apostila de filosofia - 1ª série - ensino médio - 1º bimestre

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  • 7/31/2019 Apostila de Filosofia - 1 srie - Ensino Mdio - 1 Bimestre

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    FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSPOT.COM e-mail: [email protected] 1

    1 O QUE FILOSOFIA?

    As vrias formas de definir o que FilosofiaDiversas so as formas de se tentar definir o que seja Filosofia. A primeira

    delas procurar analisar a origem da palavra Filosofia. Assim sendo, philosophia uma palavra de origem grega formada por dois grupos de palavras: phila =amizade ou amor; sophia = saber ou sabedoria. Por essa definio, Filosofiasignifica amor sabedoria. Mas essa no a definio que buscamos. Asegunda forma simplesmente dizer que filosofia aquilo que fazem osfilsofos, aqueles que, segundo a crena popular, vivem a vida fazendo perguntasque muitas vezes no encontram respostas. A tudo e a todos questionam... AFilosofia , muitas vezes, entendida como sinnimo de modo de viver (filosofia

    de vida), ou ainda como ideias ou princpios que orientam o trabalho de empresas ou profissionais(filosofia de trabalho ou filosofia da empresa) etc.Nenhuma dessas definies anteriores nos interessa em particular, queremos facilitar o entendimento

    e, no, dificult-lo mais ainda.Filosofia uma atividade, um modo de pensar acerca das coisas. E que coisas so essas? A filosofia

    desenvolve sua atividade de pensamento, se ocupando das coisas do mundo! A filosofia sepreocupa com a vida humana. Mas, contrariamente, ao que pensam a maioria das pessoas,

    filosofar, no somente ficar perguntando sobre tudo a todos! Filosofar , sim, perguntar,mas perguntar e buscar responder de modo lgico, de modo organizado e de acordo comcertas regras. Portanto, fazer filosofia (filosofar) no perguntar qualquer coisa ou darqualquer resposta! A atividade filosfica exige argumentao, indcios (indicaes, provas)

    que confirmem (corroborem) aquilo que ele est afirmando ou quer saber. Ento, filosofarexige que a pessoa saiba do que est falando, saiba fornecer solues e aponte caminhos possveis paraa soluo de problemas existentes ou que os prprios filsofos criaram.

    2 SENSO COMUM, MITO E FILOSOFIA

    Senso Comum ou Conhecimento (Sabedoria) Popular

    Segundo a definio dado pelo Dicionrio Aurlio: Senso comum = Conjunto de opinies e modos desentir que, por serem impostos pela tradio aos indivduos de uma determinada poca, local ou gruposocial, so geralmente aceitos de modo acrtico como verdades e comportamentos prprios da naturezahumana.

    A definio dada no deixa dvidas, senso comum so opiniesgeralmente aceitas em poca determinada. Isto significa que o sensocomum varia com a poca, ou melhor, de acordo com o conhecimentorelativo alcanado pela maioria num determinado perodo histrico,embora possa existir uma minoria mais evoluda que alcanou umconhecimento superior ao aceito pela maioria. Estas minorias pordestoarem deste senso comum so geralmente discriminadas.

    A histria est cheia destes exemplos. O mais conhecido o deGalileu. Em seu tempo o senso comum considerava que a terra era ocentro do universo e que o sol girava em torno dela. Galileu ao afirmarque era a terra que girava em volta do sol quase foi queimado pela

    Inquisio. Teve que abjurar-se para salvar a vida; esta opinio era to arraigada na mente das pessoas queat a prpria Bblia testemunha isto ao afirmar que Josu deteve o sol.

    Hoje o senso comum mudou. Quem afirmar que o sol gira em torno da Terra ser consideradono mnimo um louco pela maioria.

    PROFo: MORAIS

    TEMTICA:1a SRIE ENSINO MDIO BIMESTRE:PRIMEIRO

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    O senso comum se manifesta atravs dos ditos populares, dascrenas do povo. um verdadeiro receiturio para o homem resolver osseus problemas da vida diria. Apesar de ser um saber no-sistematizado,isto , por no se basear na investigao e no questionamento, aindaassim, nos dias de hoje, muito til para guiar o homem na sua vidacotidiana. Quem nunca se orientou pela experincia dos mais velhos?Quando algum mais experiente que ns nos alerta para no fazermos tal

    coisa, ns sempre pensamos duas ou trs vezes antes de decidirmosseguir ou no esse conselho!Mito ou Conhecimento Mtico

    Um mito (do grego antigo ) uma narrativa de carter simblico, relacionada a uma dadacultura. O mito procura explicar a realidade, os principais acontecimentos da vida, osfenmenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heris. O mito simplesmente ento uma histria narrada, indiferente do

    julgamento que faamos sobre ela de verdadeira ou falsa.Esse sentido original do mito est intimamente ligado oralidade, vocalizao,

    pois a Grcia antiga do perodo homrico possua uma cultura estritamente oral. Issoquer dizer que as histrias no eram escritas, mas eram passadas de gerao a geraoatravs do canto do aedo (), poeta-rapsodo.

    Conhecimento Filosfico: tenses entre as formas de conhecimento

    O conhecimento filosfico, quando de seu surgimento, provocou inmeras tensesentre o j solidificado conhecimento mtico. Durante longo perodo de tempo na histriahumana e, em especial na histria grega, o mito constitui-se na fonte exclusiva deexplicao para a existncia do ser humano e da criao e organizao do mundo. Oconhecimento transmitido e a maneira como explicavam os acontecimentos j no eramsuficientemente coerentes para os filsofos. Os primeiros filsofos tentaram racionalizar

    as explicaes mticas para o surgimento do mundo e dos problemas humanos, mas aos poucos, essa

    tendncia de manter o mito vivo nas teorias filosficas foi desaparecendo.A Filosofia procurava esclarecimentos justificados, ou seja, comprovados atravs de argumentos

    slidos, lgicos; e isto o mito e o senso comum no poderiam fornecer. Por isso a Filosofia se distanciou domito e do senso comum, mas no os desconsiderou, muitas vezes os utiliza, pormbusca questionar, investigar, ampliar os horizontes de conhecimento sobre o assuntoabordado.

    Questionar o que est a estabelecido, investigar caminhos para comprovar suassuspeitas e apontar solues que levem comprovao ou no de suas perguntas, essa a atividade desenvolvida pela filosofia. Mostrar que o que sempre nos dito comocerto: assim e pronto, sempre pode ser posto prova, no simplesmente paradiscordar, mas para apontar caminhos que at ali no se buscou mostrar ou no se quis

    que fosse mostrado, essa a proposta de trabalho da Filosofia!Rubem Alves, filsofo brasileiro, afirma: devemos ter esprito de criana para que possamos exercer

    nossa plena capacidade filosfica. A criana busca saber novas coisas. Para a criana o diferente ocombustvel que a move em busca de conhecimento (de saber) o novo a leva a querer saber!

    ATIVIDADE 1

    1)Construa, a partir do que foi exposto aqui, uma sntese da definio de Filosofia.2)Consulte em um dicionrio o significado das palavrasfilosofia e mito. Depois compare com as definiesapresentadas aqui.3)Descreva, em poucas linhas, as semelhanas e diferenas entre Filosofia e Mito.4)Leia o texto: Alegoria da Caverna do filsofo Plato. Identifique: nos dias de hoje, o que a caverna,quem so os prisioneiros; o que so as correntes, o que so as imagens projetadas na parede, quem oprisioneiro que foge.Texto disponvel em: http://profemorais.blogspot.com/2011/01/alegoria-da-caverna-imaginemos-uma.html

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    LENDO E REFLETINDO A REALIDADE

    A Caverna de Plato (e as nossas)

    Mrio Srgio Santos

    O filsofo Plato (427-347 a.C.) nasceu emAtenas no perodo de ouro da democracia grega. Seu

    nome verdadeiro era Arstocles. o discpulo maisnotvel de Scrates (469-399a.C) e pela profundidadee alcance de sua obra ele considerado um dospilares do pensamento ocidental.

    Uma das maiores contribuies de sua filosofia apresentada no texto intitulado Alegoria da Caverna.Segundo o filsofo, a maior parte da humanidade seencontra como prisioneira de uma caverna,permanecendo de costas para a abertura luminosa ede frente para a parede escura do fundo. Devido auma luz que entra na caverna, os prisioneiros contemplam na parede do fundo as sombras dos seres que compema realidade. O problema maior que, acostumadas a ver apenas essas projees, as pessoas tomam essa ilusocomo se fosse a realidade.

    Plato chega a levantar a hiptese de que algum habitante da referida caverna saia e depois de se acostumarcom a luz, consiga enxergar os seres, as coisas, o mundo e no mais suas sombras. Essa figura, segundo o mito,teria dificuldades em conseguir convencer os moradores da caverna de que aquilo que tomavam como realidade erato somente sua sombra: uma iluso. Para Plato, essa tentativa de voltar caverna para resgatar das sombras osantigos conterrneos o rduo ofcio do educador ou, mais precisamente, do filsofo (amigo da sabedoria).

    Mais de vinte e trs sculos nos separam do pensador grego e sua metfora continua nos interpelando econvidando-nos reflexo. Aprisionamo-nos em um nmero cada vez maior de cavernas criadas por ns mesmos.

    O escritor portugus Jos Saramago, por exemplo, em livros como O Ensaio Sobre a Cegueira e A Cavernacom sua absurda lucidez, aponta para o fato de que todos estamos enclausurados nas cavernas da indiferena, dainsensibilidade e da incapacidade de ver interiormente. Para o ganhador do Prmio Nobel de literatura, a libertaodos grilhes de tais cavernas realizar-se-ia por meio de uma espcie de revoluo de bondade.

    O processo de informatizao produziu nas ltimas dcadas o fenmeno da virtualizao da vida cotidiana. Aproduo cultural, o sistema poltico, a economia, a tica, as relaes entre as pessoas e as emoes se tornam

    cada vez mais virtuais e menos reais.A chamada globalizao outra caverna aparentemente sem fronteiras. Trata-se, na verdade, conforme FreiBetto telogo brasileiro de grande expresso de uma globocolonizao, isto , a imposio arbitrria e unilateralde um modelo poltico, econmico e cultural que se apresenta como necessrio e nico. Parte significativa dosprogramas e noticirios de TV constitui uma caverna que aprisiona e ofusca a viso de mais de 99% da populaobrasileira. Eles apresentam amide um espetculo de sombras e iluses que, sob a mscara da pretensaimparcialidade da imprensa, afiguram-se como a realidade. E tambm imprescindvel citar a pseudo-democraciabrasileira, cada vez mais parecida com o sombrio modelo norte-americano. Os discursos e as propagandas dospartidos de situao e de oposio manipulam o real segundo seus interesses e necessidades, levando-nos a crerque estamos em uma enorme caverna sem sadas. Fato que conduz ao conformismo, ao pessimismo e apatia.Quase sempre de maneira inconsciente, habitamos um nmero cada vez maior de cavernas por ns edificadas. Noentanto, lderes religiosos e polticos, profetas e poetas, cientistas e filsofos freqentemente apontam o caminhopara a sada de tais cavernas. Tentam nos fazer ver o essencial, transcender a escurido. Mas ns os caricaturamos

    como utpicos, loucos, visionrios e radicais! Talvez o interior da caverna seja mais cmodo, confortvel e seguro.

    Disponvel em: http://www.gazetadotriangulo.com.br/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=1545:a-caverna-de-plate-as-nossas&catid=24:artigos&Itemid=312 Acesso em 18 jan 2011.

    ATIVIDADE 2

    1) Leia atentamente o texto acima e destaque os pontos principais e a principal mensagem que o autor quernos mostrar.2) Elabore uma lista das principais cavernas em que nos encontramos nos dias atuais e as principaiscorrentes que nos mantm presos dentro dela.

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    3 O QUE A VERDADE?

    Segundo relata a filsofa Marilena Chau, o desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanose se manifesta como desejo de confiar (acreditar) nas coisas e nas pessoas.

    Quando uma criana ouve uma histria, inventa uma brincadeira, v um filme, est sempre atenta paraa diferena entre brincar, jogar, fingir e faltar confiana (o mentir).

    Quando uma criana brinca, joga, finge, est criando um outro mundo, mais rico e mais belo, maischeio de possibilidades e invenes. Mas, tambm, sabe que h uma diferena entre imaginao epercepo.

    Por isso mesmo, a criana muito sensvel mentira dos adultos, pois a mentira diferente do dementira, ou seja, a mentira diferente da imaginao. E a criana se sente magoada, angustiada quando oadulto lhe diz uma mentira, e a faz-lo, o adulto quebra a relao de confiana e a segurana infantil.

    Toda forma de conhecimento se coloca diante do problema da verdade, quando se pergunta se o queest sendo enunciado (dito, expresso) corresponde ou no realidade.

    De acordo com Maria Lcia de A. Aranha e Maria Helena Pires Martins, o falso ou verdadeiro no seencontra nas coisas, mas depende de como a coisa aparece para o sujeito que conhece.

    O conceito de verdade varia de acordo com o tempo, o lugar e a cultura de cada povo. A verdade

    buscada pela filosofia deveria ser algo vlido para todos sem distino, acima das particularidades, dasraas, das naes, dos mitos regionais. A filosofia, naquele momento, desejava uma verdade vlida paratodos em qualquer lugar, e, com isso, daria aos seres humanos uma segurana, pois ao conhecer a verdadeele deixaria ter medo e seria capaz de antever (prever) as coisas.

    Nascia, assim, a noo grega de que possvel ao ser humano conhecer algo sem depender, para tanto,dos mitos e das interpretaes religiosas. Conhecendo a verdade o homem seria livre para pensar por siprprio.

    Para os primeiros filsofos gregos da antiguidade, algo seria verdadeiro se correspondesse ao que defato existisse. Ou melhor, o verdadeiro deve ser tal qual nos o percebemos na realidade; o visto deve serigual ao que tocado.

    Os filsofos escolsticos da Idade Mdia reafirmam a teoria aristotlica de

    que o real deve ser igual ao pensado. Melhor dizendo, que as coisas do mundodevem corresponder imagem feita delas pela mente humana.Na Idade Moderna passa-se a questionar a prpria definio de verdade:

    como saber se a definio de verdade verdadeira? Alm disso, os filsofosmodernos questionam a possibilidade de se conhecer a realidade.

    No sculo XIX, os critrios de verdade puramente intelectuais e tericos socriticados. Em especial por Nietzsche, para quem verdadeiro o que contribui

    para fomentar a vida da espcie e falso tudo o que obstculo ao seu

    desenvolvimento. J o Pragmatismo norte-americano acredita que a prtica ocritrio de verdade.

    No pensamento contemporneo, a verdade pode ser entendida: 1) a partir

    da verificao da coerncia interna do argumento. Ser verdadeiro o argumento que no apresentecontradies e coerente com o sistema de princpios estabelecido; 2) como resultado do consenso, oresultado de um conjunto de crenas aceitas pelos indivduos em determinado tempo e lugar e que os ajudaa compreender a realidade e agir sobre ela.

    ATIVIDADE 3

    Observe as imagens abaixo e diga o que voc consegue ver. Agora faa um paralelo entre o que reale o que ilusrio.

    +

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    4 COMO OS FILSOFOS ENTENDEM A NATUREZA?

    A natureza o conjunto de tudo que existe. E como algo existente, todas as coisas que a compem sefazem cognoscveis, isto , podem ser conhecidas por todos. Por isso, por dar-se a conhecer, que qualquerpessoa que deseje pode contempl-la, conhec-la e interpret-la.

    Partindo dessa compreenso, para ter acesso natureza no necessrio

    intermedirios, cada pessoa pode livre e individualmente conhecer tudo quefaz parte da natureza.Na Antiguidade os seres humanos olhavam os fenmenos naturais como

    ameaa ou vingana divina e, muitas vezes, necessitavam da intermediao deautoridades religiosas para bem compreender o significado dessas aes danatureza. Essa dependncia da interpretao religiosa inibia nas pessoas acapacidade de ver as coisas como elas mesmas so, sem mediao deintrpretes.

    Com o despertar do conhecimento filosfico, a natureza deixa de servista pelo olhar das crenas e das interpretaes culturais e passa a ser vistapuramente como fenmeno natural. Com a filosofia, a natureza percebida

    como autnoma, dotada de regras prprias, totalmente independente do olharhumano.Nos dias atuais, o prprio ser humano que procura se adaptar s regras naturais e descrev-la tal qual

    observa. Esse o papel desempenhado pelos diversos ramos da Cincia, seja humana, da sade, tecnolgicaetc.

    5 O QUE SER RESPONSVEL?

    A partir do sculo VI a.C., os valores baseados na razo passaram a orientar a vida das pessoas, sejaindividualmente seja em comunidade. Os pensadores desse perodo comearam a conscientizar-se de que osbons e maus resultados da organizao da cidade dependem das relaes sociais, ou seja, do contato e das

    aes que os seres humanos estabelecem entre si.Aos poucos se descobre que o alcance (a descoberta) da verdade capaz de libertar o ser humano deamarras culturais e religiosas. Tudo passa a ser discutido, avaliado e comparado sob a luz de critriosracionais e argumentaes lgicas.

    A prtica filosfica desestabiliza, mexe com as estruturas sociais, polticas e religiosas vigentes econvida o cidado a construir uma nova sociedade. Essa nova sociedade s poder prosperar se a verdade

    for democratizada, isto , se essa verdade almejada pela Filosofia forcultivada socialmente.

    A verdade implica ter de orientar a prpria vida e a vida da cidade nomais pelas determinaes mticas (dos mitos), mas pela verdadeuniversalmente vlida. Logo, cabe ao filsofo e a todo cidado em

    particular, a responsabilidade de conformar (ajustar) as certezas mticas verdade filosfica, promovendo, a partir disso, mudanas sociais e polticas.

    Foi com a Filosofia que a cultura grega influenciou nossa forma depensar e de questionar tanto a natureza quanto o ser humano e as divindades.

    Juntamente com a Filosofia surgiu a noo de cidadania, de Estado, de cincia etc.O exemplo dos filsofos gregos nos deixou uma grande lio: nunca se conformar (acomodar) com

    as estruturas existentes como se fossem a nicas possveis.

    ATIVIDADE 4

    1) Diante do que at aqui discutimos, quem o verdadeiro culpado quando a poltica e a economia de um

    pas vo mal? Podemos atribuir esses fatos a algum castigo divino? Comente sua opinio.2) Quais so as responsabilidades que assumimos ao alcanarmos a verdade?

    3) Voc consegue perceber alguma relao entre Filosofia e cidadania? Cite alguns pontos relacionadosentre os assuntos apontados.

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    LENDO E REFLETINDO A REALIDADE

    O que o verdadeiro filsofo quer dos seus discpulos

    Friedrich Nietzsche

    Sozinho vou agora, meus discpulos! Tambm vs, ide embora, e sozinhos! Assim quero eu.(...)

    O homem do conhecimento no precisa somente amar seus

    inimigos, precisa tambm odiar seus amigos.

    Paga-se mal a um mestre, quando se continua sempre a ser apenas o

    aluno. E por que no quereis arrancar minha coroa de louros? Vs me

    venerais, mas, e se um dia vossa venerao desmoronar? Guardai-vos que

    no vos esmague uma esttua!(...)

    Ainda no vos haveis procurado: ento me encontrastes. Assim fazem todos os crentes, por isso

    importa to pouco toda crena. Agora vos mando me perderdes e vos encontrardes; e somente quando me

    tiverdes todo renegado eu retornarei a vs...

    (NIETZSCHE, F. Obras incompletas. So Paulo: Abril, 1974. p.375. (Os Pensadores, 32)

    ATIVIDADE 5

    1) A partir da leitura do texto acima, pense: Por que Nietzsche, depois de ter ensinado aos discpulos, retira-se sozinho e tambm aconselha que eles faam o mesmo?

    2) Segundo o texto, o que mais importante: os laos de amizade ou a procura da verdade? E voc o quepensa a respeito?

    3) Por que a maior frustrao de Nietzsche ter alunos que nunca pensaram em super-lo?

    4) Em que sentido o aluno pode ser esmagado pela esttua do mestre que ele venera (admira)?

    5) Qual a condio imposta pelo mestre para que os alunos possam voltar a dialogar com ele?

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    TEXTO SUPLEMENTAR

    Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e mudatodas as perguntas.

    Lus Fernando Verssimo

    O QUE FILOSOFIA?

    Gilberto Dimenstein

    Para entender o que Filosofia, bom conhecer um pouco a atividade dos filsofos. mais fcilcomear por aquilo que a Filosofia no : no uma viso de mundo; no um conjunto de verdades nemum conjunto de ideias sobre as coisas.

    A Filosofia no uma ideologia; ela tambm no fornece verdades em que possamos acreditar (comoa religio) nem valores para guiar nossa vida (como quando a gente diz uma filosofia de vida).

    Isso acontece porque a atividade dos filsofos consiste justamente em criar as perguntas, para depoistentar respond-las. Podemos ter a certeza de que, conhecendo um pouco a Filosofia e os filsofos (no dpara separar um do outro), podemos entender como eles pensam. Podemos pensar como eles. Podemos at

    pensar ns mesmos, por nossa conta, em excelente companhia.Por meio da leitura e da compreenso dos textos dos filsofos, temos contato com conceitos e ideias

    de primeira mo. Nossa forma de viver e de ver o mundo deve muito aos grandes filsofos, que so osprimeiros a enxergar as questes, a buscar os fundamentos, a questionar as verdades.

    Diz-se que a Filosofia conhecimento crtico que toma distncia do sensocomum, da nossa experincia do dia-a-dia e das opinies correntes. Por isso prprio do filsofo duvidar. Scrates formulou bem essa verdade da Filosofia aodizer: Sei que nada sei.

    A Filosofia a fonte das ideias que do origem a novas ideias, seja nocampo poltico, no campo da tica ou no campo das cincias, criando asmatrizes do nosso modo de pensar.

    At hoje tarefa da Filosofia pensar a si mesma, pensar o que soconhecimento, a verdade e a linguagem, alm de criar sempre novos conhecimentos, buscando conceitosoriginais e fundamentais.

    (...)Para os antigos, a admirao o princpio da Filosofia. Admirao

    uma palavra de origem grega que pode ser traduzida como espanto,assombro, encanto ou maravilhamento. A Filosofia nasce do espanto e daadmirao do homem diante das coisas. (...)

    (...)A Filosofia uma forma de conhecimento racional que expe seus

    fundamentos e que se expe discusso pblica. Tambm conhecimento que aspira universalidade,diferente da crena, do dogma e da opinio. Fundada na razo, tambm uma forma de conhecimentobaseada no pensamento conceitual, e no na criao esttica.

    Atitudes filosficas, portanto, so atitudes de questionamento diante do mundo. A Filosofia a buscado conhecimento, mas de uma espcie determinada de conhecimento: aquele fundado na razo, que pode sercompartilhado por todos.

    (DIMENSTEIN, G.; STRECKER, H.; GIANSANT, A. C. Dez lies de filosofia. So Paulo: FTD, 2009. p. 11-12.