apostila disturbios de aprendizagem

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  • DDiissttrrbbiiooss ddee AApprreennddiizzaaggeemm

    Mdulo I

    Parabns por participar de um curso dos

    Cursos 24 Horas.

    Voc est investindo no seu futuro!

    Esperamos que este seja o comeo de

    um grande sucesso em sua carreira.

    Desejamos boa sorte e bom estudo!

    Em caso de dvidas, contate-nos pelo

    site

    www.Cursos24Horas.com.br

    Atenciosamente

    Equipe Cursos 24 Horas

  • Sumrio

    Introduo ......................................................................................................................... 1

    Unidade 1 Aspectos Gerais............................................................................................ 2

    1 O que so Distrbios de Aprendizagem? .................................................................. 2

    1.2. Diferenas entre Dificuldades e Distrbios de Aprendizagem .............................. 4

    1.3. A Educao Infantil ............................................................................................... 7

    Unidade 2 Tipos de Distrbios de Aprendizagem ......................................................... 8

    Classificao dos distrbios.......................................................................................... 8

    2.1. Distrbios de Entrada ............................................................................................ 8

    2.1.1. Distrbios de Percepo Visual ...................................................................... 9

    2.1.2. Distrbios de Percepo Auditiva ............................................................... 10

    2.1.3. Distrbios de Integrao ............................................................................... 11

    2.1.4. Distrbios de Memria ................................................................................. 12

    2.2. Distrbios de Sada .............................................................................................. 13

    2.2.1. Distrbios de Linguagem.............................................................................. 14

    2.2.2 Distrbios de Atividade Motora .................................................................... 15

    2.4 Outras origens das dificuldades de aprendizagem ................................................ 45

    2.4.1 Autismo ......................................................................................................... 46

    2.4.2. Sndrome de Asperger .................................................................................. 47

    2.4.3 Deficincia mental ......................................................................................... 48

    2.4.4 Sndrome de Down ........................................................................................ 49

    Concluso do Mdulo I .................................................................................................. 51

  • 1

    Introduo

    Seja Bem Vindo(a) ao Curso de Distrbios de Aprendizagem !

    Ao longo do curso sero transmitidos contedos que permitem conhecer o que

    so os distrbios de aprendizagem, quais seus principais tipos, suas causas e como

    lidar com eles.

    O objetivo do curso fornecer ao

    aluno o conhecimento necessrio para

    detectar possveis distrbios de aprendizagem

    e obter competncias e habilidades para lidar

    com diversas situaes.

    No entanto, preciso estar claro que

    pessoas que apresentam distrbios de

    aprendizagem devem ter o apoio de profissionais especializados, pois existem diferentes

    tipos de distrbios e, cada um deles, necessita de uma ajuda profissional especfica. O

    curso no traz informaes sobre todos os tipos existentes, embora aborde uma grande

    parte deles.

    Os contedos aqui existentes sero de grande utilidade para profissionais que

    convivem, trabalham ou pretendem trabalhar com pessoas detentoras de distrbios de

    aprendizagem.

    Bom Estudo!

  • 2

    Unidade 1 Aspectos Gerais

    1 O que so Distrbios de Aprendizagem?

    Os distrbios de aprendizagem podem ser encontrados em crianas,

    adolescentes e pessoas na fase adulta. Eles geram dificuldades que esto presentes

    no cotidiano da escola sendo enfrentadas por educadores e tambm pelos

    responsveis e demais pessoas que convivem com indivduos detentores desses

    problemas. Muitas vezes, crianas e

    adolescentes tm sua imagem denegrida por

    adjetivos como, por exemplo, preguiosas e

    desinteressadas em funo da falta de

    conhecimentos de seus educadores. Existe

    um grande nmero de professores que

    desconhecem os distrbios de

    aprendizagem e no possuem as

    capacidades necessrias para lidar com eles, agindo de forma errnea na execuo

    do seu trabalho. As prprias crianas so o alvo para explicar o fracasso escolar e as

    responsabilidades por no aprenderem so atribudas a elas mesmas. Em muitos

    casos, desenvolvida uma autoestima negativa e isso pode ser levado at a vida

    adulta. Alm de prejudicar de forma particular essas crianas, ainda impede o

    desenvolvimento do processo de ensino de uma maneira geral, isentando o sistema

    de ensino de qualquer erro ou defasagem em sua qualidade. Para analisar as

    dificuldades de aprendizagem preciso considerar o processo todo e no apenas a

    capacidade de quem aprende ou deixa de aprender. Sendo assim, fundamental que

    os educadores, de maneira geral, conheam os problemas mais comuns relacionados

    aprendizagem para saber agir diante deles ou, ao menos, encaminh-los a

    profissionais especializados.

  • 3

    Os distrbios de aprendizagem no so caracterizados pela falta de

    inteligncia, mas ao contrrio. Muitas das pessoas que os possuem tm QI

    (Quociente de Inteligncia) acima da mdia. Eles constituem deficincias

    reversveis, tendo que receber ateno especial e formas de ensino apropriadas.

    As deficincias no processo de aprendizagem podem ter diversas causas que

    afetam a capacidade dos indivduos. Exemplos delas so problemas no aparelho

    auditivo ou na viso, conflitos no ambiente familiar, defasagem na qualidade do

    ensino, inadaptao ao mtodo utilizado, averso por determinada matria,

    diferenas culturais, problemas sociais como a desnutrio, questes genticas,

    ocorrncia de acidentes e muitas outras.

    Em funo da grande quantidade de causas que podem ser atribudas s

    dificuldades de aprendizagem, existem muitas crianas que so encaminhadas para

    tratamentos mdicos e psicolgicos desnecessariamente. Por isso, preciso ter claro

    que o diagnstico correto de um distrbio de aprendizagem depende de uma srie

    de procedimentos como o acompanhamento constante da criana, a anlise de um

    especialista e condies adequadas de vida. Muitos dos problemas podem ser

    resolvidos facilmente e detectar a causa deles evita que a criana passe por situaes

    mais difceis e desconfortveis sem que isso seja preciso.

    Durante o curso sero abordadas as dificuldades encontradas na realizao de

    atividades como a leitura, a escrita, a fala, funes motoras, raciocnio e habilidades

    matemticas. Elas so percebidas, na maioria das vezes, no incio do processo de

    aprendizagem, quando a criana passa a frequentar a escola e surgem diferenas no

    acompanhamento dos contedos com relao aos demais alunos da mesma faixa

    etria.

    A aprendizagem pode ser compreendida como um processo que se realiza no

    interior do indivduo e que provoca uma mudana de comportamento. Na sociedade

    atual, o conhecimento de extrema importncia e tem diferentes significados,

    atingindo o indivduo, a famlia, o meio social, a escola e os educadores.

  • 4

    O sucesso escolar para as crianas evidencia o seu desempenho na atuao como

    aluno; para a famlia, o sucesso escolar dos filhos se traduz em xito no

    cumprimento de seu papel como responsveis e educadores e, para a escola, alunos

    com bom desempenho significam profissionais bem sucedidos no futuro.

    Sendo assim, faz-se necessrio que os distrbios de aprendizagem sejam

    conhecidos por todos aqueles que rodeiam o processo educacional, para que seja

    possvel uma atuao em conjunto capaz de trazer resultados efetivos. O que se

    nota, que conforme os contedos vo aumentando o seu grau de dificuldade e o

    tempo vai passando, os obstculos enfrentados pelas crianas tambm tendem

    apenas a aumentar, tornando o tratamento cada vez mais difcil e intensificando as

    demais questes enfrentadas pelos alunos.

    1.2. Diferenas entre Dificuldades e Distrbios de Aprendizagem

    Existe uma ampla discusso entre autores e profissionais da rea da educao

    com relao a esse assunto. No entanto, no h um consenso ou uma posio definida

    para o mesmo. Dessa forma, vamos adotar neste curso o princpio de que existem

    determinadas diferenas entre os termos dificuldades e distrbios de aprendizagem.

    O termo dificuldades pode ser usado para designar qualquer tipo de obstculos

    encontrados pelos indivduos no processo de ensino-aprendizagem. Eles podem ser das

    mais diversas ordens. Muitas vezes, os problemas no esto no aluno, mas ligados a

    elementos externos que o influenciam. Abaixo voc pode ver exemplos de fatores que

    causam dificuldades na apreenso do conhecimento:

    Problemas sociais como a desnutrio

    Ausncia de motivao

    Conflitos familiares

    Baixa qualidade do sono

    Diferenas culturais

    Deficincias na estrutura da educao: salas superlotadas; professores mal

    remunerados, pouco treinados e sobrecarregados

  • 5

    Material didtico inadequado

    Inadequao metodolgica

    Mudanas no padro de exigncias da escola

    Baixo QI (Quociente de Inteligncia)

    Falta de interesse

    Problemas na viso

    Problemas na audio

    Problemas genticos

    Comprometimentos neurolgicos

    Problemas de ordem psicopedaggica

    Assim, pode-se perceber que, independente da natureza das causas, elas podem

    gerar dificuldades e at mesmo impedimentos nas capacidades de aprendizado dos

    indivduos. Porm, durante este curso, o foco ser dado aos Distrbios de

    Aprendizagem. Eles tambm causam dificuldades no processo de aprendizagem, porm

    suas causas esto ligadas a caractersticas especficas dos indivduos que refletem em

    dificuldades tambm especficas como ser visto ao longo do curso. Abaixo voc pode

    ver algumas caractersticas de pessoas que possuem Distrbios de Aprendizagem:

    Apresentam quociente de inteligncia normal, muito prximo da normalidade ou

    at mesmo superior.

    No apresentam deficincias sensoriais, nem neurolgicas significativas.

    Possuem rendimento escolar insatisfatrio em relao s demais pessoas que se

    encontram na mesma faixa etria.

    Apresentam uma disfuno no sistema nervoso central.

    Suas dificuldades so detectadas, na maioria das vezes, no incio da

    alfabetizao, quando a criana passa a frequentar a escola e nota-se suas

    diferenas de aprendizado em relao ao restante do grupo.

    Tm dificuldades em um aspecto especfico da aprendizagem (leitura, fala,

    escrita, matemtica, raciocnio).

  • 6

    Ao contrrio das dificuldades de aprendizagem, que podem estar ligadas a

    problemas externos ou a um conjunto de elementos, os distrbios de aprendizagem

    esto mais vinculados ao prprio aluno independente de questes relacionadas, por

    exemplo, estrutura geral da educao ou ao ambiente familiar e suas condies

    econmicas, atingindo a criana em nvel individual. Essas questes podem influenciar

    de forma negativa a aprendizagem, mas no so determinantes nesses casos.

    As caractersticas que devem ser observadas em crianas que possuem distrbios

    de aprendizagem, so dificuldades especficas para a realizao de atividades como a

    leitura, a escrita, a fala, o raciocnio e as habilidades matemticas. Essas crianas

    precisam de ateno e tratamentos diferenciados como a ajuda de profissionais

    especializados, formas diferentes de ensino, escolas com recursos especficos, entre

    outras.

    preciso estar claro, como j foi dito anteriormente, que a confirmao de um

    diagnstico de distrbio de aprendizagem, depende de um conjunto de fatores e exames

    especficos. Crianas com dificuldades causadas por outros motivos podem ter seus

    problemas sanados quando inseridas em ambientes com qualidades diferenciadas de

    organizao, ambientes saudveis e profissionais capacitados.

    As dificuldades de aprendizagem podem ser transitrias quando suas causas so

    tratadas ou eliminadas, enquanto os distrbios permanecem pela vida toda, j que so

    disfunes do sistema nervoso central. Eles tambm podem e devem ser tratados,

    porm, essas aes representam alternativas para que as pessoas possam conviver de

    forma saudvel com suas dificuldades e saber como super-las e no constituem curas

    definitivas.

    Dessa forma, a disfuno neurolgica uma caracterstica fundamental para

    diferenciar uma criana com distrbios de aprendizagem daquelas que apenas

    apresentam algumas dificuldades. Aqueles tm uma relao mdica, o que explica o

    fato de apenas uma pequena parte da populao que encontra dificuldades de

    aprendizagem, terem nos distrbios as causas de seus problemas.

  • 7

    1.3. A Educao Infantil

    A existncia de uma educao infantil de qualidade fundamental para todas as

    escolas que trabalham com esta faixa etria. necessrio que se tenha educadores

    prontos a superar qualquer espcie de

    problemas presentes em sua docncia,

    pois, existem diversos tipos de alunos

    e, no caso dos que estamos tratando

    aqui neste curso, torna-se

    indispensvel que todos os

    professores, mas principalmente os da

    rea infantil, tenham conhecimentos

    sobre os distrbios de aprendizagem.

    Para os pais de crianas com essas

    dificuldades, torna-se mais complicado reparar esses problemas sem o apoio da escola e

    de profissionais capacitados.

    A escola e os pais devem caminhar sempre juntos, afinal na instituio de

    ensino que a criana passa a maior parte do tempo e, por isso, ela tambm deve ter

    conhecimentos e ambientes especficos para pessoas que apresentam esses distrbios,

    contando com profissionais tambm especializados no assunto. Ao perceber que o aluno

    encontra dificuldades no aprendizado, a escola deve avisar aos pais desde o incio, para

    que se possa buscar um diagnstico mais preciso. Caso o aluno continue apresentando

    os mesmos resultados, necessrio procurar psiquiatras infantis e pedagogos

    especializados no assunto. A criana precisar de todo o apoio possvel, tanto da escola

    como em seu ambiente familiar.

  • 8

    ESTE O FIM DA UNIDADE 1! NESTA UNIDADE VOC APRENDEU QUE:

    Os Distrbios de Aprendizagem so causados por problemas no sistema nervoso

    central que geram dificuldades em reas especficas da aprendizagem.

    Existem algumas diferenas entre o termo dificuldades e distrbios de

    aprendizagem e elas devem ser consideradas quando este tema abordado.

    Para lidar com os distrbios de aprendizagem preciso a ajuda de profissionais

    especializados.

    A maior parte dos distrbios passam a ser percebidos quando as crianas

    comeam a frequentar a escola e, por isso, necessrio que as mesmas estejam

    inseridas em instituies de ensino de qualidade capazes de ajud-las.

    Unidade 2 Tipos de Distrbios de Aprendizagem

    As pessoas que possuem distrbios de aprendizagem, assim como todas as

    outras, tm capacidade menor para realizar determinadas atividades e uma afinidade e

    facilidade maior para outras. Essas dificuldades podem ser de diferentes naturezas e

    esse ser o assunto tratado nesta unidade.

    Os distrbios de aprendizagem podem ser classificados em distrbios de entrada

    ou sada. Os principais tipos de distrbios e as diferentes implicaes que eles tm na

    aprendizagem sero vistos a partir deste momento.

    Classificao dos distrbios

    2.1. Distrbios de Entrada

    Os distrbios de entrada se caracterizam pelas informaes chegadas ao crebro

    que podem ser atravs do ouvido (entrada de audio) e da viso (entrada visual). E esse

    processo todo de entrada, realizado no crebro.

  • 9

    2.1.1. Distrbios de Percepo Visual

    O distrbio de percepo visual no se caracteriza por pessoas quem tm

    dificuldades para enxergar em funo de

    problemas como, por exemplo, a miopia e o

    astigmatismo. Nesse distrbio, as duas

    caractersticas mais presentes so:

    Dificuldade em definir a posio e/ou forma do que se v

    A entrada de informao pode ser recebida com letras ao contrrio ou giradas

    Essas caractersticas podem fazer com que a criana confunda letras semelhantes

    como o b com o d, o g com o q, o f com o v e outras variaes de letras que

    possuem um som parecido na hora de se dizer alguma coisa como, por exemplo, em

    faca = vaca.

    As crianas tm esses distrbios detectados geralmente na fase em que esto

    comeando a ler, escrever e copiar letras e desenhos. Algumas das dificuldades que

    elas costumam apresentar so:

    Leitura (trocam as linhas na hora da leitura, pulam palavras)

    Erros na avaliao de profundidade (esbarram o tempo todo nas coisas)

    No conseguem entender direita e esquerda, em cima e em baixo

    No conseguem determinar sua posio no espao

    No conseguem participar de atividades esportivas como pegar uma bola ou

    pular corda, por serem inseguras com as informaes que recebem.

  • 10

    Essas dificuldades fazem com que a criana tenha uma limitao para fazer as

    coisas, pois ela no consegue determinar a sua posio no espao, podendo se confundir

    em locais como campos abertos ou ginsios. Na hora de praticar algum esporte, por

    exemplo, ao jogar futebol, o crebro dela vai precisar perceber a posio correta da bola

    e o seu trajeto e dizer para as partes do seu corpo exatamente o que elas precisam fazer.

    A m percepo de distncia ou de velocidade ou a fato de seu crebro orientar o corpo

    de forma errnea, faz com que ela no alcance a bola de maneira alguma.

    No momento de transmitir a informao, encontrada uma dificuldade

    consideravelmente grande, pois a criana recebe uma informao que ultrapassa o seu

    objetivo ou no chega a ele, como o exemplo da bola.

    2.1.2. Distrbios de Percepo Auditiva

    Assim como o distrbio de percepo visual,

    este est ligado s dificuldades da leitura. A

    percepo auditiva consiste na transformao do som

    para uma informao. As pessoas com distrbio de

    percepo auditiva, no conseguem fazer esta

    transformao com perfeio, pois o contedo que recebido no crebro chega

    distorcido, apresentando vrias falhas como, por exemplo, a troca de palavras. Elas

    tambm no tm a capacidade de processar as entradas de som to rpido como as

    outras pessoas, o que conhecido como retardo auditivo. So caractersticas de pessoas

    com distrbio de percepo auditiva:

    Dificuldades em distinguir pequenas diferenas nos sons compreendendo a

    mensagem de forma incorreta. Exemplo: Confundir bala com bola.

    Dificuldades com a relao figura e fundo. Exemplo: A criana est assistindo

    televiso num local em que h outras pessoas conversando. Algum, em outro

    cmodo, chama a criana e comea a falar com ela. A mesma no consegue

    distinguir a voz, demorando para perceb-la. Essas crianas so vistas pelos pais e

    educadores como aquelas que nunca prestam ateno a nada do que lhe dito.

  • 11

    Para lidar com pessoas que apresentam essas caractersticas, preciso falar

    devagar, dar as instrues separadamente para que elas consigam acompanhar as

    mesmas, entre outros cuidados. Se as falas forem realizadas de forma rpida,

    provavelmente parte das informaes sero perdidas.

    2.1.3. Distrbios de Integrao

    Esses problemas tambm constituem distrbios de entrada, mas esto ligados a

    outros sentidos diferentes da viso e da audio. Quando as informaes chegam ao

    crebro, elas precisam ser compreendidas, o que se d em dois momentos: a sequncia e

    a abstrao. As pessoas podem ter esse distrbio em uma rea ou outra ou, ainda, em

    ambas.

    Distrbios de Sequncia

    As crianas que apresentam esse distrbio compreendem as informaes

    transmitidas, mas no conseguem repetir suas sequncias. Veja alguns exemplos abaixo:

    Uma criana pode ouvir ou ler uma histria, mas, na hora de recont-la,

    pode inverter a ordem dos fatos discorrendo, primeiramente, sobre o final

    e depois ir para o incio da histria.

    Nas operaes matemticas, os problemas so entendidos, mas, as ordens

    invertidas:

    Exerccio: 4 + 2 = ? Resposta dada pela criana: 4 + 6 = 2.

  • 12

    Pessoas com essas caractersticas tambm podem encontrar dificuldades com

    jogos de tabuleiro que exijam um movimento

    em sequncia; ao colocar cada coisa em seu

    lugar arrumando uma mesa de jantar, ou, ainda,

    ao realizar a grafia de palavras, trocando a

    ordem das letras. Uma criana que tem

    dificuldade em dar sequncia ao que visto, tem

    um distrbio de sequncia visual e outra que tenha dificuldade em dar sequncia ao que

    ouvido, tem distrbio de sequncia auditiva.

    Distrbios de Abstrao

    A abstrao diz respeito capacidade de dar significados s coisas. Em crianas

    com distrbios de abstrao, e informao recebida registrada e colocada na sequncia

    correta. Porm, no se pode fazer relaes com o conhecimento adquirido e nem

    signific-lo.

    Exemplo: Um educador pode ler uma histria sobre policiais e perguntar para a criana

    se ela conhece algum policial que seja da famlia ou algum com quem tenha contato.

    Essa criana no tem capacidade para responder a esse questionamento, pois ela

    consegue falar apenas do policial da histria de forma especfica e no sobre esses

    profissionais de forma geral.

    2.1.4. Distrbios de Memria

    Quando se recebe uma informao, alm da mesma ter que ser registrada e

    compreendida, ela precisa ser arquivada para que possa ser usada em outros momentos,

    o que se d atravs da memria. Existem dois tipos de memria: a memria a curto

    prazo e a memria a longo prazo.

  • 13

    A memria a curto prazo se refere a guardar uma informao no momento em

    que se concentra nela. Ela dura apenas minutos ou horas e faz com que seja possvel

    continuar as atividades ou pensamentos no presente. Um exemplo que pode ser usado

    quando algum recebe um nmero de telefone. Certamente, ele poder ser usado se a

    ligao for realizada dentro de pouco tempo, mas, ser esquecido se a ligao deixada

    para o dia seguinte ou depois.

    J a memria a longo prazo, refere-se ao processo em que a repetio de uma

    informao faz com que ela seja gravada ou arquivada. Esta memorizao faz com que

    seja possvel recordar-se rapidamente ao pensar nela ou levar um pouco mais de tempo,

    mas, ainda assim, ter a informao na memria. Como exemplo, pode-se pensar em

    como cada um lembra o endereo de suas respectivas casas, mas encontra mais

    dificuldades em lembrar o endereo de familiares ou amigos.

    Crianas com distrbios de memria, geralmente tm a sua memria de curto

    prazo afetada. Esses problemas tambm podem atingir de forma significativa o

    desempenho escolar. Muitas vezes so necessrias de 10 a 15 repeties para memorizar

    algo que uma criana sem este distrbio o faria em 3 ou 5 repeties. No entanto, essas

    pessoas no possuem dificuldades na memria a longo prazo, podendo lembrar de

    determinados acontecimentos nos mnimos detalhes.

    2.2. Distrbios de Sada

    Assim como determinadas pessoas encontram dificuldades na forma como

    recebem as informaes, outras tm problemas no momento da sada de informaes, ou

    seja, no momento de concretizao do conhecimento adquirido.

    Isso percebido quando a criana realiza aes como escrever, desenhar,

    atividades motoras e outras. Quando essa dificuldade implica na escrita ou na fala, ela

    chamada de Distrbios de Sada de Linguagem e, quando se d na realizao de

    atividades musculares, chamada de Distrbios de Sada Motora.

  • 14

    2.2.1. Distrbios de Linguagem

    Os distrbios de linguagem podem ser divididos em dois tipos: Distrbio de

    Linguagem Espontnea e Distrbio de Linguagem de Demanda.

    Distrbio de Linguagem Espontnea

    A linguagem espontnea se d quando o indivduo

    inicia uma conversa atravs de um comentrio, um

    cumprimento ou um questionamento. Nesta forma de

    comunicao, a pessoa que inicia a conversa escolhe o

    assunto que ser tratado (provavelmente um do qual tenha conhecimento e facilidade

    para discorrer), usa o tempo necessrio para organizar seus pensamentos e encontrar as

    melhores palavras para se expressar.

    Porm, pessoas com distrbio de aprendizagem espontnea, encontram

    dificuldades em realizar tal tarefa, no iniciando dilogos ou, ento, o fazendo de forma

    inadequada.

    Distrbio de Linguagem de Demanda

    J a linguagem de demanda se d quando algum

    iniciou uma conversa e preciso interagir. Pessoas que

    so portadoras deste distrbio, geralmente no possuem

    dificuldade com a linguagem espontnea.

    Na linguagem de demanda, a outra pessoa quem

    estabelece a circunstncia na qual voc tem que se comunicar, de forma que no h

    tempo para organizar os pensamentos e encontrar as palavras adequadas, mas, ainda

    assim, preciso responder de forma apropriada.

  • 15

    Pessoas com esses problemas costumam pedir para que a pergunta seja repetida,

    pois, dessa maneira, conseguem mais tempo para pensar na resposta. Quando so

    foradas a dar uma resposta, o fazem de maneira confusa e difcil acompanh-las. Isso

    pode parecer contraditrio, j que este mesmo indivduo consegue falar perfeitamente

    em outros momentos como, por exemplo, quando inicia uma conversa.

    Essas crianas podem ser vistas como preguiosas pelos professores, afinal,

    falam normalmente atravs da linguagem espontnea e, quando so questionadas, dizem

    que no sabem ou simplesmente no respondem. Esse o tipo de dificuldade que

    detectada apenas quando se conhece minimamente os distrbios, de onde nasce a

    importncia de se ter profissionais capacitados para o processo de ensino-aprendizagem.

    2.2.2 Distrbios de Atividade Motora

    Os distrbios de atividade motora podem ser divididos em dois tipos: distrbio

    de atividade motora grosseira e distrbio de atividade motora fina.

    O distrbio de atividade motora grosseira caracterizado pela dificuldade de

    usar grandes grupos musculares. Ele faz com que a criana seja desajeitada fazendo-a

    cair sobre as coisas ou enfrentar problemas para realizar atividades fsicas como correr,

    escalar ou nadar.

    J o distrbio de atividade motora fina, consiste na dificuldade de realizar tarefas

    que demandam que muitos msculos

    trabalhem juntos. Ele percebido quando a

    criana comea a escrever. Ela apresenta uma

    incapacidade de fazer com que os msculos

    da mo dominante trabalhem em conjunto. A

    sua velocidade de escrever no consegue

    acompanhar o ritmo do seu pensamento, o que resulta em uma letra lenta e feia.

  • 16

    Escrever exige uma srie de elementos que acabam passando despercebidos para

    as pessoas que no possuem tais dificuldades como a forma, o tamanho, o espaamento

    e o posicionamento. Para crianas com distrbios de atividade motora fina, esse

    processo muito mais complicado.

    A partir desse momento sero conhecidos os principais distrbios de linguagem

    e de atividade motora, sendo que eles podem ser classificados como um e/ou outro.

    Dislexia

    Disgrafia

    Disortografia

    Afasia

    Disartria

    Discalculia

    Acalculia

    Apraxia

    Dispraxia

    Gagueira

    Dficit de ateno

    A) Dislexia

    A dislexia tem sido o distrbio de maior incidncia nas salas de aula. Ela reflete

    na dificuldade de aprendizagem na

    qual a capacidade de uma criana

    para ler ou escrever est abaixo do

    seu nvel de inteligncia. A mesma

    pode ser caracterizada como uma

    insuficincia para assimilar os

    smbolos grficos da linguagem.

    Sua origem congnita (nata) e

    hereditria e seus sintomas podem

    ser identificados logo na pr-escola em crianas que demoram para comear a falar ou

    trocam os sons das letras e tm dificuldades para aprender a ler e escrever.

  • 17

    Ela pode ser chamada de a me dos transtornos de aprendizagem porque foi a

    partir da identificao deste problema que se iniciou uma busca pelo conhecimento de

    todos os outros tipos de distrbios existentes. Com o passar do tempo, surgiu a

    necessidade de estabelecer as diferenas entre os problemas na aprendizagem e, a partir

    de ento, eles comearam a ser subdivididos e classificados. A dislexia tambm foi

    conhecida durante um grande perodo como cegueira verbal congnita devido s

    dificuldades para ler e escrever em pessoas que possuam viso normal.

    Esse distrbio se d em crianas com audio, viso e inteligncia normais, que

    vivem em ambientes familiares saudveis e possuem condies econmicas adequadas.

    Assim, em casos de dislexia, as causas no podem ser atribudas a questes emocionais,

    culturais ou instrucionais. Embora esses fatores tenham uma influncia no desempenho

    de pessoas dislxicas, eles no so determinantes.

    Nos indivduos que no possuem dislexia, a rea esquerda do crebro a

    responsvel pela percepo e pela linguagem, subdividida em trs partes: uma que

    processa fonemas, outra que analisa as palavras e a ltima que reconhece as palavras.

    Essas trs partes trabalham em conjunto e do capacidade para que os indivduos

    aprendam a ler e escrever. A crianas conseguem realizar essa tarefa apenas quando

    reconhecem e processam fonemas, memorizando as letras e seus sons. Com o tempo e o

    desenvolvimento da criana na leitura e na escrita, sua memria permanente comea a

    ser construda, o que faz com que ela reconhea as palavras com mais agilidade e sem

    grande esforo.

    As crianas dislxicas possuem falhas nas conexes cerebrais. Elas podem

    contar apenas com a regio do crebro responsvel por processar fonemas e slabas,

    enquanto a rea responsvel pela anlise de palavras, no exerce a sua funo. Suas

    ligaes cerebrais no incluem a rea responsvel pela identificao de palavras e,

    portanto, a criana no consegue reconhecer palavras que j tenha lido ou estudado. A

    leitura se torna um grande esforo para ela, pois toda palavra que ela l aparenta ser

    nova e desconhecida. Para simplificar, pode-se dizer que a dislexia causada por

    alteraes nas reas do crebro responsveis pelos sons da linguagem e do sistema que

    transforma o som em escrita.

  • 18

    Esse distrbio confundido com frequncia com outros problemas de adaptao

    escolar como os atrasos de desenvolvimento e a

    deficincia mental ligeira, afinal, a criana

    dislxica tem dificuldades em compreender o

    que est escrito e de escrever o que est

    pensando. Quando tenta expressar-se no papel, o

    faz de maneira incorreta e o leitor no

    compreende as suas ideias. Abaixo voc pode

    ver algumas das caractersticas mais encontradas por crianas que tm dislexia:

    Fraco desenvolvimento da ateno

    Falta de capacidade para brincar com outras crianas

    Atraso no desenvolvimento da fala e escrita

    Atraso no desenvolvimento visual

    Falta de coordenao motora

    Dificuldade em aprender rimas/canes

    Falta de interesse em livros impressos

    Dificuldade em acompanhar histrias

    Dificuldade com a memria imediata e a organizao em geral

    A pronncia ou a soletrao de palavras monossilbicas uma dificuldade

    evidente

    Inverso de palavras de maneira parcial ou total

    Exemplo: A palavra casa lida como saca.

    Inverso das letras e nmeros

    Exemplo: p por b; 3 por 5

    Alterao na ortografia em funo de alteraes no processo auditivo

    Cometem erros na separao das palavras

    Dificuldades em distinguir esquerda e direita

    Alterao na sequncia das letras que formam as slabas e palavras

    Dificuldades na matemtica

    Pobreza de vocabulrio

    Escassez de conhecimentos prvios (memria de longo prazo)

  • 19

    Falhas na elaborao de oraes complexas e na redao espontnea

    Copiam as palavras de forma errada mesmo observando na lousa como so

    escritas.

    Alm disso, os dislxicos tambm sofrem com a falta de rapidez ao ler. Sua

    leitura sem ritmo e, muitas vezes e com muito sacrifcio, decodificam as palavras, mas

    no conseguem compreend-las.

    As caractersticas colocadas acima no so suficientes para se fechar um

    diagnstico a respeito da dislexia, afinal, existem outros distrbios de aprendizagem que

    tambm possuem elementos parecidos, no entanto, elas podem ser usadas como um

    ponto a partir do qual se levado a procurar a ajuda de profissionais especializados e

    buscar formas de superao.

    A dislexia responsvel por altos ndices de repetncia e abandono escolar. A

    ausncia de conhecimentos dos professores contribui para uma evaso escolar e o

    agravamento dos problemas enfrentados pelas crianas. Essas so incompreendidas em

    seu fracasso e no valorizadas em suas tentativas vs para superar suas dificuldades,

    desenvolvendo uma imagem negativa sobre si mesmas. A escola se torna um ambiente

    que causa ansiedade e as exigncias dos pais e professores acabam se revertendo em

    comportamentos agressivos, inibies e outros.

    As crianas dislxicas precisam olhar e ouvir atentamente, prestar ateno aos

    movimentos da mo enquanto escrevem e da boca quando

    falam para associar os fonemas aos seus sons e sua escrita.

    recomendada a montagem de manuais de alfabetizao

    apropriada para pessoas com essas dificuldades. Alm disso,

    o sucesso escolar de um dislxico est baseado em uma

    terapia multisensorial (uso de todos os sentidos), sempre

    combinando atividades que motivem o uso da viso, da

    audio e do tato para ajud-lo a ler e soletrar corretamente

    as palavras. Abaixo esto colocadas algumas atitudes que podem ajudar essas pessoas

    no processo de aprendizagem:

  • 20

    Usar folhas quadriculadas para matemtica.

    Usar letras com vrias texturas.

    Usar mscara para leitura de texto.

    Evitar dizer que a criana lenta, preguiosa ou compar-la aos outros alunos da

    classe.

    No forar a criana a ler em voz alta em classe a menos que demonstre desejo

    em faz-lo.

    Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que nas

    escritas.

    Sempre que possvel, a criana deve ser encorajada a repetir o que foi lhe dito

    para fazer, isto inclui mensagens. Sua prpria voz de muita ajuda para

    melhorar a memria.

    Revises devem ser frequentes e importantes.

    Copiar do quadro sempre um problema, tente evitar isso, ou d-lhe mais tempo

    para faz-lo.

    Demonstre pacincia, compreenso e amizade durante todo o tempo,

    principalmente quando voc estiver ensinando a alunos que possam ser

    considerados dislxicos.

    Ensine-a quando for ler palavras longas, a separ-las com uma linha a lpis.

    D-lhes menos dever de casa e avalie a necessidade e aproveitamento desta

    tarefa.

    No risque de vermelho seus erros ou coloque lembretes como voc precisa

    estudar mais para melhorar.

    Procure no dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha e a faz

    infeliz.

    No a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrvel e no

    gosta de v-la no papel. A modulao da caligrafia um processo longo.

    Use sempre uma linguagem clara e simples nas avaliaes orais e

    principalmente nas escritas.

    Uma lngua estrangeira muito difcil para elas, faa suas avaliaes sempre em

    termos de trabalhos e pesquisas.

  • 21

    Alm do apoio da escola, as crianas precisam receber apoio em casa. Os pais e demais

    responsveis devem ajudar a melhorar sua autoestima, oferecendo carinho, sendo

    compreensivos e elogiando a cada acerto alcanado e encorajando a realizao de

    tarefas em que se saiam bem e que podem ser estimulantes. As crianas tambm devem

    ser ajudadas em seus trabalhos escolares e no se pode permitir que seus problemas

    escolares impliquem em mau comportamento ou falta de limites.

    Para diagnosticar corretamente a dislexia, deve-se procurar a ajuda de

    profissionais como fonoaudilogos, psiclogos, neurologistas e psicopedagogos. No

    se espera encontrar todas as dificuldades numa nica criana dislxica, mas a presena

    de pelo menos uma delas, associada s dificuldades de ler, pode fazer supor a existncia

    de um quadro de dislexia. Os problemas podem ser avaliados atravs de um

    acompanhamento adequado e direcionado s condies de cada caso.

    Faz-se necessrio adequar mtodos e materiais que atendam o desenvolvimento

    da criana, bem como o acompanhamento e a observao para que se conhea as

    particularidades de cada um considerando o seu tempo e a sua construo de saberes.

    Para finalizar, importante que se fale sobre o dom da dislexia. Quando um

    dislexo domina alguma coisa, ele a aprendeu to bem que pode faz-lo sem pensar sobre

    o que est fazendo. Dominar algo realmente aprender algo. Se o processo de

    aprendizagem o mesmo, ento quando algum dominou alguma coisa, esta pessoa

    criou conhecimento necessrio para realizar aquela atividade.

    B) Disgrafia

    A disgrafia tambm conhecida como letra feia porque as crianas que

    possuem esse tipo de distrbio, apresentam uma escrita ilegvel e lenta. Isso leva a um

    desempenho ruim na escola mesmo em alunos que possuem inteligncia normal ou

    acima da mdia. Esse problema constitui uma deficincia na qualidade do trao grfico,

    o que se reflete atravs de grandes dificuldades para escrever corretamente a linguagem

    falada.

  • 22

    A criana com disgrafia tem dificuldades em coordenar as informaes visuais e

    na realizao motora do ato de escrever. Algum que tem apenas dificuldades para

    escrever, mas no apresenta problemas em outras atividades motoras, provavelmente

    no tem este distrbio.

    Existem dois tipos de disgrafia: a motora e a pura. A primeira atinge a maioria das

    crianas com este distrbio e consiste na dificuldade

    em escrever palavras e nmeros corretamente. A

    segunda mais difcil de ser diagnosticada porque

    aparece quando a criana sofre algum trauma

    emocional e isso se reflete na sua letra. Existem

    alguns sinais que podem indicar as relaes entre os

    problemas causados por este distrbio e as condies emocionais da criana:

    Letras pequenas demais podem indicar uma timidez excessiva.

    Letras grandes demais podem indicar uma criana que necessita estar sempre no

    centro das atenes.

    Letras feitas com muita fora, que chegam a marcar as outras pginas do

    caderno, podem indicar que a criana esteja tensa.

    No entanto, a disgrafia acontece tambm em crianas com capacidade intelectual

    normal, sem qualquer transtorno neurolgico, sensorial, motor ou afetivo. Elas, ainda

    que tenham boas notas e facilidade de se expressar pela fala, no conseguem planejar os

    movimentos para conseguir o traado da letra. Ao observarem os contedos de uma

    lousa ou um papel, no so capazes de reproduzir o que viram. Algumas das

    caractersticas mais encontradas em crianas com este tipo de distrbio so:

    Letras ilegveis

    Traos pouco precisos ou incontrolados

    Falta de presso nos traos ou presso muito forte a ponto de marcar o papel

    Letras distantes ou extremamente juntas

    Omisso de letras

    Dificuldade em manter uma frase na mesma linha

  • 23

    Dificuldade em recordar a grafia correta para representar um determinado som

    ouvido ou elaborado mentalmente

    A criana escreve devagar, retocando cada letra, realizando de forma inadequada

    as unies entre as letras ou amontoando-as para esconder os erros ortogrficos.

    A ortografia pode ser verificada como uma das dificuldades da disgrafia a partir do

    momento que se exige rapidez e um ritmo grfico de uma criana que ainda no

    automatizou a relao som-letra. Nesse caso, a escrita das palavras lenta e, na maioria

    das vezes, incompleta, porque o aluno tem certas dificuldades em recordar com rapidez

    qual a grafia para representar determinado som.

    Todos os elementos anteriormente citados podem ser resumidos em trs

    caractersticas bsicas:

    M organizao da pgina

    Essa caracterstica est ligada orientao espacial, ou seja, a criana encontra

    dificuldades para organizar sua escrita numa folha de papel. O texto apresentado de

    forma desordenada com margens mal feitas ou inexistentes, espao entre palavras e

    linhas irregulares.

    M organizao das letras

    Incapacidade de seguir as regras caligrficas. O traado de m qualidade e os

    contornos das letras so deformados.

    Formas e propores

    Refere-se ao grau de limpeza do traado das letras, sua dimenso (muito grandes ou

    minsculas), desorganizao das formas e escrita alongada ou comprimida.

  • 24

    A disgrafia normalmente observada um ou dois anos depois que a criana

    aprende a escrever. comum que os professores demorem para perceber o problema,

    pois eles esto mais preocupados com o desenvolvimento intelectual dos alunos do que

    com o motor. Embora no se treine de forma efetiva a organizao espacial das

    crianas, exige-se que elas tenham uma boa escrita, o que pode ser visto como uma

    problemtica na educao infantil. O professor deve ficar atento s possveis posturas

    inadequadas para poder corrigi-las o mais cedo possvel e, junto com um profissional

    especializado, estabelecer estratgias de ajuda que favoream a qualidade do traado

    grfico.

    Uma grande parte dos professores no conhecem os distrbios ligados

    aprendizagem e acabam julgando de forma errnea seus alunos ao dizer que eles no

    so caprichosos, so preguiosos e pouco esforados. Por esse e outros motivos,

    preciso saber que o que diferencia uma letra sem capricho da disgrafia, o fato de a

    criana ter tambm outras dificuldades motoras leves como problemas na hora de

    amarrar o sapato ou abotoar a camisa.

    A idade mais indicada para se comear a tratar a disgrafia a partir dos oito

    anos, quando a letra comea a se firmar. Quando no tratado, o distrbio pode trazer

    problemas mais srios na vida adulta, entre eles a dificuldade de comunicao. Em

    processos seletivos como vestibulares, por exemplo, preciso escrever textos

    relativamente longos e tem-se pouco tempo disponvel pra isso. Candidatos que sofrem

    com a disgrafia, j se apresentam em desvantagem na concorrncia.

    Alm da antecedncia, a disgrafia precisa ser superada atravs de tratamentos

    psicolgicos e treinos motores. Sem a busca de um tratamento, a criana comea a se

    sentir atrasada em relao aos outros alunos e no compreende porque no consegue se

    expressar atravs das palavras no caderno. A finalidade dos tratamentos fazer com que

    a criana atinja o domnio do gesto e do instrumento, a percepo e compreenso da

    imagem a reproduzir.

  • 25

    Algumas atitudes podem ser tomadas no sentido de minimizar os problemas

    causados pela disgrafia. Pode-se citar como exemplo exerccios como o ombro (como

    os realizados com o brinquedo vai e vem), para o cotovelo (como os realizados ao

    jogar peteca), para os punhos e mos (como brincar com massinhas ou argilas e pintar

    com lpis de cor ou giz de cera).

    Deve-se destacar ainda a importncia dos esportes. Atravs deles possvel

    trabalhar a orientao espacial e a coordenao motora da criana. Brincadeiras como

    jogar vlei, xadrez e peteca tambm podem ajudar na melhora da letra, j que fazem a

    criana usar as mos e planejar os movimentos.

    No se pode descartar o papel que pais e professores tm nesse processo. Eles

    precisam estar cientes das capacidades motoras da criana e no exigir resultados que

    esto acima daqueles que ela pode apresentar num dado momento. claro que no se

    pode esperar que o aluno desenvolva suas habilidades sozinho, mas sim estimular esse

    desenvolvimento atravs de prticas motoras baseadas em crescimentos graduais que

    exijam pouco a pouco mais rapidez e controle do ato motor.

    O desenvolvimento do controle motor uma caracterstica bsica para atingir a

    qualidade na escrita. Afinal, o ato de escrever mobiliza uma srie de segmentos do

    corpo. Antes de se atingir o nvel ideal de desenvolvimento motor, que permite a

    realizao da escrita de forma rpida, precisa, legvel e sem cansao, a coordenao

    motora passa por diversos estgios. Em cada estgio um segmento do corpo realiza uma

    funo at chegar o momento em que se atinge o controle total do ato de escrever, que

    caracterizado pela fixao do cotovelo na mesa e a rpida movimentao dos dedos

    durante a escrita.

    Alm disso, no se pode esquecer que, independente da presena ou ausncia de

    dificuldades das crianas na escrita, alguns fatores so fundamentais para qualquer

    pessoa que se proponha a escrever. Deve-se tomar cuidado e orientar as crianas para

    que tenham uma postura adequada na hora de sentar e pegar no lpis ou caneta e

    posicionar corretamente a folha de papel ou caderno em que se pretende escrever.

  • 26

    Para finalizar o assunto sobre a disgrafia, preciso citar dois assuntos que,

    embora possam parecer bsicos, so de extrema importncia que sejam considerados: a

    caracterizao do incio da alfabetizao e as peculiaridades pessoais dos traos grficos

    ou da letra da cada um.

    Quando comea a ser alfabetizada, natural que as palavras da criana no

    saiam de forma perfeita no papel, afinal, ela est apenas comeando a aprender. No

    entanto, se com o tempo e o treinamento em cadernos de caligrafia, a criana ainda

    estiver longe de escrever corretamente, preciso que pais e educadores comecem a

    buscar as causas dessas dificuldades e procurem formas de superao.

    Por ltimo, no se pode esquecer tambm que o traado grfico feito de

    caractersticas pessoais e, portanto, vai adotando peculiaridades individuais ao longo do

    desenvolvimento de cada um. Baseados nisso, responsveis e professores no podem

    impor nenhum modelo de letra para os alunos, mas sim respeitar o seu grafismo desde

    que ele seja legvel, claro e atinja o objetivo principal da escrita, que a transmisso da

    linguagem oral com o mximo de eficincia sem o desprendimento de grandes esforos.

    C) Disortografia

    A disortografia tambm um problema encontrado na linguagem, onde a criana

    apresenta dificuldades em realizar a escrita e a fala, lidar com todas as sinalizaes

    grficas e outros conhecimentos que as crianas da 2 srie do ensino fundamental I, j

    deveriam saber e ter total domnio.

    Assim como outros distrbios, a disortogragia tambm est ligada dislexia e

    apresenta algumas caractersticas presentes em outros problemas, o que dificulta a

    identificao do tipo de distrbio com o qual se est lidando. Por isso, de extrema

    importncia que os educadores tenham conhecimentos suficientes para exercer a

    profisso e trabalhar o desenvolvimento de seus alunos. Eles certamente precisaro

    observar de forma atenta as dificuldades das crianas para poder deixar os pais cientes e

    procurar a melhor maneira de dar o atendimento necessrio para tais alunos durante o

    processo de ensino-aprendizagem.

  • 27

    Abaixo podem ser vistas algumas das caractersticas encontradas no cotidiano

    escolar de crianas disortogrficas:

    Troca de grafemas: Geralmente as trocas de grafemas (unidades grficas)

    que representam fonemas homorgnicos (fonemas que tm a articulao

    realizada pelo mesmo rgo do aparelho responsvel pela emisso de

    sons) acontecem por problemas de discriminao auditiva. Quando a

    criana troca fonemas na fala, a tendncia que ela escreva apresentando

    as mesmas trocas, mesmo que os fonemas no sejam auditivamente

    semelhantes.

    Falta de vontade de escrever.

    Dificuldade em perceber as sinalizaes grficas (pargrafos, travesso,

    pontuao e acentuao).

    Dificuldade no uso de coordenao/subordinao das oraes.

    Aglutinao ou separao indevida das palavras.

    Os pais de crianas com esses problemas precisam lev-las a mdicos

    especializados para que possam ter orientaes mais precisas do caso, podendo tambm

    ter o conhecimento se este distrbio possui algum tipo de tratamento para diminuir as

    dificuldades. Existem alguns fatores que devem ser analisados no processo de

    verificao dos educadores:

    Nvel de escolaridade

    Frequncia dos erros e quais acontecem

    A frequncia de palavras no vocabulrio

    A frequncia visual

    Atravs dessas colocaes, os educadores conseguem ter um diagnstico mais

    preciso do distrbio. Dessa forma, podero realizar um trabalho eficiente, apresentando

    menos falhas quando comparados a educadores sem conhecimento algum sobre o

    assunto no geral.

  • 28

    Para lidar com a disortografia, alm da importncia do seu diagnstico,

    necessrio ter o acompanhamento e a compreenso de todos os que convivem com as

    crianas, principalmente os membros da famlia, que constituem a base de sua infncia.

    D) Afasia

    Este distrbio tambm est ligado linguagem e tem como principais

    caractersticas a perca das capacidades e habilidades da comunicao tanto escrita,

    como falada.

    Ele est muito envolvido com a rea da neurologia clnica, uma vez que pode

    originar-se de acontecimentos como acidentes vasculares cerebrais, infeces e outros,

    afetando, dessa forma, reas especficas do crebro responsveis pela comunicao. De

    acordo com o local da leso cerebral, so ocasionados tipos diferentes de alteraes. Por

    isso, a afasia divide-se em quatro tipos:

    Afasia de Broca

    Afasia de Wernicke

    Afasia de Conduo

    Afasia Global

    Essa diviso se d em funo das diversas caractersticas que podem servir de

    base para identificar um caso de afasia. O fato de elas estarem divididas em tipos

    diferentes, possibilita aos profissionais da rea mdica uma maior facilidade para dar

    diagnsticos e encontrar o melhor tratamento.

  • 29

    Afasia de Broca

    A Afasia de Broca, ou afasia no fluente, est ligada rea do crebro humano

    responsvel pelo processamento da linguagem, produo da fala e compreenso, que

    tem o nome broca. Ela causa algumas dificuldades como:

    Na rea de clculos e escrita

    Em reconhecer sons

    Em articular os sons

    Em encontrar as palavras adequadas para

    as situaes. O indivduo sempre utiliza a

    mesma palavra ou frase para diferentes

    situaes de comunicao.

    Como afeta uma regio especfica do crebro, essa leso poder ser identificada

    atravs de mtodos de imagem como a TC (tomografia computadorizada) e a RM

    (ressonncia magntica). O uso desses recursos pode revelar as possveis leses ou

    assimetrias no local.

    Os indivduos que possuem esse distrbio, alm de apresentarem as dificuldades

    citadas, ainda sofrem de fraqueza na hemiface, ou seja, no tm controle total de um dos

    lados da face. Isso faz com que seja difcil controlar, por exemplo, a abertura e o

    fechamento dos olhos.

    Quando tm conscincia de suas dificuldades, essas pessoas acabam ficando

    deprimidas com mais facilidade, pois a recuperao de parte da linguagem falada exige

    tempo. Esse processo pode demorar alguns meses at que o indivduo seja capaz de

    realizar uma fala simples. preciso estar claro que esse desenvolvimento tambm

    depende de cada um. Pode-se levar mais ou menos tempo para que se alcance falas

    abreviadas e, gradualmente, se tornar fluente.

  • 30

    Afasia de Wernicke

    Este tipo de afasia caracterizada com elementos opostos aos da afasia de broca,

    como voc pode ver a seguir:

    Fala fluente, mas com pouco sentido

    Fala espontnea, mas de modo vago

    Os indivduos no conseguem perceber seu dficit

    Recuperao mais difcil

    Os pacientes geralmente por no perceberem o seu problema, acabam no

    apresentando fraquezas associadas a ele como, por exemplo, a fraqueza na hemiface ou

    a depresso.

    Quando algum conversa com um indivduo que possui afasia de Wernicke,

    percebe que, de uma hora para a outra, o assunto no faz mais sentido, j que essas

    pessoas tm uma grande facilidade para fugir da temtica em questo, alm de terem

    uma fala muito fluente e substituir determinadas palavras por outras que no do sentido

    algum ao que est sendo dito.

    Afasia de Conduo

    A afasia de Conduo um distrbio voltado para a compreenso. A fala

    fluente e espontnea, mas existe, no entanto, uma incapacidade ao se repetir palavras,

    ocorrendo erros variados nas tentativas. um tipo de afasia que no possui muitas

    caractersticas, pois a principal dificuldade causada por ela a de se fazer repeties.

  • 31

    Afasia Global

    Diferente dos demais tipos de Afasia, que apresentam algumas caractersticas

    negativas e outras que ainda podem ser consideradas positivas quando trabalhadas, a

    Afasia Global no tm limitaes, apresentando todos os aspectos dos outros tipos de

    afasia em um nico indivduo:

    Perca de compreenso

    Perca da fala

    No consegue fazer leitura

    No consegue escrever

    O indivduo que possui esta afasia perde totalmente suas capacidades de

    linguagem. Geralmente, isso causado por infarto no territrio da artria cerebral ao

    lado esquerdo, ou seja, o paciente tambm pode apresentar paralisia em um determinado

    lado do corpo, sendo normalmente do lado direito, o que faz com que ele perca a fora

    total desta regio.

    Este considerado o tipo mais grave de afasia e, por isso, muito voltado para a

    rea da sade. Quando no tratado, o paciente pode correr risco de vida. Isso no

    acontece em funo do distrbio, mas sim pelas consequncias de ocorrncia de infartos

    e a perca total de sentido de um dos lados do corpo.

    Independente do tipo de afasia que um indivduo possa ter, deve-se seguir

    algumas dicas:

    Em funo da dificuldade de compreenso, preciso dar pistas, fazer

    repeties, apoiar e dar ordens curtas e objetivas para serem bem recebidas.

    A reeducao das funes da fala e da linguagem sempre vlida e deve ser

    iniciada o quanto antes, melhorando, assim, o prognstico.

    prioritrio que a famlia se envolva com a recuperao, estimulando o

    afsico a buscar sempre a comunicao e jamais o isolamento.

  • 32

    E) Disartria

    Esse distrbio causado por alteraes dos mecanismos nervosos que

    coordenam os rgos responsveis pela fonao (processo que d origem ao som

    articulado). Isso reflete na m coordenao dos msculos da fala. Assim como outros

    distrbios, a disartria tambm pode ter origem em uma leso no cerebelo (parte do

    crebro mais responsvel pela coordenao das sequncias dos movimentos e do

    controle do equilbrio e da postura).

    Leses que causam a disartria podem nascer com os indivduos ou serem

    provocadas no decorrer de suas vidas. O uso abusivo e prolongado de bebidas

    alcolicas, acidentes vasculares cerebrais, tumores, esclerose mltipla, ingesto crnica

    de certas substncias qumicas, caractersticas hereditrias e outras, so exemplos de

    elementos que podem provocar a disartria independente da faixa etria das pessoas.

    Algumas das caractersticas encontradas em pessoas que possuem disartria so:

    Fala pastosa

    Falta de controle no volume da voz

    Exagero nos movimentos dos msculos dos lbios e do maxilar ao falar

    Alterao no controle da deglutio

    Dificuldade na conexo de slabas e palavras.

    Alm das caractersticas anteriormente citadas, este distrbio tambm pode ser

    evidenciado atravs de alguns sintomas fsicos observados no organismo das pessoas

    disrtricas:

    Taquicardia

    Palpitao

    Sangramento nasal

    Tosse

    Respirao pela boca

    Coriza

    Boca seca

  • 33

    Dor no peito

    Dor abdominal

    Bocejo

    Incontinncia ou reteno urinria

    Dor de cabea

    Fadiga

    Desmaios

    Para lidar com a disartria, preciso submeter-se a tratamentos fonoaudilogos

    adequados que podem compensar as dificuldades encontradas pelas pessoas que a

    possuem. O objetivo dos tratamentos deve ser a coordenao global do paciente,

    considerando sua articulao e passando por melhoras graduais atravs da correo

    respiratria, da modificao da emisso sonora e da adequao da ressonncia

    (prolongao dos sons).

    A criana disrtrica costuma reclamar de que tem que fazer grandes esforos

    para obter ar suficiente para falar. O tratamento, nesses casos, deve incluir a melhora da

    respirao atravs do trabalho dos msculos do tronco, reforando-os atravs de

    fisioterapias e aumentando a capacidade geral de esforo do paciente.

    F) Discalculia

    A discalculia est ligada s dificuldades com as habilidades matemticas. As

    crianas so capazes de compreender as lies transmitidas, mas quando tentam colocar

    em prtica o que aprenderam, acabam trocando e invertendo as ordens das operaes.

    Pessoas com discalculia no apresentam problemas fonolgicos, mas encontram

    dificuldades em:

    Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior.

    Conservar a quantidade .

    Exemplo: No compreenderm que 1kg igual a quatro pacotes de 250 g

    Os sinais de soma, multiplicao e os demais.

  • 34

    Sequenciar nmeros, como, por exemplo, o que vem

    antes do 11 e depois do 15 (antecessor e sucessor).

    Classificar nmeros.

    Dificuldade na memria de trabalho.

    Dificuldade de memria em tarefas no-verbais.

    Dificuldade na soletrao de no-palavras (tarefa de

    escrita).

    Dificuldade na memria de trabalho que implica contagem.

    Dificuldade nas habilidades viso-espaciais.

    Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-tteis.

    Montar operaes.

    Contar atravs dos nmeros cardinais e ordinais.

    Estabelecer correspondncia um a um: no relaciona o nmero de alunos de

    uma sala quantidade de carteiras.

    Este problema pode ser dividido em diversos tipos, como explicitado abaixo:

    1. Discalculia Verbal - Dificuldade para nomear as quantidades matemticas, os

    nmeros, os termos, os smbolos e as relaes.

    2. Discalculia Practognstica - Dificuldade para enumerar, comparar e

    manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.

    3. Discalculia Lxica - Dificuldades na leitura de smbolos matemticos.

    4. Discalculia Grfica - Dificuldades na escrita de smbolos matemticos.

    5. Discalculia Ideognstica Dificuldades em fazer operaes mentais e na

    compreenso de conceitos matemticos.

    6. Discalculia Operacional - Dificuldades na execuo de operaes e clculos

    numricos.

  • 35

    A discalculia pode comprometer o desenvolvimento escolar das crianas de

    forma global apesar de ser caracterizada por algumas incapacidades na rea da

    matemtica. No entanto, ela faz com que o aluno fique confuso e com medo de novas

    situaes, tenha baixa autoestima em funo de crticas e punies de pais, professores e

    colegas. Ao crescer, o mesmo vai continuar encontrando dificuldade para usar a

    matemtica em simples situaes colocadas pelo cotidiano.

    Indivduos com discalculia, tambm necessitam da compreenso de todas as

    pessoas que convivem prximas a elas, pois encontram grandes dificuldades, at mesmo

    nas coisas bvias.

    Tome cuidado para no caracterizar qualquer problema relacionado

    matemtica como discalculia. Muitas vezes, as crianas no gostam de matemtica por

    no terem afinidade com a disciplina ou, ainda, por questes como inadaptaes ao

    ensino da escola ou ao mtodo utilizado pelo professor. Deve-se analisar todos os

    motivos possveis de forma adequada e cuidadosa antes de dar um diagnstico.

    G) Acalculia

    A acalculia tambm uma dificuldade relacionada s habilidades matemticas e

    est diretamente ligada discalculia. A criana no tem dificuldade com elementos

    como a contagem, mas sim em como relaciona isso com o mundo que a cerca. A

    acalculia ocorre quando o indivduo, aps sofrer leso cerebral, como um acidente

    vascular cerebral ou um traumatismo crnio-enceflico, perde as habilidades

    matemticas j adquiridas.

    H) Apraxias

    A apraxia uma incapacidade de se realizar atividades motoras a partir de um

    comando ou de uma imitao. Isso pode ser causado pela ausncia de sensibilidade ou

    at mesmo de fora muscular. Esse distrbio tambm pode ser chamado de afasia

    aferente por apresentar algumas caractersticas ligadas afasia.

  • 36

    A apraxia est dividida em trs tipos diferentes, sendo eles:

    Ideomotora

    Ideatria

    Construtiva

    Apraxia Ideomotora

    Ela pode ter como causa a leso em duas partes do crebro: o fascculo arqueado

    e a poro anterior do corpo caloso. Ela provoca dificuldades como a de se realizar atos

    motores motivados por comandos verbais. Ainda que esse seja um ato espontneo para

    o ser humano, para o aprxico, constitui uma tarefa bastante complexa.

    Apraxia Ideatria

    a incapacidade de realizar movimentos sequenciais na realizao de um ato,

    embora os movimentos de forma separada sejam realizados com facilidade.

    Apraxia Construtiva

    A apraxia construtiva, assim como o distrbio de percepo visual e atividade

    motora, apresenta-se na incapacidade de reproduo ou cpia de um modelo visual. Ela

    tambm causada por leses localizadas no crebro, como nas parietais do lado direito.

    O indivduo tambm pode ter, ao mesmo tempo, leses do lado esquerdo, o que

    ocasiona em quadros mais intensos.

    I) Dispraxia

    A dispraxia a incapacidade de executar movimentos voluntariamente na

    ausncia de alteraes motoras. Esse dficit tambm conhecido como sndrome da

    criana desajeitada. Ele implica em problemas neurolgicos que causam dificuldade

    de planejamento de qualquer sequncia de movimentos coordenados, tendo como, por

    exemplo, amarrar os sapatos.

  • 37

    Uma criana com dispraxia, alm de ter

    dificuldades ao amarrar um tnis, tambm

    apresenta dficit na escrita, no conseguindo ter

    um bom rendimento na escola. Ela no consegue

    acompanhar o aprendizado em sala de aula. Por

    isso, sempre importante que as crianas ao apresentarem sintomas parecidos a estes,

    tenham alguns diagnsticos. Os pais devem perguntar aos educadores sobre seus

    desempenhos e procurar ter o acompanhamento de um especialista no assunto.

    Algumas caractersticas que podem ser encontradas nas crianas so:

    Irritao e problemas na alimentao.

    Lerdeza no desenvolvimento de atingir metas.

    Evitam tarefas que exigem destreza manual.

    Incapacidade de ficar quieto (balanando os ps, batendo os ps, etc.).

    Voz estridente.

    Temperamento alterado.

    Caiem e batem em objetos por nada.

    Derramam bebidas frequentemente.

    Preferem comer com os dedos e se sujam muito ao comer (comparando com

    crianas da mesma idade).

    Falta de criatividade.

    Pouca concentrao.

    Dificuldades de adaptao s rotinas da escola.

    Dificuldade na educao fsica em comparao com as outras crianas.

    Caligrafia ruim.

    Dificuldade na coordenao motora.

    No conseguir amarrar o tnis.

    Lerdeza nos trabalhos escolares.

    Dificuldade em dormir.

  • 38

    Essas so algumas das caractersticas presentes nos portadores de dispraxia. O

    distrbio pode ser encontrado em qualquer fase da vida, pois sua causa a imaturidade

    no desenvolvimento dos neurnios ou a ocorrncia de traumas, doenas e leses

    cerebrais ao longo da vida.

    J) Gagueira

    Ainda hoje no se sabe ao certo quais so as causas da gagueira. Ela um

    distrbio ligado s dificuldades da fala e pode prejudicar o cotidiano daqueles que a

    possuem. Devido sua incidncia, s dificuldade que pode causar na aprendizagem e

    importncia de saber como lidar com ela, julgou-se relevante abord-la neste material.

    Esse distrbio caracterizado por uma fala que envolve bloqueios, hesitaes,

    prolongamentos e repetio de sons, slabas e palavras. A fala tambm pode ser

    acompanhada de tenso muscular, piscar de olhos, irregularidades na respirao e

    caretas. As crianas sentem grande dificuldade para achar o que ser dito, fazendo

    repeties de palavras at encontrarem uma sada.

    Algumas de suas possveis causas so:

    Gentica/Hereditariedade

    Alteraes cerebrais

    Prematuridade

    Distrbio no sistema nervoso central

    Freio da lngua muito curto

    Traumas de nascimento

    Infeces

    Problemas emocionais

  • 39

    As crianas com gagueira devem ser reconhecidas e aceitas como normais. No

    se pode humilhar ou criticar uma criana por falar dessa maneira, afinal ela no tem

    conhecimento acerca da causa do seu erro e, atitudes como essas, apenas a deixa mais

    nervosa, aumentando a sua dificuldade de fala. Portanto, preciso manter a crianas em

    boas condies fsicas, ambientes familiares saudveis e com bons exemplos de fala.

    importante que elas desenvolvam sua autoconfiana, atravs do destaque de suas

    aptides e da minimizao de suas deficincias.

    A fala uma das coisas mais esperadas pelos pais de crianas pequenas,

    independente de quantos filhos eles j tenham, essa expectativa sempre existe. Por isso,

    eles sempre ficam repetindo palavras o tempo todo e, conforme o tempo vai passando,

    comeam a fazer isso com frases maiores. Assim, as palavras vo sendo gradualmente

    juntadas e cada passo motivo de felicidade para os pais e demais familiares ou

    responsveis.

    Diante dessa empolgao, os pais podem perceber determinadas falhas na fala de

    seus filhos. No entanto, a maior parte deles, demora para procurar a ajuda e opinio de

    especialistas no assunto. Eles sempre tendem a buscar uma causa muito depois do

    comeo da gagueira e, at este momento, criam desculpas para si mesmos acreditando

    que seja apenas uma fase ou algo normal nas crianas pequenas. Esse comportamento

    apenas dificulta a aplicao de tcnicas capazes de auxiliar no desenvolvimento dessas

    crianas. As caractersticas da gagueira complicam-se com o passar do tempo, pois o

    sujeito acaba se adaptando ao seu modo de falar, embora nunca esteja satisfeito consigo

    mesmo por no ser capaz de participar de uma conversa por mais simples que ela possa

    parecer.

    Os professores tambm tm um papel de suma importncia no desenvolvimento

    das crianas com gagueira. Eles podem agir em sala de aula atravs de aes como

    aceitar a criana e manter uma postura objetiva em relao ao seu problema; eliminar ao

    mximo as dificuldades e interrupes da criana e motivar as demais a fazerem isso

    tambm; criar um ambiente calmo e sereno evitando tenses; evitar falas rpidas; dando

    nfase s habilidades que ela possui; encorajando-a a falar, mas nunca forando-a e de

    muitas outras formas.

  • 40

    Existem determinadas terapias usadas no tratamento da gagueira. Algumas delas

    esto dispostas a seguir.

    Terapias da gagueira

    A terapia algo que ajuda o paciente a diminuir aquilo em que ele apresenta

    dificuldades, no caso da gagueira, a fala. Existem diversos tipos de terapia para este

    distrbio. Abaixo esto descritas algumas tcnicas:

    Tcnica Sombreananto:

    Na aplicao desta tcnica, faz-se uma gravao com a voz de algum e o

    detentor de gagueira a escuta atravs de fones de ouvido. Ele tem que repetir

    imediatamente o que escuta em voz baixa, de modo que escuta e fala quase ao

    mesmo tempo. Isso permite que ele alcance a fluncia atravs da repetio.

    Tcnica Feedback auditivo retardado (FAR):

    Essa tcnica se d atravs de um gravador magntico onde possvel, com uma

    aplicao conveniente, levar o paciente a ouvir a prpria voz, atravs de fones de

    ouvido, cerca de 1/5 (um quinto) de segundos aps haver falado.

    Terapia da silabao:

    Aqui o paciente aprende a empregar o mesmo tempo e a mesma tonicidade em cada

    slaba. Por exemplo: Meu nome Jonathan poderia ser transformado em Meu no

    me Jo na than, o que aparenta ser mais fcil na aprendizagem e muitos pacientes

    ao praticarem, acabam deixando a fala natural.

    Tcnica metrnomo eletrnico:

    O paciente recebe um sinal atravs de um fone no ouvido, que pode ter a sua

    velocidade controlada. O mesmo precisa aprender a harmonizar o ritmo da sua fala

    com o sinal do instrumento.

  • 41

    O tratamento para crianas pequenas possui tcnicas especficas e deve-se

    procurar por profissionais capacitados que saibam lidar com elas. Normalmente, esse

    processo deve comear por volta dos cinco anos de idade, antes da entrada para a

    escola.

    Os pais de demais familiares devem aprender a no demonstrar nenhuma reao

    com relao forma de falar da criana. Dizer frases como no tenha pressa ou

    respire fundo pode fazer com que a criana perceba o seu prprio problema e inibir a

    sua vontade de praticar a fala. Para que ela se sinta livre para gaguejar, preciso

    eliminar a presso. Tambm no se pode esquecer que a melhora da gagueira um

    processo e, portanto, no se pode ter pressa, mas sim permitir que ela melhore

    gradualmente.

    L) Dficit de Ateno

    Conhecida tambm como TDAH (Transtorno do Dficit de Ateno com

    Hiperatividade), esse distrbio caracterizado, principalmente, pela desateno, pela

    agitao e pela impulsividade. Crianas hiperativas so capazes de aprender, mas

    encontram dificuldades no desempenho escolar devido ao impacto que seus sintomas

    causam.

    Para essas crianas, concentrar-se algo complicado. Elas se distraem com

    facilidade, esquecem de suas obrigaes, perdem e esquecem objetos com frequncia,

    tm dificuldades em seguir instrues e se organizarem, falam de maneira excessiva a

    ponto de no serem capazes de esperar a sua vez, o que as leva a responderem perguntas

    antes mesmo delas serem concludas.

    A hiperatividade tambm pode ser caracterizada por um descontrole motor

    acentuado, que faz com que as crianas tenham movimentos bruscos e inadequados,

    mudanas de humor e instabilidade afetiva.

  • 42

    O distrbio est ligado produo de neurotransmissores (substncias produzidas no

    sistema nervoso central responsveis pela regulao do mesmo). Todos os seres

    humanos possuem uma rea no crebro que desenvolve o equilbrio entre a percepo, a

    estimulao ambiental e a capacidade de resposta do crebro a tudo isso. Quando ocorre

    uma deficincia nesse processo como, por exemplo, na produo de substncias como a

    dopamina, gerada uma falta de equilbrio nesse sistema. Da origina-se o TDAH.

    A hiperatividade costuma melhorar ou at mesmo desaparecer em grande parte das

    crianas quando elas atingem a puberdade, embora, em alguns casos, possa continuar na

    adolescncia e na vida adulta. Existem algumas crianas que possuem maior propenso

    a ter estes problemas como os filhos de pais hiperativos, irmos de pessoas hiperativas e

    os irmos gmeos.

    Alm da deficincia na produo de neurotransmissores, a hiperatividade tambm

    pode ser causada por outros motivos como a ansiedade, frustraes, depresses, criao

    imprpria e outros.

    O TDAH afeta as crianas na escola, no ambiente familiar, na comunidade e

    tambm pode prejudicar o seu relacionamento com professores, colegas e familiares. Os

    sintomas mais encontrados podem ser divididos entre desateno e

    hiperatividade/impulsividade e, muitas vezes, tambm pode haver uma mistura entre os

    dois.

    Hiperatividade/Impulsividade

    Dificuldade para se manter parada ou sentada.

    Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas.

    Inquietao, mexendo com as mos e/ou ps, ou se remexendo na cadeira.

    Age como se fosse movida a motor, eltrica.

    Fala excessivamente.

    Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente.

    Responde a perguntas antes mesmo de serem formuladas totalmente.

    Interrompe frequentemente as conversas e atividades alheias.

  • 43

    Dificuldade em esperar sua vez em filas e brincadeiras.

    Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas.

    Desateno

    No sabe onde colocou as coisas.

    Dificuldade em manter a ateno.

    Distrai-se com facilidade.

    Parece no ouvir.

    No enxerga detalhes ou comete erros por falta de cuidado.

    Dificuldade em seguir instrues.

    No gosta e evita tarefas que exigem um esforo mental prolongado.

    Dificuldade de organizao.

    Frequentemente perde ou esquece objetos necessrios.

    Esquece rapidamente o que aprende.

    Existem ainda algumas crianas que apresentam algumas caractersticas ligadas

    a esse distrbio, mas em quantidade insuficiente para que se possa realizar um

    diagnstico completo. No entanto, essas caractersticas so capazes de desequilibrar a

    vida diria. Alm dos sintomas citados, pode-se considerar:

    Choros inexplicveis nos primeiros meses

    Baixa autoestima

    Depresses frequentes

    Caligrafia de difcil entendimento

    Mudanas rpidas de interesse (comeam vrias coisas e no terminam)

    Dificuldades de relacionamento

    Existem estgios avanados e reduzidos desse distrbio. Para cada um deles h um

    tratamento diferenciado. Em estgios avanados, especialistas indicam o uso de

    medicaes. Em outros, simples programas de modificao do comportamento so

    capazes de diminuir o nvel de atividade ou desateno.

  • 44

    Para diagnosticar o TDAH, os sintomas devem interferir de forma significativa na

    vida da criana atravs de um comportamento crnico que se repita em diferentes

    ambientes, por exemplo.

    Esse diagnstico precisa passar por uma ampla avaliao. Afinal, alguns dos

    sintomas tambm podem ser indicadores de outros tipos de distrbios. O importante

    que seja feito um histrico cuidadoso onde so includos dados recolhidos de

    professores, pais e outros adultos que tenham contato com a criana avaliada. A

    avaliao tambm deve contar com um levantamento do funcionamento intelectual,

    social, emocional, acadmico e mdico obtidos com a ajuda de profissionais como o

    neuropediatra e outros capazes de realizar testes psicolgicos e neurolgicos.

    A hiperatividade normalmente aparece na primeira infncia e atinge uma parcela

    pequena da populao, independente do grau de inteligncia, o nvel de escolaridade ou

    a classe social.

    O tratamento de crianas com TDAH demanda a interveno psicolgica,

    pedaggica e mdica. Uma abordagem que envolva todas essas reas do conhecimento

    origina um processo de treinamento dos pais para controlar o comportamento dos filhos,

    um programa pedaggico adequado e possveis medicamentos. Existem diversos

    programas para pais de crianas com TDAH, bem como uma diversidade de vdeos e

    outros materiais com dados a respeito das dificuldades e estratgias efetivas que podem

    ser usadas no ambiente familiar.

    Os pais devem recompensar as crianas quando se comportam de forma adequada.

    Elas precisam de respostas imediatas, frequentes, previsveis e coerentes aplicadas ao

    seu comportamento. Alm disso, tambm necessitam de mais tentativas para aprender.

    Quando conseguem terminar uma tarefa ou outros tipos de atividades, devem ser

    recompensadas.

  • 45

    Os professores e a escola tambm possuem um papel essencial no desenvolvimento

    das crianas. O sucesso da sala de aula pode exigir uma srie de intervenes. A maior

    parte das crianas hiperativas podem continuar na classe regular com pequenas

    adaptaes no ambiente estrutural como a modificao do currculo e estratgias

    adequadas. Apenas crianas com problemas muito mais srios podem exigir salas de

    aula especiais.

    Alguns alunos com TDAH precisam ter algo em mos para dar um foco para a sua

    ateno. Tambm pode ser efetivo combinar algo que passe despercebido (como msica

    de fundo), circular pela sala e a proximidade fsica para controlar e avisar os alunos

    (mos no ombro, contato de olhar, toque na carteira).

    Alm disso, tambm se pode criar opes de atividades para os alunos que terminam

    seus deveres mais cedo para evitar problemas como o tdio. Nesse processo, de

    extrema importncia que se tenha cuidado para no pedir que eles faam trabalhos que

    no sejam capazes de realizar com xito, pois isso pode gerar frustraes.

    Deve-se certificar que as atividades so estimulantes e que os alunos compreendem

    a lio, atravs de tcnicas eficientes e providenciando, ainda, oportunidades para que

    essas crianas possam se mover dentro da sala de aula nos intervalos entre as atividades.

    2.4 Outras origens das dificuldades de aprendizagem

    Existem dificuldades de aprendizagem que so causadas por motivos diferentes

    daquelas que tm sua origem nos distrbios que foram discutidos at o momento. Como

    foi dito anteriormente, uma das principais caractersticas dos distrbios de

    aprendizagem o fato de eles provocarem dificuldades para a realizao de atividades

    especficas, como a de leitura ou a de escrita. No entanto, elementos como o Autismo, a

    Sndrome de Down, a Deficincia Mental, a Sndrome de Asperger e outros, tambm

    causam dificuldades no processo de ensino-aprendizagem para aqueles que os possuem.

    Eles no implicam apenas em dificuldades especficas como, por exemplo, a

    compreenso da matemtica, mas tornam difcil todo o processo de aprendizagem,

    independente da rea em que se aplica, ou seja, implicam em dificuldades globais. A

    seguir, sero descritos alguns desses elementos.

  • 46

    2.4.1. Autismo

    O autismo uma desordem global que causa reaes como, por exemplo, o no

    desenvolvimento normal da inteligncia. Isso ocasiona na dificuldade de desenvolver

    relaes sociais normais e em comportamentos compulsivos e ritualsticos. Embora

    algumas pessoas tenham inteligncia e fala intacta, outras possuem srios retardos em

    seu desenvolvimento da linguagem.

    Existem alguns mitos que envolvem o autismo como o de que pessoas autistas

    vivem em seus prprios mundos, fechadas para as outras pessoas e interagindo apenas

    com o ambiente por elas criado. Essa crena se deve ao simples fato desses indivduos

    encontrarem dificuldades para se comunicar, no conseguindo iniciar, manter ou

    terminar uma simples conversa.

    Algumas caractersticas que podem ser encontradas em indivduos com autismo

    so:

    Dificuldade de relacionamento com outras pessoas

    Riso inapropriado

    Pouco ou nenhum contato visual

    Insensibilidade dor

    Preferncia pela solido

    Ausncia de respostas aos mtodos normais de ensino

    Insistncia em repetio

    Resistncia mudana de rotina

    No tm real medo de perigo

    Repetem palavras ou frases em lugar da linguagem normal (Ecolalia)

    Recusam colo ou carinhos

    Agem como se estivessem surdos

    Demonstram extrema aflio sem razo aparente

    Habilidade motora irregular

  • 47

    Essas so caractersticas possveis de serem encontradas em pessoas autistas,

    porm, preciso lembrar que elas nem sempre se manifestam da mesma forma em todos

    os indivduos, podendo sofrer variaes. Elas tambm podem ser diferentes de acordo

    com a faixa etria, de onde surge a importncia da ajuda de especialistas para o

    diagnstico e o aconselhamento sobre as maneiras adequadas de lidar com o autismo.

    Os exames para detect-lo so realizados em clnicas especializadas. Pode ser

    necessria uma srie de testes como, por exemplo, os auditivos, os que detectam

    alergias alimentares e outros essenciais para a elaborao de um diagnstico preciso. Os

    tratamentos variam de caso a caso de acordo com as necessidades de cada um e seu

    respectivo quadro clnico.

    Normalmente, os autistas tm uma expectativa de vida alta quando comparados

    mdia da populao. Porm, os transtornos causados nessas pessoas esto presentes o

    tempo todo e no h possibilidades de alterar esse quadro, mas apenas lidar com ele de

    maneira adequada.

    Esses indivduos devem estar em contato com profissionais capazes de lidar com

    os mesmos como os especialistas em pediatria, neurologia, psiquiatria, psicologia,

    pedagogia, terapia ocupacional, fisioterapia e outros. A orientao familiar tambm

    um fator fundamental e a base de tratamentos teraputicos.

    No existem tratamentos ou medicamentos especficos para o autismo, mas

    preciso que os indivduos responsveis e que convivem com pessoas autistas se

    emprenhem em ajudar no seu desenvolvimento com competncia e compreenso.

    2.4.2. Sndrome de Asperger

    Esta sndrome est ligada ao autismo, diferenciando-se dele por no causar

    dificuldades globais no desenvolvimento cognitivo (apreenso do conhecimento) e na

    linguagem das pessoas. Porm, essa diferena no suficiente para determinar se um

    indivduo autista ou possui sndrome de asperger, afinal, alguns deles tambm podem

    apresentar dificuldades na comunicao, da mesma forma que determinadas crianas

    autistas tambm so capazes de desenvolver a fala.

  • 48

    As crianas inicialmente tm um desenvolvimento aparentemente normal, mas,

    no decorrer dos anos, acabam se tornando montonas, com caractersticas peculiares e

    apresentam, com frequncia, preocupaes obsessivas. Sua capacidade de interagir com

    as outras crianas se torna mnima, pois elas tm um comportamento que caminha no

    sentido de distanciar-se das pessoas. Sua forma de se vestir tambm pode parecer

    estranhamente alinhada e a grande dificuldade de socializao, tende a torn-la solitria.

    Indivduos com essa sndrome tambm apresentam prejuzos na coordenao

    motora e na percepo viso-espacial. Comparando-se s demais crianas, eles podem

    aprender coisas na idade prpria, outros cedo demais e alguns podem aprender tarde

    demais ou apenas quando so cuidadosamente ensinados.

    A sndrome de Asperger considerada por alguns pesquisadores como um tipo

    de autismo, se diferenciando dele apenas em funo de algumas caractersticas

    peculiares como, por exemplo, o desenvolvimento da fala j citado anteriormente.

    As medidas para lidar com portadores dessa sndrome se aproximam muito do

    tratamento destinado aos autistas, j que a melhor maneira de faz-lo, independente da

    sndrome ou distrbio, atravs da procura de profissionais especializados, do

    envolvimento da famlia e outras.

    2.4.3 Deficincia mental

    A deficincia mental, tambm chamada de deficincia intelectual, aponta

    problemas que se situam no crebro, causando uma baixa aquisio e produo de

    conhecimento, ou seja, provocando no sujeito dificuldades de aprendizagem devido ao

    baixo nvel intelectual.

    Ela pode ser causada por inmeros fatores como questes de ordem gentica;

    complicaes ocorridas ao longo da gestao, do parto ou nos ps-natais e outros. Esses

    acontecimentos comprometem as funes intelectuais da criana e tem repercusses

    para toda a vida.

  • 49

    importante que no se confunda a deficincia mental como uma doena

    mental. O portador de necessidades especiais mantm a percepo de si mesmo e da

    realidade que o cerca, sendo capaz de tomar decises importantes sobre assuntos da sua

    vida. J o doente mental, tem o discernimento comprometido necessitando de apoios

    maiores no seu cotidiano.

    Existe uma parcela entre os portadores de deficincia mental que manifestam

    algum tipo de ligao com problemas como a sndrome do pnico, a depresso, a

    esquizofrenia e outros. Isso acontece porque as deficincias mentais podem atingir o

    comportamento dos indivduos, j que lesam reas cerebrais como as responsveis pelo

    poder de concentrao e o humor.

    importante que pessoas com essa deficincia no sejam bajuladas por seus

    familiares, pois esse tratamento pode impedir que elas desenvolvam sua independncia,

    fazendo com que as mesmas sempre precisem de ajuda ainda que para realizarem

    simples atos, limitando a sua capacidade de se relacionar com a sociedade. Assim,

    preciso que se dedique a elas a ateno necessria, dosando-a na medida certa.

    Para finalizar, no desnecessrio repetir que, assim como em muitos outros

    problemas, preciso adotar cuidados especficos e procurar a ajuda de profissionais

    especializados.

    2.4.4. Sndrome de Down

    A sndrome de Down causada por alteraes genticas que

    podem ter trs origens diferentes:

    Trissomia 21: Esta a causa mais comum presente na

    sndrome de Down. As pessoas possuem 47 cromossomos

    em todas as clulas. Isso acontece em 95% dos casos.

    Mosaico: Problema gentico pouco conhecido caracterizado

    por uma alterao gentica que compromete apenas parte das

    clulas, ou seja, algumas clulas tm 47 e outras 46

    cromossomos.

  • 50

    Translocao: Acontece quando o cromossomo extra do par 21 "gruda" em

    outro cromossomo. Embora o indivduo tenha os 46 cromossomos, ele ser

    portador da Sndrome de Down em funo desta alterao.

    As crianas portadoras dessa Sndrome apresentam

    caractersticas como:

    Ach