apostila unopar
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As prticas relacionadas ao ensino a distnciaso muito mais antigas do que imaginamos. Leiaa seguir a evoluo desta modalidade de ensino.
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A EaD no Brasil est consolidada principalmente no ensino superior, muitas so as
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modalidades adotadas pelas instituies de ensino superior - IES. O contingente de
alunos interessados tem aumentado a cada ano. Dados da Secretaria Especial de
Educao Distncia do Ministrio da Educao mostram um aumento crescente
no nmero de alunos matriculados em cursos de graduao, ps-graduao e
extenso.
At 2004, havia 166 instituies autorizadas pelo MEC a oferecer cursos distncia. Esse nmero teve um aumento de 30,7% no ano seguinte, subindo para
217.
Na figura a seguir, podemos ver o crescimento de alunos matriculados em cursos
ofertados distncia no Brasil nos ltimos anos.
Acesse o anurio 2010 no link do CensoEAD abaixo:
http://www.abed.org.br/censoead/CensoEaDbr0809_portugues.pdf -
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Ento voc est fazendo parte de um importante segmento da educao que vem
se desenvolvendo cada vez mas, democratizando o acesso a informao e
tambm socializando conhecimentos construdos de forma colaborativa. Parabns!
O que Educao a Dis tnc ia
interessante ressaltar que, por tratar-se de um pas em desenvolvimento, com altondice de pessoas que no possuem acesso educao e cuja populao apresentabaixos nveis de formao superior, o Brasil apresenta alto potencial e grandedemanda por essa modalidade de ensino.
Veja o vdeo a seguir que nos apresentainmeros conceitos sobre a Ead.
https://www.youtube.com/watch?v=bxK9KtF4Dvk
Ento, h muitas possibilidades no mesmo?
https://www.youtube.com/watch?v=bxK9KtF4Dvkhttps://www.youtube.com/watch?v=bxK9KtF4Dvkhttps://www.youtube.com/watch?v=bxK9KtF4Dvkhttps://www.youtube.com/watch?v=bxK9KtF4Dvk -
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Ento vamos em frente
Preti (1996) afirma que esta modalidade de educao eficaz para atender nosomente populao que, embora no o seja legalmente, na prtica excluda do
ensino presencial, como tambm a todos os cidados que em algum momento desua vida ativa necessitam de formaes distintas ou pretendem ter acesso a umaeducao continuada e permanente.
Algumas das principais alteraes na prtica da educao a distncia podem seratribudas:
As tecnologias interativas vm evidenciando na educao a distncia o que deveriaser o cerne de qualquer processo de educao: a interao e a interlocuo entretodos os que esto envolvidos nesse processo. Na medida em que avanam astecnologias de comunicao virtual (que conectam pessoas que esto distantesfisicamente como a Internet, telecomunicaes, videoconferncia, redes de alta
velocidade) o conceito de presencialidade tambm sofreu alteraes. Aspossibilidades de interao de conhecimentos so ampliadas, configurando umintercmbio de saberes que provavelmente no seria possvel em situaes deensino tradicionais.
Alm disso, a educao a distncia promoveu uma alterao no prprio conceito decurso e de aula. As mudanas comportamentais impostas pela modernidadeexigiram que o tempo e o espao da aula passassem a ser cada vez mais flexveis.
O papel do professor neste processo "vem sendo redimensionado e cada vez mais
ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instiganteaventura do conhecimento". Esta atuao enriquecida com outras possibilidadesde interao, de forma que o professor pode receber e responder mensagens dosalunos, criar listas de discusso e alimentar continuamente os debates e pesquisascom textos, pginas da Internet, at mesmo fora do horrio especfico da aula.
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Como o desenvolvimento tecnolgico, especialmente no mbito das comunicaes, intenso e avana em alta velocidade, as possibilidades educacionais que se abremso imensas. A Internet oportunizou a transmisso de som e imagem em tempo real,sendo que cada vez ser mais fcil fazer integraes mais profundas entre TV eWEB. Com o alargamento da banda de transmisso, como acontece na TV a cabo,muitos cursos podem ser realizados com som e imagem, permitindo a realizao deaulas distncia com possibilidade de interao on-line (ao vivo) e aulas presenciaiscom interao distncia.
Objetivos:
Identificar as abordagens da pesquisa cientfica; Reconhecer os tipos de pesquisa;
Aplicar corretamente as tcnicas de pesquisa.
METODOLOGIA DO ENSINO E DA PESQUISA
WEB AULA 1Unidade 1 Abordagens eTipos de Pesquisa e Coleta de Dados
1 TIPOS DE ABORDAGEM
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No momento da elaborao do projeto de pesquisa necessrio decidir qual ser a
abordagem que ser dada ao estudo. Vamos iniciar escrevendo sobre a pesquisa
qualitativa.
1.1 ABORDAGEM QUANTITATIVA
A abordagem quantitativa um mtodo de pesquisa social que utiliza tcnicas
estatsticas, pois tudo pode ser quantificado, possibilitando transformar em
nmeros as opinies e informaes encontradas na coleta de dados para a sua
posterior anlise.
As pesquisas quantitativas so aquelas em que os dados e as evidncias coletados
podem ser quantificados, mensurados. Os dados so filtrados, organizados
tabulados, enfim preparados para serem submetidos a tcnicas e/ou testes
estatsticos (MARTINS; THEPHILO, 2007, p. 135).
O uso da abordagem quantitativa indicado quando h necessidade de quantificar
e/ou medir opinies, atitudes e preferncias ou comportamentos. Seus resultados
auxiliam o planejamento de aes coletivas e produz resultados passveis de
generalizao, principalmente quando as populaes pesquisadas representam com
fidelidade o coletivo, como, por exemplo, um estudo que busca analisar a evaso
escolar, ou quantificar a opinio dos alunos quanto ao uso do livro didtico.
A abordagem quantitativa indicada quando h necessidade de quantificar e/ou
medir opinies, atitudes e preferncias ou comportamentos. Seus resultados
auxiliam o planejamento de aes coletivas e produz resultados passveis de
generalizao, principalmente quando as populaes pesquisadas representam com
fidelidade o coletivo.
Partindo do princpio que vocs entenderam a abordagem quantitativa, vamos
estudar a abordagem qualitativa.
1.2 ABORDAGEM QUALITATIVA
A abordagem qualitativa busca entender o fenmeno especfico em toda a sua
extenso. Ao invs de estatsticas, regras e outras generalizaes, ela trabalha comdescries, comparaes, interpretaes e atribuio de significados, possibilitando
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investigar valores, crenas, hbitos, atitudes e opinies de indivduos ou grupos.
Permite que o pesquisador se aprofunde no estudo do fenmeno ao mesmo tempo
em que tem o ambiente natural como a fonte direta para coleta de dados.
As pesquisas qualitativas [...] pedem descries, compreenses e anlises de informaes, fatos,
ocorrncias que naturalmente no so expressas por nmeros (MARTINS; THEPHILO, 2007, p.
135).
Uma das principais caractersticas da abordagem qualitativa a imerso do
pesquisador no ambiente da pesquisa, isto , o pesquisador precisa manter um
contato direto e longo com o objeto da pesquisa. Martins e Thephilo (2007, p.
137) destacam que os dados coletados devem ser predominantemente descritos,
necessrio registrar a descrio [...] de pessoas, de situaes, de acontecimentos,
de reaes, inclusive transcries de relatos. Outra caracterstica muito
importante, na pesquisa qualitativa, o acompanhamento do processo, aocontrrio da pesquisa quantitativa, que se preocupa com os resultados.
Acompanhar cada etapa do processo fundamental, pois determinante verificar
como o fenmeno se manifesta nas atividades, nos procedimentos e em suas
interaes com outros elementos (MARTINS; THEPHILO, 2007, p. 137).
Em seu livro Projeto de Pesquisa: mtodos qualitativo, quantitativo e misto, Creswell
(2007) tambm discute as caractersticas da pesquisa qualitativa, e recomenda as
indicadas por Rossman e Ralii. Novamente aparece o cenrio natural comodestaque para a pesquisa qualitativa; a possibilidade do uso de mltiplos mtodos
para a coleta de dados; a possibilidade de no ter que seguir fielmente um projeto
pr-configurado, mas sim ir adaptando-o sempre que necessrio; a pesquisa
qualitativa interpretativa, ou seja, possibilita que o pesquisador interprete os
dados; os fenmenos podem ser vistos de forma holstica; permite que o
pesquisador se integre pesquisa, possibilitando assim o reconhecimento dos
possveis problemas e limitaes apresentadas no decorrer da pesquisa; possibilita
ao pesquisador um processo interativo, dando a ele a oportunidade de acompanhar
e alterar todo o processo, desde a coleta de dados at a reformulao do problema,
se for o caso; e, finalmente, permite o uso e uma ou mais estratgias de
investigao (ROSSMAN; RALII apud CRESWELL, 2007).
Tanto a pesquisa qualitativa quanto a quantitativa podem ser usadas na pesquisa
educacional. Mas qual abordagem a mais indicada? Creswell (2007, p. 38) aponta
trs consideraes: [...] o problema de pesquisa, as experincias pessoais do
pesquisador e o pblico para quem o relatrio ser redigido.
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O autor destaca que, dependendo do problema a ser investigado, o pesquisador
precisa analisar qual abordagem mais adequada. Por exemplo, se o problema
identificar o nmero de alunos que esto se evadindo da escola, a abordagem
quantitativa ser suficiente, porm, se o problema a ser investigado for as razes
da evaso escolar, ser necessrio utilizar a abordagem qualitativa.
Quanto experincia do pesquisador, Cresweel (2007) enfatiza que as suashabilidades precisam ser consideradas no momento da escolha da abordagem. De
nada adiantar ele optar pela abordagem qualitativa se no tiver conhecimento e
segurana sobre como conduzir a pesquisa.
A considerao pelo pblico deve-se ao fato de que as pesquisas podem ser
desenvolvidas e depois disseminadas em peridicos, eventos cientficos, colegas do
mesmo campo do conhecimento, portanto, a abordagem deve considerar o
conhecimento e interesse desse pblico.
Considerando que voc j sabe no que consiste a abordagem da pesquisa, vamos
avanar e discutir ostipos de pesquisaque so apresentados pela literatura.
2 TIPOS DE PESQUISA
Vamos apresentar seguir alguns tipos de pesquisa que podem ser utilizados para a
realizao da monografia.
2.1 PESQUISA-AO
A pesquisa-ao originou-se na psicologia social, na dcada de 1940, sua principal
caracterstica a participao ativa do pesquisador.
No entendimento de Thiollent, (apudBARROS; LEHFELD, 2000, p. 77) a pesquisa-ao
[...] um tipo de pesquisa social com base emprica que concebida e realizada em estreita
associao com a resoluo de um problema no qual os pesquisadores e os participantes da situao
ou do problema esto envolvidos e de modo cooperativo ou participativo.
concebida e realizada em estreita associao com uma ao ou com a resoluo
de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos dasituao ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
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Podemos dizer que consiste em ciclos de planejamento, ao, reflexo ou avaliao
e, mais adiante, ao novamente (TRIPP, 2005).
Nessa direo, encontramos tambm o entendimento de Franco (2005, p. 483),
quando afirma que a pesquisa-ao :
[...] eminentemente pedaggica, dentro da perspectiva de ser o exerccio pedaggico, configurado
com uma ao que cientificiza a prtica educativa, a partir de princpios ticos que visualizam a
contnua formao e emancipao de todos os sujeitos na prtica.
Como caractersticas da pesquisa-ao, h uma grande e explcita interao entre o
pesquisador e os sujeitos da pesquisa. A prioridade dos problemas a serem
estudados definida pelos atores envolvidos no processo de pesquisa, e o foco da
investigao recai sobre a situao social e os problemas que so identificados. No
processo do desenvolvimento da pesquisa-ao existe a preocupao com oacompanhamento das decises, aes e atividades desenvolvidas pelos envolvidos
na pesquisa (FRANCO, 2005; MARTINS; THEPHILO, 2007).
2.2 PESQUISA PARTICIPANTE
Segundo Gil (1996), a pesquisa participante se caracteriza pela interao entre os
pesquisadores e os sujeitos envolvidos nas situaes investigadas. Segundo Silva(1991), nesse tipo de pesquisa, o pesquisador considerado ator no processo, mas
no h por parte do pesquisador nenhuma interveno direta junto aos sujeitos da
pesquisa; ele apenas precisa interagir com o ambiente e/ou pessoas que fazem
parte do cenrio da pesquisa.
Pode-se afirmar que a pesquisa participante um processo no qual a comunidade
participa na anlise de sua prpria realidade, com vistas a promover uma
transformao social em benefcio dos participantes dessa mesma comunidade.
de vital importncia que o pesquisador mergulhe na cultura e no mundo das
pessoas que sero os sujeitos da sua pesquisa, com o objetivo de se inteirar
completamente do cotidiano dessas pessoas e assim absorver todas as informaes
que ele precisa para fazer o seu estudo.
Gosto sempre de citar um exemplo real que aconteceu com um professor da minha
universidade. Ele socilogo e fez a sua tese de doutorado sobre o cotidiano doscatadores de papel da nossa cidade. Ele escolheu a pesquisa participante e em
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funo dessa escolha, deixou o seu apartamento e foi morar em uma favela para
poder entender melhor como viviam essas pessoas.
2.3 PESQUISA ETNOGRFICA
A etnografia definida nos dicionrios como um estudo dos povos e de sua cultura.Foi desenvolvida por antroplogos e tem por objeto os modos de vida dos grupos
sociais.
Andr (2001) constata que ocorreu uma adaptao da etnografia educao, uma
vez que a preocupao dos educadores com o processo educativo, diferentemente
dos antroplogos, que se interessam pela descrio cultural de um povo. A autora
defende que os pesquisadores da rea da educao fazem estudos do tipo
etnogrfico e no etnografia no sentido estrito da palavra, isso porque, na
realidade, eles se utilizam das tcnicas de pesquisa, como a observao
participante, a entrevista e anlise de documentos, que so tcnicas
tradicionalmente associadas etnografia.
Para a realizao da pesquisa etnogrfica, o pesquisador precisa saber ouvir,
observar, buscar as informaes no campo onde acontecer a pesquisa, precisa
saber o momento certo para interferir, ou seja, perguntar, dialogar e, ao mesmo
tempo, tem que ter uma grande responsabilidade sobre a interpretao correta dos
dados sobre os grupos investigados (MARTINS; THEPHILO; 2007).
A observao participante e a entrevista semiestruturada so as tcnicas de
pesquisa mais indicadas para a coleta de dados da pesquisa etnogrfica.
2.4 PESQUISA BIBLIOGRFICA
Vamos assistir ao vdeo em que vamos tratar da Pesquisa
bibliogrfica.
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No podemos confundir pesquisa bibliogrfica com reviso de literatura. A reviso
de literatura pode se constituir em etapa inicial do projeto de pesquisa seja qual for
o problema em questo, com o objetivo de se ter um conhecimento prvio da
situao em que se encontra um assunto na literatura da rea. Portanto
indispensvel a sua realizao, antes de se iniciar qualquer estudo, para no correr
o risco de estudar um tema que j foi amplamente pesquisado, tambm para se ter
conhecimento dos principais autores que estudam sobre o tema e saber qual asituao do referencial terico na rea. Ela considerada uma estratgia necessria
para a realizao de qualquer pesquisa cientfica.
A pesquisa bibliogrfica utilizada para a realizao de uma pesquisa tericasobre
um determinado assunto.
Nesse sentido, Kche (2006, p. 122) refora o aspecto do objetivo da pesquisa
bibliogrfica: [...] conhecer e analisar as principais contribuies tericasexistentes sobre um determinado tema ou problema [...].
Desse modo, pode-se afirmar que a pesquisa bibliogrfica visa o conhecimento e
anlise das principais teorias relacionadas a um tema.
A pesquisa bibliogrfica difere, portanto, do levantamento bibliogrfico. Enquanto
este constitui a primeira etapa de qualquer trabalho de pesquisa, a pesquisa
bibliogrfica um tipo de pesquisa.
No entendimento de Kche (2006, p. 122), este tipo de pesquisa pode ser usado:
a) para ampliar o grau de conhecimentos em uma determinada rea, capacitando o investigador a
compreender ou delimitar melhor um problema de pesquisa; b) para dominar o conhecimento
disponvel e utiliz-lo como base ou fundamentao na construo de um modelo terico explicativo
de um problema, isto , como instrumento auxiliar para construo e fundamentao das hipteses;
c) para descrever ou sistematizar o estado da arte, daquele momento, pertinente a um determinadotema ou problema.
Para dar maior credibilidade a discusso terica, faz-se necessrio o uso de
citaes, que podem ser literais ou ento parafraseadas. Porm importante fazer
na medida certa, sem excessos. Na parfrase deve-se tomar o cuidado para no
alterar a ideia do autor e as citaes literais devem ser inseridas dentro do contexto
da discusso com o objetivo de corroborar com a argumentao do pesquisador.
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2.5 PESQUISA EXPLORATRIA
A pesquisa exploratria tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e ideias objetivando a elaborao de problemas mais exatos
para pesquisas posteriores, promovendo familiaridade com o problema, requerendo
levantamento bibliogrfico e documental; entrevistas com pessoas que tiveram
experincias prticas com o problema pesquisado.
Este tipo de pesquisa recomendado quando o tema escolhido no muito
explorado dificultando a formulao de hipteses precisas. Com a sua realizao
fica mais fcil estabelecer a delimitao do tema e facilitando, assim,
procedimentos mais sistematizados para a realizao da pesquisa, ou seja, o
pesquisador ter mais elementos para o planejamento e realizao da pesquisa
(GIL, 1995).
2.6 PESQUISA DESCRITIVA
Descreve as caractersticas de determinada
populao ou fenmeno ou o estabelecimento de relaes entre variveis. Sua
principal caracterstica est na utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de
dados, tais como: questionrio e observao sistemtica.
O seu objetivo principal estudar as caractersticas de determinados grupos, ou
seja, a distribuio por faixa etria, sexo, nvel de escolaridade, classe social. Este
tipo de pesquisa tambm se aplica ao levantamento de opinies, atitudes e crenas
de uma populao ou segmento dela. Beuren (2003, p. 82) cita dois exemplos de
pesquisa descritiva que podem ser realizadas na rea de contabilidade. [...]
identificao do perfil empreendedor dos egressos de 2011 dos cursos de
graduao em Administrao [e] [...] grau de satisfao dos gestores de escolas
pblicas em relao aos relatrios sobre a queda da evaso escolar.
2.7 PESQUISA EXPLICATIVA
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Na pesquisa explicativa procura-se identificar os fatores que determinam ou
contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. Aprofunda o conhecimento da
realidade, pois explica a razo, o porqu das coisas. Quando empregada nas
cincias naturais, requer o uso do mtodo experimental, e nas cincias sociais
requer o uso do mtodo de observao.
Em funo do carter dessa pesquisa, por ela ter por base as pesquisas descritivase exploratrias, pode ser a continuao, pois, para a sua realizao h necessidade
que o fenmeno a ser estudado esteja suficientemente descrito e detalhado (GIL,
1999).
Aps escolher o tipo e pesquisa, necessrio determinar como ser a coleta de
dados. Para isso existem algumas tcnicas de pesquisa que passaremos a estudar.
3 TCNICAS DE PESQUISAS
As tcnicas de pesquisa so os procedimentos que o pesquisador adota para
realizar a coleta de dados.
Glossrio: Coleta de Dados busca da informao, junto aos sujeitos da pesquisa,
dos dados necessrios para proceder anlise dos dados, obtendo assim os
resultados da pesquisa.
Por que devemos fazer a coleta dos dados?
Porque alm dos enunciados tericos, os cientistas tambm concluram que h
necessidade de confront-los com os dados empricos, ou seja, os dados que so
buscados no ambiente onde a pesquisa ser realizada.
Na literatura sobre o assunto, os autores (RUDIO, 2000; FACHIN, 2006; LAKATOS;
MARCONI, 2007) apresentam as vrias modalidades de tcnicas existentes, entre
elas destacam-se a observao, a entrevista, os grupos de foco, entre outras. Cabe
ao pesquisador escolher a tcnica que melhor se adque ao mtodo e ao tipo depesquisa escolhido por ele e, tambm devem ser considerados os objetivos da
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pesquisa. A escolha correta da tcnica de pesquisa essencial para garantir a
seriedade e credibilidade do resultado da pesquisa.
A partir da escolha da tcnica o pesquisador dever se decidir pelo instrumento de
coleta de dados que ir usar. Eles so elaborados e utilizados pelo pesquisador para
obter os dados necessrios para proceder anlise do problema investigado. A
deciso sobre o instrumento mais adequado deve estar estreitamente relacionadaao tipo de pesquisa e tcnica que sero usadas na pesquisa.
Abordaremos a seguir a observao, o questionrio e a entrevista.
3.1 OBSERVAO
uma tcnica muito importante e ocupa um lugar privilegiado nas pesquisas
usando os sentidos para a obteno de determinados aspectos da realidade. O
pesquisador, ao escolher essa tcnica de pesquisa deve ter clareza de como vai
lidar com os fatos que ir observar, sendo assim, ele precisa ter certa dose de
imparcialidade para no deixar seus pontos de vista, preconceitos e conceitos
interferir na interpretao da situao observada, sem, contudo, desprezar a sua
intuio. Kaplan (1972, p. 138) chama a ateno para isso: Vemos o que
esperamos ver, o que acreditamos ter motivos para ver e, embora essa expectativa
possa contribuir para erro da observao, ela tambm responsvel pela
percepo verdadeira.
Ldke e Andr (1986) tambm destacam a necessidade de certos cuidados que
devem ser tomados pelo pesquisador para garantir a validade cientfica da pesquisa.
O pesquisador deve estar atento ao controle sistemtico da observao e, para
isso, precisa fazer um planejamento cuidadoso da pesquisa e uma capacitao
rigorosa do observador.
Podemos afirmar que a observao tem por objetivo ver, ouvir e examinar os fatosou fenmenos que se pretendem investiga, ou seja, deve captar com preciso os
aspectos essenciais e acidentais de um fenmeno no contexto emprico.
Para Fachin (2006, p. 35), o mtodo da observao [...] o incio da pesquisa
cientfica, pois serve de base para qualquer rea das cincias.
O mtodo da observao apresentado na literatura em vrias categorias, de
acordo como veremos a seguir.
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Observao participante Segundo Denzin uma estratgia de campo quecombina simultaneamente a anlise documental, a entrevista derespondentes e informantes, a participao e a observao direta e aintrospeco (apudLDKE; ANDR, 1986, p. 28). Envolve, portanto, umconjunto de tcnicas metodolgicas que permite um grande envolvimento dopesquisador com o objeto da sua pesquisa. Os sujeitos da pesquisa sabemque esto sendo observados e o pesquisador deixa clara a inteno dapesquisa, mas no interfere na realidade encontrada.
Observao participante ativa Nessa condio o observador alm de seidentificar tambm revela a sua inteno em forma de participao com ogrupo que est sendo observado.
Observao no participante Nessa condio o observador no se revela.Mantm a sua identidade preservada, desenvolvendo a sua atividade sem sernotado pelos sujeitos da pesquisa, ou seja, sem estabelecer relaesinterpessoais com o grupo.
3.2 ENTREVISTA
A entrevista pode ser considerada como um instrumento
bsico de coletas de dados.
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Para a realizao da entrevista necessrio ter um roteiro pr-elaborado para que
no momento em que ele esteja sendo aplicado, as informaes necessrias no
deixem de ser colhidas e, sempre observar tambm que o roteiro seja aplicado
observando a mesma ordem, ou seja, no pode haver discrepncia nos itens e na
ordem em que eles se apresentam de um participante para o outro.
Essa medida vai assegurar que no momento da anlise de dados haja coerncia nosresultados encontrados A entrevista pode ser considerada como um instrumento
bsico de coletas de dados.
Para a realizao da entrevista necessrio ter um roteiro pr-elaborado para, que
no momento em que ele esteja sendo aplicado, as informaes necessrias no
deixem de ser colhidas e, sempre observar tambm que o roteiro seja aplicado
observando a mesma ordem, ou seja, no pode haver discrepncia nos itens e na
ordem em que eles se apresentam de um participante para o outro. Essa medidavai assegurar que, no momento da anlise de dados, haja coerncia nos resultados
encontrados.
possvel estabelecer interao entre o entrevistado e o entrevistador, facilitando a
captao imediata das informaes desejadas, pois para a coleta de dados o
pesquisador se apresenta pessoalmente aos sujeitos da sua pesquisa.
A entrevista pode ser classificada em: Entrevista estruturadaPara este tipo de entrevista, elaborado um roteiro
com perguntas previamente planejadas. Portanto, o entrevistador no tem aliberdade de incluir, excluir novas perguntas. A vantagem que esseprocedimento facilita a comparao das respostas entre os participantesdurante a anlise dos dados.
A entrevista estruturada pode ser aplicada em pesquisa nas vrias reas do
conhecimento. Na rea de Contabilidade, poderia ser aplicada para uma pesquisa
com o objetivo de identificar a satisfao dos usurios de um sistema contbil
implantando na empresa.
Entrevista semiestruturada Este tipo de entrevista d mais flexibilidade aoentrevistador, uma vez que ele no precisa se manter fiel ao roteiropossibilitando, assim, que o entrevistado tenha mais espontaneidade nas suasrespostas podendo inclusive colaborar e influenciar o contedo da pesquisa.
A entrevista semiestruturada, segundo Trivios (1994, p.146):
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[...] a que parte de certos questionamentos bsicos, apoiados em teorias e hipteses, que
interessam pesquisa, e que, em seguida adicionam-se a uma grande quantidade de interrogativas,
fruto de novas hipteses que surgem no transcorrer da entrevista.
A entrevista semiestrutura pode ser usada por uma equipe de planejamento sobre
as expectativas dos usurios para um novo softwarede controle de estoque.
Entrevista no estruturadaNesta entrevista o pesquisador tem total liberdadede conduzir a entrevista, porque esta modalidade de entrevista permite aopesquisador perceber se as informaes que o entrevistado est fornecendoso relevantes para o objetivo da sua pesquisa. Ao mesmo tempo ele podeperceber que algum aspecto que ele no tinha includo, na pesquisa, importante e ento enriquecer os resultados que ir encontrar.
Recomenda-se que os dados coletados sejam anotados imediatamente para que
no se perca informaes ou ento que a entrevista seja gravada, desde que haja
consentimento do entrevistado.
Voc pode compreender a importncia de se realizar uma entrevista tendo todos os
cuidados necessrios para que os dados que sero obtidos por meio dela, tenham
validade cientfica.
Podemos utilizar a entrevista no estruturada para investigar os critrios de
formao de preo de vendas para um determinado produto.
3.3 QUESTIONRIO
O questionrio, tambm deve ser elaborado a partir dos objetivos propostas para a
pesquisa. Deve ser respondido por escrito pelo participante da pesquisa.
No momento da elaborao do questionrio, o pesquisador deve ter clareza de
necessidade de incluir o nmero suficiente de questes para obter os dados que ele
vai precisar, ou seja, nem questes que deixem de fora algum dos objetivos
propostos e nem questes que no tenham sintonia com os objetivos.
No planejamento do questionrio podem-se elencar as questes uma seguida da
outra ou pode-se tambm dividir as questes por categorias. O importante que
no acha nenhuma interrupo abrupta de um assunto para o outro, ou que as
perguntas de categorias diferentes estejam misturadas.
As perguntas do questionrio podem serabertas ou fechadas.
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Para saber mais:
Questo aberta: quando o entrevistado tem possibilidade de colocar sua preferncia
ou opinio pessoal.
Ex: Qual seu sonho de consumo?
Questo fechada: quando as possveis respostas j esto especificadas restando ao
entrevistado escolher entre elas.
Ex: O seu sonho de consumo :
a) Comprar uma Ferrari vermelha?
b) Fazer uma viagem para as Ilhas Gregas?
c) Passar um dia fazendo compras na 5. Avenida?
A deciso do pesquisador por um ou outro tipo de pergunta que ser utilizada na
elaborao do questionrio deve levar em conta vrios aspectos: o tipo de pblico,
o tamanho da amostra, o foco da pesquisa, entre outros. Para uma amostragrande, o uso da questo fechada facilita a tabulao de dados.
O questionrio se caracteriza por ser respondido sem a presena do pesquisador,
podendo assim ser utilizado para uma pesquisa que abrange uma populao
geogrfica dispersa e numerosa.
O formulrio tambm constitudo de perguntas abertas ou fechadas e deve ser
aplicado pelo pesquisador. Em funo disso recomendada a sua utilizao quandoa populao objeto da pesquisa pequena.
Bem, nesta Web Aula pudemos constatar que existem vrios tipos de pesquisa que
podem ser utilizadas para a realizao da monografia. possvel combinar mais de
um tipo na mesma pesquisa, oportunizando assim, ao pesquisar, atingir o objetivo
proposto em seu estudo.
Vimos tambm a importncia da coleta de dados na realizao da pesquisa.
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A nossa Web Aula termina aqui, mas teremos a oportunidade de continuar a
discutir o assunto no frum.
ANDR, Marli Eliza D. A. Etnografia da prtica escolar. 6. ed. Campinas: Papirus,
2001.BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de
Souza. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciao cientfica. 2. ed. So
Paulo: Makron Books, 2000.
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FACHIN, Odlia. Fundamentos de metodologia. 4. ed. So Paulo: Saraiva, 2006.
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WEB AULA 2Unidade 1 Elaborao do Projeto da Monografia
Objetivos:
Elaborar a monografia corretamente observando as normas da ABNT.
Padronizar a monografia segundo as normas da ABNT.
Vamos iniciar esta unidade com uma pergunta. O que pesquisa cientfica?
Podemos afirmar que a pesquisa cientfica, de forma simplista, toda atividade
realizada para se descobrir a resposta a alguma indagao que temos a respeito de
um assunto. Para obter a resposta precisamos utilizar alguns meios que tem o
respaldo nas cincias, pois se no for assim no teremos dados finais confiveis.
Volpato (2007, p. 28) define pesquisa cientfica [...] como a atividade que utiliza a
metodologia e os pressupostos cientficos.
Um componente que d sustentao e faz parte da pesquisa cientfica o conhecimento. Ele foi construdo ao longo dos tempos, a partir das informaes
que constituam o cotidiano do homem. Inicialmente esse conhecimento era
baseado em mitos e crenas. Com o passar dos tempos o homem passou a usar a
observao, a experimentao como instrumentos para validar as suas
descobertas.
Convido vocs para assistirem um vdeo que fala sobre o conhecimento.
Acesse pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=L3a1-22TMWE
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Como ser que o conhecimento avanou no decorrer da histria da humanidade?
Entre os sculos XVI e XVII surge a descoberta de
Nicolau Coprnico (1473-1543), astrnomo polons, sobre o heliocentrismo
surgindo assim a revoluo nas cincias, que mais tarde foi consolidada por Galileu
Galilei (1564-1642), considerado o primeiro cientista a utilizar o mtodo
experimental.
Em seguida surge Ren Descartes(1569-1650), filosofo francs, autor doDiscurso do
Mtodo. Ele defende que o conhecimento deve ser baseado em procedimentos
racionais. o clebre autor da frase Penso, logo existo.
Muitos outros estudiosos contriburam com o avano da cincia, que continuou
evoluindo de forma cada vez mais rpida e ocasionando mudanas significativas na
vida do homem em todas as reas do conhecimento.
O principal objetivo da cincia est na busca de conhecimentos que so produzidos
a partir da investigao. Kche (2006), ainda, vai alm quando acrescenta que se
deve buscar a explicao para o problema investigado.
Outros autores tambm abordam a pesquisa como responsvel pelas investigaes
que levam a novas descobertas e resoluo de problemas. Demo (1996, p. 34)
insere a pesquisa como atividade cotidiana considerando-a como uma atitude, um[...] questionamento sistemtico crtico e criativo, mais a interveno competente
na realidade, ou o dilogo crtico permanente com a realidade em sentido terico e
prtico.
Para Gil (1996, p. 19):
[...] a pesquisa desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponveis e a utilizao
cuidadosa de mtodos, tcnicas e outros procedimentos cientficos. Na realidade, a pesquisa
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desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inmeras fases, desde a adequada formulao
do problema at a satisfatria apresentao dos resultados.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento sobre pesquisa cientficarecomendamos a leitura
do artigo disponibilizadono l ink:http://sites.setrem.com.br/stin/2012/anais/Silvana.pdf
Bem evidenciada a importncia da pesquisa cientfica, vamos verificar como se
insere no processo da elaborao da monografia.
1 ELABORAO DO PROJETO DA MONOGRAFIA
A elaborao do projeto o planejamento da pesquisa que ser realizada e divide-se em vrias etapas. Vamos a elas?
1.1 ETAPAS PARA A ELABORAO DO PROJETO DE PESQUISA
O projeto de pesquisa deve ser apresentado em uma sequncia lgica de partes,
unidades, ttulos, que, para facilitar a elaborao estaro aqui divididas em trs,
quais sejam: elementos pr-textuais, elementos textuais e elementos ps-textuais.
Seguiremos as Normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT).
Como vimos no vdeo, o projeto deve contemplar todos os elementos estabelecidos
pela ABNT. Passaremos a descrev-los, sempre considerando a NBR 14724
(ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005).
1.1.1 Elementos pr-textuais
http://sites.setrem.com.br/stin/2012/anais/Silvana.pdfhttp://sites.setrem.com.br/stin/2012/anais/Silvana.pdfhttp://sites.setrem.com.br/stin/2012/anais/Silvana.pdfhttp://sites.setrem.com.br/stin/2012/anais/Silvana.pdf -
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Capa elemento obrigatrio de um trabalho, tambm chamada de primeira
capa e o elemento inicial e indispensvel para a identificao do projeto. Deve
conter as informaes abaixo, na ordem apresentada.
Nome da Instituiocom as unidades respectivas vinculadasadministrativamente, respeitando-se a ordem hierrquica (do maior para omenor), na margem superior e em caixa alta.
Nome do Autor grafado em letra maiscula na margem direita da pgina,logo abaixo do ttulo.
Ttulo do Trabalhoo ttulo deve ser claro, sinttico e expresso por meio depalavras que realmente identifiquem o contedo do trabalho.
Local do cursocentralizado no p da pgina imediatamente acima do ano.Dever ser grafada a cidade onde se localiza o Plo, por exemplo: Araguana.
Anocentralizado ao p da pgina ltimo espao inferior respeitando-se
a margem inferior de 2,5 cm.
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Folha de Rosto ou Pgina de Rosto elemento tambm obrigatrio, onde devem
constar todos os dados mencionados na capa(nome do autor, ttulo, local e data).
Deve ser excludo o nome da instituio e includos outros, a saber:
Natureza do trabalho uma explicitao do tipo do trabalho realizado (trabalhode concluso de curso, tese ou dissertao), o curso, a instituio e o graupretendido. A natureza do trabalho elemento obrigatrio na folha de rosto.
Nome do orientador precedido da palavra Orientador em tamanho 12 letras maisculas na margem esquerda (sem recuo).
Figura 2 Modelo da Folha de Rosto.
Monografia apresentada UNOPAR Universidade Norte do Paran, como requisito
parcial para obteno do ttulo de .......
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Sumrio consiste na relao das partes do trabalho exatamente da forma e na
ordem em que estas partes esto apresentadas no texto, com indicao das
respectivas pginas. Elemento obrigatrio e o ltimo dos elementos pr-textuais de
um projeto de pesquisa.
1.1.2 Elementos textuais
a parte do projeto que apresenta o contedo do trabalho. Constituem-se
elementos textuais de um trabalho acadmico a introduo, o desenvolvimentoe
a concluso, variando dentro de cada um desses itens as partes, de acordo com o
tema, com a orientao dada e mesmo com a literatura da rea, visto no haver
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uma determinao rigorosa quanto s partes que devero ser tratadas em cada
item.
Apresentaremos inicialmente a descrio dos elementos textuais do projeto.
Introduo
Na Introduo deve-se apresentar o tema do trabalho, buscando familiarizar o
leitor com o contedo que ser abordado. Recomenda-se que se inclua de forma
clara e objetiva o problema da pesquisa, os objetivos, a justificativae a metodologia.
A introduo deve ser o ltimo item a ser escrito, pois ela tem o objetivo de
apresentar ao leitor a viso geral do projeto da monografia.
Justificativa
Neste item deve-se justificar a relevncia do projeto. A pergunta a ser respondida
: "por que este tema deve ser desenvolvido?"
Na justificativa apresenta-se o porqu da necessidade da realizao da pesquisa
enfatizando:
A pertinncia do tema.
A atualidade do tema.
Relevncia do tema.
na justificativa que se deve demonstrar o ponto no qual se encontram as
pesquisas cientficas sobre o tema. Neste momento deve-se conjecturar sobre aproblematizao do seu trabalho, ou seja, qual o problema de pesquisa, o
problema que se pretende resolver ou contribuir para a soluo? Essas questes
iro amparar a justificativa do seu projeto.
Objetivos geral e especfico
Os objetivos demonstram quais so as metas que se pretendem alcanar com apesquisa. So de dois tipos: objetivo geral e objetivos especficos.
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Objetivo geral aquele que se quer alcanar plenamente com o estgio, asoluo de um problema.
Objetivos especficos so aspectos parciais que devem ser atingidos para queo objetivo geral seja alcanado.
Os objetivos devem ser redigidos com o verbo no infinitivo.
Quando falamos em reviso bibliogrfica, oportuno lembrar a questo do plgio.
No Dicionrio Priberam da Lngua Portuguesa (PRIBERAM, 2102) encontramos:
plgio(latimplagium, -ii, roubo de escravos, plgio) s. m.
1. Acto ou efeito de plagiar.
2. Imitao ou cpia fraudulenta.
necessrio muito cuidado e tica, dando sempre os crditos aos autores.
Convido vocs a assistirem o vdeo Um conto sobre o plgiono link:
https://www.youtube.com/watch?v=d0iGFwqif5c
Metodologia
A Metodologia a explicao minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ao
desenvolvida no mtodo (caminho) do trabalho de pesquisa.
Delimitao do objeto de estudo
Definio do locus, isto , o local em que se pretende desenvolver a pesquisa e o
perodo de tempo necessrio. Deve responder as perguntas: ondee quando.
Coleta de dados
Caso haja necessidade de coletar dados para a pesquisa, necessrio determinarqual tcnica que ser mais adequada para ser utilizada. Entre as tcnicas existentes
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tm-se: a entrevista, o questionrio, a observao participante, a pesquisa
bibliogrfica, etc.
Caracterizao do projeto
Para a caracterizao do projeto necessrio responder as seguintes perguntas:
Qual a caracterstica do estudo? um estudo de caso, um estudo comparativo, uma
investigao exploratria, estudo descritivo, participante?
Definio relacionada populao e amostra
Para uma pesquisa essencial definir o tipo de pblico que se quer pesquisar, de
acordo com a natureza e objetivos da pesquisa, que chamado de populao ou
universo.
Por exemplo, se o projeto exigir uma pesquisa entre alunos de instituies queoferecem o ensino a distncia, deve-se responder:
Qual a populao, ou seja, o total de alunos?
Qual a amostra, ou seja, a quantidade de alunos selecionados para respondera pesquisa?
Sendo invivel ou impossvel consultar todo o universoou populao, pode-se
trabalhar com uma amostra.
Vamos reforar esse conhecimento assistindo o vdeo abaixo.
Cronograma
O cronograma o instrumento utilizado para o planejamento das atividades ao
longo do tempo que se demanda para a realizao do estgio. ferramenta decontrole do tempo e ritmo de trabalho. A pergunta a ser respondida com o
cronograma : Quando as diferentes etapas da pesquisa sero efetuadas?
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Bem, agora que voc j viu quais so os elementos pr-textuais e textuais, vamos
passar a descrever os elementos ps-textuais.
1.1.3 Elementos ps-textuais do projeto
So considerados elementos ps-textuais todos os itens que so includos aps os
elementos textuais.
1.1.3.1 Referncias
Segundo a NBR 14724 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005, p.
3) a listagem dos documentos efetivamente citados no texto, ou seja, consiste
em um [...] conjunto de elementos padronizados de elementos descritivosretirados de um documento, que permite sua identificao individual.
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Outro aspecto importante na apresentao formal da monografia a apresentao
grfica.
Veremos, em seguida, o que preconiza as Normas Tcnicas da ABNT para a
apresentao grfica da monografia.
2 APRESENTAO GRFICA
Os alunos sempre me questionam a respeito da necessidade de observar as normas
na apresentao grfica e formal dos trabalhos acadmicos, projetos, TCCs.
Querem saber por que necessrio normalizar os trabalhos acadmicos?Porque tenho
que observar as margens, o espao entre linhas, o tamanho da letra, as pginas
prefaciais, etc., enfim, todos os itens previstos nas Normas da ABNT?Voc talveztambm pense assim, no mesmo? Bem, uma das razes para a necessidade de
respeitar a apresentao grfica para que todos os tipos de documentos iguais
apresentem as mesmas caractersticas, ou seja, ela confere identidade ao trabalho.
Poderamos citar muitas outras razes, mas, acredito que essa suficiente para
convenc-los da necessidade da padronizao.
A apresentao grfica deve ser cuidadosamente observada, seguindo a NBR14724
(ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005), para que o projeto noperca a sua identidade e seja aceito nos meio acadmico, para publicaes em
revistas cientficas, em congressos e em todos os demais veculos de divulgao da
informao cientfica.
Para facilitar esse trabalho podemos iniciar a apresentao grfica no momento em
que vamos iniciar a digitao do projeto.
Temos duas opes. Podemos fazer a definio da configurao de todos os aspectos necessrios
na apresentao grfica no momento em que se cria o arquivo no editor detexto. possvel criar os estilos para as margens, tipo de letras, pargrafos,espao entre linhas etc.
Existem plataformas em word j formatadas dentro das norma da ABNT, enesse caso basta aplicar os estilos pr-existentes.
2.1 FORMATO
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Os projetos, quando impressos, devem ser apresentados em papel branco de
tamanho A-4 (21 cm x 29,7 cm). A gramatura do papel pode ser de 75 ou 95g/m2. A
gramatura de 95g/m2tem uma qualidade maior, agregando melhor apresentao a
apresentao fsica do projeto.
PARA SABER MAIS: Entende-se por gramatura do papel, o peso em gramas medido
por metro quadrado de uma folha de papel.
Os textos devem ser digitados no anverso das folhas. A impresso deve ser em uma
s face do papel com exceo da folha de rosto cujo verso deve conter a ficha
catalogrfica e, aconselha-se fazer na cor preta para facilitar a leitura podendo
utilizar outras cores somente para as ilustraes (ASSOCIAO BRASILEIRA DE
NORMAS TCNICAS, 2005).
2.2 MARGENS
A NBR14724 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005) estabelecea padronizao das margens para contribuir para melhor apresentao esttica do
texto. A norma preconiza a seguinte padronizao na configurao das margens:
Superior - 3,0cm da borda superior da folha.
Inferior - 2,0cm da borda inferior da folha.
Esquerda - 3,0cm da borda esquerda da folha.
Direita - 2,0 cm da borda direita da folha.
2.3 ESPACEJAMENTOS
Segundo a NBR 14724 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005, p.
7):
Todo o texto deve ser digitado ou datilografado com espao 1,5, excetuando-se as citaes de mais
de trs linhas, notas de rodap, referncias, legendas das ilustraes e das tabelas, ficha
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catalogrfica, natureza do trabalho, objetivo, nome da instituio a que submetida e rea de
concentrao, que devem ser digitados ou datilografados em espao simples. As referncias, ao final
do trabalho, devem ser separadas entre si por dois espaos simples.
O espacejamento dos ttulos das sees deve comear na parte superior da pgina
e ser separado do texto que os sucede por dois espaos de 1,5, entrelinhas. Da
mesma forma, os ttulos das subsees devem ser separados do texto que osprecede e que os sucede por dois espaos de 1,5 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE
NORMAS TCNICAS, 2005).
2.4 ESCRITA
A NBR 14724 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005)
recomenda a utilizao de fonte tamanho 12 para todo o texto, com exceo para
as citaes diretas longas, notas de rodap,nmeros das pginase para as legendas
das ilustraese das tabelasque devem ser em tamanho menor que o utilizado no
texto. A Norma no estabelece o tamanho para essas situaes, mas considerando
que o tamanho da letra do texto 12 recomenda-se que seja usado o tamanho 11
ou 10, porm essa escolha deve ser aplicada em todas as situaes citadas acima.
O texto deve ter a margem justificada para o corpo do trabalho e alinhamento
esquerdo para as referncias.
2.5 PAGINAO
Todas as folhas do trabalho devem ser contadas sequencialmente, comeando pela
folha de rosto. A numerao deve ser colocada somente a partir da primeira folha
textual (Introduo). Os nmeros nas pginas devem colocados em algarismos
arbicos localizados no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior e
direita (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005, p. 8).
Quando o projeto tiver apndice e anexo, as suas folhas devem ser numeradas de
maneira contnua ao longo do texto do projeto e sua paginao deve dar
seguimento do texto principal.
2.6 NUMERAO PROGRESSIVA
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A numerao progressiva para as sees do texto tem o objetivo de organizar o
contedo a ser apresentado no trabalho, evidenciando a sistematizao do
contedo.
Os ttulos das sees primrias, por representarem as principais divises de um
texto, devem iniciar em uma nova pgina. Os ttulos das sees primrias devem
ser em caixa alta ou versale negrito.
2.7 NOTAS DE RODAP
As notas de rodap devem se usadas para a indicao de notas explicativas. As
notas bibliogrficas devem ser colocadas no item Referncias. Elas devem ser
separadas do texto por um espao simples de entrelinha e um filete de 3 cm a
partir da margem esquerda. Nos redatores de texto existe recurso para fazer a
indicao automtica das notas de rodap
Tambm faz parte da apresentao grfica a apresentao das ilustraes.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 14724: informao e
documentao trabalhos acadmicos apresentao. Rio de Janeiro, 2005.
DEMO, Pedro. Pesquisa:princpio cientfico e educativo. 4. ed. So Paulo: Cortez,
1996.
GIL, Antnio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. So Paulo: Atlas,
1996.
KCHE, Jos Calos.Fundamentos de metodologia cientfica: teoria da cincia eprtica da pesquisa. 23. ed. Petrpolis: Vozes, 2006.
PRIBERAM. Dicionrio Priberam da Lngua Portuguesa, 2012. Disponvel em: Acesso em: set. 2012.
SUSTERMANS, Justus. Galileo-Sustermans. Wikmedia Commons. Disponvel em: . Acesso em: set.
2012.
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VOLPATO, Gilson Luiz. Cincia: da filosofia publicao. 5. ed. So Paulo: Cultura
Acadmica; Vinhedo: Scripta, 2007.
METODOLOGIA DO ENSINO E DA PESQUISA
WEB AULA 1Unidade 2 A Didtica e a Prtica Docente
Voc j pensou que a aula no ensino
superior, muitas vezes, acontece em uma perspectiva tradicional, ou com poucas
inovaes? A proposta da disciplina contribuir com mudanas na ao docente,
por meio de um suporte pedaggico, para que seu fazer cotidiano seja organizado a
partir de pressupostos tericos, possibilitando uma ao segura e produtiva. O
exerccio da docncia exige o domnio dos conhecimentos especficos de cada rea,
como tambm a competncia pedaggica. A organizao do trabalho pedaggico na
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universidade requer um trabalho sistematizado, que possa aliar ensino com
pesquisa.
Vamos iniciar nossas reflexes mostrando a importncia da Didtica na formao
de professores, disciplina que oferece suporte ao exerccio da docncia e tm como
objeto de estudo o ensinar e o aprender. Estudos recentes demonstram a
necessidade de nos afastarmos da perspectiva da racionalidade tcnica, queconsidera o espao de prtica como aplicao de mtodos e frmulas e considerar o
importante papel da Didtica. Ensinar no se limita mera transmisso de
contedos, com base em um paradigma conservador e no se reduz a um conjunto
de tcnicas de ensino, compreende uma prtica colaborativa e interativa, exigindo
do professor constantemente a tomada de deciso.
Nesse contexto, surge a necessidade de se repensar o
significado da Didtica no currculo e sua articulao com as demais disciplinas,
assim como a dicotomia relativa aos saberes tericos e os da prtica, que
necessitam ser revistos reflexivamente. Analisar e refletir sobre os processos de
ensinar e aprender torna-se fundamental, toda mudana se processa de forma
dialtica e as transformaes ocorridas no mundo tecnolgico tm possibilitado o
surgimento de novas demandas para a educao. Observamos que durante a
formao do futuro profissional, ocorre a compartimentalizao das disciplinas, tal
fato tem gerado a dissociao entre os saberes especficos e de natureza
pedaggica, sem a preocupao com a formao desses profissionais ocorre a
manuteno dos paradigmas tradicionais de formao.
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Pode-se constatar que a educao nos coloca desafios no campo
da teoria e da prtica que se constituem os campos de significao no processo de
formao e profissionalizao docente. No tocante ao papel da Didtica na
universidade atual, segundo Damis (2000), no pode se limitar aos meios
desvinculados dos fins sociais da Educao, pois em muitos cursos trabalhada de
forma isolada das disciplinas bsicas do curso, tendo como foco a
instrumentalizao do ensino.
Outro problema identificado por Pardal (2001, p. 84) que a profisso docente no
pode estar voltada a uma viso mecanicista, onde o profissional da educao deve
ser conhecedor de um avanado receiturio didtico-pedaggico dos modelos mais
modernos de avaliao, das mais eficazes tecnologias de informao. O nosso
fazer cotidiano apoia-se, em muitos casos, em modelos de professores que
acompanharam nossa trajetria acadmica, recebemos influncia tambm da nossa
histria de vida. Desde a dcada de 1990, quando ocorreu a democratizao doensino e mais pessoas tiveram acesso educao, em todos os nveis, inclusive o
superior, a Didtica passou a considerar a importncia do processo de formao de
professores e o papel da reflexo na ao, destacando a necessidade de o professor
refletir e analisar sua prtica cotidiana, a fim de que seja um profissional mais
autnomo e possa se autoconhecer e ultrapassar as dificuldades, bem como
ultrapassar os desafios da profisso. A reflexo-na-ao:
[...] pode ser desenvolvida numa srie de momentos subtilmente combinados numa habilidosa
prtica de ensino. Existe, primeiramente, um momento de surpresa: um professor reflexivo permite-
se ser surpreendido pelo que o aluno faz. Num segundo momento, reflecte sobre este acto, ou seja,
pensa sobre aquilo que o aluno disse ou fez e, simultaneamente, procura compreender a razo por
que foi surpreendido. Depois, num terceiro momento, reformula o problema suscitado pela situao
[...]; num quarto momento, efectua uma experincia para testar a sua nova hiptese (SCHN,
1995, p. 82, grifo do autor).
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Ao considerar a prtica docente, verifica-se que o
professor tem como principal ferramenta de trabalho a comunicao, a Didtica
investe no relacionamento professor e aluno, propondo ensinar em momentos de
dilogo intenso. Etimologicamente, Ensinar vem do latim in signare, que significa
marcar com um sinal. O professor, de alguma forma deixa marcas em seus alunos
(ENRICONE, 1992, p. 22). importante que as marcas impressas sejam positivas e
levem o futuro profissional a engajar-se em um processo de formao continuada.
nsinar uma ao intencional que se utiliza dos procedimentos de ensino, para que
a aprendizagem acontea. Carvalho e Castro (2001) apontam duas tendncias em
relao ao processo de ensino:
O ensino concebido como algo que vem de fora para dentro [...] corresponde ideia de passar
ou transmitir algo ao aluno, que a linguagem comum aceita na popular ideia de dar aula (d oar,entregar). O ensino concebido como algo que vem de dentro para fora, dependendo apenas um
uns poucos referenciais externos [...] o professor no ensina, ajuda o aluno a aprender
(CARVALHO; CASTRO, 2001, p. 22-23, grifo do autor).
As concepes sobre o ensino e a aprendizagem interferem
na forma como esse professor organiza sua prtica, assim a Didtica se constitui de
teorias e prticas que se articulam com outras reas do conhecimento, permitindo
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assim que o professor desenvolva habilidades e competncias para atuar na rea
de Educao. Nessa perspectiva, o professor faz a articulao das habilidades
especficas ao fazer pedaggico com a reflexo permanente sobre sua prtica,
construindo estratgias eficientes construo de novos conhecimentos, incluindo-
se nestas o confronto com situaes prticas.
O professor comprometido com a educao proporciona diversas oportunidades deaprendizagem, trabalha a partir das expectativas de aprendizagem dos alunos,
possibilitando mudanas cognitivas, lembrando que todo conhecimento novo apoia-
se em aprendizagens anteriores e que, por meio da mediao, o aluno colocado
diante do conhecimento cientfico, e confronta-se com seus saberes, mesmo que
empricos ou do senso comum, permitindo ao professor investigar as condies
onde ocorre esse processo.
Coelho (1997, p. 22) salienta que:
O ato de ensinar coletivamente bastante complexo, em virtude das diferentes caractersticas
individuais dos alunos, alm de outros interferentes que pesam na validao da escolha do melhor
procedimento de ensino, para a situao desejada.
Convido voc a ler o texto abaixo que apresenta
uma discusso atual da Didtica, abordando a questo da articulao teoria e
prtica na formao do professor.
DIDTICA: PRTICAS PEDAGGICAS EM CONSTRUO
Ilma Passos Alencastro Veiga UnB e UniCEUB
Edileuza Fernandes da Silva UnB
Odiva Silva Xavier UnB
Rosana Csar de Arruda Fernandes UnB
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http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT04-5327--Int.pdf
Vamos conhecer como a Didtica acompanhou as mudanas histricas ocorridas na
educao?
1.2 Didtica: Viso Histrica
No incio da Educao Brasileira, a Didtica era concebida como conjunto de normas
e regras sobre o ensino. Comnio (1592-1670), considerado o pai da Didtica, em
1657, escreveu o livro Didactica Magna e a conceituou como a arte de ensinar
tudo a todos, preocupando-se com um mtodo que pudesse ser eficaz e
possibilitasse aos alunos aprender mais. Sua proposta, de carter humanstico,
concebia a educao como caminho para a felicidade eterna com Deus e um direito
de todos, afirmava tambm sobre o merecimento do aluno em relao sabedoria,
ressaltando a necessidade de educar respeitando as caractersticas da idade.
Libneo (1994, p. 58) descreve a proposta da Didtica de Comnio como:
A assimilao dos conhecimentos no se d instantaneamente, como se o aluno registrasse de
forma mecnica na sua mente a informao do professor [...] no se deve ensinar nada que a
criana no possa compreender. Portanto, deve partir do conhecido para o desconhecido.
A Pedagogia Tradicional iniciou-se no Brasil com a chegada dos padres jesutas,
reduziu a Didtica a um conjunto de princpios, mtodos e tcnicas de ensino. A
realidade de nossas instituies demonstra que essa pedagogia ainda est presentena prtica de muitos professores, como aquele que exerce uma prtica
enciclopdica, trabalhando com grande volume de contedos, de forma
descontextualizada, professores transmissores e no mediadores na construo do
conhecimento e que no apresentam concepes atuais sobre a avaliao da
aprendizagem.
Deve-se dizer, ainda, que o perodo que compreende dcada de 1930 at a
dcada de 1940, a proposta educacional voltou-se para os princpios da escolanova, que em sua proposta concebe o aluno como ser ativo, o professor deixa de
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ser transmissor para ser facilitador, ou seja, algum que administra as condies
da disciplina dando possibilidade de o aluno buscar o conhecimento, assim, o
ensino passa a ser visto como processo de descoberta. Nessa proposta, a Didtica
passa a enfatizar o processo de ensino e aprendizagem e as possibilidades de
desenvolver competncias e Habilidades cognitivas no aluno. A educao no Brasil
tornou-se mais elitizada.
A produo terica na rea evidencia que, no perodo de 1945 a 1960, a concepo
de formao profissional enfatizou os processos metodolgicos e a aquisio do
conhecimento se manteve em segundo plano.
Neste aspecto, aps 1964, a Didtica assenta seus
pressupostos em uma dimenso tcnica, o processo de ensino e aprendizagem
passa a ser visto como ao intencional, direcionada por objetivos educacionais,
valorizando a produtividade, a eficincia e o controle. Dentre vrias questes, a
Didtica instrumental passa a ser mais enfatizada, contemplando a formulao deobjetivos instrucionais, a seleo de contedos de ensino, estratgias de ensino e o
uso dos meios e tcnicas mais eficazes, proposta baseada em modelo americano,
com nfase na tecnologia educacional. O professor passa a exercer sua prtica em
uma dimenso tcnica, executando o planejamento de ensino elaborado por
especialistas, esse modelo de formao baseado na racionalidade cientfica e
tcnica, tem como fundamento a transmisso de conhecimentos.
Com esse modelo de formao praticado principalmente na dcada de 1970, aDidtica oferece novas possibilidades, passando a tratar problemas educacionais
em uma perspectiva mais crtica e poltica. A proposta de Paulo Freire, a Pedagogia
Libertadora, no se posiciona em relao Didtica, professor visto como
orientador da aprendizagem de seus alunos, em uma perspectiva dialgica, a
educao passa a ter um carter poltico, centrada em temas sociais propondo uma
ao coletiva, mobilizando os alunos para a transformao.
No incio da dcada de 1980 a concepo dialtica se aflora com a Pedagogiacrtico-social dos contedos, a proposta se preocupa com a classe menos
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favorecida. Defende que a Didtica precisa ir alm dos mtodos e tcnicas, e
possibilitar a reflexo sobre o ensino, a aprendizagem e o contexto educacional.
Nesse aspecto, dedica-se formao de professores, possibilitando o ensino em
uma perspectiva crtica e transformadora, no se limitando aos meios onde ocorre a
ao pedaggica.
1.3 O Papel da Didtica na Formao do Professor
Considerando a complexidade da sala de aula,
o professor mobiliza e constri saberes, esses saberes da prtica so adquiridos no
exerccio dirio da nossa profisso e precisam ser considerados quando analisamos
a competncia do professor. Assim, refletindo sobre sua prtica adquire estratgias
e revisa os conhecimentos adquiridos em sua formao inicial.
Tardif (2002, p. 234, grifo nosso), considera que:
Se assumirmos o postulado de queos professores so atorescompetentes, sujeitos ativos, deveremos
admitir que a prticadeles no somente um espao de aplicao de saberes provenientes da teoria, mas
um espao de produo de saberes especficos oriundos dessa mesma prtica.
Articulando a ao reflexo, o docente constri e reconstri saberes e fazeres
pedaggicos, vivencia situaes, reflete sobre elas, encontra caminhos para atuar
frente a novos desafios, valorizando seu potencial.
A sala de aula espao de interaes pedaggicas, afetivas e culturais e mesmo
diante da desvalorizao do docente, falta de incentivo pesquisa cientfica, falta
de apoio em relao participao de eventos e congressos, o professor tem
construdo sua identidade e investe na sua formao continuada.
Abaixo apresento um texto que contempla a influncia da Didtica para a
(re)construo da identidade profissional do professor:
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Ser professor possibilitar o encontro do aluno com o objeto de conhecimento,
mediar prticas dialgicas, organizar a ao a partir de uma leitura crtica da
realidade, sabendo que pressupostos tericos subsidiam nossa prtica. Pesquisas
apontam a importncia de o professor ter competncia tcnica, ou seja, domnio
dos contedos que trabalha e conhecimento de metodologias, isto , diversas
formas de organizar o processo de construo do conhecimento escolar. O
professor o agente da sua prpria formao, sendo esta algo que se processa aolongo da vida.
O ensino superior exige:
[...] uma ao docente diferenciada da tradicionalmente praticada. Na docncia, como profissional
que realiza um servio sociedade, o professor universitrio precisa atuar como profissional
reflexivo, crtico e competente no mbito de sua disciplina, alm de capacitado a exercer a docncia
e realizar atividades de investigao (PIMENTA; ANASTASIOU; CAVALLET, 2003, p. 271).
O bom professor tem compromisso com sua prtica, um bom comunicador,
desenvolve a reflexo e a autonomia em seu aluno, mantendo uma relao do
dilogo e respeito. Que tipos de conhecimento e de saber fazer permitem ao
professor desempenhar o seu trabalho eficazmente? Que tipos de formao sero
mais viveis para equipar os professores com as capacidades necessrias ao
desempenho do seu trabalho? (SCHN,1995, p. 79-80). Esses questionamentos
propostos por Schon nos leva a refletir sobre a atual proposta de organizao doensino e o papel da reflexo.
A prtica de formao reflexiva necessita que os professores
percebam os questionamentos surgidos na interao com os alunos. Para isso,
necessria uma reflexo sobre a sua prpria ao e a criao de contextos que
desencadeiem um processo de mudana, levando-os a compartilhar suas aes.
Muitas vezes, faltam-lhe estratgias de anlise e reflexo, bem como suporte
terico que possam embasar a sua prtica, o que dificulta os processos de reflexo
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na, sobre e acerca da sua prpria prtica, dificultando, portanto, seu
desenvolvimento profissional e pessoal.
Tal fato envolve prtica educativa compromissada, onde os processos formativos
deveriam possibilitar a competncia bsica, a autonomia intelectual, dando
condies a seus alunos de estabelecerem uma relao coerente entre as
concepes tericas que embasam a prtica educativa e a realidade. fundamental, nesse processo, o professor saber lidar com a gesto da sala de aula,
as emoes e saber gerenciar os relacionamentos. Contudo, percebemos que os
professores necessitam de apoio intelectual e afetivo para tornarem-se
investigadores individuais e coletivos (DAY, 2001).
A DIDTICA NA FORMAO DO PROFESSOR: CONTRAPONDO O FAZER COM O
SABER FAZER
Miguel Andr Berger
Disponvel em:www.anped.org.br/reunioes/24/P0421051264001.doc.
As contribuies da Didtica nos levam a refletir sobre o processo de mudana e
transformao da nossa prtica por meio da reflexo. A formao do docente
precisa ser processo contnuo, levando-o a transformar os saberes profissionais
adquiridos na academia. Essa perspectiva fundamenta a nossa viso de professores
como atores competentes(TARDIF, 2002, p. 234) por estes poderem
continuamente ser construtores de seus conhecimentos.
A formao dos professores tambm necessita ser
realizada com os princpios do paradigma da complexidade.
Para Garcia (1999), a formao dos professores segue alguns princpios como:
- processo contnuo;
- processo de mudana, inovao, e desenvolvimento curricular;
http://www.anped.org.br/reunioes/24/P0421051264001.dochttp://www.anped.org.br/reunioes/24/P0421051264001.dochttp://www.anped.org.br/reunioes/24/P0421051264001.dochttp://www.anped.org.br/reunioes/24/P0421051264001.doc -
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- Integrao com contedos acadmicos, disciplinares e a formao de professores;
- integrao teoria e prtica;
- isomorfismo entre a formao recebida o tipo de educao que ser desenvolvida;
- princpio da individualizao.
O conhecimento docente se constri, tambm, a partir da reflexo e da avaliao
das prprias prticas, nesse sentido, a responsabilidade da Universidade como
instituio formadora muito grande, deve ser um espao de formao que se
constitua a partir de um planejamento estratgico, uma organizao dinmica,
aberta e flexvel. A instituio deve ser autnoma e responsvel, o que pressupe:
direito palavra, responsabilidade, avaliao e participao nas decises
(ALARCO, 2001).
1.4 Paradigmas da Docncia Universitria
Segundo alguns estudos, os paradigmas da educao, observados no ensino
superior influenciam as concepes dos professores, gerando implicaes em sua
prtica, sejam eles tradicionais, baseados na racionalidade newtoniana cartesiana
ou inovadores, concebe a formao de professores como treinamento. Na formao
didtica do professor, por muito tempo, contemplou-se o paradigma tradicional,
considerado conservador, baseado na reproduo de contedos. Behrens (2006)apresenta o paradigma conservador (Newtoniano, Cartesiano) de abordagem
tcnica que envolve a qualificao, tendo por princpio a eficincia e a eficcia, o
que legitima reproduo, fragmentao e viso linear, conhecimento homogneo,
professor transmissor e viso enciclopdica. Defende o paradigma emergente que
contempla metodologias inovadoras, apresentando como eixo articulador a
totalidade e a interconexo. Tal paradigma envolve viso crtica, reflexiva e
transformadora, por meio da qualificao contnua.
As discusses atuais apontam o paradigma inovador ou da complexidade, e
enfatizam a formao inicial, contnua ou continuada, como caminho para a
profissionalizao docente. A formao profissional um processo de construo
contnua e que se baseia nas aes cotidianas onde aprendemos com os nossos
erros e fracassos. A universidade um prolongamento da vida, onde o professor
deve ter como foco a aprendizagem da autonomia profissional e pessoal. E esta
implica uma interiorizao das responsabilidades inerentes tarefa de educador,empenho e abertura de esprito (LALANDE; ABRANTES, 1996).
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Os paradigmas educacionais esto relacionados a um momento histrico, na
atualidade buscam superar essa viso conservadora e aplicar propostas inovadoras
na formao de docentes universitrios, por meio de uma prtica pedaggica
reflexiva e crtica. Esta postura est proposta nos dizeres de Capra (2004, p. 25),
em que afirma que o novo paradigma pode ser chamado de uma viso de mundo
holstica, que concebe o mundo como um todo integrado, e no como uma coleo
de partes dissociadas.
O paradigma da complexidade tambm chamado de emergente constri
conhecimentos pela investigao. Esse paradigma
[...] pode ser chamado de uma viso holstica, que concebe o mundo como um todo integrado, e
no como uma coleo de partes isoladas. Pode tambm ser denominada viso ecolgica [que]
reconhece a interdependncia fundamental de todos os fenmenos, e o fato de que, enquanto
indivduos e sociedades, estamos todos encaixados nos processos cclicos da natureza (CAPRA,1996, p. 25).
Tendo por base essa proposta, Behrens afirma que esse paradigma contempla uma
viso de totalidade, de interconexo, de inter-relacionamento, na superao da
viso fragmentada do universo e na busca da reaproximao das partes para
reconstruir o todo (BEHRENS, 2006, p. 19). Assim, ao exercer sua prtica
cotidiana, o professor pode estabelecer relaes entre as disciplinas, concebendo o
aluno como ser integral, ou seja, dotado de corpo, mente e esprito (YUS, 2002).Ao desenvolver sua proposta de trabalho, o professor busca o desenvolvimento das
potencialidades do educando, trabalhando os contedos de ensino com enfoque
globalizador.
A educao Holstica, de acordo com Miller
(1997 apudYUS, 2002) prope o desenvolvimento global do indivduo por meio das
relaes entre os jovens e adultos, onde a educao cria comunidades de
aprendizagem, evidenciando a nfase no sujeito, a aprendizagem baseada no
princpio da interconexo e globalidade, [...] o estudante visto [...] com corpo,
mente, emoes e esprito (YUS, 2002, p. 16). E dessa forma, o professor deve
buscar a relao harmoniosa e dinmica entre a organizao de situaes de
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aprendizagem e os contedos, concepes de aprendizagem, avaliao e os
processos. A educao Holstica explora a relao entre corpo e mente.
A viso predominante de educao ainda linear, onde o currculo escolar
fragmentado em relao organizao de tempos e espaos e conhecimento,
sendo visto como um conjunto de disciplinas isoladas. A viso Holstica tem como
ponto de partida o combate fragmentao em todas as esferas da vida:econmica, social, pessoal e cultural. Busca a unidade, assim, a educao deve
possibilitar crescimento e a contradio e, dessa forma, conduzir para a totalidade.
A escola deve organizar seu currculo escolar favorecendo a interdisciplinaridade,
estabelecendo a ligao entre contedos, disciplinas e a transdisciplinaridade, que
permite uma ligao muito forte entre contedos e disciplinas. Busca o equilbrio
em relao s situaes de aprendizagem que envolva contedo e processo,
pensamento analtico e criativo, incluso, aprendizagem e avaliao, estimulando
conexes entre disciplinas e aprendizes.
Miller (apudYUS, 2002) aponta como caractersticas o reconhecimento que as
culturas so criadas pelo povo e podem ser mudadas, enfatiza que a relao
professor e aluno deve ser aberta, igualitria e dinmica.
A relao entre cincia e realidade no pode ser fragmentada e sim permitir a
conscincia da totalidade. O princpio da totalidade a essncia da educao
holstica, busca a viso unitria do educando como um todo no mundo, favorecendoa mudana de forma contnua, buscando a relao harmoniosa entre partes e todo.
A educao Holstica promove a criatividade quanto a resoluo de problemas,
levando os alunos ao confronto com os problemas culturais e polticos, desenvolve
a espiritualidade e a promoo da paz mundial. A educao integral busca o ensino
ativo que promova o desenvolvimento de todas as potencialidades dos educandos:
intelectual, emocional, fsica, artstica, criativa e espiritual (YUS, 2002, p. 19).
Os pressupostos curriculares da educao Holstica esto fundamentados na
aprendizagem colaborativa, nfase no aprender a aprender, buscando o equilbrio
entre a razo e a intuio, desenvolvendo a criatividade e a imaginao. Parte de
princpios como equilbrio, incluso e conexo. Por meio de uma educao centrada
no aluno, conduz a autodescoberta, a criatividade, explorando intuio e a viso
sistmica.
Novos paradigmas educacionais necessitam de novas vises de homem, mundo esociedade. Zabala (2002) afirma que a proposta da globalizao pressupe a busca
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de uma viso no fragmentada de currculo e salienta que o aprimoramento das
relaes humanas passa pelo conhecimento e controle das variveis que intervm
nelas. O conceito de educar para a vida, com o processo de democratizao do
ensino, difunde-se nas universidades e diante da necessidade de ensino
globalizador que promova a interdisciplinaridade.
Os contedos devem ser os meios para vivenciar a realidade de forma experienciale o objetivo fundamental o conhecimento e a interveno na realidade. Pensar
em currculo necessrio partir do princpio de que o currculo refere-se s
situaes vividas pelo professor e aluno e suas relaes sociais. No pode ser
separado do contexto social, um elemento que interfere na formao do aluno,
um processo social, diretamente relacionado a um momento histrico e s relaes
que a sociedade estabelece com o conhecimento.
necessrio lembrar que o currculo compreende uma cultura escolar, umelemento permeado por ideologias, valores e relaes de poder e o questionamento
da funo social do ensino. Com a democratizao do ensino surgem novos
contedos e diferentes formas de organizao, desloca-se o foco dos contedos
para como se aprende. O aluno passa a ser visto como um ser global, o que exige
mudanas nas finalidades educativas. O conhecimento trabalhado de forma inter-
relacionada passa a ter sentido.
A proposta curricular crtica vai alm da discusso de como elaborar o currculo,propondo a reflexo sobre as desigualdades sociais e a busca da transformao.
Nessa perspectiva, a instituio de ensino deveria buscar um modelo baseado em
prticas democrticas em que o trabalho possibilitasse a discusso de prticas
sociais, econmicas e polticas de forma contextualizada, formando um aluno mais
participativo, que possa exercer a transformao social e discutir as relaes de
poder, assim como educao e ideologia. A aprendizagem colaborativa uma
prtica pedaggica fundamental no paradigma emergente. (MORIN apudBEHRENS,
2006) prope os saberes necessrios educao do futuro. Afirma que precisamos
buscar a unidade da espcie humana, enfatizando a necessidade de profundas
transformaes sociais, buscando a superao da formao linear.
necessrio buscar o desenvolvimento de novas aes individuais e coletivas que
permitam desafiar os preconceitos, que lacem novas atitudes para encarar a vida,
que gerem situaes de enfrentamento dos medos e das conquistas (BEHRENS,
2006). O paradigma da complexidade inclui a educao holstica, busca formar
alunos para a indignao, aprendizagem para a vida (aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser). Ainda segundo a
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autora, a educao superior deve buscar a viso de totalidade, de rede, de
sistemas integrados, relatividade, de movimento, cidadania e tica. Viso
globalizadora exige pensamento complexo para produzir conhecimento,
transformador, significativo e relevante.
1.5 Contrato Didtico
conhecida a produo acadmica sobre contrato didtico, Behrens (2006) sugere
seu uso no ensino superior, como forma de organizar a sua prtica pedaggica,
permitindo ao aluno conhecer a proposta de trabalho do professor e os objetivos
propostos. Segundo Behrens (2006, p. 15), o contrato didtico:
[...] uma tcnica estruturada e organizada das atividades do aluno, na qual o professor entra em
acordo com os mesmos sobre os contedos a serem estudados, o mtodo de trabalho a ser
realizado e a proposta transparente do processo de avaliao.
O contrato didtico permite a discusso do programa com os graduandos levando a
ajustes significativos e necessrios, uma vez que essencial que o aluno construa
seu prprio conhecimento, de forma contextualizada.
A construo do contrato didtico favorece o dilogo do professor e aluno, que tem
a oportunidade de sugerir alteraes no programa de disciplina, o professor
estabelece acordos com seus alunos em relao metodologia e a proposta
avaliativa, assim, possvel estabelecer critrios para a conduo do processo.
Behrens e Age (2001, p. 93) conceituam o contrato didtico como:
[...] uma tcnica estruturada e organizada nas atividades
do aluno, no qual o professor entra em acordo com os mesmos sobre os contedos a serem
estudados, o mtodo de trabalho a ser realizado e a proposta transparente do processo de
avaliao.
Neste contexto, conhecendo o programa e estabelecendo acordos com o docente, oaluno tem acesso proposta da disciplina e formas de avaliao. Behrens (2006, p.
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68), afirma que a utilizao do contrato didtico permite a discusso crtica e a
reflexo. A partir da reflexo, o aluno capaz de fazer conexes entre as ideias,
produzindo conhecimento para sua atuao profissional.
De forma geral, estudos enfatizam a importncia do aluno se organizar, ter
autonomia em seus estudos. necessrio desenvolver ensino com pesquisa,
levando o educando a novas experincias, novos desafios e capacitando-os para
transformar a sua realidade. No mbito dessas reflexes, Behrens (2006) apresenta
pontos relevantes em relao ao contrato didtico:
a) Possibilita aos alunos uma viso geral dos contedos a serem abordados na
disciplina e dos instrumentos e critrios avaliativos a serem empregados.
b) Instrumentaliza os alunos a desenvolverem competncias, levando-os aaprender a aprender, dessa forma, podem se auto-organizarem, adquirindo maior
autonomia, uma vez que tem acesso a todos os textos e atividades a serem
desenvolvidas em cada encontro.
c) O aluno visualiza a metodologia de cada encontro, podendo dar contribuies em
relao metodologia e sequncia didtica.
d) Elimina o individualismo e a competitividade, uma vez que prioriza aaprendizagem colaborativa.
Trago para voc um texto sobre contrato didtico que ir auxiliar a sua
compreenso sobre esse processo.
Aprendizagem por projetos e os Contratos Didticos Marilda Aparecida Behrens:
Disponvel em:
ALARCO, Isabel.A escola reflexiva.In: ___Escola reflexiva e nova racionalidade.
Porto Alegre: Artmed, 2001.
http://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=724&dd99=viewhttp://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=724&dd99=viewhttp://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=724&dd99=viewhttps://www22.unopar.br/unopar/upload/colaborar_ead/01_icones/referencias.pnghttp://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=724&dd99=view -
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BEHRENS, Marilda Aparecida. A conexo do paradigma emergente com o
paradigma da complexidade num enfoque globalizado. In: BEHRENS, Marilda
Aparecida. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contratos didticos
e portflios. Petrpolis: Vozes, 2006. p. 11-27.
BEHRENS, Marilda Aparecida. A conexo do paradigma emergente com o
paradigma da complexidade num enfoque globalizado. In: BEHRENS, MarildaAparecida. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contratos didticos
e portflios. Petrpolis: Vozes, 2006. p. 11-27.
BEHRENS, Marilda Aparecida; JOS, Eliane Maria Age. Aprendizagem por Projetos e
os Contratos Didticos.Revista Dilogo Educacional, v. 2, n. 3, jan./jun. 2001.
Disponvel em: . Acesso
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WEB AULA 2
Unidade 2 Nveis e Etapas do Planejamento de Ensino
Vamos tomar como ponto de partida nesta Web Aula o exerccio da prtica docentena universidade como movimento de pensar a realidade e projetar o futuro, a
proposta consiste em encontrar caminhos para refletir sobre o planejamento nesta
modalidade de ensino. Considerando que se inscreve como princpio norteador da
docncia, acreditamos que formar profissionais tendo a do