apostila de fia 2º 33ano 2ºbi 2013

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Criado por †ЯR ø תąℓ₫ø† 1 GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA EX. DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ENSINO DEPARTAMENTO DE ENSINO MÉDIO ESCOLA EST. DE ENS. MÉDIO DEP. RAIMUNDO RIBEIRODE SOUSA PROFESSOR: R. PINHEIRO 1 ALUNO:_______________________________________________________________________ Sala:_______________turma:_________________Turno:______________________________ Fone: _____________________________________/____________________________________ APOSTILA DE FILOSOFIA 2 Destinada ao SEGUNDO BIMESTRE Turmas: 2º ANO Tucuruí, abril de 2013 1 Blog: Site http://www.suvacodacobra2.blogspot.com/ ou http://sites.google.com/site/vitrinedepedra/ 2 Este material está disponível on-line no site: http://www.suvacodacobra2.blogspot.com/ Receita para se fazer um Herói Pega-se um homem Feito de nada como nós, Em tamanho natural; Embebe-se-lhe a carne De um jeito irracional Com a fome, com o ódio. Depois, perto do fim, Levanta-se o pendão E toca-se o clarim... Serve-se morto... (Edgard Scandurra)

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textos sobre filosofia para alunos dok segundok ano

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Page 1: Apostila de Fia 2º 33ano 2ºbi 2013

Criado por †ЯR ø תąℓ₫ø†

1

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

SECRETARIA EX. DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE ENSINO

DEPARTAMENTO DE ENSINO MÉDIO

ESCOLA EST. DE ENS. MÉDIO DEP. RAIMUNDO RIBEIRODE SOUSA

PROFESSOR: R. PINHEIRO1

ALUNO:_______________________________________________________________________

Sala:_______________turma:_________________Turno:______________________________

Fone: _____________________________________/____________________________________

APOSTILA DE FILOSOFIA2

Destinada ao SEGUNDO BIMESTRE

Turmas: 2º ANO

Tucuruí, abril de 2013

1 Blog: Site http://www.suvacodacobra2.blogspot.com/ ou http://sites.google.com/site/vitrinedepedra/ 2 Este material está disponível on-line no site: http://www.suvacodacobra2.blogspot.com/

Receita para se fazer um Herói

Pega-se um homem

Feito de nada como nós,

Em tamanho natural;

Embebe-se-lhe a carne

De um jeito irracional

Com a fome, com o ódio.

Depois, perto do fim,

Levanta-se o pendão

E toca-se o clarim...

Serve-se morto...

(Edgard Scandurra)

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Criado por †ЯR ø תąℓ₫ø†

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"Só de sacanagem"3

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí

no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar

os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles

e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não

posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos

difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a

mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de

meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não

roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu,

minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,

Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o

mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou

confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos

pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É

inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de

Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu

repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para

mudar o final!

3 Elisa Lucinda

http://www.revista.agulha.nom.br/elisalucinda3.html

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1. INTRODUÇÃO

O EU E O OUTRO

A ética é o mundo das relações intersubjetivas, isto é, entre o eu e o outro como sujeitos e pessoas,

portanto, como seres conscientes, livres e responsáveis. Nenhuma experiência evidencia tanto a dimensão

essencialmente intersubjetiva da vida e da vida ética quanto a do diálogo.

Porque a vida é intersubjetividade corporal e psíquica, e porque a vida ética é reciprocidade entre sujeitos,

tantos filósofos deram à amizade o lugar de virtude proeminente, expressão do mais alto ideal de justiça.

Num ensaio, Discurso da servidão voluntária, procurando compreender por que os homens renunciam à

liberdade e voluntariamente servem aos tiranos, La Boétie contrapôs a amizade à servidão voluntária,

escrevendo:

Certamente, o tirano nunca ama nem é amado. A amizade é nome sagrado, coisa santa: só pode existir

entre gente de bem, nasce da mútua estima e se conserva não tanto por meio de benefícios, mas pela vida

boa e pelos costumes bons. O que torna um amigo seguro de outro é a sua integridade. Como garantias,

tem seu bom natural, sua fidelidade, sua constância. Não pode haver amizade onde há crueldade e

injustiça. Entre os maus, quando se juntam, há uma conspiração, não sociedade. Não se apóiam

mutuamente, mas temem-se mutuamente. Não são amigos, são cúmplices.

Assim também Espinosa afirma que o ser humano é mais livre na companhia dos outros do que na solidão

e que "somente os seres humanos livres são gratos e reconhecidos uns aos outros", porque os sujeitos livres

são aqueles que "nunca agem com fraude, mas sempre de boa-fé".

Se perguntarmos quais são, afinal, os valores, os motivos, os fins e os comportamentos éticos,

responderemos dizendo que são aqueles nos quais buscamos eliminar a violência na relação com o outro, ao

mesmo tempo que procuramos manter a fidelidade a nós mesmos, a coerência de nossa vida e a inteireza de

nosso caráter.

Ético é, como nos ensina o poeta, não desaprender "a linguagem com que os homens se comunicam" e

deixar "o coração crescer" para sermos mais nós mesmos quanto mais formos capazes de reciprocidade e

solidariedade.

A ética se move no campo das paixões, dos desejos, das ações e dos princípios, possuindo uma dimensão

valorativa e normativa. Por um lado, valores e normas são exteriores e anteriores a nós, definidos pela cultura

e pela sociedade em que vivemos; mas, por outro lado, somos sujeitos éticos e, portanto, capazes tanto de

interiorizar valores e normas existentes como de criar novos valores e normas.

Minha liberdade, escreve Merleau-Ponty, é o poder fundamental que tenho de ser o sujeito de todas as

minhas experiências. Por atos de liberdade, interpretamos nossa situação - valores, normas, princípios - e

dessa interpretação nasce em nós a aceitação ou a recusa, a interiorização ou a transgressão, a continuação ou

a criação. A ação mais alta da vida livre, disse Nietszche, é nosso poder para avaliar os valores.

O filósofo grego Epicuro escreveu: "O essencial para, nossa felicidade é nossa condição íntima e dela

somos senhores". Ser senhor de si - ou seja, ser autônomo - e ser eficaz de philia - isto é, de reciprocidade, de

relação intersubjetiva como coexistência e não-violência - é o núcleo da vida ética.

Como disse Epicuro, "a justiça não existe por si própria, mas encontra-se sempre nas relações recíprocas,

em qualquer tempo e lugar em que exista entre os humanos o pacto de não causar nem sofrer dano".

2. ÉTICA E CIÊNCIA

A genética e os problemas éticos

Vimos que, para os humanos, vida e morte não são apenas acontecimentos biológicos, mas simbólicos.

Por isso mesmo, desde meados do século XX, o grande desenvolvimento de uma ciência diretamente ligada à

vida, a genética, passou a ter implicações éticas muito significativas.

De fato, o caso da genética e da engenharia genética, a partir dos estudos dos genes e do surgimento das

tecnologias gênicas, é duplamente importante para nós porque, como explicam Suzuki e Knudston, a genética

moderna conferiu aos seres humanos um grande poder sobre a hereditariedade, trazendo técnicas para

conhecer os genes das espécies vegetais e animais, para decifrar as mensagens químicas cifradas das

moléculas gênicas e até para modificar genótipos individuais.

Têm sido enormes os benefícios desses conhecimentos na medicina, na indústria, na agricultura,

modificando a visão que o homem possuía de seu lugar na natureza ele não é o "rei da Criação", mas um elo na

milenar e longuíssima cadeia da vida - e na própria definição do que é um ser humano.

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A biologia molecular, descobrindo a origem da vida, abalou os alicerces dos mitos, das religiões, da

sabedoria tradicional e dos valores humanos. Por isso mesmo, sugere questões sem precedentes para a ética, a

começar pelo fato de que, na sociedade contemporânea, a pesquisa científicotecnológica e suas aplicações não

dependem da vontade e da decisão de indivíduos e sim das grandes corporações empresariais e das

instituições militares, que possuem os recursos e a perícia técnica necessários para se aproveitar das novas

pesquisas e das novas tecnologias. Em vista do aumento do lucro e do poderio militar, apropriam-se privada

mente dos resultados científico-tecnológicos, mantidos como segredos, e, sem prestar contas a ninguém,

tomam decisões que afetam todas as formas de vida do planeta.

Problemas

Essas decisões envolvem inúmeros problemas, dos quais vamos aqui destacar dois:

1. A responsabilidade moral e os limites do conhecimento genético contemporâneo:

De fato, os cientistas que pretendem seqüenciar o genoma humano acreditam chegar a um conhecimento

que nos livre de dores e sofrimentos, cure doenças, prolongue a juventude e adie a morte, graças ao aperfei-

çoamento da própria espécie humana com o controle sobre a hereditariedade (o famoso ADN4, que costuma

ser mencionado e popularizado na sua forma em inglês, DNA).

Um dos problemas éticos mais graves trazidos pela genética encontra-se na chamada "sondagem gênica",

por meio da qual se pretende detectar, por exemplo, pessoas que teriam genes que as predispõem para a cri-

minalidade ou as que teriam genes que as predispõem para doenças ligadas a certos tipos de trabalho. Por isso,

tais pessoas não deveriam ser empregadas. Elas não só teriam recebido por hereditariedade a "tendência ao

crime" ou a "incapacidade para um trabalho", como ainda as transmitiriam aos seus descendentes.

Dessa maneira, por uma paradoxal inversão, enquanto a ciência pretende afastar os obstáculos que a

impedem de dominar a natureza, a genética parece trazer de volta as velhas idéias de fatalidade e de destino

(ou a idéia de que nada podemos contra a necessidade natural), pois o crime e a doença passam a ser tidos co-

mo efeitos necessários de uma causalidade natural necessária - a hereditariedade. Assim, poder-se-ia até

mesmo falar em "destino biológico", tornando vazias as idéias de liberdade, responsabilidade e autodetermina-

ção dos indivíduos.

Mas não só isso. A idéia de um suposto "destino biológico" pode ser fonte de violência e, portanto, mo-

ralmente inaceitável.

De fato, essa idéia poderia acarretar a discriminação social das pessoas que tivessem genes "criminosos",

mesmo que jamais tenham cometido nenhum crime, ou genes "doentios para o serviço", mesmo que tenham

sido sempre saudáveis e trabalhadoras. E essa discriminação poderia ganhar proporções gigantescas de

violência se se passasse a considerar que, sendo tais genes hereditários, a tendência à criminal idade ou à in-

competência para o trabalho seria característica biológica dos grupos sociais em que tais indivíduos nascem,

vivem e procriam, de sorte que a discriminação atingiria grupos sociais inteiros.

Ora, a idéia de "destino biológico" é cientificamente absurda. Como escrevem Suzuki e Knudston:

Uma mera lista de ADN (DNA) do genoma de uma pessoa poderia parecer a alguns uma visão profética

do futuro dessa pessoa. No entanto, os genes representam somente uma das dimensões da identidade biológica

de uma pessoa, isto é, a "natureza" biologicamente herdada, componente da eterna equação "natureza-

cultura", que se exprime em toda coisa vivente. Ao centrar-se exclusivamente em fatores hereditários, até

mesmo uma suposta "sondagem gênica total" do ADN (DNA) de um indivíduo pode oferecer pouco mais do

que uma visão momentânea das múltiplas forças que entram em jogo no desenvolvimento de uma vida

humana.

Um segundo problema, derivado do anterior, é trazido pela chamada "terapia gênica germinal", isto é, que

intervém em células humanas da reprodução ou células germinais com a finalidade de curar doenças genéticas

ou corrigir "defeitos genéticos".

Há aqui dois problemas graves, um deles propriamente científico e o outro diretamente moral.

Qual o problema científico? A intervenção sobre células reprodutoras para curar doenças genéticas não

pode ser feita sem que se tenha uma clara e perfeita definição do que é a doença. Ora, a genética ainda não

possui essa definição. Em outras palavras, o problema pode ser assim resumido:

4 ADN, ácido desoxirribonucléico, é a molécula que forma a dupla hélice portadora dos genes. É a molécula hereditária

principal na maioria das espécies

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1. qualquer doença genética só tem definição provisória, pois um gene que opera perfeitamente em

certas condições do meio ambiente, da alimentação, do clima, pode operar menos satisfatoriamente

em outras condições e isso pode ser passageiro, bastando repor as condições adequadas para seu

funcionamento;

2. há mudanças freqüentes nas seqüências de DNA, causando mutações aleatórias, responsáveis por

doenças, sem que se possam prever ou "corrigir" tais mutações por interferêncía nas células

reprodutoras, uma vez que as mutações são imprevisíveis e dependem de muitos fatores;

3. calcula-se que todo ser humano é portador de cinco a dez genes defeituosos ocultos, de maneira que,

tanto um indivíduo perfeitamente saudável pode ser herdeiro e transmissor de uma doença como

também a intervenção sobre células germinais de um indivíduo geneticamente doente não impede a

conservação dos genes defeituosos ocultos.

Eugenia

Qual o problema moral? O da eugenia, isto é, a velha idéia de "pureza da raça" ou de purificação da

espécie, em nome da qual não só seriam feitas intervenções e modificações nas células reprodutoras, mas

também se justificaria a eliminação dos" impuros" ou dos" inferiores" ou dos" defeituosos" .

Ora, quem define e quem decide o que é um ser humano "perfeito"? Com que direito alguns podem definir

e decidir sobre o que seria um ser humano sem imperfeições e sem defeitos? A experiência do nazismo nos

mostra os resultados de tal decisão.

Além disso, perfeição e imperfeição são valores culturais, variando de sociedade para sociedade e no

correr da história, não podendo ser definidos com base em um padrão biológico único, o qual, aliás, também é

um padrão cultural.

Quem já leu o belo romance de Aldous Huxley, Admirável mundo novo, há de se lembrar do terrível pesadelo que

é a pretensão de produzir "seres humanos perfeitos", cada qual adequado a um determinado tipo de função na

sociedade.

E, finalmente, além dos problemas éticos de violência envolvidos pela seqüenciação do genoma humano, há que

mencionar ainda a violência em sua forma extrema, algo moral e politicamente inaceitável: a produção de armas bio-

lógicas, isto é, o uso deliberado de microrganismos (vírus, bactérias, fungos) ou substâncias tóxicas obtidas de células

vivas com o propósito de matar ou incapacitar seres humanos, animais e plantas. Numa palavra, o uso militar dos

conhecimentos genéticos.

Uma breve reflexão

Os problemas assinalados significariam que devemos, supersticiosa e fanaticamente, nos opor à investigação

genética? De modo algum. Os conhecimentos novos sobre os genes nos auxiliarão a combater doenças, sofrimentos e

dores e a melhorar a prevenção e o tratamento de muitas desordens genéticas.

Ao mesmo tempo, porém, o que devemos e podemos exigir é, de um lado, o direito à informação pública correta

sobre as pesquisas, suas finalidades e formas de aplicação e, de outro, a clareza quanto às conseqüências de curto prazo

e os riscos de longo prazo. Como escrevem Suzuki e Knudston:

A ciência e a tecnologia são o produto da curiosidade humana, o irrefreável impulso da mente para conhecer,

explorar, mudar. E devemos alimentar essa qualidade a todo instante. Porém, também precisamos reconhecer que há

a necessidade de um padrão moral em que a curiosidade científica possa exprimir-se sem expor as populações

humanas e seus ambientes a riscos inaceitáveis e danos irreparáveis.

QUESTÕES:

1. Explique por que, em nossa cultura,o campo do necessário parece ter diminuído,enquanto o campo do

possível parece ter aumentado.

2. Por que a genética e a engenharia genética são importantes para nós?

3. Por que o poderio das empresas privadas e do complexo industrial militar fazem com que as pesquisas em

genética e engenharia genética suscitem sérios problemas éticos?

4. Explique o problema da responsabilidade moral no tocante aos usos do conhecimento genético

contemporâneo.

5. Explique os problemas éticos trazidos pela idéia de controle da hereditariedade.

6. Por que não podemos aceitar a idéia de "doença genética" tanto do ponto de vista científico como do ponto

de vista moral?

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3. Ética e CIÊNCIA: URGÊNCIA do debate5

A relação ética e ciência é um dos debates que nos foram equacionados no século XXI. A partir do

lançamento da bomba nuclear nas cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão no fim da II Guerra Mundial em

1945, e mais neste século com a degradação do meio ambiente, a ambigüidade do progresso científico e

tecnológico passou do plano teórico para o existencial. Começamos a perceber na vida cotidiana a

deterioração do ambiente físico e social ao lado do mundo maravilhoso da tecnologia. Isto cria um paradoxo

entre a ciência e a ética.

As conquistas tecnológicas nos campos da comunicação, transporte, alimentação, moradia, saúde e

lazer convivem ao lado do desequilíbrio ecológico, da miséria, da fome, o desemprego, os sem-terra, sem-teto,

enfim ao lado de toda a violência que destrói dignidade humana.

Para falarmos da relação entre ciência e ética é preciso, ao principio buscarmos uma definição para a

ética, e como esta vem a se contrapor a ciência.

como definirmos ética?

Poderíamos entender ética de várias formas. Uma delas poderia ser como a busca ou caminho para ou

pela “verdade” que seria, talvez, e em algumas condições, subjetiva.

Se relembrarmos da origem da filosofia na Grécia, por exemplo, os sofistas, que através da retórica e

do convencimento pelas palavras, da oratória, julgavam que “a verdade é resultado da persuasão e do

consenso entre os homens”. Isso era combatido por Sócrates, Platão e Aristóteles que julgavam ser a essência

da verdade através da razão e não do “simples” convencimento e consenso. Sócrates fazia isto através de

perguntas básicas, feitas a diversos profissionais especialistas, tais como: ao “sapateiro” – o que é um sapato?

Ao “juiz” - o que é a justiça? Ou o que é a verdade? E assim, a partir de um questionamento, buscava

desvendar, através da razão e da lógica e não mais por um simples convencimento retórico, o que seria esta

verdade.

Poderíamos dizer então que, de certa forma, Sócrates inaugura a ética dentro do discurso. Sócrates,

como comenta MARCONDES (1998) seria:

“(...) um divisor de águas. É nesse momento que a problemática ético-política passa ao primeiro

plano da discussão filosófica como questão urgente da sociedade grega superando a questão da

natureza como temática central, pois a temática racionalista filosófica, inicialmente, era a

natureza, iniciada por Tales de Mileto que buscava na própria natureza a explicação para ela

própria, se afastando assim do mito em que tudo era explicado pelos deuses...”

Assim teríamos a questão da subjetividade na ética, e a formação da própria sociedade interagindo

entre ela e os indivíduos. A ética ajudando-nos a refletir sobre os costumes, sobre as práticas da ciência, da

religião, da família, da empresa, em fim, em todas as instituições da sociedade. A ética nos ajuda a pensar a

subjetividade. Que sujeito é esse em tal momento da história? Que sujeito é este hoje? Que “conhecimento” é

este que buscamos pela ciência?

Ainda MARCONDES (1998)6 nos define ética da seguinte forma: “A ética do grego “ethike”, diz

respeito aos costumes e tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral

(finalidade e sentido da vida humana, os fundamentos da obrigação e do dever, natureza do bem e do mal, o

valor da consciência moral.”

a ciência, a ética e a filosofia

Não existe um profissional ético, sem antes um homem ético. Portanto, a discussão sobre ética deve ser

vista como uma situação-problema que provoca e estimula uma reflexão abrangente sobre a própria natureza

da relação ética e ciência.

Em sua reflexão sobre o conceito de progresso MATOS (1993)7 conclui que: “como não há progresso

que não seja também moral, a principal tarefa dos nossos dias é o combate pelo progresso dos direitos

humanos.”

5 http://www.artigonal.com/educacao-artigos/etica-e-ciencia-urgencia-do-debate-982236.html De autoria do a Profº Raul Enrique

Cuore Cuore 6

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. São Paulo: JZE. 2º ed.1998.

7 MATOS, O. C. F. A escola de Frankfurt: luzes e sombras do iluminismo. Coleção Logos. São Paulo: Editora Moderna, 1993.

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Referenciando a utopia que temos em comum: a humanidade com vida digna e feliz. Visto deste ponto,

a reflexão filosófica não tem a utilidade imediata no sentido do senso comum. Sua contribuição à ciência e à

técnica explicando os fundamentos epistemológicos e metodológicos e certamente, éticos. Citando CHAUÍ

(1994)8: “Não se trata, pois, rigorosamente de uma ciência, mas de uma reflexão em busca de uma

fundamentação teórica e crítica dos nossos conhecimentos e de nossas práticas”.

Segundo o existencialismo, o ser humano está em processo de autoconstrução. Em outras palavras, é

um agente transformador da Natureza que, ao transformá-la, constrói sua própria essência. A natureza humana

vem sendo construída pela própria humanidade no processo histórico atualizando sua potencialidade com

agente transformador. Sobre este conceito MATOS (1993) nos expõe:

“Temos uma natureza em devir. O ser humano é, ao mesmo tempo, um ser atualmente advindo

e um ser ainda a vir, apenas prometido a si mesmo. (...) É aqui que se manifesta a estrutura

fundamental da ação: de um lado, ela é aquilo em que se tornou, aquilo que ela é agora: do

outro, também é uma antecipação de seu ser realizado e, por ser ação de um agente autônomo,

ela implica em si a responsabilidade daquilo que fazemos de nós mesmos. E veremos como a

responsabilidade de cada ser humano para consigo mesmo constitui, ao mesmo tempo, um

responsabilidade que ele tem com todos os homens”.

ciência e ética nos dias atuais

A ciência, traço que singulariza as sociedades modernas, vem sendo analisada sob os mais diversos

ângulos. Desde o enfoque mais clássico da epistemologia ao olhar mais recente dos estudos culturais,

multiplicam-se os estudos sobre a atividade científica. Entretanto, em nossos dias, uma perspectiva, a da ética,

exerce particular interesse, associada ao desenvolvimento contemporâneo das ciências da vida.

Alternativas inéditas, antigamente nem sequer questionadas, fazem hoje, parte do cotidiano.

Possibilidades como a preservação duradoura da vida em condições artificiais, a intervenção em fetos ou as

que decorrem do amplo repertório de ações ligadas à clonagem evidenciam a expansão do nosso poderio

científico-tecnológico. Poderio que nos inscreve, de imediato, no horizonte ético: podendo fazer, devemos

fazer?

Os órgãos que regulam a ética nas pesquisas científicas que envolvam seres humanos, o crescente

cuidado no trato dos animais associados à pesquisa científica, a atenção e a sensibilidade com que são vistas

as questões relativas à intervenção no meio ambiente são indicadores de que estamos diante de um novo

cenário. Mas, se, de um lado, devemos celebrar o reaparecimento da temática ética, na medida em que se

localiza no campo da ação humana, por outro lado, cabe perguntar sob que condições é razoável esperar uma

aproximação permanente entre a ciência e a ética.

Ética, entre outras coisas, significa restrição. O recurso a valores, constitutivos de qualquer agenda

ética, implica aceitar proibições e limites. Caso existisse, uma sociedade inteiramente permissiva levaria à

supressão da dimensão ética, que se tornaria supérflua num ambiente onde tudo fosse tolerado.

Se aceitarmos a associação entre a atitude ética e o estabelecimento de alguma espécie de limite, como

poderíamos aproximar a ética e a ciência, entre os procedimentos éticos e a busca do conhecimento?

No contexto da sociedade atual, à que pertencemos, a criação dos campos científicos na modernidade

ocidental é decorrência, entre outros fatores, da ideologia que preconiza a defesa da liberdade mais plena no

que diz respeito ao conhecimento. A concepção moderna de ciência, a que estamos, ainda hoje, associados, é

inseparável da progressiva reafirmação do princípio da autonomia da pesquisa e da rejeição, inegociável, da

tutela, seja religiosa, seja política.

conclusão

Notamos que nos dias de hoje várias instituições se preocupam em elaborar um código de ética. Isso

demonstra claramente a necessidade que a sociedade tem de “controlar” as medidas e atitudes das diversas

profissões. Será que podemos permitir que a ciência, por exemplo, faça o que ela quiser? A ciência pode

pesquisar o que ela quiser?

A ética seria desta maneira então, intermediária, buscaria a justiça, a harmonia e os caminhos para

alcançá-las. Quando buscamos, a justiça, a verdade, o entendimento e o conhecimento, o buscamos para

satisfazer uma necessidade do sujeito.

O que é que distingue a ciência da não-ciência? Como podemos demarcar a fronteira entre elas? É

importante mencionar que a ciência deve ser entendida de maneira diversa, conforme o tempo em que a

8 CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994.

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estudamos. O que chamamos de “conhecimento científico”, também, pode variar conforme os diversos

períodos da história. Na área médica, por exemplo, quando ouvimos uma voz científica dizendo: evite comer

ou fazer tal coisa, que faz mal à saúde, e depois alguns anos mais tarde se contradizem dizendo que não é bem

assim. Podemos citar o recente comunicado da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com

respeito à gema do ovo mal cozida.

Concluiu-se que ciência é um conhecimento sistemático, dá-se pela leitura, reflexão, sistematização,

conhecimento lógico, sendo quase impossível vivermos sem seus benefícios. A ciência tenta discernir com

sabedoria ética o melhor para o ser humano. Sendo de muita importância este apelo ético na ciência, pois a

sociedade depende das conseqüências.

A ética é uma característica própria a toda ação humana, tendo como objetivo facilitar a realização das

pessoas. A ciência envolve investigação e busca pela verdade. Na ciência temos a ética como suporte para não

haver erros, pois a responsabilidade faz parte da ética e é fundamental no meio cientifico. A produção

cientifica não se realiza fora de um determinado contexto social e político.

4. Ética e política

Se a política tem como finalidade a vida justa e feliz, isto é, a vida propriamente humana digna de seres livres,

então é inseparável da ética.

De fato, para os gregos, era inconcebível a ética fora da comunidade política – a polis como koinonia

ou comunidade dos iguais -, pois nela a natureza ou essência humana encontrava sua realização mais alta.

Quando estudamos a ética, vimos que Aristóteles distinguira entre teoria e prática e, nesta, entre

fabricação e ação, isto é, diferenciara poiésis e práxis. Vimos também que reservara à práxis um lugar mais

alto do que à fabricação, definindo-a como ação voluntária de um agente racional em vista de um fim

considerado bom. A práxis por excelência é a política. A esse respeito, na Ética a Nicômaco, escreve

Aristóteles:

Se, em nossas ações, há algum fim que desejamos por ele mesmo e os outros são desejados só por

causa dele, e se não escolhemos indefinidamente alguma coisa em vista de uma outra (pois, nesse caso,

iríamos ao infinito e nosso desejo seria fútil e vão), é evidente que tal fim só pode ser o bem, o Sumo Bem…

Se assim é, devemos abarcar, pelo menos em linhas gerais, a natureza do Sumo Bem e dizer de qual saber ele

provém. Consideramos que ele depende da ciência suprema e arquitetônica por excelência. Ora, tal ciência é

manifestamente a política, pois é ela que determina, entre os saberes, quais são os necessários para as Cidades

e que tipos de saberes cada classe de cidadãos deve possuir… A política se serve das outras ciências práticas e

legisla sobre o que é preciso fazer e do que é preciso abster-se; assim sendo, o fim buscado por ela deve

englobar os fins de todas as outras, donde se conclui que o fim da política é o bem propriamente humano.

Mesmo se houver identidade entre o bem do indivíduo e o da Cidade, é manifestamente uma tarefa muito mais

importante e mais perfeita conhecer e salvaguardar o bem da Cidade, pois o bem não é seguramente amável

mesmo para um indivíduo, mas é mais belo e mais divino aplicado a uma nação ou à Cidade.

Platão identificara a justiça no indivíduo e a justiça na polis. Aristóteles subordina o bem do indivíduo

ao Bem Supremo da polis. Esse vínculo interno entre ética e política significava que as qualidades das leis e

do poder dependiam das qualidades morais dos cidadãos e vice-versa, das qualidades da Cidade dependiam as

virtudes dos cidadãos. Somente na Cidade boa e justa os homens poderiam ser bons e justos; e somente

homens bons e justos são capazes de instituir uma Cidade boa e justa.

5. Ética e política

A novidade do pensamento maquiaveliano, justamente a que causou maior escândalo e críticas, está na

reavaliação das relações entre ética e política. Por um lado. Maquiavel apresenta uma moral laica, secular, de

base naturalista, diferente da moral cristã; por outro, estabelece a autonomia da política, negando a

anterioridade das questões morais na avaliação da ação política.

Para a moral cristã, predominante na Idade Média, há valores espirituais superiores aos políticos, além de

que o bem comum da cidade deve se subordinar ao bem supremo da salvação da alma. "A moral cristã se

apóia em uma concepção do bem e do mal; do justo e do injusto, que ao mesmo tempo preexiste e transcende

a autoridade do Estado, cuja organização político-jurídica não deve contradizer ou violar as formas éticas

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fundamentais, implícitas no direito natural. O indivíduo está subordinado ao Estado, mas a ação deste último

se acha limitada pela lei natural ou moral que constitui uma instância superior à qual todo membro da

comunidade pode recorrer sempre que o poder temporal atentar contra seus direitos essenciais inalienáveis."

A nova ética analisa as ações não mais em função de uma hierarquia de valores dada a priori, mas sim

em vista das conseqüências, dos resultados da ação política. Não se trata de um amoralismo, mas de uma nova

moral centrada nos critérios da avaliação do que é útil à comunidade: o critério para definir o que é moral é o

bem da comunidade, e nesse sentido às vezes é legítimo o recurso ao mal (o emprego da força coercitiva do

Estado, a guerra, a prática da espionagem, o emprego da violência). Estamos diante de uma moral imanente,

mundana, que vive do relacionamento entre os homens. E se há a possibilidade de os homens

serem corruptos, constitui dever do príncipe manter-se no poder a qualquer custo.

Maquiavel distingue entre o bom governante, que é forçado pela necessidade a usar da violência visando

o bem coletivo, e o tirano, que age por capricho ou interesse próprio.

O pensamento de Maquiavel nos leva à reflexão sobre a situação dramática e ambivalente do homem

de ação: se o indivíduo aplicar de forma inflexível o código moral que rege sua vida pessoal à vida

política, sem dúvida colherá fracassos sucessivos, tornando-se um político incompetente.

Tal afirmação pode levar as pessoas a considerar que Maquiavel estaria defendendo o político

imoral, os corruptos e os tiranos. Não se trata disso. A leitura maquiaveliana sugere a superação

escrúpulos imobilistas da moral individual, mas não rejeita a moral própria da ação política: "Se o

indivíduo, na sua existência privada, tem o direito de sacrificar o seu bem pessoal imediato e até sua pró-

pria vida a um valor moral superior, ditado pela sua consciência, pois em tal hipótese estará empenhando

apenas seu destino particular, o mesmo não acontece com o homem de Estado, sobre o qual pesam a

pressão e a responsabilidade dos interesses coletivos; este, de fato, não terá o direito de tomar uma deci-

são que envolva o bem-estar ou a segurança da comunidade, levando em conta tão-somente as exigências

da moral privada; casos haverá em que terá o dever de violá-la para defender as instituições que

representa ou garantir a própria sobrevivência da nação".

Isso significa que a avaliação moral não deve ser feita antes da ação política, segundo normas gerais

e abstratas, mas a partir de uma situação específica que é avaliada em função do resultado dela, já que

toda ação política visa a sobrevivência do grupo e não apenas de indivíduos isolados.

Por isso Maquiavel não pode ser considerado um cínico apologista da violência. O que ele enfatiza é que os

critérios da ética política precisam ser revistos conforme as circunstâncias e sempre tendo em vista os fins

coletivos.

No entanto, é bom lembrar que o pensamento de Maquiavel tem um sentido próprio, na medida em que

ele expressa a tendência fundamental da sua época, ou seja, a defesa do Estado absoluto e a valorização da

política secular, não atrelada à religião. Talvez por isso o extremo politicismo, ou seja, a hipertrofia do valor

político, de cujas conseqüências últimas talvez nem ele próprio pudesse suspeitar.

Embora Maquiavel não tivesse usado o conceito de razão de Estado, é considerado o pensador que

começa a esboçar a doutrina que vigorará no século seguinte, quando o governante absoluto, em

circunstâncias críticas e extremamente graves, a ela recorre permitindo-se violar normas jurídicas, morais,

políticas e econômicas.

Cassirer, filósofo alemão contemporâneo, observa que a experiência pessoal de Maquiavel se baseava nas

pequenas tiranias italianas do século XVI, que não podem ser comparadas às monarquias absolutas do século

XVII nem às nossas ditaduras modernas, o que nos faz ver hoje o maquiavelismo através de uma lente de

aumento.

Maquiavel republicano

Quando estava no ostracismo político, Maquiavel se ocupa com a elaboração dos Comentários sobre a

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primeira década de Tito Lívio, interrompendo esse trabalho por alguns meses para escrever O príncipe.

À medida que escreve os Comentários, lê trechos nas reuniões realizadas por jovens republicanos, a

quem dedica a obra. Aí desenvolve idéias democráticas, admitindo que o conflito é inerente à atividade

política e que esta se faz a partir da conciliação de interesses divergentes.

Defende a proposta do governo misto:

"Se o príncipe, os aristocratas e o povo governam em conjunto o Estado, podem com facilidade controlar-se

mutuamente".

Considera importante que as monarquias ou repúblicas sejam governadas pelas leis e acusa aqueles que,

no uso da violência, abusaram da crueldade, ou a usaram para interesses menores.

6.Ética e violência

Quando acompanhamos a história das idéias éticas, desde a Antiguidade clássica (greco-romana) até

nossos dias, podemos perceber que, em seu centro, encontra-se o problema da violência e dos meios para

evitá-la, diminuí-la, controlá-la. Diferentes formações sociais e culturais instituíram conjuntos de valores

éticos como padrões de conduta, de relações intersubjetivas e interpessoais, de comportamentos sociais que

pudessem garantir a integridade física e psíquica de seus membros e a conservação do grupo social.

Evidentemente, as várias culturas e sociedades não definiram e nem definem a violência da mesma

maneira, mas, ao contrário, dão-lhe conteúdos diferentes, segundo os tempos e os lugares. No entanto,

malgrado as diferenças, certos aspectos da violência são percebidos da mesma maneira, nas várias culturas e

sociedades, formando o fundo comum contra o qual os valores éticos são erguidos. Fundamentalmente, a

violência é percebida como exercício da força física e da coação psíquica para obrigar alguém a fazer alguma

coisa contrária a si, contrária aos seus interesses e desejos, contrária ao seu corpo e à sua consciência,

causando-lhe danos profundos e irreparáveis, como a morte, a loucura, a auto-agressão ou a agressão aos

outros.

Quando uma cultura e uma sociedade definem o que entendem por mal, crime e vício, circunscrevem

aquilo que julgam violência contra um indivíduo ou contra o grupo. Simultaneamente, erguem os valores

positivos – o bem e a virtude – como barreiras éticas contra a violência.

Em nossa cultura, a violência é entendida como o uso da força física e do constrangimento psíquico

para obrigar alguém a agir de modo contrário à sua natureza e ao seu ser. A violência é a violação da

integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém. Eis por que o assassinato, a tortura, a injustiça,

a mentira, o estupro, a calúnia, a má-fé, o roubo são considerados violência, imoralidade e crime.

Considerando que a humanidade dos humanos reside no fato de serem racionais, dotados de vontade

livre, de capacidade para a comunicação e para a vida em sociedade, de capacidade para interagir com a

Natureza e com o tempo, nossa cultura e sociedade nos definem como sujeitos do conhecimento e da ação,

localizando a violência em tudo aquilo que reduz um sujeito à condição de objeto. Do ponto de vista ético,

somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas. Os valores éticos se oferecem, portanto, como

expressão e garantia de nossa condição de sujeitos, proibindo moralmente o que nos transforme em coisa

usada e manipulada por outros.

A ética é normativa exatamente por isso, suas normas visando impor limites e controles ao risco

permanente da violência.

7. Ética e Política: a crise política9 A crise política sem fim e sem precedentes sugere algumas reflexões sobre o problema da ética na

política. Nenhuma profissão é mais nobre do que a política porque quem a exerce assume responsabilidades só

compatíveis com grandes qualidades morais e de competência. A atividade política só se justifica se o político

tiver espírito republicano, ou seja, se suas ações, além de buscarem a conquista do poder, forem dirigidas para

o bem público, que não é fácil definir, mas que é preciso sempre buscar. Um bem público que variará de

9 Luiz Carlos Bresser-Pereira In:Folha de S.Paulo, 10.4.2006

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acordo com a ideologia ou os valores de cada político, mas o qual se espera que ele busque com prudência e

coragem. E nenhuma profissão é mais importante, porque o político, na sua capacidade de definir instituições

e tomar decisões estratégicas na vida das nações, tem uma influência sobre a vida das pessoas maior do que a

de qualquer outra profissão.

A ética da responsabilidade leva em consideração as conseqüências das decisões que o político adota.

Em muitas ocasiões, o político é obrigado a tomar decisões que envolvem meios não muito nobres para

alcançar os objetivos públicos. O político, por exemplo, não tem alternativa senão fazer compromissos para

alcançar maiorias.

Nessa contradição entre os fins públicos e os meios existe um problema de grau. É claro que o político

deve ser fiel à sua visão do bem público, mas não pode ser radical tanto em relação aos fins nem aos meios.

Não pode acreditar que detém o monopólio da definição desse bem: o político democrático e republicano tem

a sua visão do interesse comum, mas respeita a dos outros. Por outro lado, ainda que o uso de meios

discutíveis possa ser justificado em certas circunstâncias, é evidente que não podem ser quaisquer os meios

utilizados. É preciso aqui também ser razoável: alguns meios são absolutamente condenáveis e, portanto,

injustificáveis. Foi por isso que Weber, ao invés de ficar com a ética de Maquiavel, preferiu falar em ética da

responsabilidade, para poder enfatizar o fator grau na escolha tanto dos fins quanto dos meios.

A imoralidade quanto aos meios é aquela que resulta de os meios utilizados serem definitivamente

condenáveis. A imoralidade quanto aos fins é aquela que se materializa quando falta ao político a noção de

bem público: ainda que seu discurso possa afirmar valores, ele realmente busca apenas seu poder ou seu

enriquecimento, ou ambos. Neste caso configura-se o político oportunista, que não tem outro critério senão

seu próprio interesse. Há certos casos, em que a imoralidade é apenas em relação aos meios, outros, apenas

quanto aos fins, mas geralmente é uma imoralidade tanto os meios quanto os fins: o político usa de quaisquer

meios para atingir seus fins pessoais. Neste caso temos a imoralidade absoluta, o oportunismo, radical.

8. ÉTICA E POLÍTICA BRASILEIRA10

A ética pode ser entendida como a ciência que estuda as relações morais dos homens entre si.

Originada do grego ethos que significa costume, a ética surge para estudar e investigar os princípios, as

normas de comportamento, ou seja, as práticas morais e tradicionais consideradas valores que regem as

condutas humanas de determinada sociedade. (VAZQUÉZ, 2000)11.

Os princípios éticos de uma sociedade podem e devem evoluir seguindo os valores morais que sofrem

mutação conforme as mudanças econômicas, tecnológicas e sociais. Para Adolfo Vazquéz (2000) os

princípios éticos evoluem devido a "necessidade de relacioná-los com as condições sociais as quais se

referem, com as aspirações e interesses que os inspiram e com o tipo concreto de relações humanas que

pretendem regulamentar".

Durante a Idade Média a visão teocêntrica do mundo vez com que os valores morais da sociedade

fossem substituídos. Essa começava a ser regida pelos valores religiosos, mais precisamente os católicos, que

impuseram a dialética do bem X o mal vinculados a fé, e pelos Dez Mandamentos que são seguidos e

respeitados até hoje, como: não matar, não roubar, etc.

Posteriormente, a visão iluminista transformou os valores éticos da sociedade, pois estes se tornaram

secularizados. O fundamento ético passava a ser o próprio homem, e não mais Deus. Na concepção Kantiana

(apud ARANHA, 1993)12, que é iluminista, o agir moralmente se funda exclusivamente na razão. Essa nova

visão pressupõe o individualismo, uma vez que o homem é levado a agir seguindo a sua consciência, seus

costumes ou a favor do que seria bom para si mesmo.

Atualmente Habermas (1980 apud ARANHA, 1993) traz uma nova concepção para a ética. Sua teoria,

influenciada por Kant, também pontifica a razão como fundamento básico, porém é uma razão comunicativa,

onde o sujeito recorre à comunidade, ao dialogo, a interação social para chegar à razão. Dessa forma, é

necessário o entendimento para se conseguir uma única conclusão entre os indivíduos do grupo social,

conseguida através da utilização de argumentação racional.

10 Ludimila Coelho Loiola In:

http://www.webartigos.com/articles/5829/1/etica-e-politica-brasileira/pagina1.html 11 VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. 20. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000 12 ARANHA, Maria Lucia. Filosofando. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1993.

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Por outro lado, a palavra "política" foi utilizada pela primeira vez por Aristóteles. Este disse que "o

homem é um animal político, porque nenhum ser humano vive sozinho e todos precisam da companhia de

outros". Dessa forma, "política se refere à vida na polis, ou seja, a vida em comum, as regras de organização

dessa vida, aos objetivos da comunidade e as decisões sobre todos esses pontos". (ARISTÓTELES, apud

DALLARI, 1999).

Weber (1926) traz duas concepções de política. A primeira diz que "por política entenderemos tão

somente a direção do agrupamento político hoje denominado 'Estado' ou a influência que se exerce nesse

sentido". Nessa concepção, torna-se viável e tolerável o uso da força ou violência pelo Estado para a garantia

do seu poder, soberania e ideais. Na Segunda, entende por política "o conjunto de esforços feitos visando a

participar do poder ou a influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, seja no interior de um único

Estado". Dessa maneira, para Weber "qualquer homem que se entrega a política aspira ao poder". O Estado

consiste apenas em uma relação de dominação do homem pelo homem.

Poderíamos elencar além dessas inúmeras outras definições do que é política, mas tomaremos como base a

concepção de Dallari (1999, p.10) : "política é a conjugação das ações de indivíduos e grupos humanos,

dirigindo-as a um fim comum". Este fim comum deve ter como ideal o bem-estar, a igualdade entre os

componentes da sociedade e a paz social.

A política resulta da própria vida em sociedade, das ações humanas e da necessidade de organização

dessa sociedade, visando sempre ao bem comum, de tal modo que se atinja uma sociedade justa e livre.

Entre a ética e a política parece não existir um ponto em comum, pois agir conforme os padrões

políticos significa que as suas atitudes estão distantes dos valores éticos da sociedade. Essa afirmação parece

ser contraditória, pois se uma aspira a uma vida justa e feliz, torna-se inseparável da outra. Porém, esta

finalidade é mera teoria, pois a política, na prática, não realiza o bem comum, mas o bem dos próprios

detentores do poder e seus apadrinhados.

A prática dos privilégios acontece no Brasil desde a época colonial. Ficou explicita com a divisão das

capitanias hereditárias, pois os donatários que receberam as terras eram os nobres e/ou os amigos do Rei

português.

Atualmente, as palavras mais ouvidas nos jornais televisionados são promessas não cumpridas,

corrupção, má utilização ou desvio de dinheiro público, desonestidade, compra de votos e abuso de poder,

contradizendo a vontade dos eleitores que escolhem seus representantes a espera de pessoas honestas e

preocupadas com os inúmeros problemas sociais enfrentados pelo Brasil. Os cidadãos exigem um mínimo de

postura ética dos seus representantes no poder, mas não há resposta a esse clamor, pois os compromissos

assumidos durante as campanhas eleitorais são "esquecidos".

Depreendemos daí que os políticos não se preocupam com os problemas sociais que aterrorizam a

população, o que seria a sua obrigação. Ao contrario, são guiados pela sede do poder, o único fim a que se

dedicam. Dessa forma, a ética é "esquecida", torna-se mera especulação e inspiração para filósofos e

escritores.

9. HISTÓRIA DA POLÍTICA NO BRASIL

No século XVIII, o sistema colonial encontrava-se em verdadeira decomposição. Os novos ideais de

liberdade e racionalidade inseridos pelo Iluminismo substituiram o quadro religioso pelo racionalista, a

procura de privilégios sociais, econômicos e políticos para a população. Aos poucos o racionalismo acabou

com o ideário do mercantilismo e a perseguição aos entraves ao trabalho, até acabar de vez com a servidão, e a

escravidão.

Nessa época também percebemos a exacerbação do nacionalismo e do liberalismo. Essas novas

perspectivas criaram uma consciência emancipadora, pois os brasileiros não queriam se deixar dominar pela

metrópole.

Em 1808, Dom João juntamente com toda a corte desembarcou no Brasil. Nesse período foi criado o

Banco do Brasil, a fundação da Imprensa Regia, o incentivo a exploração mineral, criação do Jardim

Botânico, Biblioteca Nacional, abertura de escolas de primeiras letras e de ensino de artes e oficio, dentre

outras benfeitorias executadas pelo Rei português no Brasil, o que trouxe grande progresso econômico,

cultural e social à colônia.

Com o regresso de Dom João VI para Portugal em 1822, instalou-se no Brasil a monarquia exercida

pelo príncipe regente Dom Pedro I, após a proclamação da independência em 7 de setembro de 1822.

Para Caio Prado Júnior (1979, apud IGLÉSIAS, 1993, p. 115) "fez-se a independência praticamente à

revelia do povo, e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova

ordem política. A independência brasileira é fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto.

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Conseqüências desagradáveis surgiram com a independência, como o não reconhecimento de países

como os Estados Unidos. Além disso, houve a outorgação da Carta Constitucional em 1824 por Dom Pedro I,

após a dissolução da Assembléia Constituinte.

Inúmeros protestos surgem no Brasil contra a monarquia, contra o absolutismo, culminando na

abdicação de Dom Pedro I em 1831, passando a fase política do Segundo Reinado. A ética continua

escanteada, pois o seu papel na sociedade política é secundário, talvez até desconhecido. Nesse período,

tivemos proclamado primeiro Regente Dom Pedro II que tinha cinco anos de idade. Depois vieram as

Regências Trinas e, já no final desse período, a Regência Una exercida por Feijó.

Porém, em 1832, Dom Pedro II retoma o poder, e dessa vez, como Imperador. Seu segundo reinado

dura quarenta e nove anos.

O escravismo viu o seu fim em 1888 nos últimos anos de Império (derrubado em 1889) com a Lei

Áurea.

A República foi instaurada em 1889 e vai até 1964. Podemos dividir essa fase em:

1) de 1889 a 1894, a República dos Marechais; 2) de 1894 a 1930, da convencional retomada do poder

pelas oligarquias ao início de ruptura, de 1922 a chamada Revolução de 1930; 3) de 1930 a 1937, uma grande

virada, com o governo de Vargas, primeiro como ditadura, depois constitucional, com a pregação das

ideologias de direita e esquerda; 4) de 1937 a 1945, o Estado Novo com o corporativismo de Vargas; 5) de

1945 a 1964, (subdividido) com o interregno presidencial de 1949 a 1950, incluindo com a volta de Vargas à

presidência, agora eleito, e de 1955 a 1964, com a chamada Era JK, de 1956 a 1961, completada com a

instabilidade e a crise de 1961 a 1964, quando a chefia do Estado se conduz com insegurança e termina com o

Golpe Militar de 1964, que depõe o governo e instaura outra ordem, na alegada revolução regeneradora dos

militares. (IGLÉSIAS,1993, p.193)13.

Assim, concluímos que as movimentações políticas do país, em geral, não levaram em conta a vontade

da maioria da população. É um poder antiético e elitista, centrado no acúmulo de poder político-econômico

nas mãos de poucos cidadãos para o beneficiamento da mesma massa populacional.

10. CONDUTAS E POSTURAS POLÍTICAS NO BRASIL

Desde o início da República no Brasil, o poder é exercido pelas elites do país e para essas elites.

Durante a República Velha (1889 - 1930) acertada a indicação [para a presidência], contudo, isso já equivalia

à eleição, de vez que os governos estaduais tinham poder para dirigir as eleições e não hesitavam em

manipular os resultados para enquadrá-los nos seus arranjos pré-eleitorais. Com o apoio dos líderes políticos

de um número de estados suficiente para assegurar a maioria eleitoral, e o candidato indicado, amparado pelo

regime vigente, temia muito pouco a derrota. À medida que o século XX avançava e as cidades cresciam, a

manipulação do eleitorado tornava-se mais difícil. Mas os resultados nas cidades ainda podiam ser

neutralizados pelos 'currais' eleitorais dos chefões do interior (conhecidos como "coronéis"), que governavam

seus domínios patriarcais com mão de ferro. Se bem que o sistema político de coronelismo estivesse em

declínio, como resultado das mudanças econômicas que minavam a tradicional estrutura econômica do

atrasado interior brasileiro, ainda era considerado como um fator importante durante as negociações pré-

eleitorais de 1929. (SKIDMORE, 1982, p.21-22)14.

Dessa forma, apesar de nas eleições de 1929 Júlio Prestes ter sido o candidato à presidência mais

votado, não pode tomar posse. Era mais interessante, do ponto de vista político, que o candidato derrotado,

Getulio Vargas, exercesse o poder para garantir que a elite brasileira (composta naquela época principalmente

por cafeicultores) continuaria sendo privilegiada.

Essa política de apadrinhamento e coronelismo decorre até os dias de hoje. O coronelismo ocorre

principalmente nas cidades do interior onde a população é mais pobre e carente, tornando-se mais facilmente

manipulada.

Os "coronéis" utilizam-se da máquina do poder e da boa fé dos cidadãos para garantir à população

residente em seu domínio eleitoral uma educação básica de péssima qualidade, não permitindo a esse povo

perceber o seu estado de absoluta alienação.

13 IGLÉSIAS, Francisco. Trajetória política do Brasil: 1500-1964. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras,

1993. 14 SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982

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Realizam alguma obra em favor da população através da troca de favores: o beneficiamento social X o

voto. Por não perceberem essa manipulação, os "coronéis" são vistos pelos eleitores como os "bons homens",

"aqueles que fazem tudo por nós". Pura ilusão. Não há por que pensar e agir eticamente se dessa forma não

haverá retorno financeiro.

Na década de 30 já era evidente a marginalização da sociedade e a discrepância social entre as

diferentes camadas populacionais, aumentando cada vez mais o imenso abismo social hoje existente.

A elite brasileira permaneceu diretamente no poder durante toda a república (de 1930 a 1964) nos

governos de Getúlio Vargas, Dutra, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, pois estes

presidentes não lutaram efetivamente pelo bem-estar, igualdade, moradia, educação e saúde para a população.

Ao contrário, fortaleciam o poder da minoria populacional mais rica.

Após o Golpe Militar (1964), apoiado pela elite, com a passagem dos presidentes Castelo Branco,

Costa e Silva, Médici, Geisel, Figueiredo e Tancredo Neves, percebemos que as diferenças sociais não foram

cuidadas nesse período.

As várias políticas econômicas utilizadas no referido momento histórico contribuíram em grande

escala para vastos períodos de recessão e o conseqüente empobrecimento da população.

Não havia uma preocupação ética com a população. O próprio Golpe Militar foi uma ação antiética,

pois privou toda a população de usufruir dos seus direitos individuais, como o direito de ir e vir, o direito a

liberdade de expressão, dentre outros, além da repressão política sofrida pela população em geral.

CONCLUSÃO15 Conforme pudemos observar acima, o processo político brasileiro, desde o seu início, não se

preocupou na prática com princípios éticos e sociais durante a formação da sociedade. Dessa forma, formou-

se uma sociedade patriarcal, com uma população pobre, destinada a viver na miséria, e com uma cultura

individualista que reflete em todas as áreas de atuação populacional.

De tão acostumado com escândalos políticos, os brasileiros pouco se comovem, e continuam estáticos

em relação a todos os impasses provocados pelas políticas elitistas dos governantes.

Apesar de a população a cada dia tornar-se mais pobre, não é capaz de transformar ou proporcionar um

maior esclarecimento sobre os deveres ético-políticos dos governantes. Além desses, parece que a população

em geral também está se esquecendo dos valores e princípios éticos que todos devem seguir e respeitar.

Talvez esteja indiferente.

Só conseguiremos mudar essa realidade quando houver garantia à população de uma boa educação, o

que trará consciência e resultados éticos muito mais satisfatórios que os presenciados atualmente, pois não se

aprende mais a ética durante o período escolar. Deve ser pressuposta na medida em que se torna indispensável

para a convivência entre os homens.

Essa realidade deve ser repensada, pois sem a junção entre a ética e a política, não poderemos viver em

um país solidário e humano, que lute pela igualdade entre as inúmeras camadas sociais hoje existentes. Da

forma que nossa sociedade está de conduzindo, a medida que os anos passam, o caos social irá aumentar

gradativamente e chegará a um ponto em que a vida, a interação social entre os homens será impossível.

11. Ética e violência

Quando acompanhamos a história das idéias éticas, desde a Antiguidade clássica (greco-romana) até

nossos dias, podemos perceber que, em seu centro, encontra-se o problema da violência e dos meios para

evitá-la, diminuí-la, controlá-la. Diferentes formações sociais e culturais instituíram conjuntos de valores

éticos como padrões de conduta, de relações intersubjetivas e interpessoais, de comportamentos sociais que

pudessem garantir a integridade física e psíquica de seus membros e a conservação do grupo social.

Evidentemente, as várias culturas e sociedades não definiram e nem definem a violência da mesma

maneira, mas, ao contrário, dão-lhe conteúdos diferentes, segundo os tempos e os lugares. No entanto,

malgrado as diferenças, certos aspectos da violência são percebidos da mesma maneira, nas várias culturas e

sociedades, formando o fundo comum contra o qual os valores éticos são erguidos. Fundamentalmente, a

15Outras referências sobre o assunto podem ser encontradas em : MAAR, Wolfgang Leo. O que é política. 16. ed. São Paulo:

Brasiliense, 1994.NOVAES, Adauto. Ética. 8. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.SARTORI, Giovanni. A política. 2. ed.

Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997.________ Brasil: de Castelo a Tancredo. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1988.TUGENDHAT, Ernest. Lições sobre ética. 5. Ed. Petrópolis: Vozes, 2003.WEIL, Pierre. A nova ética. 4. ed. Rio de Janeiro:

Rosa dos Tempos, 2002.

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violência é percebida como exercício da força física e da coação psíquica para obrigar alguém a fazer alguma

coisa contrária a si, contrária aos seus interesses e desejos, contrária ao seu corpo e à sua consciência,

causando-lhe danos profundos e irreparáveis, como a morte, a loucura, a auto-agressão ou a agressão aos

outros.

Quando uma cultura e uma sociedade definem o que entendem por mal, crime e vício, circunscrevem

aquilo que julgam violência contra um indivíduo ou contra o grupo. Simultaneamente, erguem os valores

positivos – o bem e a virtude – como barreiras éticas contra a violência.

Em nossa cultura, a violência é entendida como o uso da força física e do constrangimento psíquico

para obrigar alguém a agir de modo contrário à sua natureza e ao seu ser. A violência é a violação da

integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém. Eis por que o assassinato, a tortura, a injustiça,

a mentira, o estupro, a calúnia, a má-fé, o roubo são considerados violência, imoralidade e crime.

Considerando que a humanidade dos humanos reside no fato de serem racionais, dotados de vontade

livre, de capacidade para a comunicação e para a vida em sociedade, de capacidade para interagir com a

Natureza e com o tempo, nossa cultura e sociedade nos definem como sujeitos do conhecimento e da ação,

localizando a violência em tudo aquilo que reduz um sujeito à condição de objeto. Do ponto de vista ético,

somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas. Os valores éticos se oferecem, portanto, como

expressão e garantia de nossa condição de sujeitos, proibindo moralmente o que nos transforme em coisa

usada e manipulada por outros.

A ética é normativa exatamente por isso, suas normas visando impor limites e controles ao risco

permanente da violência.

12. ENTREVISTA:

É possível reduzir a violência e aumentar a segurança16

Apontado por muitos como o maior problema social que enfrentamos hoje, a violência assusta e inibe as

pessoas na convivência social. Alguns resolvem seu problema contratando seguranças particulares, câmeras de

vídeo, portões eletrônicos...

Mas e a grande maioria da população que depende da segurança pública? Conforme Melina Risso17,

algumas iniciativas já estão dando fruto, através da ação da sociedade organizada.

Mundo Jovem: É possível acabar com a violência no Brasil?

Melina Risso: Entendemos a violência como um fenômeno multicausal. Portanto não existe uma solução

mágica. Em nenhum lugar imaginamos que, se fizer isto, vai resolver o problema. O que temos observado em

São Paulo, por exemplo, é que vários fatores contribuíram para diminuir a violência. Primeiro, houve um

investimento muito grande na polícia, um investimento na formação, na inteligência, na informação para

qualificar a ação da polícia. E uma segunda coisa que temos observado é um incremento das ações da

sociedade civil: projetos sociais em locais com índice de alta vulnerabilidade, projetos focados e

principalmente com um público bastante afetado, que é o público jovem. Podemos apontar também um

envolvimento das prefeituras que têm uma ação preventiva. Em alguns lugares a sensação de segurança é

gerada por questões urbanas, de investimento de infra-estrutura urbana. E isto é função da prefeitura.

Quando a prefeitura trabalha junto com o estado e o governo federal, a gente consegue resultados mais

substanciais para a redução da criminalidade. Portanto uma série de coisas compõem este conjunto que reduz

os homicídios em São Paulo. Este ano, pela primeira vez, devemos estar chegando na faixa de dez homicídios

16 Publicada na edição nº 393, fevereiro de 2009 da Revista Mundo Jovem In:

http://www.revistamundojovem.com.br/entrevista-02-2009.php 17Melina Risso, diretora de desenvolvimento institucional da ONG Sou da Paz, em São Paulo. Endereço

eletrônico: [email protected] Site: www.soudapaz.org

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por cem mil habitantes, que é considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. É um trabalho

longo, intenso, que acontece desde 1995.

Mundo Jovem: A lei de controle de armas também favoreceu?

Melina Risso: Exatamente. No Brasil os homicídios aconteciam e acontecem prioritariamente com armas de

fogo. As medidas de controle deste fator de risco são fundamentais para a redução dos índices. Diversos

estudos mostram que este foi um fator para a gente chegar aos índices de hoje.

Mundo Jovem: Em geral pensa-se que segurança pública é papel exclusivamente do Estado. As parcerias

com as organizações sociais da sociedade civil também podem contribuir?

Melina Risso: Essas parcerias não são só importantes, eu diria, mas determinantes. Aqui no Instituto Sou da

Paz há algum tempo ampliamos a visão sobre segurança. Não entendemos a questão da segurança do ponto de

vista da repressão, que fica na mão da polícia, do sistema penitenciário. Isto sim está na responsabilidade do

governo do estado. Mas trabalhamos nos dois âmbitos, qualificando uma repressão, mas investindo muito em

prevenção.

Se não, vamos ficar sempre nas políticas que chamamos de enxugar gelo: sempre tratando do caso, mas

sem conseguir resolver.É preciso tratar da questão antes de ela começar. Por isso os processos de prevenção

são fundamentais. E aí entra um papel das prefeituras e das organizações sociais. Quando se começa a fazer o

trabalho focado, territorializado, consegue-se mensurar os resultados de curto, médio e longo prazo.

Mundo Jovem: Vocês criaram o projeto Polícia Cidadã. Como ele funciona?

Melina Risso: É um prêmio que aposta na perspectiva da valorização das boas iniciativas policias que não

têm visibilidade. Tudo o que aparece na mídiaé o mau policial, o policial corrupto, o policial violento. A nossa

aposta é de que já existe uma boa polícia em funcionamento e portanto precisamos dar visibilidade a ela.

Em 2003 lançamos o projeto, voltado para as três polícias de São Paulo: a militar, a civil e a técnico

científica. E temos resultados muito bacanas do projeto como um todo. Durante suas três edições já foram

premiados mais de 150 policiais e descobrimos muitas coisas bacanas que estão acontecendo na polícia.

Mundo Jovem: Como que funciona o prêmio?

Melina Risso: O policial conta pra gente de um problema de segurança pública que ele teve e como é que ele

resolveu. A partir daí isso é analisado por uma banca, por um comitê de avaliação independente. Esse comitê

seleciona 50 ações finalistas, que recebem uma visita para checar a veracidade das informações, das ações e o

que deu de resultado.

A partir daí volta para a comissão avaliadora, que seleciona esses processos, as ações vencedoras. Todos

esses policiais têm uma avaliação do seu histórico como policial, porque estamos buscando aqui bons

policiais. Então a corregedoria da polícia também dá um parecer sobre o policial. E a partir daí fazemos uma

grande ação de disseminação e da premiação na Sala São Paulo, onde entregamos um reconhecimento e o

policial ganha seis mil reais em dinheiro. Além disso, através de uma parceria com a Faculdade IBETEA, ele

pode escolher um curso de tecnólogo.

Mundo Jovem: Este tipo de ação pode ajudar a diminuir a violência?

Melina Risso: Sem dúvida, precisamos aproximar a população da polícia como um todo, usando ações de

inteligência, de uma polícia mais preventiva, não só repressiva. Nesse contexto todo, consegue-se reduzir a

situação de violência que vivemos.

Mundo Jovem: O Ministério da Justiça está falando de uma polícia de proximidade. Este projeto parece ter

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esta visão...

Melina Risso: No nosso projeto falamos em polícia comunitária. Uma polícia mais próxima da comunidade

consegue ter mais informação, aproxima a comunidade da polícia e reduz a sensação de insegurança. Sempre

defendemos uma polícia mais próxima da comunidade. Afinal de contas, a segurança pública é um direito,

então o policial está ali para garantir o direito da população.to todo, consegue-se reduzir a situação de

violência que vivemos.

Mundo Jovem: Como você avalia o sistema carcerário do Brasil?

Melina Risso: Antes de discutir o sistema carcerário talvez devêssemos discutir a política de encarceramento,

que tem aumentado cada vez mais. Só a política de encarceramento, aumentando as penas etc., historicamente,

não tem dado resultado no país. A redução da idade penal também não é solução. Encarceramento, aumento

de prisões a qualquer custo, por qualquer coisa... isso não resolve o problema. E vamos vendo todos os

processos que acontecem, desde as facções de crimes organizados que se formam dentro dos presídios, até as

rebeliões que acontecem dentro do sistema. Então é preciso uma profunda reavaliação de como é que estamos,

não só o sistema carcerário, mas a política de encarceramento.

Defendemos uma racionalidade em relação às penas. Quando o crime é grave, aí precisa ter privação de

liberdade etc., mas não para todos os crimes. As penas alternativas, em muitas situações, são bem mais

eficazes.tema carcerário, mas a política de encarceramento.

Mundo Jovem: Também dizem que cadeia é só pra pobre...

Melina Risso: Sem dúvida nenhuma, a prisão hoje é para pobre. Quando fazemos uma avaliação da

população carcerária, isto está colocado. Mas temos visto ultimamente algumas ações de inteligência, que

punem com prisão também outro tipo de crimes. Mas é um processo que precisamos acompanhar e entender

que a justiça é para todo mundo. A justiça num país não pode ser para quem tem dinheiro e quem consegue

pagar um bom advogado. A gente precisa ter um sistema de justiça justo, que funcione de uma maneira igual

para todo mundo.

Parem de criminalizar o jovem!18

O Brasil possui hoje cerca de 10 milhões de jovens, de 15 a 24 anos, fora da escola e do emprego. É

praticamente a população de um país como Portugal ou Suécia. É muito difícil pensar um futuro possível para

o nosso país sem o pacto da sociedade com os governos, com todas as instituições para o resgate de políticas

públicas de integração dessa juventude.

Sabemos também que o nosso país é o que mais mata jovens, no mundo. E os jovens são também os que

mais matam e os que mais morrem. Isso se alia à questão do descontrole das armas. Todos os dias, no Brasil,

pelo menos 100 pessoas são assassinadas por armas de fogo. Somos os campeões mundiais de assassinato por

armas de fogo.

Nós entendemos que a arma funciona como um vírus, como um vetor da epidemia da violência. Claro que

o ser humano é agressivo. Ele tem uma parte violenta, mas o acesso à arma de fogo potencializa muito mais a

violência letal. Você matar uma pessoa com uma faca ou outro instrumento é muito mais difícil do que com

uma arma de fogo. Nós sabemo que a arma de fogo colabora enormemente com a progressão geométrica e o

crescimento da nossa violência. Em países onde há controle de armas, onde é proibida a posse e o porte, o

índice de morte violenta é bem menor.

18 André Porto, da ONG Viva Rio, coordenador do Projeto Caravana, comunidade segura, Rio de

Janeiro, RJ.Endereço eletrônico: [email protected] Site: www.vivario.org.br

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Há uma estimativa da Polícia Federal de que existem pelo menos 17 milhões de armas em circulação no

nosso país. É quase uma arma para cada 10 cidadãos. E é uma ilusão achar que a arma é um elemento de

segurança. É provado por estatísticas científicas internacionais que se você reage a um assalto, a uma invasão

da sua casa, você tem 17 vezes mais chance de ser morto ou gravemente ferido.

Acho que a campanha pelo desarmamento conseguiu mudar um pouco a percepção, a consciência do

brasileiro de que a arma seja um grande objeto de segurança. Basta colocar aí uma série de estatísticas sobre

acidentes em casa, sobre crimes passionais. Se não tivesse uma arma ali à disposição, não teriam ocorrido.

Poderia gerar um soco no olho, uma surra, mas não um assassinato.

Agora, em relação aos jovens, há de fato um envolvimento direto deles na maioria dos crimes, mas é muito

importante termos o cuidado para não ficar reproduzindo este sensacionalismo da mídia, colocando o jovem

sempre como o algoz, como o grande problema da violência no Brasil. O jovem é justamente o futuro, a

promessa. É muito perigosa essa criminalização da juventude do nosso país.

Nós entendemos que é da nossa cultura o brasileiro gostar de criança. Ele faz o que pode para ajudar as

crianças. E isso se reflete nas políticas públicas. Daí que 94% das crianças estão matriculadas nas escolas. Por

outro lado, não gostamos do adolescente, do jovem. O adolescente é sinônimo de problema. Essa é uma

questão cultural, que é muito importante ser transformada. Que a sociedade encare o desafio da inserção do

jovem, da inclusão do jovem, para a humanização do atendimento a esse adolescente, a esse jovem.

13 Vossa Excelência

Titãs

Composição: P. Miklos, T. Bellotto, C.Gavin

Estão nas mangas

Dos Senhores Ministros

Nas capas

Dos Senhores Magistrados

Nas golas

Dos Senhores Deputados

Nos fundilhos

Dos Senhores Vereadores

Nas perucas

Dos Senhores Senadores...

Senhores! Senhores! Senhores!

Minha Senhora!

Senhores! Senhores!

Filha da Puta! Bandido!

Corrupto! Ladrão! Senhores!

Filha da Puta! Bandido!

Senhores! Corrupto! Ladrão!...

Sorrindo para a câmera

Sem saber que estamos vendo

Chorando que dá pena

Quando sabem que estão em cena

Sorrindo para as câmeras

Sem saber que são filmados

Um dia o sol ainda vai nascer

Quadrado!...

Estão nas mangas

Dos Senhores Ministros

Nas capas

Dos Senhores Magistrados

Nas golas

Dos Senhores Deputados

Nos fundilhos

Dos Senhores Vereadores

Nas perucas

Dos Senhores Senadores...

Senhores! Senhores! Senhores!

Minha Senhora!

Bandido! Corrupto

Senhores! Senhores!

Filha da Puta! Bandido!

Corrupto! Ladrão! Senhores!

Filha da Puta! Bandido!

Corrupto! Ladrão!...

-"Isso não prova nada

Sob pressão da opinião pública

É que não haveremos

De tomar nenhuma decisão

Vamos esperar que tudo caia

No esquecimento

Aí então!

Faça-se a justiça!"

Sorrindo para a câmera

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Sem saber que estamos vendo

Chorando que dá pena

Quando sabem que estão em cena

Sorrindo para as câmeras

Sem saber que são filmados

Um dia o sol ainda vai nascer

Quadrado!...

-"Estamos preparando

Vossas acomodações

Excelência!"

Filha da Puta!

Bandido! Senhores!

Corrupto! Ladrão!

Filha da Puta!

Bandido! Corrupto! Ladrão!

Filha da Puta!

Bandido! Corrupto! Ladrão!

Filha da Puta!

Bandido! Corrupto! Ladrão!...

14 .Se gritar pega ladrão

Bezerra da silva

Composição: Bezarra da Silva

Se gritar pega ladrão

Não fica um meu irmão

Se gritar pega ladrão

Não, não fica um

Se gritar pega ladrão

Não fica um meu irmão

Se gritar pega ladrão

Não, não fica um...

Você me chamou

Para esse pagode

E me avisou

Aqui não tem pobre

Até me pediu

Prá pisar de mansinho

Porque sou da cor

Eu sou escurinho...

Aqui realmente

Está toda nata

Doutores, senhores

Até magnata

Com a bebedeira

E a discussão

Tirei a minha conclusão...

Se gritar pega ladrão

Não fica um meu irmão

Se gritar pega ladrão

Não, não fica um

Se gritar pega ladrão

Não fica um meu irmão

Se gritar pega ladrão

Não, não fica um...

Lugar meu amigo

É minha baixada

Que ando tranqüilo

E ninguém me diz nada

E lá camburão

Não vai com a justiça

Pois não há ladrão

E é boa a polícia...

Lá até parece

A Suécia bacana

Se levam o bagulho

Se deixa a grana

Não é como esse

Ambiente pesado

Que você me trouxe

Para ser roubado...

ATIVIDADE 01 1. Faça uma interpretação do poema “receita pra se fazer um herói”.

2. Faça uma interpretação do poema “só de sacanagem”.

3. Explique a frase “sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente quiser. Vai dar para mudar o final”.

4. Por que a ética pode ser entendida como o mundo das relações intersubjetivas?

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5. Qual a relação entre Amizade, crueldade e ética?

6. O que é ser o sujeito de minhas próprias experiências?

7. Diferencie autonomia de heteronomia.

8. Cite 4 exemplo de benefícios gerados pela ciência à humanidade.

9. Cite 4 exemplo de malefícios gerados pela ciência à humanidade.

10. Qual o risco que as corporações empresariais e militares oferecem no campo da ciência?

11. Explique a responsabilidade moral e os limites do conhecimento genético contemporâneo

12. Cite dois exemplos de problemas morais nessa questão.

13. Explique as questões éticas sobre o controle da hereditariedade.

14. Cite dois exemplos de problemas morais nessa questão(controle da hereditariedade)

15. Com relação a eugenia e ao destino biológico explique como resolver tal problema sem impedir que a ciência

continue gerando benefícios ao ser humano? Cite os maiores problemas gerados pela eugenia e pelo destino

biológico.

16. Resumo da pagina 01 a 10

ATIVIDADE 02 1. Qual a relação entre ética ciência? Explique.

2. Qual a relação entre ética, ciência e filosofia?

3. Por que o homem ético precede o profissional ético?

4. Faça a distinção de ciência e não-ciência.

5. Defina ciência

6. Qual a relação entre ética e política?

7. Qual a relação entre indivíduo e sua cidade na relação da moral política segundo Platão?

8. Quais são os princípios do bom governante segundo Maquiavel?

9. Para Maquiavel “é melhor ser Temido do que Amado”. Explique a frase.

10. Qual a relação entre ética e violência?

11. Defina os constituintes do campo ético

12. Além do sujeito moral e dos valores ou fins morais, o que constitui o campo ético?

13. Explique a frase” os fins justificam os meios!”

14. Por que se diz que vivemos uma crise de ética na política?

15. Qual a relação entre a crise de ética na política e a justificação dos meios pelos fins?

16. Descreva o atual panorama políticos do Brasil

17. Explique, como se deu o processo político de constituição do Brasil?

18. Quais foram as condutas e posturas políticas adotadas durante a história do Brasil?

19. É possível reduzir a violência e aumentar a segurança? Explique como.

20. Explique, como tornar ética a política do atual Brasil?

21. Resumir página 11 a 17