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APOSTILA DE GRAMÁTICA PARA CONCURSOS HENRIQUE CASTELO BRANCO 1 Fonética 1. Prosódia É a parte da fonética que trata do correto conhecimento da sílaba predominante, chamada sílaba tônica. Sílaba É um fonema ou grupo de fonemas emitido num só impulso expiratório. Em português, o elemento essencial da sílaba é a vogal. Quanto ao número de sílabas, dividem-se os vocábulos em: a) Monossílabos (possuem uma sílaba): é, há, mar, dê, pá. b) Dissílabos (possuem duas sílabas): casa, amor, vida. c) Trissílabos (possuem três sílabas): Catete, vizinho, ladeira. d) Polissílabos (possuem mais de três sílabas): apoteose, labirinto, fonética. Acentuação É o modo de proferir um som ou um grupo de sons com mais relevo do que outros, com maior intensidade. O acento de intensidade se manifesta no vocábulo considerado isoladamente (acento vocabular) ou ligado na enunciação da oração (acento frásico). Acento de intensidade Numa palavra nem todas as sílabas são proferidas com a mesma intensidade e clareza. Em fábrica, vida, lua, vizinhança, há uma sílaba que se sobressai às demais por ser proferida com mais esforço muscular e mais nitidez e, por isso, se chama tônica: brica, vi da, lu a, vizi nhan ça. As outras sílabas se dizem átonas e podem estar antes (pretônicas) ou depois (postônicas) da tônica. Posição do acento tônico Em português, quanto à posição do acento tônico, os vocábulos de duas ou mais sílabas podem ser: a) Oxítonos: o acento tônico recai na última sílaba: CAJÁ, CRUEL, BANGU. b) Paroxítonos: o acento tônico recai na penúltima sílaba: VIZINHO, CADEIRA, BÍCEPS.

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APOSTILA DE GRAMÁTICA PARA CONCURSOS

HENRIQUE CASTELO BRANCO

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Fonética

1. Prosódia

É a parte da fonética que trata do correto conhecimento da sílaba

predominante, chamada sílaba tônica.

Sílaba

É um fonema ou grupo de fonemas emitido num só impulso expiratório.

Em português, o elemento essencial da sílaba é a vogal.

Quanto ao número de sílabas, dividem-se os vocábulos em:

a) Monossílabos (possuem uma sílaba): é, há, mar, dê, pá.

b) Dissílabos (possuem duas sílabas): casa, amor, vida.

c) Trissílabos (possuem três sílabas): Catete, vizinho, ladeira.

d) Polissílabos (possuem mais de três sílabas): apoteose, labirinto,

fonética.

Acentuação

É o modo de proferir um som ou um grupo de sons com mais relevo do

que outros, com maior intensidade.

O acento de intensidade se manifesta no vocábulo considerado

isoladamente (acento vocabular) ou ligado na enunciação da oração (acento

frásico).

Acento de intensidade

Numa palavra nem todas as sílabas são proferidas com a mesma

intensidade e clareza.

Em fábrica, vida, lua, vizinhança, há uma sílaba que se sobressai às

demais por ser proferida com mais esforço muscular e mais nitidez e, por isso,

se chama tônica: fábrica, vida, lua, vizinhança. As outras sílabas se dizem

átonas e podem estar antes (pretônicas) ou depois (postônicas) da tônica.

Posição do acento tônico

Em português, quanto à posição do acento tônico, os vocábulos de duas

ou mais sílabas podem ser:

a) Oxítonos: o acento tônico recai na última sílaba: CAJÁ, CRUEL,

BANGU.

b) Paroxítonos: o acento tônico recai na penúltima sílaba: VIZINHO,

CADEIRA, BÍCEPS.

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c) Proparoxítonos: o acento tônico recai na antepenúltima sílaba:

FÁBRICA, MONÓXIDO, LÊVEDO.

IMPORTANTE

Os monossílabos átonos formam um todo com o vocábulo a que se

ligam foneticamente. É por isso que fá-lo é paroxítono e admiras-te,

proparoxítono. Já para efeito da ortografia, considerados os elementos

isoladamente, quanto à acentuação gráfica, fá (de fá-lo) é considerado oxítono,

e admiras (de admiras-te) um paroxítono terminado em sílaba átona e, assim,

sem necessidade de acentuação gráfica.

Palavras que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica

Silabada é o erro de prosódia que consiste na deslocação do acento tônico de uma palavra.

Numerosas palavras existem que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica. São oxítonas:

aloés, cateter, Cister, harém, Gibraltar, Gulbenkian, masseter, faz-se mister (= necessário), Nobel, novel, recém, refém, ruim, sutil, ureter. São paroxítonas:

acórdão, âmbar, ambrosia, Antioquia, avaro, aziago, austero, batavo, dúctil, erudito, estalido, exegese, fórceps, gratuito, húmus, ímpar, leucemia, celtiberos, caracteres, díspar, imbele, impudico, maquinaria (rí), necropsia, ônix, poliglota, pudico, recorde, têxtil, tulipa, rubrica, ibero, filantropo, decano, fluido, fortuito, inaudito, látex, libido, misantropo, néctar, oximoro, têxtil. São proparoxítonas:

lêvedo, cotilédone, ágape, alcoólatra, amálgama, álibi, aríete, arquétipo, ávido, barbárie, ímprobo, íngreme, ínterim, aeródromo, aerólito, década, égide, elétrodo, leucócito, munícipe, Niágara, apóstata, areópago, bígamo, cotilédone, crisântemo, espécime, êxodo, hieróglifo, notívago (ou noctívago), protótipo, plêiade, zênite, vermífugo, sátrapa, périplo, álcool, âmago, anátema, andrógino, antídoto, antífrase, areópago, azáfama, bávaro, boêmia, condômino, epíteto, etíope, hipódromo, ímpio (sem fé), zósimo.

IMPORTANTE Palavras que admitem dupla prosódia

Ájax ou Ajax / acróbata ou acrobata / alópata ou alopata / anídrido ou anidrido / biópsia ou biopsia / crisântemo ou crisantemo / Gândavo ou Gandavo / geodésia ou geodesia / hieróglifo ou hieroglifo / Oceânia ou Oceania / ortoépia ou ortoepia / oxímoro ou oximoro / projétil ou projetil / réptil ou reptil / sóror ou soror / túlipa ou tulipa / Zângão ou zangão / necrópsia ou necropsia / xérox ou xerox.

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Ortografia

Conceito

É um sistema oficial convencional pelo qual se representa na escrita

uma língua.

Síntese Didática do Sistema Ortográfico Oficial:

1. O Alfabeto

Todas as palavras portuguesas ou aportuguesadas se escrevem com as

seguintes vinte e seis letras e suas combinações:

a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.

2. Emprego das Letras 2.1 Letra H 2.1.1 Emprega-se o H: a) inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, haurir, hilaridade, homologar, Horácio, haxixe, hortênsia, hulha, etc. b) medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh: chave, boliche, cachimbo, chimarrão, cochilar, fachada, flecha, machucar, mochila, telha, companhia, etc. c) final e inicial em certas interjeições: ah!, eh!, ih!, oh!, hem?, hum!, etc. d) em compostos unidos por hífen, no início do segundo elemento, se etimológico: sobre-humano, anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc. e) no substantivo próprio Bahia (estado do Brasil), por secular tradição. 2.1.2 Não se usa H: a) no início ou no fim de certos vocábulos, no passado escritos com essa letra, embora sem fundamento etimológico: ontem, úmido, ume, iate, ombro, rajá, Jeová, Iná, etc. b) no início de alguns vocábulos em que o h, embora etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno e Espanha, respectivamente do latim herba, hibernus, e hispania. c) em palavras derivadas e em compostos sem hífen: reaver (re + haver), reabilitar, inábil, desonesto, desonra, desumano, exaurir, lobisomem, turboélice, etc. 2.2 Letras E, I, O, e U.

2.2.1 Escrevem-se com a letra E: a) a sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: continue, continues, habitue, habitues, pontue, pontues, etc.

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b) a sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar: abençoes,

abençoes, magoe, magoes, perdoe, perdoes, etc. c) as palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior): antebraço,

antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, etc. d) os seguintes vocábulos: arrepiar, cadeado, creolina, cumeeira, destilar, disenteria, empecilho, irrequieto, lacrimogêneo, mexerico, mimeógrafo, quepe, sequer, seriema, seringa, umedecer. 2.2.2. Escreve-se com letra I: a) na sílaba final de formas dos verbos terminados em –uir (constituir, arguir, anuir, atribuir, destituir, diluir, diminuir, estatuir, imbuir, influir, instituir, instruir, puir (defectivo), restituir, redarguir, ruir, obstruir): diminui, diminuis, influi, influis, constitui,constituis, etc.

IMPORTANTE Os verbos construir, desentupir, destruir, entupir (e cognatos) seguem esse modelo acima ou ainda admitem alternância do U em O aberto

na 2ª e 3ª pessoa do singular e 3ª pessoas do plural do presente do indicativo e na 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo. Entupir e desentupir só se afastam do grupo porque apresentam ES e E na 2ª e 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: entupo, entupes (ou entopes), entupe (ou entope), entupimos, entupis, entupem (ou entopem). Construo, construis (ou constróis), construi (ou constrói), construímos, construís, construem (ou constroem). Estes verbos, portanto, são abundantes.

b) em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaéreo, antitetânico,

antiestético, etc. c) nos seguintes vocábulos: aborígine, crioulo, digladiar, crânio, displicência, displicente, erisipela, escárnio, Filipe, Ifigênia, incinerar, invólucro, lajiano, lampião, penicilina, privilégio, silvícola, Tibiriçá, Virgílio, requisito, inigualável, açoriano, artimanha, Casimiro, inclinar, Terebintina. 2.2.3 Escreve-se com letra O: abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça, concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, névoa, nódoa, óbolo, romeno. 2.2.4 Escreve-se com letra U: bulício, bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, entupir, íngua, jabuti, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tabuada, tonitruante, trégua, urtiga. 2.3 Emprego das letras G e J:

2.3.1 Escrevem-se com letra G: a) os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: garagem, massagem,

viagem, origem, vertigem, ferrugem, etc. Exceção: pajem. b) as palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: contágio, estágio, subterfúgio, prodígio, relógio, etc.

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c) as palavras derivadas de outras que se grafam com G: massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferruginoso (de ferrugem), faringite (de faringe), selvageria (de selvagem), etc. d) os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, rabugice, tangerina, tigela, etc. 2.3.2 Escrevem-se com letra J: a) palavras derivadas de outras terminadas em –ja: laranja, laranjeira, loja,

lojista, granja, granjeiro, granjear, gorja, gorjeta, gorjeio, lisonja, lisonjeiro, sarja, sarjeta, lisonjear, cereja, cerejeira. b) todas as formas da conjugação dos verbos terminados em –jar ou –jear: arranjar, viajar, despejar, gorjear, etc. c) vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm J: laje, lajedo, nojo, nojeira, nojento, jeito, jeitoso, conjetura, dejetar, enjeitar, dejetos, interjeição, objeção, projeção, rejeição, sujeitar, subjetivo, trajeto, trejeito, trejeitar. d) palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, jerimum, jia, jiboia, jiló jirau, Moji, mojiano, pajé, pajéu, etc. e) as seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, intrujice, jeca, jegue, jerico, Jerônimo, jérsei, manjedoura, manjericão, ojeriza, pegajento, rijeza, sabujice, traje, ultraje, varejista, etc. 2.4 Representação do fonema /S/

O fonema /S/, conforme o caso, representa-se por:

a) C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, contorção, exceção, Iguaçu, maçarico, maçaroca, maciço, maço, miçanga, muçulmano, paçoca, pança, pinça, vicissitude.

b) S: ânsia, ansioso, diversão, excursão, farsa, pretensão, pretensioso,

propensão, remorso, sebo, tenso, utensílio. c) SS: acesso, assar, concessão, discussão, escassez, essencial,

impressão, obsessão, procissão, sossegar, submissão, sucessivo. d) SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, crescer,

disciplina, discernir, discípulo, fascinar, fascinante, imprescindível, néscio, oscilar, ressuscitar, suscetível, suscitar, víscera.

e) X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, trouxe. f) XC: exceção, excedente, excelência, excelso, excêntrico, excepcional,

excesso, excessivo, exceto, excitar. 2.5 Emprego do S com valor de Z a) adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, graciosa, teimoso, etc. b) adjetivos pátrios com os sufixos -ês, -esa: português, portuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc. c) substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa: burguês, burguesa, fregueses, freguesas, marquês, marquesa, etc. d) substantivos com os sufixos gregos –ese, -isa, -ose: catequese, diocese, diurese, pitonisa, poetisa, sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose, etc.

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e) verbos derivados de palavras cujo radical termina em – S: analisar (de análise), apresar (de presa), abrasar (de brasa), extasiar (de êxtase), enviesar ( de viés), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc. f) formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus, pôs, pusemos, puseram, puser, compusesse, quis, quisesse, quiser, quisera, etc. g) os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís, Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Tomás, Valdês, etc. h) os seguintes vocábulos e seus cognatos: hesitar, análise, anis, ás, atrás, colisão, convés, descortesia, esplêndido, esplendor, espontâneo, evasiva, fase, fusível, gás, manganês, obséquio, obus, pêsames, represa, rês, reses, retrós, revés, reveses, cortês, heresia, presépio, querosene, vaselina, etc. 2.6 Emprego da letra Z a) os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zito, -zita: cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc. b) os derivados de palavras cujo radical termina em – Z: cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar, vazar, vazão (de vazio), etc. c) os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: fertilizar, civilizar, civilização, fertilizante, etc. d) substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e denotando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc. e) as seguintes palavras: azar, azeite, azáfama,azedo, aprazível, baliza, buzina, bazar, chafariz, ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vazamento, vazante, xadrez, vaza-barros, etc. 2.7 Emprego de S ou Z 2.7.1 Sufixos –ês ou –ez: a) o sufixo –ês forma adjetivos (às vezes, substantivos) derivados de

substantivos concretos: montês, cortês, burguês, montanhês, francês, chinês. b) o sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjetivos:

aridez (de árido), acidez (de ácido), rapidez (de rápido), cupidez (de cúpido) estupidez (de estúpido), mudez (de mudo), avidez (de ávido), palidez (de pálido), lucidez (de lúcido). 2.7.2 Sufixos –esa e -eza:

2.7.2.1 Escreve-se com –esa: a) nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados em – ender: defesa (defender), presa (prender), despesa (despender), represa (prender), surpresa (surpreender). b) nos substantivos femininos designativos de títulos: baronesa, duquesa, marquesa, princesa, consulesa, prioresa.

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c) nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês: burguesa (de

burguês), francesa (de francês), camponesa (de camponês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc. d) nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, tesa, toesa, turquesa. 2.7.2.2 Escreve-se com –eza:

a) usa-se –eza (com z) nos substantivos femininos abstratos derivados de adjetivos e denotando qualidades, estado, condição: beleza (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de leve). Inclui-se o topônimo Veneza, cidade da Itália.

2.7.3 Verbos terminados em –isar e –izar: Escreve-se –isar quando o radical dos nomes correspondentes termina em – S. Se o radical não terminar em – S, grafa-se –izar:

avisar (aviso), analisar (análise), alisar (liso), catalisar (catálise), improvisar (improviso), paralisar (paralisia), pesquisar (pesquisa), frisar (friso), anarquizar (anarquia), civilizar (civil), canalizar (canal), amenizar (ameno), colonizar (colônia), vulgarizar (vulgar), escravizar (escravo), matizar (matiz).

IMPORTANTE Dos verbos em –izar, uns, como oficializar, monopolizar, sintonizar, etc., foram formados em nossa língua; outros, como batizar, catequizar, dramatizar, traumatizar, etc., derivam do grego e entraram no vernáculo já formados. No grego, escrevem-se como “dzeta”, letra que corresponde ao nosso Z.

2.8 Emprego do X 2.8.1 Esta letra representa os seguintes fonemas: /ch/: xarope, enxofre, vexame, etc. /cs/: sexo, látex, léxico, tóxico, etc. /z/: exame, exílio, êxodo, etc. /ss/: auxílio, máximo, próximo,etc. /s/: sexto, texto, expectativa, extensão, etc. 2.8.2 Não soa nos grupos –xce– e –xci–: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar e inexcedível, etc. 2.8.3 Grafam-se com X e não com S: expectativa, experiente, expiar (remir,

pagar), expirar (morrer), expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, têxtil, etc. 2.8.4 Grafam-se com X e não CH:

a) em geral, depois de ditongo: caixa, faixa, baixo, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Exceção: caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem.

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b) geralmente, depois da sílaba inicial EN–: enxada, enxame, enxaqueca,

enxaguar, enxergar, enxerido, enxerto, enxofre, enxoval, enxotar, enxovalhar, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Exceção: Grafam-se com CH: encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher, etc.), enchova, enchumaçar (de chumaço), enchiqueirar (de chiqueiro), etc.

c) em vocábulos de origem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, mixira, orixá, xará, maxixe, etc. d) nas seguintes palavras: anexim, bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu. 2.9 Emprego do CH 2.9.1 Escrevem-se com CH, entre outros, os seguintes vocábulos: bucha, charque, charrua, chávena, chimarrão, chuchu, cochilo, cochilar, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha, etc. 2.9.2 Após o grupo inicial IN–: inchar, inchada, trincheira, etc.

IMPORTANTE

Nas questões de Ortografia Fique atento ao estudo dos Parônimos e Homônimos.

HOMÔNIMOS: Palavras que apresentam a mesma grafia e/ou pronúncia, mas

sentidos distintos. Tacha: mancha, defeito, pequeno prego, caldeira. / Taxa: imposto, tarifa. Chá: infusão de folhas de plantas. / Xá: título do soberano da Pérsia (atual Irã). Cheque: ordem de pagamento. / Xeque: lance no jogo de xadrez. Insipiente: ignorante. / Incipiente: principiante. Acento: sinal gráfico, inflexão da voz. / Assento: lugar para sentar-se. Acender: ater fogo. / Ascender: subir. Concertar: harmonizar. / Consertar: reparar, emendar. Cegar: tornar cego. / Segar: cortar, ceifar. Apreçar: determinar preço. / Apressar: acelerar Cela: pequeno quarto. / Sela: arreio ou verbo selar. Censo: recenseamento. / Senso: juízo. Cerrar: fechar. / Serrar: cortar. Caça: ato de caçar. / Cassa: tecido ou verbo cassar = anular. Cessão: ato de ceder. / Sessão: tempo de uma reunião. / Seção: repartição. Cozer: cozinhar. / Coser: costurar. Experto: perito, que tem experiência. / Esperto: inteligente.

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PARÔNIMOS: Palavras que se assemelham na pronúncia e/ou grafia, porém

apresentam significações diferentes. Arrear: pôr arreios, enfeitar. / Arriar: abaixar, cair. Comprimento: extensão. / Cumprimento: saudação, ato de cumprir. Deferir: conceder, atender. / Diferir: ser diferente, divergir. Delatar: denunciar. / Dilatar: distender, aumentar. Descrição: ato de descrever. / Discrição: qualidade de quem é discreto. Emergir: vir à tona. / Imergir: mergulhar. Emigrar: sair do país. / Imigrar: entrar num país estranho. Eminente: elevado, ilustre. / Iminente: que ameaça acontecer. Soar: emitir som, ecoar, repercutir. / Suar: expelir suor pelos poros. Sortir: abastecer. / Surtir: produzir (efeito ou resultado). Infligir: aplicar. / Infringir: transgredir. Ratificar: confirmar. / Retificar: tornar reto, corrigir. Vultoso: volumoso, muito grande. / Vultuoso: congestionado, deformado. Discriminar: diferenciar, distinguir. / Descriminar: inocentar, tirar a culpa. Cético: que ou quem duvida de tudo. / Séptico: que causa infecção. Degradar: humilhar, rebaixar. / Degredar: impor pena de desterro (fazer sair

da terra ou país, banir). Estada: ato de estar, permanência. / Estadia: prazo concedido para carga e

descarga do navio enquanto ancorado no porto. Desapercebido: desprevenido, desprovido. / Despercebido: que não se viu

ou não se ouviu.

APÊNDICE IMPORTANTE: GRAFIA DE CERTAS PALAVRAS

1. Acerca de / a cerca de / há cerca de

Acerca de – a respeito de, sobre.

Falamos acerca de futebol. A cerca de – significa aproximadamente.

O restaurante mais próximo fica a cerca de 1 km. Há cerca de – existe aproximadamente; aproximadamente no passado.

Há cerca de mil alunos lá fora. Falamos há cerca de uma hora.

2. Afim / A fim de Afim – semelhança; parentesco; afinidade.

São duas pessoas afins. A fim de – com o propósito de; com o objetivo de; com a finalidade de.

Estudou a fim de passar no vestibular.

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3. À-toa / À toa

À-toa – locução adjetiva: ordinário; desprezível; sem valor.

Ele é um homem à-toa. À toa – locução adverbial: ao acaso; sem rumo; sem razão.

Ele é um homem que reclama à toa. Estava à toa na vida. Observação: Ressalta-se que segundo o novo acordo ortográfico da língua não se empregará mais hífen em locuções de qualquer tipo. Logo, a distinção será feita pela análise morfológica.

4. Em vez de / Ao invés de

Em vez de – em lugar de.

Em vez de comprar um sítio, comprou três. Ao invés de – ao contrário de.

Ao invés de entrar na sala, saia dela.

5. Porquê / porque / por quê / por que

Porquê – substantivo= equivale a “o motivo”; “a causa”

Sei o porquê do choro. Porque – conjunção = a oração equivale a “por esta razão”

Faltei porque estava doente. Por quê – no fim de período ou seguido de pausa.

Você faltou por quê? Por que – nas interrogativas diretas.

Por que faltaste a aula ontem? Nas interrogativas indiretas.

Perguntaram por que faltaste a aula ontem. Quando igual a “motivo pelo qual”; razão.

Bem sabes por que não compareci. Quando igual “por qual”.

Bem sabes por que motivo não compareci.

6. Mal / Mau

Mal – advérbio (antônimo de bem) - Ela estava mal preparada. Mau – adjetivo (antônimo de bom) - Leonardo é um mau aluno.

7. Ao nível de / Em nível de Ao nível de = a mesma altura.

O barco estava ao nível do mar. Em nível de = Hierarquia.

Isso foi resolvido em nível de governo federal.

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8. Ao encontro de / De encontro a

Ao encontro de (= aproximação). As minhas ideias vão ao encontro das suas. De encontro a (= posição contrária). As minhas ideias vão de encontro as suas.

9. Mais / Mas

Mais – oposto de menos. – Você é a mais esperta. Mas – sinônimo de porém. – Procurei, mas não achei.

10. Aonde / Donde / Onde

Aonde – emprega-se com verbos que indicam lugar de destino: ir e chegar.

Aonde você pretende chegar com isso? Vá somente aonde é permitido.

Donde – emprega-se quando se tem ideia de lugar de origem. Isso acontece geralmente com o verbo vir e seus sinônimos (provir, originar-se).

O lugar donde provêm estas frutas possui um solo muito fértil. Morava num apartamento donde se avistava toda a cidade.

Onde – emprega-se com os demais verbos. Não os encontrei onde havíamos combinado. Viajei para onde minhas condições financeiras permitiriam.

11. Trás / Traz

Trás – Advérbio de lugar.

Ao fugir, foi deixando para trás as pistas de seu paradeiro. Traz – Forma do verbo trazer.

O ano novo sempre traz esperanças ao coração.

12. Tão pouco / Tampouco

Tão pouco é uma expressão que acompanha substantivo, e a palavra pouco,

nesse caso, é variável. Estava com tão pouco dinheiro, que resolvi economizar. Tivemos tão poucas oportunidades.

Tampouco refere-se a verbos. É invariável e significa “também não”.

Se não querem trabalhar, tampouco devem comer.

13. Se não / Senão

Senão equivale a caso contrário ou a não ser.

É bom que você chegue a tempo, senão ficará prejudicado. Se não ocorre em orações condicionais; equivale a “caso não”.

Se não houver vontade própria, jamais conseguiremos vencer os obstáculos.

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14. Abaixo-assinado / Abaixo assinado

Abaixo-assinado – documento.

Os moradores entregaram o abaixo-assinado ao representante do bairro. Abaixo assinado – quem assina o documento. Nós, os abaixo assinados, reivindicamos que o projeto seja feito já!

15. Dia-a-dia / Dia a dia Dia-a-dia – substantivo O dia-a-dia é difícil. Dia a dia – locução adverbial = dia por dia.

Estudamos dia a dia. Observação: Ressalta-se que segundo o novo acordo ortográfico da língua não se empregará mais hífen em locuções de qualquer tipo. Logo, a distinção será feita pela análise morfológica.

16. Sem-número / Sem número Sem-número – inumerável; sem conta.

Tenho um sem-número de ideias. Sem número – ausência de numeração. Esta página está sem número.

17. Em princípio / A princípio Em princípio – em geral. Em princípio, concordo com tudo isso. A princípio – no início.

A princípio, eu terminarei o semestre, depois pensarei se concluo todo o curso.

18. Salário-mínimo / Salário mínimo Salário mínimo – é aquele salário que o governo estabelece como o menor

possível a ser pago a um trabalhador. O governo ainda não estabeleceu qual será o valor do salário mínimo a

partir de abril. Salário-mínimo – é aquele que recebe salário mínimo.

Ele é um salário-mínimo.

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3. Regras de Acentuação Gráfica 3.1.1 Palavras Proparoxítonas

São acentuadas todas as palavras proparoxítonas. Exemplos: gramática, exército, insólito, tímido, público, câmara, lêvedo, quilômetro, louvaríamos. 3.1.2 Palavras Paroxítonas Só se acentuam:

a) As terminadas em i e u, seguidos, ou não de s. Exemplos: júri, dândi, lápis, bônus. b) As terminadas em um, uns. Exemplos: álbum, álbuns. c) As terminadas em ão, ãos, ã, ãs. Exemplos: órgão, acórdão, sótãos, órfã, órfãs. d) As terminadas em ditongo oral. Exemplos: jóquei, ágeis, fêmea, gênio, vácuo. e) As terminadas em l, r, n, ps, x. Exemplos: amável, automóvel, sensível, útil, cadáver, hífen, bíceps, tórax, córtex, abdômen, elétron, elétrons.

IMPORTANTE Não se acentuam os vocábulos paroxítonos finalizados em ens:

regimens, germens, abdomens, jovens, nuvens, hifens.

3.1.3 Palavras formadas pelos hiatos “EE” e “OO”, seguido, ou não, de s.

Não são acentuadas segundo o novo acordo ortográfico. Exemplos: enjoo, abençoo, perdoo, voo, leem, creem, veem, releem. 3.1.4 Palavras Oxítonas Só se acentuam as terminadas em a, e, o, em, seguidos, ou não, de s. Exemplos: cajá, vatapá, café,você, jiló, dominós, também, parabéns, alguém.

IMPORTANTE Na regra das oxítonas, se incluem as formas verbais terminadas em r, s ou z e acompanhadas do pronome lo, la, los, la.

Exemplos: Amar+ la = Amá-la Saber + lo + emos = Sabê-lo-emos Fazer + la = Fazê-la Ferir + lo = Feri-lo

3.1.5 Palavras Monossilábicas Só se acentuam as terminadas em a, e, o, seguidos, ou não, de s.

Exemplos: vê, mês, há, já, pó, nós. 3.1.6 Ditongos Não se acentuam os ditongos abertos “ei, oi” das palavras

paroxítonas. Exemplos: estreia, heroico, ideia.

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Acentuam-se, no entanto, os ditongos abertos “eu, ei, oi” nos

monossílabos tônicos e nas palavras oxítonas. Exemplos: herói, véu, chapéu, bacharéis.

IMPORTANTE

O ditongo será acentuado nas paroxítonas, quando a palavra se enquadrar em outra regra de acentuação. Exemplo: destróier, Méier.

3.1.7 Acento Grave Usa-se para marcar a crase da preposição “a” com o artigo definido “a” e com os pronomes demonstrativos “a, aquele, aquela e aquilo”, os quais, com as respectivas flexões, se escreverão assim: à, àquele, àquela, àquilo.

3.1.8 Trema O uso do trema foi suprimido em palavras da língua portuguesa ou aportuguesadas segundo o novo acordo ortográfico. Exemplo: equestre, consequência, quinquênio, unguento, equino, linguiça.

OBSERVAÇÃO

O trema será mantido em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: Hübneriano (de Hübner); Mülleriano (de Müller).

3.1.9 Hiatos Recebem acento agudo o i e u tônicos que não formarem sílaba com a vogal anterior. Desde que estejam sozinhos na sílaba ou junto de s. Exemplos: aí, país, saía, viúva, doído, balaústre, saíste.

O novo acordo ortográfico determina que não se acentuem as vogais tônicas i e u das palavras paroxítonas, quando estiverem precedidas de ditongo decrescente. Nas oxítonas, o acento será mantido. Exemplos: baiuca, feiura, Piauí, tuiuiús. 3.2.0 Grupos “QU” e “GU” Segundo o novo Acordo Ortográfico, não se assinala com acento agudo o u tônico dos grupos qu e gu, seguido de e e i. Exemplos: argui, arguis. Os verbos do tipo aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins apresentam duas possibilidades de conjugação:

Formas rizotônicas, com o u do radical tônico, sem marca gráfica: averiguo, enxagues.

Formas rizotônicas, com o a ou i do radical com acento: averíguo, enxágues.

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3.2.1 Particularidades

Desde 1971, com a Lei nº 5.765, vem-se tentando simplificar o uso de acentos diferenciais. No entanto, esta lei suprimiu, tão somente, o uso do acento circunflexo com que se distinguiam, pelo timbre, o e e o o tônicos de palavras homógrafas (exceção feita para a dupla pode / pôde). Permaneceram, assim, muitas distinções gráficas constantes no sistema de 1943. O Acordo Ortográfico de 1990 traz avanços nesta questão, abolindo muitos dos acentos até então mantidos. Deixam de ser assinaladas com acento gráfico as seguintes palavras: coa (/ô/ verbo), para (verbo), pela (/é/ verbo), pera (/ê/ subst. – fruto da pereira), pelo (/é/ verbo), pelo (/ê/ substantivo), polo (/ô/ substantivo – gavião), polo (/ó/ substantivo – nome de jogo ou extremidade de eixo da terra).

Segundo o novo Acordo Ortográfico de 1990, permanecem as seguintes distinções gráficas:

a) pôr (verbo) / por (preposição); quê (substantivo) / que (pronome, conjunção, etc.); porquê (substantivo) / porque ( advérbio ou conjunção).

b) ás (substantivo – carta de baralho ou aviador ou atleta de categoria); às (contração da preposição a com o artigo ou pronome as).

c) pôde (pretérito perfeito do verbo poder); pode (presente do indicativo). d) têm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo de ter);

tem (3ª pessoa do singular do presente do indicativo de ter); vêm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo de vir); vem (3ª pessoas do singular do presente do indicativo de vir).

Nos derivados desses verbos do item d, a distinção gráfica (que corresponde a diversidade de pronúncia) assim se faz: Exemplos: Ele retém, detém, contém, etc. / Eles retêm, detêm, contêm, etc.

IMPORTANTE

Pelo novo Acordo Ortográfico de 1990, assinalam-se facultativamente com acento:

fôrma (subst.), forma (subst./verbo); louvámos (pret.perf.Ind.), louvamos (pres.do ind.).

No Brasil, neste último caso, utiliza-se apenas a forma sem acento.

4. Uso do Hífen 4.1 Do Hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares.

a) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido.

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Exemplos: ano-luz, arco-íris, decreto-lei, médico-cirurgião, tenente-

coronel, tio-avô, turma-piloto, amor-perfeito, segunda-feira, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, sul-africano, porto-alegrense, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, primeiro-ministro, conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.

IMPORTANTE Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a

noção de composição, grafam-se aglutinadamente. Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.

b) Emprega-se o hífen nos topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo.

Exemplos: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Abre-Campo, Passa-Quatro, Quebra-

Costas, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Trás-os-Montes.

c) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento.

Exemplos: abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde, bênção-de-

deus, erva-do-chá, fava-de-santo-inácio, bem-me-quer (nome de planta que se dá a margarida e ao malmequer), andorinha-grande, cobra-capelo, andorinha-do-mar, lesma-de-conchinha, bem-te-vi (nome de um pássaro).

d) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações.

Exemplos: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado, bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-visto, (cf. Malvisto).

IMPORTANTE

Os outros topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem hífen. Exemplos: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc. O topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso.

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e) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém,

recém e sem. Exemplos: além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras, aquém-mar, aquém-

Pireneus, recém-casado, recém-nascido, sem-cerimônia, sem-número, sem-terra, sem-vergonha.

f) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa).

Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções: 1) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar; 2) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho; 3) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja; 4) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, por isso; 5) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a; 6) Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.

g) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que

ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique), e bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topônimos (tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).

4.2 Do Hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação

a) Nas formações com prefixos (ante-, anti-, circum, co-, contra-, entre-,

extra-, hiper-, infra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autônomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseud-, retro-, semi-, tele-, etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos:

IMPORTANTE

Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento quer este tenha ou não vida à parte. Exemplos: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.

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1) Nas formações em que o segundo elemento começa por h. Exemplos: anti-higiênico, circum-hospitalar, contra-harmônico, extra-humano, pré-história, sub-hepático, super-homem, geo-história, semi-hospitalar, pan-helenismo.

IMPORTANTE

Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos des- e in- nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial. Exemplos: desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc.

2) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na

mesma vogal com que se inicia o segundo elemento. Exemplos: anti-inflamatório, contra-ataque, micro-ondas, semi-internato.

IMPORTANTE

Nas formações como prefixo co-, este se aglutina em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o. Exemplos: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperar, coerdeiro, etc. IPC: Vale ressaltar que o vocábulo “coerdeiro” segundo o decreto 6583/08 grafa-se desta forma “co-herdeiro”. Entretanto, o VOLP determina a grafia aglutinada com o segundo elemento sem o h, escrevendo-se assim: coerdeiro. Ademais, é importante salientarmos que quando houver alguma divergência entre o decreto e o VOLP, prevalecerá o segundo em detrimento do primeiro.

3) Nas formações com os prefixos circum-, e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, m ou n. Exemplos: pan-americano, circum-navegação, pan-mágico, circum-

escolar.

4) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com elementos iniciados por r. Exemplos: hiper-requintada, inter-resistente, super-revista.

5) Nas formações com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-. Exemplos: ex-almirante, ex-diretor, ex-presidente, soto-mestre, vice-

reitor, vizo-rei, sota-piloto.

6) Nas formações com os prefixos tônicos acentuados graficamente pós-, pré-, pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte).

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Exemplos: pós-graduação, pós-tônicos (mas pospor), pré-escolar,

pré-natal (mas prever), pró-africano, pró-europeu (mas promover).

b) Não se emprega, pois o hífen:

1) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática, aliás, já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico. Exemplos: antirreligioso, antissemita, contrarregra, infrassom,

minissaia, biossatélite, microssistema, cosseno, extrarregular.

2) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos. Exemplos: antiaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoescola, hidroelétrico, plurianual.

3) Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos

vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-

Mirim.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE FONÉTICA E NOVA ORTOGRAFIA

(UFMT 2012 – MPE MT – PROMOTOR SUBSTITUTO)

No Brasil, fast-food e alopatia convivem na boa com a mamadeira, a canjica, os chás de erva-cidreira e erva-doce. Geleia global. Tudo bem que os americanos tenham o seu “pieceofcake”, designativo das coisas fáceis de obter. Houve tempo em que eles só souberam da fartura e não sentiram na carne o que é ter de descascar um abacaxi, resolver um pepino, encarar uma batata quente e enfrentar o angu de caroço que é o nosso dia a dia. Afinal, mesmo em crise, eles ainda ganham em dólar. E comem como poucos. (Rev. Língua Portuguesa, nº 78, 2012.) 01 - Em relação aos recursos linguísticos e estilísticos do texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) Na caracterização feita ao nosso dia a dia, foram usadas metáforas de alimentação, todas indicativas da leveza de vida do brasileiro. ( ) A palavra geleia não mais é acentuada em função do novo Acordo Ortográfico, assim também papeis, pasteis e bachareis.

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( ) Os termos fast-food e “pieceofcake” são estrangeirismos sem aportuguesamento que coexistem com as palavras em português, a exemplo de coffee break, delivery, off. ( ) Erva-cidreira e erva-doce mantêm o hífen, segundo o novo Acordo Ortográfico, por designarem espécies botânicas. Assinale a sequência correta. (A) F, V, V, F (B) F, F, V, V (C) V, F, F, V (D) V, V, F, F (E) F, V, F, F Alternativa correta B, visto que as metáforas utilizadas não denotam a leveza da vida do brasileiro, e sim retratam as dificuldades que passam ao longo da vida (Item Falso) ; a palavra “geleia” não recebe acento gráfico de acordo com a nova regra ortográfica (ditongo aberto “ei, oi” quando paroxítono), entretanto vale destacar que os ditongos abertos oxítonos continuam sendo acentuados graficamente (Item Falso); as palavras “fast-food” e “pieceofcake” são estrangeirismos sem aportuguesamento, como também coffee break, delivery e off (Item Verdadeiro); as palavras “erva-doce” e erva-cidreira” continuam com hífen por se tratarem de palavras que designam espécies botânicas (Item Verdadeiro).

(UFMT 2012 – IFMT – PROFESSOR) 02 - Os vocábulos semisselvagem e bem-sucedidas constituem exemplos

das regras do hífen segundo o atual Acordo Ortográfico. Assinale a alternativa em que todas as palavras obedecem ao Acordo. [A] vice-presidente, desumano, contra-regra [B] bem-vindo, sala de jantar, co-herdeiro [C] extra-regular, superhomem, ex-diretor [D] co-produção, hiper-realista, interregional

Questão anulada por não haver gabarito plausível para a questão. Analisando os erros encontrados nas alternativas, temos: Letra A = A correta grafia para “contra-regra” é contrarregra. Letra B = A correta grafia para “co-herdeiro” é coerdeiro (segundo VOLP) Letra C = A correta grafia para as palavras “extra-regular” e “superhomem” é, respectivamente, extrarregular e super-homem. Letra D = A correta grafia para as palavras “co-produção” e “interregional” é coprodução e inter-regional. Logo, não há alternativa em que todas as palavras estejam correta. (UFMT 2012 – MPE MT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO)

03 - A palavra infraestrutura é um exemplo das alterações promovidas pelo atual Acordo Ortográfico. Assinale a alternativa em que todos os vocábulos estão corretos segundo o novo acordo. (A) leem, extra-conjugal, proafricano

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(B) assembleia, contrassenso, ex-presidente (C) superrevista, semi-interno, pólo (D) heroico, subitem, auto-aprendizagem Analisando as alternativas, temos: Letra A – Erros encontrados: extraconjugal e pró-africano. Letra B – Erros encontrados: nenhum, logo item correto. Letra C – Erros encontrados: super-revista, polo. Letra D – Erros encontrados: autoaprendizagem. Portanto, gabarito correto – Letra B. (UFMT 2012 – TRIBUNAL DE JUSTIÇA MT – OFICIAL DE JUSTIÇA)

04 – A partir de 2012, entrou em vigência no Brasil, o novo Acordo Ortográfico assinado pelos países de língua portuguesa. Assinale a afirmativa que apresenta palavra ou expressão cuja escrita não obedece ao Acordo. a) No Brasil, a exclusão multissecular ao trabalho não se dá somente pelo emprego, mas é fruto do excesso de pessoas não qualificadas e de baixa produtividade. b) As testemunhas arroladas não veem prejuízo no ato ilícito praticado pelos ex-empregadores, confirmando ser uma práxis corrente na empresa. c) A intervenção do Estado na economia seria contribuir com políticas macroeconômicas que evitem a inflação e o desemprego. d) A penhora on-line representa um martírio judicial para os devedores superresistentes que viram suas contas bancárias bloqueadas. Alternativa incorreta – Letra D, visto que a palavra “superresistentes” deveria ser empregada no texto com hífen, escrevendo-se: super-resistentes. Vale ressaltar que os demais vocábulos no texto estão corretos, como: multissecular, não qualificadas, veem, ex-empregadores, macroeconômicas. (FCC 2011 – TRF 1ª Região – Técnico Administrativo) 05 - As palavras estão corretamente grafadas na seguinte frase: (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aeroportos. (B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade, mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês. (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de descançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio. (D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa pode estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise. (E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios ilegítimos. Item correto – Letra A. Analisando os erros encontrados nas demais alternativas, temos: Letra B – deslizes, xeque.

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Letra C – descansar, frondosa. Letra D – influi, empecilho, Letra E – hesitou (verbo “hesitar” = ter receio), quis, tachado. Destaca-se a preocupação que o candidato deve ter nas questões de ortografia, pois a banca examinadora pode cobrar a relação de parônimos e homônimos no contexto conforme foi colocado pela FCC nas palavras (cheque/xeque) e (tachado/ taxado). Outro ponto importante: lembre-se de que na ortografia é relevante percebermos a raiz etimológica da palavra. Exemplo: espontaneidade vem de espontâneo. Obs: Nos verbos terminados em “–uir”, a 3ª pessoa do singular será grafada com a vogal “i” e não “e”. Exemplos: Ele constitui, Ele influi, Ele institui... Obs: Não confunda êxito (substantivo = conquistar) com hesito (verbo = ter receio, medo). (FCC 2011 – TRF 1ª Região – Técnico Administrativo) 06 - A palavra destacada está empregada corretamente em: (A) Ele é o guardião dos reptis que estão sendo estudados. (B) Com esse cálculo financeiro, o banco aleja os clientes. (C) Se eu me abster, haverá empate na votação. (D) Os guarda-noturnos serão postos na formalidade. (E) Essa máquina mói todos os detritos. Questão anulada por haver duas alternativas corretas para a questão.

Analisando, temos: Letra A – reptis

O vocábulo está flexionado no plural corretamente. Vale destacar que tal palavra apresenta dupla prosódia – duas posições corretas para a sílaba tônica –, pois poderíamos escrevê-la de duas maneiras: réptil ou reptil com os respectivos plurais: répteis e reptis. Logo, item correto. Letra B – aleja. Item incorreto, pois a grafia correta seria “aleija”. Letra C – abster. Item incorreto, visto que a flexão verbal no futuro do subjuntivo exige a flexão “abstiver”, diferente da forma infinitiva. O que o candidato perceberia pelo valor semântico da oração que traduz uma condição hipotética, incerta. Logo, exige-se o subjuntivo, e não infinitivo. Letra D – guarda-noturnos. A flexão do substantivo composto ocorrerá nas próximas aulas, entretanto vale salientarmos que quando houver um vocábulo composto que tenha uma unidade sintagmática formada por substantivo + adjetivo, flexionar-se-ão os dois termos. Logo, item incorreto, porque a forma correta seria: guardas-noturnos. Letra E – mói. A flexão verbal está correta, visto que temos o verbo “moer” no presente do indicativo. Outro ponto importante, a acentução gráfica permanece inalterda porque só caíram os acentos dos ditongos abertos “oi, ei” quando paroxítonos. No caso em questão, temos vocábulo monossilábico. Portanto, item correto.

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MORFOLOGIA

1. Estrutura das Palavras Os elementos constituintes da palavra são: Radical, Afixos, Vogal Temática, Tema, Desinência e Letras de Ligação. 1) Radical: É o elemento primário da palavra, em torno do qual se juntam os outros elementos de formação; O radical é obtido através da eliminação dos elementos secundários; Lembre-se de que toda expressão terminada em consoante ou sílaba tônica representará o próprio radical. Ex: Livro – Livr (radical) / Pente – pent (radical) / juiz – (radical).

IMPORTANTE

As palavras que pertencem a uma família de radical e significação comuns são chamadas de cognatas.

Ex: Corpo, Corporal, Incorporar, Corpúsculo, Corpanzil. Crer, Crente, Incrível. Entretanto, vale ressaltar o cuidado que o aluno deve ter em relação aos

vocábulos que parecem cognatos e não apresentam tal característica por se tratar de falsos cognatos. Ex: Luz, Luzeiro, Alumiar

As duas primeiras expressões apresentam o mesmo radical “luz”, porém

o ultimo vocábulo apresenta como radical a expressão “lume”. Logo, não são cognatos.

2) Afixos: São elementos que se ligam ao radical, antes ou depois; Os afixos são chamados de prefixos, quando colocados antes do radical e sufixos, quando colocados após o radical.

Desleal = (Des – Prefixo / leal – Radical). Lealmente = (Leal – Radical / mente – Sufixo).

IMPORTANTE Vale destacar dois assuntos comuns que são cobrados por diversas bancas examinadoras (seja uma “banquinha” ou não): valor semântico do prefixo e sufixo formador de classes gramaticais.

No primeiro caso, a banca exigirá do candidato qual o valor semântico do prefixo associado ao radical.

Exemplo: Imigrante, Intolerante e Ilimitado. Os vocábulos acima possuem os prefixos “i”, “in” e “i”, respectivamente;

entretanto não apresentam o mesmo valor semântico, pois o prefixo de imigrante não significa negação como nos demais casos. Já no segundo caso, a banca exigirá do candidato o conhecimento a respeito de classes gramaticais por meio do sufixo. Exemplo: Cozinheira, Indesejável e infelizmente.

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Os vocábulos acima representam classes gramaticais que podem ser determinadas pelo elemento mórfico denominado sufixo. Analisando as expressões, temos:

Cozinheira: Cozinh – Radical / eira – Sufixo Formador de Substantivo. Indesejável: In – Prefixo / desej – Radical / a – V.T. / vel – Sufixo

Formador de Adjetivo. Infelizmente: In – Prefixo / feliz – Radical / mente – Sufixo Formador de

Advérbio.

3) Vogal Temática:

É o elemento que se une ao radical antes das desinências; A vogal temática só aparece em algumas formas verbais e nominais. São as vogais A, E, O usadas para indicar formas nominais. Ex: Pente : Pent (radical) + e (vogal temática). Livro : Livr (radical) + o (vogal temática). Casa : Cas (radical) + a (vogal temática). São as vogais A, E, I usadas, fundamentalmente, para indicar a conjugação a que o verbo pertence: A vogal temática “A” indica que o verbo é de 1ª conjugação (andar, leva…); A vogal temática “E” indica que o verbo é de 2ª conjugação (viver, conhecer…); A vogal temática “I” indica que o verbo é de 3ª conjugação (partir, sorrir…); Exemplos: Vender: Vend (radical) + e (vogal temática) + r (desinência infinitiva). Amávamos: Am (radical) + a (vogal temática) + va (desinência modo-temporal) + mos (desinência número-pessoal). Partiria: Part (radical) + i (vogal temática) + ria (desinência modo-temporal). 4) Tema: É o radical acrescido da Vogal Temática (Radical + Vogal Temática). Ex: Cantar: Cant + a + r – (Tema: Canta) Vender: Vend + e + mos – (Tema: Vende) 5) Desinência: São os elementos que indicam flexões; Podem ser nominais e verbais;

A) Nominais: Indicam o gênero e número. Gênero: “O” para o masculino e “A” para o feminino. Número: “S” para o plural. Exemplos: Meninos: menin (radical) + o (desinência de gênero) + s

(desinência de número).

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IMPORTANTE

Vale ressaltar a distinção entre vogal temática e desinência de gênero nas estruturas nominais, visto que ambos os morfemas podem ser representados pelas letras “O” e “A”. Entretanto, os alunos podem dirimir suas dúvidas, verificando se a palavra em questão tem forma masculina e feminina, caso haja a flexão, o morfema será classificado como desinência de gênero. Exemplos: Garoto : Garot – radical / o – desinência de gênero. Livro : Livr – radical / o – vogal temática. O vocábulo “garoto” possui forma masculina e feminina. Logo, o morfema “o” será classificado como desinência de gênero. Já o vocábulo “livro” não possui forma feminina, apenas masculina. Logo, o morfema “o” será classificado como vogal temática.

B) Verbais:

Quando indicam o número e a pessoa (número-pessoais) e o tempo e o modo (modo-temporais); Número-pessoais:

1ª pessoa do singular Não possui

2ª pessoa do singular S

3ª pessoa do singular Não possui

1ª pessoa do plural MOS

2ª pessoa do plural IS – DES

3ª pessoa do plural M (nasal)

Modo-temporais:

Gerúndio NDO

Particípio regular DO / DA

Infinitivo impessoal R

Pretérito Imperfeito do Indicativo

VA (1ª conj) – A (2ª e 3ª conj)

Mais-que-perfeito do indicative

RA – RE

Pretérito Imperfeito do subjuntivo

SSE

Futuro do presente do indicativo

RE – RÁ

Futuro do pretérito do indicativo

RIA – RIE

Futuro do subjuntivo R

Presente do subjuntivo

E – A

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RESUMINDO:

Estrutura Principal das Formas Verbais:

RADICAL + VOGAL TEMÁTICA + DMT (DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL) + DNP (DESINÊNCIA NÚMERO-PESSOAL)

Ex: Coubéssemos: Coub (radical) + e (vogal temática de 2a conjugação) + sse (desinência modo-temporal que indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) + mos (desinência número-pessoal que marca a 1a pessoa do plural).

Estrutura Principal das Formas Nominais:

RADICAL + VOGAL TEMÁTICA + DESINÊNCIAS (GÊNERO E NÚMERO)

Ex: Meninos: Menin (radical) + o (desinência de gênero) + s (desinência de

número). Infelicidade: In (prefixo) + felic (radical) + i (vogal de ligação) + dade

(sufixo).

OBSERVAÇÕES:

* A 1a pessoa do singular do presente do indicativo (eu) não apresenta vogal temática nem desinência modo-temporal. E as outras pessoas gramaticais do presente do indicativo não apresentam desinência modo-temporal. ** No presente do subjuntivo, as formas verbais não apresentam vogal temática. *** No pretérito perfeito do indicativo, as formas verbais apresentam equivalência entre desinência modo-temporal e desinência número-pessoal.

6) Letras de Ligação: São letras que se acrescentam à palavra para facilitar a pronúncia; As letras de ligação podem ser: Vogais de ligação Gasômetro : Gás + o + metro Inseticida : Inset + i + cida Consoantes de ligação Cafezal : Café + z + al Girassol : Gira + s + sol

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2. Processo de formação das Palavras Há dois processos de formação de palavras: Derivação e Composição.

IMPORTANTE Vale ressaltar a diferença entre Derivação e Composição, visto que o primeiro trata de uma expressão com um elemento vocabular de significação própria, enquanto que o segundo apresenta dois ou mais elementos vocabulares de significação própria. Ex: Girassol = Gira + sol [Dois elementos de significação própria: gira (verbo), sol (substantivo)]. Infeliz = In + feliz [Um elemento de significação própria: feliz (adjetivo)].

Derivação

É o processo de formação de palavras que é feito por meio do acréscimo de afixos (prefixos e sufixos). Podem ser: *Prefixal: quando acrescentamos à palavra um prefixo. Ex: Refazer, Desleal, Infiel. *Sufixal: quando acrescentamos à palavra um sufixo. Ex: Felizmente, Lealdade, Ponteiro. *Prefixal e Sufixal: quando acrescentamos à palavra um prefixo e um sufixo sem haver a adição concomitante deles. Vale destacar que nessa derivação a palavra já possuía o prefixo ou o sufixo e acrescentou-se a ela outro morfema. Ex: Infelizmente, Deslealdade. *Parassíntese ou Parassintética: quando acrescentamos à palavra um prefixo e um sufixo simultaneamente. Ex: Repatriar, Anoitecer, Enegrecer.

*Imprópria ou Conversão: É a passagem de uma palavra pertencente a determinada classe gramatical (substantivo, adjetivo, advérbio, etc) para outra classe. Exemplo: fumar (verbo) – o fumar (substantivo) Claro (adjetivo) – Ele fala claro (advérbio) *Regressiva ou deverbal: quando há supressão de algum elemento. Exemplo: chutar – chute, atacar - ataque, beijar - beijo.

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Composição

Quando unimos dois ou mais vocábulos de significação própria. Podem ser: *Justaposição: quando não há alteração fonética dos componentes. Ex: Passa + tempo – passatempo Gira + sol – girassol Guarda + roupa – guarda-roupa. *Aglutinação: quando há alteração fonética dos componentes. Ex: Água + ardente – aguardente Filho + de + algo – fidalgo. Em + boa + hora – embora. Outros Processos de Formação:

Abreviação: consiste em criar uma palavra reduzindo sua forma primitiva. Ex: cine (por cinema), extra (por extraordinário), pólio (por poliomielite), tevê (por televisão), pneu (por pneumático), você (por Vossa Senhoria), auto (por automóvel), moto (por motocicleta), foto (por fotografia), ônibus (por auto-ônibus). Onomatopeia: é a repetição de vogal ou consoante com o propósito da

imitação de determinados ruídos ou sons. Ex: tique-taque, miar, pingue-pongue, zum-zum. Hibridismo: é o processo de formação de palavras compostas por elementos de línguas diferentes. Ex: Automóvel, Monóculo (grego + latim) Burocracia (francês + grego) Bígamo, Sociologia, Bicicleta (latim + grego) Alcaloide, Alcoômetro (árabe + grego) Abreviatura ou sigla: redução de títulos longos às suas letras iniciais. Ex: INSS, FGTS, UNB, ONU, PDT.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE FORMAÇÃO DE PALVRAS

Texto I A turma do Modelarte transforma garrafas pet em móveis e pufes. As peças estão fazendo tanto sucesso, que uma rede de móveis os colocará à venda nos próximos meses. (Época de 24/09/2007).

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01 - A palavra “Modelarte” é formada pelo processo de: a. derivação prefixal. b. derivação sufixal. c. aglutinação. d. justaposição. e. abreviação. Item correto – Letra C, visto que a palavra “modelarte” sofre o processo de formação por composição devido à presença de dois ou mais vocábulos de significação própria: modelo + arte. Destaca-se que, quando houver a perda de fonemas, classificaremos o processo de composição por aglutinação. (FMP / RS - Assessor Jurídico 2010) 02 - Considere as seguintes afirmações sobre formação de palavras do texto. I. As palavras impostas e inevitavelmente contêm o mesmo prefixo. II. As palavras liberdade e livres têm a mesma etimologia. III. A palavra jugo pertence à mesma família da palavra julgamento. Quais estão corretas? (A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas I e II. (D) Apenas II e III. (E) Apenas III. Gabarito correto – Letra B. Analisando as afirmações, temos: Afirmação I = A palavra “imposta” não apresenta prefixo, pois o vocábulo é constituído apenas de radical “imp” + desinência verbal de particípio. Logo, item falso. Afirmação II = As palavras “liberdade” e “livre” são cognatas, isto é, pertencem a mesma raiz etimológica. Item verdadeiro. Afirmação III = Jugo (=opressão material ou moral – sentido figurado)

Julgamento (=Ato ou efeito de julgar, opinião, juízo.) Verificamos que são palavras que não apresentam a mesma família de radical e significação comuns. Logo, item falso.

(FMP / RS – Ministério Público RS – Engenheiro 2010) 03 - Considere as seguintes afirmações sobre a formação de palavras do texto. I. As palavras Criacionismo e obscurantismo, formadas com o sufixo –ismo, designam, respectivamente, doutrina e atitude ideológicas. II. O sufixo –al, presente nas palavras espiritual e referencial, serve para formar adjetivos ou substantivos a partir de adjetivos. III. O prefixo de independer tem o mesmo sentido do prefixo de irreal. Quais estão corretas?

(A) Apenas III. (B) Apenas I. (C) Apenas I e III. (D) Apenas II. (E) I, II e III. Gabarito correto – Letra C. Analisando as afirmativas temos:

Afirmativa I – O sufixo “ismo” nos vocábulos destacados marca o papel de doutrina religiosa da criação e atitude contrária ao progresso intelectual e material. Logo, item correto. Afirmativa II – O sufixo “al” forma adjetivos ou substantivos a partir de substantivo. Pois, “espiritual” vem de espírito (substantivo) e “referencial” vem de referente ou referência (ambos substantivos). Logo, Item incorreto. Afirmativa III – o prefixo de “independer” traduz uma ideia negativa, como também ocorre na palavra “irreal”. Portanto, item correto.

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3. Classes Gramaticais

Na língua portuguesa, há dez classes de palavras ou classes gramaticais: 1 – Substantivo 6 – Verbo 2 – Artigo 7 – Advérbio 3 – Adjetivo 8 – Preposição 4 – Numeral 9 – Conjunção 5 – Pronome 10 – Interjeição

As seis primeiras classes são variáveis, isto é, flexionam-se, sofrem alterações na forma. As quatro outras são invariáveis.

IMPORTANTE Em muitas questões de concurso, algumas bancas examinadoras costumam cobrar apenas a classificação morfológica do vocábulo na frase. Vale ressaltar que muitos vocábulos na língua portuguesa podem apresentar mais de uma classificação morfológica, dependendo da frase.

Sou o que sou. o = (Pronome demonstrativo)

Não deixe o fogo apagar-se… o = (Artigo definido)

Que alegre manifestação a sua!

Que = (Advérbio de Intensidade)

Você tem que decidir se muda ou não. que = (Preposição)

A população carcerária é composta por jovens de 19 a 39 anos.

Jovens = (Substantivo) A torcida jovem do flamengo conquistou o prêmio. jovem = (Adjetivo)

Se você estudar, passará no concurso. Se = (Conjunção Condicional)

Quero que você veja a casa onde se escondem os meus sonhos. se = (Pronome Oblíquo)

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Substantivo É a palavra com que nomeamos os seres, em geral, e as qualidades, ações, ou estados, considerados em si mesmos, independentemente dos seres com que se relacionam. 1. Variações semânticas do significado entre o singular e o plural Bem (O que é bom) / Bens (Propriedades) Féria (Produto do trabalho) Férias (Dias de descanso) 2. Mudança de significado na mudança de gênero A cabeça (Parte do corpo) / O cabeça (O chefe) A capital (Cidade) / O capital (Dinheiro) A Xerox (Cópia) / O Xerox (Aparelho) A moral (Parte da filosofia / Moral de um fato) / O moral (ânimo) A língua (Idioma / órgão muscular) O língua (Intérprete) 3. Palavras somente usadas no plural Núpcias, Confins, Costas, Arredores, Afazeres, Trevas, Óculos (mas também óculo, apesar de raro). 4. Plural de Substantivos Compostos Somente o último varia: Nos compostos grafados ligadamente: girassóis, vaivens, pontapés. Nos compostos com as formas adjetivas grão, grã e bel: bel-prazeres, grã-cruzes, Nos compostos de tema verbal ou palavra invariável seguida de substantivo ou adjetivo: beija-flores, abaixo-assinados, alto-falantes, vice-reis, ex-diretores, ave-marias. Nos compostos de três ou mais elementos, não sendo o 2º elemento uma preposição: bem-te-vis. Nos compostos de emprego onomatopéico em que há repetição total ou parcial da primeira unidade: reco-recos, tique-taques. Somente o primeiro varia: Nos compostos onde há preposição, clara ou oculta: pés de moleque, mulas sem cabeça, cavalos-vapor. Nos compostos de dois substantivos, onde o segundo exprime a idéia de fim, semelhança, ou limita a significação do primeiro: navios-escola, peixes-boi, salários-família, mangas-rosa.

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Ambos os elementos variam: Nos compostos de dois substantivos, de um substantivo e um adjetivo ou de um adjetivo e um substantivo: amores-perfeitos, cabras-cegas, decretos-leis, guardas-civis, salários-mínimos, segundas-feiras. Nos compostos de temas verbais repetidos: corres-corres, ruges-ruges. Ficam Invariáveis: Nas frases substantivas: os disse-me-disse, os bumba-meu-boi. Nos compostos de tema verbal e palavra invariável: os ganha-pouco, os pisa-mansinho. Nos compostos de dois temas verbais de significado oposto: os leva-e-traz, os vai-e-volta. Admitem mais de um plural, entre outros: Corre-corre: corre-corres, corres-corres Fruta-pão : frutas-pão, frutas-pães Guarda-marinha: guardas-marinha, guardas-marinhas Padre-nosso: padres-nossos, padre-nossos Ruge-ruge: ruges-ruges, ruge-ruges 5. Plural dos diminutivos ( -zinho)

Coraçãozinho – Coracões + zinhos = Coraçõezinhos Rapazinho – Rapazes + zinhos = Rapazezinhos Florzinha – Flores + zinhas = Florezinhas Papelzinho – Papéis + zinhos = Papeizinhos 6. Plural de nomes terminados em ão acentuado

Apresentam-se três terminações no plural: ões, ãos, ães.

a) ões: balão, leão, coração, feijão, peão, etc. b) ãos: pagão, irmão, grão, desvão, cidadão, cortesão, e todos os

paroxítonos: órgão, benção, gólfão. c) ães: pão, escrivão, sacristão, alemão, capitão, capelão, tabelião, deão,

faisão, guardião.

Em alguns nomes, por certa confusão popular, encontra-se, ao lado do plural legítimo, outro ou outros mais ou menos usados: 1) ãos, ões e ães: alão, ancião, deão, ermitão. 2) ãos e ões: aldeão, anão, castelão, corrimão, verão, vilão. 3) ães e ões: charlatão, guardião, sultão.

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Artigo O artigo é uma particula que precede o substantivo, assim à maneira de “marca” dessa classe gramatical.

Em razão disso, qualquer palavra, expressão, ou frase, fica substantivada se o trouxer antes de si: “Não te embales muito na miragem do longe e do depois, a fim de não perderes o que arde invisível no perto e sopra em silêncio no agora.”

(Aníbal Machado)

Tipos de artigo: Há dois tipos de artigo:

1) Definido: o (a, os, as). 2) Indefinido: um (uma, uns, umas).

O primeiro se junta ao substantivo para indicar que se trata de um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie – que o ouvinte ou o leitor já sabem quem é, pelas circunstâncias que cercam a enunciação da frase: O governador foi muito aplaudido durante a convenção. O Segundo se emprega para mencionar um ser qualquer entre outros da mesm espécie – que não individualizado, nem o ouvinte ou o leitor saberão precisar quem seja: Um governador foi muito aplaudido durante a convenção.

IMPORTANTE A supressão do artigo pode ocorrer antecedendo um substantivo sem acarretar prejuízo gramatical ou semântico para o período. Ex: “Não, não, a minha memória não é boa” .

Entretanto, vale destacar que o artigo não poderá ser suprimido caso o

substantivo estiver subentendido no período. Ex: “Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas”. Outro ponto importante é destacar que a supressão do artigo pode preservar a correção gramatical, mas acarretar mudança semântica no período.

Ex: Isto limitava a liberdade aos poucos. Isto limitava a liberdade a poucos.

Há mudança semântica, visto que, no primeiro caso, a liberdade era limitada de forma gradativa (adjunto adverbial de modo), já, no segundo caso, a liberdade era limitada a poucos integrantes, pessoas de um grupo maior.

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Adjetivo

É a palavra que restringe a significação ampla e geral do substantivo. homem magro

criança talentosa 1. Locução adjetiva

A união de uma preposição + substantivo ou preposição + advérbio que

possua valor adjetivo.

Amor de mãe – materno Chuva de verão – estival Olho do céu – celeste Dias de hoje - hodiernos

IMPORTANTE

A substituição de uma locução adjetiva por um adjetivo preserva a correcão gramatical e a coerência do período devido à equivalência morfológica. Ressalta-se que locução adjetiva não é adjetivo. Encontramos um homem da cidade. Encontramos um homem citadino.

Cuidado!!!! A sonda encontrou água na Lua. A sonda encontrou água lunar.

Vale destacar que na frase acima a expressão “lunar” não pode substituir corretamente o vocábulo “na lua”, visto que o último vocábulo representa uma locução adverbial de lugar. Logo, não há equivalência morfológica entre locução adverbial e adjetivo.

2. Palavras com valor adjetivo

Lembre-se de que uma expressão pode não ser classificada

morfologicamente como adjetivo e ter valor adjetivo.

Ex: Isso porque foi aprovado a nove dias do fim do ano o reforço salarial.

Minhas propostas são românticas e inviáveis.

Aliás, o melhor para a democracia seria separar os fundos partidários.

Vale destacar que as expressões “nove” e “minhas” nas frases acima tem valor adjetivo por restringir o significado do substantivo “dias” e “propostas”, respectivamente. Entretanto, o vocábulo “melhor” não tem valor de adjetivo pela presença do artigo que substantiva tal expressão.

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3. Grau do adjetivo 3.1 Comparativo Superioridade: Rio de Janeiro é mais quente do que São Paulo. Igualdade: Rio de Janeiro é tão quente quanto São Paulo. Inferioridade: Rio de Janeiro é menos quente do que São Paulo.

IMPORTANTE No Grau Comparativo pode-se retirar a expressão “do”, pois ela é

facultativa nessas situações, por se tratar de uma partícula expletiva. Ex: Rio de Janeiro é mais quente do que São Paulo ou

Rio de Janeiro é mais quente que São Paulo.

3.2 Superlativo

Absoluto Sintético: Ele é Fidelíssimo. Absoluto Analítico: Ele é Muito fiel. Relativo de Superioridade: Ele é o mais inteligente da turma. Relativo de Inferioridade: Ele é o menos inteligente da turma.

Repetição de adjetivos com valor superlativo Ex: O dia está belo belo. ( = belíssimo)

Na linguagem coloquial pode-se empregar, a repetição do mesmo adjetivo, sem pausa e sem vírgula, dando-lhe tom especial para melhor traduzir a ideia superlativa expressa pela repetição do adjetivo. Comparações em lugar do superlativo Ex: José é podre de rico. (= riquíssimo) Para expressarmos mais vivamente o elevado grau de uma qualidade do ser, empregamos ainda comparações que melhor traduzem a ideia superlativa.

Cuidado!!!

Palavras que apresentam sufixo (-or) traduzem a ideia de superioridade. Ex: Ele é o menor da turma. João é pior do que José.

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4. Plural dos Adjetivos Compostos

Aos adjetivos se aplicam, na maioria dos casos, as mesmas regras de plural dos substantivos. Alguns poucos adjetivos se mostram indiferentes à marca de número, servindo indistintamente para a indicação do singular ou plural: simples, isosceles, assim: critério simples / sentimento piegas / solução simples Quanto aos adjetivos compostos, lembraremos que normalmente só o último varia, quando formados por dois adjetivos, embora não se trate de regra absoluta: amizades luso-brasileiras

saias verde-escuras clínicas medico-cirúrgicas

Exceto: Variam ambos os elementos, entre outros exemplos, surdo-mudo, claro-escuro, azul-marinho (que é invariável): surdos-mudos, claros-escuros. São invariáveis os compostos de adjetivo de cor + substantivo. Ex: verde-mar, verde-garrafa, azul-pavão, vermelho-sangue, amarelo-ouro, etc. Também o são: furta-cor, ultravioleta, infravermelho. Flexionam-se apenas no último dos termos os compostos de adjetivo + adjetivo, quando ambos designam nomes de cor. Ex: flâmulas rubro-negras, paredes azul-claras.

Menos comum é a invariabilidade (paredes azul-claro), ou a flexão de ambos os adjetivos (cabelos castanhos-escuros). Cabe referir, finalmente, os substantivos de cor que funcionam como adjetivos. Neste caso, ficam invariáveis: Ex: luvas cinza, sapatos gelo. 5. Variação semântica e morfológica quanto à posição do adjetivo em relação ao substantivo na frase.

A) Sou um pobre homem da cidade. Sou um homem pobre da cidade.

Nas duas frases, o vocábulo “pobre” é classificado morfologicamente como adjetivo, entretanto não apresentam o mesmo sentido. Visto que a

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expressão anteposta traduz uma ideia de desgraçado, que inspira piedade; enquanto que posposta traduz uma ideia de desprovido do necessário.

B) Tal situação traduz uma época certa.

Tal situação traduz uma certa época. Na primeira frase, o vocábulo posposto “certa” é classificado morfologicamente como adjetivo e semanticamente traduz uma ideia de determinada. Na segunda frase, o vocábulo anteposto “certa” é classificado morfologicamente como pronome indefinido e semanticamente traduz uma ideia de indeterminação.

C) Um homem grande nem sempre é um grande homem.

Na frase acima, o vocábulo “grande” nas duas ocorrências são

classificados morfologicamente como adjetivo e semanticamente traduzem ideias distintas. Pois, homens grandes” faz referência à composição física, e “grandes homens” refere-se ao caráter do homem.

D) Ele utilizou engenhosos métodos. Ele utilizou métodos engenhosos. Nas duas frases acima, o vocábulo “engenhosos” apresenta a equivalência morfológica e semântica (mesma classe gramatical e mesmo sentido).

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE SUBSTANTIVOS, ADJETIVOS E

ARTIGOS

(FCC 2011 – TRE AP – Técnico Administrativo) 01 - A palavra destacada que está empregada corretamente é: (A) Diante de tantos abaixos-assinados, teve de acatar a solicitação. (B) Considerando os incontestáveis contra-argumento, reconheceu a falha do projeto. (C) Ele é um dos mais antigos tabeliões deste cartório. (D) Os guardas-costas do artista foram agressivos com os jornalistas. (E) Os funcionários da manutenção já instalaram os corrimãos. Gabarito correto – Letra E. Analisando as alternativas, temos:

Letra A – A expressão “abaixos-assinados” está incorreta quanto à grafia por se tratar de todas aquelas pessoas que assinam um abaixo-assinado (documento). Logo, a grafia correta seria “abaixo assinados” sem hífen e sem plural. Visto que o vocábulo é empregado com hífen quando estivermos falando do documento.

“Diante de tantos abaixo assinados, teve de acatar a solicitação.”

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Letra B – A expressão está incorreta, pois deveria ser grafada desta forma: contra-argumentos. “Considerando os incontestáveis contra-argumentos...”. Vale ressaltar que no substantivo composto só flexionam classes gramaticais variáveis (substantivo, adjetivo, numeral...).

Letra C – O plural correto dessa palavra é tabeliães. Letra D – No plural do substantivo composto, só se flexionarão

vocábulos que sejam classificados, como: substantivo, adjetivo, pronome, numeral e artigo. Potanto, a expressão “os guardas-costas” está flexionad incorretamente, visto que “guarda” é verbo no contexto. O correto seria: os guarda-costas. Letra E – o vocábulo em questão apresenta duas possíveis formas no plural: corrimãos e corrimões. (CESPE/UNB – STJ 2012 – TÉCNICO)

A um coronel que se queixava da vida de quartel, um jornalista disse: — E o senhor não sabe como é chato militar na imprensa.

02 - Na construção do sentido do texto, destaca-se a ambiguidade do vocábulo “militar”, que, no contexto em que aparece, pode ser classificado ora como substantivo, ora como verbo. Item correto. A ambiguidade tratada pela banca ocorre, pois pelo contexto o candidato perceberia que o vocábulo tanto poderia ser classificado como verbo (= no sentido de trabalhar) quanto substantivo (=aquele que integra as forças armadas).

(CESPE/UNB – AGU 2010 – ADMINISTRADOR)

Esse cenário faz emergir um paradoxo para as empresas e para o mercado em geral: como atender as demandas de inclusão social e transformar a base do consumo no mundo? É necessária uma revolução nos processos industriais e isso inclui os aspectos relacionados ao consumo, que precisa urgentemente ser reinventado. E é aqui que surge a frustração. 03 - No trecho “e isso inclui os aspectos relacionados ao consumo, que precisa urgentemente ser reinventado” (R.4-5), a supressão do artigo “os” e a substituição de “ao” por a e de “que” por o qual não afetam o sentido nem prejudicam a correção gramatical do período. Item correto, visto que o candidato deveria perceber que a presença do artigo antecedendo um substantivo não constitui caso obrigatório. Logo, sua retirada não acarretaria prejuízo gramatical nem afetaria o sentido. Entretanto, vale ressaltar que nem sempre a retirada do artigo afetará ou não o sentido, dependerá do contexto a ser analisado. Outro ponto abordado na questão foi a substituição do pronome relativo “que” por “o qual”, que poderia substitui-lo corretamente no texto.

(CESPE/UNB – IRBR 2009 – DIPLOMATA) 04 - Na oração “Não sendo conhecida de doutrina alguma contemporânea a explicação, mesmo primária, do processo diferenciador dos primatas superiores ao Homo sapiens”, o adjetivo “contemporânea” modifica o substantivo “explicação”. Item incorreto, pois o adjetivo “contemporânea” está restringindo a significação ampla e geral do substantivo “doutrina”, ou seja, está caracterizando o substantivo “doutrina”, e não “explicação”.

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Preposição

É uma palavra invariável que liga um termo dependente (termo regido) a

um termo principal (termo regente), estabelecendo uma relação entre ambos. É uma unidade linguística desprovida de independência, pois não exerce nenhum outro papel que não seja ser índice da função gramatical de termo que ela introduz.

Preposições essenciais: a, ente, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre.

Ex: Era nosso agregado desde muitos anos.

Preposições acidentais: afora, consoante, conforme, durante, exceto, fora, mediante, menos, salvo, segundo, senão, tirante...

Ex: Salvo melhor juízo, a expressão é correta. 1. Locução prepositiva

(começa e termina por preposição ou apenas termina) – ao lado de, a despeito de, a fim de, ao redor de, a par de, por causa de...

Ex: O perigo mora ao lado de todos os policiais. 2. Preposição e Significado Cada preposição tem o seu significado unitário, fundamental, que se desdobra em outros significados contextuais (sentido), em acepções particulares que emergem do nosso saber sobre a língua e as coisas, e da nossa experiência de mundo. Nas frases, porém, exprimem relações as mais diversas, tais como:

Cortou o pão com faca. (relação de instrumento) Dancei com Marlit. (relação de companhia) Estudei com prazer. (relação de modo) Morreu de fome. (relação de causa) Falou sobre política. (relação de assunto) Olhe para frente. (relação de direção) Trabalha para viver. (relação de finalidade) Moro em Cuiabá. (relação de lugar) Viajei de avião. (relação de meio) João falou contra nós. (relação de oposição) Descendia de família ilustre. (relação de origem) Viajei durante as férias. (relação de tempo) Ela é uma mulher sem sal. (relação de ausência) O real não é constituído por coisas. (agente da passiva)

OBSERVAÇÃO

As bancas examinadoras costumam cobrar o valor semântico que as preposições denotam no texto. Ex: As preposições “por” nas duas ocorrências tem equivalência semântica?

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“Por viver muitos anos dentro do mato, (…) ele enxerga tudo por igual.”

Resposta: Não traduzem o mesmo valor semântico, pois a primeira ocorrência denota valor causal, e a segunda traduz uma relação de modo.

IMPORTANTE A) As únicas preposições que traduzem a relação de agente da passiva são “de” ou “por”.

B) A preposição “por” realça a ideia de passividade na oração em detrimento da preposição “de” quando traduzir a relação de agente da passiva.

C) O vocábulo “que” pode ser classificado como preposição desde que se comporte com tal função.

Ex: A cada dia, você tem que decidir se muda seu jeito ou não. Ressalta-se que o vocábulo “que” na frase acima desempenha o papel de uma preposição por ligar o verbo auxiliar “ter” ao verbo principal “decidir” de uma locução verbal.

D) A substituição do vocábulo “que” por “de” preservará a correção

gramatical e a coerência textual quando desempenhar o papel de uma preposição. Entretanto, vale destacar que o mais correto é a presença do vocábulo “de” em detrimento do “que”.

Ex: A cada dia, você tem de decidir se muda seu jeito ou não. (forma mais correta) E) Não confunda relação semântica com coerência textual (sentido

lógico, interacional, inteligível). Os medicos estavam envolvidos com a temática da saúde. Os medicos estavam envolvidos na temática da saúde. A substituição da expressão “com a” por “na” altera a relação semântica

do período sem acarretar prejuízo para a coerência do texto. Vale ressaltar que o texto após a substituição não perde seu sentido lógico, entretanto altera o valor de sentido atribuído pela preposição original “com”.

F) A democratização no século XX não se limitou à extensão de direitos

políticos e civis. O tema da igualdade atravessou, com maior ou menor força, as chamadas sociedades ocidentais.

Em textos de normatização mais rígida do que o texto jornalístico, como os textos de documentos oficiais, a contração de preposição com artigo, com em “da igualdade” (R.2), deve ser desfeita, devendo-se escrever de a igualdade, para que o sujeito da oração seja claramente identificado.

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Item incorreto, visto que a expressão em destaque não tem função de sujeito na frase. Logo, não há o porquê em se falar na obrigatoriedade da não contração da preposição com o artigo.

3. Combinações (preposição + artigo ou pronome) – sem perda fonética.

Ex: a + o = ao.

Contrações (preposição + artigo ou pronome) – com perda fonética.

Ex: a + a = à / em + a = na / de + ele = dele.

Muitas vezes a ligação ou não da preposição à palavra seguinte depende da necessidade de garantir a clareza da mensagem, amparada por entoação especial: “… e a linguística uma subespécie deste ramo apesar de a mais importante.” * Não se combina o artigo quando este é parte integrante do sintagma nominal, como no seguinte exemplo:

Há quem conheça o que se decidiu chamar de o espírito carioca.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE PREPOSIÇÕES

(CESPE/UnB – AGU 2010 – Agente Administrativo)

Para que o Brasil se transforme, efetivamente, em protagonista importante da revolução que vai mudar, profundamente, os processos de produção industrial e agropastoril em todo o mundo, os próximos governos terão de dar prioridade absoluta aos investimentos em inovação e ao desenvolvimento tecnológico. 01 - Na expressão “terão de dar” (R.4), a substituição da preposição “de” pelo vocábulo que preserva a correção gramatical e o sentido do texto

Item correto, pois o vocábulo “de” é uma preposição que liga o verbo auxiliar ao principal da locução verbal “terão de dar”. Logo, substitui-lo pelo vocábulo “que” preserva a correção e o sentido do texto devido à possibilidade do “que” desempenhar papel de preposição. (Cespe/Unb – IRBR 2009 - Diplomata)

Estar ocupado, e de repente parar por ter sido tomado por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota. 02 - Em “de repente parar por ter sido tomado por uma desocupação” (R.1-2), a preposição “por” introduz termo com valor causal, na primeira ocorrência, e o agente da passiva, na segunda.

Item correto. Analisando semanticamente a frase, percebemos a primeira ocorrência com valor causal, denotando a causa de termos

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parado de repente; já na segunda ocorrência, percebemos a presença da locução verbal que marca a voz passiva (auxiliar = ser ou estar) : ter sido tomado. Logo, introduzindo o agente da passiva.

(Cespe/Unb – TRE BA 2010 - Analista) 03 - O segmento “apesar de ele ter sido considerado um homem violento” (R.18-19) pode ser corretamente substituído pelo seguinte: apesar dele haver sido considerado um homem violento.

Item incorreto, pois não podemos contrair a preposição com o pronome pessoal reto “ele” em virtude do termo desempenhar função sintática de sujeito na frase. (Cespe/Unb – INCA 2010 – Nível Superior - Médico) A realidade atual vem exigindo dos pesquisadores envolvidos com a temática da saúde maiores esforços para compreender as mudanças recentes, pois o modo de as pessoas fazerem uso de suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para produzir foi transformado. 04 - A preposição em “para compreender” (R.2-3) e “para produzir” (R.4-5) expressa o sentido de finalidade: a finalidade dos “esforços” (R.2) e das “capacidades” (R.4), respectivamente. Item correto, pois a preposição “para” traduz no contexto um valor de finalidade, demonstrando o objetivo dos esforços e das capacidades para produzir e compreender as mudanças recentes.

(CESPE/UNB – TCU 2010 – AUDITOR DE CONTROLE)

(...) A língua é uma boa ilustração disso. Que impressão nos causaria descobrir, ao acordarmos numa bela manhã, que todos os outros homens falam uma língua que não compreendemos? Sob uma forma paradigmática, a língua encarna esse tipo de dados sociais, que pressupõem uma multiplicidade de seres humanos organizados em sociedades e os quais, ao mesmo tempo, não param de se reindividualizar. 05 - O uso da preposição De em lugar de “Sob” (R.3) alteraria as relações de significação entre os termos da oração e, por isso, prejudicaria a coerência entre os argumentos do texto. Item incorreto. Lembre-se de que alterar as relações semânticas em um texto não significa que a coerência será prejudicada. Pois, coerência textual é a significação lógica, cognitiva, interacional entre os argumentos de um texto. Logo, percebemos na questão que houve alteração na significação dos termos: (...) todos os outros homens falam uma língua que não compreendemos? Sob uma forma paradigmática (= ao abrigo, aos cuidados, debaixo de uma forma paradigmática) – denota valor de lugar. De uma forma paradigmática – denota valor de modo.

Portanto, a relação de significação é alterada, entretanto essa alteração não prejudica a coerência textual.

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MORFOSSINTAXE DOS PRONOMES PESSOAIS

PRONOMES PESSOAIS são palavras que representam as três pessoas

do discurso, indicando-as simplesmente, sem nomeá-las. A primeira pessoa

(aquela que fala) – eu, com o plural nós; a segunda pessoa (com quem se fala)

– tu, com o plural vós; a terceira pessoa (pessoa ou coisa de que se fala) – ele

ou ela, com os plurais respectivos eles ou elas.

Os pronomes pessoais de dividem em: retos (eu, tu, ele/ela, nós vós,

eles/elas), oblíquos (me/mim/comigo, te/ti/contigo, se/si/consigo/o/a/lhe,

nos/conosco, vos/convosco, os/as/lhes) e de tratamento.

A rigor, o pronome pessoal reto funciona como sujeito ou predicativo.

Vale ressaltar que os pronomes retos (tu / vós) podem ser classificados como

vocativos.

Eu saio todos os dias.

(O Pronome Pessoal Reto é classificado como Sujeito.)

“Nas minhas terras, o rei sou eu.” (Alexandre Herculano)

(O Pronome Pessoal Reto é classificado como Predicativo.)

“Ó tu, que vens de longe! Ó tu, que vens cansada!” (Alceu Wamosy)

(O Pronome Pessoal Reto é classificado como vocativo.)

A rigor, o pronome pessoal oblíquo funciona como os demais

complementos.

Entre os oblíquos, a forma átona vem desprovida de preposição,

enquanto a tônica exige esta partícula:

Eu te conheci ontem. - (Pronome Oblíquo Átono)

Referiu-se a ti. - (Pronome Oblíquo Tônico)

Objeto Direto: o, a, os, as.

Objeto Indireto: lhe, lhes.

Objeto Direto ou Indireto: me, te, se, nos, vos. (dependerá da regência

do verbo.)

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Eu o vi. (O Pronome Oblíquo é classificado como objeto direto.)

Não lhe respondemos. (O Pronome Oblíquo é classificado como

Objeto Indireto.)

Convidaram-nos.

Respeito-vos.

(Os Pronomes Oblíquos – nos / vos – são classificados como

objeto direto devido aos verbos das orações apresentarem transitividade

direta.)

Obedeço-te.

Eles se reservam o direito de intervir.

(Os Pronomes Oblíquos – te / se – são classificados como objeto

indireto pelo fato dos verbos das orações apresentarem transitividade

indireta.)

Venham a nós.

Irei a ti.

(Os Pronomes Oblíquos Tônicos – a nós / a ti – são classificados

como objeto indireto.)

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

1 – Os pronomes oblíquos (o, a, os, as, me, te, se, nos, vos) podem

desempenhar função de sujeito de um infinitivo ou gerúndio, em conexão

com os verbos causativos (mandar, deixar, fazer) ou sensitivos (ver,

ouvir, olhar, sentir e sinônimos).

Mandei-a entrar.

Vi-o sair logo.

Os pronomes oblíquos – a / o – desempenham função de sujeito

dos verbos entrar e sair, respectivamente.

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2 – São reflexivos os pronomes pessoais átonos (objeto direto e indireto)

quando pertencem à mesma pessoa do sujeito da oração: o agente e o

paciente são um só, porque o sujeito executa um ato reversivo sobre si

mesmo:

Os empregados se despediram. (objeto direto)

Eles se arrogam o direito de vetar. (objeto indireto)

3 – Quando, porém, o ato não emana do sujeito, que é apenas o paciente,

temos, no pronome que o representa, o pronome apassivador:

Despediram-se os empregados faltosos e admitiram-se alguns dos

antigos candidatos.

4 – São recíprocos os pronomes que exprimem fato ou ação mútua,

recíproca. Vale ressaltar que são sempre no plural:

Eles se abraçaram. (Objeto Direto)

5 – Há verbos a que se ligam pronomes átonos, inseparáveis, que se

tornam partes integrantes do verbo, como suicidar-se, condoer-se, apiedar-

se, ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se, atrever-se, indignar-se, admirar-se,

lembrar-se, esquecer-se, orgulhar-se, arrepender-se, sorrir-se, etc.

Ela se queixou de seu filho. (Não há função sintática)

6 – O “se” pode, ainda, ser classificado como partícula expletiva ou de

realce quando estiver relacionado a verbos intransitivos e puder ser

retirado da frase sem prejuízo para a correção gramatical.

A lagartixa sumiu-se entre as macegas da porta. (Não há função

sintática)

Todos se foram embora. (Não há função sintática)

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7 – A última acepção a que poderemos chegar nas construções do

pronome “se” é a da oração:

Abre-se às dez.

Temos aqui um se na construção em que não aparece substantivo, claro

ou subentendido, que funcione como sujeito do conteúdo predicativo.

Interpreta-se a construção como Impessoal ou Indeterminada.

Vive-se bem.

Lê-se pouco entre nós.

8 – Lembre-se de que os pronomes oblíquos podem apresentar outras

funções sintáticas na frase:

Adjunto Adnominal (Todo pronome oblíquo quando interpretado como

possessivo)

Pisou-me o pé.

Complemento Nominal (Todo pronome oblíquo que complementa um adjetivo

ou advérbio)

Quem ama o feio, bonito lhe parece.

Adjunto Adverbial

Ela saiu comigo. (Adjunto adverbial de companhia.)

Agente da Passiva

O problema foi resolvido por mim.

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COLOCAÇÃO PRONOMINAL A colocação do pronome oblíquo átono ocorrerá de três formas distintas,

dependendo da palavra atrativa que o anteceder, pois ele poderá apresentar-se antes, após ou intermediando uma forma verbal. Próclise (O pronome átono posiciona-se anteposto à forma verbal)

Vejamos alguns casos de palavras atrativas que exercem certa atração em relação ao pronome oblíquo, denotando próclise obrigatória: Palavras com idéias negativas: Nunca o vi antes. Orações optativas: Deus te abençoe. Conectivos de subordinadas: Espero que nos visitem. Em + pronome oblíquo + Gerúndio: Em se tratando... Por + pronome oblíquo + Infinitivo: Por se tratarem... Advérbios sem pausa: Aqui se reúnem poetas. Pronomes indefinidos e demonstrativos: Nada se cria. Mesóclise (O pronome átono posiciona-se interposto à forma verbal) Futuro do Presente: Amar-te-ei por toda vida. Futuro do Pretérito: Amar-te-ia.

Importante: Caso seja necessária a Próclise ela deverá ser efetuada, em detrimento da mesóclise.

Nunca mais te amarei.

Verifica-se que o pronome átono aparece na frase anteposto ao verbo, efetuando a próclise obrigatória em virtude do advérbio que o atrai, mas vale ressaltar que mesmo havendo futuro do presente deixamos de efetuar a mesóclise em detrimento da próclise. Ênclise (O pronome átono posiciona-se posposto à forma verbal) Advérbio com pausa: Aqui, reúnem-se poetas. Imperativo: Levante-se agora!

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Observações: Nunca se inicia oração por pronome oblíquo átono. Ex: Me traz a conta. (forma errada)

Traga-me a conta. (forma correta) Nunca se coloca pronome oblíquo átono após futuro. Ex: Poderia-se dizer tal coisa sobre você. Nunca se coloca pronome oblíquo átono após particípio.

Ex: Tenho visto-o todos os dias. Colocação Pronominal em relação a uma locução verbal 1) Auxiliar + Infinitivo ou gerúndio *Proclítico ao auxiliar:

Eu lhe quero falar. **Enclítico ao auxiliar (ligado por hífen):

Eu quero-lhe falar. ***Enclítico ao verbo principal (ligado por hífen):

Eu quero falar-lhe.

Observação importante: Com mais freqüência ocorre entre brasileiros, na linguagem falada ou escrita, o pronome átono proclítico ao verbo principal, sem hífen: Eu quero lhe falar. 2) Auxiliar + particípio *Proclítico ao auxiliar:

Eu lhe tenho falado. **Enclítico ao auxiliar (ligado por hífen):

Eu tenho-lhe falado.

IMPORTANTE

Quando na frase houver palavra atrativa que exiga próclise, antecedendo a locução verbal, o pronome átono deverá ser posicionado somente na forma proclítica ao auxiliar ou enclítica ao principal.

Não lhe quero falar (proclítico ao auxiliar) ou Não quero falar-lhe. (enclítico ao principal)

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QUESTÕES COMENTADAS SOBRE PRONOMES PESSOAIS E

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

(CESPE/UNB – STJ 2012 – ANALISTA)

As escavações para a localização da biblioteca, sem dúvida um dos maiores tesouros da Antiguidade, atraíram inúmeras gerações de arqueólogos. Inutilmente.

Tratava-se então de uma biblioteca imaginária, cujos livros talvez nunca tivessem existido? Persistiam, contudo, numerosas fontes clássicas que descreviam o lugar em que se encontravam centenas de milhares de rolos. E eis a solução do enigma. 01 - A partícula “se”, em “Tratava-se” (R.4) e em “se encontravam” (R.6), classifica-se como pronome reflexivo e retoma, respectivamente, “uma biblioteca imaginária” (R.4) e “centenas de milhares de rolos” (R.6). Item incorreto. Nos dois casos, não temos a presença de pronome reflexivo. No primeiro caso, percebemos que a partícula “se” está ligada ao verbo “tratar-se” que é transitivo indireto, denotando impessoalidade em construções do tipo (tratar-se de...). Logo, o “se” é classificado como índice de indeterminação do sujeito. No segundo caso, a expressão está relacionada ao verbo “encontrar” que é transitivo direto; entretanto, percebemos a característica passiva marcando a oração. Portanto, o “se” é classificado como pronome apassivador. (CESPE/UNB – TCU 2010 – AUDITOR DE CONTROLE)

(...) A língua é uma boa ilustração disso. Que impressão nos causaria descobrir, ao acordarmos numa bela manhã, que todos os outros homens falam uma língua que não compreendemos? Sob uma forma paradigmática, a língua encarna esse tipo de dados sociais, que pressupõem uma multiplicidade de seres humanos organizados em sociedades e os quais, ao mesmo tempo, não param de se reindividualizar. 02 - A retirada do pronome em “se reindividualizar” (R.6) provocaria erro gramatical e incoerência textual, pois não se explicitaria o que seria reindividualizado. Item correto. Ao retirarmos o vocábulo “se”, prejudicaríamos o entendimento da frase e sua correção, pois ele só poderia ser eliminado se tivesse a função de partícula expletiva, o que não é verificado no texto. Vale ressaltar que os seres humanos não param de se reindividualizar ( = reindividualizar a si mesmos). Logo, o “se” é pronome reflexivo. (Cespe/Unb 2009 – Ministério da Integração Nacional Analista)

Rousseau defendia que o que, de fato, distingue os animais do ser humano é algo que ele denominou perfectibilidade. (...) Atualizando um pouco a distinção, poder-se-ia dizer que é como se os animais viessem com um software instalado, de fábrica, o qual os condiciona e limita durante toda a existência. 03 - A substituição de “poder-se-ia dizer” (R.3) pela forma menos formal poderia se dizer preservaria a correção gramatical do texto, desde que fosse respeitada a obrigatoriedade de não se usar hífen, para se reconhecer que o pronome se está antes do verbo dizer, e não depois do verbo poderia.

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Item incorreto. Destacam-se as quatro possibilidades de construção para a colocação do pronome oblíquo em uma locução verbal qualquer: Poderia se dizer (proclítico ao principal) – construção menos formal Poderia dizer-se (enclítico ao principal)

Poderia-se dizer (enclítico ao auxiliar) se poderia dizer (proclítico ao auxiliar)

Entretanto, no texto, não poderíamos utilizar as duas últimas construções. Por isso, a banca examinadora afirma para o candidato a obrigatoriedade de não se empregar o hífen, pois incorreria em prejuízo gramatical. Mas vale apontar que também estaria correta a segunda construção.

A terceira construção está errada, pois não se coloca pronome oblíquo após futuro do pretérito (poderia).

A quarta construção está errada, visto que não se iniciam orações com pronome oblíquos átonos. (Cespe/Unb 2010 – MPU – Técnico)

Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa superior a 3% em 12 meses, mas a maioria dos analistas aposta que a economia americana perderá força no segundo semestre.

O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança de gradual retomada do crescimento do mercado de trabalho no curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. 04 - Na linha 6, o deslocamento do pronome “se” para imediatamente após a forma verbal “concretizar” — não deverá concretizar-se — não prejudicaria a correção gramatical do texto. Item correto. As duas possibilidades de colocação do pronome átono quando houver palavra atrativa de próclise (palavra negativa = não), antecedendo uma locução verbal:

A) Proclítico ao auxiliar = não se deverá concretizar. B) Enclítico ao principal = não deverá concretizar-se.

(FCC - METRÔ SP 2012 – TÉC. DE SIST. METROVIÁRIOS) 05 - A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes no segmento, foi realizada corretamente em: (A) que pretende construir máquinas multifuncionais - que lhes pretende construir (B) que desejam limpar seu carpete - que desejam o limpar (C) precisa processar dados coletados - precisa processá-los (D) que busque uma caneca - que busque-a (E) requerem um grande conjunto de habilidades - requerem-nas Gabarito correto – Letra C. Analisando a questão, percebemos uma questão clássica da FCC. Letra A – Item errado, pois “construir” é verbo transitivo direto que exige complemento direto. Destaca-se que o pronome “lhe ou lhes” não tem característica direta, somente podem acompanhar verbos transitivos

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indiretos. Outro ponto importante: o pronome “lhes” só poderia ser colocado antes da locução verbal ou após ela.

O correto seria: que as pretende construir ou que pretende construi-las. Letra B – Item errado. Ressalta-se que o erro não está quanto ao pronome empregado, pois o verbo “limpar” é transitivo direto e foi usado um pronome que tem tal característica “o”. Entretanto, quanto à colocação pronominal houve prejuízo, pois o correto seria: que o desejam limpar ou que desejam limpá-lo. Letra C – Item correto, o verbo “processar” é transitivo direto e a colocação do pronome está correta. Letra D – Item incorreto no aspecto de colocação do pronome, o correto seria: que a busque. Letra E – Item incorreto. O erro ocorre no emprego inadequado do pronome feminino plural no lugar do masculino singular. O correto seria: Requerem-nos. Lembre-se de que o pronome relativo “que” é uma palavra atrativa que exige próclise obrigatória. (FUNRIO 2010 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO)

"Quando você me ouvir cantar, Venha, não creia, eu não corro perigo" A canção de Caetano Veloso emprega uma estrutura sintática que

combina os verbos "ouvir" e "cantar" com o pronome "me". 06 - Quanto a essas palavras, é correto afirmar que A) os verbos "ouvir" e "cantar" formam uma locução verbal vinculada ao pronome "me". B) apenas o verbo "cantar" é transitivo direto, sendo "me" o objeto direto. C) Há uma relação de tmese entre a posição do pronome “me” e o verbo "ouvir". D) apenas o verbo "ouvir" é intransitivo, sendo "me" uma palavra expletiva. E) o pronome "me" se relaciona gramaticalmente com "cantar" e com "ouvir". Gabarito correto – Letra E. Analisando as alternativas, temos: Letra A – Errada, O verbo “ouvir” é um verbo sensitivo e “cantar” é um verbo no infinitivo que complementa verbo sensitivo (ouvir), mas não se classificam como locução verbal. Letra B – Errada. O verbo “cantar”, no texto, é intransitivo, entretanto temos outros verbos que se classificam como transitivos diretos “ouvir e correr”. Letra C – Errada. Tmse (=mesóclise). O que ocorre entre o pronome “me” e o verbo “ouvir” é caso de próclise. Letra D – Errada. O verbo “ouvir” não é intransitivo, no entanto, temos

outros verbos no texto que se classificam como intransitivos “cantar”, “ver” e “crer”. Letra E – O pronome “me” se relaciona gramaticalmente com os verbos “ouvir” e “cantar”. Classificando-se como sujeito do verbo “cantar” e objeto direto do verbo “ouvir”, de acordo com entendimento de nosso querido mestre Rocha Lima em sua Moderna Gramática da Língua.

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Pronomes de Tratamento Emprega-se Vossa Excelência (e demais) quando 2ª pessoa, isto é, em relação a quem falamos; emprega-se Sua Excelência (e demais) quando a 3ª pessoa, isto é, em relação à de quem falamos. Quando referidas a pronomes de tratamento, as formas verbais encontrar-se-ão sempre em 3ª pessoa. Ex: Vossa senhoria deve estar satisfeita. Sua Excelência ainda não chegou.

IMPORTANTE Lembre-se de que não se misturam pessoas gramaticais.

Vossa Excelência deve nomear vosso substituto. Se você não enxerga o meu retrovisor, eu também não te vejo. Nas duas frases, houve a mistura de pessoas gramaticais (3a e 2a),

acarretando prejuízo gramatical à frase.

A estes pronomes de tratamento pertencem as formas de reverência que

consistem em nos dirigirmos às pessoas pelos seus atributos ou posições que ocupam:

***Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: a) Do Poder Executivo: Presidente da República; Vice-Presidente da República; Ministros de Estado; Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais-Generais das Forças Armadas; Embaixadores ; Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais .

Nos termos do Decreto no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, art. 28, parágrafo único, são Ministros de Estado, além dos titulares dos Ministérios: o Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-Geral da União e o Chefe da Corregedoria-Geral da União. b) Do Poder Legislativo:

Deputados Federais e Senadores; Ministros do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e Distritais ; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais . c) Do Poder Judiciário:

Ministros dos Tribunais Superiores; Membros de Tribunais; Juízes; Auditores da Justiça Militar. ***Vossa Senhoria – oficiais até coronel, funcionários graduados, pessoas de

cerimônia. ***Vossa Santidade – papa. ***Vossa Magnificência – reitores de universidades. ***Vossa Reverendíssima – sacerdotes em geral. ***Vossa Eminência – cardeais.

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IMPORTANTE Não confunda pronome de tratamento com vocativo. Lembre-se de

que o uso do vocativo ocorre, geralmente, em documentos oficiais.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido

do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador,

Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo

(DD), às autoridades arroladas na lista anterior.

Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é: Senhor Fulano de Tal,

Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.

Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por

força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:

Magnífico Reitor, (...)

Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia

eclesiástica, são: Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:

Santíssimo Padre, (...)

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:

Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...)

Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos.

Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais

religiosos.

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Pronomes Demonstrativos

São os que indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso.

A posição indicada pelo demonstrativo pode referir-se ao espaço, ao tempo (demonstrativos dêiticos espaciais e temporais) ou ao discurso (demonstrativo anafórico). Demonstrativos referidos à noção de espaço Este (e flexões) aplica-se aos seres que pertencem ou estão perto da 1ª pessoa, isto é, daquela que fala: Esse (e flexões) aplica-se aos seres que pertencem ou estão perto da 2ª pessoa, isto é, daquela com quem se fala. Ex: Este livro é o livro que possuo ou tenho entre mãos. Essa casa é a casa onde se encontra a pessoa a quem me dirijo.

Na correspondência, este se refere ao lugar donde se escreve, e esse denota o lugar para onde a carta se destina. Ex: Escrevo estas linhas para dar-te notícia desta nossa cidade e pedir-te as novas dessa região aonde foste descansar. Demonstrativos referidos à noção de tempo Na designação de tempo, o demonstrativo que denota um período mais ou menos extenso, no qual se inclui o momento em que se fala, é este (e flexões): Ex: Neste dia celebramos a nossa independência.

Aplicado a tempo já passado, o demonstrativo usual é esse (e flexões): Ex: Nessa época atravessávamos uma fase difícil.

Se o tempo passado ou vindouro está relativamente próximo do momento em que se fala, pode-se fazer uso de este, em algumas expressões: Ex: Esta noite ( =a noite passada) tive um sonho belíssimo.

Porém, com a mesma linguagem esta noite poderíamos indicar a noite vindoura. Outro exemplo:

"Meu caro Barbosa: Deves ter admirado o meu silêncio destes quinze dias, silêncio para ti, e silêncio para o jornal."

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Demonstrativo referido a nossas próprias palavras (ao discurso) No discurso, quando o falante deseja fazer menção ao que ele acabou de narrar (anáfora) ou ao que vai narrar (catáfora), emprega-se este (e flexões).

Quando a referência é feita às palavras da pessoa com quem se fala, o demonstrativo empregado é esse (e flexões).

Expresso um nome a que, na construção do discurso, se quer juntar uma explicação, comparação, ou se lhe quer apontar característica saliente, costuma-se repetir este nome (ou o que lhe serve de explicação, comparação, ou característica) acompanhado do demonstrativo esse (e flexões).

Ex: A questão é esta? Como passar em concursos públicos? (Catafórico) “(…) Nossa personalidade civil já se exprime com maior precisão mediante nossas coordenadas de nascimento do que mediante nosso sobrenome. Este, com o tempo, poderia muito bem não desaparecer, mas ficar reservado à vida particular, (…) (Anafórico)

“- … não há linguagem que não soe divinamente falada por minha prima.

- Essas lisonjas – volveu ela sorrindo – aprendeu-as nos seus livros velhos, primo Calisto?” [CBr] (Anafórico)

(No trecho, essas lisonjas são as que faz Calisto à sua prima.)

“O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte.” Resumindo: Este (e flexões) – Anafórico e Catafórico. Esse (e flexões) – Anafórico. Aquele (e flexões) – Anafórico.

Há dois tipos de maridos: os sinceros e os dissimulados; estes se encontram com mais facilidade e aqueles estão em extinção.

“(…) Com a extensão dos direitos humanos a direitos políticos e sobretudo sociais, aqueles passam — pelo menos idealmente — a fazer mais do que limitar o governante: devem orientar sua ação. Os fins de seus atos devem estar direcionados a um aumento da qualidade de vida, que não se esgota na linguagem dos direitos humanos, mas tem nela, ao menos, sua condição necessária, ainda que não suficiente.”

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Pronome Indefinido

As palavras algo, alguém, algum, bastante, cada, certo, mais, menos, muito, nada, ninguém, nenhum, outro, outrem, pouco, que, qualquer, quanto, tanto, tudo, todo, um, vários, quando se referem à 3ª pessoa gramatical de modo vago, indefinido. Ex: Alguém falou mal de ti.

Algumas observações importantes sobre os pronomes indefinidos:

Vale ressaltar que alguns pronomes indefinidos quando antepostos ou pospostos ao substantivo podem apresentar sentidos distintos e até mesmo mudar sua classe gramatical.

Observe: 1. Algum Você tem alguma possibilidade de ser aprovado. (Denota um valor positivo) Você tem possibilidade alguma de ser aprovado.

(Marca um valor negativo, que apresenta outra possível reescritura “nenhuma possibilidade”)

2. Certo Vou ao lugar certo (quanto ao sentido denota um caráter definido, específico; logo, morfologicamente é um adjetivo.)

Vou a certo lugar (quanto ao sentido denota um caráter incerto,

indefinido; logo, morfologicamente é um pronome indefinido) 3. Ninguém / nenhum / nada

Estes pronomes costumam vir acompanhados do vocábulo “não” para

enfatizar uma relação negativa, entretanto vale destacar que essa utilização está incorreta de acordo com a norma culta escrita da língua portuguesa. Observe o diálogo:

- Alguém compareceu à aula ontem? - Não veio ninguém.

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Ao analisarmos o diálogo acima, percebemos que a personagem comete um equívoco, pois efetua uma dupla negação, ao utilizar o advérbio “não” e o pronome “ninguém”. Essa má construção é marcada toda vez que o pronome “ninguém” vier posposto ao verbo. Vale ressaltar que se deve evitar tal construção. Caso queira optar por uma forma mais clara deve-se posicionar o pronome “ninguém” anteposto ao verbo. - Ninguém veio. Outro exemplo de dupla negação:

Não há coisa nenhuma que se possa fazer contra ela. Nessa frase, a supressão do vocábulo “nenhuma” preservaria a correção gramatical e traria mais clareza ao texto, eliminando a dupla negação. 4. Todo (= qualquer) Todo o (= totalidade / por inteiro)

Não é toda sociedade brasileira que está refletida na classe política.

A ausência do artigo “a” compromete a correção da frase e a coerência textual.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE PRONOME INDEFINIDO

(CESPE/Unb – ANATEL 2006 – Técnico Administrativo) O senhor admite ter desempenhado um papel fundamental na organização dos ataques do PCC? Não se pode dispensar todo o barril por causa de

algumas maçãs podres. Eu ajudo mais de 90 milhões de brasileiros a se comunicarem diariamente. Sou um aparelho democrático. 01 - As expressões “todo o barril” (R.2) e qualquer barril têm o mesmo sentido. A presença do artigo denota uma ideia de totalidade no texto. Logo, item incorreto.

(CESPE/Unb – Tribunal Regional Eleitoral BA 2010 – Técnico)

Quase todo mundo conhece os riscos de se ter os documentos usados de forma indevida por outra pessoa, depois de tê-los perdido ou de ter sido vítima de assalto. Mas um sistema que começou a ser implantado na Bahia pode resolver o problema em todo o país. 02 - No texto, tanto o termo “todo” (R.1) quanto “todo o” (R.4) expressam totalidade. No texto, os dois vocábulos traduzem a mesma relação de sentido (= totalidade, por inteiro). Logo, item correto.

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Pronome Relativo

São os que normalmente se referem a um termo anterior chamado antecedente. Ademais, reproduzem, numa oração, o sentido de um termo ou da totalidade de uma oração anterior. Eles não têm significação própria; em cada caso representam o seu antecedente. Eu sou o freguês que comprou pão pela manhã. (que se refere à palavra “freguês”.) Todos estavam reunidos no mesmo pátio, o que facilitou a chamada.

(O antecedente não é só um termo da outra oração, mas a totalidade desta. Observe-se que, neste caso, o pronome relativo vem precedido de “o”.)

Eis o quadro dos pronomes relativos: que, quem, quanto, quanta, quantos, quantas, cujo, cuja, cujos,

cujas, o qual, a qual, os quais, as quais. Como relativo, quanto refere-se a tudo ou todo: “Ouvia-a! A sua voz me despertava Tudo quanto de bom conserve n’alma.” (Gonçalves Dias)

Pronomes Relativos Indefinidos Assim me chamam os pronomes relativos empregados sem antecedente

expresso, em frases como as seguintes: Quem espera sempre alcança.

Traiu a quem lhe for a tão fiel. Não teve que objetar.

Estes relativos, também chamados “condensados”, trazem o antecedente incorporado em si. QUE

É o pronome de referência a pessoas, ou coisas, e corresponde, quanto ao sentido, a o qual, a qual, os quais, as quais, embora nem sempre estes possam substituir aqueles, e vice-versa. O ônibus que esperamos está atrasado.

Não são poucas as alunas que faltaram.

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IMPORTANTE É de melhor estilo a preferência de que a qual, que trai a preocupação

popular de clareza, às vezes deselegante: As sessões a que (às quais) assisti. Os dados de que (dos quais) dispunha.

Entenda-se, porém, que nem sempre a substituição é recomendável, ou mesmo possível: Muitos dos candidatos, alguns dos quais adolescentes, não tiveram forças para realizar a prova. As disposições segundo as quais se regem os concursos…

***OBS.: Usa-se o qual (e flexões) em lugar de “que”, principalmente

quando o relativo se acha afastado do seu antecedente e o uso deste último possa dar margem a mais de uma interpretação (Ambigüidade).

Ex.: Estes, sim, clientes de marcas sofisticadas que movimentam mais

de 6 bilhões de reais por ano. Com o emprego do pronome “que” o sentido ficaria ambíguo:

Quem movimenta mais de 6 bilhões de reais por ano? Os clientes ou as marcas sofisticadas?

Perceba que se usássemos o pronome “qual” no lugar de “que” a ambiguidade seria desfeita.

(os quais – “os clientes” e as quais – “marcas sofisticadas”) QUEM

É o pronome quem tem como antecedente, no português atual, propriamente pessoas.

As pessoas de quem falas não vieram.

Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos. CUJO

É o pronome que concorda em gênero e número com o substantivo subseqüente, embora se refira a um substantivo antecedente. Vale ressaltar a idéia de posse que ele traduz com valor de dele (dela). O livro cujas páginas… (= as páginas do qual, as páginas dele.) Os pais a cujos filhos damos aula… (= a casa do qual aluguei)

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Para o emprego correto de cujo, além do que já dissemos antes, convém atentar para três construções viciosas: A) Em vez de cujo, empregar um relativo (que, quem) precedido da preposição de para referir-se à idéia de posse: Ex.: Não posso trabalhar com uma pessoa de quem discordo dos métodos.

Forma Correta: Não posso trabalhar com uma pessoa de cujos métodos discordo.

B) Empregar cujo (e flexões) significando o qual (e flexões): Ex.: O livro cujo eu comprei ontem é excelente. C) Empregar artigo definido antes ou depois de cujo: Ex.: O pai cujo os filhos estudam aqui. ONDE

É pronome-advérbio, geralmente locativo; tem sentido equivalente a lugar em que, no qual, etc. O colégio onde estudas é excelente. O rio onde pescam está poluído.

IMPORTANTE Erro comum com o emprego do pronome “onde”:

Ele trouxe o relatório onde o chefe pudesse fazer estabelecer as prioridades do ano. O uso do pronome “onde” sem referência a lugar acarretará prejuízo à norma culta da língua, visto que o correto seria “em que”ou “no qual”.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE PRONOMES

(CESPE/Unb – STJ 2012 – Analista)

Tal materialidade envolve tanto o meio de comunicação quanto as instituições responsáveis pela reprodução da cultura e, em um sentido amplo, inclui as relações entre meio de comunicação, instituições e hábitos mentais de uma época determinada. 01 - Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o período “Tal materialidade (...) época determinada” (R.32-36) poderia ser assim reescrito: O meio de comunicação, assim como as instituições responsáveis por reproduzir a cultura, é compreendido por essa materialidade, que, em um sentido amplo, abrange as relações entre meio de comunicação, instituições e hábitos mentais de certa época. Item correto. Vale destacar que a banca examinadora exigiu a correção gramatical, entretanto o aluno percebeu uma alteração semântica quanto ao texto original. Visto que “época determinada” não traduz a mesma signicação de “certa época”. Logo, item correto apenas pelo aspecto gramatical. Cuidado com esse tipo de questão!!!!!!

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02 - Na correspondência oficial a ser enviada ao prefeito da cidade de Campinas, devem ser empregados o vocativo “Senhor Prefeito” e o pronome de tratamento “Vossa Excelência”. Item correto. Lembre-se de que pronome de tratamento é diferente de vocativo. Portanto, o candidato deveria atentar que “prefeito” é alta autoridade civil, sendo o pronome correto “Vossa Excelência”; entretanto para o emprego de vocativos, o correto é: Senhor Prefeito.

(CESPE/Unb 2012 – BASA – Técnico)

A evolução dos processos de automação permitiu a instalação dos primeiros caixas eletrônicos no Brasil, ainda na segunda metade da década de 80 do século passado, o que iria culminar na drástica redução no número de funcionários das agências, em especial dos que exerciam a função de caixa. (...) Esse processo de incorporação tecnológica, intensificado no final do século, permitiu à rede bancária implementar um sistema informatizado cuja rapidez acompanhava o ritmo de desvalorização da moeda imposto pelos altos índices de inflação registrados na década de 80. 03 - Mantêm-se a correção gramatical do texto e o seu sentido original, se o trecho “cuja rapidez acompanhava o ritmo de desvalorização da moeda” (R.6-8) for reescrito da seguinte forma: que acompanhava, rapidamente, o ritmo de desvalorização da moeda. Item incorreto quanto ao aspecto semântico, pois a substituição do trecho incorre em mudança no sentido original. Analisando, temos: No texto original: a rapidez do sistema informatizado acompanhava o ritmo de desvalorização. Já no texto reescrito: O sistema informatizado acompanhava o ritmo de desvalorização rapidamente. Vale destacar que gramaticalmente não trouxe prejuízo essa substituição.

04 - A expressão “o que” (R.3) retoma a ideia expressa na oração anterior. Item correto, pois o pronome relativo tem função textual anafórica (retoma um termo ou oração antecedente).

(CESPE/UNB – TCU 2010 – AUDITOR DE CONTROLE)

(...) A língua é uma boa ilustração disso. Que impressão nos causaria descobrir, ao acordarmos numa bela manhã, que todos os outros homens falam uma língua que não compreendemos? Sob uma forma paradigmática, a língua encarna esse tipo de dados sociais, que pressupõem uma multiplicidade de seres humanos organizados em sociedades e os quais, ao mesmo tempo, não param de se reindividualizar. 05 - A flexão de masculino em “os quais” (R.6) mostra que essa expressão retoma um referente masculino plural e não “sociedades” (R.5). O seu emprego, no texto, evita uma possível ambiguidade que poderia ser provocada pelo emprego do pronome que. Item correto. O emprego do pronome “que” gera ambiguidade devido à possibilidade de retomar no texto duas possíveis expressões “sociedades” e “seres humanos”. Entretanto, sua substituição pelo pronome “qual” desfaz todo tipo de ambiguidade. Visto que se quiséssemos fazer alusão a seres humanos, usaríamos a expressão “os quais” e sociedades “as quais”.

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Verbos

Expressa um fato, um acontecimento: o que se passa com os seres, ou em torno dos seres. É a parte da oração mais rica em variações de forma ou acidentes gramaticais. Estes acidentes gramaticais fazem que ele mude de forma para exprimir cinco ideias: modo, tempo, número, pessoa e voz.

Conjugação Verbal

Ao conjunto dos acidentes gramaticais do verbo dá-se o nome de conjugação. Os verbos portugueses se distribuem por três conjugações. A terminação de cada uma delas é formada pela consoante r (desinência do infinitivo), precedida de uma vogal que caracteriza a conjugação:

A, para a primeira; E, para a segunda; I, para a Terceira.

As vogais A, E, I aparecem sistematicamente em várias formas de cada

conjugação, entre o radical do verbo e as desinências de modo, tempo, número e pessoa. Chamam-se vogais temáticas.

Em português, apenas um verbo da segunda conjugação – pôr –, por ser muito irregular, não tem a vogal temática respectiva – e –, na terminação do infinitivo; mas apresentava-a na língua de outros tempos (Po-er) e mantém-na em diversas outras formas atuais. Ex: PusEste

O MODO caracteriza as diversas maneiras sob as quais a pessoa que fala encara a significação contida no verbo; distinguem-se três modos: indicativo, subjuntivo e imperativo.

INDICATIVO = em referência a fatos verossímeis ou tidos como tais:

canto, cantei, cantava, cantarei.

SUBJUNTIVO = em referência a fatos incertos:

talvez cante, se cantasse. IMPERATIVO = em relação a um ato que se exige do agente:

cantai.

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(CESPE/Unb – ABIN 2010 – Agente de Inteligência) O atendimento às demandas de mobilidade evidencia a necessidade de

controle do processo de expansão urbana, propugnando pelo desenvolvimento de cidades mais adensadas, em cujo território haja melhor distribuição das funções. 01 - No trecho “haja melhor distribuição das funções” (R.3-4), o emprego do modo subjuntivo na forma verbal indica possibilidade, hipótese, e não a certeza de ocorrência de melhor distribuição de funções. Item correto, visto que a forma verbal está empregada no subjuntivo e denota um valor hipotético, duvidoso e incerto.

Ao lado desta três, outras formas há, às quais têm os gramáticos vacilado em chamar modos: o infinitivo, o particípio e o gerúndio. Realmente, sem embargo de sua aparência de verbo, tais formas não possuem função exclusivamente verbal. O infinitivo é antes um substantivo: como este, pode ser sujeito ou

complemento de um verbo, e, até, vir precedido de artigo. O particípio tem valor e forma de adjetivo: modifica substantivos com os

quais concorda em gênero e número; apresenta o feminino em –a, e o plural em –s. O gerúndio equipara-se ao advérbio, pelas várias circunstâncias de lugar, tempo, modo, condição, etc., que exprime. Autores modernos intitularam-nas formas nominais do verbo, ou, mais expressivamente, verboides.

Não é difícil governar a Itália.

Mulher sabida. Amanhecendo, sairemos.

Emprego do Infinitivo

Emprego do infinitivo flexionado e sem flexão: 1) Infinitivo pertencente a uma locução Verbal:

Não se flexiona normalmente o infinitivo que faz parte da locução verbal. Não sairei, porque os aguaceiros podem cair a qualquer momento. Exceção: Quando o verbo principal se acha afastado do auxiliar e se deseja avivar a pessoa a quem a ação se refere: “Possas tu, descendente maldito De uma tribo de nobres guerreiros, Implorando cruéis forasteiros,

Seres presa de vis Aimorés.” [GD]

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2) Infinitivo dependente dos verbos causativos e sensitivos: Com os causativos deixar, mandar, fazer (e sinônimos) e os sensitivos ver, ouvir, olhar, sentir (e sinônimos) a norma é aparecer o infinitivo sem flexão.

Deixai vir a mim as criancinhas. Da sala ouvíamos ladrar os cães.

Cuidado: Caso a intenção seja realçar o sujeito da oração, pode ocorrer a

flexão do infinitivo. Deixai virem a mim as criancinhas. O vocábulo “as criancinhas” representa o sujeito da oração representada pelo verbo “vir”.

3) Em geral, quando o infinitivo forma oração que complementa substantivos e adjetivos: Não se flexiona normalmente o infinitivo.

Temos a obrigação de ajudar nossos pais. Eles sentiam prazer em prestar estes serviços.

Flexiona-se, no entanto, o infinitivo da voz reflexiva: Jogador e técnico estão dispostos a se reconciliarem. Na voz passiva, a flexão, neste caso, é opcional:

Não falam ao telefone, com medo de ser (ou serem ) ouvidos.

4) Infinitivo fora da locução verbal: Fora da locução verbal, “a escolha da forma infinitiva depende de

cogitarmos somente da ação ou do intuito ou necessidade de pormos em evidência o agente do verbo”.[SA]

O infinitivo sem flexão revela que a nossa atenção se volta com especial cuidado para a ação verbal; o flexionamento serve de insistir na pessoa do sujeito. Trabalhamos para vencer a monotonia da vida. Trabalhamos para vencermos a monotonia da vida. Caso o sujeito léxico esteja expresso, é obrigatória a flexão do infinitivo. Trabalhamos para nós vencermos a monotonia da vida. “É permitido aos versistas poetarem em prosa.” [CBr]

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QUESTÕES COMENTADAS DE FORMAS NOMINAIS DO VERBO

(CESPE/Unb – 2006 ANATEL – Agente Administrativo)

(...) Seguem-se duas outras categorias que, ao contrário, representam um risco. A primeira é composta de pessoas incapazes de ir a qualquer lugar se não tiverem a possibilidade de conversar fiado acerca de frivolidades com amigos e parentes de que acabaram de se separar. 01 - As formas verbais de infinitivo “ir” (R.2), “conversar” (R.3) e “separar” (R.4) poderiam assumir corretamente as seguintes formas flexionadas, respectivamente: irem; conversarem; separarem. Item incorreto, visto que no primeiro e segundo caso poderíamos flexionar o infinitivo para realçar o sujeito da oração; entretanto no ultimo caso não poderíamo flexioná-lo por se tartar de uma locução verbal. (CESPE/Unb – 2009 – Ministério da Integração Nacional – Ténico) 02 – Em “mandar vir da Europa alguns pássaros”, a forma verbal “vir” poderia concordar com a expressão nominal “alguns pássaros”, que é o sujeito desse verbo.

Item correto. Apesar de o infinitivo completar verbo causativo, a flexão pode ocorrer para se realçar o sujeito da frase.

Verbos com duplo particípio Existe grande número de verbos que admitem dois (e uns poucos até três) particípios: um regular, terminado em -ado (1ª conjugação) ou -ido (2ª e 3ª conjugação), e outro irregular, proveniente do latim ou de nome que passou a ter aplicação como verbo, terminado em -to, -so ou criado por analogia como modelo preexistente. Eis a relação de alguns verbos com suas formas duplas de particípio. Aceitar – Aceito (Irregular) / Aceitado (Regular) Desenvolver – Desenvolto (Irregular) / Desenvolvido (Regular) Eleger – Eleito (Irregular) / Elegido (Regular) Entregar – Entregue (Irregular) / Entregado (Regular) Expressar – Expresso (Irregular) / Expressado (Regular) Extinguir – Extinto (Irregular) / Extinguido (Regular)

Em geral, emprega-se a forma regular, que fica invariável com os auxiliares ter e haver, na voz ativa, e a forma irregular, que se flexiona em gênero e número, com os auxiliares ser, estar e ficar, na voz passiva.

Nós temos aceitado os documentos. Os documentos têm sido aceitos por nós.

Obs1: Na linguagem contemporânea, quer com o auxiliar ter, quer com ser, só se usam os particípios irregulares ganho, gasto e pago, dos verbos ganhar, gastar e pagar. De pegar, o particípio literário é pegado, com qualquer auxiliar:

Ele tinha gasto tudo o que possuía.

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Obs2: Existe um grupo de verbos que somente têm um particípio, porém

irregular. Abrir – aberto / cobrir – coberto / dizer – dito / escrever – escrito /

fazer – feito / pôr – posto / ver – visto / vir – vindo. Estes verbos (e os respectivos derivados) não conheceram nunca

particípio em –ido.

QUESTÕES COMENTADAS DE FORMAS NOMINAIS DO VERBO

(CESPE/Unb – Tribunal Regional Eleitoral BA 2010 – Técnico) “(…) A tecnologia usada atualmente para a emissão de carteiras de

identidade na Bahia pode evitar esse tipo de transtorno. A foto digital, impressa no documento, dificulta adulterações. (…) Se tudo estiver em ordem, o documento é entregue em cinco dias. Ao ser retirada a carteira, as digitais são conferidas novamente. (…)” 01 - Os vocábulos “impressa” (R.2) e “entregue” (R.4) são particípios irregulares dos verbos imprimir e entregar, respectivamente; tais verbos admitem, também, as formas participiais regulares: imprimido e entregado. Item correto, pois os verbos em destaque são abundantes na forma do particípio.

O emprego do gerúndio A presença do gerúndio em um texto marcará uma ação verbal em desenvolvimento. O Globo Esporte está completando 30 anos com um cardápio ainda mais e rico e variado.

QUESTÕES COMENTADAS DE FORMAS NOMINAIS DO VERBO (CESPE/Unb 2010 – AGU Administrador)

As demandas provenientes das mudanças climáticas nos obrigam a repensar e recriar nossos modelos, com inovação e visão de futuro. É isso que estão fazendo (ou deveriam estar fazendo) os líderes mundiais. 01 - A substituição de “estão fazendo” (R.3) e “estar fazendo” (R.3), respectivamente, por fazem e fazer manteria a correção do texto, mas alteraria seu sentido.

Item correto, pois a presença do gerúndio no texto original denota uma relação contínua, em desenvolvimento não propalada pelas formas verbais a serem inseridas no texto, acarretando mudança no sentido original do texto, entretanto preserva a correção gramatical.

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(CESPE/Unb 2010 – ABIN Agente de Inteligência)

(...) Essa nova forma de ver a mobilidade deve promover o reordenamento dos espaços e das atividades urbanas, de forma a reduzir as necessidades de deslocamento motorizado e seus custos e construir espaços e tempos sociais em que se preserve, defenda e promova a qualidade do ambiente natural e os patrimônios históricos, culturais e artísticos das cidades e dos bairros antigos. 02 - A expressão “de forma a reduzir” (R.2) poderia ser substituída pela forma verbal reduzindo sem prejuízo para o sentido e a correção gramatical do período sintático em que ocorre. Item incorreto, pois a substituição dessa expressão pelo forma nominal de gerúndio acarretaria erro gramatical de paralelismo sintático. Vale ressaltar que no texto existem duas orações ligadas a expressão em destaque. “de forma a reduzir (…) e (de forma a) construir…”. Logo, não poderíamos substituir pelo gerúndio pelo fato de as duas formas terem que se apresentar no texto na mesma estrutura nominal (infinitivo – infinitivo).

Vício de Linguagem : Gerundismo

Muitos alunos acreditam que o gerundismo é a constante repetição do gerúndio no texto. O que é um grande equívoco, visto que o gerundismo ocorre, normalmente, na tentativa de expressar ações de execução imediata no tempo futuro com emprego do verbo auxiliar (normalmente estar) e o gerúndio, tais como "vou estar telefonando", "vamos estar publicando", esquecendo-se da caracterização durativa acarretada pelo uso do gerúndio.

Vou estar transferindo você para o setor de cancelamento.

Para se corrigir a frase, basta eliminarmos o verbo “estar” e reescrevermos o período que ficaria assim: Vou transferi-lo para o setor de cancelamento.

(CESPE/Unb 2010 – Tribunal Regional Eleitoral - Técnico) Na Bahia, a troca pelo modelo novo será feita aos poucos. As atuais

carteiras de identidade vão continuar valendo e serão substituídas quando houver necessidade de emitir-se a segunda via. Por enquanto, só a Bahia está enviando os dados para a Polícia Federal.

01 - O emprego das expressões “vão continuar valendo” (R.2) e “está

enviando” (R.3-4), as quais indicam haver uma ação em curso, usualmente, deve ser considerado vício de linguagem.

Item incorreto, pois não se trata de gerundismo pelo fato da ação contínua que o gerúndio denota ser coerente com o contexto do trecho vocabular. Vale destacar o cuidado que o aluno deve ter antes de falar que é gerundismo. Veja se a presença do gerúndio está correta ou não na frase.

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O TEMPO informa, de maneira geral, se o que expressa o verbo ocorre

no momento em que se fala, numa época anterior, ou numa ocasião que ainda esteja por vir; são, fundamentalmente, três tempos: presente, pretérito e futuro. Para o pretérito e o futuro estabeleceram-se na língua certas diferenças; há três modalidades de pretérito e duas de futuro.

São, ao todo, seis os tempos simples em português. Ei-los, no modo indicativo: 1) Presente (louvo) – Desinência Modo-Temporal = X (Fato habitual no momento em que se fala.) 2) Pretérito Imperfeito (louvava) – Desinência Modo-Temporal = VA / IA (Fato iniciado no passado e não concluído.) Perfeito (louvei) – DMT = 0 (Fato iniciado no passado e já concluído.) Mais-que-perfeito (louvara) – DMT = RA / RE (átono) (Fato iniciado no passado já concluído e anterior a outro, também concluído.) 3) Futuro do presente (louvarei) – DMT = RA / RE (tônico)

(Fato que ainda irá realizar-se.) do pretérito (louvaria) – DMT = RIA / RIE

(Futuro vinculado ao passado.)

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No modo subjuntivo, só há três tempos simples:

1) Presente (louve) - Desinência Modo-Temporal = E / A

(Fato que pode ocorrer no presente.) 2) Pretérito Imperfeito (louvasse) – Desinência Modo-Temporal = SSE

(Expressa uma hipótese.) 3) Futuro (louvar) – Desinência Modo-Temporal = R / RE

(Fato que pode ocorrer no futuro.) O modo imperativo, só tem um tempo – o presente –, que também se

aplica às ordens que se dão para o futuro e o passado. Faça o que eu lhe digo. Faça o que eu lhe disser. ***IMPERATIVO AFIRMATIVO***

TU / VÓS derivam do presente do indicativo, suprimindo a desinência “s”.

As outras pessoas gramaticais derivam do presente do subjuntivo. ***IMPERATIVO NEGATIVO***

Todas as pessoas gramaticais derivam do presente do subjuntivo. Ouça seu pai, use cinto de segurança. Não faça mal aos animais.

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QUESTÕES COMENTADAS SOBRE TEMPOS E MODOS VERBAIS

(FCC 2009 – SEFAZ SP – AUDITOR) ... crê-me que és ainda mais obtuso do que pareces. 01 - Trocando a segunda pela terceira pessoa, a frase acima está em total conformidade com o padrão culto escrito em: (A) creia-me que é ainda mais obtuso do que parece. (B) crede-me que é ainda mais obtuso do que parecei. (C) crê-me que é ainda mais obtuso do que parece. (D) creia-me que é ainda mais obtuso do que parecei. (E) crede-me que és ainda mais obtuso do que parecei. Gabarito correto – Letra A. (Não se esqueça da uniformidade gramatical – pronomes e verbos na mesma pessoa gramatical) Analisando, temos: Letra B – verbos na 2ª pessoa do plural (crede e parecei) Letra C – A forma verbal “crede” na 3ª pessoa, entretanto conjugada de forma inadequada quanto ao modo imperativo, que diz: na 3ª pessoa do singular ou plural deriva-se do presente so subjuntivo. Letra D – O erro está no fim da frase, ao usar o verbo “parecer” na 2ª pessoa do plural (parecei). Letra E – alternativa totalmente errada conforme já analisado anteriormente. (FCC - TRIB. REG. TRABALHO 11ª REGIÃO 2012 – TÉC. JUD. ADM)

Para isso, basta que o Brasil seja capaz de colocar em prática uma

ampla e bem-sucedida política socioambiental ... 02 - O emprego da forma verbal grifada na frase acima indica (A) restrição à afirmativa anterior. (B) condição da realização de um fato. (C) finalidade de uma ação futura. (D) tempo passado em correlação com outro. (E) hipótese passível de se realizar. Gabarito correto – Letra E. Uma questão clássica de identificação de tempo e modo verbal em que o candidato deve marcar o valor de sentido que o verbo confere à frase. Analisando a questão, temos: A forma verbal “seja” marca, com a presença da desinência modo-temporal “a”, o presente do subjuntivo. Logo, o aluno deveria lembrar que o modo subjuntivo denota uma fato hipotético, duvidoso ou incerto e que o tempo presente nesse modo verbal propala um fato que pode ocorrer no presente. Portanto, hipótese passível de se realizar.

(FCC 2010 – SEFAZ SP – Técnico da Fazenda Estadual) Essa sensação de frustração e remorso decorre da percepção de que poderia ter acontecido algo bom ... (3o parágrafo) 03 - O emprego da forma verbal grifada acima indica (A) situação que se repete, tanto no presente quanto no futuro. (B) fato ocorrido no passado, que se mantém até o momento. (C) situação passada, anterior a outra, também passada. (D) possibilidade de realização de um fato que depende de outro. (E) fato concreto, que deverá se realizar num futuro próximo.

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Gabarito correto – Letra D. O candidato deveria identificar o tempo e modo verbal, o que facilmente é constatado pela desinência modo-temporal “ria” a qual marca o futuro de pretérito do indicativo que denota uma ação futura vinculada ao passado. Vale ressaltar que o futuro do pretérito é um tempo verbal que difere dos outros tempos do indicativo por se alinhar com o subjuntivo, propalando uma possibilidade de acontecimento. Por isso, é uma possibilidade de realização de um fato no futuro que está ligado a outro no passado.

(FCC - MINIST. PÚBL.ESTAD. AMAPÁ 2012 – TÉC. MINISTERIAL)

A inclusão das terras indígenas na conta faz muito sentido, embora os povos que habitam tradicionalmente essas áreas tenham o direito de caçar e

pescar nelas, por exemplo. 04 - O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em: (A) Quase metade da Amazônia brasileira pertence hoje à categoria... (B) Em unidades de conservação integral, como parques nacionais, esse número no mesmo período foi de 2,1%. (C) Vários levantamentos apontam que... (D) Terras indígenas e unidades de conservação contribuem de modo... (E) Essa dicotomia entre copo meio cheio e meio vazio talvez seja a principal mensagem... Gabarito correto – Letra E. Identificando o tempo e modo verbal com a ajuda da desinência modo-temporal “a”, percebemos que se trata de um verbo no presente do subjuntivo. Logo, verificamos que a única alternativa que apresenta um verbo no mesmo tempo e modo é a de letra E – “seja”. Vale destacar que na letra A, temos: presente do indicativo; na B, pretérito perfeito do indicativo; na C, presente do indicativo; na D, presente do indicativo. (FCC - MINIST. PÚBL.ESTAD. PE 2012 – TÉC. MINISTERIAL) ... que estabeleciam salários mínimos nas indústrias-chave.

05 - O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em: (A) ... que muito mais tarde se tornaria o Serviço consultivo de conciliação... (B) ... embora o meu escritório e alguns de meus colegas estejam indignados... (C) ... de um esquema que pertence ao Ministério da Saúde... (D) Em 1908, também apresentou a Corte permanente de arbitragem... (E) ... porque limitava o tempo que os mineiros … Gabarito correto - letra E, pela análise da desinência modo-temporal “ia” denota-se uma forma verbal no pretérito imperfeito do indicativo.

Analisando as alternativas, temos: Letra A – “tonaria” – DMT = RIA – futuro do pretérito do indicativo. Letra B – “estejam” – DMT = A – presente do subjuntivo.

Letra C – “pertence” – DMT = não possui – presente do indicativo. Letra D – “apresentou” – DMT = variante – pretérito perfeito do ind. Letra E – “limitava” – DMT = va – pretérito imperfeito do indicativo.

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Classificação dos Verbos

REGULAR, IRREGULAR, ÂNOMALO, DEFECTIVO E ABUNDANTE

Diz-se que um verbo é regular, quando o seu radical é invariável, e as terminações são as mesmas da maioria dos verbos da mesma conjugação. Ao dizermos, que o radical não varia, falamos, naturalemente, dos fonemas, porque, muitas vezes, para conserver a identidade dos sons, há necessidade de alterar as letras, Segundo as convenções gráficas: explic-o, expliqu-e; alcanç-o, alcanc-e; finj-o, fing-es. Não há, portanto, os irregulares gráficos.

Para estudar os vários acidentes nos diferentes modos e tempos de cada conjugação regular, toma-se um de seus verbos para modelo ou paradigma. Vale ressaltar que em concurso público os verbos regulares não são muito cobrados. Verbos Irregulares (e Anômalos) São irregulares os verbos de determinada conjugação que não acompanham o respective paradigma.

Destes, SER e IR – dada a existência de três radicais em cada um – chamam-se especialmente ANÔMALOS.

Verbos Irregulares de 1a conjugação

DAR

Pres.ind: dou, dás, dá, damos, dais, dão. Pret.perf.ind: dei, deste, deu, demos, destes, deram. Pret.m.-que-perf.ind: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram. Pret.imp.ind: dava, davas, dava, dávamos, dáveis, davam. Fut.pres.ind: darei, darás, dará, daremos, dareis, darão. Fut.pret.ind: daria, darias, daria, daríamos, daríeis, dariam. Pres.subj. dê, dês, dê, demos, deis, deem. Pret.Imp.subj: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem. Fut.subj: der, deres, der, dermos, derdes, derem.

Verbos Irregulares de 1a conjugação terminados em -EAR

FREAR Pres.ind: freio, freias, freia, freamos, freais, freiam. Pret.perf.ind: freei, freaste, freou, freamos, freastes, frearam.

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Pret.m.-que-perf.ind: freara, frearas, freara, freáramos, freáreis, frearam. Pret.imp.ind: freava, freavas, freava, freávamos, freáveis, freavam. Fut.pres.ind: frearei, frearás, freará, frearemos, freareis, frearão. Fut.pret.ind: frearia, frearias, frearia, frearíamos, frearíeis, freariam. Pres.subj: freie, freies, freie, freemos, freeis, freiem. Pret.Imp.subj: freasse, freasses, freasse, freássemos, freásseis, freassem. Fut.subj: frear, freares, frear, frearmos, freardes, frearem.

Verbos Regulares de 1a conjugação terminados em –IAR

COPIAR

Pres.ind: copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam. Pret.perf.ind: copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copiaram. Pret.m.-que-perf.ind: copiara, copiaras, copiara, copiáramos, copiáreis, copiaram. Pret.imp.ind: copiava, copiavas, copiava, copiávamos, copiáveis, copiavam. Fut.pres.ind: copiarei, copiarás, copiará, copiaremos, copiareis, copiarão. Fut.pret.ind: copiaria, copiarias, copiaria, copiaríamos, copiaríeis, copiariam. Pres.subj: copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem. Pret.Imp.subj: copiasse, copiasses, copiasse, copiássemos, copiásseis, copiassem. Fut.subj: copiar, copiares, copiar, copiarmos, copiardes, copiarem.

IMPORTANTE Há cinco verbos em –IAR que, todavia, se conjugam como se fossem terminados em –EAR, isto é, têm ei nas mesmas pessoas em que estes o apresentam. São eles: ANSIAR, INCENDIAR, MEDIAR, ODIAR E REMEDIAR.

Verbos Irregulares de 2a conjugação

VER

Pres.ind: vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem. Pret.perf.ind: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram. Pret.m.-que-perf.ind: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram. Pret.imp.ind: via, vias, via, víamos, víeis, viam.

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Fut.pres.ind: verei, verás, verá, veremos, vereis, verão. Fut.pret.ind: veria, verias, veria, veríamos, veríeis, veriam. Pres.subj. veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam. Pret.Imp.subj: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem. Fut.subj: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.

IMPORTANTE Assim se conjugam antever, entrever, prever e rever. Prover e

desprover modelam-se por ver, exceto no pretérito perfeito do indicativo e derivados, e particípio, quando se conjugam regularmente. Pret.perf. ind: provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram. Pret.m.-que-perf.ind: provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram. Fut.subj: prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem. Part.: provido.

PÔR

Pres.ind:

ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem. Pret.perf.ind:

pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram. Pret.m.-que-perf.ind:

pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis, puseram. Pret.imp.ind:

punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham. Fut.pres.ind: porei, porás, porá, poremos, poreis, porão. Fut.pret.ind:

poria, porias, poria, poríamos, poríeis, poriam. Pres.subj.

ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham. Pret.Imp.subj:

pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem. Fut.subj:

puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.

IMPORTANTE Assim se conjugam opor, apor, compor, expor, depor,

sobrepor, antepor, etc.

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Verbos Irregulares de 3a conjugação

VIR Pres.ind: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm. Pret.perf.ind: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram. Pret.m.-que-perf.ind: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram. Pret.imp.ind: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham. Fut.pres.ind: virei, virás, virá, viremos, vireis, virão. Fut.pret.ind: viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam. Pres.subj. venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham. Pret.Imp.subj: viesse, viesses, viesse, víessemos, víesseis, viessem. Fut.subj: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem.

IMPORTANTE Assim se conjugam advir, avir-se, convir, desavir, intervir,

provir, sobrevir.

Verbos defectivos

São verbos que não têm conjugação completa. Podemos distribuí-los em três grandes grupos: a) O dos Impessoais, que, por figurarem em orações sem sujeito, só, aparecem na terceira pessoa do singular – a exemplo de chover, nevar, trovejar, etc. b) O dos Unipessoais, que indicam vozes ou ruídos peculiares a determinados

animais, empregando-se, portanto, apenas na terceira pessoa do singular e do plural – tais como cacarejar, coaxar, miar, etc. c) O daqueles que carecem de algumas formas, por motivos variados e difíceis de fixar, entre os quais sobressaem a eufonia e a possibilidade de confusão com formas de outro verbo. De abolir, por exemplo, não se usam a primeira pessoa do singular do presente do indicativo e, consequentemente, todas as pessoas do presente do subjuntivo – e isto, decerto, por não serem elas agradáveis ao ouvido; à homonímia com falar atribui-se a falta das formas rizotônicas de falir. Entretanto, a defectividade verbal, na maioria das vezes, não assenta em razões outras senão que o simples desuso de alguns tempos, modos, ou pessoas.

Vejamos os principais tipos deste ultimo grupo:

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REAVER Derivado de haver, conjuga-se exclusivamente nas formas em que o verbo primitivo mantém a letra V:

Pres.ind: reavemos, reaveis. Imperativo afirmativo: revei (vós). Pret.imp.ind: reavia, reavias, reavia, reavíamos, reavíeis, reaviam. Pret.perf.ind: reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram. E assim por diante.

Mas falta-lhe, é claro, o presente do subjuntivo, o imperativo

negativo e a segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo.

PRECAVER-SE

Não deriva de ver, nem tem qualquer afinidade com vir. No presente do indicativo, somente se usam a primeira e a segunda pessoas do plural: nós nos precavemos, vós vos precaveis. No imperativo afirmativo: precavei (vós). Conjuga-se, nos demais tempos e modos, como qualquer verbo regular da segunda conjugação: Pret.imp.ind:

eu me precavia, tu te precavias, ele se precavia, nós nos precavíamos, vós vos precavíeis, eles se precaviam.

Pret. Perf.ind: eu me precavi, tu te precaveste, ele se precaveu, nós nos

precavemos, vós vos precavestes, eles se precaveram. Pret.m-que-perf.ind: eu me precavera, tu te precaveras, ele se precavera, nós nos precavêramos, vós vos precavêreis, eles se precaveram.

Não existe, naturalmente, o presente do subjuntivo, o imperativo negativo e a segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo.

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ABOLIR

Não possui a primeira pessoa do singular do presente do indicativo

e, pois, todo o presente do subjuntivo e as pessoas do imperativo que se formam do presente do subjuntivo. Eis como se conjuga: Pres.ind: aboles, abole, abolimos, abolis, abolem. Imp.afirm: abole (tu), aboli (vós).

Nas outras formas, é totalmente regular. Seguem o modelo de “abolir” os seguintes verbos, entre outros: carpir, colorir, compelir, competir, delinquir, delir, demolir, discernir, explodir, extorquir, impelir, retorquir.

IMPORTANTE Paralelamente a colorir, da 3a conjugação, há o verbo colorar, de conjugação integral. Daí ser correto dizer “eu coloro” (de colorar), porém com a vogal tônica aberta (ó), como a de adorar.

REMIR

No presente do indicativo, só admite a primeira e a segunda pessoas do plural: remimos, remis. E no imperativo afirmativo, a segunda do plural: remi vós. Vale ressaltar que também lhe falta todo o presente do subjuntivo e as pessoas do imperativo derivadas do presente do subjuntivo. Nos demais modos e tempos, tem conjugação completa e regular. As formas inexistentes podem ser supridas pelas do verbo redimir, seu sinônimo, de conjugação inteiramente normal.

Pautam-se por remir os seguintes verbos, entre outros: aguerrir,

combalir, comedir-se, embair, falir, florir, foragir-se, renhir.

Verbos Abundantes

É o verbo que apresenta duas ou três formas de igual valor e função: havemos e hemos; constrói e construi; pagado e pago; nascido, nato, nado.

Normalmente, esta abundância de forma ocorre no particípio. A) construir, desconstruir, destruir, estruir, reconstruir. Pres.Ind: construo, construis (ou constróis), construi (ou constrói),

construímos, construís, construem (ou constroem). Imp.afirm: construi tu (ou constrói tu), construí vós.

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B) entupir e desentupir.

Pres. Ind: entupo, entupes (ou entopes), entupe (ou entope), entupimos, entupis, entupem (ou entopem).

Imp.afirm: entupe (ou entope) tu, entupi vós. C) haver. Pres.ind: hei, hás, há havemos (ou hemos), haveis (ou heis), hão. Imp.afirm: há, havei. D) querer e requerer. Pres.ind: quero, queres, quer (ou quere), queremos, queries, querem.

requeiro, requires, requer (ou requere), requeremos, requereis, requerem.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE FLEXÃO E EMPREGO DOS VERBOS

(FCC – METRÔ SP 2010 – ADVOGADO) 01 - Está apropriado o emprego e correta a flexão de todos os verbos na frase: (A) Tínhamos ganho vários presentes, e eu já tinha eleito o meu favorito: um belo helicóptero, que deporam junto à árvore de Natal. (B) O helicóptero alçava o ar pela força dos meus braços, sem que intervisse qualquer tipo de dispositivo eletrônico. (C) Seria preciso que eu retivesse o helicópero em sua caixa, para que ninguém viesse a suspeitar do que lhe ocorrera. (D) Meu irmão refreiou por um momento sua curiosidade, ao passo que eu, como não detesse a curiosidade, passei a abrir os presentes. (E) Meus pais se manteram para todo o sempre à margem do que ocorrera com meu helicóptero e do pequeno ardil que lhes impigira.

Item correto: letra C Analisando, temos: Letra A – Erros nas formas verbais: “eleito” e “deporam”. As formas corretas seriam: elegido e depuseram. Vale destacar que

o verbo “ganhar” não possui particípio regular “ganhado”; o verbo “eleger” tem duplo particípio “eleito” (irregular) com o auxiliar “ser ou estar” e “elegido” (regular) com o auxiliar “ter ou haver” e o verbo “depor” é derivado do verbo “por”, logo se conjuga da mesma forma.

Letra B – O verbo “intervir” é derivado do “vir”. Portanto, o correto seria “interviesse”. Erro de flexão verbal.

Letra C – Destaca-se o erro ortográfico na palavra “helicópero”; entretanto, a banca examinadora em nenhum momento solicitou ao candidato analisar ortografia. Por isso, item correto. Letra D – Erro de flexão dos verbos “refrear” (verbos terminados em EAR – conjuga-se pelo “passear”) e “deter” (derivado do verbo “ter”). O correto seria: “refreou” e “detivesse”. Letra E – Erro de flexão do verbo “manter” e emprego do verbo “impigir”. O correto seria: “mantiveram” e “impingira” (=embutir).

(FCC – PGE 2009 – TÉCNICO SUPERIOR) 02 - Estão corretos o emprego e a flexão de todas as formas verbais na frase:

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(A) No caso de um direito individual se sobrepuser ao interesse público, prefigura-se uma situação de conflito no interior da ordem jurídica. (B) Se um cidadão for irresponsável e não reter sua ambição criminosa, poderá ficar privado do exercício prévio do direito de defesa. (C) As informações que forem aprendidas por meio de quebra de sigilo telefônico podem estar suprindo um direito individual. (D) A autoridade que se propuser a acessar informações sigilosas deverá respaldar essa medida com a obtenção de ordem judicial. (E) Os efeitos que advirem de uma escuta telefônica só se legitimarão quando tenha sido autorizada por um juiz de direito.

Gabarito correto – Letra D. Analisando as alternativas, temos: Letra A – O verbo “sobrepor” está flexionado incorretamente, visto

que se trata de uma forma verbal no infinitivo pessoal, sendo a forma correta: sobrepor. Entretanto, vale destacar um ponto muito importante que os alunos costumam ter dúvidas: a diferença do infinitivo pessoal com o futuro do subjuntivo. Lembre-se de que o futuro do subjuntivo é um tempo e modo verbal que denota um fato hipotético, duvidoso. Portanto, pedimos aos alunos que analisem o contexto da frase e perceba se há ou não a presença dessa característica. Se houver será o futuro do subjuntivo, caso contrário o infinitivo pessoal.

Letra B – Há erro na flexão do verbo “reter”, pois no futuro do subjuntivo, o correto seria: retiver. Veja que nessa alternativa há explícita a característica hipotética ou incerta.

Letra C – Há dois erros quanto ao emprego da forma verbal no texto: “aprendidas” e “suprindo”. Percebe-se claramente pela análise do contexto que as formas verbais deveriam ser, respectivamente: apreendidas (= apreensão da informações) e suprimindo (eliminando, acabando com o direito individual).

Letra E – Erros na flexão dos verbos “advir” que é derivado do “vir” e “ter”, o correto seria: advierem e tiver.

(FCC 2011 – TRT 23ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO) 13 - O verbo corretamente empregado e flexionado está grifado em: (A) É de se imaginar que, se os viajantes setecentistas antevessem as dificuldades que iriam deparar, muitos deles desistiriam da aventura antes mesmo de embarcar. (B) O que quer que os compelisse, cabe admirar a coragem desses homens que partiam para o desconhecido sem saber o que os aguardava a cada volta do rio. (C) Caso não se surtisse com os mantimentos necessários para o longo percurso, o viajante corria o risco de literalmente morrer de fome antes de chegar ao destino. (D) Se não maldiziam os santos, é bastante provável que muitos dos viajantes maldizessem ao menos o destino diante das terríveis tribulações que deviam enfrentar. (E) Na história da humanidade, desbravadores foram não raro aqueles que sobreporam o desejo de enriquecer à relativa segurança de uma vida sedentária. Gabarito correto – Letra B. Analisando as alternativas, temos:

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Letra A – A forma verbal “antevessem” está flexionada incorretamente, pois é verbo “antever” é derivado de “ver”. Portanto, o correto seria: antevissem.

Letra C – A forma verbal “surtisse” foi empregada no período incorretamente, visto que pelo contexto o viajante deveria de abastecer dos mantimentos para não morrer de fome. Logo, o correto seria o emprego de seu parônimo “sortir”: sortisse. Ressalta-se ainda o cuidado que o aluno deve ter com os parônimos na prova.

Surtir (= ter efeito, resultado) / Sortir (= abastercer). Letra D – A flexão do verbo “maldizer” está incorreta, pois é

derivado do verbo “dizer”. O correto seria: maldissessem. Letra E – A flexão do verbo “sobrepor” está incorreta, visto que é

verbo derivado de “por”. Portanto, o correto seria: sobrepuseram.

O NÚMERO e A PESSOA são os acidentes que mostram a qual das três

classes de sujeito se refere o verbo, e, ainda, se tal sujeito está no singular, ou plural.

Chama-se VOZ ao acidente que expressa a relação entre o processo

verbal e o comportamento do sujeito. Eis as vozes:

Ativa – Em que o sujeito é o agente do processo indicado pelo verbo:

Um incêndio destruiu o velho casarão. Selvagens povoam a terra.

Passiva – Em que o sujeito é o paciente do processo verbal.

Há duas formas para o emprego da voz passiva:

Analítica [locução verbal (auxiliar: ser ou estar) + agente da passiva]

O velho casarão foi destruído por um incêndio. A terra é povoada por selvagens.

Sintética [verbo ou locução verbal + se (pronome apassivador)] Destruiu-se o velho casarão. Povoa-se a terra.

Reflexiva – Em que a ação parte voluntariamente do sujeito e sobre ele recai

(de tal sorte, que ele encarna, a um só tempo, o agente e o paciente do processo verbal):

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Desmoralizado, o ditador matou-se. Fernanda feriu-se num espinho da rosa. Transposição de Vozes Verbais VOZ ATIVA VOZ PASSIVA

+ Verbo Auxiliar (ser ou estar)

O governo constrói casas populares. (Voz Ativa) (sujeito) (vtd) (obj. direto)

Casas populares são construídas pelo governo. (V. P. Analítica) (sujeito) (loc.verbal) (agente da passiva)

Constrói-se casas populares. (Voz Passiva Sintética)

IMPORTANTE

1) A presença do agente da passiva é facultativa na voz passiva. 2) As únicas preposições que introduzem o agente da passiva são “de” e “por”. Vale ressaltar que a preposição “por” realça a ideia de passividade na oração.

3) A construção da voz passiva, geralmente, ocorre com verbos transitivos diretos. Entretanto, destaca-se alguns verbos que não são transitivos diretos, mas aceitam a construção passiva pela força do uso. ASSISTIR (= NO SENTIDO DE VER), RESPONDER, APELAR ALUDIR, PAGAR, PERDOAR, OBEDECER.

Milhões de telespectadores assistiram ao jogo do Brasil. (Voz Ativa)

O jogo do Brasil foi assistido por milhões de telespectadores. (Voz Passiva) 4) Na VOZ ATIVA, quem sofre realce é o SUJEITO, enquanto que na VOZ PASSIVA quem sofre realce é o AGENTE DA PASSIVA. 5) Há verbos transitivos diretos que não admitem a construção passiva. TRANSITIVO DIRETO + IMPESSOAL (simultaneamente)

Devem haver alunos reprovados em sala.

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[Não aceita a construção passiva por ser verbo transitivo direto e impessoal (haver = existir).] 6) Voz passiva e Passividade

É preciso não confundir voz passiva e passividade. Voz é a forma especial em que se apresenta o verbo para indicar que a pessoa recebe a ação. Ele foi visitado pelos amigos. Alugam-se bicicletas. Passividade é o fato de a pessoa receber a ação verbal. A passividade

pode traduzir-se não só pela voz passiva, mas ainda pela voz ativa, se o verbo tiver sentido passivo: Os criminosos recebem o merecido castigo.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE VOZES DO VERBO

(CESPE/Unb 2010 – INCA – Médico) O regime trabalhista, ao adotar estratégias de proteção à saúde do

trabalhador, institui mecanismos de monitoração dos indivíduos, visando a evitar ou identificar precocemente os agravos à sua saúde, quando produzidos ou desencadeados pelo exercício do trabalho. 01 - Para se realçar “mecanismos de monitoração” (R.2), em vez de “regime trabalhista” (R.1), poderia ser usada a voz passiva, escrevendo-se são instituídos em vez de “institui” (R.2), sem que a coerência entre os argumentos e a correção gramatical do texto fossem prejudicadas.

Item incorreto. Há dois erros na questão: o primeiro erro é em relação ao realce que se quer dar a expressão “mecanismos de monitoração”, pois se o período for reescrito na voz passiva a expressão passará a ser classificada como sujeito, o que na voz passiva não sofre realce. Vale destacar que quem sofre realce na voz passiva é o agente da passiva; o segundo erro é em relação à construção passiva, visto que a banca nos dá a forma verbal passiva “são instituídos”, entretanto, não insere a preposição “POR” para introduzir o agente da passiva, vindo a acarretar erro gramatical ao período.

Mecanismos de monitoração são instituídos + por + o regime trabalhista. (sujeito) (locução verbal) (agente da passiva) (CESPE/Unb 2010 – ANTAQ – Analista) O real não é constituído por coisas...”

02 - Tanto o emprego da preposição “por” quanto, em lugar desta o da preposição de atendem às regras gramaticais, mas a preposição usada no texto realça a ideia de passividade na oração. Item correto, pois a preposição “por” introduz na frase um agente da passiva. Ressalta-se que as únicas preposições que introduzem agente da passiva são “de” ou “por”. Logo, sua substituição atende à norma culta, como também a preposição usada no texto “por” realça a ideia de passividade na oração.

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(FCC 2009 – SEFAZ SP – Agente de Fiscal de Rendas) 03 - NÃO admite transposição para a voz passiva a forma verbal da seguinte frase: (A) Mas houve, sim, alguns experimentos bem sucedidos. (B) (...) a presença de lixo nas ruas (...) provoca mais desordem. (C) (...) a teoria das janelas quebradas gerou controvérsias (...) (D) (...) penduraram um panfleto inútil nos guidões de bicicletas (...) (E) Dos transeuntes , (...) 13% furtaram o dinheiro. Gabarito correto – Letra A. A construção passiva, geralmente, ocorre com verbos transitivos diretos. Entretanto, o candidato percebeu que em todas as alternativas havia a presença de verbos transitivos diretos. Ademais, destaca-se que a banca examinadora estava cobrando a exceção de verbo transitivo direto que não aceita construção passiva. (VTD + IMPESSOAL) Logo, a única alternativa que havia transitivo direto e impessoal simultaneamente é a de letra A. (haver = no sentido de existir)

CORRELAÇÃO VERBAL É a coerência que, em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articulação temporal entre as formas verbais, que elas se correspondam, de maneira a expressar as ideias com lógica.

1. Presente do indicativo com presente do subjuntivo Exijo que você passe no concurso.

2. Pretérito perfeito do indicativo com Pretérito imperfeito do subjuntivo Exigi que você passasse no concurso. 3. Presente do indicativo com o pretérito perfeito composto do subjuntivo Espero que ele tenha passado no concurso.

4. Pretérito imperfeito do indicativo com Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo Queria que ele tivesse passado no concurso.

5. Futuro do subjuntivo com futuro do presente do indicativo Se você passar no concurso, ficarei rico. 6. Pretérito imperfeito do subjuntivo com futuro do pretérito do indicativo Se você passasse no concurso, eu ficaria muito feliz. 7. Futuro do pretérito composto do indicativo com Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo Se você tivesse passado no concurso, eu teria ficado muito feliz.

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8. Futuro do Subjuntivo com Futuro do presente composto do indicativo Quando você passar no concurso, já terei ficado rico.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE CORRELAÇÃO VERBAL (UNEMAT 2010 – TAIG SUPERIOR) 01 – O uso dos verbos, quanto à conjugação, tempo ou modo, está correto em qual alternativa. a) A empresa iria destinar mais recursos para problemas relacionados ao meio-ambiente se houver melhores incentivos financeiros. b) A empresa destinará mais recursos para problemas relacionados ao meio-ambiente se houverem melhores incentivos financeiros. c) A empresa irá destinar mais recursos para problemas relacionados ao meio-ambiente se haverem melhores incentivos financeiros. d) A empresa destinará mais recursos para problemas relacionados ao meio-ambiente se houvessem melhores incentivos financeiros. e) A empresa vai destinar mais recursos para problemas relacionados ao meio-ambiente se houver melhores incentivos financeiros. Gabarito correto – Letra E. Analisando as alternativas, o candidato perceberia que foi utilizado na primeira oração o futuro do pretérito do indicativo (letra A) e futuro do presente do indicativo (letra B, C, D, E). Destaca-se que o futuro do pretérito combinaria com o pretérito imperfeito do subjuntivo. a) A empresa iria destinar mais recursos... se houvessem melhores incentivos... Já nas alternativas (B, C, D, E), verifica-se o futuro do presente do indicativo que combina com o futuro do subjuntivo. A empresa (destinará ou irá destinar) mais recursos... se houver melhores incentivos... Vale ressaltar que o verbo “haver” está empregado no sentido de existir, o que marca sua impessoalidade. Por isso, somente poderá ser escrito na terceira pessoa do singular. (FCC 2012 – Tribunal Regional Eleitoral SP – Analista) 02 - Está inadequada a correlação entre tempos e modos verbais no seguinte caso: (A) Muitos se lembrariam da alegria voraz com que eram disputadas as toneladas da vítima. (B) Foi salva graças à religião ecológica que andava na moda e que por um momento estabelecera uma trégua entre todos. (C) Um malvado sugere que se dê por perdida a batalha e comecemos logo a repartir os bifes. (D) Depois de se haver debatido por três dias na areia da praia a jubarte acabara sendo salva por uma traineira que vinha socorrê-la. (E) Já informado do salvamento da baleia, o cronista teve um sonho em que o animal lhe surgiu com a força de um símbolo. Gabarito correto – Letra D.

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É evidente na análise da questão que a jubarte iniciou uma ação no passado e que já se concluiu pela presença do pretérito mais-que-perfeito que denota um fato iniciado no passado já concluído e anterior a outro, também concluído; entretanto, vale destacar que a correlação feita como verbo “vir” no pretérito imperfeito “vinha” não estabelece uma relação de coerência entre os tempos, pois o verbo no pretérito imperfeito marca uma ação passada não concluída e que está ocorrendo. Logo, item falso. Uma possível correção seria: a jubarte acabara sendo salva por uma traineira que fora socorrê-la.

(FCC 2011 – Tribunal de Justiça PE – técnico) 03 - Ao girar uma manivela, o movimento era multiplicado, pelo que o helicóptero se levantava e só se detinha quando o braço da gente cansava. Reescrevendo-se a frase acima, reiniciando-a com o segmento Se eu girasse uma manivela, as outras formas verbais deverão ser, na ordem dada: (A) seria - levantara - detera - cansara (B) fosse - levantasse - deteria - cansara (C) seria - levantasse - detesse - cansasse (D) fora - levantara - detivesse - cansar (E) seria - levantaria - deteria – cansasse Gabarito correto – Letra E. Analisando a solicitação da banca, temos: Se eu girasse uma manivela... A forma verbal sublinhada denota uma relação hipotética, duvidosa. Logo, só haverá correlação entre os tempos e modos verbais se relacionarmos tempos que configurem essa ideia. Lembre-se de que o pretérito imperfeito do subjuntivo (expressa uma hipótese) tem correlação com futuro do pretérito do indicativo (futuro vinculado ao passado / possibilidade de realização de um fato que depende de outro).

Advérbio É a expressão modificadora do verbo que por si só denota uma circunstância (de lugar, tempo, modo, intensidade, condição, etc.), e desempenha na oração a função de adjunto adverbial. Aqui tudo vai bem. (lugar e tempo)

Hoje não irei lá. (tempo, negação, lugar)

O aluno talvez não tenha redigido muito bem. (dúvida, negação, intensidade, modo)

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O advérbio é constituído por palavra de natureza nominal ou pronominal e se refere geralmente ao verbo, ou ainda, dentro de um grupo nominal unitário, a um adjetivo, a um advérbio (como intensificador), ou a uma

declaração inteira. Maria escreve bem. (advérbio em referência ao verbo)

Maria é muito boa escritora. (advérbio em referência ao adjetivo “boa”)

Maria escreve muito bem. (advérbio em referência ao advérbio “bem”)

Felizmente José chegou. (advérbio em referência a toda a declaração:

José chegou); o advérbio deste tipo geralmente exprime um juízo pessoal de quem fala

Classificação: Modo – rapidamente, belamente, loucamente, tristemente, etc. Lugar – aqui, lá, cá, aí, perto, longe, abaixo, acima, dentro, fora, além, diante, em cima, ao lado, etc. Intensidade – muito, pouco, bastante, suficiente, demais, assaz, menos, tão, de todo, etc. Afirmação – sim, realmente, certamente, verdadeiramente, com certeza, de fato, deveras, etc. Negação – Não, absolutamente, tampouco, de modo algum, de forma alguma, etc. Dúvida – Talvez, possivelmente, provavelmente, hipoteticamente, quiçá, etc. Tempo – ontem, anteontem, hoje, agora, atualmente, amanhã, futuramente, posteriormente, anualmente, mensalmente, eventualmente, sempre, nunca, jamais, etc. Locução Adverbial

Ocorre quando duas ou mais palavras exercem função de advérbio, e

geralmente são introduzidas por uma preposição. às pressas, às cegas, à toa, às escuras, às vezes, de quando em

quando, de vez em quando, à direita, à esquerda, em vão, frente a frente, de repente, de maneira alguma, etc.

Grau do advérbio

Alguns advérbios, principalmente os de modo, são suscetíveis de gradação. Podem empregar-se assim no comparativo (de superioridade, de inferioridade, de igualdade) como no superlativo (relativo, ou absoluto):

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Esgotaram-se os recursos menos rapidamente do que esperávamos. Cumprir muito fielmente (ou fidelissimamente) os compromissos. Cumprir o mais fielmente possível os compromissos. IMPORTANTE

1 - Em lugar de mais bem e mais mal empregam-se melhor e pior quando pospostos: “Ninguém conhece melhor os interesses do que o homem virtuoso; promovendo a felicidade dos outros assegura também a própria.” [MM] 2 - Usa-se tanto mais bem e mais mal quanto melhor e pior junto a adjetivos e particípios: “(...) incentivo para adorações (mais bem / melhor) recompensadas.” [CBr]

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE ADVÉRBIO

(CESPE/UNB – BANCO DA AMAZÔNIA 2012 – TÉCNICO) (...) A primeira, que abrangeu toda a década de 70 e parte da década de

80, caracterizava-se pela automação de processos de controle interno do banco e atingiu o setor de contabilidade e registro das agências, que foi paulatinamente se reduzindo, com a implementação de sistemas de coleta e transmissão de dados conectados a uma unidade central, o CPD. 01 - Caso a palavra “paulatinamente” (R.4) fosse substituída por rapidamente ou por velozmente, seria preservada a informação original do texto.

Item errado, visto que no texto o advérbio foi empregado no sentido de vagarosamente, gradativamente, pausadamente. Logo, não preserva o sentido original do texto.

(CESPE/UNB – TCU 2009 – TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO)

O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) a criação de um sistema informatizado para monitorar despesas com os cartões corporativos do governo federal. Auditoria constatou que, a partir de 2004, os saques aumentaram, chegando a R$ 46 milhões em 2007, e precisam ser mais bem acompanhados. 02 - Respeita-se a correção gramatical substituindo-se “mais bem acompanhados” (R.5) por melhores acompanhados. Item errado. Trata-se de uma questão de grau do advérbio, seja ele na forma superlativa absoluta analítica (mais bem acompanhados) ou superlativa absoluta sintética (melhor acompanhados). Entretanto, o erro ocorreu, ao flexionar em número o advérbio “melhor”, escrevendo-se: melhores. O correto seria: acompanhados melhor.

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(CESPE/UNB – POLÍCIA FEDERAL 2012 – AGENTE) Por sentenças, por decretos, / pareceríeis divinos: / e hoje sois, no

tempo eterno, / como ilustres assassinos. / Ó soberbos titulares, / tão desdenhosos e altivos! / Por fictícia autoridade, / vãs razões, falsos motivos, / inutilmente matastes: 03 - Os trechos “Por sentenças, por decretos” (v.1) e “Por fictícia autoridade, vãs razões, falsos motivos” (v.7-8) exercem função adverbial nas orações a que pertencem e ambos denotam o meio empregado na ação representada pelo verbo a que se referem. Item errado. Nos dois trechos, percebe-se a característica circunstancial do advérbio, porém ambos não denotam uma relação de meio. Por sentenças, por decretos Pareceríeis divinos... = há uma relação de meio. (o meio empregado – as sentenças ou decretos – para que eles pareçam como divindades) Por fictícia autoridade

Vãs razões, falsos motivos Inutilmente matastes = há uma relação de causa. (vós

matastes inutilmente por causa de uma falsa autoridade ou motivo)

Conjunção

São palavras que relacionam entre si: a) dois elementos da mesma natureza (substantivo + substantivo,

adjetivo + adjetivo, advérbio + advérbio, oração + oração, etc.) b) duas orações de natureza diversa, das quais a que começa pela

conjunção completa a outra ou lhe junta uma determinação. Classificação das conjunções

As conjunções do primeiro tipo chamam-se coordenativas (reúnem

orações que pertencem ao mesmo nível sintático: dizem-se independentes umas das outras e, por isso mesmo, podem aparecer em enunciados independentes); as do segundo, subordinativas.

Conjunção Subordinativa – presente em orações subordinadas, que

podem apresentar vários matizes significativos: causa, concessão, finalidade, tempo, conseqüência, condição, conformidade, proporção, comparação, integrante*.

Estude para que passe no concurso. (Finalidade) As crianças podem participar das brincadeiras, desde que fiquem na calçada. (Condição)

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*Conjunção Integrante (que, se) – presente em orações subordinadas substantivas. Vale destacar que a conjunção será integrante toda vez que a oração subordinada completar uma função sintática ausente na oração anterior.

“Oxalá, eu tivesse sabido que esse verbo era irregular.”

A oração “que esse verbo era irregular” complementa a oração anterior “eu tivesse sabido”. Por isso, o “que” é integrante.

Cuidado! Observe a oração: “Não sei que idade você tem.” Apesar de a oração posterior completar a anterior “Não sei”, não

classificaremos o “que” como conjunção integrante e sim como pronome Interrogativo, pois a oração “que idade você tem” subentende-se uma interrogativa direta.

Conjunção Coordenada – presente em orações coordenadas sindéticas, que podem apresentar várias relações de sentido na frase, como: adição, oposição ou adversidade, explicação, conclusão e alternância. Já não era um tímido passageiro que embarcara em São Paulo e sim um estóico aviador. [e sim = mas] (Adversidade ou Oposição) O medico veio e telefonou mais tarde. (Adição)

IMPORTANTE

Vale ressaltar a cobrança desse assunto em concurso nos últimos anos. É importante o aluno saber que a semântica das orações tem sido um tema muito abordado por todas as bancas examinadoras. Destaca-se dois modos de cobrança: primeiro, o valor de sentido que o conectivo traduz na oração; e segundo, a substituição de conectivos.

01 - A partir do enunciado “Perdem os ouvidos/ para toda melodia/ e só vêem, só escutam/ melodia (...)”. Qual o valor semântico do conectivo sublinhado que introduz a frase?

Há uma relação de consequência entre as orações no período.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE CONJUNÇÕES (TCE AMAPÁ 2012 – TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO)

Preços mais altos proporcionam aos agricultores incentivos para produzir mais, o que torna mais fácil a tarefa de alimentar o mundo. Mas eles também impõem custos aos consumidores, aumentando a pobreza e o descontentamento.

01- A 2ª afirmativa introduz, em relação à 1ª, noção de (A) condição. (B) temporalidade. (C) consequência (D) finalidade. (E) restrição.

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Gabarito correto: E. A conjunção “mas” denota uma relação com a frase anterior de oposição, restrição ou contraposição. (MINIST. PÚBL.ESTAD. AMAPÁ 2012 – TÉC. MINISTERIAL)

Todas as cartas de amor são Ridículas Não seriam cartas de amor Se não fossem Ridículas. Fernando Pessoa 02 - O segmento grifado acima expressa, de acordo com o contexto, uma

(A) explicação. (B) finalidade. (C) oposição. (D) restrição. (E) condição. Gabarito correto: E O conectivo “se” introduz uma relação de condicionalidade em relação aos versos anteriores.

(SPPREV 2012 – TÉC. EM GESTÃO PREVIDÊNCIÁRIA)

Todavia, com o desenvolvimento do pensamento objetivo e da ciência, certezas tidas como inquestionáveis no passado distante foram colocadas em xeque... 03 - Mantendo-se a correção e a lógica, o elemento grifado acima pode ser substituído por: (A) Contudo (B) Porquanto (C) Conquanto (D) Assim (E) Logo Gabarito correto: A A conjunção “todavia” introduz uma relação de adversidade, oposição ou contraposição. Logo, só poderíamos substituí-la pela conjunção “contudo”. (porquanto – causa / conquanto – concessão / assim e logo – conclusão) (TRIB. REG. ELEITORAL PR 2012 – TÉC. JUDICIÁRIO - ADM)

A maioria desses usos é nobre, já que eles aumentam o nosso conforto, o nosso bem-estar, a nossa saúde. O grande problema da indústria petroquímica é ter como insumo básico um bem finito, o petróleo, fato que a torna insustentável no tempo. 04 - A 2ª frase apresenta, com relação à 1ª, noção de (A) consequência. (B) finalidade. (C) ressalva. (D) proporcionalidade. (E) temporalidade. Gabarito correto: C Há uma relação de ressalva em relação à frase anterior.

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SINTAXE

Frase, Oração e Período

Frase é todo enunciado capaz de transmitir, a quem nos ouve ou lê,

tudo o que pensamos, queremos ou sentimos. Pode revestir as mais variadas formas, desde a simples palavra até o período mais complexo, elaborado Segundo os padrões sintáticos do idioma.

Socorro! Muito obrigado! “Tudo seco em redor.”(Graciliano Ramos) “As luzes da cidade estavam adormecidas.” (Érico Veríssimo)

Observações

Chamam-se frases nominais as que se apresentam sem o verbo. Ex: Tudo parado e morto.

Oração é a frase estrutura sintática que apresenta, normalmente,

sujeito e predicado, e, excepcionalmente, só o predicado.

A caverna + anoitecia aos poucos. (sujeito) (predicado)

Choveu durante a noite.

(predicado)

Observações 1) Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes elípticos).

2) Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, não podem ser

analisadas sintaticamente frases como: Que rapaz impertinente! Socorro!

Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração desempenha uma função sintática. Período é a frase constituída de uma ou mais orações.

O período é simples quando constituído de uma só oração: “A ignorância do bem é a causa do mal.” (Demócrito) O período é composto quando formado por mais de uma oração:

Oxalá! Eu tivesse sabido que esse verbo era irregular.

Observações

1) A oração de período simples chama-se absoluta. 2) Na língua escrita, abre-se o período com letra maiúscula e fecha-se

com ponto final, ponto de exclamação ou interrogação e, em certos casos, com dois-pontos ou reticências.

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Análise Sintática do Período Simples

Termos Essenciais da Oração : sujeito e predicado

Sujeito

a) Simples (É aquele que apresenta apenas um núcleo na oração). Ex.: Brilha o sol. b) Oculto, elíptico, implícito ou desinencial. (Apresentará um ou mais termos que não estão escritos na oração, mas pela desinência verbal poderemos encontrá-lo(s) claramente na frase). Ex.: Estudei bastante. c) Composto (É aquele que apresenta mais de um núcleo na oração). Ex.: Saíram o pai e a mãe. d) Indeterminado (Este tipo de sujeito pode ser encontrado na frase de duas maneiras: a primeira apresenta a forma verbal na 3ª pessoa do plural, mas vale ressaltar que não poderá apresentar nenhum termo que possa representar o sujeito (Ex.: Falaram dele os alunos, perceba claramente que apesar do verbo estar na 3ª pessoa do plural, há na frase um termo que pode representar sintaticamente a função de sujeito diferente do que ocorre na frase “Falaram muito de você”, a qual se percebe que a forma verbal está na 3ª pessoa do plural e não existe nenhum termo que possa representar o sujeito; e a segunda apresenta a forma verbal na 3ª pessoa do singular acompanhada do índice de indeterminação do sujeito (-se). Ex.: É-se feliz aqui. Precisa-se de cozinheiros. Vive-se bem em Cuiabá. Vale ressaltar que o índice de indeterminação do sujeito aparecerá quando houver formas verbais que sintaticamente sejam classificadas como: ligação, transitivo indireto ou intransitivo. Observações: Muito cuidado!!!

Não confunda índice de indeterminação do sujeito com pronome apassivador. Como o nome já diz, o pronome apassivador deverá estar presente em uma oração que esteja na voz passiva. Logo, sua forma verbal deverá apresentar transitividade direta. Já que, normalmente, esses verbos aceitam voz passiva. Vale lembrar que existem verbos que não apresentam

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transitividade direta e apresentam a forma passiva pela força do uso, segundo concessão por parte de alguns autores de nossa língua portuguesa. Ex.: Aluga-se uma casa. = (Uma casa é alugada.) Verifica-se a agenda do político. = (A agenda do político é verificada) e) Inexistente ou Oração sem sujeito (Sempre deverão estar escritos na 3ª pessoa do singular – São chamados de verbos impessoais). 1. Verbos que indiquem fenômenos da natureza (Chover, anoitecer, trovejar...)

Ex.: Choveu no norte de Mato grosso. Cuidado! Na oração: “Choveram elogios a você”, há presença de sujeito simples “elogios”, logo a forma verbal “chover” na frase em destaque foi empregada fora do sentido habitual, não caracterizando um fenômeno da natureza. 2. Verbo Haver (no sentido de existir ou tempo decorrido.)

Ex.: Deve haver medidas que combatam a crise global. Haverá dias melhores no mundo. Cuidado! O verbo haver só é considerado impessoal no sentido de “existir”, vale lembrar que no sentido de “ter”, ele se comporta como qualquer outro verbo. Ex.: Haverão de ocorrer deslizes fora da região. 3. Verbo Fazer (no sentido de tempo decorrido)

Ex.: Faz dois anos que não a vejo. 4. As formas verbais chega de / basta de Ex.: Chega de situações embaraçosas por hoje.

5. Tratar-se acompanhado da preposição “de” em construções do tipo: Ex.: Trata-se de assuntos sérios. Predicado

Nominal = Verbo de ligação + Predicativo do sujeito

Minha irmã está sempre feliz.

Verbal = Verbos de ação (TD, TI, TDI, INT.)

No inverno, mamãe fazia bolinhos de chuva para tomarmos café.

Verbo-nominal = Verbos de ação + predicativo do sujeito ou do objeto.

O cantor Daniel olhava a plateia emocionado.

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Termos Integrantes da Oração: complementos verbais, complementos

nominais, predicativos, agente da passiva

Verbos (Quanto à classificação sintática na frase, podem ser: ligação ou ação)

a) Ligação: verbos que denotam estado. (Os verbos ser, estar,

permanecer, ficar, continuar, parecer, sinônimos e os que indiquem mudança de estado). A menina é feliz. (SUJEITO) (V.LIGAÇÃO) (PREDICATIVO)

A presidenta Dilma Roussef anda preocupada com a economia. (SUJEITO) (V.LIGAÇÃO) (PREDICATIVO)

A economia brasileira se tornou estável. (SUJEITO) (V.LIGAÇÃO) (PREDICATIVO)

b) Ação (Os verbos que são considerados de ação podem ser:

intransitivos, transitivos diretos, transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos).

Transitivos – São verbos que pela estrutura frasal necessitam de um

complemento para seu entendimento (para o sentido do verbo), podendo este ser preposicionado ou não. Se for preposicionado será indireto, caso contrário direto.

Intransitivos – São verbos que pela estrutura frasal não necessitam de um

complemento, ora por apresentarem entendimento completo, ora por não possuírem termo que possa representar um complemento verbal.

Caiu o lápis.

(O verbo “cair” é intransitivo; a expressão “o lapis” tem função de sujeito.)

Ele mora aqui.

(O verbo “morar” é intransitivo, vale ressaltar que a expressão “aqui” representa circunstância de lugar. Logo, é classificado como adjunto adverbial de lugar; ele - sujeito.)

Ele entregou tudo a nós ontem.

(O verbo “entregar” é transitivo direto e indireto, pois há na oração dois complementos para o sentido do verbo. Os outros termos da oração são classificados: Ele – sujeito; tudo – objeto direto; a nós – objeto indireto; ontem – adjunto adverbial de tempo.)

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Ele gosta de teatro.

(O verbo “gostar” é transitivo indireto, pois claramente se percebe a presença de um complemento preposicionado exigido pela forma verbal. Os outros termos da oração são classificados: Ele – sujeito; de teatro – objeto indireto. )

Ela vendeu frutas na feira.

(O verbo “vender” é transitivo direto, pois na oração há presença de complemento sem preposição exigido pelo verbo. Os outros termos da oração são classificados: Ela – sujeito; frutas – objeto direto; na feira – adjunto adverbial de lugar.) Outros Tipos de Objetos: a) Objeto direto preposicionado. Ex.: Eu amo a Deus. b) Objeto pleonástico. Ex.: O livro, eu o comprei. c) Objeto direto interno. Ex.: Ele vive uma vida feliz.

IMPORTANTE

Pronome obliquo átono com função de complemento verbal Os pronomes : o, a, os, as – Função de Objeto Direto. Os pronomes: lhe, lhes – Função de Objeto Indireto. Os pronomes: me, te, se, nos, vos – Função de Objeto Direto ou Indireto (A função que ele assumirá dependerá da regência do verbo.)

Ela lhe impos encargos. (“lhe” - objeto indireto) Eu a vi ontem no shopping. (“a” - objeto direto) Ele te cumprimentou no momento do embarque. (“te” - objeto direto)

Cuidado! 1 - Se o pronome oblíquo átono indicar posse será adjunto adnominal. Ex.: Ele pisou-me o pé. (me = meu) 2 – Os verbos causativos (mandar, deixar, fazer) ou sensitivos (ver, ouvir, olhar, sentir e sinônimos) + pronome átono + Infinitivo ou Gerúndio.

O pronome átono assumirá função de sujeito em relação ao segundo verbo (infinitivo ou gerúndio) e complemento verbal em relação ao primeiro verbo (causativo ou sensitivo), segundo Rocha Lima em sua Moderna Gramática da Língua Portuguesa.

Ex.: Vi-o sair. (O pronome “o” desempenha função de sujeito em relação ao verbo “sair” e de complemento verbal em relação ao verbo “vir”.) 3 – Lembre-se de que os pronome oblíquos átonos podem assumir outras funções sintáticas, além de complemento verbal, conforme já estudamos.

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Termos Acessórios da Oração: adjunto adnominal, aposto e adjunto

adverbial

Adjunto Adnominal 1º caso : Os substantivos, adjetivos, pronomes, artigos, numerais serão classificados sintaticamente como adjuntos adnominais, toda vez que estiverem presentes em uma oração fazendo referência a um núcleo desde que sem preposição.

Os nossos dois melhores alunos de física são os ingleses. Núcleo do sujeito – alunos Núcleo do predicativo – ingleses As expressões “os, nossos, dois, melhores” estão relacionadas aos núcleos acima, logo serão classificadas sintaticamente como adjuntos adnominais. Entretanto, se houver a presença de uma preposição antecedendo a expressão, esta deverá ser analisada cuidadosamente, pois poderá ser classificada em dois tipos distintos: adjunto adnominal ou complemento nominal.

2º caso: Diferenças entre Adjunto adnominal e Complemento nominal. A análise será feita dependendo da forma nominal que a expressão estiver relacionada na oração. Ligado a: Substantivos com relação intransitiva – Adjunto Adnominal Substantivos com relação transitiva – Complemento Nominal Adjetivos ou Advérbios – Complemento Nominal Cuidado!

Quando a forma nominal for classificada como um substantivo que derivou de um verbo (derivação regressiva ou deverbal), pode ocorrer dupla classificação: se for agente da ação é adjunto, se for paciente é complemento nominal.

Ele é indispensável a todos.

(A expressão “a todos”, por estar diretamente ligada ao vocábulo “indispensável” que é classificado como adjetivo, será classificada sintaticamente como complemento nominal.)

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Os alunos têm aversão aos estudos.

(A expressão “aos estudos”, por estar diretamente ligada ao vocábulo

“aversão” que é substantivo com ideia transitiva, será classificada como complemento nominal. Vale ressaltar que quem tem aversão, terá aversão a

algo, alguma coisa, alguém.)

A descoberta do cientista foi boa.

(A expressão “do cientista”, por estar diretamente ligada ao vocábulo

“descoberta” que é substantivo derivado de verbo, será classificada como adjunto adnominal. Vale ressaltar que a expressão “cientista” se comporta como agente da ação de descobrir. Os quarenta quilômetros de praias belíssimas revelam a exuberância terrena.

(A expressão “de praias”, por estar diretamente ligada ao vocábulo “quilômetros” que é substantivo com ideia intransitiva, será classificada como adjunto adnominal. Vale ressaltar que as expressões “os”, “quarenta”, “belíssimas” desempenham função de adjunto adnominal. Agente da passiva É o termo da oração que sempre virá introduzido na frase pela preposição “de” ou “por” ligado ou não por artigo. Vale destacar que o agente da passiva só aparecerá na voz passiva.

Casas populares são construídas pelo governo.

Obs: Ressalta-se que a voz passiva é marcada pela locução verbal, podendo o verbo “ser ou estar” seus auxiliaries. Predicativo É a qualidade ou característica que pode ser atribuída ao sujeito ou complemento verbal na oração.

Eu julguei o réu inocente. (inocente = predicativo do objeto)

Encontrei uma porta aberta. (aberta = predicativo do objeto)

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Aposto Termo de natureza substantivada que serve para:

Explicar

Marx, herdeiro e defensor dos postulados, foi um grande homem.

Enumerativo

Comprei materiais escolares: caneta, borracha, papel e apontador.

Resumitivo

As nuvens, o firmamento azul, tudo se lhe afigurava. Vocativo Serve para chamar.

"Razão, irmã do amor e da justiça Mais uma vez escuta a minha prece. (…)

IMPORTANTE Ambiguidade sintática = situação pela qual o termo da oração pode

desempenhar duas funções sintáticas na mesma oração, dependendo do ponto de vista.

A professor observava os alunos da classe.

A expressão “da classe” pode desempenhar dupla função sintática:

adjunto adnominal por referir-se ao vocábulo “alunos” e adjunto adverbial por marcar uma circunstância de lugar.

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE PERÍODO SIMPLES

(Cesgranrio 2010 – Petrobrás – Engenheiro) "Para um coração mesquinho, / Contra a solidão agreste, Luiz Gonzaga é tiro certo."

(Chico Buarque)

01 - Com relação ao termo grifado, diz-se que I - embora o termo seja um adjetivo, no texto assume papel de advérbio. Luiz Gonzaga é tiro que acontece de modo certo. II - se trata de um adjetivo com valor acessório – já que sintaticamente é um adjunto adnominal – sendo, pois, dispensável em se tratando do objetivo dos versos. III - se trata de um adjetivo que carrega todo o sentido dos versos, tornando-se elemento estruturador do texto. Está correto o que se afirma em a) I apenas. b) II apenas. c) III apenas. d) II e III apenas. e) I e III apenas.

Gabarito comentado: C. Analisando sintaticamente o verso, temos: “Luiz Gonzaga é tiro certo.”

(sujeito) (verbo de ligação) (predicativo) (adjunto adnominal)

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I – item errado, pois o vocábulo é adjetivo que restringe a significação do substantivo “tiro”. II – item errado, visto que a expressão é classificada como adjunto adnominal; mas é relevante para o sentido do verso. III – Item certo, porque o vocábulo em destaque tem um papel importante no entendimento dos versos devido à característica de Luiz Gonzaga ser tiro certo (=direto, certeiro, objetivo).

(CESPE/Unb 2012 – POLÍCIA FEDERAL – Agente)

Por sentenças, por decretos, / pareceríeis divinos: / e hoje sois, no tempo eterno, / como ilustres assassinos. / Ó soberbos titulares, / tão desdenhosos e altivos! / Por fictícia autoridade, / vãs razões, falsos motivos, / inutilmente matastes: / — vossos mortos são mais vivos; / e, sobre vós, de longe, abrem grandes olhos pensativos.

02 - Considerando-se as relações entre os termos da oração, verifica-se ambiguidade no emprego do adjetivo “pensativos” (v.12), visto que ele pode referir-se tanto ao termo “vossos mortos” (v.10) quanto ao núcleo nominal “olhos” (v.12).

Item correto. A expressão “pensativos” pode referir-se aos olhos, desempenhando papel de adjunto adnominal. “... abrem grandes olhos pensativos.” Mas também pode desempenhar função de predicativo do sujeito em relação ao vocábulo “vossos mortos”. “... (vossos mortos) abrem grandes olhos pensativos.” Vale destacar que tantos os olhos podem ser pensativos quanto os vossos mortos terem grandes olhos e serem pensativos, visto que pelo texto os mortos estão mais vivos. (CESPE/Unb 2012 – TCDF – Auditor de controle)

A primeira convicção política incutida em meu espírito foi que o município não tinha recursos, e que por esse motivo andava descalçado, ou devia o calçado; convicção que me acompanhou até hoje.

03 - A “primeira convicção política” (R.1) do narrador é constituída, de fato, por duas convicções, que completam o sentido da forma verbal “foi” (R.1): “que o município não tinha recursos” (R.1-2) e “que por esse motivo andava descalçado, ou devia o calçado” (R.2-3). Item errado, visto que o verbo em destaque “foi” é um verbo de ligação que na oração só apresenta papel de ligar o sujeito ao predicativo, não possuindo complemento para seu sentido.

(CESPE/Unb 2009 – IRBR – Diplomata)

04 - No título do texto “O que é o que é?”, as duas ocorrências da forma verbal “é” são sintaticamente equivalentes. Item errado. Analisando sintaticamente o período, temos: O que é o (1ª oração) + que é? (2ª oração) (sujeito) (v.l.) (predicativo) (sujeito) (v.intransitivo)

Na primeira oração, há a presença de verbo de ligação, cumprindo seu papel de ligar o sujeito (o que) ao predicativo do sujeito (o = aquilo); entretanto, na segunda oração, classificaremos o verbo “é” como intransitivo eventual por não haver na oração nenhum complemento para o sentido do verbo. Logo, item errado.

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Análise sintática de período composto

O período composto é encontrado no texto como coordenado, subordinado ou misto. Coordenação – (orações coordenadas assindéticas e sindéticas) Subordinação – (orações subordinadas – Substantivas / Adjetivas / Adverbiais) Orações Subordinadas Substantivas Oração subordinada é a que depende de outra: serve-lhe de termo e completa-lhe ou amplia-lhe o sentido.

(Conectivos: conjunção integrante (que, se); pronomes e advérbios interrogativos).

SUBJETIVA “Parecia que o morro se tinha distanciado muito.” PREDICATIVA “O terrível é que esta moléstia destrói a vontade...”

OBJETIVA DIRETA “Descobri então que o meu trabalho não era fixo.” OBJETIVA INDIRETA “Lembro-me de que saímos, de madrugada, de um restaurante.” COMPLETIVA NOMINAL “(...) mas ficava a certeza de que havia ali vários trabalhos, feitos por muitos indivíduos.” APOSITIVA “Um temor o perseguia: que a velhice lhe enfraquecesse a fibra de guerreiro.”

Observações Importantes: 1 – Somente as orações subordinadas substantivas objetivas indiretas e completivas nominais pedem preposição necessária. 2 – A preposição necessária presente nas orações subordinadas substantivas objetivas indiretas e completivas nominais pode ser omitida sem prejuízo para a correção gramatical do período. Ex.: “Em Coimbra recebeu o infante esta triste nova por uma carta da rainha sua filha, em que o avisava que em conselho se decidira que o fossem cercar...” [AH] Isto é: em que o avisava que em vez de em que o avisava de que.

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3 – A conjunção integrante pode ser omitida nas orações substantivas subjetivas e objetivas diretas se o enunciado encerrar mais de um que, podemos, com elegância, efetuar essa omissão. Ex.: Requeiro seja enviado o processo a outra instância. Isto é: Requeiro seja enviado... em vez de Requeiro que seja...

Orações subordinadas adjetivas (Conectivo: pronome relativo [(que = o qual, a qual, os quais, as quais), quem, cujo, onde, quanto.] RESTRITIVA Restringe ou limita a significação do termo antecedente, sendo indispensáveis ao sentido da frase, não podendo ser suprimida por estabelecer o todo-significativo ao período, contribuindo para sua compreensão.

Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas escreveram. EXPLICATIVA Explica ou esclarece, à maneira de aposto, o termo antecedente, atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe uma informação, podendo ser suprimida sem prejuízo para a compreensão textual, visto que é apenas um esclarecimento ao termo antecedente.

Deus, que é nosso pai, nos salvará.

Observação Importante: 1 – As orações subordinadas adjetivas, geralmente, virão intercaladas na oração principal. 2 – A oração subordinada adjetiva explicativa vem destacada no período composto por vírgulas ou travessões. Mas vale ressaltar que, caso elas sejam retiradas, mantém-se a correção gramatical, porém pode acarretar prejuízo para a relação semântica do período.

Ex.: Meu tio, que era advogado, resolveu pegar o caso.

Percebe-se que a oração adjetiva é explicativa por ser uma informação desnecessária para a compreensão, podendo ser retirada sem prejuízo para o entendimento; entretanto, caso eliminássemos as vírgulas acarretaria prejuízo para o sentido original em virtude de a oração passar a ser classificada como adjetiva restritiva por subentendermos que existem vários tios e um deles (o que é advogado) resolveu pegar o caso.

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Função Sintática do Pronome Relativo Nota-se que o pronome relativo na oração adjetiva pode desempenhar as funções sintáticas que encontramos no período simples, como: sujeito, objeto direto, objeto indireto, agente da passiva, adjunto adnominal, predicativo, complemento nominal, etc. Observe as frases: 1 - O homem que me viu parecia nervoso. 2 - O homem que eu vi parecia nervoso. Ao analisarmos os períodos acima, convém destacarmos que a oração a ser analisada é a adjetiva, logo a que esta com o pronome relativo “que me viu” e “que eu vi”. Perceba também que os dois pronomes relativos presentes nas duas orações retomam como termo antecedente a expressão “homem”. No primeiro caso, substituindo o pronome pelo termo antecedente denota-se que a oração passa a ser escrita da seguinte forma: “O homem me viu”, analisando sintaticamente a frase, percebemos que a expressão destacada tem a função de sujeito da oração. No segundo caso, substituindo o pronome pelo termo antecedente denota-se que a oração passa a ser escrita da seguinte forma: “O homem eu vi”, analisando sintaticamente a frase, percebemos que a expressão destacada tem a função de objeto direto na oração. Concluímos que o pronome relativo tem função de sujeito e objeto direto, respectivamente nos períodos apresentados acima. Orações subordinadas adverbiais CAUSAL

[Conectivos Causais: em virtude de, que (= uma vez que), visto que,

pois que, na medida em que, porquanto, visto como, já que, desde que, em

razão de, por causa de, em vista de, por motivo de, porque, pois, por isso

que, uma vez que, como, etc.

Como não me atendessem, repreendi-os severamente. CONDICIONAL [Conectivos Condicionais: se (= caso), caso, contanto que, salvo se, sem que (=se não)...]

Se o conhecesses, não o perdoaria.

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PROPORCIONAL

[Conectivos Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, tanto...quanto...]

Quanto maior for a altura, maior será o tombo. TEMPORAL [Conectivos Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (=logo que), sempre que, assim que, depois que, agora que...]

Sempre que vou à cidade, passo pelas livrarias. CONSECUTIVA [Conectivos Consecutivos: que, de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que...]

Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos. CONCESSIVA [Conectivos Concessivos: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, apesar de, por menos que, por mais que...]

Cumpriremos nosso dever, ainda que todos nos critiquem. CONFORMATIVA [Conectivos Conformativos: como, segundo, consoante...]

Como deveis saber, há em todas as coisas um sentido filosófico. COMPARATIVA

[Conectivos Comparativos: como, tal qual, assim como, tal como...]

O lugar é tal como você o descreveu. FINAL

[Conectivos Finais: para que, a fim de que, que (=para que)...]

O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.

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Orações coordenadas Oração coordenada é a que está ligada a outra de mesma natureza sintática. No período composto por coordenação, as coordenadas são independentes (isto é, não funcionam como termos de outras) e se dizem: Sindéticas (Quando se prendem às outras pelas conjunções coordenativas) Assindéticas (Apresentam-se justapostas, isto é, sem conectivo) ASSINDÉTICAS

A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta. O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.

SINDÉTICA ADITIVA [Conectivos Aditivos: e, como também, mas também, nem (=e não)...]

As pessoas não se mexiam nem falavam. SINDÉTICA ADVERSATIVA

[Conectivos Adversativos: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto...]

O mar é generoso, porém às vezes torna-se cruel. Já não era um tímido passageiro que embarcara em São Paulo e sim

um estóico aviador. [e sim = mas] SINDÉTICA EXPLICATIVA

[Conectivos Explicativos: pois (antes do verbo), porque, visto que, porquanto...]

Ninguém podia queixar-se, porquanto eu estava cumprindo o meu dever. SINDÉTICA CONCLUSIVA

[Conectivos Conclusivos: logo, portanto, por isso, pois (após o verbo)...]

Vives mentindo; logo, não mereces fé.

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SINDÉTICA ALTERNATIVA

[Conectivos alternativos: ou...ou, ora...ora, quer...quer, já...já, seja...seja...]

Venha agora ou perderá sua vez. ORAÇÕES REDUZIDAS É a que se apresenta sem conectivo e com o verbo numa forma nominal: gerúndio, particípio ou infinitivo. A) Reduzidas de Infinitivo 1 - Penso estar preparado. (= que estou preparado) 2 - O capitão não era homem de se entregar facilmente. (= que se entregava facilmente) 3 - Ao despedirem-se, choravam. (= quando se despediam) B) Reduzidas de Gerúndio 1 – Passaram guardas conduzindo presos. (= que conduziram presos) 2 – Ficando aí, nada verás. (= Se ficares aí) 3 – Estando adoentado, não saí de casa. (= como estava adoentado) C) Reduzidas de Particípio 1 – Esta é a notícia divulgada pela imprensa. (= que foi divulgada pela imprensa.) 2 – Abertas as portas, entraram as visitas. (= Depois que foram abertas as portas) 3 – Mesmo oprimidos, não cederemos. (= Mesmo que sejamos oprimidos)

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE PERÍODO COMPOSTO (CESPE/Unb – 2010 CEF – Advogado)

Esse cenário precisa mudar e depende, basicamente, de ações do Estado em conjunto com a iniciativa privada. No final do ano passado, o Conselho Nacional de Justiça e o Supremo Tribunal Federal (STF) lançaram a campanha Começar de Novo para sensibilizar a população para a necessidade da recolocação, no mercado de trabalho e na sociedade, do preso libertado após cumprimento da pena.

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01 - Nas linhas 1 e 3, em ambas as ocorrências, o vocábulo “e” une orações de mesmo valor sintático.

Item errado. Na linha 1, o conectivo “e” liga orações “precida mudar” e “depende” que não apresentam o mesmo valor sintático. Mas tembém, na linha 3, o conectivo liga termos coordenados que desempenham função de núcleos do sujeito, o que não podemos tratar como orações. (Cespe/Unb 2009 – Anatel – Analista administrativo)

Esse dever tem, sobretudo, dois fundamentos: em primeiro lugar, a vida social, necessidade básica dos seres humanos, é uma constante troca de bens e de serviços. 02 - A inserção de que é imediatamente antes da palavra “necessidade” (R.2) alteraria as relações sintáticas do período, mas preservaria a coerência e a correção gramatical do texto. Item correto. A inserção da expressão “que é” preserva a correção gramatical, entretanto altera as relações sintáticas do período (No texto original, temos um aposto explicativo, mas ao inserir a expressão, passamos a ter uma oração subordinada adjetiva explicativa). (...) a vida social, necessidade básica dos seres humanos, é uma constante troca (...) (sujeito) (aposto explicativo) (v.l.) (predicativo)

(...) a vida social, que é necessidade básica dos seres humanos, é uma constante (...) (or.principal) (oração subordinada adjetiva explicativa) (oração principal)

(Cespe/Unb 2009 – Antaq – Analista administrativo)

O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da realidade leva-nos a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais ou humanas). 03 - Preservam-se as relações de coerência e a correção gramatical do texto ao se inserir a preposição de logo depois da forma verbal “imaginar” (R.2), escrevendo-se: (...) imaginar de que o real (...). Item incorreto, pois a oração “que o real é feito de coisas...” tem função de objeto direto por completar o sentido de verbo transitivo direto “imaginar”. Logo, não poderemos inserir uma preposição porque tal verbo repele preposição por uma questão de regência. (Cespe/Unb 2009 – IRBR – Diplomata) Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto — como se chama o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da gente — como se chama essa mágoa e esse rancor? 04 - Em “Se recebo um presente” (R.1), a substituição do conectivo por Caso seria sintaticamente correta e dispensaria alterações formais. Item incorreto, pois a substituição preserva a relação de sentido (condição); entretanto, prejudica a correção gramatical em virtude do conectivo “caso” exigir que a forma verbal esteja empregada no modo subjuntivo. O correto seria: Caso receba um presente... 05 - Nos segmentos “— como se chama o que sinto?” (R.2) e “e que não gosta mais da gente” (R.3), os pronomes relativos exercem a mesma função sintática.

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Item incorreto. Analisando as frases, temos: Como se chama o que sinto? O pronome relativo retoma o antecedente “o” (= aquilo). Aquilo que sinto? = Eu sinto aquilo. O vocábulo sublinhado que foi retomado no texto pelo pronome relativo “que” tem função de objeto direto. Logo, o pronome será classificado como objeto direto. E que não gosta mais da gente. O pronome relativo retoma o antecedente “uma pessoa”. Uma pessoa não gosta mais da gente. O vocábulo sublinhado que foi retomado no texto pelo pronome relativo “que” tem função de sujeito. Portanto, o pronome será classificado como sujeito.

(CESPE/Unb 2010 – TRT 5ª região – Analista Judiciário)

Assim, começa a existir a consciência de que a diversidade étnica, cultural, de gênero ou de orientação sexual não constitui uma aberração, mas é, antes, parte integrante da vida do homem em sociedade e, como tal, deve ser respeitada. 06 - As regras gramaticais da língua culta exigem que qualquer oração complementando o nome “consciência” seja iniciada pela preposição “de”, como ocorre na linha 1 do texto; mas, se o complemento for apenas um nome, como, por exemplo, o pronome isso, a preposição deve ser omitida. Item incorreto. No início do comentário feito pela banca examinadora, percebemos um erro ao afirmar que oração que complete um nome exija preposição (como já estudamos, pede preposição necessária). Entretanto, ela afirma que se fosse uma forma nominal a preposição poderia ser eliminada. O que ocorre de forma correta é a relação inversa. (oração subordinada completiva nominal – preposição facultativa / termo com função de complemento nominal – preposição obrigatória) (ESAF 2003 – TÉCNICO DA RECEITA FEDERAL) Admitir que a concentração sem precedentes de poder num só país está em vias de aumentar, não de diminuir, não pressupõe que se aprove tal tendência ou se desconheçam os riscos que encerra. 07 – A substituição da expressão “que se aprove” (l.2-3) por seja aprovada preserva a correção gramatical e a coerência textual. Item correto. A substituição da expressão “que se aprove” por “seja aprovada” preserva a correção gramatical do texto em virtude de termos voz passiva sintética por voz passiva analítica. Entretanto, destaca-se a presença do vocábulo “que”, antecedendo a forma sintética. O que para muitos alunos poderia gerar um erro gramatical não aparecer na forma analítica. Porém, a banca estava cobrando implicitamente a supressão da conjunção integrante. Vale destacar que só poderíamos eliminá-la se houvesse oração subordinada substantiva com função de sujeito e obejto direto. No texto, a conjunção introduz oração com função de objeto direto. Por isso, poderíamos eliminá-la sem prejuízo gramatical.

Concordância Nominal

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Regra geral: O substantivo (palavra determinada) concorda em gênero e número com o seu respectivo adjetivo, pronome, numeral ou artigo (palavra determinante).

Há uma só palavra determinada.

O tribunal de justiça manteve indisponíveis os seus bens.

Há mais de uma palavra determinada.

Pospostos:

A língua e literatura portuguesas. (Gramatical) A língua e literatura portuguesa. (Atrativa)

Antepostos:

Calada a natureza, a terra e os homens. (Atrativa) (Concordância mais usual)

Pálidos a mulher, o homem e a criança. (Gramatical)

Há uma só palavra determinada e mais de um determinante.

As Séries quarta e quinta. A quarta e quinta série (ou séries). As literaturas brasileira e portuguesa. A literatura brasileira e portuguesa

(menos usada e considerada errônea por alguns autores)

(CESPE/Unb 2008 – ABIN – Oficial de Inteligência)

A criação da ABIN, em 1995, proporcionou ao Estado brasileiro institucionalizar a atividade de inteligência, mediante ações de coordenação do fluxo de informações necessárias às decisões de governo, no que diz respeito ao aproveitamento de oportunidades. 01 - A substituição do termo “necessárias” (R.3) por necessário mantém a correção gramatical do texto. Item correto, pois o vocábulo “necessárias” concorda com a expressão “informações”, com a substituição o vocábulo “necessário” passa a concordar com a expressão “coordenação”. Vale ressaltar que a correção gramatical é preservada, entretanto a relação semântica é alterada no texto. (CESPE/Unb 2008 – ABIN – Oficial de Inteligência)

Todos os Estados promoverão a cooperação internacional com o objetivo de garantir que os resultados do progresso científico e tecnológico sejam usados para o fortalecimento da paz e da segurança internacionais, a liberdade e a independência, assim como para atingir o desenvolvimento econômico e social dos povos e tornar efetivos os direitos e liberdades humanas de acordo com a Carta das Nações Unidas. 02 - Na linha 3, justifica-se a flexão de plural em “internacionais” pela concordância desse adjetivo tanto com “paz” quanto com “segurança”; se a

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flexão fosse de singular, as regras gramaticais seriam atendidas, mas a clareza do documento seria prejudicada. Item correto, visto que a concordância nominal pode ocorrer de forma atrativa ou gramatical quando houver mais de uma palavra determinada. Logo, ficaria desta forma: …o fortalecimento da paz e da segurança internacionais… (gramatical)

ou …o fortalecimento da paz e da segurança internacional… (atrativa) Portanto, a correção gramatical foi preservada, porém a clareza do texto é prejudicada devido à possibilidade de a expressão “internacional” referir-se tanto ao vocábulo “segurança” quanto ao “fortalecimento”, comprometendo o entendimento do texto pela ambiguidade gerada.

Dado / Visto (como adjetivos, concordam em gênero e número com o substantivo determinado)

Dada a solicitação dos alunos não haverá aula amanhã. Vistas as circunstâncias, foram-se embora.

Alerta / Menos / Pseudo – vocábulos invariáveis – (advérbio)

Quero menos balas para a festa. Os soldados ficaram alerta. A pseudo-sabedoria dos alunos me surpreendeu.

Cuidado! Os soldados alertas ficaram alerta. (A primeira ocorrência do vocábulo ‘alertas’ é um adjetivo, por isso sofre flexão de número.)

O mais possível / Os mais possíveis

Vi dramas o mais belos possível. Vi países os mais ricos possíveis.

Tal e qual (Tal, como determinante, concorda em gênero e número com o determinado)

Tal opinião é absurda. Em correlação, Tal qual também procedem à mesma concordância.

Os filhos são tais qual o pai. Os boatos são tais quais as notícias.

Bastante (sofre a mesma variação que a palavra “muito)

Estava bastante ocupado. Fizemos bastantes provas.

Quite ( concorda com o elemento especificador)

Estou quite com você. Estamos quites com a Prefeitura.

Só / Sós / a sós ( sozinho – adjetivo / somente – advérbio)

Eles vivem sós. O jogador estava só testando a sorte. Os noivos querem ficar a sós.

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Meio ( metade – numeral / um pouco – advérbio)

Era meio dia e meia. Ela estava meio ocupada.

Mesmo ( próprio – pron. demonstrativo)

Ela mesma confessou sua farsa. Ele faz mesmo muitas promessas.

Anexo / Apenso / Incluso (como adjetivos, concordam com a palavra determinada em gênero e número)

As fotos foram enviadas anexas aos documentos. IPC: Em anexo (invariável)

Seguem em anexo os documentos solicitados. Leso (concorda em gênero e número com o outro vocábulo)

Leso-caráter – lesos-caracteres Lesa-pátria – lesas-pátrias

A olhos vistos

“Padecia calada e definhava a olhos vistos.” “As minhas forças medravam a olhos vistas de dia para dia.”

É necessário paciência (É necessário, É bom, É preciso – o adjetivo ficará invariável caso o termo determinado esteja empregado de modo vago)

É necessário paciência. É necessária muita paciência.

Milhão e Milhar são masculinos e, portanto, não admitem seus adjuntos postos no feminino.

Os milhares de pessoas que foram ao estádio. Os milhões de mulheres agredidas compareceram ao encontro.

(CESPE/Unb 2012 – Polícia Federal – Agente)

Levantai-vos dessas mesas, / saí de vossas molduras, / vede que masmorras negras, / que fortalezas seguras, / que duro peso de algemas, / que profundas sepulturas / nascidas de vossas penas, / de vossas assinaturas! (...) 01 - No verso 7, a forma verbal “nascidas”, apesar de referir-se a todas as expressões nominais que a antecedem, concorda apenas com a mais próxima, conforme faculta regra de concordância nominal.

Item incorreto, visto que o vocábulo “nascidas” não poderia concordar com as expressões que a antecedem (masmorras negras, fortalezas seguras, peso de algemas) devido à presença de vírgulas em todos os versos antercedentes ao vocábulo “nascidas”. Logo, só poderíamos concordá-lo com o termo “profundas sepulturas”.

Concordância Verbal

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Regra geral: O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.

Os alunos estudaram muito. (Núcleo do Sujeito)

Sujeito composto

A professora com os alunos foram ao parque. Eu e tu iremos passar no concurso. Eu e ela estaremos na cidade. Tu e alguns colegas saireis mais cedo. Tu e alguns colegas sairão mais cedo.

Casos especiais de sujeito composto = Flexão facultativa

A concordância ocorrerá de forma ATRATIVA (concorda com o

mais próximo) ou GRAMATICAL (concorda com todos os termos). Núcleos pospostos

Na igreja, choraram / chorou mãe e filha. Núcleos sinônimos

A dor e o sofrimento sempre me acompanha / acompanham. Núcleos em gradação

Um ano, um mês, um dia pouco importa / importam.

Sujeito ligado por série aditiva enfática (Flexão facultativa - O verbo concorda com o mais próximo ou vai para o plural.)

(não só...mas, tanto...quanto. não só...como, etc.) “Tanto o lidador como o abade haviam / havia seguido para o sítio...”

Sujeito ligado por nem...nem (O sujeito ligado pela série aditiva negativa leva o verbo ao plural e, às vezes, ao singular.

“...nem Deus, nem o mundo lhes dará / darão a mínima recompensa.

Sujeito representado por expressões como:

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a maioria de, a maior parte de, grande parte de, parte de (Flexão facultativa: o verbo irá para o plural ou singular)

“A maior parte deles recusou / recusaram segui-lo com temor do poder...” A maioria dos alunos foram aprovados / foi aprovado no concurso.

Ligados pela conjunção ou

Com exclusão (concorda com apenas um deles)

João ou José se casará com Maria. Sem exclusão (concorda com todos os termos)

O rico ou o pobre morrerão um dia.

Aposto resumitivo – A concordância do verbo ocorrerá com o aposto.

Bebida, dinheiro, mulheres, nada o alegrava mais.

As nuvens, o firmamento azul, tudo se lhe afigurava.

Locuções Um e outro / Nem um nem outro (Flexão facultativa: singular ou plural)

Um e outro assunto será / serão visto (s). Nem um nem outro aluno saiu / saíram.

Cuidado! Se houver reciprocidade, o verbo ficará no plural. Nem um nem outro se olham mais.

Locução um ou outro (O verbo ficará, obrigatoriamente, no singular.)

Um ou outro assessor viajará a serviço.

A concordância com títulos no plural

As Cartas Persas anunciam o regresso.

Com o verbo ser e predicativo no singular pode ocorrer o singular.

“As Cartas Persas é um livro genial...”

Haja Vista – Verbo ficará invariável

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Haja vista os processos apresentados pela parte.

A concordância do verbo com sujeito oracional (O verbo ficará na 3

a pessoa no singular)

Falta apurar os votos das urnas. É bom que compreendas estas razões.

Obs: Permanece no singular o verbo que tem como sujeito duas ou mais orações coordenadas entre si. Fumar e utilizar celulares não será permitido até a parada total da aeronave.

Locução mais de um (O verbo concordará com o numeral.)

Mais de um jogador será convocado. Mais de dois jogadores serão convocados.

Cuidado! Se houver reciprocidade, o verbo no plural.

Mais de um carro se chocaram na pista.

Locução pronominal com pronome pessoal preposicionado (O verbo concordará com o pronome ou com a locução.)

Quais de vós sobreviveis ao massacre? Quais de vós sobreviverão ao massacre?

Sujeito que, da locução “um dos que” (Flexão facultativa: singular ou plural.)

Você foi um dos alunos que passaram / passou na PRF. Isto será, no máximo, um desses rascunhos que reescreverá / reescreverão a história pitoresca do país.

Sujeito nome pluralício (Se o termo pluralício vier acompanhado por um determinante (pronome ou

artigo) no plural, o verbo ficará no plural; caso contrário, o verbo ficará no singular.)

Os Estados Unidos invadiram o Iraque.

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O Estados Unidos invadiu o Iraque. Alagoas nos deu políticos ilustres.

Pronome Relativo: QUEM (com função de sujeito) (O verbo concordará com o termo antecedente do pronome ou ficará na 3ª pessoa do singular.)

Não serei eu quem pagará a conta. Não serei eu quem pagarei a conta.

Pronome Relativo: QUE (com função de sujeito) (O verbo concordará com o termo antecedente ao pronome.)

Sou eu que faço as contas.

O que logo atemoriza os passageiros de primeira viagem são os procedimentos iniciais do voo.

Verbos Impessoais (O verbo ficará na 3

a pessoa do singular.)

*FAZER (= no sentido de tempo decorrido). = Faz anos que não a vejo. *HAVER (= no sentido de existir ou tempo decorrido).

Há livros na sala. Pode haver problemas sérios em casa.

*FENÔMENOS DA NATUREZA. = Trovejou no norte do Brasil. *TRATAR-SE acompanhado da preposição “de” Trata-se de uma prática bem regulamentada. *SER (= indicando horas, datas, distâncias.) = É dia 23 de junho.

IMPORTANTE O verbo “ser” (indicando horas, datas e distâncias) é o único verbo

impessoal que pode flexionar-se no plural em concordância com o numeral. São 11 horas. / São 23 de junho. O verbo “haver”(= no sentido de ter) não denota uma relação de

impessoalidade. Logo, concordará em número com seu respectivo sujeito. Haverão de ocorrer deslizes em alguma região do sudeste brasileiro. (sujeito)

Verbo parecer seguido de infinitivo

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(A flexão ocorrerá de duas formas: ora flexiona somente o verbo auxiliar – parecer –, ora flexiona somente o verbo principal.)

As crianças parecem estar felizes. As crianças parece estarem felizes.

Partícula apassivadora = se (O verbo concordará com o sujeito passivo, visto se tratar de voz passiva.)

Alugam-se quartos para universitários.

(sujeito)

O verbo “alugar” concorda com o sujeito da voz passiva “quartos”, visto

que pela análise da frase, temos: quartos para universitários são alugados. Vale destacar que a construção da voz passiva, geralmente, ocorre com verbos transitivos diretos ou diretos e indiretos.

Cuidado!!! (Partícula apassivadora “se”+ sujeito oracional)

Vejam-se que os intentos de formação de uma sociedade monorracial

redundam em sentimento de intolerância com a diversidade étnica. O verbo “ver” deveria ficar no singular em concordância com o sujeito oracional marcado pela oração subordinada substantive subjetiva. Logo, frase incorreta. Para corrigi-la, coloque o verbo no singular.

Índice de indeterminação do sujeito (O verbo ficará na 3

a pessoa do singular.)

Vive-se muito bem aqui.

Precisa-se de cozinheiros habilitados.

Os verbos em destaque na frase estão empregados na 3a pessoa do singular devido à indeterminacão do sujeito que é marcada, geralmente, por verbos transitivos indiretos, intransitivos e de ligação.

IMPORTANTE

O “se” como índice de indeterminação do sujeito – primitivamente exclusivo em combinação com verbos não acompanhados de objeto direto – estendeu seu papel aos transitivos diretos (onde a interpretação passiva passa a ter uma interpretação impessoal: Vendem-se casas = alguém tem casa para vender) e de ligação (É-se feliz). A passagem deste emprego da passiva à indeterminação levou o falante a não mais fazer concordância, pois o que era sujeito passou a ser entendido como objeto direto, função que não leva a exigir o acordo do verbo: Vendem-se casas (=casas são vendidas) - [Passiva] Vendem-se casas (=alguém tem casa para vender)

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116

Vende-se casas

Nos dois últimos casos, temos exemplos de indeterminação do sujeito,

com ou sem concordância verbal.

Sujeito representado pela locução “CADA UM DE” + PLURAL (O verbo ficará na 3

a pessoa do singular.)

Cada um dos concorrentes deve preencher corretamente as fichas de

inscrição.

Concordância com expressões de porcentagem

1) Quando o termo preposicionado especificar a referência numérica

Trinta por cento do Brasil assistiu à copa do mundo. Trinta por cento dos brasileiros assistiram à copa do mundo.

Se a porcentagem for particularizada, o verbo concordará com ela:

Esse 1% dos candidatos deverá submeter-se à nova prova. Tais 10% do empréstimo estarão embutidos no valor total.

2) Se o verbo vir antes da expressão, a concordância se fará com o número existente.

Ficou excluído 1% dos candidatos.

Concordância do verbo SER

O normal é que o sujeito e o verbo ser concordem em número.

José era um aluno aplicado. Os dias de inverno parecem menores que os de verão.

Todavia, em alguns casos, o verbo ser se acomoda à flexão do predicativo, especialmente quando este se acha no plural. 1) Quando os pronomes isto, isso, aquilo, tudo, ninguém, nenhum ou expressão de valor coletivo do tipo o resto, o mais é sujeito do verbo ser: Tudo eram alegrias e cânticos. Tudo é alegrias. (apesar de mais rara)

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2) Quando o verbo ser é impessoal, isto é, sem sujeito, nas designações de horas, datas, distâncias. São dez horas? Hoje são 15 de agosto. Hoje é 15 de agosto. 3) Quando o verbo ser aparece nas expressões é muito, é pouco, é mais de, é tanto e o sujeito é representado por termo no plural que denota preço, medida ou quantidade.

Dez mil reais é pouco. Cinquenta homens é suficiente.

4) Se o sujeito estiver representado por pronome pessoal, o verbo ser concorda com o sujeito, qualquer que seja o número do termo que funciona como predicativo. Ela era as preocupações do pai. Nas minhas terras o rei sou eu. 5) Se o sujeito está representado por nome próprio de pessoa ou lugar, o verbo ser, na maioria dos exemplos, concorda com o predicativo. Ouro Preto são dois temperamentos dentro de suas freguesias. Santinha eram dois olhos míopes.

Concordância na locução verbal

1) Com poder e dever seguidos de infinitivo, a prática mais generalizada

é considerar a presença de uma locução verbal, isto é, fazendo-se que poder e dever concordem com o sujeito plural:

Podem-se dizer essas coisas. Devem-se fazer esses serviços.

2) Todavia aparece o singular, corretamente: Pode-se dizer essas coisas. Deve-se fazer esses serviços.

IMPORTANTE

Vale destacar que, no primeiro caso, temos um exemplo de locução verbal em que os verbos “poder” e “dever” se comportam como auxiliaries na locução, flexionando-se em concordância com os termos classificados como sujeito nas orações “essas coisas” e “esses serviços”. Já, no segundo caso, vemos um exemplo de forma verbal “poder” e “dever” seguida por sujeito oracional “dizer essas coisas” e “fazer esses serviços”, respectivamente. Logo, os verbos (poder e dever) ficarão na 3a pessoa do singular devido à presença de sujeito oracional nas duas frases.

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(ESAF 2009 – ATRF)

01 - Analise as frases de acordo com o emprego da norma culta no que tange à

concordância. A) De certa maneira, pode-se resumir os eixos que articulam o poder atual no mundo a partir de três grandes monopólios. B) O terceiro trata-se do monopólio da mídia privada no processo – profundamente seletivo e antidemocrático – de formação da opinião pública. Item A correto, pois o verbo poder representa uma oração que possui um sujeito oracional “resumir os eixos”. Logo, o verbo ficará na 3a pessoa do singular. Mas também poderia se comportar como auxiliar em uma locução verbal, concordando com o sujeito “os eixos”, escrevendo-se: podem-se resumir os eixos. Item B incorreto, visto que o verbo “tratar-se” se comporta como verbo impessoal. Logo, não poderia haver a presença de termo com função de sujeito como ocorre na frase com a expressão “o terceiro”.

(CESPE/ Unb 2008 – STF – Analista Judiciário)

Na economia, por exemplo, mudam-se os valores de uso concreto e qualitativo para os valores de troca geral e quantitativa. 02 - Preservando-se a correção gramatical do texto, bem como sua coerência

argumentativa, a forma verbal “mudam-se” (R.1) poderia ser empregada também no singular. O verbo “mudar” poderia ser empregado também no singular, levando-se em conta que a interpretação passiva passa a ter uma interpretação impessoal. Logo, item correto. Pois, a partícula apassivadora passa a ser classificada como índice de indeterminação do sujeito.

(CESPE/ Unb 2010 – TCU – Auditor de controle externo)

A cada um deles correspondem maneiras pessoais de agir e sentir, um habitus social que o indivíduo compartilha com outros e que se integra na estrutura de sua personalidade. 03 - Na linha 1, a flexão de plural em “correspondem” mostra que, pela

concordância, se estabelece a coesão com “maneiras”; mas seria igualmente correto e coerente estabelecer a coesão com “cada um”, enfatizando este termo pelo uso do verbo no singular: corresponde. Item incorreto, pois o vocábulo “cada um” encontra-se preposicionado na frase, não podendo ser classificado como sujeito. (CESPE/ Unb 2010 – TCU – Auditor de controle externo)

A relação de poder e status entre grupos está ligada à identidade social, que permite ao grupo dominante na sociedade impor valores e ideologias. 04 - O desenvolvimento das ideias no texto permite considerar mais de uma “relação de poder e status entre grupos” (R.1); por isso, estaria coerente e gramaticalmente correto iniciar o parágrafo empregando-se o plural, mediante a substituição do trecho “A relação de poder” (R.1) por As relações de poder. Item incorreto, visto que o verbo “estar” encontra-se no singular em concordância com o núcleo do sujeito “relação”. Caso substituíssemos o vocábulo “a relação de poder” por “as relações de poder”, incorreríamos em erro gramatical; pois o verbo permaneceria no texto em sua forma singular, por isso item incorreto por não preservar a correção gramatical do texto.

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REGÊNCIA É a parte da sintaxe que analisa a necessidade de uma preposição

requerida pelo verbo ou nome. É a relação estabelecida entre o termo regente e o termo regido.

Olhe por ele. Olhe para ele.

A substituição da preposição “por” pela preposição “para” preserva a

correção gramatical, entretanto altera a relação de sentido na frase. Olhe por (= velar, cuidar.); Olhe para (= em direção)

Anseio dias melhores. Anseio por dias melhores.

A inserção da preposição “por” preserva a correção gramatical e a relação de sentido na frase.

Flávia cheirava a gasolina. Flávia cheirava à gasolina.

A inserção da preposição “a” preserva a correção gramatical, entretanto

altera a relação de sentido na frase. Cheira a (= respirar, inalar.); Cheirar à (= ter cheiro)

Ela está apta ao concurso. Ela está apta para o concurso.

A substituição da preposição “a” pela preposição “para” preserva a

correção gramatical e a relação de sentido na frase.

Todo esportista aspira uma entrevista no Globo Esporte. A ausência da preposição prejudica a correção gramatical e a coerência textual. Visto que, o verbo “aspirar” pode assumir mais de uma relação semântica na frase de acordo com a presença da preposição na frase. Aspirar (= respirar) / Aspirar a (= desejar)

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Vamos analisar a regência de alguns verbos importantes: 1. Assistir Assistir (no sentido de ver) – VTI O torcedor assistia ao jogo atentamente. Assistir (no sentido de dar assistência) – VTD ou VTI O medico assistiu o doente ou assistiu ao paciente. Assistir (no sentido de caber) – VTI Este é um direito que assiste ao ministro. Assistir (no sentido de morar) – Intransitivo (Exige a presença da preposição “em”) Aquele rapaz assiste em São Paulo. 2. Aspirar Aspirar (no sentido de absorver, respirar) – VTD Aspiramos o perfume das flores. Aspirar (no sentido de desejar) – VTI Ela aspira a uma promoção. 3. Agradar Agradar (no sentido de fazer carinho, acariciar) – VTD O pai a agradava. Agradar (no sentido de ser agradável) – VTI A resposta não lhe agradou. 4. Implicar / Acarretar Implicar (no sentido de acarretar) – VTD Tal atitude não implica desprezo.

Obs: Vale ressaltar que alguns autores modernos já denotam característica de verbo transitivo indireto para o verbo “implicar” (no sentido de acarretar).

Acarretar – VTD O não pagamento das diárias acarretará multas.

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5. Simpatizar / Antipatizar / Empatizar - VTI (Vale ressaltar que não são verbos pronominais)

Eu simpatizo com ele. 6. Informar / Certificar / Ensinar – VTDI Eu informei o dia ao aluno. Informei-o do dia. 7. Chegar – Intransitivo (Exige presença da preposição “a”) Cheguei ao Colégio com pequeno atraso. 8. Conhecer / Convidar – VTD Todos conheceram logo o José. Não o convidaram ao passeio. 9. Lembrar / Esquecer / Utilizar – VTD Mário lembra seu pai no modo de falar. 10. Lembrar-se / Esquecer-se / Utilizar-se (quando pronominais alteram sua regência) – VTI Lembro-me de tudo. Utilizou-se de meios ilícitos para o ingresso no congresso. 11. Custar Custar (no sentido de ser difícil) – VTI Custou-me acreditar em Hipocarpio. Evite esta expressão: Eu custei a acreditar...

Custar (no sentido de ter preço) – Intransitivo Estas apostilas custaram R$ 50,00. 12. Morar – Intransitivo ( Exige a presença da preposição “em”) Atualmente mora no Méier. 13. Obedecer / Desobedecer - VTI Os alunos obedeceram ao professor. 14. Pagar / Perdoar / Pedir / Agradecer – VTDI (Coisa – Objeto direto / Pessoa – Objeto indireto) Pagaram as compras ao comerciante.

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Eu lhe perdoei os pecados. Eu lhe agradeci o presente enviado. 15. Presidir – VTD ou VTI Tu presidiste a reunião. Tu presidiste à reunião. 16. Preferir – VTDI Prefiro o cinema ao teatro. 17. Proceder (no sentido de dar início ) – VTI O juiz vai proceder ao julgamento. 18. Querer (no sentido de desejar ) – VTD Eu quero esse livro. Querer (no sentido de amar, estimar) – VTI Despede-se o amigo que muito lhe quer. 19. Responder – VTI O marido respondia a tudo com as necessidades políticas. 20. Ver – VTD Nós o vimos na cidade. 21. Visitar – TD Visitamos a exposição de arte. 22. Visar Visar (no sentido de mirar o alvo) - VTD Visaram o chefe da rebelião Visar (no sentido de dar o visto em algo) – VTD O gerente visou o cheque. Visar (no sentido de desejar) – VTI ou VTD Todos visamos ao progresso. / Todos visamos o progresso. 23. Abraçar / Namorar – VTD Eu o abracei pelo seu aniversario. Luiza namorava o filho do delegado.

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24. Ansiar / Almejar – VTD ou VTI Ansiamos dias melhores. Ansiamos por dias melhores. 25. Atender – VTD ou VTI Não o atenderam os criados. ...até vós merecerem, um dia, a benção de lhes atenderdes. 26. Satisfazer – VTD ou VTI Satisfazer o desejo. Satisfazer ao desejo. 27. Aludir – VTI Na conversa, aludiu-se brevemente ao seu novo projeto. Regência Nominal Acessível a Junto a

Alheio a, de Passível de

Aversão a, para, por Peculiar a

Avesso a Pendente de

Análogo a Preferível a

Apto a, para Propício a

Atencioso com, para com Próximo a, de

Ansioso de, para, por Rente a

Ânsia de, por Residente em

Imune a, de Inerente a

Compatível com Situado a, em, entre

Conforme a, com Solidário com

Constituído de, com, por Último a, de, em

Curioso de, por Inclinação a, para

Desprezo a, de, por Assistência a, em

Dúvida acerca de, de, em, sobre Consideração a, para, por

Empenho de, em, por Superior a, em

Fácil a, de, para

Feliz com, de, em, por

Respeito a, com, de. para com, por

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Exemplos: Ela está ansiosa (para / de / por) vê-lo. Os alunos têm aversão (aos / para os / pelos) estudos.

Destaca-se que qualquer uma das preposições destacadas acima

preservaria a correção gramatical do período.

Algumas observações importantes sobre regência

1. Os pronomes o, a, os, as usam-se como objetos diretos, e os pronomes lhe, lhes formam o objeto indireto. Estimo aquele colega. – Estimo-o. Obrigou as filhas a trabalhar. – Obrigou-as a trabalhar. Obedeceu a teu superior. – Obedeceu-lhe. Resistimos aos invasores. – Resistimos-lhes.

2. Certos verbos transitivos indiretos repelem os pronomes lhe, lhes, sendo, por isso, construídos com as formas retas preposicionadas. (Aspirar, Referir, Assistir, Referir, Aludir, Recorrer, Depender, Prescindir) Aspiro ao título – Aspiro a ele. Assistimos à festa. – Assistimos a ela. Refiro-me a João – Refiro-me a ele. Aludiram a teus irmãos – Aludiram a eles. Recorri ao ministro – Recorri a ele. Dependo de Deus – Dependo dEle. Prescindimos de armas – Prescindimos delas.

3. A preposição comum a termos coordenados

A preposição que serve a dois termos coordenados pode vir repetida ou

calada junto ao segundo (e ou mais termos), conforme haja ou não desejo de enfatizar o valor semântico da preposição:

As alegrias de infância e de juventude. As alegrias de infância e juventude.

Obs: É mais usual a omissão do artigo quando a preposição vier calada nos demais termos. Por que não incluir outros indicadores, tais como nível de pobreza, déficit habitacional, acesso à água potável e saneamento básico?

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4. Complementos de termos de regências diferentes

O rigor gramatical exige que não se dê complemento comum a termos

de regência de natureza diferente. Tenho-o visto entrar e sair do Colégio de S.Paulo. Minha avó sempre gostou e cozinhou carne de jacaré. Num mesmo dia Paulo conheceu e jantou com o presidente. O operário recusou e reclamou da comida servida em marmitas

REGÊNCIA COM PRONOME RELATIVO Na regência com pronome relativo, quem define se haverá a presença da preposição é a regência do verbo da oração adjetiva ou a regência nominal de alguma palavra presente na oração.

O filme que vi foi bom.

O verbo da oração adjetiva que determinará a regência é o “ver” que é transitivo direto. Logo, não há necessidade de preposição.

O livro de que preciso é este.

O verbo da oração adjetiva que determinará a regência é o “precisar” que é transitivo indireto. Logo, há necessidade de preposição “de”.

Os ideais pelos quais lutamos são esses.

O verbo da oração adjetiva que determinará a regência é o “lutar” que é transitivo indireto. Logo, há necessidade de preposição “por”.

Quero tudo a que tenho direito.

O vocábulo da oração adjetiva que determinará a regência é a expressão nominal “direito” que exige preposição “a”.

O escritor a cuja obra você se refere é aquele.

O verbo da oração adjetiva que determinará a regência é o “referir-se” que é transitivo indireto. Logo, há necessidade de preposição “a”.

As distorções de que o Estado afinal foi vítima são degradantes. O vocábulo da oração adjetiva que determinará a regência é a

expressão nominal “vítima” que exige preposição “de”.

(CESPE /UNb 2010 – MPU – Analista)

(...) Com base nesse pressuposto, argumento que, em nossa sociedade, na esfera pública, duas formas de particularismo – o das diferenças e o das relações pessoais – se reforçam e se articulam em diversas arenas e situações, na produção e reprodução de desigualdades sociais e simbólicas. 01 – Na estrutura sintática em que ocorre, a preposição “em” (l.3) poderia ser omitida, o que não prejudicaria a coerência nem a correção gramatical do texto, pois a preposição ficaria subentendida.

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Item incorreto. A omissão da preposição prejudicaria a estrutura sintática da frase, visto que a expressão “em diversas arenas e situações” representa um adjunto adverbial de lugar, sendo obrigatória a presença da preposição. (CESPE /UNb 2010 – TCU – AUDITOR DE CONTROLE)

(...) Vale lembrar que os indivíduos nascem já inseridos em uma estrutura social e, simplesmente em função do sexo ou da classe social, entre outros itens, são colocados em um ou em outro grupo social. Dessa forma, adquirem as categorias sociais definitivas dos grupos aos quais pertencem e que podem ter valores sociais positivos ou negativos. 02 - A preposição a, em “aos quais” (R.5), estabelece relações sintático-semânticas com o verbo pertencer; por tal motivo, essa preposição não poderia ser omitida no período, mesmo se o pronome fosse substituído por a que. Item correto. A preposição “a” é requerida pela regência do verbo pertencer, visto que os indivíduos pertencem aos grupos. Vale destacar a equivalência entre o pronome relativo “que” e “qual”, portanto poderíamos substituir “aos quais” por “a que”. (CESPE /UNb 2010 – CEF – TÉCNICO) 03 - Acerca da regência nominal e verbal empregada nos períodos, analise-os: a) Em “O Brasil tem 24,8 milhões de pessoas consideradas aptas para trabalhar...”, a substituição do termo “aptas” por capazes manteria o sentido original e a correção gramatical do período.

Item correto, pois a substituição do vocábulo “aptas” por “capazes” preserva a correção e o sentido original do texto. b) Na oração “visto que lhes falta a essencial qualificação”, o verbo não exige complemento indireto. Item incorreto, visto que o verbo “faltar” é classificado na oração como transitivo direto e indireto, sendo a expressão “a essencial qualificação” classificada como objeto direto” e o pronome “lhes” como objeto indireto.

c) No trecho “por motivo semelhante ao causado pela crise” (R.21-22), o elemento “ao” pode ser corretamente substituído por com o. Item incorreto, porque a regência nominal do vocábulo “semelhante” exige preposição “a”, não aceitando outra preposição. d) O uso do sinal indicativo de crase em “para atender à demanda” (R.25) é facultativo, tendo em vista a dupla regência do verbo “atender”. Item correto. O verbo “atender” apresenta dupla possibilidade sintática (transitivo direto ou indireto). Logo, poderemos ter um complemento preposicionado (à demanda) ou sem preposição (a demanda). e) Em “Casas, saúde, transportes, saneamento e iluminação implicarão investimentos superiores a R$ 1 trilhão...” a inserção da preposição em imediatamente após a forma verbal “implicarão” não acarreta prejuízo ao sentido nem à estrutura sintática do período. Item incorreto, visto que o verbo “implicar” (= no sentido de acarretar) é classificado como transitivo direto. Entretanto, vale destacar que diversos autores já o classificam como transitivo indireto também.

CRASE

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É a contração da preposição “a” com o artigo a(s) ou da preposição “a” com os pronomes demonstrativos a(s), aquele(s), aquela(s) e aquilo.

Respeite a sinalização de trânsito. Tenha respeito à sinalização de trânsito.

Analisando as frases acima, percebe-se que a ocorrência da crase dependerá da regência verbal ou nominal da expressão à qual o termo a ser analisado estiver relacionado sintaticamente no período. Na primeira frase, ressalta-se que a expressão destacada não recebe o sinal indicativo de crase em virtude de estar relacionada sintaticamente a forma verbal “respeitar” que apresenta transitividade direta, por isso não há o porquê da ocorrência da crase. Vale destacar que todo vocábulo em um período que apresentar função sintática de sujeito ou de complemento direto não receberá o sinal indicativo da crase. Já, na segunda frase, a expressão está relacionada à forma nominal “respeito” que pela regência exige a preposição “a” a qual somada ao artigo feminino singular acarreta a indicação da crase no trecho.

Neste momento, analisaremos a ocorrência da crase com preposição +

pronome demonstrativo.

Informei àquele aluno o dia do ocorrido. Eu me referi à que estava na galeria. No primeiro exemplo, a expressão sublinhada recebe o sinal indicativo de crase pela relação sintática estabelecida entre a expressão “aquele aluno” e a forma verbal “informar” que apresenta transitividade direta e indireta. Denota-se que expressão “o dia do ocorrido” é classificada sintaticamente como objeto direto, logo “àquele aluno” será complemento indireto. No segundo exemplo, a expressão sublinhada recebe o sinal de crase pela relação sintática estabelecida entre o “a” (pronome demonstrativo) + “a” preposição exigida pela forma verbal “referir” que apresenta transitividade indireta.

Obs: Cuidado!!!! O vocábulo “a” será classificado morfologicamente como pronome demonstrativo toda vez que apresentar na frase o sentido de (= aquela).

Vejamos agora, outros casos de ocorrência da crase:

Toda locução adverbial, prepositiva e conjuntiva feminina receberá o sinal indicativo de crase.

(Constitui caso obrigatório)

Estive à espera da prova por várias horas. Às vezes, não entendemos a dificuldade do amigo.

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Na próxima rua, vire à direita. À proporção que o tempo avança, mais difícil se torna o mundo. Iremos à praia pela manhã. Vendas à vista.

Obs: Estude a fim de passar no concurso. Compras a prazo. Vale destacar que nas frases acima não há ocorrência da crase, visto que as locuções são masculinas. Logo, constituirá caso proibitivo de crase.

A ocorrência da crase antes de palavra masculina é proibida. Exceto: quando pudermos subentender na frase a expressão “à moda de”, ao “estilo de”.

Roupas à Pierre Cardin Bacalhau à Gomes Sá. Sapatos à luís XV.

Obs.: Bife a cavalo. Vale ressaltar que a expressão acima não recebeu acento grave em virtude de não estar implícita a idéia de “à moda de”.

A presença da crase em orações adjetivas

Conheço a obra literária à qual se referem.

Obs.: A ocorrência da crase é exigida pela regência do verbo “referir” que apresenta transitividade indireta. Vale destacar que a frase denota a regência com pronome relativo. Já estudada em aulas anteriores.

As expressões “casa”, “terra”, “distância” receberão o sinal indicativo de crase somente quando vierem especificadas.

Cheguei a casa. Vou à casa de meus avós. Estou à distância de três metros. Ensino a distância

Obs.: Vale ressaltar que o nosso querido mestre “Evanildo Bechara” em sua Gramática Escolar da Língua Portuguesa destaca o caráter adverbial da locução “à distância”, e por isso enfatiza a obrigatoriedade da crase em “ensino

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à distância”. Entretanto, denota que os modernos gramáticos seguem a regra geral de não acentuá-la, não estando especificada.

O vocábulo “a” antecedendo uma expressão no plural não ocorrerá à incidência da crase.

Referi-me a atitudes infantis. Ele cheira a rosas.

Obs.: Vale destacar que o substantivo “atitudes” está sem artigo, logo, o vocábulo “a” na frase é apenas uma preposição, pois o substantivo encontra-se generalizado.

IPC: Não se esqueça que o substantivo pode vir com ou sem artigo na frase e que isso não trará prejuízo à correção gramatical.

Indicação de horas – Crase Obrigatória

Cheguei às sete horas.

O vocábulo “a” que vier posposto a uma preposição não receberá o sinal indicativo da crase, desde que não seja a preposição “até” que constitui caso de crase facultativa.

Cheguei desde as sete horas. Após as 23h, o ingresso no salão será proibido. Compareci perante a juíza. Irei até (à / a) escola.

Relação ao tempo Futuro ou Presente Usa-se a expressão “a”.

Relação ao tempo Passado Usa-se a expressão “há”.

Daqui a três dias sairei. Há três dias saí.

Nas expressões de duração, distância e seqüência de tipo de... a...:

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As aulas serão de segunda a quinta. A aula será das 3 às 5 horas. Tal situação estende-se da infância à juventude.

Obs.: Se as expressões começarem com preposição combinada com artigo, empregar-se-á o vocábulo “à” ou “às” no segundo termo. Conforme ocorre nas duas últimas frases acima.

Casos de crase proibida: 1 - Antes de verbo no Infinitivo

Ex.: Comecei a aprender matemática. 2 - Antes de pronome de tratamento (Exceto: senhora, senhorita, dona)

Ex.: Informei a vossa senhoria autorização de embarque. 3 - Entre palavras repetidas

Ex.: Estive face a face com você. 4 - Antes de pronome indefinido ou palavras com ideias indefinidas (Exceto: outra)

Ex.: A cada hora, pensamos em estudar. 5 - Antes de Pronome Pessoal do caso Reto

Ex.: Falei a ela ontem. 6 - Antes dos pronomes “esta”, “essa”, “quem”, “cujo” e “mim”.

Ex.: Graças a essa reciprocidade. Casos de crase facultativa: 1 – Antes de Pronome possessivo feminino no singular

Ex.: Agradecemos (a / à) sua mãe a colaboração.

Obs: Se o pronome possessivo estiver flexionado no plural, constituirá caso de crase obrigatória.

Ex.: Assistimos às suas cenas da novela.

2 – Antes de Substantivo próprio feminino Ex.: Irei ( a / à ) França. 3 – Antes da Preposição “até” Ex.: Iremos até ( a / à ) faculdade.

(CESPE/Unb 2010 – ANEEL – Analista)

(…) quando propôs a criação de um comitê de chefes de Estado para dinamizar as ações de combate à fome e à miséria em todo o mundo.

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01 - Os sinais indicativos de crase em “combate à fome e à miséria”

(R.2) podem ser eliminados sem prejuízo para a correção do período. Item correto, visto que as expressões “fome”e “miséria” podem vir na frase sem artigo, tornando-se substantivos generalizados. Logo, a supressão do sinal indicativo deixaria no texto apenas as respectivas preposições exigidas pela regência nominal do vocábulo “combate”. (CESPE/Unb 2009 – Tribunal Regional Eleitoral GO – Analista)

Os filósofos gregos começaram a buscar a verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência. De acordo com essa concepção, a verdade estaria inscrita na essência, sendo idêntica à realidade e acessível apenas ao pensamento, e vedada aos sentidos.

O conceito era sempre aplicado, isto é, remetia a uma história vivida que pudesse ou não ser comprovada. Essa concepção de verdade subordinava-a, portanto, à possibilidade de uma verificação.

02 - Assinale a opção correta a respeito do emprego da crase nas

estruturas linguísticas do texto. A) No período do texto (R.1-2), mantêm-se as relações semânticas, bem como a correção gramatical, ao se inserir à antes de “ilusão” e antes de “aparência”.

Item correto. Quando a preposição servir a dois termos coordenados, poderá vir repetida ou calada junto ao segundo (e ou mais termos), conforme haja ou não desejo de enfatizar o valor semântico da preposição.

“…em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência.” ou “…em relação ou oposição à falsidade, à ilusão, à aparência.”

B) Tanto o uso da crase em “à realidade” (R.3) como da contração em “ao pensamento” (R.4) justificam-se pelas relações de regência de “idêntica” (R.3). Item incorreto, pois a justificativa do sinal indicativo da crase na expressão “à realidade” deve-se à regência nominal de “idêntica”; já na expressão “ao pensamento”, a combinação da preposição mais artigo deve-se à regência nominal de “acessível”.

C) Na linha 5, preservam-se as relações de regência de “remetia”, bem como a correção gramatical do texto, ao se inserir um sinal indicativo de crase em “a uma história”. Item incorreto, visto que não poderíamos empregar o sinal indicativo de crase em expressões que antecedem uma palavra com ideia indefinida por constituir caso de crase proibida. D) A retirada do sinal indicativo de crase em “à possibilidade” (R.7) provocaria erro gramatical e incoerência nas idéias do texto, por transformar objeto indireto em objeto direto na oração. Item incorreto, visto que o substantivo “possibilidade” poderia aparecer na frase generalizado (sem artigo). Com isso, o sinal indicativo de crase poderia ser retirado sem prejuízo gramatical. Vale ressaltar que a função sintática do vocábulo permanece inalterada na frase.

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“Essa concepção de verdade subordinava-a à possibilidade de uma verificação.” (SUJEITO) (VTDI) (O.D.) (O.I.)

Se não há como fazer girar o seu comércio por falta de navios, o Brasil fica à deriva, guiado por empresas estrangeiras.

03 - O sinal indicativo de crase em “à deriva” (R.2) é de uso facultativo;

por isso, sua retirada do texto não provocaria erro gramatical. Item incorreto, pois a expressão em destaque “à deriva” classifica-se como locução feminina adverbial de modo, constituindo caso de crase obrigatória. (CESPE/Unb 2008 – ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA)

Mudado seu modo de pensar, o pesquisador já não concebe aquele tema da mesma forma e, assim, já não é capaz de estabelecer uma relação exatamente igual à do experimento original.

04 - Em “à do experimento” (R.3), o sinal indicativo de crase está

empregado de forma semelhante ao emprego desse sinal em expressões como à moda, às vezes, em que o uso do sinal é fixo. Item incorreto, porque a justificativa da ocorrência de crase na expressão “à do experimento” deve-se a regência nominal do vocábulo “igual”, não constituindo caso de crase obrigatória como ocorre nas expressões “à moda” e “às vezes” em que a crase é obrigatória em virtude de serem locuções femininas adverbiais. (CESPE/Unb 2012 – Polícia Federal – Agente)

Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias. Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar, com ela, o que há de pior em nós.

05 - Na linha 03, considerando-se a dupla regência do verbo impor e a

presença do pronome “mesmas”, seria facultado o emprego do acento indicativo de crase na palavra “as” da expressão “as mesmas renúncias”. Item incorreto. O sinal indicativo de crase não poderia ocorrer na expressão “as mesmas renúncias”, visto que ela é classificada na frase como objeto direto do verbo “impor” que é transitivo direto e indireto. “…daqueles que não se impõem as mesmas renúncias.” (SUJEITO) (O.I.) (VTDI) (O. DIRETO)

PONTUAÇÃO Vírgula

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Indica pequena pausa na leitura, o que equivale a uma pequena ou

grande mudança na entonação. É empregada quando a ordem normal dos termos da frase é alterada.

Aqueles estudantes copiaram todo o programa com rapidez.

Com rapidez, aqueles estudantes copiaram todo o programa. (termo deslocado)

Usa-se a virgula para: 1- Marcar termos intercalados:

a ) Aposto Explicativo: Pedro, meu irmão, foi eleito deputado.

b) Expressões Explicativas ou Corretivas (isto é, ou melhor, ou seja, alias, por exemplo): Seu comportamento, isto é, a atitude que tomou, não me aborreceu.

Obs: Em casos de aposto explicativo ou oração explicativa, poderemos empregar três sinais sintáticos no período: vírgulas, travessões ou parênteses sem prejuízo para a correção gramatical do texto.

c) Conjunções Coordenativas Adversativas (porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto…) e Conclusivas (logo, portanto…): Você, contudo, jamais concordaria com isto.

Obs: Vale ressaltar que a conjunção adversativa “mas” não poderá vir intercalada nem deslocada no período.

d) Adjuntos Adverbiais deslocados ou intercalados: Os animais, naquela tarde, ficariam assustados.

Naquela tarde, os animais ficariam assustados.

Obs: A vírgula será obrigatória se o adjunto adverbial for representado por uma locução adverbial que não seja de curta extensão como nos exemplos acima, caso contrário constituirá caso facultativo.

Atualmente, a economia brasileira está muito estável. ou Atualmente a economia brasileira está muito estável.

2- Marcar o vocativo: Crianças, salvem a natureza.

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3- Separar orações adverbiais deslocadas no período (caso de vírgula obrigatória): Quando ele chegou, seu pai já havia falecido. 4- Separar os termos que se quer realçar pleonásticos ou em ordem inversa (caso de vírgula facultativa): As pétalas, levou-as a água da chuva. 5- Indicar a elipse do verbo (caso de vírgula facultativa):

No trem encontramos a pobreza; no avião, o luxo. 6- Separar os topônimos, nas datas: Rio, 08 de março de 1991. 7- Separar o numeral que vem após o nome de rua e que se refere a palavra casa subentendida: Rua Clara de Oliveira, 195. 8- Separar orações coordenadas assindéticas e as coordenadas sindéticas: Os mais velhos inventavam histórias, distribuíam os papéis, ensaiavam a peça nos fundos da casa.

Ela prefere cinema, e eu teatro. Ele trabalha, mas também estuda. Fiz o exercícios, pois era importante.

Obs: Quando a conjunção aditiva “e” estiver ligando orações que possuam o mesmo sujeito, não ocorrerá a presença de vírgula. O bebê gemia e adormecia angustiado.

9- Separar as orações subordinadas adjetivas explicativas:

O homem, que é um ser racional, vive pouco. 10- Entre a oração principal e as subordinadas substantivas apositivas:

Aquele velho sonho, que o neto reapareça, é o que alimenta. Ponto e vírgula

Marca uma pausa mais longa que a vírgula e menor que o ponto. 1- Para separar orações coordenadas longas ou curtas, num trecho longo:

“Homem ativo é aquele que sabe realizar aquilo que para os outros constitui simples aspiração; que cumpre o seu dever; que tem iniciativa; que não espera as ocasiões, mas que as cria”.

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2- Para separar orações coordenadas que formam antíteses:

Uns trabalham; outros descansam. 3- Para separar os itens de uma enumeração em linhas distintas: Na oportunidade, elaboraremos cinco determinações: a) a organização do calendário; b) a divisão das atividades; c) as técnicas para aplicação de recursos. Dois-pontos

Marcam uma suspensão de voz em frase não concluída.

1- Antes de uma enumeração: Aqui estão incluídas: as anotações, as monografias e as teses. 2- Antes das citações textuais ou discursos diretos: já dizia o poeta: “A vida é a arte do encontro...” 3- Para dar início a uma seqüência que explica, esclarece, identifica ou discrimina idéia anterior: Descobrir a razão de viver: você. 4- Para anunciar um aposto ou oração apositiva: Só espero uma atitude: sua demissão. 5- Na invocação das correspondências: Cara amiga: 6- Antes de um exemplo: Exemplo: O aluno mais engraçado do Curso é o Felipe. 7- Depois de nota ou observação: Nota: a palavra xérox é feminina. Parênteses

Servem para isolar explicações, indicações ou comentários acessórios. 1- Para destacar um adendo ou comentário que o escritor acha conveniente, por algum motivo, em intimidade com o leitor: O Brasil deve ( pouco, quase nada) cento e dez bilhões de dólares. 2- Para separar indicações bibliográficas: “Fui hoje cedo à casa desse último apresentar desculpas.. e repetir o convite para a pretendida visita”. (Cyro dos Anjos – O amanuense Belmiro.)

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Aspas São empregadas para: 1- Isolar citação ou transcrição: Disse Rui Barbosa: “A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação”. 2- Destacar palavras ou expressões, tais como: gírias, expressões populares, estrangeirismos, arcaísmos, etc: Ele era um “gentleman”. A mulher ficou “bolada” com a atitude da polícia. 3- Mostrar que uma palavra está empregada em sentido irônico: Este jovem é muito “educado”: jogou o lixo no chão. Travessão

É usado principalmente nos casos: 1- Para indicar a fala de uma pessoa, nos diálogos: Ex: - De quem é este retrato? – perguntou o amigo. - É de minha mãe – respondeu Marcos. 2- Para pôr em evidência palavra, expressão ou frase (usado para substituir dupla vírgula): Ex: Machado de Assis – grande romancista brasileiro – também escreveu contos. Reticências

Marcam a interrupção da seqüência lógica da frase. Não eram bem assim...Sei lá... 1- Para realçar uma palavra ou expressão: Não conhecia razão para aquela... euforia. 2- Para indicar uma pausa maior que a vírgula: “A existência é surgir....passar... morrer.” 3- Para indicar ironia, malícia ou para deixar que o leitor tire suas conclusões: “Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também...”

QUESTÕES COMENTADAS SOBRE PONTUAÇÃO

Não é preciso repetir que o Brasil é um país inovador. O que nos falta é o suporte do crédito, de forma contínua, para sustentar

as inovações, é claro que com algumas notáveis exceções: alcançamos o estado da arte na produção de combustíveis para transporte, e a EMBRAPA fez, em 30 anos, uma revolução na produtividade de nossa agricultura e

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pecuária, dando um enorme retorno aos parcos recursos de investimentos que recebeu. 01 - Mantém-se a relação existente entre as orações separadas no texto por dois-pontos (R.3), caso esse sinal de pontuação seja substituído por vírgula e, após esta, seja acrescentado o vocábulo pois. Item correto, pois o sinal de dois-pontos no texto introduz uma explicação. Logo, a substituição pela conjunção “pois” preserva a correção gramatical por se tratar de uma explicação.

Nesse cenário, os serviços de inteligência assumem papel fundamental, pois o intercâmbio de informações e o trabalho em parceria são requisitos basilares para o enfrentamento assertivo e solidário dessa ameaça, cujas ramificações e desdobramentos atingem direta ou indiretamente todos os países. 02 - Na linha 1, a vírgula após “Nesse cenário” é empregada para isolar expressão deslocada que qualifica “os serviços de inteligência”. Item incorreto, visto que a expressão em destaque é classificada como adjunto adverbial de lugar. Portanto, não há como qualificar os serviços de inteligência em virtude dos advérbios não apresentar tal característica.

A análise dos assuntos relativos ao Oriente Médio pelos órgãos de inteligência faz parte do esforço em acompanhar o fenômeno do terrorismo internacional, dados os freqüentes enfrentamentos entre grupos radicais e a possibilidade de que simpatizantes dessas organizações extremistas possam engajar-se em ações radicais, fora da região, como forma de retaliação, contra alvos de interesse de grupos rivais ao redor do mundo. 03 - As vírgulas logo após “radicais” (R.5) e “região” (R.5) justificam-se por isolarem expressão de caráter adverbial intercalada em uma oração.

Item correto. A vírgula é obrigatória para marcar expressão adverbial de lugar intercalada no período.

Tal materialidade envolve tanto o meio de comunicação quanto as instituições responsáveis pela reprodução da cultura e, em um sentido amplo, inclui as relações entre meio de comunicação, instituições e hábitos mentais de uma época determinada. Vejamos: para o entendimento de uma forma particular de comunicação — por exemplo, o teatro na Grécia clássica ou na Inglaterra elizabetana; o romance nos séculos XVIII e XIX; o cinema e a televisão no século XX; o computador em nossos dias —, o estudioso deve reconstruir tanto as condições históricas quanto a materialidade do meio de comunicação. 04 – Na linha 7, é obrigatório o emprego da vírgula após o travessão. Item correto, a vírgula é obrigatória em virtude de termos oração subordinada adverbial final deslocada na frase.