( espiritismo) - c b - aula 06 - diferenca entre espiritismo, umbanda e religioes afro-indigenas

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS Página 1 de 42 INDICE OBJETIVO DA AULA............................................................................................................................................ 3 REFLEXÃO........................................................................................................................................................... 3 ASSUNTO ABORDADO PELO DIRIGENTE.......................................................................................................... 3 BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL................................................................................................................................. 3 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR...................................................................................................................... 3 UMBANDA NÃO É ESPIRITISMODIFERENÇAS.................................................................................................. 5 Ritos, talismãs, pontos, vestimentas especiais e hierarquia sacerdotal ......................... 5 Trabalhos materiais, fluidos materializados..................................................................... 6 Hierarquia Espiritual............................................................................................................ 6 Mediunidade......................................................................................................................... 6 Semelhanças......................................................................................................................... 7 O que são caboclos, pretos-velhos, oferendas, etc, sob a ótica espírita?....................... 8 A UMBANDA..................................................................................................................................................... 12 Jesus e Oxalá na terra de Yurupari................................................................................... 12 O ALABÊ DE JERUSALÉM - A ÓPERA............................................................................................................... 13 O ALABÊ DE JERUSALÉM - A HISTORIA.......................................................................................................... 15 RELIGIÃO DE UMBANDA................................................................................................................................. 18 Estamos em pleno período de afirmação doutrinária da Umbanda. Uma fase como esta não pode se restringir a negar conceitos. Sabemos que na fase de expansão as grandes discussões da Umbanda se prendiam à sua origem (Vedas, Atlantis, Sumérios?) ou da origem do próprio vocábulo (védico, sânscrito, celta?); essas buscas tinham o sentido de afirmar a Umbanda não como uma religião brasileira, mas, sim, como uma religião antiga, que voltava até nós, e por esse fato mais confiável. Até no próprio Candomblé buscava-se fundamentos para "fazer a Umbanda mais forte". No entanto, o período de afirmação doutrinária iniciou-se, como vimos, com o abandono de todas essas especulações e firmou-se naquilo cuja evidência era irrefutável e estava bem à mão: a origem brasileira da Umbanda. Hoje, portanto, para que sejamos consistentes com esse início, não devemos ficar em afirmações áridas ou em buscas desnecessárias. A base filosófico - religiosa da Umbanda é, sem nenhuma dúvida aquela pregada por Cristo. Antes de Jesus Cristo, os Manuscritos do Mar Morto trouxeram isso à tona apesar da oposição dos Judeus e da Igreja Católica Apostólica Romana, comprovam que antes de Jesus Cristo, num período entre 500 e 200 anos a.C., vários líderes religiosos já apresentavam as bases daquilo que posteriormente veio a configurar a religião cristã. Dentre eles,

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

Página 1 de 36

INDICE

OBJETIVO DA AULA............................................................................................................................. 3

REFLEXÃO............................................................................................................................................ 3

ASSUNTO ABORDADO PELO DIRIGENTE..........................................................................................3

BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL................................................................................................................... 3

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR.......................................................................................................3

UMBANDA NÃO É ESPIRITISMODIFERENÇAS..................................................................................5

Ritos, talismãs, pontos, vestimentas especiais e hierarquia sacerdotal......................5

Trabalhos materiais, fluidos materializados.................................................................6

Hierarquia Espiritual.....................................................................................................6

Mediunidade................................................................................................................6

Semelhanças...............................................................................................................7

O que são caboclos, pretos-velhos, oferendas, etc, sob a ótica espírita?...................8

A UMBANDA........................................................................................................................................ 12

Jesus e Oxalá na terra de Yurupari...........................................................................12

O ALABÊ DE JERUSALÉM - A ÓPERA..............................................................................................13

O ALABÊ DE JERUSALÉM - A HISTORIA.........................................................................................15

RELIGIÃO DE UMBANDA.................................................................................................................... 18

Estamos em pleno período de afirmação doutrinária da Umbanda. Uma fase como esta não pode se

restringir a negar conceitos. Sabemos que na fase de expansão as grandes discussões da Umbanda

se prendiam à sua origem (Vedas, Atlantis, Sumérios?) ou da origem do próprio vocábulo (védico,

sânscrito, celta?); essas buscas tinham o sentido de afirmar a Umbanda não como uma religião

brasileira, mas, sim, como uma religião antiga, que voltava até nós, e por esse fato mais confiável.

Até no próprio Candomblé buscava-se fundamentos para "fazer a Umbanda mais forte". No entanto, o

período de afirmação doutrinária iniciou-se, como vimos, com o abandono de todas essas

especulações e firmou-se naquilo cuja evidência era irrefutável e estava bem à mão: a origem

brasileira da Umbanda. Hoje, portanto, para que sejamos consistentes com esse início, não devemos

ficar em afirmações áridas ou em buscas desnecessárias. A base filosófico - religiosa da Umbanda

é, sem nenhuma dúvida aquela pregada por Cristo. Antes de Jesus Cristo, os Manuscritos do Mar

Morto trouxeram isso à tona apesar da oposição dos Judeus e da Igreja Católica Apostólica Romana,

comprovam que antes de Jesus Cristo, num período entre 500 e 200 anos a.C., vários líderes

religiosos já apresentavam as bases daquilo que posteriormente veio a configurar a religião cristã.

Dentre eles, figura o então chamado Mestre da Retidão, líder essênio, cujas orientações religiosas já

adiantavam quase tudo o que Jesus viria a dizer. Se isso é verdade, porque razão Cristo foi quem

marcou nosso mundo? Exatamente por sua missão Crística. E esta missão foi tão forte, tão

inconteste, que a filosofia pregada por Cristo, do amor entre todos e de nossa filiação direta a Deus,

além de marcar uma Era, marcou o calendário e se espalhou por todos os cantos do mundo. Do

extremo oriente ao ocidente, Cristo é hoje reconhecido como aquele que veio trazer a mensagem do

Pai. Assim, a Umbanda não deve temer o assumir Jesus Cristo como seu maior orientador. Se

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buscarmos em alguns pensadores cristãos suas bases filosófico-religiosas veremos o quanto elas são

compatíveis com a Umbanda, inclusive no que concerne à definição dada pelo Caboclo das Sete

Encruzilhadas, ou seja, "A manifestação do Espírito para a prática da caridade". Ao analisarmos com

cuidado esses escritores, religiosos ou laicos, veremos ainda o quanto foi deturpada a mensagem

que nos foi trazida por Jesus Cristo pelas Igrejas que hoje se apresentam como exclusivas

representantes de Cristo. A esse argumento, somam-se outros de caráter filosófico e histórico. O

Caboclo das Sete Encruzilhadas sempre afirmou a presença na Umbanda da filosofia cristã; sempre

utilizou-se do Evangelho como apoio de suas pregações; enquanto o seu médium esteve vivo

manteve a Umbanda dentro de seus princípios incruentos. Já vimos em item anterior, algumas das

razões pelas quais a Umbanda foi tão desfigurada. Por isso, o período de afirmação doutrinária,

deverá preocupar-se pelo menos com três linhas de pensamento e atuação:.....................................18

Primeira, é a afirmação dos princípios cristãos da Umbanda;....................................................19

a segunda, é um processo de afirmação do seu rito, depurado de todos atos que por essa

mistura indesejada vieram a descaracterizar a Umbanda, cabendo ressaltar que o que a obra de

Omolubá já nos trouxe em relação a essa parte da tarefa significa, sem nenhuma dúvida o maior

passo já dado pela nossa Religião neste sentido;................................................................................19

a terceira, é a manutenção do seu ritual de formação sacerdotal, visando ordenar sacerdotes

que se comprometam com as duas primeiras vertentes......................................................................19

No tocante à primeira, cabe executar um trabalho de avaliação dos inúmeros livros com base na

filosofia cristã para, após uma acurada avaliação, termos assentadasas bases cristãs da Umbanda.

Aproveito para deixar aqui, alguns princípios que acreditamos devam ser revistos. Não se pode

aceitar as interpretações que foram feitas de Cristo e que conduzem a:.............................................19

um Deus vingativo e punitivo;.....................................................................................................19

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OBJETIVO DA AULA

Estabelecer o conceito de Mediunismo

As Manifestações Espirituais ostensivas são o ponto em comum entre Espiritismo e

religiões afo-indígenas.

Reforças a noção de respeito pelas outras religiões que propiciam a prática do bem e

o conforto às pessoas.

REFLEXÃO

ASSUNTO ABORDADO PELO DIRIGENTE

BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL

O Evangelho Segundo o Espiritismo – (Allan Kardec) Capitulo

O Livro dos Espiritos – (Allan Kardec) Questões

Emmanuel(Emmanuel / F C Xavier) 25

Iniciação Espírita(Diversos) – 5ª Edição Editora Aliança 5

Vivência do Espiritismo Religioso – ( Diversos) .

Guia do Discipulo – (Edgard Armond)

Guia do Aprendiz(Edgard Armond) 1 – 4 – 8 – 9 – 112

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Mensagens e Instruções(Edgard Armond) Pagina 21 e 27

Falando ao Coração(Edgard Armond) 1 – 611

Na Semeadura II(Edgard Armond) 27 – 40 – 46 – 58 –

62 – 86 – 120 – 171

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– 184 – 202 –

255257

Respondendo e Esclarecendo(Edgard Armond) 43 – 56 – 201 – 261

– 264268

Verdades e Conceitos II – (Edgard Armond) 45

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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UMBANDA NÃO É ESPIRITISMODIFERENÇAS.

Quais as principais diferenças entre a Umbanda e a Doutrina Espírita, no que diz

respeito a palestras, utilização de instrumentos musicais, trajes, rituais, amuletos,

imagens, sacrifício de animais, comunicação com espíritos, desenvolvimento da

mediunidade, promessas de cura, passes, serviço pago e gratuito, etc?

A doutrina de Umbanda foi originalmente criada pelos índios e depois, com a

imigração negra e, posteriormente, a imposição religiosa católica, assumiu carácter

sincrético, isto é, agregou em seus princípios crenças africanas, vindas de várias

seitasdas quais várias variações do Candomblée, por impositivo da Igreja Católica,

cultuavam seus orixás com correspondência aos santos católicos, para não serem

reprimidos. Toda a doutrina de Umbanda passou por várias adaptações locais e

pessoais, por não ser uma doutrina codificada.

A doutrina Espírita foi codificada na França do século XIX pelo Prof. Denizard Rivail,

também conhecido por Allan Kardec, mais especificamente em 1857 com a primeira

edição de O Livro dos Espíritos. A Doutrina Espírita é uma filosofia científica de

conseqüências religiosas, não sincrética e codificada, isto é, contém nos livros das

Obras Básicas toda a base doutrinária que lhe é própria, sendo as demais obras

complementares. Obras básicas da codificação espírita: O Livro dos Espíritos, O

Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, A Gênese, O Céu e o

Inferno.

Só pela origem histórica e pelas características já é possível ver uma diferença

significativa entre as duas filosofias, mas entraremos um pouco mais nos seus

postulados para verificar quais são as diferenças doutrinárias mais marcantes

(embora existam muitas).

RITOS, TALISMÃS, PONTOS, VESTIMENTAS ESPECIAIS E HIERARQUIA SACERDOTAL

O Espiritismo não adota qualquer tipo de ritual, não adota talismãs, não possui

qualquer tipo de chamativo aos Espíritos sob a forma de pontos e também, para

nenhuma de suas atividades, sejam elas quais forem, adota vestimentas especiais.

A Umbanda adota em seus princípios rituais próprios (giras, festas, etc), talismãs

(guias, pembas, etc), pontos riscados e cantados, hierarquia sacerdotal (babalorixá,

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yalorixá, filho de santo, ogã, etc) e vestimentas especiais (branco ou uniforme da

casa em questão).

TRABALHOS MATERIAIS, FLUIDOS MATERIALIZADOS

O Espiritismo não adota em suas práticas qualquer tipo de oferenda ou trabalho

material. Todas as manipulações fluídicas são feitas pelos Espíritos, com o auxílio

de médiuns passistas quando se faz necessário, utilizando deles também os fluidos

animalizados, sem necessidade de trabalhos materiais.

A Umbanda adota em suas práticas o uso de oferendas e trabalhos de ordem

material. Além disso, propõe-se à manipulação de fluidos pesados, materiais, nas

práticas da "magia branca". Tal é, no mais das vezes, a finalidade das oferendas na

Umbandaa manipulação desses fluidos.

HIERARQUIA ESPIRITUAL

O Espiritismo não adota qualquer tipo de divisão desse tipo. Apenas mostra que os

Espíritos são distintos por seu nível intelectual e moral, ou seja, pelo maior ou menor

conhecimento das coisas e pela maior ou menor disposição em fazer o bem. Não

adota distinção entre "Falange X" ou "Falange Y", simplesmente entre elevação

espiritual que demonstra pertencer por seu linguajar, sua postura e o conteúdo de

sua mensagem. Além disso, os Espíritos designam-se pelos nomes de suas últimas

encarnações ou os nomes que queiram, sem assumirem "cargo" algum. O máximo

que há é a assinatura das mensagens como "Um amigo" ou "Um Espírito amigo da

casa", etc.

A Umbanda adota em suas crenças uma hierarquia dos Espíritos dividida em 7

vibrações, regidas cada uma por um Orixá, e subdividida cada uma delas em mais 7.

Há uma caracterização espiritual por "vibração" a que o Espírito diz pertencer. Além

disso, os Espíritos designam-se, normalmente, por nomes-chave, que são, na

realidade "cargos espirituais", como Pai Joaquim, Vovó Maria Conga, Exu Pinga-

Fogo, Ogum Beira-Mar, entre outros tantos.

MEDIUNIDADE

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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O Espiritismo utiliza a mediunidade segundo uma óptica de educação mediúnica,

baseada principalmente no estudo aprofundado e prévio de O Livro dos Médiuns. O

processo de treinamento mediúnico, na Casa Espírita, não é empírico, segue as

orientações de Allan Kardec e verifica-se por aulas mediúnicas onde há uma

acomodação gradativa do médium e este acompanha com estudos relativos à

mediunidade, para se tornar mais consciente do trabalho que realiza. O Espiritismo

trabalha todas as formas de mediunidade, muito visivelmente a psicografia e a

psicofonia. Muito raramente é utilizada a psicopraxia. Normalmente o Espírito só fala

pelo médium, não há necessidade que movimente seu corpo físico além da fala.

Além de tudo isso, a prática mediúnica espírita é sempre fechada a um grupo de

pessoas que já tenham acumulado um mínimo estudo sobre os fenômenos e, por

isso, sejam mais capazes de compreendê-los.

A Umbanda utiliza a mediunidade de maneira empírica, por assim dizer, na medida

em que o "desenvolvimento mediúnico" fica a cargo dos Espíritos comunicantes e do

próprio médium, seguindo uma "tradição" da casa. Além disso, utiliza-se quase que

em 100% do tempo da incorporação ou, no dito espírita, da psicopraxia. Outras

formas de mediunidade, como a psicografia, a mediunidade de transporte, a

mediunidade de efeitos físicos, são bastante pouco utilizadas na Umbanda. Além de

tudo isso, a prática mediúnica é, em alguns casos, aberta ao público.

SEMELHANÇAS

Apesar de inúmeras diferenças, há entre o Espiritismo e a Umbanda pequenas

semelhanças, que, se não de forma profunda, pelo menos de forma geral, existem:

Acreditam na sobrevivência do Espírito

São reencarnacionistas

Utilizam em suas práticas a mediunidade (embora de formas distintas)

Reconhecem Jesus como o maior dos Espíritos que já esteve na Terra (Oxalá

é Jesus na Umbanda, e Orixalá ou Oxalá Maior é Deus, seu Pai) embora não haja

na Umbanda um estudo sobre o Evangelho.

Visam o trabalho para o bem

Difundem a prática da caridade como meio de elevação espiritual

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Além de tudo isso, cabe ainda ressaltar que, embora guardem diferenças profundas,

por seu objetivo comum da difusão do bem e da paz e pelo uso da mediunidade,

algumas vezes Espíritos ligados à Umbanda auxiliam-nos nas práticas espirituais na

Casa Espírita, sendo recebidos como irmãos queridos, como todos aqueles que se

dedicam ao bem e ao amor.

Os Espíritos que se apresentam na Umbanda, seja qual for o nome que carreguem,

são Espíritos individuais como nós tiveram um nome em sua última encarnação

embora não se apresentem com ele, têm dores, sofrimentos e angústias como todos

nós.

São Espíritos, portanto, do nosso mesmo nível médio de evolução. Cabe, no

entanto, que façamos sempre a diferenciação do seu nível evolutivo.

O que queremos dizer com isso?

O que o Espiritismo nos ensina é que os Espíritos são atraídos pela Lei de

Afinidade.

Em um grupo em que se preze pelo bem, pela caridade, pela gentileza, pelo estudo,

pela preocupação com as pessoas, que ensine aos médiuns a boa conduta da prece

e da correção de atitudes, logicamente Espíritos bem mais elevados se aproximarão

para o trabalho (mesmo que com os mesmos nomes dos outros) veja o livro

"Loucura e Obsessão" recomendado abaixo.

Mas, de outro modo, em locais onde isso não haja, os Espíritos que se

apresentarão, sob os mesmos nomes, serão Espíritos inferiores, brincalhões e por

vezes perversos, quando não somente ignorantes.

Falam com autoridade, mas sua postura moral não lhes dá essa autoridade.

Não são capazes de seguir um raciocínio lógico, porque seu nível intelectual não o

alcança.

São, portanto, Espíritos inferiores.

Não importa o nome com que um Espírito se apresente, é importante saber se

aquela individualidade espiritual apresenta elevação o suficiente pelas suas

palavras, suas intenções, suas orientações, sua sabedoria, mesmo que revestida de

simplicidade, como era Jesus.

O QUE SÃO CABOCLOS, PRETOS-VELHOS, OFERENDAS, ETC, SOB A ÓTICA ESPÍRITA?

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- Todas essas denominações são parte de algumas filosofias espiritualistas tais

como Umbanda, Candomblé, Quimbanda, etc, não da filosofia espírita.

O Espiritismo nos diz que os Espíritos só são divididos segundo o seu nível evolutivo

- intelectual e moral - e por isso se distinguem.

A cor, a raça, a profissão, o sexo, a cor do cabelo, o nome, a brancura dos dentes, a

lisura da pele, nada disso faz com que um Espírito seja diferente do outro na ótica

espírita.

Por isso o Espiritismo, embora reconheça, cientificamente, as diferenças e

particularidades raciais em termos de cultura, de lutas coletivas históricas, etc,

mostra-nos que cada Espírito é uma individualidade, assexuada, sem cor, sem raça,

que só se distingue dos outros por sua elevação espiritual, por nada mais.

O Espiritismo respeita profundamente aqueles que, por qualquer motivo, pensem

diferentemente, mas não assume para si, pelas questões acima, essa diferenciação.

Podemos recomendar um livro excepcional sobre o assunto. Chama-se "Loucura e

Obsessão", do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia do médium

Divaldo Pereira Franco, editora FEB. Nesse livro achará explicações preciosíssimas

sobre a visão de um Espírito do quilate de Manoel Philomeno e Dr. Bezerra de

Menezes sobre os trabalhos executados numa casa de caridade afro-brasileira. É

belíssimo.

Vemos que nenhum carácter físico indica qualquer diferenciação no plano espiritual

em termos de evolução.

O que quer dizer isso? Há Espíritos de grande evolução que se mostram como

homens, mulheres; loiros, morenos, amarelos, negros, mulatos, mamelucos, etc.

Há grupamentos espiritualistas que, por governar neles o alcoolismo, a falta de

estudos, a falta de trabalho no bem, etc, logicamente os Espíritos que se

apresentam serão simpáticos a eles, ou seja, Espíritos inferiores.

Se apresentarão de acordo com suas crenças - Ogum, Iemanjá, Pai Preto, Vovó,

Criança, etc - mas serão Espíritos tão ignorantes quanto o grupo chamou pela sua

falta de disciplina.

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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Por outro lado - e sobre esses o livro que indicamos fala - há grupamentos

espiritualistas em que as entidades espirituais, apresentando-se sob os mesmos

nomes - para não lhes chocar a crença ou mesmo por compartilharem dela -

apresentam comunicações úteis, boas e de rara beleza e sabedoria. Por vezes

falam de forma simples, com o linguajar típico, mas seu conteúdo é puro, voltado ao

bem.

Analisemos agora o fator das oferendas materiais. Da mesma forma temos, em

suma, dois grupos de Espíritos que pedem tais oferendas - porque há grupamentos

afro-brasileiros que não mais trabalham com oferendas materiais. Vamos analisá-los

separadamente, novamente, só que agora de ordem inversa.

Para ilustrar nossas colocações vamos contar a história de um espírita que, quando

moço, no romper de sua mediunidade, foi levado a um terreiro de Umbanda e foi se

consultar com um preto-velho:

"Quando cheguei à casa, estava o médium incorporado sentado e uma fila de

pessoas para conversar com a entidade. Essa entidade falava de uma forma bem

típica dos escravos, dava estalos como passes, recomendava que se acendesse

uma vela para fazer uma oração. Quando chegou a minha vez a voz dela

transmutou e me disse: 'Meu amigo, não preciso falar do jeito que eu falo, fui um

homem muito culto, muito instruído, mas durante o período da escravidão estive

aprendendo o amor, que para mim foi a lição mais preciosa. Seu lugar, meu amigo,

não é aqui. Você precisa procurar uma Casa Espírita, tem um trabalho a fazer. E

quanto à sua pergunta, não, não é necessário que aquela senhora acenda uma vela.

Poderia ser um pedaço de papel ou nada, mas se eu dissesse a ela: Ora, ela não vai

orar. Se eu disser: Acende uma vela e ora, ela vai orar, e a vela será somente um

dinheiro gasto por uma boa causa. Agora, meu filho, vai em paz'. Saí do local sem

dizer uma palavra e graças a essa entidade, que até hoje me visita, pude estar com

vocês hoje."

Essa é uma pequena história verídica que ilustra o porquê alguns Espíritos

Superiores, trabalhadores de alguns grupamentos sérios, indicam certos

acompanhamentos materiais para as pessoas - que não estariam preparadas ainda

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para desvincular-se mentalmente dos objetos. O que temos visto é que - e isso é

dito no livro indicado - após algum tempo é dito à pessoa que o que ela faz é

desnecessário, recomendada a leitura da obra de Kardec para desvincular o

pensamento já preparado de tais idéias materiais.

Vamos ao outro lado, que se subdivide em dois.

No caso de um Espírito que realmente acredita na oferenda material. Não podemos

deixar de citar que toda matéria tem emanações fluídicas grosseiras que podem ser

utilizados pelos Espíritos. Tais fluidos são completamente captáveis na natureza de

maneira natural automática pelo pensamento dos Espíritos Superiores que

coadunam esse fluidos para se juntarem a outros em processos de intervenção

física, não necessitando para isso que seja feita qualquer tipo de oferenda. Mas

Espíritos ainda imperfeitos utilizam-se de tais fluidos, porque não sabem manipular

outros, para uma intervenção física na matéria. Logicamente essa intervenção

acontece seguindo a Lei de Deus, que contém a Lei de Afinidade Fluídica.

Mais uma vez aqui vemos Espíritos bem e mal intencionados. Os bem intencionados

utilizam-se de tais fluidos - e recomendam tais atitudes - porque realmente sua

compreensão não lhes permite alçar o âmbito do pensamento, mantendo-se

vinculados à esfera física. Utilizam-nos para o bem segundo o seu entendimento.

Os mal intencionados utilizam os fluidos para o mal. De tudo isso, o que podemos

concluir?

1) Nenhuma evidência física pode caracterizar a elevação espiritual de um

Espírito

2) Um pedido de oferenda material pode esconder por trás uma série de

intenções e uma série de circunstâncias

3) O Espiritismo mostra-nos que tais manipulações, na ótica do Espírito, são

completamente desnecessárias, mas respeita aqueles que pensem diferentemente.

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A UMBANDA

Irmão!...

Medita demoradamente sobre a tua condição de ente humano, e procura conhecer

a razão de ser dos teus inúmeros sofrimentos. Acompanha a evolução da mais

perfeita ideologia religiosa, que é a Umbanda, e verás que os teus temores se

dissiparão. Quando tomares conhecimento do mundo espiritual, os bondosos Orixás

te mostrarão a sublimidade das Leis Divinas, dando-te forças para suportares, com a

resignação dos fortes , os mais atrozes padecimentos morais, materiais e espirituais.

Vem... A Umbanda redentora e amiga te espera!... - (FONTENELLE, 1953, p. 9).

JESUS E OXALÁ NA TERRA DE YURUPARI

No fundo são misturas. Misturam-se as almas nas coisas; misturam-se as coisas

nas almas. Misturam-se as vidas, e é assim que as pessoas e as coisas misturadas

saem cada qual de sua esfera e se misturam: o que é precisamente - o contrato e a

troca (MAUSS, 1974, p. 71).

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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O ALABÊ DE JERUSALÉM - A ÓPERA

Sim, leitor. Uma ópera.

Uma ópera completa, linda e que conta uma história envolvente, passada a dois mil

anos atrás.

Alabê de Jerusalém foi encenada poucas vezes no Brasil. Mesmo reunindo nomes

de peso da MPB, como Elba Ramalho, Fafá de Belém, Alcione, Lenine, Bibi Ferreira,

Jorge Aragão e Ivan Lins, entre outros, Altay não consegue patrocínio para levá-la

novamente a público.

Fafá de Belém disse que se Altay tivesse nascido norte-americano, sua ópera seria

um dos maiores sucessos da Broadway. E ele estaria rico, muito rico. Como não é o

caso, Altay luta diariamente para conseguir o seu sustento e continua na batalha

para levar de volta aos palcos a sua grande obra.

Mas, deve estar se perguntando o nobre leitor: o que uma ópera está fazendo num

blog ambiental?

Respondo com um trechinho da ópera de Altay:

Ah, meu Deus! Assisto com muita tristeza a pena da aspereza dilacerando a beleza

de uma linda sinfonia. A aguarrás de juizes, ciumentos inflexíveis, descolorindo as

matizes de uma linda pintura, só porque não gostam da assinatura”

E vai com uma bailarina, com a inocência de menina, dançando em volta do sol, a

Grande Mãe Terra. Enquanto muitas nações, governos, religiões ensaiam a dança

da guerra.

Na verdade a bola azul quase nunca foi amada; é sempre penalizada. Tem um

trabalho enorme, dedicação e talento para preparar a mistura, juntar os seus

elementos para dar forma às criaturas, e elas, depois de paridas, desconhecem a

matriarca e dizem, mal agradecidas: que a carne é fraca.

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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Olha, eu vou dizer na minha simples observação: dia após dia, me perdoem a

liberdade, mas religião de verdade, mais parecida com a que Jesus queria, talvez

seja sentimento de ecologia. Para esse sentimento não tem fronteiras e só reza um

mandamento: preservação das espécies com urgência, sem adiamento.

Hoje, ela pensa nas plantas, nos rios, no mar, nos bichos. Amanhã, com certeza,

com a mesma dedicação e capricho, pensará com muito cuidado nos meninos

abandonados.

Ah, se ela tivesse mais força para sustentar sua zanga, evitaria, com certeza a fome

cruel de Ruanda. Ainda era uma menina, quando a impertinência sangrou, com a

bola de fogo, a pobre Hiroshima. Mas ela cresce, se instala como uma prece no

coração das crianças. Tenho muitas esperanças…

Eu tenho toda a certeza que nosso planeta um dia, mesmo cansado, exausto, terá

toda a garantia e guardado por uma geração vigia, nunca mais verá a espada fria no

Holocausto.

Alabê é uma exaltação a conservação da natureza e uma tremenda lição de respeito

a vida. Só por sua riqueza cultural já merecia estar entre os materiais didáticos

distribuídos pelo MEC às escolas. A sua mensagem ambiental, importantíssima, só

reforça o seu valor.

Mas como quase tudo que presta nesse país, é relegada ao esquecimento.

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O ALABÊ DE JERUSALÉM - A HISTORIA

Ogundana é um andarilho africano que viveu há dois mil anos, contemporâneo de

Jesus Cristo.

Ele sai da própria aldeia, em Ifé, Nigéria, aos doze anos e atravessa todo o Norte da

África, a pé, poucas vezes em caravanas, até romper as fronteiras do continente e

chegar a Roma. Busca conhecer o mundo e encontrar a si mesmo.

A passagem pela África ocupa o primeiro quarto do livro e foi o que mais me

emocionou e interessou.

O tônus poético das cenas e cenários é de difícil tradução, resta destacá-los para

que os sentidos de quem lê este texto possam se aproximar da magia de Ogundana,

ao demonstrar, por exemplo, a necessidade de desenvolver fina sintonia com o

Orixá de cada dia, como requisito para se tornar um Alabê, aquele que cuida da

música nos cultos Iorubás.

“Foi então, que na manhã seguinte, com realeza e requinte, na casa dos

instrumentos, recebi dos sacerdotes a empunhadura do archote que ilumina os

fundamentos, a orientação secreta pra ficar em sintonia com o Orixá de cada dia,

pra receber a energia que cura, que alivia e neutraliza a magia fria dos maus

momentos.

Assim, ao som dos tambores, Xangô desceu de Aruanda trazendo seus dois

machados e os cruzou no meu peito, realizou os preceitos; e, então, já quase eleito

um Alabê iniciado fui levado em cortejo até a beira do rio.

E ao som dos cânticos sagrados, recebi a grande honraria: ser portador de um colar,

uma guia, que foi por Oxum batizada, pertencer à hierarquia dos que vivem em

sintonia com o raio que Xangô envia rumo ao palácio das águas” (p.18).

Madiba, primo e melhor amigo de Ogundana vai ao encontro dele, pois não o

deixaria viajar sozinho rumo ao desconhecido que ele, Madiba, também queria

alcançar. Ogundana o define como aquele que “trazia consigo, além da força dos

destemidos, a luz do sexto sentido que brilha nos olhos dos iniciados.”

Embora fosse um menino, assim como ele, inocente, Madiba “era um sábio, tinha a

intuição dos magos, a lucidez dos videntes” (p.29).

Mas Madiba adoece parte, e o momento de sua passagem é requintada reflexão de

fé na existência do mundo espiritual e nas razões que a razão desconhece. A dor de

Ogundana é dilacerante e a poesia gerada dessa dor nos ajuda a compreender e

superar nossas dores causadas por perdas:

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“Conduzido pela dor, fui levado ao traiçoeiro reino da apatia.

Lá, sujeito às bruxarias silenciosas e à música furiosa daquele mundo sombrio, caí

no mais denso e frio estado de melancolia. Não mais levantei os olhos para

contemplar o firmamento; e, sem o sábio aconselhamento das estrelas, distante da

luminosidade solar e do carinhoso olhar da lua cheia, cheguei a perder de vista o elo

resplandecente da poderosa corrente que une os deuses da minha aldeia.

Era como um açoite, a escuridão da noite, toda vez que ela chegava. E eu sofria

pesadelos, acordava assustado.

Ainda na inocência, confundia a luz da vidência com as trevas dos maus

presságios”(p.35).

Antes disso, a lucidez de Madiba diante da morte iminente, impressiona.

“Ogundana, sinto muito, mas acho que chegou a hora. Minha razão, já está em

silêncio, não encontrou nenhuma resposta, e já não faz nenhuma pergunta. Mas a

tua, vai estar mais forte que nunca, depois da minha partida, pode deixá-lo de costas

pra luz do seu espírito, e, te mergulhar em suas próprias sombras, arruinar sua vida.

A razão quase sempre zomba da percepção da alma. Não aceite a hostilidade,

segue em busca da verdade, confia nas divindades, que com o tempo, ela se

acalma” (p. 32 e 33).

Ainda em estado aflitivo, Ogundana prossegue a caminhada. Sonha com um rei

altivo e carinhoso, senhor de belo reinado que lhe dá conselhos plenos de

sabedoria: (...)

“Todos nós estamos sujeitos a cair nas armadilhas da tristeza. Não percas a

delicadeza, só ela traz a clareza quando a estrada é sombria, mantém-te em vigília.

Às vezes parece que tarda a chegar o tempo das flores. Mas é que a natureza o

guarda porque sabe que os pintores, os que fabricam as cores, moram em outras

estações. E por isso ela espera até que outros artistas procurem-na e felizes lhe

digam: “Querida mãe natureza, já temos todos os matizes pra pintar sua primavera””

(p.37).

Uma das mais belas partes do livro vem logo a seguir, um diálogo entre o rio Nilo e o

deserto, feito por meio dos viajantes que trazem a um, notícias do outro. Há também

reflexões profundas sobre a vida e a paixão, “uma nos joga na estrada e a outra em

algum lugar nos espera”, e, finalmente, sobre a difícil decisão de persistir no

caminho, de atender ao chamado da vida: “Hesitei, não por me faltar coragem, mas

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o ritual de passagem de um mundo conhecido pra outro tão longe de nossas raízes

é um ato violento.

Correu por dentro de mim como um raio, quase me levou ao desmaio, uma

assustadora sensação de saudade (...) Chorei. Não como uma criança, mas como

um homem que tem esperança, um homem que acredita que a estrada ama os

caminheiros, que crê ser do mundo um passageiro e que não deve descansar

enquanto o corpo a alma puder levar ao encontro de novos companheiros’ (p.53).

A partir daí, a poesia reinante se torna episódica.

Há mudanças no tom do texto, adota-se um coloquialismo excessivo que destoa da

elaborada linguagem anterior. O maior mérito dos restantes três quartos do livro, a

meu ver, é destacar a simultaneidade da presença de Ogundana, um africano, ao

período de vida de Jesus Cristo na Galiléia. Ou seja, o autor mostra o

intercruzamento de mundos que não eram estanques, cujas fronteiras eram

transpostas e ocorria o diálogo, mesmo que entre estrangeiros, entenda-se, pessoas

e culturas em permanente estranhamento.

Ao final, uma grande surpresa, Ogundana não seria uma personagem de ficção?

Teria existido? Seria hoje uma entidade espiritual, o “Alabê de Jerusalém”, que se

comunica com os humanos ancorado em uma plêiade de pretos velhos

resplandescentes?

Se assim for, pode ser “desculpada” uma ou outra incongruência temporal da obra,

por exemplo, o fato de uma personagem que viveu há dois mil anos afrimar que não

poderia deixar de adotar um determinado comportamento “por conta de ideologia”. A

palavra ideologia sequer existia naquela época, é construção política do século

XVIII.

Mas é também um bom impasse literário, ou foi problema de revisão, de falta de

leitura crítica, ou solução de espírito atemporal que vive em múltiplas eras e

incorpora distintas linguagens.

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RELIGIÃO DE UMBANDA

Estamos em pleno período de afirmação doutrinária da Umbanda. Uma fase como

esta não pode se restringir a negar conceitos. Sabemos que na fase de expansão as

grandes discussões da Umbanda se prendiam à sua origem (Vedas, Atlantis,

Sumérios?) ou da origem do próprio vocábulo (védico, sânscrito, celta?); essas

buscas tinham o sentido de afirmar a Umbanda não como uma religião brasileira,

mas, sim, como uma religião antiga, que voltava até nós, e por esse fato mais

confiável. Até no próprio Candomblé buscava-se fundamentos para "fazer a

Umbanda mais forte". No entanto, o período de afirmação doutrinária iniciou-se,

como vimos, com o abandono de todas essas especulações e firmou-se naquilo

cuja evidência era irrefutável e estava bem à mão: a origem brasileira da Umbanda.

Hoje, portanto, para que sejamos consistentes com esse início, não devemos ficar

em afirmações áridas ou em buscas desnecessárias.

A base filosófico - religiosa da Umbanda é, sem nenhuma dúvida aquela pregada

por Cristo. Antes de Jesus Cristo, os Manuscritos do Mar Morto trouxeram isso à

tona apesar da oposição dos Judeus e da Igreja Católica Apostólica Romana,

comprovam que antes de Jesus Cristo, num período entre 500 e 200 anos a.C.,

vários líderes religiosos já apresentavam as bases daquilo que posteriormente veio a

configurar a religião cristã. Dentre eles, figura o então chamado Mestre da Retidão,

líder essênio, cujas orientações religiosas já adiantavam quase tudo o que Jesus

viria a dizer. Se isso é verdade, porque razão Cristo foi quem marcou nosso mundo?

Exatamente por sua missão Crística. E esta missão foi tão forte, tão inconteste, que

a filosofia pregada por Cristo, do amor entre todos e de nossa filiação direta a Deus,

além de marcar uma Era, marcou o calendário e se espalhou por todos os cantos do

mundo. Do extremo oriente ao ocidente, Cristo é hoje reconhecido como aquele que

veio trazer a mensagem do Pai. Assim, a Umbanda não deve temer o assumir Jesus

Cristo como seu maior orientador. Se buscarmos em alguns pensadores cristãos

suas bases filosófico-religiosas veremos o quanto elas são compatíveis com a

Umbanda, inclusive no que concerne à definição dada pelo Caboclo das Sete

Encruzilhadas, ou seja, "A manifestação do Espírito para a prática da caridade". Ao

analisarmos com cuidado esses escritores, religiosos ou laicos, veremos ainda o

quanto foi deturpada a mensagem que nos foi trazida por Jesus Cristo pelas Igrejas

que hoje se apresentam como exclusivas representantes de Cristo. A esse

argumento, somam-se outros de caráter filosófico e histórico. O Caboclo das Sete

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Encruzilhadas sempre afirmou a presença na Umbanda da filosofia cristã; sempre

utilizou-se do Evangelho como apoio de suas pregações; enquanto o seu médium

esteve vivo manteve a Umbanda dentro de seus princípios incruentos. Já vimos em

item anterior, algumas das razões pelas quais a Umbanda foi tão desfigurada. Por

isso, o período de afirmação doutrinária, deverá preocupar-se pelo menos com três

linhas de pensamento e atuação:

Primeira, é a afirmação dos princípios cristãos da Umbanda;

a segunda, é um processo de afirmação do seu rito, depurado de todos atos

que por essa mistura indesejada vieram a descaracterizar a Umbanda, cabendo

ressaltar que o que a obra de Omolubá já nos trouxe em relação a essa parte da

tarefa significa, sem nenhuma dúvida o maior passo já dado pela nossa Religião

neste sentido; 

a terceira, é a manutenção do seu ritual de formação sacerdotal, visando

ordenar sacerdotes que se comprometam com as duas primeiras vertentes.

No tocante à primeira, cabe executar um trabalho de avaliação dos inúmeros livros

com base na filosofia cristã para, após uma acurada avaliação, termos assentadas

as bases cristãs da Umbanda. Aproveito para deixar aqui, alguns princípios que

acreditamos devam ser revistos.

Não se pode aceitar as interpretações que foram feitas de Cristo e que conduzem a:

um Deus vingativo e punitivo;

inexistência da comunicação com as almas;

o carma como punição divina;

a inexistência da reencarnação.

Alguns outros princípios devem ser discutidos e ampliados:

a autodeterminação (existência de "dois momentos" onde o ser humano faz

opções fundamentais a respeito de sua nova existência na Terra) ;

nossa ação como nossos próprios juizes, após nossa morte física;

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qual o caminho de evolução que a Umbanda aceita (centelha divina,

aperfeiçoamento até o nível de Devas?);

o que significa para a Umbanda o "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao

próximo como a ti mesmo"?

dentro daquilo que pregava Cristo, e por conseqüência da Umbanda, qual e

onde está a visão holística do Homem.

Estas e outras questões devem ser buscadas tanto nos livros já existentes como, se

nos for consentido, através de comunicações do Astral. Sabemos o quanto foi

deturpada a pregação do Cristo; sabemos também o quanto o poder temporal

superou a pregação da doutrina que nos foi trazida por Cristo, quando da formação

da Igreja Católica: sabemos ainda quantas "reformas" foram feitas nos Evangelhos

em nome do fortalecimento desta mesma Igreja; sabemos ainda o quanto o

Evangelho segundo o Espiritismo traz no seu bojo a influência da comunicação de

Almas que tiveram sua formação dentro do catolicismo; sabemos enfim que será

muito difícil esse processo de separação daquilo que foi verdadeiramente trazido por

Cristo, do joio do trigo. Mas temos certeza que a Umbanda, sem nenhuma dúvida a

religião que menos se amarra a dogmas, terá a ajuda de seus guias e a sua

doutrinas aparecerá, limpa, transparente, libertadora e, por fim, se afirmará

doutrinariamente

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DIFERENÇAS ENTRE A RELIGIÃO DE UMBANDA E A RELIGIÃO DE CANDOMBLÉ

O objetivo deste texto é, de maneira simples e direta, demonstrar as diferenças

existentes entre a Religião de Umbanda e a Religião de Candomblé.

Umbanda e Candomblé são religiões extremamente distintas. Claro, possuem

alguns elementos em comum, como por exemplo a devoção aos Orixás, o uso de

miçangas e atabaques. Entretanto, as diferenças são muito maiores do que as

semelhanças.

Ressalta-se, porém, que essas diferenças não impedem o respeito que devemos ter

com nossos irmãos Candomblecistas, assim como devemos respeitar as demais

religiões. E começamos a respeita-los quando não usamos de seus elementos sem

fundamento, sem conhecimento e sem preparo.

Infelizmente vemos por aí pessoas que, por ignorância, acabam colocando as duas

religiões em um mesmo “panelão”, desvirtuando, ao mesmo tempo, as duas

crenças.

Umbanda e Cancomblé comparam-se ao Cristianismo e o Islamismo. Possuem

fundamentos, ritos, visões, interpretações completamente diferentes. É impossível

imaginar um Imam (sacerdote mulçumano) realizando um batismo em nome de

Jesus Cristo. Ou, ao revés, um padre católico reverenciando Maomé. O mesmo se

dá entre essas duas religiões afro-brasileiras.

Não se imagina um Pai de Santo da Umbanda fazendo raspagem e bori, dando

iniciação no Candomblé a uma pessoa ou dando-lhe o título de Babalorixá. Assim

como é inimaginável (apesar de existir casos, infelizmente), a realização de rituais

de Candomblé com “entidades” de Umbanda no comando, para uma suposta

iniciação na Umbanda.

Tais práticas são ultrajantes às duas religiões. As duas possuem seus próprios

fundamentos e ritos, não havendo qualquer necessidade de serem mescladas.

As diferenças entre essas duas Religiões começam em sua base.

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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A Umbanda é uma religião brasileira, nascida em 1908, por meio do Médium Zélio

Fernandino de Moraes e de seu guia, o Caboclo das 7 Encruzilhadas. É uma religião

que, rompeu com o Espiritismo, apesar de trazer ainda consigo alguns de seus

elementos, e absorveu também elementos das crenças indígenas, católicas e

africanas.

O Candomblé, (apesar da forma com que conhecemos exista apenas no Brasil), é

oriundo da junção das nações trazidas da África pelos escravos. Ou seja, tratam-se

de cultos Africanos, dedicados aos Orixás, Nkises e Voduns (Ketu, Angola e Jeje).

Dessa maneira, as cantigas, os rituais, as rezas e oferendas, são as mesmas

utilizadas pelos ancestrais africanos outrora.

A Umbanda trabalha com espíritos, os quais são chamados de guias. São entidades

que trabalham na energia do Orixá. São falanges de Caboclos, Pretos-Velhos,

Crianças, Baianos, Boiadeiros, Ciganos, Marinheiros, Exus e Pombogiras. São

essas as entidades que comandam a gira, que realizam os amacis, batismo,

cruzamentos, etc. Além disso, tais entidades, dão passes, realizam curas,

descarregos, falam e se utilizam de elementos como o fumo e o álcool.

No Candomblé não existe a manifestação de espíritos. Nessa Religião, os espíritos

são chamados de Eguns, e são excluídos das chamadas rodas. (existem algumas

casas que possuem o fundamento de Baba Egungun, ritual onde se manifesta os

ancestrais). Todavia, o que se manifestas nas sessões de Candomblé são as

energias dos Orixás. Tais energias fazem com que o iniciado, chamado de Iyaô

entre em “transe”. Todavia, esse “transe” é bem diferente da chamada incorporação

existente na Umbanda. Além disso, o iniciado quando manifestado pelo Orixá

apenas dança seu ritmo. Não fala, não fuma, não bebe, não dá consultas, etc.

Apenas chega, reverencia seus Babas e dança suas cantigas, nada mais.

Na Umbanda, os toques de atabaque são realizados com as mãos e são

acompanhados por cantos em português. Ora, se nossas entidades falam o

português, porque iremos chamá-las em outras línguas? Seria no mínimo, uma falta

de respeito! O ponto cantado, nada mais é que uma oração cantada, devendo ser

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cantado com todo o respeito, sabendo o por que de cada palavra. São cantos de

chamada, de reverência, de trabalho e de subida.

No Candomblé, os toques variam de acordo com a nação. Se for Ketu, os toques

serão entoados com toques de varetas (Aguidavi), acompanhados por cantigas no

dialeto Yorubá, língua daquelas divindades. Na nação Angola, o toque é realizado

com as mãos, acompanhada por cantigas no dialeto Bantu. Na nação Jeje, os

toques também são realizados com as mãos, e as cantigas são feitas em um de

seus dialetos (Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc.). São cantigas que fazem

referencias aos itans, ou seja, lendas sobre os Orixás, Nkises e Voduns.

A Umbanda trabalha com 9 Orixás, os quais estão distribuídos na chamada 7 Linhas

de Umbanda. São eles: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iemanjá, Oxum, Iansã, Nana

Burukê e Obaluaê/Omulú. Vale lembrar que na Umbanda não existe incorporação de

Orixás, mas sim, de espíritos e falangeiros que trabalham na sua energia.

O Candomblé Ketu, reverencia no mínimo 16 Orixás, chegando alguns há 21 e até

72 Orixás. Na nação Jeje e na Angola, os Voduns e Nkises também passam de 20.

O Candomblé Ketu trabalha com as chamadas “qualidades” de Orixás, como por

exemplo, Oxalá que possui as qualidades de Oxalufã (velho) e Oxaguiã (moço).

A Umbanda não possui qualidades de Orixás.

O Candomblé possui suas cores e interpretações para os Orixás. A Umbanda possui

outras cores e interpretações.

O sacerdote de Umbanda é chamado de Pai de Santo, Pai de Terreiro, Cacique, ou

simplesmente Dirigente.

O sacerdote de Candomblé é chamado de Babalorixá, alguns possuem o título de

Babalaô. As mulheres são chamadas de Yalorixá. Só posem utilizar esses títulos

que de fato teve iniciação no Candomblé e passou pelas raspagens, boris, etc.

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Esses são apenas algumas das diferenças. Como se pode perceber, as duas

possuem uma estrutura, organização e rituais completamente distintos. Por isso nós,

Umbandistas, devemos zelar pela pureza de nossa fé, evitando a introdução de

elementos que não condizem com nossa religião. Assim também, os

Candomblecistas, devem pregar a pureza de seu culto, evitando a mesclagem

indevida e o desvirtuamento do culto milenar.

Para reforçar ainda mais as diferenças existentes entre essas duas religiões, o Blog

realizou uma entrevista com Babalorixá Rafael d’Oxalufã.

Segue a entrevista:

1) Pai Rafael, antes de ingressar no Candomblé quais religiões você freqüentou?

R: Catolicismo - Kardecismo - Umbanda - Candomblé.

2) Algumas dessas religiões possuem semelhanças com o Candomblé? Em caso

positivo, quais?

R: Sim, principalmente o kardecismo e Umbanda, pois tem filosofias parecidas.

3)Onde você realizou sua feitura?

R: Na cidade de Rio de Janeiro/RJ na casa da Iyalorixa Kita de Oya

4) Com relação a Umbanda, na sua opinião, quais são as principais diferenças

existentes entre ela e o Candomblé?

R: Umbanda é um culto direcionado aos espíritos, ou seja, seres que já viveram no

mundo material e hoje retornam para cumprir uma missão. Já o Candomblé é um

culto às Divindades, aos encantados que chamamos Orixás. São na verdade, forças

da natureza.

5) O que são e quais são as nações do Candomblé? Quais as diferenças e

semelhanças existentes entre elas?

R Nações significam de onde aquela raiz africana é provinda, de que região da

Àfrica veio, pois a Africa é um continente divido por muitos dialetos e várias

culturas diferentes. As Nações mais comuns aqui no Brasil são KETU, ANGOLA,

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JEJE, AFON. A partir destas nações surgiram outras, mas estas são as principais.

6) Qual a sua nação?

R: KETU

7) Para o Candomblé, o que é um Orixá/Nkise/Vodun?

R: Orixa tem significado na própria palavra: ORI = CABEÇA AXÉ = FORÇA

ORIXA = CABEÇA DE FORÇA. Na verdade Orixa, Vodum, Nkise representam a

mesma coisa, somente em línguas diferentes.

Orixá é um centro de força extraída da natureza e encaminhada para nosso

caminho. É um Deus, uma luz.

8) Quantos e quais Orixás são cultuados em sua nação?

R: Dentro da nossa nação são cultuados muitos Orixas, mas podemos

aqui citar os 16 principais: ESHU, OGUN, ODÉ, OSSAIN, LOGUNEDÉ,

OMULU, OSUMARE, SANGO, OXUM, OYA, EWÁ, OBÁ, NANÃ, IROKO,

IYEMONJA, OSALA.

9) Todos esses Orixás que integram a panteão de sua nação, podem ser tidos como

Orixás da Umbanda?

R: Não. Não podem.

10) A manifestação e o desenvolvimento mediúnico são as bases da Umbanda. Pois

é através da mediunidade de incorporação que os espíritos deixam suas

mensagens, dão seus avisos, conselhos, realizam seus trabalhos, etc. No

Candomblé, há manifestação mediúnica? Em caso positivo, essa manifestação é

idêntica a que ocorre na Umbanda?

R: No Candomblé ocorre um transe, no qual somos de certa forma

possuídos pela energia de nosso Orixá, mas esta manifestação é

bastante sutil, pois é apenas uma energia encantada.

Diferente da Umbanda, em que ocorre uma incorporação de um

espírito.

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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11) O Orixá que se manifesta no Iyaô durante a roda de Candomblé é um espírito?

R: Não, trata-se apenas de uma vibração de seu Orixá.

12) Quando o Iyaô está manifestado pelo Orixá, ele age como as entidades da

Umbanda? (Fala, dá passe, risca ponto, bebe, fuma, etc).

R: Não, apenas dança a seu ritmo batido no tambor. Beber e fumar, por exemplo,

são situação que nós humanos utilizamos, os guias de umbanda por terem vividos

neste mundo conhecem destas praticas, por isso quando estão incorporados fazem

uso desses elementos. Já os Orixás não, pois eles não tem esse conhecimento. Se

algum dia ver um Iyaô de Nação " em transe" fumando ou bebendo, pode se ter a

clara certeza que Orixa de nação não esta ali e sim, o próprio Iyaô satisfazendo seu

desejo.

13) Como são chamados os Espíritos no Candomblé? Eles participam das rodas?

R: No Candomblé os espíritos são chamados Eguns. Os Eguns tem um culto

especifico chamado “Egungun”, que é realizado em determinadas casas, onde eles

são cultuados. Egun não participa dentro da roda de Candomblé, ele apenas é tido

como um antepassado, ancestral, e por isso é respeitado.

14) O que é a iniciação no Candomblé?

R: Iniciação é um ritual em que a pessoa passa para poder receber a energia de um

Orisa.

15) Quando que o iniciado ganha o título de Babalorixá ou Yalorixá? Quanto tempo

leva suas obrigações até que esteja “pronto”?

R: O iniciado se torna Babalorixa ou Iyalorixa quanto ele completa 7 anos após ter

sido iniciado dentro da religião, ou em casos específicos, onde a pessoa tem uma

missão especial e a mando do próprio Orixá esse tempo é antecipado, mas mesmo

assim, tem que ter passado pelo ritual da iniciação e ter pelo menos 01 ano dentro

da religião.

16) O que é Bori? A Umbanda também pode dar bori em uma pessoa?

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R: O bori, significa EBO = OFERENDA ORI = ORISA RESPONSÁVEL PELA

CABEÇA

Então, bori significa dar comida a orisa da cabeça.

A Umbanda não dá bori, pois não dá culto a ORI.

17) Qual a finalidade do jogo de búzios? Podem existir fundamento de Ifá na

Umbanda?

R: O jogo de búzios é meio que utilizamos para se comunicar com os

Orixás. A Umbanda não possui fundamentos com Ifá, pois a comunicação

se dá diretamente com os guias, quando estão incorporados.

18) Como são tocados os tambores na sua nação?

R: São tocados de acordo com cada orisa, pois cada um possui seu

ritmo.

19) Qual o dialeto que é usado nas cantigas?

R: É utilizado o Yorubá

20) Na sua opinião, pode existir Candomblé que tenha cantigas em português, igual

as da Umbanda?

R: Na Nação Angola, onde se cultua os Nkises, existe uma “qualidade” de culto em

que as cantigas e rezas são realizadas, em grande parte, em português. Isso devido

a colonização portuguesa naquele país.

21) Seguindo a mesma linha de raciocínio, para você, há fundamento para que

terreiros de “Umbanda” cantem em dialeto?

R: Não. Não há nenhum fundamento, pois a Umbanda deve louvar os guias

espirituais que trabalham naquele terreiro. Afinal os guias são entidades

que se comunicam através da língua portuguesa, qual seria o motivo de se cantar

em outra língua?

22) Na sua opinião, é possível um terreiro “misturar” as duas religiões, ora batendo

para um, ora para outro? Ou pior, batendo os dois ao mesmo tempo, com sessões

com mesclam pontos em dialetos e pontos em Yorubá?

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R: Não, pois Umbanda e Candomblé são religiões muito diferentes. Quem conhece

destas religiões, jamais irá fazer qualquer tipo de mistura. Pois Orixá, ser divino e

encantado, jamais se manifesta onde tenha Eguns (espíritos). Tratam-se de forças

praticamente opostas.

23) Qual sua opinião acerca de terreiros em que o Pai/Mãe de Santo é formado na

Umbanda, mas, mesmo assim, realizam raspagem, dá bori, canta em dialeto,

introduz outros orixás, etc.? Quais as conseqüências desses atos, espiritualmente

falando? (Tanto para o sacerdote, quanto para os filhos).

R: As conseqüências são muito grandes. Pois, a Umbanda tem um segmento

muito diferente do Candomblé, afinal se o pai ou a mãe de santo segue

Umbanda, deverá se ater aos rituais de Umbanda. Raspagem, bori, etc

são rituais específicos do Candomblé, só podem utilizar-se deste recurso

quem passou por ele e tem autonomia para executa-lo, afinal para estes

rituais existem rezas e atos sagrados, que somente quem já passou sabe.

24) É possível alguém que nunca freqüentou efetivamente uma roda de santo,

formar uma pessoa no candomblé, dando-lhe, inclusive, o título de Babalorixá ou

Babalaô?

R: Jamais.

25) Qual a finalidade do Adjá? Quem pode utilizá-lo?

R: O Adjá é um instrumento sagrado, usado para chamar o Orixá. Quem utiliza é o

Baba

ou a Iya e os cargos femininos da casa.

26) Existe fundamento para se usar Adjá na Umbanda? Uma entidade (caboclo,

preto velho, baiano, etc.,) pode “bater” Adjá para um Orixá?

R: Não, pois o adja é utilizado para chamar os encantados. A Umbanda

possui seus próprios meios para invocar seus guias, tais como sineta, palmas, etc.

27) Em sua nação é utilizado Pemba? Para quê?

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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R: Não

28) No Candomblé há pontos riscados?

R: Não

29) O que é um Erê?

R: É uma manifestação de um ser infantil, que representa uma alma

pura. É uma espécie de porta voz, mensageiro do Orixá. É por meio do Erê que o

Orixá manda seus recados ao Iyaô. Ele é representado por uma criança, para

demonstrar a inocência.

30) Há semelhanças entre o Erê e os chamados “Cosminhos” da Umbanda?

R: Existe sim, uma pequena semelhança entre Erê e cosminho. Ambas são

entidades crianças. Todavia o Erê é incumbido de representar o Orixá, pois como o

Orixá é uma energia, então o Erê que traz as mensagens, recados, etc.,

diferentemente dos chamados “Cosminhos” ou crianças da Umbanda, que são

entidades como as demais.

31) O Exu do Candomblé é o mesmo Exu que se manifesta na Umbanda?

R: Não, no Candomblé temos o Orixá Exu, que tem as mesmas qualidades

de outro Orixá dentro do panteão, diferente da Umbanda , em que o Exu é tido

como entidade da esquerda. O Exu é o mensageiro dos Orixás, mas ele não

incorpora. Somente recebe as energias do Orixá Exu aquele que é feito para

ele.

32) Qual a serventia da Menga ou Ejé para o Candomblé? Quem realiza a

imolação?

R: O ejé dentro do nosso culto alimenta o Orixá, tornando a sua energia mais

palpável e assim tornando ele pertencente ao nosso mundo. Pois o Orixá é

uma energia que está na natureza. Após a pessoa passar pelo ritual da iniciação

este Orixá se torna parte de nosso mundo físico, ele possui um corpo, e precisa ter

energia física para poder se manter ao nosso lado e assim seguir ao lado do seu

protegido na caminhada terrena. Quem faz a imolação é o Ogã com um cargo

especifico chamado AXOGUN.

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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33) Na sua opinião, há fundamentos para imolação de animais, inclusive de quatro

patas, para Orixás dentro da Umbanda?

R: Na Umbanda não vejo necessidade, pois ao contrário do Candomblé, os espíritos

da Umbanda já passaram por este mundo e estão se desvinculando dele e o ejé os

aproxima mais do mundo físico.

34) Deixe sua mensagem final acerca da importância dos fundamentos de cada

religião e os perigos que existem em misturá-las.

R: Toda religião possui seus encantos e belezas, mas para podermos caminhar

dentro

desta beleza e encanto é preciso saber, conhecer e caminhar dentro daquilo que ela

prega, sem mistificar ou denegrir. E o fundamental de tudo, todas tem o mesmo

objetivo, que é chegar a DEUS e ajudar ao próximo.

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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RILIGIÕES AFRO-INDIGENAS OU AFRO-BRASILEIRAS

Babaçuê Maranhão, Pará

Batuque Rio Grande do Sul

Cabula Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro

Candomblé Em todos estados do Brasil

Culto aos Egungun Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo

Culto de Ifá Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo

Encantaria Maranhão, Piauí, Pará, Amazonas

Omoloko Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo

Pajelança Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas

Quimbanda Em todos estados do Brasil

Tambor-de-Mina Maranhão

Terecô Maranhão

Umbanda Em todos estados do Brasil

Xambá Alagoas, Pernambuco

Xangô do Nordeste Pernambuco

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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As religiões Afro-brasileiras

As religiões afro-brasileiras são muito limitadas em número de seguidores e

popularidade se comparadas com as protestantes ou a católica, porém são

relevantes pelo seu significado, elas são parte da nossa cultura.

Essas religiões surgiram por aqui no período final da escravidão, quando os

africanos daqui tiveram mais contato uns com os outros, assim foi possível a

sobrevivência de alguns costumes africanos, inclusive grupos de culto.

Esse período foi o fim século XIX, quando a única religião tolerada no Brasil era a

católica. Mas como assim? É que os escravos negros fingiam-se de católicos para

uma melhor aceitação na sociedade, inclusive participando de missas católicas.

Mesmo depois que o país foi proclamado República e ainda hoje eles continuaram

dizendo-se como tais pois até hoje as religiões afro-brasileiras sofrem preconceito

do mesmo jeito que o negro sofre, além de perseguições de suas rivais: as igrejas

pentecostais. Por isso em estimativas e censos, essas religiões aparecem com um

reduzido número de seguidores se comparado com o real.

Embora agora o país esteja num clima de liberdade religiosa, os maiores disfarces

de seguidores destas religiões são o catolicismo e o espiritismo. O catolicismo

denominava-as inclusive “baixo-espiritismo” pois era importante que ela não

estivesse vinculada a outras religiões que pudessem “denegri-la” perante os

possíveis novos seguidores. No entanto, lideranças afro-brasileiras vêm

empenhando-se na dessincretização das religiões afro-brasileiras com outras,

contribuindo para que elas tenham uma maior identidade.

As religiões afro-brasileiras adotam nomes diferentes porque sua formação deu-se

em diferentes momentos históricos e localização geográfica. Além do nome, suas

diferenças incluem rituais e versões mitológicas distintas que derivam de tradições

diversificadas.

Atualmente essas religiões são consideradas expressões culturais da negritude e

parte do Movimento Negro, embora o número de brancos seja crescente incluindo

até mesmo descendentes de japoneses e coreanos que aderem ao candomblé e a

umbanda.

Referências Bibliográficas: Ref 1:

http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/seguidor.doc

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DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO, UMBANDA E RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

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Ref 2: GAARDER, Jostein. O livro das Religiões com apêndice de Antônio Flávio

Pierucci. São Paulo: Companhia das Letras, 2001

Candomblé

O Candomblé incorporou muitos elementos do Catolicismo pois este já era

apresentado na África para uma posterior conversão. Orixás são parecidos com

Santos Católicos e o crucifixo também foi incorporado. Nas senzalas, negros

colocavam por baixo de estátuas de santos os artefatos do candomblé. Porém, a

Igreja Católica o considera uma religião pagã e o condenou bruxaria.

O Candomblé já vigora desde o fim da escravatura em 1888 e conta com seguidores

de todas as classes sociais. Censos recentes mostram que aproximadamente 3

milhões de brasileiros declararam ser adeptos do candomblé, apesar de até 70

milhões participarem de seus rituais, pois essa religião é entrelaçada com outras

(sincretismo religioso), ou seja, muitas pessoas de outras religiosidades participam

de seus cultos. Suas características como festas, orixás e rituais são parte do

folclore brasileiro.

Ele se caracteriza por sua mágica e seus rituais, fugindo a ética catolicista. Ele não

prioriza a salvação em outro mundo, mas sim, a interferência de suas divindades

(orixás) de um mundo sobrenatural neste mundo. Sua base são práticas e rituais,

regras de comportamento, com um pluralismo de deuses não moralistas, por isso é

considerado uma religião aética (desprovida de princípios éticos gerais ou um código

de conduta geral).

As divindades do Candomblé são os orixás, personalidades diferentes que se

comportam de maneiras diversas, com qualidades e defeitos (não são perfeitos

como as divindades de outras religiões monoteístas). Por meio do jogo de búzios, e

dos pais ou mães de santo, cada adepto se identifica com um orixá, procurando

imitá-lo à melhor maneira possível. Assim, o bem e o mal são definidos de modo

diferente de orixá para orixá, não sendo o mesmo para todos da religião. Os poderes

e habilidades de cada um e o modo e a área em que interferem nesse mundo na

vida de seus respectivos fiéis também muda entre eles. A meta dos fiéis é se

sentirem identificados com suas divindades, adequando seu comportamento ao do

orixá.

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Na África, há em média 400 orixás, porém, no Brasil, pouco mais de vinte foram

registrados. Mesmo assim, tem rica série de narrações míticas e elementos

marcantes na cultura brasileira.

Sua prática ocorre em casas de candomblé registradas.

Referências Bibliográficas:

http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/seguidor.doc

GAARDER, Jostein. O livro das Religiões com apêndice de Antônio Flávio Pierucci.

São Paulo: Companhia das Letras, 2001

Umbanda ou Macumba, a “religião brasileira”

A umbanda é tida como uma religião afro pela maioria das pessoas, mas apesar de

suas raízes terem em parte vindo da África, ela nasceu no Brasil, Rio de Janeiro

(1920) e consiste em uma mistura de características do catolicismo com religiões

afro e indígenas, cardecismo e pajelança. Mesmo advindo da fusão de religiões de

diferentes locais, a umbanda não possui nenhum tipo de similar em lugar além do

Brasil, pois foi só nele que se deu o encontro de portugueses com espanhóis e

africanos.

Do catolicismo, veio a crença num Deus, do cardecismo, a crença em entidades

espirituais, das religiões afro a crença em orixás e do indígena um chefe chamado

caboclo que encarna o espírito indígena. Mas a mensagem única é a caridade, a

humildade, a paz e o amor fraternal.

A umbanda ficou conhecida como “baixo espiritismo” porque seu método de culto é

a comunicação com os mortos, os espíritos que se manifestam nos corpos dos vivos

prestando caridade: intercedem em sua saúde e evolução espiritual, a meta dos

seus praticantes.

Mas assim como crêem nos espíritos bons, admitem a crença nos maus, daí surge a

quimbanda, o lado oculto umbanda, chamado bruxaria pois os espíritos invocados

estão no último degrau da evolução espiritual.

A meta da umbanda tem sido tornar-se universal, uma religião para todos que não

busca o reconhecimento de suas raízes como africanas, ao contrário do candomblé,

mostrando-se multiétnica e declarando sua origem como brasileira. Inclusive

abandonou o uso da língua afro e práticas com morte de animais e sangue. Pode-se

verificar a sua prática da classe baixa a classe alta da população, existindo casas de

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umbanda até mesmo nos Estados Unidos. E ela tem se esforçado para penetrar

cada vez mais no povo abrindo seus braços e oferecendo magia para todos.

Referências Bibliográficas:

http://www.umbandabrasil.com.br/umbanda.asp

http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/umbanda.htm

GAARDER, Jostein. O livro das Religiões com apêndice de Antônio Flávio Pierucci.

São Paulo: Companhia das Letras, 2001

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