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1. Contabilidade de Custos A preocupação primeira dos contadores, auditores e fiscais foi fazer da Contabilidade de Custos uma forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, não a de fazer dela um instrumento de administração. Devido ao crescimento das empresas, com o conseqüente aumento da distância entre administrador e ativos e pessoas administradas, passou a Contabilidade de Custos a ser encarada como uma eficiente forma de auxilio no desempenho dessa nova missão, a gerencial. É também importante ser constatado que as regras e os princípios geralmente aceitos na Contabilidade de Custos foram criados e mantidos com a finalidade básica de avaliação de estoques e não para fornecimento de dados a administração. O estágio atual da tecnologia de informação possibilita soluções bastante satisfatórias, processando simultaneamente as três contabilidades e conciliando as diferenças. Nesse seu novo campo, a Contabilidade de Custos tem duas funções relevantes: o auxilio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões. No que diz respeito ao Controle, sua mais importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os valores anteriormente definidos. No que tange a decisão, seu papel reverte-se de suma importância, pois consiste na alimentação de informações sobre valores relevantes que dizem respeito às conseqüências de curto e longo prazo sobre medidas de introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou produção, etc. A Contabilidade de Custos acabou de passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros globais para importante arma de controle e decisão gerenciais. Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, seja 1

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1. Contabilidade de Custos

A preocupação primeira dos contadores, auditores e fiscais foi fazer da Contabilidade de Custos uma forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, não a de fazer dela um instrumento de administração.

Devido ao crescimento das empresas, com o conseqüente aumento da distância entre administrador e ativos e pessoas administradas, passou a Contabilidade de Custos a ser encarada como uma eficiente forma de auxilio no desempenho dessa nova missão, a gerencial.

É também importante ser constatado que as regras e os princípios geralmente aceitos na Contabilidade de Custos foram criados e mantidos com a finalidade básica de avaliação de estoques e não para fornecimento de dados a administração.

O estágio atual da tecnologia de informação possibilita soluções bastante satisfatórias, processando simultaneamente as três contabilidades e conciliando as diferenças.

Nesse seu novo campo, a Contabilidade de Custos tem duas funções relevantes: o auxilio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões. No que diz respeito ao Controle, sua mais importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os valores anteriormente definidos.

No que tange a decisão, seu papel reverte-se de suma importância, pois consiste na alimentação de informações sobre valores relevantes que dizem respeito às conseqüências de curto e longo prazo sobre medidas de introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou produção, etc.

A Contabilidade de Custos acabou de passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros globais para importante arma de controle e decisão gerenciais.

Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, seja industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões em uma empresa. Isto ocorre, pois, devido à alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim, também, com base nos preços praticados no mercado em que atuam.

O conhecimento de custos é vital para saber-se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los.

Assim, a Contabilidade mais moderna vem criando sistemas de informações que permitam melhor gerencialmente de custos, com base nesse enfoque.

Obviamente, estas suas novas missões não compreendem o todo da contabilidade gerencial; esta é mais ampla, porém suas bases são esse aspecto comentado da Contabilidade de Custos.

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1.1. Terminologia em custos

Gastos, Custos e Despesas, são três palavras sinônimas ou dizem respeito a conceitos diferentes? Confundem-se com Desembolso? E Investimento tem alguma similaridade com elas? Perda se confunde com algum desses grupos?

No meio desse emaranhado todo de nomes e idéias, normalmente o principiante se vê perdido, e às vezes o experiente, embaraçado; por isso, passamos a utilizar a seguinte nomenclatura:

Custo: gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.

O custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.

Despesa: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas.

CUSTOS DESPESASGastos na produção Gastos administrativos e de vendaVinculado diretamente aos produtos/serv. Não se identificam diretamente a produçãoEmpresa (atividade afim) Pela empresa (atividade meio)

Gasto: compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro); conceito extremamente amplo e que se aplica a todos os bens e serviços adquiridos.São gastos que afetam diretamente o caixa. Desembolso: pagamento resultante da aquisição do bem e serviço.Desembolso: esforço financeiro associado ao pagamento (saída de caixa), normalmente, resultante da aquisição de bem ou serviço.Exemplo: Uma empresa comprou $5.000 em mercadorias, com 50% á vista e 50% com prazo de 30 dias. A empresa gastou $5.000, mas desembolsou apenas 2.500. Os outros 2.500 são uma promessa de pagamento e se tornarão desembolso daqui a 30 dias.

Investimento: gasto ativado em função de vida útil ou benefícios atribuídos a futuro(s) período(s); podem ser diversas naturezas e de períodos de ativação variados.

Perda: bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntariamente.

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2. Classificação dos Custos

No que diz respeito ao relacionamento com o objeto (fornecedor, cliente, produtos, regiões ou canais de distribuição), os custos podem ser classificados em:

Custos Diretos: aqueles que podem ser diretamente apropriados a cada tipo de objeto, pela sua fácil identificação e mensuração no momento de sua ocorrência, tal como, os custos de transportes na distribuição, que podem ser identificados em função dos produtos faturados e entregues a cada cliente; São os custos suscetíveis de serem alocados facilmente aos bens ou serviços resultantes, ou seja, possuem parcelas definidas apropriadas a cada unidade ou lote produzido. Não precisa de critérios de rateios. Geralmente são representados por mão-obra direta , pelas matérias-primas, energia elétrica da produção, depreciação de máquinas, etc);

Custos Indiretos: são aqueles que não se podem apropriar diretamente a cada tipo de objeto, no momento de sua ocorrência, por não estarem diretamente relacionados ao mesmo. São todos os custos que dependem da adoção de algum critério de rateio para sua alocação ou direcionamento ao produto (exemplos: depreciação, mão-obra indireta, supervisor, pessoal de planejamento e controle de produção, seguros, materiais indiretos, etc.)São todos os custos que dependem da adoção de algum critério de rateio para sua alocação ou direcionamento ao produto.

A alocação dos custos indiretos de fabricação às unidades produzidas deve ser baseada na capacidade normal de produção. A capacidade normal é a produção média que se espera atingir ao longo de vários períodos em circunstâncias normais; com isso, leva-se em consideração, para a determinação dessa capacidade normal, a parcela da capacidade total não utilizada por causa de manutenção preventiva, de férias coletivas e de outros eventos semelhantes considerados normais para a entidade. O nível real de produção pode ser usado se aproximar-se da capacidade normal.

Como conseqüência, o valor do custo fixo alocado a cada unidade produzida não pode ser aumentado por causa de um baixo volume de produção ou ociosidade. Os custos fixos não alocados aos produtos devem ser reconhecidos diretamente como despesa no período em que são incorridos. Em períodos de anormal alto volume de produção, o montante de custo fixo alocado a cada unidade produzida deve ser diminuído, de maneira que os estoques não sejam mensurados acima do custo. Os custos indiretos de produção variáveis devem ser alocados a cada unidade produzida com base no uso real dos insumos variáveis de produção, ou seja, na capacidade real utilizada.

Os custos indiretos de produção fixos são aqueles que permanecem relativamente constantes independentemente do volume de produção, tais como a depreciação e a manutenção de edifícios e instalações fabris, máquinas e equipamentos e os custos de administração da fábrica. Os custos indiretos de produção variáveis são aqueles que variam diretamente, ou quase diretamente, com o volume de produção, tais como materiais indiretos e certos tipos de mão-obra indireta.

Custo integral (ou total): todos os custos diretos, ocorrentes em determinado período, são transferidos aos produtos fabricados no mesmo período. Os custos indiretos são distribuídos aos produtos através da aplicação de índices de rateio; tais índices são

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determinados pelo estudo de "causa/efeito", pelo qual se deve pesquisar os verdadeiros fatores que proporcionam determinado custo indireto. A valoração do índice de rateio para cada produto se dá em função da incidência destes fatores ao longo do processo de sua produção. No custo integral, ou total, a totalidade dos custos fixos são alocados aos produtos, ou seja, são considerados como custos.

Custo Fixo: são os custos estruturais que ocorrem período após período, sem alterações, ou cujas alterações não se verificam como conseqüência de variação no volume de atividade em iguais períodos. Na logística, podem ser citados os custos de armazenagem própria, contemplando a depreciação dos ativos logísticos, os gastos com mão-obra e outros gastos gerais.São os custos que, para determinado nível ou intervalo relevante de atividade, embora tenha um valor total que não se altera com a variação da quantidade de bens ou serviços produzidos, seu valor unitário se altera de forma inversamente proporcional à alteração da quantidade produzida.

Custo Variável: são custos que variam em função do volume da atividade. Conhecer os custos variáveis auxilia em muitas decisões de curto prazo, por exemplo, o ajuste do mix de produtos em face dos fatores limitantes de condições operacionais e de mercado existentes. São os custos que, em bases unitárias, possuem um valor que não se altera com alterações nas quantidades produzidas, porém, cujos valores totais variam em relação direta com a variação das quantidades produzidas (matéria-prima).Exemplos de gastos variáveis além de matéria-prima, mão-obra indireta, gastos com comissão de vendas (atrelado ao nível de vendas).

Custo Semivariáveis: alguns especialistas consideram que certos custos podem ser classificados como custos semivariáveis, por possuírem, ao mesmo tempo, características dos custos fixos e variáveis. A divisão de custos de uma empresa deve ser relativa à sua operacionalidade, não há uma regra única e rígida para todas as situações. Como por exemplo de um vendedor que recebe um salário fixo e mais comissão sobre vendas, que é variável.

Custos Semifixos: na realidade, os custos devem ser predefinidos de acordo com o comportamento histórico de seu registro na empresa, porém com larga margem de flexibilização. Determinados serviços terceirizados podem sempre ser considerados como um custo de um determinado setor, porém, em certa época do ano, alguns departamentos fazem contratação de mão-obra terceirizada em maior quantidade e por um longo período; aquele procedimento deve sofrer alteração, cabendo a Controladoria adequá-lo a nova situação. Estes gastos serão considerados como custos semifixos.Como exemplo é o da energia elétrica, em que a empresa negocia com a companhia de energia uma parcela fixa para determinado período da produção e acima deste nível a cobrança será variável.

Custo Primário: é representado pela soma do custo de mão-de-obra (MOD) e de material direto ou matéria-prima (MAD);

Custo de Transformação: é o custo total do processo produtivo e é representado pela soma da mão-obra direta (MOD) com os custos indiretos de fabricação (CIF) e representa o custo de transformação da matéria-prima em produto acabado.

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Os custos de transformação de estoque incluem os custos diretamente relacionados com as unidades produzidas ou com as linhas de produção, como pode ser o caso da mão- obra direta. Também incluem a alocação sistemática de custos indiretos de produção, fixos e variáveis, que sejam incorridos para transformar os materiais em produtos acabados.

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2.1. Custos de Movimentação

As crescentes exigências da competitividade dos mercados permitiram que as empresas adotassem métodos e equipamentos mais eficientes a fim de melhorarem a sua produtividade e a qualidade dos serviços prestados. A logística empresarial fez com que as empresas adquirissem um maior controle de todas as atividades de movimentação e armazenagem, facilitando assim, a verificação eficiente do fluxo de mercadorias, ou seja, desde o carregamento inicial de materiais de um fornecedor, até à venda do produto fabricado ao consumidor final. A movimentação de materiais não é mais que combinação de métodos e processos, capazes de movimentar toda a mercadoria, matéria-prima e produto final, para o lugar certo, com a quantidade específica e em tempo correto, numa sequência definida pelo layout da fabrica. A movimentação de materiais e produtos significa transportar pequenas ou grandes quantidades de bens, em distâncias relativamente pequenas, como por exemplo no interior do local de produção, como fábricas, lojas, armazéns, entre outros. Assim, pode ser definida como processo global de movimentação de materiais num ambiente de manufatura. Há quem defina este processo de transporte do material como "a arte e ciência da movimentação, embalagem e armazenamento de material em qualquer forma".

O principal objetivo do processo de movimentação de material é reduzir os custos operacionais na concepção do produto final e no seu armazenamento. Contudo, é necessário alcançar outras metas e cumprir especificação primordiais a fim de alcançar o objetivo principal - redução de custos. Alem da redução de custos, existem outros objetivos, tais como:

Eficiência e segurança na movimentação dos materiais; Transporte dos materiais em tempo útil, com a quantidade exata, para o local

desejado; Armazenamento de materiais, otimizando a capacidade espacial fornecida pela

empresa; Soluções de baixo custo para as atividades de movimentação de materiais.Muitas empresas aumentam os seus custos devido a rotinas ineficientes na

movimentação de materiais. A movimentação de materiais permite a otimização da produção e, consequentemente, aumenta a eficiência da empresa. A movimentação de materiais permite, também:

Melhorar a eficiência do sistema de produção, movimentando quantidades exatas de materiais ao longo da sua linha de produção e armazenamento;

Reduzir o custo global; Redução dos estragos nos materiais durante a sua movimentação; Maximizar a utilização do espaço para armazenamento; Minimizar o risco de acidente na movimentação manual de materiais. A movimentação de materiais pode ser definida como parte integrante de um

sistema de produção e que permite otimizar a eficiência da movimentação de materiais no sistema. A movimentação de materiais deve descrever os tipos de equipamentos que irão ser utilizados nas diversas operações envolvidas no sistema, como a embalagem, transporte e armazenamento. Independentemente do tamanho e da complexidade do material, o sistema de movimentação deve atender dois tipos de fluxos em simultâneo: o fluxo físico de materiais e o correspondente fluxo de informação. O fluxo de informação permite fazer decisões relativamente ao controlo do fluxo físico do material, fornecendo informações sobre o componente que está a passar por um dado ponto, numa dada altura, para onde vai e o que vai ser executado posteriormente. O controlo do fluxo do material pode ser manual, mecanizado, ou automático.

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A movimentação do material pode ser pensada como tendo cinco dimensões distintas: movimento, quantidade, tempo, espaço e controle. O movimento envolve a eficiência do transporte do material durante a sua transformação. Interessa movimentar-lo o mais rápido possível, com segurança e integridade, pois a movimentação rápida pode ser um aspecto importante na redução de custos. A ineficiência dos equipamentos na movimentação de materiais pode acarretar altos custos para a empresa. A eficiência da movimentação do material encontra-se relacionada com a quantidade exata a ser transportada pelos equipamentos. A quantidade a ser movimentada ditará o tipo e natureza do equipamento a ser utilizado, tal como o custo associado a essa movimentação. A movimentação de materiais não se baseia somente na deslocação, embalagem e armazenamento de produtos, mas também no desempenho temporal de equipamentos específicos, dentro de determinados limites estabelecidos. Aspectos relacionados com o tempo, como por exemplo: tempo das operações, horas de operação, tempo ocioso, repetição de operações e movimentações, inventário excessivo, em entre outros; podem ser otimizados a fim de obter uma eficiência maior na movimentação dos materiais e redução de custos. Os materiais devem chegar ao local de trabalho, estação de montagem e produção ou até mesmo ao cliente, a tempo e horas. O aspecto espacial na movimentação de materiais encontra-se relacionado com o espaço necessário existente na fábrica, quer para efeitos de armazenamento dos materiais, produtos e equipamento, quer para efeitos da sua circulação de um lugar para o outro. Pode-se dizer que a movimentação do material é parte integrante na decisão do design do layout. O rastreamento do material e a sua identificação são alguns aspectos fundamentais no controle da movimentação. Existe a responsabilidade de verificar se o produto desejado encontra-se no sitio certo, quer durante a sua produção, quer esteja em armazenamento.

Dependendo do tipo de sistema de produção e armazenamento, o modo de controle e movimentação das materiais e produtos pode ser manual ou automático. A Movimentação manual de materiais envolve o uso do corpo humano para levantar, baixar, atestar, ou transportar cargas de um local para outro. No entanto, quando estas tarefas são realizadas de forma incorreta ou excessiva, podem expor os trabalhadores a fatores de risco físico, fadiga e lesões. Para evitar estes problemas, a organização pode beneficiar do avanço das novas tecnologias e melhorar o ajuste entre as tarefas do trabalho e a capacidade dos seus trabalhadores. A utilização de equipamentos e máquinas reduzem e previnem o risco de lesões e esforços dos trabalhadores, como também aumentam a produtividade e a qualidade do serviço. O equipamento automatizado é projetado e construído para atender determinados requisitos de transporte do material. A automatização de processos de fabricação e de operações de equipamentos tem sido adotada por muitas empresas de modo a colmatar os problemas da movimentação manual e aumentar os níveis de produtividade. A automatização oferece muitas vantagens na movimentação de materiais, nomeadamente o fornecimento de informação relevante na tomada de decisões. Outras vantagens destes sistemas são: melhoramento dos níveis de serviço, aumento da produtividade e eficiência do sistema, e diminuição do transporte de materiais durante os seus processos .

Nos sistemas de movimentação manual e mecanizados, todos os processos de movimentação são observados e controlados pelo operador, através de registos e correções, quando necessárias, de mecanismo elétricos constituintes dos equipamentos. Nos sistemas automáticos, scanners e outros tipos de aparelho de controle e gestão permitem aceder a toda a informação acerca do estado dos equipamentos e dos materiais, em tempo real. O sistema pode estar sob controle de um computador local, que por sua vez, pode estar ou não, ligado a um outro computador de alto nível. A integração de equipamentos automatizados de controle da produção e da movimentação

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nos processos industriais irá ao encontro das necessidades da empresa, visto que existem processos onde é dispensável a utilização de determinados equipamentos, reduzindo assim os custos associados a esta aplicação.

Todos os gastos gerais de fabricação de uma empresa têm de ser justificados. Cerca de 30% a 70% dos custos totais de produção pertencem à movimentação de materiais. Esta analise percentual deve-se à falta de rigor de análises criticas e técnicas, quer dos equipamentos quer dos métodos em funcionamento. Um dos primeiros pontos fundamentais a ter atenção é analisar o fluxo da movimentação de materiais, layout e equipamentos de movimentação e armazenagem. Quando os equipamentos utilizados não são os mais apropriados para transportar o material, tornam-se ineficientes na produção em determinadas situações e são responsáveis pelo aumento de custos, tempo de produção e perdas durante a movimentação de materiais. Melhorando os aspectos mencionados, obtêm-se benefícios quando existe uma maior eficiência do sistema na movimentação do material.

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2.2. Custos de armazenagem

O subprocesso de armazenagem constitui um elo entre o fornecedor, a produção e o cliente, formando um sistema de abastecimento à demanda e proporcionando assim, um serviço eficiente ao cliente. São consideradas as atividades de movimentação dos materiais, embalagens e produtos e acondicionamento dos estoques (estocagem) que estão intimamente ligadas ao espaço físico, ao manuseio e à movimentação dos materiais e produtos.

O termo estocagem tem uma correlação com armazenagem, ou seja, estocagem é uma atividade da armazenagem, na qual os materiais/embalagens e produtos são acondicionados durante um determinado período, até o momento de serem utilizados no processo de produção ou de sua comercialização.

Há um grande esforço por parte das empresas para minimizar o uso dos locais de armazenagem, com objetivo de sincronizar a produção com a demanda do consumidor, visando evitar o acumulo dos estoques ao longo da cadeia para que obtenham menores custos, carregamentos e descarregamentos mais freqüentes e giro mais rápido dos estoques.

Para aperfeiçoar a movimentação de materiais é preciso a redução dos movimentos normais dos materiais, a eliminação de retrocessos, a manutenção de controle visual dos materiais estocados, a localização do almoxarifado próximo a montagem, o uso de acessórios nas empilhadeiras para melhorar a produtividade, etc...

Há numerosos fatores que contribuem para a determinação dos custos de armazenagem, tais como:

Características de recebimento: contemplando volumes por grupos de produto, modo de transporte, característica da carga...;

Características de acondicionamento (estocagem – quantidade por pallet, empilhamento de pallet, temperatura requerida...);

Características de seleção de pedido ou embarque – volume por grupo de produto, quantidade de lote de produto, modo de transporte, taxa de atendimento de pedido e tempo de atendimento;

Necessidades de etiquetagem; Características de re-embalagem (bens danificados e especiais); Necessidade de mão-obra direta e de equipamentos; e Necessidades de recursos indiretos (supervisão, manutenção de equipamentos,

limpeza, segurança, suprimentos, etc...)Dependendo da forma como os estoques estão sendo acondicionados, esses custos

podem ser fixos ou variáveis. Fixos quando se tratar de armazenagem própria e quando ocorrer em armazéns públicos. Esses custos geralmente variam com o nível de estoque.

Esses custos fixos podem ser reduzidos pela eliminação de movimentos desnecessários na operação e acompanhados pelo aumento da rotatividade por meio do sistema todo, reduzindo o número de movimentos pelo aumento de quantidade movimentada (lote) em cada operação. As principais reduções ocorrem, quando tentam reduzir o número de movimentações de materiais e distâncias, o espaço e os custos de mão-obra e níveis de inventário por tipo de material.

Os custos de armazenagem pública/Geral, que são gerados pelas taxas de armazenagem, podem ser reduzidos por meio da redução de tarifas, de aluguel de contêineres, do planejamento de desova dos contêineres e da integridade de dados do inventário. Exemplos: Importação e Exportação os Terminais Retroalfandegários (TRA).

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Quando as empresas decidem terceirizar sua atividade de armazenagem para um operador logístico, sabe com precisão seus custos de armazenagem, os custos são conhecidos de antemão, por unidade estocada ou movimentada, dependendo da negociação. Visam reduzir seus custos, procurando transformar seus custos fixos em variáveis.

Há a opção de manter armazenagem própria utilizando-se de Centros de Distribuição, por proporcionar redução nos custos de manutenção de inventário e transportes, entre outros. Com isso o estoque é posicionado em vários elos de determinada cadeia de suprimentos e permite atender rapidamente as necessidades dos clientes de regiões distantes dos centros produtores, que poderiam ser considerados centros de distribuição regionais.

Desta forma está implícito o conceito de Consolidação, que corresponde ao processo de juntar cargas de origens diversas, para formar carregamentos maiores, que também apresenta seus custos específicos. Quando esse carregamento chega ao centro de distribuição ocorre a desconsolidação da carga – o processo inverso da consolidação, em que carregamentos maiores são desmembrados em pequenos lotes para serem encaminhados a destinos diferentes.

Um desafio nos custos de armazenagem é assegurar que as estratégias de armazenagem e gerenciamento de custos sejam consistentes com todas as estratégias de nível de serviço da empresa, o que inclui novas tecnologias, com alto nível de atendimento completo de pedidos e separação por clientes. Para isso existe também a função de separação, que é responsável pela coleta de mix correto de produtos da área de armazenagem para satisfazer às necessidades de cada cliente. Dependendo do segmento, dos tipos de produtos, do tempo de ciclo de cada pedido, pode ser uma das atividades mais criticas da armazenagem.

Os custos da armazenagem, normalmente são tratados contabilmente como Custos Indiretos de fabricação, quando mantêm estoques de matérias-primas ou produtos em processo; um fator que aumenta os custos de armazenagem é a quantidade mantida em estoque, que só poderá ser movimentada com a utilização de mais mão-obra ou, então, com maior uso de equipamentos, tendo como conseqüência a elevação desses custos. No caso de um menor volume em estoque, o efeito é contrário.

Percebe-se que os custos de armazenagem interagem ou são influenciados pelos custos de transporte (em função da localização e das quantidades movimentada), pois dependem da necessidade por tipo e modo de movimento. Movimentos de transporte primário, por exemplo, são os transportes da fábrica para armazéns, aumentam com armazéns adicionais, mas podem reduzir custos de transporte de armazéns para clientes. Daí a necessidade de se conhecerem os custos de transporte, para melhor análise de custo total, focalizada na Logística Integrada, para equilibrar todos os Custos Logísticos.

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2.3. Custo de Transporte

O transporte no plano nacional ou internacional, é considerado como um dos subprocessos mais relevantes da logística. Envolve deslocamento externo do fornecedor para a empresa, e da empresa para o cliente, estando eles em forma de materiais, componentes, subconjuntos, produtos semi-acabados, produtos acabados ou peças de reposição. É um fator na utilidade de tempo e determina com que rapidez e consistência um produto move-se de um ponto a outro.

Os principais objetivos da qualidade do transporte estão associados aos objetivos finais da empresa; portanto, devem ser tratados de modo a corresponder às expectativas previstas em termos de qualidade:

Fazer com que o produto chegue ao seu destino final sem qualquer tipo de avarias;

Cumprir os prazos previstos, evitando, assim, transtornos aos clientes; Entregar a mercadoria no local certo, bem como facilitar o processo de descarga

para o cliente; Investir no aprimoramento dos processos, possibilitando, assim, executar o

processo de forma mais ágil; e Reduzir os custos de entrega, levando-se em consideração a satisfação do cliente

e os benefícios gerados para a organização.Muitas empresas conseguem um diferencial competitivo no mercado mediante

uma correta utilização dos modos de transporte; como um elo entre o fabricante e o consumidor final, portanto, precisa ser visto e analisado cuidadosamente, tendo em vista o seu impacto na apuração final dos custos logísticos totais, portanto, as empresas devem estar sempre estar atentas ao gerenciamento dessa função, visto que sua eficiência está ligada à satisfação do cliente e à minimização dos custos.

Os custos de transporte deveriam ser observados sob duas óticas: a do usuário (contratante) e a da empresa operadora (que possui frota própria). Na ótica do usuário (contratante), quando a empresa terceiriza as operações de transporte (ou parte dela), os custos de transporte têm uma parcela fixa e uma parcela variável.

A decisão de manter frota própria ou terceirizada, deve-se considerar os aspectos custos, qualidade do serviço e a rentabilidade financeira das alternativas, ou seja, deve-se dar retorno a empresa. Algumas características contribuem para essa decisão, tais como o tamanho da operação, a capacitação interna, a competência do setor, a capacitação de cargas de retorno e o modal utilizado, pois se houver necessidade de um investimento muito alto, tal como em uma ferrovia ou dutovia, é preferível terceirizar a operação.

Independentemente de uma operação ser própria ou terceirizada, deve-se buscar a otimização do transporte, por meio de economia de custos, por exemplo utilizando o frete de retorno, ferramentas de otimização (pesquisa operacional e computação), desenvolvendo rotas por meio de ciclos fechados, “casando” carga e descarga entre os membros de uma cadeia de suprimentos.

Os custos de transporte, são influenciados, basicamente, pelos seguintes fatores: Distância: é o que tem maior influência no custo, pois afeta os custos variáveis.

Embora a relação custo/distância seja considerada linear, ou seja, quanto maior a distância, maior o custo total, mas o custo de frete por quilômetro rodado diminui, gradualmente, com a distância, em função de os custos fixos permanecerem os mesmos;

Volume: segue o principio da economia de escala, ou seja, o custo de transporte unitário diminui a medida que o volume da carga aumenta. Com a carga

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consolidada e ocupação completa da capacidade do veículo, tem-se uma diluição dos custos por unidade transportada;

Densidade: é a relação entre peso e volume e incorpora considerações de peso a ser transportado e espaço a ser ocupado. Um veículo, normalmente, é mais restrito quanto ao espaço do que quanto ao peso. Em termos logísticos, para melhor aproveitamento da capacidade do veículo, deve-se aumentar a densidade da carga. Esses custos devem ser balanceados com os custos dos sistemas de carga/descarga, no intuito de minimizar o custo total;

Facilidade de acondicionamento: refere-se às dimensões da carga e de como estas possam afetar o aproveitamento do espaço do veículo (carreta, contêiner, vagão, etc). Produtos com tamanhos ou formas não padronizadas levam ao desperdício de espaço, o que gera custos desnecessários;

Facilidade de manuseio: para agilizar e facilitar a carga/descarga, podem ser utilizados equipamentos especiais que, também, afetam o custo de manuseio/movimentação;

Responsabilidade: o grau de responsabilidade está relacionado à questão do risco e incidência de reclamações, contemplando as características da carga a ser transportada, tais como: suscetibilidade de avarias, de roubo, de combustão ou explosão espontânea, riscos de deterioração e produtos com alto valor agregado (seguro da carga); e

Mercado: os custos de frete são influenciados por fatores de mercado tais como sazonalidade das movimentações dos produtos, intensidade e facilidade de tráfego, nacional e internacional, entre outros. A existência de carga em rotas de retorno, por exemplo, pode reduzir o custo do frete por unidade de peso. Se isso não ocorre o veículo volta vazio, o custo de retorno irá onerar o custo da viagem inicial.

A escolha do modo de transporte é influenciada pelos fatores custo, tempode trânsito da origem ao destino, risco (envolvendo a integridade da carga) e freqüência (regularidade do transporte). Normalmente, o fator custo é o mais importante, em termos econômicos e financeiros, mas os outros fatores também podem comprometer a definição do modo de transporte, estando relacionados ao atendimento do nível de serviço exigido.

O transporte, nacional e internacional, pode ser realizado pelos seguintes modos: rodoviário, ferroviário, aeroviário, dutoviário e aquaviário (marítimo, fluvial e lacustre).

Na tabela abaixo podemos verificar que os preços são inversamente proporcionais aos custos de inventários. Na busca da redução dos custos de transporte, pode-se optar pelo transporte lento em vez do mais veloz. Por exemplo, pode-se utilizar o ferroviário (preço menor) em vez do aéreo (preço maior); consequentemente, o giro do capital investido é menor, pois o inventário irá ficar mais tempo em trânsito, o que resulta em custos maiores para o sistema logístico.

Na busca pela excelência no transporte, a determinação do tipo de modal a ser utilizado pode contribuir para redução dos custos logísticos, fator de grande relevância para o sistema. A escolha do modal de transporte utilizado pode assegurar para empresa economias significativas, como elevar o nível de desempenho no que se refere aos serviços prestados aos clientes.

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Características dos principais modos de transporte

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Modo Rodoviário

Esse tipo de transporte é utilizado para cargas pequenas e médias, para curtas e médias distâncias, com coleta e entrega ponto a ponto. O transporte rodoviário oferece uma ampla cobertura, podendo ser caracterizado como flexível e versátil, sendo mais compatível com as necessidades de serviço ao cliente do que outros modos de transporte.

Esse modo é amplamente utilizado devido a sua praticidade, no que se refere à movimentação de diversos tipos de carga (completa ou fracionada) do ponto de origem a um destino. E como no Brasil as rodovias são construídas com fundos públicos, mesmo com algumas concessões a empresas privadas, deparamos com custos fixos baixos, mas médios custos variáveis (combustível, pedágios, manutenções,....)

Muito embora pareça óbvio que, ao executar a operação com recursos próprios a empresa tenha maior controle sobre qualidade, prazos, disponibilidade, flexibilidade, devido à proximidade, exclusividade e facilidade de coordenação, nem sempre esses argumentos se efetivam na prática.

A classificação entre custos fixos e custos variáveis depende tanto da operação da empresa quanto da ocorrência do fato gerador. Como exemplo, se o motorista tiver um rendimento mensal, esse custo será fixo; se esse profissional for remunerado por quilometragem, o custo passará a ser variável. Podemos concluir que um veículo parado gera custo de tempo (custos fixos) e, quando em movimento, gera custo de tempo e custo de distância (custos fixos e custos variáveis).

Diante do processo de modernização por que passam as empresas, em decorrência de competitividade, tanto no que se refere à capacitação tecnológica quanto à qualidade dos produtos e serviços oferecidos, surgiu a figura dos operadores logísticos, que podem vir a responsabilizar-se pela operação de uma empresa (terceirizado). O custo de transporte terceirizado, que pode existir no modo rodoviário ou em qualquer outro modo, englobando todas as taxas pertinentes, além dos custos com infra-estrutura do operador comumente, é calculado pela multiplicação entre peso da carga e a distância a ser percorrida, levando em consideração, também, a densidade (relação peso-volume), dependendo do tipo de carga a ser transportada. Utiliza-se sempre o que der maior valor, e este é um custo variável para o usuário (empresa contratante).

Modo Ferroviário

O modo ferroviário é mais apropriado para grandes massas, e torna-se pouco eficiente e muito oneroso para o deslocamento de pequenas quantidades. Normalmente, é utilizado para itens de baixo valor agregado, mas com grandes volumes de movimentação (granéis, minérios, produtos agrícolas,...) e para longas ou pequenas distâncias, com baixas velocidades.

Há quem compara o transporte ferroviário com o rodoviário argumentando: “o transporte ferroviário não tem a versatilidade e flexibilidade dos transportes rodoviários, porque está ilimitado a instalações fixas de trilhos”. Essa característica passa a ser relevante diante da crescente necessidade de agregar valor ao serviço do cliente, mediante a prestação de um serviço rápido e eficaz.

Um dos principais problemas apresentados por esse tipo modal é que o transporte ferroviário opera de acordo com horários previamente determinados, o que

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dificulta a rapidez na entrega e a satisfação do cliente. Outro problema apresentado, também, é que, muitas vezes, o vagão não está disponível na hora e no lugar necessário.

O modo ferroviário, apresenta altos custos fixos, provenientes da manutenção e depreciação de terminais, equipamentos, estradas de ferro, etc..., e custo variável baixo, dependente da distância a ser percorrida.

Modo Aeroviário

O transporte aéreo, tendo em vista custos elevados, é utilizado somente em circunstâncias especiais, que podem justificar-se por apresentar um nível de perdas abaixo tal como, por exemplo, para produtos de alto valor. Conforme se explica “o frete aéreo não se justifica, em custo, para artigos de baixo valor, porque o alto preço do frete aéreo representaria muito do custo do produto”.

Deve ser escolhido para médias e longas distâncias, em caso de produtos de alto valor agregado, como já mencionado e com alto grau de exigência quanto aos níveis de serviço aos clientes. Neste modo, são menores os custos com seguro e embalagem, em função do menor tempo de trânsito.

Uma das principais vantagens apresentadas por esse meio de transporte refere-se ao tempo-em-trânsito. O produto é disponibilizado com maior rapidez e confiabilidade ao seu destinatário, em se tratando dos níveis de segurança e de produto transportado.

Modo Dutoviário

Essa modalidade refere-se aos transportes de produtos por meio de dutos subterrâneos e ainda não é amplamente utilizada em todos os segmentos da economia, pois sua utilização é restrita a produtos em estado gasoso, líquido ou pastoso. O prazo de entrega dos produtos, salientando que os produtos tem condições de serem entregues dentro de um determinado tempo, tal como se pode observar na seguinte afirmação: “os fluxos de produtos dentro do duto são monitorados e controlados pelo computador; perdas e danos devido a vazamentos ou danos no dutos são extremamente raros; condições climáticas tem efeitos mínimos sobre os produtos movimentados nos dutos; as dutovias não exigem muita mão-de-obra, portanto, greves ou ausências de funcionários tem pouco efeitos nas operações”.

O modo dutoviário, que é utilizado para o transporte de granéis, gasosos ou líquidos e combustíveis, apresentam custo fixo elevado, que equivale aos da ferrovia, em função do direito de acesso, construção, requisitos para controle das estações e capacidade de bombeamento.

Algumas empresas possuem a tubulação (oleodutos, minerodutos ou gasodutos), os terminais e o equipamento para o bombeamento, o que aumenta seus custos fixos significativamente. É vantajoso caso movimentem grandes volumes, no intuito de diluir esses altos custos fixos.

Este modo, também, apresenta custo variável mais baixo, que diz respeito à energia utilizada para movimentar o produto, bem como os custos associados com a operação das estações de bombeamento (mão-de-obra e outros). É utilizado para grandes volumes, grandes distâncias, com baixas velocidades e fluxo contínuo, normalmente, de itens de baixo valor agregado.

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Modo Aquaviário

Para que este modo seja utilizado, é preciso que se tenha condições geográfica favorável, de maneira que o deslocamento seja concretizado com êxito. Pode ser desmembrado em diversas categorias como: fluvial para o interior, tais como rios e canais, lagos, oceanos litorâneos e interlitorâneos, e marítimo internacional. A maioria dos produtos transportados por essa modalidade é semi-acabados ou matérias-primas a granel, como minérios, grãos, produtos de polpa de madeira, carvão, calcário e petróleo.

O modo aquaviário não apresenta flexibilidade de rotas e terminais e depende, portanto, de soluções com intermodalidade e de legislação pertinente ao processamento em armazéns alfandegados. Normalmente, é utilizado para grandes distâncias, mas apresenta baixas velocidades. Este modo possui algumas restrições, pois, se tratando da sua utilização no transporte para o interior, é preciso levar em consideração a existência de mares, rios, lagos e canais que sejam navegáveis. Está associado à expansão do uso de contêineres, que foi um grande evento ocorrido na logística nos últimos anos. Existem também tarifas relacionadas ao volume, à distância e a demanda (sazonalidade), bem como podem existir tarifas especiais, tais como as supracitadas, que estejam relacionadas, especificamente, ao tipo de produto, ao tamanho de embarque, por rota ou taxas diversas (por cubagem, para importação e exportação...) e para cobrança de serviços especiais, tais como desvio referente à mudança do destino enquanto em rota, privilégios de trânsito, proteção e interligação.

Cabe ressaltar que, ainda, devem ser contemplados nos custos do transporte, em qualquer modo, os gastos relacionados ao processo de documentação que envolve os conhecimentos de transporte, a nota de frete, recibos de doca, as declarações de importação e exportação, liberações de frete, bem como outros documentos exigidos pela legislação de cada país.

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2.4. Conclusão

Um dos principais desafios da logística moderna é conseguir gerenciar a relação  entre custo e nível de serviço (trade-off). O maior obstáculo é que cada vez mais os clientes estão exigindo melhores níveis de serviço, mas ao mesmo tempo, não estão dispostos a pagar mais por isso. O preço está passando a ser um qualificador, e o nível de serviço um diferenciador perante o mercado. Assim, a logística ganha a responsabilidade de agregar valor ao produto através do serviço por ela oferecido. Entre estas exigências por serviço, poderíamos destacar:

• a de redução do prazo de entrega;

• a maior disponibilidade de produtos;

• a entrega com hora determinada;

• o maior cumprimento dos prazos de entrega;

• a maior facilidade de colocação do pedido.

A importância de cada dimensão do serviço também varia de acordo com o perfil de cada cliente, uma vez que as suas necessidade são diferenciadas. Desta maneira, as empresas para manterem sua competitividade estão segmentando os seus canais de atendimento e de distribuição. Diante desta sofisticação da estrutura logística, surge uma grande dúvida: Qual o impacto da melhoria do nível de serviço nos custos da empresa? E qual o efeito na sua rentabilidade?

Não há dúvidas que os problemas que afetam a rentabilidade se agravam quando demoramos a percebê-los e quando desconhecemos suas causas. Desta forma, o esforço deve estar direcionado no sentido de identificá-los com máximo de antecedência possível e assim resolvê-los antes que se tornem críticos. Diante desta necessidade, os sistemas gerenciais de custos se tornam um elemento chave para as empresas. Este artigo pretende fornecer uma visão gerencial de custos logísticos, considerando o desenvolvimento de ferramentas e tratando de suas potencialidades, assim como explorar a metodologia do ABC (activity based costing).

Cada vez mais as empresas estão segmentando o seu atendimento com o objetivo de melhorar o nível de serviço na direção das necessidades de seus clientes. Em casos extremos, sistemas são desenvolvidos para atender clientes específicos. Nesta corrida pela diferenciação muitas vezes as empresas acabam deparando-se com a seguinte  dúvida: Será que todos os clientes são rentáveis para a organização? No entanto, frequentemente o executivo necessita responder esta pergunta dispondo somente de dados agregados sobre os custos de transporte, armazenagem, estoque etc.. Nesta hora, sem muita opção, ele acaba respondendo: na média, os meus clientes me dão uma rentabilidade desejável. No entanto, desta forma um cliente pode estar subsidiando outro e no longo prazo a rentabilidade da empresa pode estar ameaçada.

A má qualidade da informação de custos pode trazer uma série de distorções no processo de tomada de decisão. Usualmente, são utilizadas informações da contabilidade da empresa para fins gerenciais. No entanto, o fato destas estarem direcionadas a um objetivo sobretudo fiscal e com foco na produção, pode prejudicar,

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ou mesmo inviabilizar, algumas análises gerenciais. Entre as principais críticas à utilização da informação contábil para fins gerenciais , pode-se citar:

• os critérios de rateio de custos utilizados;

• a não consideração do custo de oportunidade;

• os critérios legais de depreciação.

Outra evidência da falta de comprometimento dos dados contábeis com os custos logísticos são os planos de conta. Por exemplo: os custos de transporte de suprimento compõem o custo do produto vendido, como se fossem custo de material; os custos de distribuição aparecem como despesas de vendas e outros custos aparecem como despesas administrativas. Desta maneira, nenhuma informação referente às atividades logísticas são evidenciadas.

A carência de informações de custos que sejam úteis ao processo decisório e ao controle das atividades torna necessário o desenvolvimento de ferramentas gerenciais com objetivos específicos. Estes objetivos podem ser traçados a partir de duas perguntas básicas:

• Qual o tipo de análise desejada: de curto prazo ou de longo prazo? (a diferença básica neste caso se refere a possibilidade ou não de alteração da capacidade, só possível no longo prazo)

• O que se pretende custear: produtos, canais de distribuição, regiões de atendimento, clientes?

Embora a definição de objetivos seja necessária, um mesmo sistema pode ser desenvolvido para atender diversas finalidades. Além disso, essas ferramentas podem ser implementadas com diferentes graus de sofisticação, utilizando-se sistemas apropriados, ou utilizando planilhas eletrônicas, como o Excel. O mais importante é o conhecimento do tomador de decisão sobre a informação disponibilizada. É preciso saber o que está sendo considerado no modelo e conhecer suas limitações.

O gerenciamento de custos logísticos pode ser mais ou menos focado de acordo com o objetivo desejado. Desta maneira, é possível desenvolver um sistema para atender apenas uma atividade, um conjunto de atividades, ou até mesmo todas atividades logísticas da empresa. No entanto, é importante perceber que o aumento do escopo pode repercutir na falta de foco. Daí a necessidade de direcionar o sistema para o tipo de controle ou decisão que se pretende apoiar.

O sistema de gerenciamento de custos pode extrapolar o limite da empresa, considerando também outras atividades desenvolvidas por outros componentes da cadeia de suprimento. No caso de serviços subcontratados, este gerenciamento pode ser ainda mais importante. Por exemplo, é comum as grandes empresas trabalharem com mais de uma transportadora, remuneradas em função dos custos de transportes. No entanto, frequentemente estes custos não são calculados adequadamente, ou pela falta de uma estrutura conceitual adequada, ou pela qualidade dos parâmetros utilizados. Desta forma, é frequente a existência de rotas mais ou menos  rentáveis, o que acaba criando um impasse na alocação das rotas entre os transportadores, uma vez que todos querem operar nas rotas mais rentáveis. Uma ferramenta de custo de frete simples, desde que com parâmetros bem calibrados, já resolveria este problema.

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A seguir, serão apresentadas algumas das potencialidades do gerenciamento de custos nos três macros processos logísticos: suprimento, apoio a manufatura e distribuição física.

No suprimento, uma ferramenta de custeio pode favorecer no critério de seleção de fornecedores,  na definição dos tamanhos dos lotes de compras e na determinação da política de estoques. No passado, a função compras era avaliada em função do preço de compra dos insumos. Desta forma, sua preocupação estava voltada para obter o menor preço, e o serviço prestado por esses fornecedores era colocado em segundo plano. Desta maneira, muitas vezes as empresas eram obrigadas a trabalhar com elevado nível de estoque de materiais, a fim de  garantir o suprimento da linha de produção diante do risco da não disponibilidade, de atrasos, ou de devoluções desses materiais. A própria política de barganha de preço, em função do tamanho de lote, já atrapalhava a eficiência do processo produtivo.

Hoje, existe uma transformação conceitual neste processo, uma vez que o preço de compra passa a ser visto apenas como um dos custos de aquisição, que considera os custos de colocação do pedido, transporte, recebimento e estoque de materiais. Desta maneira, é possível identificar fornecedores, que mesmo não sendo líderes em preço consigam oferecer um produto a um custo mais baixo, por oferecer um sistema com maior frequência de entregas, com alta disponibilidade de produtos e menor índice de devoluções.

Na produção - mesmo com custeio tradicional sendo voltado para esta atividade, ele apenas mensura o custo dos produtos diante do que foi produzido num período de tempo. Ainda assim, aloca os custos indiretos aos produtos de maneira distorcida, supercusteando produtos de elevado volume de produção e subcusteando os de baixo volume. Para a logística, a ferramenta de custos de produção deve estar voltada às necessidades do planejamento e controle da produção, a fim, de apoiar decisões referentes aos tamanhos de lote e alocação da produção entre as plantas e as linhas de produção.

Para isso, o sistema deve possibilitar a simulação de diferentes políticas de produção para perceber como se comportam os custos diante destas modificações. Além disso, este sistema deve alocar os custos indiretos de maneira não distorcida para que se possa custear os produtos e assim mensurar a rentabilidade não só dos produtos, como também dos clientes.

Para ilustrar o papel destes sistemas, vejamos o que aconteceu com uma grande empresa nacional produtora de bens de consumo não duráveis, que era líder no seu setor de mercado.

Sua vantagem competitiva estava baseada na economia de escala, dada pelo seu alto volume de produção. Buscando manter a liderança de mercado, a empresa começou a aumentar a variedade de produtos. Como esta empresa não tinha um sistema de custeio eficaz, os custos eram alocados de acordo com o volume de produção, de maneira que produtos com alto volume de produção subsidiavam os produtos de baixo volume. Como resultado do aumento de custos os preços foram aos poucos sendo reajustados.

O problema é que seu maior cliente que consumia uma variedade pequena de itens, passou a pagar o custo da grande variedade. Como resultado, este cliente resolveu mudar de fornecedor, indo buscar alguém altamente focado, capaz de oferecer um preço mais competitivo. A perda deste importante cliente fez com que a companhia perdesse escala, aumentando ainda mais os seus custos, o que levou a rever seu sistema de custos e sua política de preços para se manter no mercado.

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Na distribuição física, pode ser desenvolvido um sistema abrangendo todas atividades desde a saída da linha de produção até a entrega. O importante neste tipo de sistema é conseguir o rastreamento dos custos através da estrutura logística, evitando o rateio indiscriminado de custos. Assim é possível mensurar os custos dos  canais de distribuição dos clientes e até mesmo das entregas.

Esta informação é primordial para análises de rentabilidade, que por sua vez deve ser utilizada pelo pessoal da área comercial no processo de segmentação da carteira de clientes. Desta forma, o nível de serviço pode ser estabelecido não só em função da necessidade dos clientes, mas também em função da rentabilidade que estes propiciam para a organização.

Uma empresa benchmarking em distribuição física no Brasil desenvolveu um sistema piloto, o qual permite observar como os custos de atendimento - venda, processamento de pedido, estoque, armazenagem e entrega - variavam em função da região geográfica, do canal de atendimento e também em função do tamanho da encomenda. Desta maneira, foi possível estabelecer volumes mínimos de entrega para cada região e canal de atendimento. Esta ferramenta também possibilitou observar que parte dos clientes atendidos por um sistema diferenciado muitas vezes não eram rentáveis para a companhia. Além disso, permitiu selecionar quais clientes deveriam ser atendidos diretamente e quais deveriam ser atendidos através de distribuidores.

A relevância de uma atividade no processo logístico e a sua necessidade de controle pode fazer com que seja desenvolvida uma ferramenta de custos focada numa função específica. No caso da distribuição física, muitas vezes o transporte tem esse destaque, principalmente quando é necessário remunerar os transportadores e cobrar a conta do cliente. 

Outras considerações importantes com relação a custos referem-se a: determinação de preço,  simulação de cenários e controle de custos.

Os preços não são formados com base direta nos custos, no entanto, os custos sempre influenciam a formação de preços, principalmente no longo prazo. No caso de relações comerciais mais estáveis e parcerias os custos têm uma maior influência na formação de preços. O caso mais característico do preço formado com base em custo é o do frete de entrega.

Outra vantagem das ferramentas de custeio é permitir a simulação de diferentes cenários. Por exemplo, qual o impacto no custo de distribuição mediante:

• fechamento de um centro de distribuição?

• variação do preço de um determinado insumo?

• aumento da produtividade de determinada atividade?

Desta forma, através de simulações é possível melhorar o processo decisório, assim como desenvolver planos orçamentários.

O sistema de custos também pode ter a função de controle. Problemas como a baixa utilização dos ativos, que pode afetar a rentabilidade das empresas, podem ser identificados por este tipo de ferramenta. No caso de um transporte de entrega por exemplo, o tempo de fila para carga e descarga quando exagerado faz com que seja baixa a utilização do veículo, afetando assim a rentabilidade.

Vale destacar que o sistema de custos por si só não irá reduzir qualquer tipo de custo, porém ele pode identificar oportunidades de redução. Neste exemplo a

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oportunidade seria reduzir o tempo de fila, e por conseguinte diminuir o tamanho da frota, que seria de fato a ação responsável pela redução de custos.

Conforme foi observado a grande dificuldade de se custear as atividades logísticas está ligado à alta proporção de custos indiretos e à grande segmentação de produtos e serviços.

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Exercícios 01

Fabricante de celulares. A empresa fabrica os modelos A, B e C.

Separar em custos e despesas e, depois, classificar os custos em fixos ou variáveis e diretos ou indiretos.

Energia elétrica da administração.

Energia elétrica utilizada para fabricação do modelo A.

Aluguel da fábrica.

Mão de obra dos modelos B e C.

Mão de obra da administração.

Água utilizada no escritório da administração.

Materiais de escritório.

IPVA dos veículos utilizados na entrega.

Energia elétrica utilizada nos modelos B e C.

Matéria prima utilizada no modelo A.

IPTU da administração

Mão de obra do produto A.

Materiais de embalagem.

Combustível utilizado para armazenamento.

Pedágio de entrega de todos os modelos.

Aluguel do escritório.

Honorários contábeis.

Manutenção preventiva do maquinário de produção.

IPTU da produção.

Matéria prima utilizada nos modelos B e C.

Comissão dos vendedores.

Manutenção preventiva dos equipamentos do escritório.

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Exercício 02

Questão 11. Como se classificam os gastos em relação às variações no volume da

produção e das vendas?2. O que você entende por custos diretos? Quais os custos diretos mais

comuns?3. O que você entende por custos indiretos? Quais são os custos indiretos

mais comuns?4. Comente os critérios para rateio dos custos indiretos de fabricação. Quais

são os critérios mais comuns?

Questão 21. Calcule os custos diretos, custos indiretos, com base nos dados abaixo:

Materiais diretos: 300.000,00Materiais indiretos: 50.000,00Mão-de-obra direta: 200.000,00Mão-de-obra indireta: 30.000,00Aluguel de fábrica: 40.000,00Seguro de fábrica: 20.000,00Depreciação das máquinas: 60.000,00

2. Calcule as despesas, custos diretos, custos indiretos, com base nos dados abaixo:Comissão sobre vendas: 600,00Mão-de-obra direta: 7.200,00Depreciação de máquinas da produção: 1.600,00Matéria-prima: 12.400,00Salário de supervisores: 3.200,00Publicidade: 2.400,00Energia elétrica da fábrica: 2.900,00

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Exercício 03

A ETEC João Gomes de Araújo é uma organização que produz “aulas”. Esse é o foco principal da organização.

Responda as perguntas levando em consideração que a escola tem os seguintes departamentos/funções:

- Professores: trabalham os conteúdos, previamente estabelecidos, com os alunos;

- Coordenadores: acompanham e controlam os professores de suas áreas, no que diz respeito a desenvolvimento do conteúdo;

- Coordenação pedagógica: procura capacitar os professores, promove eventos pedagógicos e acompanha de perto os alunos com dificuldade acentuada;

- Direção de serviços: cuida da rotina legal (contratação, demissão, férias, folha de pagamento) de todos os funcionários da organização;

- Secretaria acadêmica: controle de faltas, notas, matricula, desistências, trancamento de matricula;

- Inspetores/recepção: Controlam entrada e saída de alunos e garantem a disciplina dos mesmos fora do horário de aula;

- Xerox: Empresa terceirizada que tira cópias para alunos e funcionários da escola;

- Limpeza: Empresa terceirizada que limpa todas as dependências da organização;

- A.T.A. (assistente técnico administrativo): cargo de suporte da direção, auxilia em assuntos administrativos da direção;

- Direção Geral: nível hierárquico mais alto da organização, trabalha diretamente com todas as pessoas/funções citadas anteriormente, inclusive alunos.

1 – Analise cada um dos departamentos/funções citados e escreva se os gastos neles realizados são considerados Custos ou Despesas.

2 – Cite Custos e Despesas que essa organização pode ter.

3 – Classifique os Custos em:- Direto, Indireto ou ambos.- Fixo, Variável ou ambos.

Caso escolha a opção “ambos” explique por que.

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