apostila filosofia o conhecimento

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conhecimento pessoas que possuem o brilho pessoal, acabam iluminando os demais seres que esto ao seu redor, servindo como um farol norteador indicando a direo a ser seguida sem que sejamos vtimas dos obstculos que possam surgir em virtude do desconhecimento do caminho.

Conhecimento emprico, cientfico, filosfico e teolgico A realidade to complexa que o homem, para apropriar-se dela, teve de aceitar diferentes tipos de conhecimento.

Desde a Antiguidade, at os dias de hoje, um lavrador, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a poca da colheita, tipo de solo adequado para diferentes culturas. Todos so exemplos do conhecimento que acumulado pelo homem, na sua interao com a natureza.

O Conhecimento faz do ser humano um ser diverso dos demais, na medida em que lhe possibilita fugir da submisso natureza. A ao dos animais na natureza biologicamente determinada, por mais sofisticadas que possam ser, por exemplo, a casa do joo-de-barro ou a organizao de uma colmia, isso leva em conta apenas a sobrevivncia da espcie.

O homem atua na natureza no somente em relao s necessidades de sobrevivncia, (ou apenas de forma biologicamente determinada) mas se d principalmente pela incorporao de experincias e conhecimentos produzidos e transmitidos de gerao a gerao, atravs da educao e da cultura, isso permite que a nova gerao no volte ao ponto de partida da que a precedeu. Ao atuar o homem imprime sua marca na natureza, torna-a humanizada. E medida que a domina e transforma, tambm amplia ou desenvolve suas prprias necessidades. Um dos melhores exemplos desta atuao so as cidades.

O Conhecimento s perceptvel atravs da existncia de trs elementos: o sujeito cognoscente (que conhece) o objeto (conhecido) e a imagem. O sujeito quem ir deter o conhecimento o objeto aquilo que ser conhecido, e a imagem a interpretao do objeto pelo sujeito. Neste momento, o sujeito apropria-se, de certo modo do objeto. O conhecimento apresenta-se como uma transferncia das propriedades do objeto para o sujeito. (Ruiz, Joo. Metodologia cientfica).

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O conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo a penetrar nela, essa posse confere-nos a grande vantagem de nos tornar mais aptos para a ao consciente. A ignorncia tolhe as possibilidades de avano para melhor, mantm-nos prisioneiros das circunstncias. O conhecimento tem o poder de transformar a opacidade da realidade em caminho iluminada, de tal forma que nos permite agir com certeza, segurana e preciso, com menos riscos e menos perigos.

Mas a realidade no se deixa revelar facilmente. Ela constituda de numerosos nveis e estruturas, de um mesmo objeto podemos obter conhecimento da realidade em diversos nveis distintos. Utilizando-se do exemplo de Cervo & Bervian no livro Metodologia Cientfica, com relao ao homem, pode-se consider-lo em seu aspecto eterno e aparente e dizer uma srie de coisas que o bom senso dita ou a experincia cotidiana ensinou; pode-se, tambm, estud-lo com esprito mais srio, investigando experimentalmente as relaes existentes entre certos rgos e suas funes; pode-se, ainda, question-lo quanto sua origem, sua realidade e destino e, finalmente, investigar o que dele foi dito por Deus atravs dos profetas e de seu Enviado Jesus Cristo.

Em outras palavras, a realidade to complexa que o homem, para apropriar-se dela, teve de aceitar diferentes tipos de conhecimento.

Tem-se, ento, os diferentes tipos de conhecimento:

Conhecimento Emprico. Conhecimento Cientfico. Conhecimento Filosfico. Conhecimento Teolgico.

Conhecimento Emprico

Popular ou vulgar o modo comum, corrente e espontneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos, as informaes so assimiladas por tradio, experincias causais, ingnuas, caracterizado pela aceitao passiva, sendo mais sujeito ao erro nas dedues e prognsticos. o saber que preenche nossa vida diria e que se possui sem o haver procurado, sem aplicao de mtodo e sem se haver refletido sobre algo(Babini, 1957:21).O homem, ciente de suas aes e do seu contexto,

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apropria-se de experincias prprias e alheias acumuladas no decorrer do tempo, obtendo concluses sobre a razo de ser das coisas. , portanto superficial, sensitivo, subjetivo, Assis temtico e acrtico.

Conhecimento Cientfico

O conhecimento cientfico vai alm da viso emprica, preocupa-se no s com os efeitos, mas principalmente com as causas e leis que o motivaram, esta nova percepo do conhecimento se deu de forma lenta e gradual, evoluindo de um conceito que era entendido como um sistema de proposies rigorosamente demonstradas e imutveis, para um processo contnuo de construo, onde no existe o pronto e o definitivo, uma busca constante de explicaes e solues e a reavaliao de seus resultados. Este conceito ganhou fora a partir do sculo XVI com Coprnico, Bacon, Galileu, Descartes e outros.

No seu conceito terico, tratado como um saber ordenado e lgico que possibilita a formao de idias, num processo complexo de pesquisa, anlise e sntese, de maneira que as afirmaes que no podem ser comprovadas so descartadas do mbito da cincia. Este conhecimento privilgio de especialistas das diversas reas das cincias.

Conhecimento Filosfico

o conhecimento que se baseia no filosofar, na interrogao como instrumento para decifrar elementos imperceptveis aos sentidos, uma busca partindo do material para o universal, exige um mtodo racional, diferente do mtodo experimental (cientfico), levando em conta os diferentes objetos de estudo.

Emergente da experincia, suas hipteses assim como seus postulados, no podero ser submetidos ao decisivo teste da observao. O objeto de anlise da filosofia so idias, relaes conceptuais, exigncias lgicas que no so redutveis a realidades materiais e, por essa razo, no so passveis de observao sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que exigida pelo conhecimento cientfico. Hoje, os filsofos, alm das questes metafsicas tradicionais, formulam novas questes: A maquina substituir quase totalmente o homem? A clonagem humana ser uma prtica aceita universalmente? O conhecimento tecnolgico um benefcio para o homem? Quando chegar a vez do combate fome e misria? Etc.

Conhecimento Teolgico

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Conhecimento adquirido a partir da aceitao de axiomas da f teolgica, fruto da revelao da divindade, por meio de indivduos inspirados que apresentam respostas aos mistrios que permeiam a mente humana, pode ser dados da vida futura, da natureza e da existncia do absoluto.

A incumbncia do Telogo provar a existncia de Deus e que os textos Bblicos foram escritos mediante inspirao Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestveis. Hoje diferentemente do passado histrico, a cincia no se permite ser subjugada a influncias de doutrinas da f: e quem est procurando rever seus dogmas e reformul-los para no se opor a mentalidade cientfica do homem contemporneo a Teologia. (Joo Ruiz) Isso, porm discutvel, pois no h nada mais perfeito que a harmonia e o equilbrio do UNIVERSO, que de qualquer modo est no conhecimento da humanidade, embora esta no tenham mos que possa apalp-lo ou olhos que possam divisar seu horizonte infinito... A f no cega baseia-se em experincias espirituais, histricas, arqueolgicas e coletivas que lhes d sustentao. O conhecimento pode Ter funo de libertao ou de opresso. O conhecimento pode ser libertador no s de indivduos como de grupos humanos. Nos dias atuais, a deteno do conhecimento um tipo de poder disputado entre as naes. Contudo o conhecimento pode ser usado como mecanismo de opresso. Quantas pessoas e naes se utilizam do conhecimento que detm para oprimir?

Para discutir estas questes recm citadas, v-se a necessidade de instituirmos um novo paradigma para discusso do conhecimento, o conhecimento moderno, entende-se por conhecimento moderno, a discusso em torno do conhecimento. a capacidade de questionar, avaliar parmetros de toda a histria e reconstruir, inovar e intervir. vlido, que alm de discutir os paradigmas do conhecimento, necessrio avaliar o problema especfico do questionamento cientfico, fonte imorredoura da inovao, tornada hoje obsessiva. No entanto, a competncia inovadora sem precedentes, pode estar muito mais a servio da excluso, do que da cidadania solidria e da emancipao humana. O fato de o mercado neo-liberal estar se dando muito bem com o conhecimento, tem afastado a escola e a universidade das coisas concretas da vida.

O questionamento sempre foi alavanca crucial do conhecimento, sendo que para mudar alguma coisa imprescindvel desfaz-la em parte ou, com parmetros, desfaz-la totalmente. A lgica do questionar leva a uma coerncia temerria de a tudo desfazer para inovar. Como exemplo a informtica, onde cada computador novo feito para ser jogado fora, literalmente morre de vspera e no sendo possvel imaginar um computador final, eterno. E neste foco que se nos apegarmos instagnao, tambm iremos para o lixo. Podemos ento afirmar a reconstruo provisria dentro do ponto de vista desconstrutivo, pois tudo que existe hoje ser objeto de questionamento, e quem sabe mudanas. O

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questionamento assim passvel de ser questionado, quando cria um ambiente desfavorvel ao homem e natureza.

importante conciliarmos o conhecimento com outras virtudes essenciais para o saber humano, como a sensibilidade popular, bom senso, sabedoria, experincia de vida, tica etc. Conhecer comunicar-se, interagir com diferentes perspectivas e modos de compreenso, inovando e modificando a realidade.

A relao entre conhecimento e democracia, modernamente, caracteriza-se como uma relao intrnseca, o poder do conhecimento se impe atravs de varias formas de dominao: econmica, poltica, social etc. A diferena entre pobres e ricos, determinada pelo fato de se deter ou no conhecimento, j que o acesso renda define as chances das pessoas e sociedades, cada vez mais, estas chances sero definidas pelo acesso ao conhecimento. Convencionou-se que em liderana poltica indispensvel nvel superior. E no topo da pirmide social encontramos o conhecimento como o fator diferencial.

inimaginvel o progresso tcnico que o conhecimento pode nos proporcionar, como facilmente imaginvel o risco da destruio total. Para equalizar esta distoro, o preo maior a dificuldade de arrumar a felicidade que, parceira da sabedoria e do bom senso muitas vezes desestabilizada pela soberba do conhecimento.

De forma geral podemos dizer que o conhecimento o distintivo principal do ser humano, so virtude e mtodo central de anlise e interveno da realidade. Tambm ideologia com base cientfica a servio da elite e/ ou da corporao dos cientistas, quando isenta de valores. E finalmente pode ser a perversidade do ser humano, quando feito e usado para fins de destruio.

Texto 2 Teoria do Conhecimento A necessidade de procurar explicar o mundo dando-lhe um sentido e descobrindo-lhe as leis ocultas to antiga como o prprio Homem, que tem recorrido para isso quer ao auxlio da magia, do mito e da religio, quer, mais recentemente, contribuio da cincia e da tecnologia. Mas sobretudo nos ltimos sculos da nossa Histria, que se tem dado a importncia crescente aos domnios do conhecimento e da cincia. E se certo que a preocupao com este tipo de questes remonta j Grcia antiga, porm a partir do sc. XVIII que a palavra cincia adquire um sentido mais preciso e mais prximo daquele que hoje lhe damos. tambm sobretudo a partir desta poca que as implicaes da atividade cientfica na nossa vida quotidiana se tm tornado to evidentes, que no lhe podemos ficar indiferentes. O que o conhecimento cientfico, como se adquire, o que temos implcito quando dizemos que conhecemos determinado assunto, em que consiste a prtica cientfica, que relao existe entre o conhecimento cientfico e o mundo real, quais

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as conseqncias prticas e ticas das descobertas cientficas, so alguns dos problemas com que nos deparamos frequentemente. Diante desses questionamentos, este trabalho pretende fazer um apanhado geral acerca da Teoria do Conhecimento, suas correntes e representantes, de modo que se torne mais fcil a sua compreenso.

Conceito

A teoria do conhecimento, se interessa pela investigao da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questes principais que ela tenta responder esto as seguintes. O que o conhecimento? Como ns o alcanamos? Podemos conseguir meios para defend-lo contra o desafio ctico? Essas questes so, implicitamente, to velhas quanto a filosofia. Mas, primordialmente na era moderna, a partir do sculo XVII em diante - como resultado do trabalho de Descartes (1596-1650) e Locke (1632-1704) em associao com a emergncia da cincia moderna que ela tem ocupado um plano central na filosofia. Basicamente conceituada como o estudo de assuntos que outras cincias no conseguem responder e se divide em quatro partes, sendo que trs delas possuem correntes que tentam explica-las: I - O conhecimento como problema, II - Origem do Conhecimento e III - Essncia do Conhecimento e IV - Possibilidade do Conhecimento.

Principais correntes e seus representantes

A) O Conhecimento Quanto Origem

A polmica racionalismo-empirismo tem sido uma das mais persistentes ao longo da histria da filosofia, e encontra eco ainda hoje em diversas posies de epistemlogos ou filsofos da cincia. Abundam, ao longo da linha constituda nos seus extremos pelo racionalismo e pelo empirismo radicais, as posies intermdias, as tentativas de conciliao e de superao, como veremos a seguir.

Empirismo

O empirismo pode ser definido como a assero de que todo conhecimento sinttico baseado na experincia. (Bertrand Russell).

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Conceitua-se empirismo, como a corrente de pensamento que sustenta que a experincia sensorial a origem nica ou fundamental do conhecimento.

Originrio da Grcia Antiga, o empirismo foi reformulado atravs do tempo na Idade Mdia e Moderna, assumindo vrias manifestaes e atitudes, tornando-se notvel as distines e divergncias existentes. Porm, notrio que existem caractersticas fundamentais, sem as quais se perde a essncia do empirismo e a qual, todos os autores conservam, que a tese de que todo e qualquer conhecimento sinttico haure sua origem na experincia e s vlido quando verificado por fatos metodicamente observados, ou se reduz a verdades j fundadas no processo de pesquisa dos dados do real, embora, sua validade lgica possa transcender o plano dos fatos observados.

Como j foi dito anteriormente, existe no empirismo divergncia de pensamentos, e exatamente esse aspecto que abordaremos a seguir. So trs, as linhas empricas, sendo elas: a integral, a moderada e a cientfica.

O empirismo integral reduz todos os conhecimentos inclusive os matemticos fonte emprica, quilo que produto de contato direto e imediato com a experincia. Quando a reduo feita mera experincia sensvel, temos o sensismo (ou sensualismo). o caso de John Stuart Mill, que na obra Sistema da Lgica diz que todos os conhecimentos cientficos resultam de processos indutivos, no constituindo exceo as verdades matemticas, que seriam resultado de generalizaes a partir de dados da experincia. Ele apresenta a induo como nico mtodo cientfico e afirma que nela resolvem-se tanto o silogismo quanto os axiomas matemticos.

O empirismo moderado, tambm denominado gentico-psicolgico, explica que a origem temporal dos conhecimentos parte da experincia, mas no reduz a ela a validez do conhecimento, o qual pode ser no-empiricamente valido (como nos casos dos juzos analticos). Uma das obras baseadas nessa linha a de John Locke (Ensaios sobre o Entendimento Humano), na qual ele explica que as sensaes so ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. Todas as idias so elaboraes de elementos que os sentidos recebem em contato com a realidade.

Como j foi dito, para os moderados h verdades universalmente validas, como as matemticas, cuja validez no assenta na experincia, e sim no pensamento. Na doutrina de Locke, existe a admisso de uma esfera de validade lgica a priori e, portanto no emprica, no que concerne aos juzos matemticos.

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Por fim, h o empirismo cientfico, que admite como vlido, o conhecimento oriundo da experincia ou verificado experimentalmente, atribuindo aos juzos analticos significaes de ordem formal enquadradas no domnio das frmulas lgicas. Esta tendncia est longe de alcanar a almejada unanimidade cientifica.

Racionalismo

a corrente que assevera o papel preponderante da razo no processo cognoscitivo, pois, os fatos no so fontes de todos os conhecimentos e no nos oferecem condies de certeza.

Um dos grandes representantes do racionalismo, Gottfried Leibniz, afirma em sua obra Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano, que nem todas as verdades so verdades de fato; ao lado delas, existem as verdades de razo, que so aquelas inerentes ao prprio pensamento humano e dotadas de universalidade e certeza (como por exemplo, os princpios de identidade e de razo suficiente), enquanto as verdades de fato so contingentes e particulares, implicando sempre a possibilidade de correo, sendo vlidas dentro de limites determinados.

Ainda retratando o pensamento racionalista, encontramos Rene Descartes, adepto do inatismo, que afirma que somos todos possuidores, enquanto seres pensantes, de uma srie de princpios evidentes, idias natas, que servem de fundamento lgico a todos os elementos com que nos enriquecem a percepo e a representao, ou seja, para ele, o racionalismo se preocupa com a idia fundante que a razo por si mesma logra atingir.

Esses dois pensadores podem ser classificados como representantes do racionalismo ontolgico, que consiste em entender a realidade como racional, ou em racionalizar o real, de maneira que a explicao conceitual mais simples, se tenha em conta da mais simples e segura explicao da realidade.

Existe tambm uma outra linha racionalista, originada de Aristteles, denominada intelectualismo, que reconhece a existncia de verdades de razo e, alm disso, atribui inteligncia funo positiva no ato de conhecer, ou seja, a razo no contm em si mesma, verdades universais como idias natas, mas as atinge vista dos fatos particulares que o intelecto coordena. Concluindo: o intelecto extrai os conceitos nsitos no real, operando sobre as imagens que o real oferece.

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Hessen, um dos adeptos do intelectualismo, lembra que h nele uma concepo metafsica da realidade como condio de sua gnoseologia, que conceber a realidade como algo de racional, contendo no particularismo contingente de seus elementos, as verdades universais que o intelecto l e extrai, realizando-se uma adequao plena entre o entendimento e a realidade, no que esta tem de essencial.

Por fim, devemos citar uma ramificao do racionalismo que alguns autores consideram autnoma, que o Criticismo.

O criticismo o estudo metdico prvio do ato de conhecer e dos modos de conhecimento, ou seja, uma disposio metdica do esprito no sentido de situar, preliminarmente o problema do conhecimento em funo da relao sujeito-objeto, indagando as suas condies e pressupostos. Ele aceita e recusa certas afirmaes do empirismo e racionalismo, por isso, muitos autores acreditam em sua autonomia. Entretanto, devemos entender tal posio como uma anlise crtica e profunda dos pressupostos do conhecimento.

Seu maior representante, Immanuel Kant, tem como marca a determinao a priori das condies lgicas das cincias. Ele declara que o conhecimento no pode prescindir da experincia, a qual fornece o material cognoscvel e nesse ponto coincide com o empirismo. Porm, sustenta tambm que o conhecimento de base emprica no pode prescindir de elementos racionais, tanto que s adquire validade universal quando os dados sensoriais so ordenados pela razo. Segundo palavras do prprio autor, os conceitos sem as intuies so vazios; as intuies sem os conceitos so cegas.

Para ele, o conhecimento sempre uma subordinao do real medida do humano.

Conclui-se ento, que pela tica do criticismo, o conhecimento implica sempre numa contribuio positiva e construtora por parte do sujeito cognoscente em razo de algo que est no esprito, anteriormente experincia do ponto de vista gnosiolgico.

B) O Conhecimento Quanto Essncia

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Nessa parte do estudo, analisaremos o ponto da Teoria do Conhecimento em que h mais divergncias, sendo estas fundamentais pra o pleno conhecimento do assunto, que o realismo e o idealismo.

Realismo

Sabendo que a palavra realismo vem do latim res (coisa), podemos conceituar essa corrente como a orientao ou atitude espiritual que implica uma preeminncia do objeto, dada a sua afirmao fundamental de que ns conhecemos coisas. Em outras palavras, a independncia ontolgica da realidade, ou seja, o sujeito em funo do objeto.

O realismo subdividido em trs espcies. O realismo ingnuo, o tradicional e o crtico.

O realismo ingnuo, tambm conhecido como pr-filosfico, aquele em que o homem aceita a identidade de seu conhecimento com as coisas que sua mente menciona, sem formular qualquer questionamento a respeito de tal coisa. a atitude do homem comum, que conhece as coisas e as concebem tais e quais aparecem.

J o realismo tradicional aquele em que h uma indagao a respeito dos fundamentos, h uma procura em demonstrar se as teses so verdadeiras, surgindo uma atitude propriamente filosfica, seguindo a linha aristotlica.

Por ltimo, podemos citar o realismo cientifico, que a linha do realismo que acentua a verificao de seus pressupostos concluindo pela funcionalidade sujeito-objeto e distinguindo as camadas conhecveis do real como a participao - no apenas criadora do esprito no processo gnosiolgico. Para os seguidores desse pensamento, conhecer sempre conhecer algo posto fora de ns, mas que, se h conhecimento de algo, no nos possvel verificar se o objeto - que nossa subjetividade compreende - corresponde ou no ao objeto tal qual em si mesmo.

H portanto, no realismo, uma tese ou doutrina fundamental de que existe uma correlao ou uma adequao da inteligncia a algo como objeto do conhecimento, de maneira que ns conhecemos quando a nossa sensibilidade e inteligncia se conformam a algo de exterior a ns. De acordo com o modo de compreender-se essa referibilidade a algo, bifurca-se o realismo em tradicional e o crtico, que so as duas linhas pertinentes filosofia.

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Idealismo

Surgiu na Grcia Antiga com Plato, denominado de idealismo transcendente, onde as idias ou arqutipos ideais representam a realidade verdadeira, da qual seriam as realidades sensveis, meras copias imperfeitas, sem validade em si mesmas, mas sim enquanto participam do ser essencial. O idealismo de Plato reduz o real ao ideal, resolvendo o ser em idia, pois como ele j dizia, as idias so o sol que ilumina e torna visveis as coisas.

Alguns autores entendem que a doutrina platnica poderia ser vista como uma forma de realismo, pois para eles, o idealismo verdadeiro aquele desenvolvido a partir de Descartes.

O que interessa Teoria do Conhecimento, o idealismo imanentista, que afirma que as coisas no existem por si mesmas, mas na medida e enquanto so representadas ou pensadas, de maneira que s se conhece aquilo que se insere no domnio de nosso esprito e no as coisas como tais, ou seja, h uma tendncia a subordinar tudo formas espirituais ou esquemas. No idealismo, que a compreenso do real como idealidade (o que equivale dizer a realidade como esprito), o homem cria um objeto com os elementos de sua subjetividade, sem que algo preexista ao objeto (no sentindo gnosiolgico).

Sintetizando, o idealismo a doutrina ou corrente de pensamento que subordina ou reduz o conhecimento representao ou ao processo do pensamento mesmo, por entender que a verdade das coisas est menos nelas do que em ns, em nossa conscincia ou em nossa mente, no fato de serem percebidas ou pensadas.

Dentro dessa concepo existem duas orientaes idealistas. Uma a do idealismo psicolgico ou conscienciolgico, onde o que se conhece no so as coisas e sim a imagem delas. Podemos conceitu-lo como aquele em que a realidade cognoscvel se e enquanto se projeta no plano da conscincia, revelando-se como momento ou contedo de nossa vida interior. Tambm chamado de idealismo subjetivo, este diz que o homem no conhece as coisas, e sim a representao que a nossa conscincia forma em razo delas. Seus representantes so Hume, Locke e Berkeley.

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A outra a orientao idealista de natureza lgica, que parte da afirmao de que s conhecemos o que se converte em pensamento, ou contedo de pensamento. Ou seja, o ser no outra coisa seno idia.

Seu maior representante, Hegel, diz em uma de suas obras que ns s conhecemos aquilo que elevamos ao plano do pensamento, de maneira que s h realidade como realidade espiritual.

Resumindo: na atitude psicolgica, ser ser percebido e na atitude lgica, ser ser pensado.

C) Possibilidade do Conhecimento

Essa parte da teoria do conhecimento responsvel por solucionar a seguinte questo: qual a possibilidade do conhecimento?

Para que seja possvel respond-la, muitos autores recorrem a duas importantes posies: o dogmatismo e o ceticismo, os quais veremos abaixo.

Dogmatismo

a corrente que se julga em condies de afirmar a possibilidade de conhecer verdades universais quanto ao ser, existncia e conduta, transcendendo o campo das puras relaes fenomenais e sem limites impostos a priori razo.

Existem duas espcies de dogmatismo: o total e o parcial.

O primeiro aquele em que a afirmao da possibilidade de se alcanar a verdade ultima feita tanto no plano da especulao, quanto no da vida pratica ou da tica. Esse dogmatismo intransigente, quase no adotado, devido rigorosidade de adequao do pensamento. Porm, encontramos em Hegel a expresso mxima desse tipo de dogmatismo, pois, existe em suas obras uma identificao absoluta entre pensamento e

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realidade. Como o prprio autor diz o pensamento, na medida em que , a coisa em si, e a coisa em si, na medida em que , o pensamento puro.

J o parcial, adotado em maior extenso, tem um sentido mais atenuado, na inteno de afirmar-se a possibilidade de se atingir o absoluto em dadas circunstncias e modos quando no sob certo prisma. Ou seja, a crena no poder da razo ou da intuio como instrumentos de acesso ao real em si.

Alguns dogmticos parciais se julgam aptos para afirmar a verdade absoluta no plano da ao. Entretanto, outros somente admitem tais verdades no plano especulativo. Da origina-se a distino entre dogmatismo terico e dogmatismo tico.

O dogmatismo tico tem como adeptos Hume e Kant, que duvidavam da possibilidade de atingir as verdades ltimas enquanto sujeito pensante (homo theoreticus) e afirmavam as razes primordiais de agir, estabelecendo as bases de sua tica ou de sua Moral.

Por conseguinte, temos como adepto do dogmatismo terico, Blaise Pascal, que no duvidava de seus clculos matemticos e da exatido das cincias enquanto cincias, mas era assaltado por duvidas no plano do agir ou da conduta humana.

Ceticismo

Consiste numa atitude dubitativa ou uma provisoriedade constante, mesmo a respeito de opinies emitidas no mbito das relaes empricas. Essa atitude nunca abandonada pelo ceticismo, mesmo quando so enunciados juzos sobre algo de maneira provisria, sujeitos a refutao luz de sucessivos testes.

Ou seja, o ceticismo se distingue das outras correntes por causa de sua posio de reserva e de desconfiana em relao s coisas.

H no ceticismo assim como no dogmatismo uma distino entre absoluto e parcial, ressaltando que este ltimo no ser discutido nesse trabalho.

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O ceticismo absoluto oriundo da Grcia e tambm denominado pirronismo. Prega a necessidade da suspenso do juzo, dada a impossibilidade de qualquer conhecimento certo. Ele envolve tanto as verdades metafsicas (da realidade em si mesma), quanto as relativas ao fundo dos fenmenos. Segundo essa corrente, o homem no pode pretender nenhum conhecimento por no haver adequao possvel entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Ou seja, para os cticos absolutos, no h outra soluo para o homem seno a atitude de no formular problemas, dada a equivalncia fatal de todas as respostas.

Um dos representantes do ceticismo de maior destaque na filosofia moderna Augusto Comte.

Concluso

Esse trabalho buscou de forma concisa reunir informaes gerais acerca da Teoria do Conhecimento, baseando-se na viso de Miguel Reale, reunindo conceitos e origem de algumas correntes, seus objetivos e representantes.

BIBLIOGRAFIA

Reale, Miguel, Introduo filosofia. 4. ed. So Paulo: Saraiva, 2002. p. 65-76;85-89; 119123.

Texto 3- Conhecimento Cientfico Podemos dizer que o homem detm vrios tipos de conhecimento cientfico, desde aquele mais simples, comum a todas pessoas e que nos passa despercebido, at aquele mais profundo e complexo no comum a todos indivduos.

Primeiramente analisemos o conhecimento de senso comum, o qual estendido a todos indivduos, mesmo que no o percebamos, e nos vem como herana gentica de gerao em gerao. Usamos este conhecimento diariamente, muitas vezes sem nos dar conta, em atividades corriqueiras sem questionarmos se est certo ou errado. Um exemplo disto o uso secular que fizemos de ervas para confeco de vrios tipos de chs para a cura de toda sorte de molstias. Nunca paramos para pesar como elas funcionam em nosso organismo, confiamos em sua eficcia porque todas pessoas usam e principalmente porque nos indicado pelos mais velhos.

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Outro tipo de conhecimento o cientfico. Surgiu da necessidade do ser humano querer saber como as coisas funcionam ao invs de apenas aceit-las passivamente. Com este tipo de conhecimento o homem comeou a entender o porqu de vrios fenmenos naturais e com isso vir a intervir cada vez mais nos acontecimento ao nosso redor. Este conhecimento se bem usado muito til para humanidade, porm se usado incorretamente pode vir a gerar enormes catstrofes para o ser humano e tudo mais ao seu redor. Usamos como exemplo a descoberta pela cincia da cura de uma molstia que assola uma cidade inteira salvando vrias pessoas da morte, mas tambm, destruir esta mesma cidade em um piscar de olhos com uma arma de destruio em massa criada com este mesmo conhecimento.

CINCIA & MTODO VISO HISTRICA

Tivemos no sculo passado dois momentos marcantes para a humanidade. O primeiro ocorreu no incio do sculo quando cientistas conseguiram provar teorias atravs de observaes astronmicas, que muitos consideravam incoerentes, pois contrariavam princpios j h muito tempo enraizado sobre nosso espao exterior. O segundo aconteceu em meados da dcada de quarenta quando, infelizmente, descobrimos o real poder de uma bomba nuclear. O que foi um enorme avano em nossa cincia, que se no usado para meios pacficos, pode destruir totalmente o mundo que conhecemos.

O homem usa a cincia para tentar explicar suas perguntas de como as coisas acontecem ao seu redor. Com isto tenta-se criar novas tecnologias para termos um mundo melhor em que vivamos. Existem campos da cincia que trazem benefcios incalculveis para o homem com o as comunicaes, medicina, informtica e muitos outros. Usa-se isto para a tomada de aes e decises o que nos faz viver em uma sociedade baseada no conhecimento. Uma nao que quer ser forte no basta s-la belicamente e monetariamente, necessita ter tambm um grande controle do conhecimento cientfico. Porm se temos um grande conhecimento e no usarmo-lo corretamente poderemos estar indo para o caminho errado.

CINCIA & MTODO

Existem vrias concepes de cincia divididas em perodos histricos cada uma com sua peculiaridade, podemos relacion-las da seguinte maneira:

Cincia Grega - Sculo VII AC at final do sculo XVI.

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Cincia Moderna - Sculo XVII at final do sculo XIX. Cincia Contempornea - Incio do sculo XX at os dias de hoje.

1 - CINCIA GREGA

Conhecida como filosofia da natureza tinha como preocupao a busca do saber a compreenso da natureza das coisas e do homem. Conhecimento este desenvolvido pela filosofia que hoje distinta da cincia.

Os pr-socrticos deixaram de lado a mitologia, que na sua concepo, os fenmenos ocorriam devido a foras espirituais e sobrenaturais (Deuses) e inseriram a idia de que existe uma ordem natural no universo no influenciado pelos Deuses.

No modelo platnico o real no est na experincia adquirida nos fatos e fenmenos adquiridos pelos sentidos. Para eles o verdadeiro mundo o que est nas idias, o que nos fornece o que so as coisas a inteligncia conseguida atravs da busca da verdade com o dilogo, ou lgica desenvolvida por teses.

J para Aristteles a conhecimento deve-se ter uma justificativa lgica, devem-se apresentar argumentos verdadeiros para sustentarem os princpios, pois nenhum efeito ou atributo poderia existir se no estivesse ligado a alguma causa. Dessa forma este modelo propem uma cincia que produza conhecimento fiel realidade por estar amparado no observvel e pela sua caracterstica de necessidade.

2 - CINCIA MODERNA

Durante o renascimento onde se introduziu a experimentao cientfica modificou-se radicalmente a compreenso e concepo terica de mundo, cincia, conhecimento e mtodo. Conforme Bacon a natureza mestra do homem e para domin-la era preciso obedec-la. Para isto era necessria a induo experimental cuidando de vrias coisas que ainda no aconteceram e depois de posse das informaes concluir a respeito dos casos positivos. Isto passou a ser conhecido como mtodo cientfico e deveria seguir os seguintes passos:

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Experimentao Formulao de hipteses Repetio da experimentao por outros cientistas Repetio do experimento para testagem das hipteses Formulao das generalizaes e leis

A revoluo cientfica moderna foi idealizada por Galileu Galilei ao introduzir a matemtica e a geometria como linguagens da cincia e o teste quantitativo experimental e com isto estipular a chamada verdade cientfica. A viso do universo por Galileu era de um mundo aberto, unificados, deterministas, geomtricos e quantitativos diferente daquela concepo aritostlica, impregnada pelos resqucios das crenas mticas e religiosas. Com isto Galileu estabeleceu o domnio do dilogo cientfico, o dilogo experimental, que era o dilogo entre o homem e a natureza. O homem deveria, com sua razo e inteligncia teorizar e construir a interpretao matemtica do real e natureza caberia responder se concordava ou no com o modelo sugerido.

Newton, dando uma interpretao diferente da de Galileu, afirmava que suas leis e teorias eram tiradas dos fatos, sem interferncia da especulao hipottica. Esse seria o mtodo ideal, atravs do qual se poderia submeter prova, uma a uma, as hipteses cientficas. Assim criou-se o mtodo cientfico Indutivo-Confirmvel, com pequenas variaes, no seguinte formato:

Observao dos elementos que compem o fenmeno. Anlise da relao quantitativa existente entre os elementos que compem o fenmeno. Introduo de hipteses quantitativas. Teste experimental das hipteses para verificao confirmabilista. Generalizao dos resultados em lei.

O sucesso das aplicaes de Newton no decorrer de trs sculos gerou uma confiabilidade cega neste tipo de cincia que fez com que, no apenas as cincias naturais, mas tambm as sociais e humanas, procurassem esse ideal cientfico e o aplicassem para ter os mesmos resultados.

3 - CINCIA CONTEMPORNEA

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No incio do sculo XX as idias de Einstein e Popper revolucionaram a concepo de cincia e mtodo cientfico. Os princpios tidos com incontestveis no sculo passado foram cedendo seu lugar atitude crtica. A partir deles desmistificou-se a concepo de que mtodo cientfico um procedimento regulado por normas rgidas que o investigador deve seguir para a produo do conhecimento cientfico. Sendo assim, h tantos mtodos quantos forem os problemas analisados e os investigadores existentes.

Na cincia contempornea, a pesquisa resultado decorrente da identificao de dvidas e da necessidade de elaborar e construir respostas para esclarec-las. A investigao cientfica desenvolve-se porque h necessidade de construir uma possvel resposta ou soluo para um problema, decorrente de algum fato ou conjunto de conhecimentos tericos.

A cincia atual reconhece que no existem regras para uma descoberta, assim como no h para as artes. A atividade do cientista semelhante a do artista. Os pesquisadores podem seguir caminhos diversos para chegar a uma concluso.

Analisando a histria da cincia, constata-se que muito de seus princpios bsicos foram modificados ou substitudos em funo de novas conjeturas ou de novos padres. Aconteceu quando Galileu modificou parte da mecnica de Aristteles e Einstein fez o mesmo com Newton.

A concepo contempornea da cincia est muito distante das vises aristotlica e moderna, nas quais o conhecimento era aceito como cientfico quando justificado como verdadeiro. O objetivo da cincia ainda o de criar um mundo cada vez melhor para vivermos e atingir um conhecimento cientfico sistemtico e seguro de toda realidade.

A cincia demonstra ser uma busca, uma investigao, contnua e incessante de solues e explicaes pra os problemas propostos.

Autoria: Marcos Antnio http://www.coladaweb.com/filosofia/conhecimento-cientifico Texto 4 - O Empirismo de John Locke INTRODUO

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A investigao do homem em torno do conhecimento algo que acompanha toda a histria da filosofia. No decorrer da histria vrias teorias, vrios sistemas foram apresentados a fim de dar respostas a to complexo problema. Este trabalho visa a apresentar a concepo do filsofo empirista John Locke em torno desta problemtica, e uma breve anlise do seu pensamento. LOCKE E O CONHECIMENTO John Locke, em seu Ensaio Acerca do Entendimento, defende a impossibilidade de princpios inatos na mente. Para ele, a teoria do inatismo insustentvel por contradizer a experincia, ou seja, se houvesse idias inatas todas as pessoas, inclusive as crianas e os idiotas gozariam delas. Locke diz ainda que os argumentos que fundamentam a teoria do inatismo no tm valor de prova, por exemplo, o fato de haver certos princpios, tanto tericos como prticos, universalizados no servem como prova para o inatismo porque os mesmos tambm s podem ser adquiridos mediante a experincia e alguns dos princpios considerados como universais no o so devido ao fato de boa parte da humanidade ignor-los. Locke deixa bem claro que as capacidades so inatas, mas o conhecimento adquirido. Pelo uso da razo somos capazes de alcanar certos conhecimentos e com eles concordar, e no de descobrir. Locke diz que ...se os homens tm verdades inatas impressas originalmente, e antes do uso da razo, permanecendo delas ignorantes at atingirem o uso da razo, consiste em afirmar que os homens, ao mesmo tempo, as conhecem e no as conhecem. Para Locke, o conhecimento segue os seguintes passos: Os sentidos tratam com idias particulares a mente se familiariza deposita na memria e d nomes a mente vai abstraindo, apreendendo gradualmente o uso dos nomes gerais. Ele aprofunda esta explicao mais adiante. No segundo livro do seu Ensaio Acerca do Entendimento, Locke descreve as fases do processo cognitivo; no momento do nascimento a alma uma tbula rasa, como uma folha de papel em branco e o conhecimento comea com a experincia sensvel. As fases do processo cognitivo seguem por quatro estgios: Intuio: o momento em que as idias simples so recebidas. Existem dois tipos de idias simples, as que so frutos da experincia externa e as que so fruto da experincia interna. Sntese: as idias simples formam por combinao as idias complexas. Anlise: por anlise, as vrias idias complexas formam as idias abstratas. Idia abstrata, aqui, no representa a essncia das coisas porque a essncia incognoscvel. Comparao: diferentemente de sntese ou associao, colocando-se uma idia ao lado da outra e comparando-as que se formam as relaes, ou seja, as idias que exprimem relaes. Nos livros posteriores, da mesma obra, Locke afirma que o homem no pode conhecer a essncia das coisas, mas s a sua existncia. Atravs de um raciocnio baseado no nexo causal pode-se conhecer a existncia do mundo e de Deus. Do mundo porque, sendo passivos em nossas sensaes, temos de admitir uma realidade distinta de ns que seja causa de nossas sensaes; de Deus porque partindo do estudo dos seres finitos, devemos necessariamente concluir que existe uma causa universal, infinita. ANLISE CRTICA DO PENSAMENTO DE LOCKE

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Muito brilhante a concepo que Locke nos apresenta sobre o conhecimento. No muito difcil de concordarmos com sua teoria. De fato, se o conhecimento fosse inato, todos teramos uma espcie de conhecimento padro, e no precisaramos freqentar escolas a fim de despert-los em ns. muito difcil (ou impossvel?) a possibilidade de conhecer algo sem a interferncia dos sentidos, pois todas as janelas do nosso intelecto esto abertas neles. Apesar de centralizar o conhecimento na experincia, Locke deixa bem claro que a capacidade de conhecer inata. Reconhecemos a experincia como uma grande fonte de conhecimentos. difcil admitir algum conhecimento independente dos sentidos. No entanto, deve haver algum fator a priori que no provenha da experincia, mas que provenha de forma intuitiva, por exemplo, espao e tempo. Da mesma forma, se a experincia fosse a nica possibilidade de conhecimento, todos tenderamos a uniformidade intelectual; no entanto h, por exemplo, pessoas que por mais que se dediquem a certo ramo de atividade, no conseguem muito progresso, tendo assim que mudar de ramo. Se fosse a experincia a nica fonte de conhecimentos, todos que se propusessem: biologia desenvolveriam a biologia, fsica desenvolveriam a fsica, mas sabemos que no assim. CONCLUSO O pensamento de Locke sobre o conhecimento foi uma grande contribuio para filsofos posteriores que se dedicaram mesma temtica. Por mais que as concluses que se tenham chegado at hoje tenham uma grande validade, h ainda a necessidade de continuar-se investigando com empenho e dedicao. Se o conhecimento algo que se constri, esta construo infinita afinal, a razo humana um terreno que ainda tem muito a ser explorado. BIBLIOGRAFIA LOCKE, John. Ensaio Acerca do Entendimento Humano. Trad. Anoar Aiex. So Paulo: Editora Abril., 1978. http://www.coladaweb.com/filosofia/o-empirismo-de-john-locke

texto 5 - Plato X Aristteles Comparativo entre Plato e Aristteles O objetivo desse trabalho comparar duas formas diferentes de explicar a origem das idias, a primeira forma de explicar a origem das idias foi elaborada por Plato, o Inatismo; a segunda forma foi elaborada por Aristteles, o Realismo que mais tarde seus princpios serviram de base para o Emperismo. Plato defendia o Inatismo, nascemos como princpios racionais e idias inatas. A origem das idias segundo Plato dado por dois mundos que so o mundo inteligvel, que o mundo que ns, antes de nascer, passamos para ter as idias assimiladas em nossas mentes. Quando ns nascemos no mundo conhecidos por todos, o mundo em que vivemos, denominado por Plato como mundo sensvel ns j temos as idias formuladas em nossas mentes mas muito guardadas que para serem utilizadas necessrio relembrar as idias j conhecidas atravs do mundo inteligvel.

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Para Plato existem quatro formas ou graus de conhecimento que so a crena, opinio, raciocnio e induo. Para ele as duas primeiras podem ser descartadas da filosofia pois no so concretas, sendo as duas ltimas so as formas de fazer filosofia. Para Plato tudo se justifica atravs da matemtica e atravs dessa que ns chegamos a verdadeira realidade. Para Plato o conhecimento sensvel ( crena e opinio ) apenas uma da realidade, como se fosse uma viso dos homens da caverna do texto Alegoria da Caverna e o conhecimento intelectual (raciocnio e induo) alcana a essncia das coisas, as idias. J Aristteles era um filosofo que defendia o Empirismo, as idias so adquiridas atravs de experincia, na realidade o Empirismo no era concreto na poca de Aristteles, muitos filsofos como eu defendo que Aristteles foi um dos criadores das principais idias do Empirismo e para outros filsofos ele apenas um realista, um filsofo que d muita importncia para o mundo exterior e para os sentidos, como a nica fonte do conhecimento e aprimoramento do intelecto. Ao contrrio de Plato, Aristteles defendia que a origem das idias atravs da observao de objetos para aps a formulao da idia dos mesmos. Para Aristteles o nico mundo o sensvel e que tambm o inteligvel. Aristteles diz que existem seis formas ou grau de conhecimento: sensao, percepo, imaginao, memria, raciocnio e intuio. Para ele o conhecimento formado e enriquecido por informaes trazidas de todos os graus citados e no h diferena entre o conhecimento sensvel e intelectual, um continuao do outro, a nica separao existente entre as seis primeiras formas e a ltima forma pois a intuio puramente intelectual, mas isso no quer dizer que as outras formas no sejam verdadeiras mas sim formas de conhecimento diferentes que utilizam coisas concretas. Podemos defender Aristteles, dizendo os problemas sobre a teoria das idias apresentada por Plato, como por exemplo sua teoria diz que voc vem ao mundo com suas idias j formuladas e que essas idias so intemporais, e como Plato explica diferentes idias sobre o que justia? Idia que segundo ele inata e todos tem a mesma fonte do que seria a justia. J a tese formulada por Aristteles permite essa diferena, pois as idias no so assimiladas por todas as pessoas na mesma fonte, pois a fonte a experincia e nem todos tem as mesmas experincias. A teoria Platnica no permite a introduo de novas idias no mundo inteligvel, j atravs da observao, princpio Aristotlico, a introduo de novas idias perfeitamente possvel. Com isso podemos concluir, ser a teoria Aristotlica mais defensvel. Autoria: Paulo Tadeu da Silva http://www.coladaweb.com/filosofia/platao-x-aristoteles

Texto 6- Plato Vida e Obras de Plato

Plato nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., de pais aristocrticos e abastados, de antiga e nobre famlia. Temperamento artstico e dialtico - manifestao caracterstica e suma do

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gnio grego - deu, na mocidade, livre curso ao seu talento potico, que o acompanhou durante a vida toda, manifestando-se na expresso esttica de seus escritos; entretanto isto prejudicou sem dvida a preciso e a ordem do seu pensamento, tanto assim que vrias partes de suas obras no tm verdadeira importncia e valor filosfico.

Aos vinte anos, Plato travou relao com Scrates - mais velho do que ele quarenta anos - e teve oito anos do ensinamento e da amizade do mestre. Quando discpulo de Scrates e ainda depois, Plato estudou tambm os maiores pr-socrticos. Depois da morte do mestre, Plato retirou-se com outros socrticos para junto de Euclides, em Mgara.

Visitou o Egito, a Itlia meridional, a Siclia, onde conheceu Dionsio o Antigo. Cado, porm, na desgraa do tirano pela sua fraqueza, foi vendido como escravo. Libertado graas a um amigo, voltou a Atenas.

Em Atenas, pelo ano de 387, Plato fundava a sua clebre escola, que, dos jardins de Academo, onde surgiu, tomou o nome famoso de Academia. Mais para levantou um templo s Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola e foi por ela conservada durante quase um milnio, at o tempo do imperador Justiniano.

Plato interessou-se vivamente pela poltica e pela filosofia poltica. Dedicou-se inteiramente especulao metafsica, ao ensino filosfico e redao de suas obras, atividade que no foi interrompida a no ser pela morte. Morreu o grande Plato em 348 ou 347 a.C., com oitenta anos de idade.

Plato o primeiro filsofo antigo de quem possumos as obras completas. A atividade literria de Plato abrange mais de cinqenta anos da sua vida: desde a morte de Scrates , at a sua morte. A parte mais importante da atividade literria de Plato representada pelos dilogos - em trs grupos principais, segundo certa ordem cronolgica, lgica e formal, que representa a evoluo do pensamento platnico, do socratismo ao aristotelismo.

O Pensamento de Plato: A Gnosiologia

Em Plato a filosofia tem um fim prtico, moral; a grande cincia que resolve o problema da vida. Este fim prtico realiza-se, no entanto, intelectualmente, atravs da especulao, do conhecimento da cincia. Mas conceptual, ao campo antropolgico e moral - Plato estende tal indagao ao campo metafsico e cosmolgico, isto , a toda a realidade.

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Este carter ntimo, humano, religioso da filosofia, em Plato tornado especialmente vivo, angustioso, pela viva sensibilidade do filsofo em face do universal vir ser, nascer e perecer de todas as coisas; em face do mal, da desordem que se manifesta em especial no homem, onde o corpo inimigo do esprito, o sentido se ope ao intelecto, a paixo contrasta com a razo. Plato considera o esprito humano peregrino neste mundo e prisioneiro na caverna do corpo. Pensava que este deve transpor este mundo e libertar-se do corpo para realizar o seu fim, isto , chegar contemplao do inteligvel, para o qual atrado por um amor nostlgico, pelo Eros platnico.

Segundo Plato, o conhecimento humano divide-se em dois graus: o conhecimento sensvel, e o conhecimento intelectual, que parte do primeiro conhecimento, mas que dele no se pode derivar. A diferena essencial entre eles, est nisto: o conhecimento sensvel no sabe que o , de onde pode passar o conhecimento diverso, cair no erro sem o saber; ao passo que o segundo, sabe que o , no podendo de modo algum ser substitudo, errneo.

Plato parte do conhecimento emprico, sensvel, para chegar ao conhecimento intelectual. A gnosiologia platnica, tem o carter cientfico, filosfico. O conhecimento sensvel deve ser superado pelo conhecimento conceptual. O conhecimento sensvel no pode explicar o conhecimento intelectual, que tem por sua caracterstica a universalidade, e ainda menos pode o conhecimento sensvel explicar o dever ser, os valores de beleza, verdade e bondade, que esto efetivamente presentes no esprito humano, e se distinguem totalmente da fealdade, erro e mal-posio.

Plato no admite que da sensao se possa de algum modo tirar o conceito universal; diz que os conceitos so a priori, donde tm de ser tirados, e sustenta que as sensaes correspondentes aos conceitos lhes constituem a ocasio para faz-los reviver.

Teoria das Idias de Plato

Plato aprofunda-lhe a teoria e procura determinar a relao entre o conceito e a realidade fazendo deste problema o ponto de partida da sua filosofia.

A cincia objetiva; ao conhecimento certo deve corresponder a realidade. Pensa que deve existir um outro mundo de realidades, objetivamente dotadas dos mesmos atributos dos conceitos subjetivos que as representam. Estas realidades chamam-se Idias. As idias so realidades objetivas, modelos e arqutipos eternos de que as coisas visveis

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so cpias imperfeitas. Assim a idia de homem que o homem abstrato perfeito e universal de que os indivduos humanos so imitaes transitrias e defeituosas.

Todas as idias existem num mundo separado, o mundo dos inteligveis, situado na esfera celeste. A certeza da sua existncia funda-a Plato na necessidade de salvar o valor objetivo dos nossos conhecimentos. Tal a clebre teoria das idias, alma de toda filosofia platnica.

A Metafsica de Plato

O sistema metafsico de Plato centraliza-se e culmina no mundo divino das idias; e estas contrape-se a matria obscura e incriada. Entre as idias e a matria esto o Demiurgo e o mundo, atravs de que desce das idias matria aquilo de racionalidade que nesta matria aparece.

O divino platnico representado pela idia do Bem, que est no vrtice. A existncia desse mundo ideal seria provada pela necessidade de estabelecer uma base ontolgica, um objeto adequado ao conhecimento conceptual, que se impe ao lado e acima do conhecimento sensvel, para poder explicar verdadeiramente o conhecimento humano na sua efetiva realidade.

E, em geral, o mundo ideal provado pela necessidade de justificar os valores, o dever ser, de que este nosso mundo imperfeito participa e a que aspira.

Visto serem as idias conceitos personalizados, transferidos da ordem lgica ontolgica, tero conseqentemente as caractersticas dos prprios conceitos: transcendero a experincia, sero universais, imutveis. Alm disso, as idias tero aquela mesma ordem lgica dos conceitos, que so ordenadas em sistema hierrquico, estando no vrtice a idia do Bem, que papel da lgica real, ontolgica, esclarecer.

Como a multiplicidade dos indivduos unificada nas idias respectivas, assim a multiplicidade das idias unificada na idia do Bem. Logo, a idia do Bem, no sistema platnico, a realidade suprema, donde dependem todas as demais idias, e todos os valores (ticos, lgicos e estticos) que se manifestam no mundo sensvel; o ser sem o qual no se explica o vir a ser.

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O Mundo

O mundo material, o cosmos platnico, resulta da sntese de dois princpios opostos, as idias e a matria. O Demiurgo plasma o caos da matria no modelo das idias eternas. O mundo, pois, est entre o ser (idia) e o no-ser (matria), e o devir ordenado, como o adequado conhecimento sensvel est entre o saber e o no-saber, e a opinio verdadeira.

Da idia - ser, verdade, bondade, beleza - depende tudo quanto h de positivo, de racional no vir a ser da experincia. Da matria - indeterminada, informe, mutvel, irracional, passiva, espacial - depende, ao contrrio, tudo que h de negativo na experincia.

Consoante a astronomia platnica, o mundo, o universo sensvel, so esfricos. A terra est no centro, em forma de esfera e, ao redor, os astros, as estrelas e os planetas, cravados em esferas ou anis rodantes, transparentes, explicando-se deste modo o movimento circular deles.

No seu conjunto, o mundo fsico percorre uma grande evoluo, um ciclo de dez mil anos, no no sentido do progresso, mas no da decadncia, terminados os quais, chegado o grande ano do mundo, tudo recomea de novo. a clssica concepo grega do eterno retorno, conexa ao clssico dualismo grego, que domina tambm a grande concepo platnica.

Obras Utilizadas: DURANT, Will, Histria da Filosofia - A Vida e as Idias dos Grandes Filsofos. So Paulo: Editora Nacional, 1926.

FRANCA S. J., Padre Leonel, Noes de Histria da Filosofia.

PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Lus, Histria da Filosofia. 10 ed. So Paulo: Melhoramentos, 1974.

VERGEZ, Andr e HUISMAN, Denis, Histria da Filosofia Ilustrada pelos Textos. 4 ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1980.

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Coleo Os Pensadores, Dilogos / Plato. 5 ed. So Paulo: Nova Cultural, 1991.

Coleo Os Pensadores, Defesa de Scrates / Plato. Vol. II. So Paulo: Abril Cultural, agosto 1972.

Autoria: Kathleen Almeida Texto 7 Aristteles Filsofo grego Aristteles Se com Plato a filosofia j havia alcanado extraordinrio nvel conceitual, pode-se afirmar que Aristteles pelo rigor de sua metodologia, pela amplitude dos campos em que atuou e por seu empenho em considerar todas as manifestaes do conhecimento humano como ramos de um mesmo tronco foi o primeiro pesquisador cientfico no sentido atual do termo. Aristteles nasceu em Estagira (donde ser dito "o Estagirita"), Macednia, em 384 a.C. Em Atenas desde 367, foi durante vinte anos discpulo de Plato. Com a morte do mestre, instalou-se em Asso, na Elida, e depois em Lesbos, at ser chamado em 343 corte de Filipe da Macednia para encarregar-se da educao de seu filho, que passaria histria como Alexandre o Grande. Em 333 voltou a Atenas, onde fundou o Liceu. Durante 13 anos dedicou-se ao ensino e elaborao da maior parte de suas obras.

Obra e doutrina de Aristteles Perderam-se todas as obras publicadas por Aristteles, com exceo da Constituio de Atenas, descoberta em 1890. As obras conhecidas resultaram de notas para cursos e conferncias do filsofo, ordenadas de incio por alguns discpulos e depois, de forma mais sistemtica, por Adronico de Rodes (c. 60 a.C.). As principais obras de Aristteles, agrupadas por matrias, so: (1) Lgica: Categorias, Da interpretao, Primeira e segunda analtica, Tpicos, Refutaes dos sofistas; (2) Filosofia da natureza: Fsica; (3) Psicologia e antropologia: Sobre a alma, alm de um conjunto de pequenos tratados fsicos; (4) Zoologia: Sobre a histria dos animais; (5) Metafsica: Metafsica; (6) tica: tica a Nicmaco, Grande tica, tica a Eudemo; (7) Poltica: Poltica, Econmica; (8) Retrica e potica: Retrica, Potica. Como nenhum filsofo antes dele, Aristteles compreendeu a necessidade de integrar o pensamento anterior a sua prpria pesquisa. Por isso comea procurando resolver o problema do conhecimento do ser a partir das antinomias acumuladas por seus predecessores: unidade e multiplicidade, percepo intelectual e percepo sensvel, identidade e mudana, problemas fundamentais, ao mesmo tempo, do ser e do conhecimento. O dualismo platnico - o mundo da inteligncia separado do das coisas sensveis - visava antes de tudo a salvar a cincia, estabelecendo a coerncia necessria entre o conceito e seu objeto. O realismo de Aristteles procura restabelecer essa coerncia sem abandonar o mundo sensvel: explora a experincia, e nela mesma insere o dualismo entre o inteligvel e o sensvel.

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O projeto de Aristteles visa em ltima anlise restabelecer a unidade do homem consigo mesmo e com o mundo, tanto quanto o projeto de Plato, baseado numa viso do cosmos. Entretanto, Aristteles censura a Plato ter seguido um caminho ilusrio, que retira a natureza do alcance da cincia. Aristteles procura apoio na psicologia. O ser existe diferentemente na inteligncia e nas coisas, mas o intelecto ativo, que atributo da primeira, capta nas ltimas o que elas tm de inteligvel, estabelecendo-se dessa forma um plano de homogeneidade.

Lgica de Aristteles Nos primeiros sculos da era crist, os escritos lgicos de Aristteles foram reunidos sob a denominao de rganon (j que se considerava a lgica apenas um instrumento da cincia, um rganon). Primeira das obras integrantes do rganon, os Tpicos classificam os diferentes modos de atribuio de um predicado a um sujeito. Cabe destacar ainda nos Tpicos o esboo da teoria do silogismo, que, no entanto, s foi consolidada na Primeira analtica. Essa teoria se caracteriza pelo propsito de demonstrar a correo formal do raciocnio, independentemente de sua verdade objetiva. Assim, se todo B A e se todo C B, todo C A. A primeira proposio a maior; a segunda, a menor; e a ltima, a concluso. Duas espcies de objees se levantam contra a teoria do silogismo. A primeira: o silogismo encerra uma petio de princpio, uma vez que a verdade da concluso j est contida na maior. A segunda: o silogismo explicita contedos de uma essncia sem apoio da experincia. Na Segunda analtica se encontra, virtualmente, a resposta de Aristteles primeira objeo: a aplicao da idia geral no caso particular no se processa mecanicamente, mas decorre de uma operao de certo modo criadora, de converso de um saber potencial num saber atual. A idia geral, alm disso, representa o resultado de difcil elaborao que transcende os dados da percepo direta. Da a necessidade de complementar o mtodo silogstico, que parte do geral para o particular, com o mtodo indutivo, que vai do particular ao geral. Todo o saber, contudo, depende de princpios indemonstrveis, mas necessrios a qualquer demonstrao: os axiomas.

Metafsica de Aristteles Sob esse ttulo esto reunidos 14 livros de Aristteles que tratam do ser no sentido mais amplo ou mais radical. Duas questes se destacam na metafsica aristotlica: a da unidade do ser e a da existncia de essncias separadas. Quanto primeira, admite Aristteles diferentes maneiras de ser, que ele denomina categorias, ressaltando dez: essncia, qualidade, quantidade, relao, lugar, tempo, situao, o ter, ao e paixo. As categorias so os "gneros supremos do ser", j que a este se referem diretamente, como suas determinaes mais radicais. A cincia do ser tem um objeto real, aquele a que, direta ou indiretamente, se referem todos os "gneros supremos": a essncia. A se funda, para muitos, a teoria da analogia do ser, pela qual se conciliam a unidade e pluralidade deste. O ser unvoco existe, contudo, separado do mundo sensvel: pura essncia, qual no se pode atribuir nenhuma outra categoria alm da prpria essncia. A filosofia da natureza, um dos fundamentos da filosofia especulativa de Aristteles, sustenta que a mudana nos seres no contraria o princpio de identidade, j que representa apenas a atualizao da potncia nelas contidas. A partir da, o filsofo apia sua fsica em duas teorias filosficas: a da substncia e do acidente, e a das quatro causas.

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A substncia o que existe por si, o elemento estvel das coisas, e o acidente, o que s noutro pode existir, como determinao secundria e cambiante. Graas unio entre os dois princpios, a substncia se manifesta atravs dos acidentes: "o agir segue o ser". Por outro lado, dependem os seres de quatro causas: material, formal, eficiente e final, estando ligada, primeira, a potencialidade de cada ser; segunda, a especificidade; terceira, a existncia; e quarta, a inteno.

tica e poltica No dilogo perdido Da justia j se anunciavam alguns dos temas expostos nos oito fragmentos reunidos por Andronico sob o ttulo de Poltica. Escritos ao longo de toda a vida de Aristteles, so tudo o que resta da sua obra sobre o assunto. Aristteles foi o primeiro filsofo a distinguir a tica da poltica, centrada a primeira na ao voluntria e moral do indivduo enquanto tal, e a segunda, nas vinculaes deste com a comunidade. Dotado de lgos, "palavra", isto , de comunicao, o homem um animal poltico, inclinado a fazer parte de uma plis, a "cidade" enquanto sociedade poltica. A cidade precede assim a famlia, e at o indivduo, porque responde a um impulso natural. Dos crculos em que o homem se move, a famlia, a tribo, a plis, s esta ltima constitui uma sociedade perfeita. Da serem polticas, de certo modo, todas as relaes humanas. A plis o fim (tlos) e a causa final da associao humana. Uma forma especial de amizade, a concrdia, constitui seu alicerce. Os regimes polticos caracterizam-se pela soluo que oferecem s relaes entre a parte e o todo na comunidade. H trs formas boas: monarquia, aristocracia e politia (um compromisso entre a democracia e a oligarquia, mas que tende primeira). monarquia interessa basicamente a unidade da plis; aristocracia, seu aprimoramento; democracia, a liberdade. O regime perfeito integrar as vantagens dessas trs formas, rejeitando as deformaes de cada uma: tirania, oligarquia e demagogia. A relao unidade-pluralidade aparece, ainda, sob outro aspecto: o da lei e da concrdia como processos complementares.

Potica de Aristteles Entre as cincias do fazer, apenas a obra de arte mereceu estudo sistemtico de Aristteles. Ele distingue as artes teis das artes de imitao, sendo que estas ltimas, ao contrrio do que o nome parece indicar, exprimem o dinamismo criador do homem completando a obra da natureza: ele tem de captar atravs da idia o que na natureza se encontra, por assim dizer, apenas esboado ou latente. Na Potica, Aristteles confere grande relevo a sua teoria da tragdia, que exerceu notvel influncia sobre o teatro desde a poca do Renascimento. Segundo sua prpria concepo de poesia, salientou a importncia da imitao ou mmesis, no como mero decalque da realidade, mas como uma recriao da vida: a tragdia imita "no os homens, mas uma ao e a vida". Tambm a ao, para ele, fundamental: os caracteres devem surgir como sua decorrncia, recomendando o filsofo o recurso ao histrica, tomada de emprstimo para a obra de arte. Preocupado ainda com o efeito da tragdia sobre o espectador, enuncia seu conceito de cathrsis (purificao das paixes), objetivo que, para Aristteles, indispensvel.

Fsica e cincias naturais

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Basicamente o contedo da Fsica de Aristteles a realidade sensvel, na qual a idia inteiramente envolvida pela matria. O fsico deve possuir um acurado esprito de observao. A realidade natural, em seus aspectos mais gerais, autnoma, contrapondo-se espontaneidade acidental que exprime os efeitos inesperados que as coisas produzem em ns. A natureza uma autocriao, e o ser potencial que nela atua o movimento, o qual se apresenta, sob o aspecto quantitativo, como aumento e diminuio e, sob o aspecto espacial, como locomoo e translao. Dos temas tratados na fsica aristotlica, o mais paradoxal a dinmica. O conceito bsico da dinmica de Aristteles de que um corpo inanimado no pode permanecer em movimento sem a ao constante de uma fora. Partindo de sua teoria do movimento, o filsofo estabelece os dois princpios bsicos que se encontram no mesmo ser, a ao e a potncia, os quais constituem o fundamento da sua dinmica. Em contraposio, a matria e a forma so os princpios bsicos da esttica. O mundo animal analisado com amplitude e considerado por Aristteles como um espao intermedirio entre a fsica e a psicologia. Os seres orgnicos apresentam aspectos diversos, mas todos so constitudos de matria (o corpo) e de forma (o princpio do movimento). Os animais so mais perfeitos do que as plantas e de constituio mais complexa. A anatomia aristotlica ressalta a importncia da distribuio da matria nas funes orgnicas. O correlacionamento entre os estados psquicos e os processos fisiolgicos s se verifica nos seres mais desenvolvidos. Os animais superiores so dotados de matria, forma, movimento, sensibilidade e potencialidade receptiva. Enquanto as plantas possuem apenas propriedades nutritivas, os animais so tambm dotados de propriedades sensitivas e motoras. O homem ocupa o vrtice da pirmide, aliando a todas essas propriedades uma potencialidade receptiva em grau elevado. Com a morte de Alexandre (323), Aristteles teve de fugir perseguio dos democratas atenienses, refugiando-se em Clcide, na Eubia, onde morreu em 322 a.C.

http://www.coladaweb.com/biografias/aristoteles Texto 9 Os Sofistas Os sofistas foram reputados como grandes mestres, eram procurados por jovens bemnascidos, dispostos a pagar muito dinheiro para aprender o que os filsofos tinham a lhes ensinar. O jovem buscava junto ao sofista a aret, qualidade indispensvel para se tornar um cidado bem-sucedido.

No regime democrtico que vigorava em Atenas, o exerccio da funo poltica dependia do bom uso da palavra. E os sofistas foram mestres na arte de bem falar.

Os sofistas negam a existncia da verdade, ou pelo menos a possibilidade de acesso a ela. Para os sofistas, o que existe so opinies: boas e ms, melhores e piores, mas jamais falsas e verdadeiras. Na formulao clssica de Protgoras, o homem a medida de todas as coisas.

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Scrates desenvolveu um mtodo de pesquisa, chamado dialtica, que procedia por questes e respostas.

Scrates , para Plato, o nico verdadeiro educador, capaz de levar aret.

Plato estabelece oposies entre Scrates e os sofistas:

O sofista cobra pra ensinar, Scrates no; O sofista sabe tudo. Scrates diz nada saber; O sofista faz retrica, Scrates faz dialtica; O sofista refuta para ganhar a disputa verbal, Scrates refuta para purificar a alma de sua ignorncia.

Resumo: Os sofistas

O perodo clssico da histria da Grcia Antiga, sculos Va. C. ao IV a.C. Foi nesse perodo, que viveram: os sofistas, Scrates, Plato e Aristteles.

Esse perodo caracterizado pelo auge da cultura grega, o desenvolvimento da plis grega, pela consolidao da democracia grega e pelo fato da Atenas ter se tornado o principal centro poltico, econmico, artstico e filosfico, do mundo helnico. Esse perodo marcado pelo incio da fase antropolgica, ou seja, uma reflexo filosfica voltada s questes humanas, seus precursores foram os sofistas.

Entre os sofistas, destacam-se: Protgoras, Hppias, Grgias, Iscrates, etc.

Os sofistas foram sbios que atuavam como professores ambulantes de filosofia, ensinando, a um preo estipulado, a arte da poltica, garantindo o sucesso dos jovens na vida poltica. Eles ensinavam a arte da retrica.

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Os escritos dos sofistas se perderam no tempo, os conhecemos a partir de comentrios de Plato, que nos deixa uma viso estereotipada dos sofistas, denominados de charlates, pois convencem os ignorantes de um saber que, na verdade no possuem.

Para Plato, os sofistas no eram filsofos. Apesar disso, eles deixaram importantes contribuies filosofia. Foram os primeiros a fazer uma distino entre a physis (ordem natural) e o nomos (ordem humana). Afirmavam no haver uma verdade absoluta, diziam que o que existia eram opinies. Protgoras o homem a medida de todas as coisas, significa que, para ele cada homem seria a medida de sua prpria verdade.

Eram considerados como portadores de polimatia, ou seja, se posicionavam sobre qualquer assunto. Organizaram um currculo: gramtica, retrica, dialtica, aritmtica, geometria, astronomia e msica. http://www.coladaweb.com/filosofia/os-sofistas Texto 10 Scrates Filosofo grego, Scrates nasceu em Atenas no ano de 470 a.C. . De origem modesta, era filho de Sofronisco, escultor, e de Fenarete, parteira, com quem dizia Ter aprendido a arte de obstetra de pensamentos. Era casado com Xantipa, cujo nome se tornou provrbio. Abandonando a arte de seu pai dedicou-se inteiramente a misso de despertar e educar as conscincias, tendo como influncia a filosofia de Anaxgoras. Sempre entre jovens, sempre em discusses, especialmente com os sofistas, nada escreveu. Por isso, o seu pensamento tem que ser reconstitudo sobre testemunhos, nem sempre concordes, de Xenofonte, de Plato e de Aristteles. Viveu sempre em Atenas, tendo participado das batalhas de Potidea (onde salvou a vida de Alcebades) de Delion e de Anfipolis. Em 399 a.C., a sua atividade e a sua vida foram finalizadas pela condenao morte, sob a acusao de corromper os jovens contra a religio e as leis da ptria. Ao se dirigir aos atenienses que o julgavam, Scrates disse que lhes era grato e que os amava, mas que obedeceria antes ao deus do que a eles, pois enquanto tivesse um sopro de vida, poderiam estar seguros de que no deixaria de filosofar, tendo como sua nica preocupao andar pelas ruas, a fim de persuadir seus concidados, moos e velhos, a no se preocupar nem com o corpo nem com a fortuna, to apaixonadamente quanto a alma, a fim de torn-la to boa quanto possvel. Denunciado, ento, como subversivo, foi condenado morte ignominiosa, tendo de beber a cicuta na priso de Atenas em fevereiro de 399 a.C. . Segundo Scrates, a Cincia fala de ser justo em relao ao cosmos, fala da modificao da alma, purificando o esprito em sua unidade e totalidade, o qual no mais capaz de erro e de pecado.

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CINCIA = VIRTUDE = FELICIDADE Esta a equao Socrtica, que quer dizer que o bem igual ao til. Ou seja, as pessoas fazem o bem por interesse prprio, porque o que vai lev-las a felicidade. Ele achava que as pessoas deveriam agir corretamente, pois estando no caminho certo, a tendncia ser essa pessoa ser feliz. Mesmo assim, eventos externos podem modificar o resultado dos eventos. Scrates queria que as pessoas se desenvolvessem na Virtude. A virtude um agir timo, procurar fazer o bem, que o correto, o ideal. Ser virtuoso o mximo que se pode ser. O ato virtuoso depende do fim que se colocar para ele. As coisas so virtuosas a medida que elas fazem bem as coisas para as quais elas foram feitas. O caminho para a virtude no s o intelecto, razo, o conhecimento mstico tambm. Para Plato, as principais virtudes so: fora, coragem, justia e piedade. A virtude abrange, tambm, criar riquezas. A virtude da alma a sabedoria, que o que a aproxima de Deus A sabedoria tem haver com humildade intelectual e no com a quantidade de saber. O ignorante arrogante porque pensa que sabe. No descobrindo em si mesmo espcie alguma de sabedoria, onde quer que estivesse, interrogava seus interlocutores a respeito de coisas que, por hiptese, deveriam saber. Ao interrog-los, verificou que no sabem o que julgam saber, e o que mais grave, no sabem que no sabem. Assim, Scrates se achava mais sbio porque pelo menos sabia que nada sabia, ao passo que as outras pessoas pensavam que sabiam. O importante para a sabedoria o que voc faz, no o que voc sabe. A sabedoria modifica o ser e purifica a alma de forma que seus objetivos fiquem mais fcil de serem atingidos. Ou seja, o que h de comum entre todas as virtudes a sabedoria, que, segundo Scrates, o poder da alma sobre o corpo, a temperana ou o domnio de si mesmo. Permitindo o domnio do corpo, a temperana permite que a alma realize as atividades que lhe so prprias, chegando a cincia do bem. Para fazer o bem, basta, portando, conhec-lo. Todos os homens procuram a felicidade, quer dizer, o bem, e o vcio no passa de ignorncia, pois ningum pode fazer o mal voluntariamente. Para Scrates, a filosofia vem de dentro para fora e sua funo despertar o conhecimento, ou seja, o Auto-conhecimento, pois a verdade est dentro de cada um. Para conhecer a si mesmo preciso conhecer o outro. A alma do outro como se fosse o espelho da prpria alma. Por meio da comparao com o olho, Plato utiliza o mtodo indireto da auto-observao (mtodo da introspeco. O conhecer-te a ti mesmo, que era, na inscrio de Delfos (onde Scrates foi proclamado o mais sbio), uma advertncia ao homem para que reconhecesse os limites da natureza humana, tem dois significados : Ter a conscincia da condio humana, no tentar ser mais do que para os homens serem, no tentar ser Deus, no ser arrogante, devendo os limites do homem serem respeitados para que se viva bem, ou seja, a conscincia da seriedade e gravidade dos problemas, que impede toda presuno de fcil saber e se afirma como conscincia inicial da prpria ignorncia; E, o conhecimento interior, para o grego, conhecer o que permanece oculto, isto , as coisas divinas eternas, o que as pessoas nem sabem que podem ser. Ou seja, necessrio conhecer o mundo para conhecer a si mesmo. O conhecimento da prpria ignorncia no a concluso final do filosofar, mas o seu momento inicial e preparatrio.

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preciso um caminho indireto, como a ironia (mtodo de ensino de Scrates), porque o caminho para o conhecimento interior individual a cada um. A Ironia possui duplo aspecto: a refutao e a maiutica. Atravs da refutao, Scrates faz uma cadeia de raciocnio para provar que a base do que o outro est pensando est errado. Levava ao ridculo homens considerados sbios. O emprego da refutao para libertao do esprito de origem eletica. Scrates tira-a de Zeno, que o criador. Procurava na filosofia o melhor caminho da libertao das almas do erro, do pecado e da condenao ao ciclo de nascimento. A refutao faz parte da maiutica, que a arte de Scrates projetar idias, fazer nascer a verdade. Atravs da maiutica, Scrates fingia ser capaz unicamente de interrogar, mas no de ensinar alguma coisa, mas levava o interlocutor, mediante uma srie de perguntas habilmente formuladas, a tomar conscincia da prpria ignorncia e a confess-la. Reconhecido isto em relao ao que se julgava e presumia saber, procura-se extrair da sua alma o conceito que nela permanecia oculto, desenvolvendo seu prprio pensamento, ou seja, reencontrando, por si mesmos, conhecimentos que j possuam sem o saber. O exemplo clssico da aplicao da maiutica encontrado no dilogo platnico intitulado Mnon, no qual Scrates leva um escravo ignorante a descobrir e formular vrios teoremas de geometria. A sabedoria plena buscada atravs do auto-conhecimento, que tem como mtodo indireto a ironia. Autoria: Fernanda Negreiros Texto 11- Conhecimento Cientfico e Senso Comum

O conhecimento cientfico uma conquista relativamente recente da humanidade. A revoluo cientfica do sculo XVII marca a autonomia da cincia, a partir do momento que ela busca seu prprio mtodo desligado da reflexo filosfica.

O exemplo clssico de procedimento cientfico das cincias experimentais nos mostra o seguinte: inicialmente h um problema que desafia a inteligncia humana, o cientista elabora uma hiptese e estabelece as condies para seu controle, a fim de confirm-la ou no, porm nem sempre a concluso imediata sendo necessrio repetir as experincias ou alterar inmeras vezes s hipteses. A concluso ento generalizada, ou seja, considerada vlida no s para aquela situao, mas para outras similares. Assim, a cincia, de acordo com o pensamento do senso comum, busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relaes universais e necessrias entre os fenmenos, o que permite prever acontecimentos e, conseqentemente tambm agir sobre a natureza. Para tanto, a cincia utiliza mtodos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento sistemtico, preciso e objetivo.

Nos primrdios da civilizao os gregos foram os primeiros a desenvolver um tipo de conhecimento racional mais desligado do mito, porm, foi o pensamento laico, no

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religioso, que logo se tornou rigoroso e conceitual fazendo nascer a filosofia no sculo VI a.C.

Nas colnias gregas da Jnia e Magna Grcia, surgiu os primeiros filsofos, e sua principal preocupao era a cosmologia, ou estudo da natureza. Buscavam o principio explicativo de todas as coisas (arch), cuja unidade resumiria a extrema multiplicidade da natureza. As respostas eram as mais variadas, mas a teoria que permaneceu por mais tempo foi a de Empdocles, para quem o mundo fsico constitudo de quatro elementos: terra, gua, ar e fogo.

Muitos desses filsofos, tais como Tales e Pitgoras no sculo VI a.C. e Euclides no sculo III a.C. ocupavam-se com astronomia e geometria, mas, diferentemente dos egpcios e babilnios, desligavam-se de preocupaes religiosas e prticas, voltando-se para questes mais tericas.

Alguns princpios fundamentais da mecnica foram estabelecidos por Arquimedes no sculo III a.C. visto por Galileu como nico cientista grego no sentido moderno da palavra devido utilizao de medidas e enunciao do resultado sob a forma de lei geral. Dentre os filsofos antigos, Arquimedes constitui uma exceo, j que a cincia grega era mais voltada para a especulao racional e desligada da tcnica e das preocupaes prticas.

O auge do pensamento grego se deu nos sculos V e IV a.C. perodo em que viveram Scrates, Plato e Aristteles.

Plato ope de maneira vigorosa os sentidos e a razo, e considera que os primeiros levam a opinio (doxa), forma imprecisa, subjetiva e mutvel de conhecer. Por isso preciso buscar a cincia (episteme), que consiste no conhecimento racional das essncias, das idias imutveis, objetivas e universais. As cincias como a matemtica, a geometria, a astronomia so passos necessrios a serem percorridos pelo pensador, at atingir as culminncias da reflexo filosfica.

Aristteles atenua o idealismo platnico, e seu olhar sem duvida mais realista, no desvalorizando tanto os sentidos. Filho de mdico herdou o gosto pela observao e deu grande contribuio a biologia, mas, como todo grego, Aristteles tambm procura apenas conhecer, estando suas reflexes desligadas da tcnica e das preocupaes utilitrias. Alm disso, persiste a concepo esttica do mundo, pela quais os gregos costumam associar a perfeio ao repouso, a ausncia de movimento.

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Embora Aristarco de Samos tenha proposto um modelo heliocntrico, a tradio que recebemos dos gregos a partir de Eudoxo, confirmada por Aristteles e mais tarde por Ptolomeu, baseia-se no modelo geocntrico: a Terra se acha imvel no centro do universo e em torno dela giram as esferas onde esto cravadas a Lua, os cinco planetas e o Sol.

Nesse sentido, para Aristteles, a fsica a parte da filosofia que busca compreender a essncia das coisas naturais constitudas pelos quatros elementos e que se encontra em constante movimento retilneo em direo ao centro da Terra ou em sentido contrrio a ele. Isso porque os corpos pesados como a terra e a gua tendem para baixo, pois este o seu lugar natural. J os corpos leves como o ar e o fogo tendem para cima. O movimento ento compreendido como a transio do corpo que busca o estado de repouso, no seu lugar natural. A fsica aristotlica parte, portanto, das definies das essncias e da anlise das qualidades intrnsecas dos corpos.

A partir deste breve esboo, podemos conferir a cincia caractersticas:

grega as seguintes

1) Encontra-se ligada filosofia, cujo mtodo orienta o tipo de abordagem dos problemas;

2) qualitativa, porque a argumentao se baseia na anlise das propriedades intrnsecas dos corpos;

3) no experimental, e se acha desligada da tcnica;

4) contemplativa, porque busca o saber pelo saber, e no a aplicao prtica do conhecimento;

5) baseia-se em uma concepo esttica do mundo.

A Idade Mdia, perodo compreendido do sculo V at o sculo XV, recebe a herana grego-latina e mantm a mesma concepo de cincia. Apesar das diferenas evidentes, possvel compreender essa continuidade, devido ao fato de o sistema de servido tambm se caracterizar pelo desprezo a tcnica e a qualquer atividade manual.

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Fora algumas excees como as experimentaes de Roger Bacon e a fecunda contribuio dos rabes -, a cincia herdada da tradio grega se vincula aos interesses religiosos e se subordina aos critrios da revelao, pois, na Idade mdia, a razo humana devia se submeter ao testemunho da f.

A partir do sculo XIV, a Escolstica principal escola filosfica e teolgica medieval entra em decadncia. Esse perodo foi muito prejudicial ao desenvolvimento da cincia porque novas idias fermentavam nas cidades, mas os guardies da velha ordem resistiam s mudanas de forma dogmtica. Esterilizados pelo princpio da autoridade, aferravam-se s verdades dos velhos livros, fossem eles a Bblia, Aristteles ou Ptolomeu.

Tais resistncias no se restringiam apenas ao campo intelectual, mas resultavam muitas vezes em processos e perseguies. O Santo oficio, ou Inquisio, ao controlar toda produo, fazia a censura prvia das idias que podiam ser divulgadas ou no. Giordano Bruno foi queimado vivo no sculo XVI porque sua teoria do cosmos infinito era considerada pantesta, uma vez que a infinitude era atributo exclusivo de Deus.

O mtodo cientfico, como ns o conhecemos hoje, surge na Idade Moderna, no sculo XVII. O Renascimento Cientfico no constituiu uma simples evoluo do pensamento cientfico, mas verdadeira ruptura que supe nova concepo de saber.

preciso examinar o contexto histrico onde ocorreram transformaes to radicais, a fim de perceber que elas no se desligam de outros acontecimentos igualmente marcantes: emergncia da nova classe dos burgueses, desenvolvimento da economia capitalista, revoluo comercial, renascimento das artes, as letras e da filosofia. Tudo isso indica o surgimento de um novo homem, confiante na razo e no poder de transformar o mundo.

Os novos tempos foram marcados pelo racionalismo, que se caracterizou pela valorizao da razo enquanto instrumento de conhecimento que dispensa o critrio da autoridade e da revelao. Chamamos de secularizao ou laicizaro do pensamento a preocupao em se desligar das justificativas feitas pela religio, que exigem adeso pela crena, para s aceitar as verdades resultantes da investigao da razo mediante demonstrao. Da a intensa preocupao com o mtodo, ponto de partida para a reflexo de inmeros pensadores do sculo XVII: Descartes, Spinoza, Francis Bacon, Galileu, entre outros.

Outra caracterstica dos novos tempos o saber ativo, em oposio ao saber contemplativo. No s o saber visa transformao da realidade, como tambm passa ele prprio a ser adquirido pela experincia, devido aliana entre a cincia e a tcnica.

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Uma explicao possvel para justificar a mudana que a classe comerciante, constituda pelos burgueses, se imps pela valorizao do trabalho, em oposio ao cio da aristocracia. Alm disso, os inventos e descobertas tornam-se necessrios para o desenvolvimento da indstria e do comrcio.

O novo mtodo cientfico mostrou-se fecundo, no cessando de ampliar sua aplicao. Os resultados obtidos por Galileu na fsica e na astronomia, bem como as leis de Kepler e as concluses de Tycho-Brahe, possibilitaram a Newton a elaborao da teoria da gravitao universal. Ao longo desse processo surgem as academias cientficas onde os cientistas se associam para troca de experincias e publicaes.

Aos poucos o novo mtodo adaptado a outros campos de pesquisa, fazendo surgir diversas cincias particulares. No sculo XVIII Lavoisier torna a qumica uma cincia de medidas precisas; o sculo XIX foi o do desenvolvimento das cincias biolgicas e da medicina, destacando-se o trabalho de Claude Bernard com a fisiologia e o de Darwin com a teoria da evoluo das espcies.

O mtodo cientfico inicialmente ocorre do seguinte modo: h um problema que desafia a inteligncia; o cientista elabora uma hiptese estabelece as condies para seu controle, a fim de confirm-la ou no. A concluso ento generalizada, ou seja, considerada vlida no s para aquela situao, mas para outras similares. Alm disso, quase nunca se trata de um trabalho solitrio do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as pesquisas so objeto de ateno de grupos especializados ligados, s universidades, as empresas ou ao Estado. De qualquer forma, a objetividade da cincia resulta do julgamento feito pelos membros da comunidade cientfica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as concluses, divulgadas em revistas especializadas e congressos.

Assim, dentro da viso do senso comum (isto , um vasto conjunto de concepes geralmente aceita como verdadeiras num determinado meio social. Repetidas irrefletidamente no cotidiano, algumas dessas noes escondem idias falsas, parciais ou preconceituosas. uma falta de fundamentao, tratando-se de um conhecimento adquirido sem base crtica, precisa, coerente e sistemtica), a cincia busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relaes universais e necessrias entre os fenmenos, o que permite prever os acontecimentos e, conseqentemente, tambm agir sobre a natureza. Para tanto, a cincia utiliza mtodos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento sistemtico, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor do mtodo, no conveniente pensar que a cincia um conhecimento certo e definitivo, pois ela avana em contnuo processo de investigao que supe alteraes medida que surgem fatos novos, ou quando so inventados novos instrumentos. Por exemplo, nos sculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por diversos matemticos que desenvolveram

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tcnicas para aplic-las de maneira mais precisa. No sculo XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepo clssica que a luz se propaga em linha reta. Isso serve para mostrar o carter provisrio do conhecimento cientfico sem, no entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do mtodo e dos resultados. Ou seja, as leis e as teorias continuam sendo de fato hipteses com diversos graus de confirmao e verifica a habilidade, podendo ser aperfeioadas ou superadas.

A partir da explanao feita acima ser que podemos afirmar que existe um mtodo universal? Ser que os mtodos universais devem ser considerados vlidos para situaes diversas? E tendo situaes diferentes podemos qualific-las como universais? Como descrever relaes universais atravs de mtodos individuais? Ser que esse tipo de mtodo realmente vlido universalmente? Ser que podemos nomear o mtodo como sendo universal?

Segundo Alan Chalmers, em sua obra A Fabricao da cincia, a generalidade e o grau de aplicabilidade de leis e teorias esto sujeitos a um constante aperfeioamento. A partir dessa afirmao podemos concluir que o mtodo universal, na realidade, no to genrico assim, ou melhor, no to absoluto, pois est sujeito a uma substituio constante. Para Chalmers no existe nenhum mtodo universal ou conjunto de padro universal, entretanto, permanecem modelos a - histricos ocasionais subentendidos nas atividades bem-sucedidas, porm, isso no significa que vale tudo na rea epistemolgica.

A questo da substituio constante das teorias ficou bem explcita na sucinta explanao da histria da cincia realizada anteriormente, onde tivemos a clara mudana de uma teoria, mtodo ou hiptese por outra mais coerente dentro de sua poca histrica e/ou cientfica.

Diante disso tudo que foi visto, do conhecimento cientfico e senso comum, podemos, pelo menos, fundamentar que acincia tem por objetivo estabelecer generalizaes aplicveis ao mundo, poisdesde a poca da revoluo estamos em posio de saber que essas generalizaescientficas no podem ser estabelecidas a priori; temos que aceitar que aexigncia de certeza mera utopia. Entretanto, a exigncia de que nossoconhecimento esteja sempre sendo transformado, aperfeioado e ampliado purarealidade. http://www.coladaweb.com/filosofia/conhecimento-cientifico-e-senso-comum