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Page 1: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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Page 2: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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Apresentação da Disciplina

Em tempos de fáceis teorias e ainda de um modelo inadequado de educação no

Brasil, faz-se necessário um espaço para uma nova matriz científica, que possa explorar as

possibilidades teóricas das diversas concepções e métodos de ensino.

Seguindo esse parâmetro, a proposta desta disciplina é fornecer ao aluno do

treinamento de Formação de Peritos e Assistentes Técnicos não apenas as noções

fundamentais sobre o fenômeno jurídico, como também possibilitar sua visão construtiva e

crítica do direito.

Assim, notamos a necessidade dos peritos judiciais e assistentes técnicos enquanto

responsáveis diretos por influenciar o poder judiciário em suas decisões e na resolução dos

conflitos sociais, compreender a sistemática do ordenamento jurídico vigente que refletirá

certamente em seu desempenho profissional.

Sob este aspecto, importante demonstrar os inúmeros ramos do Direito que tem

reflexo direto sobre as atividades de peritos e assistentes: Direito Tributário, Direito do

Trabalho, Direito Administrativo, Direito Ambiental, Direito Econômico, Direito do

Consumidor, Direito Penal, Direito Empresarial, Direito Civil, Direito Internacional além de

outros ramos cuja perícia também interfere diretamente como meio de prova.

Assim, a disciplina de Introdução do Direito tem o objetivo de fornecer ao aluno

uma visão global do Direito e a correlação entre Direito, o processo e a perícia como meio de

prova.

Nesse contexto, nos primeiros estudos de uma nova ciência, é comum ao aluno

sentir-se com dificuldades, em função dos novos métodos, conceitos e diante do próprio

sistema que até então desconhece.

Contudo, essas primeiras dificuldades, em especial com as novas terminologias,

devem ser superadas e enfrentadas para que o desenvolvimento do raciocínio jurídico possa

ser aplicado no campo da ciência de atuação do perito ou assistente e do Direito.

O objetivo geral deste treinamento jurídico para o curso de formação de peritos e

assistentes técnicos é contribuir com a formação dos alunos de forma a torná-lo capaz de

compreender o Estado, as Leis Instituídas, as Instituições, o Ordenamento Jurídico e seus

desdobramentos em nossa realidade.

Assim, o aluno alcançará aptidão cognitiva para resolução de casos práticos

utilizando-se do preparo teórico adquirido e segurança suficiente para o desempenho

profissional a partir da informação formação que absorveu ao longo do curso.

Page 3: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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SUMÁRIO

1. Introdução à Ciência Jurídica .................................................................................................. 4 1.1 Ordem jurídica, formação da sociedade e o novos direitos ....................................................... 4

1.2 Escolas do pensamento jurídico ................................................................................................ 7

1.2.1 Escola Jusnaturalista ............................................................................................................... 7

1.2.2 Escola positivista .................................................................................................................... 8

1.3 Concepcões da palavra direito ................................................................................................... 8

1.4 Interpretação e integração das normas jurídicas ........................................................................ 9

1.4.1 Interpretação das Normas Jurídicas ........................................................................................ 9

1.4.2 Integração das Normas Jurídicas .......................................................................................... 10

2. Direito Público e Privado ........................................................................................................ 11 2.1 Ramos do Direito Público ....................................................................................................... 12

2.1.1 Direito Constitucional e Administrativo............................................................................... 13

2.1.2 Direito econômico, financeiro e tributário ........................................................................... 14

2.1.3 Direito penal e processual..................................................................................................... 15

2.1.4 Direito da seguridade social ................................................................................................. 17

2.3 Ramos do direito privado ........................................................................................................ 17

2.3.1 Direito civil e comercial ....................................................................................................... 18

2.3.2 Direito trabalhista ................................................................................................................. 18

3. Direito Civil .............................................................................................................................. 19 3.2 Princípios Fundamentais do Código Civil ............................................................................... 20

3.3.1 Capacidade de direito e capacidade de exercício ................................................................. 22

3.2 As pessoas jurídicas de direito público e privado.................................................................... 23

4. Direito Constitucional ............................................................................................................. 25 4.1 Noções da teoria geral do Estado ............................................................................................ 26

4.1.1 Elementos Formadores do Estado ........................................................................................ 27

4.1.2 Formas de Estado ................................................................................................................. 29

4.1.3 Formas de Governo .............................................................................................................. 30

4.1.4 Sistemas de Governo ............................................................................................................ 30

4.2 Fundamentos da República Federativa do Brasil .................................................................... 31

4.3 Direitos e garantias fundamentais............................................................................................ 33

Page 4: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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Introdução ao Direito

1. Introdução à Ciência Jurídica

Conteúdo

Ordem jurídica, formação da sociedade e o novos direitos

Escolas do Pensamento Jurídico

Escola Jusnaturalista

Escola positivista

Concepcões da palavra “Direito”

Interpretação e integração das normas jurídicas

Interpretação das Normas Jurídicas

Integração das Normas Jurídicas

Objetivos

Introdução

Este primeiro capítulo, intitulado “Introdução à Ciência Jurídica” terá uma missão

fundamental: romper todos os preconceitos daqueles que pensam que estudar Direito é

sinônimo de compreender um emaranhado de leis, ter que livros e códigos intermináveis.

Definitivamente, não!

A idéia principal é mostrar neste capítulo – e também nos demais – que o Direito é

uma ciência que, quer você goste ou não, é imprescindível que você conheça, pois ninguém

pode se dissociar ou se eximir de respeitar as leis e as regras do nosso país.

Embora este seja um dos capítulos mais teóricos dessa disciplina (Introdução ao

Direito) não deixe buscar em cada um dos conceitos apresentados algum raciocínio prático

que possa ajudar você, a compreender melhor a sociedade em que vivemos.

1.1 Ordem jurídica, formação da sociedade e o novos direitos

Após estudar este tema o aluno deverá ser capaz de:

a. Relacionar o conceito de Sociedade à necessidade da existência do Direito;

b. Discorrer sobre as mais importantes Escolas do Pensamento Jurídico;

c. Identificar as diferentes concepções da palavra Direito;

d. Compreender quais os métodos e interpretação e integração das normas jurídicas.

Page 5: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

5

O Direito é o regulador das relações humanas no interior da sociedade, defendendo a

própria forma em que esta sociedade está constituída e permitindo que cada cidadão busque

exatamente aquilo que é seu.

Há, inclusive, uma expressão em latim muito conhecida no meio jurídico, “Ubi

societas, ibi Jus”, que significa “onde há sociedade, há o direito”. Isso está plenamente

correto!

A vida do homem em sociedade só é possível por conta de existirem regras, leis que

disciplinam os atos humanos. Não fossem as leis, viveríamos na mais completa barbárie!

Além disso, o Direito vem sempre consolidar, por suas normas, as instituições

criadas pelo homem e vigentes em dado momento histórico. As instituições mudam, evoluem.

Cabe ao Direito fixá-las, para que a sociedade se sinta segura, para que as regras sociais, uma

vez estabelecidas, sejam seguidas, sem sustos para os cidadãos em suas relações.

Desta forma, o Direito assume uma função verdadeiramente social, pois, embora as

ideologias variem e a sociedade se transforme, ele perdura consolidando normas e protegendo

interesses estabelecidos.

Mas quais interesses da sociedade são atendidos pelo Direito?

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

Com as mudanças históricas que ocorrem na sociedade com o passar do tempo, o

Direito acaba demonstrando todo o seu caráter dinâmico e inovador, já que ele também se

renova, acatando novas diretrizes para satisfazer as atuais necessidades sociais e,

consequentemente, permitindo o surgimento de novos ramos de sua ciência.

Este é o caso dos chamados “Novos Direitos”, como os Direitos Difusos, Direitos

Coletivos, Direitos Sociais e Direitos Humanos.

Os Direitos Difusos são aqueles que, sendo indivisíveis e indisponíveis, podem ser

usufruídos por um número indeterminável de pessoas, por recaírem sobre bens de toda a

coletividade, como por exemplo o meio ambiente, o patrimônio cultural, etc.

Nessa categoria, os sujeitos tem um médio nível de organização, todos ligados a uma

relação-base. Esse vínculo tem carga nitidamente social e política, que de certa forma

“politiza” o próprio Direito, o mesmo que a razão liberal tenta “despolitizar”, abstrair.

Já os Direitos Coletivos são compostos por interesses comuns a uma coletividade e

pessoas e a elas somente, quando exista um vínculo jurídico entre os componentes do grupo,

como por exemplo: a sociedade mercantil, a família, os entes profissionais, o sindicato. São,

assim, interesses comuns, nascidos em função de uma relação base que une os membros das

respectivas comunidades e que, não se confundindo com interesses estritamente individuais

de cada sujeito, merece sua identificação própria.

- Pacificação dos conflitos;

- Permitir que as pessoas tenham o que é seu de direito;

- Reparar injustiças;

- Diminuição da criminalidade e de práticas ilícitas;

- Lutar pelos direitos garantidos e não efetivados.

INTERESSES

SOCIAIS

O DIREITO tem por objetivo fundamental

atender aos interesses da SOCIEDADE, a exemplo

de alguns deles que foram acima listados.

Page 6: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

6

No âmbito dos Direitos Difusos põe-se em destaque hoje a questão ambiental, pois

que ela envolve o trato jurídico as próprias condições básicas da vida sobre a Terra. O direito

ambiental, pois, liga-se intimamente ao direito à vida. A realização plena do direito de viver

implica que seja assegurado a toda pessoa efetivamente dispor dos meios apropriados de

subsistência e de um padrão de vida decente.

IMPORTANTE!

O direito a um ambiente sadio salvaguarda a vida

humana, tanto sob o aspecto da existência física e saúde

quanto em termos da dignidade desta existência, ou seja,

a qualidade de vida. Por isso, o meio ambiente constitui

atualmente um patrimônio do povo. Em sua abrangência,

o direito ambiental transcende as fronteiras de qualquer

país, pois os problemas relativos à camada de ozônio, à

poluição marítima, às grandes florestas etc., dizem

respeito não somente a um povo, mas aos povos do

mundo todo.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

O termo singular Direito Social pode ser definido como sendo o conjunto de normas

que disciplinam o organismo social com o objetivo de obter o equilíbrio da vida em

sociedade. É, portanto, aquele direito que brota de modo espontâneo no grupo social, como

por exemplo, as normas consuetudinárias. Em sentido mais estrito ou específico, pode ser

considerado aquele direito que rege as relações trabalhistas, resolvendo a questão social ao

procurar restabelecer o equilíbrio social através da proteção do trabalhador e de seus

dependentes. São direitos típicos do século XX, da globalização, dos conflitos de massa.

Exemplos de Direitos Sociais são os que abrangem os direitos do trabalho,

incluindo: o próprio direito ao trabalho, o direito a uma remuneração justa, o direito de

sindicalização, o direito ao repouso e ao lazer, o direito ao bem estar e à previdência social

(que se desdobra em direito à seguridade social). Outros exemplos de Direitos Sociais são: os

direitos especiais da infância e maternidade, o direito à educação e cultura, os direitos

relativos á família (direitos à proteção do Estado, direito ao casamento, direito de orientar a

educação dos filhos), os direitos em relação ao próprio Estado (direito de participar do

governo, direito de voto, etc.).

O termo Direitos Humanos pode ser definido como sendo o conjunto de normas

substantivas contidas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (lavrada na França,

em 1789) e na Declaração Universal dos Direitos do Homem (Carta das Nações Unidas de

1948, em que o Brasil é um dos signatários) e não nas normas constitucionais, arrolando os

direitos elementares à dignidade humana, sejam eles civis, políticos, econômicos, sociais ou

culturais, aplicáveis aos homens individualmente ou como membros da sociedade. Tais

normas constitucionais restringem o poder estatal por constituírem uma limitação ao

Legislativo, Executivo e Judiciário que devem, por sua vez, respeitar os direitos humanos.

Mais adiante voltaremos a falar sobre isso.

Em resumo: Pode-se observar que todos estes Direitos (Difusos, Coletivos, Sociais e

Humanos) marcam uma nova perspectiva à própria Ciência do Direito, em termos de uma

superação do caráter individualista das ações jurídicas (o julgamento de questões em essência

individuais) pela valorização do social, do coletivo, da cidadania participativa. Esta orientação

evidencia uma tendência democrática no campo da justiça, pois possibilita um envolvimento

mais efetivo das populações na gestão dos problemas coletivos, além do que, segundo o texto

Page 7: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

7

constitucional, o Estado já não pode ser omisso ante os problemas conexos aos direitos

econômicos, sociais e culturais – diferentemente do que acontecia no sistema jurídico

tradicional.

Para Guardar:

DIREITOS DIFUSOS

DIREITOS COLETIVOS

DIREITOS SOCIAIS

DIREITOS HUMANOS

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

1.2 Escolas do pensamento jurídico

Ao longo dos anos, a evolução do pensamento jurídico foi acompanhada pelo

surgimento de diversas Escolas de pensadores que buscaram, cada qual ao seu modo, explicar

o porquê do Direito, ou seja, de onde nasce e para onde evolui o Direito.

Evidentemente que são inúmeras as Escolas do Pensamento Jurídico, de modo que

não há interesse aqui de que seja feita uma abordagem de todas elas. Trataremos das duas

principais Escolas: A Escola do Direito Natural ou Naturalista e a Escola do Direito Positivo

ou Positivista.

1.2.1 Escola Jusnaturalista

A Escola Naturalista prega a força do chamado Direito Natural que é considerado o

conjunto de valores contidos no íntimo da natureza humana. É aquilo que corresponde ao

sentimento de justiça da comunidade (independe da vontade humana). Ou seja, o Direito

Natural existe antes mesmo da própria lei, decorrendo dos valores de Justiça da cada ser

humano.

Não há dúvida de que o direito natural foi fator essencial ao progresso das

instituições jurídicas da velha Roma. Já na Idade Média – amplamente dominada pela Igreja –

prevaleceu a idéia de que os princípios componentes do direito natural eram frutos da

inteligência divina.

O surgimento da modernidade permitiu que os documentos históricos e religiosos

fossem interpretados sob uma outra ótica: a racionalidade. Abandona-se a idéia de que os

fundamentos do direito natural decorriam da natureza das coisas e da vontade Deus,

passando-se a aceitar a idéia de que o direito natural é fruto da razão humana. Na realidade os

princípios que constituem o direito natural formam a concepção do que seja, segundo a razão

humana, o justo por natureza. Aliás, o homem, por natureza, é um ser justo. Há exceções, é

claro, mas, como regra, a idéia de justiça é inerente ao homem.

Page 8: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

8

Atualmente, o direito natural deve ser aceito, senão na plenitude de suas idéias e

postulados, ao menos como instrumento complementar do direito positivo para que, juntos,

possam dar coerência ao ordenamento jurídico vigente.

1.2.2 Escola positivista

Em contraposição à idéia de que o Direito decorre de um conjunto de valores

inerentes ao próprio homem, surge a Escola Positivista com o intuito de firmar a tese de que o

Direito não é outra coisa senão a expressão clara da Lei.

Vale dizer que o termo Lei surge aqui para designar as normas de conduta legisladas

ou provenientes do costume, que disciplinam as relações humanas. Nesse aspecto percebe-se

que o conceito de direito positivo é bastante amplo, pois alcança não só o direito em vigor,

como o que está fora de vigência, direito histórico, direito costumeiro.

IMPORTANTE!

O positivismo jurídico (...) exalta o valor segurança,

enquanto o jusnaturalismo não se revela tão inflexível

quanto a este valor, por se achar demais comprometido

com os ideais de justiça e envolvido com as aspirações

dos direitos humanos (NADER, 2008).

Em resumo: O direito positivo tem por base o ordenamento jurídico, as leis de modo

geral. Trata-se de uma tentativa de se transformar o estudo do direito numa verdadeira ciência

que viesse a ter as mesmas características das ciências físico-matemáticas, naturais e sociais.

Ou seja, para a solução de um determinado caso concreto, basta procurar a lei que exatamente

se encaixa para a resolução daquele conflito.

F

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

1.3 Concepções da palavra direito

Antes de pensarmos nas concepções do Direito é preciso compreender a origem do

vocábulo “Direito”. Para tanto devemos nos valer de duas correntes distintas que tentam

justificar a utilização do vocábulo “Direito”, vejamos:

A atual fase de desenvolvimento do Direito é chamada de Pós-

positivista: uma superação da Escola Positivista do Direito. Trata-se do

reconhecimento de que o Direito não é – e nunca será! – uma ciência

matemática, pois a idéia de Justiça está amplamente impregnada de fatores

sociais, peculiares de cada caso concreto, e que impossibilita o tratamento do

Direito como sendo uma ciência exata. O Direito passa, nesta nova fase, a ser

interpretado à luz dos princípios – de força normativa reconhecida – e que

contribuem para dar maior coerência ao ordenamento jurídico.

Page 9: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

9

Directum ou Rectum: Para alguns a palavra “Direito” seria originária do termo

latino directum ou rectum que significam aquilo que é reto, aquilo que é conforme

uma régua.

Jus: Para outros, porém, o vocábulo “Direito” seria originário do termo latino jus

que significa simplesmente “direito”. Assim, outras palavras ligadas ao termo jus

como jussum ou justum, estariam ligadas à idéia de Direito, pois significam,

respectivamente, “mandar, ordenar” e “o que é conforme a justiça”.

Deixando um pouco de lado a discussão quanto à origem do vocábulo “Direito”, a

doutrina se dedica a traçar as inúmeras Concepções do Direito, a saber: Direito como ciência,

Direito como justo, Direito como norma, Direito como faculdade e Direito como fato social.

A seguir analisaremos rapidamente cada uma delas.

a. Direito como ciência: Prega a afirmação do Direito como um ramo do

conhecimento científico.

b. Direito como justo: O Direito seria fruto de um conjunto de valores que permitem

equacionar os conflitos. O Direito seria exigência da Justiça.

c. Direito como norma: Decorre do direito positivo (normas elaboradas, leis) e

também das normas do direito natural (valores e princípios anteriores à própria

lei). É também conhecida como Direito Objetivo.

d. Direito como faculdade: O Direito decorreria da prerrogativa ou faculdade de

agir de cada um. É também conhecida como Direito Subjetivo.

e. Direito como fato social: O Direito seria um aspecto, um setor da vida social.

1.4 Interpretação e integração das normas jurídicas

Nós estudamos até agora o que é o Direito, quais Escolas tentaram explicar o

fenômeno jurídico, além de analisarmos as principais concepções da palavra Direito. Resta

agora, para fecharmos este primeiro capítulo, compreendermos dois processos

importantíssimos: a interpretação das normas jurídicas (estabelecendo a sua forma de

aplicação) e a integração das normas jurídicas (que visa a preencher as lacunas do

ordenamento jurídico).

1.4.1 Interpretação das Normas Jurídicas

A interpretação das normas jurídicas, para que possa ser corretamente compreendida,

deve ser vista como uma verdadeira arte: a arte de extrair da norma a vontade expressada pelo

legislador quando da sua elaboração. Trata-se de um processo interpretativo permanente, por

meio do qual os operadores do Direito constroem e reconstroem o direito e a realidade. Esse

processo de interpretação do Direito é também chamado de Hermenêutica Jurídica.

IMPORTANTE!

A hermenêutica jurídica tem por objeto o estudo e a

sistematização dos processos aplicáveis para determinar

o sentido e o alcance das expressões do direito. A

hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar

(MAXIMILIANO, 2006).

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

Page 10: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

10

O processo de edição da norma é um momento de criação do direito. A hermenêutica

representa um outro momento. Etimologicamente é um vocábulo derivado do grego

hermeneuein, comumente tida como filosofia da interpretação.

A atividade do hermeneuta é, assim, construtiva, e não meramente interpretativa; a

idéia de ir conhecendo um trabalho que ainda se constrói.

Vale salientar ainda que um erro muito comum seja falar-se em interpretação e

integração do Direito, quando, na realidade, o que se interpreta e se aplica é a Lei!

Para tanto, utilizamo-nos dos métodos de aplicação do Direito para definir qual a lei

(regra) aplicável no caso concreto. Os critérios são:

a) temporalidade: a lei mais nova prefere à mais antiga;

b) especialidade: a lei especial prefere à mais geral;

c) hierarquia das leis: baseia-se no sistema pela qual uma lei busca seu fundamento

de validade em outra norma superior.

1.4.2 Integração das Normas Jurídicas

O processo de integração das normas jurídicas está relacionado à idéia de que é

impossível que o legislador preveja, por mais cauteloso que ele seja, todos os fatos e

acontecimentos da vida real que devem merecer proteção do Direito.

É possível que ao tentar solucionar determinado caso, o juiz não encontre no

ordenamento jurídico lei específica que possibilite por fim ao conflito. Neste caso, deverá o

magistrado se valer dos meios de integração da norma jurídica, quais sejam: a analogia

(utilização de uma norma para resolver um caso semelhante àquele para o qual foi

especificamente criada), o costume (são as regras sociais resultantes de uma prática reiterada

e prolongada, o que acarreta numa certa convicção de obrigatoriedade, conforme cada cultura

específica ou sociedade), os princípios gerais do direito (são regras oriundas da lógica

natural das coisas e do ser humano e que acabam por orientar a compreensão do sistema

jurídico, auxiliando o juiz no momento de decidir determinado caso concreto) e a equidade (é

o processo por meio do qual o intérprete/juiz pode solucionar o caso utilizando-se de seus

valores de Justiça).

Conclusões

Chegamos ao final do primeiro capítulo da disciplina Introdução ao Direito. Com ele

você pode entender um pouco melhor o fenômeno do surgimento do Direito, as principais

Escolas que se propuseram a explicar o pensamento jurídico, bem como a atual tendência

domina a ciência do direito.

Na sequência, traçamos as inúmeras concepções do Direito, o que permitiu que vocês

compreendessem que o surgimento Direito pode encontrar explicação e fundamento em

situações distintas (como ciência, como justo, como norma, como faculdade e como fato

social).

Por fim, apresentamos os processos de interpretação e integração das normas

jurídicas, processos com os quais o intérprete/juiz resolve os casos concretos e, assim,

promove a paz social.

Expansão de Conhecimentos

Page 11: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

11

Os temas relatados neste capítulo podem ser estudados com mais propriedade na

obra de Introdução ao estudo do Direito, do autor Paulo Nader, 31 ed. São Paulo: Forense,

2009.

Exercícios

1. Discorra sobre os chamados “Novos Direitos”.

2. Estabeleça uma correlação entre as Escolas do Pensamento Jurídico e as

Concepções do Direito.

3. Explique o que vem a ser hermenêutica jurídica.

Introdução ao Direito

2. Direito Público e Privado

Conteúdo

Ramos do Direito Público

Direito Constitucional e Administrativo

Direito econômico, financeiro e tributário

Direito penal e processual

Direito da seguridade social

Ramos do direito privado

Direito civil e empresarial

Direito trabalhista

Objetivos

Introdução

A partir da compreensão do direito como um conjunto de normas que disciplinará as

relações sociais em um determinado grupo, parte-se para a divisão do próprio direito. Existem

várias formas de se classificar o direito, contudo adotaremos aqui a mais simples delas, ou

seja, a divisão do direito em dois grandes grupos: o direito público e o direito privado.

Nesse contexto, são de direito público aquelas normas e atuações onde o Estado ou

entidades públicas se encontram presentes como tais, ou seja, exercendo seu poder.Do mesmo

modo, as normas de direito público podem regular ações dentro de um mesmo país, ou as

Após estudar este tema o aluno deverá ser capaz de:

e. Compreensão a distinção entre o direito público e privado;

f. Discorrer de forma específica sobre cada ramo do direito.

Page 12: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

12

relações do país com indivíduos. Assim, o que caracteriza essas normas é a especial presença

do poder estatal.

Por outro lado, o direito privado representa as normas que regulam as relações entre

pessoas. Nesse sentido, são de direito privado as ações em que o estado atua como particular,

sem usar sua condição de poder.

Importante ressaltar ainda, essa divisão se justifica por existirem diferentes níveis de

relação jurídica entre os cidadãos, entre si e entre esses e o Estado.

O autor Hely Lopes Meirelles1 retrata que o Direito Público pode ser dividido em

Interno e Externo. O Direito Público Interno tem como objeto a regulação dos interesses

estatais e sociais. O Direito Público Externo, por sua vez, tem como objetivo reger as relações

entre os Estados soberanos e as atividades individuais internacionalmente.

Em suma, as relações de direito privado podem ser compreendidas como uma

relação que ocorre no sentido horizontal. Já no direito público, encontramos a verticalidade

nas relações jurídicas, porquanto, o Poder Público encontra-se em uma posição de

superioridade frente aos particulares em função da manutenção do interesse público ou do

bem comum.

Por fim, a busca pela compreensão da natureza dos principais ramos do direito, o

direito público e privado, deve ser pautada na verificação da preponderância dos interesses em

questão. Assim, predominando-se os interesses particulares, tem-se o direito privado.

Todavia, na predominância dos interesses que afetariam toda a coletividade, teríamos o direito

público.

Veremos a seguir a idéia central de cada ramo do direito.

2.1 Ramos do Direito Público

Conforme já estudado, o direito Nacional pode ser dividido em Público e Privado. O

primeiro retrata uma organização do Estado, regidas por normas de ordem pública, ou seja,

normas que não podem ser alteradas pela simples vontade das partes. Temos, por exemplo,

que obrigação de pagar determinado tributo é considerada norma de ordem pública.

Veremos que o Direito Público pode ser dividido da seguinte forma: Direito

Constitucional, Administrativo, Econômico, Financeiro, Tributário, Da Seguridade Social e

Processual (Trabalhista, Civil, Penal).

Estudaremos a seguir cada um desses ramos do direito modo mais aprofundado.

Os ramos do Direito Público podem ser assim representados:

1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 31-2.

Page 13: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

13

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

2.1.1 Direito Constitucional e Administrativo

O direito constitucional pode ser compreendido como um ramo do direito público

que estuda as regras estruturais do Estado, relativas à organização político-estatal, definindo o

regime político, a forma de Estado e delimitando a relação do Estado e o povo por meio do

reconhecimento de garantias e direitos fundamentais.

Vale lembrar, o direito constitucional é a esfera da ordenação estatal que se relaciona

intimamente com os demais ramos do direito, coordenando-os e traçando sua base estrutural.

Da mesma forma, o direito constitucional é considerado o marco inicial de todo direito do

Estado.

Já a expressão Constituição possui vários sentidos. Assim, em sentido lógico-

jurídico, segundo o autor Hans kelsen, a Constituição é a norma hipotética fundamental. Essa

concepção jurídica positiva é o conjunto de normas que regulam a criação de outras normas,

ou seja, é a lei em seu mais alto grau2.

O Estado é o principal objeto do direito constitucional. A noção jurídica de Estado

apoia-se em quatro elementos básicos: território, povo, governo e soberania. Contudo,

estudaremos de forma mais detalhada, tendo-se em vista a importância do tema, no último

capítulo.

O direito administrativo, por sua vez, mantém relações concretas com o direito

constitucional, pois atua junto aos agentes, os órgãos e as pessoas jurídicas administrativas,

que de alguma forma atuam ou fazem parte da administração pública, e ainda às atividades de

natureza pública referentes à atuação do Estado.

Nesse sentido, o conceito que permanece no tempo sobre direito administrativo e

que embasou as demais obras doutrinárias brasileiras, é do autor Hely Lopes Meirelles.

Segundo o autor, o direito administrativo “sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios

jurídicos que regem as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direita e

imediatamente os fins desejados pelo Estado3”.

Note que a esse ramo do direito público cumpre a função de atuar nas formas de

relacionamento entre os particulares e a administração pública. Por consequência, o Estado

2 KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, tradução de João Baptista Machado, 2ª ed. Coimbra: Armênio

Amado Editora, 1962, v. 1. p. 2, 7. 3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16ª ed. Revista dos Tribunais, 1991, p. 24.

econômico e

financeiro

penal

Seguridade

social

processual

tributário

administrativo

constitucional

DIREITO

PÚBLICO

Page 14: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

14

tem a finalidade de promover o bem-estar da coletividade, e para alcançar seu objetivo, deve

apresentar uma estrutura bem definida de poder, cuja função cabe ao Direito Constitucional.

A idéia central do direito administrativo se observa na prestação do serviço público,

ou seja, na atividade estatal dirigida à satisfação das necessidades coletivas de ordem

fundamental como o abastecimento de água, o transporte, a energia elétrica4, etc.

Cabe ressaltar ainda, não há um código específico de direito administrativo, o que se

verifica além das normas estampadas na Constituição Federal, são legislações esparsas e

códigos como o de água, pesca, caça, florestal, minas etc.

2.1.2 Direito econômico, financeiro e tributário

Esses três ramos do direito foram agrupados num mesmo tópico com finalidade de

informar ao leitor que embora possuam pontos semelhantes, são ramos autônomos do direito e

como tal devem ser estudados.

Começaremos com o direito econômico.

A ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre

iniciativa. A expressão “ordem econômica” deve ser compreendida em função da substituição

da economia liberal pela economia intervencionista.

Nesse contexto, o direito econômico é considerado um ramo do direito público que

estuda o conjunto de regras, princípios e instituições que visam à intervenção do Estado no

domínio econômico. Referida intervenção tem, por sua vez, a finalidade de regular o mercado

de forma direta ou indireta. A primeira ocorre, por exemplo, quando o Estado se utiliza de

sociedades de economia mista e das empresas públicas para realização de seus fins. Já a

intervenção indireta pode ser notada quando o Estado apoia a atividade econômica dos

particulares.

Inserido no estudo do direito econômico, a Constituição Federal traz em seu artigo

192, as diretrizes do Sistema Financeiro Nacional, senão vejamos: “O sistema financeiro

nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir

aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas

de crédito, será regulado por leis complementares...”.

Prosseguindo nesse contexto, veremos que é constituído Sistema Financeiro

Nacional do Conselho Monetário Nacional, do Banco Central do Brasil, do Banco do Brasil,

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e das demais instituições financeiras

públicas e privadas. Além dessa divisão, a lei n. 4.595 de 31 de dezembro de 1964, também

nos traz algumas atribuições do Conselho Monetário Nacional: a) regular o valor intero da

moeda; b) adaptar o volume dos meios de pagamento às necessidades da economia; c)

orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras públicas e privadas entre outras.

Por outro lado, é importante citar também o papel do Banco Central do Brasil, que é

considerado uma autarquia federal e tem dentre outras, as seguintes finalidades: a) emitir

papel moeda e metálica; b) receber os recolhimentos compulsórios e voluntários das

instituições financeiras; c) efetuar empréstimos às instituições financeiras bancárias.

Por fim, o estudo das políticas urbanas, agrárias e fundiárias também ingressa no

campo de estudo do direito econômico.

Passamos nesse momento para o estudo do direito financeiro.

Veremos que as despesas públicas, a receita pública, o crédito público e orçamento

público são alguns dos objetos de estudo do direito financeiro.

O Direito Financeiro é um ramo autônomo da ciência do direito, conforme se

verifica no inciso I, do artigo 24 da Constituição Federal, e é representado por um conjunto de

4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16ª ed. Revista dos Tribunais, 1991, p. 24.

Page 15: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

15

princípios e regras que buscam regular a atividade financeira do Estado. Entre as atividades

que o Estado desenvolve, tutelando necessidades públicas, algumas são essenciais (segurança

pública, prestação jurídica, etc.) outras complementares, protegendo outros itens

(secundários), exercidas através de concessionárias.

A finalidade da atividade financeira é a realização dos serviços públicos e o

atendimento das necessidades públicas, ou seja, as necessidades coletivas encampadas pelo

poder político, inseridas no ordenamento jurídico. Logo, a atividade financeira encontra-se

pautada em três necessidades públicas principais: prestação de serviço, exercício do poder de

polícia e intervenção econômica.

Outros temas como a lei de responsabilidade fiscal (lei complementar n. 101 de 04

de maio de 2000) e os precatórios são analisados pelo direito financeiro.

Certamente você já ouviu falar em precatório5, mas por vezes não sabe conceituá-lo.

Assim, precatório nada mais é do que uma requisição feita pelo juiz da execução ao

presidente do tribunal, para saldar débito a que foi condenada. Em suma, precatório é o

documento em que se pede alguma coisa.

O último ramo do direito deste item é o direito tributário, que pode ser considerado

como um conjunto de princípios e regras que regem o poder fiscal do Estado, representado

pela instituição, arrecadação e fiscalização de tributos devidos pelos indivíduos ao governo.

A doutrina jurídica tributária é rica nos conceitos de tributo, contudo, cabe aqui

trazermos a definição da lei, regulamentada no art. 3ºdo Código Tributário Nacional, senão

vejamos: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se

possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante

atividade administrativa plenamente vinculada”.

Explicando melhor, tributo é “toda prestação pecuniária compulsória”, ou seja,

obrigatória, imposta pelo Estado no uso de seu poder de império. Deve ser cobrado em

“moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”, logo o pagamento do tributo não poderá ser em

bens, por exemplo. Ainda, para se configurar o tributo, tal cobrança não poderá representar

sanção a ato ilícito, ou seja, tributo não é multa e multa não é tributo. Ainda, o tributo só

poderá ser criado por lei ou ato normativo com força equivalente (medida provisória).

E por fim, a autoridade tributária não pode analisar se aconselhável ou conveniente

cobrar determinado tributo, porquanto a cobrança deverá ser feita de forma vinculada, sem

margem de discricionariedade do administrador, fiscal, auditor ou procurador.

Note-se ainda, que tributo é o gênero dos quais são espécies os impostos, as taxas, as

contribuições de melhoria. Há autores nacionais que entendem que os empréstimos

compulsórios e as contribuições de melhorias embora integrantes da categoria taxas e

impostos, também se enquadram como espécies do gênero tributo.

2.1.3 Direito penal e processual

O Direito Penal é o ramo do direito público que regula o poder punitivo do Estado,

bem como as normas jurídicas que ligam o crime à pena, disciplinando as relações jurídicas

daí resultantes.

O princípio base do Direito Penal chamado de Reserva Legal é retratado o artigo 5º,

inciso XXXIX, da Constituição Federal, “não há crime sem lei anterior que o defina, nem

pena sem prévia cominação legal”. Outros princípios nos informam que a lei penal é

5 PINTO, Sérgio Pinto. Instituições de direito público e privado. 9ª ed. São Paulo: Atlas. 2009. p.145.

Page 16: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

16

irretroativa, contudo poderá retroagir para beneficiar o réu. Tal princípio assegura que

ninguém seja punido por fato atípico. Típico é o fato que se molda a conduta descrita na lei

penal. Daí decorre que o conjunto de normas penais incriminadoras é taxativo e não

exemplificativo.

Outro ponto estudado pelo Direito Penal refere-se ao crime consumado e tentado. De

forma bem simples, é consumado o crime quando estão presentes todos os elementos de sua

definição legal (O criminoso passa pelas seguintes etapas cogitação, preparação, execução e

consumação). Por outro lado, o crime é tentado quando o agente percorre toda a trajetória do

crime até a execução, e, uma vez iniciada a execução, não se consuma o resultado típico

(crime) "por razões alheias à vontade do agente", ou seja, não ocorre o resultado.

Ainda, a infração penal pode ser praticada por dolosa, ou seja, o agente pratica a

conduta buscando alcançar o resultado criminoso, há intenção criminosa. Pode, entretanto, o

indivíduo praticar uma conduta culposa, ou sem intenção do resultado criminosa. A culpa

pode decorrer de ato imprudente (é um ato positivo, há uma ação do agente, como por

exemplo, dirigir um veículo com excesso de velocidade), negligente (nesta modalidade de

culpa existe uma omissão, deixar de fazer algo, como não utilizar o cinto de segurança ou não

dar manutenção nos freios do veículo) e fruto de imperícia (a imperícia se verifica em alguém

que está autorizado a praticar o ato determinado, contudo não de forma específica pois não é

perito. É o caso do médico clínico geral que resolve realizar uma cirurgia plástica e causa

lesões no paciente).

Vale dizer também, aplica-se ao Direito Penal o princípio da intervenção mínima,

que orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de

uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem

jurídico. Logo, se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes

medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por

essa razão, diz-se ser o Direito Penal a “ultima ratio”, isto é, deve atuar somente quando os

demais ramos do direito revelarem-se ineficazes ou incapazes de dar a tutela devida a bens

relevantes do indivíduo e da própria sociedade.

Por fim, o direito processual é o ramo do direito público que regula as atividades do

poder judiciário e das partes em conflito no decorrer do processo judicial. Pode ser dividido

em Direito Processual Civil, Processual Penal, Processual do Trabalho e Processual Militar.

Em suma, dentre as várias formas de soluções dos conflitos, o processo se apresenta

como um instrumento para a resolução imparcial dos conflitos que se verificam na vida social,

composto, por três sujeitos: o autor e o réu nos pólos contrastantes da relação processual,

como sujeitos parciais; e, como sujeito imparcial, o juiz representando o interesse coletivo

orientado para a justa resolução do litígio. No entanto, não se esgotou o rol de sujeitos

processuais: órgãos auxiliares da justiça, intervenção de terceiros, advogado.

O juiz é considerado sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para

dirimir a lide (conflito). Como a jurisdição é função estatal, não pode o juiz eximir-se de atuar

no processo. Desse modo, com o objetivo de dar ao juiz condições para o exercício de suas

funções, lhe são atribuídos alguns poderes: a) administrativos: ou de polícia para assegurar a

ordem e o decoro e b) jurisdicionais, que se desenvolvem no próprio processo, subdividindo-

se em poderes meios (ordinatórios, ou simples andamento processual, e os instrutórios, que se

referem à formação do convencimento do juiz) e poderes fins (que compreendem os

decisórios e os de execução).

Assim, inserido na Organização judiciária brasileira verificamos que são órgãos do

Poder Judiciário:

a) Supremo Tribunal Federal

b) Superior Tribunal de Justiça

Page 17: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

17

c) Tribunal Superior do Trabalho, os tribunais e juízes do trabalho;

d) Tribunais Regionais Federais e juízes federais

e) Tribunais e juízes eleitorais

f) Tribunais e juízes militares

g) Tribunais e juízes dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios

Ademais, todos os poderes de que dispõe o juiz revestem-se da forma de poderes-

deveres, porquanto lhe são conferidos para a defesa de interesses do próprio Estado, como um

instrumento de prestação de serviço aos litigantes.

2.1.4 Direito da seguridade social

O Direito da Seguridade Social representa o conjunto de princípios e normas tem por

objetivo estabelecer um sistema de garantias aos indivíduos contra atos que dificultem ou

impeçam o provimento de suas necessidade básicas, como direito à saúde, assistência social e

a previdência social.

A Seguridade Social, dessa forma, divide-se em três grandes áreas: Previdência

Social, Saúde e Assistência Social. A fruição das prestações da Previdência é condicionada ao

pagamento de contribuições sociais, requisito inexistente quanto à Saúde e à Assistência

Social, cujos benefícios e serviços podem ser gozados sem necessidade de qualquer

contribuição específica. Contudo, é indispensável que todo benefício ou serviço criado ou

ampliado nestas duas últimas áreas tenha a origem de seu financiamento já determinada, sob

pena de inconstitucionalidade.

Não há absolutamente qualquer exceção a este princípio: todo e qualquer benefício e

serviço da seguridade têm como requisito prévio para sua instituição e ampliação a

determinação de sua fonte de custeio. A diferença é que a Previdência adota regime

essencialmente contributivo, constituindo o recolhimento das contribuições sociais condição

indispensável para o acesso às prestações por ela ofertadas, enquanto que na Saúde e na

Assistência não há necessidade desta contribuição direta dos usuários, sendo o financiamento

realizado por meio de outros recursos, como as contribuições sociais.

2.3 Ramos do direito privado

As normas de ordem privada ou do direito privado, envolvem as relações entre

particulares, como por exemplo, normas contratuais oriundas da manifestação da vontade dos

interessados. Assim, o Direito Privado é o que diz respeito aos interesses dos cidadãos no

relacionamento recíproco e às normas contratuais utilizadas entre particulares, manifestando a

vontade das partes e vigorando como lei entre os contratantes.

Divide-se o Direito Privado em: Direito Civil, Comercial e do Trabalho.

Vale ressaltar, alguns autores consideram o Direito do Trabalho como pertencente à

categoria do Direito Público.

Logo, temos que a divisão clássica do Direito Privado pode ser representada da

seguinte forma:

Page 18: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

18

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

2.3.1 Direito civil e comercial

O direito civil é o ramo do direito privado que rege as relações entre os particulares,

disciplinando a vida das pessoas desde a concepção até a morte, regulamentando as relações

de família e patrimoniais no âmbito da sociedade. O código Civil vigente é dividido, por sua

vez, em duas partes, a parte geral e especial.

A parte geral do código civil, trata dos temas ligados às pessoas naturais, jurídicas,

do domicílio, dos bens e sua classificação, dos fatos e atos jurídicos, dos atos ilícitos, da

prescrição e decadência e por fim, dos meios prova.

Por outro lado, a parte especial do Código Civil em vigor divide-se em cinco livros:

o direito das obrigações, o direito de empresa, o direito das coisas ou reais, direito de família e

o direito das sucessões.

Outros temas relativos ao direito civil será analisado com mais profundidade no

capítulo seguinte.

Conforme estudamos acima, o Código Civil trouxe em sua parte especial um livro

específico chamado de Direito de Empresa, para regular as relações dos atos de comércio e as

indivíduos praticam profissionalmente tais atos. Os conceitos de empresa, empresário,

estabelecimento comercial, as modalidade de sociedades existentes no Brasil, os títulos de

crédito como o cheque, a duplicata e o instituto da falência e da recuperação de empresa são

alguns dos temas que esse ramo do direito estuda.

2.3.2 Direito trabalhista

O Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que disciplina as normas, as

instituições jurídicas e os princípios que inerentes às relações de trabalho subordinado,

determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua

estrutura e atividade.

É importante dizer, que não é apenas o conjunto de leis, mas de normas jurídicas,

entre as quais os contratos coletivos, e não regula apenas as relações entre empregados e

empregadores num contrato de trabalho, mas se preocupa desde a sua preparação com a

aprendizagem até as consequências complementares, como a organização profissional.

Ainda, o direito do trabalho busca efetivar a melhoria das condições de pactuação da

força de trabalho na ordem socioeconômica, com a modernização da legislação de forma

progressista e caráter democrático.

Empresarial

trabalhista

civil

DIREITO

PRIVADO

Page 19: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

19

Conclusões

O estudo deste capítulo permitiu que vocês tivessem uma melhor compreensão dos

ramos que compõem o direito público e privado. Logo, como visto, colecionamos apenas as

idéias centrais de cada instituto do direito e o aprofundamento nos estudos caberá você!

Assim, não perca tempo e busque em nossa bibliografia, bem como na doutrina nacional

outras obras jurídicas que tratam de forma específica de cada um dos ramos do direito

analisado.

Expansão de Conhecimentos

Algumas obras jurídicas como “Instituições de direito público e privado, do autor

Sérgio Pinto Martins, publicada pela Editora Atlas, que está 9º edição, ano de 2009, é uma

boa indicação para você complementar seus estudos”.

Exercícios

4. Explique qual a diferença entre o direito público e privado.

5. Você seria capaz de, com as suas palavras, explicar o objeto de estudo do direito

financeiro, econômico e tributário?

Introdução ao Direito

3. Direito Civil

Conteúdo

Fontes do direito

Princípios fundamentais do código civil

Capacidade de direito e capacidade de exercício

As pessoas jurídicas de direito público e privado

Teoria geral dos contratos

Da formação e extinção dos contratos

Objetivos

Introdução

O ensino de Direito Civil e dos demais conceitos fundamentais tem por finalidade habilitar

o futuro administrador ao exercício consciente e responsável da profissão, mediante

conhecimento de cada um dos dispositivos do Código Civil e leis complementares, dos

textos fundamentais da doutrina nacional e estrangeira, da jurisprudência, preparando-o

gradualmente, para complementar os conhecimentos básicos adquiridos em aulas teóricas e

práticas com o desembaraço necessário para o desempenho das funções que o aguardam.

Page 20: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

20

Nesse capítulo estudaremos alguns pontos do direito civil que tem extrema

relevância para o futuro administrador de empresas. A compreensão de alguns conceitos como

o de pessoa jurídica, bens e contratos, integram, muitas vezes, as atividades rotineiras desse

profissional.

Por isso, há um capítulo específico para esse tema.

Ainda, um dos pontos de maior importância para o entendimento do direito civil, é o

estudo dos princípios que formam o espírito código civil vigente. Logo, as simples noções dos

princípios da eticidade, socialidade e operabilidade devem ser avaliadas com muita cautela e

atenção.

3.1 Fontes do direito

A expressão fonte tem o significado de nascente, ou seja o local donde brota algo.

Então, a utilização da expressão “fontes do direito”, nada mais do que a determinação da

origem do direito.

As fontes podem ser classificadas em diretas e indiretas. As fontes diretas ou

imediatas enquadram-se a lei e costume. Já as fontes indiretas ou mediatas elencam-se a

analogia e os princípios gerais do direito.

Por outro lado, a doutrina, a jurisprudência e a equidade são consideradas fontes

auxiliares de interpretação do direito.

Há na doutrina nacional quem adote a classificação de fonte material do direito, ou

seja, é representado pelas relações da própria sociedade que os fornece alguns elementos

como: materiais (psicológico, filosófico) e históricos (retrata a conduta do homem no tempo).

Enfim, a teoria das fontes do direito é um instrumento de suma importância para

regular o aparecimento contínuo e plural das normas de comportamento.

3.2 Princípios Fundamentais do Código Civil

De 1916 até 09 de janeiro de 2003, o código civil teve sua vigência, e foi pautado

num espírito individualista, machista, conservador e formalista, características que

expressavam a época de sua elaboração.

Todavia, com o advento do Código Civil em vigor, lei n. 10.406/2002, outros

avanços poderiam ter ocorrido, o fundamento para sua confecção levou em consideração os

princípios da eticidade, socialidade e operabilidade.

Vamos verificar cada um desses princípios:

3.2.1 Eticidade

O formalismo do Código Civil anterior restringia a atividade do juiz que se tornava,

em muitos casos, mero cumpridor das leis.

Com o surgimento do Código Civil de 2002, por meio do princípio da eticidade,

houve um abandono da formalidade e tecnicismo exacerbados, sem a preocupação da perfeita

subsunção entre fatos e normas. O sistema de cláusulas gerais surgiu, dando mais liberdade ao

intérprete, o qual deverá se nortear pela moralidade, ética, bons costumes e boa-fé objetiva.

A boa fé objetiva em uma relação contratual exprime uma norma ética de conduta

pelo qual os contratantes são obrigados a honrar, podendo ser mesmo antes do contrato,

durante sua realização ou depois.

Page 21: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

21

Em suma, a boa fé objetiva impõe deveres anexos, como por exemplo, o dever de

informação. Assim, imagine que o advogado quando realiza um contrato de prestação de

serviços jurídicos com seu cliente, mesmo que não conste expressamente neste contrato,

deverá prestar todas as informações sobre a viabilidade daquela ação, ou seja, as

possibilidades do cliente vencer o processo. Logo, o dever de informação, neste caso, cabe ao

advogado pois expressa o espírito do código civil no âmbito do princípio da boa fé objetiva.

Esse princípio tem por objetivo valorizar o ser humano na sociedade, o que se dá

mediante a efetivação dos princípios constitucionais, em especial o da dignidade da pessoa

humana.

3.2.2 Socialidade

Por socialidade, devemos entender o abandono do individualismo do código civil

anterior em prol da vida comunitária ou da coletividade. Esse princípio se manifesta, por

exemplo, por meio da função social do contrato, que é um dos corolários do direito civil-

constitucional.

Insere-se nesse princípio a possibilidade do juiz, quando autorizado pela lei, pautar-

se na equidade para aplicação do direito no caso concreto. Em outras palavras, a equidade

significa um abrandamento dos rigores da lei. Assim, quando um indivíduo da sociedade

pratica um ato com um pequeno grau de culpa mas causa um dano muito grande, o juiz

poderá reduzir equitativamente a indenização que o sujeito, autor do fato, deverá pagar ao

indivíduo que sofreu o dano.

3.2.3 Operabilidade

Esse último princípio informador do Novo Código Civil tem por objetivo tornar o

código civil facilmente operável, ou seja, permitir que grande parcela da população possa

utilizá-lo. Do mesmo modo, a idéia desse princípio foi tentar solucionar ou esclarecer pontos

obscuros que existia no código anterior.

Nesse contexto, a separação de alguns institutos como negócio jurídico e ato

jurídico, a divisão mais coerente entre prescrição e decadência entre outros, forma formas de

elaborar um código mais operável.

3.3 Noções de personalidade jurídica e bens

A personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair

obrigações, e como veremos, seu conceito se assemelha com o de capacidade de direito. A

personalidade jurídica inicia-se com o nascimento com vida, ainda que o recém-nascido venha

a falecer instantes depois, pois estão ressalvados desde a concepção os direitos do nascituro.

Outro instituto jurídico regulado pelo código civil são os bens e sua classificação. Os

bens podem ser definidos como tudo aquilo que traz utilidade em favor do ser humano. Já em

seu sentido jurídico, bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que

podem servir de objeto a uma relação jurídica.

Os bens podem ser classificados da seguinte forma:

A) Os considerados em si mesmos:

- corpóreos: que são os físicos como uma cadeira e incorpóreos ou imateriais são os

bens abstratos como um direito.

Page 22: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

22

- móveis: que podem ser transportados de um local para outro, sem alterar sua

substância, como os veículos e imóveis: são os que não podem ser transportados, sem que seja

alterada a sua substância:

a) por natureza (o solo, o mar);

b) por acessão, como as construções;

c) por destinação, como os utensílios agrícolas.

- Fungíveis: podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e

quantidade (ex.: uma saca de feijão) e infungíveis não podem ser substituídos.

- Consumíveis: deixam de existir à medida que são usados, como os alimentos e

inconsumíveis, bens duráveis como um veículo.

- Divisíveis: podem ser repartidos, como um queijo e indivisíveis não podem ser

divididos sem prejudicar sua integridade, como uma obra de arte.

- Singulares: podem ser individualizados, como um livro e coletivos são os

considerados na sua totalidade como uma biblioteca.

B) Bens reciprocamente considerados:

- Principal: existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessórias são as coisas que

dependem da existência do principal e a ele estão vinculadas como os galhos em relação à

árvore;

Os bens acessórios são divididos, por sua vez, em:

I) frutos;

II) produtos;

III) rendimentos;

IV) benfeitorias: que podem ser necessárias, como na necessidade de conservação de

um imóvel; úteis, como os melhoramentos e voluptuárias, que envolvem o

embelezamento do bem.

C) Bens públicos e particulares

- Bens públicos são os pertencentes à União, Estados e municípios e particulares são

os bens das pessoas físicas e jurídicas pertencente à iniciativa privada.

A classificação de bens públicos, em função de sua importância, subdivide-se ainda

em:

a) bens de uso comum do povo: são os bens públicos cuja utilização não se submete

a qualquer impedimento, como as ruas, praças e praias;

b) bens de uso especial: são bens públicos cuja fruição, por título especial, e na

forma da lei, é atribuída a determinada pessoa e também utilizado pelo poder público, como é

o caso do prédio das escolas públicas;

c) bens dominicais: são os bens públicos em que não existe uma utilização direita do

povo, mas que integra o patrimônio do Estado, como os terrenos da marinha.

3.3.1 Capacidade de direito e capacidade de exercício

Page 23: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

23

O primeiro artigo do código civil em vigor, lei n. 10.406/2002, vem nos informar

que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, esse artigo relata que

qualquer pessoa possui a chamada capacidade de direito ou de gozo. Em outras palavras, é

titular de direitos e deveres, contudo o exercício desses direitos pode sofrer restrição. Logo,

possibilidade de exercício desses direitos está relacionado a capacidade de exercício ou de

fato.

Desse modo, um indivíduo da sociedade que tem 16 anos de idade possui uma

incapacidade de exercício relativa, ou seja, alguns atos da vida civil estará autorizado a

praticar (por exemplo votar). Contudo, outros atos como conseguir habilitação para dirigir,

não poderá, pois a lei exige 18 anos de idade.

Assim, a capacidade de direitos e deveres é adquirida com o nascimento com vida,

mas a capacidade de exercício desses direitos depende de outros requisitos, como a

maioridade alcançada aos 18 anos e citada no exemplo acima. Essa incapacidade, como dito, é

relativa.

Em outros casos, o código civil elenca algumas situações em que a incapacidade do

indivíduo será absoluta, ou seja, não poderá praticar atos da vida civil como uma compra e

venda, por exemplo, sob pena desse ato ser nulo. Tal situação se aplica aos menores de 16 aos

ou às pessoas que por enfermidade mental não tem o discernimento necessário para a prática

desses atos.

3.2 As pessoas jurídicas de direito público e privado

A pessoa jurídica nasce a partir da necessidade de personalizar o grupo de pessoas,

dando-lhe personalidade própria para que possa realizar seus fins. Nessa linha de raciocínio a

pessoa jurídica pode ser conceituada como sendo um grupo humano, criado pela lei e que

possui personalidade jurídica própria.

Desse modo, a vontade humana, a observância dos requisitos da lei para sua criação

e a licitude do seu objeto formam os pressupostos básicos para o surgimento e a existência da

pessoa jurídica.

As pessoas jurídicas podem ser de direito público externo ou interno e de direito

privado.

As pessoas jurídicas de direito público interno são dividas da seguinte forma:

a) União

b) Estados

c) Distrito Federal

d) Municípios

e) Autarquias

f) Associações públicas

g) e outras entidades de caráter público criadas por lei

Já as pessoas jurídicas de direito público externo são consideradas os Estados

estrangeiros e as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, como a

Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização dos Estados Americanos (OEA) e

outras.

Por outro lado, são de Direito Privado: as associações, as sociedades, as fundações,

as organizações religiosas e os partidos políticos.

Page 24: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

24

É Importante ressaltar que começa a existência legal das pessoas jurídicas de Direito

Privado com a inscrição de seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos em

seu registro peculiar, regulado por lei especial.

3.4 Teoria geral dos contratos

O contrato pode ser considerado um negócio jurídico bilateral, ou seja, realizado por

duas ou mais pessoas e cujo objeto pode exprimir uma obrigação dar, fazer ou não fazer e que

altera, cria ou extingue um direito.

A regra é o que contrato tem força de lei entre as partes.

Ressalte-se, a existência do princípio da autonomia privada, decorrendo dele a

liberdade de contratar e a liberdade contratual. A primeira diz respeito à liberdade de estipular

contratos e a segunda, sobre a liberdade de determinar o conteúdo deste.

A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do

contrato, como vimos no princípio da socialidade.

Cabe dizer quanto a formação dos contratos, que é legalmente possível a elaboração

de contrato de adesão. Nesta modalidade de contrato, uma das partes impõe todas as cláusulas

sem que a outra parte possa participar ou discutir. Embora válido, quando houver cláusulas

ambíguas, sua interpretação se fará em favor do aderente.

3.4.1 Da formação e extinção dos contratos

Nem sempre a formação do contrato se dá instantaneamente. Na fase das tratativas

ou negociações preliminares, as partes não se obrigam (devendo-se observar a boa-fé). A

minuta, por sua vez, é instrumento usado nesta fase, mas não tem efeito jurídico, pois não se

formou o consenso. As partes ainda estão determinando o conteúdo da vontade negocial.

O contrato preliminar é forma de se vincular juridicamente, pois ambas as partes se

obrigam a formar o futuro contrato. É, pois, bem diferente da minuta. O contrato preliminar

deve ter todas as informações e requisitos necessários essenciais ao contrato futuro. Gera

obrigação de fazer o contrato e a obrigação de declarar vontade.

Por meio da disciplina do contrato preliminar, entre os arts. 462 e 466 do código

civil em vigor, praticamente, o contrato preliminar tem os efeitos de um contrato definitivo,

cabendo, inclusive, suprimento judicial da declaração de vontade da parte inadimplente.

A fase de formação do contrato, propriamente dita, ocorre com a oferta, ou proposta.

Esta obriga quem a fez, embora possa ser objeto de retratação, conforme as hipóteses legais.

Do mesmo modo, caso aquele que fez a oferta não a cumprir, não havendo retratação, poderá

incorrer no pagamento de perdas e danos.

Por fim, com a aceitação, dá-se a conclusão ou formação do contrato.

De outro lado, a forma natural de extinção do contrato é por meio de sua execução,

ou seja, de seu cumprimento. Incluam-se aí a consignação em pagamento, o pagamento com

sub-rogação, a dação, a compensação e outras formas, satisfativas ou não, de extinção das

obrigações.

Os contratos por tempo indeterminado podem se extinguir por denúncia, forma de

resilição unilateral. A resilição bilateral se dá pelo distrato, que exige acordo de vontade das

partes. A resilição unilateral também pode ocorrer por resgate, renúncia e revogação. Estes

últimos têm exemplo no contrato de mandato.

Ainda, extinguem-se os contratos também por cessação, ou morte de uma das partes,

se a obrigação for personalíssima ou se o contrato o previr.

Page 25: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

25

Nos contratos de execução continuada, se a prestação de uma das partes tornar-se

excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos

extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.

Conclusão

Iniciamos nossos estudos nesse capítulo por meio da verificação das fontes do

direito. Seguimos com a compressão do espírito coletivo, pautado na boa fé objetiva e na

probidade que forma os pilares do código civil em vigor e se expressa por meio dos de três

princípios. Esses princípios são classificados como a eticidade, socialidade e operabilidade.

Ainda, aprendemos que capacidade de direito é inerente a todo ser humano, mas a capacidade

de exercício não o é. Em seguida conceituamos a pessoa jurídica e citamos os exemplos das

pessoas jurídicas de direito privado e de direito público externo e interno. Passamos ainda, por

um estudo mais detalhado quanto a classificação dos bens até chegarmos à teoria geral dos

contratos, sua formação e extinção.

Expansão de Conhecimentos

O autor Carlos Roberto Gonçalves, no volume III (contratos e atos unilaterais) de

sua coleção de direito civil, 7º edição - 2009, publicada pela editora saraiva, nos apresenta

uma obra bem completa sobre o direito contratual que será de muita utilidade para o

profissional de administração de empresas.

Exercícios

6. Conceitue pessoa jurídica, indicando quais suas divisões ou classificações.

7. Explique como pode se dar a formação e extinção dos contratos?

Introdução ao Direito

4. Direito Constitucional

Conteúdo

Noções da teoria geral do Estado

Elementos Formadores do Estado

Formas de Estado

Formas de governo

Sistemas de governo

Fundamentos da República Federativa do Brasil

Direitos e garantias fundamentais

Objetivos

Após estudar este tema o aluno deverá ser capaz de:

g. Saber qual é o objeto de estudo do Direito Constitucional;

h. Dizer o que é a figura do Estado e quais os seus elementos principais;

i. Diferenciar as Formas de Estado, as Formas de Governo e os Sistemas de Governo;

j. Situar o Estado brasileiro dentro das classificações apresentadas;

k. Discorrer sobre a importância dos princípios e do estudo dos direitos fundamentais.

Page 26: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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Introdução

O termo Direito Constitucional, que teve origem com o movimento denominado

constitucionalismo, surgiu como o modelo político-jurídico do Estado Liberal. Isso fez com

que as Constituições Liberais, ou seja, as constituições aprovadas durante esse período,

trouxessem um conteúdo por demais impregnado pelos valores do pensamento liberal.

Posteriormente, o Direito Constitucional se desenvolveu, especialmente após a

transição do Estado Liberal para o Estado Social, no início do século XX. A partir daí a

Constituição, atendendo aos clamores sociais que tanto lutavam por uma igualdade que fosse

além da que constava no papel, passaram a prever um rol de direitos sociais e culturais que

exigiam uma atuação direita do Estado para sua efetivação. Era o surgimento do Estado

Social.

Essa evolução do conceito de Estado está diretamente ligada à evolução das

Constituições e, assim, do próprio Direito Constitucional.

É imprescindível, portanto, que o aluno tenha muito evidente essa ligação entre

Estado, Constituição e Direito Constitucional.

Já avisamos, pois, de antemão que as páginas seguintes devem ser lidas sempre com

um olhar histórico e sempre tentando perceber o quanto que a Constituição de um país é

importante na vida de cada um de nós.

Aos estudos, portanto!

4.1 Noções da teoria geral do Estado

Após analisarmos os aspectos introdutórios da ciência jurídica, compreendermos a

distinção em os ramos do direito público e do direito privado e traçarmos algumas idéias

sobre conceitos jurídicos fundamentais, resta-nos dispensar nossa atenção ao tema do direito

constitucional.

Ao estudar o capítulo 2 desta apostila, foi possível perceber que o direito

constitucional é uma disciplina pertencente ao ramo do direito público, pois seu conteúdo se

relaciona essencialmente com o estudo da Lei Fundamental que estrutura e organiza o Estado:

a Constituição.

A Constituição, como se verá adiante, é um documento formal que, entre outras

coisas, sistematiza os poderes do Estado, estabelece os direitos e deveres dos indivíduos, e

fixa relações e competências de forma permanente e genérica.

É imprescindível, nos dias atuais, a compreensão de que a Constituição – como Lei

Máxima do Estado – é a fonte de validade para todo o ordenamento jurídico. Ou seja, todas as

outras leis, decretos e atos normativos devem estar em consonância com o que estabelece a

Constituição.

O quadro abaixo esclarece a relação de legalidade existente entre os indivíduos e as

leis de modo geral, bem como destaca a relação de constitucionalidade que deve haver entre

as leis e a Constituição Federal. Vejamos:

CONSTITUIÇÃO

FEDERAL

LEIS

LEGALIDADE

CONSTITUCIONALIDADE

LICITUDE

Page 27: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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Fonte: SOUZA, A. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

O quadro analisado nos permite concluir que os indivíduos estão abaixo das leis e

devem, portanto, respeitá-las; ou seja, os indivíduos devem praticar seus atos respeitando o

que estabelecem as leis (relação de legalidade). Já as leis, por sua vez, ao serem elaboradas,

não podem prever regra que esteja em desacordo com o que estabelece a Constituição Federal.

Isso porque as leis devem encontrar na Constituição o seu fundamento de validade para que

seja mantida uma relação de constitucionalidade entre as leis e a Constituição Federal.

Portanto, uma lei que estabeleça, por exemplo, a pena de morte para os crimes contra

a vida, é uma lei que fere a Constituição, logo, é uma lei inconstitucional.

Uma outra coisa que se pode verificar do quadro acima é a utilização da palavra

licitude para designar um gênero do qual legalidade e constitucionalidade são espécies.

Licitude é a obediência direta ou indireta à Constituição. Obedecemos a Constituição de

forma direta quando cumprimos os termos dos seus próprios artigos. Por outro lado,

obedecemos a Constituição de forma indireta quando observamos o disposto em uma lei que

esteja de acordo com a Constituição.

Vale frisar, porém, que nem todo ato legal é lícito, já que se a lei for inconstitucional,

licito será o ato ilegal.

Pois bem, o que se fez até agora foi mostrar a que a Constituição é a Lei Maior do

Estado, por conta disso, deve ser plenamente respeitada. Mas nada se falou sobre o que se

entende por Estado. Afinal, já que a Constituição tem, dentre outras características, a de traçar

as regras de organização do Estado, o vem a ser o Estado? Quais os seus elementos

formadores? É o que veremos a seguir.

4.1.1 Elementos Formadores do Estado

O homem é por natureza um ser gregário; logo, para que consiga se desenvolver e

progredir, a vida em grupo é fundamental. Desde o seu surgimento o homem procurou

desenvolver suas atividades em grupo. Eram grupos de pessoas que se uniam por terem

interesses comuns: a mesma forma de caçar, a adoração aos mesmos deuses e aos mesmos

rituais, a vida estabelecida na mesma região, etc. Essa idéia de pessoas unidas por interesses

comuns corresponde ao conceito de comunidade.

No entanto, com o tempo essas comunidades começaram a se desentender, a brigar

entre si, especialmente pela disputa de regiões e de determinados bens matérias. Foi preciso,

assim, o estabelecimento de regras para disciplinar esses grupos de pessoas unidas por

interesses comuns, ou seja, essas comunidades. Com isso chegamos ao conceito de sociedade:

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

SOCIEDADE = COMUNIDADES + REGRAS

Page 28: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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O conceito de sociedade deve ser extraído, portanto, da noção de indivíduos unidos

por interesses comuns cuja convivência é disciplinada por regras.

Ocorre que essas regras podem ser de quatro espécies diferentes: regras físicas ou

geográficas, regras culturais, regras morais e regras jurídicas. Cada uma dessas idéias dará

origem a um conceito diferente, vejamos:

a. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras físicas ou

geográficas: corresponde ao conceito de PAÍS.

b. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras culturais:

corresponde ao conceito de NAÇÃO.

c. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras morais:

corresponde ao conceito de PÁTRIA.

d. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras jurídicas:

corresponde ao conceito de ESTADO.

Enfim, chegamos ao conceito de Estado.

Estado corresponde, sim, ao conjunto de indivíduos unidos por interesses comuns

disciplinados por regras jurídicas, mas este é um conceito incompleto. Estado é isso, mas não

apenas isso, pois falta nessa definição descrever os três elementos formadores do Estado:

povo, território e soberania.

POVO

Corresponde ao conjunto de pessoas naturais subordinadas às regras jurídicas do

Estado, ou melhor, é o grupo de pessoas que mantém vínculo jurídico permanente com o

Estado num determinado território. É o elemento humano de um Estado.

O conceito de povo está ligado diretamente ao instituto da nacionalidade que consiste

no vínculo político-jurídico e liga um indivíduo ao Estado.

Outra observação importante a ser feita é que o conceito de povo não pode ser

confundido com o conceito de população. Isso porque a noção de população abrange todas as

pessoas que definitivamente habitam um determinado território, sejam eles nacionais ou

estrangeiras, ou seja, corresponde mais a um conceito de ordem demográfica.

TERRITÓRIO

É o espaço físico ou funcional de alcance das regras jurídicas do Estado.

Corresponde ao elemento material do Estado em que um determinado povo exerce seus

direitos e o Estado, dentro de suas fronteiras, exerce plenos poderes. É o âmbito de validade

do ordenamento jurídico (leis), submetendo todas as suas determinações.

O estudioso deve ter em mente que a expressão território, cunhada nesse conceito,

abrange, além do espaço terrestre, o espaço aéreo, o mar territorial, a plataforma continental,

navios e aeronaves militares em qualquer localização, e navios e aeronaves civis em alto mar

ou espaço aéreo internacional.

SOBERANIA

Page 29: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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É a não subordinação do ordenamento jurídico do Estado aos demais ordenamentos

jurídicos do mundo. Corresponde ao poder político supremo e independente, ou seja, expressa

a supremacia na ordem interna e representa a independência na ordem externa.

IMPORTANTE!

Conceito de Estado: Estado é uma instituição abstrata

organizada social, jurídica e politicamente, caracterizada

por um povo que ocupa um território definido e é

comandado por um governo soberano. Vale lembrar que,

como regra, a lei máxima de um Estado é a uma

Constituição escrita.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

4.1.2 Formas de Estado

O tema das formas de Estado está relacionado à forma de organização política do

território. Trocando em miúdos, é a distribuição de poder dentro do território. Se no território

houve apenas um poder político central, teremos o modelo de Estado Unitário. Por outro lado,

se dentro do mesmo território tivemos mais de um poder político, ou seja, poderes políticos

distintos, estaremos diante do modelo de Estado Federado. Vejamos algumas características

de cada um deles:

Estado Unitário: É caracterizado pela “centralização política”, sendo considerado o

tipo de Estado mais comum. A forma de Estado Unitário é aquela em que as três funções do

Estado (Executiva, Legislativa e Jurisdicional) não se distribuem por entre entidades menores

e autônomas; elas concentram-se num único pólo de poder: a capital. Ex: Portugal, Uruguai,

Espanha, França, Itália, etc.

Estado Federal (ou Federação de Estados): É aquela em que as três funções do

Estado se distribuem por entre entidades menores e autônomas chamadas de entes federados.

No Brasil são entes federados: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Essa forma de Estado, nascida nos EUA, é uma forma de organização do Estado em

que se faz uma descentralização política e administrativa.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

BRASIL

URUGUAI

ESTADO FEDERADO

ESTADO UNITÁRIO

Page 30: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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4.1.3 Formas de Governo

O conceito de forma de governo tem relação direta com a forma como se dá a

instituição do poder dentro do Estado. Diz respeito também ao modo como se relacionam

governantes e governados. Duas são as formas de governo amplamente difundidas, vejamos:

Forma Monárquica de Governo: Trata-se da forma de governo que tem como

características principais: vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade política (não

responsabilização do chefe do Estado).

Forma Republicana de Governo: Trata-se da forma de governo em que os

mandatos são temporários, pois os governantes são escolhidos mediante eleições periódicas e

há responsabilidade do chefe do Estado.

Para Guardar:

REPÚBLICA

MONARQUIA

Vitaliciedade Mandatos Temporários

Hereditariedade Eleições Periódicas

Irresponsabilidade do Chefe de Estado Responsabilidade do Chefe de Estado

Exemplo: BRASIL Exemplo: INGLATERRA

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

4.1.4 Sistemas de Governo

Como se sabe, o Estado possui três poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo e

Poder Judiciário. Porém, modernamente tem-se preferido dizer que o Estado dispõe de três

funções e não três poderes, pois o poder do Estado é uno e indivisível. Para fins didáticos, no

entanto, continuaremos a utilizar os termos Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder

Judiciário.

Essa explicação foi necessária, pois o conceito de sistema de governo está

diretamente ligado à maneira com que o Poder Legislativo se relaciona com o Poder

Executivo. Tratam-se formas que identificam, em relação ao tempo, o prazo para o exercício

das chefias de poderes.

Dependendo da maneira como se estabelece esse relacionamento, com maior

colaboração ou maior independência entre eles, podemos falar em sistema presidencialista

de governo ou sistema parlamentarista de governo.

Sistema Presidencialista de Governo: O sistema presidencialista existe somente

quando a forma de governo adotada é a República. É o sistema de governo em que a Chefia

de Estado e a Chefia de Governo são representados por um só órgão, o Presidente da

República. Aliás, o próprio nome “presidencialismo” já revela força da figura do Presidente

neste sistema de governo. O Presidente escolhe livremente os Ministros e sempre é eleito com

prazo determinado, independentemente de estar cumprindo seu plano de governo tem até o

final do mandato para governar.

Sistema Parlamentarista de Governo: Trata-se do sistema de coordenação entre as

funções do Estado. É o sistema de governo com dupla chefia, ou seja, a com a presença de um

Chefe de Estado (representado pelo Rei ou Presidente) e de um Chefe de Governo

(representado pelo Primeiro Ministro). Essa composição do Executivo em Chefe de Estado e

Chefe de Governo possui relação de coordenação com o Parlamento. O Chefe de Governo é

indicado pelo Chefe de Estado e deverá apresentar o plano de governo ao Parlamento. Os

Parlamentares (que podem destituir o Primeiro Ministro – exercendo função executiva –

podem ser dissolvidos pelo Chefe de Estado).

Page 31: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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Vale frisar que o Primeiro Ministro não é eleito, exerce o mandato sem prazo certo e

pode ser destituído: a) Se perder a maioria parlamentar ou; b) pela moção de desconfiança

(responsabilidade política).

Observação: Além desses dois sistemas de governo mais tradicionais, existe

também o Sistema Diretorial ou Convencional no qual as funções exercidas pelo Legislativo

e Executivo acabam definitivamente se confundindo, pois o poder de gerir o Estado – que nos

outros dois sistemas é exercido pelos Chefes de Estado e de Governo – passa a se concentrar

totalmente no parlamento local.

Para Guardar:

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO

O Presidente da República é o chefe do Poder

Executivo exercendo as funções de Chefe de Estado e

Chefe de Governo.

Os poderes Executivo e Legislativo são

independentes.

No Poder Executivo temos a figura do Rei ou do

Presidente da República como Chefe de Estado e do

Primeiro Ministro como Chefe de Governo.

O Rei indica o Primeiro Ministro e o Parlamento

aprova ou não a indicação. O Primeiro Ministro pode,

no entanto, dissolver o Parlamento.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

4.2 Fundamentos da República Federativa do Brasil

Depois de termos analisado detalhadamente as Formas de Estado, as Formas de

Governo e os Sistemas de Governo, podemos agora situar o Brasil dentro das classificações

estudadas, bem como compreender as particularidades e os fundamentos do Estado brasileiro.

Para tanto, iremos nos valer do artigo 1º da Constituição Federal de 1988 que assim

dispõe:

A leitura do artigo acima nos permite concluir que o legislador, ao elaborar a

Constituição Federal, definiu já no seu primeiro artigo que o Brasil teria a Forma Federativa

de Estado, a República Democrática como Forma de Governo e o Presidencialismo como

Sistema de Governo.

A Federação Brasileira é composta pela União, estados-membros, Distrito Federal

e Municípios; todos esses entes federados são pessoas jurídicas de direito público que gozam

de autonomia federativa (possuem poder de se auto-organizar, possuem competências

legislativas próprias e dispõem de autonomia financeira), mas não possuem soberania; logo,

não podem se dissolver, ou seja, se separar da Federação.

É possível ainda colher do artigo 1º da Constituição Federal o chamado Princípio do

Pacto Federativo, consistente na idéia de que a República Federativa do Brasil é formada

pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de

Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da

pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo

político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Page 32: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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Quanto à forma de governo, como se sabe, o Brasil é uma República. Trata-se de

forma de governo que tem como principal característica a obrigatória alternância de poder.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

Passaremos agora, ainda no art. 1º da Constituição Federal, para a análise dos

fundamentos da República Federativa do Brasil, que são: a soberania, a cidadania, a dignidade

da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

Vejamos detalhadamente cada um deles:

Soberania: O conceito de soberania já foi visto quando estudamos os elementos

formadores do Estado. Trata-se da idéia de que o poder do Estado brasileiro, internamente,

está acima de todas as outras manifestações de poder. Já na esfera internacional o Estado

brasileiro é independente, ou seja, não se submete às regras de nenhum outro Estado, ao

contrário, encontra-se em condição de igualdade com os demais Estados.

Cidadania: A idéia de cidadania cunhada pelo legislador é a de que os indivíduos

possam participar da vida política do Estado. Ou seja, possam votar e serem votados, possam

controlar os atos praticados pelos representantes dos poderes do Estado, possam exigir que os

representantes eleitos cumpram com os compromissos assumidos em campanha eleitoral.

Enfim, o conceito de cidadania diz respeito ao reconhecimento do indivíduo como pessoa

integrada na sociedade estatal além de titular de direitos políticos.

Dignidade da pessoa humana: Por conta do famoso princípio da dignidade da

pessoa humana o Estado brasileiro se apresenta como uma organização centrada no ser

humano. Todo o funcionamento estatal deve ter por última finalidade o homem, o seu bem

estar.

Nós estudaremos mais adiante que, com base nesse princípio, ao homem deve ser

garantido um mínimo de direitos, sem os quais não se pode falar em vida digna. Trata-se do

chamado princípio de proteção ao mínimo existencial, que tem como fundamento o princípio

da dignidade da pessoa humana.

Somente excepcionalmente poderão ser feitas limitações ao exercício dos direitos

fundamentais do homem, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem

todas as pessoas enquanto seres humanos. Todo o título dos princípios fundamentais estão

protegendo a dignidade da pessoa humana, por isso é considerado um sobreprincípio, ou seja,

um princípio que está acima de todos os outros princípios.

Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: Este fundamento da República

Federativa do Brasil é a confirmação de que o nosso Estado fez opção pelo capitalismo, mas,

ao mesmo tempo, nas relações entre capital e trabalho será reconhecido o valor social do

trabalho. É importante lembrar também que a palavra trabalho, tratada nesse fundamento, não

engloba somente o trabalhador subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador,

enquanto empreendedor do crescimento do país.

Pluralismo político: O fundamento expressado pelo pluralismo político indica o

desejo de que a sociedade brasileira de participar dos processos de formação da vontade geral.

Trata-se do reconhecimento do quanto é importante a pluralidade de idéias, coletividades,

crenças, doutrinas e partidos políticos. A garantia do pluralismo político tem por objetivo

afirmar-se a ampla e livre participação popular nos destinos políticos do país, garantindo a

liberdade de convicção filosófica e, também, a possibilidade de organização e participação em

Embora pareça cansativo analisar os termos constantes do artigo 1º da

Constituição Federal, esse estudo é fundamental para a fixação dos conceitos

que foram vistos nos tópicos anteriores. Caso surja alguma dúvida, volte e leia

novamente as páginas anteriores, certo?

Page 33: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

33

partidos políticos. A negação ao pluralismo político é característica típica dos regimes

ditatoriais.

4.3 Direitos e garantias fundamentais

Chegamos, enfim, ao ponto mais importante no estudo do Direito Constitucional: a

compreensão dos direitos e garantias fundamentais.

É evidente que o propósito dessa disciplina não é torná-los especialistas em todos os

aspectos do direito constitucional. Ao contrário, o que se pretende aqui é plantar a idéia firme

em cada um de vocês do quanto é imprescindível a compreensão – ainda que mínima – da

verdadeira importância de uma Constituição na vida das pessoas. E essa compreensão pode

ser realmente percebida quando se estuda os direitos e garantias fundamentais.

IMPORTANTE!

Os direitos e garantias fundamentais surgiram na época

da Revolução Francesa, especialmente com a Declaração

dos Direitos do Homem, em 1789. Correspondem, na

verdade, a um grupo de direitos que tinham por

finalidade limitar a atuação do Estado em favor da

liberdade do indivíduo.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

É importante traçarmos, desde já, a diferença entre as expressões “direitos

fundamentais” e “garantias fundamentais”, pois é equivocado pensar que não há qualquer

distinção entre elas. Vejamos:

DIREITOS FUNDAMENTAIS GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Direitos Fundamentais são faculdades

colocadas à disposição das pessoas, sejam elas

físicas ou jurídicas, pelo ordenamento jurídico de um

Estado para que possam gozar de seus bens, ou seja,

desfrutarem dos bens declarados no texto

constitucional, ou deixarem de exercer/fazer algo

porque lhes é proibido.

É importante lembrar também os direitos

fundamentais podem ser individuais ou coletivos, a

depender do fato de dizerem respeito a apenas uma

ou mais pessoas.

Garantias Fundamentais correspondem a

verdadeiros instrumentos de proteção dos direitos

fundamentais. Ou seja, são instrumentos postos à

disposição das pessoas com o objetivo de efetivar o

uso, o gozo e a fruição dos direitos fundamentais.

Assim, as garantias fundamentais servem para

preservar o direito das pessoas de verem respeitados

seus direitos fundamentais. As garantias servem para

dar efetividade aos direitos fundamentais.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

Durante anos e anos os doutrinadores discutiram – e ainda discutem – quais seriam

as principais características dos direitos fundamentais. Embora este seja um tema em

constante evolução, tem-se, hoje, como unânimes, as seguintes características (MORAES,

2003):

a. Imprescritibilidade: não prescrevem, ou seja, não desaparecem com o decurso do

tempo.

Page 34: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

34

b. Inalienabilidade: não podem ser vendidos nem transferidos para outrem.

c. Irrenunciabilidade: em regra, as pessoas não podem abrir mão dos direitos e

garantias de forma definitiva. Admite-se, em casos raros, a simples desistência.

d. Inviolabilidade: não são passíveis de violações, pois o direito de um nasce quando

o direito do outro termina, ou seja, é violado.

e. Universalidade: podem ser opostos contra todos, ou seja, devem abranger todos

os indivíduos, indistintamente.

f. Efetividade: podem usufruídos a qualquer momento sem a necessidade de

intervenção do Estado.

g. Interdependência: os direitos fundamentais são independentes, mas formam entre

si um conjunto de direitos e deveres, uma rede de intersecções que facilita sejam

atingidas suas finalidades.

h. Complementaridade: não se pode interpretar os direitos fundamentais de forma

isolada. Isso porque uns completam os outros devido às garantias constitucionais.

Na sequência, listaremos alguns dos direitos fundamentais contidos no artigo 5º da

Constituição Federal. É um rol extenso, mas que merece ser lido – mais de uma vez,

inclusive! –, pois isso permitirá que vocês, aos poucos, comecem a ter idéia do quanto a

Constituição Federal impacta de forma direita e indireta na vida de cada um de nós.

- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

- Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta

Constituição;

- Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de

lei;

- Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

- É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

- É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por

dano material, moral ou à imagem;

- É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre

exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de

culto e as suas liturgias;

- É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades

civis e militares de internação coletiva;

- Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção

filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos

imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

- É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,

independentemente de censura ou licença;

Page 35: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

35

- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação;

- A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem

consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para

prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

- É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados

e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas

hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou

instrução processual penal;

- É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as

qualificações profissionais que a lei estabelecer;

- É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando

necessário ao exercício profissional;

- É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer

pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

- Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,

independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião

anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à

autoridade competente; É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a

de caráter paramilitar;

- A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de

autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; As

associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades

suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; As

entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para

representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

- É garantido o direito de propriedade; A propriedade atenderá a sua função social; A

lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade

pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,

ressalvados os casos previstos nesta Constituição; No caso de iminente perigo

público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada

ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

- Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução

de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

- São assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em

obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades

desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que

criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas

representações sindicais e associativas;

- A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua

utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos

nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o

desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

Page 36: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

36

- É garantido o direito de herança; A sucessão de bens de estrangeiros situados no

País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos

brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";

- O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

- Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse

particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob

pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à

segurança da sociedade e do Estado;

- São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de

petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de

poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e

esclarecimento de situações de interesse pessoal;

- A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; A

lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

- Não haverá juízo ou tribunal de exceção; É reconhecida a instituição do júri, com a

organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das

votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos

crimes dolosos contra a vida; não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena

sem prévia cominação legal;

- A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

- A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades

fundamentais; A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,

sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

- A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática

da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os

definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores

e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Constitui crime inafiançável e

imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem

constitucional e o Estado Democrático;

- Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o

dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos

sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

- A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a)

privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social

alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos;

- Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do

art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e)

cruéis;

- A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do

delito, a idade e o sexo do apenado; É assegurado aos presos o respeito à integridade

física e moral; Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam

permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

- Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,

praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito

Page 37: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

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de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; Não será concedida extradição de

estrangeiro por crime político ou de opinião;

- Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

- Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

- Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são

assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

- São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

- Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal

condenatória;

- Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada

de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime

propriamente militar, definidos em lei; A prisão de qualquer pessoa e o local onde se

encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso

ou à pessoa por ele indicada;

- O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,

sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; O preso tem direito à

identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; A

prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

- Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade

provisória, com ou sem fiança; Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do

responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e

a do depositário infiel;

- Conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de

sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso

de poder; Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,

não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela

ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no

exercício de atribuições do Poder Público; Conceder-se-á mandado de injunção

sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos

e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania

e à cidadania; Conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de

informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de

dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de

dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

- Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato

lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade

administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o

autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

- O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem

insuficiência de recursos; O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim

como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

- São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil

de nascimento; b) a certidão de óbito;

- São gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os

atos necessários ao exercício da cidadania.

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38

- A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do

processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Conclusões

O estudo deste capítulo permitiu que vocês tivessem uma melhor compreensão do

Direito Constitucional. Respeitando-se os aspectos históricos – que, nesta disciplina, são

muito importantes –, buscou-se traçar uma visão também prática, distante do dogmatismo e

mais próxima da Constituição que pode ser constatada no dia-a-dia das pessoas.

O Direito Constitucional é um ramo do direito cuja compreensão depende

diretamente de conceitos ligados à teoria geral do Estado. Por esse motivo vocês tiveram

acesso aos principais conceitos ligados à formação e à organização do Estado.

Estejam certos de que todos os brasileiros, indistintamente, devem lutar para que os

inúmeros direitos previstos na nossa Constituição deixem as frias linhas do papel escrito e

passem, definitivamente, a se efetivar na vida das pessoas.

É preciso que cada um de nós tenha “vontade de Constituição”, ou seja, que cada um

de nós contribua de alguma forma para que ela seja efetivada.

Lutemos por isso, portanto!

Expansão de Conhecimentos

O obra do autor DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do estado. 27ª ed. São

Paulo: Saraiva, 2007, enriquecerá seus estudos.

Exercícios

8. Discorra sobre como foi possível a partir da idéia de “comunidade” (pequenos

grupos de pessoas) se conseguiu chegar ao conceito de Estado. É possível, de

alguma forma, relacionar esses conceitos?

9. Você seria capaz de, com as suas palavras, explicar os elementos formadores do

Estado?

10. Leia novamente o rol de direitos fundamentais previstos pela Constituição

Federal de 1988 a todas as pessoas. Na sequência, responda: É possível falar que

nossa Constituição é plenamente respeitada, ou seja, todos os direitos ali

previstos são amplamente garantidos? Justifique sua resposta.

REFERÊNCIAS

ALBERGARIA, B. Instituições de direito para cursos de administração, ciências

contábeis, economia, comércio exterior e ciências sociais. São Paulo: Atlas, 2008.

BETIOLI, Bento. A. Introdução ao direito. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do estado. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

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DINIZ, M. H. Compêndio de introdução à ciência do direito. 19ª ed. São Paulo: Saraiva,

2008.

FERRAZ JUNIOR, T. S. A ciência do direito. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1980.

KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, tradução de João Baptista Machado, 2ª ed.

Coimbra: Armênio Amado Editora, 1962, v. 1. p. 2, 7.

MARTINS, Sérgio Pinto. Instituições de direito público e privado. 8ª ed. São Paulo: Atlas,

2008.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16ª ed. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1991.

______. ______. 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 1999.

MONTORO, A. F. Introdução à ciência do direito. 25ª ed. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2000.

NADER, P. Introdução ao estudo do direito. 25ª ed. São Paulo: Forense, 2008.

REALE, M. Lições preliminares de direito. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

ORGANIZE-SE

Atividade Data

Participação nos Fóruns ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

Atividades Avaliativas ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

Prova Eletrônica ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

Prova Presencial ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

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___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____