrever 303.1.3 O ensino de nível secundário e superior 313.1.4 A saída compulsória dos jesuítas 31

3.2 Brasil imperial: os bons tempos da elite 333.2.1 A educação no contexto da independência 333.2.2 O ensino de nível primário 353.2.3 A educação técnico-profissional e o curso normal 353.2.4 A educação secundária e superior 36

3.3 A primeira República: salvação ou decepção? 373.4 A revolução de 30: o que foi transformado? 393.5 Estado Novo: o poder emana do chefe 41

3.5.1 O golpe do Estado Novo 413.5.2 O posto da educação no Estado Novo 42

3.6 A República do povo: fase de reconstrução 433.6.1 A atuação popular direta em prol da educação 443.6.2 Paulo Freire: a elaboração do método de alfabetizar 45

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3.7 A Educação no Período de Segurança Nacional 453.7.2 Reestruturando o ensino superior 463.7.3 A reestruturação do ensino de 1º e 2º grau 47

3.8 É chegada a hora de mudanças 483.8.1 A educação no contexto da nova Constituição 513.8.2 O novo texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 543.8.3 A escola de tempo integral 553.8.4 O que deve ser feito? 563.8.5 A formação/capacitação do mestre 59

3.9 Anísio Teixeira: uma entrega pela educação 633.10 Regulamentação constitucional da educação 663.11 Princípios 69

4. Liberdade: Abordagem Filosófica 754.1 Liberdade e seu fundamento em Hegel 754.2 O Estado ético clássico e sua cisão: a subjetividade 774.3 Hegel: liberdade objetiva (a ordem) 804.4 O Estado da razão 824.5 Estado racional e Estado constitucional 834.6 O Estado racional e o indivíduo 844.7 O Estado democrático e o Estado racional 864.8 Liberdade e seu fundamento em Kant 885. O Ensino Superior no Brasil como Promovente da Liberdade de Expressão 935.1 Das instituições de ensino superior 93

5.1.1 Das universidades 935.1.2 Dos centros universitários 945.1.3 Das faculdades 94

5.2 Liberdade de expressão: conceito 955.2.1 Evolução histórica e jurídica do direito de liberdade de expressão no Brasil 95

5.3 Liberdade de opinião 975.4 Liberdade de comunicação 98

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5.5 Liberdade de manifestação do pensamento 995.6 A conexão da liberdade de expressão, intelectual, artística e científica com outros direitos 1005.7 Da escusa de consciência 1025.8 A relação da liberdade de expressão coletiva com direitos coletivos 1035.9 O direito à informação e sua pertinência na liberdade de expressão 1035.10 Democracia: efetivação da liberdade 1046. Considerações Finais 1077. Referências 113

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1A formação do homem como ser capaz de desenvolver e atender suas

próprias necessidades, bem como as do meio em que vive, é uma preocu-pação desde os tempos mais remotos, haja visto o período da Antiguidade Clássica, onde é possível vislumbrar a dedicação e atenção da literatura para com a atuação da pedagogia.

A presente obra promove uma captação do ensino sob um prisma filo-sófico, além de sua evolução histórica no Brasil, do mesmo modo que traça uma abordagem da evolução do direito de liberdade de expressão, evolução esta que nasce no Brasil ainda nos tempos do Império, sendo objeto da Constituição do ano de 1824. Contudo, no Estado Novo, o princípio da liberdade de expressão, outrora garantido constitucionalmente, foi “oportu-namente” substituído pela censura. O direito da liberdade de manifestação do pensamento somente em 1946 voltou a ser constitucionalmente assegurado. Porém, novamente, tão logo Getúlio Vargas retomou o posto de presidente, procedeu à imediata edição da lei da imprensa (Lei n.º 2.083 do ano de 1953), a qual dispunha, por óbvio, das possíveis condutas típicas, ilícitas e culpáveis atinentes à imprensa.

Em 1967, o texto constitucional imposto pelo governo militar não extirpou o princípio da liberdade de expressão, mas regulamentou seu exer-cício, o qual era totalmente vinculado aos moldes por eles entendidos como de ordem pública e de bons hábitos. Ademais, se atribuía à manifestação do pensamento, como direito individual, mesmo estando sujeita a penalidades jurídicas na hipótese de ser utilizada como mecanismo de oposição ao governo.

Promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a liberdade de manifestação foi remodelada, oportunidade em que passa a contar com uma ampliação dos direitos e garantias do indivíduo. O fundamento e a existência de uma sociedade democrática estão condicionados à liberdade do homem, precipuamente a de expressão, constituída da maneira que for.

Introdução

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Não há dúvidas que esse se trata de um direito fundamental, personalíssimo e devido a todas as pessoas, indistintamente.

No bojo do texto constitucional, encontra-se a liberdade de expressão consagrada como um direito fundamental. Tal direito previsto no capítulo dos Direitos e Garantias fundamentais, assume seu papel, em tese, e na prática, como um termômetro de suma importância para a sobrevivência do Estado Democrático de Direito. Se a liberdade de expressão é restringida em um Estado, este estará caminhando para a seara do autoritarismo.

A liberdade de expressão ainda assume um papel decisivo no que per-tine ao controle das atividades de governo, bem como do próprio exercício de poder. Por sua vez, a educação consiste no instrumento para efetivação dessa liberdade, uma vez que, antes mesmo do homem exercer um direito, ele necessita ter conhecimento do mesmo. É a educação que capacita um indivíduo; torna-o consciência e crítico para participar da vida pública de seu Estado. Somente dessa forma ele saberá o que expressar e para quê o faz.

Um Estado constrói sua história à medida que busca e alcança seus direi-tos. A evolução histórica é interpretada pelos indivíduos de maneiras distintas. Alguns pensam que a história, no geral, é subdividida em várias fases, porém uma não se comunica com a outra, de modo que o que se viveu em deter-minada época não contribuirá (seja para o progresso ou não) em um dado período superveniente. Todavia, outros defendem que tais fases se relacionam em plena dialética, sob o argumento de que tudo deve ter um argumento e um contra-argumento, caso contrário, estar-se-ia inerte no tempo.

Hegel constrói sua Filosofia a partir do desejo de reconstruir um ideal outrora solidificado na Grécia Antiga, qual seja, o anseio, a busca da liberdade. Liberdade em um contexto amplo, distintamente do que se tem conhecimento hodiernamente (privada ou subjetiva), ou seja, uma liberdade que alçasse voos para além dos limites impostos pela própria vida. Desse modo, contrariamente ao que era ofertado ao filósofo àquele tempo, oportunidade em que se fazia presente uma grande divergência entre vários setores sociais (governantes x governados, homens x Deus e Política x Religião), Hegel, bem como seus contemporâneos, vislumbravam na Grécia Antiga o protótipo que permitiria a viabilidade da harmonia e da identidade entre esses pontos controvertidos. Logo, liberdade era a significação de uma vida perfeita, ou, ainda, a instituição de uma nova juventude que havia se perdido da civilização ocidental.

Seria impossível pensar no princípio democrático ou discorrer sobre ele sem considerar a liberdade de expressão como um de seus elementos. Sendo assim, o desencontro e direito de opiniões não podem ser cerceados, a fim de que a verdadeira democracia se efetive.

A liberdade de expressão apresenta-se como uma necessidade congê-nita do homem. Os escritos da história da humanidade demonstram que

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o ser humano sempre se valeu de tal instrumento, a fim de se proteger das deliberações do poder dominante.

Uma vez restringida a liberdade de manifestação do pensamento (de-vendo-se, nesta hipótese, atentar não só no âmbito de vedação por parte de força governamental, mas também quando se priva homens do devido preparo educacional), os reflexos dessa ação alçarão voos para além do seu singular detentor. No momento em que se tolhe uma garantia como essa, toda a coletividade também foi cerceada de algo, uma vez que foi extinta uma fonte de informação; tanto indivíduo como sociedade foram privados do direito de interação.

A democracia, por si só, é uma simples utopia. Tal forma de governo somente ganha vida a partir do momento que o homem exerce seu direito de liberdade de expressão, principalmente se essa manifestação incide sobre questões pertinentes à vida social. Deve ser pautado também, em que, se tratando de democracia, isso não quer dizer que sua efetivação seja pacífica. Antes, o contrário: pela presente participação de todos, sempre haverá diver-gências, visto que, em regra, cada ser humano possui o seu entendimento.

A presente obra caminha no sentido de demonstrar, ou até mesmo com-provar, a interdependência de educação e liberdade. Aquela como mecanismo eficaz para a efetivação dessa. Neste sentido, utilizam-se diversos fundamentos filosóficos, como, por exemplo, as propostas de Kant, o qual propõe um estudo da razão, vez que a liberdade é abordada nesse contexto. A razão é traduzida por Kant como o conhecimento do indivíduo acerca das regras morais em vigor. Contudo, esse fato da razão somente será possível a partir da existência da liberdade, a qual, exclusivamente, será reconhecida com uma percepção intelectual, o que significa dizer: conhecimento.

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A importância que uma nação dá à Educação dos seus cidadãos delineia qual tipo de futu-ro ela dará às gerações vindouras.Pouca valia tem qualquer política governa-mental assistencialista se não capacitar as pessoas para terem condição individual de ascensão social. A Educação tem o objetivo de romper as barreiras que impedem o cresci-mento material e intelectual.A capacidade de criticar importa na re� exão e avaliação institucional e humana. A dialéti-ca interconstrutiva, que visa sempre o cresci-mento, prescinde do conhecimento. Vários problemas sociais poderão ser evita-dos, caso seja dada uma ênfase primeira à Educação. Os índices de criminalidade, mar-ginalização, desemprego, diminuem com a especialização cientí� ca das pessoas. Conhecido é o provérbio de Salomão: “Edu-ca a criança no caminho que ela deve andar, e depois de velha ela não se desviará dele.” Este é um papel a ser iniciado pela família e que depois encontra sua completude no ensi-no, com a busca incessante de conhecimento. Papel do Estado.A sociedade ocidental, com identidade cris-tã-europeia, se caracteriza por abrigar a plu-ralidade, sem perder o sentido da unidade do todo. O “Absoluto” é o Perfeito, ao longo da História, que se apresenta onde há a Justiça, como Idéia, ou seja, o próprio Direito.A interlocução dos indivíduos deve favorecer o crescimento pessoal, seja na família, na escola, no lazer, no espaço público, em qual-quer lugar. O Estado Democrático de Direito é o abrigo maior da cidadania. Cidadania não é apenas votar e ser votado. Envolve também a capacidade prospectiva e criativa de colaborar para a melhoria da condição humana, através de um processo político inclusivo, com princípios, debates e reconhecimento das potencialidades indivi-duais, ou seja, sempre acima dos interesses.O Estado Contemporâneo, que se pretenda Democrático, e queira fazer valer os direitos e garantias fundamentais, primeiro deve se ocupar da formação de seus cidadãos, uma vez que maior à própria liberdade, é o conhe-cimento da liberdade.Esta é a “Paidéia” Ocidental.

EDUCAÇÃO E CIDADANIA:Evolução Histórica e Paradigmas Contemporâneos

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PARADIGMAS CONTEM

PORÂNEOS

Rafael Tallarico Laiz Cláudia Teixeira

RAFAEL TALLARICO // LAIZ CLÁUDIA TEIXEIRA

Rafael Tallarico é graduado em Direito pela Pon-tifícia Universi-dade Católica de Minas Gerais. É mestre em Direi-to e Justiça pela Universidade Fe-deral de Minas Gerais. Advoga-do militante na área empresarial

e criminal. É professor de Direito Interna-cional Público, Direito Econômico, Filoso� a do Direito, Hermenêutica e Sociologia Jurí-dica das Faculdades Asa de Brumadinho/MG e de Sabará/MG). Orienta monogra� as e trabalhos cientí� cos jurídicos e possui ar-tigos publicados na Revista Asa- Palavra. É autor dos livros “Estado e Soberania: Pers-pectivas no Direito Internacional Contem-porâneo” e “A Liberdade de Expressão da Opinião Pública”, pela D`Plácido Editora.

Laiz Cláudia Teixeira é Gra-duada em Direito pela Faculdade ASA de Brumadi-nho; Especialista em formação de professores para o ensino superior jurídico pela Uni-versidade Anhan-guera e Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes; Especialis-

ta em criminologia, política e segurança pú-blica pela Universidade Anhanguera e Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes; Advogada mi-litante nas áreas Tributária e Criminal; Pro-fessora do Curso Técnico nas disciplinas de Direito Minerário e Empreendedorismo da Faculdade ASA de Brumadinho; Professora do Curso de Administração de Empresas na disciplina de Atividades Complementares da Faculdade ASA de Brumadinho; Profes-sora de Legislação Especí� ca na Especiali-zação em Saúde e Segurança do Trabalho do Curso Técnico de Enfermagem da Facul-dade Asa de Brumadinho.

O primeiro desa� o do homem, na História, foi dominar a natureza para atender às suas necessidades básicas, individuais e coletivas. A escassez, ou limitação de recursos, face às quase in� nitas necessidades humanas, exigiu o aprimoramento de técnicas de produção e especialização do trabalho.

O desenvolvimento do intelecto humano se tornou imperativo para melhoria da condição humana. A mola mestra para se atingir este � m é a Educação.

Platão, na Antiguidade Clássica- Grega, ressalta a importância da Educação para a formação dos cidadãos da polis, em especial do Guardião da Constituição, que tudo governa e a quem todos representa.

O homem justo é aquele que caminha segundo as virtudes, principalmente a Jus-tiça, e o homem injusto é o que se deixa comandar pelos vícios. Platão indica o caminho para se extirpar os vícios: a Educação.

A Educação, desde o surgimento do Ocidente, nas margens do Egeu, é a amálgama para se fazer cidadãos, conscientes da sua liberdade individual e dos outros, em si e para si.

Somente sou livre se o outro também o é. A busca de conhecimento importa no aprimoramento individual, que acaba por favorecer a coletividade. Novas “menta-lidades” devem ser oportunizadas para a evolução do conceito de liberdade.

Esta é uma obra que busca resgatar � loso� camente o papel da Educação para a formação de cidadãos, principalmente em um Estado Democrático de Direito, que busca a igualdade formal de todos, o que pressupõe, no mínimo, o conhecimento de cada um de seus Deveres e Direitos perante o Ordenamento Jurídico.

Conceitos como História, Razão, Educação, Cidadania e Liberdade se entrelaçam nesta obra para formarem a síntese atual da condição humana.

EIXOS TEMÁTICOS: Educação: De� nição \\ Educação: Surgimento e Evolu-ção Histórica no Brasil sob um Enfoque Jurídico-Filosó� co \\ Liberdade: Abordagem Filosó� ca \\ O Ensino Superior no Brasil como Promovente da Liberdade de Expressão: Democracia Efetivada.

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