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CURSO PRÁTICO DE CÁLCULOS TRABALHISTAS CURITIBA 2009

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CURSO PRÁTICO DE CÁLCULOS TRABALHISTAS

CURITIBA 2009

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"Não somos o que sabemos. Somos o que estamos dispostos a aprender."

Council on Ideas

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PROGRAMA DE AULAS PARA O CURSO PRÁTICO DE CÁLCULOS TRABALHISTAS

1. – NOTAS INTRODUTÓRIAS SOBRE O PROCESSO DO TRABALHO E A LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA

1.1. – Aspectos gerais e diferenças entre perícia trabalhista, liquidação por cálculos, liquidação por artigos e liquidação arbitramento;

1.2. – Impugnação de cálculos, embargos à execução e agravo de petição;

1.3. – Interpretação da sentença;

1.4. – Abatimento e compensação.

2. – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 2.1. – Cálculo de equiparação salarial (base de cálculo, formas de cálculo e reflexos); 2.2. – Férias vencidas – Súmula 07 do TST 2.3. – Cálculo de diferenças salariais decorrentes de reajustes não pagos (base de cálculo, formas

de cálculo e reflexos); 2.4. – Adicional de transferência (base de cálculo, formas de cálculo e reflexos).

3. – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

3.1. – Integração de comissões e prêmios (base de cálculo, formas de cálculo, repouso semanal remunerado, férias + 1/3, 13º salário, aviso prévio, gratificação semestral e FGTS + multa);

3.2. – Base de cálculo das horas extras (Convencional, verbas fixas e variáveis e Súmula 340 do

TST);

3.3. – Divisor (verbas fixas e variáveis);

3.4. – Horas extras semanais e diárias. 4. – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

4.1. – Reflexos das horas extras em repousos semanais remunerados (Convencionais, Súmula 113 do TST);

4.2. – Horas do art. 71 e 66 da CLT (intervalo interjornada e entrejornadas); 4.3. – Reflexos das horas extras (férias + 1/3, 13º salário, aviso prévio, gratificação semestral e FGTS

+ multa); 5. – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

5.1. – Adicional noturno e redução da hora noturna (base de cálculo, formas de cálculo e reflexos); 5.2. – Horas extras noturnas (base de cálculo, formas de cálculo e reflexos); 5.3. – FGTS e multa sobre valores não pagos durante e contrato de trabalho (coeficientes JAM);

6. – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

6.1. PLR 6.2. Correção Monetária e Juros de Mora (vencidos e vincendos); 6.3. Cálculo do IMPOSTO DE RENDA e do INSS (sobre valores da condenação e valores quitados

durante e contrato); 7. – CÁLCULO DE ACORDOS (discriminação de verbas e cálculo dos tributos).

7.1. 8. – CÁLCULO DA INICIAL PARA AVALIAÇÃO DO PEDIDO

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SUMÁRIO

1. PERÍCIAS TRABALHISTAS..................................................................... 6

2. DEFINIÇÃO DE LIQUIDAÇÃO................................................................. 9

3. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO..................................................... 10

4. LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS................................................................ 11

5. LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS............................................................ 12

6. TÍTULO EXECUTIVO.............................................................................. 12

7. INTERPRETAÇÃO DA SENTENÇA....................................................... 14

8. CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO................ 16

9. COMPENSAÇÃO X ABATIMENTO........................................................ 17

10. ERRO MATERIAL E ERRO DE CÁLCULO............................................ 22

11. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA - MULTA DO ART. 475-J do CPC.................................................................................................................... 23

12. FLUXOGRAMA DA EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO........................................................................................................ 26

13. IMPUGNAÇÃO DE CÁLCULO................................................................ 26

14. EMBARGOS À EXECUÇÃO e IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO..................................................................................................... 30

15. AGRAVO DE PETIÇÃO........................................................................... 31

16. CÁLCULO DA PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL........................................ 34

17. CÁLCULO DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL........................................... 37

18. CÁLCULO DOS REFLEXOS NOS CASOS DE SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO.................................................................................................. 44

19. CÁLCULO DAS DIFERENÇAS SALARIAIS DECORRENTES DE REAJUSTES NÃO PAGOS....................................................................................................... 44

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20. CÁLCULO DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA................................ 49

21. CÁLCULO DE REFLEXOS EM REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS................................................................................................. 55

22. CÁLCULO DA INTEGRAÇÃO DE COMISSÕES E PRÊMIOS................ 64

23. BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS.......................................... 74

24. DIVISOR.................................................................................................... 77

25. HORAS EXTRAS SEMANAIS E DIÁRIAS............................................... 79

26. HORAS DOS ARTIGOS 66 e 67 DA CLT................................................. 95

27. HORAS DO ARTIGO 71DA CLT............................................................... 97

28. ADICIONAL NOTURNO E REDUÇÃO DA HORA NOTURNA................. 99

29. HORAS EXTRAS NOTURNAS................................................................ 106

30. FGTS E MULTA SOBRE OS VALORES NÃO RECOLHIDOS PELO EMPREGADOR DURANTE O CONTRATO DE TRABALHO (COEFICIENTES JAM) ............................................................................................................................ 108

31. PLR........................................................................................................... 108

32. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA..................................................... 110

33. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.................................................................... 117

34. CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA.................................................... 124

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1. PERÍCIAS TRABALHISTAS PROVA – Do latim proba, de probare (demonstrar, reconhecer, formar juízo de), entende-se, assim, no sentido jurídico, a denominação, que se faz, pelos meios legais, da existência ou veracidade de um fato material ou de um ato jurídico, em virtude da qual se conclui por sua existência do fato ou do ato demonstrado. A prova consiste, pois, na demonstração de existência ou da veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito que se defende ou que se contesta. A prova pode ser feita: pela confissão, pelos depoimentos, pelas perícias (exames, vistorias, arbitramentos), pelos documentos (públicos ou particulares) e pelas presunções, todos adstritos às regras estabelecidas em lei.1 PROVA PERICIAL – É a que se produz por ofício dos peritos, ou por meio de exames, vistorias, arbitramentos. Quando faltam ao juiz conhecimentos técnicos especializados, a aprova de fatos que dependam desses conhecimentos será feita através de exame procedido por um especialista, chamado perito, que funciona como auxiliar do juízo.2 Nesta razão, a prova pericial ou a prova de peritos é a indicada para a demonstração da existência de fatos, que dependam do conhecimento ou da arte de certas pessoas, convocadas para este fim, desde que por outro meio não possam ser provados. A prova pericial, por isso, é uma prova que somente por ser produzida por peritos ou conhecedores experimentados da matéria, que se referem aos fatos, por determinação e perante o juiz, em que se processa a causa, quando não tenha sido determinado em processo especial, como medida acauteladora preparatória. A prova pericial é constituída pela indicação dos pontos, em que se debate a controvérsia, mediante QUESITOS, formulados pelas próprias partes, que se emprenham no litígio.3

Art. 826 da CLT - É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou técnico. (Vide Lei nº 5.584, de 1970)

Art. 421 do CPC - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

I - indicar o assistente técnico;

II - apresentar quesitos.

QUESITO: Do latim quaesitum (pergunta), entende-se justamente a pergunta ou a interrogação formulada para que seja respondida pela pessoa a quem é feita. E é pergunta que se formula para esclarecimento de questão que se debate. As matérias do quesito, ou seja, o assunto constante da pergunta, deve referir-se ao ponto ou pontos da questão em debate ou aos fatos, que querem esclarecer. 1 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Atua: Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 1125 2 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 226. 3 SILVA, op. cit. p. 1128

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E assim se exige, porque a função do quesito é justamente a de vir esclarecer a controvérsia ou a procedência dos fatos alegados pelas partes em demanda. Nas questões jurídicas os quesitos são formulados pelas partes e pelo próprio juiz-presidente do feito, dentro da matéria ou das hipóteses aventadas no processo. Daí a distinção entre quesitos pertinentes e impertinentes.4 QUESITOS PERTINENTES: São os que, legalmente autorizados, se apóiam em fatos constantes dos autos. São, pois, os quesitos que pertencem à causa. Mas, além de pertencerem à causa, devem mostra-se legítimos e convenientes, para que não extravasem as suas finalidades, quando em caso de perícia, e possam ser admitidos.5 QUESITOS IMPERTINENTES: São aqueles que, por serem estranhos, à causa, ou virem extemporaneamente, se mostram inoportunos e ilegítimos. Neste caso, cabe ao interessado impugná-los para que sejam excluídos e não mereçam a resposta do perito.6 QUESITOS ORIGINÁRIOS: São aqueles apresentados ou formulados no termo legal, disposto na lei processual.7

QUESITOS SUPLEMENTARES: São os formulados posteriormente, depois que se processe a diligência ou a perícia.8

Art. 425 do CPC - Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.

Art. 435 do CPC - A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.

Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência.

Art. 827 da CLT - O juiz ou presidente poderá argüir os peritos compromissados ou os técnicos, e rubricará, para ser junto ao processo, o laudo que os primeiros tiverem apresentado.

DO MOMENTO DA PERÍCIA Art. 282 do CPC. A petição inicial indicará: VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; (trata-se de um dos requisitos da petição inicial).

4 Ibid. p. 1143 5 Id. 6 Id. 7 Id. 8 Id.

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Art. 300 do CPC. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 433 do CPC. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) Portanto, a perícia deverá ser realizada após a audiência inicial, a rejeição da proposta conciliatória e a apresentação da defesa. Como depois da ouvida das partes serão “a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos” é de se concluir que o laudo já tenha sido apresentado antes ao audiência de instrução e julgamento.

DA SUBSTITUIÇÃO DO PERITO

Art. 424 do CPC - O perito pode ser substituído quando: (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

I - carecer de conhecimento técnico ou científico;

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) DOS PRAZOS

Art. 433 do CPC - O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.(Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001) Art. 432 do CPC - Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.

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DO RESULTADO DA PERÍCIA

Art. 436 do CPC - O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.

Art. 437 do CPC - O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não Ihe parecer suficientemente esclarecida.

Art. 438 do CPC - A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.

Art. 439 do CPC - A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.

Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra.

2. DEFINIÇÃO DE LIQUIDAÇÃO

A LIQUIDAÇÃO é definida por De Plácido e Silva assim:

Derivado de liquidar (fazer líquido, reduzir à quantidade certa), em seu sentido literal, pois, quer exprimir a operação que tem por objetivo reduzir a quantias certas valores que não o eram. É, assim, a apuração de um líquido, em virtude do que os valores se mostram certos e exatos. Desse modo, a liquidação vem estabelecer uma situação de liquidez e de certeza, conseqüente das regularizações, postas em prática. Apura-se ou se faz o líquido. Mas também é tido no sentido de solução. E, neste caso, quando se diz liquidação da dívida, entende-se o seu pagamento, pelo qual se solve, ou a sua extinção por qualquer outro meio.9

LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA o mesmo autor supra citado a define como sendo a “fixação ou determinação, em quantidade certa, do valor da condenação, quando a sentença não se mostra líquida”.

Art. 879 da CLT - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.

§ 1º - Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.

9 SILVA, op. cit. p. 851.

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§ 1o-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas.

§ 1o-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente.

§ 2º - Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.

§ 3o Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.

§ 4o A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária.

§ 5o O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União quando o valor total das verbas que integram o salário-de-contribuição, na forma do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão jurídico.

3. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO

Art. 475-C do CPC. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – o exigir a natureza do objeto da liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-D do CPC. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. A LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO é definida por Manoel Antonio Teixeira Filho, nos seguintes termos:

O arbitramento consiste, portanto, em exame ou vistoria pericial de pessoa ou coisa, com a finalidade de apurar o quantum relativo à obrigação pecuniária que deverá ser adimplida pelo devedor, ou, em determinados casos, de individuar, com precisão, o objeto da condenação.10 Em virtude da complexidade deste procedimento e das matérias atinentes a

jurisdição da Justiça do Trabalho não apresentarem tanta complexidade a ponto de

10 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Execução no processo do trabalho. 8 ed. São Paulo: Ltr, 2004. p. 371.

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exigir do juiz a nomeação de perito para arbitramento do quantum é devido para determinada verba, este procedimento é pouco utilizado em processos trabalhistas.

4. LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS Art. 475-E do CPC. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. Art. 475-F do CPC. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272).

• A LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS é definida por Manoel Antonio Teixeira Filho, nos seguintes termos:

Denomina-se por artigos a essa modalidade de liquidação por que incumbe à Parte (em geral, o credor) articular, em sua petição, aquilo que deve ser liquidado, ou seja, indicar, um a um, os diversos pontos que constituirão objeto da quantificação, concluindo por pedir, segundo Leite Velho, “quantia, quantidade e qualidade certas”. Provecta, todavia, a lição de Pontes de Mirando no sentido de que “Se só se falou de liquidação por artigos sem se lançarem os artigos, não há senão a interpretação de que o autor da ação supôs ser supérflua a articulação, de modo que, se o juiz tem dúvida a respeito dos itens tidos por implícitos, deve fazer intimar o autor para que preste os esclarecimentos suficientes, para que se prove o fato alegado, ou se provem os fatos alegados. A falta daria ensejo à nulidade não cominada”.11

A LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS não é muito utilizada na Justiça do

Trabalho, se reduz aos casos onde o juiz identifica a existência do direito do reclamante a receber determinado objeto, contudo, não estão presentes nos autos os elementos necessários para a liquidação por cálculos.

Normalmente quando a sentença determina que a liquidação seja procedida

por artigos, o credor simplesmente ignora o fato e apresenta cálculos e requer a sua homologação, quando o devedor é intimado a se manifestar sobre os mesmos, reage alegando que a liquidação deverá ocorrer por artigos e que os fatos e documentos necessários não foram apresentados, iniciando uma alongada discussão.

É mais comum este procedimento em discussões que envolvem valor e

quantidade de comissões, salário “in natura” (exemplo provar o valor do veículo utilizado pelo reclamante) e diferenças salariais decorrentes da aplicação de planos de cargos e salários.

O processamento se inicia com apresentação da petição com articulação dos

fatos que se pretende provar e a indicação dos meios probantes (é admitida a prova oral), a devedor será citado para manifestar-se.

11 TEIXEIRA FILHO, op. cit. p. 369.

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5. LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS

A LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO é o procedimento mais adotado nos processos da Justiça do Trabalho, porque durante a fase de conhecimento todos os fatos, provas e elementos imprescindíveis para os cálculos são apresentados pelas partes, afastando a necessidade de liquidação por artigos, e, se persistirem lacunas, o próprio juiz arbitra os pontos controvertidos, utilizando-se das informações disponíveis nos autos, com isso, é eliminada a obrigação da liquidação por arbitramento.

Mais uma vez nos socorremos do doutrinador Manoel Antonio Teixeira Filho para definir a liquidação por artigos, nos seguintes termos:

Far-se-á a liquidação por cálculos quando o montante da condenação depender de simples operações aritméticas. Nesse caso, a sentença abriga em seu interior todos os elementos necessários à fixação do quantum debeatur, destinando-se essa fase, em virtude disso, apenas a revelar a exata expressão pecuniária desses elementos, o que será feito por meio de cálculos do contador.12

É nesta fase que serão concentrados os objetivos principais do curso, explorando os critério, fórmulas e práticas para se alcançar o quantum debeatur.

6. TÍTULO EXECUTIVO

• LIMITES DA SENTENÇA

Se o pedido inicial deve ser interpretado restritivamente (art. 293 do CPC), a interpretação da sentença deve seguir a mesma lógica. Art. 128 do CPC. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

Art. 460 do CPC. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado.

Caso a sentença ultrapasse esses limites enquadra-se nas seguintes hipóteses:

a) SENTENÇA ULTRA (além do pedido); b) SENTENÇA EXTRA (fora do pedido); c) SENTENÇA INFRA PETITA (aquém do pedido).

• COISA JULGADA

12 Ibid. p. 359.

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Coisa julgada é o pronunciamento judicial de que não caiba qualquer recurso.13 Art. 836 da CLT - É vedado aos órgãos de Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida, na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, dispensado o depósito referido nos artigos 488, inciso II, e 494 daquele diploma legal.

Nos termos do art. 5º, XXXVI da CF e art. 879, § 1º, da CLT, na liquidação não se poderá MODIFICAR, ou INOVAR, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal.

PRECLUSÃO

Preclusão: Do latim praeclusio, de praecludere (fechar, tolher, encerrar), entender-se o ato de encerrar ou de impedir que alguma coisa se faça ou prossiga. Indica propriamente a perda de determinada faculdade processual civil em razão de:

a) não exercício dela na ordem legal; b) haver-se realizado uma atividade incompatível com esse exercício; c) já ter sido ela validamente exercitada.14

Pelo entendimento da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, a coisa

julgada se sobrepõe inclusive a preclusão, isto, nos termos da OJ EX SE - TRT 9 nº 177, a seguir transcrita:

OJ EX SE - TRT 9 - 177: PRECLUSÃO. Eventual preclusão temporal no processo de execução não pode se sobrepor ao dever de obediência à coisa julgada, terreno em que o Juiz atua de ofício, por se tratar de matéria de ordem pública (artigos 473 e 267, § 3º., do CPC).

PRECLUSÃO LÓGICA

Preclusão lógica é a que decorre da incompatibilidade entre o ato praticado e outro ato, que se queria também praticar.15

PRECLUSÃO CONSUMATIVA É a preclusão decorrente da prática do ato processual que não pode tornar a

ser praticado.16

PRECLUSÃO TEMPORAL

A preclusão temporal é aquela que decorre do simples descumprimento do prazo para a prática de determinado ato processual.17

13 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 261. 14 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Atua: Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 1074 15 SCHLICHTING, Arno Melo. Prescrição, Decadência, Preclusão, Imprescritibilidade. Florianópolis: Momento Atual, 2004. p. 8. 16 Ibid. p. 9.

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7. INTERPRETAÇÃO DA SENTENÇA Conforme apresentado anteriormente o pedido inicial deve ser interpretado

restritivamente (art. 293 do CPC), a mesmo lógica deve ser utilizada para a interpretação da sentença. A exegese extensiva ofenderia o princípio da fundamentação da decisão previsto na Constituição Federal art. 93, IX, pois é impossível o alcance.

Quanto à interpretação de parcelas sem pedido e sem deferimento,

transcreve-se a orientação de JOSÉ APARECIDO DOS SANTOS, o qual assim defende:18

Princípio da interpretação restritiva da condenação. Deve-se interpretar restritivamente o número e a quantidade das parcelas deferidas na sentença. Os cálculos, conforme foi dito, não podem ampliar nem restringir a sentença. Se o próprio pedido deve ser interpretado restritivamente (CPC, art. 283), não se concebe que a sentença também não o seja. Assim, só podem ser calculadas as parcelas, quaisquer que sejam, que tenham sido expressamente deferidas na sentença, sendo inconcebível que o calculista inclua outras alegando que se encontram implícitas nas que foram deferidas, ou seja, por mera presunção. A certeza é um requisito do pedido (CPC, art. 286) e uma característica da sentença condenatória, o que faz com que não se admita no processo o pedido implícito ou tácito, princípio que visa preservar o direito de defesa e o contraditório. Ainda continua o doutrinador José Aparecido dos Santos na obra citada: Há quem entenda que no processo do trabalho os pedidos podem ser interpretados extensivamente. Assim, v.g., se o autor limita-se a pedir horas extras, existe quem defenda a posição que os chamados “reflexos” em repouso remunerado encontram-se inseridos no pedido. Há que se divergir dessa tese, seja porque parece ir diretamente contra a lei (CPC, art. 286), seja porque atenta contra o direito constitucional de defesa, pois, a seguir essa linha, o réu poderá ser condenado a pagar parcela da qual nem mesmo tinha conhecimento, e da qual não se defendeu. De qualquer modo, ainda que se admita válida essa corrente minoritária, é certo que o deferimento da parcela acessória (os reflexos em repouso remunerado no exemplo oferecido) deverá constar expressamente da sentença, sem o que estará sendo violado mais um dispositivo legal, qual seja, o § 1º do art. 879 da CLT. Em que pese o entendimento do autor supra citado, transcreve-se a seguir

trecho de decisão proferida em sede de execução (autos 7588-1996-651-09-00-6), demonstrando que a prática em muito se distancia da teoria:

horas extras - reflexos em repouso semanal remunerado - inclusão dos feriados

17 Ibid. p. 13. 18 SANTOS, José Aparecido dos. Cálculos de liquidação trabalhistas. Curitiba: Juruá, 2004. p. 63.

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O Embargante alega (fl. 692) que os cálculos do Perito estão incorretos (fl. 575-620). Sustenta que o expert equivocou-se ao considerar os sábados e feriados quando da apuração dos reflexos em repouso semanal remunerado em contrariedade com a jurisprudência predominante.

De fato, a sentença (fl. 100) assim deferiu: "face a habitualidade deverão as referidas horas extraordinárias, integrar o cálculo do RSR, conforme o art. 7º, letra "a", da lei 605/49".

Ao analisar os demonstrativos de fls. 591-620 verifica-se que o Sr. Perito considerou os sábados, domingos e feriados para cálculo do RSR.

Tenho defendido o ponto de vista que nessas hipóteses é necessário interpretar o que foi decidido à luz do feixe de regras jurídicas, de natureza legal, convencional ou contratual, aplicáveis à relação havida entre as partes.

De minha parte, entendo que o sábado dos bancários e demais empregados que laboram normalmente de segunda a sexta-feira corresponde sempre a dia de repouso remunerado, e deve ser tratado como tal exceto se a folga no respectivo dia decorre de acordo de compensação de jornada (art. 59, § 2º, da CLT). Não é esse, contudo, o entendimento que tem prevalecido no TST, o qual expediu a Súmula 113 do TST, assim redigida:

Súmula 113/TST. O sábado do bancário é dia útil não trabalhado e não dia de repouso remunerado, não cabendo assim a repercussão do pagamento de horas extras habituais sobre sua remuneração.

O silêncio da decisão proferida acerca da matéria não pode ser interpretada como proibição de que os sábados sejam incluídos entre os dias de repouso. Primeiro, porque o deferimento foi de reflexos em repouso semanal remunerado e o que seja isso só é possível verificar-se no caso concreto. Segundo, porque era inquestionável na relação contratual que os sábados faziam parte dos dias de repouso semanal, de sorte que se o Réu pretendia fosse aplicado o contrário, deveria ter provocado o Juízo para obter expressa manifestação acerca da matéria.

A Seção Especializada do TRT da 9ª Região responsável pela uniformização da jurisprudência, por meio da por meio da Orientação Jurisprudencial 165, pacificou essa questão nos seguintes termos:

OJ EX SE - TRT 9 - 165: REFLEXOS DE HORAS EXTRAS. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO E FERIADO. Determinando o título executivo reflexos em repousos semanais remunerados, salvo previsão expressa em contrário, as repercussões abrangem os domingos e feriados (art. 1º da Lei n.º 605/49). Por maioria de votos. (RA/SE 1/2006, de 06/11/2006)

Corretos os cálculos. Nada a modificar.

A referida decisão foi reformada em sede recursal por maioria da turma, Agravo de Petição (autos 7588-1996-651-09-00-6).

Posição da jurisprudência a respeito da interpretação restritiva:

Page 16: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

16

TRT-PR-09-05-2003 Coisa julgada. Interpretação restritiva. A execução deve ater-se à sentença exeqüenda, a qual deve ser interpretada restritivamente, observando-se a matéria integrante da litiscontestatio, sob pena de ofensa à coisa julgada. TRT-PR-00887-2000-668-09-00-9(AP-03798-2002)-Acordao-10126-2003. Relator: Exmo Juiz LUIZ EDUARDO GUNTHER. Publicado em DJPr em 09-05-2003 PRINCÍPIO DA ADSTRIÇÃO DA SENTENÇA. A prestação jurisdicional deve limitar-se ao pedido da inicial (limites dos litigantes), em obediência ao princípio da adstrição da sentença ou acórdão; a decisão não pode exceder os limites da litiscontestatio. Essa regra, que tem origem no Direito Romano (sententia debet esse conformis libello), foi transplantada para o nosso Direito Processual Civil, no artigo 128 do CPC: "O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte". (TRT3ª R. - 00576-2002-100-03-00-9 RO - 3ª T. - Rel. Juíza Maria Lúcia Cardoso de Magalhães - DJMG 09.08.2003).

Sentença. Limites da lide. A lei proíbe que o juiz conceda a mais ("ultra petita") ou diferente do que foi pedido pela parte ("extra petita"). Mas não proíbe que o juiz conceda a menos do que foi pedido, por isso o art. 459 do CPC diz que o juiz acolherá ou rejeitará o pedido "no todo ou em parte". Equivale dizer que o juiz poderá acolher uma parte mínima do pedido, ainda que por fundamento diverso do alegado pela parte, sem que isso importe em violação aos arts. 128 e 460 do CPC. (TRT2ª R. - 29857200290202007 - RO - Ac. 9ªT 20020784087 - Rel. Juiz Luiz Edgar Ferraz de Oliveira - DOESP 10.01.2003)

8. CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO

A Constituição Federal assegura no art. 7º, XXVI - reconhecimento das

convenções e acordos coletivos de trabalho; CLT Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967).

As normas convencionais não são documentos de domínio público, pois são lei apenas entre os sindicatos e empresas de determinada categoria (art. 611 da CLT).

O autor que pleiteia seu direito estribando-se em acordos ou convenções

coletivas de trabalho deverá acompanhar tais documentos a petição inicial (art. 787 da CLT e art. 283 do CPC), sob pena de não tê-los reconhecida, neste sentido decisões do Egrégio TRT da 12ª Região:

PROVA. CONVENÇÃO COLETIVA. NÃO-JUNTADA NOS AUTOS. INEXISTÊNCIA. Em se tratando de direito amparado por cláusula constante

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de instrumento normativo, o sucesso da pretensão está condicionado à respectiva juntada, nos autos, de cópia do aludido instrumento, exceto na ocorrência de confissão real. ACÓRDÃO-1ªT-Nº 6990/1997. TRT/SC/RO-V 3951/1996. Rel. Juiz José F. de Oliveira. Pub.: DJ/SC em 04/07/1997, pág. 198. INSTRUMENTO NORMATIVO. PROVA DE TEOR E VIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE. A parte que fundamenta sua pretensão em cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho tem a obrigação legal de juntar aos autos cópia do instrumento normativo invocado, comprovando com isso seu teor e vigência, sem o que a pretensão há que ser rejeitada. ACÓRDÃO-1ªT-Nº 08952/2000. TRT/SC/RO-V 1815/2000. Rel. Juiz Luiz Garcia Neto. Pub.: DJ/SC em 20/09/2000, pág. 244.

Portanto, são possíveis de reconhecimento apenas os direitos registrados

nos instrumentos coletivos carreados aos autos. O que estiver fora dos autos não faz parte do universo do processo.

9. COMPENSAÇÃO X ABATIMENTO

Analisando juridicamente a COMPENSAÇÃO e o ABATIMENTO, nota-se que não se tratam de sinônimos e tem um resultado prático totalmente diverso nos cálculos.

A compensação ocorre quando ambas as partes são concomitante e

reciprocamente credor e devedor. Enquanto o abatimento dos valores a igual título visa impedir o enriquecimento ilícito.

A compensação deve ser argüida em defesa (art. 767 da CLT), podendo o

abatimento ser determinado ex officio para impedir o enriquecimento sem causa, desde que o montante quitado tenha idêntica natureza jurídica da parcela deferida.

Súmula 48 do TST: COMPENSAÇÃO. ARGUIÇÃO: A compensação só poderá ser argüida com a contestação.

A acepção jurídica do vocábulo ABATIMENTO é apontada por De Plácido e

Silva nos seguintes termos: Redução ou desconto promovido em uma dívida, ou obrigação, pelo seu pagamento antecipado. Bonificação pelo pagamento à vista de uma fatura comercial. Benevolência do credor pela redução de parte de um débito.19

O mesmo autor define juridicamente assim a compensação:

COMPENSAÇÃO: Derivado do latim compensatio, de compensare (contrapesar, contrabalançar), indica a ação de serem anotadas as obrigações devidas reciprocamente por duas pessoas, a fim de que, pesadas as de uma e pesadas as de outra, se promova a verificação de

19 SILVA, De Plácio; SLAIBI Filho, Nagib e CARVALHO, Gláucia (atualizadores). Vocabulário jurídico. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 4.

Page 18: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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qual delas deve ser compelida a cumpri-las, somente na parte que não se comportou na obrigação que lhe competia exigir. Desse modo, a compensação tem o mérito de, verificadas as prestações devedoras de um lado e as prestações devedoras de outro lado, promover o balanceamento dos respectivos créditos havidos por cada um dos títulos, reciprocamente credores e devedores, e pôr em evidência, pela dedução, qual deles é realmente devedor ou credor. Nesta razão, a compensação, em qualquer circunstância em que a lei permita, implica necessariamente na existência de obrigações representadas em dinheiro ou em valores que se possam apreciar em dinheiro. Quer isto dizer que devem ser prestações da mesma espécie ou conversíveis na mesma espécie, quando se trate de coisas compensáveis de natureza vária. Far-se-á previamente a conversão de ambas na mesma espécie, a fim de que seja possível a compensação.20

Definidos os contornos da acepção dos vocábulos em apreço em termos

jurídicos, mister a análise reservada sobre a matéria na Justiça do Trabalho e para isso se utiliza da jurisprudência do Tribunal da 9ª Região, que assim se posiciona:

COMPENSAÇÃO. ABATIMENTO. INSTITUTOS DIVERSOS. Compensação, admitida pelo artigo 767 da CLT, e de acordo com o artigo 1.009 do Código Civil, pressupõe que sejam credor e devedor, entre si, duas pessoas ao mesmo tempo. A pretensão de deduzir reajustes salariais pagos significa abatimento. TRT-PR-AP 3.160-96 - Ac.1ª T 98-97 - Rel.Juiz Tobias de Macedo Filho - TRT 17-01-1997.

A Seção Especializada do TRT da Nona Região já assentou entendimento

de forma sedimentada consubstanciando a Orientação Jurisprudencial nº 07, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - TRT 9 - 07: COMPENSAÇÃO. MOMENTO PARA ARGÜIÇÃO. A compensação refere-se a verbas distintas, devendo ser alegada em defesa, sob pena de preclusão (Súmula n.º 48 do C. TST). O abatimento refere-se às mesmas parcelas, podendo ser determinado de ofício, para evitar o enriquecimento sem causa lícita, em relação ao autor. Também existe diferença nos deferimento de compensação nos limites do

mês e abatimento de forma global. A compensação nos limites do mês se equipara em resultados monetários ao

abatimento, já o abatimento de forma global resulta em termos monetários a compensação.

Em termos aritméticos tem-se as seguintes diferenças na aplicação da

compensação, abatimento mês a mês e abatimento global: EXEMPLOS

20 Ibid. p. 318.

Page 19: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

19

COMPENSAÇÃO DE HORAS EXTRAS PAGAS: CÁLCULO DE HORAS EXTRAS - COMPENSANDO AS HORAS EXTRAS PAGAS:

MESES BASE DE CÁLCULO

VALOR HOR. EXTRA

HOR. EXT. + R.S.R.

VALORES DEVIDOS

VALORES PAGOS

DIFERENÇA

jan/1995 1.659,43 13,83 193,75 2.679,29 40,37 2.638,92

fev/1995 1.121,87 9,35 175,00 1.636,06 - 1.636,06

mar/1995 701,56 5,85 67,39 393,99 - 393,99

abr/1995 1.770,59 14,75 187,50 2.766,55 - 2.766,55

mai/1995 1.156,95 9,64 177,55 1.711,76 1.887,42 (175,66)

jun/1995 1.224,36 10,20 187,50 1.913,06 - 1.913,06

jul/1995 971,85 8,10 193,75 1.569,13 2.100,33 (531,20)

ago/1995 982,69 8,19 193,75 1.586,63 - 1.586,63

set/1995 1.054,14 8,78 197,37 1.733,78 2.331,09 (597,31)

out/1995 1.002,03 8,35 193,75 1.617,86 - 1.617,86

nov/1995 1.085,73 9,05 187,50 1.696,45 36,46 1.659,99

dez/1995 1.204,96 10,04 193,75 1.945,51 - 1.945,51

SOMA R$ 14.854,41

ABATIMENTO DE HORAS EXTRAS PAGAS:

CÁLCULO DE HORAS EXTRAS - ABATENDO AS HORAS EXTRAS PAGAS: MESES BASE DE

CÁLCULO VALOR

HOR. EXTRA HOR. EXT.

+ R.S.R. VALORES DEVIDOS

VALORES PAGOS

DIFERENÇA

jan/1995 1.659,43 13,83 193,75 2.679,29 40,37 2.638,92

fev/1995 1.121,87 9,35 175,00 1.636,06 - 1.636,06

mar/1995 701,56 5,85 67,39 393,99 - 393,99

abr/1995 1.770,59 14,75 187,50 2.766,55 - 2.766,55

mai/1995 1.156,95 9,64 177,55 1.711,76 1.887,42 -

jun/1995 1.224,36 10,20 187,50 1.913,06 - 1.913,06

jul/1995 971,85 8,10 193,75 1.569,13 2.100,33 -

ago/1995 982,69 8,19 193,75 1.586,63 - 1.586,63

set/1995 1.054,14 8,78 197,37 1.733,78 2.331,09 -

out/1995 1.002,03 8,35 193,75 1.617,86 - 1.617,86

nov/1995 1.085,73 9,05 187,50 1.696,45 36,46 1.659,99

dez/1995 1.204,96 10,04 193,75 1.945,51 - 1.945,51

SOMA R$ 16.158,58

Page 20: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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COMPENSAÇÃO, MÊS A MÊS:

As horas extras comprovadamente pagas, assim com as projeções destas quitadas, deverão ser deduzidas, mês a mês, desprezando-se eventuais frações negativas, a fim de ser evitado o enriquecimento sem justa causa.

CÁLCULO DE HORAS EXTRAS - COMPENSAÇÃO, MÊS A MÊS DAS HORAS EXTRAS PAGAS: MESES BASE DE

CÁLCULO VALOR

HOR. EXTRA HOR. EXT.

+ R.S.R. VALORES DEVIDOS

VALORES PAGOS

DIFERENÇA

jan/1995 1.659,43 13,83 193,75 2.679,29 40,37 2.638,92

fev/1995 1.121,87 9,35 175,00 1.636,06 - 1.636,06

mar/1995 701,56 5,85 67,39 393,99 - 393,99

abr/1995 1.770,59 14,75 187,50 2.766,55 - 2.766,55

mai/1995 1.156,95 9,64 177,55 1.711,76 1.887,42 -

jun/1995 1.224,36 10,20 187,50 1.913,06 - 1.913,06

jul/1995 971,85 8,10 193,75 1.569,13 2.100,33 -

ago/1995 982,69 8,19 193,75 1.586,63 - 1.586,63

set/1995 1.054,14 8,78 197,37 1.733,78 2.331,09 -

out/1995 1.002,03 8,35 193,75 1.617,86 - 1.617,86

nov/1995 1.085,73 9,05 187,50 1.696,45 36,46 1.659,99

dez/1995 1.204,96 10,04 193,75 1.945,51 - 1.945,51

SOMA R$ 16.158,58

Page 21: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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ABATIMENTO PELO GLOBAL:

CÁLCULO DE HORAS EXTRAS MESES BASE DE

CÁLCULO VALOR

HOR. EXTRA HOR. EXT.

+ R.S.R. VALORES DEVIDOS

jan/1995 1.659,43 13,83 193,75 2.679,29

fev/1995 1.121,87 9,35 175,00 1.636,06

mar/1995 701,56 5,85 67,39 393,99

abr/1995 1.770,59 14,75 187,50 2.766,55

mai/1995 1.156,95 9,64 177,55 1.711,76

jun/1995 1.224,36 10,20 187,50 1.913,06

jul/1995 971,85 8,10 193,75 1.569,13

ago/1995 982,69 8,19 193,75 1.586,63

set/1995 1.054,14 8,78 197,37 1.733,78

out/1995 1.002,03 8,35 193,75 1.617,86

nov/1995 1.085,73 9,05 187,50 1.696,45

dez/1995 1.204,96 10,04 193,75 1.945,51

SOMA R$ 21.250,08

HORAS EXTRAS PAGAS

VALORES

PAGOS

40,37

-

-

-

1.887,42

-

2.100,33

-

2.331,09

-

36,46

-

SOMA R$ 6.395,67

ABATIMENTO PELO GLOBAL DAS HORAS EXTRAS PAGAS: TOTAL DAS HORAS EXTRAS DEVIDAS R$ 21.250,08 TOTAL DAS HORAS EXTRAS PAGAS R$ 6.395,67 DIFERENÇA R$ 14.854,41

ABATIMENTO E COMPENSAÇÃO DE HORAS EXTRAS PAGAS COM ADICIONAIS DIFERENTES

A jurisprudência majoritária da Seção Especializada do TRT da 9ª região, consubstanciada na OJ EX SE nº 200, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - TRT 9 - 200: HORAS EXTRAS. COMPENSAÇÃO DOS VALORES PAGOS. ADICIONAIS DISTINTOS. O abatimento dos valores pagos em face das horas extras laboradas deve observar os distintos adicionais que sobre elas incidem, pois identificam, inegavelmente, a natureza diversa. Nesse sentido, incabível compensar os valores pagos decorrentes de horas extras diurnas, daquelas decorrentes da prorrogação

Page 22: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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da jornada noturna. Somente os valores quitados sob mesmos títulos podem ser deduzidos, atendendo-se, à evidência, os períodos a que se referem, e não se somando todas as horas extras pagas e devidas, sob pena de ofensa ao estatuído no art. 459, parágrafo único, da CLT (redação da Lei nº. 7.855/89). No Paraná predomina o entendimento de que quando o título executivo não

estabelece a forma de abatimento, esta deverá observar o critério, mês a mês, neste sentido a OJ-EX-SE nº 09, da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, cuja redação é exposta a seguir:

OJ EX SE - 09: ABATIMENTOS. FORMA. EXECUÇÃO. Abatimentos de reajustes salariais ou horas extras, por exemplo, deverão ser realizados mês a mês, exceto se o título executivo dispuser de forma diferente.

10. ERRO MATERIAL E ERRO DE CÁLCULO

Com fundamento no art. 463, inciso I, do CPC o erro material pode ser

corrigido de ofício, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, pois não transita em julgado.21

Também indica nesse sentido a doutrina de VALENTIM CARRION, ao

comentar o art. 833 da CLT:22

A correção de evidentes enganos da sentença pode ser feita a qualquer tempo. O instituto existe igualmente no CPC, art. 463, I, e não se confunde com embargos de declaração, que também são cabíveis no processo trabalhista (art. 897-A).

A jurisprudência também aponta no mesmo sentido, como demonstrado a

seguir:

PREVIDENCIÁRIO – PROCESSUAL CIVIL – ERRO MATERIAL – CORREÇÃO A QUALQUER TEMPO – INCLUSIVE DE OFÍCIO – BENEFÍCIO CONCEDIDO APÓS A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – REAJUSTAMENTO – ART. 58 DO ADCT DA CF/88 – SÚMULA 20 DO TRF/1ª REGIÃO – PERÍODO DE EFICÁCIA – VINCULAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO – INADMISSIBILIDADE – VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL – ART. 7º, IV – 1. Verifica-se a ocorrência de simples inexatidão material no dispositivo sentencial que não se coaduna com os fundamentos aduzidos na sentença, já que o pedido formulado na inicial fora objeto de exame e decisão por parte do M.M. Juízo a quo, encontrando-se, inclusive, em consonância com a orientação desta Corte 2. “Decisão eivada de erro por inexatidão material não transita em julgado e pode ser corrigida, de ofício, a qualquer tempo (CPC, art. 463)” (AC n.º 1998.01.00.91270-2/RR. TRF 1ª Região, 1ª Turma, Rel. juiz Aloísio Palmeira Lima, DJU 22.05.2000,

21 Art. 463 do CPC “Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional, só podendo alterá-la: I – para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo; 22 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho: legislação complementar e jurisprudência. 31 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 651

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23

p. 231)...(TRF 1ª R. – AC. 01154082 – MG – 1ª T.S – Rel. Juiz Ney Bello (conv) – DJU 11.03.2002 – p. 123). “ERRO MATERIAL. PRAZO LIMITE PARA CORREÇÃO. É possível corrigir evidente erro material a qualquer tempo (inclusive no curso da execução), pois este não sofre os efeitos da preclusão e não transita em julgado (artigos 833 e 879 – A, parágrafo único, da CLT)” TRT-PR-AP-3523/2000-PR-AC 05576/2001 – Relator Juiz LUIZ EDUARDO GUNTER – DJPr. TRT-02/03/2001. “ERRO MATERIAL. Não há transito em julgado de erro material, o que permite sua correção a qualquer tempo”. AC. (UNÂNIME) TRT 1ª Reg. 6ª T (AP 2998/98), Relª. Juíza Doris Castro Neves, DO/RJ 01/02/99, p. 120.

11. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA - MULTA DO ART. 475-J do CPC

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.

§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo.

§ 3o O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados.

§ 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante.

§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.

A aplicação da disposição legal prevista no artigo 475-J do CPC já se encontra pacificada no Paraná, com a aprovação da OJ-EX-SE nº 203, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - TRT 9 - 203: MULTA - ART. 475-J DO CPC. APLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. A multa prevista no artigo 475-J do CPC é aplicável ao Processo do Trabalho, nos termos dos artigos 769 e 889 da CLT, observados os seguintes parâmetros: I - a multa incidirá no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da

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intimação do trânsito em julgado da sentença, quando líquida (artigo 852 da CLT), ou da data da intimação da decisão de liquidação; II - transcorrido o prazo sem pagamento, proceder-se-á à citação do réu para que, em 48 horas, pague o valor da condenação já acrescido da multa de 10% ou nomeie bens à penhora, nos termos do artigo 880 da CLT;

III - o pagamento parcial no prazo fará incidir a multa apenas sobre o restante do valor da condenação;

IV - a citação para pagamento ou nomeação de bens prescinde do requerimento do credor, sendo inaplicável a segunda parte do caput do artigo 475-J do CPC;

V - não é necessária a intimação pessoal do devedor para incidência da multa;

VI - a multa é inaplicável na execução provisória, bem como na hipótese de execução contra a Fazenda Pública.

Entretanto, no Tribunal Superior do Trabalho ainda existe uma cisão de entendimentos, sendo que a jurisprudência majoritária tem pendido neste momento para a inaplicabilidade do art. 475-J do CPC, isto, por haver procedimento próprio para o processo do trabalho, sendo que a aplicação do CPC neste caso colidiria com a garantia constitucional do devido processo legal, assegurada pelo art. 5º, inciso LIV, conforme jurisprudência do C. TST a seguir transcrita:

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 475-J DO CPC. INCOMPATIBILIDADE COM O PROCESSO DO TRABALHO. REGRA PRÓPRIA COM PRAZO REDUZIDO. MEDIDA COERCITIVA NO PROCESSO TRABALHO DIFERENCIADA DO PROCESSO CIVIL. O art. 475-J do CPC determina que o devedor que, no prazo de quinze dias, não tiver efetuado o pagamento da dívida, tenha acrescido multa de 10% sobre o valor da execução e, a requerimento do credor, mandado de penhora e avaliação. A decisão que determina a incidência de multa do art. 475-J do CPC, em processo trabalhista, viola o art. 889 da CLT, na medida em que a aplicação do processo civil, subsidiariamente, apenas é possível quando houver omissão da CLT, seguindo, primeiramente, a linha traçada pela Lei de Execução fiscal, para apenas após fazer incidir o CPC. Ainda assim, deve ser compatível a regra contida no processo civil com a norma trabalhista, nos termos do art. 769 da CLT, o que não ocorre no caso de cominação de multa no prazo de quinze dias, quando o art. 880 da CLT determina a execução em 48 horas, sob pena de penhora, não de multa. Recurso de revista conhecido e provido para afastar a multa do art. 475-J do CPC. RR - 668/2006-005-13-40. AIRR - 108/2007-033-03-40. Relatora – KÁTIA MAGALHÃES ARRUDA. PUBLICAÇÃO: DJ - 28/03/2008.

Ainda no mesmo sentido.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EXECUÇÃO INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 475-J DO CPC AO PROCESSO DO TRABALHO. Ante possível violação ao artigo 5º, inciso LIV, da Constituição da República, dá-se

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provimento ao Agravo de Instrumento para determinar o processamento do apelo denegado. RR - 765/2003-008-13-41. Relatora - MARIA CRISTINA IRIGOYEN PEDUZZI - DJ - 22/02/2008.

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12. FLUXOGRAMA DA EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO

SENTENÇA (Transitada em

julgado ou provisória)

CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO (Reclamante)

IMPUGNAÇÃO DE CÁLCULOS

(Art. 879 da CLT)

CÁLCULO DO PERITO

SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO (Homologação)

CITAÇÃO DO EXECUTADO

P/ PAGAMENTO

EMBARGOS À EXECUÇÃO

(Executado) ISL

(Exeqüente) (Art. 884 da CLT)

VARA DO

TRABALHO

SENTENÇA ↔ EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

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AGRAVO DE PETIÇÃO

(Art. 897 da CLT e OJ nº 61 da SE)

→ AGRAVO DE INSTRUMENTO

↓ ← ←↓

T R T

ACÓRDÃO DO TRT

↔ EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

RECURSO DE REVISTA

→ AGRAVO DE INSTRUMENTO

↓ ← ←↓

ACÓRDÃO DO TST (TURMA)

↔ EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

T S T

ACÓRDÃO DO TST

(SDI) ↔ EMBARGOS DE

DECLARAÇÃO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO → AGRAVO DE

INSTRUMENTO

↓ ← ←↓

S T F

ACÓRDÃO DO STF

↔ EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

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13. IMPUGNAÇÃO DE CÁLCULO

Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.

§ 1º - Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.

§ 1o - A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas.

§ 1o - B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente.

§ 2º - Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.

§ 3o Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.

§ 4o A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária.

§ 5o O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União quando o valor total das verbas que integram o salário-de-contribuição, na forma do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão jurídico.

Esta fase do processo é suprimida pela maioria das Varas do Trabalho do Paraná, para acelerar o processo, segundo o entendimento da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, mesmo após o advento da Lei nº 10.035/00, que alterou a redação do parágrafo segundo, ainda assim, é uma faculdade do juiz abrir o prazo para as partes se manifestarem para elaboração e impugnação de cálculos – OJ EX SE nº 176, assim:

OJ EX SE - 176: CÁLCULOS. PRAZO PARA MANIFESTAÇÃO. A ausência de chamado das partes para se manifestarem sobre cálculos não configura cerceamento de defesa, pois ainda existe oportunidade, após a garantia da execução (art. 884, caput, da CLT). A mudança legislativa operada com a Lei n.º 10.035/00 (DOU 26.10.00) não tornou obrigatório abrir-se prazo para pronunciamento sobre conta adversária. A facultatividade continua. Mudança ocorreu apenas quanto à preclusão, que agora ocorrerá sempre quando um dos contendores, intimado a se manifestar sobre os cálculos do outro, facultativamente, não o faz.

Com suporte no art. 879, § 2º da CLT, a impugnação deve ser fundamentada

com indicação dos itens e valores objeto da discordância.

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A mera alegação da existência de equívocos sem o apontamento específico de onde repousam as divergências e sem a indicação de valores, não pode ser recebida como “fundamentação de itens e valores”.

A impugnação proposta de forma genérica fere inclusive a garantia

Constitucional do contraditório e da ampla defesa (Constituição Federal art. 5º, inciso LV), haja vista que não permite a parte contrária responder especificamente sobre a existência ou não do equívoco.

A jurisprudência dominante do e. TRT da 9ª Região reconhece a

impossibilidade de julgamento de impugnações genéricas, como demonstrados pelas seguintes ementas:

TRT-PR-24-01-2003 CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO. - IMPUGNAÇÃO. A impugnação aos cálculos deve ser específica, com indicação do erro que a parte entende haver incorrido o calculista. Não cabe ao Juiz rever cálculos, tão-só porque impugnados genericamente. TRT-PR-AP-01589-2002-Acordao-00455-2003 - Relator: Exmo Juiz ROBERTO DALA BARBA - Publicado em DJPr em 24-01-2003

TRT-PR-15-08-2003 Agravo de petição. Impugnação genérica. Para impugnar os cálculos, suscitando questionamento acerca dos valores apresentados pelo Calculista, compete à parte apresentar valores e razões específicas a respeito da matéria objeto de divergência (art. 879,. o 1º da CLT), sendo imprescindível a demonstração específica das alegadas incorreções. TRT-PR-06689-1997-513-09-00-6-ACORDAO-17674-2003 - Relator: Exmo Juiz LUIZ EDUARDO GUNTHER - Publicado no DJPR em 15-08-2003

Em sede de Agravo de Petição a Seção Especializada, inclusive, já padronizou seu entendimento através da OJ EX SE - TRT 9 nº 124, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - TRT 9 - 124: AGRAVO DE PETIÇÃO. QUANTIDADE DE HORAS EXTRAS. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA. Ao apontar equívoco na contagem de horas extras, a executada deve indicar de maneira específica onde ele reside. Não merece prosperar inconformismo que se limita a apresentar determinada quantidade de horas sem fundamentar de onde se originou. Alegar e não provar é o mesmo que não alegar.

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14. EMBARGOS À EXECUÇÃO e IMPUGNAÇÃO À

SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO

Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação.

§ 1º - A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida.

§ 2º - Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o Juiz ou o Presidente do Tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5 (cinco) dias.

§ 3º - Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exeqüente igual direito e no mesmo prazo.

§ 4o Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.

§ 5o Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.

Para a oposição de Embargos à Execução e Impugnação à Sentença de Liquidação de cálculos onde já foi oportunizado às partes à impugnação, a matéria relativa aos valores está restrita aos pontos já impugnados e não retificados, em face da preclusão prevista no art. 879, § 2º, da CLT, neste sentido a OJ-EX-SE nº 03, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - TRT 9 - 03: AGRAVO DE PETIÇÃO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DO CÁLCULO DA PARTE CONTRÁRIA. EFEITOS. Após a Lei nº. 10.035/00 (DOU 26-10-00), sendo intimada e não se manifestando sobre os cálculos da adversa, ocorre preclusão.

PRAZO - CONHECIMENTO DA GARANTIA DA EXECUÇÃO COM A RETIRADA DOS AUTOS EM CARGA OJ-EX-SE nº 147:

OJ EX SE - TRT 9 - 147: EMBARGOS À EXECUÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. RETIRADA DOS AUTOS EM CARGA. A partir da retirada dos autos, em carga, inegável a ciência do causídico, quanto a teor do despacho que informa sobre a garantia do Juízo. A partir, daí, compete ao executado opor embargos, ainda que posteriormente venha a ser publicada a intimação.

AUSÊNCIA DE MANDATO – REGULARIZAÇÃO NA FORMA DO ART. 13 DO CPC – OJ EX SE - TRT 9 nº 184:

OJ EX SE - TRT 9 - 184: EMBARGOS À EXECUÇÃO NÃO CONHECIDOS. AUSÊNCIA DE MANDATO. VÍCIO SANÁVEL. Em primeiro grau, verificada irregularidade de representação, deve ser oportunizado à parte o saneamento, consoante art. 13 do CPC. Desatendida a regra, nula é a

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sentença que não admite embargos à execução, devendo os autos retornar à origem para análise meritória, com a procuração que, para se recorrer, já é providenciada.

Caso a sentença resolutiva executória acresça ao valor da condenação multas, honorários advocatícios ou outra matéria que imponha majoração do valor total da condenação, o executado deverá complementar a garantia do juízo no prazo da interposição do recurso (8 dias – art. 897, caput da CLT), sob pena de não ter reconhecido o seu recurso, isto conforme se infere do entendimento da OJ EX SE - TRT 9 nº 02, da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, a seguir transcrito:

OJ EX SE - TRT 9 - 02: AGRAVO DE PETIÇÃO. GARANTIA DO JUÍZO. ACRÉSCIMO DA CONDENAÇÃO EM DECISÃO DE IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO OU DE EMBARGOS À EXECUÇÃO. Não se conhece de agravo de petição, por ausência de garantia do Juízo, quando a decisão acresce valor líquido à condenação, ainda que arbitrado ou sob a forma de percentual, se este não se encontra integralmente garantido pelas penhoras ou depósitos anteriores e não houve depósito complementar até o limite do valor acrescido.

15. AGRAVO DE PETIÇÃO

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

(...)

§ 1º - O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.

§ 2º - O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não suspende a execução da sentença.

§ 3o Na hipótese da alínea a deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio tribunal, presidido pela autoridade recorrida, salvo se se tratar de decisão de Juiz do Trabalho de 1ª Instância ou de Juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma das Turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da sentença, observado o disposto no art. 679, a quem este remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos apartados, ou nos próprios autos, se tiver sido determinada a extração de carta de sentença.

(...)

§ 6o O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos.

(...)

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§ 8o Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado, conforme dispõe o § 3o, parte final, e remetidas à instância superior para apreciação, após contraminuta.

Nesta matéria o ponto de maior controvérsia é a delimitação de valores para a interposição do agravo de petição.

Tal condição está limitada aos devedores, pois a delimitação tem por objetivo apontar o valor incontroverso para liberação, neste sentido a OJ EX SE - TRT 9 nº 122, da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, com redação a seguir transcrita:

OJ EX SE - TRT 9 - 122: AGRAVO DE PETIÇÃO. DELIMITAÇÃO DE VALORES PELO EXEQÜENTE. DESNECESSIDADE. Se o agravo é do exeqüente, desnecessária a delimitação de valores, requisito inserto no artigo 897, "a", § 1º., da CLT, pois este é dirigido apenas ao devedor, já que seu único objetivo é o de permitir a imediata execução da parte remanescente, sendo o exeqüente o maior interessado no prosseguimento célere do processo.

Para os executados a delimitação de valor incontroverso no Agravo de Petição tem se tornado uma verdadeira armadilha, isto em face da exigência crescente de detalhes com evidente escopo de não conhecer o recurso para evitar o seu enfrentamento, isto é percebível através do entendimento da OJ EX SE - TRT 9 nº 61 da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - TRT 9 - 61: AGRAVO DE PETIÇÃO. DELIMITAÇÃO DE MATÉRIAS E VALORES IMPUGNADOS. CÁLCULOS APRESENTADOS POR OCASIÃO DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO. Há exigência de nova delimitação em agravo de petição quando acolhidos em parte os embargos à execução, e o executado deixa de recorrer de algum ou de alguns dos pontos em que foi sucumbente, conformando-se, pois, com a decisão de que os seus cálculos anteriores continham erro. Não há exigência de nova delimitação em agravo de petição quando rejeitados os embargos à execução, e o executado renova todos os pontos nele antes atacados.

Segundo entendimento da OJ EX SE - TRT 9 nº 18, na execução provisória são processados todos os atos da execução definitiva, com exceção da liberação de dinheiro e alienação de bens penhorados.

Se a delimitação de valores ocorre com fito de liberar a parte incontroversa ao exeqüente, não há lógica na exigência deste requisito legal para os Agravos de Petição interpostos em execuções provisórias, contudo, não é este o entendimento da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, que aprovou sem divergências a OJ EX SE - TRT 9 nº 72, com a seguinte redação:

OJ EX SE - TRT 9 - 72: AGRAVO DE PETIÇÃO. DELIMITAÇÃO DE MATÉRIAS E VALORES. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. A delimitação justificada de matérias e valores, exigida pela norma celetária (artigo 897, § 1º., da CLT), para admissibilidade do agravo de petição, alcança a execução provisória.

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Quanto ao recolhimento de custas do art. 789-A para a interposição do Agravo de Petição, são observadas ao final, tal entendimento foi assentado através da OJ EX SE - TRT 9 nº 104, a seguir transcrita:

OJ EX SE - TRT 9 - 104: ADMISSIBILIDADE. AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXECUTADO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE CUSTAS. O recolhimento de custas para tramitação processual não é requisito objetivo de admissibilidade do recurso de agravo de petição. Inteligência do art. 789-A da CLT, acrescentado pela Lei nº. 10.537/02, que estabelece custas, na execução, sempre ao final, de responsabilidade do executado.

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CÁLCULO PRÁTICO DAS VERBAS MAIS FREQÜENTES NAS CONDENAÇÕES

TRABALHISTAS

16. CÁLCULO DA PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL

O conceito de prescrição segundo Orlando Gomes “é o modo pelo qual um direito se extingue em virtude da inércia, durante certo lapso de tempo, do seu titular, que, em conseqüência, fica sem ação para assegurá-lo”.23 Para o autor citado também é um meio de defesa, tanto que a ação pode ser proposta, atingir o resultado pretendido se o interessado na prescrição não invocá-la.

Ressalva-se apenas que a doutrina moderna entende que a prescrição atinge a pretensão e não a ação.

No direito do trabalho a matéria está prevista no art. 11 da CLT, assim:

Art. 11 - O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve:

I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato;

Il - em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o trabalhador rural.

§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social.

Quanto ao marco inicial para contagem da prescrição é aplicável o entendimento da Súmula 308 do TST, cuja redação é a seguinte:

Nº 308 PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005. I. Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. (ex-OJ nº 204 - Inserida em 08.11.2000). II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. (ex-Súmula nº 308 - Res. 6/1992, DJ 05.11.1992).

01. EXEMPLO DE CONTAGEM DAS PARCELAS ALCANÇADAS NO PRAZO DA PRESCRIÇÃO

23 GOMES, Orlando; THEODORO JÚNIOR Humberto (atualizador). Introdução ao direito civil. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. p. 496.

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SENTENÇA - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL

Ajuizada reclamação trabalhista pelo autor em 07.06.2006 e considerando o disposto na Orientação Jurisprudencial 204 da Seção de Dissídios Individuais-I do Colendo TST, impõem-se reconhecer a prescrição de eventuais direitos do mesmo, cuja data de exigibilidade seja anterior a 07 de junho de 2001.

Prescrição para o cálculo das verbas mensais horas extras

Nos termos do art. 459, § 1º da CLT, quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido.

Junho/2001 D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

No caso as verbas referentes ao mês de MAIO de 2001, venceram no dia 07 de junho de 2001, assim, são exigíveis todos os valores pertinentes ao próprio mês de junho de 2001, como também os valores de maio, inclusive os valores a partir do dia 01 de maio de 2001. Tal entendimento encontra-se assentado na OJ EX SE - TRT 9 nº 24, com a seguinte redação:

OJ EX SE - TRT 9 - 24: EXECUÇÃO. PRESCRIÇÃO. PARCELAS ALCANÇADAS. Verbas referentes ao mesmo mês em que se declara a prescrição, aludindo o título executivo à exigibilidade, devem ser calculadas, pois ainda não se tornaram exigíveis.

Prescrição para o cálculo do 13º salário

Conforme Lei 4.090, de 13 de julho de 1962, no art. 1º, § 1º, a gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.

Como a sentença liquidanda declarou prescritas as verbas EXIGÍVEIS anteriores a 07/06/2001, todos os meses do ano de 2001 para o cálculo do da gratificação natalina são integralmente devidos.

Prescrição para o cálculo das férias

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Para o cálculo da prescrição das férias, há que se observar a data de admissão do reclamante, para se estabelecer os períodos aquisitivos e concessivos.

Art. 134 da CLT - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito.

A título de exemplo, vamos supor que a data de admissão do reclamante tenha ocorrido dia 10/04/1998, assim, a contagem da prescrição é a seguinte:

Admissão – 10/04/1998

1º período aquisitivo (1998/1999) – de 10/04/1998 a 09/04/1999 1º período concessivo – de 10/04/1999 a 09/04/2000 - PRESCRITO 2º período aquisitivo (1999/2000) – de 10/04/1999 a 09/04/2000 2º período concessivo – de 10/04/2000 a 09/04/2001 - PRESCRITO 3º período aquisitivo (2000/2001) – de 10/04/2000 a 09/04/2001 3º período concessivo – de 10/04/2001 a 09/04/2002 - IMPRESCRITO

O entendimento deste cálculo está consubstanciado através da OJ EX SE - TRT 9 nº 150, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - TRT 9 - 150: FÉRIAS. PRESCRIÇÃO. Para o cálculo das férias deve ser considerada a época da sua exigibilidade, conforme estabelecido no art. 134, caput, da CLT, ou seja, os doze meses subseqüentes à aquisição do direito.

Prescrição para o cálculo do FGTS

A prescrição da pretensão do FGTS não recolhido sobre as verbas salariais pagas durante o contrato observa a prescrição bienal e trintenária, isto, nos termos da Súmula nº 362 do TST, nos seguintes termos:

Nº 362 FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos após o término do contrato de trabalho.

Quanto a incidência sobre as parcelas conquistadas na condenação trabalhista, aplica-se a Súmula nº 206 do TST, nos seguintes termos:

Nº 206 FGTS. INCIDÊNCIA SOBRE PARCELAS PRESCRITAS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o respectivo recolhimento da contribuição para o FGTS.

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17. CÁLCULO DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL

A matéria relativa a equiparação salarial está prevista na CLT art. 461 e §§ e também na Súmula nº 06 do TST, os quais estão a seguir transcritos:

Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.

§ 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos.

§ 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antiguidade e merecimento.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente por merecimento e por antiguidade, dentro de cada categoria profissional.

§ 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial.

O Tribunal Superior do Trabalho através da Resolução nº 129/2005, elaborou grande reforma nas súmulas existentes, centralizando entendimentos, a matéria relativa à equiparação salarial foi concentrada na Súmula nº 06, cuja redação é a seguinte e os pontos de maior relevância para os cálculos estão em negrito:

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Nº 6 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT. (incorporação das Súmulas nºs 22, 68, 111, 120, 135 e 274 e das Orientações Jurisprudenciais nºs 252, 298 e 328 da SBDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005 I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o quadro de carreira das entidades de direito público da administração direta, autárquica e fundacional aprovado por ato administrativo da autoridade competente. (ex-Súmula nº 6 - Res. 104/2000, DJ 18.12.2000) II - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o tempo de serviço na função e não no emprego. (ex-Súmula nº 135 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982) III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. (ex-OJ nº 328 - DJ 09.12.03) IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o pedido se relacione com situação pretérita. (ex-Súmula nº 22 - RA 57/70, DO-GB 27.11.1970) V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a função em órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pelos salários do paradigma e do reclamante. (ex-Súmula nº 111 - RA 102/1980, DJ 25.09.1980) VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal ou de tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior. (ex-Súmula nº 120 - Res. 100/2000, DJ 18.09.00) VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos. (ex-OJ nº 298 - DJ 11.08.2003) VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial. (ex-Súmula nº 68 - RA 9/77, DJ 11.02.1977) IX - Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento. (ex-Súmula nº 274 - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) X - O conceito de "mesma localidade" de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos que, comprovadamente, pertençam à mesma região metropolitana. (ex-OJ nº 252 - Inserida em 13.03.2002)

Para o cálculo da equiparação salarial, deve ser observado além da prescrição parcial prevista no inciso IX, da Súmula nº 06 do TST, também a irredutibilidade salarial assegurada pela Constituição Federal art. 7º, inciso VI, nesses termos, caso o paradigma seja demitido antes do fim do contrato de trabalho do reclamante, as diferenças persistem mesmo após este período e deverão ser

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majoradas a partir desta data pelos mesmos índices aplicados ao salário do reclamante.

Também é de fundamental importância para o cálculo da equiparação salarial a distinção das verbas decorrentes de vantagens pessoais citadas no inciso VI da Súmula nº 06 do TST.

A doutrina não vem se debruçando especificamente sobre este tema, pois é inegável as condições particulares inerentes a cada caso, contudo, há que se observar o conteúdo, características e finalidade das verbas pagas ao paradigma como também ao paragonado, para um adequado cotejo entre os valores pagos a cada um.

Algumas verbas como adicional por tempo de serviço, comissões pela venda de produtos, horas extras, adicional noturno, entre outras detém caráter personalíssimo, logo, não integram a base de cálculo da equiparação salarial, ao mesmo tempo que o confronto não deve ocorrer apenas considerando o salário base, se o paradigma recebe outras vantagem atreladas a função desempenhada, neste sentido a jurisprudência:

TRT-PR-19-11-2004 EQUIPARAÇÃO SALARIAL - COMISSÕES-EMPREGADO VENDEDOR - Em se tratando de vendas comissionadas, não pode pretender, a autora, ver reconhecida equiparação às comissões auferidas por sua colega. Não há embasamento que justifique igualdade em relação ao volume de vendas. Este decorre da forma e quantidade de trabalho de cada empregado, igualando-se às vantagens pessoais adquiridas que não são passíveis de equiparação. TRT-PR-08336-2003-651-09-00-4-ACO-26377-2004. Relator: SERGIO MURILO RODRIGUES LEMOS. Publicado no DJPR em 19-11-2004.

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SENTENÇA – EQUIPARAÇÃO SALARIAL

Condena-se a reclamada a pagar diferenças salariais referentes a todo o período do pacto, observando-se o que foi pago, conforme recibos de fls., e o que deveria sê-lo, isto é, o mesmo salário pago ao paradigma, ante a ausência dos comprovantes de pagamento do paradigma arbitra-se que o salário devido é 60,00% superior aos salários pagos ao reclamante. As diferenças salariais integram a remuneração, gerando reflexos em 13o salário, férias e terço de férias.

Neste exemplo o salário do paradigma é resultado do salário do reclamante acrescido de um percentual fixado pelo título executivo, entretanto, esta é uma exceção. Normalmente o cálculo da equiparação salarial é apurado elaborando-se a evolução salarial do reclamante e do paradigma, para posterior confronto e extração das diferenças.

Forma de cálculo da equiparação salarial

ADMISSÃO: 01/jun/2002 RESCISÃO: 18/dez/2002 CORREÇÃO MONETÁRIA: MÊS SEGUINTE ATUALIZADO ATÉ: set/2008 CÁLCULO DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL: MESES BASE DE

CÁLCULO RECLAMANTE

PROPORÇÃODIFERENÇA

BASE DE CÁLCULO

PARADIGMA

DIFERENÇAS CORREÇÃOMONETÁRIA

DIFERENÇASATUALIZADAS

jun/2002 1.000,00 60,00% 1.600,00 600,00 1,164117295 698,47 jul/2002 1.000,00 60,00% 1.600,00 600,00 1,161033590 696,62

ago/2002 1.000,00 60,00% 1.600,00 600,00 1,158160195 694,90 set/2002 1.000,00 60,00% 1.600,00 600,00 1,155900409 693,54 out/2002 1.000,00 60,00% 1.600,00 600,00 1,152709709 691,63 nov/2002 1.000,00 60,00% 1.600,00 600,00 1,149669981 689,80 dez/2002 1.000,00 60,00% 1.600,00 18 DIAS 360,00 1,145535743 412,39

SOMA R$ 4.577,35

Forma de cálculo dos reflexos da equiparação salarial em aviso prévio

Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de:

I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior;

II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.

§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.

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§ 2º - A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo.

§ 3º - Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os efeitos dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos últimos 12 (doze) meses de serviço.

§ 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta.

§ 5o O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio indenizado.

§ 6o O reajustamento salarial coletivo, determinado no curso do aviso prévio, beneficia o empregado pré-avisado da despedida, mesmo que tenha recebido antecipadamente os salários correspondentes ao período do aviso, que integra seu tempo de serviço para todos os efeitos legais.

MESES VERBAS BASE DE CÁLCULO

RECLAMANTE

BASE DE CÁLCULO

PARADIGMA

DIFERENÇAS CORREÇÃOMONETÁRIA

TOTAL R$

dez/2002 AVISO PRÉVIO 30 dias 1.000,00 1.600,00 600,00 1,149669981 689,80

SOMA R$ 689,80

Forma de cálculo dos reflexos da equiparação salarial em 13º salário

LEI nº 4.090, de 13 de JULHO de 1962.

Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus.

§ 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.

§ 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os efeitos do parágrafo anterior.

§ 3º - A gratificação será proporcional:

I - na extinção dos contratos a prazo, entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro; e

II - na cessação da relação de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro.

Art. 2º - As faltas legais e justificadas ao serviço não serão deduzidas para os fins previstos no § 1º do art. 1º desta Lei.

Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração do mês da rescisão.

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Para o cálculo do 13º salário proporcional, deve-se observar que a rescisão ocorreu aos 18 dias do mês de dezembro, logo, o referido mês integra o cálculo da gratificação natalina, além disso, o período do aviso prévio indenizado, também integra o tempo de serviço do obreiro para todos os efeitos, logo, o contrato foi projetado até 18/01/2003. Como no mês de janeiro a fração do número de dias é superior a 15, o mês de janeiro de 2003 também é computado como devido.

Assim, entre 01/06/2002 (admissão) e 18/01/2003 (data final do contrato de trabalho observado o tempo de aviso prévio indenizado), são devidos 8/12 avos de 13º salário.

REFLEXOS DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL EM 13º SALÁRIO: MESES VERBAS BASE DE

CÁLCULO RECLAMANTE

BASE DE CÁLCULO

PARADIGMA

DIFERENÇAS CORREÇÃO MONETÁRIA

TOTAL R$

dez/2002 13º SAL./2002 8/12 1.000,00 1.600,00 400,00 1,149669981 459,87

SOMA R$ 459,87

Forma de cálculo dos reflexos da equiparação salarial em férias + 1/3

Art. 142 - O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for devida na data da sua concessão.

§ 1º - Quando o salário for pago por hora com jornadas variáveis, apurar-se-á a média do período aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da concessão das férias.

§ 2º - Quando o salário for pago por tarefa tomar-se-á por base a media da produção no período aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o valor da remuneração da tarefa na data da concessão das férias.

§ 3º - Quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, apurar-se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses que precederem à concessão das férias.

§ 4º - A parte do salário paga em utilidades será computada de acordo com a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social.

§ 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias.

§ 6º - Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme será computada a média duodecimal recebida naquele período, após a atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos reajustamentos salariais supervenientes.

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Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa, será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido.

Parágrafo único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias.

Art. 147 - O empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 (doze) meses de serviço, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o disposto no artigo anterior.

No tocante ao cálculo das férias proporcionais, há que se observar as orientações contidas nos seguintes enunciado do TST:

Nº 7 FÉRIAS. A indenização pelo não-deferimento das férias no tempo oportuno será calculada com base na remuneração devida ao empregado na época da reclamação ou, se for o caso, na da extinção do contrato. Nº 171 FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO. EXTINÇÃO - Republicado em razão de erro material no registro da referência legislativa - DJ 05.05.2004. Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da CLT). Ex-prejulgado nº 51 Nosso exemplo aponta que o reclamante laborou menos de 12 meses na

empresa, apesar disso, são devidas férias proporcionais, nos termos da súmula nº 171 do TST (supra transcrita).

Para o cálculo, deve ser observada a mesma regra do cálculo da gratificação

semestral, ou seja, devem ser contados nos meses transcorridos entre a data da admissão (01/06/2002) e a data final do contrato de trabalho, observada a projeção do aviso prévio indenizado (18/01/2003), assim, também são devidos 8/12 avos de férias proporcionais indenizadas, acrescidas de 1/3, conforme planilha a seguir apresentada.

REFLEXOS DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL EM FÉRIAS: MESES VERBAS BASE DE

CÁLCULO RECLAMANTE

BASE DE CÁLCULO

PARADIGMA

DIFERENÇAS CORREÇÃO MONETÁRIA

TOTAL R$

dez/2002 FÉRIAS PROP. 8/12 1.000,00 1.600,00 400,00 1,149669981 459,87

ADIC. FÉR. PROP. 133,33 1,149669981 153,29

SOMA R$ 613,16

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18. CÁLCULO DOS REFLEXOS NOS CASOS DE SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO

O cálculo do salário substituição é semelhante ao cálculo da equiparação

salarial, a principal diferença reside nos períodos apurados, pois enquanto as diferenças salariais decorrentes de equiparação salarial integram o patrimônio jurídico do reclamante e não podem ser suprimidas sob pena de redução salarial, as diferenças de substituição são apuradas de forma tópica, ou seja, estão restritas ao período da substituição e não se estendem para os demais meses.

Para o cálculo dos reflexos, serão observadas as mesmas formas e

dispositivos apontados no cálculo das diferenças salariais por equiparação, contudo, deve ser observada a proporção do período trabalhado em cada substituição.

Como exemplo, um reclamante que tenha recebido diferenças de

substituição referente a 28 dias, terá remunerado 1/12 avos de 13º salário (Lei nº 4.00/62, art. 1º, §§ 1º e 2º) e 1/12 avos de férias proporcionais,acrescidas de 1/3 (art. 142 da CLT, conjugado com o art. 146, parágrafo único da CLT).

No cálculo do aviso prévio, só será devida a diferença se a diferença recair

nos doze meses anteriores a data da rescisão do contrato de trabalho, e, neste caso, também deve ser respeitada a fração do período de substituição.

19. CÁLCULO DAS DIFERENÇAS SALARIAIS DECORRENTES DE REAJUSTES NÃO PAGOS

O cálculo de diferenças salariais decorrentes de reajustes não pagos

depende necessariamente de uma norma legal ou convencional estabelecendo qual o percentual não pago.

Quanto a forma de cálculo é semelhante ao exemplificado para a

equiparação salarial utilizando-se de um percentual para estabelecer o salário do paradigma, ou seja, no lugar do salário do paradigma teremos o salário devido ao reclamante acrescido do percentual deferido em sentença, para posterior confronto entre o salário devido e o pago, alcançando as diferenças salariais devidas.

Neste item é necessário esclarecer como são calculadas as taxas

percentuais cumulativas, pois o reajuste seguinte sempre irá incidir sobre o salário anterior já reajustado.

Exemplo: Um bancário que no mês de agosto de 2003 tinha um salário de R$ 1.000,00,

o qual foi reajustado na data base de setembro de 2003 em 5,00% e na data base de setembro de 2004, mais 5,00%, terá como resultado em setembro de 2004 o salário de R$ 1.102,50, tal resultado é fruto da incidência do reajuste de setembro de 2004, sobre o salário já reajustado em setembro de 2003 igual a R$ 1.050,00.

Demonstração:

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Salário de agosto de 2003 – R$ 1.000,00 Reajuste de setembro de 2003 – 5,00% ou 0,05 Salário de setembro de 2003 = R$ 1.000,00 x 5,00% = R$ 50,00 reajuste que

será somado ao salário de agosto - R$ 1.000,00, totalizando R$ 1.050,00. Salário de setembro de 2003,00 = R$ 1.050,00 Reajuste de setembro de 2004 – 5,00% ou 0,05 Salário de setembro de 2003 = R$ 1.050,00 x 5,00% = R$ 52,50 reajuste que

será somado ao salário de setembro de 2003 - R$ 1.050,00, totalizando R$ 1.102,50.

Quando for necessário o cálculo de percentuais acumulados, não é necessário percorrer todo o caminho percorrido na demonstração anterior, há um atalho que será demonstrado a seguir:

A expressão “por cento” pode ser representada com o símbolo “%”, ou com a

divisão da parte por 100. 5,00% ou 0,05 (5 / 100) A expressão decimal (0,05) é a utilizada nos cálculos substituindo a função

“%” da calculadora. Exemplo: R$ 1.000,00 x 0,05 = 50,00 Para os cálculos com taxas percentuais além da expressão percentual, que

representa uma parte do todo, no caso de 0,05 = 5 partes de 100, podemos incluir na expressão o próprio todo, simplificando o cálculo do resultado, ou seja, ao contrário de efetuarmos a operação supra e depois somar o resultado ao todo, podemos utilizar um número índice.

Exemplo: R$ 1.000,00 = ao todo = 1 inteiro Nosso resultado final R$ 1.050,00 é igual a 1 inteiro + 5 partes de cem

(5,00% ou 0,05), assim podemos simplificar a conta assim: 1 inteiro + 5 partes de 100 = 1 + 0,05 = 1,05 Multiplicando o salário de agosto de 2003 R$ 1.000,00 pelo índice 1,05,

temos como resultado o salário devido em setembro de 2003 – R$ 1.050,00: Exemplo: R$ 1.000,00 x 1,05 = 1.050,00

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Seguindo a mesma lógica, para o reajuste de setembro de 2004 que também é de 5,00% ou 0,05, se quisermos encontrar um índice que resulte direto no salário de setembro de 2004, partindo do salário de agosto de 2003, é necessária a seguinte conta:

Salário de agosto de 2003 – R$ 1.000,00 Índice do reajuste de setembro de 2003 = 1 + 0,05 = 1,05 Índice do reajuste de setembro de 2004 = 1 + 0,05 = 1,05 Como os reajustes devem incidir um sobre o outro, basta multiplicar os

índices assim: 1,05 x 1,05 = 1,1025 Multiplicando o salário de agosto de 2003 pelo índice acumulado dos

reajustes de setembro de 2003 e setembro de 2004, temos o seguinte resultado: R$ 1.000,00 x 1,1025 = R$ 1.102,50 A forma de cálculo supra exemplificada se aplica para cálculos de reajustes

salariais, horas extras noturnas, tabela de correção monetária, dentre outros cálculos.

SENTENÇA – REAJUSTE SALARIAL NÃO PAGO O reclamante requer o pagamento de diferenças salariais decorrentes de

reajuste salarial previsto na convenção coletiva firmada com o Sindicato dos Securitários do Paraná. Juntou aos autos as CCT de fls.

Acolhe-se o pedido. Condena-se a reclamada a pagar diferenças salariais a partir de 01/04/2002, com a aplicação do reajuste de 4,67% (quatro vírgula sessenta e sete por cento) sobre o salário de abril de 2001, já acrescido das diferenças deferidas no item anterior. Acolhe-se também o pedido do reajuste de 5,5% a partir de 01/04/2003, respeitando-se a evolução salarial e as diferenças salariais deferidas na presente condenação. As diferenças salariais integram a remuneração, gerando reflexos em 13o salário, férias e terço de férias.

Conforme se verifica no deferimento, a reclamada foi condenada no pagamento de dois reajustes, o primeiro a partir de 01/04/2002 – 4,67% e o segundo a partir de 01/04/2003 – 5,5%, para tornar o exemplo mais abrangente, vamos supor que no presente caso também houve o deferimento de equiparação salarial a partir de 01/06/2002, nos moldes calculados no item “equiparação salarial.

De plano temos que lembrar que a base de cálculo será composta não apenas pelos valores recebidos pelo reclamante, mas também pelas diferenças decorrentes da equiparação salarial.

A integração das diferenças salariais oriundas da equiparação salarial na base de cálculo das diferenças seguintes não é uma regra, deve ser analisada caso a caso, pois pode ser que o salário do paradigma já tenha observado os reajustes deferidos ao reclamante e nesta hipótese haveriam cálculos em duplicidade. Este tipo

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de condição deve ser observado principalmente na fase de conhecimento do processo.

* Observar também gozo de férias no período de 1º a 30/04/2003.*

Forma de cálculo das diferenças salariais decorrentes dos reajustes não pagos

ADMISSÃO: 02/jan/2002 RESCISÃO: 09/nov/2003 CORREÇÃO MONETÁRIA: MÊS SEGUINTE

ATUALIZADO ATÉ: set/2008

DIFERENÇAS SALARIAIS: Decorrentes do pagamento de dois reajustes, o primeiro a partir de 01/04/2002 – 4,67% e o segundo a partir de 01/04/2003 – 5,5%, observando-se as diferenças de equiparação salarial.

Reflexos em férias + 1/3, 13º salário e aviso prévio.

MESES SALÁRIO

PAGO “A”

DIF. EQUIP.SALARIAL

“B”

BASE DE CÁLCULO

A + B = “C”

REAJUSTES “D”

DIFERENÇAS DEVIDAS

C x D = “E”

CORREÇÃOMONETÁRIA

“F”

DIFERENÇAS ATUALIZADAS

E x F = “G” jan/2002 1.000,00 1.000,00 - 1,174596466 - fev/2002 1.000,00 1.000,00 - 1,173222622 - mar/2002 1.000,00 1.000,00 - 1,171163716 - abr/2002 1.000,00 1.000,00 4,67% 46,70 1,168409774 54,56 mai/2002 1.000,00 1.000,00 4,67% 46,70 1,165958929 54,45 jun/2002 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,164117295 86,98 jul/2002 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,161033590 86,75

ago/2002 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,158160195 86,54 set/2002 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,155900409 86,37 out/2002 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,152709709 86,13 nov/2002 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,149669981 85,90 dez/2002 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,145535743 85,59 jan/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,139974945 85,18 fev/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,135302042 84,83 mar/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 4,67% 74,72 1,131024507 84,51 abr/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% gozo de férias 1,126312018 - mai/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% 166,83 1,121098908 187,03 jun/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% 166,83 1,116447786 186,26 jul/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% 166,83 1,110379562 185,25

ago/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% 166,83 1,105913882 184,50 set/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% 166,83 1,102206061 183,88 out/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% 166,83 1,098676014 183,29 nov/2003 1.000,00 600,00 1.600,00 10,43% 9 dias 50,05 1,096728225 54,89

SOMA R$ 2.132,90

Page 48: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

48

Forma de cálculo dos reflexos da equiparação salarial em aviso prévio

OBSERVAR O DISPOSTO NO ART. 487 da CLT

REFLEXOS DAS DIFERENÇAS SALARIAIS EM AVISO AVISO PRÉVIO: MESES VERBAS BASE DE

CÁLCULO “A”

PROPORÇÃO “B”

DIFERENÇA DEVIDA

A / 30 x B = “C”

CORREÇÃO MONETÁRIA

“D”

TOTAL R$ C x D = “E”

nov/2003 AVISO PRÉVIO 166,83 30 dias 166,83 1,098676014 183,29

SOMA R$ 183,29

Forma de cálculo dos reflexos da equiparação salarial em 13º salário.

Observar o disposto na Lei nº 4.090, de 13 de JULHO de 1962, em especial o art. 1º, §§ 1º e 3º.

REFLEXOS DAS DIFERENÇAS SALARIAIS EM 13º SALÁRIO: MESES VERBAS BASE DE

CÁLCULO “A”

PROPORÇÃO “B”

DIFERENÇA DEVIDA

A x B = “C”

CORREÇÃO MONETÁRIA

“D”

TOTAL R$ C x D = “E”

dez/2002 13º SALÁRIO DE 2002 74,72 12/12 74,72 1,149669981 85,90 nov/2003 13º SAL./2003 PROP. 166,83 11/12 152,93 1,098676014 168,02

SOMA R$ 253,92

Forma de cálculo dos reflexos da equiparação salarial em férias + 1/3. Aplica-se neste cálculo o art. 142, caput da CLT.

REFLEXOS DAS DIFERENÇAS SALARIAIS EM FÉRIAS + 1/3:

MESES VERBAS BASE DE CÁLCULO

“A”

PROPORÇÃO “B”

DIFERENÇA DEVIDA

A x B = “C”

CORREÇÃOMONETÁRIA

“D”

TOTAL R$ C x D = “E”

abr/2003 FÉRIAS 166,83 12/12 166,83 1,131024507 188,69

ADIC. FÉRIAS + 1/3 55,61 1,131024507 62,90 nov/2003 FÉRIAS PROP. 166,83 11/12 152,93 1,098676014 168,02

ADIC. FÉRIAS PROP. 50,98 1,098676014 56,01

SOMA R$ 475,61

Page 49: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

49

20. CÁLCULO DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio .

§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço.

§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado.

§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

A base de cálculo do adicional de transferência são os salários, devendo ser observado o disposto no art. 457 da CLT, cuja redação é a seguinte:

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

§ 1º - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.

§ 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado.

§ 3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados.

Como esse manual não tem como objetivo mergulhar em discussões doutrinárias, não será abordado questões que restringem a base de cálculo do adicional de transferência, sustentando a incidência de adicional sobre adicional, exclusão da base de cálculo de verbas variáveis, entre outras.

Page 50: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

50

SENTENÇA – ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

O reclamante sustenta contratação na cidade de Paranavaí, alegando que, no final de outubro de 2003, foi transferido para Maringá, com mudança de domicílio.

Postula pelo adicional de transferência.

Inicialmente, esclareço que a previsão contratual, a ocorrência de necessidade de serviço e o exercício de cargo de confiança apenas legitimam a transferência, não importando em isenção do pagamento do adicional respectivo.

Por outro lado, analisando a redação do artigo 469, § 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, concluo que o adicional de transferência é devido apenas nos casos em que as transferências são provisórias.

O adicional de transferência visa complementar o salário do empregado, compensando os acréscimos nas despesas em decorrência do exercício de suas funções fora do local em que residia ao ser contratado, bem como recompensar o desgaste emocional da mudança de localidade, não existindo razão para o pagamento do adicional quando o empregado se fixa, definitivamente, em outra localidade.

No caso específico, considerando-se que pouco após a transferência o contrato de trabalho foi imotivadamente rescindido, não é possível concluir se, para os empregadores, a transferência teria sido realizada com ânimo de definitividade.

Sendo assim, condeno os reclamados ao pagamento de adicional de transferência, pelo período de 01 de novembro de 2002, no percentual de 25% (vinte e cinco por cento) dos salários (salário base + eventuais diferenças salariais).

Diante da natureza habitual, devidos os reflexos do adicional de transferência em férias acrescidas de um terço, gratificações natalinas, aviso prévio indenizado e FGTS acrescido da multa de 40%.

Não há que se falar em reflexos do adicional de transferência sobre repousos semanais remunerados, considerando-se que a parcela em destaque é calculada com base na remuneração mensal.

A decisão supra foi escolhida e trazida integralmente em especial para

comentar este último parágrafo, pois frequentemente são pedidos reflexos do adicional de transferência sobre repousos semanais remunerados, entretanto, sempre que a verba for apurada sobre os salários mensais, os repousos já se encontram remunerados, pois estão embutidos nos salário mensais, logo, o deferimento de reflexos em DSR ensejaria flagrante bis in idem.

A composição do salário será melhor abordada no item que discute no divisor

para a apuração do salário hora, no cálculo das horas extras. Os cálculos do adicional de transferência e seus reflexos devem ser

desenvolvidos assim:

Page 51: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

51

A título de exemplo, devemos considerar neste cálculo as diferenças salariais já consideradas nos itens anteriores.

* Observar também gozo de férias no período de 1º a 30/04/2003.*

COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO

BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA MESES SALÁRIO

BASE “A”

DIFERENÇASEQUIPARAÇÃO

SALARIAL “B”

DIFERENÇAS REAJUSTES NÃO PAGOS

“C”

BASE DE CÁLCULO

ADIC. TRANS. A+B+C = “D”

jan/2002 1.000,00 1.000,00 fev/2002 1.000,00 1.000,00 mar/2002 1.000,00 1.000,00 abr/2002 1.000,00 46,70 1.046,70 mai/2002 1.000,00 46,70 1.046,70 jun/2002 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 jul/2002 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72

ago/2002 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 set/2002 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 out/2002 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 nov/2002 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 dez/2002 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 jan/2003 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 fev/2003 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 mar/2003 1.000,00 600,00 74,72 1.674,72 abr/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83 mai/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83 jun/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83 jul/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83

ago/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83 set/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83 out/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83 nov/2003 1.000,00 600,00 166,83 1.766,83

Page 52: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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CÁLCULO DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA: Adicional de 25,00% sobre os salários recebidos pelo reclamante (salário base + eventuais diferenças salariais), a partir de 01/11/2002.

Reflexos em férias acrescidas de um terço, gratificações natalinas, aviso prévio indenizado e FGTS acrescido da multa de 40%.

MESES BASE DE

CÁLCULO “A”

ADICIONALTRANSF. (%)

“B”

ADICIONAL DEVIDO

A x B = “C”

CORREÇÃO MONETÁRIA

“D”

TOTAL R$ C x D = “E”

jan/2002 1.000,00 25,00% 1,174596466 fev/2002 1.000,00 25,00% 1,173222622 mar/2002 1.000,00 25,00% 1,171163716 abr/2002 1.046,70 25,00% 1,168409774 mai/2002 1.046,70 25,00% 1,165958929 jun/2002 1.674,72 25,00% 1,164117295 jul/2002 1.674,72 25,00% 1,161033590

ago/2002 1.674,72 25,00% 1,158160195 set/2002 1.674,72 25,00% 1,155900409 out/2002 1.674,72 25,00% 1,152709709 nov/2002 1.674,72 25,00% 418,68 1,149669981 481,34 dez/2002 1.674,72 25,00% 418,68 1,145535743 479,61 jan/2003 1.674,72 25,00% 418,68 1,139974945 477,28 fev/2003 1.674,72 25,00% 418,68 1,135302042 475,33 mar/2003 1.674,72 25,00% 418,68 1,131024507 473,54 abr/2003 1.766,83 25,00% gozo de férias - 1,126312018 - mai/2003 1.766,83 25,00% 441,71 1,121098908 495,20 jun/2003 1.766,83 25,00% 441,71 1,116447786 493,14 jul/2003 1.766,83 25,00% 441,71 1,110379562 490,46

ago/2003 1.766,83 25,00% 441,71 1,105913882 488,49 set/2003 1.766,83 25,00% 441,71 1,102206061 486,85 out/2003 1.766,83 25,00% 441,71 1,098676014 485,29

nov/2003 1.766,83 25,00% 9 dias (441,71 / 30 x 9) 132,51 1,096728225 145,33

SOMA R$ 5.471,86

REFLEXOS EM FGTS e MULTA (8% + 40%) 11,20% R$ 612,85

Page 53: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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Forma de cálculo dos reflexos do adicional de transferência em aviso prévio

OBSERVAR O DISPOSTO NO ART. 487 da CLT Sobre o aviso prévio incide o FGTS e a MULTA de 40%, nos termos da

Súmula nº 304 do TST, a qual reza o seguinte: Nº 305 FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO. INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito à contribuição para o FGTS.

REFLEXOS DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA EM AVISO PRÉVIO: MESES VERBAS BASE DE

CÁLCULO “A”

ADICIONALTRANSF. (%)

“B”

ADICIONAL DEVIDO

A x B = “C”

CORREÇÃO MONETÁRIA

“D”

TOTAL R$ C x D = “E”

nov/2003 AVISO PRÉVIO 30 DIAS 1.766,83 25,00% 441,71 1,098676014 485,29

SOMA R$ 485,29

REFLEXOS EM FGTS e MULTA (8% + 40%) 11,20% R$ 54,35

Forma de cálculo dos reflexos do adicional de transferência em 13º salário.

Observar o disposto na Lei nº 4.090, de 13 de JULHO de 1962, em especial o art. 1º, §§ 1º e 3º. REFLEXOS DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA EM GRATIFICAÇÃO NATALINA:

MESES VERBAS BASE DE CÁLCULO

“A”

ADICIONALTRANSF. (%)

“B”

ADICIONAL DEVIDO

A x B = “C”

CORREÇÃOMONETÁRIA

“D”

TOTAL R$ C x D = “E”

dez/2002 13º SALÁRIO DE 2002 02/12 * 1.674,72 25,00% (AxB/12x2) *

69,78 1,149669981 80,22

nov/2003 13º SAL./2003 PROP. 11/12 1.766,83 25,00% (AxB/12x11)

404,90 1,098676014 444,85

SOMA R$ 525,07

REFLEXOS EM FGTS e MULTA (8% + 40%) 11,20% R$ 58,81

* Há decisões que entendem que o 13º salário deve observar o período trabalhado, assim, o pagamento seria integral.

Page 54: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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FORMA DE CÁLCULO DOS REFLEXOS DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA EM FÉRIAS + 1/3.

Aplica-se neste cálculo o art. 142, caput da CLT - § 5º e § 6º. Art. 142 - O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for devida na data da sua concessão.

§ 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias.

§ 6º - Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme será computada a média duodecimal recebida naquele período, após a atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos reajustamentos salariais supervenientes.

Nos termos da Lei nº 8.036/90, art. 15, § 6º, da Instrução Normativa

FGTS/DAF nº 03, de 06 de junho de 1996, item II, 2, letra “o”, e da Orientação Jurisprudencial nº 195 do SDI-I do C. TST, o FGTS não incide sobre as férias indenizadas (inclusive em dobro e proporcionais).

Orientação Jurisprudencial nº 195 da SDI-I do C. TST: Nº 195 FÉRIAS INDENIZADAS. FGTS. NÃO-INCIDÊNCIA (inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005 Não incide a contribuição para o FGTS sobre as férias indenizadas.

REFLEXOS DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA EM FÉRIAS: MESES VERBAS BASE DE

CÁLCULO ADICIONAL

TRANSF. (%) ADICIONAL

DEVIDO CORREÇÃOMONETÁRIA

TOTAL R$

abr/2003 FÉRIAS – 02/12 * 1.766,83 25,00% (AxB/12x2) * 73,62 1,131024507 83,26

ADIC. FÉRIAS + 1/3 (73,62/3) 24,54 1,131024507 27,76

nov/2003 FÉRIAS PROP. 11/12 1.766,83 25,00% (AxB/12x11)

404,90 1,098676014 444,85

ADIC. FÉRIAS PROP. (404,95/3) 134,98 1,098676014 148,28

SOMA R$ 704,15

REFLEXOS EM FGTS e MULTA (8% + 40%) 11,20% R$ 12,43

* Há decisões que entendem que as férias devem observar o período trabalhado, assim, o pagamento seria integral.

Page 55: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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21. CÁLCULO DE REFLEXOS EM REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS

O cálculo de reflexos em Repousos Semanais Remunerados (RSR) ou Descansos Semanais Remunerados (DSR), são apurados sempre que deferidos para verbas que consideram os valores pagos ou horas laboradas, tais como horas extras, comissões e salário utilidade.

A matéria está prevista na Lei nº 605 de 05/01/1949, nos seguintes artigos:

Art. 1º Todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local.

Art. 2º Entre os empregados a que se refere esta lei, incluem-se os trabalhos rurais, salvo os que operem em qualquer regime de parceria, meação, ou forma semelhante de participação na produção.

Art. 3º O regime desta lei será extensivo àqueles que, sob forma autônoma, trabalhem agrupados, por intermédio de Sindicato, Caixa Portuária, ou entidade congênere. A remuneração do repouso obrigatório, nesse caso, consistirá no acréscimo de um 1/6 (um sexto) calculado sobre os salários efetivamente percebidos pelo trabalhador e paga juntamente com os mesmos.

Art. 4º É devido o repouso semanal remunerado, nos termos desta lei, aos trabalhadores das autarquias e de empresas industriais, ou sob administração da União, dos Estados e dos Municípios ou incorporadas nos seus patrimônios, que não estejam subordinados ao regime do funcionalismo público.

Art. 6º Não será devida a remuneração quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver trabalhado durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o seu horário de trabalho.

§ 1º São motivos justificados:

a) os previstos no artigo 473 e seu parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho;

b) a ausência do empregado devidamente justificada, a critério da administração do estabelecimento;

c) a paralisação do serviço nos dias em que, por conveniência do empregador, não tenha havido trabalho;

d) a ausência do empregado, até três dias consecutivos, em virtude do seu casamento;

e) a falta ao serviço com fundamento na lei sobre acidente do trabalho;

f) a doença do empregado, devidamente comprovada.

Page 56: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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§ 2º A doença será comprovada mediante atestado de médico da instituição da previdência social a que estiver filiado o empregado, e, na falta deste e sucessivamente, de médico do Serviço Social do Comércio ou da Indústria; de médico da empresa ou por ela designado; de médico a serviço de representação federal, estadual ou municipal incumbido de assuntos de higiene ou de saúde pública; ou não existindo estes, na localidade em que trabalhar, de médico de sua escolha.

§ 3º Nas empresas em que vigorar regime de trabalho reduzido, a freqüência exigida corresponderá ao número de dias em que o empregado tiver de trabalhar.

Art. 7º A remuneração do repouso semanal corresponderá:

a) para os que trabalham por dia, semana, quinzena ou mês, à de um dia de serviço, computadas as horas extraordinárias habitualmente prestadas;

b) para os que trabalham por hora, à sua jornada norma de trabalho, computadas as horas extraordinárias habitualmente prestadas;

c) para os que trabalham por tarefa ou peça, o equivalente ao salário correspondente às tarefas ou peças feitas durante a semana, no horário normal de trabalho, dividido pelos dias de serviço efetivamente prestados ao empregador;

d) para o empregado em domicílio, o equivalente ao quociente da divisão por 6 (seis) da importância total da sua produção na semana.

§ 1º Os empregados cujos salários não sofram descontos por motivo de feriados civis ou religiosos são considerados já remunerados nesses mesmos dias de repouso, conquanto tenham direito à remuneração dominical.

§ 2º Consideram-se já remunerados os dias de repouso semanal do empregado mensalista ou quinzenalista cujo cálculo de salário mensal ou quinzenal, ou cujos descontos por falta sejam efetuados na base do número de dias do mês ou de 30 (trinta) e 15 (quinze) diárias, respectivamente.

Art. 8º Excetuados os casos em que a execução do serviço for imposta pelas exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho em dias feriados, civis e religiosos, garantida, entretanto, aos empregados a remuneração respectiva, observados os dispositivos dos artigos 6º e 7º desta lei.

Art. 9º Nas atividades em que não for possível, em virtude das exigências técnicas das empresas, a suspensão do trabalho, nos dias feriados civis e religiosos, a remuneração será paga em dobro, salvo se o empregador determinar outro dia de folga.

A Lei 605/49, foi regulamentada pelo Decreto nº 27.048/49, o qual no artigo 11, § 4º, define como semana os dias de segunda a domingo.

EXEMPLO DE CÁLCULO

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MÊS 01/2001

Janeiro - 2001 D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

NÚMERO DE DOMINGOS – 04 NÚMERO DE SÁBADOS – 04 NÚMERO DE FERIADOS – 01 NÚMERO DE DIAS ÚTEIS - 22

MESES DIAS ÚTEIS SEGUNDA a

SABADO

R.S.R. DOMINGO

e FERIADOS

DIAS ÚTEIS SEGUNDA a

SEXTA-FEIRA

R.S.R. SÁBADOS,

DOMINGOS eFERIADOS

jan/2001 26 5 22 9

EXERCÍCIO

Dezembro - 2008 D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

NÚMERO DE DOMINGOS – NÚMERO DE SÁBADOS – NÚMERO DE FERIADOS – NÚMERO DE DIAS ÚTEIS –

MESES DIAS ÚTEIS SEGUNDA a

SABADO

R.S.R. DOMINGO

e FERIADOS

DIAS ÚTEIS SEGUNDA a

SEXTA-FEIRA

R.S.R. SÁBADOS,

DOMINGOS eFERIADOS

dez/2008

JURISPRUDÊNCIA:

OJ EX SE - TRT 9 - 165: REFLEXOS DE HORAS EXTRAS. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO E FERIADO. Determinando o título executivo reflexos em repousos semanais remunerados, salvo previsão expressa em contrário, as repercussões abrangem os domingos e feriados (art. 1º da Lei n.º 605/49).

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DIAS DE FERIADO

Os feriados são definidos pela Lei nº 9.093/95 a qual dispõe, em seu artigo 1º, que são feriados civis os declarados por lei federal e a data magna do Estado, fixada por lei estadual.

O artigo 2º, da citada lei, estabelece que são considerados feriados

religiosos os dias de guarda, declarados por lei municipal, em conformidade com o costume ou tradição local, os quais não poderão ser em número superior a quatro, já incluso nestes, a Sexta-Feira da Paixão.

Os feriados civis nacionais são apenas aqueles expressamente

estabelecidos por lei específica. São feriados civis: 1º de janeiro (Lei nº 662/49); 21 de abril (Lei nº 1.266/50);

1º de maio (Lei nº 662/49); 7 de setembro (Lei nº 662/49); 12 de outubro (Lei nº 6.802/80); 15 de novembro (Lei nº 662/49); 25 de dezembro (Lei nº 662/49); e o dia em que se realizaram eleições gerais no país (Lei nº 1.266/50).

Pelo que determina a Lei nº 9.093/95, a competência legislativa municipal

está restrita aos feriados religiosos, correspondentes aos dias de guarda. Em Curitiba, por exemplo, temos quatro feriados municipais, que são: Sexta-

feira da Paixão, Corpus Christi, 8 de setembro – Nossa Senhora da Luz e 2 de novembro – Finados (Lei Municipal 3.015, 24/8/67).

Considerando o disposto supra a terça-feira de carnaval não se

enquadra como dia de feriado.

SÁBADO COMO DIA DE DESCANSO SEMANAL REMUNERADO

Para algumas categorias o sábado é considerado como dia de repouso semanal remunerado ou dia útil não trabalhado, nestes casos a garantia está prevista no instrumento coletivo da categoria.

CONDIÇÃO DO CÁLCULO DOS REFLEXOS EM REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS PARA OS BANCÁRIOS

Os bancários têm o sábado assegurado como dia de repouso semanal

remunerado para pagamento dos reflexos das horas extras desde o Acordo Coletivo de Trabalho de 1985/1987, com vigência a partir de setembro de 1985, onde constou da cláusula sétima referente as “HORAS EXTRAORDINÁRIAS” a seguinte redação:

As horas extraordinárias serão pagas com o adicional de 30% (trinta por cento); quando prestadas durante toda a semana anterior, o Banco parará também o valor correspondente ao repouso semanal remunerado, incluído o sábado.

Note-se que o sábado como dia de repouso semanal remunerado restringe-se ao pagamento das horas extras, e permanece nessas condições até os dias atuais,

Page 59: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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como se observa pela redação da cláusula oitava, parágrafo primeiro “ADICIONAL DE HORAS EXTRAS”, cujos termos são os seguintes:

As horas extraordinárias serão pagas com o adicional de 50% (cinqüenta por cento). PARÁGRAFO PRIMEIRO Quando prestadas durante toda a semana anterior, os bancos pagarão, também, o valor correspondente ao repouso semanal remunerado, inclusive sábados e feriados. Para as demais verbas o sábado é dia útil não trabalhado, isto nos termos da

Súmula nº 113 do TST, Redação original - RA 115/1980, DJ 03.11.1980, a qual foi aprovada assim:

Nº 113 BANCÁRIO. SÁBADO. DIA ÚTIL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de repouso remunerado. Não cabe a repercussão do pagamento de horas extras habituais em sua remuneração. Neste sentido também o entendimento da OJ EX SE - TRT 9 nº 197, nos

seguinte termos: OJ EX SE - TRT 9 - 197: BANCÁRIOS. SÁBADOS. REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS. REFLEXOS NA AJUDA-ALIMENTAÇÃO E COMISSÕES. A inclusão do sábado, como repouso remunerado, para o bancário, restringe-se, por força dos instrumentos normativos, e ainda depende da decisão judicial, apenas aos reflexos das horas extras. Desse modo, não se pode estender o reflexo dos sábados para a ajuda-alimentação e comissões.

No cálculo dos repousos semanais remunerados os dias “úteis não

trabalhados” devem ser desconsiderados, pois se integrarem a coluna dos dias úteis, porque não se equiparam aos dias úteis. Da mesma forma, também não integram a coluna dos dias de repousos semanais remunerados, haja vista não se enquadrarem como tais.

TABELA DE DIAS DE REPOUSO SEMANAL REMUNERADO UTILIZANDO COMO BASE - CURITIBA NO PARANÁ

PLANILHA DE R.S.R.'s MESES DIAS ÚTEIS

SEGUNDA a SABADO

R.S.R. DOMINGO

e FERIADOS

DIAS ÚTEIS SEGUNDA a

SEXTA-FEIRA

R.S.R. SÁBADOS,

DOMINGOS e FERIADOS

jan/1986 26 5 22 9 fev/1986 23 5 18 10 mar/1986 25 6 20 11 abr/1986 25 5 21 9 mai/1986 25 6 20 11 jun/1986 25 5 21 9 jul/1986 27 4 23 8

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ago/1986 26 5 21 10 set/1986 25 5 21 9 out/1986 27 4 23 8 nov/1986 24 6 20 10 dez/1986 26 5 22 9 jan/1987 26 5 21 10 fev/1987 24 4 20 8 mar/1987 25 6 20 11 abr/1987 24 6 20 10 mai/1987 25 6 20 11 jun/1987 25 5 21 9 jul/1987 27 4 23 8

ago/1987 26 5 21 10 set/1987 24 6 20 10 out/1987 26 5 21 10 nov/1987 24 6 20 10 dez/1987 26 5 22 9 jan/1988 25 6 20 11 fev/1988 24 5 19 10 mar/1988 27 4 23 8 abr/1988 24 6 19 11 mai/1988 26 5 22 9 jun/1988 25 5 21 9 jul/1988 26 5 21 10

ago/1988 27 4 23 8 set/1988 24 6 20 10 out/1988 25 6 20 11 nov/1988 24 6 20 10 dez/1988 27 4 22 9 jan/1989 26 5 22 9 fev/1989 23 5 19 9 mar/1989 26 5 21 10 abr/1989 24 6 19 11 mai/1989 25 6 21 10 jun/1989 26 4 22 8 jul/1989 26 5 21 10

ago/1989 27 4 23 8 set/1989 24 6 19 11 out/1989 25 6 21 10 nov/1989 24 6 20 10 dez/1989 25 6 20 11 jan/1990 26 5 22 9 fev/1990 23 5 18 10 mar/1990 27 4 22 9 abr/1990 23 7 20 10 mai/1990 26 5 22 9 jun/1990 25 5 20 10 jul/1990 26 5 22 9

ago/1990 27 4 23 8 set/1990 23 7 19 11 out/1990 26 5 22 9 nov/1990 24 6 20 10 dez/1990 25 6 20 11 jan/1991 26 5 22 9 fev/1991 23 5 18 10 mar/1991 25 6 20 11 abr/1991 26 4 22 8 mai/1991 25 6 21 10 jun/1991 25 5 20 10

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jul/1991 27 4 23 8 ago/1991 27 4 22 9 set/1991 24 6 21 9 out/1991 26 5 23 8 nov/1991 24 6 20 10 dez/1991 25 6 21 10 jan/1992 26 5 22 9 fev/1992 25 4 20 9 mar/1992 25 6 20 11 abr/1992 24 6 20 10 mai/1992 25 6 20 11 jun/1992 25 5 21 9 jul/1992 27 4 23 8

ago/1992 26 5 21 10 set/1992 24 6 20 10 out/1992 26 5 21 10 nov/1992 24 6 20 10 dez/1992 26 5 22 9 jan/1993 25 6 20 11 fev/1993 23 5 18 10 mar/1993 27 4 23 8 abr/1993 24 6 20 10 mai/1993 25 6 21 10 jun/1993 25 5 21 9 jul/1993 27 4 22 9

ago/1993 26 5 22 9 set/1993 24 6 20 10 out/1993 25 6 20 11 nov/1993 24 6 20 10 dez/1993 26 5 23 8 jan/1994 25 6 21 10 fev/1994 23 5 19 9 mar/1994 27 4 23 8 abr/1994 24 6 19 11 mai/1994 26 5 22 9 jun/1994 25 5 21 9 jul/1994 26 5 21 10

ago/1994 27 4 23 8 set/1994 24 6 20 10 out/1994 24 7 19 12 nov/1994 24 6 20 10 dez/1994 27 4 22 9 jan/1995 26 5 22 9 fev/1995 23 5 19 9 mar/1995 27 4 23 8 abr/1995 23 7 18 12 mai/1995 26 5 22 9 jun/1995 25 5 21 9 jul/1995 26 5 21 10

ago/1995 27 4 23 8 set/1995 24 6 19 11 out/1995 25 6 21 10 nov/1995 24 6 20 10 dez/1995 25 6 20 11 jan/1996 26 5 22 9 fev/1996 24 5 20 9 mar/1996 26 5 21 10 abr/1996 25 5 21 9 mai/1996 26 5 22 9

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jun/1996 24 6 19 11 jul/1996 27 4 23 8

ago/1996 27 4 22 9 set/1996 24 6 21 9 out/1996 26 5 23 8 nov/1996 24 6 20 10 dez/1996 25 6 21 10 jan/1997 26 5 22 9 fev/1997 23 5 19 9 mar/1997 25 6 20 11 abr/1997 25 5 21 9 mai/1997 25 6 21 10 jun/1997 25 5 21 9 jul/1997 27 4 23 8

ago/1997 26 5 21 10 set/1997 26 4 21 9 out/1997 27 4 23 8 nov/1997 25 5 20 10 dez/1997 26 5 22 9 jan/1998 26 5 21 10 fev/1998 23 5 19 9 mar/1998 26 5 22 9 abr/1998 24 6 20 10 mai/1998 25 6 20 11 jun/1998 25 5 21 9 jul/1998 27 4 23 8

ago/1998 26 5 21 10 set/1998 25 5 21 9 out/1998 26 5 21 10 nov/1998 24 6 20 10 dez/1998 26 5 22 9 jan/1999 25 6 20 11 fev/1999 23 5 19 9 mar/1999 27 4 23 8 abr/1999 24 6 20 10 mai/1999 25 6 21 10 jun/1999 25 5 21 9 jul/1999 27 4 22 9

ago/1999 26 5 22 9 set/1999 24 6 20 10 out/1999 25 6 20 11 nov/1999 24 6 20 10 dez/1999 26 5 23 8 jan/2000 25 6 21 10 fev/2000 25 4 21 8 mar/2000 26 5 22 9 abr/2000 24 6 19 11 mai/2000 26 5 22 9 jun/2000 25 5 21 9 jul/2000 26 5 21 10

ago/2000 27 4 23 8 set/2000 25 5 20 10 out/2000 25 6 21 10 nov/2000 24 6 20 10 dez/2000 25 6 20 11 jan/2001 26 5 22 9 fev/2001 23 5 19 9 mar/2001 26 4 22 9 abr/2001 23 7 20 10

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mai/2001 26 5 22 9 jun/2001 25 5 20 10 jul/2001 26 5 22 9

ago/2001 27 4 23 8 set/2001 23 7 19 11 out/2001 26 5 22 9 nov/2001 24 6 20 10 dez/2001 25 6 20 11 jan/2002 26 5 22 9 fev/2002 23 5 19 9 mar/2002 25 6 20 11 abr/2002 26 4 22 8 mai/2002 25 6 21 10 jun/2002 25 5 20 10 jul/2002 27 4 23 8

ago/2002 27 4 22 9 set/2002 24 6 21 9 out/2002 26 5 23 8 nov/2002 24 6 20 10 dez/2002 25 6 21 10 jan/2003 26 5 22 9 fev/2003 24 4 20 8 mar/2003 25 6 20 11 abr/2003 24 6 20 10 mai/2003 26 5 21 10 jun/2003 24 6 20 10 jul/2003 27 4 23 8

ago/2003 26 5 21 10 set/2003 25 5 21 9 out/2003 27 4 23 8 nov/2003 24 6 20 10 dez/2003 26 5 22 9 jan/2004 26 5 21 10 fev/2004 23 6 19 10 mar/2004 27 4 23 8 abr/2004 24 6 20 10 mai/2004 25 6 21 10 jun/2004 25 5 21 9 jul/2004 27 4 22 9

ago/2004 26 5 22 9 set/2004 24 6 20 10 out/2004 25 6 20 11 nov/2004 24 6 20 10 dez/2004 26 5 23 8 jan/2005 25 6 20 10 fev/2005 23 5 19 9 mar/2005 26 5 22 9 abr/2005 25 5 20 10 mai/2005 25 6 21 10 jun/2005 26 4 22 8 jul/2005 26 5 21 10

ago/2005 27 4 23 8 set/2005 25 5 21 9 out/2005 25 6 20 11 nov/2005 24 6 20 10 dez/2005 27 4 22 9 jan/2006 26 5 22 9 fev/2006 23 5 19 9 mar/2006 27 4 23 8

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abr/2006 23 7 18 12 mai/2006 26 5 23 8 jun/2006 25 5 21 9 jul/2006 26 5 21 10

ago/2006 27 4 23 8 set/2006 25 5 20 10 out/2006 25 6 21 10 nov/2006 24 6 20 10 dez/2006 25 6 21 10 jan/2007 25 6 21 10 fev/2007 23 5 19 9 mar/2007 27 4 22 9 abr/2007 23 7 20 10 mai/2007 26 5 22 9 jun/2007 25 5 20 10 jul/2007 26 5 22 9

ago/2007 27 4 23 8 set/2007 24 6 19 11 out/2007 26 5 22 9 nov/2007 24 6 20 10 dez/2007 25 6 20 11 jan/2008 26 5 22 9 fev/2008 25 4 21 8 mar/2008 25 6 20 11 abr/2008 25 5 21 9 mai/2008 26 5 21 10 jun/2008 25 5 21 9 jul/2008 27 4 23 8

ago/2008 26 5 21 10 set/2008 25 5 21 9 out/2008 27 4 23 8 nov/2008 25 5 20 10 dez/2008 26 5 22 9 jan/2009 26 5 21 10 fev/2009 24 4 20 8 mar/2009 26 5 21 10 abr/2009 24 6 20 10 mai/2009 25 6 20 11 jun/2009 25 5 21 9 jul/2009 27 4 23 8

ago/2009 26 5 21 10 set/2009 24 6 20 10 out/2009 26 5 21 10 nov/2009 24 6 20 10 dez/2009 26 5 22 9

22. CÁLCULO DA INTEGRAÇÃO DE COMISSÕES E PRÊMIOS

São muito freqüentes nos casos de pagamento pelas empresas de

comissões e prêmios o não pagamento de reflexos ou o pagamento de forma equivocada.

Page 65: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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Para essas repercussões a média das comissões deve ser calculada de forma atualizada, no caso, por exemplo, dos comerciários, em algumas regiões é assegurado pela própria norma convencional a atualização dos valores pagos a título de comissões pelo INPC para o cálculo dos reflexos.

Nas condenações trabalhistas a média para o cálculo dos reflexos das

comissões e prêmios deve observar o disposto no art. 39, da Lei 8.177/91, isto com suporte na OJ nº 181 da SDI-1 do TST, a qual detém a seguinte redação:

Nº 181 COMISSÕES. CORREÇÃO MONETÁRIA. CÁLCULO (inserida em 08.11.2000) O valor das comissões deve ser corrigido monetariamente para em seguida obter-se a média para efeito de cálculo de férias, 13º salário e verbas rescisórias. Quanto a natureza jurídica e habitualidade do pagamento das comissões e

prêmios deve sempre observar o título executivo. Verbas como “P.P.R.” (Prêmio Participação nos Resultados),

Participação nos Resultados, Participação nos Lucros e Resultados, não detém caráter salarial, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição Federal.

É importante que os advogados sejam detalhistas na exploração dessa

matéria durante o processo de conhecimento, haja vista que tais discussões no processo de execução são muito conturbadas, podendo em virtude disso trazer prejuízos às partes envolvidas.

As comissões pagas remuneram apenas as horas trabalhadas, não incluídos

em tais valores os reflexos em repouso semanal remunerado, neste sentido a Súmula nº 27 do TST, nos seguintes termos:

Nº 27 COMISSIONISTA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 É devida a remuneração do repouso semanal e dos dias feriados ao empregado comissionista, ainda que pracista.

SENTENÇA – INTEGRAÇÃO DE COMISSÕES E PRÊMIOS

O reclamante informa que recebia comissões e prêmios, vinculadas ao cumprimento de metas denominadas VOP, SPREAD, TARIFA e QUALIDADE, sendo que o programa de comissões era conhecido como Fórmula D e se destinava ao incentivo de produtividade e não integravam a remuneração para efeito reflexos.

As comissões constituem salário variável e por esta razão o autor faz jus à remuneração dos repousos semanais, nos termos da Lei 605/49.

As comissões pagas, acrescidas dos repousos, devem refletir em férias + 1/3, gratificações natalinas, gratificações semestrais, aviso prévio indenizado e, ainda, sobre o FGTS com a multa de 40%, não cabendo a incidência sobre a multa do art. 22 da Lei 8.036/90, penalidade de natureza administrativa e que não se reverte em favor do empregado.

* Observar também gozo de férias no período de 1º a 30/04/2003.*

Page 66: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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Forma de cálculo da integração das comissões e prêmios pagos para

gerar reflexos em repouso semanal remunerado As comissões pagas por fora devem ser divididas pelo número de dias

trabalhados em cada mês e multiplicadas pelo número de dias de repousos (domingos e feriados), com a exclusão dos sábados, considerando-se que as normas coletivas o consideram como repouso apenas para efeitos de horas extras.

EXEMPLO O reclamante recebeu no mês de janeiro de 2008, o valor de R$ 1.300,00

referentes a soma de todas as comissões e prêmios pagos no mês, efetuar o cálculo dos reflexos em repousos semanais remunerados. TOTAL DAS COMISSÕES E PRÊMIOS – R$ 1.300,00 NÚMERO DE DIAS ÚTEIS TRABALHADOS CONSIDERANDO NA TABELA O LABOR DE SEGUNDA A SÁBADO – 26 DIAS VALOR DIÁRIO DA PRODUÇÃO NO MÊS – R$ 50,00 (R$ 1.300,00 / 26 DIAS) NÚMERO DE DIAS DE R.S.R. NA TABELA CONSIDERANDO OS DOMINGOS E FERIADOS – 5 DIAS VALOR DOS REFLEXOS DAS COMISSÕES EM REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS – R$ 250,00 (PRODUÇÃO DIÁRIA – R$ 50,00 x 5 DIAS DE RSR).

Page 67: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

67

Para o cálculo considerando todos os meses da condenação os valores devem ser apurados nos seguintes moldes:

ADMISSÃO: 02/jan/2002 RESCISÃO: 09/nov/2003 CORREÇÃO MONETÁRIA: MÊS SEGUINTE

ATUALIZADO ATÉ: set/2008

INTEGRAÇÃO DAS COMISSÕES: Integração das comissões e prêmios VOP, SPREAD, TARIFA e QUALIDADE, para gerar reflexos em repousos semanais remunerados (domingos e feriados), e com estes, em férias + 1/3, gratificações natalinas, aviso prévio indenizado e,

ainda, sobre o FGTS com a multa de 40%.

MESES COMISSÕES

e PRÊMIOS “A”

CORREÇÃO MONETÁRIA

“B”

COMISSÕES ATUALIZADAS

A x B = “C”

DIAS ÚTEIS

“D”

R.S.R. “E”

RSR DEVIDO

A / D x E = “F”

RSR ATUALIZADO F x B = “G”

jan/2002 52,60 1,174596466 61,78 26 5 10,12 11,88 fev/2002 78,90 1,173222622 92,57 23 5 17,15 20,12 mar/2002 150,25 1,171163716 175,97 25 6 36,06 42,23 abr/2002 495,00 1,168409774 578,36 26 4 76,15 88,98 mai/2002 256,00 1,165958929 298,49 25 6 61,44 71,64 jun/2002 314,00 1,164117295 365,53 25 5 62,80 73,11 jul/2002 780,00 1,161033590 905,61 27 4 115,56 134,16

ago/2002 556,00 1,158160195 643,94 27 4 82,37 95,40 set/2002 595,00 1,155900409 687,76 24 6 148,75 171,94 out/2002 294,00 1,152709709 338,90 26 5 56,54 65,17 nov/2002 195,00 1,149669981 224,19 24 6 48,75 56,05 dez/2002 240,00 1,145535743 274,93 25 6 57,60 65,98 jan/2003 189,00 1,139974945 215,46 26 5 36,35 41,43 fev/2003 165,00 1,135302042 187,32 24 4 27,50 31,22 mar/2003 395,00 1,131024507 446,75 25 6 94,80 107,22 abr/2003 145,00 1,126312018 163,32 24 6 36,25 40,83 mai/2003 1.204,00 1,121098908 1.349,80 26 5 231,54 259,58 jun/2003 899,00 1,116447786 1.003,69 24 6 224,75 250,92 jul/2003 540,00 1,110379562 599,60 27 4 80,00 88,83

ago/2003 358,00 1,105913882 395,92 26 5 68,85 76,14 set/2003 389,00 1,102206061 428,76 25 5 77,80 85,75 out/2003 415,00 1,098676014 455,95 27 4 61,48 67,55 nov/2003 210,00 1,096728225 230,31 9 2 46,67 51,18

SOMA R$ 1.997,32

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 223,70

Page 68: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

68

Forma de cálculo da integração das comissões e prêmios pagos para

gerar reflexos em aviso prévio indenizado

Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de:

II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.

§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.

§ 3º - Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os efeitos dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos últimos 12 (doze) meses de serviço.

Para o cálculo da repercussão das comissões e prêmios no aviso prévio

indenizado, deve-se observar a média dos últimos doze meses de trabalho, descontados os períodos de gozo de férias para não comprometer a média com resultados inferiores aqueles efetivamente devidos.

O mês desconsiderado, também deve ser suprimido do cálculo da média. EXEMPLO Se for apurada a média de 12 meses, sem gozo de férias no período, o

divisor a ser aplicado sobre a soma dos valores recebidos nos últimos doze meses é 12.

Caso tenha ocorrido o gozo de férias entre os últimos 12 meses do contrato

de trabalho, são descartados os meses de férias e o divisor também respeitará o número de meses considerado no cálculo.

Page 69: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

69

Na demonstração a seguir, houve o gozo de férias no período de 1º a

30/04/2003, reduzindo o valor das comissões recebidas pelo reclamante no referido mês, em face disso, o mês de abril será suprimido do cálculo e a média observará o divisor 11.

REFLEXOS DAS COMISSÕES EM AVISO PRÉVIO: MESES VERBAS MÉDIA DAS

COMIS. PAGAS ATUALIZADAS

MÉDIA ATUALIZADA

DO RSR

TOTAL R$

nov/2002 224,19 56,05 dez/2002 274,93 65,98 jan/2003 215,46 41,43 fev/2003 187,32 31,22 mar/2003 446,75 107,22 abr/2003 FÉRIAS mai/2003 1.349,80 259,58 jun/2003 1.003,69 250,92 jul/2003 599,60 88,83 ago/2003 395,92 76,14 set/2003 428,76 85,75 out/2003 455,95 67,55 DIVISOR 11 11 nov/2003 AVISO PRÉVIO 30 DIAS 507,49 102,79 R$ 610,28

SOMA R$ 610,28

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 68,35

Forma de cálculo da integração das comissões e prêmios pagos para

gerar reflexos em 13º salário LEI No 4.090, DE 13 DE JULHO DE 1962

Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus.

§ 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.

§ 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os efeitos do parágrafo anterior.

§ 3º - A gratificação será proporcional:

I - na extinção dos contratos a prazo, entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro; e

II - na cessação da relação de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro.

Art. 2º - As faltas legais e justificadas ao serviço não serão deduzidas para os fins previstos no § 1º do art. 1º desta Lei.

Page 70: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

70Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração do mês da rescisão.

No cálculo da média das comissões e prêmios para apuração dos reflexos em 13ºs salários, deve ser observado o mesmo critério apontado no cálculo do aviso prévio no tocante aos períodos de férias gozadas, ou seja, os meses com redução das comissões em face do afastamento por motivo de férias deve ser excluído do cálculo.

REFLEXOS DAS COMISSÕES EM 13º SALÁRIO:

MESES VERBAS MÉDIA DAS COMIS. PAGAS ATUALIZADAS

MÉDIA ATUALIZADA

DO RSR

TOTAL R$

jan/2002 61,78 11,88 fev/2002 92,57 20,12 mar/2002 175,97 42,23 abr/2002 578,36 88,98 mai/2002 298,49 71,64 jun/2002 365,53 73,11 jul/2002 905,61 134,16 ago/2002 643,94 95,40 set/2002 687,76 171,94 out/2002 338,90 65,17 nov/2002 224,19 56,05 dez/2002 274,93 65,98 DIVISOR 12 12 dez/2002 13º SAL/2002 12/12 422,55 81,51 R$ 504,06

nov/2002 224,19 56,05 dez/2002 274,93 65,98 jan/2003 215,46 41,43 fev/2003 187,32 31,22 mar/2003 446,75 107,22 abr/2003 FÉRIAS mai/2003 1.349,80 259,58 jun/2003 1.003,69 250,92 jul/2003 599,60 88,83 ago/2003 395,92 76,14 set/2003 428,76 85,75 out/2003 455,95 67,55 DIVISOR 11 11

nov/2003 13º SAL/2003 11/12 465,20 94,22 R$ 559,42

SOMA R$ 1.063,48

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 119,11

Page 71: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

71

Forma de cálculo da integração das comissões e prêmios pagos para gerar reflexos em férias + 1/3

Art. 142 - O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for devida na data da sua concessão.

§ 3º - Quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, apurar-se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses que precederem à concessão das férias. REFLEXOS DAS COMISSÕES EM FÉRIAS + ADICIONAL DE

FÉRIAS:

MESES VERBAS MÉDIA DAS

COMIS. PAGAS ATUALIZADAS

MÉDIA ATUALIZADA

DO RSR

TOTAL R$

abr/2002 578,36 88,98 mai/2002 298,49 71,64 jun/2002 365,53 73,11 jul/2002 905,61 134,16 ago/2002 643,94 95,40 set/2002 687,76 171,94 out/2002 338,90 65,17 nov/2002 224,19 56,05 dez/2002 274,93 65,98 jan/2003 215,46 41,43 fev/2003 187,32 31,22 mar/2003 446,75 107,22 DIVISOR 12 12 abr/2003 FÉRIAS 12/12 469,75 91,12 R$ 560,87

ADIC. FÉRIAS + 1/3 156,58 30,37 R$ 186,96 nov/2002 224,19 56,05 dez/2002 274,93 65,98 jan/2003 215,46 41,43 fev/2003 187,32 31,22 mar/2003 446,75 107,22 abr/2003 FÉRIAS mai/2003 1.349,80 259,58 jun/2003 1.003,69 250,92 jul/2003 599,60 88,83 ago/2003 395,92 76,14 set/2003 428,76 85,75 out/2003 455,95 67,55 DIVISOR 11 11

nov/2003 FÉRIAS PROP. 11/12 507,49 102,79 R$ 610,28 ADIC. FÉRIAS PROP. 169,16 34,26 R$ 203,43

SOMA R$ 1.561,52

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 83,76

Page 72: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

72

Forma de cálculo da integração das comissões e prêmios pagos para gerar reflexos em gratificações semestrais REFLEXOS DAS COMISSÕES EM GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL:

MESES VERBAS MÉDIA DAS COMIS. PAGAS ATUALIZADAS

MÉDIA ATUALIZADA

DO RSR

TOTAL R$

jan/2002 61,78 11,88 fev/2002 92,57 20,12 mar/2002 175,97 42,23 abr/2002 578,36 88,98 mai/2002 298,49 71,64 jun/2002 365,53 73,11 DIVISOR 6 6

jul/2002 GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL 262,12 51,33 R$ 313,44 jul/2002 905,61 134,16 ago/2002 643,94 95,40 set/2002 687,76 171,94 out/2002 338,90 65,17 nov/2002 224,19 56,05 dez/2002 274,93 65,98 DIVISOR 6 6

jan/2003 GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL 512,55 98,12 R$ 610,67 jan/2003 215,46 41,43 fev/2003 187,32 31,22 mar/2003 446,75 107,22 abr/2003 FÉRIAS mai/2003 1.349,80 259,58 jun/2003 1.003,69 250,92 DIVISOR 5 5

jul/2003 GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL 640,60 138,07 R$ 778,68 jul/2003 599,60 88,83 ago/2003 395,92 76,14 set/2003 428,76 85,75 out/2003 455,95 67,55 DIVISOR 4 4

nov/2003 GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL 470,06 79,57 R$ 549,62

SOMA R$ 2.252,42

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 252,27

Page 73: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

73

Forma de cálculo da integração das comissões e prêmios pagos para gerar reflexos em FGTS e MULTA DE 40%

Neste caso hipotético sobre as comissões recebidas pelo autor não houve

qualquer repercussão legal, em face disso, a sentença deferiu reflexos das comissões e prêmios pagos em Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), acrescido da multa de 40% em face da despedida indireta do reclamante.

Alguns operadores do direito defendem que para estes valores devem ser

aplicados juros devidos para os depósitos em atraso das contas do FGTS, conhecidos como coeficientes JAM (Juros e Atualização Monetária), a composição deste coeficiente será abordada em item próprio, contudo, não é este o entendimento dominante traduzido pela OJ nº 302 SBDI-1, cuja redação é a seguinte:

Nº 302 FGTS. ÍNDICE DE CORREÇÃO. DÉBITOS TRABALHISTAS (DJ 11.08.2003) Os créditos referentes ao FGTS, decorrentes de condenação judicial, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicáveis aos débitos trabalhistas. Como o coeficiente JAM é composto por Juros e Correção Monetária, se na

mesma conta houve a aplicação dos critérios estabelecidos pelo art. 39, da Lei 8.177/91, é inegável a dupla incidência de juros, além da capitalização dos mesmos com a incidência de um sobre o outro.

Os cálculos dessa repercussão estão demonstrados pela planilha a seguir:

REFLEXOS DAS COMISSÕES PAGAS EM FGTS E MULTA DE 40%:

MESES BASE DE CÁLCULO

FGTS 8,00%

MULTA DE 40%

SOMA CORREÇÃO MONETÁRIA

RSR ATUALIZADO

jan/2002 52,60 4,21 1,68 5,89 1,174596466 4,94 fev/2002 78,90 6,31 2,52 8,84 1,173222622 7,41 mar/2002 150,25 12,02 4,81 16,83 1,171163716 14,08 abr/2002 495,00 39,60 15,84 55,44 1,168409774 46,27 mai/2002 256,00 20,48 8,19 28,67 1,165958929 23,88 jun/2002 314,00 25,12 10,05 35,17 1,164117295 29,24 jul/2002 780,00 62,40 24,96 87,36 1,161033590 72,45

ago/2002 556,00 44,48 17,79 62,27 1,158160195 51,51 set/2002 595,00 47,60 19,04 66,64 1,155900409 55,02 out/2002 294,00 23,52 9,41 32,93 1,152709709 27,11 nov/2002 195,00 15,60 6,24 21,84 1,149669981 17,93 dez/2002 240,00 19,20 7,68 26,88 1,145535743 21,99 jan/2003 189,00 15,12 6,05 21,17 1,139974945 17,24 fev/2003 165,00 13,20 5,28 18,48 1,135302042 14,99 mar/2003 395,00 31,60 12,64 44,24 1,131024507 35,74 abr/2003 145,00 11,60 4,64 16,24 1,126312018 13,07 mai/2003 1.204,00 96,32 38,53 134,85 1,121098908 107,98 jun/2003 899,00 71,92 28,77 100,69 1,116447786 80,29 jul/2003 540,00 43,20 17,28 60,48 1,110379562 47,97

ago/2003 358,00 28,64 11,46 40,10 1,105913882 31,67 set/2003 389,00 31,12 12,45 43,57 1,102206061 34,30 out/2003 415,00 33,20 13,28 46,48 1,098676014 36,48 nov/2003 210,00 16,80 6,72 23,52 1,096728225 18,43

SOMA R$ 809,99

Page 74: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

74

23. BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS

A base de cálculo das horas extras é composta pelas verbas salariais recebidas pelo autor, observando-se as condições legais e do título executivo, logicamente.

A CLT no art. 457, estabelece quais são as verbas salariais e não salariais

previstas em lei, assim:

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

§ 1º - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.

§ 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado.

§ 3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados.

A base de cálculo das horas extras poderá ser composta por diversas

verbas, a iniciar, logicamente, pelo salário base. Mas além do salário em sentido estrito, também integram outras verbas como adicionais, gratificações, comissões, prêmios, salários “in natura”, entre outros.

A Súmula nº 264 do TST, disciplina a matéria assim: Nº 264 HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa. Tais verbas podem ser divididas inicialmente por fixas e variáveis. Para a definição de salário fixo e variável, será utilizada a conceituação

trazida pelo jurista Amauri Mascaro do Nascimento, cujos termos são os seguintes: O salário é fixo quando determinado com base na unidade de tempo mês. Se a base de cálculo é a hora, o salário também é considerado fixo, considerando-se a carga horária da jornada normal. É claro que o resultado mensal variará de acordo com o número de horas extraordinárias, o que não descaracterizará o salário como fixo, porque o critério de estipulação e de resultados segue uma previsão invariável em seu aspecto nuclear.

Page 75: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

75

Variável é o salário por produção. O resultado será inconstante de acordo com a maior ou menor produção do empregado, tendo em vista o critério de estipulação próprio desse tipo de remuneração.24 Além do pagamento de salário fixo e variável, há casos em que o trabalhador

recebe salário misto, ou seja, parte dos salários são fixos e parte variável, isto, com fito de estimular a produtividade do empregado, haja vista que o salário fixo remunerara todos de forma igual, independentemente da produtividade de cada um, o que provoca eventuais desigualdades e injustiças.

Diante do exposto, na realização da evolução salarial para o cálculo das

horas extras o calculista deverá primeiro apurar quais são as verbas salariais e não salariais, sendo que apenas a primeira compõe a base de cálculo das horas extras.

O passo seguinte é a divisão das verbas salariais em fixas e variáveis, as

quais deverão ser reduzidas ao valor da hora trabalhada. Para se alcançar o valor da hora trabalhada, o salário mensal será dividido

pelo número de horas trabalhadas durante o mês, resultando no salário hora. Contudo, o divisor a ser aplicado poderá não ser o mesmo para o salário fixo e variável.

Um empregado contratado para trabalhar 44 horas semanais terá o salário

hora apurado pela divisão do salário mensal, por 220 horas mensais. Já um comissionista que apesar de contratado com salário mensal, laborou apenas um semana, não poderá ter o valor das comissões dividido por 220, sob pena de distorções monetárias graves.

É muito comum nos casos de salários mistos ser aplicado o mesmo divisor

para os salários fixos e variáveis, não sendo esta a exegese mais adequada, nos termos da Súmula nº 340 do TST:

Nº 340 COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como divisor o número de horas efetivamente trabalhadas. O entendimento de aplicação deste critério para o salário misto é defendido

pela Seção Especializada do TRT da 9ª Região, consubstanciado assim:

OJ EX SE - 186: HORAS EXTRAS. BASE DE CÁLCULO. SALÁRIO MISTO. Não definida a base de cálculo das horas extras no título executivo e constatando-se que o empregado era comissionista, prevalece o disposto na Súmula nº. 340 do C. TST, sendo devidas horas extras cheias (hora normal + adicional) com base no salário fixo e só o adicional sobre as comissões.

Com efeito, para o cálculo das horas extras considerando salário variável, o divisor a ser aplicado seria o número de horas efetivamente trabalhado e tais horas

24 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Salário conceito e proteção. São Paulo: Ltr, 2008. p. 130

Page 76: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

76

seriam remuneradas apenas com o adicional, posto que todas as horas trabalhadas já foram remuneradas. Destacasse que este é o entendimento jurisprudencial majoritário.

Algumas categorias costumam ter a base de cálculo

das horas extras definidas pelos Acordos ou Convenções Coletivas de Trabalho, este é o caso, por exemplo, dos bancários que desde a cláusula as cláusulas décima, parágrafo segundo da CCT de 87/88, cláusulas nona, parágrafo segundo da CCT de 88/89, cláusulas oitava, parágrafo segundo da CCT de 89/90, cláusulas sexta, parágrafo segundo da CCT de 90/91, cláusulas sexta, parágrafo segundo da CCT de 91/92, a cláusula oitava, parágrafo segundo da CCT de 92/93, cláusula nona, parágrafo segundo da CCT de 93/94, cláusula sétima, parágrafo segundo da CCT de 94/95, cláusula sétima, parágrafo segundo da CCT de 95/96, cláusula oitava, parágrafo segundo da CCT de 96/97, cláusula sétima, parágrafo segundo da CCT de 97/98, cláusula sétima, parágrafo segundo da CCT de 98/99, cláusula sétima, parágrafo segundo da CCT de 99/2000, cláusula oitava, parágrafo segundo da CCT de 2000/2001, cláusula oitava, parágrafo segundo da CCT de 2001/2002 e cláusula oitava, parágrafo segundo da CCT de 2002/2003 (...), que assim se posicionam:

O cálculo do valor da hora extras será feito tomando-se por base o somatório de todas as verbas salariais fixas, tais como ordenado, adiciona por tempo de serviço, gratificação de caixa e gratificação de compensador.

O respeito à norma coletiva garantido pela Constituição

Federal é princípio fundamental do direito do trabalho. O PRINCÍPIO DA AUTODETERMINAÇÃO COLETIVA consiste em que tudo o que é disposto pelos sindicatos contratualmente, vincula automaticamente todo trabalhador individualmente considerado. A principal importância reside no fato do empregado poder pleitear por melhores condições de trabalho através do sindicato, sem se indispor com o empregador.

O desrespeito ao disposto nas Cláusulas supra

citadas, representa afronta direta à Constituição Federal, art. 7º, inciso XXXVI, segundo entendimento proferido pelo Colendo TST, em julgamento de Recurso de Revista em Agravo de Petição, cuja ementa encontra-se a seguir transcrita:

HORAS EXTRAS. BASE DE CÁLCULO. A composição salarial para efeito de cálculo da remuneração de jornada extraordinária, no que tange à sua amplitude, é questão regulada em construção jurisprudencial (observada, apenas a base mínima disposta no art. 64 da CLT). A inexistência de comando legal específico definida a sistemática de cálculo, autoriza sua regulamentação por meio de norma coletiva, sobretudo na hipótese em tela, em que se observou a referida “base mínima”, do art. 64 da CLT. Partindo-se de tal premissa, a decisão regional que nega aplicação à norma coletiva – que pacta forma específica de cálculo das horas extras, excluindo o cômputo das comissões eventualmente percebidas pelo obreiro – viola o comando insculpido no art. 7º, inciso XXVI da CR/88. Recurso de Revista conhecido e provido. (Proc. nº TST-RR–55321/2002-900-12-00.0 – Acórdão 2ª T. – Rel. Ministro José Simpliciano Fontes de F. Fernandes).

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24. DIVISOR

O cálculo do divisor do salário fixo mensal está previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) na conjugação dos artigos 64 e 58, como exposto a seguir:

Art. 64 - O salário-hora normal, no caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário mensal correspondente à duração do trabalho, a que se refere o art. 58, por 30 (trinta) vezes o número de horas dessa duração. Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.

Em vista de tais disposições legais, o divisor do salário mensal até a Constituição Federal de 1988 era 240 (duzentos e quarenta), resultado da seguinte expressão:

Número de horas diárias trabalhadas – 8 Número de vezes dessa duração – 30 Divisor – 240 Esta condição foi alterada com a Constituição Federal de 1988, a qual

estabeleceu no art. 7º, inciso XIII, a duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 semanais.

Em face da redução da jornada máxima semanal de 48 para 44 horas, a

doutrina passou a defender a seguinte alteração do divisor: Jornada diária considerando 48 horas semanais – 8 Jornada diária considerando 44 horas semanais – 7,33 ou 7:20 Aplicando-se sobre a nova jornada diária o disposto no artigo 64 da CLT,

tem-se o seguinte resultado: Número de horas diárias trabalhadas – 7,33 Número de vezes dessa duração – 30 Divisor – 220 Bem ensina Sérgio Pinto Martins nos Comentários à CLT, oitava edição: Para quem trabalha 30 dias por mês, o divisor é 220, a partir da Constituição de 1988. O § 1º do art. 6ºda Lei 8.542/92 define o divisor do salário mínimo diário como 1/30 do salário mínimo mensal, e o salário mínimo horário 1/220 do salário mínimo, mostrando que o legislador ordinário adotou o novo divisor 220.

Para os bancários que o sábado é considerado dia útil não trabalhado

(Súmula 113 do TST), a matéria restou assentada pela Súmula nº 343 do TST que assim dispõe:

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Nº 343 BANCÁRIO. HORA DE SALÁRIO. DIVISOR (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O bancário sujeito à jornada de 8 (oito) horas (art. 224, § 2º, da CLT), após a CF/1988, tem salário-hora calculado com base no divisor 220 (duzentos e vinte), não mais 240 (duzentos e quarenta). Para empregados sujeitos a jornada de seis horas, aplica-se também o

disposto no art. 64 da CLT, logo, o divisor a ser aplicado é o 180 (6 horas diária x 30 dias = 180).

A matéria encontra-se assentada na Súmula 124 do TST, assim: Nº 124 BANCÁRIO. HORA DE SALÁRIO. DIVISOR (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Para o cálculo do valor do salário-hora do bancário mensalista, o divisor a ser adotado é 180 (cento e oitenta). Para as verbas variáveis, o divisor será o número de horas efetivamente

trabalhado nos termos da Súmula nº 340 do TST: Nº 340 COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como divisor o número de horas efetivamente trabalhadas. Considerando-se como horas efetivamente trabalhadas a totalidade das

horas normais e extraordinárias. EXEMPLO: Um empregado que para produzir o valor de R$ 1.000,00 a título de

comissões necessitou de 260 horas no mês, o divisor a ser aplicado é 260, totalizando no valor hora de R$ 3,85 (R$ 1.000,00 / 260 = 3,85).

Nos mesmos moldes, se no mês seguinte foram trabalhados apenas 120

horas para alcançar a mesma produção de R$ 1.000,00, o valor do salário hora será R$ 8,33 (R$ 1.000,00 / 120 = 8,33).

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25. HORAS EXTRAS SEMANAIS E DIÁRIAS Para o cálculo das horas extras a maior dificuldade que o operador encontra

é que enquanto os cartões-ponto registram horas e minutos a calculadora opera com centesimais, assim a apuração não pode ser direta.

A tabela de conversão de minutos para centesimais é a seguinte:

TABELA DE CONVERSÃO DE MINUTOS X CENTESIMAL MINUTOS DECIMAIS MINUTOS DECIMAIS MINUTOS DECIMAIS

1 2 21 35 41 68 2 3 22 37 42 70 3 5 23 38 43 72 4 7 24 40 44 73 5 8 25 42 45 75 6 10 26 43 46 77 7 12 27 45 47 78 8 13 28 47 48 80 9 15 29 48 49 82

10 17 30 50 50 83 11 18 31 52 51 85 12 20 32 53 52 87 13 22 33 55 53 88 14 23 34 57 54 90 15 25 35 58 55 92 16 27 36 60 56 93 17 28 37 62 57 95 18 30 38 63 58 97 19 32 39 65 59 98 20 33 40 67 60 100

Exemplo de cálculo das horas extras excedentes a oitava diária.

CARTÃO-PONTO APURAÇÃO ENTRADA SAÍDA ENTRADA SAÍDA JORNADA

DIÁRIA JORNADA NORMAL

H.E. DIÁRIA

8:50 12:20 13:22 18:35 8:43 8:00 0:43 Exemplo de cálculo das horas extras excedentes a sexta diária.

CARTÃO-PONTO APURAÇÃO ENTRADA SAÍDA ENTRADA SAÍDA JORNADA

DIÁRIA JORNADA NORMAL

H.E. DIÁRIA

9:55 13:42 13:57 17:02 6:52 6:00 0:52 A partir da Constituição Federal em face da disposição do art. 7º, inciso XIII,

o qual reduziu a jornada máxima semanal de 48 para 44 semanais, uma cizânia instauro-se nas liquidações.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

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80

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; Exemplo de cálculo das horas extras excedentes a quadragésima quarta

semanal. CARTÃO-PONTO APURAÇÃO

DIA ENTRADA SAÍDA ENTRADA SAÍDA JORNADA DIÁRIA

JORNADA SEMANAL

JORNADANORMAL

H.E. SEMANAL

SEG. 8:50 12:00 13:12 18:35 8:33 8:33 TER. 8:55 12:00 13:12 18:42 8:35 17:08 QUA. 8:53 12:00 13:12 18:05 8:00 25:08 QUI. 8:56 12:00 13:12 18:09 8:01 33:09 SEX. 8:59 12:18 13:12 18:02 8:09 41:18 SÁB. 9:00 12:13 13:12 18:01 8:02 49:20 44:00 5:20

Ante a reforma promovida grande parte das decisões proferidas passou a

deferir que fossem apuradas as horas extras DIÁRIAS E SEMANAIS. Num primeiro momento os reclamantes defendiam que eram devidas ambas

as apurações, os réus se opunham sustentando a dupla remuneração das mesmas horas.

O impasse gerou no TRT da 9ª Região o posicionamento predominante

afastando a cumulatividade, isto, através da OJ EX SE nº 22, com a seguinte redação: OJ EX SE - 22: EXECUÇÃO. HORAS EXTRAS. DETERMINADA APURAÇÃO DE EXCEDENTES DA OITAVA E QUADRAGÉSIMA QUARTA. ALCANCE. No título executivo que determina o cálculo das horas extras, observando-se as excedentes da 8ª. e 44ª., está embutida ressalva quanto à não cumulatividade. Outra questão que vem sendo amplamente discutida é se a forma de

apuração deve considerar ambos os sistemas conjugados ou se cada um de forma isolada, para posterior confronto de qual é mais vantajoso.

A análise das apurações permite as seguintes observações: a) O critério de apuração mista deve ser rechaçado, o critério é complexo e

sujeito a muitos erros que ensejam a dupla remuneração das horas extras. Além disso, a leitura adequada dos cartões-ponto exige a utilização de sistemas que na sua grande maioria, não estão preparados para uma aferição adequada dessa forma de cálculo.

b) A apuração de ambos os sistemas, separadamente, para posterior cotejo

de eventuais diferenças é a forma mais segura e adequada para aferição das horas extras trabalhadas sem gerar prejuízos a qualquer das partes.

A Seção Especializada do TRT da 9ª Região, aprovou a OJ EX SE nº 193,

reconhecendo as observações supra, conforme se infere da redação a seguir transcrita:

OJ EX SE - 193: HORAS EXTRAS. EXECUÇÃO. HARMONIA COM O TÍTULO EXECUTIVO. Se determinada apuração, como extras, das excedentes das 8ª. e 44ª. semanal, o critério de cálculo que considera as

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81

excedentes da oitava até se alcançar 44 semanais, e, ao se chegar a esse limite, soma o restante para obtenção do total devido, tem o mesmo efeito que a contagem das excedentes de 8 e de 44 para, ao final, verificar-se qual o resultado mais benéfico ao empregado. A seguir a demonstração dos sistemas:

DEMONSTRATIVO DAS HORAS EXTRAS DEVIDAS EXCEDENTES DA 8ª DIÁRIA E DA 44ª SEMANAL DATA DIA ENTRAD. SAÍDA ENTRAD. SAÍDA TOTAL

HORASDIÁRIAS

HORAS EXTRAS DIÁRIAS

ACUMUL. NA

SEMANA

HORAS EXTRAS

SEMANAIS

RSR TRAB.

08/05/1995 SEG. 8,50 13,50 15,00 20,00 10,00 2,00 8,00 - 09/05/1995 TER. 8,50 13,50 15,00 20,00 10,00 2,00 16,00 - 10/05/1995 QUA. 8,50 13,50 15,00 20,00 10,00 2,00 24,00 - 11/05/1995 QUI. 8,50 13,50 15,00 20,00 10,00 2,00 32,00 - 12/05/1995 SEX. 8,50 13,50 15,00 20,00 10,00 2,00 40,00 - 13/05/1995 SAB. 8,50 13,50 15,00 20,00 10,00 2,00 48,00 4,00

14/05/1995 DOM. 8,50 13,50 15,00 20,00 10,00 - - - 10,00

TOTAIS 70,00 12,00 4,00 10,00

JORNADA LEGAL SEMANAL (44,00)

HORAS EXTRAS SEMANAIS 26,00

HORAS EXTRAS DIÁRIAS 12,00

HORAS EXTRAS SEMANAIS 4,00

RSR TRABALHADOS 10,00

SOMA 26,00

FECHAMENTO ANTECIPADO DOS CARTÕES-PONTO Ainda há mais uma questão relativa ao fechamento antecipado dos cartões-

ponto, como exemplo algumas empresas fazem o fechamento dos cartões entre os dias 26 de um mês e o dia 25 do mês seguinte.

Este fechamento quando discutido na fase de liquidação pode não ser

acolhido, neste sentido é o entendimento da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, através da OJ EX SE nº 10, com a seguinte redação:

OJ EX SE - 10: ABATIMENTO DE HORAS EXTRAS. EXECUÇÃO. Silente o título executivo, não se cogita de se observar virtual sistemática de fechamento antecipado de cartões-ponto. Este critério não assume contornos de legalidade. Se o art. 459, § 1º., da CLT, determina que os salários mensais devem ser quitados até o quinto dia útil do mês subseqüente ao trabalhado, o pagamento de parte das horas extras após este prazo implica prejuízos ao trabalhador. FALTA DE CARTÕES-PONTO É comum nas condenações de horas extras pelos cartões-ponto, a ausência

de alguns cartões, neste caso aplica-se a média dos demais cartões, isto segundo o entendimento da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, através da OJ EX SE nº 169, assim:

Page 82: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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OJ EX SE - 169: EXECUÇÃO. APURAÇÃO DE HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE ALGUNS CARTÕES DE PONTO. MÉDIA FÍSICA. Se o título executivo, deferindo horas extras com base nos cartões de ponto juntados aos autos, não define qual o critério a ser adotado para a apuração nos meses em que não foram trazidos os registros, correta a adoção da média física apurada, pois não pode o exeqüente ser prejudicado pela omissão da executada.

SENTENÇA – HORAS EXTRAS E REFLEXOS

Na seqüência, da prova oral produzida, observando os períodos trabalhados em Paranavaí e Maringá, reconheço o cumprimento da seguinte jornada laboral:

De 01 de Janeiro de 2002 a 18 de Novembro de 2003, das 08:30 às 18:30 horas, com 10 minutos de intervalo, de segunda a sexta e, aos sábados, das 08:10 às 12:00 horas, sem intervalo.

Assim, levando-se em conta o enquadramento bancário, devido o pagamento de horas extras, assim consideradas as excedentes da 6ª hora diária e 30 semanal, sem duplicidade, observando-se o adicional de 50% com relação às horas trabalhadas de segunda a sábado, inexistindo previsão legal ou convencional de aplicação do adicional de 100% aos sábados.

Divisor 180 (Súmula 124 do C. TST).

Observe-se, também, a evolução salarial mês a mês, computando-se todas as parcelas salariais (salário base + diferenças salariais + comissões e prêmios + rsr´s sobre comissões + adicional de transferência), desconsiderando-se os dias não trabalhados (faltas, férias, feriados, domingos não trabalhados, etc...), bem como os períodos de intervalo intrajornada.

Com relação à remuneração fixa, observe-se a hora acrescida do adicional, mas, com no tocante à remuneração variável (comissões e prêmios), apenas o adicional de horas extras, conforme Súmula 340 do C. TST.

Por habituais, vez que realizadas em todos os meses, com relação ao período em que deferidas, as horas extras devem refletir, na totalidade das prestadas (Súmulas 347 e 376/TST), em repousos semanais remunerados e, acrescidos, em férias + 1/3, décimos terceiros, gratificações semestrais, aviso prévio indenizado e sobre o FGTS + 40%.

Quanto aos repousos, para efeitos de reflexos, devem ser considerados como tais os sábados, domingos e feriados. Em que pese o disposto no Súmula 113 da mais alta corte trabalhista, de que o sábados não são considerados dias de descanso, mas dias úteis não trabalhados, os instrumentos coletivos da categoria estipulam o pagamento das horas extras sobre o repousos semanal remunerado, incluindo sábados e feriados (fls. 64, 95 e 125 do volume de documentos).

Acolhe-se, nestes termos. * Observar também gozo de férias no período de 1º a 30/04/2003.*

Page 83: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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A título de exemplo, devemos considerar neste cálculo as diferenças salariais, comissões e prêmios já consideradas nos itens anteriores.

Para o cálculo das horas extras e reflexos será observado o disposto na

Súmula nº 347 do TST, cujos termos são os seguintes: Nº 347 HORAS EXTRAS HABITUAIS. APURAÇÃO. MÉDIA FÍSICA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O cálculo do valor das horas extras habituais, para efeito de reflexos em verbas trabalhistas, observará o número de horas efetivamente prestadas e a ele aplica-se o valor do salário-hora da época do pagamento daquelas verbas.

1 – COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS – VERBAS FIXAS

BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS - VERBAS FIXAS MESES SALÁRIO

BASE “A”

DIFERENÇASEQUIPARAÇÃO

SALARIAL “B”

DIFERENÇAS REAJUSTES NÃO PAGOS

“C”

ADICIONAL DETRANSFER.

“D”

BASE DE CÁLCULO

H.E. A+B+C+D = “E”

jan/2002 1.000,00 250,00 1.250,00

fev/2002 1.000,00 250,00 1.250,00

mar/2002 1.000,00 250,00 1.250,00

abr/2002 1.000,00 46,70 261,68 1.308,38

mai/2002 1.000,00 46,70 261,68 1.308,38

jun/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

jul/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

ago/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

set/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

out/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

nov/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

dez/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

jan/2003 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

fev/2003 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

mar/2003 1.000,00 600,00 74,72 418,68 2.093,40

abr/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

mai/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

jun/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

jul/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

ago/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

set/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

out/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

nov/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 2.208,54

Page 84: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

84

2 – CÁLCULO DO VALOR DAS HORAS EXTRAS – VERBAS FIXAS VALOR DA HORA EXTRA

MESES BASE DE CÁLCULO

H.E. “A”

DIVISOR “B”

SALÁRIO HORA

(A / B = “C”)

ADICIONAL “D”

VALOR H.E.

(C + D = “E”)

jan/2002 1.250,00 180 6,94 50,00% 10,42

fev/2002 1.250,00 180 6,94 50,00% 10,42

mar/2002 1.250,00 180 6,94 50,00% 10,42

abr/2002 1.308,38 180 7,27 50,00% 10,90

mai/2002 1.308,38 180 7,27 50,00% 10,90

jun/2002 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

jul/2002 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

ago/2002 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

set/2002 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

out/2002 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

nov/2002 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

dez/2002 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

jan/2003 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

fev/2003 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

mar/2003 2.093,40 180 11,63 50,00% 17,45

abr/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

mai/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

jun/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

jul/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

ago/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

set/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

out/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

nov/2003 2.208,54 180 12,27 50,00% 18,40

3 – CÁLCULO DO NÚMERO DE HORAS EXTRAS De 01 de Janeiro de 2002 a 18 de Novembro de 2003, das 08:30 às 18:30 horas, com 10 minutos de intervalo, de segunda a sexta e, aos sábados, das 08:10 às 12:00 horas, sem intervalo.

HORAS EXTRAS DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA APURAÇÃO

ENTRADA SAÍDA JORNADA TOTAL

INTERVALO JORNADA DIÁRIA

JORNADA NORMAL

H.E. DIÁRIA

8:30 18:30 10:00 0:10 9:50 6:00 3:50

HORAS EXTRAS AOS SÁBADOS APURAÇÃO

ENTRADA SAÍDA JORNADA TOTAL

INTERVALO JORNADA DIÁRIA

JORNADA NORMAL

H.E. DIÁRIA

8:10 12:00 3:50 0:00 3:50 0:00 3:50

Page 85: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

85

Conforme pode ser observado, em todos os dias da semana houve o labor

de 3h50 minutos extras. CONVERTER – 3:50 (HORA) PARA 3,83 (CENTESIMAL)

MESES HORAS EXTRAS

DIA “A”

NÚMERO DEDIAS

LABORADOS “B”

TOTAL DE HORAS EXTRAS

A x B = “C”

DIASÚTEIS

“D”

R.S.R. “E”

TOTAL R.S.R.

C / D x E = “F”

HOR. EXT. + R.S.R.

C + F = “G”

jan/2002 3,83 26 99,58 22 9 40,74 140,32 fev/2002 3,83 23 88,09 19 9 41,73 129,82 mar/2002 3,83 25 95,75 20 11 52,66 148,41 abr/2002 3,83 26 99,58 22 8 36,21 135,79 mai/2002 3,83 25 95,75 21 10 45,60 141,35 jun/2002 3,83 25 95,75 20 10 47,88 143,63 jul/2002 3,83 27 103,41 23 8 35,97 139,38

ago/2002 3,83 27 103,41 22 9 42,30 145,71 set/2002 3,83 24 91,92 21 9 39,39 131,31 out/2002 3,83 26 99,58 23 8 34,64 134,22 nov/2002 3,83 24 91,92 20 10 45,96 137,88 dez/2002 3,83 25 95,75 21 10 45,60 141,35 jan/2003 3,83 26 99,58 22 9 40,74 140,32 fev/2003 3,83 24 91,92 20 8 36,77 128,69 mar/2003 3,83 25 95,75 20 11 52,66 148,41 abr/2003 3,83 0 - 20 10 0,00 - mai/2003 3,83 26 99,58 21 10 47,42 147,00 jun/2003 3,83 24 91,92 20 10 45,96 137,88 jul/2003 3,83 27 103,41 23 8 35,97 139,38

ago/2003 3,83 26 99,58 21 10 47,42 147,00 set/2003 3,83 25 95,75 21 9 41,04 136,79 out/2003 3,83 27 103,41 23 8 35,97 139,38 nov/2003 3,83 7 26,81 5 4 21,45 48,26

Page 86: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

86

4 – CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS

MESES REMUNERAÇÃO “A”

VALOR HOR. EXT.

A/180+50%=“B”

HOR. EXTRA + R.S.R.

“C”

DEVIDO B x C = “D”

PAGO “E”

CORREÇÃOMONETÁRIA

“F”

TOTAL R$ (D-E) x F = “G”

jan/2002 1.250,00 10,42 140,44 1.462,91 - 1,174596466 1.718,33 fev/2002 1.250,00 10,42 129,93 1.353,43 - 1,173222622 1.587,88 mar/2002 1.250,00 10,42 148,54 1.547,31 - 1,171163716 1.812,15 abr/2002 1.308,38 10,90 135,91 1.481,83 - 1,168409774 1.731,39 mai/2002 1.308,38 10,90 141,47 1.542,44 - 1,165958929 1.798,43 jun/2002 2.093,40 17,45 143,75 2.507,72 - 1,164117295 2.919,28 jul/2002 2.093,40 17,45 139,50 2.433,58 - 1,161033590 2.825,46

ago/2002 2.093,40 17,45 145,84 2.544,19 - 1,158160195 2.946,58 set/2002 2.093,40 17,45 131,43 2.292,77 - 1,155900409 2.650,21 out/2002 2.093,40 17,45 134,33 2.343,44 - 1,152709709 2.701,31 nov/2002 2.093,40 17,45 138,00 2.407,41 - 1,149669981 2.767,72 dez/2002 2.093,40 17,45 141,47 2.467,91 - 1,145535743 2.827,08 jan/2003 2.093,40 17,45 140,44 2.449,96 - 1,139974945 2.792,90 fev/2003 2.093,40 17,45 128,80 2.246,91 - 1,135302042 2.550,93 mar/2003 2.093,40 17,45 148,54 2.591,31 - 1,131024507 2.930,83 abr/2003 2.208,54 18,40 - - - 1,126312018 - mai/2003 2.208,54 18,40 147,13 2.707,79 - 1,121098908 3.035,70 jun/2003 2.208,54 18,40 138,00 2.539,82 - 1,116447786 2.835,57 jul/2003 2.208,54 18,40 139,50 2.567,42 - 1,110379562 2.850,81

ago/2003 2.208,54 18,40 147,13 2.707,79 - 1,105913882 2.994,59 set/2003 2.208,54 18,40 136,90 2.519,66 - 1,102206061 2.777,18 out/2003 2.208,54 18,40 139,50 2.567,42 - 1,098676014 2.820,77 nov/2003 2.208,54 18,40 48,30 888,94 - 1,096728225 974,92

SOMA R$ 54.850,03

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 6.143,20

Forma de cálculo da integração das horas extras para gerar reflexos em aviso prévio indenizado

Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de:

II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.

§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.

§ 3º - Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os efeitos dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos últimos 12 (doze) meses de serviço. § 5o O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio indenizado.

Page 87: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

87

Para o cálculo da repercussão das horas extras no aviso prévio indenizado, deve-se observar a média dos últimos doze meses de trabalho, descontados os períodos de gozo de férias para não comprometer a média com resultados inferiores aqueles efetivamente devidos.

O mês desconsiderado, também deve ser suprimido do cálculo da média,

este entendimento é da Seção Especializada do TRT da 9ª Região – OJ EX SE nº 180, a seguir transcrita:

OJ EX SE - 180: REFLEXOS DE HORAS EXTRAS EM AVISO PRÉVIO. CÁLCULO. O cálculo da média das horas extras deverá considerar sempre a média apurada entre os doze meses que antecedem ao da rescisão, mas, igualmente, considerando só os meses trabalhados. Essa média será multiplicada pelo valor da hora extra do mês da rescisão, a fim de que se consagre seu reflexo no aviso prévio. Destaque-se, ainda, que não há proporcionalidade, no aviso prévio, vale dizer, ainda que a média resulte da soma de menos meses, quando usufruídas férias, por exemplo, o reflexo é integral, ou seja, divide-se, também, pelos meses efetivamente trabalhados, ou seja, onze.

Para o cálculo das horas extras e reflexos será observado o disposto na Súmula nº 347 do TST, cujos termos são os seguintes:

Nº 347 HORAS EXTRAS HABITUAIS. APURAÇÃO. MÉDIA FÍSICA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O cálculo do valor das horas extras habituais, para efeito de reflexos em verbas trabalhistas, observará o número de horas efetivamente prestadas e a ele aplica-se o valor do salário-hora da época do pagamento daquelas verbas. EXEMPLO Se for apurada a média de 12 meses, sem gozo de férias no período, o

divisor a ser aplicado sobre a soma dos valores recebidos nos últimos doze meses é 12.

Caso tenha ocorrido o gozo de férias entre os últimos 12 meses do contrato

de trabalho, são descartados os meses de férias e o divisor também respeitará o número de meses considerado no cálculo.

Page 88: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

88

Na demonstração a seguir, houve o gozo de férias no período de 1º a 30/04/2003, reduzindo o número de horas extras laborado pelo reclamante no período, em face disso, o mês de abril será suprimido do cálculo e a média observará o divisor 11.

REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS EM AVISO PRÉVIO: nov/2002 137,88 1 dez/2002 141,35 2 jan/2003 140,32 3 fev/2003 128,69 4 mar/2003 148,41 5 abr/2003 mai/2003 147,00 6 jun/2003 137,88 7 jul/2003 139,38 8 ago/2003 147,00 9 set/2003 136,79 10 out/2003 139,38 11 SOMA 1.544,06

DIVISOR 11

MÉDIA 140,37 MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO

MONETÁRIA TOTAL R$

nov/2003 AVISO PRÉVIO 18,40 140,37 2.583,43 - 1,098676014 2.838,35

SOMA R$ 2.838,35

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 317,90

Forma de cálculo dos reflexos das horas extras em 13º salário LEI No 4.090, DE 13 DE JULHO DE 1962

Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus.

§ 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.

§ 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os efeitos do parágrafo anterior.

§ 3º - A gratificação será proporcional:

I - na extinção dos contratos a prazo, entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro; e

II - na cessação da relação de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro.

Art. 2º - As faltas legais e justificadas ao serviço não serão deduzidas para os fins previstos no § 1º do art. 1º desta Lei.

Page 89: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

89Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração do mês da rescisão.

No cálculo da média das horas extras para apuração dos reflexos em 13ºs salários, deve ser observado nos períodos de férias gozadas o mesmo critério apontado no cálculo do aviso prévio, ou seja, o mês de gozo de férias é excluído da média e o divisor passa a ser 11 (onze).

REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS EM 13º

SALÁRIO:

jan/2002 140,32 1 fev/2002 129,82 2 mar/2002 148,41 3 abr/2002 135,79 4 mai/2002 141,35 5 jun/2002 143,63 6 jul/2002 139,38 7 ago/2002 145,71 8 set/2002 131,31 9 out/2002 134,22 10 nov/2002 137,88 11 dez/2002 141,35 12 SOMA 1.669,16

DIVISOR 12

MÉDIA 139,10 MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO

MONETÁRIA TOTAL R$

dez/2002 13º SAL/2002 17,45 139,10 2.426,54 - 1,149669981 2.789,72 jan/2003 140,32 1 fev/2003 128,69 2 mar/2003 148,41 3 abr/2003 mai/2003 147,00 4 jun/2003 137,88 5 jul/2003 139,38 6 ago/2003 147,00 7 set/2003 136,79 8 out/2003 139,38 9 nov/2003 48,26 10 SOMA 1.313,10

DIVISOR 10

MÉDIA 131,31 MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO

MONETÁRIA TOTAL R$

nov/2003 13º SAL/PROP. 18,40 11/12 120,37 2.215,30 - 1,098676014 2.433,89

SOMA R$ 5.223,61

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 585,04

Page 90: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

90

Forma de cálculo dos reflexos das horas extras em férias + 1/3

Art. 142 - O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for devida na data da sua concessão.

§ 3º - Quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, apurar-se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses que precederem à concessão das férias.

§ 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias.

§ 6º - Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme será computada a média duodecimal recebida naquele período, após a atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos reajustamentos salariais supervenientes.

A Seção Especializada do TRT da 9ª Região, defende que os períodos de gozo de férias sejam excluídos da média das horas extras e nessas condições, deve ser aplicado o divisor 11.

OJ EX SE - 167: FÉRIAS. REFLEXOS DE HORAS EXTRAS. FORMA DE CÁLCULO. A consideração dos doze meses que precedem a concessão de férias, para efeito de reflexos de horas extras (art. 142 e parágrafos), normalmente, só ocorre no primeiro período aquisitivo, concedido no ano subseqüente, consoante art. 134, caput, da CLT. A partir do segundo período, se uma vez por ano o empregado usufrui férias, para obtenção da média das horas extras não há que se dividir por doze, mas por onze. A média real só é obtida se observado, sempre, o número de meses efetivamente trabalhado.

Page 91: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

91

REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS EM FÉRIAS: mar/2002 148,41 1 abr/2002 135,79 2 mai/2002 141,35 3 jun/2002 143,63 4 jul/2002 139,38 5 ago/2002 145,71 6 set/2002 131,31 7 out/2002 134,22 8 nov/2002 137,88 9 dez/2002 141,35 10 jan/2003 140,32 11 fev/2003 128,69 12 SOMA 1.668,03

DIVISOR 12

MÉDIA 139,00 MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO

MONETÁRIA TOTAL R$

abr/2003 FÉRIAS 18,40 139,00 2.558,27 - 1,131024507 2.893,46 abr/2003 ADIC. FÉRIAS - 1/3 852,76 - 1,131024507 964,49

nov/2002 137,88 1 dez/2002 141,35 2 jan/2003 140,32 3 fev/2003 128,69 4 mar/2003 148,41 5 abr/2003 mai/2003 147,00 6 jun/2003 137,88 7 jul/2003 139,38 8 ago/2003 147,00 9 set/2003 136,79 10 out/2003 139,38 11 SOMA 1.544,06

DIVISOR 11

MÉDIA 140,37

MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃOMONETÁRIA

TOTAL R$

nov/2003 FÉRIAS PROP. 18,40 11/12 128,67 2.368,14 - 1,098676014 2.601,82

nov/2003 ADIC. FÉRIAS PROP. 789,38 - 1,098676014 867,27

SOMA R$ 7.327,04

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 432,09

Page 92: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

92

Forma de cálculo dos reflexos das horas extras em gratificações semestrais REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS EM GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL: jan/2002 140,32 1 fev/2002 129,82 2 mar/2002 148,41 3 abr/2002 135,79 4 mai/2002 141,35 5 jun/2002 143,63 6 SOMA 839,31

DIVISOR 6

MÉDIA 139,88 MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO

MONETÁRIA TOTAL R$

jul/2002 GRAT. SEMEST. 17,45 139,88 2.440,29

- 1,164117295 2.840,78

jul/2002 139,38 1 ago/2002 145,71 2 set/2002 131,31 3 out/2002 134,22 4 nov/2002 137,88 5 dez/2002 141,35 6 SOMA 829,85

DIVISOR 6

MÉDIA 138,31 MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO

MONETÁRIA TOTAL R$

jan/2003 GRAT. SEMEST. 17,45 138,31 2.412,79

- 1,145535743 2.763,93

jan/2003 140,32 1 fev/2003 128,69 2 mar/2003 148,41 3 abr/2003 mai/2003 147,00 4 jun/2003 137,88 5 SOMA 702,30

DIVISOR 5

MÉDIA 140,46

Page 93: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

93

MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO MONETÁRIA

TOTAL R$

jul/2003 GRAT. SEMEST. 18,40 140,46 2.585,08

- 1,116447786 2.886,11

mai/2003 147,00 1 jun/2003 137,88 2 jul/2003 139,38 3 ago/2003 147,00 4 set/2003 136,79 5 out/2003 139,38 6 SOMA 847,42

DIVISOR 6

MÉDIA 141,24 MESES VERBAS VAL/HE HE/RSR DEVIDO PAGO CORREÇÃO

MONETÁRIA TOTAL R$

nov/2003 GRAT. SEMEST. 18,40 5/6 117,70 2.166,16

- 1,098676014 2.379,91

SOMA R$ 10.870,73

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 1.217,52

Page 94: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

94

2 – CÁLCULO DO VALOR DAS HORAS EXTRAS – VERBAS VARIÁVEIS SENTENÇA – HORAS EXTRAS – VERBAS VARIÁVEIS Com relação à remuneração fixa, observe-se a hora acrescida do adicional, mas, no tocante à remuneração variável (comissões e prêmios), apenas o adicional de horas extras, conforme Súmula 340 do C. TST.

Conforme deferimento da sentença supra transcrita as horas extras devem observar apenas o adicional.

O cálculo das horas extras é o mesmo das horas extras considerando a

jornada fixa, inclusive o número de horas extras não se altera em nenhum dos pontos. As únicas mudanças ocorrem na base de cálculo e na incidência apenas do adicional.

Para o cálculo dos reflexos deve ser utilizada a mesma média apurada para

os reflexos das comissões, ou seja, a média atualizada das comissões recebidas nos respectivos períodos. Importante lembrar que se a base de cálculo está atualizada, o resultado dos reflexos não será multiplicado pelo índice de correção monetária, sob pena de bis in idem.

Em virtude da semelhança dos cálculos, será apenas demonstrada a base de cálculo das comissões e prêmios.

BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS

VERBAS VARIÁVEIS

MESES COMISSÕES REFLEXOS EM

RSR

BASE DE CÁLCULO

H.E.

jan/2002 52,60 10,12 62,72 fev/2002 78,90 17,15 96,05 mar/2002 150,25 36,06 186,31 abr/2002 495,00 76,15 571,15 mai/2002 256,00 61,44 317,44 jun/2002 314,00 62,80 376,80 jul/2002 780,00 115,56 895,56

ago/2002 556,00 82,37 638,37 set/2002 595,00 148,75 743,75 out/2002 294,00 56,54 350,54 nov/2002 195,00 48,75 243,75 dez/2002 240,00 57,60 297,60 jan/2003 189,00 36,35 225,35 fev/2003 165,00 27,50 192,50 mar/2003 395,00 94,80 489,80 abr/2003 145,00 36,25 181,25 mai/2003 1.204,00 231,54 1.435,54 jun/2003 899,00 224,75 1.123,75 jul/2003 540,00 80,00 620,00

ago/2003 358,00 68,85 426,85 set/2003 389,00 77,80 466,80 out/2003 415,00 61,48 476,48 nov/2003 210,00 46,67 256,67

Page 95: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

95

VALOR DA HORA EXTRA - VERBAS VARIÁVEIS

MESES BASE DE CÁLCULO

H.E. “A”

DIVISOR“B”

SALÁRIO HORA

A / B = “C”

ADICIONAL “D”

VALOR H.E.

C x D = “E”

jan/2002 62,72 180 0,35 50,00% 0,17

fev/2002 96,05 180 0,53 50,00% 0,27

mar/2002 186,31 180 1,04 50,00% 0,52

abr/2002 571,15 180 3,17 50,00% 1,59

mai/2002 317,44 180 1,76 50,00% 0,88

jun/2002 376,80 180 2,09 50,00% 1,05

jul/2002 895,56 180 4,98 50,00% 2,49

ago/2002 638,37 180 3,55 50,00% 1,77

set/2002 743,75 180 4,13 50,00% 2,07

out/2002 350,54 180 1,95 50,00% 0,97

nov/2002 243,75 180 1,35 50,00% 0,68

dez/2002 297,60 180 1,65 50,00% 0,83

jan/2003 225,35 180 1,25 50,00% 0,63

fev/2003 192,50 180 1,07 50,00% 0,53

mar/2003 489,80 180 2,72 50,00% 1,36

abr/2003 181,25 180 1,01 50,00% 0,50

mai/2003 1.435,54 180 7,98 50,00% 3,99

jun/2003 1.123,75 180 6,24 50,00% 3,12

jul/2003 620,00 180 3,44 50,00% 1,72

ago/2003 426,85 180 2,37 50,00% 1,19

set/2003 466,80 180 2,59 50,00% 1,30

out/2003 476,48 180 2,65 50,00% 1,32

nov/2003 256,67 180 1,43 50,00% 0,71

26. HORAS DOS ARTIGOS 66 e 67 DA CLT Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.

Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Parágrafo único - Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.

Nos cálculos das horas dos arts. 66 e 67 da CLT, o que é analisado é o

intervalo entre o fim de uma jornada e o início da jornada seguinte.

Page 96: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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O cálculo pretende apurar o tempo que deixou de ser usufruído em decorrência do trabalho e será remunerado nos mesmos moldes das horas extras, nos termos da Súmula nº 110 do TST e da OJ nº 355 da SBDI-1 do TST.

Nº 110 JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional. Nº 355 INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS EX-TRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ 14.03.2008) O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional. DEMONSTRAÇÃO GRÁFICA

INTERVALOS SEGUNDA 11 HORAS - art. 66 da CLT TERÇA 11 HORAS - art. 66 da CLT QUARTA 11 HORAS - art. 66 da CLT QUINTA 11 HORAS - art. 66 da CLT SEXTA 11 HORAS - art. 66 da CLT SÁBADO 11 HORAS - art. 66 da CLT

PR

IME

IRA

S

EM

AN

A

DOMINGO

11h+24h = 35h

24 HORAS - art. 67 da CLT

SEGUNDA 11 HORAS - art. 66 da CLT TERÇA 11 HORAS - art. 66 da CLT QUARTA 11 HORAS - art. 66 da CLT QUINTA 11 HORAS - art. 66 da CLT SEXTA 11 HORAS - art. 66 da CLT SÁBADO 11 HORAS - art. 66 da CLT

SE

GU

ND

A

SE

MA

NA

DOMINGO

Page 97: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

97

EXEMPLO: Um empregado que em virtude de excesso de serviço tenha estendido sua

jornada até as 23 horas de um dia, e no dia seguinte e reiniciou a jornada chegando para trabalhar às 5 horas, a contagem do tempo de intervalo entre as duas jornadas indica violação ao disposto no art. 66 da CLT.

FIM DA JORNADA 23:00

INÍCIO DA PRÓXIMA JORNADA 05:00

TEMPO DE INTERVALO 06:00

TEMPO MÍNIMO DE INTERVALO 11:00

HORAS EM VIOLAÇÃO AO ART. 66 DA CLT 05:00

Se o empregado encerrou suas atividades as 23 horas de um dia, deveria

iniciar sua jornada às 10 horas do dia seguinte, alcançando assim um intervalo mínimo de 11 (onze) horas consecutivas.

Como o início da jornada seguinte ocorreu as 05 horas, houve um intervalo

entre jornadas de 6 horas, logo, 5 horas são devidas como extras em decorrência da garantia mínima de 11 horas entre jornadas.

O cálculo das referidas horas é elaborado nos mesmos moldes do cálculo

das horas extras demonstradas no item anterior.

27. HORAS DO ARTIGO 71 DA CLT

Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.

§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.

§ 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.

§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.

Page 98: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

98

§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Inicialmente é necessário destacar que para o cálculo das horas relativas a violação ao art. 71 da CLT, não basta a sentença reconhecer a existência de jornada inferior ao mínimo legal. São requisitos o pedido inicial e a condenação da verba pela sentença, sob pena de violação ao devido processo legal e ao contraditório. A matéria já se encontra assentada na OJ EX SE nº 160, do TRT da 9ª Região, nos seguintes termos:

OJ EX SE - 160: INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. As horas extras decorrentes de intervalo não concedido somente podem ser apuradas se o título executivo assim determinar, de forma expressa.

A matéria referente a violação do intervalo mínimo intrajornada está disciplinada pela OJ nº 307 da SDI-1 do TST, com a seguinte redação:

Nº 307 INTERVALO INTRAJORNADA (PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO). NÃO CONCESSÃO OU CONCESSÃO PARCIAL. LEI Nº 8.923/94 (DJ 11.08.2003) Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT). Nesta verba há dois principais pontos: 1 – Se o título executivo determinou a aplicação do entendimento da OJ nº

307 da SDI-1 do TST, será calculada 1 hora extra nos dias trabalhados em violação ao intervalo mínimo, isto, independente do intervalo usufruído. Neste caso a jornada arbitrada não interfere no cálculo das horas em violação ao intervalo previsto no art. 71 da CLT;

2 – Outra situação muito freqüente nas decisões é o deferimento apenas da

diferença do tempo não gozado de intervalo, nestes casos a jornada arbitrada altera a quantidade de horas deferidas.

EXEMPLO DO CASO 2 O empregado usufruía de 15 minutos diários para refeição, laborando oito

horas por dia:

TEMPO MÍNIMO 1 HORA => TEMPO USUFRUÍDO 15 MINUTOS => DIFERENÇA 45 MINUTOS COMO EXTRAS

O empregado usufruía de 35 minutos diários para refeição, laborando oito

horas por dia:

Page 99: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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TEMPO MÍNIMO 1 HORA => TEMPO USUFRUÍDO 35 MINUTOS => DIFERENÇA 25 MINUTOS COMO EXTRAS

As horas referentes a violação ao tempo mínimo previsto no art. 71 da CLT,

serão remuneradas como horas extras. A exceção são os casos onde o título executivo declara na natureza

indenizatória de tais horas, nessas situações não há calculo de reflexos, nem mesmo em FGTS.

No entanto a Orientação Jurisprudencial nº 354 da SDI-1 do TST, é em

sentido contrário, como demonstrado a seguir: Nº 354 INTERVALO INTRAJORNADA. ART. 71, § 4º, DA CLT. NÃO CONCESSÃO OU REDUÇÃO. NATUREZA JURÍDICA SALARIAL (DJ 14.03.2008) Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. Em alguns casos também é deferido apenas o adicional de horas extras e

não a hora + adicional.

28. ADICIONAL NOTURNO E REDUÇÃO DA HORA NOTURNA

CLT

Art. 73 - Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.

§ 1º - A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.

§ 2º - Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.

§ 3º - O acréscimo a que se refere o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades, trabalho noturno habitual, será feito tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.

§ 4º - Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.

Page 100: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

100

§ 5º - Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste Capítulo. As condições legais previstas na CLT tais como redução da hora noturna e

adicional de 20% (vinte por cento) sobre o valor da hora diurna, são ampliads para algumas categorias, como exemplo os bancários, onde o adicional é de 35% e a jornada noturna é estendida até as seis horas do dia seguinte.

CONVENÇÃO COLETIVA DOS BANCÁRIOS CCT 2007/2008 - CLÁUSULA NONA - ADICIONAL NOTURNO A jornada de trabalho em período noturno, assim definido o prestado entre as vinte e duas horas e seis horas, será remunerada com acréscimo de 35% (trinta e cinco por cento) sobre o valor da hora diurna, ressalvadas as situações mais vantajosas. Segundo entendimento jurisprudencial majoritário, as horas que se

estenderem ao labor em horário noturno também são noturnas, neste sentido a Súmula nº 60 do TST, a seguir transcrita:

Nº 60 ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGA-ÇÃO EM HORÁRIO DIURNO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 6 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. (ex-Súmula nº 60 - RA 105/1974, DJ 24.10.1974) II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. (ex-OJ nº 6 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996) Tal entendimento é ratificado pela Seção Especializada do TRT da 9ª

Região, nos termos da OJ EX SE nº 114, com a seguinte redação:

OJ EX SE - 114: HORAS EXTRAS NOTURNAS. HORAS LABORADAS EM CONTINUIDADE (APÓS 5H). Cumprida jornada noturna prorrogando-se para além das cinco horas, faz jus o obreiro ao adicional noturno sobre estas horas, por aplicação do artigo 73, parágrafo 5º., da CLT. Tal procedimento visa a evitar a redução salarial na prestação de labor extraordinário, mormente quando noturno, sendo certo que as prorrogações no horário da noite devem ser quitadas com o respectivo adicional, com ressalva quanto a observância do Precedente nº. 6 da SDI 1 do C. TST.

As condições de pagamento do adicional noturno são asseguradas apenas

para os empregados em efetivo labor noturno, inclusive pode haver a supressão do pagamento do adicional em caso de transferência para a jornada diurna, neste sentido a Súmula nº 265 do TST, assim:

Nº 265 ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno.

Page 101: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

101

BASE DE CÁLCULO A base de cálculo do adicional noturno são as verbas salariais que

remuneraram o trabalho diurno, não está restrita ao salário base, tal entendimento se aprica inclusive para o adicional de periculosidade recebido, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 259, da SBDI-1 do TST:

Nº 259 ADICIONAL NOTURNO. BASE DE CÁLCULO. ADICIONAL DE PE-RICULOSIDADE. INTEGRAÇÃO (inserida em 27.09.2002) O adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco. REFLEXOS O adicional noturno habitualmente trabalhado integra o salário do empregado

para todos os efeitos, logo, são devidos reflexos em repousos semanais remunerados, férias + 1/3, 13º salário, aviso prévio, FGTS + multa e gratificações semestrais, isto nos termos da Súmula nº 60 do TST, já transcrita supra.

CÁLCULO DA HORA NOTURNA REDUZIDA A redução prevista no § 1º do art. 73 da CLT, impõe uma condição especial

ao trabalhador, a qual enseja um acréscimo legal a própria quantidade de horas. O trabalhador que tem sua jornada das 22 horas de um dia até às 5 horas do

dia seguinte, trabalhou 7 horas, as quais equivalem ao labor de 8 horas. O cálculo é o seguinte:

Labor das 22:00 horas às 5:00 horas = 7 horas 7 horas são transformadas em minutos totalizando 420 minutos (7 x 60 = 420) 420 minutos divididos por 52minutos:30segundos = 52,50 centésimos, tem como resultado 8 horas (420 / 52,50 = 8).

Se o labor ocorreu das 22:30 horas até as 24 horas, quantas horas noturnas

foram trabalhadas?

Labor das 22:30 horas às 24:00 horas = 1hora:30minutos ou 1,50 1:30 = 1,50 horas são transformadas em minutos totalizando 90 minutos (1,50 x 60 = 90) 90 minutos divididos por 52minutos:30segundos = 52,50 centésimos, tem como resultado 1,71 ou 1,43 horas.

O cálculo da hora noturna reduzida pode ser também elaborado aplicando-se

o acréscimo previsto no § 1º do art. 73 da CLT, sobre as horas laboradas a partir das 22 horas.

EXEMPLO

Page 102: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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Um empregado que iniciou sua jornada noturna às 23 horas e encerrou suas atividades às 3 horas do dia seguinte, laborou quantas horas noturnas?

60 minutos / 52,50 = 1,1428 Labor das 23 horas até às 3 horas do dia seguinte = 4 horas trabalhadas 4 horas são transformadas em minutos totalizando 240 minutos (4 x 60 = 240) 240 minutos multiplicados por 1,1428 = 274,27 274,27 divididos por 60 minutos = 4,57 ou 4:34minutos

O labor de uma hora noturna, custa ao empregador um acréscimo de

37,136%, pois além do acréscimo de 20% sobre o valor da hora diurna, também há o acréscimo decorrente da redução da hora noturna que representa mais 14,28%, totalizando 37,136%.

SENTENÇA – ADICIONAL NOTURNO E REFLEXOS

Jornada cumprida pela autora Não há cartão nos autos, razão pela qual, sopesando os depoimentos das testemunhas do autor, arbitro que a parte obreira trabalhava das 9h às 24h, com 1h de intervalo, de segunda a sábado. Ante a jornada arbitrada, constato o labor em horário noturno (após as 22h), conforme art. 73 da CLT. Assim, defiro à parte autora adicional noturno de 35%, conforme previsão normativa (por exemplo, a cláusula 9ª da convenção coletiva 04-05 - fl. 36 do 2º vol. doc.), devendo ser observada a hora noturna reduzida (art. 73, § 1º, da CLT). A parcela em questão deverá ser apurada a partir da jornada arbitrada. A base de cálculo é composta de todas as parcelas de natureza salarial paga à parte obreira (conforme acima reconhecido), das comissões pagas (acrescidas da integração no repouso semanal remunerado) e do adicional de transferência deferido. O adicional noturno integra-se na remuneração da parte autora para todos os efeitos legais, e, ante sua habitualidade e seu caráter salarial, gera reflexos em horas extras, em repousos semanais remunerados (sábados, domingos e feriados) e com estes, em férias acrescidas de 1/3, 13º salários, aviso prévio indenizado e FGTS + multa de 40%. Não há valores a deduzir, já que não foi pago o adicional noturno. Para o cálculo observar-se-ão o divisor 220

Page 103: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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1 – COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL NOTURNO

BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL NOTURNO MESES SALÁRIO

BASE “A”

DIFERENÇAS EQUIPARAÇÃO

SALARIAL “B”

DIFERENÇAS REAJUSTES NÃO PAGOS

“C”

ADICIONAL DETRANSFER.

“D”

COMISSÕES “E”

REFLEXOS EM

RSR “F”

BASE DE CÁLCULO ADIC. NOT.

A+B+C+D+E+F=”G”jan/2002 1.000,00 250,00 52,60 10,12 1.312,72 fev/2002 1.000,00 250,00 78,90 17,15 1.346,05 mar/2002 1.000,00 250,00 150,25 36,06 1.436,31 abr/2002 1.000,00 46,70 261,68 495,00 76,15 1.879,53 mai/2002 1.000,00 46,70 261,68 256,00 61,44 1.625,82 jun/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 314,00 62,80 2.470,20 jul/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 780,00 115,56 2.988,96

ago/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 556,00 82,37 2.731,77 set/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 595,00 148,75 2.837,15 out/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 294,00 56,54 2.443,94 nov/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 195,00 48,75 2.337,15 dez/2002 1.000,00 600,00 74,72 418,68 240,00 57,60 2.391,00 jan/2003 1.000,00 600,00 74,72 418,68 189,00 36,35 2.318,75 fev/2003 1.000,00 600,00 74,72 418,68 165,00 27,50 2.285,90 mar/2003 1.000,00 600,00 74,72 418,68 395,00 94,80 2.583,20 abr/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 145,00 36,25 2.389,79 mai/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 1.204,00 231,54 3.644,08 jun/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 899,00 224,75 3.332,29 jul/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 540,00 80,00 2.828,54

ago/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 358,00 68,85 2.635,38 set/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 389,00 77,80 2.675,34 out/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 415,00 61,48 2.685,02 nov/2003 1.000,00 600,00 166,83 441,71 210,00 46,67 2.465,20

Page 104: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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2 – CÁLCULO DO VALOR DO ADICIONAL NOTURNO VALOR DO ADICIONAL NOTURNO

MESES BASE DE CÁLCULO

ADIC. NOT. “A”

DIVISOR “B”

SALÁRIO HORA

A / B = “C”

ADICIONALNOTURNO

“D”

VALOR H.E.

C x D = “E”

jan/2002 1.312,72 220 5,97 35,00% 2,09

fev/2002 1.346,05 220 6,12 35,00% 2,14

mar/2002 1.436,31 220 6,53 35,00% 2,29

abr/2002 1.879,53 220 8,54 35,00% 2,99

mai/2002 1.625,82 220 7,39 35,00% 2,59

jun/2002 2.470,20 220 11,23 35,00% 3,93

jul/2002 2.988,96 220 13,59 35,00% 4,76

ago/2002 2.731,77 220 12,42 35,00% 4,35

set/2002 2.837,15 220 12,90 35,00% 4,51

out/2002 2.443,94 220 11,11 35,00% 3,89

nov/2002 2.337,15 220 10,62 35,00% 3,72

dez/2002 2.391,00 220 10,87 35,00% 3,80

jan/2003 2.318,75 220 10,54 35,00% 3,69

fev/2003 2.285,90 220 10,39 35,00% 3,64

mar/2003 2.583,20 220 11,74 35,00% 4,11

abr/2003 2.389,79 220 10,86 35,00% 3,80

mai/2003 3.644,08 220 16,56 35,00% 5,80

jun/2003 3.332,29 220 15,15 35,00% 5,30

jul/2003 2.828,54 220 12,86 35,00% 4,50

ago/2003 2.635,38 220 11,98 35,00% 4,19

set/2003 2.675,34 220 12,16 35,00% 4,26

out/2003 2.685,02 220 12,20 35,00% 4,27

nov/2003 2.465,20 220 11,21 35,00% 3,92

3 – CÁLCULO DO NÚMERO DE HORAS NOTURNAS De 01 de Janeiro de 2002 a 18 de Novembro de 2003. Não há cartão nos autos, razão pela qual, sopesando os depoimentos das testemunhas do autor, arbitro que a parte obreira trabalhava das 9h às 24h, com 1h de intervalo, de segunda a sábado. das 08:30 às 18:30 horas, com 10 minutos de intervalo, de segunda a sexta e, aos sábados, das 08:10 às 12:00 horas, sem intervalo.

HORAS NOTURNAS DE SEGUNDA A SÁBADO APURAÇÃO DA JORNADA NOTURNA

INÍCIO SAÍDA JORNADA NOTURNA

MINUTOS HORA NOTURNA

RESULTADO TOTAL H.N.

22:00 0:00 2:00 120,00 52,50 2,29 02:17

Conforme pode ser observado, em todos os dias da semana houve o labor de 2h17 minutos extras ou 2,29.

Page 105: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

105

CONVERTER – 2:17 (HORA) PARA 2,28 (CENTESIMAL)

PLANILHA DO NÚMERO DE HORAS NOTURNAS E REFLEXOS EM R.S.R.: MESES HORAS

NOTURNAS DIA

NÚMERO DEDIAS

LABORADOS

TOTAL DE HORAS

NOTURNAS

DIASÚTEIS

R.S.R. TOTAL R.S.R.

HOR. EXT. + R.S.R.

jan/2002 2,28 26 59,28 22 9 24,25 83,53 fev/2002 2,28 23 52,44 19 9 24,84 77,28 mar/2002 2,28 25 57,00 20 11 31,35 88,35 abr/2002 2,28 26 59,28 22 8 21,56 80,84 mai/2002 2,28 25 57,00 21 10 27,14 84,14 jun/2002 2,28 25 57,00 20 10 28,50 85,50 jul/2002 2,28 27 61,56 23 8 21,41 82,97

ago/2002 2,28 27 61,56 22 9 25,18 86,74 set/2002 2,28 24 54,72 21 9 23,45 78,17 out/2002 2,28 26 59,28 23 8 20,62 79,90 nov/2002 2,28 24 54,72 20 10 27,36 82,08 dez/2002 2,28 25 57,00 21 10 27,14 84,14 jan/2003 2,28 26 59,28 22 9 24,25 83,53 fev/2003 2,28 24 54,72 20 8 21,89 76,61 mar/2003 2,28 25 57,00 20 11 31,35 88,35 abr/2003 2,28 0 - 20 10 0,00 - mai/2003 2,28 26 59,28 21 10 28,23 87,51 jun/2003 2,28 24 54,72 20 10 27,36 82,08 jul/2003 2,28 27 61,56 23 8 21,41 82,97

ago/2003 2,28 26 59,28 21 10 28,23 87,51 set/2003 2,28 25 57,00 21 9 24,43 81,43 out/2003 2,28 27 61,56 23 8 21,41 82,97 nov/2003 2,28 7 15,96 5 4 12,77 28,73

4 – CÁLCULO DAS HORAS NOTURNAS

MESES REMUNERAÇÃO “A”

VALOR HOR. NOT.

A/220x35%=“B”

HOR. NOT. + R.S.R.

“C”

DEVIDO B x C = “D”

PAGO “E”

CORREÇÃOMONETÁRIA

“F”

TOTAL R$ (D-E)xF=“G”

jan/2002 1.312,72 2,09 83,53 174,45 - 1,174596466 204,90 fev/2002 1.346,05 2,14 77,28 165,49 - 1,173222622 194,16 mar/2002 1.436,31 2,29 88,35 201,88 - 1,171163716 236,44 abr/2002 1.879,53 2,99 80,84 241,71 - 1,168409774 282,42 mai/2002 1.625,82 2,59 84,14 217,64 - 1,165958929 253,76 jun/2002 2.470,20 3,93 85,50 336,00 - 1,164117295 391,15 jul/2002 2.988,96 4,76 82,97 394,55 - 1,161033590 458,08

ago/2002 2.731,77 4,35 86,74 376,99 - 1,158160195 436,61 set/2002 2.837,15 4,51 78,17 352,84 - 1,155900409 407,85 out/2002 2.443,94 3,89 79,90 310,65 - 1,152709709 358,09 nov/2002 2.337,15 3,72 82,08 305,19 - 1,149669981 350,87 dez/2002 2.391,00 3,80 84,14 320,07 - 1,145535743 366,65 jan/2003 2.318,75 3,69 83,53 308,14 - 1,139974945 351,27 fev/2003 2.285,90 3,64 76,61 278,60 - 1,135302042 316,29 mar/2003 2.583,20 4,11 88,35 363,09 - 1,131024507 410,66 abr/2003 2.389,79 3,80 - - - 1,126312018 - mai/2003 3.644,08 5,80 87,51 507,32 - 1,121098908 568,76 jun/2003 3.332,29 5,30 82,08 435,14 - 1,116447786 485,81

Page 106: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

106jul/2003 2.828,54 4,50 82,97 373,37 - 1,110379562 414,58

ago/2003 2.635,38 4,19 87,51 366,89 - 1,105913882 405,75 set/2003 2.675,34 4,26 81,43 346,58 - 1,102206061 382,00 out/2003 2.685,02 4,27 82,97 354,43 - 1,098676014 389,40 nov/2003 2.465,20 3,92 28,73 112,67 - 1,096728225 123,57

SOMA R$ 7.789,06

REFLEXOS EM FGTS e MULTA 11,20% R$ 872,37

OS REFLEXOS SÃO CALCULADOS NOS MESMOS MOLDES DAS HORAS EXTRAS.

29. HORAS EXTRAS NOTURNAS No cálculo das horas extras noturnas há uma cizânia doutrinária que se

encontra superada pela Orientação Jurisprudencial nº 97 da SBDI do TST.

Segundo orientação do jurista Valentin Carrion nos “Comentários à consolidação das leis do trabalho”, 2006, 31ª edição, no item “3”, p. 133 dos comentários ao Art. 73, o cálculo do acréscimo de 20%, sobre as horas suplementares deve ser assim:

Horas suplementares noturnas pagam-se somando-se ambos os adicionais separadamente, contando-se antes as noturnas em horas reduzidas. (g.n.) NO MESMO SENTIDO A JURISPRUDÊNCIA: ADICIONAL NOTURNO. Os adicionais não se acumulam para efeito de cálculo, incidindo cada qual sobre o salário-base e não sobre este acumulado de outro adicional. Revista parcialmente provida. (Ac. Un. Da 2ª T., do TST, RR 608/89.1, j.23-10-89, Rel. Min. Barata Silva, DJU I 1º-12-89, p. 17.823.) ADICIONAL NOTURNO E DE LABOR EXTRAORDINÁRIO – CUMULATIVIDADE – IMPOSSIBILIDADE. Tanto o adicional noturno quanto as horas extras, habitualmente prestadas, devem ser consideradas para efeitos reflexos em outras verbas salariais. No entanto, não incidem cumulativamente (um sobre o outro). Para cada situação se destina um acréscimo; se há labor extraordinário e noturno, cada hipótese será agraciada com o seu respectivo adicional, mas não seria uma terceira circunstância, mesmo porque não há previsão legal específica que a obrigue. (TRT-PR-RO-00073/96, Ac. 4ª t. 20038/96 – Rel. Juiz Armando de Souza Couto – DJPR 27.9.96, p. 377) ADICIONAIS. CUMULATIVIDADE – A hora trabalhada em horário considerado noturno deve ser calculada sobre o valor da hora normal e não com a soma do adicional noturno. O trabalho a noite já tem remuneração maior conseqüente do adicional noturno e da redução da hora por ficção legal para 52,5 minutos, sendo injustificável a incidência de adicional sobre adicional. Manutenção da sentença recorrida. Recurso do reclamante a que

Page 107: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

107

se nega provimento (TRT-PR-RO 6070, Ac. 2ª. T. 0280/92 – rel. Jiz José Montenegro Antero. DJPR 31.1.92). Apesar do peso da influência do jurista citado, o entendimento majoritário é

que o cálculo dos adicionais deve ser elaborado de forma cumulativa, ou seja, com a incidência de um adicional sobre o outro. Nesse sentido a Orientação Jurisprudencial nº 97 da SBDI do TST.

Nº 97 HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO. BASE DE CÁLCULO (inserida em 30.05.1997) O adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no período noturno. O CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS NOTURNAS E DOS RESPECTIVOS

REFLEXOS SÃO ELABORADOS NOS MESMOS MOLDES DAS HORAS EXTRAS DIURNAS, ACRESCENTANDO-SE APENAS O ADICIONAL NOTURNO NA BASE DE CÁLCULO.

SE NA MESMA CONTA SE ESTIVER APURANDO ADICIONAL NOTURNO

E HORAS EXTRAS NOTURNAS, AS HORAS JÁ REMUENRADAS COMO – HORAS EXTRAS NOTURNAS – NÃO INTEGRAM O CÁLCULO DO ADICIONAL NOTURNO, SOB PENA DE BIS IN IDEM.

ESSE ERRO É MUITO FREQÜENTE NAS CONTAS APRESENTADAS.

Page 108: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

108

30. FGTS E MULTA Sobre o aviso prévio incide o FGTS e a MULTA de 40%, nos termos da

Súmula nº 304 do TST, a qual reza o seguinte: Nº 305 FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO. INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito à contribuição para o FGTS. FGTS E MULTA SOBRE OS VALORES NÃO RECOLHIDOS PELO

EMPREGADOR DURANTE O CONTRATO DE TRABALHO (COEFICIENTES JAM)

Nos contratos de trabalho os valores depositados pelo empregador em conta vinculada do empregado são remunerados pelos coeficientes JAM (Juros e Atualização Monetária), contudo, nas reclamações trabalhistas, os valores são apenas atualizados monetariamente e acrescidos de juros após o ajuizamento da ação (art. 39, da Lei 8.177/91), em face disso, parte dos reclamantes pretendem a incidência sobre estes valores dos coeficientes JAM que estão previstos pela Lei 8.036/90, para obrigações que envolvem o cálculo de atrasos dos depósitos de FGTS.

JAM - Juros e Atualização Monetária devidos sobre o valor do depósito em atraso, do período relativo ao primeiro dia 09 ocorrido após o seu vencimento até o último dia 09 decorrido até o dia do recolhimento.

Esta atualização compõe-se basicamente da variação da TRD ocorrida entre os dias 09 de cada mês, acrescida de juros de 3% ou 6% a.a., conforme a data de opção ao FGTS de cada colaborador, e será creditada nas contas vinculadas a cada dia 10.

Mensalmente é divulgado pela Caixa Econômica Federal, uma tabela contendo os coeficientes de JAM a serem aplicados sobre os depósitos devidos, correspondentes a cada competência em atraso, além da variação da TR do dia 1 estes coeficientes possuem o índice 1,00246627 que corresponde ao juros mensais (3% ao ano).

Nos cálculos trabalhistas tal entendimento não prospera, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 302 SBDI-1, cuja redação é a seguinte:

Nº 302 FGTS. ÍNDICE DE CORREÇÃO. DÉBITOS TRABALHISTAS (DJ 11.08.2003) Os créditos referentes ao FGTS, decorrentes de condenação judicial, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicáveis aos débitos trabalhistas.

31. PLR

Page 109: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

109

PAGAMENTO DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS O cálculo da Participação nos Lucros, está previsto nos instrumentos

coletivos dos Bancários, a partir de Setembro de 1998. A Cláusula Quinta da CCT de 1998/1999, assim determina: Ao empregado admitido até 31/12/97, em efetivo exercício em 31/12/98, convenciona-se o pagamento pelo banco, até 01 de março de 1999, de 80% (oitenta por cento) sobre o salário-base mais verbas fixas de natureza salarial, reajustadas em setembro/98, acrescido do valor fixo de R$ 300,00 (trezentos reais), limitado ao valor máximo de R$ 3.000,00 (três mil reais). A regra para o cálculo está muito bem definida pela CCT, e se altera a

medida em que as novas Convenções entram em vigor. O cálculo da PLR pouco se alterou ao longo do período, como se observa da

redação da CCT 2007/2008, a seguir transcrita: Convenção Coletiva de Trabalho - PLR - 2007 / 2008 CLÁUSULA PRIMEIRA - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS (P.L.R) Ao empregado admitido até 31.12.2006 em efetivo exercício em 31.12.2007, convenciona-se o pagamento, pelo banco, até 3.3.2008, de 80% (oitenta por cento) sobre o salário-base mais verbas fixas de natureza salarial, reajustadas em setembro/2007, acrescido do valor fixo de R$ 878,00 (oitocentos e setenta e oito reais), limitado ao valor de R$ 5.826,00 (cinco mil, oitocentos e vinte e seis reais). PARÁGRAFO RIMEIRO O percentual, o valor fixo e o limite máximo convencionados no “caput” desta Cláusula, a título de Participação nos Lucros ou Resultados, observarão, em face do exercício de 2007, como teto, o percentual de 15% (quinze por cento) e, como mínimo, o percentual de 5% (cinco por cento) do lucro líquido do banco. Quando o total de Participação nos Lucros ou Resultados calculado pela regra básica do “caput” desta Cláusula for inferior a 5% (cinco por cento) do lucro líquido do banco, no exercício de 2007, o valor individual deverá ser majorado até alcançar 2 (dois) salários do empregado e limitado ao valor de R$ 11.652,00 (onze mil, seiscentos e cinqüenta e dois reais), ou até que o total da Participação nos Lucros ou Resultados atinja 5% (cinco por cento) do lucro líquido, o que ocorrer primeiro. PARÁGRAFO SEGUNDO No pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados o banco poderá compensar os valores já pagos ou que vierem a ser pagos, a esse título, referentes ao exercício de 2007. PARÁGRAFO TERCEIRO O empregado admitido até 31.12.2006 e que se afastou a partir de 1º.01.2007, por doença, acidente do trabalho ou licença-maternidade, faz jus ao pagamento integral da Participação nos Lucros ou Resultados, ora estabelecido. PARÁGRAFO QUARTO Ao empregado admitido a partir de 1º.01.2007, em efetivo exercício em 31.12.2007, mesmo que afastado por doença, acidente do trabalho ou licença-maternidade, será efetuado o pagamento de 1/12 (um doze avos) do valor estabelecido, por mês trabalhado ou fração igual ou superior a 15 (quinze) dias. Ao afastado por doença, acidente do trabalho ou auxílio-maternidade fica vedada a dedução do período de afastamento para cômputo da proporcionalidade.

Page 110: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

110 PARÁGRAFO QUINTO Ao empregado que tenha sido ou venha a ser dispensado sem justa causa, entre 2.8.2007 e 31.12.2007, será devido o pagamento, até 3.3.2008, de 1/12 (um doze avos) do valor estabelecido no “caput”, por mês trabalhado, ou fração igual ou superior a 15 (quinze) dias. PARÁGRAFO SEXTO O banco que apresentar prejuízo no exercício de 2007 (balanço de 31.12.2007) estará isento do pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados. A participação nos lucros e resultados não integra a remuneração para todos

os efeitos (artigo 7º, inciso XI, da Constituição Federal). A diferença é apurada através do cálculo do item supra, abatendo-se o valor

já recebido pelo ex-empregado.

32. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA HISTÓRICO DOS JUROS DE MORA Os juros são calculados a partir do ajuizamento da ação, na forma

demonstrada a seguir: ATÉ 25/02/1987 – JUROS DE 0,5% a.m. simples (Código Civil). JUROS = (K x número de dias) / 6000 K = capital corrigido. DE 26/02/1987 ATÉ 03/03/1991 – JUROS DE 1,0% a.m. capitalizados

(Decreto-lei 2.322 de 26 de fevereiro de 1987).

N.º de meses Taxa (%) N.º de meses Taxa (%) 1 1,00 31 36,13 2 2,01 32 37,49 3 3,03 33 38,87 4 4,06 34 40,26 5 5,10 35 41,66 6 6,15 36 43,08 7 7,21 37 44,51 8 8,29 38 45,95 9 9,37 39 47,41 10 10,46 40 48,89 11 11,57 41 50,38 12 12,68 42 51,88 13 13,81 43 53,40 14 14,95 44 54,93 15 16,10 45 56,48 16 17,26 46 58,05

Page 111: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

111 17 18,43 47 59,63 18 19,61 48 61,22 19 20,81 49 62,83 20 22,02 50 64,46 21 23,24 51 66,11 22 24,47 52 67,77 23 25,72 53 69,45 24 26,97 54 71,14 25 28,24 55 72,85 26 29,53 56 74,58 27 30,82 57 76,33 28 32,13 58 78,09 29 33,45 59 79,87 30 34,78 60 81,67

A PARTIR DE 04/03/1991 – JUROS DE 1,0% ao mês simples (Lei n.º 8.177 de 1º de março de 1991, art. 39, § 1º)

Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento.

§ 1° Aos débitos trabalhistas constantes de condenação pela Justiça do Trabalho ou decorrentes dos acordos feitos em reclamatória trabalhista, quando não cumpridos nas condições homologadas ou constantes do termo de conciliação, serão acrescidos, nos juros de mora previstos no caput juros de um por cento ao mês, contados do ajuizamento da reclamatória e aplicados pro rata die, ainda que não explicitados na sentença ou no termo de conciliação.

§ 2° Na hipótese de a data de vencimento das obrigações de que trata este artigo ser anterior a 1° de fevereiro de 1991, os juros de mora serão calculados pela composição entre a variação acumulada do BTN Fiscal no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e 31 de janeiro de 1991, e a TRD acumulada entre 1° de fevereiro de 1991 e seu efetivo pagamento.

JUROS = (K x número de dias) / 3000 K = capital corrigido. Quanto a forma de cálculo a Seção Especializada através da OJ EX SE nº

117, bem exemplifica a matéria: OJ EX SE - 117: JUROS DE MORA. FORMA DE CÁLCULO. Nos estritos termos do artigo 39, § 1º., da Lei nº. 8.177/91, sobre o débito trabalhista incidem juros de mora à razão de 1,00% (um por cento) ao mês, contados pro rata die, a partir do ajuizamento da causa. Se entre a data da propositura da ação, por exemplo, em 28.09.95, e a elaboração dos cálculos (1º.06.02), decorrem 2.438 dias, estes, divididos por 30, resultam no percentual de 81,27%, de acordo com as tabelas emitidas pela Assessoria Econômica do Tribunal da 9ª. Região.

Page 112: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

112

Como os juros devem ser calculados de forma simples, as atualizações da conta homologada devem sempre partir do valor principal (sem juros), o qual será atualizado pela Tabela Única de Correção Monetária e sobre o resultado será apurado o novo valor dos juros contados a partir da data do ajuizamento, sob pena de anaticismo.

Neste sentido a OJ EX SE nº 198 do TRT da 9ª Região: OJ EX SE - 198: ATUALIZAÇÃO DOS CÁLCULOS. ANATOCISMO. Ao fazer incidir novos juros sobre valor em que estes já estavam calculados, a atualização representa anatocismo, o que não tem respaldo em lei. Além das condições traçadas, no Paraná tornou-se regra a exclusão do valor

do INSS quota parte empregado da base de cálculo dos juros, sob o argumento de que sobre juros não incide INSS, isto com suporte na OJ EX SE nº 12, do TRT da 9ª Região, cuja redação é a seguinte:

OJ EX SE - 12: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E IMPOSTO DE RENDA. JUROS E MULTAS. As contribuições previdenciárias devem ser calculadas apenas sobre o capital corrigido, monetariamente, excluídos os juros e as multas fixados em acordo ou sentença, em virtude da natureza punitiva, e não salarial (Ordem de Serviço Conjunta INSS-DAF, item 15). Os juros de mora incidem, após a dedução dos valores devidos à Previdência Social, sobre o importe líquido do credor (atualizado apenas), para após incidir o Imposto de Renda. Com o devido respeito a entendimentos contrários, a jurisprudência

pacificada pela Seção Especializada do TRT da 9ª Região, não parece nem mesmo razoável, pois sustenta a decisão em disposição revogada (Ordem de Serviço Conjunta INSS-DAF, item 15). Além disso, os juros quando calculados sobre a totalidade dos créditos do reclamante, já não ensejam por si só a incidência de juros sobre as contribuições sociais. Não há necessidade de exclusão do INSS da base de cálculo dos juros para afastar a incidência de um sobre o outro.

O presente sistema serve apenas para reduzir a condenação de valores em

condenações menores, onde em virtude do reclamante não ter contribuído para o INSS pelo teto durante o contrato de trabalho, tem um valor maior a ser retido na condenação trabalhista.

Nas condenações maiores, onde normalmente os salários também são

superiores ao teto máximo de contribuição, as contribuições sociais quota parte empregado já atingiram o teto quase que por todo o período, assim, não são influenciados pela OJ EX SE nº 12, do TRT da 9ª Região.

VERBAS VINCENDAS

Nas condenações com verbas vencidas e vincendas, os juros para o período

posterior ao ajuizamento, são decrescentes, isto em virtude da determinação legal de observância da data do vencimento da parcela (art. 39, da Lei nº 8.177/91).

Neste sentido a jurisprudência:

Page 113: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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TRT-PR-09-07-2004 PARCELAS VINCENDAS. JUROS DE MORA DECRESCENTERS. Não há como aplicar juros em período anterior ao vencimento da parcela, sob pena de onerar indevidamente o devedor, que ainda não estava em mora. Isto porque não se pode confundir juros normais em juros decrescentes. Os primeiros contam-se desde a data do ajuizamento da ação até a data do pagamento ou da atualização do cálculo, utilizando uma taxa percentual única, conforme art. 39 da Lei 8.177-91. Os juros decrescentes incidem sobre verbas vincendas, que são aquelas cuja exigibilidade é posterior à data do ajuizamento da ação. Não é razoável interpretar de forma literal o art. 883 da CLT, sendo necessária sua adequação ao caso concreto. TRT-PR-22514-1996-013-09-00-4-ACO-13530-2004. RELATOR: DIRCEU PINTO JUNIOR. Publicado no DJPR em 09-07-2004.

Page 114: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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EXEMPLO

JUROS DE MORA DECRESCENTES DATA AJUIZAMENTO - 17/04/2006

DATA DA ATUALIZAÇÃO - 31/01/2009 MESES COMISSÕES

CANCELADAS ATUALIZADAS

INSS AUTOR

BASE DE CALC. JUROS

JUROS%

TOTAL R$ JUROS

dez/2005 53,64 4,29 49,35 34,53% 17,04 jan/2006 53,71 4,30 49,42 34,53% 17,06 fev/2006 53,36 4,27 49,09 34,53% 16,95 mar/2006 37,80 3,02 34,78 34,53% 12,01 abr/2006 53,57 4,29 49,28 34,53% 17,02 mai/2006 45,64 3,65 41,98 33,53% 14,08 jun/2006 46,06 3,68 42,37 32,50% 13,77 jul/2006 59,47 4,76 54,71 31,50% 17,23

ago/2006 27,90 2,23 25,66 30,47% 7,82 set/2006 42,71 3,42 39,30 29,43% 11,57 out/2006 33,28 2,66 30,62 28,43% 8,71 nov/2006 32,55 2,60 29,94 27,40% 8,20 dez/2006 33,34 2,67 30,68 26,40% 8,10 jan/2007 31,58 2,53 29,05 25,37% 7,37 fev/2007 27,03 2,16 24,86 24,33% 6,05 mar/2007 26,39 2,11 24,28 23,40% 5,68 abr/2007 26,67 2,13 24,54 22,37% 5,49 mai/2007 26,69 2,14 24,56 21,37% 5,25 jun/2007 26,66 2,13 24,53 20,33% 4,99 jul/2007 26,63 2,13 24,50 19,33% 4,74

ago/2007 26,59 2,13 24,46 18,30% 4,48 set/2007 26,58 2,13 24,45 17,27% 4,22 out/2007 26,55 2,12 24,42 16,27% 3,97 nov/2007 26,53 2,12 24,41 15,23% 3,72 dez/2007 42,56 3,40 39,16 14,23% 5,57 jan/2008 2,53 0,20 2,33 13,20% 0,31 fev/2008 17,33 1,39 15,94 12,17% 1,94 mar/2008 1,30 0,10 1,20 11,20% 0,13 abr/2008 1,30 0,10 1,20 10,17% 0,12 mai/2008 1,42 0,11 1,31 9,17% 0,12 jun/2008 - - - 8,13% - jul/2008 - - - 7,13% -

ago/2008 - - - 6,10% - set/2008 - - - 5,07% - out/2008 - - - 4,07% - nov/2008 - - - 3,03% - dez/2008 - - - 2,03% - jan/2009 - - - 1,00% -

SOMA R$ 233,71

Page 115: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

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CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DE 04/03/1991 (Lei n.º 8.177 de 1º de março de 1991, caput)

Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento.

Nº 381 CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIO. ART. 459 DA CLT (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 124 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subseqüente ao da prestação dos serviços, a partir do dia 1º. Tal entendimento tem fulcro no art. 39, caput, da Lei n.º 8.177/91, que

determina a incidência da correção a partir do vencimento da obrigação, conjugado com o disposto na CLT, artigo 459, parágrafo único Lei 7.855/89.

Assim, os valores apurados como devidos serão reajustados pelo índice de

correção monetária do mês seguinte, indicados na tabela de atualização dos débitos trabalhistas.

Caso haja decisão contrária do título executivo, o coeficiente a ser adotado é

o do próprio mês. Nos termos da jurisprudência do STJ a TRD – Taxa Referencial Diária – é

entendida como taxa de juros, o que proporcionou questionamentos quando a sua aplicabilidade conjugada com os juros moratórios de 1,00% ao mês pro rata die, a matéria foi pacificada pelo Tribunal Superior do Trabalho através da OJ nº 300 da SBDI-1, cuja redação é a seguinte:

Nº 300 EXECUÇÃO TRABALHISTA. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. LEI Nº 8.177/91, ART. 39, E LEI Nº 10.192/01, ART. 15 (nova redação) - DJ 20.04.2005 Não viola norma constitucional (art. 5°, II e XXXVI) a determinação de aplicação da TRD, como fator de correção monetária dos débitos trabalhistas, cumulada com juros de mora, previstos no artigo 39 da Lei nº 8.177/91 e convalidado pelo artigo 15 da Lei nº 10.192/01. A partir do dia 27 de outubro de 2005, o Presidente do Conselho

Superior da Justiça do Trabalho - CSJT – 99/2005-000-90-00.1, Estabelece a Tabela Única para atualização e conversão de débitos trabalhistas, assim, são descabidas tabelas regionais em descompasso com a divulgada pela Assessoria Econômica do TST.

Page 116: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

Segue modelo da tabela divulgada para o mês de setembro de 2008:

PODER JUDICIÁRIO - JUSTIÇA DO TRABALHO - CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

TABELA ÚNICA DE ATUALIZAÇÃO E CONVERSÃO DE DÉBITOS TRABALHISTAS TABELA VIGENTE EM SETEMBRO/2008

1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976

JAN - 0,000857762 0,699642364 0,559399564 0,470503204 0,394492394 0,323891710 0,281160090 0,247157268 0,186641264 0,149436039

FEV - 0,857762058 0,699642364 0,559399564 0,470503204 0,394492394 0,323891710 0,281160090 0,247157268 0,186641264 0,149436039

MAR - 0,857762058 0,699642364 0,559399564 0,470503204 0,394492394 0,323891710 0,281160090 0,247157268 0,186641264 0,149436039

ABR - 0,808677669 0,667979150 0,532348691 0,446067028 0,378529865 0,312267942 0,272247839 0,237976927 0,177512708 0,140085946

MAI - 0,808677669 0,667979150 0,532348691 0,446067028 0,378529865 0,312267942 0,272247839 0,237976927 0,177512708 0,140085946

JUN - 0,808677669 0,667979150 0,532348691 0,446067028 0,378529865 0,312267942 0,272247839 0,237976927 0,177512708 0,140085946

JUL - 0,761108251 0,620935407 0,510918275 0,431294626 0,361761323 0,297711346 0,262873608 0,221890943 0,167064856 0,128886342

AGO - 0,761108251 0,620935407 0,510918275 0,431294626 0,361761323 0,297711346 0,262873608 0,221890943 0,167064856 0,128886342

SET - 0,761108251 0,620935407 0,510918275 0,431294626 0,361761323 0,297711346 0,262873608 0,221890943 0,167064856 0,128886342

OUT 0,000922064 0,727750636 0,588129151 0,499143675 0,418521557 0,339972966 0,288989274 0,255885553 0,195542802 0,158518791 0,118373519

NOV 0,000922064 0,727750636 0,588129151 0,499143675 0,418521557 0,339972966 0,288989274 0,255885553 0,195542802 0,158518791 0,118373519

DEZ 0,000922064 0,727750636 0,588129151 0,499143675 0,418521557 0,339972966 0,288989274 0,255885553 0,195542802 0,158518791 0,118373519

1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987

JAN 0,108498933 0,083609478 0,060968807 0,040845760 0,026981416 0,013704533 0,006845172 0,002640590 0,000815477 0,000248924 0,153311183

FEV 0,108498933 0,083609478 0,060968807 0,040845760 0,026981416 0,013704533 0,006845172 0,002640590 0,000815477 0,000248924 0,131231980

MAR 0,108498933 0,083609478 0,060968807 0,040845760 0,026981416 0,013704533 0,006845172 0,002640590 0,000815477 0,187273767 0,109720699

ABR 0,102272839 0,078014904 0,056848115 0,036451496 0,022698173 0,011838595 0,005552508 0,001946838 0,000583230 0,187479768 0,095812298

MAI 0,102272839 0,078014904 0,056848115 0,036451496 0,022698173 0,011838595 0,005552508 0,001946838 0,000583230 0,186030571 0,079210066

JUN 0,102272839 0,078014904 0,056848115 0,036451496 0,022698173 0,011838595 0,005552508 0,001946838 0,000583230 0,183461649 0,064166796

JUL 0,093198298 0,071408451 0,051078796 0,032941164 0,019057902 0,010081936 0,004375344 0,001503255 0,000434124 0,181158258 0,054369596

AGO 0,093198298 0,071408451 0,051078796 0,032941164 0,019057902 0,010081936 0,004375344 0,001503255 0,000434124 0,179029826 0,052759743

SET 0,093198298 0,071408451 0,051078796 0,032941164 0,019057902 0,010081936 0,004375344 0,001503255 0,000434124 0,176066538 0,049604248

OUT 0,087720966 0,065698871 0,046468714 0,030028748 0,016077032 0,008307354 0,003378651 0,001115182 0,000341773 0,173092736 0,046939293

NOV 0,087720966 0,065698871 0,046468714 0,030028748 0,016077032 0,008307354 0,003378651 0,001115182 0,000341773 0,169868413 0,042992823

DEZ 0,087720966 0,065698871 0,046468714 0,030028748 0,016077032 0,008307354 0,003378651 0,001115182 0,000341773 0,164460141 0,038100603

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

JAN 0,033386289 3,229321708 0,180599579 0,014365266 0,002743863 0,000218426 0,008483409 2,219479073 1,686244197 1,538753299 1,401606284

FEV 0,028648985 2,638838350 0,115683473 0,011950068 0,002186834 0,000172314 0,005997885 2,173800993 1,665383602 1,527389521 1,385727236

MAR 0,024286420 2,230077612 0,066957688 0,011168126 0,001741005 0,000136325 0,004288492 2,134251184 1,649507096 1,517350729 1,379572961

ABR 0,020935497 1,860828873 0,036324755 0,010292698 0,001400960 0,000108358 0,003023259 2,086271121 1,636190144 1,507827292 1,367274328

MAI 0,017551207 1,676975357 0,036324755 0,009449946 0,001157001 0,000084509 0,002071151 2,016369635 1,625466939 1,498519984 1,360851111

JUN 0,014900612 1,525355064 0,034475629 0,008670276 0,000965725 0,000065674 0,001414334 1,952955226 1,615952212 1,489058506 1,354696724

JUL 0,012465637 1,221945898 0,031446502 0,007924876 0,000797756 0,000050487 2,648108504 1,898168391 1,606156265 1,479390688 1,348073638

AGO 0,010052391 0,949010483 0,028386533 0,007201669 0,000644945 0,038726137 2,521380155 1,843051924 1,596813310 1,469719931 1,340695789

SET 0,008330286 0,733733171 0,025669537 0,006432854 0,000523413 0,029043150 2,468765818 1,796268120 1,586855790 1,460562206 1,335688294

OUT 0,006717390 0,539708107 0,022745167 0,005508346 0,000417477 0,021574172 2,409983901 1,762095797 1,576419891 1,451167349 1,329688738

NOV 0,005278610 0,392172727 0,020005825 0,004599258 0,000333798 0,015801781 2,349940569 1,733424948 1,564810561 1,441719759 1,317969355

DEZ 0,004159045 0,277310654 0,017151700 0,003523686 0,000270739 0,011605304 2,283246926 1,708839869 1,552166612 1,419946302 1,309931614

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

JAN 1,300265441 1,229803065 1,204551927 1,177639845 1,145535743 1,094649486 1,075099677 1,045475847 1,024597291 1,009999656 1,000000000

FEV 1,293586653 1,227165886 1,202905150 1,174596466 1,139974945 1,093250126 1,073082283 1,043049713 1,022359347 1,008980585 1,000000000

MAR 1,282940810 1,224315679 1,202462644 1,173222622 1,135302042 1,092749646 1,072050970 1,042294050 1,021622757 1,008735462 1,000000000

ABR 1,268211798 1,221576904 1,200393166 1,171163716 1,131024507 1,090810186 1,069233539 1,040137844 1,019709781 1,008323058 1,000000000

MAI 1,260532634 1,219989697 1,198540223 1,168409774 1,126312018 1,089857650 1,067096146 1,039249286 1,018414358 1,007361029 1,000000000

JUN 1,253312301 1,216957040 1,196354483 1,165958929 1,121098908 1,088175331 1,064406391 1,037290881 1,016697156 1,006620156 1,000000000

JUL 1,249429076 1,214358313 1,194612738 1,164117295 1,116447786 1,086262423 1,061230129 1,035285533 1,015728152 1,005467890 1,000000000

AGO 1,245775217 1,212482603 1,191703789 1,161033590 1,110379562 1,084146170 1,058504480 1,033475917 1,014238236 1,003547101 1,000000000

SET 1,242117182 1,210032287 1,187623116 1,158160195 1,105913882 1,081976806 1,054848375 1,030964487 1,012753539 1,001970000 1,000000000

OUT 1,238753965 1,208777576 1,185693992 1,155900409 1,102206061 1,080110375 1,052074056 1,029398772 1,012397175 1,000000000 1,000000000

NOV 1,235954528 1,207188916 1,182250097 1,152709709 1,098676014 1,078914938 1,049869331 1,027472261 1,011242337 1,000000000 1,000000000

DEZ 1,233490015 1,205745638 1,179975105 1,149669981 1,096728225 1,077679917 1,047848032 1,026156728 1,010646055 1,000000000 1,000000000

Page 117: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

33. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

Este capítulo iniciaria falando sobre a forma de cálculo das contribuições sociais sobre os valores pagos durante o contrato de trabalho nas sentenças declaratórias de vínculo de emprego.

Segundo o entendimento da OJ EX SE nº 168 do TRT da 9ª Região, que foi

aprovada sem divergência, a Justiça do Trabalho é competente para executar de ofício as contribuições sociais decorrentes das decisões de reconhecimento de vínculo, ou seja, das sentença declaratórias de vínculo de emprego, contudo, tal orientação jurisprudencial afrontava o disposto na Súmula 368, item I, do TST.

Recentemente, através de decisão do Supremo Tribunal Federal foi lançada

uma pá de cal sobre a matéria, afastando-se definitivamente a pretensão do INSS de ver estes valores sendo executados nos processos da Justiça do Trabalho.

Tratando-se de matéria constitucional com repercussão geral, chegou à

apreciação do Supremo Tribunal Federal, o qual proferiu em 11/09/2008, decisão confirmando o entendimento do item I, da Súmula 368 do C. TST.

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, editar uma Súmula Vinculante determinando que não cabe à Justiça do Trabalho estabelecer, de ofício, débito de contribuição social para com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com base em decisão que declare a existência de vínculo empregatício. Pela decisão, essa cobrança somente pode incidir sobre o valor pecuniário já definido em condenação trabalhista ou em acordo quanto ao pagamento de verbas salariais que possam servir como base de cálculo para a contribuição previdenciária.

A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 569056, interposto pelo INSS contra decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que negou pretensão do INSS para que também houvesse a incidência automática da contribuição previdenciária referente a decisões que reconhecessem a existência de vínculo trabalhista. Por unanimidade, aquele colegiado adotou o entendimento constante do item I, da Súmula 368 do TST, que disciplina o assunto. Com isso, negou recurso lá interposto pelo INSS.

RE 569056/PA – PARÁ RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. MENEZES DIREITO Julgamento: 11/09/2008 Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Publicação

REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-236 DIVULG 11-12-2008 PUBLIC 12-12-2008 EMENT VOL-02345-05 PP-00848

Parte(s)

RECTE.(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADV.(A/S): GABRIEL PRADO LEAL

Page 118: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

118

RECDO.(A/S): DARCI DA SILVA CORREA ADV.(A/S): MARIA DE FÁTIMA PINHEIRO DE OLIVEIRA RECDO.(A/S): ESPÓLIO DE MARIA SALOMÉ BARROS VIDAL

Ementa EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Competência da Justiça do Trabalho. Alcance do art. 114, VIII, da Constituição Federal. 1. A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança apenas a execução das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir. 2. Recurso extraordinário conhecido e desprovido.

Decisão

O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, desproveu o recurso. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Celso de Mello, Carlos Britto e Joaquim Barbosa. Falou pela Advocacia-Geral da União o Dr. Marcelo de Siqueira Freitas, Procurador-Geral Federal. Plenário, 11.09.2008.

Por conta do exposto, não serão abordados estes cálculos.

Quanto aos valores decorrentes das sentenças com condenação pecuniária, os valores das Contribuições Sociais são devidos, mês a mês, para os créditos do autor e pelo valor total para os créditos das reclamadas.

A forma de cálculo está prevista na INSTRUÇÃO NORMATIVA MPS/SRP Nº 3, DE 14 DE JULHO DE 2005 - DOU DE 15/07/2005:

Art. 131. Serão adotadas como bases de cálculo:

I - quanto às remunerações objeto da condenação, os valores das parcelas remuneratórias consignados nos cálculos homologados de liquidação de sentença, ainda que as partes celebrem acordo posteriormente;

II - quanto às remunerações objeto de acordo conciliatório, prévio à liquidação da sentença:

a) os valores das parcelas discriminadas como remuneratórias em acordo homologado ou, inexistindo estes;

b) o valor total consignado nos cálculos ou estabelecido no acordo;

III - quanto ao vínculo empregatício reconhecido, obedecida a seguinte ordem:

a) os valores mensais de remuneração do segurado empregado, quando conhecidos;

Page 119: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

119

b) os valores mensais de remuneração pagos contemporaneamente a outro empregado de categoria ou função equivalente ou semelhante;

c) o valor do piso salarial, legal ou normativo da respectiva categoria profissional, vigente à época;

d) quando inexistente qualquer outro critério, o valor do salário mínimo vigente à época.

§ 1º Serão somados, para fins de composição da base de cálculo, os valores indicados nos incisos I e III do caput, quando referentes às mesmas competências.

§ 2º A base de cálculo das contribuições sociais a cargo do reclamado não está sujeita a qualquer limitação e para a sua apuração deverão ser excluídas apenas as parcelas que não integram a remuneração.

§ 3º As contribuições sociais a cargo do segurado empregado serão apuradas da seguinte forma:

I - as remunerações objeto da reclamatória trabalhista serão somadas ao salário de contribuição recebido à época, em cada competência;

II - com base no total obtido, fixar-se-á a alíquota e calcular-se-á a contribuição incidente, respeitado o limite máximo do salário de contribuição vigente em cada competência abrangida;

III - a contribuição a cargo do segurado já retida anteriormente será deduzida do valor apurado na forma do inciso II, observado o disposto no § 5º deste artigo.

§ 4º Na competência em que ficar comprovado o desconto da contribuição a cargo do segurado empregado, sobre o limite máximo do salário de contribuição, deste não será descontada qualquer contribuição adicional incidente sobre a parcela mensal da sentença ou acordo.

§ 5º Cabe ao reclamado comprovar o recolhimento da contribuição anteriormente descontada do segurado reclamante, sob pena de comunicação ao Serviço/Seção de Fiscalização da SRP, para apuração e constituição do crédito, nas formas previstas no Capítulo I do Título VIII, e Representação Fiscal para Fins Penais, na forma do inciso III do art. 617.

§ 6º Quando a reclamatória trabalhista findar em acordo conciliatório ou em sentença, pelo qual não se reconheça qualquer vínculo empregatício entre as partes, o valor total pago ao reclamante será considerado base de cálculo para a incidência das contribuições sociais:

I - devidas pela empresa ou equiparado sobre as remunerações pagas ou creditadas a contribuinte individual que lhe prestou serviços;

II - devidas pelo contribuinte individual prestador de serviços, observado o disposto no inciso III do art. 92 e no art. 93.

§ 7º Na hipótese de não reconhecimento de vínculo, deverá a empresa ou os equiparados à empresa, exceto os referidos no § 1º do art. 92, no pagamento das verbas definidas em acordo ou em sentença, reter a contribuição devida pelo segurado

Page 120: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

120

contribuinte individual prestador do serviço e recolhê-la juntamente com a contribuição a seu cargo, conforme disposto no art. 4º da Lei nº 10.666, de 2003.

§ 8º Não havendo a retenção da contribuição na forma do § 7º, o reclamado contratante de serviços é responsável pelo pagamento da referida contribuição, conforme previsto no art. 93.

Art. 132. Serão adotadas as competências dos meses em que foram prestados os serviços pelos quais a remuneração é devida, ou dos abrangidos pelo reconhecimento do vínculo empregatício, quando consignados nos cálculos de liquidação ou nos termos do acordo.

§ 1º Quando, nos cálculos de liquidação de sentença ou nos termos do acordo, a base de cálculo das contribuições sociais não estiver relacionada, mês a mês, ao período específico da prestação de serviços geradora daquela remuneração, as parcelas remuneratórias serão rateadas, dividindo-se seu valor pelo número de meses do período indicado na sentença ou no acordo, ou, na falta desta indicação, do período indicado pelo reclamante na inicial, respeitados os termos inicial e final do vínculo empregatício anotado em CTPS ou judicialmente reconhecido na reclamatória trabalhista.

§ 2º Se o rateio mencionado no parágrafo anterior envolver competências anteriores a janeiro de 1995, para a obtenção do valor originário relativo a cada competência, o valor da fração obtida com o rateio deve ser dividido por 0,9108 (valor da UFIR vigente em 1º.01.1997, a ser utilizado nos termos do art. 29 da Lei nº 10.522, de 2002, dividindo-se em seguida o resultado dessa operação pelo Coeficiente em UFIR expresso na Tabela Prática Aplicada em Contribuições Previdenciárias elaborada pela SRP para aquela competência.

§ 3º Na hipótese de não reconhecimento de vínculo, e quando não fizer parte do acordo homologado a indicação do período em que foram prestados os serviços aos quais se refere o valor pactuado, será adotada a competência referente à data da homologação do acordo, ou à data do pagamento, se este anteceder aquela.

Art. 133. Serão adotadas as alíquotas, critérios de atualização monetária, taxas de juros de mora e valores de multas vigentes à época das competências apuradas na forma do art. 132.

Art. 134. Os fatos geradores de contribuições sociais decorrentes de reclamatória trabalhista deverão ser informados em GFIP, conforme orientações do Manual da GFIP, e as correspondentes contribuições sociais deverão ser recolhidas em documento de arrecadação identificado com código de pagamento específico para esse fim, conforme relação constante do Anexo I.

Parágrafo único. Se o valor total das contribuições apuradas em reclamatória trabalhista for inferior ao mínimo estabelecido pela SRP para recolhimento em documento de arrecadação da Previdência Social, este deverá ser recolhido juntamente com as demais contribuições devidas pelo sujeito passivo no mês de competência, sem prejuízo da conclusão do processo.

Art. 135. As contribuições sociais previdenciárias incidentes sobre a base de cálculo prevista no § 13 do art. 71 devem ser diretamente recolhidas pelo sujeito passivo, uma vez que não integram a cobrança de ofício realizada pela justiça trabalhista.

Page 121: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

121

EXEMPLO DE CÁLCULO DO INSS QUOTA PARTE EMPREGADO

MESES BASE DE CÁLCULO

PECENTUAL CONTRIB. MENSAL

TETO MÁXIMO

INSS

INSS DEVIDO

INSS RECOLHIDO

DIFERENÇA DEVIDA

ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO

INSS DEVIDO

07/2004 1.889,76 11,00% 275,96 207,87 110,68 97,19 1,088984597 105,84

08/2004 1.690,76 11,00% 275,96 185,98 185,21 0,77 1,086863040 0,84

09/2004 1.708,76 11,00% 275,96 187,96 162,33 25,63 1,084688240 27,80

10/2004 2.174,76 11,00% 275,96 239,22 162,55 76,67 1,082817132 83,02

11/2004 1.950,76 11,00% 275,96 214,58 213,85 0,73 1,081618699 0,79

12/2004 2.339,76 11,00% 275,96 257,37 254,42 2,95 1,080380582 3,19

01/2005 1.688,76 11,00% 275,96 185,76 184,10 1,66 1,077793877 1,79

02/2005 1.799,76 11,00% 275,96 197,97 184,10 13,87 1,075771427 14,92

03/2005 1.869,76 11,00% 275,96 205,67 187,61 18,06 1,074737529 19,41

04/2005 1.896,76 11,00% 275,96 208,64 208,44 0,20 1,071913038 0,22

05/2005 1.766,76 11,00% 293,50 194,34 192,65 1,69 1,069770289 1,81

06/2005 1.789,76 11,00% 293,50 196,87 20,05 176,82 1,067073793 188,68

07/2005 1.539,76 11,00% 293,50 169,37 - 169,37 1,063889572 180,19

08/2005 2.598,76 11,00% 293,50 285,86 - 285,86 1,061157092 303,35

09/2005 2.293,76 11,00% 293,50 252,31 49,91 202,40 1,057491825 214,04

10/2005 1.934,76 11,00% 293,50 212,82 196,65 16,17 1,054710554 17,06

11/2005 1.752,76 11,00% 293,50 192,80 190,32 2,48 1,052500303 2,61

SOMA R$ 1.165,59

EXEMPLO DE CÁLCULO DO INSS QUOTA PARTE EMPREGADOR

CÁLCULO DO INSS EMPREGADOR: BASE DE CÁLCULO DO INSS R$ 20.310,88

FPAS EMPRESA 20,00% FPAS EMPRESA R$ 4.062,18

ADICIONAL INSTIT. FINANC. 2,50% ADICIONAL INST. FIN. R$ 507,77

SAT 3,00% SAT R$ 609,33

SAL. EDUCAÇÃO 2,50% SAL. EDUCAÇÃO R$ 507,77

INCRA 0,20% INCRA R$ 40,62

SOMA R$ 5.727,67

Page 122: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

122

TABELA DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de fevereiro de 2009

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

Até 965,67 8,00 de 965,68 até 1.609,45 9,00 de 1.609,46 até 3.218,90 11,00 Portaria Interministerial nº 48, de 12 de fevereiro de 2009

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de março de 2008

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

até R$ 911,70 8,00 de R$ 911,71 a R$ 1.519,50 9,00 de R$ 1.519,51 até R$ 3.038,99 11,00 Portaria nº 77, de 12 de março de 2008

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2008

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

até R$ 868,29 8,00 de R$ 868,30 a R$ 1.447,14 9,00 de R$ 1.447,15 até R$ 2.894,28 11,00 Portaria nº 501, de 28 de dezembro de 2007

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de abril de 2007

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

até R$ 868,29 7,65* de R$ 868,30 a R$ 1.140,00 8,65* de R$ 1.140,01 a R$ 1.447,14 9,00 de R$ 1.447,15 até R$ 2.894,28 11,00

* Alíquota reduzida para salários e remunerações até três salários mínimos, em razão do disposto no inciso II do art. 17 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996, que instituiu a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissãode Valores e de Créditos e de

Page 123: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

123Direitos de Natureza Financeira – CPMF. Portaria nº 142, de 11 de abril de 2007

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de agosto de 2006

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

até R$ 840,55 7,65* de R$ 840,56 a R$ 1.050,00 8,65* de R$ 1.050,01 a R$ 1.400,91 9,00 de R$ 1.400,92 até R$ 2.801,82 11,00

* Alíquota reduzida para salários e remunerações até três salários mínimos, em razão do disposto no inciso II do art. 17 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996, que instituiu a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissãode Valores e de Créditos e de Direitos de Natureza Financeira – CPMF. Portaria nº 342, de 16 de agosto de 2006

TÁBELA DE CONTRIBUIÇÃO DO EXERCÍCO PRÁTICO

TABELA DE CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADO, EMPREGADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO, PARA

PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO A PARTIR DE 1º DE JUNHO DE 2003 SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO

(R$) SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (R$)

até 560,81 até 560,81 de 560,82 até 720,00 de 560,82 até 720,00 de 720,01 até 934,67 de 720,01 até 934,67

de 934,68 até 1.869,34 de 934,68 até 1.869,34 Teto de Contribuição de INSS: R$ 205,63

INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO

O Decreto nº 6.727 de 12.01.2009 (D.O.U.: 13.01.2009) revogou a alínea "f" do inciso V do § 9º do art. 214, o art. 291 e o inciso V do art. 292 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, impondo assim a incidência da contribuição social sobre os valores recebidos a título de aviso prévio indenizado.

Considerando o princípio Constitucional da anterioridade nonagesimal, a incidência do tributo é exigível a partir de 13/04/2009.

Page 124: Apostila (Cálculos Trabalhistas)

124

34. CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA LEI Nº 7.713, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1988

Art. 7º Ficam sujeito à incidência do imposto de renda na fonte, calculado de acordo com o disposto no art. 25 desta Lei: I - os rendimentos do trabalho assalariado, pagos ou creditados por pessoas físicas ou jurídicas; II - os demais rendimentos percebidos por pessoas físicas, que não estejam sujeitos à tributação exclusiva na fonte, pagos ou creditados por pessoas jurídicas.

§ 1º O imposto a que se refere este artigo será retido por ocasião de cada pagamento ou crédito e, se houver mais de um pagamento ou crédito, pela mesma fonte pagadora, aplicar-se-á a alíquota correspondente à soma dos rendimentos pagos ou creditados à pessoa física no mês, a qualquer título.

Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização.

Art. 26. O valor da Gratificação de Natal (13º salário) a que se referem as Leis nº 4.090, de 13 de julho de 1962, e de nº 4.281, de 8 de novembro de 1963, e o art. 10 do Decreto-Lei nº 2.413, de 10 de fevereiro de 1988, será tributado à mesma alíquota (art. 25) a que estiver sujeito o rendimento mensal do contribuinte, antes de sua inclusão.

DECRETO Nº 3.000, DE 26 DE MARÇO DE 1999

FÉRIAS DE EMPREGADOS

Art. 625. O cálculo do imposto na fonte relativo a férias de empregados será efetuado separadamente dos demais rendimentos pagos ao beneficiário, no mês, com base na tabela progressiva (art.620).

§ 1º A base de cálculo do imposto corresponderá ao valor das férias pago ao empregado, acrescido dos abonos previstos no art. 7º, inciso XVII, da Constituição e no art. 143 da Consolidação das Leis do Trabalho.

§ 2º Na determinação da base de cálculo, serão admitidas as deduções de que trata a Seção VI deste Capítulo.

JURISPRUDÊNCIA

STJ Súmula nº 125 - 06/12/1994 - DJ 15.12.1994 Pagamento de Férias Não Gozadas por Necessidade do Serviço - Imposto de Renda O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do Imposto de Renda.

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PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES NOS LUCROS DAS EMPRESAS

Art. 626. As importâncias recebidas pelos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados das empresas, na forma da Medida Provisória nº 1.769-55, de 1999, serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto devido na declaração de rendimentos. LEI nº 8.383, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1991 Art. 10. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas:

I - a soma dos valores referidos nos incisos do art. 6° da Lei n° 8.134, de 1990;

II - as importâncias pagas em dinheiro a título de alimentos ou pensões, em cumprimento de acordo ou decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais;

III - a quantia equivalente a cem UFIR por dependente; (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995)

IV - as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

V - o valor de mil Ufir, correspondente à parcela isenta dos rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, transferência para reserva remunerada ou reforma pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ou por qualquer pessoa jurídica de direito público interno, a partir do mês em que o contribuinte completar sessenta e cinco anos de idade. LEI Nº 8.541, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1992 Art. 46. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário.

§ 1° Fica dispensada a soma dos rendimentos pagos no mês, para aplicação da alíquota correspondente, nos casos de:

I - juros e indenizações por lucros cessantes;

II - honorários advocatícios;

III - remuneração pela prestação de serviços de engenheiro, médico, contador, leiloeiro, perito, assistente técnico, avaliador, síndico, testamenteiro e liquidante.

§ 2° Quando se tratar de rendimento sujeito à aplicação da tabela progressiva, deverá ser utilizada a tabela vigente no mês de pagamento.

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JURISPRUDÊNCIAS

Nº 368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RES-PONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (inciso I alterado) - Res. 138/2005, DJ 23, 24 e 25.11.2005 I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998 ) Súmulas A-109 II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei nº 8.541, de 23.12.1992, art. 46 e Provimento da CGJT nº 01/1996. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 - inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001) III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001)

TABELA VIGENTE DE RECOLHIMENTOS FISCAIS

Tabela Progressiva Mensal a partir 01/2009

Base de Cálculo em R$ Alíquota %

Parcela a Deduzir do Imposto em R$

Até 1.434,59 - - De 1.434,60 até 2.150,00 7,5 107,59 De 2.150,01 até 2.866,70 15,00 268,84

De 2.866,71 até 3.582,00 22,50 483,84

Acima de 3.582,00 27,50 662,94

DEPENDENTE 144,20

TABELAS ANTERIORES

Tabela Progressiva Mensal de 01/2008 a 12/2008

Base de Cálculo em R$ Alíquota %

Parcela a Deduzir do Imposto em R$

Até 1.372,81 - -

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De 1.372,82 até 2.743,25 15 205,92 Acima de 2.743,25 27,5 548,82

DEPENDENTE 137,99

Tabela Progressiva Mensal

Base de Cálculo em R$ Alíquota %

Parcela a Deduzir do Imposto em R$

Até 1.313,69 - - De 1.313,70 até 2.625,12 15 197,05 Acima de 2.625,12 27,5 525,19

DEPENDENTE 132,05

MODELO DE CÁLCULO

CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA:

VERBAS VALORESISENTOS

RENDIMENTOS 13º SALÁRIO Lei 7.713/88

Art. 26

FÉRIAS + 1/3 Dec. 3000/99 Art. 625 e §§

1 Equiparação salarial: - 10.650,26 - -

2 Reflexos da equiparação salarial em 13º salário: - - 1.285,87 -

3 Reflexos da equiparação salarial em férias + 1/3: 778,56 - - 1.102,92

4 Indenização transporte de valores: - 2.481,98 - -

5 Reflexos da indeniz. transp. val. em 13º salário: - - 184,24 -

6 Reflexos da indeniz. transp. val. em férias + 1/3: - - - -

7 Horas extras: - 110.137,70 - -

8 Reflexos das horas extras em 13º salário: - - 9.643,92 -

9 Reflexos das horas extras em férias + 1/3: 2.260,37 - - 12.525,43

10 Horas extras do art. 71 da CLT: - 4.842,30 - -

11 Reflexos das horas extras em 13º salário: - - 449,48 -

12 Reflexos das horas extras em férias + 1/3: - - - -

13 Indenização de férias + 1/3: 3.076,62 - - -

14 FGTS: 12.241,61 - - -

SOMA 18.357,15 128.112,24 11.563,51 13.628,35

JUROS DE MORA 49,97% 9.172,45 64.013,42 5.777,90 6.809,63

BASE DE CÁLCULO DO IRRF 192.125,65 17.341,42 20.437,99

DEPENDENTES - - - -

INSS 1.910,63 303,84 -

VALOR TRIBUTADO 190.215,03 17.037,57 20.437,99

ALÍQUOTA 27,50% 27,50% 27,50% DEDUÇÃO 662,94 662,94 662,94

IMPOSTO DE RENDA

51.646,19 4.022,39 4.957,51

IRRF DEVIDO R$ 60.626,09