oficial apostila direito rial
TRANSCRIPT
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 1/66
Profa. Francis Inez Favatto
Direito Comercial e Societário
Gestão Financeira
São Paulo 2009
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 2/66
Prezado estudante,
Nossa preocupação fundamental, ao elaborar um curso de Direito Comercial e
Societário, foi oferecer ao estudante de contabilidade uma visão global do Direito
Comercial, ajudando-o a entender os conceitos básicos do direito aplicado à sua
atividade como contador.
Ao contrário das obras destinadas a especialistas, escritas em linguagem
demasiadamente técnica e erudita, fizemos uma apostila clara e objetiva a fim de tornar
seu estudo proveitoso e produtivo, procuramos conciliar a complexidade do conteúdo
jurídico, o rigor técnico-conceitual com a acessibilidade da comunicação. A apostila
apresenta 5 capítulos que abordam os aspectos básicos do Direito Comercial e
Societário.
O direito não é matéria que interessa apenas aos advogados, juízes e demais
especialistas. Em sua amplitude, é extremamente útil a inúmeros profissionais. No dia-
a-dia, todo cidadão depara-se com diversas questões de Direito. E, sem um mínimo de
conhecimento jurídico as pessoas sentem-se inseguras para tomar decisões, além de
correr risco de serem enganadas porque, em geral, o Direito não socorre os que
dormem. De onde se conclui que na vida em sociedade é preciso estar sempre desperto.
Com esse curso esperamos ajudá-lo nesse despertar da consciência jurídica.
Para todo cidadão, nada é tão fundamental quanto a consciência dos seus direitos
e deveres na sociedade em que vive.
Profa. Francis Inez Favatto
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 3/66
Direito Comercial e Societário
Ementa:
- Direito Comercial: Introdução. Conceito. Aspectos históricos. Fontes.- Atividade empresarial: O empresário. Propriedade Industrial.
- Direito Societário. Tipos de sociedade empresarial. Sociedade limitada e sociedade
anônima.
- Títulos de Crédito: Introdução. Espécies.
- Falência e Recuperação do empresário.
Objetivos gerais:
- Fornecer os conceitos jurídicos que fundamentam a atividade dos profissionais da
Contabilidade, que deverão atuar direta ou indiretamente no controle de bens, serviços e
atividade de interesse econômico.
Objetivos específicos:
- Ao final do curso, o aluno deverá entender e identificar os conceitos básicos do direito
aplicado a sua atividade como contador.
- Capacitar o aluno do curso de Ciências Contábeis a aplicar os conhecimentos teóricos
desenvolvidos na legislação comercial no desempenho de suas atividades profissionais
no mercado de trabalho, seja como contador empregado, seja como contador autônomo.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 4/66
Sumário
1 Direito Comercial 1
1.1 Noções de comércio 1
1.2 Definição e objeto do Direito Comercial 2
1.3 Antecedentes históricos do Direito Comercial 4
1.3.1 Direito Comercial no Brasil 6
1.4 Fontes de Direito de Empresa 7
1.5 Divisão do Direito de Empresa 8
1.6 Empresário, empresa e estabelecimento 9
1.7 Principais obrigações do Empresário 12
1.8 Arquivamento e registro de documentos 14
2 Nome Empresarial 16
2.1 – Propriedade Industrial 17
2.1.1 Insígnia 17
2.1.2 As marcas 17
2.1.3 As invenções 18
2.1.4 Desenho Industrial 19
3 Sociedades Empresariais 21
3.1 Classificação e tipos 21
3.2 Sistema de classificação das sociedades 23
3.3 Sociedades em nome coletivo 25
3.4 Sociedades em comandita simples 25
3.5 Sociedades em conta de participação 26
3.6 Sociedade Limitada 27
3.7 Sociedade Anônima 29
3.7.1 Características 29
3.7.2 Constituição 30
3.7.3 Classificação 31
3.7.4 As ações 31
3.7.5 Os órgãos 33
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 5/66
3.7.6 Incorporação, transformação, fusão e cisão 34
3.8 Sociedade comandita por ações 35
3.9 Cooperativas 35
4 Títulos de Crédito 37
4.1 Espécies 38
4.1.1 Letra de Câmbio 38
4.1.2 Nota promissória 40
4.1.3 Duplicata 41
4.1.4 Cheque 42
4.1.4.1 Modalidades 43
4.1.4.1.1 Cheque sem fundos 46
4.1.5 Leasing, factoring, franquia, know-how e cartão de crédito 48
4.1.6 Outros títulos de crédito 48
5 Direito Falimentar 50
5.1 Falência: introdução 50
5.1.1 Histórico 50
5.1.2 Conceito de falência 51
5.1.3 Caracterização da falência: pressupostos 51
5.1.3.1 Sujeição passiva: devedor empresário 51
5.1.3.2 Causa legal: insolvência 52
5.1.4 Pedido de falência 54
5.1.4.1 Pedido de falência: alternativas para o requerido 54
5.1.5 Sentença declaratória de falência 55
5.1.6 Sentença denegatória de falência 55
5.1.7 Administrador judicial 55
5.1.8 Apuração do ativo 55
5.1.9 Efeito da falência 56
5.1.9.1 Efeito da falência quanto a pessoa e bens do falido 56
5.1.10 Atos ineficazes 56
5.1.11 Liquidação no processo falimentar 56
5.1.12 Classificação dos créditos 575.1.13 Encerramento da falência 57
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 6/66
5.2 Recuperação Judicial 57
5.2.1 Assembléia geral dos credores 58
5.2.2 Administrador Judicial 58
5.2.3 Processo de Recuperação Judicial 59
5.2.4 Recuperação Extrajudicial de empresa 59
6 Bibliografia 60
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 7/66
1
Capítulo 1 Direito Comercial
1.1 Noções de comércio
A palavra comércio, etnologicamente, originou-se do latim commercium
(cum, preposição e merx, mercadoria). O direito de, mutuamente, comprar e
vender. Na atualidade, o vocábulo pode ser empregado em sentido mais amplo,
significa a permuta de coisas, de sentimentos, de serviços e, nesse sentido, é que se
fala em comércio de simpatia e amizade.
Vulgarmente, fala-se em comércio, como sinônimo de atividade lucrativa na
qual predomina o desejo de enriquecimento e é assim que se diz que aquele
médico, advogado, economista é muito comerciante. Em seu significado técnico,
comércio é atividade humana de intermediação entre produtores e consumidores
para a realização de trocas. A troca não é o mesmo que comércio, pois na troca
direta entre produtor e consumidor existe troca, mas não comércio. O comércio é,
portanto, a prática de uma série de atos que visam aproximar os produtos do
consumidor para que se efetive a troca.
Existem várias espécies de comércio:
• Quanto á pessoa que o exerce por conta própria: de comissão (ou por
conta de outrem), em conta de participação (ou social);
• Quanto ao lugar: interno, quando se realiza entre praças do mesmo
país, e externo, também chamado exterior, ou internacional, quando se realiza entre
praças de países diferentes;
• Quanto ao modo porque é exercido: direto ou indireto, ordinário ou de
especulação; direto é o comércio entre o país produtor e o consumidor, podendo ser
de importação (relativamente ao país de consumo) e de exportação (relativamente
ao país produtor); indireto é aquele no qual as mercadorias não passam
imediatamente do país produtor para o consumidor, transitando, antes, por um
outro país, em escala; ordinário é o comércio que se pratica comumente; comércio
de especulação é aquele consistente na compra de mercadorias quando estão abaixo
do preço para revenda no momento em que alcançam preço melhor;
• Quanto aos meios de transporte de que se utiliza: comércio terrestre,
fluvial e lacustre;
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 8/66
2
• Quanto à maior ou menor amplitude do seu objeto: em grosso,
também denominado por atacado, ou em larga escala; e de retalho, também
denominado de varejo, em pequena escala ou por miúdo;
• Quanto às operações que o constituem: comércio de compra e venda,
de câmbio, de banco, de seguros.
Os elementos essências do comércio são: mediação, habitualidade e fins
lucrativos.
• Mediação é a intervenção entre produtor e consumidor, por diversos
processos, técnicos e expedientes, visando a aproximação de produtos, mercadorias
ou riquezas, da fonte de produção para o aproveitamento público.
• Habitualidade é a prática reiterada desses atos medianeiros por uma
pessoa geralmente denominada comerciante, que o faz em caráter de profissão.
• Fins lucrativos consistem no proveito que necessariamente deve
existir em benefício do comerciante, que recebe essa denominação apenas se faz do
comércio um meio de vida.
Desses três elementos, a habitualidade não é essencial para a existência de
comércio. Pode haver comércio acidental. Porém, a habitualidade é indispensável
para que exista a figura do comerciante, não sendo assim considerado quem pratica
eventualmente uma operação comercial. Mas, a empresa, exerce não só atos
comerciais, mas também produz bens e presta serviços, o que justifica, numa
perspectiva mais ampla, considerar essas diferentes atividades no âmbito do Direito
da Empresa, cuja abrangência, como se vê, é maior do que a do Direito Comercial.
1.2 Definição e objeto do Direito Comercial
O Direito Comercial, já entendido, como o direito dos comerciantes, ou o
direito que regula os atos de mercancia, é, conforme moderna orientação, o Direito
das Empresas.
O Direito Comercial vem sendo definido de diferentes maneiras. Para Jean
Escarra1 é o “ramo do Direito Privado consagrado aos processos de técnica jurídica
aplicáveis às operações por meio das quais se efetua a circulação das riquezas”.
1 A partir de 2003, o Código Comercial passa a ser regulado pelo Código Civil, lei 10.406/2002.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 9/66
3
João Eunápio Borges2, considera-o “o complexo de normas jurídicas que regulam
as relações derivadas das indústrias e atividades que a lei considera mercantis,
assim como os direitos e obrigações das pessoas que profissionalmente as
exercem”. Carvalho de Mendonça3 define-o como “o complexo de normas que
regulam as relações provenientes da prática de ato de comércio e os direitos e
obrigações das pessoas que exercem profissionalmente esses atos – os
comerciantes e seus auxiliares”. Plácido e Silva4 entende-o como o “complexo de
normas legais ou costumeiras que regulam as relações provenientes da prática dos
atos mercantis, e bem assim os direitos e obrigações das pessoas que habitualmente
exercitam esses atos dos comerciantes e de seus auxiliares.” Alfredo Rocco 5 diz
que o Direito Comercial é o “Direito do Comércio, ou seja, o complexo de normas
jurídicas que regulam as relações derivadas da indústria comercial”. Nota-se uma
diversidade de conceituação do Direito Comercial, porque ora é cisto como um
direito da classe, isto é, do comerciante, ora como um direito que regula as relações
jurídicas baseadas na prática de atos de comércio.
Modernamente, o Direito Comercial cuida do exercício da atividade
econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços denominada empresa.
Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos
conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que
exploram. As leis e a forma pelo qual são interpretadas pela jurisprudência e
doutrina, os valores prestigiados pela sociedade, bem assim o funcionamento dos
aparatos estatal e paraestatal, na superação desses conflitos de interesses, forma o
objeto do Direito Comercial.
Outras designações têm sido empregadas na identificação do direito
comercial, por exemplo: direito empresarial, mercantil, dos negócios, mas nenhuma
ainda substitui por completo a tradicional. Assim, embora seu objeto não se limite àdisciplina jurídica do comércio, Direito Comercial tem sido o nome que identifica o
ramo jurídico voltado às questões próprias dos empresários ou das empresas; a
maneira como se estrutura a produção e negociação dos bens e serviços de que
todos precisamos para viver.
2 Borges, João Eunápio. Curso de Direito Comercial terrestre, 1967. p.143
Mendonça, Carvalho de. Tratado de Direito Comercial Brasileiro, 1933. v.I p.16.4 Plácido e Silva. Noções práticas de direito comercial, 1965. p.285 Rocco, Alfredo. Princípios de Direito Comercial, 1931.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 10/66
4
1.3 Antecedentes históricos do Direito Comercial
Na antiguidade, os autores apenas indicam a existência de relações de troca
entre os povos da época: troianos, egípcios, cretenses, sérios, fenícios, cartagineses
e babilônicos. Só com o Império da Babilônia, aparece um dos primeiros
documentos legislativos que atestam a existência de normas jurídicas de natureza
comercial, especialmente o marítimo: é o Código de Hamurabi, de 2083 A.C., com
disposições expressas sobre o empréstimo a juros, o contrato de depósito, contrato
de sociedade em comandita e uma forma primitiva do contrato de comissão.
No século XI A.C., através da navegação, os fenícios desenvolveram ampla
atividade comercial com os mercados da Grécia, do Egito e da Ásia Oriental. Dos
institutos dessa época chegou até nós, através do Digesto, codificado por
Justiniano, a Lex Rhodia de Jactu, e refere-se à prática do alijamento de
mercadorias restantes da embarcação – nesse caso o prejuízo era repartido entre
proprietário das mercadorias e do navio proporcionalmente.
Intensa foi a atividade comercial dos gregos, cujo principal instituto
mercantil que chegou até nós é o Nauticum foenus, que foi acolhido no Digesto, o
chamado empréstimo a risco ou cambio marítimo que também consta no nosso
Código Comercial de 1850, no qual se assinala a origem do seguro – corria o risco
o capitalista, ao emprestar dinheiro para expedições marítimas, só recebendo seu
empréstimo, regiamente por esse risco, mediante taxas altíssimas.
Os romanos, apesar da intensidade do seu comércio e da evolução do direito
entre eles, não tiveram um corpo especial de normas para o comércio que se
pudesse identificar como um ramo especial, ou seja, como o direito comercial,
diverso do direito civil. Para a classe patrícia que tinha sua força na propriedade
rural, deter o poder político era contra a extensão das grandes fortunas plebéiasformadas pelo comércio. O exercício do comércio era confiado aos escravos: o
pretor, para sancionar seus negócios, criou ações contra o senhor. Estas ações
foram o ponto de partida do comércio por representação – o direito romano não
conheceu um direito comercial distinto, bastando o jus gentium, que deu um largo
passo com os contratos consensuais, o suficiente para os negócios.
Algumas normas do Direito Comercial tiveram origem no Direito Romano.
O desapossamento dos bens do comerciante falido foi modelado na cessio bonorum dos romanos, que consistia no desapossamento pelo Estado, dos bens do devedor
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 11/66
5
insolvente, para venda em hasta pública. Todavia, não se pode dizer que existiu,
nessa época, um Direito Comercial, apesar do comércio próspero e florescente em
Roma e outras partes do Império.
Com a queda do Império Romano, no século V, rompida a pax romana,
desorganiza-se amplamente o mundo europeu, fazendo o comércio deslocar-se para
a Ásia, assumindo os árabes, papel preponderante. Estabelecendo a chamada “rota
da seda”, da China até o Mediterrâneo, os árabes dominam nesse período o
comércio, a eles também é dada a existência de vários termos utilizados na prática
mercantil, como freguês, frete, armazém etc.
Na Idade Média, o Direito Comercial encontra sua verdadeira origem. O
comércio marítimo do Mediterrâneo desenvolveu-se e as cidades à beira-mar
tornaram-se centros importantes do comércio. Os proprietários feudais
transferiram-se para as cidades. As cruzadas facilitavam o intercâmbio comercial.
Surge assim, aos poucos um novo sistema econômico caracterizado pela economia
artesanal, antecipadora do capitalismo. Aparece a organização “burguesa” em
contraposição à feudal, que predominava na terra; a cidade se converte em centro
de consumo, de câmbio e de produção em que predomina o trabalho livre, e a
atividade econômica nela realizada é feita pela classe dos profissionais: os
mercadores e os artesãos, que, a partir do século XII, se associam em grêmios e
corporações e possuem seus próprios órgãos de direção e de jurisdição. Aparecem
também em estreita ligação com as feiras e mercado.
Portanto, o Direito Comercial surgiu tanto do poder legislativo das
corporações, como da sua atividade judiciária, convivendo com o direito comum,
criado pelos próprios comerciantes.
Nos tempos modernos, coube a França a elaboração do primeiro Código
Comercial, em 1807. Depois, surgiram o Código Espanhol de 1829, o Códigoportuguês de 1833, o Código Holandês de 1838 e o Código Brasileiro de 1850, que
sofreu forte influência dos Códigos que o precederam.
Com a Revolução Industrial do século XVIII, desenvolveram-se a sociedade
industrial que se expandiu produzindo bens. Antes, a produção de bens era
artesanal ou manufaturada. Num segundo período, ampliou-se a criação de
empresas prestadoras de serviços. Na atualidade, surge à sociedade pós-industrial
diante do avanço da tecnologia, da informática e das comunicações.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 12/66
6
1.3.1 O Direito Comercial no Brasil
Não obstante ter existido comércio intenso no Brasil desde o seu
descobrimento, é evidente que não se pode falar em história do Direito Comercial
Brasileiro desde essa época. Ligado como está historicamente, a certos
acontecimentos que deram ao país feição nacional, é somente com a chegada do
Príncipe Regente D. João VI que toma impulso e começa a se formar um direito
nacional que desbordaria na Independência, até 1850, com a promulgação do
Código Comercial Brasileiro. Portanto, a história do Direito Comercial Brasileiro
pode ser dividida em três períodos: o de 1808, com a vinda da família real
portuguesa ao Brasil, até 1850, data de promulgação do nosso Código Comercial;
de 1850 até 1830, que assinala o fim da Primeira República; e de 1930 até 1995,
corresponde ao período de intervenção estatal na atividade privada.
O primeiro período, que corresponde ao da formação da nação brasileira,
com a chegada da família real, recebe a profunda influência de José da Silva
Lisboa, Visconde de Cairu, considerado o fundador do Direito Comercial do Brasil,
autor da obra Princípios do Direito Mercantil e Leis da Marinha, que inspirou a D.
João VI o ato de abertura de nossos portos, através da Carta Régia de 28 de janeiro
de 1808, esse ato foi seguido por mais três, que marcam a história econômica
nacional: Alvará 1° de abril de 1808, permitindo o estabelecimento de fábricas e
manufaturas; Alvará 23 de agosto de 1802, criando no Rio de Janeiro a Real Junta
do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações; e Alvará 12 de outubro de 1808,
criando no Rio de Janeiro o primeiro Banco do Brasil.
Com a independência, a lei de 20 de outubro de 1823, promulgada pela
Assembléia Constituinte do Império, determinou que continuassem em vigor no
país as leis portuguesas vigentes de 25 de abril de 1821 e os diplomas promulgadosa partir dessa data por D. Pedro de Alcântara como regente do Brasil e como
Imperador. Em conseqüência, vigiam as Ordenações Filipinas e, no âmbito
comercial, várias leis e alvarás dos séculos XVII e XVIII até promulgação do
Código Comercial de 1850.
No Brasil, o Código Comercial de 1850 (cuja primeira parte é revogada com
a entrada do Código Civil em vigor de 2002 – art. 2045) sofreu influência da teoria
dos atos do Comércio, sistema utilizado no Código Comercial francês do séculoXIX – sempre que alguém explorava atividade econômica que o direito considera
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 13/66
7
ato do comércio (mercancia), submetia-se às obrigações do Código Comercial e
não Código Civil. Mas essa teoria acabou revelando suas insuficiências por
delimitar o objeto do Direito Comercial, surgindo então outro critério identificador
do âmbito de incidência do Direito Comercial: a teoria da empresa. O Direito
Comercial deixa de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) e passa a
disciplinar uma forma específica de produzir ou circular bens ou serviços, a
empresarial.
Essa teoria começa a ser apontada na doutrina brasileira nos anos 60,
adotada pelo Projeto de Código Civil de 1975, mas enquanto o projeto tramitava
lentamente durante um quarto de século no Congresso, o direito brasileiro já
incorporada, na doutrina, na jurisprudência e em leis esparsas, a teoria da empresa,
mesmo antes da entrada em vigor do Código Civil de 2002.
1.4 Fontes do Direito de Empresa
As formas, também chamadas de fontes, são os meios de expressão do
Direito. As formas do Direito de Empresa são:
• 1 – O Código Civil de 2002;
• 2 – A lei comercial (lei n° 2.044/1908), que define letra de câmbio,
nota promissória e regula operações cambiais; Decreto-lei n° 1.101 de 1903, sobre
armazéns e warrants; Lei n° 7.357 de 1985, sobre cheques; Lei n° 9.279 de 1996,
sobre propriedade industrial; Lei nº4.728 de 1965, sobre mercado de capitais;
Decreto-lei n° 7.661 de 1945 alterado pela Lei 11.101/05, sobre falências e
recuperação da empresa; Lei n° 6.404 de 1976, sobre sociedades por ações com
alterações introduzidas pela Lei n° 10.303 de 2001; Decreto-lei n° 4.265 de 1967,
sobre cédula industrial pignoratícia; Lei n°5.474 de 1968, sobre duplicata etc.;
• Os usos e costumes comerciais aplicáveis a falta de lei e para
preencher as omissões ou lacunas do ordenamento jurídico. Os usos e práticas do
comércio são recolhidos pelas Juntas Comerciais, nos Estados e pelo Departamento
Nacional do Registro do Comércio, no Distrito Federal, órgão competente para,
através da Revisão de Orientação e Coordenação, “coordenar e sistematizar, com a
colaboração das Juntas, de suas Delegacias, de entidades de classe e de outras
autoridades públicas, os usos e práticas mercantis, divulgando-os para oconhecimento dos interessados” (Decreto n° 57.651 de 1966). Provam-se os usos e
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 14/66
8
costumes comerciais por certidões das Juntas Comercias ou do Departamento
Nacional de Registro do Comércio, respectivamente nos Estados e no Distrito
Federal;
• A jurisprudência, que consiste na reiteração de pronunciamentos dos
tribunais, de modo que constituem uma orientação sobre determinada matéria.
Pode ser exemplificada através de súmulas do Supremo Tribunal Federal;
• Os tratados e as convenções internacionais firmados diretamente entre
dois ou mais países e versando sobre a matéria;
• As formas de obrigações, que são os contratos comerciais, as
declarações unilaterais de vontade (ex.: títulos de crédito ao portador) e os atos
ilícitos (ex. obrigação de reparar o dano);
• As formas de integração das lacunas, ou seja, a doutrina, a analogia, a
equidade e os princípios gerais do Direito.
1.5 Divisão do Direito de Empresa
O Direito de Empresas compreende o estudo das sociedades empresariais e
seus tipos, do empresário, do estabelecimento, dos prepostos e dos direitos e
obrigações básicas correspondentes à vida empresarial.
Mais de uma divisão do Direito Comercial era apresentada pela doutrina,
sendo as principais a divisão tripartite ou clássica, e a divisão baseada nas
atividades comuns dos comerciantes.
Segundo a divisão clássica, é terrestre, marítimo e aeronáutico. O Direito
Comercial terrestre abrange as normas jurídicas relativas aos comerciantes,
contratos e obrigações comerciais em geral, falência e títulos de créditos. O Direito
Comercial marítimo compreende as atividades sobre águas navegáveis, como
mares, rios, em especial, portanto, o transporte marítimo. O direito comercial
aeronáutico tem por objeto o transporte aéreo.
Considerando as atividades comuns aos comerciantes, Fran Martins6 prefere
dividir direito comercial como segue:
• Direito geral ou do comerciante: pessoa física ou jurídica, fundo de
comércio, auxiliares do comerciante, seus direitos e deveres, contratos.
6 Martins, Contratos e obrigações comerciais. p. 63
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 15/66
9
• Direito dos transportes: que tem por objeto o tráfego mercantil
decorrente da circulação de bens, de importância primordial nas relações
comerciais, sem o que as atividades dos comerciantes ficariam anuladas; abrange
não só os transportes marítimos (veículo, pessoal, mercadorias, contratos
específicos desses transportes), como também o aeronáutico e o terrestre.
• Direito creditório: que compreende os títulos de crédito. Embora os
títulos de crédito tenham seu campo alargado e interessem também a não-
comerciantes, por sua natureza, são essencialmente comerciais “e tal fato faz,
mesmo, com que se comercializem relações jurídicas de natureza civil, já que, em
que se tratando de títulos de crédito, o Direito Comercial deve regular a matéria,
mesmo que civis sejam as obrigações dele oriundas”.
1.6 Empresário, empresa e estabelecimento
Empresário é quem exerce profissionalmente “atividade econômica para a
produção ou circulação de bens ou de serviços” (Código Civil, art. 966). O Código
Civil não define empresa, mas para a sociologia é uma organização destinada à
produção de bens, prestação de serviços ou intermediação de vendas. Destacam-se
da definição as noções de profissionalismo, atividade econômica organizada e
produção ou circulação de bens ou serviços.
• Profissionalismo: a noção de exercício profissional de certa atividade
é associada, a considerações de três ordens. A primeira é a habitualidade. Não se
considera profissional quem realiza tarefas de modo esporádico. Não será
empresário, aquele que organizar episodicamente a produção de certa mercadoria,
mesmo destinando-a a venda no mercado.
• Pessoalidade: o segundo aspecto do profissionalismo. O empresário,
no exercício da atividade empresarial, deve contratar empregados. São estes que,
produzem ou fazem circular os vens ou serviços. O requisito da pessoalidade
explica porque não é o empregado considerado empresário. Enquanto este último,
na condição de profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os
empregados, quando produzem ou circulam bens ou serviços. O ponto mais
relevante do conceito de profissionalismo está no monopólio das informações que o
empresário detém sobre o produto ou serviços objeto de sua empresa. Como o
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 16/66
10
empresário é um profissional, as informações sobre os bens ou serviços que oferece
ao mercado, costumam ser de seu inteiro conhecimento. Porque profissional? O
empresário tem o dever de conhecer este e outros aspectos dos bens ou serviços por
ele fornecidos, bem como o de informar os consumidores e usuários.
• Atividade: se o empresário é o exercente profissional de uma atividade
econômica organizada, então empresa é uma atividade, a de produção ou circulação
de bens ou serviços.
• Econômica: a atividade empresarial é econômica no sentido de que
busca gerar lucro para quem a explora. O lucro pode ser o objetivo da produção ou
circulação de bens ou serviços, ou apenas o instrumento para alcançar outras
finalidades.
• Organizada: a empresa é atividade organizada no sentido de que nela
se encontram articulados, pelo empresário, os quatros fatores de produção: capital,
mão-de-obra, insumos e tecnologia. Não é empresário quem explora atividade de
produção de circulação de bens ou serviços sem alguns desses fatores.
• Produção de bens ou serviços: é a fabricação de produtos ou
mercadorias. Toda atividade de indústria é empresarial. Produção de serviços é a
prestação de serviços.
• Circulação de bens ou serviços: a atividade de circular bens é a do
comércio, em sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor para trazê-
lo ao consumidor. É a atividade de intermediação na cadeia de escoamento de
mercadorias. O conceito de empresário compreende o atacadista, o varejista, o
comerciante de insumos, como o de mercadorias prontas para o consumo. Circular
serviços é intermediar a prestação de serviços.
• Bens ou serviços: bens são corpóreos, enquanto os serviços não têm
materialidade. A prestação de serviços consistia sempre numa obrigação de fazer.
Com o uso da internet para a realização de negócios e atos de consumo, os
chamados bens virtuais, comércio eletrônico é atividade empresarial.
O empresário desempenha importante papel como agente na economia,
empreendendo os negócios e coordenando o trabalho. Pode ser empresário todo
aquele que estiver em pleno gozo da capacidade civil e não for legalmente
impedido. Não tem capacidade para exercer empresa, portanto, os menores de 18
anos, não emancipados, ébrios habituais, viciados em tóxicos, deficientes mentais e
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 17/66
11
pródigos. Destaque-se que o menor emancipado (por outorga dos pais, casamento,
nomeação para emprego público efetivo, estabelecimento por economia própria,
obtenção de grau em curso superior), exatamente por se encontrar no pleno gozo de
sua capacidade jurídica, pode exercer empresa como o maior.
A Lei (art.966, parágrafo único, CC) não considera empresário quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que
contrate empregados para auxiliá-lo em seu trabalho. Esses profissionais exploram
atividades econômicas civis, não sujeitas ao Direito Comercial. Entre eles se
encontram os profissionais liberais (advogado, médico, arquiteto etc.), os escritores
e artistas de qualquer expressão (plásticos, músicos, atores etc.).
Há uma exceção prevista no mesmo dispositivo legal, em que o profissional
intelectual se enquadra no conceito de empresário. Trata-se da hipótese em que o
exercício da profissão constituir elemento da empresa.
• Proibidos de exercer empresa: em determinadas hipóteses, o direito
impede de certas pessoas ter acesso ao exercício da empresa. Trata-se de hipótese
distinta da incapacidade jurídica. Os proibidos de exercer empresa são plenamente
capazes para a prática dos atos e negócios jurídicos, mas o ordenamento entende
conveniente vedar-lhes o exercício da profissão. É a própria Constituição, ao
estabelecer que o exercício da profissão estará sujeito aos requisitos previsto em lei
ordinária (CF, art.5°, XIII).
O principal caso de proibição de exercer empresa que interessa o Direito
Comercial é o do falido não-reabilitado. O empresário que teve sua quebra
decretada judicialmente só poderá retornar a exercer atividade empresarial após a
reabilitação também decretada pelo juiz. Se a falência não foi fraudulenta, não
incorreu o falido em crime falimentar, basta a declaração de extinção das
obrigações para considerá-lo reabilitado.O direito comercial proíbe o exercício da empresa também àqueles que
foram condenados pelo crime cuja pena vede o acesso à atividade empresarial
(art.35, II da LRE).
Outra hipótese de proibição do exercício comércio encontrada no direito
comercial diz respeito ao leiloeiro (IN-DNRC n° 83/99, art. 3°, VI).
No direito administrativo, prevê o estatuto dos funcionários público a
proibição que estes exerçam o comércio, para evitar que eles desviem a atenção docargo ou função pública.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 18/66
12
No direito constitucional, prevêem-se hipóteses em que se proíbe o
exercício de determinadas atividades econômicas ao estrangeiro ou às sociedades
não sediadas no Brasil, ou não constituídas segundo nossas leis.
No direito previdenciário, proíbe-se atividade empresarial aos devedores do
INSS (art. 95, §2º, Lei 8.212/91).
• Estabelecimento: é todo complexo de bens organizado para exercício
da empresa por empresário ou por sociedade empresarial (CC. Art. 1142). Os
estabelecimentos empresariais distinguem-se dos estabelecimentos industriais ou
fabris. São as “organizações ou as instituições fundadas segundo as regras e
princípios do Direito Comercial, para exploração da mercadoria”. 7 Há uma
diferença entre empresa e estabelecimento: a empresa é a unicidade econômica de
que o estabelecimento é uma das partes. A Constituição Federal de 88 (art. 71)
considera empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha a sua
sede e administração no país e empresa brasileira de capital nacional aquela cujo
controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta
de pessoas físicas domiciliadas e residentes no país, entendendo-se por controle
efetivo, a titularidade da maioria de seu capital votante e o exercício de fato e de
direito, do poder decisório para gerir suas atividades. O dispositivo foi revogado
pela Emenda n°6 de 15-8-95 (art. 172, CF).
1.7 Principais obrigações do Empresário
Todos os empresários estão sujeitos a três obrigações:
a) registrar-se no Registro de Empresa antes de iniciar suas atividades
(CC, art.967); b) escriturar os livros obrigatórios; c) levantar balanço patrimonial e
de resultado econômico a cada ano (CC, art. 1179).• Nome comercial: todo empresário, pessoa física ou jurídica, deve ter
um nome empresarial. Será firma ou denominação. As firmas são registradas na
Junta Comercial. A proteção outorgada pela lei à firma registrada na Junta
Comercial é estadual. O registro no Departamento Nacional da Propriedade
Industrial assegura exclusividade de utilização em todo território nacional. As duas
7 Plácido e Silva. Op. Cit.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 19/66
13
providências são necessárias para que o empresário possa desfrutar de uma
garantia. As denominações das sociedades anônimas não são possíveis de registro.
• Escrituração: o empresário e a sociedade empresária são obrigados a
seguir um sistema de contabilidade, com base na escrituração uniforme de seus
livros, em correspondência com documentação respectiva e levantar anualmente o
balanço patrimonial e o de resultado econômico. Existe apenas uma categoria de
empresários que se encontra dispensada de escriturar os livros obrigatórios: é a dos
microempresários e empresários de pequeno porte (arts. 970 e 1179, §2°, CC).
A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma
contábil (CC, art. 1183).
A contabilidade é a ciência que tem por fim a orientação e controle dos atos
de uma administração.
A escrituração é a redução de termo das operações contábeis. A escrituração
por partidas simples consiste na abertura de uma conta corrente para cada cliente
com os lançamentos de débitos e créditos. O método das partidas dobradas exige,
em cada operação mercantil, um devedor e um credor e em um único lançamento
são assinalados esses dois elementos, sendo as operações escrituradas por títulos,
devendo cada operação ser desdobrada em um lançamento de débito e um outro de
crédito.
• Livros obrigatórios: no direito comercial brasileiro há apenas um livro
comercial obrigatório comum, que é o “diário”, de acordo com o art. 1.180 do CC.
Somente a escrituração deste livro é obrigatória a todos os empresários. Qualquer
empresário, pessoa física ou jurídica, deve escriturar o livro “diário” ou os
instrumentos contábeis que legalmente os substituem.
Aos livros obrigatórios especiais, cabe mencionar o livro de “registro de
duplicatas”, sua escrituração é imposta a todos os empresários que emitemduplicatas, conforme art. 18 da Lei 5474/68.
Com o avanço da tecnologia passaram a ser admitidas a escrituração
mecanizada (Decreto-lei n° 486/69), a substituição de livros sociais por registros
eletrônicos (Lei n° 6404/76) e a microfilmagem de documentos (Lei 8934-94).
São livros especiais para determinados comerciantes e leiloeiros: diário de
entrada, diário de saída, contas-correntes, diário de leilões, o livro de “entrada e
saída de mercadoria para os armazéns gerais. Por sua vez, o art. 100 da Lei n°
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 20/66
14
6404/76 prevê uma relação de livros cuja escrituração é imposta a todas as
sociedades por ações.
Entre livros facultativos, que não são muito usados, podem-se citar o caixa e
o conta-corrente.
• Balanço: é obrigatório fazer balanço anual. Compreenderá todo o
ativo e passivo. Consiste no levantamento geral de todas as contas que se dispõem
praticamente em duas colunas que se equilibram ou se igualam. O balanço contem
a situação patrimonial do empresário.
A Lei de Falências, art. 178, define como crime falimentar a inexistência
dos documentos de escrituração contábil obrigatórios, entre os quais se incluem os
balanços patrimoniais. Incorrem em conduta criminosa, o empresário e os
representantes legais da sociedade empresária caso venha a ser decretada a sua
falência se os balanços anuais não tinham sido levantados, escriturados e
autenticados pelo Registro do Comércio.
1.8 Arquivamento e Registro de documentos
O registro de empresas mercantis é feito no Registro Público de Empresas
Mercantis a cargo das Juntas Comerciais e o das sociedades simples, no Registro
Civil de Pessoas Jurídicas, tendo em vista a natureza dos atos por estas praticados,
que são não mercantis. Porém, se a sociedade simples adotar uma das formas de
sociedade empresária, as normas a serem observadas no seu registro serão iguais às
exigidas das empresas em geral (CC, art. 1150). É obrigatória a inscrição do
empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes
do início de sua atividade (CC, art.967). Pode haver tratamento diferenciado e
simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto a inscrição deacordo com o art. 970, CC.
O empresário não-registrado não pode usufruir dos benefícios que o direito
comercial libera em seu favor, tendo restrições:
a) o empresário irregular não tem legitimidade ativa para o pedido de
falência de seu devedor (art. 97, §1° da LF).
b) o empresário irregular não tem legitimidade ativa para requerer q
recuperação judicial, na medida em que a lei elege a inscrição no Registro deEmpresa como condição para ter acesso ao favor legal (art. 51, V, LF).
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 21/66
15
c) o empresário irregular não pode ter os seus livros autenticados no
Registro de Empresa, em virtude da falta de inscrição (art. 1181, CC).
O registro de empresas mercantis tem a finalidade de dar ao ato o caráter de
publicidade para que não se alegue o seu desconhecimento.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 22/66
16
Capítulo 2 Nome Empresarial
È o nome com o qual a empresa se apresenta no exercício das suas
atividades, assina e assume responsabilidades pelos atos praticados. Enquanto o
nome empresarial identifica o sujeito que exerce a empresa; a marca identifica
produtos e serviços; o nome de domínio identifica a página na rede mundial de
computadores, e o título do estabelecimento, o ponto.
O direito contempla duas espécies de nome empresarial: a firma ou razão
social e a denominação ou nome fantasia.
• A firma só pode ter por base nome civil, do empresário ou dos sócios
da sociedade empresarial. O núcleo do nome empresarial dessa espécie será sempre
um ou mais nomes civis. Por exemplo: Carlos Pitanga – varejista ou no caso de
sócios será o nome civil e a partícula “cia”.
A firma, além de identificar do empresário, é sai assinatura. Ela pode ser
usada em todas as espécies de sociedade, exceto na Sociedade Anônima.
Empresário individual só pode adotar firma, agregando o ramo de atividade.
Ex.: Silva Pereira Livros Técnicos.
• A denominação deve designar o objeto da empresa e pode adotar por
base nome civil ou qualquer expressão lingüística (nome fantasia). Indústrias
Francisco Matarazzo LTDA é exemplo de nome empresarial baseado em nomes
civis, já Casas Bahia S.A. é nome empresarial baseado em elemento fantasia.
Há tipos de sociedades mercantis que podem adotar firma ou denominação.
A sociedade em nome coletivo está autorizada apenas a adotar firma, que
pode ter base o nome civil de um, alguns, ou de todos os seus sócios. Os nomes
poderão ser aproveitados por extenso ou abreviados, de acordo com a vontade se
seus titulares. Se acaso não constar o nome de todos os sócios, é obrigatório utilizar
a partícula “e companhia (& CIA)”. Poderá ou não ser agregado o ramo de
atividade da empresa. Os sócios Antônio José, Carlos Pereira, Paula Sousa poderá
optar por José, Pereira & Sousa ou A. José, C. Pereira & Sousa, livros técnicos.
A sociedade em comandita simples só pode compor nome empresarial
através de firma, que conste o nome civil dos sócios comanditados. Os sócios
comanditários não podem ter seus nomes aproveitados no nome empresarial, poisnão tem responsabilidade ilimitada pelas obrigações da sociedade. Assim, será
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 23/66
17
obrigatório a utilização da partícula “e companhia”, por extenso ou abreviado para
fazer referência aos sócios comanditários. Ao nome civil do sócio comanditado
poderá ser agregado o ramo de atividade da empresa.
A sociedade em conta de participação, por sua natureza de sociedade
secreta, onde um dos sócios (capitalista) tem posição ocultam está proibida de
adotar nome empresarial (firma ou denominação) que denuncie a sua existência.
A sociedade limitada está autorizada por lei a girar sob firma ou
denominação. Se optar por firma, será o nome civil do sócio ou dos sócios mais a
partícula LTDA, que é a identificação to tipo de sociedade. Se omitir algum sócio,
acompanha a partícula “CIA e LTDA”. Se optar por denominação, tem que fazer
conhecer o objetivo da sociedade. Podem os sócios decidir pela utilização do ramo
de atividades no nome empresarial.
A sociedade anônima só pode adotar denominação de que deve constar
referência ao objeto social. É obrigatória a identificação do tipo societário no nome
empresarial através da expressão “sociedade anônima”, por extenso ou abreviado,
usada no início, no meio ou no final da denominação. Também é autorizado o
emprego de nomes civis de pessoas que fundaram a companhia, ou concorreram
para o seu bom êxito.
2.1 Propriedade Industrial
2.1.1 Insígnia
Entende-se o emblema, sinal que serve para distinguir o estabelecimento. É
um desenho característico daquele negócio, exemplo: malharia Lacoste – figura de
um jacaré.
2.1.2 As Marcas
É o sinal que individualiza o produto a ser apresentado no mercado,
apresenta-se de forma gráfica, por meio de letra, palavra, conjunto de palavras,
números, traços. É a identificação do produto e serviços, de modo a torná-los
distintos de outro.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 24/66
18
A lei de propriedade industrial de 1996 introduziu no direito
brasileiro, além da marca de produtos e serviços, duas outras categorias: a marca da
certificação (ISSO 2001), que atesta que determinado produto ou serviço atende a
certas normas de qualidade; e a marca coletiva (LPI, art. 123, II e III), que informa
que o fornecedor do produto ou serviço é filiado a uma entidade, geralmente a
associação dos produtores ou importadores do setor.
O registro de marcas prevalecerá por dez anos, prorrogáveis por
períodos iguais e sucessivos, devendo o interessado pleitear a prorrogação sempre
no último ano de vigência do registro.
Para que uma marca possa ser registrada é necessário atender os
requisitos:
• Novidade relativa: não é exigido que a marca represente novidade
absoluta, o signo utilizado não precisa ser criado pelo empresário. O que deve ser
novo é a utilização daquele signo na identificação de produtos industrializados ou
comercializados, ou de serviços prestados. Por esta razão, a marca é protegida,
apenas no segmento de atividade econômica explorada pelo titular da marca, em
relação aos produtos ou serviços com os quais o identificado por ela pode
eventualmente ser confundido pelos consumidores;
• Não colidência com a marca notória: as marcas notoriamente
conhecidas, mesmo que não registradas no INPI, merecem a proteção do direito
industrial, em razão da convenção de Paris, da qual o Brasil participa (LPI,
art.126);
• Não impedimento: a lei impede o registro, como marcar, de
determinados signos. As armas oficiais do Estado, ou o nome civil, salvo
autorização pelo se u titular (LPI, art. 124). Para ser registrado como marca, não
pode o signo correspondente enquadrar-se nos impedimentos legais.
O registro da marca caduca, se a sua exploração econômica não tiver início
no Brasil em 5 anos, a partir da sua concessão, na hipótese de interrupção desta
exploração, por período de 5 anos consecutivos, ou na de alteração substancial da
marca.
2.1.3 As invenções
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 25/66
19
A invenção é ato original do gênio humano. Toda vez que alguém projeta
algo que desconhecia, estará produzindo uma invenção. Aos autores de invenção
nova suscetível de exploração industrial será assegurado o direito de obter patente
que lhes garanta a sua propriedade e uso exclusivo.
A patenteabilidade de invenções está sujeita aos requisitos:
• Novidade: não basta, para obtenção do direito industrial, que a
invenção seja original, relacionada ao sujeito criador. É necessário que a criação
seja desconhecida pela comunidade científica, técnica ou industrial.
• Atividade inventiva: a invenção deve despertar no espírito dos
técnicos da área o sentido de um real progresso.
• Aplicação industrial: somente a invenção suscetível de
aproveitamento industrial pode ser patenteada.
• Não impedimento: a lei proíbe, por razões de ordem técnica ou de
interesse público, a patente de determinadas invenções, como: afronta a moral, aos
bons costumes, à segurança, à saúde pública.
A patente tem prazo de duração determinado, sendo de 20 anos para a
invenção, contados do depósito do pedido de patente.
2.1.4 Desenho industrial
Diz respeito à forma dos objetos e serve tanto para conferir-lhe um
ornamento harmonioso, como para distingui-los de outros do mesmo gênero. Não
confundindo-se com a marca, que é o signo que identifica produtos e serviços,
como Coca-cola, Saraiva, Bradesco etc.
Para o registro do desenho industrial são necessários os requisitos:
• Novidade: o desenho industrial deve ser novo, isto é, não
compreendido no estado da técnica. A forma criada pelo desenhista deve, para
merecer proteção do direito industrial, propiciar um resultado visual inédito,
desconhecido dos técnicos do setor.
• Originalidade: o desenho industrial é original quando apresenta uma
configuração própria, não encontrada em outros objetos, ou quando combina com
originalidade elementos já conhecidos (art. 97 da LPI). Enquanto a novidade é uma
questão técnica, a originalidade é estética.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 26/66
20
• Desimpedimento: a lei impede o registro de desenho industrial em
determinadas situações (art. 100, LPI). São impedimentos: desenhos contrários à
moral, e dos bons costumes, ofensivos à honra ou imagem de pessoas ou
atentatórios à liberdade de consciência.
O registro de desenho industrial tem o prazo de duração de 10 anos,
contados da data do depósito e pode ser prorrogável por até 3 períodos sucessivos
de 5 anos casa (art.108, LPI).
Os direitos industriais são concedidos pelo Estado, através de uma
autarquia federal, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Nasce o
direito à exploração exclusiva do objeto da patente ou do registro a partir do ato
concessivo correspondente. Ninguém pode reivindicar o direito de exploração
econômica com exclusividade de qualquer invenção, modelo de utilidade, desenho
industrial ou marca se não obteve do INPI a correspondente concessão.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 27/66
21
Capítulo 3 Sociedades Empresariais
3.1 Classificação e tipos
No conceito de sociedade empresária, temos de um lado a pessoa jurídica, e
de outro, a atividade empresarial. Uma primeira aproximação ao conteúdo deste
conceito, se faz pela idéia de pessoa jurídica empresária, isto é, que exerce
atividade econômica sob forma de empresa, mas é idéia incompleta. Somente
algumas espécies de pessoas jurídicas que exploram atividade definida pelo direito,
como de natureza empresarial é que podem ser conceituadas como sociedades
empresárias. Existem pessoas jurídicas que são sempre empresárias, qualquer que
seja seu objeto. Para conceituar a sociedade empresária é necessário enquadrá-la no
conceito de pessoa jurídica.
As pessoas jurídicas são divididas, de direito público, União, Estados,
Municípios, Distrito Federal, territórios, autarquias etc.; e de direito privado,
compreendendo as demais. O que diferencia é o regime jurídico a que se encontram
submetidas. As pessoas jurídicas de direito público gozam de uma supremacia dos
interesses que o direito encarregou-as de proteger, já as de direito privado estão
sujeitas a um regime jurídico caracterizado pela isonomia, não existindo diferença
de interesses difundidos por elas.
Uma pessoa jurídica de direito público se relaciona com uma pessoa jurídica
de direito privado em posição privilegiada, ao passo que as de direito privado se
relacionam entre si em igualdade. É irrelevante para determinar o enquadramento
de uma pessoa jurídica num ou noutro destes grupos, a origem dos recursos
destinados à sua constituição. O direito contempla pessoas jurídicas constituídas,
exclusivamente, por recursos públicos, mas que se encontram sujeitas ao regime de
direito privado, que são as empresas públicas.
As pessoas jurídicas de direito privado subdividem-se em: estatal, cujo
capital social é formado majoritária ou totalmente por recursos provenientes do
poder púbico, que correspondem a sociedade de economia mista, da qual
particulares e empresas públicas também participam. De outro lado, as pessoas
jurídicas de direito privado não–estatais que compreendem as fundações, a
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 28/66
22
associação e as sociedades. As sociedades se distinguem das associações e das
fundações e subdividem-se em sociedade simples e empresárias.
A distinção entre sociedade simples e empresária, não está no intuito
lucrativo. Embora seja da essência de qualquer sociedade empresária a persecução
de lucro, este é um critério insuficiente para destacá-la na sociedade simples. Isto
porque também há sociedades não empresárias com fins lucrativos (sociedades de
advogados). O que caracteriza a pessoa jurídica de direito privado não estatal,
como sociedade simples ou empresária, será o modo de explorar seu objeto. O
objeto social explorado sem empresarialidade, sem profissionalmente organizar os
fatores de produção, confere à sociedade o caráter de simples, enquanto a
exploração empresarial do objeto social caracterizará a sociedade como empresária.
Por critério de identificação da sociedade empresária será pelo modo de
exploração do objeto social. Esse critério será pelo modo de exploração do objeto
social. Esse critério material que dá revela a maneira de se desenvolver a atividade
efetivamente exercida pela sociedade, na definição de sua natureza empresarial é
excepcionado em relação às sociedades por ações. Estas serão sempre empresárias,
ainda que seu objeto não seja empresarialmente explorado (art.982, parágrafo
único, CC e art. 2°, §1° da LSA). De outro lado, as cooperativas nunca serão
empresárias, mas sociedades simples, independente de qualquer outra
característica. Com exceção das sociedades anônimas em comanditas por ações ou
cooperativas, o enquadramento de uma sociedade no regime jurídico empresarial
dependerá da forma com que explora seu objeto: uma sociedade limitada, poderá
ser empresária ou simples: se for exercer atividade econômica organizada para a
produção ou circulação de bens ou serviços, será empresária, ou se dedicando a
atividade econômica civil, será civil.
Assim, o conceito de sociedade empresária é pessoa jurídica de direitoprivado-não-estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou a forma de
sociedade por ações.
Celebram contrato de sociedade, as pessoas que reciprocamente se obrigam
a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a
partilha, entre si, dos resultados. A atividade pode restringir-se à realização de um
ou mais negócios determinados (art. 981, parágrafo único, CC).
A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registropróprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 985, CC).
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 29/66
23
O empresário pode desenvolver sua atividade sob a forma de pessoa
jurídica. Nesse caso, associam-se os esforços de duas ou mais pessoas, constituindo
um ente suprapessoal, resultado da combinação de idéias, capitais, trabalhos
comuns e possibilitando a realização de um empreendimento em condições de
maior amplitude.
A lei 8934/94 dispõe sobre Registro Público de Empresas Mercantis e
atividades afins nos órgãos federais e estaduais.
3.2 Sistemas de classificação das sociedades
Os doutrinadores têm procurado reunir as sociedades em grupo, de
acordo com as características encontradas nos diferentes tipos previstos em lei.
• Quanto à pessoa dos sócios: existem sociedades de pessoas e
sociedades de capitais. Nas primeiras, as pessoas dos sócios têm papel
preponderante. Tudo gira em torno dos sócios, a constituição, a vida, a extinção da
sociedade, pois os acontecimentos com eles ocorridos refletem-se diretamente na
vida da sociedade, como a morte, a incapacidade etc.
Sociedades de capitais são aquelas em que a contribuição do sócio
constituindo um capital o desvincula de certo modo. A pessoa do sócio não é tão
sensível em relação à vida social. Pode ocorrer mesmo uma fungibilidade de sócios
e a sociedade em nada será afetada. Sua administração e fiscalização também
podem ser confiadas a terceiros. Serão sócios tanto as pessoas físicas como outras
pessoas jurídicas.
Não existe sociedade composta exclusivamente por “pessoas” ou
exclusivamente por “capital”, toda sociedade surge da conjugação desses dois
elementos, ambos imprescindíveis. O que faz uma sociedade ser “de pessoas” ou“de capital” é o direito de o sócio impedir o ingresso de terceiro não-sócio no
quadro associativo existente nas de perfil personalístico e ausente nas de perfil
capitalístico.
Em função disto, é que as cotas sociais relativas a uma sociedade “de
pessoas” são impenhoráveis por dívidas particulares do seu titular. O direito de
veto ao ingresso de terceiros não sócios é incompatível com a penhorabilidade das
cotas sociais. O arremate da cota, na execução judicial contra o seu titular,ingressaria no quadro associativo independente da vontade de mais sócios.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 30/66
24
Resguarda assim, os direitos dos sócios do devedor, não sendo satisfatória em
relação aos do credor sócio.
Outra conseqüência da sociedade “de pessoas” é a dissolução parcial
por morte do sócio, quando um dos sobreviventes não concorda com o ingresso de
sucessor do sócio falecido no quadro social. Quando a sociedade é “de capital”, os
sócios sobreviventes não podem opor-se a tal ingresso e a sociedade não se
dissolve.
• Quanto à responsabilidade dos sócios: as sociedades podem ser: de
responsabilidade limitada, de responsabilidade ilimitada e sociedades mistas.
Qualquer que seja o tipo de sociedade, o sócio tem como obrigação responder
perante ela pela importância prometida para a formação do capital. Caso o
patrimônio social seja insuficiente para cobrir as dívidas, os sócios terão de, pelo
menos, integralizá-lo. No entanto, nas sociedades de responsabilidade limitada, os
sócios respondem apenas pelas importâncias com que entram para a formação do
capital social ou pelo limite total do capital, são as sociedades limitadas (LTDA) e
S/A.
As sociedades ilimitadas respondem ilimitadamente, de forma subsidiária e
solidariamente pelas obrigações sociais, tem por pressuposto o integral
comprometimento do patrimônio social. É subsidiária no sentido de que se segue as
responsabilidade da própria sociedade. Esgotado o patrimônio particular do sócio
por saldos inexistentes no passivo da sociedade, O direito contempla um só tipo de
sociedade desta categoria, que é a sociedade em nome coletivo. Todos os sócios
comprometem-se a responder totalmente, sem limitação, pelas obrigações sociais.
As sociedades mistas são aquelas que uma parte dos sócios tem
responsabilidade limitada. São as sociedades em comandita simples, cujos sócios
comanditados respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais, enquanto sóciocomanditário responde limitadamente, e a sociedade em comandita por ações, em
que os sócios diretores tem responsabilidades ilimitadas pelas obrigações sociais e
os demais sócios acionistas respondem limitadamente. Não se deve confundir
responsabilidade da sociedade que sempre é ilimitada, a responsabilidade dos
sócios que são sujeitas as variações já explicadas.
• Quanto ao modo de constituição: existem sociedades contratuais e
sociedades institucionais. As primeiras nascem de um contrato entre os sócios. Paraa dissolução deste tipo de sociedade não basta a vontade majoritária dos sócios,
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 31/66
25
reconhecendo a jurisprudência o direito dos sócios, mesmo minoritários, manterem
a sociedade, contra a vontade da maioria; além disso, há causas específicas de
dissolução dessa sociedade, como a morte, ou expulsão de sócios. São as
sociedades em nome coletivo, comandita simples e limitada. As segundas surgem
de ato regulamentar, é o estatuto social. Podem ser dissolvidas por vontade da
maioria societária e há causas de dissoluções que lhe são próprias, como a
intervenção e liquidação extrajudicial: são as sociedades anônimas (S/A) e a
sociedade em comandita por ações (C/A).
A sociedade contratual tem sua constituição e dissolução regidas pelo
código civil de 2002, ao passo que a sociedade institucional rege-se pelas normas
específicas da lei 6404/76.
3.3 Sociedade em nome coletivo
É um tipo de sociedade em que todos os sócios respondem ilimitadamente
pelas obrigações sociais. Todos, assim, devem ser pessoas naturais. Qualquer um
deles pode ser nomeado administrador da sociedade e ter seu nome civil
aproveitado na composição do nome empresarial. Encontra-se disciplinada nos arts.
1039 a 1044 do CC.
Na hipótese de falecimento de sócio, se o contrato social não dispuser a
respeito, opera-se a liquidação das quotas do falecido (art. 108, CC). Para que os
sucessores do sócio morto tenha direito de ingressar na sociedade, mesmo contra a
vontade dos sobreviventes, é indispensável no contrato social cláusula expressa que
o autorize.
A sociedade em nome coletivo tende a desaparecer do mundo dos negócios,
porque não interessa aos sócios, não é prudente empenhar-se em uma sociedade naqual todos pagam com a totalidade do seu patrimônio.
3.4 Sociedade em comandita simples
Raramente constitui-se uma sociedade em comandita simples (CC, art. 1045
a 1051). É o tipo de sociedade que permite a prestação de capitais por um ou
alguns, sem qualquer outra responsabilidade ou participação na administração donegócio, pois a outros estará reservada essa situação. É constituída por sócios de
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 32/66
26
responsabilidade ilimitada e solidária e de sócios de responsabilidade limitada,
devido a importância com que entram para o capital. Os primeiros, sócios com
responsabilidade ilimitada, chamam-se comanditados, os segundos, com
responsabilidade restrita ao capital fornecido, são comanditários, portanto, é uma
sociedade de pessoas mistas. Na firma não poderá aparecer o nome dos sócios
comanditários, sob pena de se tornarem responsáveis, também solidária e
ilimitadamente, pelas obrigações sociais. Os comanditários não poderão também
exercer a gerência.
Os comanditários têm como os comanditados, direito de participar da
distribuição dos lucros proporcionalmente às suas quotas, bem como tomar parte
das deliberações sociais e fiscalizar a administração dos negócios da sociedade.
Morrendo sócio comanditado, dá-se a dissolução parcial da sociedade, a
menos que o contrato social expressamente estipule o ingresso dos sucessores (art.
1028, CC). Se falecer, comanditário, a sociedade não se dissolve. Continuará com
os sucessores, aos quais cabe indicar um representante (art. 1050, CC). Apenas se
previsto de modo expresso no contrato, os sobreviventes poderão liquidar as quotas
do comanditário falecido. Varia de acordo com a espécie do sócio falecido, a
natureza personalíssima ou capitalista da sociedade, no tocante às conseqüências da
morte do sócio, entre os comanditados, ela é “de pessoas”, salvo se o contrato
dispuser em contrário, e, entre os comanditários é “de capital”, a menos que
disposto em sentido diverso no contrato.
3.5 Sociedade em conta de participação
Disciplinada nos arts. 991 a 996 do CC, essa sociedade não constitui pessoa
jurídica, mas sim, um simples contrato entre um sócio ostensivo e um ou maissócios ocultos. Não tem firma ou denominação social. São sociedades ocultas
porque os demais sócios, a não ser o ostensivo, permanecem anônimos e
desconhecidos. Sua existência produz efeitos apenas entre os sócios; não é
permitido o registro de seu contrato, podendo ser constituída por instrumento
público ou particular, para uma ou diversas operações mercantis.
É o sócio ou sócios ostensivos que assumem, como obrigação pessoal, as
obrigações da sociedade. Em se tratando de responsabilidade pessoal, não há que sefalar de subsidiariedade ou limitação. Os sócios ostensivos respondem
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 33/66
27
ilimitadamente pelas obrigações que, em nome próprio, assumirem para o
desenvolvimento do empreendimento comum. Já os sócios participantes não
respondem senão perante os ostensivos e na forma do que houver pactuado, isto é,
limita ou ilimitadamente, de acordo com o previsto no contrato firmado entre eles.
Os sócios participantes não tem qualquer relação jurídica com os credores
por obrigação decorrente do empreendimento comum.
As relações entre os sócios ostensivos e não ostensivos objetivam em um
contam corrente. Cabe ao sócio ostensivo abrir em livros, conta especial para os
negócios da sociedade. A conta deve abrir-se e movimentar-se, sendo assim, é a
conta de participação. Entende-se o negócio realizado por uma pessoa, de cujos
interesses ou lucros participam outra pessoa. São negócios feitos por um, em
interesse dele e de mais alguém. Conta significa a operação entre si e os resultados
dela decorrentes; participação é a divisão ou participação dos lucros. Assim, a
sociedade em conta de participação é a reunião de duas ou mais pessoas para
exploração de um ou de mais negócios, sem firma comercial e sob o nome
individual de uma delas, considerados sócios ostensivos, cuja responsabilidade dos
negócios são contratas por terceiros.
Não tendo responsabilidade jurídica, a sociedade em conta de
participação não pode incorrer em falência. O falido pode ser o sócio ostensivo, o
gerente, mas não a sociedade. Os sócios particulares ou ocultos não respondem
perante terceiros, com seus patrimônios particulares. Só o sócio ostensivo está
sujeito a essa obrigação. Todos os fundos sociais responderão pelas dívidas da
sociedade.
Alguns doutrinadores entendem que esse tipo de sociedade deveria ser
entendida como espécie de contrato de investimento e não como espécie de
sociedade comercial.
3.6 Sociedade Limitada
É disciplinada pelos arts. 1052 a 1087, CC. A sociedade limitada é o tipo de
sociedade de maior presença na economia brasileira. Ela representa hoje mais de
90% das sociedades empresárias registradas nas Juntas Comerciais. Deve-se o
sucesso a duas de suas características: a limitação da responsabilidade dos sócios ea contratualidade.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 34/66
28
Na primeira, os empreendedores e investidores podem limitar as perdas, em
caso de insucesso da empresa. Os sócios respondem, em regra, pelo capital social
da limitada. Uma vez integralizado todo o capital da sociedade, os credores sociais
não poderão executar seus créditos no patrimônio particular dos sócios. Preservam-
se os bens dos sócios, em caso de falência da limitada.
A segunda característica é a contratualidade. As relações entre os sócios
podem pautar-se nas disposições de vontade destes, sem os rigores do regime legal
das sociedades anônimas, por exemplo: sendo a limitada contratual e não
institucional, a margem para negociação entre os sócios é maior.
Sociedade por cotas de responsabilidade limitada é aquela formada por duas
ou mais pessoas, assumindo todas, de forma subsidiária, responsabilidade solidária
pelo total de capital social. Os sócios gozam, portanto, dos benefícios da limitação
da responsabilidade.
A responsabilidade dos sócios esta sujeita a limites. Se o patrimônio social é
insuficiente para responder pelo valor total das dívidas que a o sociedade contraiu
na exploração da empresa, os credores só poderão responsabilizar os sócios,
executando bens de seus patrimônios individuais, até um certo montante. O limite
da responsabilidade dos sócios é o total do capital subscrito e não integralizado.
O capital subscrito é o montante de recursos que os sócios se comprometem
a entregar para a formação da sociedade, integralizado é a parte do capital social
que eles efetivamente entregam.
Situam-se, portanto, os sócios das sociedades anônimas, pois enquanto
nestas a responsabilidade dos sócios vai além da parte com que entram na formação
do capital, nas sociedades de responsabilidade limitada responderão até a totalidade
do capital da sociedade. Essa obrigação não irá além do valor do capital social e
nisso consiste a vantagem, para os sócios, da limitação.A integralização do capital libera os sócios, isto é, cada sócio é obrigado a
entrar com o valor correspondente à cota que lhe cabe. Uma vez completa sua cota,
e se todos os demais também tiverem feito a mesma coisa, não haverá outras
responsabilidades e o patrimônio pessoal do sócio não estará sujeito a execução.
Mas, enquanto a integralização do capital não se efetivar, de todo o capital social,
ficará mantida a responsabilidade de cada sócio. Aqui está a grande vantagem
desse tipo de sociedade. O sócio sabe desde o início qual o limite daresponsabilidade que assume.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 35/66
29
Constituem-se por contrato através de instrumento público ou particular; a
firma terá que trazer o nome de um, alguns ou de todos os sócios, podendo usar
ainda uma denominação, mas em qualquer caso o nome empresarial será sempre
acrescido da palavra limitada, sem o que todos os sócios serão tidos como
ilimitadamente responsáveis pelas obrigações sociais.
Se a sociedade tiver firma, não poderá ter denominação. O nome social será
um só, facultando a lei, apenas que os sócios escolham ou uma firma ou razão
social ou uma denominação particular, sempre acrescido da palavra limitada.
3.7 Sociedade anônima
Duas são as sociedades por ações, também classificadas como
institucionais: a sociedade anônima e a sociedade em comanditas por ações.
A sociedade anônima se sujeita às regras da Lei de sociedade por ações, Lei
6404/76. O código civil de 2002 seria aplicável apenas nas omissões desta lei
(art.4089, CC). Já a sociedade em comandita por ações é referida nos arts. 1090 a
1092 do CC, e se submete em caso de omissão dessas normas, ao regime da
sociedade anônima.
3.7.1 Características
• A sociedade anônima é uma sociedade de capital. Os títulos
representativos da participação societária (ação) são livremente negociáveis.
Nenhum acionista pode impedir o ingresso de quem quer que seja no quadro
associativo.
• Divisão do capital social em partes de igual valor nominativo,denominadas ações: o capital social desta sociedade é fracionado em atividades,
representadas por ações. Os seus sócios respondem pelas obrigações sociais até o
limite do que falta para integralização das ações de que sejam titulares, ou seja, o
acionista responde pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.
Preço da emissão não se confunde com o valor nominativo ou negociação. Valor
nominativo é o resultado da operação matemática de divisão do valor do capital
social pelo número de ações. Valor de negociação é o preço que o titular da ação
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 36/66
30
consegue obter na sua alienação e preço da emissão é o preço pago por quem
subscreve a ação, à vista ou parcelado.
• A sociedade adota denominação, obrigatoriamente. Constará sua
referência pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia” por extenso ou
abreviada (S/A ou CIA), sendo que esta última expressão somente poderá ser
utilizada no início ou no meio do nome empresarial. É importante mencionar o
ramo de atividade (art. 1160, CC).
Não terá firma, pois não se trata de exercício do comércio sob uma firma,
por pessoas que se apresentem ostensivamente perante a praça. Nas sociedades
anônimas ignora-se, às vezes, quais são os seus sócios, importando nela o aspecto
capital e não o aspecto pessoal. A lei permite que figure o nome de seu fundador,
ou pessoa que tenha concorrido para o êxito da sociedade.
3.7.2 Constituição
As sociedades anônimas são constituídas através de uma seqüência de atos,
uns são preparatórios, outros não, tendo em vista a subscrição do capital.
Subscrever o capital significa obter o capital dos acionistas.
Subscrição é o ato pelo qual uma pessoa assume as responsabilidades de
cobrir uma parte do capital social. Na S/A o capital é dividido e a subscrição pode
ser pública ou privada.
A subscrição pública é para a obtenção de grandes capitais. Um número
maior de pessoas pode participar da sociedade. A constituição da companhia por
subscrição pública depende do prévio registro da emissão na comissão de valores
mobiliários e a subscrição somente poderá ser efetuada com intermediação de
instituição com o estudo da viabilidade econômica e financeira doempreendimento, o projeto do estatuto social, o prospecto, organizado e assinado
pelos fundadores e pela financeira intermediária CVM poderá condicionar a
concessão do registro a alterações no prospecto ou no projeto do estatuto que não
se revelem satisfatórios.
A constituição depende da subscrição, pelo menos por duas pessoas, de
todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto, realização,
como entrada, de dez por cento, o mínimo, do preço da emissão das açõessubscritas em dinheiro, depósito, no Banco do Brasil S/A, ou em outro
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 37/66
31
estabelecimento bancário autorizado pela CVM, da parte do capital realizado em
dinheiro, no prazo de cinco anos contados do recebimento das quantias.
Terminada a subscrição, os fundadores convocação uma assembléia de
constituição que será instalada, se comparecerem em primeira convocação, pelos
menos pela metade dos subscritores e em segunda convocação, qualquer número.
Assembléia será presidida por um dos fundadores e secretariada por subscritor e
destina-se a leitura do recibo do depósito bancário das subscrições, da aprovação
do projeto de estatuto. O presidente então declarará constituída a companhia,
seguindo-se a eleição dos administradores e fiscais.
A subscrição particular é de natureza restrita a um grupo de pessoas. Pode-
se dar por assembléia geral dos subscritores particulares, observadas os requisitos
da subscrição pública, ou por escritura pública, processo mais simples, consiste na
assinatura de uma escritura pública pelos subscritores, constando: qualificação dos
subscritores, estatutos, transcrição do laudo de avaliação caso tenha subscrição do
capital em bens.
Constituída a sociedade do capital em bens ou por escritura, por subscrição
pública ou particular, segue-se o arquivamento dos atos constitutivos.
3.7.3 Classificação
As sociedades anônimas se classificam em abertas ou fechadas. Será capital
aberta quando suas ações são negociadas mediante ofertas púbicas na Bolsa de
Valores, quando autorizadas pela CVM. Geralmente a venda de ações na Bolsa é
feita por uma grande empresa, uma vez que a pequena ou a de capital fechado não
tem esse interesse.
Será capital fechado quando a CVM não autorizar a negociar as ações naBolsa. A sociedade de capital fechado é composta de um grupo fechado de pessoas
escolhidas que podem se reunir para deliberar sobre sua fundação e objetivos, por
meio de assembléias ou por escritura pública.
3.7.4 As ações
Significa a parte representativa do capital das sociedades. Assim, é aunidade do capital, qualquer que seja o valor que se lhe atribua. Significa também o
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 38/66
32
documento que comprova a qualidade de acionista e através das ações seu titular
obtém certos direitos e obrigações em relação à sociedade.
As ações classificam-se quanto aos direitos de seus titulares, em ordinárias,
preferenciais e de gozo ou fruição.
• Ordinárias: conferem aos acionistas os direitos de votar nas
assembléias, elegendo e destituindo diretores e membros do conselho fiscal,
decidindo sobre a sociedade, detendo o controle da empresa, quem possuir
cinqüenta e um por cento das ações.
• Preferenciais: não dão direito ao acionista de voto nas assembléias,
mas atribuem prioridade, preferência na distribuição dos dividendos, no reembolso
do capital.
• Ações de gozo ou fruição: são ações substitutivas. Substituem os
outros tipos de ações quando totalmente amortizadas, é a antecipação aos acionistas
das importâncias correspondentes ao valor das ações, como se a sociedade fosse
liquidada. Os acionistas recebem esse valor das respectivas ações ordinárias ou
preferenciais, e no lugar ficam com as ações de gozo ou fruição correspondentes.
Quanto à circulação, as ações podem ser: nominativas, endossáveis e ao
portador:
• Nominativas: são aquelas ações em que o nome de seu proprietário
figura no livro de Registro de Ações Nominativas. Sua transferência é feita
mediante termo lavrado em livro especial.
• Endossáveis: aquelas cuja transferência se faz mediante endosso, que
é assinatura do proprietário no verso do título. Não é necessário o termo de
transferência, próprio das ações nominativas. Mas par que a transferência por
endosso possa ter eficácia perante a sociedade emitente, é necessário a averbação
da mesma no livro de Registro de Ações Endossáveis, no qual é inscrita a
propriedade das ações.
• Ações ao portador: sã aquelas que não têm o nome do proprietário,
sendo considerado como tal, quem com ela se apresenta, pois circulam livremente,
mediante simples entrega. Portanto, até prova em contrário, os portadores delas são
considerados seus titulares.
Acionista controlador é a pessoa física ou jurídica, ou grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto ou sob controle comum que, é o titular de direitos de
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 39/66
33
sócio que lhe assegurem de modo permanente a maioria dos votos nas deliberações
da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da
companhia. Usa seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o
funcionamento dos órgãos da companhia.
Debêntures são títulos de créditos emitidos pela companhia que faz
empréstimos do público, a longo prazo, mediante resgate em sorteios periódicos.
Esses títulos constituem, portanto, uma forma jurídica de empréstimo que as
sociedades fazem. Pode-se dizer que debênture é um título de crédito específico das
sociedades anônimas.
3.7.5 Os órgãos
Numa sociedade anônima é estruturada internamente de modo a cumprir
plenamente suas finalidades. São três os órgãos para desenvolver suas atividades:
assembléia geral, diretoria e conselho fiscal. As companhias abertas e as de capital
autorizado terão obrigatoriamente conselho de administração.
• A assembléia geral é o órgão que delibera sobre as normas
fundamentais e as decisões da vida da sociedade. Tem competência para nomear e
destituir os administradores e fiscais; tomar anualmente, contas dos direitos e
apreciar as demonstrações financeiras por eles apresentados; suspender o exercício
dos direitos do acionista; alterar ou reformar os estatutos; resolver sobre fusão,
incorporação, extinção e liquidação da sociedade; autorizar a diretoria a confessar a
falência. As deliberações nas assembléias são tomadas por voto, não se
computando os votos em branco. Os votos correspondem as ações. Cada ação dará
direito a um voto. Assim, um só acionista terá direito a mais de um voto, conforme
o número de ações de sua propriedade e desde que se trate de ações com direito avoto.
• A diretoria é o órgão executivo da sociedade. O estatuto deverá
prever, em relação à diretoria, o número de membros, nunca inferior a dois, ou o
mínimo e máximo permitidos; duração do mandado, não superior a três anos; o
modo de substituição dos diretores como também suas atribuições e poderes (LSA,
art. 143 a 148).
Os diretores não precisam ser acionistas da companhia e são eleitos peloconselho de administração, se houver, ou pela assembléia geral. São, a qualquer
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 40/66
34
tempo, destituíveis pelo órgão competente para a eleição. Até um terço dos
membros do conselho de administração poderá integrar, também a diretoria.
A representação legal compete aquele diretor ao qual for atribuída esta
competência específica pelo estatuto, ou omisso este, por deliberação do conselho
da administração. Se não existir previsão estatutária, ou deliberação do conselho, a
representação legal competirá a qualquer dos diretores da companhia.
• O conselho fiscal exerce função fiscalizadora. Recebe poderes da
assembléia e é composto de três a cinco membros, acionistas ou não, eleitos pela
assembléia e com direito a reeleição. Cabe ao conselho o exame e a fiscalização
dos atos da administração.
• Livros: a sociedade anônima é obrigada a ter livros especiais para
registrar sua contabilidade e os atos principais de sua atividade.
• Os acionistas: são os titulares das ações da sociedade anônima.
Através da ação de que é proprietário, o acionista mantém uma relação jurídica
com a sociedade. Podem ser acionistas pessoas físicas ou jurídicas. A principal
obrigação do acionista é pagar as ações subscritas, uma vez totalizando o
pagamento cessa a responsabilidade do acionista para com a sociedade e para com
terceiros. Portanto, a responsabilidade dos acionistas da sociedade anônima é
limitada ao valor das respectivas ações de que são titulares, vale dizer que o
patrimônio particular não garante as dívidas sociais, nem pode ser executado. O art.
109 da LSA elenca os direitos essenciais do acionista.
3.7.6 Incorporação, transformação, fusão e cisão
Os procedimentos de reorganização das empresas que envolverem pelo
menos uma sociedade anônima devem atender a disciplina da LSA. Não havendo
na operação nenhuma sociedade desse tipo, a disciplina é a do CC (arts. 1113 a
1122). Quatro são as operações pelas quais as sociedades mudam de tipo,
aglutinam-se ou dividem-se, procurando os seus sócios e acionistas dotá-las de
perfil mais adequado a realização dos negócios.
A transformação é a operação pela qual uma sociedade passa de uma
espécie para outra, por exemplo, uma sociedade limitada tornar-se anônima. O
procedimento deve obedecer as mesmas formalidades para a constituição dasociedade do tipo resultante. A sua deliberação exige aprovação unânime de todos
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 41/66
35
os sócios ou acionistas, salvo se o ato constitutivo já admite a possibilidade de
transformação.
A incorporação é operação pela qual uma sociedade absorve outra ou outras,
as quais deixam de existir; a fusão consiste na união de duas ou mais sociedades,
para dar nascimento a uma nova, e a cisão é a transferência de parcelar do
patrimônio social para uma ou mais sociedades, já existentes ou constituídas na
oportunidade. Estas três operações submetem-se a regras comuns de procedimento,
cabendo a deliberação ao órgão societário competente para alteração do ato
constitutivo.
3.8 Sociedade em comandita por ações
São reguladas pelas mesmas normas estabelecidas pela sociedade anônima,
com as alterações previstas nos arts. 1090 a 1092 do CC. (LSA, arts. 280 a 284).
Algumas dessas alterações têm em vista a posição dos diretores da sociedade em
comandita por ações.
• Responsabilidade dos diretores: tem responsabilidade ilimitada pelas
obrigações da sociedade. Por essa razão somente o acionista poderá fazer parte da
diretoria. Os diretores serão nomeados pelo estatuto, por prazo indeterminado e
serão destituídos por deliberação de acionistas que representem no mínimo dois
terços do capital social.
• Nome empresarial: pode ser adotada firma ou denominação, no
primeiro caso, não poderá compor o nome, o acionista que não for diretor, e deverá
ser acompanhado do tipo societário.
• Deliberações sociais: assembléia geral não tem poderes para, sem
anuência dos diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar prazo de
duração, aumentar ou reduzir o capital social.
3.9 Cooperativas
Cooperativismo significa cooperação de muitos para a realização de um
interesse comum. As cooperativas são sociedades de pessoas com forma jurídica
própria, de natureza civil, sem finalidade lucrativa, não sujeitas a falência, é uma
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 42/66
36
organização para prestação de serviços ou exercício de outras atividades de
interesse comum dos associados.
A Lei 5764/71 define a sociedade cooperativa como aquela que se utiliza de
cooperação de todos para atingir seu gim. Caracteriza-se pela cooperação com o
objetivo de trazer para os cooperados as vantagens que terceiros obteriam se os
interessados não se cooperassem.
Regidas pelo código civil (arts. 1093 a 1096), as cooperativas tem natureza
de sociedade de pessoas, possuindo forma jurídica própria.
As cooperativas não têm objetivos lucrativos, seu objeto social é a prestação
de serviços ou exercício de outras atividades dirigidas ao favorecimento dos
associados.
Cabe salientar que a cooperativa não é sujeita a falência, pois se submete a
liquidação extrajudicial.
A adesão as cooperativas é voluntária e o número de associados ilimitado.
Constitui-se por escritura publica ou privada, consistente na ata da assembléia geral
dos fundadores.
A administração das sociedades cooperativas cabe a assembléia geral,
composta da totalidade dos associados, e a diretoria ou conselho de administração
composta também só por associados. É facultada, por estatutos, a criação de outros
órgãos coletivos.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 43/66
37
Capitulo 4 Títulos de crédito
O desenvolvimento da indústria e do comercio depende de financiamento
que muitas vezes não podem ser prontamente atendidos. O crédito desempenhaimportante missão no sentido de proporcionar as condições necessárias para que se
efetive essa evolução.
Título de crédito é o documento que materializa o direito de haver um
pagamento. Na relação jurídica que substancia sempre existe um devedor, que é
aquele a quem compete o pagamento; um credor, que é aquele a quem o pagamento
é efetuado, e uma prestação a pagar. É transmissível, porque a negociabilidade é
uma das suas características, própria da livre circulação que deve ter no interesse
do movimento comercial; literal, porque o direito é aquele expresso no título, e, em
princípio, autônomo, porque constitui uma obrigação própria.
Três são os princípios que informam o regime jurídico cambial:
cartularidade, literalidade e autonomia.
Para que o credor de um rótulo de crédito exerça os direitos por ele
representados é indispensável que se encontre na posse do documento (também
conhecido por cártula). Sem esse requisito, mesmo que a pessoa seja efetivamente
a credora, não poderá exercer o seu direito de crédito valendo-se dos benefícios do
regime jurídico-cambial. Por isso é que se diz, que título de crédito é um
documento necessário para o exercício do direito nele contido.
Outro principio é a literalidade, não tendo eficácia para as relações jurídico-
cambiais aqueles atos jurídicos não-intrumentalizados pela própria cártula a que se
referem. O que não se encontra expressamente consignado no título de crédito não
produz conseqüências na disciplina das relações jurídico-cambiais.
Pelo principio da autonomia entende-se que as obrigações representadas por
um mesmo título de crédito são independentes entre si. Se uma dessas obrigações
for nula, eivada de vício jurídico, esse fato não comprometerá a validade e eficácia
das demais obrigações constantes do mesmo título de crédito.
Quanto a forma de circulação classifica-se em nominativo, à ordem e ao
portador, conforme registre o nome da pessoa beneficiada, e se transfira somente
por cessão ou embora também, anotado o nome do proprietário transfira-se por
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 44/66
38
simples endosso, ou, finalmente, não traga o nome do proprietário, pertencendo a
quem o porta.
• Endosso: é o ato pelo qual o proprietário do título o transfere a
terceiros. O endosso produz dois efeitos: transmite a propriedade do título e
constitui mais uma garantia para ele. Assim, o endossante fica obrigado perante o
endossatário, a pessoa para quem o título é transferido. Torna-se um fiador.
• O endosso é em branco sem a indicação do beneficiado ou em preto,
com a indicação do beneficiado. É promovido no próprio título mediante a
assinatura do endossante no verso.
• Endosso-procuração: destina-se a outorgar poderes de cobrança do
título a terceiros e pode ser representado pela assinatura acrescida da palavra “em
cobrança”.
• Aval é a garantia pessoal trazida ao título por alguém que se
responsabiliza quanto ao seu pagamento. Não exige a outorga uxória. Avalista é a
pessoa que, por esse meio, coobriga-se no título, ao lado do devedor. O aval é
obrigação cambiária, pela qual o avalista assegura o pagamento da importância
contida no título, no seu vencimento, solidariamente com os demais coobrigados.
Nas com a assinatura no título emitido por terceiros e se extingue com o
pagamento da quantia em questão.
A cobrança judicial dos títulos de crédito processa-se por meio de ação
executiva cambial, com a penhora de bens do devedor, seguindo-se a oportunidade
de defesa.
4.1 Espécies
4.1.1 Letra de Câmbio
É uma ordem de pagamento sacada pela pessoa que tenha provisão ou
fundos disponíveis em poder de outra pessoa contra esta mesma pessoa e a favor de
um terceiro.
A constituição da letra de cambio pressupõe a existência de um sacador, que
é a pessoa que ordena o pagamento assinando a letra; um sacado, que é a pessoa
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 45/66
39
que tem em depósito a importância pertencente ao sacador; e o tomador, que é a
pessoa em favor de quem a letra é emitida.
O saque significa a emissão da letra. Sacada, a letra é apresentada ao sacado
que reconhecendo a existências de fundos disponíveis, a aceita. O sacado, com o
aceite, transforma-se, portanto, em aceitante. Assim, aceite é o ato pelo qual o
sacado, reconhecendo a procedência da ordem dada contra si, manifesta
expressamente sua vontade, para a conclusão do contrato, em virtude do qual se
obriga a pagar a soma até consignada, no prazo estabelecido, a quem se mostrar
legítimo possuidor e dono do título emitido.
Manifesta-se por meio de assinatura em lugar próprio do título. O sacado
pode recusar-se a aceitar. Nesse caso, cabe protesto promovido pelo portador
contra o sacado, por falta de aceite. Basta assinatura de próprio punho do sacado,
ou de mandatário especial, no anverso da letra, a margem esquerda, para que se
materialize o aceite.
A letra pode ser sacada para o pagamento a vista ou a prazo. À vista deve
ser cumprida tão logo apresentada ao sacado. Letra de câmbio a prazo é aquela na
qual é marcado um dia futuro de vencimento. O prazo pode ser determinado por dia
certo; a tempo certo da data (a 60 dias da data de emissão); e a tempo certo de vista
(a 40 dias da vista), entendendo-se por vista o aceite. Portanto, a letra de câmbio
pode ter sacador, sacado, tomador, endossante, aceitante, avalista.
No seu contexto consta a denominação “letra de câmbio”, a soma de
dinheiro a pagar e a espécie de moeda, o nome da pessoa que deve pagá-la, o nome
da pessoa a quem deve ser paga e a assinatura do próprio punho do sacador ou de
mandatário especial.
A apresentação para aceite é facultativa para o portador nos casos de letras
sacadas a dia certo e a tempo certo da data. Se a letra é a tempo certo, aapresentação ao aceite é obrigatória, no prazo nela marcado, pelo sacador, ou, na
falta de prazo, em seis meses, a contar da emissão, sob pena de perder o portador o
direito regressivo contra o sacador, endossadores e avalistas.
O sacado dispõe de 24 horas para aceitar ou não. A lei permite duplicatas da
mesma letra de câmbio.
Entende-se por ressaque uma nova emissão pelo portador de letra de câmbio
protestada contra qualquer dos coobrigados, incluindo as despesas, gastos doprotesto e juros. As letras podem ser anuladas em caso de extravio, por via judicial.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 46/66
40
4.1.2 Nota promissória
É uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor da outra. Com
o saque da nota promissória surgem duas situações distintas: a situação daquele que
promete pagar quantia determinada e a daquele que se beneficia de tal promessa. A
pessoa que se encontra na primeira situação é chamada pela lei, de sacador,
emitente ou subscritor; a pessoa que se encontra na segunda posição é beneficiário
ou sacado.
A nota promissória atende aos requisitos:
• A expressão “nota promissória” (conforme art.54, I do decreto n°
2044/08) constante do próprio texto do título, na língua empregada para a sua
redação (LU, art. 75);
• A promessa incondicional de pagar quantia determinada, lembrando-
se o já considerado acerca de câmbio (art. 75, n°2);
• O nome do beneficiário da promessa, o que significa a
impossibilidade do saque de nota promissória ao portador (art. 75, nº5)
• A data do saque (art.75, n°6)
• O local do saque ou a menção de um ligar ao lado do nome do
subscritor, que se considera, também, o domicílio deste (art.76)
• A assinatura do sacador, bem como a sua identificação pelo número
da sua cédula de identificação, de inscrição no cadastro de pessoas físicas, do título
de eleitor ou da carteira profissional (art. 3°, lei 6268/75)
Além desses requisitos, deve a nota promissória especificar a data e local do
pagamento, entendendo-se, em caso de omissão, que se trata de título pagável à
vista no local do saque ou no designado ao lado do nome do subscritor (art. 76 da
LU).
A nota promissória está sujeita as mesmas normas aplicáveis à letra de
câmbio, com algumas exceções estabelecidas pela Lei Uniforme, em seus arts. 77 e
78. Assim, tudo o que foi escrito acerca de endosso, aval, vencimento, pagamento,
protesto, execução, relativos às letras de câmbio, compõe também, a nota
promissória.
Mas algumas observações devem ser ressaltadas em relação a nota
promissória.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 47/66
41
• A nota promissória é uma promessa de pagamento, e por isso, não se
aplicam a ela as normas relativas à letra de câmbio, incompatíveis com esta
natureza da promissória. Assim, não há que se cogitar de aceite, vencimento
antecipado por recusa do aceite.
• O subscritor da nota promissória é o seu devedor principal. Por essa
razão, a lei prevê que a sua responsabilidade é idêntica a do aceitante da letra de
câmbio (art. 78). Neste sentido, pode-se concluir que o protesto é facultativo para o
exercício do direito de crédito contra o emitente, também se pode concluir que o
exercício desse direito prescreve em 3 anos.
• O aval em branco da nota promissória favorece o seu subscritor
(art.77).
• As notas promissórias, embora não admitam aceite, podem ser
emitidas com vencimento a certo termo da vida. Então, o credor deverá apresentado
título ao visto do emitente no prazo de 1 ano do saque, sendo a data desse visto o
termo “a quo” do lapso temporal de vencimento. A nota promissória desta espécie
pode ser protestada por falta de data (art.78).
4.1.3 Duplicata
Encontra-se disciplinada pela lei 5474/68. É um título de crédito de emissão
nas vendas mercantis a prazo, realizadas entre vendedor e comprador domiciliados
no Brasil. Pressupõe uma compra e venda mercantil. È obrigatória a emissão pelo
vendedor, de uma fatura para apresentação ao comprador. Por fatura entende-se a
relação de mercadorias vendidas, discriminadas por sua natureza, quantidade e
valor. Por venda a prazo entende-se aquela cujo pagamento é parcelado em período
não inferior a 30 dias ou cujo preço deva ser pago integralmente em 30 dias ou
mais, sempre contados da data da entrega ou despacho da mercadoria.
As empresas que se dedicam a prestação de serviços, podem, emitir também
fatura e duplicata, quer se trate de sociedades comerciais, civis, ou fundações, até
mesmo profissionais liberais e aqueles que prestarem serviços de natureza eventual
desde que o valor do serviço ultrapasse um limite. Assim, médicos, advogados,
engenheiros, podem expedir fatura ou conta de prestação de serviços com os
mesmo efeitos de duplicata.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 48/66
42
A duplicata indicará sempre o valor total da fatura. Para vendas a prazo
inferior a 30 dias, deverá mencionar essa circunstância.
No contexto da duplicata deve constar a denominação “duplicata”, a data de
emissão, o número de ordem, o número da fatura, a data do vencimento, o nome e
domicílio do vendedor, nome e domicílio do comprador, a importância a pagar, o
lugar de pagamento, a cláusula à ordem, declaração da obrigação de pagar, a
assinatura do comprador como aceite cambial e assinatura do emitente.
A duplicata é remetida para aceite pelo comprador, no prazo de 30 dias a
contar da emissão e de 10 dias se a remessa se der por meio de representantes,
instituições financeiras ou procuradores do emitente. O comprador deve devolvê-la
assinada em 10 dias a contar da apresentação.
Se recusar o aceite, declarará por escrito os motivos de seu ato e mostrar o
não recebimento de mercadorias, se a expedição não for por sua conta e risco, vício
redibitórios, quantidade, qualidade. Se houver concordância da instituição
financeira, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até o vencimento. O
comprador pode resgatar a duplicata antes de aceita-la e antes do vencimento.
Por ocasião do pagamento, o vendedor deve passar o recibo no verso da
duplicata ou documento separado.
A duplicata é protestada por falta de aceite, por devolução ou por falta de
pagamento. O protesto por falta de pagamento é tirado em qualquer tempo depois
do vencimento, enquanto não prescrita a ação executiva de cobrança. Esta ação
pode ser movida contra o sacado e seus avalistas em três anos contados do
vencimento, contra o endossante e seus avalistas em um ano contados da data do
protesto, e desde que se trate de ação de coobrigados; contra os demais
coobrigados, em um ano, a contar da data em que tenha sido feito o pagamento do
título.Se o protesto não for em 90 dias do vencimento, o direito de regresso contra
o endossante e avalistas perecerá. Se houver extravio do título, poderá ser extraída
uma triplicata.
4.1.4 Cheque
O cheque é uma ordem de pagamento à vista, sacada contra um banco e combase em suficiente provisão de fundos. Depositado pelo sacador em mãos do
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 49/66
43
sacado ou decorrente de contrato de abertura de crédito entre ambos. O elemento
essencial do conceito de cheque é sua natureza de ordem à vista, que não pode ser
descaracterizada por acordo entre as partes. Qualquer cláusula inserida no cheque
com o objetivo de alterar essa característica é considerada não-escrita e, portanto,
ineficaz (art. 35 da lei. 7357/85). Assim, a emissão de cheque com data futura, a
pós-datação, não produz nenhum efeito, pelo contrário, importaria tratamento do
cheque como um título de crédito a prazo. Um cheque pós-datado é pagável em sua
apresentação, à vista, mesmo que esta se dê em data anterior àquela indicada como
a de sua emissão.
O sacado de um cheque não tem qualquer obrigação cambial. O credor do
cheque não pode responsabilizar o banco sacado pela inexistência de fundos
disponíveis. O sacado não garante o pagamento do cheque, nem pode garanti-lo,
posto que a lei proíbe o aceite do título, bem como o endosso e o aval. O banco
responde por ato ilícito que venha a praticar, mas não pode assumir qualquer
obrigação cambial referente a cheques sacados por seus correntistas.
O cheque deve atender aos requisitos legais:
• A ordem incondicional de pagar quantia determinada; observe-se que
a inexistência de fundos não desnatura o cheque como um título de crédito;
• A identificação do banco sacado; não vale, no Brasil, como cheque
aquele que for emitido contra um sacado não banqueiro (art. 3°);
• O local de pagamento ou a indicação de um ou mais lugares ao lado
do nome do sacado, ou, ainda, a menção de um local ao lado do nome do emitente
(arts. 1°, VI e 2°, I e II).
• A data de emissão (art. 1°, V);
• Assinatura do sacador, ou seu mandatário com poderes especiais,
admitindo o uso de chancela mecânica ou processo equivalente. O sacador deve ser
identificado pelo número de sua cédula de identidade, de inscrição no cadastro de
pessoas físicas, do título de eleitor ou da carteira profissional.
• O local de emissão também deve constar do título, mas, na sua
ausência, entende-se como tendo sido o cheque emitido no local designado ao lado
do nome do sacador (art. 2°, II).
4.1.4.1 Modalidades
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 50/66
44
• cheque visado;
• cheque administrativo;
• cheque cruzado;
• cheque para se levar em conta.
O cheque visado é aquele em que o banco sacado lança declaração de
suficiência de fundos, a pedido do emitente ou do portador legitimado. Somente o
cheque nominativo (aquele que só pode ser sacado pelo beneficiado, cujo nome é
expresso no contexto do documento) ainda não endossado comporta esta
certificação. O visamento não equivale ao aceite, posto que não vincula o banco ao
pagamento do título independente da existência de provisão de fundos. A única
obrigação que lhe compete em virtude do visamento é prevista no art. 7°, §1°, LC,
onde o sacado deve reservar, da conta corrente do sacador, em benefício do credor,
quantia equivalente ao valor do cheque, durante o prazo de apresentação.
Se o banco não proceder a obrigação legal de reservar, da conta do
correntista, numerário suficiente para a liquidação do cheque visado, responderá
pelo pagamento do cheque ao credor, se os fundos não existiam ou deixaram de
existir. Isto não significa que o sacado do cheque tenha alguma obrigação cambial,
posto que, se trata, no caso, de responsabilidade decorrente da inobservância de
determinação legal e não do título de crédito. Tanto é assim que o sacado não
poderá ser protestado, nem executado, nesta hipótese, cabendo ao credor apenas
ação declaratória. Uma vez condenado a pagar o cheque irregularmente visado, o
banco terá direito de regresso contra o emitente.
O cheque administrativo é aquele sacado pelo banco contra um de seus
estabelecimentos. Sacador e sacado se identificam no cheque administrativo. Foi
introduzido no direito brasileiro, pelo decreto 24777/34, encontra-se tacitamente
revogado pelo art. 9°, III, LC que disciplinou o assunto. O cheque administrativo
somente pode ser emitido nominativamente.
Uma das espécies mais conhecidas de cheque administrativo é o cheque de
viajante (traveller’s chek). Trata-se de uma ordem de pagamento à vista em que
um banco emite contra qualquer um de seus estabelecimentos e que deve ser
firmado pelo credor em dois momentos: na aquisição e na liquidação. Destina-se a
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 51/66
45
conferir maior segurança aos viajantes, que não precisam transportar dinheiro.
Pode ou não estar vinculado a um contrato de câmbio.
O cheque cruzado se destina a possibilitar, a qualquer tempo, a identificação
da pessoa em favor de quem foi liquidado. Resulta da aposição, pelo emitente ou
pelo portador, no anverso do título, de dois traços transversais, no interior, dos
quais poderá, ou não, ser designado um determinado banco. Na falta de qualquer
designação, ter-se-á cruzamento em branco ou geral, em havendo a menção de um
específico banco, ter-se-á cruzamento em preto ou especial.
Um cheque com cruzamento em branco somente poderá ser pago a um
banco ou a um cliente do sacado mediante crédito em conta. O cheque com
cruzamento especial somente poderá ser pago ao banco cujo nome conste do
cruzamento ou, sendo este também o sacado, a um cliente seu, mediante depósito
em conta. Dessa forma, se o credor do cheque não for correntista do banco sacado,
deverá proceder à liquidação do título por meio de depósito junto ao banco e que
possua conta, constando, então, dos registros do banco cobrador o nome da pessoa
em favor de quem o cheque foi pago.
Durante a discussão da lei uniforme, sobre cheque, introduziu-se uma
inovação no tratamento do cheque cruzado, possibilitando o pagamento
diretamente a um cliente do banco sacado, ou seja, aquela pessoa que, ale, de
correntista, mantém com o estabelecimento bancário intensa relação negocial,
podendo ser identificado a qualquer tempo pelo sacado. Essa inovação não foi
adotada pela lei brasileira, ao prever que o pagamento do cheque cruzado a um
cliente deva ser feito, necessariamente, através de depósito em conta corrente e na
ode forma direta.
O cruzamento gera efeitos apenas perante o sacado, que não poderá pagar o
cheque cruzado sem observar essas regras. Se o cheque não tiver suficienteprovisão de fundos, poderá ser cobrado diretamente de qualquer um de seus
devedores, inclusive sacador.
O cheque para se levar em conta foi introduzido no direito brasileiro pela lei
7357/85. Embora constasse do texto da lei uniforme e já fosse, de algum tempo,
prática comum no comércio, este tipo de cheque não era reconhecido pelo STF,
como existente no direito nacional em razão de uma reserva assinalada pelo Brasil
(art. 18 da Convenção de Genebra sobre cheque).
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 52/66
46
Por esta reserva, a legislação brasileira poderia deixar de prever o cheque
cruzado ou o cheque para se levar em conta. Como antes da lei 1985 não havia
previsão legal desta modalidade de cheque, e o art. 12 do revogado decreto 2591/12
disciplinava o cheque cruzado, entendeu-se a jurisprudência que o cheque para se
levar em conta não havia sido introduzido no ordenamento interno. Mas o
legislador não fez uso da referida reserva e contempla o direito cambiário brasileiro
com ambas as modalidades de cheque.
O cheque para se levar em conta tem o mesmo objetivo que o cheque
cruzado. Destinando-se a possibilitar a identificação da pessoa em favor de quem o
cheque foi liquidado.
Um cheque com a cláusula “para ser creditado em conta” inserida pelo
emitente ou pelo portador não pode ser pago em dinheiro. Sua liquidação será feita
somente por lançamento contábil por parte do sacado; não será possível ao sacado
pagar o cheque diretamente.
Como acontece com o cruzamento, a cláusula específica do cheque para
levar em conta gera efeitos somente perante o sacado, que está obrigado a observar
as normas de liquidação pertinentes. Um cheque para se levar em conta sem
suficiente provisão de fundos pode ser pago em dinheiro, diretamente ao seu
credor, por qualquer devedor do título.
Um cheque com cláusula “para ser creditado em conta” emitido na forma
nominativa prescinde de endosso quando depositado em conta corrente do
favorecido.
4.1.4.1.1 Cheque sem fundo
O pagamento feito por cheque tem efeito pro solvendo, ou seja, até a sualiquidação, não se extingue a obrigação a que se refere. Desta forma, o pagamento
de aluguel por cheque sem fundos não impossibilita a retomada do bem locado,
ainda que eventual quitação fornecida pelo locador não faça menção ao cheque. A
instituição financeira proprietária fiduciária não perde o direito de busca e
apreensão do objeto de alienação, caso o pagamento da prestação pelo fiduciante
tenha sido feito com um cheque sem fundo. As partes podem pactuar que o
pagamento da obrigação por cheque tenha efeito pro soluto, hipótese em que
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 53/66
47
restará ao credor da obrigação apenas um direito cambial no caso de o cheque não
ser liquidado por insuficiência de fundos.
Um cheque sem fundos deve ser protestado pelo credor no prazo fixado em
lei, para sua apresentação e pagamento para fins de conservação do direito
creditício contra os coobrigados do cheque. Para o exercício do direito creditício
contra o emitente e seu avalista, o protesto não é necessário. O cheque, como
acontece com a letra de câmbio e a nota promissória, pode conter a cláusula “sem
despesas”, pela qual se dispensa o credor de protestar o título para conservação do
direito creditício contra um ou mais coobrigados. O protesto do cheque poderá ser
lavrado no lugar do pagamento ou domicílio do emitente (art. 6° da lei 9492/97).
O protesto do cheque pode ser substituído por declaração escrita e datada
em banco sacado com indicação do dia da apresentação ou escrito e datada pela
câmara de compensação, no sentido de serem insuficientes os fundos disponíveis.
O credor de um cheque do qual conste uma destas declarações poderá exercer o seu
direito creditício contra todos os devedores do cheque, independentemente de
protesto, se o apresentou a pagamento dentro do prazo previsto em lei. Para o
pedido de falência de empresário fundado em emissão de cheque sem fundos, o
protesto do título é indispensável.
A execução do cheque sem fundos prescreve contra devedor no prazo de 6
meses contados do término do prazo de apresentação a pagamento.
Se se tratar de cheque pós-datado apresentado antes da data lançada como
emissão, para fins de cálculo do prazo prescricional, considera-se como data de
emissão, não a que nele consta, mas a da sua apresentação a pagamento.
Computam-se, 30 ou 60 dias, conforme seja cheque da mesma ou praças diferentes
e em seguida os 6 meses.
Após o decurso do prazo prescricional do cheque será admissível ação combase no locupletamento sem causa, no prazo de 2 anos.
Na execução do cheque sem fundos, o credor terá direito à importância do
título acrescida das verbas; juros legais a partir da apresentação a pagamento;
despesas com protesto, avisos; e correção monetária prevista no art. 52, IV, LC.
A emissão de cheque sem fundos é tipificada como crime de fraude por
pagamento de cheques, de acordo com o art. 171, §2°, VI do CP.
O correntista que tiver um mesmo cheque devolvido duas vezes porinsuficiência de fundos e aquele que incorrer em prática espúria devem ser inscrito
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 54/66
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 55/66
49
consignadas. Somente em caráter secundário é que os títulos representativos podem
referir-se a obrigações pecuniárias.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 56/66
50
Capítulo 5 Direito Falimentar
5.1 Falência: Introdução
Sabe-se que a garantia dos credores é o patrimônio do devedor. Portanto,
ocorrendo o inadimplemento de qualquer obrigação, o credor poderá promover
perante o Poder Judiciário, a execução de tantos bens do patrimônio do devedor
quantos bastem à integral satisfação de seu crédito. A execução processar-se-á, em
regra, individualmente, com um exeqüente se voltando contra o devedor para dele
haver o cumprimento da obrigação devida.
Quando, porém, o devedor tem em seu patrimônio, bens de valor inferior à
totalidade de suas dívidas, quando ele deve mais do que tem, a regra da
individualidade da execução torna-se injusta. Isto porque não dá aos credores de
uma mesma categoria de crédito as mesmas chances. Aquele que se antecipasse na
propositura da execução possivelmente receberia a totalidade de seu crédito,
enquanto os que se demorassem – até porque eventualmente, nem tivesse ainda
vencido a respectiva obrigação – provavelmente não receberiam nada, posto
encontrarem o patrimônio do devedor já totalmente exaurido.
Assim, se o devedor possui menos bens que os necessários ao integral
cumprimento de suas obrigações, a execução destes não poderá ser feita de forma
individual, mas coletivamente. Ou seja, abrangendo a totalidade de seus credores e
a totalidade de seus bens, todo o passivo e todo o ativo do devedor. Dá-se aos
credores do devedor insolvente um tratamento parificado.
5.1.1 Histórico
Primórdios: responsabilidade pessoal (liberdade e vida)
Fase mais primitiva do Direito Romano: adjudicação do devedor pelo credor
por 60 dias, para fins de servidão. Poderia ser morto e ter ser seu corpo dividido em
tantas partes quantos fossem os credores.
• Itália Medieval: penas corporais.
• França: Uso de gorro verde
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 57/66
51
• Lex Poetelia Papiria: 428 a.C.: execução patrimonial
• Código de Napoleão de 1807: abrandamento do instituto. Diferencia
honestos de desonestos, beneficiando aqueles.
Fase mais moderna do Direito Falimentar: recuperação de empresa.
5.1.2 Conceito de falência
“É um processo de execução concursal do devedor empresário, que objetiva
a realização do ativo para o pagamento do passivo”.
Regime diferente do civil, não-empresário:
a) Recuperação de empresa: faculdade aberta exclusivamente aos devedores
empresários, em razão da qual podem reorganizar suas empresas, com maior ou
menor sacrifício dos credores, de acordo com plano aprovado ou homologado
judicialmente. Através do plano de recuperação da empresa, o devedor pode
postergar o vencimento de obrigações, reduzir seu valor ou beneficiar-se de outros
meios aptos a impedir a instauração da execução concursal.
b) Extinção das obrigações: o devedor empresário em execução concursal,
tem as suas obrigações julgadas extintas, com o rateio de mais de 50% após a
realização de todo o ativo (art. 158, II LF). Já as obrigações do devedor civil em
execução concursal somente se extinguem com o pagamento integral de seu valor
(CPC, art. 774).
Um empresário que entra em falência com um patrimônio de valor superior
a 50% de seu passivo poderá obter a declaração de extinção de suas obrigações
logo após a realização do ativo e rateio do produto apurado. Se em seguida
reconstituir patrimônio, os credores existentes ao tempo da falência não poderão
comprometê-lo; já o devedor civil na mesma situação poderia Ter o seu patrimônioreconstituído executado até o integral pagamento do passivo, salvo o decurso do
prazo de 5 anos do encerramento do processo de insolvência (art. 778 CPC).
5.1.3 Caracterização da falência: pressupostos
5.1.3.1 Sujeição passiva: devedor empresário
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 58/66
52
Empresário: “Profissional exercente de atividade econômica organizada
para a produção ou circulação de bens ou serviços” (Art. 966 CC/02).
Ex: supermercado, hotel, atacadista de gêneros alimentícios, fábrica de
calçados, concessionária de automóveis, construtora, restaurante, papelaria, editora,
livraria, farmácia, indústria química, etc.
Atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística: Art. 966,
parágrafo único CC/02.
Atividade rural: art. 971 CC/02
Totalmente excluídos da falência:
Empresas públicas e sociedades de economia mista; câmaras ou prestadoras
de serviços de compensação e de liquidação financeira.
Parcialmente excluídos da falência: a) instituições financeiras (Lei
6.024/74); b) Sociedades arrendadoras / leasing ( Res. BC 2.309/96); c)
Administradoras de consórcios (Lei 5.768/71); d) companhias de seguro (Lei
10.190/2001); e) entidades abertas de previdência complementar (LC 109/2001); f)
empresas de capitalização (Dec. Lei 261/67); operadoras de planos privados de
assistência à saúde (Lei 9.656/98).
5.1.3.2 Causa legal: insolvência
Insolvência: “Estado patrimonial em que se encontra o devedor que possui o
ativo inferior ao passivo”. O devedor empresário insolvente é que se encontra
sujeito à falência.
Insolvência para caracterizar a falência é presumida legalmente. Portanto,
não se caracteriza por um estado patrimonial, mas sim pela ocorrência de fatosprevistos em lei.
SISTEMAS:
a) Impontualidade injustificada
b) Frustração da execução
c) Atos de falência
a) IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 59/66
53
Art. 94, I LF: “Será decretada a falência do devedor que: I – sem relevante
razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em
título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40
salários-mínimos na data do pedido de falência”.
Obrigação líquida: obrigação representada em título executivo, judicial ou
extrajudicial (arts. 584 e 585 CPC).
Prova da impontualidade: protesto do título.
Se o valor do débito é inferior a 40 salários, o credor poderá executá-lo, mas
não poderá pedir a falência em razão do seu inadimplemento.
Credores do mesmo empresário cujos débitos individualmente considerados
não alcançam 40 salários mínimos, mas cuja soma alcança, podem se reunir em
litisconsórcio para requerer a falência do devedor (art. 94 § 1º LF).
Para que incida na impontualidade injustificada deve deixar de pagar títulos
executivos protestados de valor superior a 40 salários mínimos.
b) FRUSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO
Art. 94, II LF: “Será decretada a falência do devedor que: II – executado por
qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal”.
Nesse caso, a execução deve ser encerrada e o credor, munido de certidão
judicial que ateste a tríplice omissão, ingressa com o pedido de falência contra o
devedor empresário.
c) ATOS DE FALÊNCIA
Art. 94, III: Comportamentos que, pressupostamente, revelam insolvência.
Não é necessário o vencimento do título.Art. 94, III: Será decretada a falência do devedor que pratica qualquer dos
seguintes atos, exceto se fizer parte do plano de recuperação judicial:
a) Procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
• Liquidação precipitada: não se trata de uma liquidação, para renovar
estoque. Venda dos produtos a preços abaixo do custo, para “fazer dinheiro”
rapidamente, ante a perspectiva de uma falência.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 60/66
54
• Meios fraudulentos: cheque sem fundos, duplicata simulada, etc
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
• Negócio simulado: Aparência contrária à realidade. Conluio. Possui
aparência diversa da realmente pretendida pelas partes. É o negócio disfarçado.
• Venda de parte ou de todo o ativo para ocultar ou desviar bens para
fraudar credores.
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem
ficar com bens livres para saldar seu passivo;
f) abandona o estabelecimento empresarial sem deixar representante
habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de
recuperação judicial.
5.1.4 Pedido de falência
• Credor: por petição, através de advogado, no juízo do principal
estabelecimento do empresário devedor (art. 3º LF).
• Credor empresário: regular (art. 97§ 1º)
• Prova da obrigação
• Autofalência: no caso de não atendimento das condições para obter
uma recuperação judicial.
5.1.4.1 Pedido de falência: alternativas para o requerido
1) Depósito do valor devido;
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 61/66
55
Não haverá falência. Sentença denegatória.
2) Depósito e contestação;
3) Contestação;
4) Deixa transcorrer o prazo sem contestar ou depositar
5.1.5 Sentença declaratória de falência
• Introduz o falido e seus credores no regime jurídico-falimentar
• Recurso: agravo
5.1.6 Sentença denegatória de falência
• O juiz julga improcedente o pedido de falência
• Comportamento do requerente: dolo / culpa: indenização em favor do
requerido por perdas e danos
• Recurso: Apelação
5.1.7 Administrador Judicial
Nomeado pelo juiz, para administração da falência.
5.1.8 Apuração do ativo
• Proferida a sentença declaratória de falência, tem início o processo
falimentar propriamente dito.
• Definição do ativo: arrecadação de todos os bens, documentos e
escrituração do falido.
• Definição do passivo: Publicação da relação de credores.
• Habilitação e impugnação de crédito
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 62/66
56
5.1.9 Efeito da falência
Vencimento antecipado dos créditos (art. 77).
5.1.9.1 Efeitos da falência quanto à pessoa e bens do falido
• Falido: Restrição quanto ao direito de propriedade.
• Perda do direito de administrar e dispor de patrimônio.
• Ausência: art. 104, III
• Sigilo de correspondência: art. 22, III, “d”
• Exercício de profissão: art. 102
• Restrições recaem sobre representante legal da sociedade falida.
• Guarda e conservação dos bens: administrador judicial (art. 108 § 1º).
5.1.10 Atos ineficazes
Termo legal da falência: fixado pelo juiz
Não produzem qualquer efeito jurídico perante a massa. Art. 129 LF:a) Pagamento de dívida não-vencida dentro do termo legal da falência;
b) Pagamento de dívida vencida dentro do termo legal da falência, por qualquer
forma não prevista em contrato;
c) Constituição de garantia real, dentro do termo legal, tratando-se de dívida
contraída anteriormente;
d) Prática de atos gratuitos, desde 2 anos antes da decretação da falência;
e) Renúncia a herança, até 2 anos antes da decretação da falência;
f) Venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento
expresso ou o pagamento de todos os credores;
g) Registro de direitos reais e transferência de propriedade após a decretação da
falência.
5.1.11 Liquidação no processo falimentar
• Realização do ativo: venda dos bens arrecadados, juntos ou separados,
em leilão ou propostas
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 63/66
57
• Pagamento do passivo
5.1.12 Classificação dos créditos
(Conflitos: diversidade de leis)
Art. 83 LF
1) Créditos trabalhistas limitados a 150 salários mínimos por credor e
crédito decorrente de acidente do trabalho;
2) Crédito com garantia real;
3)
Crédito tributário;4) Créditos privilegiados;
5) Créditos quirografários.
5.1.13 Encerramento da falência
Exaurido o produto da venda dos bens do falido: Sentença que põe fim ao
processo.Reabilitação do falido: após àquela sentença, deverá o falido requerer, por
sentença a sua reabilitação, que ocorrerá nas seguintes hipóteses, previstas no art.
158 LF:
a) Pagamento dos créditos ou novação;
b) Rateio de mais de 50% do passivo, facultado o depósito da quantia
necessária para atingir-se esta percentagem;
c) Decurso do prazo de 5 anos após o encerramento da falência, se não
houve crime falimentar;
d) Decurso do prazo de 10 anos após o encerramento da falência, se
houve condenação por crime falimentar.
5.2 Recuperação Judicial
• Viabilidade da empresa
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 64/66
58
• Objetivo: viabilizar a superação da crise econômico-financeira do
devedor empresário, permitindo-se a manutenção da atividade.
• Alguns dos Instrumentos:
a) dilação de prazos ou revisão das condições de pagamento;
b) operação societária, como fusão, incorporação, cisão;
c) alteração do controle societário;
d) reestruturação da administração, com substituição dos
administradores;
e) concessão aos credores de direito de eleição de administradores ou de
veto;
f) aumento do capital social;
g) redução salarial, mediante acordo ou convenção coletiva;
h) dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo;
i) venda parcial de bens, visando o levantamento de recursos para
investimento ou pagamento de dívidas;
j) emissão de valores mobiliários;
k) adjudicação de bens a credores para diminuir o passivo.
5.2.1 Assembléia geral de credores
Competência:
a) Aprovar, rejeitar ou revisar o plano de recuperação judicial: mais da
metade dos credores presentes, em cada instância classista;
b) Eleger gestor judicial, quando afastados os diretores;
c) Deliberar sobre qualquer outra matéria de interesse dos credores;
5.2.2 Administrador judicial
Auxiliar do juiz e nomeado por ele. Ora tem poderes de administração da
empresa, ora atua como uma espécie de fiscal.
COMITÊ: Órgão facultativo e competência fiscal.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 65/66
59
5.2.3 Processo de recuperação judicial
1) FASE POSTULATÓRIA
Requerimento ao juízo por petição.Legitimidade: empresário ou sociedade empresária.
Requisitos: a) não ser falida; b) deve existir regularmente a mais de 2 anos;
c) não pode Ter obtido o mesmo benefício a menos de 5 anos; d) sócio
administrador ou controlador não podem ter sido condenados pela prática de crime
falimentar; e) apresentação de plano viável de recuperação da empresa; f)
documentação.
2) FASE DELIBERATIVA
• Verificação dos créditos
• Avaliação do plano de recuperação: pela Assembléia de credores.
• Aprovado o plano: homologação pelo juiz.
• Rejeição do plano: o juiz deve decretar a falência do requerente.
• Concedida a recuperação, deve-se agregar ao nome: “em recuperação
judicial”.
• Deferimento do benefício: inscrição na Junta Comercial.
• Descumprimento do plano: falência
5.2.4 Recuperação extrajudicial de empresa
• Homologação facultativa: adesão da totalidade dos credores.
• Homologação obrigatória: adesão de parte significativa de credores
(60% do passivo de cada classe). Efeitos, via de regra, se estenderão a todos os
credores.
8/6/2019 Oficial Apostila Direito rial
http://slidepdf.com/reader/full/oficial-apostila-direito-rial 66/66
60
BIBLIOGRAFIA
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de empresa. 20.ed.
São Paulo: Saraiva, 2008.
DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. v.1. 14.ed. São Paulo: Saraiva,
2000.
____. Curso de Direito Comercial. v.2. 10.ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
NEGRAO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa: evolução
história do direito comercial, teoria geral da empresa, direito societário. v.1. 5.ed.
São Paulo: Saraiva, 2007.
____. Manual de direito comercial e de empresa: recuperação judicial e
extrajudicial, falência, concordatas em curso, intervenção e liquidação extrajudicial
e regime de administração temporária. v.3. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
REQUIAO, Rubens. Curso de Direito Comercial. v.1. 27.ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
____ Curso de Direito Comercial. v.2. 25.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.