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ENSINO DE HISTORIA E CULTURA AFRICANA E INDIGENA

RESUMO

Este artigo procura analisar as formas metodológicas e didáticas que os docentespodem trabalhar com seus alunos na aplicação da Lei !"#$%&!$ e a "#'(&!)* bemcomo reali+ar uma refle,ão sobre as quest-es .tnico/raciais que permeiam o ambienteescolar e estão diretamente ligadas com a obrigatoriedade de ensino de história ecultura afro/brasileira e ind0gena"

1ala2ras 3ha2e4 Ensino* Educação Multicultural* Relaç-es 5tnico/raciais"

 67S8R638

8his article aims to anal9+e the methodological and didactic :a9s that teachers can:or; :ith their students in the application of La: !*#$% & !$ and *#'( & !) as :ell asperform a reflection on the ethnic and racial issues that permeate the schoolen2ironment and are directl9 lin;ed :ith the requirement for teaching histor9 andafrican/7ra+ilian and indigenous culture"

<e9:ords4 Education* Multicultural Education* Ethnic/racial relations"

=>8RO?U@AO

>a historia da constituição da nação brasileira* 2emos a marca significati2a docomponente ind0gena e africano que durante s.culos foi negada e demoni+adapelo coloni+ador europeu" Embora este Bltimo tenha tentado destruir dasconsciCncias amer0ndias e africanas aqui no 7rasil* suas respecti2as crenças*costumes e 2is-es de mundo* elas perduraram atra2.s de intensas lutas de

afirmação e sobre2i2Cncia at. os dias atuais" Uma das 2itorias significati2as apartir destas lutas foi a apro2ação da lei !"#$% em Daneiro de !!$* que tornaobrigatório o ensino de historia e cultura afro/brasileira* e cinco anos maistarde* em março de !!)* a pro2ação da lei "#'( que al.m de reforçar aprimeira citada tamb.m inclui o ensino de historia e cultura ind0gena nosestabelecimentos de ensino fundamental e m.dio* tanto pBblicos comopri2ados" ?esta maneira fica estipulado que esses conteBdos não serãoministrados em uma disciplina criada para esse fim* mas espalhadas por todo ocurr0culo escolar especialmente nas disciplinas de Literatura* Fistoria e

Educação 6rt0stica"

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 3omo pre2isto hou2e e há muita resistCncia por parte de alguns educadoresna aplicação destas legislaç-es* pois a escola* enquanto espaço pol0tico esocial reflete as concepç-es da sociedade e do Estado dominante no qual estáinserida* reprodu+indo em seu cotidiano o racismo por meio de di2ersaspraticas" 1artindo desta analise das reaç-es contrarias a lei* percebemos que opapel do educador não se trata apenas de ministrar esses conteBdos* mastrata/se de se debater em sala de aula as relaç-es .tnico/raciais que permeiamem nossa sociedade" Mesmo com criminali+ação do racismo pela 3onstituiçãode %)) e a adoção de aç-es afirmati2as por parte dos go2ernos nasinstancias federal* estadual e municipal* 2isuali+amos o a2anço do preconceitoa cada dia" 6 escola* portanto* se insere como um espaço pri2ilegiado para odebate e a refle,ão na construção de uma sociedade igualitária"

Outra problemática analisada com a promulgação da lei se refere G

dificuldade que muitos educadores encontraram na aplicabilidade dela emrelação G quantidade de materiais e te,tos dispon02eis sobre o assunto" 6teentão nos li2ros didáticos* os conteBdos sobre cultura negra e ind0gena sãoinsuficientes para serem trabalhamos de maneira satisfatória* e o incenti2o apesquisa por parte dos docentes . pouco estimulado tendo relação direta estaultima* com a falta de tempo decorrente da alta carga de trabalho" Fou2e aapro2ação da lei* contudo* não foi dado subs0dios necessários* tais comocursos de qualificação para que os educadores que atuam na área há bastantetempo pudessem ter contato com esses conteBdos* e saber de fato se aqueleassunto trabalho em sala de aula reflete uma concepção Dusta da históriaafricana ou ind0gena" Mas o ponto principal se refere G formação acadCmicados professores* que em seu decurso ti2eram pouco ou nenhum contato comesses conteBdos" >o que concerne ao estudo de cultura africana4

  H"""I nas uni2ersidades brasileiras poucas são as disciplinasdestinadas ao estudo das literaturas ou artes africanas" Estasem geral se infiltram nas disciplinas dedicadas a literatura earte portuguesas* inglesa ou francesa* isso na feli+ hipótesedas pessoas encarregadas das mesmas serem docentessens02eis a esses assuntos" JK6M16RO>=*%%(* p"!#

1odemos pontuar que a apro2ação das leis contribuiu bastante para que essastemáticas fossem tratadas de uma maneira mais atenta no ambienteacadCmico" >o entanto esta situação caminha em passos lentos* muitodependente dos in2estimentos da parte do Estado* e do interesse das própriasuni2ersidades que muitas 2e+es não estabelecem um diálogo amplo comoutras instancias da sociedade" 8endo uma formação que não contempla odebate das quest-es .tnico/raciais* o professor pode reprodu+ir concepç-es domito da democracia racialN* não tendo capacidade de estabelecer uma refle,ãosobre a pratica do racismo com seus alunos* ocasionando que o própriodocente pode não dar importncia as manifestaç-es da mesma* que partem de

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alunos* pais e de at. mesmo outros professores em ambiente escolar" 3omo7orges J!!* p"P(4

 6ssim sendo* a educação das relaç-es .tnico/raciais imp-esituaç-es de aprendi+agens entre brancos e negros* trocas de

conhecimento* quebra de desconfianças4 um proDeto conDuntopara a construção de uma sociedade Dusta* igual e equnime"3ombater o racismo não . uma tarefa e,clusi2a da escola* asformas de discriminação de qualquer nature+a não nascem ali*por.m o racismo e as discriminaç-es correntes na sociedadeperpassam esse espaço" 1ara que as instituiç-es de ensinodesempenhem a contento o papel de educar* . necessário quese constituam em espaço democrático de produção edi2ulgação de conhecimento e de posturas que 2isam umasociedade Dusta"

 

E>S=>O ?E F=S8OR=6 E 3UL8UR6 6QRO

ários foram os questionamentos por parte de muitos professores de quemaneira poderiam aplicar os conteBdos referentes a historia e cultura da fricae dos africanos aqui no 7rasil" >o entanto* como salientado anteriormente* a leitra+ para a sala de aula o debate sobre a questão racial em nosso pa0s" 3omoaponta o censo do =7TE* (!*P da população de nosso pa0s constitui/se deafrodescendentes* mas ainda assim essa população sofre de di2ersos tipos de

discriminação e desigualdade social* sendo este ponto a ser trabalhado demaneira decisi2a nos curr0culos escolares"

 6 2alori+ação do negro e da sua cultura . crucial na formação das crianças eadolescentes* desen2ol2endo uma consciCncia critica das suas identidades edo combate Gs formas de racismo" 5 importante notarmos que aobrigatoriedade do ensino de historia e cultura afro/brasileira não significa queestaremos mudando de um foco etnocCntrico para outroV mas ao contrario*procura/se 2alori+ar o elemento africano assim como o de outros grupos.tnicos na constituição de nosso pa0s"

O papel do professor enquanto educador* parte do ponto de desconstruir osestereótipos e preconceitos gestados pela historia tradicional e figurados emmuitos li2ros didáticos e paradidáticos no qual o negro sempre aparece comoignorante* não humano* submisso* dado a feiura e a 2iolCncia" Essasagress-es produ+idas por esta percepção histórica e reforçadas por muitosintelectuais tais como oltaire* Fegel e Fume são as causas do porquC a frica. 2ista de maneira preconceituosa at. mesmo nos meios acadCmicos ondehistoriadores acabam reprodu+indo sem saber muitos termos e conceitos

racistas" ?este modo4

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O ensino da história da frica apresenta* pois* mBltiplosproblemas espec0ficos de interpretação com os quais opesquisador nunca defrontará ao percorrer a história dos outrospo2os do planetaV po2os cuDa inteligCncia* dinamismo*capacidade de empreender* aprender e de adaptar/se Gs

condiç-es e aos meios di2ersos Damais foram questionadas"1or e,emplo* nunca se questionou se os po2os leucodermesda Europa e do Oriente M.dio Jsemitas* os po2os sino/nipWnicomongóis da sia setentrional e meridional* ou os po2osmongolóides ind0genas das 6m.ricas* criaram ou não comsuas próprias mãos as suas ci2ili+aç-es" 6ceita/se facilmenteque eles desen2ol2eram formas de escrita* constru0ramimpressionantes comple,os arquitetWnicos* reali+aramdescobertas cient0ficas* ou criaram sistemas filosóficos ereligiosos originais e* de modo geral* protagoni+aram suas

respecti2as histórias sem inter2enção de forças e,ternas"JXE??ER7UR>* !!(* p" $'/'"

 6 interdisciplinaridade tamb.m contribui de maneira decisi2a na difusão destesconhecimentos de maneira mais fluida e didática para os educandos" Em aulasde matemática* por e,emplo* podem ser introdu+idos o trabalho com Dogosafricanos* como o 69W Jconhecido tamb.m como Mancala Dogo de tabuleiroque en2ol2e a pratica do calculo* aDudando* portanto no estimulo da

concentração e do racioc0nio" Outra opção bastante interessante . aapresentação do processo tradicional de tecelagem* buscando destacar asformas geom.tricas bem como outros conceitos matemáticos impl0citos nestaarte milenar"

Esses conteBdos e muitos outros podem ser enquadrados no que hoDe osmatemáticos chamam de Etnomatemática4 uma abordagem que ao constatar os preDu0+os causados por uma educação eurocCntrica* posiciona/se a partir domulticulturalismo* no qual todas as culturas são 2istas e entendidas comoigualmente importantes no processo de aprendi+agem* rompendo com os

paradigmas europeus dominantes" 6dentrando o campo da cultura afro* esteconceito passa a nomear/se como 6froetnomatemática que .4

H"""I a área da pesquisa que estuda os aportes de africanos eafrodescendentes G Matemática e G informática* como tamb.mdesen2ol2e conhecimento sobre o ensino e o aprendi+ado damatemática* da f0sica e da informática nos territórios da maioriados afrodescendentes" Os usos culturais que facilitam osaprendi+ados e os ensinos da matemática nestas áreas depopulação* de maioria afrodescendente* . a principalpreocupação desta área do conhecimento" JYU>=OR* !!(* '$

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3om o desen2ol2imento das tecnologias e da m0dia a que esses mesmos Do2ens não estão alheios* o educador tem uma gama de ferramentas que podese utili+ar para facilitar o aprendi+ado" 6 utili+ação de filmes e documentáriostanto nacionais como estrangeiros* pode ser um ponto de partida interessantepara as refle,-es no ensino* pois as produç-es cinematográficas por meios deseus enredos apresentam/nos conte,tos históricos e culturais nos quais ospersonagens estão inseridos* podendo o professor se utili+ar deste recursocomo um subsidio para tratar de temas como racismo e a desigualdade social" 6 produção literária feita por escritores afro/brasileiros . outro campo 2asto aser trabalhado com crianças e adolescentes pois a Literatura se coloca comoum discurso que rompe com a lógica de des2alori+ação da cultura de matri+africana* resgatando a contribuição social* econWmica* histórica* pol0tica dospo2os negros no 7rasil" N J1ereira* <" R" X"* !(* '"

 6 utili+ação de mitos africanos e afro/brasileiros dispon02eis atualmente emmuitas publicaç-es tanto acadCmicas como infanto/Du2enis* . uma abordageminteressante que coloca em pauta na sala de aula o importante debate arespeito de uma das quest-es raciais bastante tensas em nossos pa0s4 aintolerncia Gs manifestaç-es religiosas afro/brasileiras" Os cultos de matri+africana são um dos principais al2os de discriminação na sociedade brasileira*não fugindo a escola deste dado" =sso se constitui como um dos principaisentra2es da aplicação da lei "#'( nos espaços escolares* pois confunde/seensino de cultura afro com proselitismo religioso" 8oda2ia* a real origem dopreconceito ad2.m do fato de tratar/se de religi-es que tra+em uma herançaafricana e ind0gena forte em suas práticas* sendo demoni+adas e perseguidasdurante s.culos pelo coloni+ador"

 6s diferentes abordagens que o professor se utili+ar para tratar das culturasafricanas e afro/brasileiras não se esgota" Elas se implantam a partir de quaisconteBdos esteDam sendo ministrados em sala de aula e de que disciplinas serelacionam" 6s abordagens que se transportam para fora da sala de aula sãode grande 2alia para crianças e adolescentes pois possibilitam o contato 2i2ocom o conteBdo que se está trabalhando em sala de aula" Sendo assim* o

trabalho conDunto promo2ido pelo apoio de O>Ts* Museus* 7locos 6fro*Trupos de 3apoeira al.m da participação dos próprios pais conDuntamente coma comunidade na qual a escola se insere contribui de forma significati2a noprocesso formati2o dos estudantes"

E>S=>O ?E F=S8OR=6 E 3UL8UR6 =>?=TE>6

Resultado de uma longa luta do mo2imento ind0gena por reconhecimento* ainstituição da lei "#'( abriu o caminho para as 2ias do respeito e da

igualdade desses po2os garantidas pelo Estatuto do Zndio em %P$ ereforçadas pela 3onstituição de %))" O estudo da história e cultura amer0ndia

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. de grande importncia para aDudar a sanar uma d02ida que o estado brasileirotem para com esses po2os* que por s.culos foram 2ilipendiados e escra2i+adosdesde a chegada dos primeiros europeus em solo americano" 6 escolaconstitui/se como espaço pri2ilegiado para o debate destas quest-es relati2asG 2alori+ação dos po2os ind0genas como elemento formador da naçãobrasileira* bem como destacar seu papel ati2o como dono de sua própriahistória"

>o entanto* os problemas que a aplicação da lei !"#'( enfrentou* foram osmesmos enfrentados pela no2a legislação" 6 falta de um estudo aprofundadosobre a temática* a má formação de professores* bem como a escasse+ dematerial didático que enfocasse o 0ndio de forma positi2a le2antou di2ersosquestionamentos de como realmente poderia ser aplicada a lei" Mesmopassados sete anos após a obrigatoriedade da temática em sala de aula 2emos

que ainda há bastante coisas a serem mudadas no ensino* principalmentetratando/se do ensino superior* onde inicia/se a formação do profissional"1oucas são as uni2ersidades que desen2ol2em um estudo acadCmicoaprofundado ou que oferecem no curr0culo de seus cursos uma gamasignificati2a de disciplinas que tenham o foco nas culturas ind0genas" 1resas auma mentalidade que 2alori+a o eurocCntrismo* isso se reflete posteriormenteno profissional que atuará na rede da educação básica" >ão tendo subs0diospara desen2ol2er a temática com os alunos* o professor poderá se basear emsuas próprias e,periCncias* acabando por reprodu+ir muitas imagensdistorcidas que se encontram largamente difundidas em nossa sociedade*di2ulgadas at. mesmo pelos meios de comunicação" Entretanto o Estadotamb.m tem um peso nessa análise* pois pratica uma omissão ao não in2estir de forma significati2a na formação de professores e tamb.m de não incluir essa temática em outras instncias ligadas a área da educação* como por e,emplo no E,ame >acional do Ensino M.dio [ E>EM* onde a temáticaind0gena ainda não se constitui como um conteBdo obrigatório aos estudantesque prestam a essas pro2as"

>o sentido de mudar esta situação* di2ersas medidas podem ser tomadas*

como apontadas por J>6S3=ME>8O* !$* ((4Em relação ao ensino de história e cultura ind0gena se fa+necessário um apoio aos professores para elaboração deplanos* proDetos e seleção de conteBdos com foco nas relaç-es.tnico/raciais" 8amb.m mapear e di2ulgar e,periCnciaspedagógicas* 2erificar as principais dB2idas e dificuldades dosprofessores em relação ao trabalho com a questão .tnica" 6inda* articulação entre os sistemas de ensino eestabelecimentos de ensino superior a fim de formar professores para a di2ersidade .tnico&racial" >um outro n02el*de2e ser inclu0da a questão .tnica na matri+ curricular dos

cursos de licenciatura e nos processos de formação continuadade professores* inclusi2e de docentes do ensino superior"

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Mesmo fa+endo uma refle,ão de como a temática pode ser inserida noscurr0culos escolares* de2emos repensar de que enfoque esses conteBdospartem* pois mesmo num sentido de tra+er essa temática G sala de aula* o

professor pode acabar por reprodu+ir estereótipos preconceituosos aos seusalunos" Estereótipos estes criados pelo coloni+ador numa maneira dedes2alori+ar as populaç-es ind0genas e que acabaram sendo repetidas nosmeios intelectuais* como na literatura Romntica do s.culo \=\ em li2ros comoO TuaraniN ou =racemaN e especialmente com a criação do =nstituto Fistóricoe Teográfico no in0cio do mesmo s.culo* que procura2a promo2er uma históriae uma identidade nacional* e,cluindo desta construção o papel atuante donegro e do ind0gena" 3omo resultado* impera uma imagem onde o ind0gena .sempre retratado como 2itimado* inocente* bárbaro* sel2agem* preguiçoso e

outros tantos adDeti2os preconceituosos* assim como deri2adas dessasconcepç-es* predomina2am nos li2ros didáticos de história narrati2as queaborda2am os po2os ind0genas como representantes do passado* sóaparecendo como primeiros habitantes do 7rasil* concepç-es responsá2eispela formação de muitas geraç-es escolares" N J7ERT6M6S3F=* !* (#"

>esse sentindo pre2alece na sociedade uma 2isão gen.rica* do 0ndio nu*2i2endo em casas feita de palha* utili+ando cocares e pintando o corpo comtinta de urucum" Longe de deslegitimar os ind0genas que se inserem nessaperspecti2a* como os ind0genas do \ingu* 2isuali+ar os po2os ind0genas

apenas a partir deste aspecto . desconsiderar a multiplicidade cultural* .tnica elingu0stica al.m da dinmica cultural que esses mesmos po2os estão suDeitoscom o decorrer do tempo* perpassando esse processo a todas as sociedadeshumanas" 1re+ia J!* p"!! reforça nossas consideraç-es ao comentar que4

O brasileiro tem uma crassa ignorncia sobre os po2os queaqui 2i2eram* repetindo cha2-es e conceitos equi2ocados*frutos de uma tradição colonial que despre+a2a os po2osnati2os" Qrequentemente ou2e/se di+er que o 0ndio dorme emredeN* adora o sol e a luaN* que a l0ngua ind0gena . o tupi/

guaraniN* ou que casa ind0gena . ocaN* aldeia chama/se tabaNe criança . curumimN"

Outra refle,ão pertinente G sala de aula refere/se aos termos utili+ados quandonos referimos G história desses po2os* onde o educador de2e le2ar emconsideração a adDeti2os como 0ndioN* que não são usados pelos própriosind0genas para se autodenominarem* e triboN* para falar dos diferentes po2os*que acaba e,pressando uma perspecti2a etnocCntrica e e2olucionista de umasuposta hierarquia de raças* em que os 0ndios ocupariam ob2iamente o Bltimodegrau" N JS=L6* ! *$$"

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>a perspecti2a de resgatar a história desses po2os at. então mudos nos li2rosdidático* o professor pode se utili+ar de di2ersos recursos metodológicos eabordagem que se situem a partir do olhar dos próprios ind0genas sobre suahistória* enfocando as re2oltas e lutas de resistCncia que transcorreram durantetodo o per0odo colonial* bem como importantes lideranças" 5 tamb.mimportante o destaque a antiguidade dessas culturas presentes a milhares deanos em solo brasileiro* quebrando a concepção de que a história dessespo2os tem in0cio com a in2asão dos portugueses" 6tualmente o professor podecontar com a oferta de alguns li2ros didáticos e paradidáticos direcionados paraessa no2a concepção histórica"

Outro enfoque de grande 2alor no trabalho com essa questão . oconhecimento de como atualmente 2i2em os po2os ind0genas* sua distribuiçãopelo território nacional* sua religiosidade* seu modo de 2ida etc" Uma proposta

interessante aos alunos . a apresentação dos po2os que se situem nas regi-espró,imas de onde está locali+ada a escola* podendo a mesma estabelecer odiálogo com a comunidade ind0gena* onde pode ha2er uma 2isita dos alunos acomunidade* ou algu.m desta Bltima 2isitar a escola* estabelecendo destamaneira uma apro,imação entre os saberes da sala de aula com a realidadedos estudantes" 6 interdisciplinaridade se constitui como a melhor abordagempara contemplar de forma significati2a a aplicação da temática no ambienteescolar" 6s aulas de Educação 6rt0stica por e,emplo* podem se constituir comomomentos para entrar em contato com as diferentes produç-es art0sticasdesses po2os e situa/las em seus conte,tos sociais" 6 Teografia pode apontar a locali+ação geográficas desses po2os em diferentes biomas* bem como fa+er uma refle,ão sobre a intensa luta pelo reconhecimento e demarcação de terrasque ind0genas enfrentam perante o go2erno" 6 Literatura por meio de 2áriaspublicaç-es lançadas atualmente por renomadas editoras* nos tra+em ocontato com o uni2erso ind0gena atra2.s de seus mitos* que não de2em ser 2istos como lendas* ]histórias da 3arochinha^* mas como ]historias sagradas^*acer2o de religião e sabedoria milenares" N J1REK=6* !* !"

3O>3LUSAO

3omo 2imos e,posto* a aplicação do ensino de Fistória e 3ultura =nd0gena e 6fro/brasileira encontra inBmeros desafios* mas por outro lado se depara cominBmeras abordagens e aplicaç-es metodológicas e didáticas" Essas temáticasse inserem no rol da educação multicultural que busca enfati+ar as diferençasculturais e .tnicas estimulando a prática do respeito e tolerncia" >o entanto*2emos que esse estudo se atrela a quest-es muito mais profundas que di+emrespeito a própria identidade de grupos que sofreram e sofrem todo tipo deagress-es e de preconceitos" Refletir sobre uma no2a maneira de compreender a cultura desses po2os que não se resuma a datas como o ?ia do ZndioN ou o

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?ia do QolcloreN* reconhecer que esses personagens nunca foram 20timasdiante de um colonialismo per2erso e opressor e sim agentes atuantes*combatendo* portanto* todas as formas de racismo e intolerncia religiosa .crucial para que possamos construir uma sociedade pautada na Dustiça e naigualdade"

Essas percepç-es precisam contemplar a todos* principalmente no mbito doEstado que de2e de fato associa/las em suas práticas e agendas pol0ticas"?e2emos ter em mente* . claro* que o estabelecimento das leis não fa+ comque as práticas de racismo desapareçam totalmente do ambiente escolar* mascontribui de maneira decisi2a para que os educandos e educadores possamrefletir sobre suas posturas e comportamentos sabendo se posicionar diante dasociedade"

REQERE>3=6S4

7ERT6M6S3F=* Maria 6parecida" TOMES* Luana 7arth" 6 temática ind0genana escola" Currículo sem Fronteiras* 2"* n"* ! p" ($/#%"

7ORTES* Elisabeth Maria" 6 =nclusão da Fistória e da 3ultura 6fro/brasileira e=nd0gena nos 3urr0culos da Educação 7ásica" Revista do Mestrado de História*2" * n" * !!* p"P/)$"

YU>=OR* Fenrique 3unha" Matemática e cultura africana e afro/brasileira" Proposta pedagógica* !!(* p" '$"

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1ERE=R6* <le9ton Ricardo Xanderle9" Literatura* identidade e resistCncia4literaturas afro/brasileira e africana em sala de aula" Entheoria Cadernos de

Letras e Humanas !""# $%%&-&''( * 2" * !'"

1REK=6* 7enedito" Uma >o2a 6bordagem da `uestão =nd0gena"  A

)niversidade e a *orma+o para o Ensino de História e Cultura A*ricana e

!ndígena" !* p" %#/!("

S=L6* Edson" 1o2os ind0genas e o ensino4 reconhecendo o direito G inclusãodas sociodi2ersidades no curr0culo escolar com a Lei n" "#'(&!!)

Pol.phonía* 2" * !* p" /$)"

XE??ER7UR>* 3arlos Moore" >o2as bases para o ensino da história da frica no 7rasil" Educa+o anti-racista,!!(* pp" $'/'"

K6M16RO>=* aldemir" Os estudos africanos no 7rasil4 2eredas" Revista deEduca+o P/0lica* 2" '* n" !(* %%(* p" !(/'"