apontamentos para caso prático

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Intervencao do Estado A intervenção é a ingerência de um Estado nos negócios peculiares, internos ou externos, de outro Estado soberano com o fim de impor a este a sua vontade e caracteriza-se pela existência de três condições: imposição da vontade exclusiva do Estado que a pratica, a existência de dois Estados soberanos e de um ato abusivo, não baseado em compromisso internacional. Art. 19 Carta da OEA nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro. Este princípio exclui não somente a força armada, mas também qualquer outra forma de interferência ou de tendência atentatória à personalidade do Estado e dos elementos políticos, econômicos e culturais que o constituem Alguns Estados, contudo, vêm defendendo o uso do instituto da intervenção em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. Em regra, não configura conservação uma ação coletiva decorrente de compromisso firmado em tratado, como o da ONU, que confere roa Conselho de Segurança poderes para adotar as medidas destinadas a manter ou restabelecer a paz e segurança internacional. Segundo a chamada Doutrina Drago, "a dívida pública não pode motivar a intervenção armada e, ainda, menos a ocupação material do solo das nações americanas por uma potencia européia". Esse princípio surgiu de pronunciamento do ministro das Relações Exteriores da Argentina Luis Maria Grago, referindo-se ao bombardeio de portos venezuelanos pelos Estados Unidos como forma de forçar o pagamento das dívidas. Como resultado na 4ª Conferência Internacional Americana, em 1910, as partes comprometeram-se a submeter reclamações pecuniárias à arbitragem, desde que não possam ser resolvidas amistosamente por vias diplomáticas. Ainda no que se refere ao princípio da não-intervenção, importante destacar a Doutrina Monroe, surgida de uma mensagem dirigida ao Congresso dos Estados Unidos, em 1823, onde o Presidente James Monroe enumerou princípios norteadores da política externa no país. Três deles constituem a Doutrina Monroe: (I) o continente americano não pode ser sujeito de ocupação por parte de nenhuma potência europeia; (II) é inadmissível a intervenção de potência europeia nos negócios internos ou externos de qualquer país americano; (III) os Estados Unidos não intervirão nos negócios pertinentes a qualquer país europeu. Destacamos, a seguir, algumas espécies de intervenção a)Intervenção em nome do direito de defesa e conservação: b)Intervenção para a proteção dos direito humanos: c)Intervenção para proteção dos nacionais.

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Page 1: Apontamentos Para Caso Prático

Intervencao do Estado

A intervenção é a ingerência de um Estado nos negócios peculiares, internos ou externos, de

outro Estado soberano com o fim de impor a este a sua vontade e caracteriza-se pela

existência de três condições: imposição da vontade exclusiva do Estado que a pratica, a

existência de dois Estados soberanos e de um ato abusivo, não baseado em compromisso internacional.

Art. 19 Carta da OEA

nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual

for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro. Este princípio exclui não

somente a força armada, mas também qualquer outra forma de interferência ou de tendência atentatória à personalidade do Estado e dos elementos políticos, econômicos e culturais que o

constituem

Alguns Estados, contudo, vêm defendendo o uso do instituto da intervenção em defesa dos

direitos humanos e do meio ambiente. Em regra, não configura conservação uma ação coletiva

decorrente de compromisso firmado em tratado, como o da ONU, que confere roa Conselho de Segurança poderes para adotar as medidas destinadas a manter ou restabelecer a paz e

segurança internacional.

Segundo a chamada Doutrina Drago, "a dívida pública não pode motivar a intervenção armada

e, ainda, menos a ocupação material do solo das nações americanas por uma potencia européia". Esse princípio surgiu de pronunciamento do ministro das Relações Exteriores da

Argentina Luis Maria Grago, referindo-se ao bombardeio de portos venezuelanos pelos Estados Unidos como forma de forçar o pagamento das dívidas. Como resultado na 4ª Conferência

Internacional Americana, em 1910, as partes comprometeram-se a submeter reclamações

pecuniárias à arbitragem, desde que não possam ser resolvidas amistosamente por vias diplomáticas.

Ainda no que se refere ao princípio da não-intervenção, importante destacar a Doutrina Monroe, surgida de uma mensagem dirigida ao Congresso dos Estados Unidos, em 1823, onde

o Presidente James Monroe enumerou princípios norteadores da política externa no país. Três

deles constituem a Doutrina Monroe: (I) o continente americano não pode ser sujeito de ocupação por parte de nenhuma potência europeia; (II) é inadmissível a intervenção de

potência europeia nos negócios internos ou externos de qualquer país americano; (III) os Estados Unidos não intervirão nos negócios pertinentes a qualquer país europeu.

Destacamos, a seguir, algumas espécies de intervenção

a)Intervenção em nome do direito de defesa e conservação:

b)Intervenção para a proteção dos direito humanos:

c)Intervenção para proteção dos nacionais.

Proteçao Diplomatica

Outra regra para que se possa recorrer à proteção diplomática é a da necessidade de um vínculo de nacionalidade efetiva entre o indivíduo lesado e o Estado reclamante.

Refira-se que o Estado não exerce apenas a proteção diplomática a favor de cidadãos. Pode

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exercê-la também a favor de pessoas coletivas que tenham a sua nacionalidade.

DA PROTEÇÃO DIPLOMÁTICAComo já salientado, a doutrina clássica da responsabilidade, entende que no caso da vítima do ato ilícito proveniente de outro Estado, ser uma pessoa física ou jurídica, cumprirá primordialmente ao Estado da sua nacionalidade, outorgar-lhe a sua Proteção Diplomática. Gize-se que em sendo prejudicada uma pessoa jurídica, não se considera em Direito Internacional Público a sua nacionalidade, porquanto esta é o vínculo que une uma pessoa natural a um Estado, somente. Neste caso, há vários critérios utilizados para determinar a quem compete defender uma pessoa jurídica, no âmbito externo, tais como o lugar onde a mesma possui a sua sede, ou até mesmo a que nacionais pertencem a maioria do seu capital votante, dentre outros de somenos importância para esse estudo.O Estado cuja vítima foi prejudicada por ato imputado a outro ente soberano, poderá ou não conceder-lhe a sua proteção. Em caso positivo, há dois pressupostos que são a nacionalidade da vítima (ou no caso de pessoa jurídica a adoção dos critérios acima descritos) e o esgotamento dos recursos internos do ofensor.Um Estado só poderá defender os seus nacionais, cabendo a um dos entes soberanos, em caso de dupla nacionalidade, outorgar a sua proteção. É possível, ainda, em determinados casos, a proteção de uma pessoa por um Estado, em relação ao qual não é nacional, como por exemplo, na hipótese de um Estado neutro atuar em favor dos nacionais de outro acometido de uma guerra civil, contra os beligerantes que estão em poder de parte do seu território.O outro pressuposto – esgotamento dos recursos internos – quer significar que a vítima deverá ter percorrido todos os caminhos possíveis, dentro do Estado ofensor, em prol do seu direito, ou seja, é importante que tenha se utilizado de todos os recursos cabíveis até a última instância judicial ali existente. Entretanto, essa condição tem sido relativizada, levando-se em consideração que é muito difícil e praticamente impossível em determinadas hipóteses, que a vítima tenha acesso aos Tribunais do Estado que a prejudicou, o que demanda tempo e recursos financeiros de considerável monta. Portanto, é cabível a outorga da proteção diplomática sem o cumprimento desse requisito, a depender do caso.Procedida a outorga, que se faz mediante o endosso do Estado à reclamação do seu nacional, esta passará a ser do ente soberano, cabendo-lhe, a partir daí, decidir quais atitudes tomará, podendo inclusive, vir a abandonar a demanda.Ressalte-se que também às Organizações Internacionais é deferido a proteção, chamada neste caso de funcional, dos seus funcionários vítimas de um ilícito.

A proteção diplomática diz respeito à avocação da causa por parte do Estado de origem, faz-se mister salientar que esse deve ser submetido a normas e processos do Estado de ocorrência. O indivíduo vitimado por um fato ilícito, imputável a um Estado ou organização, não poderá reclamar diretamente a responsabilidade internacional.

Contudo, por meio da proteção diplomática de parte do seu Estado de origem é possível que um indivíduo venha a obter uma reparação para o dano que lhe aflige. 

Duas condições devem ser atendidas para que um Estado possa exercer a proteção diplomática internacional em benefício de um indivíduo. Primeiramente, é preciso que este seja nacional do Estado protetor quando do advento do fato ilícito e que dita nacionalidade corresponda a um vínculo efetivo entre o indivíduo e a soberania que endossa sua reclamação.Além disso, o indivíduo já deve ter esgotado, no plano interno, todas as vias suscetíveis de garantir-lhe a reparação do dano. Resta evidente que, ao considerar este requisito, deve também ser apreciado o caráter dos recursos disponíveis ao lesado em seara interna.

Page 3: Apontamentos Para Caso Prático

Protecção diplomática – proporciona a cada Estado, através dos seus representantes diplomáticos e consulares, defender pessoas e bens dos seus cidadãos em relação aos Estados estrangeiros nos quais os mesmos se encontrem. Esta protecção implica relações jurídicas internacionais entre os Estados. A protecção internacional dos direitos do homem mesmo quando consista na atribuição directa de direitos internacionais aos indivíduos, pretende assegurar os seus direitos e assegurá-los perante o Estado de que são membros.