apostila i - dança

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SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE SERGIPE COLÉGIO ESTADUAL DR. MILTON DORTAS UEDSON DANTAS LIMA DANÇA

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Page 1: Apostila I - Dança

SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE SERGIPECOLÉGIO ESTADUAL DR. MILTON DORTAS

UEDSON DANTAS LIMA

DANÇA

SIMÃO DIAS – SE2013

Page 2: Apostila I - Dança

SumárioVIAGEM PELO MUNDO DA DANÇA..................................................................................4

CONCEITO DE DANÇA E SEUS SIGNIFICADOS...............................................................4

COMPONENTES QUE INTEGRAM A DANÇA...................................................................5

Composição Coreográfica..................................................................................................................5

Fundamentos da Dança.......................................................................................................................6

Ritmo na Dança..................................................................................................................................6

Alongamento e Flexibilidade..............................................................................................................6

FUNDAMENTOS DA DANÇA...............................................................................................6

Espaço - Forma - Tempo....................................................................................................................6

Forma.................................................................................................................................................6

Fatores Integrantes.............................................................................................................................7

Espaço................................................................................................................................................7

Fatores integrantes..............................................................................................................................7

Tempo................................................................................................................................................8

Fatores integrantes..............................................................................................................................8

HABILIDADES A SEREM DENVOLVIDAS EM DANÇA...................................................8

Conscientização corporal....................................................................................................................9

Composição Coreográfica..................................................................................................................9

O domínio do movimento...................................................................................................................9

Construção do dançarino (a)...............................................................................................................9

Limpeza dos Movimentos................................................................................................................10

DANÇANDO E CONHECENDO..........................................................................................10

Conhecendo o Corpo........................................................................................................................10

Conhecendo os Sentimentos.............................................................................................................10

Conhecendo a Cultura......................................................................................................................11

O QUE É DANÇA?................................................................................................................11

Atividade Física - Dança..................................................................................................................11

Cultura - Dança................................................................................................................................11

Espetáculo - Dança...........................................................................................................................12

RELAÇÃO DO CORPO COM A DANÇA............................................................................12

Conscientização Corporal.................................................................................................................12

Page 3: Apostila I - Dança

Relação – Saúde...............................................................................................................................13

Relação - Leveza e Flexibilidade......................................................................................................13

Relação - Condicionamento Físico...................................................................................................13

É POSSÍVEL HAVER DANÇA SEM MÚSICA?..................................................................14

O corpo fala......................................................................................................................................14

Dança sem música............................................................................................................................14

Expressão e impressão......................................................................................................................14

A IMPORTÂNCIA DA DANÇA...........................................................................................14

COMPOSIÇÃO COREOGRÁFICA.......................................................................................15

O elemento: Movimento Humano....................................................................................................15

O elemento: Expressividade.............................................................................................................16

O elemento: Técnica.........................................................................................................................17

O que significa a palavra "Técnica"..................................................................................................18

REFERÊNCIA........................................................................................................................18

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VIAGEM PELO MUNDO DA DANÇA

A dança é a linguagem artística que utiliza o corpo e seus movimentos a fim de expressar sentimentos e sensações. Podemos afirmar que a dança está ligada ao modo como entendemos os limites e possibilidades do corpo humano. Entretanto, muito mais do que uma linguagem natural ou espontânea, a dança sempre se relaciona com o contexto histórico-social em que ela se dá.

Os diferentes tipos de dança refletem e recriam os valores que damos à beleza do corpo humano. Esses valores podem se manifestar no respeito às diferenças ou em atitudes preconceituosas em relação a corpos que não condizem com determinado padrão de beleza. Isso é claro, dependendo da época e local onde se dá a manifestação dessa cultura. Por isso, o principal objetivo de se trabalhar a dança como arte é o de conscientizar os seres humanos de que o corpo é expressão, comunicação, conhecimento, emoção.

Assim, além de falarmos aqui dos elementos da (A Linguagem da Dança) (corpo, espaço, força e movimento, as chamadas dinâmicas), podemos abordar os aspectos sociológicos presentes nas diferentes manifestações de dança dos diversos povos do mundo e períodos da (História da Dança), a fim de valorizar os diferentes tipos e formas de expressão corporal de maneira lúdica, divertida e criativa (Fundamentos da Dança).

CONCEITO DE DANÇA E SEUS SIGNIFICADOS

Considera-se dança uma expressão representativa de diversos aspectos na vida do homem. Pode ser considerada como linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra, etc. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.82).

Já para outros autores, o conceito de dança só poderá ser descrito e compreendido pela experiência estética em dança, ou seja, o próprio ato de dançar, não negligenciando o histórico da dança, mas sim querendo dar o significado de dançar, como forma de expressão humana.

Visto que precisa ser construído “dançantemente”, sempre que experiencie a dança, em diferentes tempos e espaços e não se perca de vista sua liberdade e criação, vejamos o conceito de dança como uma poesia, que não pode ser explicada, mas apenas sentida e interpretada.

(... do mesmo modo que na pintura, a concretude da imagem, é o caso da dança. Mas enquanto que na pintura o produto final permanece, seja numa tela, num mural ou em qualquer outro objeto, dando a oportunidade de retornar a ele sempre que se tem vontade, o produto da dança é momentâneo e passageiro e, para retornar a ele, é necessário fazê-lo novamente,

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recuperando-o num novo tempo-espaço... Em dança não existe o antes nem o depois: só o durante (GERALDI, 1997).

A dança é tão antiga como a própria vida humana. Nasceu na expressão das emoções primitivas, nas manifestações, na comunhão mística do homem com a natureza. Segundo os estudos de Hannelore FAHLBUSCH (1990), os primeiros documentos sobre a origem pré-histórica dos passos de dança, são provenientes de descobertas das pinturas e esculturas gravadas nas pedras lascadas e polidas das cavernas.

O homem que ainda nem falava, se utilizou do gesto rudimentar para expressar suas emoções num ritmo natural. A dança na vida do homem primitivo tinha muito significado, porque fazia parte de todos os acontecimentos de sua vida: nascimento, casamento, mortes, caça, guerras, iniciação da adolescência, fertilidade e acasalamento, doenças, cerimônias, colheitas.

Paulina OSSONA (1988) deixa claro os significados e os movimentos realizados dentro das danças primitivas, que de alguma forma sempre queriam dizer alguma coisa:

A dança da chuva - realizada para chamar a chuva necessária para saciar a sede e a própria plantação, os movimentos realizados imitavam o trovão mediante girar no solo acompanhado do rufar de tambores e dando golpes na terra. E se necessitava da parada de chuva, procurava distanciá-la provocando ventos criados por meio do balanceio rítmico de leques de folhas de palmeiras.

A dança do sol – Se o desejo era que brilhasse o sol por mais tempo, para que lhe desse maior margem para a colheita, realizava danças ao redor de uma fogueira e saltava ou caminhava sobre ela.

A dança da lua – Nessa dança imitavam-se as fases da lua, para que esta influenciasse as mulheres grávidas, fêmeas prenhas e ainda as sementes.

Na puberdade – Dançava para que essa força e puder lhe acompanhasse durante sua juventude e maturidade como guerreiro, caçador, agricultor e progenitor.

A dança imitava os passos dos animais com o fim de atraí-los a miragem do tiro e imitava também o seu acasalamento, para que se multiplicassem as espécies. Na dança fazia mímica do combate e vitória. Dançava-se nos casamentos, raptando a noiva. E nos sacrifícios, dançava-se para satisfazer os deuses, ao redor dos enfermos para afugentar seu mal e ao redor dos mortos para que seus espíritos se afastassem.

A dança se torna algo tão necessário quanto imprescindível em nossas vidas, como forma de interagir e vivenciar nosso cotidiano.

COMPONENTES QUE INTEGRAM A DANÇA

Composição Coreográfica

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O fenômeno da composição coreográfica, visualizado enquanto um potencial na educação estética traz aspectos como a intuição, intencionalidade e a percepção, ou seja, o indivíduo está inserido nesse fenômeno quando dança.

Fundamentos da Dança

Um dos aspectos fundamentais no trabalho de dança criativa é conscientizar profundamente o esquema corporal, em movimento. Com o intuito de desenvolver e aprimorar a percepção justa das formas, do espaço e do tempo, ou seja, dar-se conta do como, onde e quando se sucedem as modificações corporais. Ter uma dança bem fundamentada faz toda a diferença.

Ritmo na Dança

Não poderíamos falar da História da Dança sem falar dos ritmos que envolvem a mesma. E o que isso significa para a humanidade em um todo. Ritmo vem do grego Rhytmos e designa aquilo que flui, que se move, movimento regulado. O ritmo está inserido em tudo na nossa vida. Nas artes, como na vida, o ritmo está presente.

Alongamento e FlexibilidadePara um bailarino, uma de suas qualidades físicas básicas, é executar movimentos com

grande amplitude articular. Sendo de extrema importância o domínio completo do corpo e suas limitações, para que possamos ampliar sua capacidade e colhermos bons frutos disso através da consciência corporal.

FUNDAMENTOS DA DANÇA

Espaço - Forma - Tempo

Um dos aspectos fundamentais no trabalho de dança criativa é conscientizar profundamente o esquema corporal, em movimento. Com o intuito de desenvolver e aprimorar a percepção justa das formas, do espaço e do tempo, ou seja, dar-se conta do como, onde e quando se sucedem as modificações corporais. Conscientizar um movimento significa percebê-lo, incorporá-lo, conhecê-lo tanto através dos movimentos como dos sentimentos, ou seja, de como ele acontece.

Forma

É a estrutura, a arquitetura do movimento, ou ainda, simplificando, é o desenho resultante da ação corporal que se projeta no espaço.

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Acrescente-se a essa ação um conteúdo ou significado e ela será compreendida em sua totalidade, porque refletirá uma intenção, através da sua função. A forma reflete a ação externa e perceptível de uma intenção subjetiva, através da constante e infinita troca de forma que o corpo pode realizar na dança.

Quando o aluno incorpora e assimila esses conceitos, ele se sente encorajado ao desafio, na perspectiva da busca e da descoberta de novas formas.

Fatores Integrantes Variedade: A forma externa e visível de um movimento e a figura final. Contraste: Elemento componente da forma e que traduz o inesperado, a surpresa. Equilíbrio: Mínimo do contato de apoio corporal com o solo. Desenvolve o controle

muscular e o poder de concentração, pode ser estático (parado) ou dinâmico. Sequência: Sucessão de movimentos que se seguem interligados, porém independentes

entre si. Repetição: Número de vezes que um movimento ou sequência podem acontecer. Variam

as possibilidades de execução em diferentes planos, níveis e direções Harmonia: Disposição ordenada dos elementos que compõem um movimento. Possui

característica de regularidade, gerência e proporcionalidade. Clímax: Ápice do movimento é uma ação inesperada, surpreendente. Ou grau máximo da

progressão dessa ação, que pode ser isolada, associada ou conseqüente de outra ação.

Espaço

Onde o movimento de dança se processa, possui volume e densidade, ou seja, comprimento, largura e altura. Os gestos e expressões se utilizam desses elementos indispensáveis para dar significado, sentido expressivo do conteúdo, quando falamos de espaço, referimo-nos ao todo do contexto onde a ação acontece e não apenas aquela do piso que nos serve de apoio.

Fatores integrantes Sem deslocamentos corporais: Estão restritas ao espaço compreendido entre o eixo

longitudinal do corpo e a maior distância que os segmentos corporais possam alcançar, sem deslocamento.

Através de deslocamento: Onde o corpo se translada de um ponto a outro no espaço. Utilizando o espaço aéreo: Por meio de saltos e suspensões. Espaço relativo ao solo: Através de quedas e rolamentos. Fatores Integrantes Direção: Indica o rumo que um movimento pode seguir. Desviado: Movimento que seguindo sua rota natural, imprevisívelmente muda de direção. Distância: É o traçado realizado por um movimento de ato a outro ato do espaço. Planos: Quando o movimento é realizado frontal, sagital ou horizontal.

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Níveis: Referem-se à altura em que um movimento pode ser realizado. Nível Alto: Posição em pé, para cima (saltos). Nível Médio: Movimento realizado com joelhos ou tronco flexionados. Nível Baixo: Cócoras, ajoelhado, sentado e deitado. Direções: São as rotas, caminhos a seguir em relação ao eixo central do corpo.

Tempo

Subentende-se aqui o tempo referente a todas as coisas do universo e em especial a dança.O ritmo na dança funciona, entre outras coisas, na utilização da memorização de seqüências de passos, concretização da intensidade do movimento e alimentação do poder de concentração. Estabelecendo um acentuado grau de economia de energia, imprimindo um caráter dinâmico aos esforços.

Fatores integrantes Pulso: Identifica o caráter de um movimento. Se é alegre, moderado, lento, sóbrio ou

vivaz. Acento: É o tempo mais forte ou acentuado de um movimento. Intervalo: Distância quase imperceptível de um movimento para outro, quando em

seqüência fluente. Duração: Medida de permanência de um movimento. E que pode ser percebido do início

até o seu final. Intensidade: Condicionada aos fatores energia ou força, liberados pela ação - movimento

fraco ou forte. Velocidade: Refere-se à aceleração ou retardamento na execução de movimentos,

podendo ser lenta, média ou rápida.

HABILIDADES A SEREM DENVOLVIDAS EM DANÇA

A dança é um movimento cultural e artístico do qual a principal ferramenta é nosso corpo. Comecemos por aí. Temos que tratar nosso corpo com muito respeito e dedicação, o artista da dança sempre está em busca da plena conscientização corporal. Isto se faz necessário para obter o domínio sobre os movimentos e suas reais amplitudes durante a execução de uma composição coreográfica.

Conscientização corporal

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A conscientização corporal é um processo de trabalho corporal baseado na auto-observação e na pesquisa de movimentos. Seu objetivo é promover o uso do próprio corpo com conforto, eficiência sem esforço, graça, presença e integração psicofísica.

Trabalha-se com micro movimentos sentidos e percebidos em ritmo próprio, reação a estímulos sonoros, visuais e táteis, jogos, contato e improvisação. O objetivo é identificar e Reesignificar padrões corporais na direção da harmonização e da saúde.

A maneira de se posicionar e a conscientização corporal é muito importante, pois é ela que desencadeará todo o processo dos desequilíbrios e das síndromes dolorosas.

A boa postura na execução da dança é o principal fator para se evitar os desequilíbrios posturais. Torna-se importante a conscientização do indivíduo do que seria uma postura correta e qual a melhor maneira de se estar minimizando todo o esforço pelo qual o corpo é submetido nas coreografias executadas.

Composição Coreográfica

Quando a dança se elabora e se estrutura no tempo e no espaço, ela se transforma no que conhecemos como arte do movimento, composição coreográfica, obra de arte.

O domínio do movimento

O domínio das técnicas de dança também são muito importantes. Independe do tipo, modalidade ou estilo. Tanto faz se é de um aspecto folclórico ou de espetáculo. Quanto mais domínio tivermos sobre a dança que estamos executando melhor irá ser a Performance em Dança. Podendo se dar vida ao movimento e não apenas fazê-lo de forma mecânica e repetitiva. Dominar o movimento requer um estudo minucioso do estilo coreográfico que se pretende dançar. Temos que repetir o movimento e decifrá-lo nas sequências e comportamento. Para passarmos a verdadeira mensagem que se pretende, sincera e dinâmica, impactante e versátil.

Construção do dançarino (a)

Construir uma experiência com a dança leva certo tempo, mas não podemos ter pressa porque devemos aproveitar cada momento de trabalho e estudo para elaborarmos e curtirmos intensamente cada aprendizado. O corpo faz uma leitura mecânica e expressiva do movimento e se nesse aprendizado não estabelecermos metas e certos cuidados, tais como, os vícios de erro. Podemos ficar com uma gravação errada e sermos prejudicados posteriormente. Então a cada nova etapa do desenvolvimento como dançarino não podemos ter pressa de aprender, mas sim aprender do jeito certo e definitivamente correto, sem vícios.

Limpeza dos Movimentos

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Um aspecto importante, não é a complexidade da coreografia e sim a limpeza da mesma. Às vezes nos deparamos com composições coreográficas maravilhosas com alto grau de desenvolvimento, mas o conjunto não está limpo. Tornando o trabalho coreográfico comprometido em um todo.

Deve-se dar bastante importância a esse aspecto, por se tratar de um componente chave para a beleza do espetáculo. Seja ele um solo, duo, pax-de-dex ou um conjunto (grupo).

DANÇANDO E CONHECENDO

Quando dançamos, independente do estilo ou tipo de dança, entramos em um universo de conhecimento único. Tendo a oportunidade de vivenciar vários aspectos que remetem a essa mesma dança.

Conhecendo o Corpo

Nosso corpo é a ferramenta para o desenvolvimento da dança e dos movimentos que são complementados pela emoção que transmitimos através dele.

Então toda atividade de dança que realizamos traz um conhecimento bastante intimo do nosso corpo. Aprendemos seus limites, amplitudes e capacidade. Buscando a partir disso desenvolver cada vez mais nosso próprio potencial, melhorando nosso conhecimento do corpo e aumentando nossas fronteiras.

Atingimos esse conhecimento através dos estudos do movimento, desde sua elaboração até sua concepção, dando sentido a expressão representada por ele. Porque quando dançamos queremos sempre transmitir algo.

Conhecendo os Sentimentos

Quando elaboramos uma coreografia ou fazemos parte dela, somente como dançarinos, tanto para o coreógrafo quanto para quem irá executar a dança existe uma experiência de conhecimento que precisa ser desenvolvida.

Essa experiência é a forma como vamos expressar os movimentos, tentando passar uma mensagem através da coreografia a ser executada. Damos vida ao espetáculo, interpretando a história da composição coreográfica. Essa expressão é um complemento importante e precisa muito da maturidade corporal e sentimental do dançarino (a). Muitas vezes sabemos executar os movimentos com perfeição, mas eles se tornam vazios se não colocarmos a expressão. Devemos entender qual mensagem se deve passar.

Conhecendo a Cultura

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Em todas as modalidades ou estilos de dança, existem uma profunda ligação histórica. De onde surgiu, quais foram às influências que sofreram. Em que época e local da história humana vieram, qual tendência foi seguida.

Muitas danças são de fundo folclórico (representam a cultura de um povo), outras foram se aperfeiçoando e absorveram técnicas e influências de vários segmentos e povos.

Algumas surgiram por acaso, outras foram criadas por uma necessidade de se expressar. Então devemos conhecer a fundo a história que envolve a modalidade de dança que praticamos, pois com isso fica mais fácil entender todo o conjunto de coisas que envolve essa modalidade.

O QUE É DANÇA?

Se procurarmos desde os primórdios da humanidade, a dança sempre esteve presente representando várias passagens. Sabemos que a dança representa a fé, fertilidade, abundância, sofrimento, guerras, amor, entre vários outros aspectos históricos do cotidiano da história humana.

Atividade Física - Dança

Muitos praticam a dança como atividade física para complementar o organismo e ficar em forma. A dança realmente trás muitos benefícios, tais como, maior flexibilidade, melhor oxigenação do sangue e metabolismo regulado de maneira geral. Mas também trás uma higiene mental e psicológica. Quando fazemos algo que gostamos e nos dá prazer, isso melhora nossa saúde mental de maneira global. Quando se trata da dança então ai é significativo a melhora. Na dança aprendemos a lidar com vários tipos de sentimentos, "aqueles que usamos para dar vida ao movimento". Uma dança sem sentimentos não passa nenhuma energia ou mensagem e o dançarino se torna vazio. Não tenha medo de colocar seus sentimentos na dança, porque cada dançarino faz que sua dança se torne única. Mesmo que esteja dançando a mesma coreografia que outros do grupo.

Com a prática da dança conhecemos nosso corpo e sua limitações, buscando aperfeiçoar esse corpo para tirar melhor proveito dele, Por conseqüência estamos sempre de bem conosco e a saúde sempre em alta.

Cultura - Dança

A dança é um seguimento da arte espantosamente enraizado na cultura de um povo. Todos os povos do planeta, em todas as épocas de nossa história, usaram a dança como mecanismo de expressão da sua cultura. A dança já foi usada para louvar a deuses, rituais de fertilidade, cerimônias de guerra, casamentos, melhores plantações, espetáculos de divertimento e outros milhões de motivos.

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Quando se tem algum evento cultural que representa um povo e sua trajetória dentro da história do mundo, lá vem à dança como carro chefe. Bem na frente em destaque. O carnaval por exemplo: As escolas de samba colocam a comissão de frente, dançarinos representando o tema que a escola escolheu para o desfile. Quem falou que tinha de ser a dança para abrir o desfile?

Isso é óbvio, a dança está em todos os momentos de nossa vida. Quando casamos, quando fazemos aniversário de 15 anos (para as mulheres), em vários acontecimentos sociais. A dança sempre vai estar à frente de várias coisas em nossa vida.

Espetáculo - Dança

A dança com o passar do tempo também se tornou um movimento de cultura de shows e distração, ou seja, o artista dançarino ganhou destaque nos palcos e teatros de todo o mundo.

Desse movimento surgiram várias vertentes e modalidades de dança. Hoje temos o (Tap Dance - Sua História), (Musical Teatro), (Ballet - Sua História) e vários outros estilos.

O espetáculo de entretenimento surgiu como necessidade de vários motivos. Um deles era de comemoração de casamentos na época das cortes da Europa, outras linhas seguiam a distração das tropas na segunda guerra mundial e também visando ganhar dinheiro com grandes montagens que percorreram vários teatros em todos os lugares.

Espetáculos culturais também tiveram sua vez em festas folclóricas que representavam seus povos e do outro lado manifestações culturais vindo das ruas, tais como, (Dança de Rua - Sua História).

RELAÇÃO DO CORPO COM A DANÇA

Conscientização Corporal

Corpo não é apenas uma forma em movimento correndo, nadando ou dançando. É, menos ainda, uma vitrine de marcas e logotipos. Instrumento do homem no mundo, o corpo é possibilidade permanente de invenção de novas finalidades e a disposição para vivê-las.

O corpo é o nosso referencial mais imediato e concreto. Operar um computador, dirigir carro, jogar futebol, dançar, fazer amor, enfim toda e qualquer iniciativa em toda e qualquer direção parte, invariavelmente, do próprio corpo.

Instrumento de comunicação do homem no mundo é por intermédio do corpo que recebemos e emitimos informações, de fora e de dentro de nós. Entretanto, o que comumente ocorre é o impedimento desse intercâmbio devido ao acúmulo de tensões que enrijecem os músculos, bloqueiam as articulações, afetam a respiração, restringem os movimentos e comprometem o psiquismo, contribuindo para estressar e dessensibilizar o organismo humano.

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Conscientização corporal não é psicologia, doutrina religiosa ou fisioterapia. Trata-se de um trabalho de auto-regulação do tônus muscular e de organização postural, com técnicas de relaxamento, micro movimentos (consciência mio-ósteo-articular = músculos, ossos, articulações), criatividade, dança livre. Seu objetivo é controlar os níveis de estresse e promover a integração corpo mental, por meio da Sensibilização: reativação dos órgãos sensórios.

Maria Helena Imbassaí*

* Poeta e contista, atriz e produtora teatral, professora de Conscientização Corporal na Escola Angel Vianna, desde 1987 e no Centro Municipal de Saúde Ernani Agrícola, desde 1999.

A consciência corporal é um fator muito importante na vida de um dançarino (a), o domínio da dança tem uma relação bastante íntima com esse seguimento. Devemos trabalhar muito para adquirir essa técnica de conhecimento do corpo, ai poderemos tirar o maior proveito possível da dança.

O corpo tem uma relação completa com a dança, por vários motivos. Alguns deles são: Saúde, Leveza, Flexibilidade e Condicionamento Físico.

Relação – Saúde

Quando praticamos a dança, usamos uma ferramenta bastante complexa que é o corpo e aí passamos a dar real valor a essa ferramenta. Nos alimentamos melhor, buscamos sempre estar em dia com a saúde dormindo e descansando adequadamente. Com isso melhoramos de maneira global nosso metabolismo e qualidade de vida.

Relação - Leveza e Flexibilidade

Com a prática dos exercícios que envolvem as técnicas de dança e até mesmo com a própria dança, adquirimos muita flexibilidade nos movimentos como um todo, facilitando a oxigenação dos músculos e trazendo por consequência muita leveza ao organismo e estrutura muscular. Isso traz uma sensação muito gostosa, pois o corpo esta em dia consigo mesmo.

Relação - Condicionamento Físico

Bom o próprio nome já diz, o condicionamento físico mantém o corpo num patamar elevado de satisfação. Temos mais fôlego para as atividades cotidianas e nos cansamos bem menos. A expectativa de vida aumenta e o metabolismo como um todo melhora significativamente.

É POSSÍVEL HAVER DANÇA SEM MÚSICA?

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O corpo fala

Isso mesmo nosso corpo está em constante comunicação com tudo e todos ao nosso redor. A comunicação não só se dá somente pela fala, mais sim pela expressão que o corpo projeta em um diálogo muitas vezes silencioso. O corpo em um todo é responsável por mais de 80% da comunicação. Então podemos concluir que para transmitirmos algo muitas vezes não necessitamos sequer de uma palavra.

Dança sem música

A dança pode sim se dar em um âmbito de total silêncio, porque muitas vezes a coreografia por si só passa uma mensagem muito profunda e impactante. Com significado que está amplamente ligado ao contexto do que se esta dançando.

A música é um complemento importante na coreografia, mesmo porque muitos seguimentos da dança surgiram depois de movimentos musicais que se relacionam. Mas também hoje existe muitas danças que se dão às vezes sem a música e passam uma expressão mais viva do que se tivessem sendo acompanhadas por algum tipo de som.

Expressão e impressão

Quando dançamos com música, geralmente seguimos uma lógica que a própria música impõe. Mas quando não há música o corpo fica livre para se expressar e causar outra impressão. Faça uma experiência e monte uma sequência coreográfica sem música dentro de seu estilo. Dance sem música, depois coloque uma música e dance novamente. Se observar verá outro sentido, outra visão. Alguns dançarinos não conseguem se expressar na coreografia sem que haja música, mas na verdade a música é só um complemento.

A IMPORTÂNCIA DA DANÇA

Ao passar dos dias, é notável a consciência da importância da dança como forma de expressão do ser humano. A dança hoje é percebida por seu valor em si, muito mais do que um passatempo, um divertimento ou um ornamento.

O desenvolvimento do ser humano como um todo se dá de maneira bastante ampla.

TÁTIL – Sentir os movimentos e seus benefícios para o corpo.

VISUAL – Ver os movimentos e transformá-los em atos.

AUDITIVO – Ouvir a música e dominar o seu ritmo.

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AFETIVO – Emoções e sentimentos transpostos na coreografia.

COGNITIVO – Raciocínio, ritmo, coordenação.

MOTOR – Esquema corporal.

COMPOSIÇÃO COREOGRÁFICA

Os elementos que constituem a composição coreográfica:

Movimento humano;

Expressividade;

Técnica;

Justifica-se por acreditar que este conjunto não pretende encontrar verdades no caminho da construção dos conhecimentos, mas sim visualizar possibilidades permitidas através da expressão corporal em si mesmo.

O fenômeno da composição coreográfica, visualizado enquanto um potencial na educação estética, traz aspectos como a intuição, intencionalidade e a percepção, ou seja, o indivíduo está inserido nesse fenômeno quando dança.

O conceito da dança traz um olhar mais detalhado sobre a composição coreográfica, principalmente em sua estrutura. Em meus estudos percebi que se dá muita importância para o produto final, a coreografia pronta. Mas temos que ter uma atenção especial na técnica do movimento. Porque qualquer tipo de dança, exige um grau de técnica dentro do estilo que se está dançando.“Não existe dança sem técnica, ou seja, sem um produzir que é poesis” (SARAIVA KUNZ et all, 2005, p.121).

O elemento: Movimento Humano

Para Dantas (1999) dançar é imprimir no corpo a sensação do movimento.Focalizando a reflexão de movimento humano para o movimento na dança este é

considerado a matéria – prima desta arte, e como forma simbólica, é efêmero, fugaz e transitório.

Um interessante paradoxo elucidado nas teorias abordadas por Saraiva Kunz (2003), aponta que ao mesmo tempo em que a dança é muito mais que um movimento, ela não é mais do que um movimento e justamente na tentativa de esclarecer esta proposição é que precisamos trazer outros pontos para discussão como a questão da gênese do movimento na dança.

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Dantas (1999) também realiza afirmações que vão ao encontro desse posicionamento, afirmando que o movimento na dança postula sua inutilidade e sua plenitude, pois ele não existe para cumprir outro fim que não o de ser exclusivamente movimento, segundo esta autora, quem dança o faz porque realiza movimentos que não possuem, aparentemente nenhuma utilidade ou função pratica, mas que possuem sentido e significado em si mesmo, recriados, revividos a cada momento.

Merleau-Ponty (1999) denomina o movimento na dança como um movimento abstrato, pois este inaugura no corpo um processo de reflexão e construção da subjetividade, superpondo o espaço físico um espaço virtual ou humano, para ele a possibilidade de projeção torna possível a organização dos dados sensíveis em um sistema de significações.

Os movimentos fogem do sentido lógico é são colocados com expressão de sentimentos para passar uma mensagem através da dança que está sendo executada. Não se pode marginalizar os movimentos, colocando expressões vazias na composição coreográfica.

No movimento humano em si, se tem uma mistura de mecânica pura do mesmo, mas também uma carga de experiências vividas pela cultura do indivíduo que dança.

O elemento: Expressividade

"A expressividade dos gestos representa a possibilidade discursiva do contato imediato com o mundo da percepção (...)" Merleau-Ponty, 1999

Ao utilizar o termo vivenciar a dança, estamos evidenciando outra questão importante neste estudo, quer dizer, para que um sujeito se expresse e mergulhe nessa aventura que é a arte da dança, não basta estar reproduzindo movimentos adequadamente, pois há a necessidade de outras percepções e sentidos, a fim de ultrapassar um simples conjunto de movimentos já estruturados, cuja criação não é singular.

Conseqüentemente o sujeito não se entrega à aventura de interpretar e expressar-se artisticamente. A expressividade faz-se presente no comportamento humano, na vida humana, entretanto, é preciso focalizar para esse fenômeno no contexto artístico, mais especificamente na composição coreográfica, questionando a respeito da essência da expressividade no ato de coreografar.

Como se relaciona o fenômeno da expressividade na coreografia em relação à supremacia do domínio técnico?

Como ampliar a visão reducionista do conceito de expressão e técnica? Ou seja, como chegar a essência da expressão nos movimentos que constituem uma coreografia?

Conforme Müller (2001) Merleau-Ponty tendo como intuito o ataque à diplopia cartesiana propõe o conceito de expressividade da experiência, entendendo esta como a maneira espontânea cujo contato institui significação ou fenômenos (p.15).

Desta forma, este autor concebe expressão como a operação primordial na forma da qual nossas experiências gestuais induzem fenômenos ou significações simbólicas.

Lembrando que estas eram destituídas de valor cognitivo por Descartes, passaram assim a fazer parte das reflexões filosóficas a cerca dos fenômenos, considerando estas indissociáveis da nossa existência, reconsiderando o contato primordial do corpo próprio com as coisas mundanas e com o outro (MÜLLER, 2001 p.26).

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Aqui o autor da pesquisa quer dizer que temos que colocar expressividade nos movimentos, e que para isso usaremos a carga de experiências vividas na vida cotidiana do indivíduo, usando o espontânea e o primordial.

O movimento ganha vida através da expressão e não só se repete como uma série mecânica do corpo. Mas tendo que passar uma mensagem, sinergia. Para atingir seu objetivo que é o de expressar uma emoção através da composição coreográfica.

A conclusão disto é que temos um casamento perfeito entre o primeiro elemento: O movimento e o segundo elemento: A expressividade. Não podendo deixar de fora e terceiro elemento: A técnica.

O elemento: Técnica

"O decisivo da técnica não reside, no fazer e manusear, nem na aplicação de meios mas no descobrimento." (Heidegger ,2002,p.18)

A dança traz como um de seus elementos a questão da técnica, entretanto se faz necessário explorar tal elemento, a fim de ampliar suas possibilidades e vislumbrar problemáticas e equívocos que cercam a experiência e o ensino da dança.

Na história da humanidade a técnica representa um fenômeno dinâmico e presente praticamente em todos os domínios da vida, na dança apresenta-se enquanto um elemento que em certa medida acaba se sobrepondo a experiência estética, remetendo-nos a um conceito e uso reducionista e vulgar desse elemento.

Para Mauss (apud Saraiva Kunz et all, 2005,p.120) “(...) o primeiro e mais natural objeto técnico, ao mesmo tempo meio técnico do homem é seu corpo”.

No entanto, na dança ainda se observa a compreensão de que a técnica refere-se a um meio para se chegar a um determinado fim, um modo de controle do saber fazer em detrimento de uma obra final, como bem exemplifica Heller (2003, p.100) “... movo meu corpo de uma forma tal e qual para que o público veja uma determinada expressão em meu corpo”.

“Segundo o mesmo autor nesse agir, onde a técnica está a serviço de uma representação de um movimento, reina a instrumentalidade e o princípio de causalidade”. Outra questão a ser discutida está no esvaziamento da expressão “técnica”, que não guarda mais o mesmo significado da arte, da techne.

Hoje quando se fala em técnica do corpo que dança, refere-se ao controle e eficiência de seus movimentos; voltado à ação mecânica que leva a uma relação de causa e efeito.

Os autores acima citados querem dizer que, mesmo se dominando a técnica de determinado estilo de dança isso não traz garantias de um trabalho bom de composição coreográfica.

Se mais uma vez não fizermos um casamento perfeito entre o movimento e a expressividade, somando-se a técnica. Não conseguiremos elaborar de forma definitiva a Composição Coreográfica.

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O que significa a palavra "Técnica"

Técnica deriva do grego Techné, o fazer artístico, Conforme Abbagnano (1999) o significado mais antigo desse termo indica que o sentido geral da mesma coincide com o sentido geral de arte, compreendendo qualquer conjunto de regras apto a dirigir eficazmente uma atividade qualquer. Significando também criar, produzir, artifício, engenhosidade, habilidade.

Segundo Fensterseifer in Fensterseifer e González (2005), para os gregos a noção de técnica significava o conjunto teórico - pratico das técnicas intelectuais, corporais e fabris, neste sentido, o entendimento de técnica possibilitava uma dimensão “desveladora”, que acompanhava também os contornos da “physis” a qual compreende a noção de totalidade orgânica que abarcava a “unidade- indivisível- indissolúvel- de todas-as-coisas-de todas as dimensões e aspectos” (p.396).

Não podemos desconsiderar o terceiro elemento: A Técnica, por se tratar de fundamental importância para elaboração do movimento de forma livre e centrada no objeto: Corpo. Mas temos que somá-lo a todos os outros elementos, para se ter um conjunto que se completa como um todo.

REFERÊNCIA

SOUZA, Rogério Douglas Pedro de. (Org.). Mundo da dança. Disponível em: http://mundodadanca1.blogspot.com/. Acesso em 30 de mar. de 2013.