apostila cálc trabalhistas 2013 revisada

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  • 1

    Clculos Trabalhistas

    Noes Gerais

    &

    Situaes Prticas

    Facilitador:

    Arthur Rogrio Bork

    Clculos Trabalhistas Assessoria Contbil

    CORECON/RS 7636 - CRC/RS 43.343

    Av. Borges de Medeiros, 2233/1001 Praia de Belas - Porto Alegre/RS

    CEP: 90.110-150 - Fones: (51) 3224.4029 / 3224.6062 / 9249.2325

    E-mail: [email protected] Home Page: www.bork.com.br

  • 2

    Sumrio

    01. Introduo: ................................................................................................................................... 5

    02. Principais operaes matemticas: ................................................................................................... 5

    02.1. Regra de trs simples: ................................................................................................................................... 5

    02.2. Porcentagens, fraes e ndices capitalizao: ........................................................................................... 6

    03. Correo Monetria: ...................................................................................................................... 7

    03.1. Conceito: ....................................................................................................................................................... 7

    03.2. Aplicao particularidades: ........................................................................................................................ 7

    04. Juros de Mora................................................................................................................................ 9

    04.1. Conceito, marco inicial da contagem e percentuais: ..................................................................................... 9

    04.2. Os juros decrescentes: ................................................................................................................................. 10

    04.3. Cmputo mensal de JCM. Anatocismo: ...................................................................................................... 11

    04.4. Saldo devedor apurao e atualizao dois critrios: ............................................................................ 12

    04.5. Atualizao dos honorrios de Assistncia Judiciria: ................................................................................ 15

    04.6. Juros, correo monetria a atualizao monetria: .................................................................................... 16

    05. Horas extras e Horas de Compensao: .......................................................................................... 17

    05.1. Apurao das quantidades fsicas: ............................................................................................................... 17

    05.2. Limites dirios, semanais e mensais: .......................................................................................................... 17

    05.3. Adicionais diferenciados em funo das quantidades prestadas: ................................................................ 18

    05.4. A jornada compensatria: ............................................................................................................................ 20

    06. Os intervalos ................................................................................................................................ 22

    06.1. Intervalos intrajornadas: .............................................................................................................................. 22

    06.2. Intervalos entrejornadas (interjornadas): ..................................................................................................... 23

    07. Adicional noturno e hora reduzida noturna ..................................................................................... 24

    07.1. O cmputo da hora reduzida noturna: ......................................................................................................... 24

    07.2. O pagamento em separado da hora reduzida noturna: ................................................................................. 25

    07.3. A prorrogao do horrio noturno (critrio de liquidao x funo de pleito/deferimento expresso): ........ 26

    08. Horas extras prestadas em horrio noturno ..................................................................................... 26

    08.1. Identificando as horas extras diurnas e noturnas ......................................................................................... 27

    08.2. Integrao do adicional noturno nas horas extras noturnas: ........................................................................ 28

    08.3. Critrio de liquidao x pleito/deferimento expresso .................................................................................. 30

    09. Horas Extras e Adicional Noturno Bases de Clculo ...................................................................... 30

    09.1. Aplicao da Smula 264 do TST limitaes: ......................................................................................... 32

    09.2. Cmputo do Adicional de Periculosidade: .................................................................................................. 34

    09.3. Cmputo do Adicional de Insalubridade: .................................................................................................... 36

    09.4. Cmputo do Adicional por Tempo de Servio ............................................................................................ 37

  • 3

    09.5. Comisses Smula 340 Erros Comuns.................................................................................................. 38

    09.6. Hora extra remunerao mista (fixo e comisses - OJ 397 TST) ................................................................ 39

    09.7. Horas Extras Prmios: .............................................................................................................................. 40

    10. Horas extras e adicional noturno apurao de diferenas ............................................................... 40

    10.1. Natureza das diferenas (quantidades, base de clculo, adicionais): ........................................................... 41

    10.2. Quando devemos apurar diferenas em valores: ......................................................................................... 42

    10.3. Quando devemos apurar diferenas fsicas: ................................................................................................ 44

    10.4. A natureza das rubricas: .............................................................................................................................. 45

    10.5. A compensao dos pagamentos a maior: ................................................................................................... 46

    10.6. Apurao conjunta x Apurao segregada (cuidados especiais): ................................................................ 47

    10.7. Ausncia de recibos Condenao solidria/subsidiria: ........................................................................... 48

    11. Horas Extras Noturnas Ausncia de Controles de Horrio - Mdias ................................................ 49

    11.1. Cuidados com a apurao das mdias: ........................................................................................................ 49

    11.2. Critrios de mdias alternativos: ................................................................................................................. 49

    11.3. Evitando distores: .................................................................................................................................... 52

    12. Reflexos das Horas Extras, Adicional Noturno e Comisses: .............................................................. 52

    12.1. Nos domingos e feriados: ............................................................................................................................ 52

    12.2. No Aviso Prvio: ......................................................................................................................................... 53

    12.3. Nas Frias: ................................................................................................................................................... 54

    12.4. Nas Natalinas (13 Salrios): ....................................................................................................................... 55

    12.5. O aumento da mdia remuneratria mensal e a OJ 394/TST ...................................................................... 56

    12.6. Detectando erros comuns: ........................................................................................................................... 57

    13. O adicional de insalubridade: ........................................................................................................ 57

    13.1. Base de Clculo e Reflexos: ........................................................................................................................ 57

    14. O adicional de periculosidade: ....................................................................................................... 59

    14.1. Base de Clculo e Reflexos: ........................................................................................................................ 59

    15. O uso da ltima remunerao na base de clculo: ............................................................................ 61

    16. O repouso e/ou feriado trabalhado o dobro ou a dobra ................................................................... 62

    17. Interpretando a folha/recibo de pagamento: .................................................................................... 63

    18. Diferenas salariais: ..................................................................................................................... 64

    18.1. Por equiparao salarial: ............................................................................................................................. 64

    18.2. Por reajustes legais e/ou normativos: .......................................................................................................... 64

    19. Rito Sumarssimo x Rito Ordinrio: ............................................................................................... 66

    20. O Fundo de Garantia por Tempo de Servio FGTS: ...................................................................... 67

    21. Os descontos previdencirios e fiscais: ............................................................................................ 69

    21.1. Os Descontos Previdencirios: .................................................................................................................... 69

    21.2. Os Descontos fiscais: .................................................................................................................................. 71

  • 4

    22. Honorrios Advocatcios Base de clculo: ..................................................................................... 72

    23. A interpretao contbil das sentenas como ferramenta para recorrer: ............................................. 73

    24. Fatores que comprometem o valor final de uma condenao check list: ............................................ 73

    24.1. Situaes que aumentam em muito o valor final de algumas condenaes: ............................................... 73

    24.2. Situaes que depreciam em muito o potencial de alguns processos: ......................................................... 74

    25. Explorando eficientemente a percia contbil de instruo ................................................................ 75

    26. Bibliografia: ................................................................................................................................ 77

    27. Exerccios de fixao:.................................................................................................................... 78

  • 5

    01. Introduo:

    A prtica nos mostra que existem diversas formas de configurar o clculo de uma folha de

    pagamento, no necessariamente gerando os mesmos resultados.

    Tambm certo que os pedidos formulados nas reclamatrias variam quanto extenso e

    complexidade, estabelecendo os limites da lide.

    Nos nossos Tribunais, por sua vez, nem sempre h entendimento pacfico sobre inmeras

    questes, mormente no que diz respeito forma especfica de clculo deste ou daquele direito.

    Disto resulta que existe um espao considervel, em boa parte das aes trabalhistas, para

    discusses tcnicas, jurdicas e contbeis muitas vezes longas e exaustivas, tornando-se imperioso, a

    tantos quantos atuam na Justia do Trabalho, independentemente da condio, aprofundarem-se

    nestas questes, seja para melhor garantir a prestao jurisdicional, seja para evitar, antecipadamen-

    te, e na medida do possvel, conflitos desgastantes.

    Assim, a proposta deste curso enriquecer o conhecimento dos interessados nos meandros

    dos clculos trabalhistas, muitas vezes trazendo o enfoque de uma e outra parte, porm sempre com

    o intuito de esclarecimento.

    Esperamos, assim, trazer alguma luz, doravante, soluo de variados problemas envolven-

    do clculos trabalhistas, colaborando para a celeridade processual e para a realizao da Justia.

    02. Principais operaes matemticas:

    A maioria dos clculos trabalhistas envolve apenas as quatro operaes bsicas. Portanto,

    no h razo para tem-los. O problema dos clculos trabalhistas no est nas operaes matemti-

    cas e sim na forma como interpretamos a sentena, na definio da estrutura dos clculos e na forma

    como estes se relacionaro com os dados da folha de pagamento e com os limites da lide.

    De uma forma ou outra, imprescindvel que estabeleamos alguns conceitos e procedi-

    mentos bsicos.

    02.1. Regra de trs simples:

    Regra de trs simples um processo prtico para resolver problemas que envolvam quatro va-

    lores dos quais conhecemos apenas trs, sabendo-se que h uma relao lgica entre eles. Devemos,

    portanto, determinar um valor a partir dos trs j conhecidos.

    Existem regras de trs simples direta e inversamente proporcionais.

  • 6

    Diretamente proporcionais so aquelas que, aumentando uma varivel, tambm aumenta a

    outra e vice-versa. Inversamente proporcionais so aquelas que aumentando uma varivel diminui

    a outra e vice-versa.

    Por exemplo: Um empregado que trabalha 44h semanais percebe R$ 1.400,00 por ms.

    Quanto dever receber se a sua jornada for reduzida para 30h semanais?

    Carga horria Salrio

    44h R$ 1.400,00

    30 X

    Neste caso, diminuindo a carga horria, diminuir o salrio. A soluo simplesmente. Bas-

    ta tomarmos a varivel que conhecemos, dividindo-a pela grandeza correspondente e multiplicando-

    a pela 3 varivel (diviso em linha). Assim:

    R$1.400,00 : 44h x 30h = R$ 954,55.

    um exemplo de regra de trs diretamente proporcional.

    Exemplo de relao inversamente proporcional: um veculo, deslocando-se a 100km/h, per-

    corre um determinado trecho em 30min. Quanto tempo levar para percorrer o mesmo trecho a uma

    velocidade de 120km/h?

    Velocidade Tempo

    100 Km/h 30 min

    120 Km/h X

    Neste caso, aumentando a velocidade, diminuir o tempo de deslocamento. A soluo to-

    marmos a varivel que conhecemos, dividindo-a pela grandeza correspondente varivel que no

    conhecemos e multiplicando-a pela 3 varivel restante (diviso em x). Assim:

    30 min : 120 km/h x 100 km/h = 25 min

    02.2. Porcentagens, fraes e ndices capitalizao:

    Estas trs grandezas so usadas rotineiramente nos clculos trabalhistas. O importante sa-

    bermos que podemos - e extremamente comum - representar de vrias maneiras a mesma grande-

    za.

    Por exemplo:

    1/2 = 5/10 = 0,5 = 50%

    1/5 = 5/25 = 0,2 = 20%

    3/2 = 15/10 = 1,5 = 150%

    Assim, se quisermos encontrar o valor da hora extra (com 50%) ou do adicional noturno

    (20%) a partir de um salrio hora igual a R$ 12,00 podemos, por exemplo, fazer dois tipos de ope-

    rao:

    Hs. Extras = R$ 12,00 + 50% = R$ 18,00 ou R$ 12,00 x 1,50 = R$ 18,00

    Ad. Not. = R$ 12,00 x 20% = R$ 2,40 ou R$ 12,00 x 0,20 = R$ 2,40

  • 7

    muito comum a converso (ou apresentao) de percentuais em nmeros ndice. A trans-

    formao de percentual em nmeros ndice e a utilizao destes nas atividades de clculo so im-

    portantes principalmente quando se trabalha com acumulao de percentuais de correo monetria

    ou de reajustes salariais.

    Para convertermos um percentual em ndice basta dividir o percentual por 100.

    Assim: 20% = 0,20 50% = 0,50 120% = 1,20

    Porm, para acumular tais percentuais, a fim de se apurar a variao acumulada ocorrida

    num determinado perodo, necessrio transform-los em nmeros ndice e somar 1 (um). Ato con-

    tnuo, multiplica-se um nmero ndice pelo outro, subtrai-se 1 (um) e multiplica-se por 100, retor-

    nando-se, assim, expresso em percentual.

    03. Correo Monetria:

    03.1. Conceito:

    a correo dos valores nominais por um dado ndice de preos, de modo a compensar a

    perda de valor da moeda em face de um processo de inflao. Os crditos trabalhistas, alm da in-

    cidncia de correo monetria, esto sujeitos incidncia de juros de mora, contados do ajuiza-

    mento da ao.

    03.2. Aplicao particularidades:

    Na Justia do Trabalho os crditos so corrigidos pela variao da TR (taxa referencial, cri-

    ada em 1991, responsvel pela remunerao da poupana e das operaes do SFH). Sendo este in-

    dexador dirio, a Justia do Trabalho da 4. Regio, para facilitar a operao do clculo da correo

    monetria, criou o FACDT (Fator de Atualizao e Converso dos Dbitos Trabalhistas), constante

    da Tabela nica estabelecida pela resoluo 08/2005 do Conselho Superior da Justia do Trabalho.

    O FACDT expresso em reais, incorporando, a cada dia, a variao diria da TR.

    Ms/Ano MensalAcumulado

    %

    Acumulado

    ndicesF r m u l a

    Jan.05 10,00% 10,00% 0,1000

    Fev.05 12,00% 23,20% 0,2320 ( 1,10 x 1,12 ) - 1 x 100

    Mar.05 7,50% 32,44% 0,3244 ( 1,232 x 1,075 ) - 1 x 100

    Abr.05 23,00% 62,90% 0,6290 ( 1,3244 x 1,23 ) - 1 x 100

    Mai.05 -8,00% 49,87% 0,4987 ( 1,629 x 0,92 ) - 1 x 100

    Jun.05 -3,00% 45,37% 0,4537 ( 1,4987 x 0,97 ) - 1 x 100

    Jul.05 0,50% 46,10% 0,4610 ( 1,4537 x 1,005 ) - 1 x 100

    Atualizao monetria sinnimo

    de correo monetria.

  • 8

    Importante referir que a variao mdia da TR tem se mantido, em mdia, em percentuais

    bem inferiores aos demais indicadores de inflao, conforme demonstra prxima tabela, que tece

    um comparativo da variao da TR e do IGP-M nos ltimos 11 anos:

    Observe-se que a TR nunca apresenta variao negativa, por no ser um ndice inflacionrio

    e sim uma taxa mdia de remunerao bancria. Observe-se, tambm, que embora no acumulado

    em perodos mais longos a variao do IGP-M seja superior variao da TR, em perodos mais

    curtos e pontuais podemos ter situao inversa (v.g. ano de 2009).

    Problemtica da correo de crditos trabalhistas:

    Corrigir um crdito trabalhista diariamente implica definir um marco inicial e um marco fi-

    nal (dia-ms-ano). Portanto, falar-se na correo de um valor a partir do ms de competncia ou a

    partir do ms subsequente um termo vago. H que se definir a partir de que DIA e at que DIA se

    pretende atualizar o valor. Observe-se que, considerando o ms de competncia salarial de Jan-05,

    tanto podemos corrigir os valores desde o dia 01.01.05 como desde 31.01.05. Nos dois casos esta-

    remos respeitando o ms de competncia, mas os resultados de uma e outra operao so distintos

    (correo diria). Esta discrepncia particularmente relevante nas pocas em que a inflao brasi-

    leira era elevada.

    IGP-M Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez No Ano Acumul

    2000 1,24 0,35 0,15 0,23 0,31 0,85 1,57 2,39 1,16 0,38 0,29 0,63 9,95% 189,27%

    2001 0,62 0,23 0,56 1,00 0,86 0,98 1,48 1,38 0,31 1,18 1,10 0,22 10,37% 163,09%

    2002 0,36 0,06 0,09 0,56 0,83 1,54 1,95 2,32 2,40 3,87 5,19 3,75 25,30% 138,37%

    2003 2,33 2,28 1,53 0,92 -0,26 -1,00 -0,42 0,38 1,18 0,38 0,49 0,61 8,69% 90,23%

    2004 0,88 0,69 1,13 1,21 1,31 1,38 1,31 1,22 0,69 0,39 0,82 0,74 12,42% 75,02%

    2005 0,39 0,30 0,85 0,86 -0,22 -0,44 -0,34 -0,65 -0,53 0,60 0,40 -0,01 1,20% 55,68%

    2006 0,92 0,01 -0,23 -0,42 0,38 0,75 0,18 0,37 0,29 0,47 0,75 0,32 3,85% 53,84%

    2007 0,50 0,27 0,34 0,04 0,04 0,26 0,28 0,98 1,29 1,05 0,69 1,76 7,75% 48,14%

    2008 1,09 0,53 0,74 0,69 1,61 1,98 1,76 -0,32 0,11 0,98 0,38 -0,13 9,81% 37,49%

    2009 -0,44 0,26 -0,74 -0,15 -0,07 -0,10 -0,43 -0,36 0,42 0,05 0,10 -0,26 -1,71% 25,21%

    2010 0,63 1,18 0,94 0,77 1,19 0,85 0,15 0,77 1,15 1,01 1,45 0,69 11,32% 27,39%

    2011 0,79 1,00 0,62 0,45 0,43 -0,18 -0,12 0,44 0,65 0,53 0,50 -0,12 5,10% 14,43%

    2012 0,25 -0,06 0,43 0,85 1,02 0,66 1,34 1,43 0,97 0,02 -0,03 0,68 7,81% 8,88%

    2013 0,34 0,29 0,21 0,15 0,99% 0,99%

    TR Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez No Ano Acumul

    2000 0,21 0,23 0,22 0,13 0,25 0,21 0,15 0,20 0,10 0,13 0,12 0,10 2,10% 27,37%

    2001 0,14 0,04 0,17 0,15 0,18 0,15 0,24 0,34 0,16 0,29 0,19 0,20 2,29% 24,76%

    2002 0,26 0,12 0,18 0,24 0,21 0,16 0,27 0,25 0,20 0,28 0,26 0,36 2,80% 21,97%

    2003 0,49 0,41 0,38 0,42 0,47 0,42 0,55 0,40 0,34 0,32 0,18 0,19 4,65% 18,65%

    2004 0,13 0,05 0,18 0,09 0,15 0,18 0,20 0,20 0,17 0,11 0,11 0,24 1,82% 13,37%

    2005 0,19 0,10 0,26 0,20 0,25 0,30 0,26 0,35 0,26 0,21 0,19 0,23 2,83% 11,35%

    2006 0,23 0,07 0,21 0,09 0,19 0,19 0,18 0,24 0,15 0,19 0,13 0,15 2,04% 8,28%

    2007 0,22 0,07 0,19 0,13 0,17 0,10 0,15 0,15 0,04 0,11 0,06 0,06 1,45% 6,12%

    2008 0,10 0,02 0,04 0,10 0,07 0,11 0,19 0,16 0,20 0,25 0,16 0,21 1,63% 4,61%

    2009 0,18 0,05 0,14 0,05 0,04 0,07 0,11 0,02 0,00 0,00 0,00 0,05 0,71% 2,92%

    2010 0,00 0,00 0,08 0,00 0,05 0,06 0,12 0,09 0,07 0,05 0,03 0,14 0,69% 2,20%

    2011 0,07 0,05 0,12 0,04 0,16 0,11 0,12 0,21 0,10 0,06 0,06 0,09 1,21% 1,50%

    2012 0,09 0,00 0,11 0,02 0,05 0,00 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,29% 0,29%

    2013 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00% 0,00%

  • 9

    Smula N 21 (TRT-4) Atualizao Monetria. Dbitos Trabalhistas. Reviso da Smula N 13

    Os dbitos trabalhistas sofrem atualizao monetria pro rata die a partir do dia imediatamente posterior data de

    seu vencimento, considerando-se esta a prevista em norma legal ou, quando mais benfica ao empregado, a fixada

    em clusula contratual, ainda que tcita, ou norma coletiva. - Resoluo Administrativa n 04/2002 Publ. DOE-

    RS dias 29 de novembro, 02 e 03 de dezembro de 2002.

    Ateno: em geral os salrios podem ser pagos at o 5 dia til do ms subsequente, o que

    no impede de haver prtica ou ajuste coletivo considerando prazos mais benficos, que devem ser

    observados nos clculos. Ressalva-se, no entanto, que as frias devem ser pagas at dois dias antes

    do incio do gozo e que a segunda parcela do 13 salrio deve ser paga at o dia 20 de dezembro.

    Atentar, por fim, data especfica do pagamento de cada resciso contratual.

    04. Juros de Mora

    04.1. Conceito, marco inicial da contagem e percentuais:

    Juros decorrentes da mora, isto , do atraso no pagamento de algo em consequncia de ato

    do devedor. No se confundem com juros que remuneram o capital (juros remuneratrios).

    Na Justia do Trabalho, os juros so contados a partir do ajuizamento da ao (art. 883 da

    CLT), incidindo sobre o principal corrigido.

    Devem incidir sobre o principal corrigido, aps a deduo dos descontos previdencirios a

    cargo do exequente (Sm. 52 TRT4).

    Percentuais aplicveis:

    De Out/64 a 26/02/87: 0,5% a.m., simples (Art. 1062 do Cdigo Civil)

    De 27/02/87 a 03/03/91: 1% a.m., capitalizados (D.L. 2.322/87)

    A partir de 04/03/91: 1% ao ms, simples e pr-rata-die (Lei 8.177/91).

    Fazenda Pblica

    OJ-TP-7 /TST- JUROS DE MORA. CONDENAO DA FAZENDA PBLICA. (nova

    redao) Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. I - Nas condenaes impostas Fazenda Pblica, incidem juros de mora segundo os se-

    guintes critrios:

    a) 1% (um por cento) ao ms, at agosto de 2001, nos termos do 1 do art. 39 da Lei n.

    8.177, de 1.03.1991;

    b) 0,5% (meio por cento) ao ms, de setembro de 2001 a junho de 2009, conforme deter-

    mina o art. 1 - F da Lei n 9.494, de 10.09.1997, introduzido pela Medida Provisria n

    2.180-35, de 24.08.2001;

    II - A partir de 30 de junho de 2009, atualizam-se os dbitos trabalhistas da Fazenda Pbli-

    ca, mediante a incidncia dos ndices oficiais de remunerao bsica e juros aplicados

    caderneta de poupana, por fora do art. 5 da Lei n. 11.960, de 29.06.2009.

  • 10

    04.2. Os juros decrescentes:

    A maior parte do ajuizamento das aes trabalhistas verifica-se aps o desligamento do em-

    pregado, no havendo, portanto, parcelas vincendas. Neste caso, os juros so idnticos sobre qual-

    quer valor postulado, independentemente do seu vencimento/competncia.

    Assim, o mesmo resultado obtido calculando-se os juros sobre cada parcela corrigida men-

    salmente, sobre o valor acumulado ms a ms dos crditos corrigidos ou sobre o montante do prin-

    cipal corrigido (resumo final), visto que o percentual de juros fixo. Por isso, na grande maioria dos

    casos os juros so calculados no resumo final.

    Temos, no entanto, situaes em que existem parcelas vincendas, ou seja, cujo vencimento ocorre aps o ajuizamento da ao, a exemplo de crditos devidos por conta de uma reintegrao no

    emprego, salrios do perodo de estabilidade, complementao de aposentadoria, casos em que o

    autor ingressou em juzo com o contrato ainda em vigor, verificando-se o seu desligamento a poste-

    riori, entre outras.

    Nestes casos, sobre as parcelas vencidas os juros so devidos de forma fixa, contados des-de o ajuizamento da ao. Mas, sobre as parcelas vincendas, os juros variam ms a ms, de forma decrescente.

    Ateno: em funo da necessidade da aplicao de juros decrescentes ser muito eventual,

    eventualmente verificamos clculos em que este procedimento no observado, o que recomenda

    redobrada ateno.

    Assim, em todos os processos em que existem parcelas vencidas e vincendas, os juros ja-

    mais podem ser calculados num nico percentual sobre todos os crditos (no resumo final, por

    exemplo), devendo ser calculados ms a ms, pelo menos em relao s parcelas vincendas.

    OBS: Os juros decrescentes, incidentes sobre as parcelas vincendas, devem ser contados a

    partir do primeiro dia do ms subsequente, excluindo-se da sua contagem, portanto, o ms de com-

    petncia. Tambm comum verificarmos erros neste procedimento, quando a conta computa juros

    decrescentes contando estes desde o primeiro dia de cada ms de competncia (implica 1% a mai-

    or, em mdia). Os juros passam a decrescer a partir do ms do ajuizamento da ao.

    Exemplo de Juros Decrescentes:

    Admisso 2-jan-03 Desligamento 31-mar-12

    Ajuizamento 16-dez-11 Atualizao 1-jul-12

    Juros s/ competncia at Nov/11 ................ 6,50% Vencidas

    Competncia dez/11 6,00% Vincendas

    Competncia jan/12 5,00% "

    Competncia fev/12 4,00% "

    Competncia mar/12 3,00% "

  • 11

    04.3. Cmputo mensal de JCM. Anatocismo:

    Um processo que est tramitando na Justia do Trabalho est sujeito, todos os meses, ao

    acrscimo de juros e correo monetria. Atualmente, com a estabilidade econmica, os valores so

    corrigidos mensalmente em percentuais mdios inferiores a 0,10% a. m. (mdia de Jul/10 a Jun/12),

    o que representa menos de 1% ao ano, enquanto os juros importam em 1% ao ms (12% ao ano).

    Verificamos, portanto, que o maior peso, atualmente, est no cmputo dos juros. Isto, no entanto,

    no significa dizer que os crditos trabalhistas (considerado o montante da conta) sofrem, sempre,

    um incremento mdio mensal mnimo de 1% (de juros) mais a variao da correo monetria, o

    que representaria um incremento final mnimo de 1% (mesmo quando a correo do ms fosse igual

    a zero).

    Ocorre que, sendo vedado o anatocismo (capitalizao de juros estes incorporam o capital a cada perodo em que so calculados), os juros de mora, conquanto sejam incrementados em 1% ao

    ms, incidem apenas sobre o principal corrigido e no sobre o montante (principal e juros). Isto de-

    termina que, a cada ms que passa, o impacto final do clculo de juros e correo monetria (consi-

    derados como um todo) seja decrescente. Conclui-se, assim, que o custo de rolagem de uma dvida

    trabalhista decrescente, ou seja, a cada ms que passa o incremento mdio final (juros e correo

    monetria) menor.

    Este efeito demonstrado a seguir, na tabela denominada Custo de Carregamento de Pro-

    cesso Trabalhista na qual, adotada uma correo mdia hipottica de 0,10% a. m., verificamos que,

    ms a ms, o incremento do montante da conta (Principal + J + CM) decrescente.

    Ao atualizarmos uma conta que se encontra defasada alguns meses, tambm devemos evitar

    o anatocismo. Neste caso, tambm verificaremos o impacto decrescente da aplicao dos JCM.

    Exemplo: considerando uma conta inicialmente atualizada at 01.Abr.12 e que comporte,

    naquela data, 60,50% de juros, devemos adotar um dos dois procedimentos abaixo se quisermos

    acrescer juros e correo monetria at o dia 01.Jul.12:

    Como vimos, ainda que tenhamos corrigido a conta e acrescentado 3% de juros adicionais, o

    montante da mesma variou apenas 1,94%, evidenciando que o impacto final do cmputo do JCM

    decrescente na medida em que transcorre o tempo.

    Ajuizamento ............. 16/03/2007 FACDT = 954,192712

    Atualizao at......... 01/04/2012 FACDT = 954,855977

    Principal Corrigido ... 22.500,00R$

    Juros ........... 60,50% 13.612,50R$

    Principal + J e CM ....... 36.112,50R$

    Conta com JCM at 01/07/2012

    Principal Corrigido 22.515,64R$ 22.500,00R$ : 954,19271 x 954,855977

    Juros 63,50% 14.297,43R$

    Principal + J e CM ....... 36.813,07R$

    Ou:

    Principal Corrigido....... 22.515,64R$ 22.500,00R$ : 954,19271 x 954,855977

    Juros Corrigidos ........... 13.621,96R$ 13.612,50R$ : 954,19271 x 954,855977

    Juros Adic. 3,00% 675,47R$ 22.515,64R$ x 3,00%

    36.813,07R$

    01/04/2012

    01/07/2012

  • 12

    04.4. Saldo devedor apurao e atualizao dois critrios:

    Nem sempre as aes trabalhistas so quitadas em uma nica oportunidade. Em inmeras si-

    tuaes pode ocorrer mais de um pagamento (amortizaes parciais). Por exemplo:

    liberao de depsitos recursais;

    liberao dos valores incontroversos;

    acordo parcelado;

    bloqueios e liberao de valores parciais;

    outros casos ...

    Em todas estas situaes necessrio atualizar (JCM) a conta at a data em que o valor foi

    liberado, deduzir o valor liberado, apurar o saldo e atualizar (JCM) este saldo.

    A atualizao (JCM) da conta at a data do pagamento parcial j foi vista no item anterior. A

    deduo do pagamento parcial, a identificao da composio do saldo devedor e a sua atualizao

    subsequente, no entanto, tm sido feita de duas formas.

    a) Deduzindo o pagamento parcial de forma proporcional (J e CM):

    Este critrio implica amortizar o valor pago de forma proporcional, entre juros e correo

    monetria.

    necessrio verificar quanto, em termos percentuais, est sendo pago em relao ao mon-

    tante da conta. Obtido este percentual, basta aplica-lo sobre as partes que compem a dvida (prin-

    cipal, juros, FGTS, honorrios advocatcios, etc...).

    Resumo da conta em 1-jul-11 Pago Saldo

    Principal Corrigido 10.000,00R$ 4.108,72R$ 5.891,28R$

    Juros de mora 58,20% 5.820,00R$ 2.391,28R$ 3.428,72R$

    Total com J e CM 15.820,00R$ 6.500,00R$ 9.320,00R$

    Valor pago em 1-jul-11 6.500,00R$ 41,09%

    Saldo devedor em 1-jul-11 9.320,00R$

    Atualizao (JCM) at 1-jul-12 FACDT FACDT

    Principal Corrigido 5.945,32R$ 1-jul-11 1-jul-12

    Juros Corrigidos 3.460,18R$ 946,176234 954,855977

    Juros Complement. 12,00% 713,44R$

    Saldo c/ JCM at 1-jul-12 10.118,94R$ 8,572%

  • 13

    b) Amortizando primeiramente os juros:

    Art. 354 do Cdigo Civil Lei 10.406/02. Havendo capital e juros, o pagamento impu-

    tar-se- primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulao em contrrio,

    ou se o credor passar a quitao por conta do capital.

    A aplicao do art. 354 do NCC, beneficia o autor por ocasio da atualizao (JCM) do sal-

    do devedor, eis que preserva o principal, base de incidncia dos juros de mora subsequentes.

    O art. 354 do NCC, embora fosse aplicado por algumas varas da 4 Regio, nunca foi uma

    unanimidade, sendo alvo de crticas e impugnaes. Em Jun/12, a Seo Especializada em Execu-

    o do E. TRT/4 editou a Orientao Jurisprudencial n 3, que assim determina:

    3) APLICAO DO ART. 354 DO CDIGO CIVIL. O pagamento do valor

    incontroverso, que engloba principal e juros de mora, torna inaplicvel o dis-

    posto no art. 354 do Cdigo Civil vigente, considerando-se a quitao pro-

    porcional s parcelas pagas.

    A seguir apresentamos algumas proposies de exerccios partindo de situaes prticas. Por

    exemplo: em havendo acordo para pagamento parcelado de uma condenao (10 parcelas, por

    exemplo), podemos deparar-nos com a utilizao trs procedimentos, com suas consequentes impli-

    caes, a saber:

    Resumo da conta em 1-jul-11 Pago Saldo

    Principal Corrigido 10.000,00R$ 680,00R$ 9.320,00R$

    Juros de mora 58,20% 5.820,00R$ 5.820,00R$ -R$

    Total com J e CM 15.820,00R$ 6.500,00R$ 9.320,00R$

    Valor pago em 1-jul-11 6.500,00R$ 41,09%

    Saldo devedor em 1-jul-11 9.320,00R$

    Atualizao (JCM) at 1-jul-12 FACDT FACDT

    Principal Corrigido 9.405,50R$ 1-jul-11 1-jul-12

    Juros Corrigidos -R$ 946,176234 954,855977

    Juros Complement. 12,00% 1.128,66R$

    Saldo c/ JCM at 1-jul-12 10.534,16R$ 13,027%

    Resumo da conta em 1-jul-11 Pago Saldo

    Principal Corrigido 10.000,00R$ -R$ 10.000,00R$

    Juros de mora 58,20% 5.820,00R$ 3.500,00R$ 2.320,00R$

    Total com J e CM 15.820,00R$ 3.500,00R$ 12.320,00R$

    Valor pago em 1-jul-11 3.500,00R$ 22,12%

    Saldo devedor em 1-jul-11 12.320,00R$

    Atualizao (JCM) at 1-jul-12 FACDT FACDT

    Principal Corrigido 10.091,73R$ 1-jul-11 1-jul-12

    Juros Corrigidos 2.341,28R$ 946,176234 954,855977

    Juros Complement. 12,00% 1.211,01R$

    Saldo c/ JCM at 1-jul-12 13.644,03R$ 10,747%

  • 14

    Principal em 01.Jun.11 R$ 50.000,00

    Juros em 01.Jun.11 R$ 25.000,00 (50%)

    Parcelamento 10 x R$ 7.500,00 + JCM

    Hiptese 01: A simples diviso do montante da conta por 10 e o cmputo de JCM sobre o valor da parcela anterior, ms a ms, implicando a incidncia de juros sobre juros (anatocismo).

    Hiptese 02: A diviso do montante por 10 e a decomposio de cada parcela em Juros e Prin-cipal, atualizando-se (JCM) a parcela ms a ms, sem anatocismo. Este critrio evitar a ocor-

    rncia de capitalizao dos juros.

    Parcela = R$ 7.500,00 sendo:

    Principal = R$ 5.000,00

    Juros (50%) = R$ 2.500,00

    Ms/Ano Parcela FACDT Juros Parcela

    01/08/2011 947,339084 10x de 7.500,00R$

    01/09/2011 1 949,305760 1% 7.590,73R$

    01/10/2011 2 950,257914 1% 7.674,32R$

    01/11/2011 3 950,847074 1% 7.755,87R$

    01/12/2011 4 951,460370 1% 7.838,48R$

    01/01/2012 5 952,351889 1% 7.924,29R$

    01/02/2012 6 953,174721 1% 8.010,44R$

    01/03/2012 7 953,174721 1% 8.090,55R$

    01/04/2012 8 954,192712 1% 8.180,18R$

    01/05/2012 9 954,409313 1% 8.263,86R$

    01/06/2012 10 954,855977 1% 8.350,40R$

    Total Pago ....................... 79.679,12R$

    Ms/Ano Parcela FACDT Principal Juros Juros Parcela

    01/08/2011 947,339084 5.000,00R$ 50,00% 2.500,00R$

    01/09/2011 1 949,305760 5.010,38R$ 51,00% 2.555,29R$ 7.565,67R$

    01/10/2011 2 950,257914 5.015,41R$ 52,00% 2.608,01R$ 7.623,42R$

    01/11/2011 3 950,847074 5.018,51R$ 53,00% 2.659,81R$ 7.678,33R$

    01/12/2011 4 951,460370 5.021,75R$ 54,00% 2.711,75R$ 7.733,50R$

    01/01/2012 5 952,351889 5.026,46R$ 55,00% 2.764,55R$ 7.791,01R$

    01/02/2012 6 953,174721 5.030,80R$ 56,00% 2.817,25R$ 7.848,05R$

    01/03/2012 7 953,174721 5.030,80R$ 57,00% 2.867,56R$ 7.898,36R$

    01/04/2012 8 954,192712 5.036,17R$ 58,00% 2.920,98R$ 7.957,15R$

    01/05/2012 9 954,409313 5.037,32R$ 59,00% 2.972,02R$ 8.009,33R$

    01/06/2012 10 954,855977 5.039,67R$ 60,00% 3.023,80R$ 8.063,48R$

    Total Pago ...................... 78.168,29R$

  • 15

    Hiptese 03: A diviso do montante por 10, a decomposio da parcela em principal e juros e a amortizao primeiro dos juros. Este procedimento pressupe a aplicao do Art. 354 do NCC,

    rechaado pelo TRT. Eventual aplicao do procedimento ora proposto, que ora apresentado

    como mera proposta de exerccio matemtico, demandar a construo de uma complexa plani-

    lha de clculo para que no se incorra em anatocismo.

    As partes podem, no entanto, estabelecer outras regras para compor o parcelamento. Por

    exemplo:

    a) n parcelas fixas mensais; b) n parcelas acrescidas apenas da correo monetria pela variao do FACDT (TR); c) n parcelas acrescidas apenas de juros de 1% a.m. (atentar para a possibilidade de ana-

    tocismo);

    d) n parcelas corrigidas pela variao do IGP-M (FGV), neste caso computando ou no eventuais variaes negativas (que no ocorrem com o FACDT);

    04.5. Atualizao dos honorrios de Assistncia Judiciria:

    Nas atualizaes procedidas pelas varas, frequentemente nos deparamos com dificuldades

    em relao atualizao (leia-se JCM) dos honorrios de AJ. Estes, sabemos, so uma funo do

    crdito bruto do autor (10%, 15%, 20%), mas nem sempre se comportam assim no decorrer da exe-

    cuo. Lembremos que frequentemente so liberados valores parciais (a exemplo dos depsitos

    recursais) que normalmente so abatidos apenas dos crditos dos autores, fazendo com que, nas

    atualizaes seguintes, os honorrios de AJ deixem de ser uma funo direta dos crditos do autor.

    Se ao atualizarmos o crdito bruto do autor atentamos para no incorrermos em anatocismo,

    o mesmo deve ocorrer em relao aos honorrios de AJ.

    A nica forma de atualizarmos (JCM) os honorrios de AJ sem incorrermos em anatocismo

    desdobrando o seu valor na parcela que corresponde ao principal e na que corresponde aos juros,

    corrigindo o principal e os juros e calculando os juros complementares.

    Principal Juros Cor-

    Corrigido rigidos + 1% / Parcela Principal Juros

    01/08/2011 947,339084 50.000,00R$ 25.000,00R$

    01/09/2011 1 949,305760 50.103,80R$ 25.552,94R$ 10 7.565,67R$ 50.103,80R$ 17.987,26R$

    01/10/2011 2 950,257914 50.154,05R$ 18.506,85R$ 9 7.628,99R$ 50.154,05R$ 10.877,86R$

    01/11/2011 3 950,847074 50.185,15R$ 11.386,45R$ 8 7.696,45R$ 50.185,15R$ 3.690,00R$

    01/12/2011 4 951,460370 50.217,52R$ 4.194,56R$ 7 7.773,15R$ 46.638,92R$ -R$

    01/01/2012 5 952,351889 46.682,62R$ 466,83R$ 6 7.858,24R$ 39.291,21R$ -R$

    01/02/2012 6 953,174721 39.325,16R$ 393,25R$ 5 7.943,68R$ 31.774,73R$ -R$

    01/03/2012 7 953,174721 31.774,73R$ 317,75R$ 4 8.023,12R$ 24.069,35R$ -R$

    01/04/2012 8 954,192712 24.095,06R$ 240,95R$ 3 8.112,00R$ 16.224,01R$ -R$

    01/05/2012 9 954,409313 16.227,69R$ 162,28R$ 2 8.194,98R$ 8.194,98R$ -R$

    01/06/2012 10 954,855977 8.198,82R$ 81,99R$ 1 8.280,81R$ -R$ -R$

    Total Pago .................... 79.077,10R$

    AmortizaoMs/Ano Parcela FACDT

    Composio Saldo

  • 16

    04.6. Juros, correo monetria a atualizao monetria:

    No devemos confundir a expresso juros e correo monetria com a expresso atualizao.

    Atualizar um clculo implica mero acrscimo de correo monetria. Portanto, atualizao ou atua-lizao monetria sinnimo de correo monetria. Atualizar um dado valor implica corrigir este valor.

    O cmputo dos juros tarefa que no guarda relao com a atualizao dos clculos.

    comum, num balco de vara por exemplo, ser postulado que determinado processo seja atua-lizado. O que se deseja, na verdade, que o valor de determinado clculo seja atualizado monetariamente e acrescido de juros ou, em outras palavras, que seja acrescido de juros e correo monetria. Mas disto no decorre que atualizao passe a ser sinnimo de juros e correo monetria.

    Portanto, juros no guardam, do ponto de vista tcnico-econmico, qualquer relao com a expres-so atualizao.

    Na Justia do Trabalho diversos valores esto sujeitos ao acrscimo de juros e correo monetria, a saber:

    Todos os itens supra esto sujeitos a acrscimo de correo monetria (atualizao monetria) e ju-ros de mora. A correo monetria aplicvel a todos os itens a TR. J os juros, variam de item para item.

    Tomemos como exemplo o debate dos juros sobre o FGTS devido por conta de condenao judicial. As empresas defendem o cmputo de juros de 3% a.a. (praticados pela CEF, gestora do FGTS) enquanto os autores defendem a incidncia dos juros trabalhistas (12% a.a.). A OJ 302 da SDI1 do TST procurou pacificar a questo, mas na sua redao no se verifica qualquer aluso aos juros, mas to somente correo mo-netria (quando tanto a correo dos crditos trabalhistas como a correo praticada pela CEF sobre os depsitos do FGTS observa a variao da TR).

    Da mesma forma a Orientao Jurisprudencial n 10 da Seo Especializada em Execuo do TRT4 aparentemente pretende atribuir tratamento diferenciado para o FGTS a ser depositado mas, mais uma vez, fala da apenas da correo monetria, no trazendo qualquer novidade.

    Nominal Efetivo

    Crditos Trabalhistas TR 1,0000% 12,0000% 12,0000%

    F.G.T.S. (CEF) TR 0,2466% 2,9595% 3,0000%

    Depsitos Recursais TR 0,2466% 2,9595% 3,0000%

    Garantias TR 0,5000% 6,0000% 6,1678%

    Caderneta Poupana TR 0,5000% 6,0000% 6,1678%

    JUROS E CORREO MONETRIA NA JUSTIA DO TRABALHO

    Juros AnuaisJuros

    MensaisTipo de Produto

    Correo

    Monetria

  • 17

    05. Horas extras e Horas de Compensao:

    05.1. Apurao das quantidades fsicas:

    Para operarmos numa calculadora com horas trabalhadas, antes necessrio que os minutos

    (fraes sexagesimais) sejam convertidos em fraes centesimais, o que obtido dividindo-se a

    quantidade de minutos por 60. uma operao extremamente singela.

    J para a converso de centesimais para minutos, necessrio efetuar a operao inversa,

    multiplicando-se as fraes centesimais por 0,60.

    Exemplo:

    8h 30min ou 8:30h = 8,50h ((8h + (30min / 60))

    11h 45min ou 11:45h = 11,75h ((11h + (45min / 60))

    Logo: das 8:30h s 11:45h temos 3,25h (11,75h 8,50h)

    Onde: 3,25h = 3h 15min ou 3:15h ((3h + (0,25 x 0,60))

    Sinale-se que, normalmente, a grafia em algarismos separada por vrgula (,) indica hora e

    centsimos de hora (11,75h = 11h 45min); j a grafia em algarismos separada com dois pontos (:)

    indica hora e minutos (11:45h = 11h 45min).

    05.2. Limites dirios, semanais e mensais:

    Podem ser consideradas como extras as horas excedentes de determinados limites dirios,

    semanais e at mesmo mensais (caso dos vigilantes = 190h 40min).

    Uma vez apuradas as quantidades de horas laboradas (em centesimais), basta verificar o ex-

    cedente da jornada normal definida, obtendo-se, assim, as quantidades de horas extras dia a dia,

    semana a semana ou no ms.

    Ateno: considerando a proliferao de softwares que efe-

    tuam clculos das horas trabalhadas, ressalvamos que qualquer erro

    na digitao do horrio (inverso do horrio de entrada e sada de um

    turno, por exemplo) pode gerar grandes distores no levantamento.

    Tais distores s so detectadas numa conferncia visual, que pode

    ser feita de forma bastante rpida, bastando um correr de olhos na coluna total de horas laboradas visando identificar eventuais totalizadores distorcidos da mdia esperada. Alerta-se: no so raros os levantamentos de carto ponto que contm erros desta nature-

    za, o que evidencia ser crucial a referida conferncia, tenham sido elaborados pela parte adversa,

    pelo perito do juzo ou pelo prprio perito assistente da parte que os requisitou.

    comum as sentenas estabeleceram a observncia de mais de um limitador para efeito de

    apurao das horas extras.

    Poder ser estabelecido um limitador dirio, um limitador semanal, um limitador dirio e

    outro semanal, um limitador semanal e outro mensal, etc...

    A Constituio de 1988 alterou a durao da jornada semanal (reduzindo de 48 para 44h), mas no alterou a durao da jornada diria (8h).

  • 18

    Admitindo-se a hiptese de que a sentena tenha determinado o pagamento, como extras,

    das horas excedentes de 8 dirias e/ou (ou apenas e) 44 semanais. Isso no implica em apurar as

    horas excedentes de um e outro limite e remunerar o somatrio encontrado (acumulao). O correto

    apurar os dois excedentes e remunerar o que gerou a maior quantidade de horas.

    Por outro lado, ainda que seja fixado apenas um limitador semanal, isso no implica dizer

    que no precisamos identificar a jornada cumprida diariamente, tida como normal, que somada atin-

    ja o limitador semanal. Isso porque quando ocorrerem faltas (justificadas ou no) ou feriados na

    semana, o sistema de levantamento de ponto ter que computar, no dia sem labor, a jornada normal

    correspondente. Considerando-se como extras, por exemplo, as horas excedentes de 44 semanais,

    podem-se ter as seguintes jornadas normais distribudas na semana:

    8h de segunda a sexta e 4 horas aos sbados;

    7h 20min de segunda a sbado;

    8h 48min de segunda a sexta-feira;

    9h de segunda a quinta e 8h s sextas;

    10h de segunda a quinta e 4h s sextas;

    Considerando que o autor se enquadrasse na primeira hiptese (8h de segunda a sexta e 4h

    aos sbados), caso no tenha trabalhado (feriado ou falta) num dia entre segunda e sexta, o sistema

    dever computar como extras as horas excedentes de 36h (44h 8h) ou somar 8h no dia sem labor; por outro lado, caso no tenha ocorrido labor no sbado, o sistema dever computar como extras as

    horas excedentes de 40h (44h 4h) ou somar 8h por conta do sbado.

    05.3. Adicionais diferenciados em funo das quantidades prestadas:

    comum as convenes normativas estabelecerem adicionais diferenciados para as horas

    extras prestadas alm de uma quantidade diria, semanal ou mensal. As prprias empresas, inde-

    pendente de previso normativa, podem adotar esta prtica. Por exemplo: 50% para as duas primei-

    ras horas extras e 75% para as demais.

    Em liquidao de sentena, ressalvado comando diverso, as horas extras devero ser remu-

    neradas com os adicionais legais, normativos ou com os praticados pela empresa, prevalecendo o

    critrio mais benfico para o autor.

    Ocorre que muitas vezes se nos deparamos com sentenas determinando, por exemplo, o pa-

    gamento como extras das horas excedentes de 44h semanais, observando-se os adicionais de 50%

    para as duas primeiras dirias e de 75% para as demais, sem estabelecer um limite de jornada nor-

    mal diria. Esta mais uma situao que, ainda que tenha sido fixado apenas um limitador semanal,

    torna-se imperioso identificar a jornada normal ajustada ou praticada (de segunda a sexta ou de se-

    gunda a sbado), para que, ao fim do cabo, sejam apuradas como extras as horas excedentes dos

    limitadores dirios, nica forma de apurar o excedente semanal e, ao mesmo tempo, identificar as

    quantidades de horas extras prestadas alm de duas dirias.

    Em outros casos, bastante comuns, o autor pode estar sujeito a laborar 44h semanais, distri-

    budas homogeneamente entre segunda e sexta, donde resulta o labor em 7h 20min dirios. Ainda

    que a sentena tenha determinado pagamento como extra das horas excedentes de 8h dirias e/ou

    44h semanais, caso as convenes estabeleam ou a empresa pratique os adicionais (por exemplo)

    de 50% para as duas primeiras horas extras e de 100% para as demais, por ocasio dos clculos de-

    vero ser consideradas como extras as horas excedentes de 7h 20min dirios. Aparentemente, tal

  • 19

    procedimento estar desrespeitando os limites estabelecidos na sentena, mas a nica forma de

    efetuar os clculos sem incorrer em distores gritantes.

    Estas situaes, aparentemente paradoxais, revelam-se uma realidade qual os calculistas

    tem que se habituar, por se verificarem com relativa frequncia.

    Jornada normal: 7h 20min e segunda sbado

    Labor arbitrado: 10h de segunda a sbado

    Condenao: HE excedentes de 8h/dia e 44h semanais

    LaborExtra

    Semanal

    Extra

    Dirio 1 e 2 HE

    Demais

    HE 1 e 2 HE

    Demais

    HE

    Seg 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Ter 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Qua 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Qui 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Sex 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Sb 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 4,00

    Total 60,00 16,00 16,00 12,00 4,00 12,00 4,00

    Exced. 7,33h de Seg a Sb 8h Seg/Sex - 4 Sb

    16,00

    Jornada normal: 7h 20min e segunda sbado

    Labor arbitrado: 9h de segunda a sbado

    Condenao: HE excedentes de 8h/dia e 44h semanais

    LaborExtra

    Semanal

    Extra

    Dirio 1 e 2 HE

    Demais

    HE 1 e 2 HE

    Demais

    HE

    Seg 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Ter 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Qua 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Qui 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Sex 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Sb 9,00 1,67 1,67 - 2,00 3,00

    Total 54,00 10,00 10,00 10,00 - 7,00 3,00

    Exced. 7,33h de Seg a Sb 8h Seg/Sex 4h Sb

    10,00

  • 20

    Acresa-se, ainda, o fato de que comum os calculistas apurarem em planilhas distintas as

    horas extras at um determinado limite dirio as que excedem este limite dirio. Identificar a jorna-

    da normal diariamente praticada de sua importncia para evitar graves distores de clculo, situ-

    ao que adiante ser objeto de estudo mais aprofundado.

    05.4. A jornada compensatria:

    Visando, geralmente, compensao do sbado no laborado, as partes podem ajustar a

    compensao de horrio que, via de regra, de 8h 48min de segunda sexta-feira (8,80h), resultan-

    do na jornada semanal de 44h semanais (8,80h/d x 5d = 44h semanais). A jornada poder, ento,

    exceder de 8h dirias, sem que ocorra a prestao de horas extras, desde que no exceda a carga de

    44h semanais.

    Jornadas compensatrias podem ser estabelecidas para a reduo ou supresso do labor nos

    sbados (mais usual), bem como para a reduo no labor de qualquer dia da semana. Por exemplo:

    Jornada normal: 8h de segunda a sexta e 4h aos sbados

    Labor arbitrado: 10h de segunda a sbado

    Condenao: HE excedentes de 8h/dia e 44h semanais

    LaborExtra

    Semanal

    Extra

    Dirio 1 e 2 HE

    Demais

    HE 1 e 2 HE

    Demais

    HE

    Seg 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Ter 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Qua 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Qui 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Sex 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 -

    Sb 10,00 2,67 2,00 0,67 2,00 4,00

    Total 60,00 16,00 16,00 12,00 4,00 12,00 4,00

    Exced. 7,33h de Seg a Sb 8h Seg/Sex - 4 Sb

    16,00

    Jornada normal: 8h de segunda a sexta e 4h aos sbados

    Labor arbitrado: 9h de segunda a sbado

    Condenao: HE excedentes de 8h/dia e 44h semanais

    LaborExtra

    Semanal

    Extra

    Dirio 1 e 2 HE

    Demais

    HE 1 e 2 HE

    Demais

    HE

    Seg 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Ter 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Qua 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Qui 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Sex 9,00 1,67 1,67 - 1,00 -

    Sb 9,00 1,67 1,67 - 2,00 3,00

    Total 54,00 10,00 10,00 10,00 - 7,00 3,00

    Exced. 7,33h de Seg a Sb 8h Seg/Sex 4h Sb

    10,00

  • 21

    8h 48min de 2 a 6f (sbado livre) Hs. Compensadas = 4h/semana (0,8h/dia de Seg a Qui)

    9h de 2 a 5 feira e 8h na 6 feira (sbado livre). Hs. Compensadas = 4h/semana (1h/dia de Seg a Qui)

    10h de 2 a 5 feira e 4h na 6 feira (sexta tarde e sbado livre). Hs. Compensadas = 8h/semana (2h/dia de Seg a Qui)

    O mero no atendimento das exigncias legais para a compensao de jornada, inclusive

    quando encetada mediante acordo tcito, no implica a repetio do pagamento das horas exceden-

    tes jornada normal diria, se no dilatada a jornada mxima semanal, sendo devido apenas o res-

    pectivo adicional (ex-Smula n 85 - segunda parte Res. 121/2003, DJ 19.11.2003).

    Mesmo havendo acordo assinado entre as partes prevendo a compensao das horas supri-

    midas ou reduzidas em determinados dias, mais de uma circunstncia pode levar invalidade deste

    regime, a saber:

    a) Labor nos sbado; b) Prestao habitual de horas extras; c) Ambiente insalubre

    Sendo postulada a nulidade do regime compensatrio, duas resultantes podero advir:

    a) Em sendo declarado vlido o regime compensatrio, eventual condenao de horas ex-tras limitar-se- s horas excedentes ao horrio compensatrio adotado;

    b) Em sendo considerado invlido o regime compensatrio, a reclamada ser condenada a pagar o adicional extra sobre as horas destinadas compensao e eventual condenao

    de horas extras tambm se limitar s excedentes ao regime compensatrio.

    No entanto, com frequncia se nos deparamos com iniciais que no postulam a nulidade do

    regime compensatrio - mesmo havendo tal ajuste e prtica - limitando-se a postular diferenas de

    horas extras consideradas como tais as excedentes de 8h dirias e 44h semanais, sendo proferidas

    sentenas nestes exatos termos e sem adentrar na questo do regime compensatrio, seja por omis-

    so, seja por ausncia de sustentao e/ou alegao do mesmo na defesa.

    Admitindo-se, por hiptese, o labor em 10h de segunda a sexta-feira, vejamos os possveis

    desdobramentos deste cenrio:

    a) Tivesse o autor postulado a nulidade do regime compensatrio, obtendo condenao fa-vorvel, desta resultaria o que segue:

    Horas laboradas por dia = 10h

    Horas laboradas por semana = 50h

    Horas extras excedentes de 44 semanais = 6h (hora + adicional)

    Horas indevidamente compensadas por semana = 4h (s adicional)

    No entanto, tivesse o Juzo validado o regime compensatrio, a condenao limitar-se-ia,

    provavelmente, s horas extras excedentes de 44h semanais, ou seja, a 4h semanais.

    b) Em nem o autor e nem a empresa adentrando na questo da adoo/validade do regime compensatrio, na maioria das vezes a condenao , pura e simples, de pagamento das

    horas extras que excedem de 8h dirias e 44h semanais (limitadores legais). O problema

  • 22

    que um e outro critrio normalmente geram quantidades de horas diversas prevalecen-

    do, nestes caso, o mais benfico ao autor.

    Horas extras excedentes de 8h/dia = 10h por semana (2h p/dia x 5d)

    Horas extras excedentes de 44 semanais = 6h (50h 44h)

    Disto resulta uma situao paradoxal:

    a) Tivesse o autor postulado a nulidade do regime compensatrio, o pior cenrio para a empresa seria pagar 6 horas extras por semana e apenas o adicional extra sobre 4 horas

    por semana;

    b) Como o autor no postulou a nulidade do regime compensatrio, a r corre o risco e de ter que pagar 10 horas extras por semana.

    A diferena entre um e outro critrio est justamente nas horas destinadas compensao

    (4h semanais, no caso), que j se encontram remuneradas dentro do salrio mensal. S.m.j. caberia

    reclamada, neste caso, antecipar-se na contestao, alegando a existncia do regime compensatrio,

    donde resultaria ser impossvel a condenao ao pagamento de horas extras excedentes de 8 dirias

    e sim das excedentes de 44 semanais. Assim procedendo a reclamada e no tendo a inicial postula-

    do a nulidade do regime compensatrio, a sentena, ressalvados entendimentos em contrrio, pro-

    vavelmente no adentraria no mrito da questo.

    06. Os intervalos

    06.1. Intervalos intrajornadas:

    Comuns: Esto previstos no art. 71/CLT e abrangem diversas categorias profissionais. No

    sendo computveis na durao do trabalho, no so remunerados (art. 71, 2, CLT).

    Jornadas: Intervalo Obrigatrio

    Contnua, superiores a 6h De uma a duas horas

    Jornada contnua de 4 a 6h 15min, aps a 4h de trabalho

    Especiais: est previsto no art. 72/CLT (10min de intervalo a cada 90min de trabalho em servios

    de datilografia, escriturao ou clculo, aplicado, tambm, aos digitadores, conforme Sm.

    346/TST). No deduzido da durao do trabalho, consequentemente remunerado. So tambm

    considerados exemplos de intervalos especiais e remunerados, os previstos nos arts. 229, 253 e 298

    da CLT. Se o intervalo no for cumprido, o mesmo dever ser remunerado como hora extra.

  • 23

    SMULA N 437 DO TST - INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMEN-

    TAO. APLICAO DO ART. 71 DA CLT (converso das Orientaes Jurisprudenciais ns

    307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

    I - Aps a edio da Lei n 8.923/94, a no-concesso ou a concesso parcial do intervalo intrajor-

    nada mnimo, para repouso e alimentao, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento

    total do perodo correspondente, e no apenas daquele suprimido, com acrscimo de, no mnimo,

    50% sobre o valor da remunerao da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuzo do

    cmputo da efetiva jornada de labor para efeito de remunerao.

    II - invlida clusula de acordo ou conveno coletiva de trabalho contemplando a supresso ou

    reduo do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, sade e segurana do

    trabalho, garantido por norma de ordem pblica (art. 71 da CLT e art. 7, XXII, da CF/1988), infen-

    so negociao coletiva.

    III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, 4, da CLT, com redao introduzida

    pela Lei n 8.923, de 27 de julho de 1994, quando no concedido ou reduzido pelo empregador o

    intervalo mnimo intrajornada para repouso e alimentao, repercutindo, assim, no clculo de outras

    parcelas salariais.

    IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, devido o gozo do intervalo

    intrajornada mnimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o perodo para descanso e

    alimentao no usufrudo como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art.

    71, caput e 4 da CLT.

    06.2. Intervalos entrejornadas (interjornadas):

    O intervalo entre uma e outra jornada de 11h, no podendo ser absorvido pelo perodo de

    descanso semanal (folga deve contemplar 35h = 24h + 11h), pena de pagamento de horas extras

    (Smula 110/TST)

    OJ-SDI1-355 INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVNCIA. HO-RAS EXTRAS.

    PERODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAO ANA-

    LGICA DO 4 DO ART. 71 DA CLT (DJ 14.03.2008). O desrespeito ao intervalo mni-

    mo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos pre-

    vistos no 4 do art. 71 da CLT e na Smula n 110 do TST, devendo-se pagar a integrali-

    dade das horas que foram subtradas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional.

    ATENO: No se confundem horas extras decorrentes do excesso do labor dirio, sema-

    nal ou mensal, com horas extras decorrentes da no concesso ou da concesso parcial dos interva-

    los intra e interjornadas. Com frequncia estas horas se sobrepem. Vejamos o quadro abaixo:

  • 24

    07. Adicional noturno e hora reduzida noturna

    07.1. O cmputo da hora reduzida noturna:

    A hora noturna do trabalhador urbano tem 52,5 minutos. Logo, das 22h s 5h, por exem-

    plo, temos 7h sem o cmputo da reduo noturna e 8h com o cmputo da hora reduzida noturna (7h

    : 52,5 x 60).

    A fico noturna no se aplica aos trabalhadores rurais. Para estes, a hora noturna tem

    60min, o adicional mnimo de 25% e os horrios noturnos so das 20h s 4h (pecuria) e das 21h

    s 5h (agricultura).

    A previso legal que o percentual do adicional noturno corresponda a, no mnimo, 20%

    sobre o valor da hora normal. No entanto, no h impedimento - sendo at mesmo frequente - para

    ajuste normativo e/ou prtica de adicionais superiores a 20%, recomendando-se a atenta leitura das

    previses normativas e a observncia da prtica da empresa.

    A apurao da jornada noturna COM o cmputo da reduo da hora noturna demanda o em-

    prego de uma das duas operaes matemticas abaixo:

    7h noturnas : 52,5min x 60min = 8h (c/ a reduo noturna)

    Ou ...

    7h noturnas x 1,142857 = 8h (c/ a reduo noturna)

    Onde: 1,142857 = 60min / 52,5min

    11h

    Data Ent Sai Ent Sai Total Exc 8h Gozado SubtradoOJ 307

    SUM 437 OJ 355

    Padro 08:00 12:00 13:00 17:00 8,00 - 1,00

    02/07/2012 08:00 12:00 12:45 17:00 8,25 0,25 0,75 0,25 1,00 -

    03/07/2012 08:00 12:00 12:30 17:00 8,50 0,50 0,50 0,50 1,00 -

    04/07/2012 08:00 12:00 12:15 17:00 8,75 0,75 0,25 0,75 1,00 -

    05/07/2012 08:00 12:00 12:00 17:00 9,00 1,00 - 1,00 1,00 -

    06/07/2012 08:00 12:00 12:00 16:00 8,00 - - 1,00 1,00 -

    09/07/2012 08:00 12:00 12:30 16:30 8,00 - 0,50 0,50 1,00 -

    10/07/2012 08:00 12:00 13:00 21:00 12,00 4,00 1,00 - - -

    11/07/2012 08:00 12:00 13:00 22:00 13,00 5,00 1,00 - - -

    12/07/2012 08:00 12:00 13:00 17:00 8,00 - 1,00 - 1,00

    Intervalo 1h

  • 25

    07.2. O pagamento em separado da hora reduzida noturna:

    comum verificarmos o pagamento em rubrica especfica da hora reduzida noturna. Tal pa-

    gamento feito s vezes como extra, s vezes como hora normal.

    A hora reduzida noturna, no entanto, no extra por natureza e tampouco pode ser paga co-

    mo hora normal, principalmente quando em rubrica especfica j foi remunerada a jornada contratu-

    al (salrio mensal).

    A hora reduzida noturna determinar, sempre, um incremento na jornada laborada, se com-

    parada com as horas de relgio, que poder ou no resultar em horas extras.

    Determinar, sempre, um incremento na quantidade fsica de horas noturnas (diretamente

    proporcional), para efeitos de pagamento do adicional noturno.

    Em outras palavras: a hora reduzida noturna sempre impactar de forma direta na quantidade

    de horas laboradas e de horas de adicional noturno. Poder impactar, no entanto, de forma extre-

    mamente variada na quantidade de horas extras.

    Por estas razes, pagar a reduo noturna em separado (seja como extra ou como normal) e

    no observ-la para efeito de pagamento das horas de adicional noturno, implicar sempre em dis-

    tores nas contas.

    Ademais, ao pagar a hora reduzida noturna em separado, a empresa, alm de no proceder

    corretamente, gera um problema no que diz respeito aos clculos de liquidao de sentena. Isso

    porque em todos os programas de levantamento de ponto a reduo noturna j resulta automatica-

    mente computada tanto nas horas laboradas, como nas horas extras (se gerou horas extras), como no

    adicional noturno. Considerando que os clculos de liquidao normalmente so elaborados por

    rubricas, o calculista depara-se com o dilema de ter que decidir entre deduzir os pagamentos a ttulo

    de hora reduzida noturna das horas extras ou das horas de adicional noturno, propiciando uma dis-

    toro praticamente incontornvel e que ora pode prejudicar uma, ora outra parte.

    Ateno: advertimos que a maioria dos programas para levantamento de horas extras dis-

    ponveis no mercado traz uma opo de uma coluna especfica na qual so indicadas as quantida-

    des de horas reduzidas noturnas. Mas tais horas normalmente j esto inseridas nas quantidades

    de horas laboradas, na quantidade de horas extras e nas quantidades de horas noturnas, de sorte

    que os dados constantes da referida coluna devem ser considerados apenas como ilustrativos.

    Por exemplo:

    Entrada Sada Entrada Sada Total Extras Noturnas HRN

    12:00 18:00 19:00 24:00 11,28 3,28 2,28 0,28

    18:00 23:00 00:00 4:00 9,71 1,71 5,71 0,71

  • 26

    07.3. A prorrogao do horrio noturno (critrio de liquidao x funo de plei-to/deferimento expresso):

    Em vrias atividades comum o empregado ingressar antes das 22h, laborando at as 7 ou

    8h do dia seguinte.

    A Smula 60 do TST, prev:

    ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAO NO SALRIO E PRORROGAO EM HORRIO

    DIURNO (incorporada a Orientao Jurisprudencial n 6 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e

    25.04.2005

    I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salrio do empregado para todos os efei-

    tos. (ex-Smula n 60 - RA 105/1974, DJ 24.10.1974)

    II - Cumprida integralmente a jornada no perodo noturno e prorrogada esta, devido tambm o adi-

    cional quanto s horas prorrogadas. Exegese do art. 73, 5, da CLT. (ex-OJ n 6 da SBDI-1 - inse-

    rida em 25.11.1996)

    Assim, tomando como exemplo um empregado que labora das 19h s 7h do dia seguinte,

    computada a hora reduzida noturna ele cumpre:

    Horas diurnas 03,00h (das 19h s 22h)

    Horas Noturnas c/ Red. Not. 10,29h (das 22h s 7h = 9h x 1,142857)

    Prorrogado o adicional noturno, aplica-se a fico da hora noturna tambm em relao ao

    labor noturno estendido.

    Nem todas as empresas observam o pagamento do adicional noturno sobre as horas noturnas

    laboradas em prorrogao ao horrio noturno.

    Nas liquidaes de sentena, a observncia da hora reduzida noturna automtica, assim

    como a observncia do tero das frias, por exemplo, no dependendo de postulao ou deferimen-

    tos expressos. Mas, respeitados entendimentos em contrrio, a observncia do adicional noturno em

    relao s horas noturnas prorrogadas deve ser expressamente postulada e deferida para ser obser-

    vada nos clculos de liquidao. Evidente que, se a empresa j adotava a prtica de pagar a prorro-

    gao do horrio noturno, o clculo de diferenas de adicional noturno eventualmente deferidas

    dever observar tal procedimento.

    Como critrio de clculo a ser definido para estes casos, uma alternativa seria a seguinte:

    Adicional noturno sobre as horas noturnas prorrogadas aps s 5h: observar ape-

    nas quando a sentena assim o determinar e, nos casos de omisso na sentena,

    quando tal prtica j era adotada pela empresa.

    08. Horas extras prestadas em horrio noturno:

    OJ-SDI1-97 HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO. BASE DE CL-

    CULO. Inserida em 30.05.1997

    O adicional noturno integra a base de clculo das horas extras prestadas no per-

    odo noturno.

  • 27

    08.1. Identificando as horas extras diurnas e noturnas

    A previso contida na OJ-SDI1-97 do TST, cria duas categorias de horas extras:

    a) As horas extras diurnas prestadas em horrio diurno b) As horas extras noturnas prestadas em horrio noturno

    Em primeiro lugar, portanto, e preciso identificar quais horas extras foram prestadas em ho-

    rrio diurno e quais foram prestadas em horrio noturno, procedimento que exige ateno especial.

    Em primeiro lugar necessrio elaborar identificar o total de horas prestadas em horrio di-

    urno e o total de horas extras prestadas em horrio noturno (com ou sem a observncia da prorroga-

    o do horrio noturno, conforme a situao do processo). Somadas as horas extras prestadas em

    horrio diurno e noturno temos o total de horas prestadas, permitindo que identifiquemos o exce-

    dente extra e, na sequncia da horas, verifiquemos quais horas extras foram prestadas em horrio

    diurno e quais foram prestadas em horrio noturno.

    Havendo horas prestadas em horrio noturno pode ocorrer de todas, apenas parte ou nenhu-

    ma hora noturna ter sido prestada em horrio extraordinrio. Disto decorrem as seguintes possibili-

    dades:

    a) Todas as horas prestadas em horrio noturno so extras, mas nem todas as horas extras so noturnas (quantidades de horas extras superam as quantidades de horas noturnas)

    b) Todas as horas extras so noturnas, mas nem todas as horas noturnas so extras (quanti-dades de horas noturnas superam as quantidades de horas extras)

    c) Existem horas noturnas, mas todas as horas extras so diurnas

    Demonstramos:

    Hs.

    Diur. Not. Not.

    Seg 01/08/11 08:00 12:00 13:00 17:00 8,00

    Ter 02/08/11 08:00 12:00 13:00 18:00 9,00 1,00

    Qua 03/08/11 08:00 12:00 13:00 19:00 10,00 2,00

    Qui 04/08/11 08:00 12:00 13:00 20:00 11,00 3,00

    Sex 05/08/11 13:00 18:00 19:00 22:00 8,00

    Sb 06/08/11 08:00 12:00 4,00

    Dom 07/08/11

    Seg 08/08/11 13:00 18:00 19:00 23:00 9,14 1,14 1,14 0,14

    Ter 09/08/11 14:00 18:00 19:00 23:00 8,14 0,14 1,14 0,14

    Qua 10/08/11 15:00 18:00 19:00 23:00 7,14 1,14 0,14

    Qui 11/08/11 13:00 18:00 19:00 00:00 10,28 2,28 2,28 0,28

    Sex 12/08/11 12:00 18:00 19:00 00:00 11,28 1,00 2,28 2,28 0,28

    Sb 13/08/11 08:00 12:00 4,00

    Sa TotalHs. Extras

    HRNDia Ent Sa Ent

  • 28

    A seguir um demonstrativo separando as duas primeiras horas extras das demais:

    Observe-se que em todos os levantamentos supra, a reduo noturna j foi automaticamente

    computada na totalizao as horas, assim como no total de horas extras (quando resultou em horas

    extras) e sempre no total de horas noturnas.

    As horas noturnas, por sua vez, para efeito de remunerao do adicional noturno, esto sem-

    pre computadas pelo seu total, ainda que parte possa ter sido prestada em horrio extra.

    08.2. Integrao do adicional noturno nas horas extras noturnas:

    Depois de identificadas as horas extras prestadas em horrio noturno, o procedimento para

    calcular as horas e o adicional noturno, podemos remunerar as horas extras diurnas e noturnas.

    Antes preciso identificar o valor da hora extra comum e do adicional noturno. Ambos de-

    pendem da composio das parcelas salariais pagas e/ou postuladas e no tm, necessariamente, a

    mesma base de clculo.

    Adotemos um exemplo de um empregado que percebe salrio e adicional de insalubridade,

    jornada de 220h mensais e comando expresso (assim como prtica da empresa) de cmputo do adi-

    cional de insalubridade na base de clculo as horas extras.

    Salrio (Jun/12) R$ 1.500,00

    Insalubridade Mdia R$ 124,40 ( R$ 622,00 x 20% )

    Sal/Hora com Insalubridade R$ 7,38 ( R$ 1.500,00 + R$ 124,40 ) : 220h

    Valor da Hora Extra (50%) R$ 11,08 ( R$ 1.500,00 + R$ 124,40 ) : 220h x 1,5

    Valor do Adicional Not. (20%) R$ 1,48 ( R$ 1.500,00 + R$ 124,40 ) : 220h x 1,5

    Hora Extra Noturna (50%) R$ 11,82 ( R$ 11,08 + 50% de R$ 1,48 ) = 60%

    Hora Extra Noturna (50%) R$ 13,29 (R$ 11,08 + R$ 1,48) x 1,50 = 80% (*)

    Hs.

    1 e 2 Demais 1 e 2 Demais Not.

    Seg 01/08/11 08:00 12:00 13:00 17:00 8,00

    Ter 02/08/11 08:00 12:00 13:00 18:00 9,00 1,00

    Qua 03/08/11 08:00 12:00 13:00 19:00 10,00 2,00

    Qui 04/08/11 08:00 12:00 13:00 20:00 11,00 2,00 1,00

    Sex 05/08/11 13:00 18:00 19:00 22:00 8,00

    Sb 06/08/11 08:00 12:00 4,00

    Dom 07/08/11

    Seg 08/08/11 13:00 18:00 19:00 23:00 9,14 1,14 1,14 0,14

    Ter 09/08/11 14:00 18:00 19:00 23:00 8,14 0,14 1,14 0,14

    Qua 10/08/11 15:00 18:00 19:00 23:00 7,14 1,14 0,14

    Qui 11/08/11 13:00 18:00 19:00 00:00 10,28 2,00 0,28 2,28 0,28

    Sex 12/08/11 12:00 18:00 19:00 00:00 11,28 1,00 1,00 1,28 2,28 0,28

    Sb 13/08/11 08:00 12:00 4,00

    HRNH.E.D. H.E.N.Dia Ent Sa Ent Sa Total

  • 29

    Frmula da HE Noturna = (Valor da HE Diurna + Adic. Extra s/ valor do Adic. Not.)

    (*) S.m.j., o valor da hora extra noturna NO deve ser calculado com base na frmula abaixo:

    HE Not 50% = (Hora Normal + Adic. Not.) + 50% = 80%

    Est frmula, que entendemos ser equivocada, remunera no s a hora extra noturna, mas o

    prprio adicional noturno pois equivale a [(Hora Normal + 50%) +(Adic. Not. + 50%)]. No caso do

    adicional extra de 50% e adicional noturno de 20%, ela gera um adicional final para a hora extra

    noturna de 80% [(Hora normal = 100% + 20% de adicional noturno) x 1,5].

    Para um salrio hora de R$ 10,00 teramos:

    Adicional Noturno (20%) R$ 2,00

    Hora Extra Diurna (50%) R$ 15,00

    Hora Extra Noturna (80%) R$ 18,00 (R$ 10,00 + R$ 2,00) + 50%

    Como ela j remunera o prprio adicional noturno prestado em horrio extra, para adotar es-

    t frmula teramos que remunerar o adicional noturno somente sobre as horas noturnas prestadas

    em horrio no extra, sob pena de remunerar duplamente o horrio noturno prestado em horrio

    extra.

    Mas, mesmo tomando este cuidado, o calculista teria que confrontar num nico demonstrati-

    vo as horas extras (diurnas e noturnas) e o adicional noturno prestado em horrio no extra, dedu-

    zindo os valores pagos sob estas rubricas, j que no poderia confrontar, em separado, o adicional

    noturno prestado em horrio no extra com o montante de adicional noturno pago pela r. O pro-

    blema que ao confrontar rubricas de natureza distinta num nico demonstrativo o expert incorre

    na possibilidade de compensar, discreta e imperceptivelmente, horas extras pagas a maior com adi-

    cional noturno pago a menor ou vice-versa, compensaes extras que geralmente no so autoriza-

    das na sentena que, no mais das vezes, pressupe que pagamentos a maior so liberalidade da em-

    presa.

    Portanto, no h motivo para gerar um clculo extremamente complexo e de difcil estrutu-

    rao (seno impossvel) quando as horas extras noturnas podem simplesmente ser remuneradas

    com base na frmula abaixo, que reiteramos:

    Frmula da HE Noturna = (Valor da HE Diurna + Adic. Extra s/ valor do Adic. Not.)

    A adoo desta frmula, alm de ser de singelssima operacionalidade, permite:

    a) Trabalhar com vrios adicionais de horas extras (Ex.: duas primeiras e demais); b) Comparar, em planilhas distintas, horas extras (diurnas e noturnas) com as horas extras

    pagas;

    c) Confrontar, em planilhas distintas, o valor devido a ttulo de adicional noturno sobre o total de horas prestadas em horrio noturno, deduzindo os equivalentes pagos.

  • 30

    08.3. Critrio de liquidao x pleito/deferimento expresso

    Mais uma cumpre referir que a incidncia do adicional noturno na base de clculo da hora

    extra noturna em poucos casos observada pelas empresas, nem sempre sendo postulado na inicial

    e, consequentemente, apreciado na sentena.

    Resta o questionamento: a sua aplicao matria para liquidao ou depende de pleito e

    expresso deferimento?

    Caso a empresa j adotasse esta prtica e havendo condenao ao pagamento de diferenas

    de horas, mesmo que a inicial no tenha postulado e a sentena no tenha ressalvado que o adicional

    noturno deve integrar a base de clculo das horas extras prestadas em horrio noturno entendemos,

    respeitados entendimentos diversos, que tal procedimento deve ser adotado nos clculos de liquida-

    o.

    Por outro lado, se a empresa no adotava tal prtica, se no houve pedido expresso e sendo a

    sentena omissa, vivel integrar o adicional noturno na base de clculo da hora extra noturna sem

    incorrer-se em clculo ultra petita? E se tal sucedeu na fase de liquidao, houve clculo ultra peti-

    ta?

    So perguntas que podem gerar polmicas. Uma alternativa para contornar esta situao se-

    ria o estabelecimento do seguinte critrio de clculo das horas extras:

    Base de clculo das horas extras: dever ser observada a mesma base adotada

    pela empresa no curso do contrato, ressalvado expresso deferimento diverso.

    Sabemos que as horas extras podem ser pagas a menor no mnimo em funo de trs situa-

    es distintas:

    a) Inobservncia da efetiva quantidade fsica prestada; b) Inobservncia da base de clculo correta (pela observncia de parcelas salariais pagas

    e/ou postuladas);

    c) Inobservncia dos adicionais legais ou normativos. Respeitados entendimentos em contrrio, se as iniciais ressalvarem expressamente as razes

    que geram as diferenas de horas extras postuladas, o direito de ampla defesa restar garantido, a

    sentena far o devido enfrentamento e eventuais discordncias podero objeto de recurso, evitan-

    do-se de remeter fase de liquidao a definio de determinados critrios, propiciando mais cele-

    ridade e segurana a esta fase que tem se mostrado to conturbada.

    09. Horas Extras e Adicional Noturno Bases de Clculo

    A definio da base de clculo das horas extras de fundamental importncia.

    A base de clculo das horas extras a remunerao mensal, que deve ser formada no rigor

    do art. 457 da CLT e Smula 264 do TST (salrio normal + verbas de natureza salarial + adicionais

    legais, contratuais ou coletivos).

    A Smula 264 do TST define de forma abrangente a base de clculo das horas extras e tem

    sua aplicao habitualmente postulada nas iniciais e deferida nas sentenas.

  • 31

    Smula 264 do TST - Hora suplementar. Clculo (Res. 12/1986, DJ 31.10.1986)

    A remunerao do servio suplementar composta do valor da hora normal, integrado por

    parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, con-

    veno coletiva ou sentena normativa.

    So aplicveis, tambm:

    Smula 226 do TST a gratificao por tempo de servio integra a base de clculo das horas extras. Bancrios

    Smula 203 do TST gratificao por tempo de servio natureza salarial - integra o salrio para todos os efeitos legais

    Smula 132 do TST o adicional de periculosidade, pago em carter permanente, in-tegra o clculo de indenizao e de horas extras.

    E, ainda, as OJ/SBDI-I/TST:

    N 47 inclui o adicional de insalubridade na base de clculo das HE;

    N 97 inclui o adicional noturno na base de clculo das horas extras noturnas e das extras diurnas trabalhadas na sequncia das horas noturnas (aps as 5h);

    N 267 periculosidade integra a base de clculo das horas extra.

    Para os empregados que recebem comisso, a Smula 340 do TST estabelece:

    340 - Comissionista. Horas extras (Reviso da Smula n 56 - Res. 40/1995, DJ 17.02.1995.

    Nova redao - Res. 121/2003, DJ 19.11.2003) O empregado sujeito a controle de horrio,

    remunerado base de comisses, tem direito ao adicional de, no mnimo, 50% (cinquenta

    por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-hora das comisses recebi-

    das no ms, considerando-se como divisor o nmero de horas efetivamente trabalhadas.

    OBS: Existem categorias que estipulam, nas normas coletivas, que mesmo aos comissiona-

    dos devido o valor da hora MAIS o adicional extra, no se aplicando, portanto, a

    Smula 340 do TST (Ex. Comercirios de P. Alegre,).

    397. COMISSIONISTA MISTO. HORAS EXTRAS. BASE DE CLCULO. APLICA-

    O DA SMULA N. 340 DO TST. (DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010)

    O empregado que recebe remunerao mista, ou seja, uma parte fixa e outra varivel, tem di-

    reito a horas extras pelo trabalho em sobrejornada. Em relao parte fixa, so devidas as ho-

    ras simples acrescidas do adicional de horas extras. Em relao parte varivel, devido so-

    mente o adicional de horas extras, aplicando-se hiptese o disposto na Smula n. 340 do

    TST.

    A base de clculo do adicional noturno a mesma da hora diurna, ou seja, integram a base

    de clculo do adicional noturno as gratificao por tempo de servio (ATS), o adicional de periculo-

    sidade (OJ SDI1 259), o adicional de insalubridade, etc...

    Apurao do salrio-hora: o salrio-hora pode ser obtido mediante a diviso do salrio

    mensal por 220h (para 8h dirias e 44 semanais), 180h (para 6h dirias, bancrios), 150h (para 5h

    dirias Ex. jornalistas e msicos), 120h (para 4h dirias Ex. mdicos e dentistas), entre outros divisores possveis.

  • 32

    O divisor 220h est na Smula 343/TST e corresponde ao resultado de 44h/semanais : 6d x

    30d. Assim, um empregado contratado para laborar 25h por semana tem sua jornada mensal equiva-

    lente a 125h (25h : 6 x 30).

    Para os empregados a que alude o art. 58, caput, da CLT, quando sujeitos a 40 horas sema-

    nais de trabalho, aplica-se o divisor 200 (duzentos) para o clculo do valor do salrio-hora (Sm.

    431 TST).

    Em se tratando de turnos ininterruptos de revezamento, as horas trabalhadas, alm da sexta

    diria, devem ser pagas como extras, observando o divisor 180h.

    SM 351/TST : O professor que recebe salrio mensal base de hora-aula tem direito ao

    acrscimo de 1/6 a ttulo de repouso semanal remunerado, considerando-se para esse fim o ms de

    quatro semanas e meia.

    Smula n 124 do TST BANCRIO. SALRIO-HORA. DIVISOR (redao alterada na sesso do Tribunal Pleno realiza-

    da em 14.09.2012) Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

    I O divisor aplicvel para o clculo das horas extras do bancrio, se houver ajuste individual ex-

    presso ou coletivo no sentido de considerar o sbado como dia de descanso remunerado, ser:

    a) 150, para os empregados submetidos jornada de seis horas, prevista no caput do art. 224 da

    CLT;

    b) 200, para os empregados submetidos jornada de oito horas, nos termos do 2 do art. 224 da

    CLT.

    II Nas demais hipteses, aplicar-se- o divisor:

    a)180, para os empregados submetidos jornada de seis horas prevista no caput do art. 224 da CLT;

    b) 220, para os empregados submetidos jornada de oito horas, nos termos do 2 do art. 224 da

    CLT.

    09.1. Aplicao da Smula 264 do TST limitaes:

    J vimos que as horas extras podem ser pagas a menor tanto em funo dos quantitativos f-

    sicos com em funo da base de clculo e dos adicionais praticados.

    Em relao base de clculo, temos que ter em mente que tanto pode envolver parcelas de

    natureza salarial pagas como impagas (neste caso parcelas postuladas/deferidas).

    Se a inicial ressalvou expressamente que a base de clculo das horas extras, tanto das pagas

    como das impagas, deveria observar as parcelas de natureza salariais pagas (e eventualmente impa-

    gas), restou garantido o princpio da ampla defesa e a sentena, obrigatoriamente, enfrentar a ques-

    to, sendo cabvel embargos declaratrios no caso de dvidas ou omisses. Neste caso, normalmen-

    te a base de clculo das horas extras consubstanciada na aplicao da Smula 264 do TST, que

    possui espectro bem amplo, no deixando margens para discusso na fase de liquidao.

    Mas sucede que muitas vezes a base de clculo no provocada na inicial e tampouco anali-

    sada na sentena, remanescendo dvidas na fase de liquidao quanto aplicao ou no da Smula

    264. Parece-nos que existem muitas situaes distintas. Daremos alguns exemplos:

  • 33

    a) Hiptese 1: O empregado percebia apenas o salrio bsico. Nunca percebeu horas extras e adicional

    de insalubridade, sendo credor de tais parcelas que foram postuladas e efetivamente de-

    feridas. Mas em nenhum momento foi postulado ou deferido que a base de clculo das

    horas extras observasse a smula 264. Tampouco foi postulado que o adicional de insa-

    lubridade integrasse as horas extras (neste caso as horas extras postuladas)

    Pergunta-se:

    Tendo a sentena deferido tanto o adicional de insalubridade como as horas extras mas

    nada referindo quando aos reflexos do adicional de insalubridade nas horas extras ou

    quando incluso do adicional de insalubridade na base de clculo das horas extras, ca-

    be a aplicao da smula 264 para incluir a insalubridade na base de clculo das horas

    extras. Sem dvida matria a ser dirimida em fase de liquidao e provavelmente, a

    deciso favorecer a parte autora.

    b) Hiptese 2: O empregado percebia horas extras e adicional de insalubridade, sem que a reclamada

    inclusse este na base de clculo daquelas. A inicial versa sobre o pagamento a menor

    das horas extras sem adentrar especificamente na questo da base de c