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Roteiro Filosofia Geral/ Ética e Jurídica 2º Ano- Direito. FADAP/FAP 2º Bimestre. Profº Sérgio Bindilatti

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Page 1: Apostila 2 Bim Filosofia

Roteiro

Filosofia Geral/ Ética e Jurídica

2º Ano- Direito.

FADAP/FAP

2º Bimestre.

Profº Sérgio Bindilatti

Page 2: Apostila 2 Bim Filosofia

Ética e Moral do Advogado

Segundo Luiz Flávio Gomes é certo que cada profissão conta com regras

éticas específicas, que nada mais pretendem que transmitir as normas que devem

pautar as condutas dos profissionais em cada área de atuação, seus valores, seus

princípios, sua Deontologia (conjunto de deveres). De qualquer maneira, há um

denominador ético comum que orienta a conduta de todos os homens não só à não-

maleficência (não causar mal a ninguém), senão sobretudo à beneficência, própria e

de terceiros, mas excluída obviamente a ilegítima, a criminosa ou a fraudulenta.

Embora não seja esse o único fator, resulta claro que a ausência da Ética, na vida das

pessoas em geral, mas especialmente na vida daquelas que estruturam o ordenamento

jurídico, vem gerando muito descrédito pessoal e institucional.

Quando falamos sobre ética, temos a idéia da busca dos princípios e condutas justos,

do comportamento ideal, do estudo dos quadros de valores e atos humanos. Definida

como a ciência da moral.

Advogados possuem o seu próprio Código de Ética Profissional, instituído pelo

Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. A lei 8906, de 04 de julho de

1994, estabeleceu o Estatuto da Advocacia e o Código de Ética e Disciplina, com

normas e princípios que formam a consciência profissional do advogado e sua

conduta.

Todo advogado tem como dever, o zelo do prestígio de sua classe, a defesa dos

direitos e interesses que lhe são confiados, lutar sem receio pelo primato da justiça,

proceder com lealdade e boa fé em suas relações profissionais e em todos os atos do

seu ofício, agir com a dignidade das pessoas de bem e a correção dos profissionais

que honram e engrandecem a sua classe.

A Ordem dos Advogados do Brasil, através do Código de Ética e Disciplina, regula

os deveres do advogado para com a comunidade, cliente, outro profissional. Regula

também a publicidade, a recusa de patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever

geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.

Page 3: Apostila 2 Bim Filosofia

Tendo uma grande preocupação com a imagem do advogado, com os reflexos de seus

atos, etc. A conduta do advogado deve pautar-se além do Código de Ética, do

Estatuto, Regulamento, mas também com os princípios da moral individual, social e

profissional.

O profissional deve proceder de forma a merecer o respeito de todos, pois seu

comportamento contribui para o prestígio ou desprestígio da classe, não esquecendo

das virtudes éticas que Aristóteles sintetizou na "Ética a Nicômaco", saber,

temperança, mansidão, franqueza, coragem, liberdade, magnanimidade e a justiça,

que é a maior de todas.

Contudo, o que mais fortalece o prestígio de ser um advogado é a honestidade, pois

sem ela sua conduta esta comprometida, o profissional tem a obrigação de prudência,

devendo agir de acordo com as recomendações de seu cliente. Deve agir com decoro,

urbanidade e polidez.

Sempre procurando a permanente qualificação, para cumprir com sua obrigação

social, pois a incompetência, causa danos sociais e individuais, alguns deles

irreversíveis.

O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo

ou culpa. E obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código de

Ética e Disciplina, agindo com honra, honestidade, ética, prudência. Pois sua força

esta na palavra e na autoridade moral que possuir.

Page 4: Apostila 2 Bim Filosofia

Texto II

A ÉTICA DO ADVOGADO BRASILEIRO

A sociedade passa por transformações diversas ao longo da história. Agora

também não é diferente, a não ser pela dimensão das transformações. O mundo

globalizado, pesquisas com avanços nas áreas tecnológicas, biológicas, médicas,

tudo, de uma forma rápida e inimaginável. Tudo isto, associado a uma busca por

acúmulo de capital, riqueza, aumento de produtividade, pode causar um desrespeito

do homem para com o próprio homem e, isto gerar um caos social. A ética, a moral e

os valores, princípios basilares da sociedade são os responsáveis por coibir os

exageros prezando pela dignidade da pessoa humana. A ética do advogado atua

também como valor profissional na defesa da sociedade.

A ética do advogado como valor profissional na defesa da sociedade brasileira

apresenta-se como um recurso a mais na defesa da dignidade da pessoa humana

frente às transformações por que passa a sociedade. O mundo evolui e, esta evolução

acaba por atropelar princípios basilares da sociedade. É preciso a presença de

métodos coercitivos como meio de primar pelos valores que acompanham a

humanidade desde a idade mais remota.

Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta

humana na sociedade servindo para que haja um equilíbrio e bom funcionamento

social, possibilitando a igualdade de condições e o equilíbrio bilateral. Assim, embora

não possa ser confundida com leis, a ética está relacionada com o sentimento de

justiça social.

Em se tratando de Advogado Brasileiro, existe um Estatuto, bem como um

Código de Ética que norteia a conduta pessoal. Estes diplomas legais orientam e

separam o certo do errado, disciplinando os advogados concedendo-lhes direitos e

impondo deveres e imputando-lhes sanções quando do descumprimento de tais

preceitos.

O Estatuto da Advocacia reza que: “o advogado deve proceder de forma que o

torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da

Advocacia” (Art. 31 Lei 8.906/94). Em relação ao Código de Ética e Disciplina, tem-

Page 5: Apostila 2 Bim Filosofia

se a regulação dos deveres do advogado para com a comunidade, cliente, outro

profissional e os respectivos procedimentos disciplinares.

A ética, como estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana

suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a

determinada sociedade, seja de modo absoluto, buscando estudar e indicar o melhor

modo de viver no cotidiano e na sociedade, diferencia-se da moral, pois enquanto esta

se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais,

hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom

modo de viver pelo pensamento humano.

A sociedade tem presenciado mudanças em todos os sentidos da vida humana.

Mudanças caracterizadas pelos avanços tecnológicos, criação de armas biológicas,

avanços na área médica, tudo atingindo dimensões inimagináveis. Estas mudanças

têm exigido cada vez mais, normas coercitivas de modo a preservar valores éticos e

morais.

As transformações por que passam a sociedade, frente a estas mudanças,

exigem que a ética esteja sempre presente em debates a respeito do comportamento

humano, uma vez que as pessoas orientam seu comportamento de acordo com a nova

realidade na vida social.

Assim, com o crescimento desenfreado do mundo globalizado, onde o

capitalismo, a busca pelo acúmulo de riqueza, busca pelo aumento de produção, a

competitividade do mercado de trabalho, exige que nós, sociedade exerçamos e

cumpramos as normas morais de orientação e comportamento.

Com o advogado não é diferente. A ética profissional, a consciência de que

nossos atos podem influenciar a vida dos outros e que nossa liberdade acarreta

responsabilidade leva à reflexão e ao exame introspectivo quanto ao exercício da

profissão e da sociedade.

Page 6: Apostila 2 Bim Filosofia

O Advogado tem que ter em mente que sua Ética Profissional deve ser

entendida como a explicitação do agir humano na busca do bem comum e da

realização pessoal.

O exercício da advocacia pautado nestes conceitos acima explicitados contribuiria

para a aplicação da justiça tendo como norte a dignidade da pessoa humana, o

respeito e a honra. É o que deseja a Constituição da República, os Líderes religiosos e

partidários, os Chefes de Governo, bem como a Sociedade Internacional.

Resenha da obra Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB -

INTRODUÇÃO

São muitas e boas as intenções do Conselho Federal da OAB em propor um

Estatuto de Disciplina para a regulação da advocacia, contudo alguns pontos da Lei

8.906 de 94 são superados por súmulas do Supremo Tribunal Federal e outros são

tachados de inconstitucionais. Serão postas em exame as limitações para o exercício

da profissão e as garantias que mantém a livre prática do princípio constitucional de

que o advogado é fundamental para a administração da justiça. Assim, veremos na

seqüência a análise do bloco legal que guia a atividade.

O Estatuto veio para fortalecer os advogados, transformando a OAB em

entidade de classe, em representação. Não se pode prescindir da figura do advogado

para se fazer prevalecer a justiça no meio social, sendo ele responsável por seus atos,

devendo conhecer e ter formação sócio-política do meio em que pretende atuar,

devendo sempre se pautar pela ética parcial esperada do causídico, lutando por uma

advocacia preventiva, pugnando pela inclusão do litígio como último meio de

entendimento, buscando sempre a harmonia social.

DA ORIGEM DA ADVOCACIA

Page 7: Apostila 2 Bim Filosofia

As origens da advocacia remontam principalmente ao império romano aonde

podemos ver de forma clara duas figuras distintas no direito: o advogado como

defensor representante de uma parte, e o jurisconsulto.

No Brasil começamos a ver os primeiros passos da advocacia organizada com

a criação dos cursos jurídicos em 1827. Os símbolos maiores da evolução da

advocacia brasileira são as criações do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil e

da Ordem dos Advogados do Brasil, em 1843 e 1930 respectivamente.

No Brasil até 1994 o advogado assalariado, tanto no setor publico quanto no privado

não recebia tutela especifica, até a criação do Estatuto, o qual procurou definir-lhes

direitos básicos em relação ao empregador, teto salarial, honorários, sucumbência e

jornada de trabalho.

O advogado tem papel importante na mediação e na arbitragem, atualmente

muito utilizadas devido a rapidez e a praticidade na resolução dos conflitos em

relação à justiça comum. Na negociação e na mediação o que tiramos de maior

proveito do advogado é sua habilidade conciliadora, pois ele não deve dizer quem

ganhou ou perdeu determinada causa e sim chegar o mais perto possível de uma

justiça negociada entre as partes.

Segundo nosso Estatuto, advogado é o bacharel em direito, inscrito no quadro

de advogados da OAB, que exerce atividade de postulação ao Poder Judiciário, como

representante judicial de seus clientes, e atividades de consultoria e assessoria em

matérias jurídicas.

Os cursos jurídicos não formam advogados, assim só podem exercer a

advocacia os inscritos na OAB, deixando também de ser advogados por qualquer

motivo que venha a cancelar as suas inscrições na OAB.

A função tradicional e historicamente remetida a advocacia é a postulação,

que se configura no ato de pedir ou exigir a prestação jurisdicional do Estado, sendo a

mesma promovida privativamente quando o advogado o faz em nome de seu cliente.

Page 8: Apostila 2 Bim Filosofia

Somente os advogados detêm o direito postulatório, assim tornam-se nulos de pleno

direito os atos processuais que, são privativos do advogado, e que porventura venham

a ser praticado por quem não dispõe de capacidade postulatória.

De acordo com uma pesquisa nacional patrocinada pela OAB, 31% (trinta e

um por cento) dos advogados exercem a advocacia extrajudicial, ou seja, consultoria

e assessoria de empresas, de organizações não governamentais e de entidades

públicas. Esse resultado expressivo é uma resposta à demanda da sociedade

insatisfeita com o nosso Poder Judiciário, criando-se assim um espírito de advocacia

preventiva para que de todas as formas possíveis se evite o litígio.

DA ATIVIDADE DE ADVOCACIA (ARTS. 1º AO 5º)

O advogado não deve ter participação obrigatória em qualquer ato jurídico no

sentido estrito e negócios jurídicos, porém devido à complexidade dos contratos

atuais o advogado encontra outra área aonde sua presença torna-se quase

indispensável. Tudo isso baseado sempre na advocacia preventiva, cada vez mais

praticada, sempre visando evitar qualquer tipo de litígio. Dessa forma o Estatuto

considera nulos os atos que não estejam visados por advogados.

O Estatuto define as características essenciais da advocacia, que são elas:

A indispensabilidade: o autor ressalta no livro que a indispensabilidade do

advogado não é nenhum tipo de favor coorporativo a classe ou para reserva de

mercado, e sim devido à importância do advogado para ordem pública e relevante

interesse social, e como instrumento de garantia da efetivação da cidadania.

A inviolabilidade, pela qual o advogado se torna inatacável e incensurável por

seus atos e palavras quando do exercício de seu munus, salvo os casos de infração

disciplinar e os limites da responsabilidade, adiante melhor explicados.

Page 9: Apostila 2 Bim Filosofia

A função social, a qual é realizada pelo advogado quando concretiza a

aplicação do direito e obtém as prestações jurisdicionais, participando desta forma, da

construção da justiça social.

A Independência: o advogado deve ser independente até de seu cliente,

utilizando-se da ética da parcialidade, porquanto esta é uma luta antiga da classe, uma

vez que a forma de conduta do advogado conduz à formação do senso que envolve

toda a classe.

A advocacia Pública é uma espécie do gênero da advocacia, já que integra a

administração da justiça e não tem natureza nem atribuições da Magistratura ou do

Ministério Público.

Mesmo sendo o Estatuto lei ordinária e a Advocacia-Geral da União ou a

Defensoria Publica serem regidas por leis complementares, ressalta-se que o Estatuto

é lei geral, assim a regularidade da inscrição na OAB é exigência permanente, bem

como a observância das normas gerais da legislação da advocacia e dos deveres ético-

profissionais, quando no exercício da advocacia pública.

O Estatuto atual permite o exercício do estagiário em atos não privativos de

advogado. Porém a atuação do estagiário não constituiu atividade profissional, e sim

tem função pedagógica. Todos os atos processuais devem ser realizados com a

participação do advogado podendo conter também o nome do estagiário, sendo que a

ausência do advogado gera nulidade do ato e responsabilidade disciplinar para

ambos, em virtude de infração de norma estatutária expressa.

Quando temos atos que são privativos de advogado, porem são praticados por

pessoas não inscritas na OAB temos a nulidade em seu sentido estrito, denominada

também nulidade absoluta do ato, sendo que a mesma não pode ser suprida nem

sanada. Responderá também o praticante do ato na esfera cível pelos danos

decorrentes, ao prejudicado, devido a pratica do ilícito, e responderá também

Page 10: Apostila 2 Bim Filosofia

criminalmente por exercício ilegal da profissão e até mesmo administrativamente

caso lhe couberem sanções.

Segundo o autor, mandato judicial é o contrato mediante o qual se outorga a

representação voluntária do cliente ao advogado, para que este possa atuar em nome

daquele, em juízo ou fora dele. No caso do defensor publico, a representação da parte

independe de mandato judicial, exceto para as hipóteses em que a lei exige poderes

especiais.

No que diz respeito aos poderes para o foro, o Estatuto preferiu não indicar

quais os poderes especiais que estão excluídos, deixando-os a critério das várias

legislações processuais.

O advogado pode também renunciar o mandado judicial no momento em que julgar

conveniente é imposto também a ele o dever de renuncia sempre que o advogado

sentir faltar-lhe a confiança do cliente. A renuncia é uma imposição ética, em

determinadas circunstancias que estão previstas no Código de Ética e Disciplina,

configurando-se assim não apenas uma faculdade atribuída ao advogado.

DOS DIREITOS DO ADVOGADO (ARTS. 6º E 7º)

Como classe possuidora do mais aprofundado respeito e respaldo social, os

advogados não se submetem ao controle hierárquico com relação aos membros do

Poder Judiciário ou do Ministério Público ou de quelquer outro órgão. Os causídicos

devem tratar todos com decoro e urbanidade e, por corolário, deve ser tratado da

mesma forma por àqueles que participem da atividade postulatória, jurisdicional,

administrativa etc.

No art. 7º do Estatuto estão expressos em exaustiva lista os direitos dos

advogados, dispostos em vinte incisos, dentre os quais estão:

Page 11: Apostila 2 Bim Filosofia

- Liberdade de profissão em todo o território nacional, respeitados os

limites de inscrição nas subseções;

- Total acessibilidade para se comunicar com seus clientes;

- Representação por outro advogado quando preso em flagrante, só

podendo tal ocorrer no exercício da profissão, e critérios especiais para fins de

risão cautelar;

- Ingresso livre em salas de audiência, sessões de julgamento, edifícios

nos quais se exerçam atividades ligadas à justiça e etc, dos quais pode entrar e sair

sem pedir licença, ficando em pé ou sentado;

- Desnecessidade de marcação prévia com o magistrado para com ele

conversar;

- Sustentação oral nos fóruns e tribunais e uso da palavra condida pela

ordem;

- Examinar inquéritos policiais, processos, pedir vista sem que tenha

procuração nos autos, salvo os casos de segredo de justiça;

- Inviolabilidade por atos e palavras, instalação em prédios que

funcionem atividades ligadas à justiça e retratação do autor quando ofendido no

exercício da profissão, cabendo, inclusive, desagravo pelo Conselho.

DA INSCRIÇÃO (ARTS. 8º AO 14)

A Lei no 8.906 de 4 de julho de 1994 que dispõe sobre o Estatuto da

advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB em seu artigo oitavo trata dos

requisitos indispensáveis para a inscrição como advogado neste órgão e aponta a

necessidade de:

I – Capacidade civil: A plena capacidade civil é presumida com a maioridade

sendo provada com o documento de registro geral ou certidão de nascimento. Outro

caso de prova de capacidade civil é o diploma válido de graduação universitária em

direito, independentemente da idade, uma vez que o Código Civil de 2002 dá causa à

maioridade civil a graduação em curso superior mesmo sem a emancipação

licenciada pelos pais.

Page 12: Apostila 2 Bim Filosofia

II – Diploma ou certidão de graduação em direito: A certidão supre a falta ou

retardo na emissão do diploma. O autor adverte para os cuidados com a aceitação da

certidão pois ela aumenta as chances de fraudes ou falsificações e dever ser fornecida

pelo mesmo órgão gerador do diploma necessariamente delegado de competência

pelo Ministério da Educação, não sendo aceito se for de outro modo e documentos

diversos da certidão e diploma.

Neste ponto há uma ênfase em destacar que o curso emissor deste requisito

deve ser autorizado a funcionar e após, com o funcionamento regular, dever ser

reconhecido, ambas as ações pelo MEC. Ainda só serão aceitas certidões

acompanhadas de histórico escolar autenticado para que a OAB possa verificar a

carga horária exigível e o conteúdo mínimo.

III – Título de eleitor e quitação do serviço militar: Mesmo contra o

anteprojeto do Conselho Federal da OAB o Congresso Nacional manteve este

requisito sendo obrigatórios para os maiores de 18 anos e homens respectivamente.

IV – Aprovação em Exame de Ordem: É atribuição da OAB selecionar

bacharéis de direito para o exercício da advocacia e para isso aplica exame para

constatação de conhecimentos jurídicos fundamentais e de prática profissional. A

prova é composta de uma avaliação desses conhecimentos de direito e outra de

redação de peça profissional de noções práticas um uma das áreas especializadas

como direito penal, civil, comercial do trabalho ou direito administrativo. Apenas

chega à segunda prova o candidato aprovado na primeira. A prova segue um padrão

para todas as Seccionais regulado pelo Conselho Federal da OAB.

O exame apenas pode ser prestado na Seccional da OAB de domicílio civil de

pessoa natural do requerente ou no Estado de conclusão de seu curso superior de

direito. Não pode prestar no Estado em que se pretende estabelecer vida profissional

ou escritório de advocacia sem cumprimento do descrito anteriormente. Estão

dispensados do Exame de Ordem os bacharéis que concluíram com aproveitamento o

estágio anterior até o dia 4 de julho de 94 e os que tiveram suas inscrições canceladas

porque exerceram atividades como magistratura, promotoria e os ex-integrantes de

carreiras jurídicas quando solicitam nova inscrição.

Muito foi questionada a aplicação do exame de ordem pelos muitos cursos

privados de graduação em direito que não viam interesses em obter bons professores,

bibliotecas, estágios adequados pelo seu alto custo. Isso afeta diretamente a formação

de seus estudantes. Com a obrigatoriedade do exame fica cada vez mais difícil se

montar uma faculdade de direito baseada na “saliva e giz” (baixo custo).

A Prova é justificada por Paulo Lobo quando “o Exame de Ordem – por

apreender apenas alguns aspectos da formação jurídica, principalmente os práticos –

Page 13: Apostila 2 Bim Filosofia

não avalia o curso, nem mesmo o estudante, mas tão somente constitui modo de

seleção para o exercício da profissão de advogado, uma entre tantas que o bacharal

em direito pode escolher”. Ou seja, ele não interfere na autonomia universitária

porque não impede a concessão de diploma de bacharel e assim também não fere a

liberdade de profissão que os bacharéis possam vir a exercer. Apenas tem finalidade

de seleção e fiscalização pela OAB a profissão de advogado.

V – Não exercer atividade incompatível com a advocacia: o art. 29 do

estatuto relaciona as incompatibilidades e veremos na seqüência quando abordamos o

capítulo VII da lei em voga sobre os impedimentos e incompatibilidades. Cabe

ressaltar apenas que vale para a inscrição a declaração de compatibilidade do

interessado. E dessa forma estará ele sujeito, no caso de falsa declaração, a

cancelamento do registro, sanções como falsidade ideológica, exercício ilegal da

profissão (penais), processo disciplinar (administrativas), responsabilidade civil por

danos materiais e morais (civis) e anulação de todos os atos praticados com

impossibilidade de convalidação.

VI – Idoneidade moral: É um conceito indeterminado, contudo determinável.

De forma geral fere a idoneidade moral as atividades ou ações profissionais que

desprestigiam a advocacia. Condutas incompatíveis discriminadas pelo artigo 35 da

lei também são causas da falta de idoneidade moral. A decisão do Conselho da OAB

pele cumprimento deste requisito ou não é ato vinculado á decisões administrativas,

criminais ou civis. Desse modo, uma decisão nessas esferas não gera coisa julgada no

Conselho sobre a idoneidade moral, esta é apenas decidida por no mínimo dois

terços dos votos de todos os membros do Conselho, assegurado ao interessado a

ampla defesa. Uma vez reabilitado judicialmente de pena o requerente pode

desimpedir o trancamento da inscrição com nova declaração a ser analisada pelo

órgão. Gera inidoneidade moral também o crime infamante - os atentatórios à

dignidade da advocacia – como os crimes de estelionato e falsificação de

documentos. Mesmo afastada a punibilidade por qualquer caso, não exime do

conselho considerar como crime infamante tipificado e impedir a inscrição.

VII – Prestar o compromisso perante o Conselho: Uma solenidade

indispensável para aprovação da inscrição, sendo totalmente nula a inscrição que não

contiver o compromisso registrado em ata do Conselho com nome do

compromissando. O art. 20 do Regulamento Geral determinou que o compromisso é

o pronunciamento oral do seguinte: “Prometo exercer a advocacia com dignidade e

independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a

Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça

social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento

da cultura e das instituições jurídicas”.

Page 14: Apostila 2 Bim Filosofia

Advogado Estrangeiro

Segundo o parágrafo 2º do artigo 8º o advogado estrangeiro ou o brasileiro

não graduado no Brasil deve revalidar a prova do título de graduação e preencher

também todos os outros requisitos já abordados. Para que o advogado estrangeiro não

esteja em situação mais vantajosa que o profissional brasileiro é necessário também

sua inscrição na OAB para a prática dos atos inerentes ao seu cargo. Nestes casos

deve o advogado também prestar o Exame da Ordem e o compromisso legal. Os

documentos exigidos como requisitos de inscrição, como o diploma de graduação,

devem ser autenticados pelo consulado brasileiro no país onde foram emitidos e

traduzidos para o português. A via consular é dispensada quando substituída pela via

diplomática. Por fim, o diploma de graduação em direito ainda deverá ser revalidado

pelo órgão de educação brasileiro competente.

Estagiário

O estagiário que se refere nossa Lei é aquele inscrito na OAB sendo estudante

de direito ou já bacharel em direito. O estagiário atua sempre com a assistência de um

advogado e não pode isoladamente praticar atos da profissão, exceto os autorizados

pelo Regulamento Geral. A inscrição deve ser feita sempre na seccional da OAB do

Estado do Curso Jurídico do estagiário e ele deve reunir os incisos I, III, V, VI e VII

do art. 8º já comentados e o comprovante de matricula. O estagiário está sujeito as

mesmas regras de impedimento e incompatibilidade que veremos quando estudarmos

este assunto e seu estágio durará no máximo dois anos. Não há dispensa do Exame de

Ordem para o exercício da advocacia e o estágio da OAB não é obrigatório, apenas

para os interessados em integrar o quadro de estagiários da instituição.

Deve-se considerar aqui a distinção entre o estágio profissional de advocacia

que é para se obter o título de estagiário profissional para a inscrição nesse respectivo

quadro na OAB, do estágio de prática jurídica: aquele ministrado pelas instituições

de ensino com natureza curricular e obrigatória para todos os alunos de cursos

jurídicos.

Domicilio Profissional

Page 15: Apostila 2 Bim Filosofia

O advogado pode exercer livremente a profissão em todo o território nacional.

Seu domicílio profissional é aquele declarado na inscrição principal sob as penas da

lei. Não há necessidade deste domicilio ser idêntico com o de Estado de conclusão do

curso jurídico ou do que o advogado prestou exame de ordem. Em caso de dúvidas

prevalece o domicílio da pessoa física do advogado. Existe ainda a possibilidade de

inscrição profissional em mais de uma Seccional ou Estado, esta inscrição

suplementar só é obrigatória quando há a habitualidade de até cinco causas por ano

no Estado que não se possui domicílio profissional. O domicílio profissional é

imprescindível para fins de jurisdição do respectivo Conselho, para as eleições,

fiscalizações e contribuições obrigatórias.

Nos casos de transferência de tal domicílio para outro Estado o advogado

pode ou não ter inscrição suplementar na nova Seccional, se possuir, esta não pode

negar-se de aceitar a transferência do domicílio profissional original caso a inscrição

principal não possua vícios. Essa transferência é obrigatória sempre que o advogado

passar de fato a sede principal de sua atuação profissional para a outra Unidade da

Federação.

Cancelamento da Inscrição

O Estatuto prevê o cancelamento da inscrição na OAB quando o profissional

o requerer, sofrer penalidade de exclusão, falecer, passar a exercer definitivamente

atividade incompatível ou ainda perder qualquer um dos requisitos exigidos para a

inscrição. Há exceção para a perda ou suspensão dos direitos políticos que não gera

cancelamento da inscrição. O efeito do cancelamento é ex tunc e em casos de

inexistência de inscrição, por exemplo, obtida por falsa prova seria ex nunc.

Licenciamento do Cargo

Licencia-se do cargo o profissional que assim a requerer com motivo

justificado, passar a exercer temporariamente atividade incompatível ou, sofrer

doença mental curável. O licenciamento pelo segundo motivo descrito pode ser

declarado de ofício pelo Conselho se o advogado que tinha o dever não o suscitar e

nesses casos ele incorre em processo disciplinar.

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Documento de Identificação do Advogado

Somente o Conselho Federal da Oab pode dispor sobre a identificação do

advogado ou do estagiário. Essa identificação emitida pela OAB tem validade

nacional e constitui prova de identidade civil para todos os fins legais e não apenas

para os fins profissionais. O número de inscrição deve acompanhar o nome do

advogado em todos os documentos por ele assinados no exercício de sua profissão e

também nas placas de identificação de escritórios jurídicos e publicidades de

advocacia.

SOBRE A SOCIEDADE DE ADVOGADOS (ARTS. 15 AO 17)

Os advogados podem reunir-se em sociedade civil para prestação de serviços

exclusivamente de advocacia, também sujeita ao código de ética e disciplina,

adquirindo personalidade jurídica quando seu registro for aprovado no Conselho

Seccional da OAB de sua sede. O advogado não pode integrar mais de uma sociedade

de advogados em um mesmo Estado e lhe é vedado representar em juízo clientes da

sociedade de advogados com interesses opostos. Todos os sócios devem possuir título

de advogado inscrito validamente na OAB e deve estar permitido de advogar.

A razão social deve e apenas pode constar o nome de pelo menos um

advogado responsável pela sociedade e o seu licenciamento temporário deve ser

averbado no registro da sociedade sem mais alterações no registro. O parágrafo

terceiro do art. 16 do Estatuto é claro quando veda o registro, nos cartórios civis de

pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua atividades de

advocacia. Tanto a sociedade quanto o sócio responde subsidiariamente e

ilimitadamente pelos danos causados aos seus clientes por ação ou omissão no

exercício da profissão.

ADVOGADO EMPREGADO (ARTS. 18 AO 21)

O advogado empregado é o profissional assalariado com remuneração

predeterminada e periódica independentemente do montante de serviços prestados no

período. A remuneração ainda é devida quando o serviço do advogado empregado for

zero. A relação de emprego não alcança o profissional que é empregado no exercício

de sua função, pois tem total autonomia quanto à correta aplicação dos atos, meios e

prazos processuais e não pode prosseguir com orientação tecnicamente incorreta

ditada pelo empregador.

Page 17: Apostila 2 Bim Filosofia

“Sem independência profissional não há advocacia” Assim registra o autor

para dar clareza à relação de emprego que não pode atingir a independência do

advogado subordinado. Ou seja, a decisão de ajuizar alguma ação é do empregador,

entretanto a realização da peça ou da negociação processual é ato profissional do

advogado. Não se devem confundir os interesses pessoais do empregador com os

definidos na relação de trabalho. Assim: o advogado contratado para o setor jurídico

da empresa não pode prestar serviços ao empregador para atender, por exemplo, uma

ação de direito de sua família, uma vez que ele foi contratado para defender os

interesses da empresa. Nestes casos deve ser remunerado como se não fosse

advogado empregado.

Não há um salário um salário mínimo padrão ou nacional para os advogados

empregados com exceção nos fixados por convenção coletiva celebrada com

entidades sindicais nacionais. Havendo salário mínimo para o advogado, deve-se

incluir o adicional de produtividade e aumentos reais definidos em lei, convenção

coletiva e sentença normativa.

Na falta de acordos ou convenções o Estatuto fixa a jornada de trabalho do

advogado empregado em quatro horas diárias com total de vinte horas semanais. O

Regulamento Geral amplia essa jornada até o limite e oito horas diárias e quarenta

semanais quando houver acordo ou convenção coletiva. Sobre os honorários do

advogado empregado o argumento que prevalece na lei é de que eles constituem

exclusivamente remuneração de trabalho do advogado e não perde sua natureza

mesmo sendo pagos pela parte contrária, no âmbito da condenação. A regra a ser

seguida para a participação ou não na sucumbência do empregado é o acordo firmado

com ele e o empregador. Não havendo acordo anterior o valor deve ser partilhado de

forma proporcional ao trabalho dos advogados empregados e em casos de

profissionais subordinados à sociedades de advogados a partilha seria feira de forma

igual. Os honorários de sucumbência não integram o salário dos empregados, não

sendo considerados para efeitos trabalhistas ou previdenciários.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (ARTS. 22 AO 26)

O advogado exerce uma atividade necessariamente remunerada com o

pagamento do preço do serviço por ele estipulado, observadas as diretrizes tabeladas

pela OAB sobre os honorários. O advogado é considerado fornecedor de serviços

pelo Código de defesa do Consumidor. Os honorários podem ser fixados dentro da

média estabelecida para cada caso, com base no prestígio do profissional, na sua

qualificação, na reputação na comunidade, no tempo de experiência, na titulação

Page 18: Apostila 2 Bim Filosofia

acadêmica, na dificuldade da matéria, nos recursos do cliente, no valor da demanda,

entre outros.

O Código de Processo Civil estabelece no seu artigo 20 uma proporção entre

10% a 20% sobre o valor da condenação, por sucumbência, determinando ao juiz que

observe o grau de zelo do profissional, o lugar da prestação de serviço, a natureza e

importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo que o serviço

exigiu. Contudo, o parágrafo 4º do mesmo artigo deixa a critério do juiz, especificar o

valor das causas de pequena monta ou de valor inestimável e nas que vencida for a

fazenda pública.

A Constituição de 88 atribuiu aos Estados, o encargo da assistência jurídica

gratuita através das Defensorias Públicas (art. 134, CF) e sendo do Estado o dever de

assistência jurídica também é dele a obrigação do pagamento dos honorários ao

advogado que patrocinar a causa do cliente necessitado. Nesses casos a parte escolhe

o seu defensor ou não escolhendo este será indicado pela OAB. São devidos aos

advogados que atuam em assistência jurídica os honorários de valores tabelados e os

honorários de sucumbência.

Os tipos de honorários são três: os convencionados - que devem ser

contratados por escrito -, os arbitrados judicialmente e os de sucumbência. Também

podem ser convencionados verbalmente em presença de testemunhas, ou na falta de

convenção, serão arbitrados judicialmente. A sucumbência é a condenação por

honorários contra a parte vencida no processo e pode ser acumulada com os

honorários contratados. O direito ao recebimento dos honorários de sucumbência é

indisponível, não podendo ser negociável, sob pena de nulidade. O que ocorre que a

eficácia do dispositivo do Estatuto que garante esta prerrogativa ao advogado foi

suspensa pelo STF por liminar resultando o seguinte entendimento: “os honorários de

sucumbência pertencem ao advogado ou advogado empregado se não existir

convenção expressa em contrário” e “os honorários se sucumbência pertencem à

parte vencedora se houver contrato ou convenção individual ou coletiva que assim

estabeleçam”.

A forma de pagamento é de livre convenção e em não se estipulando regras

será dividido em três partes iguais: no início do serviço, após a decisão da primeira

instancia e a terceira parte ao fim do processo.

Os honorários podem ser cobrados mediante processo de execução como

títulos executivos extrajudiciais, os contratos escritos de honorários, e judiciais por

sucumbência o arbitragem na ausência de contrato. A execução pode ser pedida no

mesmo processo em que o advogado tenha atuado, sem distribuição ou pagamento de

taxas ou custas. O advogado pode anexar na fase de execução da sentença o contrato

de honorários requerendo que seja deduzido o valor dos honorários da importância

Page 19: Apostila 2 Bim Filosofia

que o cliente tem direito. O direito aos honorários transmite-se para os sucessores

legítimos pois integra o patrimônio civil da pessoa do advogado.

A pretensão de ação para cobrança de honorários prescreve em cinco anos da

data do dia útil seguinte ao dia da assinatura do contrato escrito, do transito em

julgado da decisão judicial que fixar a sucumbência ou a arbitragem. Também conta

este prazo a partir do encerramento comprovado dos trabalhos do advogado, da

desistência da ação decretada, da transação amigável ou judicial, da renúncia do

mandato após 10 dias da notificação à parte e. por último, da revogação do mandato

por parte do cliente a contar do recebimento do comunicado pelo advogado.

DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS (ARTS. 27 AO 30)

O atual Estatuto da OAB optou por uma enumeração taxativa das hipóteses de

alcance dos impedimentos e incompatibilidades, portanto, não se pode interpretar a

ocorrência de um dos vícios, pois não há legislação genérica, uma vez que. Como

salientado, a letra da lei traz em si todas as possibilidades.

A incompatibilidade é sempre total e absoluta e não se acaba com o

afastamento temporário do cargo. A incompatibilidade ocorre por conta do cargo, do

nome da função e, não, da atividade exercida pelo funcionário. Desta forma, não

deixará de ser incompatível aquele que é lotado em cargo que gera tal vício mas, em

seu dia a dia, elabora tarefas não relacionadas com a sua original função, sendo dela

desviado, bem como acontece o mesmo com o funcionário posto à disposição. A

incompatibilidade é nulidade absoluta, impassível de ratificação. O Estatuto da OAB

traz oito hipóteses de incompatibilidades, senão vejamos.

Primeiramente, são incompatíveis com o exercício da advocacia os titulares

de entes políticos, quais sejam, o presidente, governadores, prefeitos e respectivos

vices, membros da mesa do Congresso, Assembléias Legislativas e Câmaras

Municipais. São incompatíveis também os seus substitutos, não importando se

exercem a função efetivamente, bastando a virtualidade da substituição.

Em segundo lugar estão os que exercem função de julgamento. A lei

pretendeu diferenciar definitivamente a atividade postulatória da função de

julgamento, não se podendo misturar tais exercícios. Nesta hipótese estão os que

exercem a judicatura, funções de julgamento da administração pública direta e

indireta etc.

Page 20: Apostila 2 Bim Filosofia

A terceira hipótese é a de exercício de função de direção na Administração

Púbica direta e indireta, fundações, concessionária, permissionária, que emitindo ato

decisório afetam o direito de terceiros,.

A quarta incompatibilidade elencada no Estatuto é a daqueles que são

auxiliares e serventuários da justiça. Nesta, não importa o grau da função, a atividade,

a menor ou maior participação nas funções de julgamento. Todos são incompatíveis,

uma vez que sua proximidade com as atividades forenses podem facilitar a obtenção

de informações que não chegariam aos demais advogados.

Em quinto lugar, tem-se a referência à atividade policial, não importando se

se trata de estatutário ou celetista. O conceito é amplíssimo, abrangendo policias,

peritos criminais, carcereiros etc. Com o advento do CTB discutiu-se a

compatibilidade do despachante autônomo, que restou mantida.

O sexto grupo de incompatíveis é o dos militares da marinha, exército e

aeronáutica, sendo incompatibilizados apenas os que estão na ativa e afastado tal

vício dos civis que exercem função nessas corporações.

Em sétimo lugar, prevê a lei a incompatibilidade daqueles que exercem

atividade de lançamento, fiscalização e arrecadação de tributos, pois devem trabalhar

da maneira mais limpa possível, recebendo remuneração digna da função, pois

facilitaria muito a advocacia nesta área para aqueles que estão envolvidos com tais

funções.

Por fim, a última hipótese é dos dirigentes e gerentes de instituições

financeiras públicas e privadas, dirigindo-se o Estatuto apenas àqueles que tenham

poder decisório relevante acerca do direito de terceiros.

O impedimento, por sua vez, é nulidade relativa, passível de ratificação. As

hipóteses de impedimentos são menos vastas que as de incompatibilidade.

São impedidos de advogar os servidores da administração pública direta,

indireta e fundacional contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja

vinculada a entidade empregadora, ressalvando-se, a não incompatibilidade dos

docentes de curso jurídico.

Ainda prevê o Estatuto alguns impedimentos específicos, quais sejam, ao

membros do Poder Legislativo em seus diferentes níveis, não podendo advogar

contra ou a favor as entidades de direito público.

DA ÉTICA DO ADVOGADO (ARTS. 31 AO 33)

Page 21: Apostila 2 Bim Filosofia

A ética profissional faz parte da ética geral, tratando-se de uma ciência da

conduta. Leciona o autor que a sociedade tem em sua concepção a idéia de um

profissional correto, exemplar, fazendo parte do senso comum.

A conduta do advogado reflete no prestígio da classe e da Ordem, devendo ele

sempre atuar pelos meios hígidos e idôneos de litigar, pois competir não significa

necessariamente agredir. Deve sempre tratar com decoro e polidez todos que estão

envolvidos na atividade jurisdicional, bem como manter-se constantemente

qualificado.

A independência é atributo essencial à manutenção da conduta ética. O

advogado deve ser independente até mesmo com seu cliente, pois esta é uma luta

secular da classe, preservando sua independência técnica, política e de consciência.

Sua ética é a da parcialidade, enquanto a do juiz é a da isenção. Diz o autor que só se

poderá vislumbra se o causídico é realmente ético e independente quando, ao receber

uma causa de fácil ganho, que traga bom retorno financeiro, todavia, seja

manifestamente injusta, ele declinar da função.

A independência traz consigo a responsabilidade do advogado. Mesmo que a

constituição preveja a imunidade do advogado por seus atos e palavras enquanto

exercendo a advocacia, tal prerrogativa tem limites, sendo o procurador responsável

civilmente por dolo ou culpa de suas atitudes que causem danos aos outros. A

responsabilidade do advogado é subjetiva, inclusive no CDC, invertendo-se apenas o

ônus da prova, uma vez que há presunção iuris tantum de culpa do causídico. O

advogado é fornecedor de serviços, prestando uma obrigação de meio, pois não pode

garantir o sucesso da pretensão pela qual postula.

Quando acontece a lide temerária, que é a postulação em litígio criado sem

nenhuma fundamentação legal, apenas para prejudicar ou pressionar a outra parte, o

advogado responde solidariamente com o cliente que patrocina. Exige-se, para tanto,

dolo específico, devendo ficar clara a intenção em prejudicar terceiro.

Com relação à publicidade da advocacia, esta também deve se pautar pela

descrição e correição esperada da classe. Não se pode fazer propagandas em

televisão, outdoors, distribui panfletos, haja vista que a advocacia não é uma

mercadoria, não atividade mercantil. Fazendo-se isso, está-se desprestigiando a

classe. As informações passadas aos clientes devem ser as básicas para o

conhecimento do profissional e a área na qual ele atua, vedando-se promoções,

garantias de sucesso e propagandas de outros empreendimentos e negócios.

DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES (ARTS. 34 AO 43)

Page 22: Apostila 2 Bim Filosofia

As infrações disciplinares estão contidas taxativamente no corpo do Estatuto,

em seu art. 34 e parágrafo único, in verbis:

Art. 34. Constitui infração disciplinar:

I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar,

por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou

impedidos;

II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos

estabelecidos nesta lei;

III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos

honorários a receber;

IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de

terceiros;

V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para

fim extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha

colaborado;

VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a

boa-fé quando fundamentado na inconstitucionalidade, na

injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;

VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;

VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem

autorização do cliente ou ciência do advogado contrário;

IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu

patrocínio;

X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a

nulidade do processo em que funcione;

XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos

dez dias da comunicação da renúncia;

XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica,

quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria

Pública;

XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente,

alegações forenses ou relativas a causas pendentes;

XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária

ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e

alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir

o juiz da causa;

XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita

deste, imputação a terceiro de fato definido como crime;

XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação

emanada do órgão ou de autoridade da Ordem, em matéria da

competência desta, depois de regularmente notificado;

Page 23: Apostila 2 Bim Filosofia

XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização

de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la;

XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância

para aplicação ilícita ou desonesta;

XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro,

relacionados com o objeto do mandato, sem expressa autorização

do constituinte;

XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da

parte adversa, por si ou interposta pessoa;

XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente

de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele;

XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com

vista ou em confiança;

XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de

serviços devidos à OAB, depois de regularmente notificado a

fazê-lo;

XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia

profissional;

XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;

XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para

inscrição na OAB;

XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da

advocacia;

XXVIII - praticar crime infamante;

XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.

Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:

a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;

b) incontinência pública e escandalosa;

c) embriaguez ou toxicomania habituais.

As sanções passíveis para o advogado que comete infrações são a suspensão,

censura, exclusão e multa.

Infrações disciplinares puníveis com censura

A censura é aplicável nas hipóteses previstas nos incisos I a XVI e XXIX do

art. 34 supracitado, bem como quando o advogado violar preceito do Código de Ética

e Disciplina ou violar preceito do Estatuto da OAB quando a infração seja apenada

com sanção mais grave. A censura pode ser convertida em advertência quando

presente circunstância atenuante.

Page 24: Apostila 2 Bim Filosofia

Infrações Disciplinares Puníveis com Suspensão

- Ato ilícito ou fraudulento

Essa infração corresponde, como o nome já diz, na colaboração do

advogado em atos que sejam considerados ilícitos ou fraudulentos, não

necessariamente decorrentes de seu exercício profissional.

- Aplicação ilícita de valores recebidos de cliente

Tal infração corresponde ao recebimento de importâncias para aplicação em

objetos que sejam proibidos ou que violem princípios éticos que se impõem a todo

homem digno e decente.

- Recebimentos da parte contrária

É caracterizada pelo advogado que recebe quantias da parte adversária sem

autorização do seu cliente, mesmo sem o intuito de beneficiá-la.

- Recusa injustificada de prestação de contas

O advogado é obrigado a prestar contas dos valores recebidos do cliente ou

em favor deste. Caso o advogado tenha dificuldades ou até mesmo recusa do cliente,

cabe a ele promover a prestação de contas, em juízo, não consistindo em excludentes

do seu dever.

- Extravio ou retenção abusiva dos autos

Page 25: Apostila 2 Bim Filosofia

Duas hipóteses tipificam a infração:

1. A retenção abusiva de autos recebidos com vista ou em confiança;

2. O extravio de autos também recebidos com vista ou em confiança.

- Inadimplemento para com a OAB

Todo advogado inscrito é obrigado a contribuir financeiramente com a

OAB. Isso porque a falta de pagamento pode inviabilizar o cumprimento de suas

finalidade públicas. Caso o pagamento não seja efetuado, a pena de suspensão poderá

ser aplicada, sem necessidade de notificação prévia.

A cobrança far-se-á mediante execução regular, mas a falta cobre-se de

nítida infração ético-disciplinar, porque atinge o interesse de toda classe.

- Conduta incompatível

O estatuto em si não define o que exatamente seja uma conduta

incompatível. Crê-se que seja toda aquela que se reflete prejudicialmente à reputação

e à dignidade da advocacia.

- Locupletamento à custa do cliente

O locupletamento é o benefício ou enriquecimento indevido do advogado.

Acontece quando o advogado: a) obtém proveito desproporcional com os serviços

prestados; b) cobra honorários abusivos; c) participa vantajosamente no resultado

financeiro ou patrimonial do caso; d) obtém vantagens excedentes do contrato de

honorários nele não previstas; e) transfere ou apropria de bens ou valores que seriam

do cliente; f) promove levantamento de dinheiro depositado em nome do cliente, com

a agravante de postular benefício de justiça gratuita, entre outros.

Page 26: Apostila 2 Bim Filosofia

A devolução do valor apropriado não exclui a punibilidade do advogado se

ocorrer após a instauração do processo disciplinar.

- Inépcia profissional

Consiste no cometimento de reiterados erros gramaticais e judiciais pelo

advogado. Nesse caso a suspensão perdura até que o advogado seja aprovado em

exames de habilitação, envolvendo técnica jurídica e linguagem, aplicados pela OAB.

Infrações Disciplinares Puníveis com Exclusão

- Falsidade dos requisitos de inscrição

É a falsa prova dos requisitos para a inscrição (capacidade civil, diploma de

graduação, título de eleito, quitação militar, Exame da Ordem, desincompatibilização,

idoneidade moral, compromisso). Ao se confirmar a falsidade, o Conselho, além de

aplicar a sanção, cancelará a inscrição e comunicará às autoridades competentes.

- Inidoneidade moral

A inidoneidade moral não é apenas exigível para se obter a inscrição, mas

acompanha toda a vida profissional do inscrito. A perda de qualquer dos requisitos

necessários à inscrição acarreta o cancelamento, sem outra sanção.

- Crime infamante

Crime infamante é todo aquele que acarreta para seu autor desonra, a

indignidade e a má fama. A gravidade do delito não o qualifica como infamante, mas

sim a repercussão inevitável à dignidade da advocacia.

Além disso, não se exige que haja condenação criminal transitada em julgado,

sendo suficiente a comprovação do fato, a juízo do Conselho competente.

Page 27: Apostila 2 Bim Filosofia

Reincidência

O sistema de reincidência funciona da seguinte maneira:

- Duas punições (censuras ou suspensões) – a segunda será de suspensão

- Três punições (censuras ou suspensões) – a terceira será de exclusão

Atenuantes

Tais critérios são as atenuantes às infrações disciplinares:

- Defesa de prerrogativa profissional

- Primariedade

- Exercício de cargo na OAB, atual ou anterior.

- Prestação de serviços relevantes à advocacia (elevar a advocacia, efetivar a

cidadania).

Efeitos

- Redução da sanção disciplinar mais grave para a menos grave.

- Redução do tempo de suspensão.

- Exclusão da multa.

- Redução da sanção de censura para a de advertência (advertência não

constará de registro nos assentamentos do punido).

Agravantes

Tais critérios são as agravantes às infrações disciplinares:

Page 28: Apostila 2 Bim Filosofia

- Reincidência em infração

- Gravidade da culpa do advogado

Efeitos

- Aplicação de sanção mais grave

- Aplicação cumulativa de multa com outra sanção

- Graduação da multa

- Graduação do tempo de suspensão

Prescrição

O prazo para a prescrição das sanções disciplinas são os seguintes:

- Prazo de 5 anos a partir da constatação oficial pela OAB (instauração do

processo disciplinar).

- Prazo de 3 anos em caso de paralisação do processo, contado do ultimo ato

praticado pela OAB.

DOS FINS E DA ORGANIZAÇÃO (ARTS. 44 AO 50)

A OAB Foi criada em 18 de novembro de 1930, por força do art. 17 do

Decreto n. 19.408. Ela é caracterizada por ser uma entidade que possui natureza

mista, um serviço público independente, submetida ao direito público na realização

de atividades administrativas e jurisdicionais e ao direito privado no desenvolvimento

de suas finalidades institucionais e de defesa da profissão. A OAB possui imunidade

tributária total ao patrimônio e à sua receita, mantidos pelas contribuições

obrigatórias, multas e preços de serviços.

Page 29: Apostila 2 Bim Filosofia

- Sua função esta disposta no artigo 44 do Estatuto e divide-se em:

- Defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito,

os direitos humanos, a justiça social, pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida

administração da Justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições

jurídicas.

- Promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a

disciplina dos advogados em todo o Brasil.

Divisões da OAB

O Estatuto considera órgãos da OAB:

- Conselho Federal

- Conselhos Seccionais

- Subseções

- Caixas de Assistência

Dentre as competências específicas, o Conselho Federal tem jurisdição em

todo o País, os Conselhos Seccionais e as Caixas de Assistência sobre o território das

respectivas unidades federativas e a Subseção sobre a área territorial a ela delimitada

pelo Conselho Seccional.

Quanto às eleições, o sistema eleitoral aplicado é o comum, com o direito de

voto direto assegurado a todos os advogados inscritos, sem necessidade de instalação

de assembléia.

DO CONSELHO FEDERAL (ARTS. 51 AO 55)

As disposições à respeito do Conselho Federal estão presentes do artigo 51 ao

55 do Estatuto da OAB.

Page 30: Apostila 2 Bim Filosofia

O Conselho Federal é formado pelos conselheiros federais e seus ex-

presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios (81 conselheiros alem do

presidente).

O voto é feito por delegação e não individual. Apenas o presidente tem voto

unipessoal e é legitimo para um recurso especial: poder embargar uma decisão não

unânime, obrigando o Conselho a reapreciar a matéria em outra sessão.

As competências do Conselho Federal são as seguintes:

- Cumprimento das finalidades da OAB (I)

- Representação dos advogados (II)

A representação é sempre no interesse da profissão, mesmo decorrente de atos

pessoais. No caso de representação individual, a ação do Conselho é supletiva dos

Conselhos Seccionais e apenas quando houver grave repercussão nacional em

prejuízo da advocacia.

- Defesa das prerrogativas da profissão (III)

Cabe a OAB promover a valorização da advocacia perante a classe e à

comunidade, em todos os sentidos: éticos, técnicos, profissional e institucional.

- Representação internacional (IV)

Page 31: Apostila 2 Bim Filosofia

- Legislação regulamentar e complementar do Estatuto (V)

- Intervenção parcial (VI)

É a intervenção para assegurar o funcionamento dos Conselhos Seccionais.

Tal intervenção diverge da intervenção completa pela ausência de rigores, além de

não implicar no afastamento de seus dirigentes.

- Intervenção completa (VII)

- Cassação de atos (VIII)

- Recurso (IX)

- Identidade do advogado (X)

- Relatório e contas (XI e XII)

- Listas sêxtuplas (XIII)

- Jus postulandi (XIV)

O Conselho Federal é legitimado para o ajuizamento de ações coletivas, além

de ADIN, ação civil publica, mandado de segurança coletivo, mandado de injução e

demais ações semelhantes.

Page 32: Apostila 2 Bim Filosofia

- Cursos jurídicos, autorização, reconhecimento e elevação de qualidade

(XV)

Cabe ao Conselho Federal, antes mesmo da decisão da autoridade educional

competente, emitir um parecer prévio à respeito da criação, reconhecimento ou

credenciamento dos cursos jurídicos.

Esse esforço, mobilizando os especialistas no ensino do direito do País,

resultou na edição da Portaria-MEC n. 1.886/94, que fixou diretrizes curriculares e o

conteúdo mínimo dos cursos jurídicos, vigorantes a partir de 1997. Dentre as medidas

adotadas estão a carga horário mínima de 3.300 horas e o acervo bibliográfica

atualizado de no mínimo 10.000 volumes de obras jurídicas e de periódicos de

jurisprudência, doutrina e legislação.

- Bens imóveis (XVI)

- Participação em concursos públicos (XVII)

Essa participação é somente para concursos que tiverem abrangência nacional

ou interestadual. Para os demais, a competência é do Conselho Seccional.

DO CONSELHO SECCIONAL (ARTS. 56 AO 59)

Ao viés do que ocorria na vigência do estatuto anterior, o Conselho Seccional

não possui mais uma composição igual para todas as Unidades Federativas.

Na realidade, o que ocorria era uma literal desproporção entre o número

mínimo ou máximo dos membros do conselho e a quantidade de advogados inscritos

numa determinada Seccional.

Page 33: Apostila 2 Bim Filosofia

A matéria não é mais regulamentada pela lei, sendo tal competência delegada

ao Regulamento Geral, com ressalva quanto ao critério da proporcionalidade.

O novo Regulamento Geral estabelece uma razão entre o número de

advogados inscritos na Seccional e o número de membros do respectivo Conselho –

conforme caput do art. 56 do Estatuto.

Todavia, cumpre dizer, é direito do próprio Conselho Seccional auferir o

número de seus membros, por meio de resolução sujeita ao Conselho Federal, a qual,

se aprovada, poderá então ser incorporada ao Regimento Interno.

É composta por conselheiros e diretores eleitos, sendo membros honorários

vitalícios os seus ex-presidentes – os quais terão direito à voz somente nas sessões do

Conselho, exceto aqueles que assumiram o cargo até o início de vigência do Estatuto.

O voto no Conselho é unipessoal.

Quando presentes, possuem direito à voz, mas não são considerados seus

membros permanentes o presidente nacional, os conselheiros federais, o presidente da

caixa de assistência e os presidentes das Subseções.

Nas deliberações o quorum é de maioria absoluta (metade de seus membros

mais um). O único caso para o qual é exigido quorum especial de dois terços de

presença à votação e não apenas de instalação (estando dois terços presentes,

prevalece o voto da maioria) é na intervenção nas Subseções. (conforme art. 60, §

1°).

Atente-se que não se incluem no computo do quorum mínimo os ex-

presidentes, com ou sem direito a voto, nem os que têm apenas direito a voz.

A competência do Conselho das Seccionais está emoldurada nos artigos 54,

57 e 58 do Estatuto.

Nos moldes do art. 57, determina-se que são suas atribuições, observada a

limitação territorial, as vedações, competências e funções do Conselho Federal. A

redação do referido artigo nos remete à leitura da competência do Conselho Federal

da OAB, estabelecida pelo art. 54.

Já o art. 58 atribui ao Conselho Seccional tarefas de caráter exclusivo. É o que

a seguir pretende-se expender.

Primeiramente, o regimento interno é editado pela Seccional, e esta não o

submete à aprovação do Conselho Federal. Tenha-se em vista que o Conselho Federal

Page 34: Apostila 2 Bim Filosofia

possui maneiras de invalidar os atos tomados pelo Conselho Federal quando este

ultrapassar os limites impostos pela legislação.

Pelo Estatuto atual, a criação de Subseções, assim como a criação da Caixa de

Assistência dos Advogados, podem ser feitas pela Seccional sem que esta tenha que

submetê-las ao Conselho Federal.

A Seccional possui autonomia para criar as Subseções, assim como a Caixa

de Assistência.

O Estatuto exige um mínimo de quinze advogados com domicílio profissional

na área na qual se pretende implantar a jurisdição da nova Subseção. Todavia, é

facultado ao Conselho Seccional exigir maior número.

Para a criação da Caixa de Assistência, tenha-se em mente o disposto pelo art.

45, § 4°, que estabelece um mínimo de mais de hum mil e quinhentos inscritos nos

quadros da Seccional.

O Estatuto estabelece um número mínimo de quinze advogados

profissionalmente domiciliados na área respectiva. Importante fazer ressalva para o

caso em que o regimento interno do Conselho Seccional fazer exigência de maior

número.

Outra função do Conselho da Seccional é o de instancia recursal para todos os

órgãos a ele submissos (Tribunal de Ética, seu presidente, sua diretoria, diretorias das

Subseções e da Caixa de Assistência).

Dessa forma, os recursos não podem ser encaminhados diretamente ao

Conselho Federal antes de ter sido apreciado pelo Conselho Seccional.

Assume também a função de Conselho Fiscal, pois é ele o órgão que fiscaliza

e aprova as contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa. Para

tanto, dispõe de uma comissão permanente eleita pelo Conselho Seccional dentre

seus membros, inclusive podendo utilizar-se de auditoria independente para auxiliá-lo

na execução do mister.

Para a execução da tarefa, elegerá uma comissão permanente de orçamento e

contas, eleita pelo Conselho Seccional, dentre os seus membros.

É de competência do Conselho da Seccional fixar uma tabela de honorários, a

que se submetem todos os seus inscritos.

Page 35: Apostila 2 Bim Filosofia

No caso de conflito de tabelas, devido à diferença entre os honorários

estipulados pela Seccional em que o profissional esteja inscrito e a que possui

jurisdição sobre o local onde os serviços foram prestados, prevalecerá a última tabela.

O advogado obterá inscrição nos quadros da OAB mediante aprovação na

prova da Ordem, a qual possui padrão nacional estabelecido pelo Conselho Federal.

Sobre o tema, cumpre dizer que a sua elaboração e de competência do

Conselho da Seccional, podendo esta delegá-la às Subseções, sempre sob o seu

controle.

A aprovação da inscrição será feita em duas ocasiões. Primeiramente, ainda

na Subseção, desde que esta conte com Conselho, que instruirá o pedido de inscrição

(fase de análise dos pré-requisitos elencados nos artigos 8° e 9°) e emitirá o seu

parecer prévio (aprovado em sessão), submetendo-o ao Conselho da Seccional, o qual

finalmente será emitida a decisão final para o referido pedido.

No caso de não haver Subseção, o pedido será instruído pela Secretaria do

Conselho Seccional e distribuído ao Relator ou Comissão, que o submeterá à Sessão

da Câmara competente ou ao Pleno do Conselho, nos moldes do seu regimento

interno.

O cadastro é mantido na forma do regimento interno de cada Conselho

Seccional, o qual terá obrigatoriamente os dados para identificação do inscrito, bem

como as alterações feitas, inclusive com o registro das infrações disciplinares.

O cadastro nacional é feito pelo Conselho Federal. Fica obrigado o presidente

do Conselho Seccional a enviar o cadastro atualizado de seus inscritos até o dia 31 de

março de cada ano.

Ressalta-se que somente são de acesso restrito aos órgãos da OAB as

informações que versarem sobre sanções de censura, processos disciplinares em

andamento ou em grau de recurso, as sanções de advertência e as que foram

canceladas em virtude de reabilitação, que têm arquivo à parte e mantido sob sigilo.

O Conselho Seccional fixará as contribuições, multas e preço de serviços.

Dessas, a anuidade recebe destaque quanto à sua fixação, posto que deverá ser

estabelecida até a ultima sessão ordinária do ano anterior, ressalvado o ano eleitoral,

caso em que será fixada na primeira sessão após a posse.

Cabe exclusivamente ao Conselho Seccional escolher representante da OAB

para que participe como membro integrante da banca examinadora e fiscal nos

concursos para a Magistratura e Ministério Público, entre outras carreiras jurídicas a

Page 36: Apostila 2 Bim Filosofia

serem previstas em lei, a fim de atuar na defesa dos princípios da administração

pública previstos na Constituição Federal.

Os parâmetros de vestuário para o advogado são determinados pelo Conselho

Seccional, não cabendo a qualquer outra autoridade fazer exigências, observados os

costumes do local.

O Conselho Seccional aprova o orçamento do ano seguinte, inclusive com as

transferências ao Conselho Federal, à Caixa de Assistência e às Subseções.

Compete ao Conselho Seccional atuar no zelo da ética no exercício da

advocacia. Por isso, é de sua competência criar e definir o Tribunal de Ética e

Disciplina. Os procedimentos a serem observados constam do Código de Ética e

Disciplina.

E o Conselho Seccional que elabora as listas sêxtuplas para a composição dos

Tribunais com jurisdição coincidente com o de sua atuação.

Cabe ao Conselho Seccional intervir nas Subseções e nas Caixas de

Assistência, nas mesmas condições exigidas para intervenção do Conselho Federal

nos Conselhos Seccionais. Aqui, importante dizer que nos casos de intervenção nas

Subseções e na Caixa de Assistência exige-se quorum especial de dois terços.

A diretoria do Conselho Seccional é equivalente a do Conselho Federal

(presidente, vice-presidente, secretário geral, secretário geral adjunto e tesoureiro).

Compete indelegavelmente ao presidente a representação ativa e passiva, em

juízo ou fora dele; o qual detém apenas o voto de qualidade nas sessões do Conselho,

além de poder interpor o recurso de embargo à execução não unânime, para que seja

apreciada a matéria em sessão seguinte.

DAS SUBSEÇÕES (ARTS. 60 E 61)

Quanto à Subseção, é parte autônoma do Conselho Seccional, com jurisdição

sobre o espaço territorial deste. Não é dotada de personalidade jurídica própria, mas

atua com autonomia no âmbito de sua competência; é órgão do Conselho Seccional,

mas também da OAB.

O corpo administrativo da Subseção possui idêntica composição e atribuição

que o do Conselho Seccional, todavia não se refere à equivalência de denominações.

Page 37: Apostila 2 Bim Filosofia

São suas as competências da Subseção: competências legais e delegadas. As

primeiras são as determinadas pelo Estatuto; enquanto que as segundas são

cominadas pelo Conselho Seccional no ato constitutivo da Subseção, no regimento

interno do Conselho Seccional ou em resolução deste que a defina.

Há possibilidade da Subseção possuir Conselho, desde haja, no mínimo, cem

advogados com domicílio profissional na área da sua jurisdição. Todavia, é possível

que o regimento interno do Conselho da Seccional exija numero maior.

O numero de seus membros e as competências serão definidas pelo Conselho

Seccional, observadas as competências legais.

Observa-se que o Conselho da Subseção não constitui órgão hierarquicamente

superior ao Conselho Seccional, ainda que tenha sido criado por este.

Ao Conselho da Subseção cabe igualmente zelar pela ética profissional, sendo

uma de suas atribuições a instrução de processos disciplinares para decisão do

Tribunal de Ética.

DA CAIXA DE ASSITÊNCIA DOS ADVOGADOS (ART. 62)

Relativamente às Caixas de Assistência dos Advogados, cumpre dizer que o

atual Estatuto elevou-as à condição de órgãos da OAB.

Ela exerce função de assistência e de seguridade da OAB, vinculada ao

respectivo Conselho da Seccional. É vinculada pois é o Conselho que a cria, da

seguinte maneira: a eleição da sua diretoria e feita em conjunto com o Conselho na

mesma chapa; o Conselho tem o poder de intervenção e cassação; o Conselho destina

a metade líquida das anuidades para a manutenção da Caixa; o Conselho aprecia as

contas da Caixa; o Conselho é a instância recursal contra as decisões da Caixa.

No exercício das funções que lhe são atribuidas, não mais conta com

imposições do Estatuto quanto à especificidade da assistência e dos benefícios, sendo

tal matéria tratada pelo estatuto aprovado ou modificado pelo Conselho da Seccional.

Importante que se diga que a autonomia da Caixa de Assistência ocorre pela

personalidade jurídica da qual são dotadas. Dessa forma, os vínculos com os

Conselhos Seccionais são estabelecidos em razão das competências especificas.

Page 38: Apostila 2 Bim Filosofia

Na hipótese de ocorrer conflito de competência, em matérias expressamente

não previstas, a solução se revelará pelo principio da supremacia do órgão

hierarquicamente superior.

A sua diretoria é estabelecida de acordo com a forma do Conselho Federal

(presidente, vice-presidente, secretário, secretário-adjunto e tesoureiro), eleitos

diretamente pelos advogados na mesma chapa do Conselho Seccional que obtiver a

maioria dos votos.

O orçamento da Caixa é aprovado pelo seu próprio estatuto, cabendo ao

Conselho Seccional somente fiscalizá-lo, podendo interferir se houver violação da

legislação.

Nos casos de extinção da Caixa, o seu patrimônio será destinado ao Conselho

Seccional a que esteja vinculado.

A Caixa está submetida à fiscalização dos Conselhos de Farmácia e de

Medicina, bem como dos órgãos de saúde publica, no que pertine ao exercício de

poder de policia desses órgãos, exclusivamente no que disser respeito às atividades de

saúde e medicamentos por ela exercidas, e dos profissionais que empregue, nos

limites da legislação aplicável.

O Conselho Federal cuida de manter integrada junto à Caixa de Assistência

um órgão coletivo de assessoramento, a fim de manter uma política nacional de

assistência e seguridade.

DAS ELEIÇÕES E MANDATOS (ARTS. 62 AO 67)

O sistema de eleição para os cargos da OAB foi unificado, ocorrendo na

mesma data. A eleição é direta para todos os cargos, exceto para o de presidente

nacional da OAB, ocasião em que se dará pela eleição indireta.

São suas características gerais: votação direta e obrigatória para todos os

advogados; votação em chapa completa (diretoria e demais membros do Conselho

Seccional, conselhos federais, diretores da Caixa de Assistência, diretores da

Subseção quando for este o caso); data única; célula única; e mandato uniforme de

três anos.

Page 39: Apostila 2 Bim Filosofia

A eleição no Conselho Seccional ocorrerá na segunda quinzena do ultimo ano

do mandato, em dia previamente definido, na forma estabelecida pelo Regulamento

Geral.

É exigido: o exercício ininterrupto da profissão a mais de cinco anos

(considerado como período regular, não sendo admitida a soma), excluindo-se o

período de estágio; a inscrição principal ou suplementar na respectiva Seccional;

ausência de condenação disciplinar, salvo se houver sido reabilitado; e , como ultima

exigência, não ocupar o concorrente cargo ad nutum (provimento em comissão, de

funções de confiança ou administração na Administração Pública direta ou indireta –

caso das autarquias, fundações publicas, empresas de economia mista ou públicas).

Apenas serão admitidas candidaturas integrantes de chapas completas, que

indiquem com clareza quais os concorrentes aos cargos da diretoria e do Conselho, de

conselheiros federais e da diretoria da Caixa. No caso da Subseção, a chapa

especifica indicara os concorrentes aos cargos de diretoria e de seu conselho, quando

houver.

No caso de empate entre as chapas concorrentes, será realizado novo pleito.

O Estatuto trata especificamente da eleição da diretoria do Conselho Federal.

Nesse caso o sistema é o semi-direto. O colégio eleitoral é composto pelos

Conselhos Seccionais, e o voto majoritário em cada unidade valerá um voto.

Os mandatos para os cargos da OAB (Conselho Federal, Conselhos

Seccionais, Subseções e Caixa de Assistência) são uniformes: três anos.

A posse, que independe de qualquer ato da diretoria, e ocorrerá em 1° de

janeiro do ano seguinte da eleição, exceto para o Conselho Federal, que se inicia em

1° de fevereiro seguinte.

O Estatuto prevê ainda quatro hipóteses de perda do mandato (art. 66):

cancelamento da inscrição; licenciamento voluntário ou legal; condenação disciplinar

de qualquer tipo, em caráter definitivo; e, falta injustificada a três reuniões sucessivas

de qualquer órgão deliberativo da OAB a que se vincule.

Ocorrendo dúvida quanto à ordem dos suplentes eleitos, prevalece a regra

geral da preferência à inscrição mais antiga.

Dando-se um dos quatro motivos a perda do mandato é automática, cabendo

ao presidente, mediante comunicação da Secretaria respectiva, solicitar ao Conselho

Page 40: Apostila 2 Bim Filosofia

Seccional competente a escolha do substituto, caso não haja suplente eleito. Neste

ultimo caso, a posse será imediata.

Ocorrendo as referidas hipóteses antes da posse, o mandato não se inicia,

aplicando-se analogicamente a mesma regra.

Ocorrendo renúncia, tem entendido a 3ª Câmara do Conselho Federal da OAB

que o candidato terá de obter maioria de votos do Conselho.

DO PROCESSO NA OAB (ARTS. 68 AO 77)

O Estatuto aplica subsidiariamente para o processo e procedimento disciplinar

as normas da legislação processual penal comum, para os demais casos, aplicam-se

subsidiariamente, em primeiro lugar, as normas de procedimento administrativo

comum, e em segundo, as normas de processo civil.

Os prazos, para qualquer ato administrativo na OAB, tanto para os membros

de órgão da OAB como para as partes, foram unificados em quinze dias.

A contagem dos prazos é feita da seguinte forma: se a notificação foi pessoal,

conta-se a partir do dia útil seguinte (inclusive da data em que foi anotado o

recebimento, não necessariamente ao da juntada do AR); se a notificação foi feita

mediante imprensa oficial, contam-se a partir do primeiro dia útil seguinte, inclusive

da publicação. Fundamental dizer que no período de recesso os prazos são suspensos,

reiniciando-se no primeiro dia útil que se seguir ao seu término.

O poder de punir os inscritos na OAB cabe exclusivamente ao Conselho

Seccional em cujo território tenha ocorrido a infração, salvo se a falta fora cometida

perante o Conselho Federal.

Somente após o transito em julgado da decisão do Conselho Seccional por

onde tramitou o processo é que se comunicará ao Conselho onde o condenado tenha

inscrição, para fins de registro no seu cadastro.

O processo disciplinar possui duas fases: a de instrução e a de julgamento.

O procedimento disciplinar se instaura mediante representação de qualquer

pessoa ou autoridade, por escrito, ou por determinação de oficio do presidente do

Conselho Seccional ou da Subseção, quando esta contar com conselho.

Page 41: Apostila 2 Bim Filosofia

Toda instrução processual é presidida por relator designado pelo presidente do

Conselho Seccional ou Subseção, concluindo-a com perecer prévio a ser submetido

ao julgamento do Tribunal de Ética e Disciplina.

Cabe ao relator designado determinar a notificação do profissional

representado e a instrução do processo.

Recebida a notificação, o representado apresentará a defesa prévia escrita e

provas, acompanhando o processo pessoalmente ou mediante advogado.

No caso do representado não apresentar a defesa previa, o relator designará

defensor dativo.

A dilação de prazo poderá ocorrer por decisão do relator, desde haja razoável

motivação para tal medida.

Instruído o processo, com as provas requisitadas apresentadas, cabe ao

representado a oportunidade de oferecer as razoes finais, após notificado.

Encerra-se a instrução com o parecer do relator, que deve conter a descrição

clara dos fatos e o enquadramento legal.

O relator, convencido da insubsistência da representação, poderá opinar pelo

arquivamento pelo presidente. Se o presidente não concordar, o relator prosseguirá

com a instrução até o final.

Enquanto o processo não tiver decisão definitiva, o seu acesso fica restrito aos

defensores, às partes, ao relator e aos seus auxiliares.

A representação contra membros do Conselho Federal e presidente do

Conselho Seccional é processada e julgada pelo Conselho Federal.

Encaminhada a instrução ao Tribunal de Ética e Disciplina, o seu presidente

poderá acompanhar ou não o parecer do relator.

O representado é intimado com quinze dias de antecedência pela Secretaria do

Tribunal para a sustentação oral.

O Tribunal de Ética, por iniciativa ou a atendimento do presidente do

Conselho, poderá suspender preventivamente o inscrito, medida tomada somente nos

casos em situações de notória repercussão profissional.

Page 42: Apostila 2 Bim Filosofia

Nessa hipótese, o procedimento é cautelar e sumaríssimo, totalmente dirigido

pelo Tribunal, que ouvirá diretamente o acusado antes de proceder à sua suspensão.

Diga-se que a decisão suspensiva é cumprida imediatamente, pois eventual

recurso não terá efeito suspensivo.

A revisão do processo ético-disciplinar poderá ser proposta exclusivamente

pelo punido, com aplicação subsidiaria dos art. 621 a 627 do Código de Processo

Penal, tendo os seguintes requisitos:

a) a revisão pressupõe o transito em julgado da decisão condenatória;

b) a revisão poderá ser requerida antes ou após a extinção da pena;

c) a revisão pode ser parcial, com efeito de desclassificação da infração ou

redução da pena;

d) competência para o prosseguimento e julgamento da revisão é do Conselho

Federal quando se tratar de decisão de mérito proferida em recurso ou de decisão

proferida em processos disciplinares originários, ou do Conselho Seccional

respectivo quando se tratar de decisão condenatória transitada em julgado em

primeira instância administrativa;

e) na expressão erro de julgamento do art. 73, § 5° da Lei 8.906/94 tambem se

compreende a decisão contraria à lei, à Constituição e ao regulamento geral da OAB,

ao Código de Ética e Disciplina e aos provimentos, na extensão prevista nos artigos

54, VIII, e 75, caput, do Estatuto.

O Estatuto prevê um tipo geral de recurso, a ser interposto contra a decisão de

qualquer órgão da OAB.

O Regulamento Geral introduziu os embargos de declaração, diigidos ao

relator da decisão recorrida, que lhes pode negar seguimento. Não cabe recurso para

as decisões nesses embargos.

Além do recurso comum, o Estatuto prevê outros dois tipos:

a) Embargo de decisão não unânime do Conselho Federal, Seccional e de

Subseção, por seu presidente;

b) revisão do processo disciplinar.

No caso de revisão, assevera-se que deverá ser dirigido ao Conselho

Seccional, por se tratar de apreciação de matéria de fato.

Prevalece o principio da fungibilidade, não importando a denominação do

recurso, sendo exigido unicamente a clara intenção de reforma da decisão.

Page 43: Apostila 2 Bim Filosofia

O Conselho Federal decidiu que a sustentação oral pelos profissionais de

advocacia, quando da apreciação de recursos em órgãos da OAB, é intangível,

devendo ser anulada a decisão em que houve cerceamento de seu exercício.

Nos casos de uniformização de jurisprudência, compete a qualquer membro

do órgão julgador do Conselho Federal, ou à parte, suscitar o pronunciamento a

respeito da interpretação que deva prevalecer entre as decisões divergentes. O

requerente pode requerer igual pronunciamento antes do julgamento do recurso.

O recurso será interposto perante o Conselho Federal somente para decisões

proferidas pelo Conselho Seccional. Os recursos de decisões dos demais órgãos serão

interpostos perante a Seccional, haja vista serem a este subordinados.

O Estatuto impõe dois requisitos de admissibilidade, igualmente exigidos no

âmbito do Conselho Federal:

a) Decisão não unânime;

b) Decisão unânime que contrarie o Estatuto ou a legislação regulamentar da

OAB.

Na hipótese de haver suspeição de membros do Conselho Seccional

competente, a competência desloca-se para o Conselho Federal, por aplicação

analógica do art. 102, I, do Constituição Federal.

Pode recorrer inclusive o autor da representação, não sendo exigido que seja

advogado.

Os recursos nos processos administrativos na OAB possuem efeito suspensivo

e devolutivo. O Estatuto prevê três exceções: 1) quando tratarem de eleições; 2) de

suspensão preventiva aplicada pelo Tribunal de Ética e Disciplina; e 3) cancelamento

da inscrição obtida com falsa prova.

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS (ARTS. 78 AO 87)

Importante constatar que o regime sob o qual se filia o servidor da OAB é o

trabalhista, pois se trata de órgão não vinculado à Administração.

Em atenção ao princípio do direito adquirido, o Estatuto manteve o direito à

voto aos ex-presidentes do Conselho Federal e dos Conselhos Seccionais.

Page 44: Apostila 2 Bim Filosofia

Importante dizer que somente são considerados ex-presidentes com direito a

voto os que assumiram os que assumiram os cargos originariamente – até 05 de junho

de 1994.

Ainda sob o mesmo fundamento de direito, o Estatuto permitiu que os antigos

membros do Ministério Público optassem por continuar exercendo cumulativamente

a advocacia.

O direito adquirido prestou ainda seus reflexos sobre os critérios de ingresso

nos quadros da OAB, pois dispensava do exame de ordem os que realizassem estágio

(na advocacia, prática forense ou de organização judiciária) desde que concluíssem

regularmente até o dia 05 de julho de 1996, com aprovação em exame final.

CONCLUSÃO

É de fundamental importância uma organização de classe regular o exercício

de sua categoria essencialmente para a proteção da própria classe. Ela só não pode

criar um corporativismo ou uma elitização da profissão impondo requisitos abusivos

para o ingresso na advocacia. O Conselho de Ética é outro órgão que nos parece

muito vulnerável quando apenas pune casos extremamente danosos mais para a

dignidade ou a “imagem” da advocacia do que para o próprio cliente lesado. Criar um

Estatuto orientador e regulador é verdadeiramente proveitoso para a fluência da

justiça, contudo ele aplicado as realidade brasileiras e sobretudo aos brasileiros da

cultura do “jeitinho pra tudo” fica difícil extrair a verdadeira intenção do Conselho

Federal em impor normas de ética e disciplina.

Todavia, há que se acreditar na realização de uma atividade postulatória

exercida com higidez e idoneidade, não se podendo deixar que alguns maus exemplos

sirvam de degeneração à imagem de toda uma classe. O advogado, como muito

ressaltado, é essencial à justiça, não se podendo chegar a esta sem a sua participação.

Pautando-se sempre pelos ditames da Ética e da moralidade, o causídico conseguirá

alcançar o objetivo de harmonização gradual da sociedade e, mantendo-se na busca

por ora utópica do fim da litigiosidade, objetivando um corpo social no qual as

desigualdades não sejam tão revoltantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Código de Ética e Disciplina da OAB, VADE MECUM, Editora Rideel, 10ª edição, 2010, São

Paulo.

Lei 8.906/94 – Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, VADE

MECUM, Editora Rideel, 10ª edição, 2010, São Paulo.