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APET ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS XI SIMPÓSIO DE DIREITO TRIBUTÁRIO O IVA EUROPEU E O ICMS. O PARADOXO DA TRIBUTAÇÃO NO DESTINO JOSÉ PAULO NEVES

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APET – ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS. XI SIMPÓSIO DE DIREITO TRIBUTÁRIO O IVA EUROPEU E O ICMS. O PARADOXO DA TRIBUTAÇÃO NO DESTINO JOSÉ PAULO NEVES. OBJETIVO. BREVE ANÁLISE DO MODELO DE TRIBUTAÇÃO DO IVA EUROPEU E AS RAZÕES DE SUA ADOÇÃO. - PowerPoint PPT Presentation

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APET ASSOCIAO PAULISTA DE ESTUDOS TRIBUTRIOS XI SIMPSIO DE DIREITO TRIBUTRIO

O IVA EUROPEU E O ICMS. O PARADOXO DA TRIBUTAO NO DESTINO

JOS PAULO NEVESOBJETIVOBREVE ANLISE DO MODELO DE TRIBUTAO DO IVA EUROPEU E AS RAZES DE SUA ADOO.

COMPARATIVO COM O ICMS E SEU MODELO DE TRIBUTAO.

FOCO OPERAES MERCANTIS ENTRE PASES MEMBROS DA UNIO EUROPEIA E OPERAES MERCANTIS ENTRE ESTADOS FEDERADOS BRASILEIROS.

IVA EUROPEU TRS ESPAOS FISCAISEspao Nacional - demarcado pela fronteira de cada pas membro e onde atuam os operadores internos de cada pas, com tributao na origem;Espao Exterior - temos as transaes entre os pases membros com pases terceiros, cuja regra de coordenao a tributao no destino, no onerando as exportaes realizadas pela Comunidade, permitindo-se, inclusive, a devoluo do imposto pago nas operaes anteriores exportao.Espao Fiscal Intracomunitrio - onde ocorrem as transaes entre pases membros da Unio Europeia. Prevalece nestas transaes intracomunitrias a tributao no destino.

JUSTIFICATIVAS DA COMPARAOO IVA EUROPEU E O ICMS CONVIVEM COM A EXISTNCIA DE DIVERSAS LEGISLAES:

dos Pases membros na Unio Europeia e dos Estados membros no Brasil;

AMBOS NECESSITAM DE NORMAS GERAIS DE HARMONIZAO:

Estruturando os tipos impositivos (alquotas);Definindo procedimentos e os limites para a concesso de isenes e outros incentivos fiscais;Estabelecendo regras de tributao das operaes mercantis e de prestao de servios realizadas tanto no mbito interno como entre os seus membros (as Diretivas do Conselho Europeu e as leis complementares brasileiras)

JUSTIFICATIVAS DA COMPARAOVIRTUDES E DEFEITOS DO MODELO DE TRIBUTAO

Tambm as virtudes e defeitos do modelo de tributao, se na procedncia ou se no destino, so temas comuns destes tributos, cabendo destacar que as experincias do IVA europeu so fontes valiosas na busca de solues para o ICMS, sobretudo em funo do cenrio de guerra fiscal hoje estabelecido pelos Estados federados, com consequncias nefastas para toda a Federao.Importa considerar, tambm, as peculiaridades da Federao brasileira, da autonomia das pessoas polticas, do sistema constitucional tributrio e da rgida distribuio das competncias tributrias entre os entes federados, em especial a outorga aos Estados federados da competncia para instituir o principal imposto sobre o consumo brasileiro. .

IVA EUROPEU OPERAES ENTRE PASES MEMBROSNo IVA europeu o modelo pretendido pelos seus idealizadores sempre foi o da tributao na origem.

Ainda em 1967, a Primeira Diretiva do IVA previa, em seu prembulo, um regime definitivo com a tributao na origem, reconhecendo o carter transitrio da tributao no destino.

Com a criao do mercado interior em 1993, a previso inicial era de uma tributao na origem para as transaes intracomunitrias, sob os fundamentos:

A tributao na origem mais apropriada para um espao econmico integrado;Permite igual tratamento entre as operaes realizadas no interior de um pas membro e as operaes realizadas entre pases membros;Facilita a abolio das fronteiras fiscais;Atende ao princpio da no discriminao do produto em funo da procedncia.

IVA EUROPEU OPERAES ENTRE PASES MEMBROSCONDICIONANTES ESSENCIAIS PARA UMA TRIBUTAO NA ORIGEM:

Unificao das alquotas entre os pases membros, tanto para as operaes internas como intracomunitrias;Existncia de poucos tipos impositivos (alquotas);Tratamento uniforme das isenes e dos regimes especiais e principalmente;Confiana no funcionamento de uma cmara de compensao, sobretudo em razo dos pases importadores lquidos.

IVA EUROPEU OPERAES ENTRE PASES MEMBROSAs dificuldades, para aquele momento, de:

unificao das alquotas entre os pases membros, com poucos tipos impositivos (alquotas);tratamento uniforme das isenes e dos regimes especiais e principalmente;A falta de confiana no funcionamento de uma cmara de compensao, sobretudo dos pases importadores lquidos,

no permitiram um consenso para a tributao na origem.

IVA EUROPEU OPERAES ENTRE PASES MEMBROSO Conselho Europeu, ainda que reafirmando a necessidade de um modelo de tributao na origem, reconheceu que este seria um objetivo de mdio prazo.

No obstante, a necessidade de se abolir as fronteiras fiscais para a instituio do mercado comunitrio interno culminou na aprovao da Diretiva n 91/680/CEE, de 16 de dezembro de 1991, que instituiu um regime transitrio do IVA nas transaes intracomunitrias, com preponderncia da tributao no destino.

IVA EUROPEU OPERAES ENTRE PASES MEMBROSEm 1 de janeiro de 1.993 entrou em vigor na Comunidade Europeia o denominado regime transitrio do IVA para as transaes intracomunitrias, previsto que estava para vigorar at o final do ano de 1996 e que, ao contrrio de uma tributao na origem, mantinha o princpio da tributao no destino, com algumas excees.

Este modelo o que rege as relaes intracomunitrias at hoje, e no parece que ser modificado no curto ou mdio prazo, mesmo porque foi objeto de vrias alteraes normativas que melhoraram o sistema, tornando-o mais harmnico e menos suscetvel de fraudes.

IVA EUROPEU REGRAS ESTRUTURANTESDiretiva 2006/112/CE

Prevalece nas transaes intracomunitrias a tributao no destino, utilizando-se do mecanismo da alquota zero (iseno) na sada da mercadoria de um pas membro, ocorrendo a tributao na entrega da mercadoria no pas membro de destino. O imposto pago nas operaes internas realizadas antes desta sada intracomunitria devolvido pelo pas de procedncia, em procedimento equivalente ao de uma exportao (aqui compreendida como transaes realizadas entre um pas membro e um terceiro pas no integrante da comunidade).

IVA EUROPEU REGRAS ESTRUTURANTESDiretiva 2006/112/CE

Como o imposto cobrado nas etapas anteriores venda intracomunitria ter de ser devolvido pelo pas membro de procedncia, reduzido o espao para a utilizao, por este pas membro de procedncia, de subsdios indiretos de natureza fiscal.Este mecanismo, somado regra que impede a utilizao de alquotas internas diversas da utilizada nas aquisies intracomunitrias (artigo 94, da Diretiva 2006/112/CE), permite que no ocorra tratamento desigual entre os produtos adquiridos internamente e os produtos adquiridos em transaes intracomunitrias.

IVA EUROPEU REGRAS ESTRUTURANTESDiretiva 2006/112/CE Excees

Nas aquisies intracomunitrias de bens por no contribuintes do imposto onde o tributo devido no pas membro de procedncia (excluda a aquisio de meio de transporte novo, situao na qual a tributao no destino).Algumas vendas distncia e algumas transaes com pessoas coletivas no contribuintes do imposto so tributadas no pais membro de origem (depende de algumas condies, entre elas o valor das operaes).

IVA EUROPEU REGRAS ESTRUTURANTESEXEMPLO DA TRIBUTAO INTRACOMUNITRIA

A empresa (A) adquire, no mercado interno espanhol, insumos do contribuinte (B) para a sua produo no valor de 2.000 euros e tributados pela alquota de 18% (dezoito por cento). Posteriormente, vende a mercadoria produzida para o contribuinte (C) do IVA estabelecido na Frana pelo valor de 5.000 euros. O contribuinte francs (C), por sua vez, vende a mercadoria para outro contribuinte francs (D), no mercado interno da Frana, por 6.000 euros, tambm por uma alquota de 18% (dezoito por cento).

IVA EUROPEU REGRAS ESTRUTURANTESOperao interna na Espanha - venda de (B) para (A)

Base de clculo x alquota na operao: 2.000 euros x 18%IVA suportado pela empresa (A) e pago para a Espanha = 360 euros

Operao intracomunitria - venda de (A) para (C) sada da Espanha

Base de clculo x alquota na operao: 5.000 euros x 0%IVA pago pela empresa (A) = zero euros

O contribuinte (A), considerando que a mercadoria no foi vendida no mercado interno Espanhol, o que permitiria a compensao do imposto de 360 euros pago na operao anterior, ter o direito de devoluo deste valor junto ao Fisco Espanhol, configurando o mesmo tratamento tributrio entre uma venda interna e uma venda intracomunitria.

IVA EUROPEU REGRAS ESTRUTURANTESOperao interna na Frana - venda de (C) para (D)

Base de clculo x alquota na operao: 6.000 euros x 18% = 1.080 euros.Imposto pago por (C) para a Frana na venda para (D) = 1.080 euros. O contribuinte (C) paga 1.080 euros para a Frana pela venda da mercadoria no pas. Assim, o produto adquirido da Espanha ingressa na Frana em igualdade de condies com o produto Francs.

IVA EUROPEU EVOLUOO regime transitrio, em funo de algumas normas de procedimento e de mecanismos de controle, foi adaptado para a realidade de um espao econmico integrado, valendo destacar:A abolio das fronteiras fiscais.A no discriminao do produto em razo da procedncia. O sistema exige que cada agente econmico tenha uma conta corrente com o pas de procedncia, para o qual dever prestar contas de suas atividades. O pas de destino interage com o comprador das mercadorias, a quem compete responder pelo imposto incidente naquela operao intracomunitria quando da entrada das mercadorias.IVA EUROPEU EVOLUONo havendo parcela da tributao destinada ao pas de origem, a concesso, por este, de incentivos e benefcios fiscais, se enfraquece como mecanismo de guerra fiscal.estabelece a neutralidade fiscal nas transaes intracomunitrias.Os fatores de organizao da produo, da capacidade empresarial de produzir mais, melhor e pelo menor preo que iro ditar a regra do mercado e no o estmulo de natureza fiscal.

IVA EUROPEU EVOLUOEsta evoluo do sistema de tributao no destino fez com que alguns autores, entre eles Vasco Branco Guimares, afirmassem que o ideal de uma tributao na origem foi derrogado na prtica em razo de dois pressupostos que no se verificam:

O de igualdade entre os pases em um mercado nico;De que numa economia integrada existiria uma tendncia para eliminar a distino entre pases produtores e consumidores.

Guimares, Vasco Branco. A tributao do consumo no Brasil: uma viso europeia. In IVA para o Brasil. Contributos para a Reforma da Tributao do Consumo. Ed. Frum. Brasil. 2007

ICMS OPERAES ENTRE ESTADOS MEMBROSNas transaes interestaduais entre contribuintes do imposto existe um sistema de repartio da arrecadao entre os Estados federados, com forte concentrao na origem.

7% (sete por cento) para as operaes e prestaes realizadas nas Regies Sul e Sudeste, destinadas s Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste e ao Estado do Esprito Santo;12% (doze por cento) para as operaes e prestaes realizadas nas Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste e no Estado do Esprito Santo e destinadas para as Regies Sul e Sudeste.(Artigo 155, 2, VII e VIII, da Constituio Federal e Resoluo do Senado Federal n 22, de 19 de maio de 1989)

ICMS OPERAES ENTRE ESTADOS MEMBROSEXCEES:

Tratamento diverso para as operaes com petrleo, lubrificantes, combustveis, energia eltrica e servios de comunicao, que no sofrem a incidncia das alquotas interestaduais.

O ICMS incidente nas operaes de circulao ou na prestao de servios interestaduais todo ele pertencente ao ente federado de procedncia (tributao na origem) quando o adquirente no for contribuinte do imposto.

ICMS OPERAES ENTRE ESTADOS MEMBROSCONDICIONANTES ESSENCIAIS PARA UMA TRIBUTAO NA ORIGEM NA PERSPECTIVA DA EUROPA:

Unificao das alquotas entre os pases membros (Estados membros no Brasil), tanto para as operaes internas como intracomunitrias;Compete ao Senado Federal, que mediante a expedio de resoluo exerce este papel regulador das alquotas do ICMS, tanto nas operaes de circulao e prestao de servios internas (realizadas no territrio da prpria pessoa poltica) como nas operaes e prestaes realizadas entre os entes federados. Estabelece alquotas mnimas e mximas, bem como que as alquotas internas no podero ser inferiores s alquotas interestaduais (CF, art. 155, 2, V e VI.).

ICMS OPERAES ENTRE ESTADOS MEMBROSCONDICIONANTES ESSENCIAIS PARA UMA TRIBUTAO NA ORIGEM NA PERSPECTIVA DA EUROPA:

Existncia de poucos tipos impositivos (alquotas);

Na prtica prolifera uma quantidade imensa de tipos impositivos, havendo dezenas de alquotas nominais e um nmero enorme de outras alquotas derivadas da aplicao de redues de base de clculo e de isenes em um grau de desarmonia considervel entre os Estados federados, o que se apresenta absolutamente incompatvel com uma tributao fortemente concentrada na origem.

ICMS OPERAES ENTRE ESTADOS MEMBROSCONDICIONANTES ESSENCIAIS PARA UMA TRIBUTAO NA ORIGEM NA PERSPECTIVA DA EUROPA:

Tratamento uniforme das isenes e dos regimes especiais;

A concesso de benefcios fiscais sem observncia das normativas que o autorizam (aprovao pelo CONFAZ) no tem permitido um tratamento uniforme. ICMS OPERAES ENTRE ESTADOS MEMBROSCONDICIONANTES ESSENCIAIS PARA UMA TRIBUTAO NA ORIGEM NA PERSPECTIVA DA EUROPA:

Confiana no funcionamento de uma cmara de compensao, sobretudo em razo dos pases importadores lquidos.

No Brasil se optou por uma repartio normativa (alquotas interestaduais) para preservar a autonomia dos entes federados Opo tambm deriva da outorga da competncia para instituir o ICMS aos entes federados parciais.Uma Cmara de Compensao permite que a repartio opere num momento posterior arrecadao, o que inibe a concesso de benefcios fiscais irregulares. ICMS CONCLUSESTodas as dificuldades enfrentadas pela Unio Europeia na concepo de um modelo de tributao na procedncia esto presentes na realidade brasileira .No modelo brasileiro atual, com forte concentrao da arrecadao na origem, 19 (dezenove) Estados membros suportam perdas e 8 (oito) Estados membros so beneficiados pelo modelo, apresentando supervit de receita lquida do ICMS nas transaes interestaduais.J num modelo de tributao no destino, excluindo-se as alquotas de 7% (sete por cento) e de 12% (doze por cento) para as transaes entre os Estados membros hoje em vigor e adotando uma tributao total no destino (alquota zero), dos 27 (vinte e sete) entes federados, somente 8 (oito) suportariam perdas de arrecadao com a tributao no destino, ao passo que os outros 19 (dezenove) Estados membros teriam um incremento de arrecadao.Estudo publicado pela Diviso de Gesto Fiscal e Municipal do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID no ano de 2011, com base nas informaes derivadas da emisso de 1,66 bilhes de notas fiscais eletrnicas de transaes interestaduais.

ICMS CONCLUSESVANTAGENS DA TRIBUTAO NO DESTINO

Constitui um elemento determinante para a eliminao da guerra fiscal;Elimina, ou ao menos reduzem de forma considervel as prticas prejudiciais concorrncia, criando um ambiente de negcios mais favorvel aos investimentos, produo e gerao de empregos;Estabelece maior segurana jurdica para os investidores, que se encontra hoje fortemente prejudicada;Estanca o contnuo processo de reduo da base de incidncia do ICMS derivado da concesso descontrolada de incentivos fiscais, permitindo que este tributo volte a ter uma base de tributao ampla e diversificada, com aumento da arrecadao a mdio e longo prazo;

ICMS CONCLUSESVANTAGENS DA TRIBUTAO NO DESTINO

Melhora a relao entre os entes federados, que se encontra hoje muita desgastada em funo da guerra fiscal; Permite que a grande maioria dos Estados membros (dezenove) seja beneficiada, em especial os entes federados localizados nas regies Norte e Nordeste do pas, as menos desenvolvidas; Cria um cenrio favorvel para outras iniciativas, como a simplificao e harmonizao das legislaes, com repercusses favorveis na administrao tributria dos entes federados e na reduo dos custos operacionais das empresas.Contribui de forma significativa para a neutralidade fiscal.

ICMS CONCLUSESE O PARADOXO?

O Conselho Europeu, ainda que reafirmando que a tributao na procedncia seria o modelo mais compatvel com um mercado comum integrado, optou por uma tributao no destino em razo da resistncia dos pases importadores lquidos decorrente das dificuldades de se atender s condicionantes essenciais para a implantao do modelo.

No Brasil o modelo de tributao com forte concentrao na procedncia, e sem apresentar as condicionantes essenciais na viso europeia, defendido pelos Estados membros importadores lquidos, sendo que os Estados membros exportadores so mais favorveis tributao no destino, mas, em menor nmero na representao poltica da Federao, no apresentam fora o suficiente para a mudana do modelo.

F I M