historia das religioes

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Religiões Afro-Brasileiras: São consideradas Religiões Afro-Brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas religiões africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos. • Candomblé • Umbanda • Batuque • Catimbó • Culto aos Egungun • Culto de Ifá • Jurema sagrada • Quimbanda • Macumba • Tambor de Mina • Xangô do Nordeste • Xambá As Religiões Afro-Brasileiras são relacionadas com a Religião Yorubá e outras Religiões africanas, e diferentes das Religiões Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu. A língua oficial nos cultos Kétu, Ègbá, Ifón e Ìjèsà, é o Yorùbá, que apesar disso é também muito utilizada nos cultos de origem Angola e Jeje, que são oriundos de países e culturas diferentes. A religião afro-brasileira, trazida por africanos ou originada de tradições culturais de povos que entraram no Brasil como escravos, nem sempre foi professada livremente. Sua organização e expressão foram impedidas no período colonial pela Inquisição, que atuou em Portugal de 1536 a 1820, punindo os "crimes contra a fé", e quando foi encarada como feitiçaria e prática diabólica. No Império, embora tenha havido mais liberdade, foi encarada como divertimento de negro, sujeito à autorização da autoridade, e a ser perseguido como feitiçaria e curandeirismo, objeto de penalidade em Códigos de Postura municipais, como os de São Luís (1866), Codó (1848) e Guimarães (1856), estabelecidos no reinado de D. Pedro II. Depois da proclamação da República, apesar da apregoada "liberdade de crença", os terreiros continuaram a ser considerados como casas de diversão (por causa da realização de festas,

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  • Religies Afro-Brasileiras:

    So consideradas Religies Afro-Brasileiras, todas as religies que tiveram origem nas

    religies africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.

    Candombl

    Umbanda

    Batuque

    Catimb

    Culto aos Egungun

    Culto de If

    Jurema sagrada

    Quimbanda

    Macumba

    Tambor de Mina

    Xang do Nordeste

    Xamb

    As Religies Afro-Brasileiras so relacionadas com a Religio Yorub e outras Religies

    africanas, e diferentes das Religies Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu.

    A lngua oficial nos cultos Ktu, gb, Ifn e js, o Yorb, que apesar disso tambm

    muito utilizada nos cultos de origem Angola e Jeje, que so oriundos de pases e culturas

    diferentes.

    A religio afro-brasileira, trazida por africanos ou originada de tradies culturais de povos

    que entraram no Brasil como escravos, nem sempre foi professada livremente. Sua

    organizao e expresso foram impedidas no perodo colonial pela Inquisio, que atuou em

    Portugal de 1536 a 1820, punindo os "crimes contra a f", e quando foi encarada como

    feitiaria e prtica diablica. No Imprio, embora tenha havido mais liberdade, foi encarada

    como divertimento de negro, sujeito autorizao da autoridade, e a ser perseguido como

    feitiaria e curandeirismo, objeto de penalidade em Cdigos de Postura municipais, como os

    de So Lus (1866), Cod (1848) e Guimares (1856), estabelecidos no reinado de D. Pedro II.

    Depois da proclamao da Repblica, apesar da apregoada "liberdade de crena", os terreiros

    continuaram a ser considerados como casas de diverso (por causa da realizao de festas,

  • rituais com toque e dana etc), acusados da realizao de prticas mgicas e curandeirismo,

    enquadrados como crime no Cdigo Penal brasileiro de 1890 e posteriores, e passaram a ser

    tambm acusados de crimes contra a sade pblica, sendo encarados como centros geradores

    de loucura (em virtude de o transe ser visto por eles como uma alucinao, como um estado

    mrbido). Em decorrncia disso, a religio afro-brasileira enfrentou por muitas dcadas severo

    controle e perseguio da polcia e de rgos governamentais. Hoje, apesar das conquistas

    realizadas, continua sendo encarada de forma preconceituosa, o que impede que os terreiros

    recebam do poder pblico o mesmo tratamento que dispensado a outras religies e tem

    levado muitos dos seus adeptos a negar a sua crena e a sua vinculao a terreiros. O

    preconceito contra a religio afro-brasileira encorajou tambm prticas discriminatrias de

    catlicos (principalmente no passado), de espritas (apesar de o espiritismo ter sido tambm

    enquadrado nos Cdigos Penais brasileiros de 1890 a 1940) e de evanglicos (hoje

    principalmente pela Igreja Universal do Reino de Deus - IURD). Entre os fatores determinantes

    dessa situao enfrentada pela religio afro-brasileira tm sido apontados:

    1) a sua associao escravido, que aparece como uma marca negativa irremovvel e que

    tem justificado para muitos a sua "estigmatizao"; e,

    2) a falta de conscientizao de seu carter de religio por muitos dos seus ministros e

    adeptos que so tambm catlicos praticantes, que os levam a considerar a religio afro-

    brasileira: uma obrigao sria e penosa, deixada por ancestrais a afrodescendentes; um culto

    s entidades espirituais que protegem especificamente os negros (vodus, orixs e outros

    encantados - os santos dos negros); e, s vezes, uma forma de afrodescendentes cultuarem

    santos catlicos. O preconceito e a discriminao contra a religio afro-brasileira tm sido

    denunciados e combatidos em diferentes pocas, com estratgias diversas.

    Candombl:

    Il Ax Iya Nass Ok - Terreiro da Casa Branca - casa mais antiga de Salvador Bahia

    Candombl uma das Religies Afro-Brasileiras praticadas principalmente no Brasil mas

    tambm em pases adjacentes como Uruguai, Argentina, e Venezuela.

    A religio foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que

    foram escravizados e trazidos da frica para o Brasil, juntamente com seus Orixs/Inquices/

    Voduns, sua cultura, e seus dialetos, entre 1549 e 1888.

    Embora confinado originalmente populao de escravos, proibido pela igreja Catlica, e

    criminalizado mesmo por alguns governos, o candombl prosperou nos quatro sculos, e

    expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. agora uma das religies

    principais estabelecidas, com seguidores de todas as classes sociais e dezenas de milhares de

    templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhes de brasileiros (1,5% da

    populao total) declararam o candombl como sua religio. Na cidade de Salvador existem

    2.230 terreiros registrados na Federao Baiana de Cultos Afro-brasileiros. Entretanto, na

  • cultura brasileira as religies no so vistas mutuamente como exclusivas, e muitos povos de

    outras crenas religiosas at 70 milhes, de acordo com algumas organizaes culturais

    Afro-Brasileiras participam em rituais do candombl, regularmente ou ocasionalmente.

    Orixs do Candombl, os rituais, e as festas so agora uma parte integrante da cultura e uma

    parte do folclore brasileiro.

    O Candombl no deve ser confundido com Umbanda e Macumba, duas outras religies

    Afro-Brasileiras com similar origem; e com religies Afro-derivadas similares em outros pases

    do Novo Mundo, como o Voo doo Haitiano, a Santeira Cubana, e o Obeah, os quais foram

    desenvolvidos independentemente do Candombl e so virtualmente desconhecidos no Brasil.

    Naes

    Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos tnicos, incluindo os Yoruba, os Ewe,

    os Fon, e os Bantu. Como a religio se tornou semi-independente em regies diferentes do

    pas, entre grupos tnicos diferentes, evoluram diversas "divises" ou naes, que se

    distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divinda-des veneradas, o atabaque

    (msica) e a lngua sagrada usada nos rituais.

    A lista seguinte uma classificao pouco rigorosa das principais naes e sub-naes, de

    suas regies de origem, e de suas lnguas sagradas:

    Nag ou Iorub

    Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos estados - Lngua Yoruba (Iorub ou Nag em

    Portugus)

    Efan na Bahia, Rio de Janeiro e So Paulo

    Ijex principalmente na Bahia

    Nag Egb ou Xang do Nordeste no Pernambuco, Paraba, Alagoas, Rio de Janeiro e So

    Paulo

    Mina-nag ou Tambor-de-Mina no Maranho

    Xamb em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).

    Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo, Gois,

    Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Kikongo e Kimbundo lnguas.

    Candombl de Caboclo (entidades nativas ndios)

    Jeje A palavra Jeje vem do yorub adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Nunca existiu

    nenhuma nao Jeje na frica. O que chamado de nao Jeje o candombl formado pelos

    povos fons vindo da regio de Dahom e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma

    pejorativa pelos yorubs para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma

    tribo do lado leste e Saluv ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluv ou Savalu, na

  • verdade, vem de "Sav" que era o lugar onde se cultuava Nan. Nan, uma das origens das

    quais seria Bariba, uma antiga dinastia originria de um filho de Odudu, que o fundador de

    Sav (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Ashantis

    era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje.(Bahia, Rio de Janeiro e So Paulo) -

    lngua Ewe e lngua Fon (Jeje)

    Jeje Mina lngua Mina So Luiz do Maranho

    Babau no Par

    Crenas

    Candombl no uma religio politesta, embora alguns defendam que cultua um deus

    principal (Olorum/Zambi/Mawu) e, na prtica diria, outros deuses. Os

    Orixs/Inquices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas, cnticos, danas e

    roupas especiais. Ento, podemos dizer que o Candombl uma crena em diversas

    divindades, tendo um Deus maior e criador.

    os Orixs da Mitologia Yoruba foram criados por um deus supremo, Olorun (Olorum) dos

    Yoruba;

    os Voduns da Mitologia Fon ou Mitologia Ewe, foram criados por Mawu, o deus supremo

    dos Fon;

    os Inquices da Mitologia Bantu, foram criados por Zambi, Zambiapongo, deus supremo e

    criador.

    O Candombl cultua, entre todas as naes, umas cinquenta das centenas de deidades

    ainda cultuadas na frica. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, so doze as mais

    cultuadas. O que acontece que algumas divindades tm "qualidades", que podem ser

    cultuadas como um diferente Orix/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Ento, a lista de

    divindades das diferentes naes grande, e muitos Orixs do Ketu podem ser "identificados"

    com os Voduns do Jej e Inquices dos Bantu em suas caractersticas, mas na realidade no so

    os mesmos; seus cultos, rituais e toques so totalmente diferentes.

    Orixs tm individuais personalidades, habilidades e preferncias rituais, e so conectados

    ao fenmeno natural especfico (um conceito no muito diferente do Kami do japons

    Xintosmo). Toda pessoa escolhida no nascimento por um ou vrios "patronos" Orix, que

    um babalorix identificar. Alguns Orixs so "incorporados" por pessoas iniciadas durante o

    ritual do candombl, outros Orixs no, apenas so cultuados em rvores pela coletividade.

    Alguns Orixs chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criao do mundo, tambm

    no so incorporados.

    Sincretismo

  • No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus Orixs, Inkices e Voduns

    usaram como camuflagem um altar com imagens de santos catlicos e por baixo os

    assentamentos escondidos, segundo alguns pesquisadores este sincretismo j havia comeado

    na frica, induzida pelos prprios missionrios para facilitar a converso.

    Depois da libertao dos escravos comearam a surgir as primeiras casas de candombl, e

    facto que o candombl de sculos tenha incorporado muitos elementos do Cristianismo.

    Crucifixos e imagens eram exibidos nos templos, Orixs eram freqen-temente identificados

    com Santos Catlicos, algumas casas de candombl tambm incorporam entidades caboclos,

    que eram consideradas pagans como os Orixs.

    Mesmo usando imagens e crucificos inspiravam perseguies por autoridades e pela Igreja,

    que viam o candombl como paganismo e bruxaria.

    No ltimos anos, tem aumentado um movimento "fundamentalista" em algumas casas de

    candombl que rejeitam o sincretismo aos elementos Cristos e procuram recriar um

    candombl "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos Africanos.

    Rituais

    O ritual do Candombl (toque, festa) tem duas partes: a preparao, que comea uma

    semana antes de cada festa, com muita gente na casa lavando, passan-do, cozinhando,

    limpando e enfeitando, quando voc entra no barraco e v as bandei-rinhas no teto da cor do

    Orix que est sendo homenageado, algum teve que comprar, cortar e colar as bandeirinhas

    e coloc-las no lugar para que o barraco fique bonito. Durante a semana diversas obrigaes

    so feitas, de acordo com a determina-o do jogo de bzios, animais so sacrificados Exs,

    Eguns e aos Orixs homena-geados. Os animais tem que ser limpos e preparados por algum,

    pois ser servido uma parte para os Orixs e outra parte para todos os presentes na festa. Na

    "parte pblica" que a festa, os filhos-de-santo (iniciados) danam e entram em transe

    "incorporando" seu Orix. O babalorix evoca cantigas que lembram os feitos do Orix e este

    executa uma dana simblica recordando seus atributos. A cerimnia termina com um

    banquete.

    A msica do Candombl uma parte essencial do ritual; ela deriva da msica africana e

    teve uma influncia forte em outros estilos brasileiros (no religiosos) da msica popular

    brasileira.

    Templos

    Os Templos de Candombl so chamados de casas, roas ou Terreiros. As casas podem ser

    de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:

    Casas pequenas, que so independentes, possudas e administradas pelo babalorix ou

    ialorix dono da casa e pelo Orix principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono,

    a sucesso na maioria das vezes feita por parentes consanguineos, caso no tenha um

  • sucessor interessado em continuar a casa desativada. No h nenhuma administrao

    central.

    Casas grandes, que so organizadas tem uma hierarquia rgida, no de propriedade do

    sacerdote, nem toda casa grande tradicional, uma Sociedade Civil ou Beneficente.

    Casas de linhagem matriarcal: (s mulheres) assumem a liderana da casa como Iyalorix.

    Il Ax Iy Nass Ok - Casa Branca-Engenho Velho - considerada a primeira casa a

    ser aberta em Salvador, Bahia

    Il Iy Omi Ax Iymase do Gantois - Terreiro do Gantois - Salvador, Bahia

    Il Ax Op Afonj - Op Afonj - Salvador, Bahia

    Il Maroialaji - Terreiro do Alaketu - Salvador, Bahia

    Zoogod Bogum Mal Rond - Terreiro do Bogum - Salvador, Bahia

    Querebentan de Zomadnu - Casa das Minas - fundada +/- 1796 - So Luiz, Maranho

    Terreiro So Jorge Filho da Gomia - Terreiro do Porto - Lauro de Freitas, Bahia

    Casas de linhagem patriarcal: (s homens) assumem a liderana da casa como Babalorix

    no Culto aos Orix ou Babaoj no Culto aos Egungun.

    Il Agboul - Ilha de Itaparica

    Sociedade Cultural e Religiosa Il Axip - Il Axip - Salvador, Bahia

    Casas de linhagem mista: tanto homens como mulheres podem assumir a liderana da

    casa.

    Il Ax Oxumar - Casa de Oxumare - Salvador, Bahia

    Il Ax Od Og - Terreiro Pilo de Prata - Salvador, Bahia

    Ob Ogunt - Sitio de Pai Ado - Recife, Pernambuco

    Kwe Ceja Und - Roa do Ventura - Cachoeira e So Felix, Bahia

    Terreiro da Gomia

    A progresso na hierarquia condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais

    longos da iniciao. Em caso de morte de uma ialorix, a sucessora escolhida, geralmente

    entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatrio Opele-Ifa ou jogo de

  • bzios. Entretanto a sucesso pode ser disputada ou pode no encontrar um sucessor, e

    conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. H somente trs ou quatro casas

    em Brasil que viram seu 100 aniversrio.

    Sacerdcio

    Nas Religies Afro-brasileiras o sacerdcio dividido em:

    Babalorix ou Iyalorix - Sacerdotes de Orixs

    Dot ou Don - Sacerdotes de Voduns

    Tateto e Mameto - Sacerdotes de Inkices

    Babalawo - Sacerdote de Orunmila-Ifa do Culto de If

    Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa

    Babalosaim - Sacerdote de Ossaim

    Babaoj - Sacerdote do Culto aos Egungun

    Lista sacerdotes do candombl

    Umbanda:

    A Umbanda uma religio, ou seja, composta de elementos Divinos (Orixs e Guias);

    Doutrinrios (linhas de atuao, reencarnao, lei do karma, atuao e direcio-namento dos

    mdiuns, assistenciados e guias, composta de princpios (amor, carida-de, respeito ao

    prximo, f); tem rituais (abertura e encerramento das sesses, pontos cantados, feituras);

    tem elementos msticos (a forma de atuao dos Orixs e Guias); elementos divinatrios (jogo

    de bzios); e, de elementos Humanos (seus mdiuns, Babs, Babalorixs, Sacerdotes).

    Cabe salientar que esses elementos so variveis e podem ser vistos com mais ou menos

    intensidade de acordo com a linha doutrinria da casa (Linhas doutrinrias ou Escolas

    Doutrinrias existentes na Umbanda). Como so muitas as ramificaes e suas formas, isso

  • torna difcil agrup-las em suas peculiariedades, ritos, doutrina, fundamentos, filosofia,

    prticas. Pretendemos olhar de maneira geral os elementos mais comuns a cada ramificao

    dentro do possvel.

    A Umbanda uma religio de cunho espiritualista (contato e/ou interferncia de espritos,

    manipulaes magsticas, prticas de cura atravs dos espritos e/ou ervas/poes/conjuros,

    utilizao de elementos ou instrumentos msticos), medinica (instrumento pelo qual a

    prtica religiosa se faz presente, especificamente, a incorpo-rao) que agrega elementos de

    bases africanas (culto aos Orixs e ao esprito dos antepassados: Pretos-Velhos), indgenas

    (Caboclos), que recebeu influncia oriental (indiana, inerente reencarnao, o kharma e o

    dharma), e adquiriu elementos do cristianismo (judasmo) como a caridade, o auxilio ao

    prximo e outros ditos por Jesus Cristo que no sincretismo religioso (associao dos Santos

    Catlicos aos Orixs africanos) consideramos como o Orix Oxal. Tambm recebeu influncias

    do Espiritismo, existindo ramificaes que se baseiam nos escritos de Kardec sem serem, por

    isso, considerados autenticamente espritas, livros doutrinrios, como sendo seus livros de

    aconselhamento e doutrina.

    Origem

    Etimologia:

    Segundo a Linha Doutrinria da Umbanda Esotrica: a maioria das lnguas hoje faladas no

    mundo so heranas de uma lngua me h muito perdida, onde o Snscrito, o Hebraico e o

    Neengatu (Tupi), entre outras, so as suas mais antigas descendentes que conhecemos. Assim

    sendo, para a Umbanda Esotrica e outras Linhas Doutrinas Umbandistas, o termo Umbanda

    tem sua origem nesta antiga lngua me, em que; AUM (UM por contrao na transliterao

    do Snscrito para o portugus, mas que representaria o som do mantra OM), significa Deus,

    ou, que vem de Deus, o Seu Verbo, o Som da Criao, o Ternrio Divino; BAN significa

    Conjunto, e DA ou DAM ou ADM significa Lei ou Regra. Assim, AUMBANDAM ou UMBANDA,

    quer dizer CONJUNTO DAS LEIS DEUS ou LEI MAIOR DIVINA, a LEI MATER, um Mantra, um

    Som Sagrado, pois a sua vibrao sonora imprime no ter a idia da manifestao de Deus e

    Suas Leis de Criao e Evoluo, predispondo quem a pronuncia sentir esta vibrao e

    sintonizar-se com ela.

    Ancestralidade Espiritual:

    A ancestralidade espiritual dentro do conjunto religioso da Umbanda permeia vrias vises

    dependendo da Linha Doutrinria.

    Na viso da Linha Doutrinria da Umbanda Esotrica e de outras escolas a ela relacionadas

    (que no representam uma viso do todo Umbandista, mas apenas uma parte desse todo

    religioso), d a Umbanda origem nos primrdios da humanidade:

  • Em um passado muito distante, onde a histria no conseguiu reunir elementos para

    registros, Escolas Iniciticas alcanaram altos estudos sobre a natureza e suas manifestaes,

    sobre os fundamentos da existncia humana, compreendendo, atravs da Cincia do Verbo, a

    manifestao do Princpio Inteligente Absoluto. Dotados de uma maior sensibilidade psquica,

    estudaram a Alma e sua natureza, a relao dos nmeros com a Criao de Deus, reunindo

    Cincia, Religio, Filosofia e Arte em um s bloco, onde o esforo do conhecimento humano

    no se conflitava e nem se dispersava. Mas, devido ao fenmeno da transmigrao das almas,

    o conhecimento transmitido foi sofrendo alteraes em suas bases originais, chegando a um

    ponto de se ter a chave e no saber entrar. Personificava-se e dava-se aspecto teatral aos

    Princpios Divinos para que, aqueles que no compreendiam aquilo que precisava ser sentido

    em esprito, conseguissem digerir um conhecimento com um sabor mais agradvel sua

    capacida-de intelectiva. Ainda podemos ver alguma coisa desses esforos nas mitologias dos

    povos da ndia, da frica, da Grcia e das Amricas.

    Nos tempos ureos da raa vermelha, estes conhecimentos fizeram a felicidade de muitas

    almas, a fonte jorrava e muitos puderam beber, saciando uma sede inerente ao ser humano.

    Negros, Brancos e Amarelos tambm tiveram acesso a esta fonte, contribuindo para a

    fragmentao de um conhecimento que deu suporte espiritual a existncia de um povo por

    muitos e muitos anos.

    O homem j atingiu por diversas vezes adiantados estgios de cultura e desen-volvimento

    espiritual, e a dificuldade de se comprovar estas conquistas deve-se a constantes alteraes na

    geografia do planeta causadas por cataclismas peridicos que em geral apagam os vestgios

    das culturas anteriores aos mesmos, alm da ignorncia e do preconceito do homem, que

    destri o que no conhecem. Mesmo assim muitos destes conhecimentos chegaram at ns

    nos dias de hoje, embora fragmentados, cabendo a ns o esforo de reunir estes fragmentos,

    redescobrir o que foi perdido e organizar o que nos for revelado.

    A tradio religiosa do Oriente, da frica e das Amricas, contm fragmentos desta Cincia

    Me, e hoje, a Umbanda no Brasil, solo frtil para o trabalho de reunir esses fragmentos,

    selecionando e organizando as verdadeiras peas que um dia fizeram parte da estrutura da

    Tradio Antiga do Saber Humano.

    Atualmente, a Umbanda est encarregada de fazer esta corrente interpenetrar o campo

    astral e humano do Brasil, e UMBANDA foi a palavra de fora que abriu os caminhos dos

    espritos "ponta de lana", pois Ela expressa a sntese da Cincia Espiritual, levando a

    mensagem do Cristo aos terreiros, aos centros, as cabanas, etc., encontrando, de incio, forte

    resistncia por fora de uma tradio religiosa, mas que aos poucos foi cedendo, dando espao

    aos espritos que foram arregimentados para o trabalho nesta corrente por questes de

    afinidades espirituais, provando que na seara do Cristo, todos tem oportunidade ao trabalho,

    onde no h discriminao e nem preconceito, onde permeia a humildade e a simplicidade ,

    que exemplarmente Jesus viveu.

    Surgimento no Brasil:

  • Existem algumas verses para origem da Umbanda no Brasil.

    Tentaremos mostrar uma face dessa origem, salientando que no importa as formas variveis

    da origem, e sim, como ela atua e o que tm em comum: sua essncia. (O incio do movimento

    Umbandista se coloca entre a primeira e a segunda metade do sculo XIX, junto ao

    candombl.) -- errado A Umbanda, uma religio 100 % brasileira, veio ao plano fsico trazida

    pelo Caboclo Sete Encruzilhadas, atravs do medium Zelio de Moares, no distrito das Neves

    em Niteroi-RJ, em novembro de 1911. (Os negros nas senzalas cantavam e danavam em

    louvor aos Orixs, embora aos olhos dos brancos eles estavam comemorando os Santos

    catlicos. Em meio a essas comemoraes eles comearam a incorporar espritos ditos Pretos-

    Velhos (reconhecidos como espritos de ancestrais, sejam de antigos Babalas, Babalorixs,

    Yalorixs e antigos "Pais e Mes de senzala": escravos mais velhos que sobreviveram senzala

    e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religio da distante frica) que

    iniciaram a ajuda espiritual e o alvio do sofrimento material, queles que estavam no

    cativeiro.)

    Embora houvesse uma certa resistncia por parte de alguns, pois consideravam os espritos

    incorporados dos Pretos-Velhos como Eguns (esprito de pessoas que j morreram e no so

    cultuados no candombl), tambm houve admirao e devoo.

    Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenrio e

    posteriormente a Lei urea, comeou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros.

    Em alguns Candombls tambm comearam a incorporar Caboclos (ndios das terras

    brasileiras como Pajs e Caciques) que foram elevados categoria de ancestral e passaram a

    ser louvados. O exemplo disso so os ditos "Candombls de Caboclo". Muito comuns no norte

    e nordeste do Brasil at hoje.

    No incio do sec. XX surgiram as Macumbas no sudeste do Brasil, mas precisamente no Rio

    de Janeiro (sendo que tambm existiam em So Paulo) que mesclavam ritos Africanos, um

    sincretismo Afro-catlico e outros mistos magsticos e influncias espritas (kardecistas). Isso

    era feito isoladamente, por indivduos e seus guias, ou em grupamentos liderados pelo

    Umbanda ou embanda que era o chefe de ritual.

    De certa forma, com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que no se enquadrava no

    catolicismo, protestantismo, judasmo ou no espiritismo, era considera-do macumba. Virou um

    termo pejorativo e as pessoas que a praticavam, o que podemos rotular como uma "Umbanda

    rudimentar", no estavam muito interessadas ou preocupadas em dar-lhe um nome. Porm, o

    termo Umbanda j era utilizado dentro de uma forma de culto ainda meio dispersa e sem uma

    organizao precisa como vemos hoje.

    A mais antiga referncia literria e denotativa ao termo Umbanda de Heli Chaterlain,

    Contos Populares de Angola, de 1889. L aparece a referncia palavra Umbanda.

  • UMBANDA: Banto - Kimbundo = arte de curar.

    Segundo Heli Chatelain, tem diversas acepes correlatas na frica (ref.: Cultura Bantu):

    1 - A faculdade, cincia, arte, profisso, negcio:

    1a) de curar com medicina natural (remdios) ou sobrenatural (encantos);

    1b) de adivinhar o desconhecido pela consulta sombra dos mortos ou dos gnios,

    espritos que no so humanos nem divinos;

    1c) de induzir esses espritos humanos que no so humanos a influenciar os homens e a

    natureza para o bem ou para o mal;

    Com o passar do tempo a Umbanda foi se individualizando e se modificando em relao ao

    candombl, ao Catolicismo e ao Espiritismo. Atravs dos Pretos-Velhos e Caboclos, que

    guiaram seus "cavalos" (mdiuns), a Umbanda foi adquirindo forma e contedo prprios e

    caractersticos (identidade cultural e religiosa) e que a difencia daquela "Umbanda

    rudimentar" ou Macumba.

    A incorporao de guias tambm ocorreu em outras religies como no Candombl de

    Caboclos ( desde de 1865 - as primeiras manifestaes de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros,

    Crianas e Pretos-velhos aconteceram dentro do Candombl de Caboclos ), no Catimb, no

    Espiritismo. Em 1908 (outros relatos dizem 1920), na Federao Esprita, em Niteri, um jovem

    de 17 anos, Zlio Fernandino de Moraes, foi convidado a participar da Mesa Esprita. Ao serem

    iniciados os trabalhos, manifesta-ram-se em Zlio espritos que diziam ser de ndio e escravo.

    O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que no passavam de espritos

    atrasados (sem doutrina).

    As entidades deram seus nomes como Caboclo das Sete encruzilhadas e Pai Antnio. No dia

    seguinte, as entidades comearam a atender na residncia de Zlio todos queles que

    necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda esprita Nossa Senhora da Piedade.

    Zlio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Bsico" (voltado caridade, assistencial,

    sem cobrana e sem fazer o mal e priorisando o bem), uma forma "bsica de culto" (muito

    simples), mas aberta juno das formas j existentes (ao prprio Candombl nos cultos

    Nags e Bantos, que deram origem s Umbandas mais africanas - Umbanda Omoloko,

    Umbanda de pretos-velhos-; ou aquelas formas mais vinculadas ao espiritismo - Umbanda

    Branca-; ou aquelas formas oriundas da Pajelana do ndio brasileiro - Umbanda de Caboclo -;

    ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Grard Anaclet Vincent Encausse -,

    esoterismo teosfico de Madame Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph

    Alexandre Saint-Yves dAlveydre - Umbanda Esotrica, Umbanda Inicitica, entre outras) que

    foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificaes da Umbanda com suas

    prprias doutrinas, ritos, preceitos, cultura e caractersticas prprias dentro ou inerentes

    prtica de seus fundamentos.

  • Hoje temos vrias ramificaes da Umbanda (Linhas Doutrinrias) que guardam razes

    muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram caractersticas de outras religies,

    mas que mantm a mesma essncia nos objetivos de prestar a caridade, com humildade,

    respeito e f.

    Alguns exemplos dessas ramificaes so:

    Umbanda Popular - Que era praticada antes de Zlio e conhecida como Macumbas ou

    Candombls de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo - Santos Catlicos

    associados aos Orixas Africanos;

    Umbanda tradicional - Oriunda de Zlio Fernandino de Moraes;

    Umbanda Branca e/ou de Mesa - Com um cunho esprita - "kardecista" - muito expressivo.

    Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, no encontramos elementos Africanos - Orixs -,

    nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilizao de elementos como atabaques, fumo,

    imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos,

    pretos-velhos e crianas. Tambm podemos encontrar a utilizao de livros espritas como

    fonte doutrinria;

    Umbanda Omolok - Trazida da frica pelo Tat Trancredo da Silva Pinto. Onde

    encontramos um misto entre o culto dos Orixs e o trabalho direcionado dos Guias;

    Umbanda Traada ou Umbandombl - Onde existe uma diferenciao entre Umbanda e

    Candombl, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candombl em

    sessoes diferenciadas. No feito tudo ao mesmo tempo. As sesses so feitas em dias e

    horrios diferentes;

    --200.103.116.18 23:06, 28 Agosto 2005 (UTC)

    Umbanda Esotrica - diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno,

    Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a

    Aumbhandan: "conjunto de leis divinas";

    Umbanda Inicitica - derivada da Umbanda Esotrica e foi fundamentada pelo Mestre

    Rivas Neto (Escola de Sntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde h a busca de

    uma convergncia doutrinria (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de

    Convergncia e Sntese. Existe uma grande influncia Oriental, principalmente em termos de

    mantras indianos e utilizao do sanscrito;

    Umbanda de Caboclo - influncia do cultura indgina brasileira com seu foco principal nos

    guias conhecidos como "Caboclos";

    Umbanda de pretos-velhos - influncia da cultura Africana, onde podemos encontrar

    elementos sincrticos, o culto aos Orixs, e onde o comando e feito pelos pretos-velhos;

  • Outras formas existem, mas no tm uma denominao apropriada. Se diferen-ciam das

    outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda no foram

    classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.

    Os Fundamentos

    A Umbanda se fundamenta nos seguintes conceitos:

    Um Deus nico e superior Zmbi, Olorum ou simplesmente Deus - Em sua benevoln-cia e

    em sua fora emanada atravs dos Orixs e dos Guias, auxiliando os homens em sua

    caminhada para a elevao espiritual e social.

    Os Orixs

    Os Orixs no so Deuses como muitas pessoas podem conceber como em outras religies,

    mas sim Divindades criadas por um nico Deus: Olorun (dentro da corrente Nag) ou Zambi

    (dentro da corrente Bantu).

    Na Umbanda Esotrica e Inicitica temos a seguinte interpretao:

    Os Orixs so vibraes de Deus, vem Dele, mas no so Ele, so princpios irradiados da

    Suprema Inteligncia, regem a Criao e a Evoluo em todo o Cosmos. Sete so as vibraes,

    que imprime na natureza um ritmo setenrio que pode ser visto nas cores, no som, nas

    formas, nos seres e em todos os elementos da natureza . So os Sete Espritos de Deus, e os

    termos que o definem so os seguintes: ORIXAL, OGUM, YEMANJ, XANG, OXOSI, YORI e

    YORIM.

    Na Umbanda (de uma maneira geral, pois existem variaes referentes s diversas

    ramificaes existentes), os Orixs so cultuados como divindades de um plano astral superior,

    ARUANDA, que na Terra representam s foras da natureza (muitas vezes confunde-se a fora

    da natureza com o prprio Orix):

    Oxum as guas doces; Iemanj as guas salgadas; Ians os ventos, chuvas fortes, os

    relmpagos; Xang a fora do trovo e o fogo provocado pelos relmpagos etc.

    A cada Orix est associada uma personalidade e um comportamento diante do mundo e

    com seus filhos, os quais so seus protegidos e uma parte das emanaes do Orix presentes

    no Or ou Camatu (Camatua) desses filhos.

    Orix, dentro do culto Umbandista (de uma maneira geral) no so incorporados (no se

    incorpora o fogo de Xang, os ventos de Ians, as guas doces de Oxum). O que se v dentro

    dos vrios terreiros, centros, tendas etc, so os Falangeiros dos Orixs (ou tambm conhecidos

    como encantados); ou seja, espritos (no reencarna-cionais) de grande luz espiritual que vm

    trabalhar sob as Ordens de um determinado Orix; de outro lado existem os capangueiros de

  • Orixs que so Caboclos que trabalham em nome dos Orixs, como: Caboclo Ogum Beira-Mar,

    Caboclo Ogum Yara, etc. Em algumas casas existe uma confuso entre o que o Orix e o que

    capangueiro, conundindo os capangueiros com os Orixs.

    Existe a compreenso do trabalho dos Orixs na Umbanda em suas diversas Linhas

    Doutrinrias. Variando a forma como esse trabalho feito e os Orixs que as compem. Em

    algumas Linhas doutrinrias existe a crena em Sete Linhas de

    Trabalho com os Orixs que seriam:

    Concepes da Linha Doutrinria de Umbanda Popular:

    Tipo I

    Linha de Oxal ou Obatal

    Linha de Ogum

    Linha de Yemanj

    Linha de Xang

    Linha de Oxossi

    Linha de Africana

    Linha de Oriental

    Tipo II

    Linha de Oxal ou Obatal

    Linha de Ogum

    Linha de Oxum

    Linha de Xang

    Linha de Oxossi

    Linha das Almas

    Linha de Obaluay

  • Tipo III

    Linha de Oxal ou Obatal

    Linha de Ogum

    Linha das guas

    Linha de Xang

    Linha de Oxossi

    Linha de So Cipriano

    Linha de Oriente

    Seguindo a determinao do Caboclo das Sete Encruzilhadas, os Orixs de Umbanda so:

    Oxal

    Xang

    Ogum

    Oxssi

    Yemanj

    Ians

    Ex

    Dentro do seguimento da Doutrina da Umbanda Esotrica, temos:

    A partir da Vibrao Original, cada Orix expande-se para sete, e cada um dos sete para

    mais sete, num descenso vibratrio setenrio at chegar ao nosso plano de existncia fsica,

    procedendo-se desta forma uma adaptao das foras divinas a nossa capacidade de absorver

    e suportar Sua irradiao.

    Linha de Orixal

    Linha de Ogum

    Linha de Yemanj

    Linha de Xang

    Linha de Oxossi

    Linha de Yori*

  • Linha de Yorim*

    Na Umbanda Popular e em outras formas, os Orixs foram associados com santos catlicos,

    como:

    Olorun ou Zambi (Deus/Adonai)

    Oxal (Jesus Cristo)

    Yemanj (Nossa Senhora da Glria)

    Ogum (So Jorge)

    Oxum (Nossa Senhora da Conceio)

    Xang (So Jernimo)

    Yans (Santa Brbara)

    Oxssi (So Sebastio)

    Ibeiji (So Cosme e So Damio)

    Exu (Santo Antnio)

    Obs.: * Yori e Yorim so referncias, respectivamente, s Crianas e aos Pretos-Velhos.

    So termos lingsticos prprios, oriundos, da Umbanda Esotrica, no encontrando similar

    lingsticos no Yorub, no Banto ou no Snscrito. Tambm no existe correlao dentro do

    Culto Africano dos Orixs, ou seja, em frica no existem os Orixs Yori e Yorim.

    Os Guias

    Espritos de Luz e plenitude que vm Terra para ensinar e ajudar todas as pessoas,

    encarnadas e desencarnadas.

    Guias: Pretos-Velhos, Caboclos, Marinheiros, Crianas, Baianos, Boiadeiros, Orientais, Exus

    ...

    Os Espritos (generalizao)

    Seres desencarnados que atuam de vrias maneiras no mundo em que vivemos: maneiras

    positivas (so os Guias da Umbanda; os espritos de Luz do Espiritismo - Kardecismo). Maneira

    negativa: espritos malficos ou perdidos (os Kiumbas - nome dado na Umbanda); obsessores

  • ou espiritos sem Luz (nome dado no Espiritismo). Para estes espritos malficos tambm

    damos o nome de EGUNS.

    A Reencarnao

    Ato natural do cliclo de vida (vida - morte - renascimento); aperfeioamento do esprito e

    do propro homem.

    Consiste na crena de que vrias existncias so necessrias para se chegar ao equilbrio

    evolutivo e aos diversos planos da espiritualidade.

    A origem dessa crena indiana e penetrou em vrias religies ao longo dos sculos:

    Religies Hindus, Budismo, Umbanda, Candombl, Espiritismo etc

    O Kharma

    Lei reencarnatria a qual todos estamos subordinados que dita a forma e os meios pelos

    quais ser dado o retorno a um corpo material afim de resgatarmos nosso erros (de existncias

    passadas) e fazer cumprir boas aes (na existncia futura).

    O Kharma, por vzes, ultrapassa as barreiras temporais da materialidade fazendo com que

    o esprito cumpra sua passagem pela Terra no reencarnando, mas sim, como um Guia (Preto-

    Velho, Caboclo, etc; no caso da Umbanda). O qual tem como comprometimento, misso ou

    provao guiar e ajudar os seres humanos e outros espritos.

    Exemplo em termos genricos do Kharma:

    Uma pessoa A que por pura ganncia e egosmo prejudicou a vida de B colocando-a na

    sarjeta e levando-a a cometer atos esprios e em conseqncia a morte, sendo que B morreu

    nutrindo um dio muito grande por A que a prejudicou.

    O Kharma que A poderia ter seria vir (reencarnar) como me de B. E B, por sua vez, poderia

    aceitar um Kharma de vir como filho deficiente de A, para que ambas pudessem cumprir seus

    Kharmas e evoluir e aprenderem juntas o sentido da solidariedade e do amor.

    O Dharma

    De vrias modos os Umbandistas, em geral, vem o Dharma embutido dentro do Kharma e,

    por vzes, fazem referncias ao Dharma em formas de Kharma e vice-versa. Por isso, eu preferi

    fazer a referncia ao Dharma em separado, mas resaltando que no h o Dharma sem o

    Kharma, mas que ambos tm seu prprio significado.

    Lei de conduta na qual o esprito j encarnado, ou no, tangem sua existncia, afim de

    cumprir seus Kharmas. Quando h a quebra do Dharma ou sua deturpao camos em novos

    Kharmas.

  • Exemplo genrico do Dharma:

    Utilizando o exemplo acima, teramos como Dharma de A o cuidado materno que ele teria

    que dar a B como seu filho, o comprometimento e a ateno.

    J o Dharma de B seria o respeito, a ateno e o carinho que ele teria que dar a A como sua

    me.

    A Mediunidade

    a qualidade que algumas pessoas tm para poder interagir com os Espritos (mortos).

    Essa interao pode ser vista como um instrumento; quando essas pessoas se do como

    meio para a ao dos Espritos (Espritos no Espiritismo; Guias na Umbanda). em que o

    mdium podera interagir com os Espritos pela incorporao, pela psicografia, pela viso, pela

    audio e por outros meios. Mas pode ser vista como um incmodo, um desconforto e como

    um infortneo, quando a pessoa de uma religio em que essa qualidade no bem vista, ou

    sendo uma forma "diablica" de ao de seres demonacos.

    A PES (Percepo Extra Sensorial) no mediunidade, pois, para assim o ser, dever haver

    intereo da pessoa com os Espritos. A PES tambm uma qualidade, uma qualidade

    psquica, que s pode ser considerada mediunidade se houver interao com os Espritos, caso

    contrrio, a pessoa apenas um paranormal. Por exemplo:

    Ver ETs e falar com eles no mediunidade; Materializar objetos ou os desmaterializ-los

    no mediunidade, a no ser, que tenha um Esprito envolvido.

    Algumas pessoas dizem que mediunidade um Dom, um Dom inato, como tocar

    instrumentos musicias sem conhecimento prvio, ou saber escrever sem ter ido a escola ou

    coisas parecidas, mas no existe base cientca para o Dom, s o acreditar, o crer e a f. E para

    quem assim sente, realmente um Dom. Se ele dado por Deus ou apenas uma casualidade

    gentica, ainda no sabemos.

    O Caminho

    Os Umbandistas crem na caridade, no amor e na f, como os elementos bsicos na

    evoluo espiritual e material do Homem em seus vrios estgios no Ciclo da vida.

    A relao do Kharma e do Dharma na caminhada espiritual pode direta os indireta, pois

    cada um est sujeito a reveses do kharma, mas tambm tm suas prprias escolhes diante

    desses kharmas.

    A Umbanda no discrimina nenhuma religio, visto que todas, desde que alicersadas pelas

    mo divinas (e no por interesses econmicos e/ou mesquinhos e materialistas), so vlidas na

    caminhada ao encontro da f.

  • Cada pessoa, cada ser humano, deve procurar a Religio que mais o complete; com a qual

    se identifique nos seus fundamentos, preceitos, doutrina e rituais, ou meramente nos aspectos

    filosficos e cientficos.

    Referncias

    Africanas, Indgenas, Europias e Indianas. A Umbanda uma juno de elementos

    Africanos (Orixs e culto aos antepassados), Indgenas (culto aos antepas-sados e elementos

    da natureza), Brancos (o europeu que trouxe seus Santos e a doutrina crist que foram

    siscretizados pelos Negros Africanos) e de uma doutrina Indiana de reencarnao, Kharma e

    Dharma, associada a concepo de esprito empregada nas trs Raas que se fundiram (Negro,

    Branco e ndio).

    A Umbanda prega a existncia pacfica e o respeito ao ser humano, a natureza e a Deus.

    Respeitando todas as manifestaes de f, independentes da religio.

    A mxima dentro da Umbanda "D de graa, o que de graa recebestes: com amor,

    humildade, caridade e f".

    O culto umbandista

    A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que o local onde os

    Umbandistas se encontram para realizao de suas giras, sesses.

    O chefe do culto no Centro o Sacerdote (a B, ou Iyalorix, ou a Diretora de culto, ou

    Mestra, ou a Me de Santo - para o Sacerdote feminino; ou o Bab, Babalorix, os Diretor de

    culto, ou o Mestre, ou o Pai de Santo - para o Sacerdote masculino) ] que quem coordena as

    sesses/giras e que ir incorporar o guia chefe que comandar a espiritualidade e a

    materialidade do local dos trabalhos. Normalmente esse guia, que comanda, um Preto-Velho

    ou Caboclo (varia de casa para casa, de Linha Doutrinria para Linha Doutrinria).

    Os templos onde os "comandantes" so Pretos-Velhos seguem a corrente africana e os que

    tm os Caboclos como "comandantes" seguem a linha indgena. Mas, isso no regra e pode

    variar de templo para templo.

    As pessoas que recebem, incorporam entidades dentro dos terreiros, so ditos mdiuns,

    cavalos ou "burros". Pessoas que tm o Dom de incorporar os Orixs e Guias.

    "As entidades" que so incorporadas pelos mdiuns podem ser divididas entre:

    Orixs: Xang, Ogum, Exu, Oxum, Nan, Iemanj, Ians, Obaluay, Oxumar, entre outros.

    Guias: Pretos- velhos, Caboclos, Boiadeiros, Crianas, Exus, Marinheiros e Orientais.

    Kiumbas, espritos sem luz: esses, normalmente, so incorporados quando se est fazendo

    algum descarrego ou quando existe algum obsediado no local.

  • As sesses

    O culto nos terreiros dividido em sesses, normalmente de desenvolvimento e de

    consulta, e essas, so sub-divididas em giras.

    Os dias da semana que acontecem as sesses variam de Centro para Centro. No nosso, elas

    se do as segundas-feiras e as sextas-feiras.

    Nas segundas, so feitas as sesses de consulta com Pretos-Velhos, onde as pessoas

    conversam com nossas entidades, afim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas,

    desobsesses e para resolver problemas espirituais diversos.

    As ocorrncias mais comuns nestas sesses so o passe e o descarrego. No passe, os

    Pretos-Velhos, rezam a pessoa energizando-a e retirando toda a parte negativa que nela possa

    estar. O descarrego, feito com o auxlio de um mdium de descarrego, o qual, ir incorporar

    o obsessor, ou captar a energia negativa da pessoa. Ento, o Preto-Velho faz com que essa

    energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o esprito obsediador retirado e

    encaminhado para a luz ou para um lugar mais adequado no astral inferior; caso ele no aceite

    a luz que lhe dada. Nesses casos pode-se pedir a presena de um ou mais Exus para auxiliar o

    Preto-Velho.

    Nas sextas-feiras, ocorrem as giras de Caboclos, Boiadeiros, Orixs, Marinhei-ros, Pretos-

    Velhos, Crianas e Exus. Nessas giras so feitos os desenvolvimentos dos mdiuns do terreiro.

    Nelas, so cantados os pontos e tocados os atabaques. As giras de Marinheiros e Exus so

    festivas, e, alm de serem feitos os desenvolvimentos dos mdiuns, so realizadas consultas

    com esses guias. Existem terreiros onde, alm dos Pretos-Velhos, Marinheiros e Exus, tambm

    os Caboclos e Boiadeiros do consultas e trabalham com o descarrego e a desobsesso.

    Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha

    Doutrinria para Linha Doutrinria. Normalmente so feitos as segundas-feiras e nas sextas-

    feiras, mas isso no regra.

    MDIUNS

    Mdium toda pessoa que tm a qualidade de incorporar espritos, ou de escutar

    (audio) espritos, ou de falar com os espritos, ou de escrever movido pelos espritos, ou de

    ver espritos, entre outros.

    O mdium tem como grande responsabilidade na vida ser um instrumento nas mos dos

    guias e Orixs. Ele deve ter e seguir em sua vida, os conceitos de elevao moral e espiritual,

    aprendizagem, respeito 'a hierarquia de sua casa, o respeito aos guias e Orixs, ter assiduidade

    e compromisso com sua casa, ter caridade em seu corao, amor e f em sua mente e esprito,

    e saber que a Umbanda prtica, mas tambm estudo.

  • Para muitos dado a entender que o mdium sofre, mas tambm se alegra em seu

    trabalho por estar dando uma parte se s aos guias e Orixs. Recebendo os benefcios desse

    trabalha pelo seus mritos e comprometimento, sem nada querer em troca.

    Ser mdium na concepo maior, no dor e sim provao. Pode-se dizer que a vida de

    quem mdium 24 horas por dia, 7 dias na semana, realmente no fcil, mas no chega a

    ser castigo, como algumas pessoas entendem, e sim, como se pode dar em benefcio do

    prximo, encarnado ou desencarnado.

    Mas, existem mdiuns que sofrem muito, realmente sofrem muito: por sua prpria culpa,

    por sua prpria ignorncia, porque acham que os guias devem-lhes dar de tudo, ou se

    envaidecem, ou agem de maneira errada e leviana em suas vidas, ou no levam a srio a vida

    espiritual, ou por ignorncia sentem vergonha da forma como se d a incorporao e

    "prendem os Guias". Esses mdiuns acabam sendo recrimina-dos pelos seus Guias e Orixs,

    como alguns dizem: "tomando uma surra".

    Existem aqueles mdiuns que so como "pra-raios" das foras negativas, basta estar uma

    pessoa muito carregada no terreiro ou passar por perto de algum que esteja com alguma

    demanda ou obsessor para comear a passar mal. Mas esses, com o tempo, vo aprendendo a

    se controlar com a ajuda dos Guias e acabam resolvendo o problema.

    O mdium deve tangir sua vida como um mensageiro de Deus, dos Orixs e Guias. Ter um

    comportamento moral e profissional dgnos, ser honesto e ntegro em suas atitudes. Nos dias

    de hoje, difcil ser tudo isso, mas vale a pena e pode ser feito.

    As pessoas que so mdiuns devem levar sempre a srio suas misses e ter muito amor e

    dar valor ao que fazem, ter sempre boa vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida do dia

    a dia.

    O mdium deve tomar, sempre que necessrio, os banhos de descarrego adequados aos

    seus Orixs e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar

    sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dvida, problema

    espiritual ou material.

    "Deve deixar, na medida do possvel, seus problemas materias sempre do lado de fora do

    terreiro", ou seja, tentar entrar no terreiro com a cabea mais arejada e limpa, fazendo com

    que haja uma diviso entre o material e o espiritual, embora eu saiba que deixar os problemas

    l fora seja difcil, mas no impossvel.

    O mdium deve estar sempre atento as obrigaes que ele deve fazer, todos os anos, para

    seu Orix de cabea (Orix que rege sua vida e sua coroa, mente, do mdium). Essa obrigao

    deve ser passada pelo Guia chefe do terreiro ou pela Bab do Centro.

    Outra considerao importante com relao a mediunidade, e, ao terreiro, que o mdium

    deve abster-se de relaes sexuais no dia das sesses. Pois isso, alm de enfraquecer a energia

    psquica, pode levar a falta de concentrao e disperso no decorrer das sesses.

  • Hino da Umbanda

    Refletiu a luz divina

    Com todo o seu esplendor

    do reino de Oxal

    Onde h paz e amor

    Luz que refletiu na terra

    Luz que refletiu no mar

    Luz que veio de Aruanda

    Para tudo iluminar

    A Umbanda paz e amor

    Um mundo cheio de luz

    a fora que nos d vida

    a grandeza nos conduz

    Avante filhos de f

    Com a nossa lei no h

    Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxal

    Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxal.

    Hino da Umbanda.

    Autor: J. M. Alves - 1960

    Batuque:

  • Batuque uma Religio Afro-brasileira de culto aos Orixs encontrada principalmente no

    estado do Rio Grande do Sul, Brasil, de onde se estendeu para os pases vizinhos tais como

    Uruguai e Argentina.

    Batuque fruto de religies dos povos da Costa da Guin e da Nigria, com as naes Jje,

    Ijex, Oy, Cabinda e Nag.

    Histria

    A estruturao do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no inicio do sculo XIX,

    entre os anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros

    foram fundados na regio de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notcias, em jornais desta regio,

    matrias sobre cultos de origem africana datadas de abril de 1878, (jornal do comrcio,

    Pelotas). J em Porto Alegre, as noticias relativas ao Batuque, datam da segunda metade do

    sculo XIX, quando ocorreu a migrao de escravos e ex-escravos da regio de pelotas e Rio

    Grande para Capital.

    Os rituais do Batuque seguem fundamentos, principalmente das razes da nao Ijex,

    proveniente da Nigria, e d lastro as outras naes como o Jje do Daom, hoje Benim,

    Cabinda (enclave Angolano) e Oy, tambm, da regio da Nigria. O Batuque surgiu como

    diversas religies afro-brasileiras praticadas no Brasil, tem as suas razes na frica, tendo sido

    criado e adaptado pelos negros no tempo da escravido. Um dos principais fundadores do

    Batuque foi o Prncipe Custdio de Xapan. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo

    que os negros o chamavam de Par. da Juno de todas estas naes que se originou esta

    cultura conhecida como Batuque, e os nomes mais expressivos da antiguidade, que de uma

    maneira ou de outra contriburam para a continuidade dos rituais foram:

    Ijex Paulino de Oxal Efan, Maria Antonia de Assis (Me Antonia de Bar), Manoel

    Matias (Pai Manoelzinho de Xapan), e Pai Idalino de Ogum entre outros.

    Oy Me Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Me Moa de Oxum e Tim

    de Ogum, entre outros.

    Jje Me Chininha de Xang, Prncipe Custdio de Xapan, Joo Correa de Lima

    (Joozinho de Bar) responsvel pela expanso do Batuque no Uruguai e Argentina.

    Cabinda Waldemar Antnio dos Santos de Xang Kamuk; Maria Madalena Aurlio da

    Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, entre outros.

    As entidades cultuadas so as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem

    rituais e rezas muito parecidos, as diferenas entre as naes basicamente em respeito as

    tradies prprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas.

  • O Ijex atualmente a nao predominante, encontra-se associado aos rituais de todas

    naes.

    Crenas

    O batuque uma religio onde se cultuam vrios Orixs, oriundos de vrias partes da

    frica, e suas foras esto em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus

    assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras

    etc., onde tambm invocamos as vibraes de nossos Orixs.

    Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orix, e em sua vida ter as vibraes e a

    proteo deste Orix que est naturalmente vinculado e rege seu destino, com caractersticas

    individuais, em que o Orix exige sua dedicao, onde este poder ser um simples colaborador

    nos cultos, ou at mesmo se tornar um Babalorix ou Iyalorix.

    Orixs

    O culto, no Batuque, feito exclusivamente aos Orixs, sendo o Bar o primeiro a ser

    homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em todos os

    terreiros, no Candombl o chamam de Ex.

    Entre os Orixs no h hierarquia, um no mais importante do que o outro, eles

    simplesmente se completam cada um com determinadas funes dentro do culto. Os

    principais Orixs cultuados so: Bar, Ogum, Oi-Ians, Xang, Ibeji (que tem seu ritual ligado

    ao culto de Xang e Oxum), Od, Otim, Oba, Ossain, Xapan, Oxum, Iemanj, Oxal e Orunmil

    (ligado ao culto de Oxal).

    E h tambm divindades que nem todas naes cultuam como: Ex Elegbara, Gama (ligada

    ao culto de Xapan), Zna, Zambir e Xangun (qualidade rara de Bar) que s os mais antigos

    tem conhecimentos suficientes para fazer seus rituais.

    Templos

    No Rio grande do Sul a rea de conservao das religies africanas vai de Viamo

    fronteira do Uruguai, com os dois grandes centros de Pelotas e de Porto Alegre.

    No batuque, os templos terreiros so quase que em sua totalidade vinculados as casas de

    moradia. destinado um cmodo, geralmente na parte da frente da construo onde so

    colocados os assentamentos dos Orixs. Neste local so feitos todos os fundamentos de

    matanas e trabalhos determinados, oferendas para os Orixs, e o local considerado sagrado,

    pessoas vestidas de preto, mulheres em dias de menstruao no entram. Junto esta parte

    da casa, chamada de quarto de Santo ou Peji, h o salo onde so realizadas as festas para os

    orixs.

  • O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsvel pela exportao dos rituais africanos

    para outros pases da Amrica do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que tambm procuram

    seguir a maneira de cultuar os Orixs; e a construo dos templos seguem exemplos dos seus

    sacerdotes.

    Todos os Orixs so montados com ferramentas, Okuts (pedras) etc. e permanecem

    dentro da mesma casa, com exceo do Bar Lod e do Ogum Avagn, que tem seus

    assentamentos numa casa separada, ficando frente do templo onde recebem suas oferendas

    e sacrifcios. A casa dos Eguns tambm tem lugar definido, uma construo separada da casa

    principal, na parte dos fundos do terreiro, onde so feitos diversos rituais.

    Em caso de falecimento do Babalorix ou Yalorix, dono do terreiro, fica a crit-rio da

    famlia o destino do templo, geralmente no tendo um familiar que possa suceder o morto o

    templo fechado. Na maioria dos casos na morte de um sacerdote, todas as obrigaes so

    despachadas num ritual especifico chamado de Erissum (Axex), por este motivo muito difcil

    encontrar ils com mais de 60 anos, so muito poucos os sacerdotes que destinam seus axs

    um sucessor, para dar prosseguimento raiz.

    Rituais

    Os rituais so prprios e originais e embora tenha alguma semelhana com o "Xang de

    Pernambuco", muito diferente do Candombl da Bahia.

    Os rituais de Jje tem suas rezas prprias (fon), e ainda se v este belo ritual em dois

    grandes terreiros na cidade de Porto Alegre, as danas so executadas de par, um de frente

    para o outro. H tambm muitas casas que seguem os fundamentos da nao Oy que se

    aproxima muito do ijex, j que, estas duas provem de regies prximas na Nigria.

    A principal caracterstica do ritual do Batuque o fato do iniciado no poder saber em

    hiptese alguma que foi possudo pelo seu Orixa, sob pena de ficar louco.

    Cada Babalorix ou Iyalorix tem autonomia na prtica de seus rituais, no existem

    nomenclaturas de cargos como tem no Candombl, exercem plenos poderes em seus ils. Os

    filhos de santo se revezam nos cumprimentos das obrigaes.

    No mnimo uma vez por ano so feitos homenagens com toques para os Orixs, mas as

    festas grandes so de quatro em quatro anos. Chamamos de festa grande a obrigao que tem

    eb, ou seja quando h sacrifcios de animais de quatro patas aos Orixs, cabritos, cabras,

    carneiros, porcos, ovelhas, acompanhados de aves como galos, galinhas e pombos.

    Esta obrigao serve para homenagear o Orix "dono da casa" e dos filhos que ainda no

    possuem seu prprio templo. A data geralmente a mesma que aquele sacerdote teve

    assentado seu Orix, a data de sua feitura. As festas tm um ciclo ritual longo, que

    antigamente duravam 32 dias de obrigaes, hoje diante das dificuldades duram no mximo

    16. O comeo de tudo so as limpezas de corpo e da casa, para descarregar totalmente o

    ambiente e as pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida so preparados as

  • oferendas e sacrifcios ao Bar. A partir deste momento, os iniciados j ficam confinados ao

    templo, esquecendo ento o cotidiano e passam a viver para os Orixs por inteiro at o final

    dos rituais. No dia do sero (dia da obrigao de matana), todos Orixs recebem sacrifcios de

    animais. Os cabritos e aves so preparados com diversos temperos e servidos a todos que

    participarem dos rituais, tudo aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para

    fazer os tambores usados nos dias de toques.

    No dia da festa o salo enfeitado com as cores dos Orixs homenageados. A abertura se

    d com a chamada (invocao aos Orixs), feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de

    santo), usando a sineta (adj), saudando todos Orixs. Ao som dos tambores, as pessoas

    formam uma roda de dana em louvor aos Orixs, a cada um com coreografias especiais de

    acordo com suas caractersticas.

    No final das cerimnias so distribudos os mercados, (bandejas contendo todo tipo de

    culinria dos Orixs como: acaraj, axox (milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes

    de cabritos (cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.), alguns consomem ali mesmo,

    outros levam para comer em casa.

    Durante a semana so feitos outros rituais de fundamentos para os Orixs, inclusive a

    matana de peixe, que para os batuqueiros significa fartura e prosperidade, os peixes

    oferecidos so da qualidade Jundi e Pintado; estes so trazidos vivos do cais do porto ou do

    mercado pblico, onde o comrcio de artigos religiosos intenso.

    No sbado seguinte feito o encerramento das obrigaes, com mesa de Ibejes e toque,

    novamente em homenagem aos Orixs, neste dia so distribudos mercados com iguarias e o

    peixe frito, significando a diviso da fartura e prosperidade com os participantes das

    homenagens aos Orixs. Aps o encerramento, o sacerdote leva os filhos que estavam de

    obrigaes ao rio, igreja, ao mercado pblico e casa de alguns sacerdotes, que fazem parte

    da famlia religiosa, para baterem cabea em sinal de respeito e agradecimento; este passeio

    faz parte do cumprimento dos rituais. Aps o passeio todos esto liberados para seguirem

    normalmente o cotidiano de suas vidas.

    Egun

    No Batuque tambm temos a parte dos rituais destinados ao culto dos Eguns. Este um

    ritual cheio de magia e segredos onde poucos sacerdotes tm o completo domnio.

    A casa dos Eguns (espritos dos mortos) fica numa construo separada da casa principal,

    nos fundos do terreno, onde so feitos diversas obrigaes em determinadas datas e quando

    morre algum ligado ao terreiro; este local denominado Bal.

    Aos Eguns tambm so oferecidos sacrifcios de animais, e comidas diversas que fazem parte

    somente deste ritual, no podendo ser usados em outras ocasies.

    Os Eguns, assim como os Orixs, tem suas rezas (cnticos) prprias, feitos na linguagem

    yorub, e em dias de obrigaes recebem toques ao som de tambores frouxos e sem o

  • acompanhamento de ag (instrumento feito com uma cabaa inteira tranada com cordo e

    contas diversas).

    Cada nao tem rituais diferentes para este tipo de obrigao.

    Sacerdcio

    O babalorix ou Iyalorix tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que daro

    continuidade aos rituais. Para isto preciso preparar novos filhos de santo, que durante um

    certo perodo de tempo aprendero todos os rituais para preservao dos cultos.

    O sacerdote chefe deve passar aos futuros Pais ou Mes de Santo, todos os segredos

    referente aos rituais tais como: uso das folhas (folhas sagradas), execuo de trabalhos e

    oferendas, interpretao do jogo de bzios, e at mesmo como preparar um novo sacerdote.

    Geralmente o futuro sacerdote j nasce no meio religioso, onde conviver acompanhando

    todos os diversos rituais que daro suporte a seus afazeres dentro do culto, e ter pleno

    conhecimento de todos os tipos de situaes que enfrentar em seu futuro templo.

    O tempo de aprendizado longo, no se forma um verdadeiro sacerdote de Orixs com

    menos de sete anos de feitura, e os ensinamentos so passados de acordo com a evoluo da

    capacidade de aprendizado que o novio tem, j que os ensinamentos so feitos oralmente,

    no h livros para ensinar os rituais, a melhor maneira de aprender tudo conviver desde

    cedo dentro dos terreiros.

    A partir do momento que um novio se torna um sacerdote de Orix, ter as mesmas

    responsabilidades daquele que lhe passou os ensinamentos.

    Catimb:

    Catimb - Magia e misticismo no Nordeste Brasileiro

    O Catimb uma prtica de magia baseada no Cristianismo, onde apia toda a sua

    doutrina religiosa. O Catimb no inventa deuses ou os importa da frica porque no faz parte

    das religies afro-brasileiras. O Catimb no afro, no Umbanda e muito menos

    Candombl.

    O Catimb no uma religio mas pode ser classificado como uma seita derivada do

    catolicismo, por mais imprecisa que possa parecer esta definio. Apesar de catlico uma

    prtica esprita porque trabalha com a incorporao de almas de pessoas j falecidas e neste

    sentido que se afasta da religio base. O Catimb se apia totalmente na religio catlica,

    apesar de guardar um pouco das prticas pags, vindas da bruxaria europia.

  • Ele pode se parecer um pouco com a Umbanda, mas, nem um pouco com o Candombl. A

    semelhana com a Umbanda devido ao trabalho com entidades incorporadas. Entretanto, os

    Mestres do Catimb possuem uma teatralidade de incorporao muito tpica e discreta, e o

    Catimb esta longe do trabalho de palco da Umbanda. Outra infeliz coincidncia a presena

    da entidade Z Pelintra que no Catimb dito como mestre e na Umbanda muito cultuado

    como Exu e malandro. Catimb no Umbanda!

    O Catimb tem uma raiz ndia que foi se perdendo com o tempo. No h dvida que o

    Catimb xamanista com muita prticas de pajelana, mas, no baseados em Caboclos e sim

    em Mestres, apesar de os Caboclos tambm terem participao. O Catimb no muito

    diferente ou melhor do que estes cultos que citamos, no podemos dizer inclusive que suas

    entidades sejam de nvel superior, pelo contrrio, sob o ponto de vista esprita-kardecista so

    ainda entidades de baixa energia e que guardam muitas referncias com a ltima vida que

    tiveram em "terra fria".

    No Catimb faz se o bem, atravs de curas, problemas sentimentais, mas, tambm o mal,

    dependendo da cabea de que o dirige, infelizmente, como em outras prticas. O Catimb

    influenciado pela feitiaria europia de onde adotou vrias prticas.

    O Catimb uma reunio alegre e festiva quando em sua forma de roda (ou gira), mas,

    pela falta da corrente doutrinaria formal vrios formatos sero encontrados, dependendo da

    cincia, vidncia, maturidade e tica de quem o dirige e realiza, podendo ser prticas bem

    soturnas.

    O Catimb e as religies Afro-Brasileiras

    O Catimb no est ligado aos Orixs africanos. No Catimb trabalham os Mestres, que

    foram pessoas que viveram e ao morrerem se "encantaram". Geralmente os mestres so ex-

    Catimbozeiros. O Catimb no era cultuado na frica e o Catimb no cultua os Orixs das

    naes, de forma que os Mestres no lhes fazem ou devem obedincia hierrquica. claro que

    se o consulente ou o discpulo j for do Povo de Santo ento existe um enredo, fundamento

    maior que o Catimb, que deve ser respeitado devido ao nvel espiritual maior dos Orixs.

    Catimb no umbanda e se desenvolveu de forma paralela e independente. E encontrou

    a umbanda nos grandes centros e ao receber pessoas que se desenvolveram na Umbanda,

    estas podem passar a receber suas entidades tambm no Catimb, principalmente os Caboclos

    e Exus de Umbanda. Pelo mesmo processo no qual as pessoas que atuam na Umbanda vo

    agregando ao seu ritual prtica de outros que eles encontram, o Catimb foi confundido com a

    Umbanda.

    De fato existem algumas similaridades na forma entre um e outro, mas a essncia outra.

    Considerar o Catimb uma forma de umbanda, pode ser uma simplificao grosseira ou at

    mesmo um preconceito. O Catimb uma manifestao puramente Brasileira sem a

    importao de africanismos.

  • Mas at certo ponto esta confuso justificvel, ainda mais partindo da base de quem

    escreve sobre estas manifestaes de grandes centros e nestes locais vai encontrar muitas

    vezes os mestres misturados com os cablocos e exus de Umbanda.

    Mas o Catimb bem diferente das religies afro-brasileiras. Todo o trabalho e a fora esta

    na Fumaa, e nas ervas, sendo o fumo, especialmente preparado, a sua forma primria de

    trabalho. O Catimb no "arria" trabalho no cho de a sua magia vai pelo ar, no tempo, junto

    com sua fumaa. Muitos tem, com razo o que temer do Catimb, mas, pessoas do bem nunca

    devem temer a ningum.

    No Catimb So Pedro So Pedro e no Xang. Santo Antnio Santo Antnio, Santa

    Terezinha Santa Terezinha e assim por diante.

    O Catimb cultua ervas, smbolos e santos catlicos, mas se tivermos que caracterizar qual

    o principal objeto de culto no ha dvida que so as ervas. O Catimb tem como principal

    elemento a rvore da Jurema e todos os Mestres tem um erva de fundamento.

    claro que podem dizer que o Candombl tambm fundamentado em ervas e sem erva

    no se faz santo, mas, observe que apesar de importante as ervas (Ew) no Candombl, estas

    so um dos elementos que compe o fundamento de cada Orix. No Catimb este o

    elemento principal.

    O Catimb o culto Jurema

    O Catimb o culto a rvore da Jurema. A jurema uma rvore que floresce no agreste e

    na caatinga nordestina. Da casca de seu tronco e de suas razes faz-se uma bebida mgico

    sagrada que alimenta e d fora aos encantados do outro mundo.

    Acredita-se tambm que essa bebida que permite aos homens entrar em contato com o

    mundo espiritual e os seres que l residem, mas o Catimb existe sem que seja necessrio

    fazer ou beber a Jurema, Catimb no Santo Daime. Tal rvore smbolo e ncleo de vrias

    prticas mgico-religiosas de origem amerndia. De fato, entre os diversos povos indgenas que

    habitaram o Nordeste, se fazia e em alguns deles ainda se faz o uso ritual desta bebida.

    Este culto se difundiu dos sertes e agrestes nordestinos em direo s grandes cidades do

    litoral, onde elementos das outras matrizes tnicas entraram em cena. Desse modo, o smbolo

    da rvore que liga o mundo terreno ao alm, embora amarga (muito amarga...), d sapincia

    aos que dela se alimentam, ganha novos significados, surgindo um mito com traos cristos.

    Neste sentido a Jurema surge como a rvore que escondeu a sagrada famlia dos soldados

    de Herodes, durante a fuga para o Egito, ganhando desde ento suas propriedades mgico

    religiosas.

    Onde Jesus descansou, que d fora e cincia, A jurema um pau sagrado, ao bom

    Mestre curador.

  • Ainda nessa perspectiva, juntaram-se na constituio desta forma de religiosidade popular

    outros elementos de origem europia como a magia e o culto aos santos do catolicismo

    popular.

    Apesar de encontrarmos nos pontos de umbanda a referncia a jurema o catimb que

    tem a jurema como o centro e principal elemento de seu culto.

    O que afinal o Catimb

    O Mito, o preconceito e o erro na definio

    Entre muitos que freqentam terreiros de Umbanda e Candombl, Catimb sinnimo da

    prtica ou seja da macumba em s. Para outros, de Umbanda, trabalhar no Catimb est

    associado ao uso de foras e energias de esquerda ou negativa. Esta uma viso equivocada.

    Qualquer prtica mgica pode ser usada com qualquer finalidade, mas, o objetivo do Catimb

    a evoluo dos seus Mestres atravs do bem e da cura. Se o mal feito, isto pode ocorrer

    pelo erro do medium ou pela necessidade de justia a quem pede.

    Catimb de base religiosa catolica e no afro-brasileiro

    O Catimb uma prtica ritualista mgica com base na religio catlica de onde busca os

    seus santos, leos, agua benta e outros objetos litrgicos. tambm uma prtica espirita que

    trabalha com a incorporao de espritos de ex-vivos (eguns ou egunguns) chamados Mestres

    e atravs deles que se trabalha principalmente para cura, mas tambm para a soluo de

    alguns problemas materiais (como a Umbanda) e amorosos, mas, importante destacar que a

    prtica da cura a principal finalidade.

    No se encontra no Catimb, nas suas prticas e liturgias os elementos das naes

    africanas de forma que classificar o Catimbs como uma seita afro-brasileira um erro.

    Mestres no se subordinam a Orix e fora o aspecto de que certamente ele , tambm,

    praticado por Negros no existe outra relao direta com a religio africana.

    Para aqueles que consideram o Catimb afro-brasileiro eu apenas pergunto: Onde esto os

    elementos Afro-brasileiro?

    De fato a mitologia e teogonia do Candombl rica e complexa, a do Catimb pobre e

    incipiente, seja porque a antiga mitologia indgena perdeu-se na desintegrao das tribos

    primitivas, na passagem da cultura local para a cultura dos brancos, que estavam dispostos a

    aceitar os ritos, porm no os dogmas pagos, na sua fidelidade ao catolicismo seja porque o

    Catimb foi, mais, concebido como magia do que como religio propriamente dita, devido

    sobretudo aos elementos perigosos e temveis e s perseguies primeiro da igreja e depois da

    polcia.

    Alm dos dogmas da religio catlica o Catimb incorpora componentes europeus como o

    uso do caldeiro e rituais de magia muito prximos das praticas Wiccanas. Tanto dos europeus

  • como dos brasileiros o uso de ervas e razes bsico e fundamental nos rituais. Cada Mestre se

    especializa em determinada erva ou raiz.

    No existe Catimb sem santo catlico, sem tero, sem agua benta, sem reza, sem fumaa de

    cachimbo e sem bebida, que pode nem sempre ser a Jurema (como eu disse Catimb no o

    Santo Daime).

    Mediunidade e incorporao

    Sob o ponto de vista espiritualista a incorporao medinica pode ser considerada de baixa

    energia, no sentido de no ser profunda, mas, no que falte qualidade. Os Mestres so

    entidades que guardam muito os reflexos, comportamento e personalidade de sua ltima vida

    de forma que os torna muito caracterizados e ligados na caracterizao fsica.

    O uso de bebida e fumo comum e difundido, no existe Catimb sem isso. Entretanto

    esta ligao fortemente carnal, faz dos Mestres entidades muito alegres, naturais e

    expontneos, muito diferentes das entidades fortemente, s vezes grotescamente,

    teatralizadas da Umbanda.

    No existem Mestres do bem ou do mal. Os Mestres tanto podem trabalhar para o bem

    como para o mal, diferente a Umbanda que especializa as entidades. Os feitios do Catimb

    so mais temidos do que a Quimbanda, mas, no quero aqui iniciar uma polmica, porque isso

    de importncia menor. A magia negra uma corrruptela da magia e pode ser praticado por

    qualquer um. No existe necessidade de se estar na Umbanda ou no Catimb para se fazer

    magia negra. Ela existe desde o incio dos tempos e est associada a ndole de quem a faz.

    Assim dependo da orientao da casa e do medium os mestres podero trabalhar para o mal,

    para a reparao, para a vingana ou para a justia, como se queira denotar. Quem faz o mal

    precisa apenas de um motivo ou justificativa qualquer. Mas os Mestres so pau para toda a

    obra.

    Eventualmente a presena no Catimb de ex-Umbandistas vai trazer com estes as suas

    entidades de Umbanda que iro trabalhar dentro do Catimb, mas, isso no faz do Catimb

    uma Umbanda, como tambm no se vai impedir que entidades de Umbanda que j

    pertenam aos mdiuns trabalhem nas rodas de Catimb. O Catimb existe sem a Umbanda

    apesar de como estas ir se incorporando, eventualmente, de entidades e prticas.

    importante compreender que diferente da Umbanda e do Candombl os Mestres no

    respondem a Orixs ou falangeiros. A Jurema tem sua prpria hierarquia e Mestres respeitam

    outros Mestres maiores e mais fortes.

    Considerar Catimb uma Umbanda dar uma conotao preconceituosa, como se tudo o que

    fosse espiritita fosse Umbanda ou tudo o que envolvesse negros e mulatos ou ento gente

    simples fosse macumba ou afro-brasileiro.

  • Dito isto, reafirmo, Catimb no Umbanda! Os Umbandistas que fiquem com ela.

    Tambm no tem nada haver com o Candombl. Nunca foi ou ser Kardecista. Catimb

    Catimb!

    Finalmente no existe padro para o Catimb. Cada um tem o seu.

    Origem do Catimb

    O Catimb , sem duvida nenhuma, de origem ndia. Sem voltar s descries antigas da

    pajelana e aos primeiros contatos entre o catolicismo e a religio dos ndios, inclusive queles

    fenmenos de santidade que conhecemos to bem atravs das informaes do Tribunal do

    Santo Ofcio, sem tentar traar a genealogia histrica do Catimb, encontramos ainda hoje

    entre o puro ndio e o homem do Nordeste toda a gradao que nos conduz pouca a pouco do

    paganismo do Catimb.

    O Catimb de hoje o resultado desta fuso da prtica pag inicial dos ndios com o

    catolicismo sobre o qual construiu a base da religio . impossvel dissociar o Catimb do

    catolicismo e de outras tradies europias, provavelmente adquiridas dos holandeses,

    mesmo aps as influncias que recebeu do Candombl e do kardecismo.

    Podemos considerar que a mesma falta de fora tnica que fez com que os ndios fossem

    antropologicamente sobrepujados por outras culturas fez com que o Catimb perde-se a sua

    identidade ndia original (pajelana) e adquirisse os rituais importados de outras prticas

    religiosas mais fortes. Neste caso contribuiu muito a falta da cultura escrita que fez com que

    na medida em que os prprios ndios eram extintos a prtica religiosas Xamanista fosse sendo

    perdida ou diluda.

    Entretanto do Xamanismo original foram preservadas as ervas e razes nativas como base

    de todos os trabalhos e na prtica da fumigao com fumaa de cachimbos e fumos

    especialmente preparados o elemento mgico de difuso.

    Para o ndio, o fumo a planta sagrada e a sua fumaa que cura as doenas,

    proporcionando e xtase, d poderes sobrenaturais, pe o paj em comunicao com os

    espritos.

    Os primeiro elementos do Catimb que devemos lembrar o uso da defumao para curar

    doenas, o emprego do fumo para entrar em estado de transe, a idia do mundo dos espritos

    entre os quais a alma viaja durante o xtase, onde h casa e cidades anlogas s nossas. A

    grande diferena que a fumaa na pajelana absorvida, enquanto no Catimb ela

    expelida. O poder intoxicante do fumo substitudo aqui pela ao da jurema.

    O Catimb se desenvolveu diferentemente no interior e no litoral, nas capitais. As

    influncias de outras prticas religiosas mais fortes em cada um deste locais acabam

    determinando o formato do Catimb. Podemos dizer que quanto mais para o interior mais

    simples ele ser devido a menor influncia das religies africanas.

  • Catimb no macumba nem candombl

    No Catimb no h promessas, votos, unidade do protocolo sagrado. um consultrio

    tendendo, cada vez mais, para a simplificao ritual. No h festas votivas, no h corpo de

    filhos-de-santo para louvor divino dos Orixs nem preparao obediente de las.

    De instrumentos musicais resta a marca-Mestre, cabacinha na ponta de uma vareta, com

    que o Mestre divide o compasso das linhas. Contudo os Catimbs absorveram facilmente os

    atabaques da umbanda trazendo o seu ritmo e musicalidade. No h cores formais, vestidos ,

    contas (apesar de existirem fios-de-conta de Catimb, feitos com a cabaa e lgrimas de Nossa

    Senhora), enfeites especiais nem alimentos privativos, fetiches de representao.

    Catimb no Macumba nem Candombl, permanece isolado, diverso, distinto. No

    Catimb, os que acostam so catimbozeiros falecidos. No h um s Mestre que no tenha

    vivido na Terra. Nas Macumbas e Candombls passa o sopro alucinante das potestades

    africanas, deuses nascidos misteriosamente, com poderes espantosos.

    No Catimb no se louvam orixs africanos e raro so trabalhos de cho. As coisas no

    Catimb so simples e baratas feitas para serem acessveis populao que o Catimb serve.

    O Catimb se serve de uma vela, fitas, cascas, folhas, fumo e bebida para realizar os seus

    trabalhos. Normalmente as coisas so resolvidas na prpria roda de Catimb.

    Os caboclos podem ser vistos no Catimb, mas, no so eles a base ou o objetivo principal.

    Catimb trabalha atravs de Mestres.

    Como j citado o fato de entidades tpicas de Umbanda aparecerem no Catimb devido a

    origem do mediuns e ao fato de existir uma entidade comum chamada de Z Pelintra faz com

    que se imagine que Catimb seja uma forma de Umbanda no Nordeste. Como explicado

    neste stio, no . Muito se tem pesquisado sobre a origem do Z Pelintra da Umbanda no

    Catimb, uma vez que esta uma entidade urbana que nada tem com a origem dos mestres.

    Tudo no Catimb se faz com a linha de licena, onde se fala, sisudamente: Com o poder de

    Jesus Cristo, vamos trabalhar. Das centenas canes recolhidas no arquivos catimbozeiro,

    nenhuma alude a um encantado e infalivelmente a Deus, Santssima Trindade, Santos, s

    almas. S encontrei duas que se dirigiam s estrelas e ao sol. O esprito religioso,

    formalstico, disciplinado, respeitoso da hierarquia celestial. Ningum numa Macumba ou

    terreiro de Candombl, admite licena de Jesus Cristo para Xang, nem santo catlico atende

    ao chamamento insistente dos tambores.

    Catimb no tem Exu e no tem Orix sincretizado em Santo. No Catimb Santo Santo e

    Mestre Mestre. Mestre trabalha na direita e a esquerda, faz e desfaz

    Liturgias do Catimb

    Abertura de trabalhos

  • A abertura da mesa uma liturgia simples, mas significativa e bonita. Lidamos com uma

    pratica ritual pouco elaborada de forma que algumas poucas coisas podem ser destacadas

    como de beleza prpria.

    A abertura de mesa deve ser um ritual importante e solene. claro que cada jurema uma

    jurema e cada um pode ter sua forma de trabalhar com o mundo espiritual, mas a solenidade

    da abertura da mesas sempre tocante.

    Deve-se louvar o nosso senhor Jesus Cristo, pedindo licena para abrir a mesa e exaltando a

    fora da Jurema. Podem ser recitadas preces como a de Critas e entoados cantos de abertura

    como o seguinte:

    Bate asa e canta o galo dizendo cristo nasceu canto os anjos nas alturas Rei nuino Gloria

    no cus se deu.

    Gloria nos cu se deu nas portas do Jurem abre e de licena Santa Tereza para os mestres

    trabalhar.

    Oh minha Santa Tereza pelo amor de meu Jesus abre a mesa e de licena Santa Tereza pelo

    irmo Joo da Cruz

    Por deus eu te chamo por Deus eu mandei chamar [ mestre tal ] da Jurema para vir trabalhar.

    Depois disso inicia-se as cantigas em roda, sempre alegres e animadas e os mestres viro um a

    um se acostar para trabalhar.

    Iniciao

    A iniciao no Catimb se faz com rituais simples porm com muita significao. O primeiro

    ritual que passa um discpulo a jura no qual ele deve se confirmar como um discpulo da

    Jurema. Com o passar do tempo e sua evoluo ele ir receber o seu cachimbo que ser

    consagrado por um Mestre. Ser atravs deste cachimbo que ele far os seus trabalhos.

    Finalmente aps alguns anos ele dever realizar o tombo onde se confirmar como um Mestre

    em vida do Catimb.

    Tombo

    O tombo de jurema constitui-se no processo pelo qual muitos dos Mestres que hoje esto

    no mundo espiritual passaram para ganhar cincia. Tombam no p da jurema e ao acordar

    esto prontos para trabalhar. Foi o caso do Mestre Carlos, famoso por seu dom de cura nas

    mesas de jurema de todo o Nordeste.

  • Contudo nos terreiros o rito foi tornado bem mais complexo que sua referncia mstica. O

    tombamento consiste ento no oferecimento de alimentos e sacrifcios s correntes espirituais

    do iniciante. Nele comem o caboclo, o Mestre, a mestra, o exu e a pombagira do iniciante.

    Acontece ainda a juremao com a implantao da semente atravs do corte na pele e a

    viagem espiritual. A viagem deve acontecer no perodo que se intercala entre a oferta dos

    sacrifcios ao caboclo e a preparao das comidas oferecidas em banquete ritual. Ainda

    durante o sacrifcio o iniciante levado durante o transe para correr as cidades espirituais. O

    interessante e singular neste transe que os adeptos acreditam que enquanto a pessoa

    levada para realizar a viagem espiritual, o caboclo permanece no corpo do iniciante.

    Concludo o sacrifcio passa-se preparao das carnes dos animais e partio das frutas

    e alimentos oferecidos aos encantados. O caboclo alimentado com uma pequena poro de

    tudo que foi oferecido. Findo o banquete, o caboclo ento mandado de volta a sua cidade e

    o filho dever contar ao seu iniciador o que viu. Se a viagem for considerada vlida seguem-se

    os sacrifcios s demais entidades: o Mestre, a mestra, o exu e a pombagira.

    No dia posterior, em animada festa o caboclo vestido a carter dever como na iniciao do

    candombl gritar o seu nome e tambm cantar a sua toada (cantiga). O iniciante tambm

    poder vestir as demais entidades quem deu de comer. A riqueza deste ritual completa est

    intrinsecamente ligada s condies financeiras do iniciante. Sem dvida este ritual segue o

    formato do Candombl.

    Juremao

    Muitos juremeiros dizem que um bom Mestre ja nasce feito; contudo, alguns ritos so

    utilizados para fortificar as correntes e dar mais conhecimento mgico-espiritual aos

    discpulos. O ritual mais simples, porm de muita cincia, o conhecido como juremao,

    implantao da semente ou cincia da jurema. Este ritual consiste em plantar no corpo do

    discpulo, por baixo de sua pele, uma semente da arvore sagrada.

    Existem 3 procedimentos para a juremao dos discpulos. No primeiro, o prprio Mestre

    espiritual o responsvel pela implantao da semente. Esse Mestre promete ao discpulo e

    aps algum tempo, misteriosamente, surge a semente em uma parte qualquer do corpo. O

    segundo procedimento aquele em que o lder religioso, o juremeiro, realiza um ritual

    especial, em que d a seus afilhados a semente e a bebida de jurema para beber. Aps este

    rito, o iniciante deve abster-se de relaes sexuais por sete dias consecutivos, perodo em que

    todas as noites ele devr ser levado em sonhos, por seus guias espirituais, para conhecer as

    cidades e aldeias onde aqueles residem. Ao final deste perodo, a semente ingerida dever

    reaparecer embaixo de sua pele. Caber ainda ao iniciante contar ao seu iniciador o que viu

    em sonho para que este reconhea ou no a validade de viagens espirituais e por conseguinte

    da juremao. Em um terceiro procedimento o juremeiro implanta a semente da jurema

    atravs de um corte realizado na pelo do brao. piru

    Mestres do Catimb

  • Quem so os mestres do Catimb

    O termo Mestre de origem portuguesa, onde tinha o sentido tradicional de mdico, ou

    segundo Cmara Cascudo, de feiticeiro. Este o primeiro elemento de ligao do Catimb com

    tradies europias, provavelmente cabalistas e mostra tambm nestes 2 significados a

    expresso semntica do trabalho do Mestre, a cura e a magia.

    De forma geral os Mestres so descritos como espritos curadores de descendncia escrava

    ou mestia, que em suma a caracterstica dos habitantes das regies onde o Catimb

    floresce, mas que no deve ser tratado como um dogma. Dizem os juremeiros que os Mestres

    foram pessoas que quando em vida trabalharam nas lavouras e possuam conhecimentos de

    ervas e plantas curativas Po outro lado algo trgico teria acontecido e eles teriam se passado,

    isto , morrido, encantando-se, podendo assim voltar a acudir os que ficaram neste vale de

    lgrimas.

    No existe Mestre do bem ou do mal. O Mestre uma entidade que pode fazer o bem ou o

    mal de acordo com a sua convenincia, a ordem da casa e a ocasio.

    A funo dos Mestres e do Catimb

    Nesta generalizao podemos entender muito be