custos tributários do combustível etanol hidratado

Upload: gustavo-henrique-souza

Post on 10-Oct-2015

89 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

O propósito do presente estudo é caracterizar os custos tributários acerca do etanol hidratado no mercado de combustíveis do país. O trabalho tem como metodologia investigativa a compreensão estrutural dos tributos, o que motivou a escolha de uma metodologia baseada em estudos qualitativos. Apresentando-se uma metodologia do tipo descritiva, exploratória e explicativa, a pesquisa proporciona reflexões e compreensão sobre quais tributos constituem o custo no mercado do etanol. A concepção teórica parte da compreensão de sua estrutura tributária e seu respectivo custo como componente para formação de preços do etanol. Nessesentido, uma reflexão estendida dos resultados permitiu analisar que o custo do etanol hidratado não decorre somente das variáveis frotas, bases de distribuição, produção, forças mercadológica expressa pela oferta demanda ou usos da cana-de-açúcar (fabricação do açúcar, etanol anidro ou eteno) e número de usinas produtoras, mas também de tributos. Este, relevante aos custos de produção e, por conseguinte na formação de preços.

TRANSCRIPT

  • CUSTOS TRIBUTRIOS DO COMBUSTVEL ETANOL HIDRATADO

    Nilton Cesar Lima, Sonia Valle Walter Borges de Oliveira, Jamerson Viegas Queiroz,

    Gustavo Henrique Silva de Souza (Universidade Federal de Uberlndia; Universidade de So Paulo; Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte; Universidade Federal de Alagoas)

    Resumo: O propsito do presente estudo caracterizar os custos tributrios acerca do etanol hidratado no mercado de combustveis do pas. O trabalho tem como metodologia investigativa a compreenso estrutural dos tributos, o que motivou a escolha de uma metodologia baseada em estudos qualitativos. Apresentando-se uma metodologia do tipo descritiva, exploratria e explicativa, a pesquisa proporciona reflexes e compreenso sobre quais tributos constituem o custo no mercado do etanol. A concepo terica parte da compreenso de sua estrutura tributria e seu respectivo custo como componente para formao de preos do etanol. Nesse sentido, uma reflexo estendida dos resultados permitiu analisar que o custo do etanol hidratado no decorre somente das variveis frotas, bases de distribuio, produo, foras mercadolgica expressa pela oferta demanda ou usos da cana-de-acar (fabricao do acar, etanol anidro ou eteno) e nmero de usinas produtoras, mas tambm de tributos. Este, relevante aos custos de produo e, por conseguinte na formao de preos.

    Palavras-chaves: Custos; Tributos; Etanol; Combustveis.

    ISSN 1984-9354

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    2

    1 INTRODUO

    O presente estudo trata da compreenso dos principais tributos que oneram os custos de fornecimento do etanol hidratado no mercado brasileiro. Este, por sua vez, consagra-se num segmento de combustveis cuja escolha do consumidor final de abastecer com gasolina ou etanol baseada apenas em preos, para aqueles que possuam veculos flex. uma particularidade nica no pas cuja autonomia de deciso entre ter de abastecer com gasolina ou etanol unilateral ao consumidor final. Isso demonstra que os setores de combustveis, sucroenergtico e o de veculos, tm apresentado nos ltimos anos fortes mudanas tecnolgicas, o que torna o ambiente competitivo. Embora a tecnologia flex fuel evidencie o cenrio de que o etanol a tecnologia de combustvel vivel empregada atualmente no mercado interno como alternativa ao uso da gasolina, os preos no so majorados no mercado interno de maneira uniforme, e vrias razes sustentam essa heterogeneidade, como, por exemplo, os tributos.

    As discusses acerca de combustveis remetem, neste presente estudo, compreenso de que as alternativas energticas surgem para sanar efeitos no s ambientais e sociais, mas tambm econmicos, no que se refere prtica dos preos dos combustveis no mercado brasileiro, especificamente do etanol hidratado. Assim, cabe compreender a estrutura tributria do etanol hidratado, por conseguinte, apontar como complemento algumas explicaes das diferentes prticas de preos decorrentes de sua composio no custo de produo na dimenso do mercado interno.

    Para colaborar com essa discusso, este trabalho conta com o aporte terico acerca da estrutura tributria e sua respectiva contribuio nos custos de produo e relao formao dos preos do etanol hidratado, sendo este o objeto de investigao para o presente estudo. Nesse sentido, a evidenciao de pesquisa quanto intensificao energtica no mercado de combustveis a ser observada est relacionada ao mercado de etanol hidratado, competindo investigao da atual estrutura tributria existente. Os elementos que consistem na anlise da investigao se atentam sua atual consolidao no mercado de combustveis, ps-desregulamentaes dos preos, s normatizaes ambientais e, sobretudo, ao uso da tecnologia flex fuel que viabilizou e foi responsvel por difundir o uso no pas, embora estes aspectos no justifiquem a estrutura tributria do etanol no mercado nacional.

    Como problema central para investigao do presente estudo, adotou-se: qual a estrutura tributria do etanol hidratado e sua respectiva contribuio na composio dos custos de produo

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    3

    no mercado interno? Ao solucionar esse problema de investigao, ser possvel compreender a relao da varivel tributo quanto s suas diferenas e relao na formao dos preos do etanol hidratado no mercado interno, que, por sua vez, contribui para a prtica de preos na revenda, ou seja, o posto de combustvel. A outra metade do problema (ou seja, outras variveis intervenientes composio dos custos de produo e foras de mercado em oferta e demanda do etanol para a formao de preos) no ser estudada aqui. Obviamente, o preo do etanol depende de fatores tcnicos, de mercado e institucionais, cada um dos quais pode sofrer mudanas favorveis ou desfavorveis ao uso do etanol como combustvel (da o interesse pela questo), seja para apoiar o consumo do etanol hidratado, seja para combat-lo em momentos em que o preo estiver alto em relao gasolina, a partir das consideraes tributrias.

    Para responder ao problema central e a essa pergunta de pesquisa, parte-se da viso de que os consumidores finais so decisores sobre o tipo de combustvel que vo utilizar. Por sua vez, os principais propulsores da energia alternativa, quando da posse do veculo bicombustvel, fazem a pergunta tradicional: quanto custa ou qual o preo? Essa tica permite uma premissa bsica de investigao ao considerar a hiptese de que a estrutura tributria na cadeia produtiva do etanol tem servido de atributo dinamizao dos preos do etanol praticados ao consumidor final. Considerando que a tecnologia do etanol ao longo de sua cadeia produtiva j se consolida tanto quanto o seu desenvolvimento, processamento ou ao uso com a tecnologia flex fuel, admite-se, portanto, no presente estudo o seguinte objetivo geral: analisar a estrutura tributria do combustvel etanol hidratado no mercado brasileiro. Isso permitir alar como objetivo secundrio a sua contribuio na composio dos custos de produo e relao na formao de preos no mercado interno. 2 METODOLOGIA

    A metodologia deste estudo para o alcance do objetivo apresentado volta-se para o entendimento do contexto em que se insere o problema de pesquisa sobre a estrutura tributria do etanol hidratado e sua contribuio nos custos de produo e relao na formao de preos.

    Assim, a metodologia se alicera para o alcance do objetivo apresentado cujo contorno terico acerca de tributos, inserindo-se ao problema de pesquisa possibilita o entendimento no referido setor. O mtodo proposto por este trabalho o da pesquisa qualitativa.

    De acordo com Miles e Huberman (1994 apud GHAURI; GRONHAUG, 1995), a pesquisa qualitativa adequada em estudos de assuntos complexos e emprico, como o comportamento

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    4

    humano ou organizacional, permitindo que o pesquisador obtenha informaes muito mais detalhadas.

    Similarmente, Godoy (1995) aponta que o mtodo qualitativo proporciona uma grande diversidade de mtodos de trabalho, estilos de anlise e de apresentao de resultados e diferentes consideraes quanto aos sujeitos.

    Dessa forma, vale-se da pesquisa bibliogrfica para entendimento do setor, pois, conforme Gil (2009), eesta trata-se de uma forma de estudo exploratrio e de proporcionar familiaridade com a rea proposta de anlise.

    Ou seja, faz-se uso do estudo do mercado de combustvel do etanol hidratado, precisamente s questes tributrias, evidenciando as principais normas, regulamentos e atos que configuram a estrutura tributria no pas. Sendo os relatrios obtidos junto s associaes, sindicatos e agncia reguladora, os principais elementos secundrios para a investigao das prticas tributrias. 3 ESTRUTURA TRIBUTRIA NA COMERCIALIZAO DO ETANOL HIDRATADO

    Os impostos so incidentes na produo e comercializao. Assim, oportuno enfatizar que, para a comercializao do etanol, a Agncia Nacional de Petrleo (ANP) dever fornecer o Certificado de Cadastramento de Fornecedor de Etanol Combustvel para fins Automotivos, e somente estando munido deste documento que poder o fornecedor iniciar a comercializao.

    A Resoluo n 05, de 13 de fevereiro de 2006, especificamente o art. 8 trata das obrigaes a que est submetido o fornecedor, como o envio dos dados de comercializao ANP, a necessidade de guardar as notas fiscais relativas atividade, bem como a obrigatoriedade de lacre do compartimento do veculo utilizado para o transporte do etanol combustvel. Quanto ao fato da revenda, por exemplo, ter de fornecer dados da comercializao ANP, fica a seguinte reflexo no presente estudo: por que a referida agncia em seu acompanhamento dos preos mdios do combustvel etanol no pas no se estende em sua granularidade de informaes, inferindo-se a resultado da populao e no de uma simples amostragem desenvolvida por uma empresa terceira responsvel por pesquisar preos do mercado? O que poderia at mesmo obter informaes partilhadas em nveis de preos em postos bandeirados e postos bandeira branca sem uma metodologia clara e transparente. Esse modo emite informaes sobre preos praticados em determinado momento nos postos de combustveis, e apesar de ser uma varivel informativa de preos praticados no branda o suficiente para replicar o quanto varia em decorrncia das

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    5

    diferenas tributrias dentre as unidades federativas do pas, priorizando os aspectos mercadolgicos num primeiro instante.

    Entretanto, em relao ao produtor, na Medida Provisria n 413, de 13 de janeiro de 2008, houve a introduo de vrias mudanas na arrecadao tributria do pas, dentre elas a contribuio ao PIS/Pasep1 e Cofins2, especialmente no que tange s operaes com etanol, onerando, sobretudo, os produtores. Pois, foi transferido para eles a parcela de PIS e a Cofins que antes era recolhida pelas distribuidoras de combustveis, e por isso quando se diz ser 60% o custo de produo para o produtor, h ainda que considerar a parte significativa referente aos encargos tributrios. Essa medida, segundo o Sindicom (2010), eleva a alquota do produtor de 3,65% para at 21%. Em contrapartida, a majorao que ora deve ser recolhida pelos produtores, onerando seus custos, repassada a toda cadeia de combustveis at a revenda, encarecendo ainda mais os preos na bomba.

    Assim, se custos altos para o produtor comprimem sua margem de lucro, tem-se a hiptese de que diante de situaes de demanda favorvel, h o repasse desses custos tributrios em seus preos, de forma que o consumidor final na ponta da cadeia absorva o impacto de uma onerao tributria do governo.

    Estes so os principais tributos que incidem sobre o combustvel etanol3: a) etanol anidro: PIS/Cofins e ICMS4 diferido para Gasolina A; b) etanol hidratado: ICMS e PIS/Cofins. Conforme dados da Sindicom (2010), os tributos incidentes so: a) Para os produtores:

    i) etanol anidro: PIS/Cofins e ICMS diferido para Gasolina A; ii) etanol hidratado: ICMS e PIS/Cofins.

    b) Para as distribuidoras: i) ICMS e substituio tributria na revenda PIS/Cofins.

    c) Para as revendas: i) Isentos de recolhimento (substitudos).

    O PIS e a Cofins tiveram sua legislao alterada em 2008, mudando significativamente a forma de cobrana nos produtores e nas distribuidoras. As principais alteraes introduzidas no

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    6

    PIS/Cofins, a partir de 01/10/2008, foram: a) as alquotas deixaram de ser ad valorem (percentual sobre o preo) e passaram a ser

    ad rem (ou especficas e que consistem em um valor fixo, em R$/Litro); b) as alquotas passaram de cumulativas (sem direito a crdito) para no cumulativas

    (com direito a crdito); c) os produtores e as distribuidoras passaram a ter o direito de opo entre serem tributados

    pelas alquotas ad valorem ou ad rem. Como as alquotas ad rem so mais vantajosas, todos os contribuintes optaram por elas;

    d) apenas o etanol que exportado para outros fins no tem a incidncia de PIS/Cofins. Assim, o PIS e a Cofins, j por meio do Decreto Lei de n 6.573, de 19 de setembro de

    2008, que passou a vigorar em outubro do referido ano, fixam o coeficiente sobre a receita bruta auferida na venda de etanol e estabelecem os valores dos crditos dessas contribuies que podem ser descontados na aquisio de etanol anidro para adio gasolina. As alquotas fixas ad remda contribuio para o PIS e da Cofins, que incidem sobre o etanol hidratado, distribuem-se em:

    a) R$ 8,57 (oito reais e cinquenta e sete centavos) e R$ 39,43 (trinta e nove reais e quarenta e trs centavos) por metro cbico de etanol, no caso de venda realizada por produtor ou importador;

    b) R$ 21,43 (vinte e um reais e quarenta e trs centavos) e R$ 98,57 (noventa e oito reais e cinquenta e sete centavos) por metro cbico de etanol, no caso de venda realizada por distribuidor.

    Ainda de acordo com o Decreto Lei n 6.573, no caso da aquisio de etanol anidro para adio gasolina, os valores dos crditos da contribuio para o PIS/PASEP e da Cofins ficam estabelecidos, respectivamente, em:

    a) R$ 3,21 (trs reais e vinte e um centavos) e R$ 14,79 (quatorze reais e setenta e nove centavos) por metro cbico de etanol, no caso de venda realizada por produtor ou importador;

    b) R$ 16,07 (dezesseis reais e sete centavos) e R$ 73,93 (setenta e trs reais e noventa e trs centavos) por metro cbico de etanol, no caso de venda realizada por distribuidor.

    Com relao tributao Estadual, tem-se a incidncia do ICMS, que varia significativamente dependendo do tipo, do uso e se a venda interna ou interestadual. O ICMS

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    7

    um tributo estadual cujas regras e alquotas podem variar de Estado para Estado, porm algumas regras so gerais para todos os Estados, conforme Sindicom (2010), tais como:

    a) para o etanol anidro, o ICMS diferido (transferido) para a gasolina A. Ou seja, a carga tributria toda cobrada na gasolina A e vendida pela Petrobras. O ICMS diferido nas vendas internas (dentro do mesmo Estado) e nas vendas interestaduais (vendas entre Estados);

    b) para o etanol hidratado, o ICMS cobrado por alquotas que variam de 12% (SP) a 28% (referente ao estado do Par);

    c) para os casos do etanol para outros fins (tanto o anidro quanto o hidratado), o ICMS cobrado por alquotas que variam de 17% a 18% dependendo do Estado;

    d) no h a incidncia de ICMS nas exportaes; e) para as vendas interestaduais, segundo a Constituio Federal, as alquotas de ICMS

    variam de acordo com a origem e o destino do produto, podendo ser de 7% ou de 12%. Estas alquotas no variam entre Estados, e esta regra s no vale para o etanol anidro

    combustvel que tem o ICMS diferido. A substituio tributria que representa a responsabilidade pelo ICMS em relao s operaes ou prestaes de servios atribudos a outro contribuinte, tambm, se faz presente na comercializao do etanol.

    Assim, h duas modalidades de contribuintes: o contribuinte substituto, que aquele eleito para efetuar a reteno e/ou recolhimento do ICMS; e o contribuinte substitudo, que representa aquele que, nas operaes ou prestaes antecedentes ou concomitantes, beneficiado pelo diferimento do imposto e nas operaes ou prestaes subsequentes sofre a reteno, onerando-se os preos, que o caso das revendas. A Tabela 1, a seguir, revela a aplicao do ICMS dentre os diversos Estados do pas.

    Tabela 1: Alquota do ICMS em 2010 (%) UF Gasolina Diesel Biodiesel QAV-1 Querosene Ilumin.

    leo Comb. G.N.V.

    Etanol Hidrat. Autom. Aviao Dom. Intern.

    AC 25 25 17 12 25 0 17 17 17 25 AL 27 25 17 12 17 0 17 17 12 27 AM 25 25 17 12 25 0 17 17 17 25 AP 25 25 17 12 25 0 17 17 17 25 BA 27 27 15 12 17 0 17 17 12 19 CE 27 25 17 12 25 0 17 17 17 25 DF 25 25 12 12 25 0 25 25 25 25 ES 27 25 12 12 25 0 17 17 17 27 GO 26 26 12 12 15 0 17 17 17 20

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    8

    MA 27 25 17 12 25 0 17 25 17 25 MG 25 25 12 12 4 0 18 18 18 25 MS 25 25 17 12 17 0 17 17 12 25 MT 25 25 17 12 25 0 17 17 17 25 PA 30 30 17 12 17 0 17 17 17 28 PB 27 25 17 12 17 0 17 17 17 25 PE 27 25 17 12 25 0 17 17 17 25 PI 25 25 17 12 27 0 17 20 17 25 PR 28 26 12 12 18 0 17 17 12 18 RJ 31 31 13 12 4 0 19 19 12 24 RN 25 25 17 12 17 0 17 17 12 25 RO 25 25 17 12 25 0 17 17 17 25 RR 25 25 17 12 25 0 17 17 17 25 RS 25 17 12 12 17 0 17 17 12 25 SC 25 25 12 12 17 0 17 17 12 25 SE 27 27 17 12 17 0 17 17 17 27 SP 25 25 12 12 25 0 18 18 12 12 TO 25 14 12 12 17 0 17 17 17 25 TOTAL 26,05 24,47 13,44 12,00 18,88 0 17,35 17,54 12,78 17,26 Fonte: Sindicom (2010).

    A Tabela 1 demonstra que, no Estado de So Paulo, o ICMS para o etanol hidratado de 12%5, o menor dentre todos os Estados. Trata-se de uma poltica tributria do Estado com objetividade de ganhos de escala na arrecadao, e pelo fato de ser baixo no motiva fraudes por substituio tributria. Deve-se considerar que o Estado de So Paulo, tambm, concentra a maior frota de veculos movidos a etanol hidratado do pas, alm da maior parte dos produtores. Para o Estado de So Paulo, a baixa incidncia do ICMS em relao aos outros Estados no compromete seu oramento, j que sua frota de veculos significante, em torno de 5,4 milhes entre etanol e flex, conforme dados de 2010 do Departamento Nacional de Trnsito Denatran.

    Do ponto de vista tributrio, vale destacar que compensador ao produtor a comercializao de etanol anidro, j que menos oneroso, por conta da iseno do ICMS (no tributado na sada da usina).

    Assim, um detalhe importante na questo tributria quanto configurao do etanol, se anidro ou hidratado, pois a composio tributria se distingue, e somente ser definido se ser caracterizado como combustvel ou para outros fins no momento da venda. Entende-se que, sua demanda e preo arbitrado pelo mercado o aspecto principal na deciso da indstria, e no particularmente o tributo.

    No entanto, especifica-se que, se for para fins de uso na indstria qumica, o imposto ICMS para o etanol anidro isento no referido Estado. Mas, se for para fins carburantes, o etanol

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    9

    anidro, ao entrar na composio da gasolina, tem a incidncia da alquota de ICMS de 25%. De acordo com o Sindicom (2010), no caso da gasolina, esse j sai da refinaria com todos

    os impostos federais e estaduais cobrados, pelo sistema de substituio tributria. J as usinas de etanol s recolhem a sua parte dos tributos, e os distribuidores devem recolher o restante. Ou seja, trata-se de um mecanismo fiscalizador e que antecipa a arrecadao aos cofres pblicos recolhidos junto s usinas/destilarias produtoras de etanol; em contrapartida, obriga um desembolso financeiro antecipado para os contribuintes, que, por sua vez, se estende s distribuidoras que posteriormente recai sobre a revenda (posto de combustvel no qual o consumidor final absorve esses custos tributrios).

    Ademais, os estabelecimentos substitutos, usinas/destilarias, sofrem um desembolso financeiro praticamente imediato pela antecipao do recolhimento do ICMS devido pelo substitudo (bases distribuidoras), e o prazo para recebimento dos valores das vendas normalmente muito superior ao vencimento do ICMS retido na substituio. Assim, por mais que seja repassado distribuidora e refinaria, o prazo esperado pela usina pelo tributo pago longo, sendo, portanto, contemplado para alguns produtores como custos, impactando, assim, em sua formao de preo.

    Faz-se valer o entendimento sobre a prtica do recolhimento do imposto, que pode variar de Estado para outro. No caso do Estado de So Paulo, o Decreto Lei n 54.976, de 29 de outubro de 2009, apresenta: Artigo 418 - Na sada de lcool etlico (etanol) hidratado carburante com destino a estabelecimento localizado em territrio paulista, fica atribuda a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido nas operaes subsequentes at o consumo final. Acrescenta-se ainda, de acordo com o mesmo decreto, que na falta do preo mximo ou nico de venda a consumidor fixado por autoridade competente, a base de clculo ser o montante formado pelo preo estabelecido por autoridade competente para o sujeito passivo por substituio tributria, ou, em caso de inexistncia deste, pelo valor da operao acrescido dos valores correspondentes a frete, seguro, tributos, contribuies e outros encargos transferveis ou cobrados do destinatrio, adicionados, ainda, em ambos os casos, do valor resultante da aplicao dos percentuais de margem de valor agregado divulgados mediante Ato da Comisso Tcnica Permanente (COTEPE) a ser publicado no Dirio Oficial da Unio.

    Entende-se, portanto, que o preo do etanol hidratado comprado pelas distribuidoras nas destilarias e usinas j inclui o ICMS, PIS/Pasep e a Confins. Cabe s distribuidoras, ao venderem o etanol hidratado, recolherem, como contribuintes substitutos, o ICMS devido pelos

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    10

    revendedores, postos de combustveis. Quando a distribuidora vende o etanol hidratado para um revendedor situado em outro Estado, ela recolhe a parcela que dever ser remetida ao Estado produtor.

    Com relao ao etanol anidro, no h incidncia do ICMS na operao de sua aquisio pelas distribuidoras s destilarias e usinas. Sobre essa operao somente incidem as contribuies para o PIS/Pasep e a Cofins. Ou seja, o ICMS do etanol anidro recolhido juntamente com o ICMS da gasolina A, uma vez que a margem de lucro presumido da gasolina A, utilizada na formao da base de clculo do ICMS para efeito da substituio tributria, j considera a adio do etanol anidro gasolina A para constituio da gasolina C. E, as distribuidoras devem declarar s refinarias a origem do etanol anidro adquirido para o repasse do imposto ao Estado produtor do etanol (ANP, 2010).

    Assim, nos casos tanto do etanol anidro como de hidratado, o montante de ICMS arrecadado cabe aos Estados produtores e no aos receptores dos produtos, diferentemente do que ocorre com os demais combustveis. 3.1 Estrutura tributria: consideraes acerca do custo e preo do etanol

    Os preos no mercado de combustveis tiveram como marco a desregulamentao no ano de 2002, em que todos os preos deixaram de ser controlados pelo governo. Ademais, esse perodo foi importante por caracterizar as alteraes nas sistemticas de controle de preos dos combustveis dentre os diversos atores da cadeia sucroenergtica.

    Essa estrutura no vigora mais no mercado de combustveis do etanol, o que permitiu compreender preliminarmente a razo das oscilaes dos preos, dado que a estrutura na distribuio e a composio dos custos so diferentes entre os agentes do setor do etanol. Ou seja, aps a interveno, a prtica dos preos adotada por cada agente do setor, ao qual vincula os seus respectivos custos, e no mais associada diretamente cotao do petrleo.

    Assim, a estrutura que se tem no cmputo do etanol considera os custos de produo de cana em vrias regies do pas. Obtendo os custos da gasolina A e do etanol anidro, chega-se ao preo final de uma gasolina C, por exemplo, formado em uma refinaria. Portanto, quando h um aumento no preo do etanol anidro, promovido pelo produtor, este absorvido pela refinaria, que, mantendo os nveis de adio de 25% de mistura na gasolina A, se depara com a necessidade de reajustar seus custos e, por conseguinte, o preo da gasolina C.

    Nos estudos de Costa (2001, p. 23) o etanol hidratado, aps a fase de interveno do

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    11

    governo, apresenta sua formao de preos ao consumidor final de acordo com a sensibilidade dos preos pagos em toda cadeia. Ou seja, os preos destinados ao consumidor final de etanol eram formados a partir dos preos pagos aos produtores acrescidos dos custos de frete, de mistura (no caso do etanol anidro) e impostos.

    Dessa forma, conforme j mencionado, o preo do etanol tambm limita o aumento do preo da gasolina, j que os consumidores que, eventualmente, usam gasolina deixaro de faz-lo caso o etanol lhes parea mais atrativo. Esse efeito substituio exercido pelo consumidor por ele considerar os custos finais na utilizao dos combustveis, que so, por sua vez, uma consequncia relativa dentre as diferenas de consumo por quilmetro percorrido, e tem constitudo um efeito equacionalizador dos preos dos combustveis no Brasil, mesmo em tempos de altos preos do barril de petrleo.

    O Sindicato do Comrcio Varejista de Derivados de Petrleo do Estado de So Paulo Sincopetro arbitra que os preos (desconsiderando margens de lucro) so formados basicamente pelos custos de aquisio da matria prima (petrleo e/ou etanol), custos de transporte e impostos, tal como pode ser observado na Tabela 2, que ilustra a composio de custos nas distribuidoras de combustveis do Estado de So Paulo.

    Tabela 1: Composio de custos do litro de combustvel nas distribuidoras do Estado de So Paulo (2009)

    Gasolina R$ Etanol R$ Preo de compra do litro de gasolina A na 1,10440 Preo de compra do litro de etanol hidratado 0,67730 CIDE 0,18000 PIS 0,04658 PIS 0,01239 COFINS 0,21502 COFINS 0,05721 ICMS 0,80572 ICMS 0,12731 FRETE (etanol anidro) 0,04500 FRETE (etanol hidratado) 0,04500

    (a) anidro com frete 0,84469 (b) gasolina A com impostos 2,35172

    TOTAL (25%a + 75%b) 1,97496 TOTAL 0,91921 Fonte: Sincopetro (2010).

    De acordo com a Tabela 2, possvel perceber que, para a distribuidora, o custo do frete na aquisio de etanol hidratado corresponde a 4,8% do custo total, e j os tributos representam 21,4%, para o Estado de So Paulo, o mais significativo na composio dos custos, j incluso o ICMS de 12%, este visto anteriormente, como o menor tributo dentre os Estados. Para a gasolina, o percentual, respectivo frete e a tributos, corresponde a 2,3% e a 63,1%. O tributo tambm mais oneroso para a gasolina, pois, na formao de preo, destacam-se a Contribuio de

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    12

    Interveno sobre o Domnio Econmico - CIDE, constituda pela Lei n 10.336 de 19 de dezembro de 2001, a Cofins e o ICMS. A contribuio da CIDE, que incide sobre o combustvel gasolina A e C, tem por finalidade realizar projetos que financiam programas de infraestrutura de transportes, inclusive de construo de tancagem para armazenar etanol. Apesar de haver tributo, CIDE, especfico para investimentos em estrutura no mercado de combustveis, Xavier (2008, p. 43) destaca que na safra de 2002/2003, aps a desregulamentao, visando estimular a produo de etanol e a formao de estoques suficientes para assegurar a regularidade do abastecimento no perodo da entressafra; os investimentos estatais nessa modalidade no foram identificados. Os investimentos que existem so tomados pelas usinas junto ao BNDES e o governo em si no opera construindo, por exemplo, tanques de armazenagem de combustvel.

    Ainda sob o ponto de vista de custos, segundo os estudos do BNDES (2008), considerando todos os fatores matria prima, operao, manuteno e investimento, o etanol de cana-de-acar situa-se entre US$ 0,353 e US$ 0,406 por litro, valores correspondentes ao petrleo entre US$ 50 e US$ 57 o barril (equivalente a 159 litros, o que corresponde a US$ 0,314 e US$ 0,358 em litros). Nota-se, portanto, que o custo de produo de etanol ainda muito alto.

    Outro aspecto a considerar que, para evitar fraudes, a Sindicom tem adotado desde 2001 o Preo Mdio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), homologado em Ato COTEPE, atualmente com o convnio junto ao Conselho Nacional de Poltica Fazendria (Confaz) na finalidade de agregar esforos fiscais ao ICMS, decorrente do Decreto Lei n 110/07 (clusula 9). Seu objetivo visa facilitar a fiscalizao e o repasse do ICMS entre Estados, sendo este o principal mecanismo para reduzir as fraudes e a sonegao na comercializao dos combustveis automotivos, tendo a Lei como principal dispositivo para assegurar a arrecadao do Estado, cujo dispositivo diz:

    Clusula nona: ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a adotar, nas operaes promovidas pelo sujeito passivo por substituio tributria, relativamente s sadas subseqentes com combustveis lquidos e gasosos derivados ou no de petrleo, a margem de valor agregado obtida mediante aplicao da seguinte frmula, a cada operao: MVA = {[PMPF x (1 - ALIQ)] / [(VFI + FSE) x (1 - IM)] - 1} x 100, considerando-se: MVA: margem de valor agregado expressa em percentual; PMPF: preo mdio ponderado a consumidor final do combustvel considerado, com ICMS incluso, praticado em cada unidade federada; ALIQ: percentual correspondente alquota efetiva aplicvel operao praticada pelo sujeito passivo por substituio tributria, salvo na operao interestadual com produto contemplado com a no incidncia prevista no art. 155, 2, X, b, da Constituio Federal, hiptese em que assumir o valor zero; VFI: valor da aquisio pelo sujeito passivo por substituio tributria, sem ICMS; FSE: valor constitudo pela soma do frete sem ICMS, seguro, tributos, exceto o ICMS relativo operao prpria, contribuies e demais encargos transferveis ou cobrados do

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    13

    destinatrio; IM: ndice de mistura do etanol anidro combustvel na gasolina C, ou do biodiesel B100 na mistura com o leo diesel, salvo quando se tratar de outro combustvel, hiptese em que assumir o valor zero. (SINDICOM, 2010).

    Portanto, tem-se o PMPF a ser utilizado para determinao da margem de valor agregado divulgado mediante Ato COTEPE publicado no Dirio Oficial da Unio, e de todos os Estados do pas, sob a finalidade de evitar a sonegao fiscal. No entanto, somente 21 praticam o PMPF e apenas trs Estados praticam o MVA, uma vez que os valores no clculo do MVA podem ser passveis de subfaturamento. Contudo, tem-se a seguinte estrutura na formao de preo em toda a cadeia do etanol, segundo ANP, conforme o Quadro 1. Quadro 1: Estrutura de Preo do Etanol hidratado Composio do preo do etanol hidratado no produtor A. Preo de realizao (1) B. Contribuio de Interveno no Domnio Econmico = Cide (3) C. PIS/Pasep e Cofins (4) D. Preo de faturamento sem ICMS D = A + B + C E. ICMS produtor E = [(D / (1 - ICMS%)] - D (5) F. Preo de faturamento do produtor com ICMS F = D + E Composio do preo a partir da distribuidora G. Frete at a base de distribuio (2) H. Custo de aquisio da distribuidora H = F + G I. Frete da base de distribuio at o posto revendedor J. Margem da distribuidora K. PIS/Pasep e Cofins (4) L. Preo da distribuidora sem ICMS L = H + I + J + K - E M. ICMS da distribuidora M = [(L / (1 - ICMS%)] - L - E (5) N. Preo da distribuidora com ICMS sem Substituio Tributria da revenda N = M+L+ O. (i) ICMS da Substituio Tributria da revenda (com PMPF) O = (PMPFxICMS%)-E-M(6) (ii) ICMS da Substituio Tributria da revenda (na ausncia do PMPF) O = % MVAx(E+M)(7) P. Preo de faturamento da distribuidora P = N + O (i) ou P = N + O Composio do preo final de venda do etanol hidratado no posto revendedor Q. Preo de aquisio da distribuidora Q = P R. Margem da revenda S. Preo bomba do etanol hidratado combustvel S = Q + R Observaes: (1) Preo FOB (sem fretes e tributos) (2) Frete at a base de distribuio (quando cobrados separadamente) (3) Lei n 10.336, de 12/12/01 e suas alteraes, combinada com o Decreto n 5.060, de 30/04/04 e suas alteraes. (4) Lei n 11.727, de 23/06/08 e suas alteraes combinada com o Decreto n 6.573, de 19/09/08 e suas alteraes (para os contribuintes que optaram pela alquota especfica) (5) Alquotas estabelecidas pelos governos estaduais (com redues das bases de clculo, se houver) e acrescidas do "Fundo de Pobreza" (se houver). Algumas legislaes estaduais diferem o ICMS para a distribuidora ou antecipam para o produtor (6) Preo Mdio ao Consumidor Final (PMPF) estabelecido por Ato Cotepe / PMPF. (7) Margem de Valor Agregado (MVA) estabelecido por Ato Cotepe / MVA (apenas na ausncia do PMPF) Fonte: ANP (2010).

    De acordo com o Quadro 1, possvel notar que o preo de realizao no produtor representa no somente a composio do custo dentre os agentes da cadeia, mas tambm a base na formao de preo em toda a cadeia na comercializao do etanol, e este por sua vez conta com a

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    14

    Consecana, que se responsabiliza pela realizao contratual entre plantadores de cana e usinas/destilarias produtoras de etanol - sendo este instante o momento em que se concretiza a realizao do preo da principal matria prima do etanol (cana-de-acar, arbitrada por ATR pela Consecana).

    Segundo a Consecana (2010), o preo da cana-de-acar, como varivel explicativa na formao de preo de etanol, bastante significativo, uma vez que corresponde a cerca de 65% do custo de produo do etanol.

    Assim, as alteraes no preo da cana-de-acar tm reflexo imediato no preo do etanol, j que as usinas/destilarias tentam repassar esse incremento de custo aos consumidores, para no comprometerem suas respectivas margens de lucro. Alm disto, cabe ressaltar que o ciclo na cultura da cana-de-acar e a sazonalidade tambm possuem suas relaes na formao de preo do etanol, uma vez que a rotatividade da cultura da cana-de-acar vital na preservao do solo e a safra representa o instante no qual a produo deve garantir o abastecimento na cadeia do etanol, e este deve ser suficiente para atender a entressafra com nveis de estoques capazes de abastecer o mercado interno.

    Portanto, nota-se neste estudo que a estrutura tributria do etanol hidratado na formao de preos s perde na sua composio de custos para os custos de produo de cana-de-acar. Porm, h que se considerar que o etanol, apresenta uma dinmica de preos relacionada principalmente aos seguintes aspectos: o reflexo trazido na atual frota de veculos leves no Brasil via flex fuel; ganhos de produtividade da cana-de-acar decorrente da melhoria gentica e da tecnologia na colheita da cana; fretes; frota, armazenagem, aspectos climticos, preos pagos ao produtor de cana-de-acar; possibilidades de usos da cana-de-acar, alm da produo de etanol e acar; e normas regulatrias que visam coordenar o mercado com relao a fraudes fiscais e de adulterao de combustveis. 4 ANLISES E DISCUSSES

    Constatou-se, inicialmente, que, aps a desregulamentao, houve uma nova configurao no setor do combustvel etanol hidratado. A presente pesquisa demonstrou a complexidade que h na formao de preos do etanol hidratado no mercado interno, j que sua relao no est somente associada estrutura tributria. Explicar a formao de preos do etanol hidratado no mercado brasileiro uma questo mais complexa do que algbrica ou contbil, segundo a qual o preo a ser praticado no mercado no determinado pela empresa com base em seus custos e

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    15

    margens de lucratividade, mas sim por condies mercadolgicas ou econmicas, da sua complexidade, por ser um preo, portanto, sugerido pelo mercado. Independente da carga tributria, que o segundo componente mais oneroso, perdendo somente para o custo da produo da cana-de-acar.

    Considerando que aps as desregulamentaes do mercado, o governo no mais exerce mecanismos diretos de intervir na formao de preos do etanol. Identificou-se que, em matria tributria o setor energtico do etanol encontra-se sem alteraes significativas que norteiam sua oferta ou demanda no mercado de combustveis.

    Outra analtica, que nos postos de revenda, os preos do etanol hidratado so constitudos pelo ICMS que recolhido, pelo preo de aquisio da distribuidora, no qual j esto inclusos os impostos recolhidos pelas usinas e destilarias, o PIS e a Confins, e sua respectiva margem de lucro. Estes so os principais gastos que oneram o preo final pago na bomba, os quais foram passveis de serem caracterizados qualitativamente neste estudo.

    Outra constatao complementar que, durante a fase de interveno do governo no setor sucroenergtico, os esforos se acentuavam na busca da credibilidade do consumidor final, promovendo esforos que resultavam em preos mais acessveis; agora, com o veculo flex, a deciso do abastecimento determinada pelo menor preo do combustvel e unilateral ao consumidor final, tornando a credibilidade quanto forma de criao ou destruio de valor a ser concebida pelas decises do governo em incentivar o setor a expandir sua produo, sendo a questo tributria, sobretudo ao ICMS, o parmetro heterogneo em sua aplicabilidade dentre as unidades federativas do pas, e sem alguma notificao de alterao significativa motivao e solidificao do setor. CONSIDERAES FINAIS

    O estudo permite identificar que, apesar da complexidade existente ser expressiva por razes da oferta e demanda por etanol hidratado, os preos tambm so formados significativamente pelo comportamento dos preos pagos ao produtor e ao distribuidor, bem como por seu respectivo custo de produo nas usinas, e, sobretudo composio tributria, j que este representa sensvel significncia sua formao de preos.

    Entretanto, a diferenciao tributria do ICMS, sem considerar as fraudes, so pontos passveis de investigaes futuras, pois arbitrar frotas ao oramento do Estado numa possvel

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    16

    alterao tributria, no representa justificativa para tamanha distoro, uma vez que, presume-se que a frota de veculos, sobretudo dos veculos flex fuel, encontra-se crescente nos ltimos tempos.

    Note-se que a variao do preo do etanol hidratado, sob o ponto de vista qualitativo de anlise, relevante para o estudo, e que, alm dos mecanismos comerciais entre os agentes, h tambm que se enfatizar a fragilidade com que o setor se deparou no quesito tributao. Este desencadeou, ps-desregulamentao, uma srie de fraudes, como: etanol molhado, quando se adiciona no etanol anidro gua; vendas clandestinas entre usinas e revenda ou distribuidora sem nota fiscal; adio de etanol hidratado ou anidro acima dos 25% na gasolina A; descaminho da mercadoria com fins de beneficiar-se de Estados com alquotas de ICMS que permitem crditos fiscais, sonegao de PIS e a Cofins por parte das distribuidoras; enfim, toda essa fraude detectada no setor mobilizou a alterao na colorao do anidro, para evitar o etanol molhado, bem como numa necessidade por reestruturao tributria do setor, o que j vem sendo inicialmente empregada se considerar o fato dos tributos onerar a fonte produtora (usinas e destilarias), por meio da Medida Provisria 413, segundo a qual ficam responsveis pelo recolhimento de 100% dos tributos, repassados posteriormente em toda cadeia. Porm, tal mudana no representa ser suficiente j que tem representatividade na composio dos custos e, portanto, aos preos pagos no posto de combustvel.

    Contudo, essa mudana na aplicao tributria busca evitar com que a informalidade afete a margem de lucro dentre os agentes que agem legalmente, visto que aqueles que atuavam de maneira ilegal conseguiam vender o etanol hidratado com preo reduzido. Por outro lado, poucos esforos foram notrios nesse estudo quanto reestruturao tributria que motivasse o setor.

    Notas 1PIS/PasepProgramasdeIntegraoSocialedeFormaodoPatrimniodoServidorPblico.2CofinsContribuioparaoFinanciamentodaSeguridadeSocial.3 Cabe destacar que: a CIDE Contribuio de Interveno no Domnio Econmico, tambm, componentetributrionoetanol.Porm,atualmenteaCIDE,queestprevistaemLei,estzeradaparaoetanolporDecretoLeiden5.060/2004.4 ICMS Imposto sobreOperaes relativas CirculaodeMercadorias e Prestaode Serviosde TransporteInterestadualeIntermunicipaledeComunicao.5 A Lei Estadual n 11.593 de 04.12.2003, publicada em 05.12.2003, que j entrou em vigor na data de sua publicao, reduziu de 25% para 12% a alquota do ICMS que incide sobre Etanol Hidratado Carburante. REFERNCIAS

  • X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de agosto de 2014

    17

    ANP - Agncia Nacional de Petrleo. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 10/06/2010. BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social. Bioetanol de cana-de-acar energia para o desenvolvimento sustentvel. Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social Report. Rio de Janeiro: BNDES, 2008. CONSECANA Conselho dos Produtores de Cana-de-Acar, Acar e lcool do Estado de So Paulo. 2010. Disponvel em: < http://www.consecana.com.br/>. Acesso em: 04/09/2010. COSTA, C. C. Formao de preos de acar e lcool combustvel anidro e hidratado no Estado de So Paulo. Piracicaba, 2001. Dissertao (Mestrado em Economia Aplicada) - Programa de Ps-Graduao em Economia Aplicada, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de So Paulo. GHAURI, P. N.; GRONHAUG, K. Research methods in business studies: practical guide. New York: Prentice Hall, 1995. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2009. GODOY, A. S. Introduo pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administrao de Empresas RAE. So Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar.-abr. 1995. SINCOPETRO Sindicato do Comrcio Varejista de Derivados de Petrleo do Estado de So Paulo. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 04/09/2010. SINDICOM Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustveis e de Lubrificantes. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 08/09/2010. XAVIER, C. E. O. Localizao de tanques de armazenagem de lcool combustvel no Brasil: aplicao de um modelo matemtico de otimizao. Piracicaba, 2008. Dissertao (Mestrado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de So Paulo.