apontamentos dto fiscal ii (teórico) - joaquim lopes

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Direito Fiscal II) Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 ) Aula de 27-09-2012 Apresentação, faltei à aula Professores: Joaquim Rocha ( Procedimento tributário), Quarta Feira Cláudio Carvalho ( Processo tributário) Bibliografia: Lições de Procedimento e Processo Tributário, de Joaquim Freitas Rocha, Coimbra Editora. Aula de 27/09/2012 - Procedimento Aula de 5ª Feira – Prof. Joaquim Rocha - Procedimento Tributário Aula de 4ª Feira – Prof. Cláudio Carvalho – Processo Tributário 1º Teste – Procedimento Tributário – 20/12/2012 Bibliografia: - Constituição - Lei Geral Tributaria - Condigo do Processo e do Procedimento Tributário - Regime Complementar do Procedimento de Inspecção Tributária - Lições do Procedimento e do Processo Tributário. - Roteiro da Justiça Tributária - Paulo Cardoso e Carlos Valentim Aula de /10/2012 Tipo de aula : Teórica Turno : T1 Título : Abordagem inicial Sumário : Abordagem ao Direito tributário adjectivo. A distinção entre procedimento e processo tributário. A actividade administrativa em matéria tributária. Notas de José Carlos Simões O direito fiscal II incide sobre o direito tributário adjectivo. Em direito fiscal I estuda-se o direito tributários substantivo – criação de normas, de forma geral e abstracta. O direito tributário adjectivo – conjunto de aplicação normativa. Tem uma vertente marcadamente individual e concreta. Direito Tributário adjectivo é aplicado por: -Administração tributária -Tribunal -Privados O conjunto ordenado de actos conducentes a uma emanação da vontade de administração tributaria chama-se procedimento tributário. Página 1 a 38 Joaquim Lopes

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Apontamentos Direito Fiscal II

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Page 1: Apontamentos Dto Fiscal II (Teórico) - Joaquim Lopes

Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

Aula de 27-09-2012

Apresentação, faltei à aula

Professores: Joaquim Rocha ( Procedimento tributário), Quarta FeiraCláudio Carvalho ( Processo tributário)

Bibliografia: Lições de Procedimento e Processo Tributário, de Joaquim Freitas Rocha, Coimbra Editora.

Aula de 27/09/2012 - Procedimento

Aula de 5ª Feira – Prof. Joaquim Rocha - Procedimento Tributário

Aula de 4ª Feira – Prof. Cláudio Carvalho – Processo Tributário

1º Teste – Procedimento Tributário – 20/12/2012

Bibliografia:

- Constituição - Lei Geral Tributaria- Condigo do Processo e do Procedimento Tributário- Regime Complementar do Procedimento de Inspecção Tributária- Lições do Procedimento e do Processo Tributário.- Roteiro da Justiça Tributária- Paulo Cardoso e Carlos Valentim

Aula de /10/2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Abordagem inicial

Sumário : Abordagem ao Direito tributário adjectivo. A distinção entre procedimento e processo tributário. A actividade administrativa em matéria tributária.

Notas de José Carlos Simões

O direito fiscal II incide sobre o direito tributário adjectivo.Em direito fiscal I estuda-se o direito tributários substantivo – criação de normas, de forma geral e abstracta.O direito tributário adjectivo – conjunto de aplicação normativa. Tem uma vertente marcadamente individual e concreta.Direito Tributário adjectivo é aplicado por:-Administração tributária-Tribunal-Privados

O conjunto ordenado de actos conducentes a uma emanação da vontade de administração tributaria chama-se procedimento tributário.

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

O conjunto ordenado de actos conducentes a uma emanação de uma vontade jurisdicional chama-se processo tributário.O procedimento tributário tem o seu âmbito aplicativo na Administração Tributária, terminando com o acto administrativo.O processo tributário tem o seu âmbito de aplicação nos tribunais, terminando com um sentença ou acórdão.Após o acto decisório, há um acto final (notificação) comunicação ao contribuinte.Até à decisão todos os actos são condição de validade. Apos, a decisão e após a notificação, o acto torna-se eficaz – artº 71º da LGT.A notificação é o acto pelo qual se leva um facto ao conhecimento de uma pessoa ou se chama alguém a juízo.A citação é o acto destinado a dar conhecido ao executado de que foi proposta contra sí determinada execução ou chamar a este, pela primeira vez, pessoa interessada – artº 35º CPPT.Tributo – É uma quantia pecuniária devida ao Estado, duplamente coactiva e com finalidades financeiras.Tem que ser uma quantia coactiva (tem o seu fundamento na lei).O seu conteúdo tem que estar fixado na lei.Essas quantias têm que se destinar a satisfazer necessidades colectivas.Dão Tributos.-Os impostos-As taxas-As contribuições Especiais.

O cumprimento da sanção aplicada não exonera do pagamento da prestação tributária devida e acréscimos legais – artº 9º da RGIT

Actividade Administrativa em Matéria Tributaria-Dimensão subjectiva – Quem é ?-Dimensão objectiva – Que actos pode praticar?

A administração tributária (artº 1, nº3 da LGT) é a actividade da Autoridade Tributaria Aduaneira e actividade de todas as entidades públicas encarregues da cobrança de tributos.

Actos praticados pela Administração Tributária:-Liquidação – quantificação do tributo.-Cobrança-Avaliação-Derrogação do sigilo bancário-Indeferimento/deferimento do pedido de pagamento em prestações-Benefícios fiscais-Penhora de bens

Penhora – é um acto da administração tributária de desapossamento de um bem com vista à venda do mesmo.1º Actos singulares ou individuais / actos gerais2º Actos Unilaterais / Actos consensuais3º Actos impositivos / Actos Não Impositivos4º Actos definitivos / Actos não definitivos5º Actos de primeiro grau / Actos de segundo grau6º Actos Expressos / Actos tácitos7º Actos vinculativos / Actos discricionários8º Actos validos / Actos Inválidos9º Actos eficazes / Actos ineficazes

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

Aula de 4/10/2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Actividade administrativa tributária

Sumário : A actividade administrativa em matéria tributária. Uma noção juridicamente adequada de Administração tributária. A classificação dos actos da Administração tributária.

Notas de José Carlos Simões

Tipologia dos Actos da Administração Tributária

1. Actos singulares ou individuais / actos gerais

Actos singulares ou individuais são os que se aplicam a um individuo concreto e a uma situação concreta.Exemplo:

- Avaliação de um prédio- Liquidação- Derrogação do sigilo bancário (art.º 63º-B LGT)

Actos gerais – São actos de natureza genérica. Não tem um destinatário individualizado.Exemplo: orientações genéricas – artº 55º e 56º do CPPT – São todas as circulares da Administração Tributária. Estas orientações constam de uma base de dados – artº 56º do CPPT.

2. Actos Unilaterais / Actos consensuais

Actos unilaterais – são os que resultam de uma imposição da administração tributaria. Excepcionalmente existem actos que podem ser fixados por acordo. Exemplo:

a) Benefícios a grandes empresasb) Realização de avaliação indirecta, recorrendo a indícios ou presunções – artº 87º LGT.c) Pedido de revisão da matéria colectável – artº 91º LGT

Actos consensuais – são os que resultam de um acordo com a administração tributaria.

3. Actos impositivos / Actos Não Impositivos

Actos impositivos são aqueles que implicam uma consequência jurídica negativa na esfera jurídica do destinatário.Actos não impositivos são os que não implicam uma consequência jurídica negativa na esfera jurídica do destinatário, portanto, implicam efeitos jurídicos favoráveis.

Exemplo:

- Benefícios fiscais- Isenções de propinas

Restrições de Direitos, Liberdades e Garantias:

- Direito de propriedade- Reserva da vida privada- Inviolabilidade do domicílio

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

- Inviolabilidade de correspondência.

4. Actos definitivos / Actos não definitivos

Actos definitivos: a) Em sentido materialb) Em sentido horizontalc) Em sentido vertical

a) Em sentido material - quando fixa efeitos jurídicos de um modo ultimo, terminal, conclusivo e final. Não está sujeita a acertos materiais.Exemplo: Liquidação de IRS.Art.ºs 132º, 133º e 134º do CPPT – Impugnação de pagamentos por conta.

b) Em sentido horizontal – quando for o ultimo acto de uma cadeia horizontal.Exemplo: artº 54º do CPPT – Impugnação Unitária

c) Em sentido vertical – quando um acto é a ultima pronúncia da Administração Tributária acerca de determinada posição jurídica. O acto não é verticalmente definitivo quando não for a última pronúncia da administração Tributária.Em regra não se exige definitividade vertical aos actos ( esgotar a via administrativa)

5. Actos de primeiro grau / Actos de segundo grau

Actos de primeiro grau significam a 1ª pronúncia da Administração Tributária acerca de determinada situação jurídica.Actos de segundo grau significam a 2ª prenuncia da Administração Tributária acerca de determinada situação jurídica. São os actos praticados no âmbito de procedimentos recursivos ou impugnatórios.Exemplo:Artº 68º CPPT – Reclamação GraciosaArtº 66º CPPT – Recurso hierárquicoArtº 91º LGT – Pedido de revisão da matéria colectávelArtº 78º LGT – Pedido de revisão de actos tributários

Artº 57 – nº 3 LGT – No procedimento tributário os prazos são contínuos e contam-se nos termos do Cod. Civil.

Aula de 10-10-2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Actos tributários

Sumário : A classificação dos actos da administração tributária (continuação). A importância da distinção entre actos tributários e actos administrativos em matéria tributária.

6. Acto expresso e actos tácitos

Distinguem pelo modo como o órgão decisor formula a vontade. No expresso traduz-se num meio directo, inequívoco, concludente em relação determinado sentido. A AT de umas forma objetiva e inequívoca exprime um determinado sentido decisório. O modo mais comum é a resposta escrita, deferindo ou não deferindo. Pode haver uma manifesto presencial ou oral. No acto tácito, a manifestação de vontade administrativo é indirecta, manifesta-se de um modo que com probabilidade indicia um determinado sentido, uma manifestação indiciadora com base num determinado comportamento.

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

O único comportamento com valor tácito é o silêncio administrativo. Qual o valor declarativo do silencio:- é necessário um prazo, uma baliza temporal localizado que delimite as prerrogativas da AT. LGT art.º 57.º n. 1. Em regra o prazo para conclusão do procedimento é de e 4 meses. A AT te, de decidir e de notificar dentro do prazo. Conta-se nos termos do art.º 57.º 3, prazos contínuos, nos termos do Ccv. Se o prazo for ultrapassado, aplica-se o art.º 57.º n. 5., a regra é o indeferimento tácito. Esta questão só faz sentido nos procedimentos petitórios, não faz sentido se for a própria AT a iniciar o procedimento. No entanto existem situações de deferimento tácito, o art.º 64.º n. 3 prevê o sancionamento tácito do relatório. Excepção 57.º n. 5. Não estaremos perante um deferimento tácito devido à presunção de legalidade da AP, assim como devido ao privilégio de execução prévia da AP. Por outro lado, o indeferimento tácito permite de imediato a via de recurso, ficciona-se a existência de um acto administrativo de indeferimento da AT.

7. Actos vinculados e actos discricionários:

Existem vários métodos para atribuir prerrogativas de liberdade aos aplicadores das normas tributarias (Karl Engish, introdução ao pensamento jurídico, tem um capitulo só sobre este tema).

- Usando conceitos indeterminados, “ao anoitecer”, o agente decide se...- Estabelecendo balizas normativas, mínimos e máximos. Frequentemente usada no

direito penal, quem fizer xxx, sofre uma ena entre y anos e n anos- Utilizando o conceito de “pode”: os benefícios fiscais podem.... ser concedidos.

A opinião do Prof. Joaquim Rocha defende que a margem de discricionariedade existe quando é possível integrar uma margem de liberdade que não pode ser sindicada pelo Juiz.O acto será vinculado quando o legislador fixa todos os pressupostos de aplicação da norma ao caso em concreto não concedendo ao aplicador normativo qualquer prerrogativa de liberdade ou margem de valoração. O acto será não vinculado quando o legislador apenas fixa os pressupostos essenciais da norma ao caso em concreto conferindo ao agente aplicador uma margem autónoma de valoração. CIRS 71.º n. 1 a) é um acto absolutamente vinculado. Art.º 82 CIRS, usa conceitos indeterminados, despesas de saúde por exemplo. Art.º 196.º CPPT, n. 4, o pagamento em prestações pode ser autorizado.... o aplicador pode aceitar ou não o pagamento em prestações.

8. Existência e inexistência

Prende-se com a relevância ou irrelevância para o direito, o acto é existente quando for relevante para o direito, quando for susceptível de produzir efeitos jurídicos no ordenamento, inexistente quando não for acto a desencadear efeitos no ordenamento jurídico. Muitas vezes são meros factos. Os actos existentes poderão ser:

9. Válidos ou inválidos

Conformidade com o parâmetro de legalidade, ou o parâmetro de validade. Aquilo com que devemos comparar para verificar a validade. O acto será válido se estiver de acordo com o ordenamento jurídico ( leis, Dec. Lei, CRP, Direito Europeu, tratados internacionais, regulamento). O acto inválido é o que é ilegal, viola as normas do ordenamento jurídico, contrários ao parâmetro de legalidade. Existem 3 categorias de invalidade dos actos:

- Nulidade: o vício é de tal forma grave e sancionado de tal forma, que anualidade pode ser invocada pro qualquer interessado, legitimidade, a todo o tempo, tempestividade. - Fala-se em declaração de nulidade.

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

- Anulabilidade, pode ser invocada por quem tem interesse e num determinado prazo prescrito pela lei. Este é o regime regra do direito tributário. Ex. art.º 102.º CPPT – Fala-se em anulação

- Irregularidade, mero erro, pode ser suprida pele própria administração. Dentro do prazo que a lei refere, art.º 95.º B como exemplo.

- Eficazes ou ineficazes: Prende-se com a susceptibilidade de produção de efeitos jurídicos, como exemplo, o acto tributário é eficaz após notificação ao interessado, art.º 77.º LGT n. 6, a eficácia da decisão depende da notificação, à contraiu, uma decisão não notificada, é ineficaz, independentemente da sua validade.

Quando o contribuinte interpõe uma reclamação, este pode ter um efeito suspensivo, paralisa os efeitos do actos tributário, ou não tem efeitos suspensivos, tem efeitos devolutivos, o acto continua a produzir os seus efeitos, o prazo continua a decorrer. A regra é a inexistência do efeito suspensivo, art.º 69.º f), CPPT. O contribuinte não deve pensar que não devendo, não terá que pagar, o acto goza da presunção de legalidade, assim como a AP tem o privilégio de execução prévia. O recurso hierárquico também não tem efeitos suspensivos, tem efeitos devolutivos, art.º 67.º n. 1.

Aula de 11-10-2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Continuação

Sumário : A actividade administrativa em matéria tributária (conclusão). Noção de procedimento tributário. Tipologia dos procedimentos tributários.

Continuação a partir do ponto 8.

../..

Actos lesivos e concretos da AT em relação ao contribuinte:

• Liquidação – Acto tributário• Avaliação – acto administrativo em matéria tributária• Derrogação segredo bancário - acto administrativo em matéria tributaria• Revogação BF - acto administrativo em matéria tributaria• Indeferimento PPP, pedido pagamento prestações - acto administrativo em matéria

tributaria• Penhora de salários.

Art.º 68.º CPPPT, visa os actos tributários. O procedimento de reclamação graciosa é exclusivo para os actos tributários. Acto tributário, estamos a falar exclusivamente de Liquidação.Art.º 68.º CPPPT “1- O procedimento de reclamação graciosa visa a anulação total ou parcial dos actos tributários por iniciativa do contribuinte, incluindo, nos termos da lei, os substitutos e responsáveis.”

Os actos da AT podem ser:

• Gerais e abstratos• Actos tributários

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

• Actos administrativos em matéria tributaria.

A AT não pratica os actos do modo, no momento e na altura em que quer, existe uma sequencia organizada que leva a que o acto seja tomado, o procedimento tributário.

Garantias do contribuintes ( matéria lecionada na aula de 18-10-2012)

Meios de reação do contribuinte perante actos lesivos da AT e supostamente ilegais

Garantias administrativa

Efectivam-se perante órgãos da AT, junto da própria administração. Podem ser denominadas garantias graciosas (historicamente o contribuinte não tinha direito de se defender, em casos excepcionais o príncipe concedia a graça do contribuinte de poder reclamar). Existem 2 grupos:

• Garantias não impugnatórias, não tem em vista colocar em crise um acto da administração

o Direito à informação: todos os contribuintes tem direito a ser informados sobre os actos e procedimentos que afetem a sua situação tributaria. CRP art.º 268.º, direito de registo aberto, open file. Direito a informações prévias vinculativas, art.º 57.º CPPT, uma densificação da CRP.

o Direito à participação: os contribuintes devem ter o direito de participar no procedimento conducente à decisão, como é o caso da audição, art.º 60.º LGT. “1 - A participação dos contribuintes na formação das decisões que lhes digam respeito pode efectuar-se, sempre que a lei não prescrever em sentido diverso, por qualquer das seguintes formas:”Se o contribuinte não for ouvido, CPPT art.º 99.º d), “Constitui fundamento de impugnação qualquer ilegalidade, designadamente: d) Preterição de outras formalidades legais.”, preterição de formalidades, acto anulável. Direito de audição e não audiência. Este ultimo pressupõe uma situação superioridade da AT em relação ao contribuinte. Aqui temos uma situação de paridade entre as partes.

• Garantias impugnatórias, tem o objectivo de colocar em crise um acto da administração, sindicância ou fiscalização de um acto da AT. Teoricamente são estes, na pratica são o que o legislador lhes chamar, art.º 73.º e 75.º CPPT. As categorias abstratas são:

o Reclamação: dirigida ao autor do acto o Recurso (administrativo): Dirigida a entidade diversa ao autor do acto,

normalmente é dirigida ao órgão hierárquico superior, daí designar-se normalmente por recurso hierárquico.

Garantias jurisdicionais

Efectivam-se perante órgãos jurisdicionais, tribunais tributáriosGarantias politicas ( juntos dos meios políticos, petições AR, provedor de justiça, etc). Não são jurídicos não vamos tratar. Garantias contenciosas. Sempre que em contencioso tributário falamos em meios que tramitam nos tribunais tributários.

• Direito de acção: prerrogativa de poder intentar em tribunal uma acção contra a administração tributaria. O contribuinte desempenha um papel activo. Ex.: art.º 97.º e ss.

• Direito de oposição: O contribuinte tem um papel reactivo, o direito do contribuinte de se opor a uma acção desencadeada pela AT. Ex.: Processo de execução fiscal, o contribuinte tem o direito de se opor. Art.º 203.º e ss.

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

• Direito de recurso: Direito de recorrer de uma decisão de 1ª instancia para um tribunal superior, o recurso dentro dos tribunais, art.º 279.º

Natureza jurídica dos recursos:

Recurso Administrativo > Recurso Contencioso > Recurso Jurisdicional

Recorre-se para um Órgão > Para os tribunais > Para um tribunal superior (de um da 1ª instância)

Procedimento Tributário

Esquema geral dos procedimentos em matéria tributaria

• Liquidação: Conjunto de actos praticados pela AT tendentes ao apuramento da matéria tributaria. Art.º 59.º ss do CPPT

o Procedimento de liquidação, o conjunto global e actos tendentes ao apuramento da divida tributaria.

o Acto de liquidação, em sentido restrito, o acto de apuramento da matéria tributável.

• Cobrança: Art.º 78.º e ss CPPT o Voluntária: dentro do prazo do pagamento voluntárioo Coerciva: efectuada para além do prazo do pagamento voluntário.

(Associada ao processo de execução fiscal, art.º 148.º CPPT)

Esquema procedimento tributárioProcedimento

1. Informativoa. Informação destinada AT

i. Procedimento de Inspeção tributaria ( LGT art.º 63.º densificado RCPIT)ii.Procedimento de derrogação Sigilo Bancário, Acesso directo da AT. LGT art.º 63.º - B

b. Informação destinada ao contribuintei.Orientações genéricas, visam informar o contribuinte. Art.º 55.º 56.º CPPT

ii. Informações Vinculativas. Art.º 57.º CPPT e 68.º LGT2. Avaliativo

a. Avaliar bens sujeitos a tributaçãoi.Avaliação prévia. Art.º 58.º CPPT “1 - Os contribuintes poderão, caso

provem interesse legítimo, mediante o pagamento de uma taxa a fixar entre limites mínimos e máximos definidos anualmente pelo ministro competente, solicitar a avaliação de bens ou direitos que constituam a base de incidência de quais quer tributos, a que a administração tributária ainda não tenha procedido.”

ii.Avaliação directa, avaliar os bens pelo seu valor real. Art.º 83.º LGT “1 - A avaliação directa visa a determinação do valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação.”

iii. Avaliação indirecta, avaliar um bem por presunção ou indícios. Art.º 83.º LGT “2 - A avaliação indirecta visa a determinação do valor dos rendimentos ou bens tributáveis a partir de indícios, presunções ou outros elementos de que a administração tributária disponha.”

3. Procedimentos de 2º grau, impugnatórios ou recursivos

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

a. Reclamação Graciosa, art.º 68.º CPPT “1- O procedimento de reclamação graciosa visa a anulação total ou parcial dos actos tributários por iniciativa do contribuinte, incluindo, nos termos da lei, os substitutos e responsáveis.”

b. Recurso hierárquico, art.º 66.º CPPT “1 - Sem prejuízo do principio do duplo grau de decisão, as decisões dos órgãos da administração tributária são susceptiveis de recurso hierárquico.”

c. Pedido de revisão da matéria tributável art.º 91.º LGT “1 - O sujeito passivo pode, salvo nos casos de aplicação do regime simplificado de tributação em que não sejam efectuadas correcções com base noutro método indirecto, solicitar a revisão da matéria tributável fixada por métodos indirectos em requerimento fundamentado dirigido ao órgão da administração tributária da área do seu domicílio fiscal, a apresentar no prazo de 30 dias contados a partir da data da notificação da decisão e contendo a indicação do perito que o representa.”

d. Pedido de revisão dos actos tributários, art.º 78.º LGT “1 - A revisão dos actos tributários pela entidade que os praticou pode ser efectuada por iniciativa do sujeito passivo, no prazo de reclamação administrativa e com fundamento em qualquer ilegalidade, ou, por iniciativa da administração tributária, no prazo de quatro anos após a liquidação ou a todo o tempo se o tributo ainda não tiver sido pago, com fundamento em erro imputável aos serviços.”

LiquidaçãoArt.º 59.º CPPT1 - O procedimento de liquidação instaura-se com as declarações dos contribuintes ou, na falta ou vício destas, com base em todos os elementos de que disponha ou venha a obter a entidade competente.

CobrançaArt.º 78º CPPTA cobrança das dividas tributarias pode ocorrer sob as seguintes modalidades: a) Pagamento voluntário; b) Cobrança coerciva.

Aula de 18-10-2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Introdução ao estudo do procedimento tributário.

Sumário : Introdução ao estudo do procedimento tributário. A noção de procedimento tributário. As mais relevantes fases do procedimento tributário.

Aula de 25-10-2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Procedimento tributário - fases

Sumário : As fases do procedimento tributário.

Procedimento contencioso, o processo tributário

Noção de procedimento tributário1

1 Ler Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 79 a 89

Página 9 a 38Joaquim Lopes

Page 10: Apontamentos Dto Fiscal II (Teórico) - Joaquim Lopes

Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

Um conjunto ordenado de actos conducentes à manifestação de vontade de um órgão da administração tributaria. Um complexo de actos. Cada acto é um acto autónomo, autonomamente valorado. Em regra só se pode atacar o acto final, no entanto, alterando-se a lei, poder-se-á atacar cada um de per si.“conjunto de actos, provenientes de actores jurídico-tributários distintos, relativamente autónomos e organizados sequencialmente, direccionados à produção de um determinado resultado, do qual são instrumentais.”A AT não pratica os actos quando lhe convém, existe uma ordenação consequencial, há uma ordenação vinculada, é uma ordenação legal, resulta da lei, as partes não podem alterar a sequencia ou a ordem. Qualquer alteração chama-se preterição de formalidades, o que gera uma ilegalidade.Em regra existe um conjunto de fases que todos os procedimentos devem cumprir.

O objecto do procedimento pode ser jurídico ou material, ou por outras palavras, próprio ou impróprio. No primeiro caso, estamos perante a questão a ser decidida pela AT, como por exemplo decidir se um determinado rendimento está ou não sujeito a IRS, sobre a manutenção ou não de um beneficio fiscal, no segundo caso, o objecto impróprio será o acto ou omissão sobre o qual incide a decisão, como por exemplo o acto administrativo de revogação de um beneficio fiscal, o acto administrativo que decide se um determinado rendimento está ou não sujeito a IRS.

Fases do procedimento tributário

1. Fase de Iniciativa ou impulso do procedimento2. Fase de Instrução

a. Fase de Audição (quando a lei exigir)3. Fase Decisória 4. Fase de Integração de eficácia ou comunicação

Este ordenação é imperativa e legal

1. Fase de Iniciativa2: Temos que distinguir:

a. Procedimentos da iniciativa do contribuinte. Alguns só fazem sentido por iniciativa o contribuinte, o pedido de informações vinculativas, art.º 57.º CPPT, pedido de reconhecimento de benefícios fiscais, art.º 65.º CPPT, interposição de recurso hierárquico, art.º 66.º, art.º 68.º CPPT §1

b. Procedimentos da iniciativa da AT: Alguns só fazem sentido por iniciativa da AT, art.º 63.º - B LGT, acesso a informações bancárias; art.º 87.º LGT avaliação com base em indícios ou presunções. As denuncias anónimas não dão inicio ao procedimento nos termos do art.º 70.º LGT. As denuncias anónimas não dão necessariamente inicio ao procedimento, no entanto, a AT pode dar inicio a uma investigação por via da denuncia, ou seja, pode inicia-lo de facto. Há situações em que AT tem a possibilidade de discricionariamente iniciar o procedimento ou não, outras situações há em que AT é obrigada a iniciar o procedimento, ex officio, é obrigada legalmente a faze-lo, art.º 87.º LGT

c. Procedimento dual ou misto: art.º 78.º LGT, revisão dos actos tributários, assim como inspecção. Um procedimento iniciado pela AT a pedido do contribuinte.

2 Ler Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 89 a 95

Página 10 a 38Joaquim Lopes

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

2. Fase de Instrução3: Fase em que se vão carrear para o procedimento os elementos de prova necessários a uma boa decisão, assim como fixar os interesses a valorar. AT analisa a informação probatória e cruza os dados. Quanto à prova devemos analisar duas dimensões:

a. Dimensão subjectiva: quem conduz a instrução, a AT, o MP, a PJ. Art.º 71 LGT regra da agregação ou de inerência, é o órgão instrutor que é o órgão decisor. A regra é que a instrução está a cargo da mesma entidade competente para a decisão, o que pode levantar alguns problemas, na medida em que ao decidir vai transpor da instrução pré-ideias para a decisão. A CRP art.º 32.º, define o principio acusatório, (procedimento criminal), o inquérito, a instrução, o julgamento, estão em entidades distintas. Este sistema, o do procedimento tributário, acaba por ser mais eficaz, mais célere.

b. Dimensão objectiva: Que elementos de prova podem ser usados na instrução do procedimento, como a prova documental, testemunhal, etc. Art.º 72.º LGT. O instrutor pode usar todos os meios de prova admitidos em direito. O Ccv, art.º 341.º e ss, contem os meios de prova possíveis em direito. Prova documental, pericial, testemunhal, .... a. Em regra o contribuinte pode ter os diversos meios de prova. Existem excepções, em que o legislador restringe os meios de prova a serem usados. Art.º 69.º CPPT, e), limita à prova documental. Em alguns procedimentos existe uma limitação dos meios probatórios.

As situações jurídicas passivas podem ser divididas em dois grandes grupos:a. Dever jurídico, uma obrigação. Existe uma sanção se o dever não for

cumprido.b. Ónus. Apresentar os elementos de prova, não é uma infracção, não

corresponde uma sanção mas um elemento por comprovar.O ónus da prova recai sobre quem invocar os factos. Não existe nenhuma regra geral de presunção. Art.º 74.º n. 1 LGT.

a. Quando estamos perante actos impositivos, é a AT que tem de provar.i.Quando estamos perante actos não impositivos, é ao contribuinte

que cabe o ónus da prova.b. Existe um caso em que existe uma repartição do ónus da prova. Nos casos

de avaliação indirecta, art.º 87.º b) e 88.º c). No caso, é à AT que caberia o ónus da prova. No entanto, depois de provar que existem os indícios, os pressupostos dos art.º indicados, caberá ao contribuinte provar que não teve os rendimentos presumidos. Temos aqui uma situação de repartição do ónus da prova. Art.º 74.º n. 3, LGT.

3. Fase de Decisão4: temos dois critérios para avaliar a decisãoa. Decisão expressa ou decisão tácita: a expressa resulta de uma

manifestação administrativa concludente e inequívoca. Situações em que a AT formula a decisão de modo directo, verbal, escrito, etc.A decisão tácita é a que resulta de um comportamento indiciador, resulta do silencio da administração, art.º 57.º n. 5, em caso de silencio, presume-se que as pretensões do contribuinte são indeferidas. Como a AT tem a presunção de legalidade dos actos válidos, como o acto se presume válido, tem a AT o privilegio da execução prévia, podendo ser executado de imediato.

b. Decisão positiva ou negativa: faz sentido nos procedimentos petitórios, em que o contribuinte faz um pedido ou um requerimento.

3 Ler Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 95 a 984 Ler Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 98 a 102

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4. Fase de Integração de eficácia5: é dada através da comunicação, o acto é comunicado por duas formas essenciais ( notificação tributária): a regra é a notificação. Ambos são meios individuais de notificação, a lei distingue:

a. Notificação: A notificação aplica-se a quase todos os casos, em procedimento sempre, em processo sempre, com excepção da execução fiscal.

i.Requisitos materiais: Art.º 36.º CPPT, tem que conter o meio de defesa, deve dizer como reagir à notificação. Faltando elementos, o art.º 37.º n. 1 e 2, permite um prazo mais alargado para preparar a sua defesa.

ii.Requisitos formais: A forma da notificação poderia ser pessoal ou postal, a pessoal é a notificação em viva voz, em matéria tributária interessa a notificação postal, art.º 38.º CPPT: (não geram ilegalidades, são meras irregularidades.

1. Via postal simples: 38.º n. 42. Carta Registada: 38.º n. 3, casos que não se enquadram no

numero 1 nem no numero 4.3. Carta registada com aviso de recepção: 38.º n. 1

b. Citação: At.º 35.º CPPT, é o acto destinado a dar conhecimento ao executado, só em sede de processo de execução fiscal.

A eficácia da decisão depende da notificação: Art.º 77.º n. 6. LGT.

a. Audição (quando a lei exigir): O principio da participação implica que os destinatários dos actos devem ter o direito a participar no procedimento conducente à decisão. Art.º 60.º LGT. n.1. Acontece na fase de instrução.

Aula de 08-11-2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : princípios

Sumário : Conclusão do sumário da lição anterior. Os princípios enformadores do procedimento tributário.

Princípios enformadores do procedimento tributário. ( a matéria mais importante)

Os princípios aplicados ao procedimento tributário6

1. Principio da legalidade2. Principio da verdade material3. Principio da cooperação4. Principio da vinculação de forma5. Principio da celeridade6. Principio da proporcionalidade7. Principio da disponibilidade/inquisitório8. Principio da participação9. Principio da confidencialidade10. Principio da imparcialidade11. Principio de decisão12. Principio da fundamentação13. Principio da publicidade14. Principio do duplo grau

5 Ler Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 103 6 Ler Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 104 a 136

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

Principio da legalidade da actuação administrativa

Diz respeito à criação normativa em matéria procedimental. Presente na CRP, art.º 103.º n. 2 e 3, assim como na LGT, art.º 8.º.A legalidade deverá ser considerada tendo em conta o ordenamento jurídico, as leis, decretos-lei, CRP, Direito da União Europeia, e até conformidade com actos administrativos tributários anteriores.

Para recordar o principio da legalidade estudado em Direito Fiscal I:

Principio da legalidade:

- Vertente negativa - Primado da lei- Vertente positiva - Reserva de lei- Critério da Fonte produção normativa:

o a) Reserva em sentido formal: intervenção material fixando a disciplina dos impostos através de lei, ou através de intervenção formal, autorizando o governo a legislar sobre os imposto, reserva de lei relativa, através de lei de autorização legislativa nos termos do art.º 165.º n. 1, al. i) 1ª parte da CRP. Exige que que o comportamento do órgão executivo seja um acto normativo dotado de força de lei. Reserva de intensidade mínima.

o b) Reserva em sentido material: Ou princípio da tipicidade, obrigação da lei conter toda a disciplina da matéria reservada, a incidência, a taxa, os benefícios fiscais, e as garantias dos contribuintes. A conduta da administração tem por base uma qualquer norma geral e abstracta. Reserva de intensidade máxima.

- Critério do Grau de determinação da conduta:a) Reserva de intensidade máxima: ( ou absoluta) A norma tributária deve

conter em si mesma todos elementos da decisão no caso concreto. O fim e o conteúdo da decisão sejam directamente fornecidos pela norma. A norma não se limita a autorizar um comportamento, mas sim a defini-lo nos termos e o modo de execução. A decisão obtém-se por mera dedução da lei. Exclui o subjetivismo na aplicação da lei, que envolve a proibição da analogia e da discricionariedade.

b) Reserva de intensidade mínima: Reserva em sentido formal.Quando está em causa a criação de um imposto, taxa, etc, a reserva de lei quanto à fonte de produção normativa e formal é absoluta. O princípio da legalidade face à evolução da constituição quanto à reserva de lei relativamente à reserva relativa ou absoluta actualmente é diferente.O entendimento rigoroso do princípio da legalidade visa a protecção do cidadão.

Principio da verdade material7

Enquadra-se no âmbito dos objetivos do procedimento, define qual o objetivo do procedimento tributário, qual a sua finalidade. A AT tem sempre por objetivo a prossecução do interesse publico, no sentido de interesse colectivo, a AT nunca tem interesses próprios, são sempre interesse heterónimos, da colectividade. A AT exerce determinadas

7 Ver acórdão TC 84/2003

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competências e determinados poderes qualificados juridicamente como poderes funcionais, um poder atribuído para tutelar interesses alheios. Por isso não é admissível a AT referir-se a interesses financeiros da administração.CRP art.º 266.º “1. A Administração Pública visa a prossecução do interesse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.”Uma visão possível, seria a de que para efeitos tributários, o interesse publico é o interesse financeiro na receita publica, na cobrança de dinheiros públicos. Como consequência directa, em caso de duvida, teríamos a situação de “em dúbio pro fisco”, teríamos um principio que em caso de duvida, cobrava-se. Adoptamos outra orientação, que é o principio da descoberta da verdade material. A AT obriga-se a trazer para o procedimento todo o documento e informação, quer seja a favor quer seja contra a AT, todos os elementos necessários à descoberta da verdade, o que também acontece no sentido inverso, ou seja, o contribuinte também não deve ocultar elementos.Importante saber em concreto se AT está a prosseguir a descoberta da verdade material ou persegue outro objectivo.

Principio da cooperação

Muitas vezes o único titular a verdade material, dos rendimentos, propriedades, é o próprio contribuinte. Todos estão obrigados a cooperar, perspectiva-se numa dimensão supra pessoal, supra partes, o dever de cooperação perspectivado numa dimensão pessoal, intersubjectiva. Da mesma forma, estando a AT em posse de elementos que proporcionariam um beneficio fiscal a um contribuinte, e por estes ignorados, deve a AT, pelo dever de cooperação, carrear para o procedimento tais elementos.

• Conteúdo do dever de cooperação: um verdadeiro dever jurídico, se não for cumprido tem consequências. Manifesta-se principalmente através de obrigações acessórias, previstas na LGT art.º 31.º n. “2 - São obrigações acessórias do sujeito passivo as que visam possibilitar o apuramento da obrigação de imposto, (servem para apurar a verdade, não o apuramento do imposto, interpretação correctiva) nomeadamente a apresentação de declarações, a exibição de documentos fiscalmente relevantes, incluindo a contabilidade ou escrita, e a prestação de informações.” interessa-nos principalmente as de natureza documental ( há mais):

o Obrigação de apresentar declaraçõeso De manter contabilidade organizadao Obrigação de emitir factura ou recibo

Muitas vezes a verdade material está dependente da boa vontade do contribuinte.

• Consequências: o Art.º 87.º LGT; presunções. A tributação presuntiva, através de indícios ou

presunções. Quando a AT necessita que o contribuinte declare e este não o faz, ficciona-se uma verdade material, tributa-se com base em indícios, uma verdade material aproximada. Esta tributação chama-se avaliação indirecta. n.º 1 b), o art.º 88.º densifica esta alínea. O art.º 89.º-A, n. 4, prevê as manifestações de fortuna e os respectivos rendimentos presumidos. Aplica-se quando se verificarem os pressupostos do n.º 1 esta artigo.

o Revogação de benefícios fiscais: estes, também chamados alívios da tributação, podem ser de duas espécies, automáticos, resultam directamente da lei, dedução de despesas de saúde, e BF dependentes de reconhecimento, precisam de um acto administrativo a confirmar esse beneficio, como por exemplo a isenção de propinas, a isenção de IMI, etc. Tratam-se de benefícios fiscais do próprio, não dos ascendentes ou descendentes. Não há transmissibilidade de penas, nomeadamente das penas fiscais. Art.º 14.º n. 2 LGT “Os titulares de benefícios fiscais de qualquer

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natureza são sempre obrigados a revelar ou a autorizar a revelação a administração tributaria dos pressupostos da sua concessão, ou a cumprir outras obrigações previstas na lei ou no instrumento de reconhecimento do beneficio, nomeadamente as relativas aos impostos sobre o rendimento, a despesa ou o património, ou às normas do sistema de segurança social, sob pena de os referidos benefícios ficarem sem efeito.” Também art.º 14.º EBF.

o Responsabilidade de quem não cooperar: RGIT, art.º 2.º § Responsabilidade disciplinar ou hierárquica se falarmos de

funcionários da AT.§ R Civil pelos prejuízos que os contribuintes causarem à AT.§ Responsabilidade infracional, tem na sua base uma infração

tributária, pode ser:• R Criminal, casos mais graves, revestidas de um elevado

grau de ilicitude, são crimes, com uma pena de prisão ou multa. Existe um principio da intransmissibilidade das penas, art.º 30.º CRP, ninguém pode sujeitar-se a uma pena de outrém.

• R Contraordenacional, são punidas com pena de coima. Aplica-se da mesma forma o art.º 30.º CRP. Se entendermos que as coimas não são penas, admite-se a transmissibilidade das coimas, questão que se coloca entre as sociedades e os gerentes ou administradores. O art.º 30.º CRP refere-se à generalidade das reações desfavoráveis do ordenamento jurídico em relação ao contribuinte.

o Agravamento à colecta: agravamento da divida tributaria, principalmente quando o contribuinte faz uma utilização abusiva dos seus meios de defesa. Art.º 77.º CPPT, a AT pode aplicar um agravamento até 5% da colecta. Uma manifestação de discricionariedade. Art.º 91.º n. 9 da LGT.

o Suspensão de prazos. A AT tem prazos máximos para terminar o procedimento tributário, 4 meses. Pode acontecer que o contribuinte actue de tal forma que os prazos não podem ser cumpridos, pelo que a falta de colaboração faz com que os prazos sejam suspensos, art.º 57.º n. 4, LGT.

Principio da vinculação de forma

Art.º 54.º LGT, qual a forma do procedimento: 3 - O procedimento tributário segue a forma escrita, sem prejuízo da tramitação electrónica dos actos do procedimento tributário nos termos definidos por portaria do Ministro das Finanças, mediante a qual será regulada a obrigatoriedade de apresentação em suporte electrónico de qualquer documento, designadamente requerimentos, exposições e petições.

Um principio geral de vinculação de forma, os actos do procedimento devem ter a forma escrita. Obrigação de forma solene, escrita. Excepções:

• Exercício do direito de audição, art.º 60.º n. 6. LGT• Reunião no âmbito do procedimento de revisão da matéria tributável fixada por

métodos indirectos. LGT, art.º 91.º n. 3 e 92.º n.1.• Reclamação graciosa simples, CPPT, art.º 70.º, n. 6, em caso de uma reclamação

graciosa simples, devendo ser posteriormente reduzida a termo.

Aula de 15-11-2012

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : princípios

Sumário : Continuação do estudo dos princípios enformadores do procedimento tributário.

Principio da celeridade

Impõe que as decisões procedimentais tributarias sejam levadas a cabo em tempo útil. Muitas vezes mais importante do que uma decisão justa, é haver uma decisão em tempo útil. Ser dada uma solução num prazo razoável do ponto de vista do ordenamento jurídico. Impõe:

1.Simplicidade e economia procedimental. Desburocratização, actuações descomplicadas. Simples e eficazes, uma regra aflorada no art.º 69.º a) CPPT. Que as actuações não sirvam ou não provoquem a dilação no tempo do procedimento. Art.º 57.º n. 1 LGT. O procedimento por iniciativa do contribuinte é arquivado se ficar parado de 90 dias, por factos a este imputados.

2. Rapidez na actuações. Prazos máximos: Vamos ter prazos de decisão imperativamente fixados. Prazos: São prazos corridos, não se suspendem. Interrupção, o prazo volta a contar-se de início, sempre se a lei fale de suspensão, à contrário cessa a causa suspensiva e volta-se contar o prazo desde o ponto em que estava. Interrupção começa por I, inicio também. Portanto, sempre que a lei diz interrompe, os prazos voltam a ser contados do início. (regra transversal ao direito)

a. Para a conclusão do procedimento. Art.º 57.º n. 1 LGT. 4 meses como prazo regra. Não sendo o prazo cumprido, num procedimento petitório, o pedido á tacitamente indeferido. Se a falta de celeridade for da responsabilidade do contribuinte, por exemplo documentos não entregues, os prazos suspendem-se, Art.º 57.º n. 4. Aqui temos suspensão dos prazos.

b. Para a prática de actos em especifico dentro do procedimento. Art.º 57.º n. 2, 8 dias como prazo regra.

Principio da proporcionalidade ou proibição do excesso

Notas de Direito Constitucional:O PP ( principio da proporcionalidade) tem a ver com a medida, o grau como os poderes públicos cumprem o seu exercício. Se os poderes públicos tem a legitimidade do uso da força e outros meios de coação, é necessário saber que a forma de aplicação das regras jurídicas não vai ser desmesurada e desproporcionada. “ não de se pode matar pássaros com um canhão”

Os poderes públicos necessitam de meios para atingir determinados fins, não tendo no entanto, liberdade de escolha de meios. Deverá ter uma panóplia de meios disponíveis, devendo escolher o que se adequa ao fim em vista. É por este motivo que este principio, PP, decorre do PED e também tem expressão directa na CRP, art.º 18.º, n. 2 “A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos.”.

O PP é analisado em 3 dimensões ou através de 3 critérios, a que podemos chamar de teste da proporcionalidade, sendo uma análise sucessiva, ou seja, um analise efectuada pela ordem de critérios, do 1 ao 3, sucessivamente.

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

1. Critério da adequação: Todo o PP resulta da análise da relação entre os meios utilizados e os fins a atingidos. Verifica-se a adequação dos meios usados, se são os mais correctos e aconselháveis para atingir o fim que se pretende. “A medida que se vai introduzir no ordenamento jurídico deve ser qualitativamente certa para prosseguir que no caso concreto se vida.” 8

2. Critério na necessidade e da exigibilidade: Verifica-se se a medida, com a carga negativa sobre a esfera jurídica dos cidadãos, era exigível para atingir os fins propostos. De entre os disponíveis, deve-se escolher o meio menos oneroso para os cidadãos. Este é o critério mais difícil pelo qual as medidas passam para serem aplicadas. “A medida restritiva apenas deverá ser feita se não menos gravosa não houver.” 9

3. Critério da proporcionalidade em sentido estrito ou de equilibro: Só os meios adequados e necessários são avaliados à luz deste critério. Averigua-se se a medida, a norma, é ou não a proporcionada para o fim em causa. “A medida deve ser quantitativamente acertada em relação ao fim em causa.” 10

Principio da disponibilidade/inquisitório

O principal objectivo da AT é a descoberta da verdade material. São dois princípios de certa forma conflituantes, por um lado o dispositivo, no qual as partes dispõem do andamento do procedimento, por lado, o inquisitório, no qual o procedimento está sujeito à vontade do órgão decisor.

• Principio da disponibilidade: Pelo lado dos contribuintes, valerá o principio do dispositivo, actuam no procedimento como e da forma que entenderem, vale a ideia de auto-responsabilização dos interessados.

o Iniciativa: muitos dos procedimentos só se iniciam por impulso dos contribuintes, dos interessados, como o pedido de informações vinculativas, pedido de atribuição de benefícios fiscais ou reclamação graciosa.

o Objeto do procedimento: ainda nos procedimentos de iniciativa do contribuinte, o mérito da questão a decidir é fixado a partir das peças procedimentais carreadas por este.

o Termo do procedimento: Há procedimentos que podem terminar por acto de vontade dos interessados. Por exemplo, o acordo num procedimento de avaliação indirecta de matéria tributável.

• Principio do inquisitório: art.º 58.º LGT “A administração tributária deve, no procedimento, realizar todas as diligências necessárias a satisfação do interesse público e a descoberta da verdade material, não estando subordinada a iniciativa do autor do pedido.”

A AT está obrigada a tudo fazer para prosseguir o interesse publico e obter a verdade material.

• Iniciativa: alguns procedimentos tem início oficioso, como por exemplo a obtenção da matéria tributável por meios indirectos.

• Na instrução: Além dos elementos probatórios trazidos ao procedimento pelos interessados, deve a AT tudo fazer para carrear para o procedimento todos os elementos que lhe pareçam indispensáveis para a descoberta da verdade material, mesmo que lhe sejam desfavoráveis. Sempre que hajam duvidas, tem o dever de investigar.

• Termo do procedimento: está subtraída à disposição administrativa.

8 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 113, o itálico 9 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 113, o itálico 10 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 113, o itálico

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

À luz deste principio, o ónus da prova tem um papel subsidiário ou supletivo, aplicando-se quando o principio do inquisitório se mostre insuficiente. Apenas quando esgotadas todas as diligências para a descoberta da verdade material, e quando insuficientes, deverá o agente administrativo fazer uso do das regras do ónus probatório, ou seja, a regra de que compete provar os factos a quem invoca o interesse.

Principio da participação

Um dos princípios mais importantes e teoricamente mais denso. Os destinatários das actuações procedimentais devem participar no caminho, na marcha, no procedimento conducente à tomada da decisão.

Entronca com o principio democrático, que indica que as pessoas devem participar nas decisões que lhes dizem respeito. Democracia participativa, as pessoas participam numa das fases conducentes à tomada de decisão, como o direito de referendo e o direito de audição, que é o caso no presente principio.

O princípio da participação é uma exigência do principio da democracia sob a forma de democracia participativa, é também um exigência do principio da segurança jurídica, os contribuintes não podem ser apanhados de surpresa com decisões desfavoráveis com as quais não possam contar.

Formas de participação

1. Direito de resposta ou contraditório. Art.º 45.º CPPT, “1 - O procedimento tributário segue o princípio do contraditório, participando o contribuinte, nos termos da lei, na formação da decisão.” Participar na formação da decisão.

2. Direito de audição, de ser ouvido. Art.º 60.º LGT, “1 - A participação dos contribuintes na formação das decisões que lhes digam respeito pode efectuar-se, sempre que a lei não prescrever em sentido diverso, por qualquer das seguintes formas:” Em todos os casos, estamos perante actos impositivos ou desfavoráveis, à contrario, sempre que haja um acto favorável, a audição é dispensada. Nos actos desfavoráveis em que não há surpresa para o contribuinte também é dispensável a audição, art.º 60.º n. 2. LGT. Não audição do contribuinte quando obrigatório, o acto tributário poderá ser anulado, art.º 99.º CPPT. “d) Preterição de outras formalidades legais.”

Principio da confidencialidade

Relaciona-se com dados protegidos, certos actores devem guardar segredo quanto a certos factos e dados que tem conhecimento. Art.º 26.º da CRP, impõe um dever de sigilo. (muitas vezes sigilo profissional). Para muitos casos como:

• Médicos• Advogados• Sacerdotes• Agentes de policia• Agentes bancários• Administração tributaria• Entre outros

O dever de sigilo sobre os funcionários bancários, chama-se sigilo bancário os deveres de sigilo dos empregados da AT, chama-se sigilo fiscal. Os funcionários da AT no desempenho da suas funções e por causa das suas funções, estão obrigados ao dever do sigilo. A que factos, que dados? Existem 3 níveis de dados:

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

1. Dados da vida publica ou facilmente acessíveis através das regras do registo. (nome, sexo, residência, entre outros, dados que com maior ou menor facilidade se conseguem obter).

2. Reserva da vida privada, composta pelos factos que não são do domínio do conhecimento publico, e por causa disso já de certa forma protegidos, não podendo ser livremente divulgados a terceiros, ao abrigo do sigilo ou segredo, podendo haver derrogação desse dever.

3. Reserva da vida intima, dados que em caso algum se deveria aceitar a sua divulgação a terceiros.

No nosso país estaremos no ponto 2, no domínio da vida privada. Art.º 64.º LGT. “1 - Os dirigentes, funcionários e agentes da administração tributária estão obrigados a guardar sigilo sobre os dados recolhidos sobre a situação tributária dos contribuintes e os elementos de natureza pessoal que obtenham no procedimento, nomeadamente os decorrentes do sigilo profissional ou qualquer outro dever de segredo legalmente regulado.”

Art.º 22.º RCPIT “1 - O procedimento da inspecção tributária e sigiloso, devendo os funcionários que nele intervenham guardar rigoroso sigilo sobre os factos relativos a situação tributária do sujeito passivo ou de quaisquer entidades e outros elementos de natureza pessoal ou confidencial de que tenham conhecimento no exercício ou por causa das suas funções.”

Notas:Consequências do dever de sigilo pelas AT, RGIT art.º 91.º e art.º 115.º

No art.º 91.º, a violação a titulo doloso, propositadamente são revelados factos a terceiro, no 115.º, a violação a titulo negligente.

A lista dos devedores ao fisco, parece violar este principio, justifica-se um dever jurídico superior, a estabilidade das finanças publicas, Doutor J F Rocha não concorda.

O dever de sigilo cessa por:

1. Autorização do contribuinte.2. Cooperação legal da AT com outras entidades publicas.3. Cooperação com AT de outros países, sob a vinculação a acordos de cooperação e

reciprocidade.4. Colaboração com a justiça nos termos do Código de processo civil e Código penal,

nomeadamente sob solicitação judicial.

Principio da imparcialidade

Quer a AT quer os contribuintes estão vinculados a um dever de imparcialidade. O objetivo fundamental da actuação da AT é a descoberta da verdade material, se fosse arrecadação de dinheiro, a AT não seria nunca imparcial e decidiria sempre a seu favor.

O principio do inquisitório tem aqui um relevante efeito. No momento de carrear para o procedimentos os elementos da investigação, deve a AT ser imparcial, ou seja:

• Não defender intransigentemente a AT. Antes, procurar a verdade material, mesmo que contra esta, defendendo o interesse publico que prossegue.

• Levar para o procedimento todos os elementos probatórios, mesmo que prejudique o interesse restrito da AT ( arrecadar receitas), beneficiando o interesse amplo da AT, que é a descoberta da verdade material.

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Principio de decisão/obrigatoriedade de pronuncia

Pronunciar significa emitir uma pronuncia, que pode ou não ser uma decisão. Em principio a AT está sempre obrigada a pronunciar-se, nem que seja para manifestar a sua incompetência.

O dever de decisão, é um dever jurídico que só se verifica com 3 requisitos cumulativos:

Deverão cumprir-se os seguintes requisito cumulativos:1. Legitimidade: Quem pede ou solicita tem de ter legitimidade: É um pressuposto de

quem pede, de quem propõe. 2. Competência: Quem decide tem de ter competência, um pressuposto de quem

decide3. Tempestividade: O pedido ou requisição deve ser feita dentro do prazo, tempestiva.

O dever de decisão só se verifica quando estejam preenchidos cumulativamente estes três requisitos, basta falhar um, para que não haja decisão, havendo um mero dever de pronuncia.O art.º 56.º da LGT confunde os termos. Indica principio da decisão, descreve no n.º 1, está obrigada a pronunciar-se...Existe dispensa de decisão no termos do mesmo art.º n. 2.

Aula de 21-11-2012Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Princípios

Sumário : Continuação do estudo dos princípios enformadores do procedimento tributário. Os actores do procedimento tributário. A competência da Administração tributária.

Principio da fundamentação

Obrigatoriedade da fundamentação, um dos princípios de maior importância.Um dever que resulta da CRP, art.º 268.º n. 3. “3. Os actos administrativos estão sujeitos a notificação aos interessados, na forma prevista na lei, e carecem de fundamentação expressa e acessível quando afectem direitos ou interesses legalmente protegidos.”

Também art.º 77.º n. “1 - A decisão de procedimento e sempre fundamentada por meio de sucinta exposição das razões de facto e de direito que a motivaram, podendo a fundamentação consistir em mera declaração de concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações ou propostas, incluindo os que integrem o relatório da fiscalização tributaria.”

Todos os actos devem ser fundamentados ou só os desfavoráveis? Só estes últimos para uma parte da doutrina, todos os actos para outra. O Doutor Joaquim Freitas Rocha defende uma noção ampla de fundamentação, já que sendo-o benéfico para um contribuinte, não o será para outra. A fundamentação consiste na possibilidade de um normal destinatário conseguir reconstituir o iter, o caminho que levou a um determinado sentido conclusivo.

Para ser validamente enquadrada a fundamentação, esta deve preencher os requisitos essenciais e cumulativos, sob pena de invalidade:

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

• Actual, ou contemporaneidade da notificação do acto, à contrario seriam inválidas as fundamentações posteriores. Com a AT este tratamento não é comum. Dá lugar à ilegalidade do acto. A fundamentação da decisão deve totalmente efectuada no momento da comunicação da decisão.

• Clara, um normal destinatário de actos jurídicos deve poder reconstituir o pensamento do órgão decisor, o tal iter decisório. Um normal destinatário de actos jurídicos deve compreender, a AT não tem de usar uma linguagem de crianças. Significa que a fundamentação não deve ser de tal modo intrincada que na pessoa normal não a perceba. A CRP exige que a fundamentação seja “acessível”.

• Expressa, é o inverso da fundamentação por remissão, deve constar da própria notificação do acto, não se devendo remeter para outros actos. Esse tipo de fundamentação será inválida, no entanto, a maior parte da doutrina admite que a fundamentação pode ser feita por remissão. O professor não concorda. A CRP indicia “e carecem de fundamentação expressa e acessível quando...”, a LGT indica “....concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações ou...”. podemos adoptar a orientação que entendermos, no entanto por razões de segurança jurídica, a CRP exige fundamentação expressa, pelo que a fundamentação o deverá ser.

• Completa, significa que deve conter todos os elementos necessários à referida reconstituição, do percurso inteligível de decisão. Deverá indicar todos os elementos necessários à tomada e decisão:

o Justificação da decisão. A indicação da base, a base legal ou normativa, as disposições normativas em que a decisão se fundamenta, a base de facto, factual ou empírica, os factos que estão na base da decisão.

o Motivação da decisão: Para os actos discricionários, “....pode...”, a indicação dos motivos que estiveram na base de uma decisão discricionária. Faltando a fundamentação ou elementos da fundamentação, ao art.º 99..º c), dá lugar à invalidade.

Principio da publicidade

Os actos da AT devem ser públicos, em certos casos nomeadamente os regulamentos, públicos em Diário de República ou na base de dados.Na publicidade individual e concreta, a notificação e citação.Este principio está relacionado com a fase integrativa e eficácia. Nenhum acto da AT será eficaz sem que dele se faça publicidade, ou seja, sem que seja comunicado ao interessado, sem que este seja notificado ou citado.

O acto de publicidade pode ser:

1. Um acto geral (publicação): No procedimento tributário, poucos são os actos publicitados desta forma, já que a maioria são actos administrativos, pelo que são comunicados mediante notificação ao interessado. Passa-se essencialmente nos casos de orientações genéricas.

2. Um acto individual (notificação): Na maioria das situações, a publicidade é feita através de notificação ou citação aos interessados. No que respeita ao procedimento, apenas as notificações tem relevância, já que as citações apenas relevam nos processo de execução fiscal. A notificação é um requisito de eficácia do acto tributário, art.º 36.º n. 1 CPPT “Os actos em matéria tributária que afectem os direitos e interesses legítimos dos contribuintes só produzem efeitos em relação a estes quando lhes sejam validamente notificados.”

As notificações devem, para serem válidas e eficazes, devem preencher os seguintes requisitos: ( notificações postais, já que as pessoais e as por editais são sempre excepcionais)

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1. Formais: os actos ou decisões susceptíveis e alterar a situação tributaria dos contribuintes são notificados por carta registada com aviso de recepção. Art.º 38.º n. 1 “As notificações são efectuadas obrigatoriamente por carta registada com aviso de recepção, sempre que tenham por objecto actos ou decisões susceptiveis de alterarem a situação tributária dos contribuintes ou a convocação para estes assistirem ou participarem em actos ou diligências.”Considera-se a notificação efectuada na data em que o notificado assinou o aviso de recepção. Se assinado por terceiro, presume-se a notificação. A liquidação de impostos periódicos é feita por via posta simples.Todos s restantes actos deverão ser comunicados por carta registada.As notificações referidas podem também ser feita por via electrónica. Art.º 38.º n. 9 CPPT “As notificações referidas no presente artigo podem ser efectuadas por transmissão electrónica de dados, que equivalem, consoante os casos, a remessa por via postal registada ou por via postal registada com aviso de recepção.”

2. Materiais ou substanciais, quanto ao conteúdo das notificações. As notificações deverão conter:

a. A decisãob. Os fundamentos da decisãoc. A indicação da entidade que o praticoud. Os meios de defesae. O prazo de reação contra o acto notificado.

Art.º 36.º n. 2, CPPT “As notificações conterão sempre a decisão, os seus fundamentos e meios de defesa e prazo para reagir contra o acto notificado, bem como a indicação da entidade que o praticou e se o fez no uso de delegação ou subdelegação de competências.”

A falta dos requisitos, quer de forma quer materiais implica a ineficácia do acto em causa, não a invalidade do acto.

Principio do duplo grau

Este principio está previsto no art.º 47.º CPPT ( está publicado um acórdão no elearning)Art.º 47.º1 - No procedimento tributário vigora o principio do duplo grau de decisão, não podendo a mesma pretensão do contribuinte ser apreciada sucessivamente por mais de dois órgãos integrando a mesma administração tributaria.2 - Considera-se que a pretensão e a mesma, para efeitos do número anterior, em caso de identidade do autor e dos fundamentos de facto e de direito invocados.3 - O pedido de reapreciação da decisão deve, salvo lei especial, ser dirigido ao dirigente máximo do serviço ou a quem ele tiver delegado essa competência.

A mesma pretensão do contribuinte não pode ser decidida por mais que dois órgãos da AT.No entanto, o art.º 76.º permite o recurso hierárquico, pelo que estaremos perante 3 decisões sobre a mesma pretensão. A doutrina indica que a primeira decisão não conta, por exemplo, a liquidação não é considerada. O recurso hierárquico não está previsto no art.º 76.º como recurso da liquidação, mas sim para avaliar a legalidade do acto de decisão do recurso, o acto de indeferimento, não ao acto de liquidação. A doutrina admite que o recurso hierárquico seja usado para atacar indirectamente o acto de liquidação.No art.º 47.º CPPT “...podendo a mesma pretensão do contribuinte...”, interpretação correctiva do curso, a “...mesma situação jurídica não deve ser apreciada.....

1º grau: decisão da AT ( acto de liquidação)2ª grau: reclamação graciosa, decisão de recurso

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3ª grau: Recurso judicial, Tribunal tributário4.º grau: Recurso para TCA ou STA.

Principio válido tanto para o procedimento tributário, como para o processo judicial.

Procedimento tributário

Actores do procedimento11

Actor é qualquer pessoa ou entidade com legitimidade para estar no procedimento, parte é uma pessoa titular de uma posição jurídica subjectiva protegida. Para que se seja parte no procedimento é necessário ter:

- Legitimidade é a susceptibilidade de ser actor procedimental, interveniente procedimental. Saber se estamos perante as partes certas no procedimento. A AT e os contribuintes e os constantes do art.º 9.º CPPT. Uma característica de ambos os actores, serem as partes certas no procedimento. Um conceito qualitativo, ou se tem ou se não tem.

o A legitimidade não é um pressuposto, os actos procedimentais são válidos, o próprio procedimento é válido, a falta de legitimidade acarreta é a ineficácia dos actos e do procedimento tributário.

o Não é um requisito para ser parte, uma vez que muitas vezes só no fim do procedimento se sabe se a parte está legitimada substantivamente, pode existir apenas uma aparência de legitimidade.

o A legitimidade é um elemento de eficácia.De acordo com o art.º 9.º do CPPT, tem legitimidade:

• A Administração tributária• Os contribuintes (os sujeitos passivos de imposto, incluindo outros

obrigados tributários)• As partes nos contratos fiscais• Outras pessoas que provem interesse legitimo

- Competência é um requisito que diz respeito ao órgão decisor, a parcela de poder decisório. Parcela porque não há órgãos que tenham competência absoluto, um conceito quantitativo, ou se tem mais ou menos. Pretende-se saber quem pode praticar determinados actos. Falamos de competência interna, não internacional. Pode ser aferida nos critérios:

o Em razão da matéria, afere-se tendo em vista os núcleos substantivos, materiais, objeto de apreciação. Não tem competência para infração ao do código estrada, por exemplo. Art.º 10.º n. 1. ( terá a matéria de toda a cadeira, remir para o artigo respectivo).: 1 - Aos serviços da administração tributária cabe:a) Liquidar e cobrar ou colaborar na cobrança dos tributos, nos termos das leis tributárias; art.º 78.º CPPTb) Proceder a revisão oficiosa dos actos tributários; ; art.º 78.º LGTc) Decidir as petições e reclamações e pronunciar-se sobre os recursos hierárquicos apresentados pelos contribuintes; art.º 68.º E ss. CPPTd) Reconhecer isenções ou outros benefícios fiscais e praticar, nos casos previstos na lei, outros actos administrativos em matéria tributária; art.º 65.º CPPTe) Receber e enviar ao tribunal tributário competente as petições iniciais nos processos de impugnação judicial que neles sejam entregues e dar cumprimento ao disposto nos artigos 111.º e 112.º; art.º 103.º ss. CPPTf) Instaurar os processos de execução fiscal e realizar os actos a estes respeitantes, salvo os previstos no n.º 1 do artigo 151.º do presente Código; art.º 188.º CPPTg) Cobrar as custas dos processos e dar-lhes o destino legal;

11 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 136 a 152

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h) Efectuar as diligências que lhes sejam ordenadas ou solicitadas pelos tribunais tributários;i) Cumprir deprecadas;j) Realizar os demais actos que lhes sejam cometidos na lei.

o Em razão do território, delimitação geográfica dos poderes dos órgãos da AT. Art.º 10.º n. 2 “Sem prejuízo do disposto na lei, designadamente quanto aos procedimentos relativos a tributos parafiscais, serão competentes para o procedimento os órgãos periféricos locais da administração tributária do domicilio ou sede do contribuinte, da situação dos bens ou da liquidação.”§ Sede ou domicilio do contribuinte, repartição de finanças o domicilio.§ Local da situação do imóvel, impostos sobre o património, finanças

do local o imóvel§ Lugar da verificação de um determinado facto. § Acto impugnado ou liquidação. As finanças que praticaram o acto

de liquidaçãoo Em razão do valor, o órgão da AT só é competente até certo valor. Art.º

73..º CPPT, n. 4. e 5. O valor da causa define-se por analogia da norma do processo, art.º 97º-A. Art.º 73.º “n. 4 - Quando o valor do processo não exceda o quíntuplo da alçada do tribunal tributário, o órgão periférico local decide de imediato após o fim da instrução, caso esta tenha tido lugar.”; “5 - Caso não se verifiquem as circunstâncias referidas no número anterior, o órgão periférico local remetera de imediato a reclamação para o órgão competente para a decisão.”

o Em razão da hierarquia, prende-se com a arrumação hierárquica dos órgãos da AT. Eficácia para as situações recursos e reclamação, CPPT art.º 66.º “n. 2 - Os recursos hierárquicos são dirigidos ao mais elevado superior hierárquico do autor do acto e interpostos, no prazo de 30 dias a contar da notificação do acto respectivo, perante o autor do acto recorrido.”

São requisitos cumulativos, faltando um, se ainda não foram praticados actos do procedimento, a solução é a remessa do procedimento para o órgão competente, havendo aproveitabilidade. Art.º 61.º n. 2 LGT “2 - O órgão da administração tributária material ou territorialmente incompetente e obrigado a enviar as peças do procedimento para o órgão da administração tributária competente no prazo de quarenta e oito horas após a declaração de incompetência, considerando-se o requerimento apresentado na data do primeiro registo do processo.”Estando perante um caso de competência e o órgão já praticou alguns actos, aplica-se o art.º 70.º n. 1 art.º 99.º b) CPPT, anulação.

Pode existir conflito de competência, dois ou mais órgãos se arrogam competentes, conflito positivo, ou nenhum órgão se considera competente, conflito negativo de competência. Estas questões estão resolvido no art.º 11.º CPPT, a regra é que estes conflitos são decididos pela entidade superior.

Os contribuintes tem legitimidade para estar no procedimento, só o SP directo, ou também SP indirectos? Os casos de substituição, responsabilidade e sucessão tributaria? A questão resolve-se pelo art.º 22.º 4.º n. 4 LGT “As pessoas solidária ou subsidiariamente responsáveis poderão reclamar ou impugnar a dívida cuja responsabilidade lhes for atribuída nos mesmos termos do devedor principal,...”

Como exemplo, significa que já foi instaurada a uma sociedade um processo de execução tributária, tendo-se este revertido para um sócio gerente. Nestes casos, normalmente já passou muito tempo desde que se praticou o acto, o que provocará ter-se ultrapassado o prazo de reclamação graciosa, inviabilizando o prazo de reclamação. O legislador, aceita que um procedimento mais que consolidado seja ressuscitado. O legislador indica que será a primeira vez que o responsável é confrontado com a divida. Pergunta-se de quem é a responsabilidade da existência dessa divida? O sócio gerente estará isento de

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responsabilidades? O SP originário dispõe de 120 dias a contar do termo do prazo para pagar voluntariamente, art.º 70.º n- 1 e 102.º n. a), do CPPT, já o responsável tributário dispõe de do mesmo prazo a contar da data e citação em processo de execução fiscal, nos termos do art.º 102.º n. 1 c) CPPT, e 22.º n. 4 LGT.No mesmo sentido, o art.º 68.º CPPT “1- O procedimento de reclamação graciosa visa a anulação total ou parcial dos actos tributários por iniciativa do contribuinte, incluindo, nos termos da lei, os substitutos e responsáveis.”

Aula de 22-11-2012Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Procedimentos tributários (I)

Sumário : O estudo analítico dos procedimentos tributários. O procedimento de inspecção tributária

Tipologia de procedimentos

Procedimentos de natureza informativa, procedimentos cujo destinatário da informação é a AT

Procedimento de inspeção tributaria12

Prevista no art.º 63.º LGT, densificada pelo diploma autónomo RCPIT, art.º 2.º, indicam as finalidades da inspeção tributária, que visam a observação das realidades tributárias, a verificação do cumprimento das obrigações tributarias e a prevenção das infracções tributarias. O regime da inspecção tributaria está codificado no RCPIT, Regime Complementar d do Procedimento de Inspeção Tributária, aplicando-se subsidiariamente a LGT, O CPPT ou demais códigos e leis tributárias e o CPA.

A AT preconiza no âmbito da inspecção tributária as seguintes actuações:

- Confirmação dos elementos declarados pelos contribuintes- Procura e indagação dos factos não declarados pelos contribuintes - Inventariação e avaliação de bens para fins de controlo do cumprimento das

obrigações tributarias.- Promoção do sancionamento das infrações tributarias

• Fins da inspecção tributária:o Observação das realidades tributáriaso Verificação do cumprimento das obrigações tributariaso Prevenção das infracções tributarias

• Tipos da inspecção tributária: o Inspeções gerais ou polivalentes. Quando estiver em causa a globalidade

da situação tributária do SP. Art.º 14.º RCPIT a)o Parciais ou univalentes, apenas a um determinado segmento da situações

tributaria do contribuinte. Algum ou alguns tributos, alguns ou alguns dos deveres do SP. Art.º 14.º RCPIT b)

o Inspeção internas, dentro a AT. Os que se verificam exclusivamente dentro da AT. Art.º 13.º RCPIT a)

o Inspeções externas, fora da AT. Os que se verifica, total ou parcialmente fora das instalações da AT. Art.º 13.º RCPIT b)

12 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 161 a 171

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• Sujeitos da inspecção tributária: a legitimidade activa, cabe à AT, a passiva cabe aos contribuintes. Competência consta do art.º 16.º do RCPIT, sabemos quem tem legitimidade passiva, sobre que contribuintes podem recair as inspeções tributarias, através do instrumento PNAIT, Plano Nacional de Actividades da Inspecção Tributária nos termos do art.º 23.º. O plano de inspeções tributarias é definido com base nos critérios no art.º 27.º do RCPIT.

o Os sujeitos passivos são os originárioso Os demais obrigados tributários, como os casos de substituição. Art.º 2.º n.

3.O critério para a seleção dos SP sujeitos as inspeção tributária constam dos art.º 27.º do RCPIT:1 - A identificação dos sujeitos passivos e demais obrigados tributários a inspeccionar no procedimento de inspecção tem por base:

a) A aplicação dos critérios objectivos definidos no PNAIT para a actividade de inspecção tributária;b) A aplicação dos critérios que, embora não contidos no PNAIT, sejam definidos pelo director-geral dos Impostos, de acordo com necessidades conjunturais de prevenção e eficácia da inspecção tributária ou a aplicação justificada de métodos aleatórios;c) A participação ou denúncia, quando sejam apresentadas nos termos legais;d) A verificação de desvios significativos no comportamento fiscal dos sujeitos passivos ou demais obrigados tributários perante os parâmetros de normalidade que caracterizam a actividade ou situação patrimonial ou de quaisquer actos ou omissões que constituam indício de infraccao tributária.

2 - Os casos em que a iniciativa da inspecção tributária e do próprio sujeito passivo ou de terceiro que igualmente prove interesse legítimo estão sujeitos a regulamentação especial.

• Actos da inspecção tributáriao Dimensão material. A LGT no art.º 63.º prevê de modo lacunoso e vago

algumas prerrogativas da inspeção, um elenco imperfeito do actos. Verificamos o direito de:§ Acesso às instalações§ Acesso a sistemas informáticos, incluindo a documentação sobre a

sua análise, programação e execução.§ Acesso a livros e registos de contabilidade ou escrituração§ Solicitar a colaboração de quaisquer entidades publicas§ Requisitar documentos dos notários, conservadores e outras

entidades oficiais.Densifica e complementa o art.º 29.º do RCPIT, actos genéricos da inspecção. As medidas cautelares previstas no art.º 30.º e 31.º, permitem acautelar a plena eficácia da inspeção, nomeadamente através da selagem das instalações. São medidas provisórias e antecipatórias. O art.º 30.º do RCPIT contem medidas cautelares de natureza administrativa como a apreensão, a selagem, o visto, o art.º 31.º contem medidas cautelares de natureza judicial.

o Dimensão espacial, onde podem os actos ser praticados, RCPIT art.º 34.º Este art.º pode violar o art.º 34.º da CRP, pela violação do domicilio, dependendo da proporcionalidade.

o Dimensão temporal, quando devem ser praticados, art.º 35.º RCPIT ( ver lições).

Os visados deverão ser notificados nos termos do art.º 37.º e 38.º n. 2 RCPIT

Quanto ao início da inspeção, é de saber se podem haver inspeções de surpresa, o art.º 49.º RCPIT indica que é necessária notificação com um mínimo de 5 dias, com as excepções do art.º 50.º.

Consequências do procedimento de inspeção tributaria:

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Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 2012/2013 )

• Relatório da inspecção tributária: Termina a inspeção com um relatório de inspeção. Antes de notificar o contribuinte do relatório de inspeção, manda o art.º 60.º do RCPI notificar o contribuinte, no prazo de 10 dias, do projecto de relatório, salvaguarda o direito de audição, para que no prazo de 10 a 15 dias se pronunciar.

O relatório deverá conter os seguintes elementos ( art.º 62.º n. 3 RCPIT)

a) Identificação da entidade inspeccionada, designadamente denominação social, número de identificação fiscal, local da sede e serviço local a que pertence;b) Menção das alterações a efectuar aos dados constantes dos ficheiros da administração tributária;c) Data do início e do fim dos actos de inspecção e das interrupções ou suspensões verificadas;d) Âmbito e extensão do procedimento;e) Descrição dos motivos que deram origem ao procedimento, com a indicação do número da ordem de serviço ou do despacho que o motivou;f) Informações complementares, incluindo os principais devedores dos sujeitos passivos e dos responsáveis solidários ou subsidiários pelos tributos em falta;g) Descrição dos factos susceptíveis de fundamentar qualquer tipo de responsabilidade solidária ou subsidiária;h) Acréscimos patrimoniais injustificados ou despesas desproporcionadas efectuadas pelo sujeito passivo ou obrigado tributário no período a que se reporta a inspecção;i) Descrição dos factos fiscalmente relevantes que alterem os valores declarados ou a declarar sujeitos a tributação, com menção e junção dos meios de prova e fundamentação legal de suporte das correcções efectuadas;j) Indicação das infrações verificadas, dos autos de notícia levantados e dos documentos de correcção emitidos;l) Descrição sucinta dos resultados dos actos de inspecção e propostas formuladas;m) Identificação dos funcionários que o subscreveram, com menção do nome, categoria e número profissional;n) Outros elementos relevantes.

Consequências do relatório de inspecção:o Liquidação adicional, com notificaçãoo Eventual revogação de benefícios fiscaiso Avaliação indirecta, por indícios ou presunçõeso Participação de eventual fraude fiscal ao MP.

O contribuinte em caso algum ataca o relatório, já que é meramente informativo, atacam-se é os actos que constam do relatório. Poderia atacar os itens indicados supra. Quando as consequências do relatório são actos favoráveis para o contribuinte, por segurança juridica pode-se pedir o sancionamento das conclusões do relatório. Este poderá ser pedido no prazo de 30 dias após a notificação das conclusões, PA Se no prazo de 6 meses A AT não responder considera-se o sancionamento tacitamente deferido. No RCPIT temos o praz de 6 meses, art.º 64.º n. 3 e 4 meses na LGT. O juiz pode criar uma norma ad-hoc, ou apelar aos princípios gerais de direito, segurança jurídica, justiça tributaria, aplicaria o prazo mais benéfico ao contribuinte.

Aula de 29-11-2012

Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : Procedimentos (II)

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Sumário : Os procedimentos de derrogação do sigilo bancário, orientações genéricas e informações vinculativas. Aproximação aos procedimentos avaliativos.

Procedimento de Derrogação do Sigilo Bancário13

Determinados dados não devem ser divulgados a terceiros, no caso, os de natureza económico financeira, que podem estar na posse de varias entidades, nomeadamente os bancos ou instituições bancarias.

LGT art.º 63.º “2 - O acesso a informação protegida pelo segredo profissional ou qualquer outro dever de sigilo legalmente regulado depende de autorização judicial, nos termos da legislação aplicável.”

O aceso a informação protegida, por segredo, em regra depende de autorização judicial. A AT para saber de um banco dados relevantes de um determinado contribuinte, diz a regra que necessita de autorização judicial, todavia, em determinados casos a AT pode faze-lo directamente, preenchidos os requisitos do art.º 63.º B LGT

1(*) - A administração tributaria tem o poder de aceder a todas as informações ou documentos bancários sem dependência do consentimento do titular dos elementos protegidos:

a) Quando existam indícios da prática de crime em matéria tributária; Indícios são boatos, denuncias, investigações do MP e este tenha deduzido acusação. O legislador pretende nesta alínea dizer que indícios são-no desde que haja uma investigação a decorrer no MP.b) Quando se verifiquem indícios da falta de veracidade do declarado ou esteja em falta declaração legalmente exigível; c) Quando se verifiquem indícios da existência de acréscimos de património não justificados, nos termos da alínea f) do n.º 1 do artigo 87.º; d) Quando se trate da verificação de conformidade de documentos de suporte de registos contabilísticos dos sujeitos passivos de IRS e IRC que se encontrem sujeitos a contabilidade organizada; (Aditado pela Lei n.º 94/2009, de 1 de Setembro)e) Quando exista a necessidade de controlar os pressupostos de regimes fiscais privilegiados de que o contribuinte usufrua; f) Quando se verifique a impossibilidade de comprovação e quantificação directa e exacta da matéria tributável, nos termos do artigo 88.º, e, em geral, quando estejam verificados os pressupostos para o recurso a uma avaliação indirecta. (Aditado pela Lei n.º 94/2009, de 1 de Setembro)g) Quando se verifique a existência comprovada de dívidas a administração fiscal ou a segurança social.Nesta alíneas temos casos de falta de cooperação do contribuinte.

2 - A administração tributaria tem, ainda, o poder de aceder directamente aos documentos bancários, nas situações de recusa da sua exibição ou de autorização para a sua consulta, quando se trate de familiares ou terceiros que se encontrem numa relação especial com o contribuinte.Familiares o legislador não diz o que são, terceiros também não o diz. No CIRC, no art.º 63.º n.º 4 sobre preços transferência, refere o que são relações especiais, podendo-se adaptar este artigo para a derrogação do sigilo bancário. Pode ser terceiro um sócio da empresa, etc.

13 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 171 a 176

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10(*) - Para os efeitos desta lei, considera-se documento bancário qualquer documento ou registo, independentemente do respectivo suporte, em que se titulem, comprovem ou registem operações praticadas por instituições de crédito ou sociedades financeiras no âmbito da respectiva actividade, incluindo os referentes a operações realizadas mediante utilização de cartões de crédito.

Face à presunção de veracidade das declarações dos contribuintes, a AT é que tem o ónus de provar os pressupostos que alega para aceder às informações bancárias que precisa.Fala-se de ter acesso a dados bancários, elencados no n.º 10 deste artigo.

A AT pode aceder a informações bancarias sem que para tal tenha necessidade de autorização judicial, aceder de forma directa, nos termos do art.º 63.º B. n .1 e n. 2 . No numero um respeita ao próprio SP, no numero 2, aos familiares ou terceiros.

O numero um é um artigo mal redigido, distinguindo a alínea a) indícios de crime, as restantes, falta de cooperação.

O regime do numero 1 e dois é diferente devido ao direito de audição e de recurso. Previsto no numero 5: “Os actos praticados ao abrigo da competência definida no n.º 1 são susceptíveis de recurso judicial com efeito meramente devolutivo e os previstos no n.º 2 dependem da audição previa do familiar ou terceiro e são susceptíveis de recurso judicial com efeito suspensivo, por parte destes.”

n. 1 – A AT não necessita de autorização judicial e não necessita de ouvir o contribuinte directamente. O recurso tem efeito meramente devolutivo, não tem efeitos suspensivos.n. 2 – A AT necessita de ouvir o contribuinte, direito de audição, não necessita de autorização judicial. Neste caso o recurso tem efeito suspensivo.

Esta matéria pode chegar a tribunal por duas vias:

- A AT pedir ao tribunal para ter acesso aos dados bancários. Art.º 146.º B, b) CPPT- A AT pratica o acto, o SP recorre para impedir o acesso aos dados bancários. Art.º

146.º B, a) CPPT

Procedimentos de natureza informativa cujo destinatária é o contribuinte

Procedimento de Orientações genéricas14

Este procedimento aplica-se nos casos em que o legislador utiliza conceitos indeterminados ou polissémicos. Por exemplo para conceitos indeterminados são a indicação de “medidas graves”, “condições adequadas”. O seu conteúdo não está suficientemente densificado, Quanto ao conceito polissémico, temos a indicação de “conceito de educação”, etc. Para estas situações existe um necessidade de uniformizar a interpretação e a aplicação das normas tributarias.

14 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 154 a 157

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Art.º 55.º 1. CPPT1 - E da exclusiva competência do dirigente máximo do serviço ou do funcionário em quem ele tiver delegado essa competência a emissão de orientações genéricas visando a uniformização da interpretação e aplicação das normas tributárias pelos serviços.2 - Somente as orientações genéricas emitidas pelas entidades referidas no número anterior vinculam a administração tributária.3 - As orientações genéricas referidas no n.º 1 devem constar obrigatoriamente de circulares administrativas e aplicam-se exclusivamente a administração tributária que procedeu a sua emissão.

São orientações, são parâmetros de orientação de determinado modo de agir, genéricos, aplicáveis a um universo abstracto de pessoas e de situações. A AT emana directivas ou quadros que devem presidir de determinada norma ou conjunto de normas, que não culminam num acto tributário mas num acto de conteúdo geral e abstracto sob a forma de circular administrativa. As circulares administrativas devem ser divulgadas através da sua inserção numa base de dados, art.º 56.º CPPT. “1 - A administração tributária organizara uma base de dados, permanentemente actualizada, contendo as orientações genéricas referidas no n.º 1 do artigo anterior.” De Forma livre, gratuita e directa, sem necessidade de palavras passe ou códigos secretos.São emanadas pelo dirigente máximo do serviço em causa e tem um efeito vinculativo prospectivo da AT. Nunca um efeito retroactivo, conformando o principio da segurança jurídica e protecção da confiança. São verdadeiras normas sobre a aplicação de outras normas, com efeito vinculativo, salvaguardado pelo legislador no art.º 68.º - A da LGT.

O tribunal constitucional já se pronunciou sobre orientações genéricas, a respeito de ofertas, brindes oferecidos por empresas aos clientes, a AT indicou estavam sujeitas a imposto. Houve recurso sobre a constitucionalidade da circular da AT. O TC respondeu que estas circulares não são normas para efeitos de aferição de inconstitucionalidade. O TC atribui vinculatividade às orientações genéricas com base do principio da boa fé e da segurança jurídica, e não pelo seu valor normativo. Professor Joaquim Freitas Rocha não concorda, entende que são normas a serem sujeitas a controlo constitucionalidade. Ver o art.º 68.º - A LGT “1 - A administração tributária esta vinculada às orientações genéricas constantes de circulares, regulamentos ou instrumentos de idêntica natureza, independentemente da sua forma de comunicação, visando a uniformização da interpretação e da aplicação das normas tributárias.”

Procedimento de Informações Vinculativas15

Base legal: CPPT art.º 57; Importante o Art.º 68.º LGTO procedimento de informações vinculativas pretende facilitar o cumprimento das obrigações fiscais, procurando facilitar ao contribuinte um forma expedita de prestação de informações.

Estão no CPPT art.º 57.º “1 - A notificação aos interessados da resposta ao pedido de informação vinculativa inclui obrigatoriamente a informação ou parecer em que a administração tributária se baseou para a sua prestação.” e LGT 68.º “1 - As informações vinculativas sobre a situação tributária dos sujeitos passivos, incluindo, nos termos da lei, os pressupostos dos benefícios fiscais,

15 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 157 a 161

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são requeridas ao dirigente máximo do serviço, sendo o pedido acompanhado da descrição dos factos cuja qualificação juridico-tributaria se pretenda.”

É o contribuinte quem pede a informação vinculativa à AT, que tem por objecto um pedido de informação que apenas pode recair sobre:

- A sua concreta situação tributaria- Os pressupostos de benefícios ficais

Esta informação tem três efeitos, ou seja, a AT fica vinculada nos seguintes termos:

1. Informação vinculativa, a AT fica vinculada à informação que prestou, não pode a AT agir contra a informação, não pode “venire contra factum prorium”. Tem valor reforçado, são superiores a outros actos administrativos da AT para que se possa garantir a vinculatividade. Trata-se de um vinculação relativa, não tem carácter absoluto, erga omnes, a informação cai perante uma decisão em contrário dos tribunais. Art.º 68.º n. 14 LGT “A administração tributária, em relação ao objecto do pedido, não pode posteriormente proceder em sentido diverso da informação prestada, salvo em cumprimento de decisão judicial.”

2. Tem eficácia prospectiva. Não se aplica retroactivamente, vale a partir da notificação da informação. Art.º 57.º 1 CPPT.

3. Produz eficácia inter-partes. Entre a AT e o SP que a solicita. Ou seja, não pode a AT agir em sentido contrário do que informou, exclusivamente na relação jurídica tributaria em causa, entre a AT e aquele sujeito passivo determinado. (principio da proteção da confiança)

As informações vinculativas caducam por alteração superveniente dos pressupostos de facto e de direito. Art.º 68.º n. 15.º “LGT As informações vinculativas caducam em caso de alteração superveniente dos pressupostos de facto ou de direito em que assentaram.”

Existe obrigação da AT em transformar as informações vinculativas em orientações genéricas quando existem 3 ou mais informações vinculativas sobre as mesma matéria e no mesmo sentido. Art.º 68.º - A, n. 3 “A administração tributária deve proceder a conversão das informações vinculativas ou de outro tipo de entendimento prestado aos contribuintes em circulares administrativas, quando tenha sido colocada questão de direito relevante e esta tenha sido apreciada no mesmo sentido em três pedidos de informação ou seja previsível que o venha a ser.”

Aula de 07-12-2012

(aula assistia no turno diurno)

Procedimentos de natureza avaliativa16

Consiste na fixação do um valor de direitos ou bens para efeitos tributáriosExemplo: Avaliação para efeitos de IMI.

De bens móveis ou imóveis, uma casa, um carro, um lote de acções, etc. Direitos, quinhões hereditários, participações em património de mão comum, etc.

16 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 176 a 196

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Classificação das avaliações:

- Quanto ao sujeito: pela AT ou pelo contribuinte. A regra é por este ultimo, só subsidiariamente é que a AT avalia. Os impostos, geralmente incidem sobre o valor constante dos contratos, ou sobre o valor patrimonial. O caso mais comum, é o valor declarado em IRS.

- Avaliações prévias, art.º 58.º CPPT. “Os contribuintes poderão, caso provem interesse legítimo, mediante o pagamento de uma taxa a fixar entre limites mínimos e máximos definidos anualmente pelo ministro competente, solicitar a avaliação de bens ou direitos que constituam a base de incidência de quais quer tributos, a que a administração tributária ainda não tenha procedido.”

- Avaliações contemporâneas, o contribuinte avalia tendo em vista o imposto especifico do acto de tributação.

- Avaliação directa, incide sobre o valor real dos bens ou direitos. Art.º 83.º- Avaliação indirecta: Incide sobre indícios ou presunções. Manifestações de fortuna,

etc.

Avaliação

• Prévia: uma natureza avaliativa informativa• Directa: procura-se a verdade material• Indireta: procura-se a verdade material aproximada

Art.º 85.º n. 1 LGT, o principio regra é a avaliação directa, a avaliação indirecta é subsidiária. A AT apenas pode recorre Avaliação indirecta unicamente quando a directa não é possível.

Avaliação prévia

Tem por intuito avaliar bens ou direitos que constituem base de incidência de qualquer tributo, por um lado, e por outro permite ao sujeito passivo uma informação abstracta, fidedigna e vinculativa respeitante ao valor desses mesmos bens. Abstracta por que não é feita para um acto de liquidação em concreto mas para ser utilizada em vários actos, fidedigna porque com base em critérios que apuram o valor real dos bens, vinculativa, porque o AT fica, durante um determinado período de tempo, vinculada à avaliação feita. Art.º 58.º CPPT n. “2 - A avaliação efectuada no número anterior tem efeitos vinculativos para a administração tributária por um período de três anos após se ter tornado definitiva.”

Avaliação directa

É um instrumento útil na busca da verdade material. Tem como objectivo a determinação do valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação. Art.º 83.º n. 1 LGT “1 - A avaliação directa visa a determinação do valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação.”Vamos tributar o contribuinte no que são os rendimentos reais que este, muitas vezes, declara. A regra é o contribuinte declarar o que ganhou, a AT com base nessa declaração tributa esses rendimentos através da respectiva liquidação. Por vezes também é o próprio contribuinte, além de declarar, faz a própria liquidação, por exemplo no que respeito ao IVA, ou o IRC, naquilo a que se chama autoliquidação ou imposto auto-liquidável, que dispensa a intervenção da AT. Ex.: art.º 89.º IRCTem em vista um concreto exercício tributário ou um concreto acto de liquidação. Ao contrario da avaliação prévia, não tem carácter abstracto.

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Avaliação indirecta

Feita através de indícios ou presunções. O procedimento de avaliação indirecta não busca a verdade material, procura uma verdade material aproximada. Por este motivo, tem um carácter subsidiário, é usado quando a avaliação directa não é possível ou legalmente possível. Procura-se esta aproximação à verdade material a partir de aproximações, padrões ou outros elementos.

Pressupostos art.º 87.º e 89.º LGT

• Situações não patológicas: art.º 87.º a) regime simplificado de tributação, que se aplica no IRS, aos contribuintes da categoria B. Permite a simplicidade e a desburocratização procedimental, um reflexo do principio da simplicidade e da celeridade da AT.

• Situações patológicas, falha dos deveres de cooperação. Pressupõe uma falha do contribuinte. Art.º 87.º LGT, alíneas b) a f) (colocar essa nota na LGT SP(situações patológicas). Este artigo é ininterpretável, como indica o professor Joaquim Rocha. Interessa salientar que em todos estes casos temos a falta de cooperação da parte do contribuinte. Grupos de casos a que se pode subsumir estas alíneas:

o 17Impossibilidade de comprovação: é impossível comprovar quanto o contribuinte ganhou. Art.º 87.º b), densificada pelo art.º 88.º, todo este artigo densifica a alínea b) do art.º 87.º. Impossibilidade de comprovação directa e exacta dos elementos indispensáveis à correcta determinação da matéria tributável de qualquer imposto.

o 18Desvios significativos: o mentir, o contribuinte diz que ganha “x”, mas o que se vê indica que ganha substancialmente mais. O contribuinte desvia-se para menos em relação a determinados padrões objetivos. Ex.: Empresa de uma determinada actividade terá um rendimento médio padrão, o desvio significativo para menos, durante 3 anos consecutivos, 15% do valor padrão ou num só ano menos 30% que o valor padrão. Art.º 87.º c). na prática o problema não se coloca, já que os padrões não foram aprovados em sede legislativa. Outro desvio está presente no art.º 87.º d) e 89.º - A n. 4, relativos à manifestação de fortuna.

o 19Prejuízos sistemáticos, menos receita que proveitos. Art.º 87.º e) se uma empresa apresenta sem razão aparente, 3 anos consecutivos, ou em 3 anos num período de 5 anos de prejuízos, está a abrir as portas a uma avaliação indirecta da AT.

Quantificação da avaliação indirecta art.º 90.º LGT

Existem vários critérios objetivos para premunir a quantificação da matéria tributável.a) As margens médias do lucro líquido sobre as vendas e prestações de serviços ou compras e fornecimentos de serviços de terceiros;b) As taxas médias de rentabilidade de capital investido;c) O coeficiente técnico de consumos ou utilização de matérias-primas e outros custos directos;d) Os elementos e informações declaradas a administração tributária, incluindo os relativos a outros impostos e, bem assim, os relativos a empresas ou entidades que tenham relações económicas com o contribuinte;e) A localização e dimensão da actividade exercida;

17 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 185 a 18718 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 188 a 19319 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 194 a 195

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f) Os custos presumidos em função das condições concretas do exercício da actividade;g) A matéria tributável do ano ou anos mais próximos que se encontre determinada pela administração tributária.h) O valor de mercado dos bens ou serviços tributados;i) Uma relação congruente e justificada entre os factos apurados e a situação concreta do contribuinte.

A partir destes critérios, a AT presume o rendimento do contribuinte. O ónus da prova sobre os pressupostos da avaliação indirecta incide sobre a AT, o ónus da prova do excesso cabe ao contribuinte. Art.º 74.º n. 3 LGT Em caso de determinação da matéria tributável por métodos indirectos, compete a administração tributária o ónus da prova da verificação dos pressupostos da sua aplicação, cabendo ao sujeito passivo o ónus da prova do excesso na respectiva quantificação.

Nota prática: Nestes casos, o contribuinte não deverá atacar a avaliação, sob pena de ter de dar a conhecer o que até essa data tinha escondido, dever-se-ia é atacar o acto de avaliação, havendo por onde, como a melhor via de defesa do contribuinte

Controlo da avaliação indirecta art.º 91.º LGT

O contribuinte pode não concordar com os pressupostos indicados, assim como pode não concordar com o quantum da avaliação indirecta.O meio jurídico próprio para fiscalizar a avaliação indirecta está previsto no art.º 91.º LGT. Pedido de revisão da matéria colectável. O contribuinte indicará um perito, assim como a AT nomeia outro perito, podendo ser solicitado um terceiro perito independente. Aqui verifica-se um debate contraditório, debatendo quer os pressupostos, quer os valores da avaliação. Art.º 92.º n. 1., um raro caso de consensualismo na relação com a AT.Deste debate pode haver:

- Acordo, o tributo vai ser liquidado com base no valor acordado. Admitindo que todos os peritos estão de acordo, o acto administrativo da avaliação é modificado. Art.º 92.º n. 3.

- Desacordo, art.º 92.º n. 6, em principio fica tudo exactamente como estava.

A partir daqui, o contribuinte pode atacar o acto através da reclamação graciosa ou da impugnação judicial.Em regra estas não tem efeitos suspensivos, o contribuinte terá que pagar o tributo com base na liquidação. Com a seguinte excepção:

Pode não ter havido acordo porque:- O perito da AT mais o perito independente estão em desacordo com o perito do

contribuinte.- O perito da AT está em desacordo com perito independente e com o perito do

contribuinte.No segundo exemplo a reclamação graciosa ou a impugnação judicial tem efeitos suspensivos. Aguarda a decisão final para liquidar o tributo. Base legal no art.º 92.º n. 8.

Nos casos em que a AT faz a avaliação indirecta e a liquidação em simultâneo. Nestes caso recorre-se ao art.º 91.º n. 1 e n. 2.

Aula de 13-12-2012Tipo de aula : Teórica Turno : T1

Título : reclamações e recursos

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Sumário : Os procedimentos tributários impugnatórios.

Procedimento de 2ª grau ou Procedimentos recursivos20

As reclamações e os recursos administrativos em matéria tributaria, também chamados procedimentos impugnatórios ou procedimentos em segundo grau.Aspectos estruturantes e essenciais.

Reclamação graciosa, art.º 68.º e ss CPPT21

Constitui o procedimento impugnatório por excelência, uma vez que tem por objectivo a anulação total ou parcial ao acto de liquidação. Este procedimento não tem efeitos suspensivos, salvo que o SP prestar garantia adequada. (art.º 69.º CPPT). A reclamação faz interromper o prazo de prescrição, nos termos do art.º 49.º n. 1 LGT.

1. Objecto: exclusivamente actos tributários, Liquidação. Art.º 68.º. Sempre que o SP esteja confrontado com uma acto de tributário que considere desconforme com o ordenamento jurídico, de usar este expediente administrativo.

2. Objectivo ou fim: Visa anulação, só se pode pedir a anulação do acto tributário, o pedido final no articulado será sempre o pedido de anulação do acto de liquidação. Art.º 68.º CPPT.

3. Fundamentos: Art.º 70.º > art.º 99.º CPPT, a ilegalidade. O fundamento será sempre a ilegalidade indicada no art.º 99.º CPPT.

4. Legitimidade: Art.º 68.º, o SP originário, Têm legitimidade o contribuinte, os responsáveis tributários e os substitutos. O art.º 22.º n. 4 da LGT, prevê que os responsáveis, os SP não originários, possam impugnar ou reclamar a dívida nos mesmos termos que o responsável originário.

5. Tempestividade: art.º 70.º, o prazo regra é de 120 dias, a partir dos factos previstos no art.º 102.º a) termo do prazo do pagamento voluntário, ou seja, em princípio deve-se pagar e depois reclamar, execução prévia, presunção de legalidade dos actos da AT ( garantias em matéria tributaria art.º 199.º CPPT); b) os prazos correm continuamente, 57.º n. 3 LGT.

6. Competência: Art.º 75.º, o dirigente do órgão periférico regional. Os actos do órgão periférico local, são feitas para o dirigente do órgão periférico regional. ( definição dos órgãos no art.º 6.º Decreto-Lei n.º 433/99 -26/10, que aprova o CPPT. Nos casos previstos no art.º 73.º n. 4, terá competência o órgão periférico local quando o valor do processo não exceder um quíntuplo da alçada do tribunal tributário ( 1250,00€ * 5 = 6250,00€)

7. Tramitação, fases do procedimento: art.º 73.º 74.º 75.º. A reclamação é apresentada ao órgão periférico local, que instaurará o procedimento em prazo não superior a 90 dias. Dependendo do valor da causa, pode este decidir ou elaborar uma proposta de decisão que remeterá ao órgão periférico regional.

8. Decisão do procedimento: Decisão tácita, se houver silencio administrativo, art.º 57.º n. 5 da LGT, presume-se o indeferimento da reclamação, mantem-se o acto tributário no ordenamento jurídico. O art.º 106.º CPPT também o afirma. Decisão expressa, deferimento ou indeferimento. Se a pretensão dor indeferida, o acto tributário mantem-se no ordenamento jurídico, podendo haver um agravamento à colecta caso se considere ter sido infundada, art.º 77.º CPPT. Se a pretensão for deferida, anula-se o acto tributário com efeitos ex-tunc. Art.º 289.º Ccv, tem que ser restituído tudo o que houver sido prestado. A restituição do que foi pago e se o não foi, o levantamento da garantia prestada. Este também tem a possibilidade de ser ressarcido dos custos de ter pago uma prestação indevida, art.º 40.º n. 1 da LGT, sendo para tal necessário ter havido erro da AT. Pode pedir

20 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 207 a 23121 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 215 a 227

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neste termos juros indemnizatórios. Esta RC não se confunde com a RC genérica do estado. A LGT art.º 102.º n.2, juros , moratórios em processo de impugnação judicial.

9. Impugnação da decisão de indeferimento: Por recurso hierárquico, art.º 76.º, no prazo de 30 dias do indeferimento da decisão, como através do processo de impugnação judicial. Para este ultimo, os prazos são:

a. 15 dias para o indeferimento expresso, art.º 102.º n. 2 CPPTb. 90 dias para indeferimento tácito, art.º 102.º n. 1 d) CPPT c. 30 dias nos casos de reclamação prévia necessária.

Recurso hierárquico, art.º 66.º e 67.º22

Uma garantia administrativa que permite ao contribuinte solicitar ao superior hierárquico da entidade que praticou o acto uma nova apreciação deste.

1. Objecto: Exclusivamente actos administrativos em matéria tributária, como por exemplo o benefício fiscal indeferido.

2. Objectivo ou fim: Tem como objetivo a revogação do acto.3. Fundamentos: A legalidade ou o mérito do acto apreciado. Como a legalidade terá

como meio adequado a reclamação graciosa, este procedimento é essencialmente usado para a apreciação de questões de mérito.

4. Legitimidade: 5. Tempestividade: Prazo 30 dias, art.º 66. n. 26. Competência: O mais elevado superior hierárquico do autor do acto, art.º 66.º n.º 2

CPPT, e 80.º LGT.7. Tramitação, fases do procedimentos: 8. Decisão do procedimento: O deferimento do recurso implica a revogação do

acto, o indeferimento a sua manutenção no ordenamento jurídico, abrindo a via contenciosa.

9. Impugnação da decisão de indeferimento: Acção administrativa especial. A acção de impugnação judicial serve para atacar actos de liquidação, art.º 97.º n. 2. Refere o recurso contencioso dos actos administrativos em matéria tributária que não comportem a liquidação. A figura do recurso contenciosos já não existe, o CPTA indica que quando o legislador se referir ao recurso contencioso, entende-se remissão para acção administrativa especial.

Pedido de revisão da matéria tributável fixada métodos indirectos, art.º 91.º e 92.º LGT23

Procedimento utlizado quando se pretende, graciosamente, por em crise o acto de fixação da matéria tributável através de métodos indirectos. Procedimento necessário para impugnação judicial com base nos fundamentos inticados. ( art.º 117.º CPPT)

1. Objecto: O acto de fixação da matéria colectável por métodos indirectos.2. Objectivo ou fim: Estabelecimento de um acordo do montante da matéria tributável

a considerar para efeitos de tributação.3. Fundamentos: Por errónea quantificação da meteria calcetável, art.º 92.º LGT e

117.º CPPT4. Legitimidade: Tem legitimidade o sujeito passivo do tributo em questão.5. Tempestividade: 30 dias contados a partir da notificação da decisão de fixação do

valor por métodos indirectos. 6. Competência: Os peritos nomeadas pela AT e pelo SP. Pode ser nomeado um

perito independente.

22 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 227 a 23123 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 207 a 210

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7. Tramitação, fases do procedimentos: Designação de peritos, contraditório e decisão.

8. Decisão do procedimento: O objectivo é chegar a um acordo, art.º 92.º n. 3, que existindo permitirá a liquidação do tributo com base na matéria colectável acordada. Não havendo acordo, 92.º n. 6, a AT decidirá o montante da matéria colectável de acordo como seu prudente juízo tendo em conta a posição dos peritos.

9. Impugnação da decisão de indeferimento: Segue a forma de processo de impugnação judicial.

Pedido de revisão dos actos tributários, art.º 78.º LGT24

Em tudo igual à reclamação graciosa. Difere na competência. Deve-se usar este processo em casos de manifesta simplicidade e de erro grosseiro, troca de morada, ou troca de nome do contribuinte. Deve-se usar também quando existe uma maior proximidade com o autor do acto, ou seja, se falamos em taxas municipais, é mais fácil sensibilizar o autor do acto em erro, que reclamar para um órgão distante.

1. Objecto: Exclusivamente actos tributários, Liquidação. Art.º 682. Objectivo ou fim: Visa anulação, só se pode pedir a anulação do acto tributário, o

pedido final no articulado será sempre o pedido de anulação do acto de liquidação. Art.º 68.º CPPT.

3. Fundamentos: Art.º 70.º > art.º 99.º CPPT, a ilegalidade. O fundamento será sempre a ilegalidade indicada no art.º 99.º CPPT. Quando é a AT a desencadear o procedimento, o fundamento, único possível, é o erro imputável a esta.

4. Legitimidade: art.º 68.º, o SP originário, o contribuinte, os responsáveis tributários. O art.º 22.º n. 4 da LGT, prevê que os responsáveis, os SP não originários, subsidiários possam impugnar ou reclamar a dívida nos mesmos termos que o responsável originário. A legitimidade activa pertence tanto ao SP como à AT, na medida em que este procedimento pode visar a revisão do acto tributário quer a favor da AT quer a favor do contribuinte.

5. Tempestividade: Art.º 70.º, o prazo regra é de 120 dias, a partir dos factos previsto no art.º 102.º a) termo do prazo do pagamento voluntário, ou seja, em princípio deve-se pagar e depois reclamar, execução previa, presunção de legalidade dos actos da AT ( garantias matéria tributaria art.º 199.º CPPT); b) os prazos correm continuamente, 57.º n. 3 LGT. O prazo para AT é de 4 anos se o tributo já houver sido pago ou a todo o tempo (respeitando a prescrição) se o não tiver sido.

6. Competência: Do próprio autor do acto. Art.º 78.º LGT “1 - A revisão dos actos tributários pela entidade que os praticou...”

7. Tramitação, fases do procedimentos: art.º 73.º 74.º 75.º8. Decisão do procedimento: Decisão tácita, se houver silencio administrativo, art.º

57.º n. 5 da LGT, presume-se o indeferimento da reclamação, mantem.se o acto tributário no ordenamento jurídico. O art.º 106.º CPPT também o afirma. Decisão expressa, deferimento ou indeferimento. Se a pretensão dor indeferida, o acto tributário mantem-se no ordenamento jurídico. Se a pretensão for deferida, anula-se o acto tributário. Art.º 289.º Ccv, tem que ser restituído tudo o que houver sido prestado. A restituição do que foi pago e se o não foi, o levantamento da garantia prestada. Este também tem a possibilidade de ser ressarcido dos custos de ter pago uma prestação indevida, art.º 40.º n. 1 da LGT, sendo para tal necessário ter havido erro da AT. Pode pedir neste termos juros indemnizatórios. Esta RC não se confunde com a RC genérica do estado. A LGT art.º 102.º n.2, juros , moratórios em processo de impugnação judicial.

9. Impugnação da decisão de indeferimento: Por recurso hierárquico, art.º 76.º, como através do processo de impugnação judicial.

24 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Rocha, Pág. 210 a 214

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O pedido de revisão dos actos tributários pode assumir 2 formas. Art.º 78.º n. 1

- Por iniciativa do contribuinte- Por iniciativa da própria AT, revisão oficiosa. Tem 4 anos para o fazer.

Pode o contribuinte pedir à AT para que faça a revisão do acto tributário. De forma discricionária. Os tribunais dizem que o contribuinte não pode desencadear a revisão oficiosa com base em erro imputável aos serviços. ( jurisprudência)

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