apostila ea 1 diodos 2014 oficial

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i C C u u r r s s o o T T é é c c n n i i c c o o d d e e M M e e c c a a t t r r ô ô n n i i c c a a E E L L E E T T R R Ô Ô N N I I C C A A A AN N A AL L Ó Ó G G I I C C A A E E D D E E P P O O T T Ê Ê N N C C I I A A Fundamentos e Guias de Aulas Práticas Ensino Técnico Volume 1 - DIODOS PROF. ANDRÉ BARROS DE MELLO OLIVEIRA LED diode CAMPUS VARGINHA EDIÇÃO 2014

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    Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Ensino Tcnico

    Volume 1 - DIODOS

    PROF. ANDR BARROS DE MELLO OLIVEIRA

    LED diode

    CAMPUS VARGINHA EDIO 2014

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas ii

    Campus Varginha

    Av. dos Imigrantes, 1000. Bairro Vargem. Varginha MG. CEP: 37.022-560. Telefone: (35) 3690 4200. Homepage: http://www.varginha.cefetmg.br

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2014. iii

    Prefcio

    Este texto oferece um material bsico de referncia para as aulas tericas e prticas da disciplina Eletrnica

    Analgica e de Potncia, do Curso Tcnico de Mecatrnica.

    Para o bom aproveitamento deste material, foi pensada e posta em prtica uma sequencia que possibilita a

    consolidao dos conceitos tericos atravs da leitura dos tpicos, dos exemplos resolvidos e da resoluo de

    problemas e exerccios, incluindo exerccios de simulao. Alm disso, foram inseridos vrios guias de aulas prticas

    (para trabalhos em grupos de at cinco alunos).

    Este volume apresenta a teoria e as aplicaes dos principais diodos semicondutores: diodo retificador, diodo

    LED e diodos zener. So apresentadas tambm vrias simulaes, atravs do PSpice

    , um software consagrado

    utilizado por engenheiros, pesquisadores, professores e estudantes no mundo inteiro.

    Vale salientar que o presente texto no deve substituir a literatura tcnica da rea, pois as referncias

    bibliogrficas so, alm de base desta obra, muito enriquecedoras em aspectos tericos e prticos. O bom aluno deve

    sempre ler e pesquisar os assuntos referentes a esta disciplina do curso nos excelentes livros editados em portugus,

    alm de apostilas e tutoriais disponveis na Internet.

    Pede-se a compreenso dos alunos e professores pelos eventuais erros. Assim sendo, so imensamente bem-

    vindas as crticas, sugestes e correes, que certamente contribuiro para a melhoria deste material didtico, que

    brevemente, poder se transformar em livro.

    Varginha, abril de 2014.

    Professor Andr Barros de Mello Oliveira.

    E-mail: [email protected]

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas iv

    Agradecimentos

    Em primeiro lugar, agradeo a Deus pelo dom da vida e por ter me proporcionado sade e vontade para

    realizar este trabalho.

    Agradeo aos professores Mrcio Silva Baslio, diretor geral do CEFET-MG, Gilze Belm Chaves Borges,

    diretora do Campus Varginha e Wanderley Xavier Pereira, coordenador do curso tcnico de Mecatrnica, pelo

    constante incentivo para a produo de um material didtico de qualidade.

    Agradeo ao tcnico de laboratrio da rea Eletroeletrnica, Antnio Carlos Borges, pelo constante apoio

    durante a elaborao de vrias aulas prticas e tambm aos alunos das disciplinas Circuitos Eltricos e Eletrnica

    Analgica e de Potncia, pelas dicas de melhoria das transparncias e guias de aulas prticas, material de base para

    este texto.

    Por ltimo, um agradecimento especial Grfica do CEFET-MG, localizada no Campus I, em Belo

    Horizonte, que sempre nos atendeu com timos servios de impresso e encadernao, sempre dentro do prazo.

    Andr Barros.

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2014. v

    BIOGRAFIA

    Andr Barros de Mello Oliveira nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 17 de julho de 1969. Formou-se em

    Engenharia Industrial Eltrica pelo Centro Federal de Educao Tecnolgica de Minas Gerais (CEFET-MG), em

    dezembro de 1992. Obteve o ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica pela Universidade Federal de Minas Gerais

    (UFMG), em dezembro de 1998, na rea de Eletrnica de Potncia. Atuou como professor em Escolas de formao

    tcnica em Belo Horizonte, como o SENAI, a Utramig, o SESI e o CEFET-MG, at 2001. De 2001 a 2006 foi

    professor/pesquisador nos cursos de Engenharia de Telecomunicaes e de Engenharia Eltrica do Centro

    Universitrio de Belo Horizonte (Uni-BH). Desde outubro de 2006 professor do CEFET-MG em Varginha, tendo

    atuado nos cursos tcnicos de Informtica Industrial e Mecatrnica, at 2009. Atualmente professor no curso

    tcnico de Mecatrnica, onde, alm de ministrar aulas, vem orientando alunos nos programas de Iniciao Cientfica

    e de Estgio Supervisionado.

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas vi

    Lista de alguns termos e siglas da rea Eletroeletrnica

    A - Abbreviation for "ampere" a unit of electrical current.

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas. rgo responsvel pela normalizao tcnica no Brasil,

    fornecendo a base necessria ao desenvolvimento tecnolgico brasileiro. Trata-se de uma entidade privada e sem fins

    lucrativos e de utilidade pblica, fundada em 1940.

    AC/DC - Equipment that will operate on either an AC or DC power source.

    AC generator - Device used to transform mechanical energy into AC electrical power.

    AC voltage - A voltage in which the polarity alternates.

    AC Alternating Current. Polarity current moving from positive to negative.

    Amplitude - the strength of an electronic signal.

    AOP ou Amp-Op Amplificador Operacional.

    ANSI American National Standards Institute, Instituto de normas dos Estados Unidos que publica recomendaes e

    normas em praticamente todas as reas tcnicas.

    AWG - Abbreviation for "American wire gauge". A gauge that assigns a number value to the diameter of a wire.

    Beta - (b) The ratio of collector current to base current in a bipolar junction transistor (BJT).

    Bipolar junction transistor - (BJT), A three terminal device in which emitter to collector current is controlled by base

    current.

    BJT Bipolar Junction Transistor.

    CA Corrente Alternada.

    CAD - Abbreviation for "computer aided design"

    Center TAP - Midway connection between the two ends of a winding.

    Center tapped rectifier - Circuit that make use of a center tapped transformer and two diodes to provide full wave

    rectification.

    Center tapped transformer - A transformer with a connection at the electrical center of a winding.

    CC Corrente Contnua.

    DC Direct Current (corrente contnua).

    Direct Current / DC - consistent current that moves in one direction.

    Earth - a source that grounds the rest of the electronics.

    Farad - a unit of measurement used with capacitance.

    GND de Ground (terra). Potencial de referncia de um circuito eltrico, tomado como nvel zero (0 V).

    IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrnicos)

    LCD Liquid Cristal Display (Tela de Cristal Lquido)

    LDR Light Dependent Resistor

    LED - Light Emitting Diode (diodo emissor de luz)

    MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor.

    - Rendimento.

    Op-Amp Operational amplifier.

    RMS Root Mean Square (valor mdio quadrtico).

    RPM (ou rpm) Rotaes por minuto.

    TJB - transistor (ou transistor) de juno bipolar.

    VCC Tenso Contnua (o mesmo que VDC).

    RMS - acronym meaning Root Mean Squared.

    Volt - unit measuring electromotive force.

    Watt - unit measuring power.

    Fontes:

    1) Glossary / Dictionary of Electronics Terms, em http://www.hobbyprojects.com/dictionary/a.html 2) Glossary of Electronic Terms - http://www.datarecoverylabs.com/electronic-glossary.html

    3) Electronic Engineering Electronic - http://www.interfacebus.com/Glossary-of-Terms.html

    INTERESSANTE!

    http://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/electrical+diagram.html

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. vii

    Alfabeto Grego

    Maisculas Minsculas Nome

    Clssico Prefixos SI

    *

    A Alfa

    Fator Prefixo Smbolo

    10-3

    mili m

    10-6

    micro 10

    -9 nano n

    10-12

    pico p

    103 quilo k

    106 mega M

    109 giga G

    1012

    tera T

    * SI: Sistema Internacional de Unidades, um conjunto sistematizado e padronizado de

    definies para unidades de medida, utilizado em quase todo o mundo moderno, que

    visa a uniformizar e facilitar as medies e as relaes internacionais da decorrentes.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Internacional_de_Unidades

    Fonte: http://itp.nyu.edu/physcomp/uploads/arduino_bb_pot_transistor_motor_diode.png

    B Beta

    Gamma

    Delta

    E Epsilon

    Z Zeta

    H Eta

    Theta

    I Iota

    K Kappa

    Lambda

    M Mu

    N Nu

    Xi (ksi)

    O Omicrn

    Pi

    P Rho

    Sigma

    T Tau

    Y Upsiln

    Phi

    X Chi

    Psi

    mega

    "Escola de Atenas", Rafael Sanzio. Retrata filsofos gregos e personalidades da poca do pintor.

    Fonte: http://www.drsa.com.br/wp-content/uploads/2010/10/escola_atenas_rafael.jpg.

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS viii

    Campus Varginha

    Av. dos Imigrantes, 1000. Bairro Vargem. Varginha MG. CEP: 37.022-560. Telefone: (35) 3690 4200. Homepage: http://www.varginha.cefetmg.br

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. ix

    SUMRIO

    Captulo 1 Diodos: caractersticas, operao, circuitos e aplicaes ................................................................... 11

    1.1 - Histrico da Eletrnica (Fatos Relevantes) ..................................................................................................... 11

    1.2 Diodos: caractersticas construtivas e operao ............................................................................................ 15

    1.2.1 Condutores e Semicondutores ................................................................................................................. 15

    1.2.2 Estrutura Cristalina .................................................................................................................................. 16

    1.2.3 Alterao das propriedades eltricas de um material semicondutor ........................................................ 19

    1.2.4 Materiais Extrnsecos - Tipos p e n ......................................................................................................... 20

    1.2.5 - Fluxo de Eltrons x fluxo de Lacunas ...................................................................................................... 21

    1.2.6 Juno PN: a construo do diodo ........................................................................................................... 22

    1.2.7 Curva Caracterstica do diodo. Aproximaes e modelos ....................................................................... 24

    1.2.8 Especificaes Tcnicas e Teste do Diodo .............................................................................................. 30

    1.3 Portas Lgicas com Diodos ............................................................................................................................ 34

    1.3.1 Porta Lgica E (AND) ............................................................................................................................. 34

    1.3.2 Porta Lgica OU (OR) ............................................................................................................................. 34

    1.4 Circuitos com Diodos ...................................................................................................................................... 37

    1.4.1 Configuraes em SRIE ........................................................................................................................ 37

    1.4.1.1 Anlise por Reta de Carga .................................................................................................................... 39

    1.4.2 Configuraes em Paralelo e Mistas (srie-palarela) ............................................................................... 42

    1.5 Dispositivos Especiais ..................................................................................................................................... 44

    1.5.1 Diodos LED e Display de 7 Segmentos .................................................................................................. 44

    LR 1 - Leitura Recomendada: Por que uma lmpada de LED mais econmica? ............................................. 50

    LR 2 - LED x Incandescente x Fluorescente ....................................................................................................... 50

    Recommended Reading: Colours of LEDs. ......................................................................................................... 52

    1.5.2 Sensores de Luz ....................................................................................................................................... 54

    1.5.2.2 O Dispositivo Optoacoplador ............................................................................................................... 56

    1.5.3 Sensores de Temperatura: NTC e PTC .................................................................................................... 56

    1.6 Circuitos Retificadores (CA-CC) .................................................................................................................... 58

    1.6.1 O Transformador ..................................................................................................................................... 59

    1.6.2 Retificador de Meia-Onda (MO) ............................................................................................................. 60

    1.6.3 - Retificador Monofsico de Onda-Completa (OC) .................................................................................... 66

    1.7 Projeto de Filtro Capacitivo em Retificadores ................................................................................................ 74

    1.7.1 Filtro capacitivo em um retificador operao e parmetros .................................................................. 74

    1.8 Circuitos Ceifadores e Grampeadores ............................................................................................................ 80

    1.8.1 Ceifador tipo Srie ................................................................................................................................... 80

    1.8.2 Ceifador tipo Paralelo .............................................................................................................................. 82

    1.8.3 Circuitos Grampeadores .......................................................................................................................... 86

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS x

    1.9 Diodos Zener ................................................................................................................................................... 92

    1.9.1 - Diodo Zener: conceito, simbologia e aplicaes ...................................................................................... 92

    1.9.2 Topologias de Regulao de tenso com o diodo Zener .......................................................................... 93

    Apndice I Listas de Exerccios e Prolemas (LEPs) .............................................................................................. 99

    Apndice II Guias de Aulas Prticas .................................................................................................................... 112

    Aula Prtica 1 Medio de Valores Caractersticos atravs do Osciloscpio Digital ....................................... 113

    Aula Prtica 2 A Curva Caracterstica do Diodo Retificador (I x V) ................................................................ 118

    Aula Prtica 3 Diodos LED e Display de 7 segmentos ........................................................................................ 123

    Aula Prtica 4 Portas Lgicas com Diodos .......................................................................................................... 126

    Aula Prtica 5 Retificador Monofsico de onda e de onda completa Carga R e RC ................................ 129

    Aula Prtica 6 Circuitos Limitadores e Grampeadores de Tenso ................................................................... 134

    Aula Prtica 7 Regulador de Tenso com Zener: operao e medies ............................................................ 137

    Apndice III Plano de Ensino da Disciplina Eletrnica Analgica e de Potncia............................................. 140

    Apndice IV A Matriz de Contatos (protoboard) ................................................................................................. 143

    Apndice V Cdigos de Cores de Resistores 4 e 5 Faixas ................................................................................ 145

    Apndice VI Principais diodos ZENER - Parmetros ........................................................................................ 146

    Apndice VII Anlise Computacional para Circuitos Eltricos e Eletrnicos ................................................. 148

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................................................................................ 150

  • 11

    Captulo 1 Diodos: caractersticas, operao, circuitos e aplicaes Captulo

    11 Diodos: caractersticas, operao, circuitos e aplicaes

    1.1 Histrico da Eletrnica (Fatos Relevantes). 1.2 Diodos: caractersticas construtivas e operao. 1.3 Portas lgicas com diodos. 1.4 Circuitos com Diodos. 1.5 Dispositivos Especiais. 1.6 Circuitos Retificadores (CA-CC). 1.7 Projeto de Filtro Capacitivo em Retificadores. 1.8 Circuitos ceifadores e grampeadores. 1.8 Diodos Zener.

    1.1 - Histrico da Eletrnica (Fatos Relevantes)

    A Eletrnica a cincia que estuda meios de controle da energia eltrica em diversos sistemas, com

    o uso de tecnologias onde os semicondutores ocupam o papel principal. A Fig. 1 mostra alguns tipos de

    diodos, que tm aplicaes em diversos circuitos, como em fontes de corrente e tenso contnuas (CC),

    em sinalizadores de nvel (diodos LED ou emissores de luz) e outros.

    Fig. 1 Tipos de Diodos, em encapsulamento discreto e integrado (em ponte). Fonte: http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/diodo/diodos.png

    No site do Wikipdia, v-se uma definio mais abrangente:

    (...) podemos dizer que a eletrnica o ramo da cincia que estuda o uso de circuitos formados por

    componentes eltricos e eletrnicos, com o objetivo principal de representar, armazenar, transmitir ou

    processar informaes alm do controle de processos e servo mecanismos. Sob esta tica, tambm se pode

    afirmar que os circuitos internos dos computadores (que armazenam e processam informaes), os sistemas

    de telecomunicaes (que transmitem informaes), os diversos tipos de sensores e transdutores (que

    representam grandezas fsicas - informaes - sob forma de sinais eltricos) esto, todos, dentro da rea de

    interesse da Eletrnica.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eletrnica.

    Pode-se dividir a Eletrnica em dois formatos: analgica e digital. A Eletrnica Analgica, que

    ser estudada neste texto, como o prprio nome diz, processa sinais eltricos analgicos, os quais tm

    variao contnua em relao ao tempo. A sua representao mais caracterstica uma curva, como

    mostra a Fig. 2.

    Um sinal digital aquele onde h descontinuidade (valores discretos) no tempo e em amplitude

    veja a Fig. 3. Este ltimo estudado na disciplina Sistemas Digitais e tem aplicaes diversas, como nos

    microprocessadores e microcontroladores.

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 12

    Fig. 2 Sinal Analgico. Fig. 3 Sinal Digital.

    A seguir, a Tabela 1 apresenta alguns fatos histricos que contriburam para o desenvolvimento

    da Eletrnica, com especial destaque para o surgimento do transistor.

    aconselhvel ao leitor uma pesquisa na internet, onde se encontram diversos trabalhos a

    respeito da evoluo da Eletrnica e dispositivos ver tambm como tema de pesquisa a histria da

    computao.

    Tabela 1 - Fatos marcantes para o desenvolvimento da Eletrnica.

    Year Event

    1895 Marconi first radio transmission

    1904 Fleming Valve (Diode Vacuum Tube)

    1907 Deforest Triode vacuum tube (Audion) Age of electronics begins

    1905 TV demonstrated

    1940 Radar developed during Word War II

    1947

    Bipolar transistors

    invented by Bardeen,

    Brattain & Shockley at

    Bell Laboratories

    1952 Commercial production of silicon bipolar transistors at Texas Instruments

    1956 Bardeen, Brattain & Shockley receive Nobel Prize for invention of bipolar transistor

    1958 Simultaneous development of the integrated circuit by Kilby (2000 Nobel Prize) at Texas

    Instruments & Noyce and Moore at Fairchild Semiconductor

    1961 First commercial digital IC available from Fairchild Semiconductor

    1967 First Semiconductor RAM (64bits) discussed at the IEEE International Solid-Sate Circuits

    Conference (ISSCC)

    1968 Introduction of the first commercial IC operational amplifier the A 709 by Fairchild

    Semicnductor

    1971 Introduction of the 4004 microprocessor by Intel

    1978 First 16 bit Microprocessor

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. 13

    A inveno da vlvula trodo em 1907, por Lee de Forest inaugura a era da Eletrnica.

    Aperfeioando a vlvula dodo, inventada por Fleming poucos anos antes, Forest construiu o primeiro

    dispositivo eletrnico capaz de amplificar tenses eltricas.

    Segundo Newton Braga, entre as 10 invenes mais importantes do milnio, o transistor ocupa um

    lugar de destaque (BRAGA, 2013). Se hoje temos computadores pessoais, telefones celulares, e muitos

    outros equipamentos eletrnicos compactos e baratos graas inveno deste componente.

    Reading

    The transistor is the key active component in practically all modern electronics. Many consider it

    to be one of the greatest inventions of the 20th century. Its importance in today's society rests on its

    ability to be mass-produced using a highly automated process (semiconductor device fabrication) that

    achieves astonishingly low per-transistor costs. The invention of the first transistor at Bell Labs was

    named an IEEE Milestone in 20091.

    As Figuras 4, 5, 6, 7 e 8 apresentam de modo grfico alguns dos fatos relatados na Tabela 1 - em

    resumo -, a evoluo da vlvula at o CI, circuito integrado.

    As vlvulas terminicas ou eletrnicas so hoje qualificadas como ultrapassadas, obsoletas,

    volumosas e tambm grandes consumidoras de energia eltricas.

    Mas elas ainda resistem em aplicaes especficas. No uso domstico, esto presentes em fornos de

    microondas (magntron) e em televisores e monitores de vdeo (CRTs tubo de raios catdicos de

    imagem). Este ltimo est perdendo o lugar para telas de cristal lquido (e de outros tipos como a de

    LEDs). Tambm so usadas em equipamentos industriais, radares, transmissores de potncia etc.

    Alm do volume e do consumo de energia para aquecimento, uma outra desvantagem das vlvulas

    em relao aos semicondutores so as tenses altas que precisam para operar. O filamento aquecido

    com tenso baixa (5V; 6,3V; 12V etc), mas a placa requer valores bem maiores. Valores tpicos para

    aparelhos comuns esto na faixa de 100 a 300 V. Vlvulas de alta potncia requerem em geral alguns

    milhares de volts.

    Fonte: http://www.amplificadores.com.br

    Fig. 4 Esquema da vlvula a triodo.

    1 "Milestones: Invention of the First Transistor at Bell Telephone Laboratories, Inc., 1947". IEEE Global History Network. IEEE.

    Retrieved 3 August 2011.

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 14

    Fig. 5 A inveno do Transistor Bipolar, em 1947.

    Fig. 6 Diagrama esquemtico e montagem do primeiro CI 1958.

    Fig. 7 O primeiro CI disponvel no mercado porta lgica RTL.

    Fig. 8 - Evoluo da Eletrnica: da vlvula at o circuito integrado.

    Fonte: http://www.beatriceco.com/bti/porticus/bell/images/tube-trans_history.jpg

    1947 Bipolar Transistorinvented by Bardeen, Brattain & Shockley at

    Bell Laboratories 1958O primeiro CI, circuito

    integrado, fabricado

    pela Texas InstrumentsImplementao do primeiro CI.

    1962

    Resistor-transistor logic

    (RTL) First IC with

    wide acceptance in the

    comercial market

    A 3-input RTL

    NOR gate circuit

    Logic symbol for a

    2-input RTL NOR

    gate circuit

    Photomicrograh of a 3-input RTL NOR gate

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. 15

    1.2 Diodos: caractersticas construtivas e operao

    1.2.1 Condutores e Semicondutores

    O modelo atmico de Bohr (devido ao cientista Niels Bohr) apresenta o tomo constitudo por:

    ncleo (prtons + nutrons) e eletrosfera (eltrons em movimento) Fig. 9. Ex.: tomo de Silcio (Si),

    com 14 eltrons orbitando em torno do ncleo, onde esto os 14 prtons e 14 nutrons.

    Fig. 9 Representao do Modelo atmico de Bohr. Fonte:

    http://www.gtcceis.anl.gov/images/photos/AtomNucleus.jpg.

    Com base neste modelo, classificam-se os materiais eltricos em trs tipos (veja a Tabela 2):

    Tabela 2 Tipos de materiais eltricos, de acordo com a resistividade (inverso da condutividade).

    Condutor Semicondutor Isolante

    Cobre: 10-6 .cm Germnio (Ge): 50 .cm

    Silcio (Si): 50 x 103 .cm Mica: 10+12 .cm

    a) Condutor: material que sustenta um fluxo de carga, quando uma fonte de f.e.m. de amplitude limitada

    aplicada a seus terminais. Apresentam um e- livre na ltima camada (camada de valncia

    2). A

    resistividade nesse tipo de material muito baixa veja o conceito grfico de resistividade na Fig. 10

    (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004).

    Fig. 10 Representao grfica da resistividade e condutividade (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    2 a ltima camada do tomo ou o ltimo nvel de uma distribuio eletrnica. Normalmente os eltrons pertencentes camada

    de valncia so os que participam de alguma ligao qumica, pois so os mais externos.

    Na qumica, valncia um nmero que indica a capacidade que um tomo de um elemento tem de se combinar com

    outros tomos, capacidade essa que medida pelo nmero de eltrons que um tomo pode doar, receber, ou compartilhar de

    forma a constituir uma ligao qumica.

    R

    A = 1 cm2

    1 cm

    l = 1 cm

    l

    N eltrons

    2.

    cmlR cm

    A cm

    rea (A)

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 16

    b) Isolante: oferece um nvel muito baixo de condutividade sob a presso de uma fonte de tenso

    aplicada. Apresentam 8 e- livres na ltima camada. Veja um exemplo de aplicao na Fig. 11 (cabos

    eltricos).

    Fig. 11 - Um cabo eltrico constitudo de condutores e isolantes.

    Fonte: http://www.alofonextensao.com.br/Produto/Detalhe/9/Cabos-El%C3%A9tricos

    c) Semicondutor: possui 4 e- livres na ltima camada. Exemplos de materiais semicondutores, utilizados

    para a fabricao de dispositivos eletrnicos como transistores e circuitos e integrados: Silcio (Z = 14) e

    Germnio (Z = 32), onde Z o nmero atmico do elemento (Tabela Peridica).

    1.2.2 Estrutura Cristalina

    1.2.2.1 Nveis de Energia e Ligaes Covalentes

    O e- (eltron), no tomo, ao receber energia, salta para uma rbita mais externa (Fig. 12, nveis

    discretos de energia em um tomo). A energia maior para as camadas mais externas. A Tabela 3 mostra

    os nveis de energia com o nmero de eltrons para cada um. A energia (W) associada com cada eltron,

    medida em eV (eltron-Volts) ver (1).

    W = Q.V [eV] (1)

    da: W = 1,6 x 10-19

    C x 1 V W = 1,6 x 10-19 J (joule)

    A Fig. 13 mostra os gaps (intervalos) entre os nveis discretos de energia. Estes nveis de energia

    so associados a cada eltron em rbita. A Fig. 14 apresenta as bandas de conduo e de valncia em

    materiais isolantes, semicondutores e condutores.

    Tabela 3 Distribuio eletrnica por nvel de energia (modelo atmico de Bohr).

    Nvel de Energia Nmero de

    eltrons

    K 2

    L 8

    M 8 ou 18

    N 8, 18 ou 32

    O 8 ou 18

    P 8 ou 18

    Q 8 Fig. 12 A Energia do eltron maior nos nveis mais externos.

    Ncleo:

    Prtons e

    Nutrons

    K L M N O P Q

    e-

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    Fig. 13 - Nveis discretos nas estruturas atmicas isoladas (Boylestad e Nashelsky, 2004).

    Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    (a) (b) (c)

    Fig. 14 (Boylestad e Nashelsky, 2004) - Bandas de conduo e de valncia de um isolante (a), semicondutor (b) e

    condutor (c). Exemplos: Eg = 1,1 eV (Si). Eg = 0,67 eV (Ge). Eg = 1,41 eV (GaAs). Copyright 2002 by Pearson

    Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    Finalmente, veem-se na Fig. 15 a estrutura atmica dos materiais semicondutores Germnio e

    Silcio. Ambos possuem 4 eltrons de valncia, o que define as suas propriedades eletrnicas.

    Fig. 15 - Estrutura Atmica do Germnio e do Silcio (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002

    by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    Apesar de as ligaes covalentes serem bastante fortes entre si (veja a Fig. 16), a agitao trmica

    ou a incidncia de luz pode provocar a quebra de algumas ligaes, o que deixa, ento, o eltron livre

    Energy

    Energy gap

    Energy gap

    etc.

    Nucleus

    Valance Level (outermost shell)

    Second Level (next inner shell)

    Third Level (etc.)

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 18

    para conduo. O termo eltron livre diz respeito ao fato de que seus movimentos podem ser alterados

    pela aplicao de um potencial eltrico, calor ou luz.

    Fig. 16 Esquema de uma ligao covalente, a qual o resultado de foras atrativas e repulsivas. Fonte: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAe5TcAH-1.jpg.

    A Fig. 17 mostra as ligaes covalentes em um tomo de Si (4 e- na ltima camada). Na Fig. 18

    so vistas: uma representao da estrutura cristalina para o tomo de Si e outro formato para ilustrar as

    suas ligaes covalentes.

    Para qualquer um dos quatro eltrons destes tomos de valncia igual a + 4, o potencial de

    ionizao menor do que para qualquer outro na estrutura (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004).

    Sempre que uma ligao covalente se rompe, surgem de modo simultneo, um eltron e uma lacuna. Se,

    entretanto, um eltron preencher o lugar de uma lacuna, completa-se novamente uma ligao covalente e

    este processo denominado de RECOMBINAO.

    Como tanto os eltrons como as lacunas aparecem e desaparecem aos pares, pode-se afirmar que,

    num cristal semicondutor puro, o nmero de eltrons livres sempre igual ao nmero de lacunas.

    Fig. 17 - Exemplo de ligao covalente: tomos de Silcio.

    (a) (b)

    Fig. 18 - Outra representao da estrutura cristalina (a) e das ligaes covalentes (b) no elemento qumico Silcio.

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    Aplicaes do elemento qumico Silcio

    Fonte: http://www.mspc.eng.br/quim1/quim1_014.asp

    um dos elementos mais teis. Compostos como areia e argila so amplamente usados na

    construo civil. Usado em refratrios para altas temperaturas. Silicatos so empregados na

    fabricao de esmaltes. Slica a principal substncia do vidro.

    um elemento importante para a vida animal e vegetal. Algas extraem slica da gua, para

    formar as paredes das suas clulas. O esqueleto humano contm slica.

    um importante ingrediente do ao. Por exemplo, o Carboneto de silcio (SiC) uma das

    substncias mais duras e usado em abrasivos.

    O Silcio puro com adio de traos de outros elementos como boro, glio, etc tm

    propriedades semicondutoras, sendo amplamente aplicado em componentes eletrnicos.

    Tambm usado em lasers.

    Silicones so polmeros com cadeias de tomos de silcio e oxignio alternados e tm amplas

    aplicaes industriais e medicinais em razo das suas propriedades eltricas e qumicas.

    1.2.3 Alterao das propriedades eltricas de um material semicondutor

    O Silcio e o Germnio podem ser fabricados em um nvel muito grande de pureza. Nveis de

    impureza: 1/(10 x 109). Um semicondutor refinado (reduo do nvel de impurezas a um nvel muito

    baixo) denominado Material Intrnseco.

    A adio de uma parte de impureza do tipo adequado altera as propriedades eltricas destes

    materiais. Tal processo denominado DOPAGEM (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004). feita a

    insero proposital de impurezas na ordem de 1 para cada 106 tomos do cristal.

    Como alterar as propriedades eltricas (condutividade) dos semicondutores? Atravs de:

    1. mudanas na temperatura (energia trmica);

    2. incidncia de luz (energia dos ftons) e

    3. atravs da introduo de impurezas processo de dopagem.

    Eltrons livres presentes naturalmente no material semicondutor (sem alterao de sua estrutura):

    so chamados de portadores intrnsecos. Por ex.: na mesma temperatura, um material de Germnio

    intrnseco apresenta em torno de 2,5 x 1013

    portadores livres / cm3, 10

    3 vezes mais que um de Silcio, o

    que justifica que o Germnio seja melhor condutor.

    Com o aumento da temperatura de um semicondutor,

    ocorre um aumento significativo no nmero de e- livres. Os

    eltrons de valncia adquirem energia trmica suficiente para

    quebrarem as ligaes covalentes, resultando num aumento na

    condutividade (veja a Fig. 19).

    Os materiais semicondutores apresentam, portanto,

    um coeficiente de temperatura negativo - ocorre a reduo da

    resistncia com o aumento da temperatura. Nos metais

    (condutores) acontece o oposto (coeficiente de temperatura

    positivo).

    Fig. 19 Formao de um eltron livre com o aumento da energia

    trmica em um tomo de Silcio.

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 20

    1.2.4 Materiais Extrnsecos - Tipos p e n

    Aps a dopagem de um material semicondutor, este denominado de material extrnseco.

    Existem dois tipos de materiais extrnsecos:

    1) Material tipo n

    criado introduzindo-se os elementos de impureza que possuem 5 e- de valncia (pentavalentes).

    Ex.: Antimnio, Arsnio e Fsforo veja a Fig. 20, onde foi utilizado como impureza o elemento

    Antimnio.

    Fig. 20 Duas formas de representao da dopagem do tomo de Silcio com tomos pentavalentes (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights

    reserved.

    O 5o. e- de valncia do Antimnio desassociado na ligao est relativamente livre para mover-se

    dentro do material tipo n, resultando em aumento da condutividade. O Sb neste processo um material

    DOADOR (doa 1 eltron). O Silcio com a impureza pentavalente chamado de semicondutor tipo n,

    onde n est relacionado com negativo. O e- neste material chamado de portador majoritrio.

    2) Material tipo p

    construdo introduzindo-se os elementos de impureza com 3 e- de valncia. Ex.: Boro, Glio e

    ndio - Fig. 21. A lacuna, ou buraco (ausncia de e-) resultante ir rapidamente aceitar um e

    - livre e tem

    carga eltrica positiva, identificando o material tipo p (p de positivo). O tomo de Boro, na figura ao lado,

    um material receptor. Note-se que a lacuna ir aceitar rapidamente um eltron livre.

    Fig. 21 - Duas formas de representao da dopagem trivalentedo tomo de Silcio com tomos trivalentes

    (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey

    07458. All rights reserved.

    5 eltron de

    Valncia do Antimnio

    Dopagem pentavalente num cristal de Silcio (com tomo

    de Sb)

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    1.2.5 - Fluxo de Eltrons x fluxo de Lacunas

    Como visto no item anterior, o processo de dopagem possibilita a construo de semicondutores

    tipo p e tipo n. As lacunas (holes, em ingls) num semicondutor tambm produzem uma corrente. Ento

    h dois trajetos para a corrente: uma atravs da banda de conduo (rbitas maiores) e outro da banda de

    valncia (rbitas menores) Figuras 22 e 23.

    Fluxo de eltrons

    X

    Fluxo de lacunas

    Condutor: estrada

    de mo nica.

    Semicondutor:

    estrada de

    mo dupla.

    Fig. 22 Fluxo de eltrons x fluxo de lacunas (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    (a) (b)

    Fig. 23 O fluxo de lacunas (de A para F) num semicondutor. (a) Corrente de lacunas. (b) Diagrama de Energia da corrente de lacunas.

    A corrente da banda de conduo num semicondutor semelhante corrente no fio de cobre;

    porm a corrente da banda de valncia bem diferente. Observe a lacuna na extremidade direita da Fig.

    23 e o eltron sem movimento atravs da trajetria de A at F. Esta lacuna atrai o eltron de valncia em

    A. Com uma pequena variao de energia, este eltron de A se move para a lacuna, o que gera uma nova

    lacuna em A, que atrai o eltron de valncia em B e assim por diante, de modo a se formar um fluxo de

    lacunas (MALVINO, 1997).

    O que ocorre em termos de nveis de energia o seguinte: a energia trmica bombeia um eltron

    da banda de valncia para a banda de conduo. Com pequenas variaes de energia, os eltrons de

    valncia podem se deslocar ao longo do trajeto indicado pelas setas, equivalendo a um movimento da

    lacuna atravs da banda de valncia ao longo do trajeto ABCDEF.

    Por analogia, podemos dizer que:

    um fio de cobre assemelha-se a uma estrada com mo nica e

    um semicondutor se comporta como uma pista de duas mos.

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    1.2.6 Juno PN: a construo do diodo

    A Fig. 24 mostra a distribuio de cargas em um material semicondutor dos tipos p e n. A lacuna

    (ou buraco, hole em ingls) o portador majoritrio no material tipo p, enquanto que o eltron o

    portador minoritrio. No material tipo n a situao se inverte: o eltron o portador majoritrio e a lacuna

    o minoritrio. Como se pode intuir desta figura, os materiais p e n constituem os blocos fundamentais

    para a construo do diodo, que formado a partir da juno destes. Esta juno conhecida como juno

    pn, onde os materiais p e n devem ser da mesma base (Ge ou Si).

    Legenda: + lacuna; - eltron; e : ons.

    Fig. 24 (a) Material tipo p. (b) Material tipo n.

    1.2.6.1 A juno PN como diodo: polarizao

    CASO 1: sem polarizao (VD = 0 V)

    Com a juno dos materiais tipo p e n, (veja a Fig. 25) ocorrem dois fenmenos: DIFUSO e

    DEPLEO (diminuio ou ausncia de portadores majoritrios prximos regio de juno).

    Fig. 25 Diodo: juno p-n sem aplicao de polarizao (VD = 0 V).

    DIFUSO: ocorre quando os materiais p e n so unidos. Os eltrons e as lacunas prximas

    juno se combinam, resultando na ausncia de portadores livres prximas mesma. Em outras palavras,

    o excesso de eltrons do material tipo n tende a migrar para o material tipo p, visando o equilbrio

    eletrnico (densidades de eltrons nos dois materiais) e a estabilidade qumica. A ocupao de uma

    lacuna por um eltron chamada de RECOMBINAO.

    +

    Tipo p

    + +

    + +

    + +

    + +

    + +

    Tipo n

    + +

    + +

    - + ID = 0 mA

    VD = 0 V

    (sem polarizao externa)

    +

    Portador

    minoritrio

    ons receptores

    Portadores

    Majoritrios

    Tipo p

    + +

    + +

    +

    + + +

    +

    + Tipo n

    + +

    Portadores

    Majoritrios

    +

    +

    ons doadores

    Portador minoritrio

    Regio de

    Depleo (VF)

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    Na regio de depleo ocorre ento uma concentrao de ons positivos (falta de e-) e negativos

    (excesso de e-), formando uma barreira de potencial, tambm chamada de tenso direta, VF (do ingls

    forward), ou de tenso de limiar ou de disparo, VT (do ingls threshold).

    Para o diodo de Silcio, tem-se VF = 0,7 V e para o diodo de Germnio, VF = 0,3 V.

    O fenmeno da recombinao cessa aps certo tempo e a regio de depleo fica com ausncia de

    e- e lacunas, responsveis pela corrente eltrica. Ento, ID = 0 mA.

    CASO 2 (VD < 0 V) Juno p-n polarizada reversamente

    Nesta configurao, os eltrons do lado n so atrados para o terminal (+) da fonte e as lacunas para

    o terminal (-), conforme mostra a Fig. 26. Com isso, formam-se mais ons positivos no lado n e mais ons

    negativos no lado p (aumento da camada de depleo e da barreira de potencial).

    Este aumento ocorre at que a d.d.p. da barreira de potencial se iguale tenso reversa aplicada.

    Ento:

    - no ocorre neste caso a circulao de portadores majoritrios (corrente direta ID);

    - ocorre apenas uma corrente muito pequena, denominada de corrente de saturao reversa, IS

    (limitada aos portadores minoritrios).

    Fig. 26 Diodo: juno p-n polarizada reversamente.

    CASO 3 (VD > 0 V) Juno p-n polarizada diretamente

    Com este tipo de polarizao os eltrons do lado n ganham energia suficiente, pois so repelidos

    pelo terminal (-) da fonte VD, rompendo a barreira de potencial, sendo atrados para o lado p,

    atravessando a juno pn. Veja a Fig. 27.

    No lado p, os e- se recombinam com as lacunas, tornando-se eltrons de valncia, e continuam se

    deslocando de lacuna em lacuna, pois so atrados pelo terminal (+) da fonte, formando uma corrente

    eltrica de alta intensidade. Esta corrente identificada por ID ou IF (no segundo caso, o subscrito F vem

    do ingls forward), corrente direta. Esta corrente dada por (2).

    D majoritrio SI = I - I (3)

    +

    p

    + +

    +

    +

    + +

    +

    + n

    +

    + +

    +

    VD < 0 V - + IS IS

    Is Fluxo de portadores minoritrios

    Imajoritrio = 0

    Regio de

    Depleo (VF)

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 24

    Fig. 27 Diodo: juno p-n polarizada diretamente.

    Na Fig. 28 e na Fig. 29 podem ser verificados o aspecto construtivo do diodo e o seu smbolo. Por

    este ltimo, se conclui que o diodo um componente unidirecional em corrente e em tenso.

    Fig. 28 - Juno PN: a construo do diodo. Aspecto do chip e do invlucro.

    Fonte: www.sabereletronica.com.br/files/image/TO144_diodo_F09.jpg

    Fig. 29 Smbolo do diodo e aspecto fsico. Terminais: anodo (A) e catodo (K). Fonte: http://upload.w ikimedia.org/wikipedia/commons/8/83/Diode_pinout_en_fr.svg

    1.2.7 Curva Caracterstica do diodo. Aproximaes e modelos

    Para entender os modelos que podem ser utilizados para o estudo de um diodo semicondutor, deve-

    se primeiramente conhecer a sua curva caracterstica. Esta curva formada pelos eixos ID e VD, corrente e

    tenso do diodo. O primeiro modelo para o diodo o de uma chave ideal, que em conduo apresenta

    uma tenso nula em seus terminais (VF = 0 V), e que no estado desligado equivalente a um circuito

    aberto. A Fig. 30 mostra este modelo.

    A Fig. 31 mostra que o diodo um dispositivo unidirecional em corrente e em tenso. No 1

    quadrante, com a tenso VD positiva, existe corrente, ou seja, ID 0.

    P N

    Chip

    A (anodo) K (catodo)

    Invlucro

    Aspecto construtivo

    A K

    A K

    Anodo

    (+)Catodo

    (-)

    A A

    n

    VD > 0 V

    + -

    Regio de

    Depleo (VF)

    ID

    p

    Imajoritrio D majoritrio SI = I - I

    ID

    IS

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    Fig. 30 - (a) diodo diretamente polarizado em conduo. (b) diodo reversamente polarizado, como chave aberta

    (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey

    07458. All rights reserved.

    Fig. 31 O diodo: unidirecional em corrente e em tenso.

    Isto indica que o dispositivo permite a passagem de corrente com grande facilidade. Teoricamente

    a resistncia direta do diodo nesta regio nula (curto-circuito). Assim:

    0V0

    2, 3 mA ... qualquer valor > 0

    FF

    F

    VR

    I

    Para a regio do 3 quadrante, o diodo est reversamente polarizado.

    - 5 V, - 20 V, ... qualquer valor < 0 circuito aberto (resistncia reversa)

    0 mA

    RR

    R

    VR

    I

    Os parmetros do diodo, VR e IR , indicam, respectivamente, a tenso reversa e a corrente reversa

    no mesmo. A curva real ID x VD do diodo mostrada na Fig. 32.

    A equao da corrente do diodo (regies direta e reversa) dada por (4):

    .

    .( 1) D

    K

    k V

    T

    D SI I e (4)

    Onde:

    e = nmero de Euler, igual a 2,718281829...

    IS = corrente de saturao reversa;

    k = 11.600/ com (letra grega eta) = 1 para o Ge e = 2 para o Si, para nveis baixos de corrente na

    curva ID x VD e = 1 para ambos os diodos, na regio da curva onde a corrente cresce de forma mais

    acentuada;

    ID

    VD0

    +

    +

    VD

    ID

    A K

    +

    VD

    ID 0

    A K

    +

    2 1

    3 4

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 26

    TK = TC + 2730, temperatura na escala absoluta de Kelvin

    3, em funo da temperatura em graus Celsius.

    Fig. 32 Curva caracterstica real do diodo, ID x VD (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    Efeitos de Temperatura sobre o diodo

    - A corrente de saturao reversa do diodo (IS) tem o seu valor alterado com o crescimento da

    temperatura. Estudos mostram que a cada 100C de aumento na temperatura, a corrente IS dobra o seu

    valor.

    The reverse saturation current IS will just about double in magnitude for every 10C increase in

    temperature (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004).

    - O diodo de Si apresenta menores nveis de IS, mesmo em altas temperaturas, em comparao com o

    diodo de Ge. Esta uma das caractersticas a favor da maior utilizao do Silcio no projeto e

    desenvolvimento de dispositivos eletrnicos.

    - Um aumento de temperatura implica na diminuio da tenso de disparo (VT). Assim, a curva do

    diodo, como se v na Fig. 33, ser deslocada para a esquerda, numa temperatura maior (facilita o

    disparo do dispositivo).

    3 O fsico ingls Willian Thomson (1824-1907), mais conhecido pelo seu ttulo de nobreza, Lord Kelvin, foi quem estabeleceu pela primeira vez a

    existncia terica de uma situao na qual as partculas da matria estariam totalmente desprovidas de energia e, portanto, estariam paradas.

    A essa situao terica, que se sabe atualmente ser inalcanvel na prtica, se deu o nome de zero absoluto e associou a ela a temperatura igual a zero. Por

    esse motivo, a escala kelvin denominada de escala absoluta. O kelvin a escala fundamental da temperatura termodinmica, e seus instrumentos de

    medidas (termmetros) esto, normalmente, graduados com os pontos de fuso do gelo a 273 K e o ponto de ebulio da gua a 373 K, considerando as

    condies normais de presso. Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/a-temperatura-suas-escalas.htm

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. 27

    Fig. 33 Curva I x V do diodo. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Diodo_graph.svg

    Nveis de Resistncia no DIODO

    Pela curva I x V do diodo, que no-linear, fcil perceber que medida que o ponto de operao

    de um diodo se move de uma regio para outra, a sua resistncia tambm se altera. Neste item sero vistos

    os tipos de resistncia do diodo. O tipo de tenso ou sinal aplicado no circuito com diodo define o seu tipo

    de resistncia. So trs os nveis considerados: resistncia esttica, dinmica e mdia (BOYLESTAD e

    NASHELSKY, 2004).

    - Resistncia Esttica ou DC:

    O valor da resistncia esttica, RD, muda

    com o deslocamento do ponto de operao do

    diodo na curva caracterstica ID x VD.

    Para a Fig. 34, os valores de RD para os

    pontos 1, 2 e 3 so assim calculados:

    11

    1

    10V10 M

    1 A

    DD

    D

    VR

    I

    22

    2

    0,5 V250

    2 mA

    DD

    D

    VR

    I

    33

    3

    0,8 V40

    20 mA

    DD

    D

    VR

    I

    Fig. 34 - Curva ID x VD do diodo resistncia esttica (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by

    Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey

    07458. All rights reserved.

    b) Resistncia AC ou Dinmica:

    Nvel de resistncia definido por uma reta tangente no ponto Q (ponto quiescente ou de operao).

    Para um sinal senoidal aplicado a um diodo, o ponto quiescente ir oscilar em torno do ponto de operao

    em CC, como mostra a Fig. 35. Sem o sinal alternado aplicado, este seria o ponto quiescente do diodo,

    por exemplo, 0,8 V.

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 28

    Fig. 35 Determinao da resistncia dinmica ou AC do diodo.

    Para os diodos de Si e de Ge, temperatura ambiente (250 C): dd

    d

    Vr

    I

    Se for tomada a reta tangente ao ponto quiescente como ilustrado na figura anterior, teremos que as

    variaes na corrente e na tenso do diodo tendero a zero, ou seja: d dV 0 e I 0

    Do conceito do clculo diferencial - a derivada de uma funo em um ponto a inclinao da reta

    tangente traada no mesmo -, encontra-se a resistncia dinmica ou AC do diodo pela equao (5):

    D

    26 dd

    d

    dV mVr

    dI I (5)

    O resultado encontrado, temperatura ambiente, obtido da equao da corrente (e da curva) do

    diodo, dada por (4). Aplicando a derivada da corrente em relao tenso, em (4), obtm-se:

    .

    .( 1) D

    K

    k V

    T

    D SI I e

    .

    k k

    .( 1)k k

    =T T

    D

    K

    k V

    T

    S

    DD S D

    D D

    d I edI

    I I IdV dV

    Isto se justifica porque, geralmente, tem-se ID >> IS na regio mais vertical da curva caracterstica

    do diodo.

    Como = 1 para diodos de Ge e Si na inclinao vertical da curva I x V: 11600

    11600.k

    temperatura ambiente (25 0C):

    0 0 0 0 11600273 25 273 298 38,93298

    K C

    K

    kT T

    T

    k

    k38,93

    T

    DD D

    D

    dII I

    dV

    Invertendo esta ltima relao, encontra-se uma relao de resistncia (6):

    Id

    Vd

    Ponto Q

    (operao CC)

    Reta tangente

    Curva I x V do diodo

    dd

    d

    Vr

    I

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. 29

    ,

    1 26 mV

    38,93

    Dd

    D D D Ge Si

    dVr

    dI I I

    (6)

    c) Resistncia CA Mdia (rav)

    Parmetro definido por uma linha reta entre os limites de operao, para variaes grandes no sinal

    CA de entrada, como mostra a Fig. 36.

    Fig. 36 Determinao da resistncia AC mdia (entre dois pontos da curva do diodo).

    A Tabela 4 mostra as trs aproximaes para construir o modelo do diodo. A terceira aproximao

    mais indicada para projetos onde se espera uma maior preciso no circuito, como por exemplo, em

    equipamentos hospitalares e instrumentos de medio (multmetros, osciloscpios etc.).

    Tabela 4 Aproximaes do Diodo.

    Na 3 aproximao utilizado um novo parmetro, a resistncia de corpo do diodo, dada por (7):

    av p nr r r (7)

    .pta.ptd

    dav

    I

    Vr

    VdVD (V)

    ID (mA)

    rav

    Ponto Q

    Id

    - +

    A K

    -+

    A K

    A K

    -+

    A K

    - +

    A K

    - +

    Tipo e condies Modelo Curva caracterstica

    A K

    A K

    -+

    Circuitos Equivalentes de Diodo (Aproximaes e Modelos)

    1a. Aproximao

    Sistema Ideal

    Rrede >> ravVrede >> VT

    2a. AproximaoModelo simplificado

    Rrede >> rav

    Diodo

    Ideal

    3a. AproximaoModelo Linear

    Rrede rav

    VFrav

    +

    0

    ID

    vD

    0 VF

    ID

    0 VF

    ID

    rav

    A K

    vD

    vD

    A K

    Ideal

    ID

    ID

    A K

    VFrav

    +

    Diodo Real

    A K

    -+

    - +

    Si

    ID

    -+

    Si

    - +

    A K

    Si

    Si

    VF

    VF

    +

    +

    A K

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 30

    onde:

    1) a soma p nr r representa a resistncia hmica do diodo (resistncias das regies p e n);

    2) rav a resistncia mdia (do ingls average), algumas vezes identificada por rB (resistncia de corpo, de body). Geralmente este parmetro da ordem de 1 a 10 ohms.

    Onde seria imprescindvel a aplicao da 3 aproximao para o estudo e projeto de circuitos com diodos? Citar

    dois exemplos.

    1.2.8 Especificaes Tcnicas e Teste do Diodo

    As especificaes de um diodo, disponveis nos manuais de fabricantes, so tomadas com base nos

    seguintes itens, a maioria dos quais depende da temperatura de operao, citadas a seguir:

    1) Tenso direta sobre o diodo (para uma corrente e temperatura especficas): VF (onde o

    subscrito F vem do ingls forward);

    2) Corrente direta mxima (IF), para uma temperatura especfica;

    3) Corrente de saturao reversa (IR), para uma tenso e temperatura especficas;

    4) Tenso reversa nominal (VBR) ou breakdown voltage (tenso de ruptura), a uma temperatura

    especfica;

    5) PDmax: mxima dissipao de potncia, para uma dada temperatura;

    6) Nveis de capacitncias de difuso e de transio;

    7) Tempo de recuperao reverso, trr;

    8) Faixa de operao de temperatura.

    Em circuitos onde a frequncia da fonte elevada, deve-se especificar a capacitncia da juno.

    Neste texto sero estudados alguns desses parmetros.

    Tenso Reversa (VBR)

    A Tabela 5 mostra exemplos de valores mximos para o parmetro VBR de alguns diodos. Observe

    o destaque para os diodos da famlia 1N400X.

    Tabela 5 Valores caractersticos de corrente direta e tenso reversa de alguns diodos.

    Diode Maximum Current (IF) Maximum Reverse Voltage (VBR)

    1N4001 1 A 50 V

    1N4002 1 A 100 V

    1N4003 1 A 200 V

    1N4004 1 A 400 V

    1N4005 1 A 600 V

    1N4006 1 A 800 V

    1N4007 1 A 1000 V

    1N5401 3 A 100 V

    1N5408 3 A 1000 V

    1N3765 35 A 700 V

    SD103N/R 110 A 400 2500 V

    Maximum Ratings and Electrical Characteristics @TA = 25C unless otherwise specified.

    Fontes: (1) http://electronicsclub.info/diodes.htm e (2) http://www.vishay.com/docs/93492/1n1183.pdf

    (3) http://pdf.datasheetcatalog.com/datasheet/irf/sd103n.pdf

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    Potncia Mxima Dissipada no Diodo PDmax = VD. ID

    A potncia mxima nominal do diodo no constante, um parmetro dependente da temperatura

    de operao. Esta potncia diminui a uma taxa de alguns mW por grau de aumento na temperatura, acima

    da temperatura ambiente (25 0C) curva de reduo de potncia disponvel em alguns catlogos de

    diodos de baixa potncia.

    Capacitncias do Diodo

    O diodo apresenta dois tipos de capacitncia:

    1. Capacitncia da regio de transio ou de depleo (CT), associada polarizao reversa do diodo,

    variando obviamente com a tenso reversa aplicada. Tal efeito utilizado em diodos do tipo varactor, por

    exemplo) veja o grfico da Fig. 37.

    2. Capacitncia de Difuso (CD) ou de

    acumulao, na regio de polarizao direta.

    A equao (6) define a capacitncia

    de um capacitor de placas paralelas, onde o

    parmetro (F/m) indica a permissividade

    do dieltrico (material isolante) entre as

    placas de rea A (m2) e d (m) a distncia

    entre elas.

    .AC

    d

    (8)

    Dispositivos eletrnicos como o diodo

    so sensveis a nveis elevados de

    frequncia. Da equao (9), comprova-se o

    efeito de baixas frequncias na reatncia,

    pois o diodo tender para um circuito-aberto

    em seu comportamento.

    Fig. 37 Representao da capacitncia tpica de juno. Fonte: http://www.ph.eng.br/Microeletronica/diodo-comum-efeito-capacitivo.html

    Para frequncias muito altas, o diodo ser um caminho de baixa reatncia, como mostra a equao

    a seguir (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004).

    1

    2 . .CX

    f C (9)

    Como j sabido pelo leitor, quando o diodo est na situao de polarizao reversa, h uma regio

    sem portadores (de depleo). Tal regio funciona como um isolante entre as camadas de carga oposta.

    Como a largura (d) desta regio aumenta com a elevao da tenso reversa imposta ao diodo, ocorre a

    diminuio da capacitncia de transio, como mostra o grfico C x Vd (Fig. 38).

    A variao da capacitncia da juno p-n em funo da tenso reversa no diodo encontra

    aplicaes em diversos sistemas eletrnicos. Existe um diodo que opera segundo este fenmeno, o diodo

    VARACTOR, ou VARICAP. Os efeitos capacitivos no diodo so representados por um esquema onde

    um capacitor conectado em paralelo a um diodo ideal, como ilustra a Fig. 39. Quando em baixas e

    mdias frequncias (excetuando-se potncias altas), o capacitor no includo no modelo que representa

    o diodo (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004).

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 32

    Fig. 38 Curva de Capacitncias de transio e difuso do diodo x tenso de polarizao (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    Fig. 39 Modelo do diodo incluindo o efeito da capacitncia de transio ou de difuso.

    Simulao 1 Modelo aproximado do diodo. O circuito da Fig. 40 foi estudado no PSpice, em uma

    simulao para verificao dos sinais de entrada e de sada. Comentar sobre o sinal no catodo do diodo.

    Fig. 40 Simulao: modelo aproximado do diodo (estudo dos parmetros). Sinal de entrada: rampa, de 0 a 5 Vp,

    Frequncia de 100 Hz.

    Fig. 41 Formas de onda do circuito da Fig. 40.

    CT ou CD

    Time

    0s 2ms 4ms 6ms 8ms 10ms 12ms 14ms 16ms 18ms 20ms 22ms 24ms 26ms 28ms 30ms

    V(R2:1)

    0V

    2.5V

    5.0V

    SEL>>

    (9.977m,4.3404)

    V(vi:+)

    0V

    2.5V

    5.0V

    vi (t)

    vR (t)

    (9.98 ms; 4.34 V)

    5.0 V

    5.0 V

    10 ms 20 ms

    Time

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. 33

    Comentrios:

    Simulao 2 Efeito da frequncia na operao do diodo

    Seja o circuito da Fig. 42, onde o diodo est inserido em uma

    associao em srie com uma fonte senoidal de frequncia varivel e

    um resistor fixo R (1 k). O valor mximo de vi de 10 V.

    Numa primeira simulao (software PSpice) foi utilizada f =

    60 Hz. Na Fig. 43 so apresentadas as formas de onda do sinal de

    entrada e do sinal de sada (no diodo). Efetuada outra simulao, desta

    vez utilizando uma frequncia muito alta (50 kHz), verificou-se uma

    alterao na tenso sobre o diodo - Fig. 44.

    Fig. 42 Simulao - verificao do efeito da frequncia da fonte na operao do diodo.

    Fig. 43 Simulao para f = 60 Hz. Fig. 44 Simulao para f = 50 kHz.

    Justifique os resultados obtidos em simulao para os dois nveis de frequncia utilizados.

    Tempo de recuperao reverso (reverse recovery time)

    O tempo de recuperao reverso (trr) um parmetro do diodo de extrema importncia em aplicaes de alta frequncia (AHMED, 2000). Como o leitor j imagina, o diodo real no comuta

    instantaneamente do estado de no-conduo para o de conduo (e vice-versa).

    Quando polarizado diretamente, um grande nmero de eltrons no material tipo n avana em

    direo ao material tipo p e um grande nmero de lacunas em direo ao material tipo n (uma exigncia

    bvia para a conduo no diodo). Isto estabelece um elevado nmero de portadores minoritrios em cada

    material. Se a tenso positiva aplicada ao diodo for revertida situao de polarizao reversa -,

    idealmente o diodo mudaria do estado de conduo para o estado de chave aberta (no-conduo).

    Ocorre que, devido ao elevado nmero de portadores minoritrios nos materiais tipo n e tipo p, o

    comportamento do diodo ser modificado como mostra a Fig. 45 (BOYLESTAD e NASHELSKY, 2004).

    Durante o tempo ts (tempo de armazenamento), os portadores minoritrios voltam ao seu estado de

    portador majoritrio no material oposto. O intervalo seguinte, tr (tempo de transio) aquele em que a

    corrente retorna ao estado de no conduo (nvel zero). O tempo de reestabelecimento reverso, trr a

    resultante de ts e tr, ou seja (10):

    trr = ts + tr (10)

    Time

    0s 10ms 20ms 30ms 40ms

    V(D1:1)

    -10V

    0V

    10V

    SEL>>

    V(vi:+)

    -10V

    0V

    10V

    Time

    0s 10us 20us 30us 40us 50us

    V(D1:1)

    -10V

    0V

    10V

    SEL>>

    V(vi:+)

    -10V

    0V

    10V

    vi

    vo vo

    vi

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 34

    Fig. 45 Tempo de recuperao reverso em um diodo (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    Este parmetro muito importante em aplicaes de alta frequncia, onde devem ser empregados

    diodos rpidos, como ocorre em fontes de tenso chaveadas, muito utilizadas hoje em dia em

    microcomputadores, notebooks, TVs de alta definio e outros equipamentos.

    1.3 Portas Lgicas com Diodos

    Projetando-se um circuito simples com diodos e resistores possvel executar funes lgicas

    simples, como a funo OU (ou OR) e E (ou AND).

    A seguir so descritas as portas lgicas E e OR, com as convenes lgicas para os sinais de

    entrada e de sada. Seja o circuito da Fig. 46. Para as entradas A e B, adota-se para o nvel 0 binrio o

    sinal de 0 V, e para o nvel 1 binrio o sinal de 5 V.

    A sada ser representada no circuito por um diodo LED, o qual indicar o nvel lgico 1 quando

    aceso (estado ON, ligado), e o nvel lgico 0 quando apagado (OFF, desligado).

    1.3.1 Porta Lgica E (AND)

    Esta funo lgica apresenta nvel alto na sada

    (nvel 1 binrio) somente quando todas as entradas

    estiverem em nvel alto.

    Para a Tabela 6, preencher o nvel lgico esperado

    na sada para todas as combinaes de A e B na entrada.

    Expresso Booleana:

    S = A . B

    (l-se A e B ou A and B). Fig. 46 Esquema da porta E (ou AND) com diodos.

    Tabela 6 Tabela-verdade Porta AND.

    1.3.2 Porta Lgica OU (OR) O circuito lgico com diodos que desempenha a

    funo OU mostrado na Fig. 47. A sada S apresenta um

    nvel lgico alto na sada (1) quando qualquer das entradas

    estiver em nvel alto. Preencher a Tabela 7 (nvel lgico

    esperado na sada).

    Entradas Estado do

    LED

    Nvel Lgico

    da Sada

    A B ON ou OFF 0 = OFF e 1 = ON

    0 0

    0 1

    1 0

    1 1

    Mudana de estado (on off)

    ocorrendo em t = t1

    Resposta esperada (ideal)

    IF = I direta

    IR = I reversa

    t1

    ts tt

    trr

    t

    ID

    0

  • CEFET-MG. Campus Varginha. Curso Tcnico de Mecatrnica. Edio 2013. 35

    A expresso Booleana do circuito : S = A + B (l-se A ou B ou A or B).

    Fig. 47 Esquema da porta OR com diodos.

    Tabela 7 Tabela-verdade Porta OU.

    Entradas Estado do

    LED

    Nvel Lgico

    da Sada

    A B ON ou OFF 0 = OFF e 1 = ON

    Exemplo 1 O circuito da Fig. 48 representa uma porta OR cuja lgica positiva, ou seja, o nvel

    de tenso 10 V representa 1 e o nvel 0 V (terra) representa o estado 0, de acordo com a lgebra

    booleana. Verificar com clculos os valores indicados nos instrumentos: 16,25 mA no ampermetro

    (corrente no diodo D1) e 1,66 V no multmetro (tenso de sada, sobre o diodo LED).

    Fig. 48 Porta OU de lgica positiva. Atravs das chaves S1 e S2

    so impostos aos diodos D1 e D2 os nveis 0V e 10 V.

    Simulao 3

    Porta lgica OU com com diodos.

    Dados: 3 entradas variando entre 0 e 5 V.

    a) Efetuar a simulao no PSpice do circuito

    lgico da

    b) Fig. 49.

    Observao:

    as chaves tClose e tOpen so as funes Sw-tClose

    e Sw-tOpen, disponveis na biblioteca do simulador.

    Fig. 49 Porta OR de 3 entradas (simulao no PSpice).

    b) A Fig. 50 mostras as formas de onda de entrada e de sada. Justifique o resultado obtido.

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 36

    Fig. 50 Formas de onda da porta OR de 3 entradas.

    EF Exerccios de Fixao ..Srie 1

    EF 1 A Fig. 51 representa uma porta lgica. Qual a funo lgica desempenhada? Preencher a

    Tabela 8, onde so indicados na sada 0,7 V (nvel baixo) e 10 V (nvel alto).

    (a) (b)

    Fig. 51 (a) Porta lgica com diodos. (b) Substituio no circuito pelos estados dos diodos no esquema em (a). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved (Boylestad

    e Nashelsky, 2004).

    Tabela 8 - Tabela-verdade do EF1.

    Entradas Tenso de sada (Vo)

    A B 0,7 V ou 10 V

    0 0

    0 1

    1 0

    1 1

    Time

    0s 10us 20us 30us 40us 50us 60us 70us 80us 90us 100us

    V(RL:2)

    2.5V

    5.0V

    -0.5V

    SEL>>

    V(U12:2)

    0V

    2.5V

    5.0V

    V(D5:1)

    0V

    2.5V

    5.0V

    V(U11:2)

    0V

    2.0V

    4.0V

    Vo Vo = VD = 0,7 V (0)

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    EF 2 Determinar o nvel de sada (Vo) para a porta lgica AND de 3 entradas, Fig. 52. Preencher as

    clulas em branco da Tabela 9.

    Fig. 52 Porta lgica AND com diodos.

    Tabela 9 - Tabela-verdade da porta AND de 3 entradas.

    E1 (V) E2 (V) E3 (V) Vo

    0,7 0,7 0,7 0,7

    0,7 0,7 10

    0,7 10 0,7

    0,7 10 10

    10 0,7 0,7

    10 0,7 10

    10 10 0,7

    10 10 10

    Funo lgica: _________________________

    Corrente em cada diodo LED:

    ______________________________________

    1.4 Circuitos com Diodos

    Para cada circuito estudado, deve-se determinar o estado do diodo, isto , se o mesmo est ligado

    ou desligado, de acordo com a polarizao (d.d.p.) que recebe. Sero estudadas configuraes em srie,

    em paralelo e mistas.

    Recordando:

    Para o diodo ideal: o diodo uma chave fechada (ON) se VAK > 0 V.

    Para o diodo na 2 e na 3 aproximaes, o diodo uma chave fechada (ON) se VAK > VF (tenso

    direta, igual a 0,7 V para diodos de Si e de 0,3 V para diodos de Ge).

    O diodo um dispositivo unidirecional em corrente e tenso.

    1.4.1 Configuraes em SRIE

    Exemplo 2 A Fig. 53 mostra o modelo do diodo na 3 aproximao. Se este diodo conectado em srie a uma fonte CC de 12 V e a um resistor de 470 ohms (RL), pede-se: a) calcular a tenso sobre o

    resistor RL; b) calcular as perdas no diodo em mW.

    Fig. 53 Diodo na 3 aproximao (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002

    by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River,

    New Jersey 07458. All rights reserved.

    Soluo:

    a) A corrente no circuito dada por

    12 0,723,54 mA.

    10 470I

    Logo, VRL = 470 x I = 11,06 V.

    b) Perdas em mW: 22 0,7 23,54 m + 10 23,54 m 22,02 .D D D av D DP V I r I P mW

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 38

    Exemplo 3

    Para o circuito da Fig. 54, onde o diodo de Silcio, a primeira medida verificar se o diodo

    conduz para o valor de V1 (fonte CC) apresentado. Pela curva do diodo, 2 aproximao, o disparo ocorre

    quando VAK 0,7 V (diodo de Silcio). A corrente no instante do disparo nula.

    Logo, pela LKT aplicada ao circuito, V1 = VD1 + ID1.R1.

    No disparo, a tenso da fonte aplicada no diodo.

    V1 = VD1 + ID1.R1 12 = VD1 + 0.1 k

    O diodo D1 recebe 12 V em seus terminais anodo e catodo.

    Ento, se VAK VF o diodo D1 liga.

    VD1 = VF = 0,7 V (Fig. 55).

    Fig. 54.

    A Fig. 55 mostra o circuito equivalente considerando-se o diodo na 2 aproximao.

    A Fig. 56 mostra o resultado da simulao deste circuito com o software PSpice

    .

    Fig. 55 Circuito srie com diodo (2 aproximao).

    Simulao 4

    Fig. 56 Simulao no PSpice. Medidas de corrente e tenso.

    CLCULOS:

    Com o diodo ligado, tem-se na carga resistiva VR = V1 VF = 12 0,7 = 11,3 V.

    A corrente no diodo ser: ID1 = VR1 / R1 = 11,3 V / 1 k = 11,3 mA.

    Estes valores foram calculados com a resistncia do diodo nula e com as resistncias dos medidores

    (ampermetro e voltmetro) ideais.

    Exemplo 4 Circuito com um diodo e duas fontes CC

    O circuito da Fig. 57 apresenta um circuito srie com

    1 diodo e duas fontes CC, com resultados de tenses

    de ns (simulao).

    a) Qual a tenso sobre o diodo D1?

    b) Qual o ponto de desengate do diodo, transio

    ONOFF?

    c) Qual a corrente no circuito?

    Resp.: (a) VF = 0,29 V. (b) VAK 3,0 V. (c) I = 1,84 mA.

    Simulao 5

    Fig. 57.

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    1.4.1.1 Anlise por Reta de Carga

    Seja o circuito da Fig. 58, onde uma fonte de tenso CC de E volts alimenta um diodo e um resistor

    em srie. Neste circuito, tem-se, pela LKT:

    D DE = V + I .R (11)

    Esta equao descreve o comportamento do circuito, e

    denominada de equao de reta de carga. No ponto de

    SATURAO (max. corrente no diodo), VD = 0. Da a

    corrente no diodo ser:

    max 0DD V V

    I E R

    (12) Fig. 58.

    No ponto de CORTE (ID = 0, ou seja, o diodo uma chave aberta): VD ser mxima, i.e., VD = E.

    0DD corte I V

    V E

    (13)

    Questo 1 Como se pode modificar a inclinao da reta que intercepta a curva do

    diodo?

    Questo 2: os valores de E (fonte DC) e de R (carga) influem na inclinao da reta

    traada pelos pontos extremos de ID e VD? Veja a Fig. 59.

    Fig. 59 Reta de carga do diodo (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    Exemplo 5 Em um circuito com diodo, foram feitas algumas alteraes, de modo que a sua reta de carga, que antes interceptava o eixo de VD em 10 V, agora intercepta em 2,0 V (Fig. 60).

    a) Qual a mxima corrente no diodo? Resp.: 20 mA.

    b) Encontre o ponto quiescente pela anlise da nova reta de carga.

    Fazendo as projees do ponto Q2 nos eixos de ID e VD, encontra-se os valores de 12 mA e 0,75 V.

    c) Qual o valor ajustado na fonte CC? E = 2,0 V.

    d) Qual o valor do resistor R? R = 2,0 V / 20 mA = 100 ohms.

    +E RID

    + VD -

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    e) Encontre a potncia dissipada no diodo. PD = VDQ IDQ = 0,75 20 m = 15 mW.

    Fig. 60 Reta de carga do diodo (Exemplo 5).

    Exemplo 6 Seja a reta de carga de um diodo de Silcio, dada pela Fig. 61.

    a) Encontre o ponto de operao do diodo no circuito a seguir.

    Soluo:

    Pela interseo da reta de carga com a

    curva do diodo, em valores

    aproximados:

    VDQ = 0,78 V e IDQ = 9,25 mA

    b) Encontre o valor do resistor.

    D DE = V + I .R max0D

    D

    V V

    EI

    R

    Fig. 61 Reta de carga, diodo de Si.

    Da corrente mxima no diodo: 0

    10 10 1 .DV V

    mA R R k

    Exemplo 7 Tendo como base o exemplo anterior, para R = 2 k, pede-se calcular:

    a) O novo ponto quiescente.

    Pela leitura do grfico da Fig. 62, o novo ponto quiescente ser: VDQ 0,7 V e IDQ 4,6 mA.

    Fig. 62 Reta de carga, diodo de Si, para R = 2 k (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

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    b) A tenso no resistor, VR.

    D D DE = V + I .R 10 = 0,7 + I .R 9,3 V.RV

    Da leitura da corrente quiescente, D I .R 4,6 mA 2 k 9,2 V.R R RV V V

    EF Exerccios de Fixao ..Srie 2

    EF 3 - A Fig. 63 apresenta o diagrama

    descritivo de um circuito onde um

    conjunto de pilhas de 1,5 V conectadas

    em srie alimenta uma lmpada de 6 V.

    Em srie com a lmpada est conectado

    um diodo.

    a) Desenhar o diagrama esquemtico do

    circuito, inserindo uma chave de comando do

    tipo liga-desliga.

    b) Qual a resistncia da lmpada se a

    corrente mxima no diodo de 50 mA?

    Utilize o conceito de reta de carga do diodo,

    visto nesta seo.

    Fig. 63 Circuito do EF1. Fonte:

    http://www.sabereletronica.com.br/files/image/TO144_diodo_F13.jpg

    a) Desenho:

    b) Clculos:

    EF 4 Calcular Vo e a corrente nos diodos para o circuito da Fig. 64. Resp.: Vo = 9,59 V; ID = 1,25 mA.

    Simulao 6

    (a) (b)

    Fig. 64 (a) Esquema de um circuito srie com dois diodos e duas fontes CC. (b) Resultado de simulao.

    Vo

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 42

    1.4.2 Configuraes em Paralelo e Mistas (srie-palarela)

    Para o estudo destas configuraes, basta determinar o estado do diodo no circuito e aplicar as LKT

    e LKC (leis de Kirchhoff das Tenses e Correntes).

    A Fig. 65 mostra uma simulao, onde dois diodos esto em paralelo. Pelos valores indicados das

    correntes, qual dos diodos est ligado (ON), D1 ou D2? Resp.: __________________.

    Qual a queda de tenso no resistor R2? Resp.: ________________.

    Simulao 7

    (a) (b)

    Fig. 65 (a) Circuito. (b) Resultados de simulao no PSpice.

    EF Exerccio de Fixao ..Srie 3

    EF 5 Anlise de falhas. O circuito da Fig. 66

    apresenta uma simulao no PSpice de um

    circuito misto, onde so empregados dois diodos

    de Silcio, da famlia 1N400X.

    a) Os resultados para tenso indicados na Fig. 66 esto

    corretos? Verifique com clculos.

    Simulao 8

    Fig. 66 Circuito misto com diodos alimentao em CC.

    b) Se, ao montar este circuito, foram medidos os valores de tenso e corrente indicados na Fig. 67, qual

    (ou quais) componente(s) apresenta(m) falha? uma falha de curto-circuito ou de circuito-aberto?

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    Fig. 67 - Circuito misto com diodos, com falha (medidas diferentes do circuito terico da Fig. 66).

    Exemplo 8 Encontrar a tenso vo no circuito:

    Fig. 68 Configurao em paralelo (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    Soluo:

    Com a tenso aplicada, tende-se a imaginar que os dois diodos conduzem. Ocorre que os diodos

    esto em paralelo e as tenses tm de ser as mesmas, o que no possvel, j que o diodo de Germnio

    dispra antes, colocando 0,3 V nos terminais do diodo de Silcio. Esta tenso inviabiliza o seu disparo.

    Logo, somente o diodo de Ge conduz e a tenso de sada dada por:

    Vo = 12 V 0,3 V = 11,7 V.

    EF Exerccios de Fixao ..Srie 4

    EF 6 Determine os parmetros V0 e ID para o circuito da

    Fig. 69 (VF = 0,7 V). Resp.: V0 = 6,2 V e ID = 1,55 mA.

    EF 7 Para o circuito do EF2, pede-se determinar: a) qual ser a potncia dissipada em cada diodo?

    b) se os diodos de Si fossem substitudos por outros de Si

    com especificao de potncia mxima de 3 mW, qual

    seria o mximo valor de E1 ajustado, de modo que os

    diodos operassem em condies nominais? Resp.: E1max =

    26,38 V.

    Fig. 69.

    A A

    K K

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    EF 8 Determine as correntes I1, I2 e ID2 para o circuito misto apresentado na Fig. 70. Considere os diodos de

    silcio (VF = VT = 0,7 V).

    Respostas:

    I1 = 0,212 mA;

    I2 = 3,32 mA;

    ID2 = 3,108 mA.

    Fig. 70 Exemplo de circuito misto.

    EF 9 Para o circuito srie da Fig. 71a e utilizando as caractersticas do diodo da Fig. 71b, encontrar:

    a) O ponto quiescente (VDQ e IDQ). b) A tenso no resistor. Obs.: construir a reta de carga deste circuito.

    Fig. 71 (a) Circuito. (b) Caractersticas (Boylestad e Nashelsky, 2004). Copyright 2002 by Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, New Jersey 07458. All rights reserved.

    1.5 Dispositivos Especiais

    1.5.1 Diodos LED e Display de 7 Segmentos

    O diodo emissor de luz (Light Emitting Diode, LED), um dispositivo optoeletrnico. A Fig. 72

    mostra o aspecto fsico e o smbolo do diodo LED.

    (a) (b)

    Fig. 72 Diodo LED. (a) Aspecto fsico. (b) Smbolo do dispositivo.

    O LED tambm formado por uma juno pn, que, quando diretamente polarizada, faz com que os

    eltrons atravessem a barreira de potencial, se recombinando com as lacunas. Ocorre que muitos eltrons

    no possuem energia suficiente para passarem da banda de valncia banda de conduo, ficando na zona

    interdita ou proibida (gap). Como no podem permanecer nessa zona estes eltrons voltam banda de

    valncia, perdendo energia e o fazem emitindo luz (ftons), como mostra a Fig. 73.

    O polo negativo apresenta um terminal

    maior dentro do encapsulamento

    K

    A VF

    ILED

    A K

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    Este diodo no feito de Silcio e sim de elementos como Glio, Arsnio e Fsforo. O diodo LED

    emite uma luz monocromtica. A cor da luz emitida pelo diodo LED depende do material semicondutor

    utilizado na sua construo.

    Fig. 73 Grfico: nveis de energia e operao do diodo LED.

    A Tabela 10 mostra alguns exemplos de diodos nas cores vermelho, verde, amarelo e infra-

    vermelho. Comercialmente os LEDs esto disponveis em encapsulamentos comerciais de 3 mm, 5 mm e

    10 mm.

    Tabela 10 Valores caractersticos de alguns tipos de diodo LED.

    LED / Cor Material Semicondutor Nveis mximos de VF e VR Vermelho Fosfoarsenieto de Glio VF = 1,6 V e VR = 3 V

    Verde e Amarelo Fosforeto de Glio VF = 2,4 V e VR = 3 V

    Infra-vermelho Arsenieto de Glio VF = 1,35 V e VR = 4 V Obs.: para estes dados, considera-se a corrente direta (IF) na faixa entre 10 e 50 mA. VF: tenso direta. VR: tenso reversa.

    1.5.1.1 - Resistncia a ser conectada em srie com o LED

    A regra para o projeto de acionamento de um diodo LED muito simples. A intensidade da luz

    emitida por um diodo LED proporcional corrente.

    Um exemplo de circuito para esta finalidade visto na Fig. 74a. Para que a corrente no LED seja

    constante (e tambm o seu brilho) necessrio projetar uma fonte de corrente. Isto se consegue atravs de

    uma fonte de tenso mais alta em relao tenso no LED, bem como uma resistncia que limite a

    corrente no circuito de acordo com a corrente nominal no dispositivo (MALVINO, 1997).

    (a) (b) (c)

    Fig. 74 Acionamento de um diodo LED. (a) Circuito com resistor limitador de corrente. (b) e (c) Exemplo de acionamento de um diodo LED e de mltiplos LEDs por uma bateria de 9 V. Fonte: http://www.pcboard.ca/kits/led_notes/

    Assim, a corrente no LED encontrada por

    S LED

    S

    V VI

    R

    (14)

    Quanto maior for a tenso da fonte, menor ser o efeito da tenso no LED. Uma variao

    RS

    + VLEDVS

    ILED

  • Eletrnica Analgica Fundamentos e Guias de Aulas Prticas Volume 1 - DIODOS 46

    indesejvel poderia ocorrer se fosse adotado VS de + 5 V, com um diodo LED do tipo TIL222, com VF

    variando entre 1,8 e 3 V. Com um resistor de 120 ohms, a corrente no LED iria variar entre 16,7 e 26,7

    mA, o que daria uma grande variao no brilho.

    Na Tabela 11 so apresentados alguns valores nominais de diodos LED. A unidade de intensidade

    luminosa o cd (candela). Em fotometria, intensidade luminosa indica a medida da percepo da potncia

    emitida por uma fonte luminosa em uma dada direo.

    Conhecendo-se a corrente mxima do diodo LED utilizado, encontra-se o seu resistor limitador,

    atravs de (15):

    S LED

    S

    V VR

    I

    (15)

    Exemplo 9

    No site http://www.pcboard.ca/kits/led_notes/ encontra-se um aplicativo pelo qual possvel

    calcular o resistor limitador para um e para trs diodos LED, como indica a Fig. 75.

    Observe os valores escolhidos: diodos conectados em srie (3), 9 V para a tenso da fonte e 1,5 V

    para VLED. Acesse o site e teste outros valores.

    Tabela 11 Valores caractersticos de alguns tipos de diodos LED. Fonte: http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/126/37/

    Tipo Cor IF

    max.

    VF

    typ.

    VF

    max.

    VR

    max.

    Intensidade

    Luminosa

    Angulo

    visualizao

    Comprimento

    de onda

    Standard Vermelho 30 mA 1.7V 2.1 V 5 V 5 mcd @ 10 mA 60 660nm

    Standard brilhante

    vermelho 30 mA 2.0V 2.5 V 5 V 80 mcd @ 10 mA 60 625nm

    Standard Amarelo 30 mA 2.1V 2.5 V 5 V 32 mcd @ 10 mA 60 590nm

    Standard Verde 25 mA 2.2V 2.5 V 5 V 32 mcd @ 10 mA 60 565nm

    Alta intensidade Azul 30 mA 4.5V 5.5 V 5 V 60 mcd @ 20 mA 50 430nm

    Super brilho Vermelho 30 mA 1.85V 2.5 V 5 V 500 mcd @ 20 mA 60 660nm

    Baixa corrente Vermelho 30 mA 1.7V 2.0 V 5 V 5 mcd @ 2 mA 60 625nm

    Verifique matematicamente o valor retornado pelo aplicativo.

    Fig. 75 Clculo do resistor limitador para trs LEDS conectados em srie.

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    Exemplo 10

    Para um diodo LED Azul, de

    alta intensidade, encontre o resistor RS

    conectado em srie com o mesmo.

    O diodo ser alimentado por

    uma fonte de + 12 V.

    Soluo: pela Equao (15)

    12 4,5250

    30 SR

    mA

    Valor comercial mais prximo: 270

    ohms (veja o quadro ao lado, valores

    comerciais de resistores).

    Fonte:

    http://euarduino.wordpress.com/tag/eletronica/

    1.5.1.2 CORES do diodo LED

    A cor uma percepo visual provocada

    pela ao de um feixe de ftons sobre clulas

    especializadas da retina, que transmitem atravs

    de informao pr-processada no nervo ptico,

    impresses para o sistema nervoso4.

    A cor de um material determinada pelas

    mdias de frequncia dos pacotes de onda que

    as suas molculas constituintes refletem. Um

    objeto ter determinada cor se no absorver

    justamente os raios correspondentes

    frequncia daquela cor. Assim, um objeto ou

    uma superfcie vermelho se absorve

    preferencialmente as frequncias fora do

    vermelho (veja a

    Fig. 76).

    Fig. 76 Esquema de uma superfcie vermelha: reflexo de ondas. Fonte: www.arq.ufsc.br/labcon/arq5656/Curso_Iluminacao/07_cores/ imagens/cor_nos_materiais.jpg

    A cor relacionada com os diferentes comprimento de onda do espectro eletromagntico. So

    percebidas pelas pessoas, em faixa especfica (zona do visvel), e por alguns animais atravs dos rgos

    de viso, como uma sensao que nos permite diferenciar os objetos do espao com maior preciso.

    Considerando as cores como luz, a cor branca resulta da sobreposio de todas as cores primrias

    (a