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FACULDADE DE CIENCIAS EDUCACIONAIS - FACE JOSÉ PLÁCIDO MENDES SUARES ARTE: O ELO DE INTERAÇÃO NA INTERDISCIPLINARIDADE

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Page 1: Arte   o elo de interação na interdisciplinaridade - plácido suares

FACULDADE DE CIENCIAS EDUCACIONAIS - FACE

JOSÉ PLÁCIDO MENDES SUARES

ARTE: O ELO DE INTERAÇÃO NA INTERDISCIPLINARIDADE

IRARÁ2012

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JOSÉ PLACIDO MENDES SUARES

ARTE: O ELO DE INTERAÇÃO NA INTERDISCIPLINARIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de Artigo Cientifico, apresentado ao Instituto Pró Saber, como requisito parcial obrigatório para conclusão do curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Ensino da Arte

Orientadora : Profª.: Patrícia S. Mascarenhas

Irará2012

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Quem busca sempre encontra. Não encontra necessariamente o que busca, menos ainda o que é necessário encontrar. Mas encontra algo novo para relacionar à coisa que já conhece.Mestre é aquele que mantém àquele que busca em seu rumo, este rumo em que cada um está só em sua busca e no qual não deixa de buscar.(Jacques Rancière)

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ARTE: O ELO DE INTERAÇÃO NA INTERDISCIPLIONARIDADE

José Plácido Mendes Suares¹

RESUMO

Há milhares de anos o homem vem produzindo arte e, neste percurso, ao fazê-lo, contempla o mundo ao seu redor: paisagens, animais, outros homens. O artista tira do seu universo significados que possam transmitir ideias, sentimentos como forma de compreender a evolução humana expressando-se com o intuito de registrar sua vida em todos os sentidos. Neste propósito, a arte é papel indispensável no processo de aprendizagem e de investidor na formação do indivíduo. A arte, como elemento essencial na interdisciplinaridade, convida profissionais das diversas áreas do conhecimento a ter um olhar perceptivo para a realização de uma educação plena e consciente e que prepare o indivíduo para uma vida digna , adulta e mais consciente. Este trabalho objetiva o desenvolvimento e a competência estética do aluno nas diversas áreas, para que, progressivamente, possa aprender a desfrutar, valorizar e julgar os bens estéticos, de diferentes povos e culturas produzidas ao longo da nossa história e na contemporaneidade. Foi realizada entrevista com diversos professores das variadas áreas almejando uma ação reflexiva e dinâmica que propiciou transformações no quadro da aprendizagem, através de oficinas, o que possibilitou um trabalho interdisciplinar, tendo a arte como suporte para os conteúdos das respectivas disciplinas.

Palavras-chave: Arte; Interação; interdisciplinaridade; desenvolvimento e competência estética.

INTRODUÇÃO

A arte nasceu com o ser humano e lhe deu a consciência capaz de criar possibilidades

de interpretação, imaginação. Logo a arte é o principio de toda manifestação inculta no

homem, é graças à arte que o homem se elevou e se compreendeu. A arte não foi privilégio

de, apenas, um povo, de uma era, de uma cultura universal que se eterniza. Todas as

civilizações contribuíram na evolução do homem como também no grande acervo propagado

pelo mundo inteiro.

A necessidade de manifestação artística acompanha a evolução humana desde a pré-

história, quando as primeiras manifestações estéticas ainda se relacionavam apenas a uma

necessidade de cumprir um ritual de conquistas: fosse um animal a ser caçado, fosse da

perpetuação da espécie. A partir de então, o homem vem se utilizando da arte para se revelar

expressivamente e também para registrar a sua vida, em todos os aspectos.

O desejo é que o projeto de interdisciplinaridade apresenta uma retórica de recuperação

de uma visão de conjunto, de uma totalidade e consequentemente, de uma organicidade.

Este trabalho visa à arte como o elo de interação na interdisciplinaridade.

¹Graduado em Letras Vernáculas, pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS (2007) Professor de Língua Portuguesa, Literatura e Arte no Colégio Estadual Joaquim Inácio de Carvalho, Articulador da Área de Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias

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Ponto de discussão dos PCN’s, como também, daqueles que almejam uma educação

eficaz, recheada de novos conhecimentos. Assim sendo, estamos valorizando a tarefa

educativa como primícia do saber, consequentemente valorizando o (a) aluno (a) e apostando

na sua aprendizagem, investindo na sua formação, utilizando a expressão artística para

estimulá-lo a exprimir sem receios, sem censuras, sem se importar com talentos ou capacidade

criativa, seus sentimentos e emoções, construindo, posteriormente, a interpretação expressa na

criação artística.

A interdisciplinaridade é uma questão de atitude diferente a ser assumida frente ao

problema do conhecimento, isto substitui de uma concepção fragmentária para uma unitária,

ou seja: A educação brasileira é marcada, historicamente, por currículos fragmentados e

desarticulados em que as diversas disciplinas são estudadas isoladamente. A realidade é

tratada aos pedaços: pedaços de Geografia, de Educação Física, de História, de Literatura,

pedaços de Matemática.

A busca da interdisciplinaridade é uma reação a uma constatação epocal: vivemos num mundo de fragmentação, de saberes desconectados. Na Universidade o quadro é a de superespecialização nas disciplinas, de reducionismo e isolacionismo, a ponto dos pesquisadores não conseguirem mais se comunicar entre colegas da mesma área que dirá de áreas diferentes...(KOHAN, 2008, p. 89).

Esta visão denota uma percepção equivocada da realidade, que se constrói de forma

interativa e se constitui um complexo de conexões entre as diversas áreas do conhecimento.

Nesta concepção, é urgente a necessidade de se trabalhar a Arte como processo

interdisciplinar para fortalecer a diversidade cultural que certamente é entendida como

democrática.

“A busca da prática interdisciplinar é uma espécie de reação a uma crise, a crise da

fragmentação e da especialização: mas a fragmentação é ela mesma um sintoma de uma crise

muito mais profunda e radical.” (KOHAN, 2009, p. 92)

A intencionalidade desta atividade interdisciplinar objetiva o desenvolvimento de

competências estéticas e artísticas do aluno nas diversas áreas para que, progressivamente,

possam aprender a desfrutar, valorizar e julgar os bens artísticos de diferentes povos e culturas

produzidas ao longo da nossa história e na contemporaneidade.

A formação em Arte, que inclui conhecimento do que é e foi produzido em diferentes

comunidades, deve favorecer a valorização dos povos pelo reconhecimento de semelhanças e

contrastes, qualidades e especificidades, o que pode abrir o leque das múltiplas escolhas que o

jovem terá que realizar ao longo de seu crescimento, na consolidação de sua identidade -

assim diz o PCN de Arte.

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Neste processo, necessário se faz observar os métodos aplicados pelas diferentes áreas

caracterizando o contexto em que se insere o ensino da arte, apoiado em resultados

qualitativos após a realização de encontros de formação / oficinas com professores e alunos da

Unidade Escolar, uma vez já apresentado as diversas possibilidades do trabalho

interdisciplinar, sendo a arte como suporte para os conteúdos das variadas disciplinas. Por

fim, a maneira pela qual será concluído os trabalhos, manifestamos as considerações finais

referente ao que foi proveitoso na pesquisa.

UM DIÁLOGO COM OS DIFERENTES ASPECTOS DISCIPLINARES

É notória a necessidade dos (as) alunos (as) se manifestarem artisticamente valorizando

a Arte como representação do universo, do natural, possibilitando a interpretação e a

imaginação. É, sem dúvidas, a Arte, a causadora da elevação e da compreensão humana.

Diante do exposto e visando vivenciar a arte nas diversas modalidades de ensino,

foram elaborados alguns questionamentos, os quais foram respondidos por profissionais nas

diversas áreas do conhecimento, uma vez que a interdisciplinaridade é uma atitude diferente a

ser assumida frente ao problema do conhecimento. È visível o embate entre alunos e

professores; entre a arte e as demais disciplinas, principalmente as da área de exatas.

O tema da pesquisa foi delineado ao passo em que os estudos de representação

permitiram a visualização e discussão sobre conceitos, imagens, pinturas, símbolos e de que

maneira estes elementos poderiam organizar as suas práticas pedagógicas no meio em que

estão inclusos. Na oportunidade, buscou-se refletir sobre os conhecimentos básicos,

constituindo-se num diálogo com os diferentes aspectos existentes.

O ponto principal desta pesquisa, logo no início dos relatos produzidas por meio das

entrevistas, permitiu uma reflexão ampla sobre a postura de cada um, de seu percurso e de

suas percepções acerca da importância da Arte no cotidiano de suas disciplinas.

A ARTICULAÇÃO INTERDISCIPLINAR

Diversas ações de fortalecimento da articulação interdisciplinar podem ser realizadas,

sobretudo, utilizando a Arte como instrumento complementar de trabalho, que é o foco de

estudo deste artigo. Dentre tantas possibilidades, aqui, versar-se-á algumas, contemplando as

áreas de conhecimento no geral e em determinadas disciplinas, em particular, dada a sua

importância para a temática em questão.

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No que diz respeito à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, a produção do

conhecimento como ingresso à informação, deve-se ao domínio da língua, esta por sua vez

tem uma pequena relação com a possibilidade de repleta participação social.

As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006. p. 27) aborda que o papel da

Língua Portuguesa é o de possibilitar, por procedimentos sistemáticos, o desenvolvimento das

ações de produção da linguagem em diferentes situações de interação, logo, a abordagem

interdisciplinar na prática de sala de aula é essencial.

É verdadeiramente eficaz uma educação que esteja voltada ao compromisso com a

cidadania, para tanto, necessário se faz, criar condições que desenvolvam a capacidade do uso

da linguagem e que esta esteja relacionada às ações afetivas do dia a dia.

Se o ambiente escolar objetiva a formação de cidadãos capazes de compreender

diferentes tipos textuais é viável organizar trabalhos educativos a serem experimentados.

Logo, formar leitores, não é uma tarefa fácil e, não se pode formá-los apenas na escola. A

diversidade textual é uma importante estratégia na prática da leitura.

Corti & Souza, (2005, p.26), afirmam que a autonomia faz parte da expansão do

jovem em relação ao mundo social, à sua crescente capacidade de analisar situações,

hierarquizar problemas, fazer julgamento e realizar escolhas. Trata-se de um processo de

emancipação.

A Arte, nesta perspectiva, é individualmente um tipo de narrativa acima do ser

humano, ela possui uma diversidade de linguagens. Assim, é possível se trabalhar como

elemento indispensável em diversas manifestações, que seja verbal, musical, visual, corporal e

tantas outras formas.

Cada texto trabalhado deve valorizar as propriedades que vão além do nível

gramatical ortográfico, analisando, avaliando, revisando, reelaborando e reescrevendo. Para

tal, é fundamental construir um espaço para as conversas sobre diversos temas em dupla ou

em pequenos grupos, fazendo uso de representações gráficas e/ou artísticas, utilizando os

vários modos de leitura, sobretudo a leitura de imagens no cinema, no vídeo, na televisão, na

fotografia, na pintura de uma tela, na escultura.

Quando se coloca um aluno diante de uma pintura, coloca-se um universo de possibilidades em sua frente. Tem-se o primeiro impacto, a primeira impressão, a questão do gosto. A partir daí, parte-se para uma abordagem mais técnica. O professor pode mediar, perguntando sobre as cores, a técnica, as dimensões da obra. Tem-se o segundo momento da leitura, de análise do que de fato a obra apresenta. Depois, caminha-se para a parte mais emocionante: a leitura simbólica, a busca dos significados. Um leitor contemporâneo vai analisar os signos de uma obra produzida séculos antes do seu nascimento. E isso é fantástico! É o que torna a obra atemporal, porque sempre estará ressignificada. (NASCIMENTO, 2009, p.22)

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Cada imagem ao representar o mundo, revela um recorte e uma combinação singular

que reconstrói o próprio mundo.

Há muitas maneiras de combinar imagem e som, cada obra audiovisual permite

desvendar os desejos e as intencionalidades que cada imagem esconde ao revelar o mundo.

A articulação interdisciplinar de Língua Portuguesa e Arte leva ao reconhecimento do

que está culturalmente estabelecido, amplia rede de saberes, questionando, processando novos

elementos, a fim de se operar novas possibilidades de compreensão da realidade já que a arte

possibilita o contato com a diversidade cultural em sua região e através dela desenvolver seu

potencial criativo.

A literatura é uma das manifestações artísticas mais privilegiadas, é um sinal

distintivo de cultura, logo, arte que se constrói com palavras. Apropriar-se da Arte para

estudar literatura é o caminho mais prazeroso e eficaz. É conhecimento, participação e

fruição. Os produtos culturais (literatura, artes plásticas, música, dança) mantêm intensa

relação com a formação do leitor crítico na escola.

A ARTE COMO VALOR ESSENCIAL NA LÍNGUA INGLESA

O conhecimento das línguas estrangeiras deve focalizar a leitura, a escrita e a

comunicação oral contextualizadas. O aluno desconhece de fato a necessidade do aprendizado

de um idioma estrangeiro para a vida dele, entretanto, a interação com a Arte é bastante

proveitosa, principalmente por enfatizar valores sociais, culturais, políticos e ideológicos.

Para isso, deve-se estimular um ensino que se preocupe com “uma cultura que permita

compreender nossa condição e nos ajude a viver, e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo

de pensar aberto e livre” como diz Morin (2007, p.11).

A contribuição de uma aprendizagem de Língua Estrangeira está em fazer com que os

alunos entendam que a depender do contexto, em determinados momentos históricos, em

outras comunidades, pessoas pertencentes a grupos diferentes comunicam-se e fazem cultura

e arte de formas variadas e diferentes, além de comparar com sua língua materna e aprender a

valorizar o que é seu, diferenciando o global do local.

O trabalho pedagógico deve-se basear, então, em leitura, oralidade e na construção de

sentidos, afinal, cada língua é composta por variantes socioculturais. A gramática não deve

preceder o uso prático da linguagem. A arte merece destaque porque existe nos códigos da

música, do teatro, da dança, das artes visuais. Um conjunto de significados que não podem ser

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transmitidos com a mesma intensidade por outro tipo de linguagem. Vive-se hoje na era da

imagem, o que oportuniza ao aluno reconhecer seu tempo e o espaço em que vive.

A língua inglesa e/ou estrangeira deve oportunizar através da Arte o mundo da cultura

que venha favorecer conhecimentos que estão distantes da realidade dos nossos alunos, com o

intuito de contemplar a Arte, em todos os seus aspectos, quer seja a dança, a música, a

arquitetura, a pintura e tantas outras manifestações artísticas e que certamente trarão para o

aluno uma nova compreensão e aprendizagem da Língua em questão, além de estimular e

reconhecer a língua internacional, a expandir sua observação do mundo e suas diferenças e a

comparar outras culturas com a sua própria.

EDUCAÇÃO FÍSICA: ARTE DO CORPO EM MOVIMENTO

A Educação Física não se resume nas práticas corporais no processo educativo, deve,

então, ter seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento e passar a ser mais uma

linguagem. Pode-se dialogar com a escrita ou a linguagem audiovisual. O homem deixa suas

marcas culturais, seu conjunto de saberes.

Assim, o processo ensino aprendizagem em Educação Física deve capacitar o

indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de

maneira social e culturalmente significativa, Através de jogos, esportes, lutas, ginásticas,

danças, brincadeiras, improvisação, coreografia ou qualquer outra manifestação expressiva,

porque a escola é um espaço sociocultural e da diversidade e deve abordar as relações corpo,

mente e expressão humana.

Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (BARBOSA, 2003, p.18)

Assegurar o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal e aprimorar para a

construção de um estilo pessoal favorecendo subsídios para que possam apreciá-las de forma

crítica é tarefa da Educação Física. O exercício de certas habilidades e aptidões não é limitado

ao ensino e aprendizagem em Educação Física. O importante, neste contexto, é o de capacitar

o indivíduo a uma profunda reflexão sobre suas possibilidades corporais e, com autonomia,

exercê-las de maneira social e cultural. Gradativamente o aluno, ao longo deste processo de

aprendizagem, conceberá práticas culturais de movimento como instrumento para o

conhecimento, consequentemente, irá adquirir expressões de sensações, sentimentos e

emoções individuais, nas relações com o outro; é o que se pode chamar de alteridade.

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Segundo Mattos (2003, p. 44), dentro do universo de conhecimentos que a Educação

Física procura abordar, quando a metodologia utilizada é a de ensino por condicionamento, o

resultado é uma aprendizagem restrita e limitada.

O tratamento pedagógico dado a essas e outras questões da cultura se reflete

diretamente nas possibilidades de formação dos alunos e dos professores. Necessário enfatizar

que o professor deverá sempre contextualizar a prática, considerando suas várias dimensões

de aprendizagem, e que possibilite aos seus alunos a aprendizagem e ao mesmo, se

desenvolverem. Assim sendo, o aluno aprenderá a conviver em grupo produzindo de modo

cooperativo. É imprescindível ao professor proporcionar situações em que o aluno possa

aprender a dialogar, ouvir o outro, ajudá-lo, pedir ajuda, trocar ideias e experiência, abraçar as

críticas e sugestões.

A ARTE E AS CIÊNCIAS EXATAS, UMA BARREIRA A SER VENCIDA

Quanto à área de Ciências Exatas e da Natureza, a primeira, remete a uma

visualização do que é preciso, rigoroso, perfeito, esmerado. Formada por disciplinas críticas e

muitas vezes odiadas pela maioria dos jovens, até pela maneira que o professor de matemática

age, de forma estática, fechada, criando uma aversão por parte dos alunos. Uma articulação

com Arte pode favorecer a mudança de caráter e tornar os conteúdos menos engessados.

Apesar de seu caráter abstrato, seus conceitos e resultados têm origem na realidade, no

cotidiano. As outras disciplinas da área de Exatas têm na Matemática a base, uma vez que ela

se transforma na ciência que estuda todas as possíveis relações e interdependências

quantitativas em grandezas, teorias, metodologia, formas de coletar e interpretar dados.

A vitalidade da Matemática deve-se ao fato que, apesar de seu caráter abstrato, seus conceitos e resultados têm origem no mundo real e encontram muitas aplicações em outras ciências e em inúmeros aspectos práticos da vida diária, na indústria, no comércio e na área tecnológica. Por outro lado, ciências como Física, Química e Astronomia têm na Matemática ferramenta essencial. (MATTOS, 2003, p. 27)

A aversão ou o medo que os alunos têm talvez seja também em decorrência da

metodologia utilizada, de forma descontextualizada, atemporal, geral. Muitos esquecem que a

Matemática comporta um grande campo das relações que despertam curiosidade, instigam a

capacidade de projetar, prever e abstrair. Assim, a Matemática e disciplinas afins

apresentam--se como um conhecimento de muita aplicabilidade e ainda está presente na

composição musical, na coreografia, nos esportes, na Arte.

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O conhecimento matemático é feito por todos os grupos socioculturais que utilizam

habilidades para contar, localizar, medir, desenhar, representar, pintar, jogar e explicar a

depender de suas necessidades e interesses. Aproximar o saber escolar do universo cultural

em que o aluno está inserido é de fundamental importância para o ensino aprendizagem.

A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever, abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, e operar sobre quantidades [...] Também é um instrumental importante para diferentes áreas do conhecimento. (MATTOS 2003, p. 28)

A Matemática é criação humana e seus conteúdos podem ser fontes naturais e potentes

de inter-relações com a Arte e outras disciplinas. A proporcionalidade, composição,

estimativa, a proporcionalidade presente na resolução de problemas multiplicativos, as figuras

geométricas, matemática financeira, análise de tabelas, gráficos e funções são exemplos disto.

A própria geometria consiste em estimular o aluno a perceber e valorizar a presença da

ciência em elementos da natureza e em criações do homem. Deve-se explorar formas em

obras de arte, esculturas, pinturas, arquitetura ou desenhos feitos em qualquer plano, que

podem ser feitos por meio de dobraduras, recortes, espelhos, empilhamento, modelagem,

colagem, construção de maquetes, reconstrução de história de um processo em que a

mediação tenha como referência as dimensões do corpo humano.

Nos últimos séculos o homem foi considerado o centro do universo e acreditam que a

natureza estava e está à sua disposição. A área de Ciências da Natureza pode contribuir para a

formação da integridade pessoal e gerar representações do mundo. A Ciência e a Tecnologia

são ferramentas associadas a questões sociais e políticas. Os conceitos de matéria, energia,

espaço, relação, interação, sistema, espaço, tempo relacionam-se ao desenvolvimento de

posturas e valores humanos, na relação entre o homem, o conhecimento e o ambiente.

Fundamentos da Química, de Física e de Biologia também podem estar presentes nesta

articulação interdisciplinar, através dos Temas Transversais como a cidadania, pluralidade

cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual, trabalhos e consumo, a depender da série e

do interesse do aluno e do professor.

AS CIÊNCIAS HUMANAS E O CONVÍVIO COM A ARTE

A área de Humanas, formada pelas disciplinas que apresentam a história do homem, o

espaço e tempo em que ele está inserido, o estudo da sociedade e da formação do ser, além de

tratar sobre os povos de todos os continentes, retratando a multiplicidade de culturas, tem uma

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relação muito estreita com a Arte, considerando a diversidade de vivências em uma

determinada sociedade, na medida em que grupos e classes sociais manifestam linguagens,

representações do mundo de valores, de relações interpessoais e de criações cotidianas.

A comunicação humana se deu e se dá, além de escrita, de forma oral, gestual, figurada,

musical e rítmica. O ensino da História deve estabelecer relações entre identidades

individuais, sociais e coletivas. Os fatos históricos podem ser entendidos como ações

humanas significativas. Deve-se fazer uso de criações artísticas, ritos religiosos, técnicas de

produção, formas de desenho, atos governamentais, comportamentos, atividades culturais.

Cabe ao professor de História, integrar as relações estabelecidas entre o passado e o

presente, entre o local e regional, o nacional e o mundial. Os sentidos culturais, estéticos, que

os objetos expressam são obras humanas que registram as relações coletivas e permitem a

comparação e o confronto das informações obtidas, inclusive, em pesquisa e posterior

apresentação de resultados.

Já o estudo da Geografia busca as dimensões objetivas que os homens estabelecem com

a natureza, os diferentes espaços e sua construção. A Geografia que se propõe na articulação

com a Arte é aquela que demonstra os aspectos físicos, biológicos, políticos e econômicos, a

fim de compreender a realidade, trabalhar as noções espaciais e temporais, os fenômenos

sociais, culturais e naturais.

As noções de sociedade, cultura, trabalho e natureza são fundamentais e devem ser

abordadas por meio de temas em que sociedade e natureza sejam estudadas de forma

conjunta, usando os Temas Transversais já listados anteriormente neste artigo, acrescentando

a ética e se confundindo com a Sociologia e a Filosofia.

No processo de leitura, um aspecto fundamental é a leitura de diferentes paisagens,

fotografias e imagens de televisão.

Enfim, a articulação interdisciplinar se fundamenta na crítica de uma concepção de

conhecimento que torna a realidade como um conjunto de dados estáveis, aponta a teia de

relações entre os seus diferentes e às vezes contraditórios aspectos, questiona a visão

compartimentada da realidade sobre a qual a escola historicamente se constitui. A Arte pode

mudar esta realidade, utilizando livros didáticos, atividades com música, com filmes,

atividades em laboratórios, audiovisuais e de atividades de pesquisa, sempre numa abordagem

reflexiva.

Trata-se de desenvolver formas de apropriação para uma melhor leitura das culturas

considerando as mesmas como dinâmicas e mutantes, logo, possíveis de ensinar e aprender na

interação com a outra (as) disciplina (s).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Arte é uma disciplina indispensável à vida da escola. Pode-se dizer do “sal” que

permite dar sabor aos saberes do aluno e certamente de sua aprendizagem e esta deve ser

vivencial que é a consequência do envolvimento entre as partes, aluno e professor em suas

atividades. Ambos têm a oportunidade de analisar de forma crítica e aplicar o aprendizado em

seu cotidiano.

O presente artigo intenciona um forte estímulo, tanto para professores como para o

aluno, para que se identifiquem com suas práticas e possam se encorajar a desenvolver suas

sensibilidades estéticas, sentimentos e emoções, através da prática interdisciplinar.

Pretende-se que todo professor, independente da modalidade de ensino e da disciplina

que leciona, possa fazer uso deste material como ponto de partida para uma educação mais

eficaz, mais eficiente, mais sensível, mais humana.

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REFERÊNCIAS

BAHIA, Secretaria da Educação. Orientações Curriculares Estaduais para o Ensino Médio: Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Salvador, 2005.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. Editora Perspectiva. São Paulo. 4ª edição, 2001.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília, 1999.

__________Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais 3º e 4º ciclos – Brasília: MEC/SEF. 1998

___________ Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias / Secretaria da Educação Básica – Ministério da Educação. volume 1 Brasilia, 2006.

CAVALCANTE, Márcia H. Koboldt; SOUZA, Rui Antonio de, Ensino Médio: Mudança e perspectivas. Porto Alegre: Edipucrs,2010

DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Por que arte-educação? Editora Papirus, 6ª edição, Campinas (SP), 1991.

FREITAS. Joselaine Borges Fernandes de. Arte é conhecimento, É construção, é expressão. In revista digital Art& Ano III, Número 03, Abril de 2005. Disponível desde 30 de abril de 2005. Acesso em 27 de abril de 2012

MATTOS, Paula Belfort, A arte de educar. Cartilha de Arte e Educação para professores do Ensino Fundamental e Médio. Editora Antonio Bellini, 1ª edição. São Paulo. 2003

NASCIMENTO, Evany. A leitura da obra de arte. Jornal Mundo Jovem PUCRS. RS. Ano 47, nº 393. Fevereiro de 2009. p.22

KOHAN, Walter O. Filosofia: Caminhos para o seu ensino. Editora Lamparina. Rio de Janeiro. RJ . 2008

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APÊNDICE

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Caro colega

Estou concluindo o curso de Pós-Graduação em Ensino da Arte que tem me revelado

a importância da arte na vida do ser humano, além de abrir as portas do raciocínio lógico e da

compreensão humana, pois a Arte nasceu com o homem e deu a ele a consciência de uma

capacidade criadora, da possibilidade de interpretar, de imaginar.

O Ensino da Arte na escola tem sido ponto de discussão porque a escola, ainda, não

acordou para sua importância no exercício do cotidiano. Costumo dizer que a arte é o

princípio de todas as coisas, não basta apenas apresentar conteúdos se estes não estiverem

recheados da produção artística – elemento indispensável ao aprendizado.

O Artigo que estou desenvolvendo tem como tema: Arte: o elo de interação na

interdisciplinaridade. Acredito que a interdisciplinaridade é uma atitude diferente a ser

assumida frente ao problema do conhecimento.

É preciso mudar, repensar, em caráter de urgência, nossa postura de educador no que

diz respeito aos conteúdos aplicados e à forma de como são sobrepostos. A Arte é pedra

fundamental neste processo de ensino/aprendizagem, capaz de desfragmentar pedaços de

Geografia, Matemática, Língua Portuguesa, Química e tantas outras disciplinas.

Diante deste contexto, gostaria de lhe fazer alguns questionamentos que servirão de

guisa no aprimoramento dos conteúdos aplicados em sala de aula, com o intuito de reduzir o

índice de repetência escolar.

Sua contribuição é de suma importância para esta caminhada! O primeiro passo é

responder ao questionário em anexo

Obrigado! É assim que construímos a nossa vida: com sonhos, dedicação e trabalho.

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QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AO PROFESSOR

1 – Qual a sua concepção sobre ARTE? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 – Que experiências didáticas você tem usado ou já desenvolveu que sejam relacionadas às linguagens artísticas? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 - Você está disposto a fazer parte do projeto interdisciplinar em que a ARTE esteja presente também na disciplina que você ministra?

Sim Não

4 – Relacione conteúdos/atividades em que possamos interdisciplinar ARTE em sua disciplina nesta Unidade de Estudo. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 – Observe a famosa tela de Picasso “Guernica”. Que leitura você poderá fazer em relação à disciplina que você trabalha?

Guernica foi bombardeada pelos nazistas em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, o que inspirou a Pablo Picasso sua famosa obra "Guernica". Picasso pintou esse quadro para retratar o estado de Guernica após o bombardeio: restos de pessoas, animais espalhados por todos os lugares

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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6 – Você acha possível que seu aluno possa desenvolver-se mais e melhor se sua disciplina estiver associada com a produção artística? Por gentileza, comente sua resposta.

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Para melhor entrosamento, gostaria que você se identificasse.

_________________________________________________________________________Professor(a)

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