povos e linguas indigenas do brasil.pdf

Upload: johnscouth

Post on 29-Feb-2016

39 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Povos e Lnguas Indgenas do BrasilPovos e Lnguas Indgenas do BrasilPovos e Lnguas Indgenas do BrasilPovos e Lnguas Indgenas do BrasilMarcus MaiaMarcus MaiaMarcus MaiaMarcus Maia

    Marcela TeixeiraMarcela TeixeiraMarcela TeixeiraMarcela TeixeiraJulho/2009Julho/2009Julho/2009Julho/2009

  • Ao estudar a morfologia craniana de Luzia, Nevesencontrou traos que lembram os atuais aborginesda Austrlia e os negros da frica. Ao lado do colegaargentino Hctor Pucciarelli, do Museo de CienciasNaturales de la Universidad de La Plata, Nevesformulou a teoria de que o povoamento das Amricasteria sido feito por duas correntes migratrias decaadores-coletores, ambas vindas da sia,provavelmente pelo estreito de Bering atravs deuma lngua de terra chamada Berngia (que se formoucom a queda do nvel dos mares durante a ltimaidade do gelo). Cada corrente migratria, no entanto,idade do gelo). Cada corrente migratria, no entanto,era composta por grupos biolgicos distintos. Aprimeira, os chamados aborgenes americanos, teriaocorrido 14 mil anos atrs e os membros teriamaparncia semelhante aos de Luzia. O segundo grupoteria sido o dos povos mongolides, h cerca de 11mil anos, dos quais descendem atualmente todas astribos indgenas das Amricas.

  • Como qualquer outra das cerca deseis mil lnguas naturais existentes,as lnguas indgenas soorganizadas segundo princpiosgerais comuns e constituemmanifestaes da capacidadehumana da linguagem.

  • Podemos resumir as principais contribuies da Lingstica aoestudo da linguagem humana, sobre as quais h convergnciaentre pesquisadores de diferentes orientaes tericas. So elas:

    1. No h lnguas primitivas: todas as lnguas so altamentecomplexas em cada um de seus nveis estruturais.

    2. Todas as lnguas so articuladas, recursivas e apresentamestruturas formais similares: sentenas, sintagmas, palavrase sons.e sons.

    3. Todas as lnguas so bem-formadas, lgicas e governadaspor regras.

    4. Todas as lnguas variam, apresentando dialetos associados agrupos geogrficos, sociais e etrios diferentes.

    5. A mudana lingstica normal: no se tem notcia denenhuma lngua natural que tenha permanecido imutvel.

  • Estudos sobre as lnguas indgenas brasileiras do descobrimento a 1950

    Primeiros estudos: missionrios catlicos

    Tupi/Tapuya A lngua braslica A Arte da Gramtica da Lngua Mais Falada Nas Costas do Brasil (Anchieta, 1595) Gramtica do Padre Lus Figueira (1621) Arte da Gramtica da Lngua Braslica da Nao Kiriri de Miguel Deslandes (1699) Catecismos, doutrinas crists, dicionrios, cartilhas Mattoso Cmara: os estudos missionrios eram subordinados converso religiosa, adaptavam as

    lnguas aos padres gramaticais clssicos, simplificao fontica e semntica Yonne Leite: corpora jesutico rica fonte de dados, permitindo reanlises Yonne Leite: corpora jesutico rica fonte de dados, permitindo reanlises A Tupinologia

    Nheengatu/Abanhenga Textos tupi compostos por falantes de portugus A influncia do tupi no portugus: os tupinismos/ o morfema rana Mattoso Cmara: sem estudos in loco, natureza filolgica, restrito a emprstimos lexicais Naturalistas e Etnlogos europeus

    Von Martius, Karl von den Steinen, Theodor Koch-Grnberg, Paul Ehrenreich, Fritz Krause, Castelneau, Coudreau.

    Pesquisadores brasileiros

    A Comisso Rondon Couto de Magalhes Capistrano de Abreu Curt Nimuendaju Unkel

  • Estudos sobre as lnguas indgenas brasileiras de 1950 aos dias atuais

    Consideraes sobre o estudo das lnguas indgenas brasileiras nesse perodo entrecruzam-se necessariamente com a histria da implementao da Lingstica no Brasil e com a instalao, no Pas, do Summer Institute of Linguistics.

    O principal foco daqueles que se preocupavam ento com as lnguas indgenas era o apelo em favor do estudo cientfico das mesmas. Assim, em 1930 Jos Oiticica (1933), ao mesmo tempo em que criticava a orientao at ento vigente nos estudos de lnguas indgenas, falava sobre a necessidade de se proceder metodicamente documentao dessas lnguas e de se organizar um centro coordenador de pesquisas lingsticas na Amrica do Sul. metodicamente documentao dessas lnguas e de se organizar um centro coordenador de pesquisas lingsticas na Amrica do Sul.

    Trs dcadas depois, em relatrio apresentado na 5 Reunio Brasileira de Antropologia (B. Horizonte, junho/61), A. Rodrigues (1961) observava que a "indigncia de bons materiais" sobre as lnguas indgenas brasileiras era ainda praticamente a mesma.

  • O SIL A vinda e permanncia do SIL teve outras influncias negativas na formao da

    Lingstica Indgena no Brasil. O acordo com aquela instituio criou a falsaidia de que nossas lnguas j estavam sendo estudadas por lingistascompetentes, o que desestimulou o ingresso na rea de estudantes iniciantes emesmo de outros pesquisadores estrangeiros.

    Alie-se a isto o fato de que o modo de trabalho lingustico do SIL, com suaconcepo de permanncia prolongada em campo (sem dvida imprescindvelpara o aprendizado prtico da lngua e para as tarefas de catequese e traduoda bblia), com a produo de resultados em geral fragmentrios, emda bblia), com a produo de resultados em geral fragmentrios, emdesproporo ao tempo de permanncia em rea e s facilidades de infra-estrutura disponveis Instituio (Leite, 1981), passou a ser visto como o"padro" de trabalho com lnguas indgenas, contribuindo para uma falsarepresentao de que o estudo de uma lngua indgena constitui um tarefa denatureza "missionria", ao qual o pesquisador deve dedicar toda a sua vida,sendo pouco gratificante do ponto de vista acadmico.

    (Lucy Seki)

  • A Lingstica Indgena Brasileira

    Somente a partir da dcada de setenta, e mais particularmente de oitenta,paralelamente ao avano gradativo no processo de institucionalizao daLingstica no Brasil, houve tambm um avano considervel na formaode lingistas brasileiros que passaram a se dedicar ao estudo de nossaslnguas e formao de novos quadros para a rea, o que se evidenciapelo nmero de teses e dissertaes defendidas e pelo significativoaumento de publicaes

    O Setor de Lingstica do Museu Nacional/UFRJ O Museu do ndio O Museu Goeldi Unicamp UnB, UFGo, UFPa, UFPE, UFAL,UFSC,UNIR,USP, Unemat

  • Os primeiros jesutas chegaram ao Brasil com Tom de Sousa, em 1549, liderados por Manuel da Nbrega, que se tornou o provincial, isto , chefe da ordem no Brasil. O poder que os jesutas exerciam em Portugal, por intermdio do Tribunal do Santo Ofcio da Inquisio, instaurou-se tambm na colnia.

  • Caractersticas principais dos materiais lingsticos dessapoca, j apontadas por Cmara Jr., so:

    1. referem-se somente lngua tupi, uma generalizao devariantes prximas, tambm chamada de braslica, nossculos XVI e XVII, e de tupinamb, a partir do sculoXVIII, e ainda de tupi-guarani;

    2. focalizam a lngua no pelo interesse nela, em si,2. focalizam a lngua no pelo interesse nela, em si,enquanto objeto de estudo, mas com a finalidadeprtica de estabelecer um meio de comunicao com osfalantes nativos e de promover sua catequese;

    3. a lngua abordada com base no aparato conceptualento disponvel o de descrio das gramticasclssicas, particularmente a latina.

  • LRY, J. de. Viagem Terra do Brasil. Belo Horizonte/So Paulo: Itatiaia/USP, 1980.

    http://www.ufrgs.br/proin/versao_1/viagem/index.html

  • Entra em pormenores a respeito da funo do canto, descrevendo o canto ("He, ha, he, h, he") e a prtica responsorial das mulheres, dando ateno a gestos e coreografia. Menciona danas e cantos acompanhadas pelo consumo de cauim. (...)Descreve a confeco de idiofones de cascas de frutas que os indgenas prendiam nos tornozelos. Segundo ele, essas fieiras de cascos e cascas desempenhavam a funo de excitar o esprito e poderiam ser comparados, segundo Lry, com os guisos comumente usados nos folguedos da Europa, uma comparao que podia ser corroborada pelo fato desses instrumentos europeus serem muito procurados pelos indgenas. Tambm oferece dados a respeito do contexto ritual no qual eram usados, citando, por exemplo, o uso de guisos no qual eram usados, citando, por exemplo, o uso de guisos de pernas pelos homens jovens por ocasio do casamento, comparando-os mais uma com os costumes do catolicismo popular na Europa.(...)Outro pormenor de extraordinria importncia etnomusicolgica a meno que Lry faz das referncias a pssaros nos cantos indgenas. No Captulo XII, dedicado aos pssaros e insetos voadores, fornece dados a respeito do pssaro chamado "Kanid", citado frequentemente em canes que repetiriam "Kanid-june, Kanid-june, heurauech".

  • Tambm apresenta em seu Colquio, a flexo do verbo tupi, dando importantes

    explicaes:

    A-ik , ere-ik, o-ik, oro-ik, pe-ik, o-ik.

    Estou, ests, est, estamos, estais, esto.

    A-ik ake-me. Ere-ik ake-me O-ik ake-me. Pe-ik ake-me. A'e o-ik ake-me

    Estava Estavas Estava Estveis Estavam

    Quanto ao tempo perfeitamente passado e totalmente transato, toma-se o verbo ik, como antes e se lhe acrescenta o advrbio

    ake-me, que lembra o tempo de outrora, inteiramente passado. (In: Colquio, Historie, 157) ake-me, que lembra o tempo de outrora, inteiramente passado. (In: Colquio, Historie, 157)

    E-ik , t'o-ik, t'oro-ik, ta pe-ik, ae to-ik.

    S tu, seja ele, sejamos ns, sede vs, sejam eles.

    o determinativo que se chama imperativo. Para o futuro basta acrescentar ir, como j se disse. O sentido de ordem se d empregando ta, isto , agora, atualmente (sic). Para exprimir desejo e afeio a alguma coisa, usamos o chamado optativo:

    A-ik-mo m: Oxal estivesse eu! Seguindo-se como acima. (Ibidem)

    A-u , ere-u, o-, oro-u, pe-u, o-.

    Venho ou vim, vens ou vieste, vem ou veio, vimos, vindes ou viestes, vem ou vieram. (Conjugao do verbo a-u)

    Eduardo Navarro

  • Exemplo do indicativo ou demonstrativo no tempo presente. Para os outros tempos devem-se tomar unicamente os advrbios acima citados, pois nenhum verbo se conjuga por outra forma a no ser por meio de advrbios, tanto no pretrito, presente imperfeito, mais-que-perfeito,

    indefinido, quanto no futuro ou tempo vindouro.

    Lry, como um autntico gramtico ou lingista, observa a ausncia de expresso temporal no verbo tupi, revelando que so as partculas, na verdade, que expressam o tempo naquela lngua. Foi ele que, pela primeira vez, empregou o termo artigo (article) para designar a flexo esquerda que o verbo tupi apresenta, o que tornaria imprprio o uso do termo desinentia, que significa, propriamente, terminao. Lry attermo desinentia, que significa, propriamente, terminao. Lry at

    mesmo cria terminologia gramatical na prpria lngua braslica:

    A palavra que em nossa lngua braslica corresponde a nhe'eng-aba,

    locuo ou maneira de dizer.

    Assim, a obra de Lry foi de suma importncia para o conhecimento do tupi antigo, mormente se considerarmos que ele no se inseria no sistema missionrio jesutico em cujo mbito deu-se grande parte da

    produo de textos naquela lngua indgena clssica do Brasil.

  • Jean de Lry, em pleno domnio do tupinamb, mostra a variante dialetal tupi, de So Vicente,

    se nos fundamos na citao da Arte de Anchieta. Os tupinambs diriam, segundo Rodrigues:

    - P, a-ur, com a consoante final do verbo afirmativo.

    O texto de Lry contradiz a prpria afirmao de Anchieta e desmente afirmao de que a lngua braslica fosse o tupinamb. O tupinamb , na verdade, uma variante dialetal da lngua braslica na qual tambm se incluem as variantes tupi, tupiniquim, temimin e, possivelmente, ainda outras. Com efeito, Rodrigues emprega o designativo tupinamb com uma extenso que ele absolutamente no tinha. Seu erro advm de se ter fundado na obra do antroplogo Alfred Mtraux, que utiliza o termo tupinamb como um genrico haja vista, o fato de eles estarem na poro meridional (Guanabara), central (Pernambuco e Bahia) e setentrional (Maranho) do pas. Contudo ainda que estivessem bem mais disseminados na costa brasileira que outros grupos, os tupinambs no falavam a lngua braslica de forma absolutamente igual, o que o texto de Lry evidencia e o que torna o designativo tupinamb imprprio para se referir lngua

    braslica como um todo.

    O texto de Lry, no seguinte passo, mais uma vez desmente a hiptese de Rodrigues (op. cit.):

    Ab-pe o-monhang?

    Quem as fez?

    Pa-gasu r-emi-monhanga.

    So obra de um grande paj.

    Ora, em pleno domnio tupinamb, Lry usa aquilo que Anchieta chamaria de tupi de So

    Vicente. Strictu sensu, no domnio tupinamb dir-se-ia:

    Ab-pe o--monhang , com o pronome objetivo incorporado.

    Se Lry empregou formas do tupi de So Vicente no domnio do tupinamb era porque este ltimo tambm apresentava diferenas ao longo da costa brasileira e Lry deixou-as

    evidenciadas em sua importante obra.

  • Sem nenhuma dvida, obra dos franceses, notadamente a de Jean deLry, Claude DAbbeville e Yves DEvreux, que devemos importantesconhecimentos sobre a lngua braslica, falada em quase toda a costabrasileira, segundo a abalizada palavra de Gndavo:

    A lngua que usam toda pela costa uma, ainda que em certos vocbulosdifere em algumas partes, mas no de maneira que se deixam uns aosoutros de entenderem.

    o prprio Gndavo quem nos informa que a lngua braslica (ou o tupi antigo) erafalada na costa brasileira at o paralelo de 27 0, aproximadamente, ao sul, porfalada na costa brasileira at o paralelo de 27 , aproximadamente, ao sul, pormilhares de quilmetros em nosso litoral.

    Os cronistas portugueses mencionados anteriormente e o cronista Hans Staden, deorigem germnica, legaram-nos importantes conhecimentos sobre o lxico dalngua braslica, notadamente nos campos semnticos da flora e da fauna. Semembargo, foram os trs cronistas franceses supracitados os que recolheramimportantes textos e dilogos, facultando-nos o conhecimento pleno da sintaxe e damorfologia da lngua braslica. Ademais, mister salientar que dois deles, YvesDEvreux e Claude DAbbeville, foram os cronistas da gesta francesa no Maranho,ao passo que Jean de Lry foi o cronista da Frana Antrtica, a revelar situaeslingsticas de reas muito distanciadas entre si.

  • Gramtica tupi:Uma constante da histria colonial das lnguas indgenas utilizadas na converso religiosa foi a

    de terem recebido algum tipo de escrita alfabtica. Sobre elas, uma trilogia de obras foi elaborada:catecismos, vocabulrios e gramticas. Desses trs gneros, o primeiro a ser elaborado em tupi foi ocatecismo. Este tipo de obra era complementado com as falas prprias para cada cerimonial cristo(batizar, casar, ungir, enterrar, confessar, declarar e admoestar)[13]. Textos como esses foram escritoslogo no primeiro ano da chegada dos jesutas por ordem do provincial Nbrega. Dois padres doReino foram encarregados de escrev-los com o auxlio dos colonos, em especial um que eraalfabetizado (PIRES, 1551 apud LEITE, 1956:252)(NAVARRO, 1551 apud CORTEZAO, 1955).Navarro incumbiu a esse colono de traduzir sermes, um texto para ser usado na confisso e oraes(LEITE, 1958:546).

    Em relao aos vocabulrios, Leite avalia que foram obras elaboradas por iniciativa e usoindividual at 1565. Neste ano, foi solicitado pela metrpole um vocabulrio para que os jesutaseuropeus, a caminho da colnia, pudessem usar como forma de aprendizado.europeus, a caminho da colnia, pudessem usar como forma de aprendizado.

    Quanto a gramtica, a primeira foi a de Anchieta, escrita entre 1555-56 em So Vicente epublicada em 1595. Uma outra, tupi, foi escrita no sculo XVII por Luis Figueira, quando o foco daao jesutica passou a ser as colnias mais ao norte (Maranho e Gro Par). Anchieta, ainda,colaborou com Manuel Viegas na elaborao de uma arte na lngua Marominin.

    Para ler um catecismo tupi, requeria ser alfabetizado em portugus, j que essa ortografia serviude base para a escrita tupi. Para usar um vocabulrio, exigia, alm de ser alfabetizado, conhecer asregras de uso desse gnero de obra (consulta ao significado de palavras isoladas ordenadasalfabeticamente). No caso da gramtica tupi, era requerido um conhecimento extra, o de sabernoes da gramtica latina. Saber falar tupi no tornava uma pessoa capaz de compreender umagramtica nesta mesma lngua.

    Maria Candida Drummond de Barros - http://celia.cnrs.fr/FichExt/Am/A_19-20_01.htm

  • A histria da gramtica tupi se constri paralela ao ensino de latim. A idia de fazer uma Artetupi j mencionada por Navarro em 1553 (LEITE, 1950:v.II:549), porm seu primeiro autoracabou sendo Anchieta, professor de latim em So Vicente. Ele menciona estar trabalhando naArte em 1555, mas no encontrava ali pessoas que soubessem gramtica[14], que pudessem fazeruso da obra, apenas os que chegassem da Metrpole com conhecimento de latim. Um ano maistarde, Nbrega levou uma cpia da Arte para Bahia, e quem parece disposto a aprender a lnguabraslica por meio dela o professor de Latim do Colgio da Bahia, Antonio Blazques (1556apud LEITE, 1957:301).

    A primeira gramtica tupi (1555) foi contempornea primeira gramtica do portugus(1536). A proliferao de gramticas no sculo XVI foi um sinal da ideologia das letras, quetornou o latim modelo universal. Essa universalizao surge pela elaborao de escritasalfabticas e pelo uso de categorias gramaticais latinas como molde para as lnguas coloniaisalfabticas e pelo uso de categorias gramaticais latinas como molde para as lnguas coloniais(MIGNOLO, 1992:305). As gramticas do sculo XVI no tiveram a funo especulativa quepossuam na tradio grega e se tornaram instrumentos de aprendizado de lnguas. Embora asgramticas em lnguas europias tenham sido propostas como meio de difuso daquelas lnguasnas colnias, a obra gramatical acabou sendo a utilizada apenas como forma de ensino daslnguas indgenas usadas na converso (as "lnguas gerais").

    No Brasil, os principais autores da escrita tupi foram os "lnguas" jesutas; a administraocolonial no se interessou por uma escrita tupi. Quanto aos colonos, apesar de ter sido um deles oprimeiro a produzir textos escritos em tupi, isto ocorreu sempre por solicitao dos jesutas. Umindcio de que no havia muitos letrados entre os colonos conhecedores da lngua braslica foi aida de Navarro a Porto Seguro atrs do nico colono alfabetizado.

  • Quanto aos usurios dessa escrita, no se dirigia aos ndios; seu fim era apenas para usointerno da misso, haja visto que as classes de "ler e escrever" para crianas indgenas eram emportugus (LEITE, 1958:65*) e que a forma discursiva usada na converso foi essencialmenteoral. Isso representava enfatizar a memria ("saber de cor")(LEITE, 1957:352) como forma dedifuso dos textos religiosos entre os catecmenos, alm de usar textos na forma de dilogo deperguntas e respostas[15] (LEITE, 1957:137), para que, com "maior facilidade lhes ficasse nacabea" (LEITE, 1950:v.II: 556-557).

    As obras escritas em tupi se dirigiam essencialmente aos "padres do reino". A gramtica era aestratgia de aprendizado da lngua para os membros vindos da metrpole com uma forteformao literria (FIGUEIRA, 1878).formao literria (FIGUEIRA, 1878).

    Atravs da observao de publicaes em lnguas indgenas, percebe-se que a ideologia dasletras foi forte no mundo colonial espanhol e branda nas colnias portuguesas por causa daproibio de haver imprensa nos domnios portugueses. Nos primeiros 50 anos da presena dosjesutas no Brasil, exceo da impresso da gramtica de Anchieta nada mais foi publicado,apesar de haver solicitaes nesse sentido por parte dos missionrios. O primeiro catecismo tupiimpresso ocorreu em 1618, depois de cerca de meio sculo do exerccio de escrever textoscristos em tupi. No perodo em exame, sculo XVI, a escrita tupi existiu apenas na forma demanuscrito, tendo sido o sculo XVII mais prdigo de publicao de materiais tupi. O maiornmero de impresso ocorreu na poca em que o trono portugus esteve nas mos dos reisespanhis (1580-1640).

  • Uma repercusso da ideologia das letras na forma de aprendizado do tupi pelosjesutas pode ser encontrada no momento em que a gramtica se torna central comoinstrumento pedaggico. O jesuta Antonio Pires mostra, por exemplo, uma outraestratgia para aprender a lngua, dessa vez a partir de noes da gramtica latina[16]. Agramtica continua presente mesmo quando os jesutas so enviados para as aldeiaspara aprenderem oralmente a lngua; em 1610, por exemplo, havia determinaes para oestudo do tupi pela arte nas aldeias, pelo menos meia hora por dia (LEITE,1950:v.II:562).

    A gramtica de Anchieta deu ensejo institucionalizao do tupi como matria deensino nos colgios (LEITE, 1950:v.II:561). Esse fato pode ser observado nas cartas dejesutas da Bahia, as quais falam sobre a ordem do provincial Luis Gr de que todosestudassem tupi pela gramtica de Anchieta. (MELO, 1560 apud LEITE 1958:283;estudassem tupi pela gramtica de Anchieta. (MELO, 1560 apud LEITE 1958:283;PEREIRA, 1560 apud LEITE, 1958:306; PIRES 1560 apud LEITE, 1958:310). Maistarde, o Visitador Incio de Azevedo, quando tornou obrigatrio o aprendizado do tupi,determinou que aqueles que soubessem latim, deveriam exercitar-se pela Arte daLngua (LEITE, 1950:v.II:561).

    Outro indcio do fortalecimento da ideologia das letras na colnia surge atravs daidia de que dominar uma gramtica tupi uma forma de saber a lngua. Este o casode Luis Gr, que consta nas crnicas jesuticas como um no "lngua", ao usarintrpretes nas suas viagens e ao realizar os sacramentos em tupi por meio de falasdecoradas. Entretanto, em 1560, ele identificado como conhecendo tupi pelo fato dedominar a sua gramtica [17].

  • 5. ConclusoAs questes sobre a procedncia dos intrpretes jesutas e do uso da gramtica tupi

    na Companhia de Jesus levam a propor uma diferena na forma de conhecimento dotupi nos dois primeiros colgios dos jesutas no Brasil, So Vicente e Salvador. Operodo em que os jesutas se concentraram em So Vicente, o tupi adquirido pelamisso predominantemente de domnio oral, enquanto na Bahia se institucionaliza seuuso escrito, surgindo ali maiores reflexos da ideologia das letras, pelo papel relevanteque teve a gramtica de Anchieta.

    O colgio de So Vicente representou o momento do domnio do tupi pela oralidade,cujo interesse era criar "senhores da fala" cristos. Ali, o conhecimento do tupi se deucujo interesse era criar "senhores da fala" cristos. Ali, o conhecimento do tupi se deupelo recrutamento de colonos "lnguas" para os quadros da ordem religiosa ou pelaexposio dos rfos a situaes de uso oral do tupi.

    O Colgio da Bahia parece ter tido uma formao diferente de So Vicente, diantedo fato possvel do tupi no ser a lngua franca na cidade, sede administrativa dacolnia. Foi l que se institucionalizaram aulas de tupi em 1572, transformando ocolgio em local de aprendizado da lngua. Ali, a lngua braslica se incorporou aoprograma escolar, teve um professor para essas funes e a gramtica se tornou seumodelo de ensino, tanto para os padres da metrpole como para os prprios lnguas.

  • O uso da gramtica tupi no Colgio da Bahia, em vez deapontar um maior realce daquela lngua na vida interna da Ordem,mostra, na verdade, uma maior importncia da gramtica latina naformao dos jesutas. A obrigao de aprender tupi pelagramtica revela mais a institucionalizao do latim do que dalngua braslica.

    Em suma, a oposio entre a oralidade tupi, representada pelosintrpretes, e a escrita tupi, por parte da gramtica, nos leva a umainterpretao sobre o funcionamento da diglosia tupi versus latim.interpretao sobre o funcionamento da diglosia tupi versus latim.Num primeiro momento, houve uma maior importncia nointerior da Ordem do conhecimento da lngua indgena, o que fezcom que a misso abrisse mo do conhecimento de latim parareceber no seu quadro aqueles que dominavam apenas o tupi,chamado do "latim da terra"(LEITE, 1957:418). Com oaparecimento da gramtica tupi, se requeria saber latim para sercapaz de us-la.

  • Nesta lingoa do Brail no haf. l. s. z. rr. dobrado nemmuta com liquida, vt cra,pra, &c. Em lugar do s. inprincipio, ou medio dictioniserue, . com zeura, vt A,at.at.

    Nesta lngua do Brasil no h f, l, s,z, rr nem (encontro de consoante)

    muda com (consoante) lquida, comocra, pra, etc. Em lugar do s no

    incio ou no meio da palavra, serve, como a [a-s], at [s-at].

  • Unter den Naturvlkern Zentral-Brasiliens, de Karl von den Steinen (1894), um clssico da literatura etnogrfica. Relato da segunda expedio do alemo ao Xingu, a obra inclui, alm de vrias informaes de interesse etnogrfico e lingstico, um apndice com vocabulrios Borro, Pareci, Trumai, Kamayur, vocabulrios Borro, Pareci, Trumai, Kamayur, Aweti, Yawalapiti, Waur, Kustena, Mehinaku, Yanumakap-Nahukw e Nahukw.

  • Theodor Koch Grunberg

  • Capistrano de AbreuKaxinawa

  • A tupinologia

  • Summer Institute of Linguistics

    William Cameron Townsend

  • Lnguas Indgenas Brasileiras

    Marcus Maia Marcus Maia

  • Panorama das Lnguas Indgenas no

    Brasil

    Demografia

    Classificao

    Propriedades Propriedades

    Histrico dos Estudos

  • Demografia

    As pessoas que tm lnguas maternasminoritrias no Brasil constituem apenas 0,5%da populao total do pas, menos de 1milho de indivduos.

    Deste contingente a maior parte, 60%, fala aque a segunda lngua do Brasil em termosdemogrficos - o Japons.

  • Comparao entre a demografia do Portugus e das demais lnguas faladas no

    Brasil

    PortugusOutras

  • Comparao entre as lnguas indgenas e as demais lnguas minoritrias faladas no

    Brasil

    JaponsIndgenasOutras

  • Amricas1.000

    Europa225

    frica2.011

    sia2.165

    Pacfico1.302

    13.400

    6.700

    670

    Lnguas

    ano2000 2100

    850 670 410 380 270 250 240 219 210Nova Guin Indonsia Nigria Camaresndia Austrlia Mxico BRASIL Zaire

    Nove pases concentram 3.490 lnguas no mundo

    1500

    Previso de perda da diversidade lingustica

  • Distribuio demogrfica das lnguas indgenas brasileiras

    Embora no haja dados totalmente precisos, os estudiosos emgeral concordam com a estimativa de que atualmente soainda faladas no Brasil entre 150 e180 lnguas indgenas.

    Estima-se tambm que desde a chegada dos portugueseshouve a perda de 1.000 lnguas, o que representa 85% daslnguas existentes no territrio brasileiro no sculo XVI.lnguas existentes no territrio brasileiro no sculo XVI.

    muito varivel o nmero de falantes por lngua, havendoapenas uma, o Ticuna, com cerca de 20.000.Trs lnguas oMakuxi, o Terena e o Kaingang, contam com 10.000 falantes;vinte lnguas tm entre 1.000 e 10.000 falantes, e as outras156 tm menos de mil, sendo que dentre elas, 40 so faladaspor menos de cem pessoas, havendo casos de lnguas commenos de 20 falantes (Rodrigues, 1993).

  • Distribuio genealgica

    O nmero ainda existente de lnguas indgenasbrasileiras representa uma grande diversidadelingstica: as 150 lnguas se distribuem porcinco grandes grupos Tronco Tupi, Troncocinco grandes grupos Tronco Tupi, TroncoMacro-J, Famlia Karib, Famlia Aruak, FamliaPano; havendo ainda nove outras famliasmenores e dez isolados lingsticos.

  • A diversidade das lnguas indgenas brasileiras

    H grande diversidade entre as lnguas indgenas do Brasil,tanto de natureza tipolgica, quanto de natureza gentica. Doponto de vista tipolgico h tanto lnguas de gramticapredominantemente analtica, quanto outras fortementepolissintticas, com caractersticas que s se encontram nasAmricas; tanto lnguas com inventrios fonolgicosabundantes, como outras com um nmero extremamenteabundantes, como outras com um nmero extremamentereduzido de vogais e consoantes, assim como h lnguastonais, que caracterizam as palavras por slabas de tom maisalto e de tom mais baixo, e lnguas que, como a maioria daseuropias, s usam o tom para caracterizar tipos desentenas.

    (Aryon Rodrigues)

  • Princpios universais &

    Parmetros particulares

    Em todos os SINTAGMAS de todas as lnguas hNCLEOS, que determinam o tipo dosintagma. Entretanto, em algumas lnguas, osncleos vm ANTES dos complementos e emoutras os ncleos vm DEPOIS dosoutras os ncleos vm DEPOIS doscomplementos. Assim os Princpios Universaisadmitem Parmetros particulares

  • SVO, SOV,VSO,VOS, OSV, OVS

    A ordem bsica dos constituintes principais da

    orao (S,V e O), aquela que ocorre com

    maior freqencia nas oraes declarativas

    simples e a menos marcada morfologica esimples e a menos marcada morfologica e

    pragmaticamente. Todas as 6 combinaes

    so atestadas nas lnguas do mundo, mas no

    com a mesma freqncia.

  • SOV SVO VSO VOS OSV OVS45% 42% 8% 3% 1% 1%

    Freqncia das ordens de S,V e O nas lnguas do mundo

    SOVSVOVSOVOSOSVOVS

  • VO & OV

    Por exemplo, em portugus, a ordem bsica de Verbo e Objeto VO:

    vejo o pssaro

    J, em Apinay, qual a ordem bsica?

    pumuvejo

    Kuveno pssaro

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    moia jawara ojuka

    cobra ona matarcobra ona matar

    "A cobra matou a ona(Tupinamb, Anchieta)

    SOV

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    a-dukarm ihe miar

    1sg-matar eu caa

    eu vou matar a caaeu vou matar a caa

    (Temb, Duarte)

    VSO

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    no'ladi na'deigi i'biki

    nuvem traz chuva

    A nuvem traz chuvaA nuvem traz chuva

    (Kadiweu, Braggio)

    SVO

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    Toto yahosye kamara

    homem pegou ona

    A ona pegou o homem

    (Hixkaryana)

    OVS

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    samuuy yi qa-wh

    macaco gente come

    Gente come macacoGente come macaco

    (Nadb, Song)

    OSV

  • SVO, SOV,VSO,VOS, OSV, OVS

    A ordem bsica dos constituintes principais daorao (S,V e O), aquela que ocorre commaior freqencia nas oraes declarativassimples e a menos marcada morfologica esimples e a menos marcada morfologica epragmaticamente. Todas as 6 combinaesso atestadas nas lnguas do mundo, mas nocom a mesma freqncia.

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    samuuy yi qa-wh

    macaco gente come

    Gente come macacoGente come macaco

    (Nadb, Song)

    OSV

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    Jatu kaje atsikata humo nikya

    ontem minha me beiju fazendo estava

    Ontem minha me estava fazendo beijuOntem minha me estava fazendo beiju

    (Erikbatsa)

    SOV

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    Texana idxa sonala aina

    aquele homem pegou peixe

    Aquele homem pegou peixeAquele homem pegou peixe

    (Nambikwara do Sarar)

    SVO

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    Ara uuj jaap mnga

    aquele homem flecha faz

    Aquele homem faz flechaAquele homem faz flecha

    (Cinta Larga)

    SOV

  • Quais as ordens bsicas de SUJEITO, VERBO e OBJETO?

    Kuimae kagy opisi raghomem macaco matou hoje

    O homem matou macaco hoje

    (Kayab)

    SOV

  • Asurin

  • Diferenas entre a fala masculina e femininaLngua Karaj

  • Classificadores em Munduruku

  • Kamaiur: i-nami orelha dele * namike faco i- ke faco dele

    Marcadores de posse

    ke faco i- ke faco deleparana rio *i-parana

  • O homem foi roa. Imedu uture boepato.A mulher foi roa. Aredu uture boepato.O homem foi aldeia. Imedu uture bato.

    A mulher foi aldeia. _______________________Aredu uture bato.

    TESTE BORORO

    A mulher foi aldeia. _______________________Aredu uture bato.

    O homem est na roa. Imedu rakojere boepa tada.

    A mulher est na casa. Aredu rakojere bai tada.Imedu rakojere ba tada.O homem est na aldeia. ____________________

  • O homem foi roa. Imedu uture boepato

    A mulher no est na casa. Aredu rakojekare bai tada.

    A mulher no est na roa. ____________________Aredu rakojekare boepa tada.

    A mulher vive na casa. Aredu mugure bai tada.

    O homem vive na aldeia. Imedu mugure ba tada.

    O homem vive na roa. ________________________Imedu mugure boepa tada.

  • Eu vivo na aldeia. Imugure ba tada.Voc vive na aldeia. Amugure ba tada.Eu fui roa. Iture boepato.Voc foi roa. ____________________________Amugure boepato

    O homem fez a roa. Imedu ure boepa towuje.O homem fez o arco. Imedu ure baiga towuje.O homem fez o arco. Imedu ure baiga towuje.O homem fez a casa. _________________________

    O homem vai fazer a roa. Imedu umode boepa towuje.A mulher vai viver na casa. Aredu mugumode bai tada.A mulher ir aldeia. Aredu utumode bato.O homem vai estar na roa. ___________

    Imedu ure bai towuje.

    Imedu rakojemode boepa tada.

  • O homem matou o peixe. Imedu ure karo bito.O homem vai matar o peixe. Imedu umode karo bito.A mulher comeu o peixe. Aredu ure karo kowuje.

    A mulher vai comer peixe. _____________________Aredu umode karo kowuje.

  • TESTE Xavante

    1. aib te pao ti - rhomem 3/pres. banana 3 - comerO homem come banana

    2. uhd ma t - tseanta 2/pass. perf. 2 - assaranta 2/pass. perf. 2 - assar

    Voc assou anta

    Voc comeu anta___________________Uhd ma t r

    O homem assa banana______________aib te pao titse

  • aib te romhuhomem 3/pres. trabalharO homem trabalha

    pi nori te dza aiabarmulher pl. 3 fut. ir/pluralmulher pl. 3 fut. ir/pluralAs mulheres vo

    Os homens trabalharo________________aib nori te dza romhur

  • uhd wa ti ranta 1/pass. 1 - comerEu comi anta

    uhd wa rene dianta 1/pass. comer neg. est.

    Eu no comi anta

    aiut ma ti - wawacriana 3/pass. 3 - chorarA criana chorou

    A criana no chorou________________________aiut wawai di

  • A lingstica indgena brasileira

    Segundo Yonne Leite, o problema incide principalmente sobre"a falta de uma viso de conjunto da lngua estudada: ostrabalhos abordam aleatoriamente aspectos cuja relevnciano fica patente de imediato.

    Assim, tem-se ora uma descrio sobre o verbo em Terna,ora notas sobre os substantivos em Kayabi, uma fonmicaora notas sobre os substantivos em Kayabi, uma fonmicaXerente e uma descrio de aspectos do Xavnte.

    Inexiste o material que os estudiosos de lnguas em geral eantroplogos tanto almejam: uma gramtica comterminologia descritiva accessvel e dicionrios"

  • Propriedades gramaticais nicas

    Com base no exame de lnguas dos outros continentes, ostipologistas haviam concludo que no existiam lnguas emque a ordem bsica das oraes transitivas tivesse o objetodireto nominal em primeira posio. O Hixkaryna, lngua dafamlia Karb, no rio Nhamund no Amazonas, desfez essa

    concluso

    O V S

    tohu yarymehe meko

    pedra est jogando macaco

    "o macaco est jogando pedra

    (Derbyshire 1977).

  • Educao Indgena

    A Resoluo 3/99 do Conselho Nacional de Educaodefine escola indgena como aquele estabelecimentolocalizado em terras habitadas por comunidadesindgenas, que d exclusividade de atendimento a essascomunidades, onde o ensino seja ministrado nas lnguascomunidades, onde o ensino seja ministrado nas lnguasmaternas das comunidades atendidas e que tenha umaorganizao escolar prpria. Esta mesma resoluoestabelece que as escolas indgenas devero serregularizadas administrativamente como unidadesprprias, autnomas e especficas no sistema estadual.

  • Escolas Indgenas

    De acordo com o Censo Escolar Indgena de 1999,existem 1.392 escolas em terras indgenas no pas.Com exceo do Piau e Rio Grande do Norte, queno possuem populao indgena, em todos osoutros estados da federao h escolas indgenas.

    Em termos de dependncia administrativa, h umligeiro predomnio das escolas municipais, querespondem por 54,8% do total das escolasindgenas no pas, enquanto 42,7% so estaduais.

  • Professores Indgenas

    De acordo com o Censo Escolar Indgena,esto em atuao nas escolas indgenas detodo o pas 3.998 professores. Destes, 3.059so ndios e 939 so no-ndios. Em termosso ndios e 939 so no-ndios. Em termospercentuais, os professores indgenasrespondem por 76,5% do total dosprofessores, enquanto os no-ndioscorrespondem a 23,5%.

  • Formao dos Professores Indgenas

    O censo revela que os professores indgenasapresentam uma grande heterogeneidade denveis de formao: 28,2% ainda nocompletaram o ensino fundamental, 24,8%tm o ensino fundamental completo, 4,5%tm o ensino fundamental completo, 4,5%tm ensino mdio completo, 23,4% tmensino mdio com magistrio, 17,6% tmensino mdio com magistrio indgena e 1,5%tem ensino superior.

  • I speak my favorite language BecauseThats who I am

    We teach our children our favorite language,BecauseWe want them to know who they are

    Anci Tohono Oodham

  • Alguns dados...

    H cerca de 250 pases no mundo e entre 6.000 a 7.000 lnguas faladas, o que indica que a grande maioria das lnguas no uma lngua oficial de Estado, nem a lngua adotada como lngua de instruo nas escolas...

    Hinton, 2001Hinton, 2001

    Cerca de 97% das quase sete bilhes de pessoas no mundo falamcerca de 4% das lnguas do mundo e, inversamente, 96% das lnguasso faladas por cerca de 3% da populao mundial. A maioria daslnguas, portanto, est entregue a um nmero reduzidssimo defalantes...

    Bernard, 1996

  • Densidade populacional Habitante por km

  • Lnguas dominantes na INTERNET

  • Amricas1.000

    Europa225

    frica2.011

    sia2.165

    Pacfico1.302

    13.400

    6.700

    670

    Lnguas

    ano2000 2100

    850 670 410 380 270 250 240 219 210Nova Guin Indonsia Nigria Camaresndia Austrlia Mxico BRASIL Zaire

    Nove pases concentram 3.490 lnguas no mundo

    1500

    Previso de perda da diversidade lingustica

  • Language Hot spotsDavid Harrison

  • TransmissoEntre geraes

    Atitudes da comunidade

    Mudanas nos domnios de uso

    Proporo de falantes na populao

    Nmero absoluto de

    falantes

    ndices de

    vitalidadedomnios de uso

    Atitudes governamentais e

    institucionaisDocumentao

    Presena na mdia

    Disponibilidade de materiais

    pedaggicos

    vitalidadelingstica

    UNESCO

  • Transmisso Inter-geracionalEscala de vitalidade (Krauss, 1997)

    a. A lngua falada por todas as geraes, incluindo todas ou quase todas as crianasb. A lngua adquirida por todas ou pela maioria das crianasc. A lngua falada por todos os adultos, mas adquirida por poucas ou nenhuma crianad. A lngua falada por adultos acima dos 30, mas no pelos mais jovense. A lngua falada por adultos acima dos 40, mas no pelos mais jovense. A lngua falada por adultos acima dos 40, mas no pelos mais jovensf. A lngua falada por adultos acima dos 50, mas no pelos mais jovensg. A lngua falada por adultos acima dos 60, mas no pelos mais jovensh. A lngua falada por adultos acima dos 70, mas no pelos mais jovensi. A lngua falada apenas por adultos acima dos 70, havendo menos de dez falantes.j. A lngua est extinta, no havendo mais falantes

  • Critrios da UnescoSegura a lngua falada por todas as geraes

    Ameaada, mas estvel A lngua falada por todas as geraes, mas os domnios de uso so reduzidos

    Insegura Muitas crianas j no falam a lnguaInsegura Muitas crianas j no falam a lngua

    Em perigo A lngua j no est mais sendo transmitida s crianas

    Em srio perigo A lngua falada apenas pelos velhos

    Em extremo perigo Os mais velhos s lembram algumas palavras, mas no usam a lngua no dia a dia

    Extinta J no h ningum que fale ou lembre da lngua

  • Glossrio da RevitalizaoJos Antonio Flores Farfn

    Lngua ameaada

    Lngua na qual se encontram indcios de reduono uso e na estrutura. Ao contrrio de uma lnguano uso e na estrutura. Ao contrrio de uma lnguaem extino, uma lngua ameaada ainda temchances de revitalizao.

  • Glossrio da Revitalizao

    Arte verbal

    Saberes e prticas orais tradicionais,relacionadas cosmoviso dos povosindgenas e que os distinguemindgenas e que os distinguemculturalmente.

    A perda desse legado ou de parte dele um indcio importante da ameaa a queest submetida uma lngua que inicia umafase recessiva ou de retrocesso.

  • Glossrio da Revitalizao

    Bilinguismo

    O bilinguismo o uso alternado de duaslnguas. A maior parte da populao domundo , ao menos, bilngue, embora amundo , ao menos, bilngue, embora adefinio dos tipos de bilinguismo sejavarivel. O conceito abarca grandevariao: bilinguismo estvel, bilinguismofuncional, bilinguismo incipiente,bilinguismo social, bilinguismo individual.

  • Glossrio da Revitalizao

    Descrio lingstica

    Processo de apresentao das estruturasde uma lngua, segundo um quadroterico e metodolgico que guia comoterico e metodolgico que guia comoselecionar e editar os dados, para finsacadmicos ou para subsidiar gramticaspedaggicas. Em geral, no hpreocupao sobre a origem dos dadosnem sobre sua exaustividade.

  • Glossrio da Revitalizao

    Documentao lingstica

    Processo de apresentao das estruturasde uma lngua em que h explicitaosobre a origem dos dados e preocupaosobre a origem dos dados e preocupaocom sua exaustividade. Nadocumentao, existe, ao menos, odesafio de conciliar os interessesacadmicos com os interesses dacomunidade de falantes, suscitandoquestes ticas e as boas prticas.

  • Glossrio da Revitalizao

    Co-autorias

    Processo colaborativo em que osparticipantes de um projeto deinvestigao/ao coordenam esforos nainvestigao/ao coordenam esforos naproduo de materiais, de forma coletiva ecomplementar. As co-autorias so ummtodo eficaz de democratizar a produode materiais em que os falantes sereconheam e nos quais tm participaoativa.

  • Glossrio da Revitalizao

    Conscincia lingstica

    Estruturas psicolgicas que contmvalorao das lnguas por parte dosfalantes, que podem variar desdefalantes, que podem variar desdeapreciaes positivas de lealdadelingustica e tnica at outras, negativas,que podem chegar a promover seudesaparecimento.

  • Glossrio da Revitalizao

    Conflito lingstico

    Existe conflito lingustico quando duaslnguas se encontram em relaoassimtrica, refletindo as desigualdadesassimtrica, refletindo as desigualdadesentre grupos sociais. Nesta situao, umalngua acaba subordinando-se a outra,perdendo terreno em suas esferas de uso.

  • Glossrio da Revitalizao

    Desenvolvimento lingstico

    Existe desenvolvimento lingstico quandouma lngua alada a novas esferas deuso, ampliando os mbitos restritos emuso, ampliando os mbitos restritos emque uma lngua ameaada geralmenteconfinada, tais como o mbitoexclusivamente familiar, usos informais ouexclusivamente orais.

  • Glossrio da Revitalizao

    Deslocamento lingstico

    o processo de reduo gradual dasesferas de uso de uma lngua, que vai serestringindo a mbitos mais limitados,restringindo a mbitos mais limitados,podendo chegar ao desaparecimentocompleto.

  • Glossrio da Revitalizao

    Diglossia

    Situao em que uma lngua A se encontraem situao de uso mais amplo ou alto(funes formais ou pblicas) do que a(funes formais ou pblicas) do que alngua B, o plo desfavorecido da relao(funes informais ou privadas). Fala-sede diglossia at mesmo em relao svariantes de uma mesma lngua. Conferirtambm os conceitos de poliglossia,diglossia parcial e de reverso diglssica.

  • Glossrio da Revitalizao

    Educao

    Do ponto de vista da ecologia lingustica,pode-se considerar dois tipos de processoseducacionais os lingicidas, queeducacionais os lingicidas, queperpetuam a situao dedesfavorecimento da lngua minoritria; osrevitalizadores ou de empoderamento,que contribuem para o desenvolvimentoda lngua minoritria.

  • Glossrio da Revitalizao

    Empoderamento

    Processo pelo qual uma populao tomaem suas mos o destino de sua lngua ecultura, participando ativamente de seucultura, participando ativamente de seudesenvolvimento. Nesse processo,procura-se superar as relaes desubordinao da populao minoritria majoritria, incluindo a a pesquisa que,frequentemente atende apenas osinteresses da populao majoritria.

  • Glossrio da Revitalizao

    Escalas ou Fases

    Estgios ou momentos histricos egeracionais em que se encontra umalngua em perigo de extino. As escalaslngua em perigo de extino. As escalaspermitem caracterizar com maior precisoa viabilidade de sobrevivncia,revitalizao ou reverso da mortelingstica, atravs da identificao dosprocessos de contato e conflito com alngua hegemnica.

  • Glossrio da Revitalizao

    Lingicdio

    Conceito anlogo ao de etnocdio,indicando o processo pelo qual uma lnguarestringe gradualmente os domnios derestringe gradualmente os domnios deuso de outra at causar a sua morte. Oconceito surgiu associado educao, mash diversas foras linguicidas, tais como asmigraes, o mercado, a mdia, as polticasgovernamentais, etc.

  • Glossrio da Revitalizao

    Lingstica Educacional

    Um tipo de Lingstica comprometida comos direitos lingsticos, engajada napromoo e no fortalecimento das lnguaspromoo e no fortalecimento das lnguasminoritrias, principalmente atravs daatuao na educao, em que busca atuarno sentido de desenvolver e revitalizar aslnguas em perigo de extino.

  • Glossrio da Revitalizao

    Lngua extinta

    Uma lngua que j no tem falantes e nemremete a uma comunidade lingstica. Porexemplo, o latim, o tupinamb, bem comoexemplo, o latim, o tupinamb, bem comoas cerca de mil lnguas indgenas jdesaparecidas no Brasil.

  • Glossrio da RevitalizaoMetodologias de revitalizao lingstica e cultural

    Existem diversas metodologias derevitalizao, tais como os ninhos delngua dos Maori, o mtodo um a um,usados para recuperar lnguas indgenasda Califrnia e outros. De modo geral, osmtodos procuram propiciar a imerso nalngua. As metodologias co-participativasconcebem o trabalho coletivo comofundamental para a recuperao de umalngua ameaada.

  • Glossrio da Revitalizao

    Micro-poltica lingstica

    Processos de vitalizao lingsticaconcebidos de baixo para cima, a partirda comunidade, da famlia, do professorda comunidade, da famlia, do professorindgena e no por polticas pblicas deestado ou macro-polticas. As micro-polticas podem subsidiar odesenvolvimento de macro-polticas emsintonia com as bases.

  • Glossrio da Revitalizao

    Monolinguismo

    Uso exclusivo de uma nica lngua. Omonolinguismo pode, muitas vezes, sersinnimo de intolerncia e racismo, como,sinnimo de intolerncia e racismo, como,por exemplo, a atitude que se tm diantedo ingls em relao ao espanhol nosEstados Unidos.

  • Glossrio da Revitalizao

    Morte lingstica

    Processo de desaparecimento e extinocompleta de uma lngua.

  • Glossrio da Revitalizao

    Reverso e Revitalizao lingsticas

    Processos de recuperao e reativao dasesferas de uso de uma lngua ameaada,levando ao seu desenvolvimento.levando ao seu desenvolvimento.

  • Glossrio da Revitalizao

    Transmisso inter-geracional

    Condio fundamental para a reteno deuma lngua. Se a gerao de falantes maisvelhos j no transmite regularmente suavelhos j no transmite regularmente sualngua aos mais jovens, h uma ruptura nacadeia de transmisso que constitui ummomento crtico que leva mortelingstica. Reestabelecer a transmisso uma das condies da revitalizao.

  • Glossrio da Revitalizao

    Processo de reivindicao eempoderamento de uma lngua e culturaameaadas, que as visibilizam, celebrando

    Valorizao lingstica

    ameaadas, que as visibilizam, celebrandoseu valor, garantindo o desenvolvimentoda auto-estima dos falantes epotencializando suas condies desobrevivncia.

  • O que pode ser feito?

    1. Treinamento lingstico e pedaggico a professores1. Treinamento lingstico e pedaggico a professores

    indgenas.

    Assim, pode-se desenvolver metodologias de ensinode primeira e segunda lnguas, desenvolver materiaisdidticos, currculos, etc.

  • O que pode ser feito?

    2. Desenvolvimento sustentvel nas reas de

    alfabetizao e documentao lingstica e culturalalfabetizao e documentao lingstica e cultural

    As populaes indgenas podem desenvolver a capacidade deproduzir suas ortografias, analisar suas lnguas e produzirmateriais pedaggicos. Centros de pesquisa podem ser criadospara que os falantes aprendam a estudar, documentar,arquivar dados sobre sua lngua e cultura.

  • O que pode ser feito?

    3. Desenvolvimento de polticas lingsticas nacionais

    Cientistas sociais, linguistas, membros das comunidades indgenasdevem envolver-se ativamente na criao de polticas pblicasque promovam a diversidade lingstica e cultural

  • O que pode ser feito?

    4. Desenvolvimento de polticas educacionais

    Promover o uso das lnguas indgenas como meio deinstruo nas escolas, no apenas como uma dasmatrias do currculo escolar. Muitas pesquisas tmdemonstrado que adquirir competncia bilngue, demodo algum diminui a competncia nas lnguasoficiais dos pases.

  • O que pode ser feito?

    5. Melhorar as condies de vida e o respeito aos

    direitos das populaes minoritriasdireitos das populaes minoritrias

    O desenvolvimento econmico e social das populaesindgenas um fator que pode contribuir para aconscincia da importncia de manuteno de seusvalores tradicionais e de suas lnguas maternas.

  • PROGRAMA MAORI

  • Anlise das idiasTradio x modernidadeRevitalizao culturalO papel da escolaO papel da escolaO papel da mulherComparaes com outras realidades

  • A Revitalizao de Lnguas indgenas e seu desafio para a educao inter-cultural bilnge

    Aps a leitura do texto, desenvolva as seguintes questes:1. O que se conclui dos estudos sobre a distribuio de lnguas em relao ao nmero de pases,

    ou seja, do fato de que h no mundo cerca de 250 pases e 6.000 lnguas?

    2. Qual a previso de perda de lnguas feita pelo Atlas das Lnguas do Mundo?3. Qual a previso feita pelo Ethnologue: lnguas do mundo sobre a relao entre lngua e3. Qual a previso feita pelo Ethnologue: lnguas do mundo sobre a relao entre lngua e

    populao mundial?4. O que significa o termo Ecologia da Linguagem?5. Que fatores levam morte de uma lngua?6. O que so macro-poltica e micro-poltica lingsticas?7. Qual a diferena entre o ensino prescritivo e o ensino descritivo de lnguas?8. Resuma o debate relatado no final do artigo em que os Xavante discutiram uma questo orto-

    grfica de sua lngua.

  • Lnguas em perigo e lnguas como patrimnio imaterial: duas idias em discusso

    1) O que se pretende, segundo a autora, com esse artigo?2) o que o programa DoBes?3) como so as perspectivas dos linguistas com relao as lnguas humanas num futuro prximo?4) por que, em certos contextos, os Kuikuro, Kalapalo, Nahukw e Matipu preferem que se diga que eles falam lnguas diferentes e, em outros, preferem que se diga que que se diga que eles falam lnguas diferentes e, em outros, preferem que se diga que falam dialetos da mesma lngua?5) Quais so, segundo a autora, as duas principais ameaas a sobrevivncia de uma lngua?6) Qual o argumento dos crticos da moda da morte de lnguas em relao ao contato das lnguas?7) Dentro da viso museolgica de trabalho com as lnguas, qual a tarefa do modelo clssico de documentao?

  • Campo Grande (MS), 12 a 17 de maio de 2008

  • Terena e Guarani no Mato Grosso do Sul

  • Populao: 16.000 pessoas no Mato Grosso do Sul;Lngua Aruak, de uso desigual nas vrias aldeias eLngua Aruak, de uso desigual nas vrias aldeias ereas indgenas. Por exemplo, em Buriti e Nioaque,restam pouqussimos falantes. Em algumas outras,como Cachoeirinha, h casos de jovens que nodominam o portugus. H, por outro lado, muitosindgenas urbanos que falam unicamente oPortugus.

  • Uso de la lengua

    De modo general, a lngua Terena no usada nestassociedades como sinal diacrtico para afirmar suadiferena frente aos brancos (Ladeira, 2001)

    A estratgia Terena fundou-se principalmente naadoo da lngua portuguesa. Hoje em dia, j sepode observar, no entanto, uma forte preocupaoem resgatar a lngua indgena por parte dos Terena.(Antonio Brand (UCDB), comunicao pessoal,2008)

  • No Brasil, tomando por base, sempre, clculosaproximados, haveria cerca de 34.000 indivduos,aproximados, haveria cerca de 34.000 indivduos,entre 18.000 e 20.000 Kaiowa, w entre 8.000 e10.000 andeva, localizados principalmente em MatoGrosso do Sul.

  • Os trs subgrupos apresentam vigorosa energiapara manter su lngua viva e nada indica quehaja uma tendncia contrria, mesmo emsituaes de alto grau de educao escolar ou

    Uso de la lengua

    situaes de alto grau de educao escolar ourelao intertnica. A lngua, ou melhor, apalavra, para os Guaran, assume relevnciacosmolgica e religiosa, representandoimportante elemento na elaborao daidentidade tnica. (Almeida & Mura, UEMS,2003)

  • 54 professores Guaran

    38 professores Terena

    Como est a situao lingustica em sua aldeia?

    O que se faz e o que se poderia

    fazer na escola pela lngua

    materna?

  • Para os Kaiwa, aLngua tudo.

    Na aldeia, meu povofala somente suaLngua. Temos aCasa de orao, danas.As crianas participam. Na escola, temosAs crianas participam. Na escola, temos

    Livros na lngua, receitas, Remdios feitos pelosalunos do Ara Vera.

  • Desvalorizao de sua lngua

    materna...pela vergonha de

    falar...

    Desconhecem o Desconhecem o valor de ter uma lngua indgena e se preocupam em ensinar as crianas

    na lngua portuguesa

    Com o portugus a criana no

    sofrer dificuldade na

    hora de estudar fora da aldeia...

  • Quais as causas da perda da lngua?

    ...A principal causa da perda a vergonha de falar.Porisso, se tornam cidados sem conscincia de suas razes indgenas.

    Els0n Terena (aldeia Bananal)

    A perda quase inevitvel porque os ndios tm necessidade de conseguir umaA perda quase inevitvel porque os ndios tm necessidade de conseguir umaqualificao profissional que s possvel em portugus. Assim, entramos namodernidade e nos distanciamos da histria de sofrimento de nossos antepassados.

    Juscelene Terena (Aldeia Passarinho, Miranda (MS))

    Outra razo importante o preconceito que ainda uma constante em nossa cidadeJuscelene Terena (Aldeia Passarinho, Miranda (MS))

  • Porque a lngua se perde?

    Uma certa gerao de pais e mes que decidiram que seusfilhos deveriam estudar somente o portugus. Porm, a nossagerao atual mudou isso e, agora, na escola em que trabalho,chegamos a um acordo alfabetizao obrigatria em Guaran.Portugus s a partir da terceira srie.Portugus s a partir da terceira srie.

    Tito Japor Guaran

  • Que fazer?

    Trabalho de revitalizao conjunto (familia, comunidade, professores, agentesindigenistas) para que se aprenda o portugus sem perder a lngua e nem as razes.Elson Terena (Aldea Bananal)

    Na minha escola, desenvolvemos um projeto na lngua Guarani em que Na minha escola, desenvolvemos um projeto na lngua Guarani em que invertemos muitas coisas que a escola no indigena nos ensinou:A invaso da fazenda geralmente a retomada da terra;No que a terra pertena a ns, ns que pertencemos terra.

    Tambm traduzimos sempre para o Guarani as novas palavras.

    Valentim Vera Guaran (Aldeia Paranhos)

  • Grato pela ateno!Grato pela ateno!