ano xiii • nÚmero 39 • setembro / dezembro • 2005 · movimentos poderão enviar-nos ecos das...

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ANO XIII • NÚMERO 39 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2005 documentos pastorais notícias • serviços e movimentos reflexões docu • 90 anos das Aparições de Fátima | pág. 179 Tocar no coração da modernidade • “Educação cristã” na sociedade. Ainda faz sentido? | pág. 233 Escolas: iguais, mas diferentes! • D. Alberto Cosme do Amaral - 1916-2005 | pág. 167 Amar: Programa cumprido

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ANO XIII • NÚMERO 39 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2005

documentos pastorais • notícias • serviços e movimentos • reflexões • docu

• 90 anos das Aparições de Fátima | pág. 179

Tocar no coração da modernidade

• “Educação cristã” na sociedade. Ainda faz sentido? | pág. 233

Escolas: iguais, mas diferentes!

• D. Alberto Cosme do Amaral - 1916-2005 | pág. 167

Amar: Programa cumprido

Leiria-FátimaÓrgão Oficial da Diocese

ANO XIII • NÚMERO 39 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2005

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Ficha Técnica

DirectorLuís Inácio João

Chefe de RedacçãoLuís Miguel Ferraz

AdministradorHenrique Dias da Silva

Conselho de RedacçãoBelmira de SousaJorge GuardaLuciano CristinoManuel MelquíadesSaul Gomes

Capa, Grafismo e PaginaçãoLuís Miguel Ferraz

PropriedadeDiocese de Leiria-Fátima

SedeSeminário Diocesano de Leiria2414-011 LeiriaTel. 244 832 760Fax 244 821 102Mail: [email protected]

Periodicidade . QuadrimestralTiragem . 420 exemplares

Assinatura anual - 12 eurosNúmero avulso - 4 euros

Impressão - Gráfica de Leiria

Depósito Legal - 64587/93

Os textos não assinados das secções noticio-sas são elaborados pelo chefe-de-redacção da revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base os jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO e O MENSAGEIRO. As paróquias, serviços e movimentos poderão enviar-nos ecos das suas iniciativas e programação, para os contactos indicados nesta ficha técnica.

E D I Ç Ã O G R Á F I C A

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Índice

EditorialDom Alberto Cosme do Amaral 157

Documentos PastoraisAssembleia Diocesana a 2 de Outubro 159Nomeações Episcopais 159Nomeações Episcopais 160Nota episcopal 160Comunicado do Conselho Presbiteral 161Nota episcopal “Quem mais está batendo?” 162Nota da Secretaria Episcopal 163Mensagem de Natal 163

Em Destaque[ Curso da ETLF reconhecido para leccionar Religião e Moral ] 164Assembleia Diocesana acolheu Projecto Pastoral 2005/2011 165D. Alberto Cosme do Amaral • Amar: Programa cumprido 167Dia 19 de Dezembro • Jornada festiva com irmãos jubilários 171Relíquias de S. Teresinha em Leiria-Fátima • “Quero passar o meu Céu...” 173Semana dos Seminários • A Igreja é uma comunidade de chamados 177Jornadas Missionárias 2005 • Comunicado - Conclusões 17890 anos das Aparições de Fátima • Tocar no coração da modernidade 179Outras notícias do Santuário… 181Cáritas coordena • Ajuda a vítimas dos incêndios 187Encontro nacional dos capelães hospitalares • Assistência espiritual na saúde 189Jovens sem Fronteiras • As motivações dos Jovens 191Sínodo dos Bispos, Ano da Eucaristia, Dia das Missões e novos Santos 193

NotíciasAcolhimento na catequese 195Nova equipa no Seminário de Leiria 195Encontro dos Religiosas e Religiosos naturais da Diocese 195Novo livro homenageia o padre Lacerda 196Bispo Auxiliar de S. Paulo visitou Leiria-Fátima 196Encontro Diocesano de Catequistas 196Aniversário do Órgão da Sé e novo Curso de Carrilhão 197Central FM premeia Bispo de Leiria-Fátima 197Nova paróquia da Cruz da Areia 197Irmã Graça Lameiro, missionária para toda a vida 198

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Índice

Encerramento do Ano da Eucaristia na vigararia de Ourém 198Congresso Eucarístico da vigararia das Colmeias 199Convívio Fraterno 988 199Conselho Pastoral Diocesano fora de portas 200III Congresso da Família Missionária da Consolata 200Conselho Nacional do CPM 201XVII Jornadas nacionais da Pastoral Familiar 202Leiria nos 146 anos das Conferências de S. Vivente Paulo 203Encontro Diocesano da Pastoral da Saúde 204Apostolado da Oração 204Caminho Neocatecumenal reunido em Fátima 205Novos párocos tomaram posse 205Equipas de Nossa Senhora 206Confraria de Nossa Senhora da Encarnação 207Acção Católica Urbana 207Jornadas de Pastoral Urbana 208Escuteiros de Amor comemoram 10 anos 208Apresentação do Evangelho do Ano em Monte Real 209Padre João Ferreira Órfão homenageado em Vermoil 209Vigararia de Leiria aposta na formação 209Jornada Diocesana da Pastoral Familiar 210“Cristianismo na Índia, Percursos e Proximidades” 210Alburitel no centenário do Padre Joaquim Lourenço 211Natal de Acção Católica Rural 212Reunião Diocesana Secretariados e Movimentos 212Meditações sobre o Mistério da Encarnação 213Natal nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria 213Vigararias acolhem tema do “Acolhimento” 214

Serviços e Movimentos[SDPL] O ano litúrgico - verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã” 215[Cáritas] “A solidariedade não se esgota no porta-moedas” 219[SDPF] “A família é um projecto prioritário” 223Comissão Diocesana Justiça e Paz 229Encontros mensais de reflexão do MEC 232

Reflexões“Educação cristã” na sociedade. Ainda faz sentido? • Escolas: iguais, mas diferentes! 233Terço ou Rosário? 239A propósito das eleições • Os poderes da terra e do Céu 242

Índice Geral - 2005 246

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Editorial

Dom Alberto Cosme do AmaralO Senhor Dom Alberto faleceu a 7 de Outubro. O seu estado de saúde

progressivamente agravado e a idade avançada vinham anunciando. Mesmo assim a notícia tocou profundamente a Igreja diocesana que não esquecia a dedicação de quem a serviu de forma incondicional, primeiro como Bispo residencial, de 1972 a 1993, depois na continuidade de uma comunhão espiritual, profunda, atenta e discreta.

Leiria-Fátima, Órgão Oficial da Diocese, associa-se a esta Igreja que em solenes exéquias entregou piedosamente nas mãos do Pai aquele que acolhera nesse mesmo dia 8 de Outubro mas há 33 anos, como Pastor enviado pela bondade divina.

Figura única, Dom Alberto não cabia nos parâmetros humanos habituais. Chegando a desapontar os ávidos de brilho e exuberância, tinha na dimensão espiritual o autêntico esteio da sua vida. A tal ponto que as suas inúmeras qualidades só eram verdadeiramente perceptíveis aos olhares também sensíveis à expressão tão profunda como discreta desse seu viver. Dotado de grande sensibilidade, sofreu na procura de respostas concretas, quase impossíveis num tempo de tão numerosos e insistentes interrogações. As suas limitações humildemente assumidas deixavam transparecer a extraordinária força interior que pedia e agradecia a Deus em quem punha toda a sua confiança. Além da cooperação de todos na complementaridade dos ministérios de todo o corpo eclesial, sabia reconhecer a necessidade da colaboração especial de algumas pessoas para garantia de um exercício pastoral mais eficaz.

Como acontece com os grandes homens de Deus, a sua vida foi preciosa para a Igreja e para a humanidade. Não deixou riquezas materiais pois não estava aí o seu coração. Deixou sim o maior e mais precioso legado espiritual – o testemunho do dom quotidiano da sua vida em completa fidelidade a Deus e aos irmãos, num testemunho de grande configuração com o Bom Pastor que deu a vida pelas suas ovelhas. Dom Alberto continuará presente nas memórias e nos corações, brilhante como a luz colocada sobre o candelabro.

O Director

Editorial

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Documentos Pastorais

Assembleia Diocesana a 2 de OutubroEstá programada para o primeiro domingo de Outubro, dia 2, a grande

ASSEMBLEIA DIOCESANA; são objectivos principais apresentar o programa 2005-2006 do PROJECTO PASTORAL.

São convocados por este meio todos os Responsáveis de Serviços e Obras, bem como os principais agentes pastorais da Diocese, com o seu Bispo, a saber: o Clero Diocesano e Religioso, os Membros do Conselho Pastoral e das Comissões ou Secretariados Diocesanos, os Dirigentes de Movimentos, Associações e Obras, Representantes das Comunidades Religiosas, Membros dos Conselhos Vicariais e Paroquiais, os Catequistas, os Ministros Extraordinários da Comunhão e outros Cristãos mais empenhados no conjunto da pastoral diocesana.

A sessão começa às 15 horas no salão de festas do Colégio da Cruz da Areia, em Leiria, e encerra com a celebração da Eucaristia na igreja da Sé, às 18,30 horas.

O início do PROJECTO PASTORAL no ano da Eucaristia é também sinal de Graça e de Comunhão.

Leiria, 5 de Setembro 2005.† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Nomeações EpiscopaisAchamos por bem, ponderadas as condições e as razões das diversas actividades

pastorais e seus agentes:1. Nomear, apresentando, Capelão dos estabelecimentos Prisionais de Leiria, em

substituição do Rev. Pe. Dr. Rui Acácio Amado Ribeiro, o Rev. Pe. Manuel Victor de Pina Pedro, que, assumindo as novas funções e cessando aquelas para as quais tinha sido nomeado, nomeadamente as de vigário paroquial de Souto da Carpalhosa e de Pároco de Carnide e Bidoeira, poderá aceitar o encargo de alguma capelania paroquial de modo fixo ou em sistema rotativo.

2. Nomear Pároco de Carnide o Rev. Pe. Abel José da Silva Santos, que já aí exercia as funções de Administrador Paroquial, acumulando com as de Pároco da Bajouca.

3. Nomear Pároco da Bidoeira o Rev. Pe. Dr. Adelino Filipe Guarda, que deixa a paroquialidade de Pataias e Alpedriz, a fim de poder dedicar-se mais à função de docente no Instituto Superior de Estudos Teológicos, em Coimbra, estando dispensado do c.533§1, pois que a comunidade da Bidoeira não dispõe de casa paroquial.

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4. Nomear Pároco de Pataias e Alpedriz o Rev. Pe. Virgílio do Rocio Francisco.5. Nomear Pároco de Reguengo do Fetal o Rev. Pe. Nuno Miguel Heleno Gil.6. Dispensar da paroquialidade do Olival o Rev. Pe. Elias Ferreira da Costa, por

motivos de saúde, e nomear Pároco da mesma freguesia do Olival o Rev. Pe. Sérgio Feliciano de Sousa Henriques, Pároco de Caxarias.

7. Nomear Director Diocesano do Apostolado da Oração, em substituição do Rev. Pe. Adelino Rodrigues Ferreira, o Rev. Pe. Davide Vieira Gonçalves, Prior dos Pousos.

8. Nomear Assistente eclesiástico da Equipa Responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil o Rev. Pe. Manuel Henrique Gameiro de Jesus, Vigário paroquial de Ourém (Nossa Senhora das Misericórdias).

Agradecemos todo o bom trabalho realizado, fazemos votos que as presentes nomeações tenham o melhor acolhimento e correspondam aos objectivos da mesma missão pastoral na nossa Diocese de Leiria-Fátima, que se esforça por caminhar em permanente renovação sinodal.

O presente decreto pode entrar em vigor nesta data, todavia as respectivas transferências e tomadas de posse deverão oportunamente ser realizadas num prazo especialmente alargado, de comum acordo, até sessenta dias.

Leiria, 16 de Setembro 2005, MO de S. Cornélio e S. Cipriano.† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Nomeações EpiscopaisHavemos por bem:1) Nomear Pároco de Alpedriz e Vigário Paroquial de Pataias, com todos os

poderes/deveres que constam do Código de Direito Canónico, nomeadamente no can. 1111 § 2, o Reverendo P. Sérgio Jorge Lopes Fernandes.

2) Nomear Director do Centro de Formação e Cultura, na cidade de Leiria, o Rev. P. Dr. Vítor Manuel Leitão Coutinho.

3) Nomear a nova Comissão Diocesana Justiça e Paz, assim constituída: Dr. Tomás Oliveira Dias, Dr. Eugénio Pereira Lucas, Dra. Catarina de Oliveira Soares, Dra. Mavíldia Carreira da Costa Frazão Vieira e P. Dr. Luís Inácio João.

Leiria, 11 de Outubro 2005† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Nota episcopalO Sr. D. Alberto Cosme do Amaral faleceu no dia 7 de Outubro de 2005,

Memória de Nossa Senhora do Rosário, e o seu corpo foi sepultado, três dias depois,

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na basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. No próximo dia 6 de Novembro, Domingo, vamos celebrar a “Missa do 30º dia”

na Sé de Leiria, às 18h30.Convidamos para a Concelebração todos os Diocesanos e especialmente os

sacerdotes residentes na Diocese de Leiria-Fátima. No seu “testamento espiritual” diz-nos D. Alberto, em 13 de Agosto 1992, o 53º

aniversário da sua ordenação sacerdotal: “Ao aproximar-se o momento de partir, concede-me, Senhor, a graça de encarar

o mistério da morte, numa atitude de total abandono nas tuas mãos de Pai. Que a morte seja para mim não um ocaso mas o dealbar do dia eterno, o vértice duma vida terrena que culmina no holocausto supremo e definitivo, intimamente unido ao de Cristo Redentor, no altar da Cruz. Esse será para mim o momento sacerdotal e pastoral por excelência, porque não há amor maior que o daquele que dá a vida pelos que ama: Tu, meu Senhor e meu Deus, e em ti e por ti, todos aqueles que Tu amas.

Antecipo desde já esse momento oferecendo-me na totalidade do meu ser por todos os homens redimidos, particularmente por aqueles que encontrei ao longo do meu ministério sacerdotal: leigos, sacerdotes, religiosos, crentes e não crentes. Recolho no altar do meu coração toda a minha existência para depô-la no Teu coração de Pai. Peço perdão das minhas infidelidades ao Teu amor e ao amor de todos os homens, meus irmãos.”

Agradecemos o magno testemunho do Sr. D. Alberto, e rezamos para que todos possamos beneficiar da sua oração, como prometeu: “No Céu amarei a todos os que peregrinam, com amor maior, porque amarei em Deus e por Deus, como Deus ama. Em Deus poderei amar numa dimensão maior.”

Leiria, 17 de Outubro 2005, MO de Santo Inácio de Antioquia

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Comunicado do Conselho Presbiteral O Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima, presidido pelo bispo

diocesano, reuniu-se no dia 17 de Outubro de 2005, no Seminário Diocesano. Depois do momento de oração inicial, o presidente, pelo facto deste órgão de

consulta episcopal estar a começar um novo mandato, teceu algumas considerações sobre as suas funções no cuidado pela vida dos presbíteros e da Diocese; recordou que esta reunião decorre pouco depois da morte do seu predecessor D. Alberto Cosme do Amaral, de grata memória, e anunciou que a livraria Gráfica de Leiria terá, em breve, para oferecer a todos os que foram crismados por D. Alberto e seu sucessor, a edição abreviada do Catecismo da Igreja Católica, recentemente publicado.

De seguida procedeu-se à eleição do secretário e à constituição do secretariado:

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foi eleito o padre Manuel Armindo Pereira Janeiro e com ele integram o secretariado os padres Cristiano João Rodrigues Saraiva e Sérgio Feliciano de Sousa Henriques; calendarizaram-se as sessões do próximo ano e fez-se o balanço do último triénio, salientando-se as temáticas abordadas mas também a dificuldade em dar-lhes seguimento; e elegeu-se a Comissão de acompanhamento da aplicação do Estatuto Económico do Clero do Regulamento de Administração de Bens da Igreja.

Da parte da tarde, os conselheiros reuniram por grupos para reflectir sobre a aplicação do referido Regulamento e para sugerir temáticas a abordar no próximo ano.

Depois do plenário abordaram-se questões ligadas ao Seminário e à Pastoral da Vocação, que a equipa do Seminário assumirá transitoriamente, e ao Projecto Pastoral Diocesano, no primeiro ano da sua execução. A terminar foi apresentado o programo para as celebrações dos 90 Anos das Aparições em Fátima.

17 de Outubro de 2005O Secretariado

Nota episcopal

“Quem mais está batendo?”Se é vital “acolhermos” Deus, quem mais está batendo à porta? Simbolicamente

poderemos juntá-los em sete grupos, a saber:1. Os parentes, os vizinhos, os colegas, no próprio ambiente de cada “habitat”,

desde o lar paterno/materno até ao lugar de trabalho, ou estudo, ou lazer.2. Os migrantes e os imigrantes, que procuram trabalho ou prestam serviços, e os

nómadas que andam de terra em terra; o mundo poderá ter fronteiras alfandegárias, mas deve ser a casa comum, sem racismos, nem terrorismos.

3. Os peregrinos e viajantes que, por razões de fé ou de passeio, ou de trabalho, circulam pelas estradas e povoações; não só procurarão “pousada” ou “restauração”, mas esperam e apreciam o recto “acolhimento”.

4. Os que andam à procura de uma informação ou de um serviço; na cidadania geral não há estranhos, nem se presume que sejam inimigos; a recta prudência estabelece a adequada medida do “acolhimento”.

5. Os que nada procuram, mas andam vazios, ou confusos, ou perdidos; saber encaminhar e dar a mão é “recolher” méritos que não se apagam; apontar os caminhos no tempo para fora do tempo é sabedoria e comunhão.

6. Aqueles que pertencem a outras confissões cristãs, ou diversa religião, têm direito a serem respeitados e acolhidos, com tolerância e ecumenismo, mas sem cobardia ou traição da fé cristã; é sábio quem sabe discernir, no “acolhimento dialogal e testemunhal”.

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Documentos Pastorais

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7. Finalmente, no sétimo grupo, poderemos juntar quantos hostilizam os crentes, ou semeiam profanações e satanismos, ou simplesmente se declaram agnósticos e laicos... Que grande panóplia plural de várias e avariadas gentes!

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Nota da Secretaria EpiscopalEm homenagem ao Sr. D. Alberto Cosme do Amaral, foi decidido oferecer um

exemplar do Catecismo da Igreja Católica (compêndio) a quantos foram crismados por Sua Excelência ou pelo Seu Sucessor.

Por isso, os Diocesanos de Leiria-Fátima que receberam das mãos do Senhor D. Alberto ou do Senhor D. Serafim, nos últimos 33 anos, o Sacramento da Confirmação ou Crisma, podem levantar na Livraria Gráfica de Leiria um exemplar do referido Catecismo. Basta que, a partir desta data, cada um passe pessoalmente, no horário comercial, pela Livraria Gráfica de Lema, Rua D. Dinis.

Se recordar é viver, faz muito bem que recordemos os princípios e as regras da Vida Cristã.

Leiria, 13 de Novembro de 2005

Mensagem de Natal Na preparação do Natal 2005, quero dirigir aos meus queridos Diocesanos uma

breve palavra de saudação e esperança. O tempo providencial do Advento não é uma pausa na agitação político-social,

mas um reencontro das Famílias.Na praxe dos cumprimentos, não esqueceremos os mais abandonados. E na febre

das compras teremos presentes os pobres e carenciados. Qualquer ajuda, fruto da moderação e renúncia, pode ser encaminhada para a Cáritas Diocesana.

A nossa Diocese, neste ano pastoral 2005 – 2006, está a reflectir e a praticar o acolhimento. Vamos acolher o Menino da Vida e todos os meninos para a vida.

Exorto-vos, especialmente os mais novos, a escolher e acolher Cristo, o único Salvador.

Nos tempos do relativismo e da insegurança, se estivermos com Cristo temos mais força para testemunhar as razões de viver com dignidade e solidariedade, para que o mundo seja melhor.

Como prenda de Natal, recomendo o Catecismo da Igreja Católica, e rezo por vós e por todos os povos e nações, para que haja Pão e Paz para todas as Gentes.

Leiria, 1 de Dezembro de 2005† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

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Curso da Escola Teológica de Leiria-Fátima

reconhecido para leccionar Religião e Moral

Em resposta ao pedido do Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas, a Comissão Episcopal da Educação Cristã mostrou-se favorável ao reconhecimento do Curso de Ciências Morais e Religiosas, ministrado pela Escola de Formação Teológica de Leigos da diocese de Leiria Fátima, “para os efeitos previstos no 3º e 4º escalão das habilitações próprias para a leccionação da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica”. Na declaração nº 181/2005, publicada no Diário da República, 2ª Série, de 25 de Agosto, foi oficialmente reconhecido o referido Curso para efeitos de reconhecimento de habilitações em ordem à leccionação da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

Propostas para o primeiro semestre:1 - Do Curso Geral de Teologia, a decorrer no edifício do Seminário de

Leiria, das 19h00 às 21h00, serão leccionadas, no primeiro semestre:- segundas-feiras: “Antigo Testamento”, pelo Pe. Dr. Virgílio Antunes- quartas-feiras: “Cristologia”, pelo Pe. Dr. Luís Inácio João.

2 – Da Formação Específica, a decorrer no edifício do Seminário, em Leiria, às quintas-feiras, das 19h00 às 21h00, o curso sobre “Comunicação Social”, pelo Pe. Dr. Rui Acácio.

Propostas para o segundo semestre:1 - Do Curso Pensar a Fé, serão leccionadas, das 21h00 às 23h00, as seguintes

disciplinas:- na Marinha Grande, à segunda-feira: “Introdução à História da Igreja”,

pelo Pe. Dr. Luciano Cristino;- Em Ourém, às segundas e quintas-feiras, na última metade do semestre

(a partir de 12 de Dezembro): “Introdução ao Mistério de Cristo”, por Frei DR. Herculano Alves;

- Em Leiria (Sé), às quartas-feiras: “Introdução ao Mistério da Igreja”, pelo Pe. Dr. Jorge Guarda.

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Em Destaque

Assembleia Diocesana acolheuProjecto Pastoral 2005/2011

A diocese de Leiria-Fátima correspondeu à convocatória do seu Bispo para uma Assembleia com os seguintes objectivos principais: fortalecer a consciência da Igreja Diocesana de “muitos num só corpo, em Cristo”; apresentar o programa para 2005/2006, no âmbito do Projecto Pastoral para 2004-2011; e celebrar o Dia da Igreja Diocesana.

O salão do Colégio Conciliar de Maria Imaculada, na Cruz da Areia, foi peque-no, nessa tarde de domingo, 2 de Outubro, para os perto de 700 representantes dos principais agentes pastorais da Diocese e outros fiéis empenhados na sua vida e missão: padres, membros dos Conselhos Pastorais diocesano, vicariais e paroquiais, elementos dos Secretariados e Comissões diocesanos, direcções de Movimentos, Associações e Obras, superiores ou representantes das comunidades religiosas mas-

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Em Destaque

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Em Destaque

culinas e femininas, direcção dos Institutos Seculares e Novas Comunidades Cristãs, Catequistas e Ministros Extraordinários da Comunhão. O número de presenças terá superado em muito as expectativas.

Ainda no momento da oração inicial, D. Serafim manifestou a sua alegria pela realização da Assembleia e, recordando passos recentes e particularmente significa-tivos da Diocese, e identificando algumas necessidades mais urgentes da sociedade, afirmou a sua convicção de que a esperança cristã levará ao acolhimento do homem na sua fragilidade, sem excluir nem condenar ninguém”.

Foram, depois, apresentadas as linhas gerais do Projecto Pastoral Diocesano, “Testemunhar Cristo, fonte de Esperança”, para os próximos seis anos, salientando os temas para cada ano: acolhimento, chamamento, formação, comunhão, caridade, serviço. “Estes temas anuais, como explicou o Pe. Manuel Armindo Janeiro, são, por sua vez, incluídos em contextos próprios: a pessoa humana e sua condição cristã; a comunidade cristã; a abertura ao mundo”. A este propósito, o Bispo diocesano lan-çou um claro desafio a todos os agentes pastorais para que assumam o projecto como essencial na caminhada da Diocese, nos próximos seis anos.

A Assembleia Diocesana continuou, depois, com uma encenação adaptada do episódio do encontro de Jesus com a Samaritana, pelo grupo teatral da paróquia da Bajouca.

Concentrando a atenção na temática do próximo ano, o vigário geral, Pe. Jorge Guarda, apresentou as orientações gerais da pastoral diocesana e paroquial. Partindo da certeza de que Jesus oferece o dom de Deus para matar a sede patenteada em todos os homens e na sociedade, sublinhou a importância do acolhimento, primeiro passo do Projecto pastoral, como meio imprescindível para a descoberta e acesso a esse dom. Esse acolhimento, conforme frisou, tem de ser aprendido, antes de mais, no exemplo de Jesus no Evangelho para ser depois concretizado antes de mais na comunidade eclesial nomeadamente na abertura à Igreja diocesana enquanto dom de Deus, com as suas iniciativas, propostas e formações, e na acção pastoral em comu-nhão e solidariedade com os outros trabalhadores da vinha.

Já na parte final da Assembleia, ouve partilha de vivências e experiências con-cretas de acolhimento. Ambrósio Santos situou algumas dessas experiências no con-texto da acção da Caritas Diocesana, enquanto Inês Lourenço apresentou um caso concreto de acolhimento a uma família cigana.

Na igreja Catedral, a Assembleia continuou e encerrou a celebração da Euca-ristia. A comunhão na Palavra e no Corpo do Senhor que funda a Igreja, é também princípio da missão e sustento do compromisso assumido.

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Em Destaque

D. Alberto Cosme do Amaral

Amar: Programa cumpridoPor Padre Pedro Miguel Viva

Constituiu profunda consternação a notícia do falecimento de Dom Alberto Cos-me do Amaral, bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, na sexta-feira, dia 7 de Outubro. A longa idade (quase 89 anos) e a sua frágil saúde agravada por uma queda que lhe fracturou o fémur, e a consequente operação, precipitaram o que acabou por acontecer no Hospital de Santo André, no final da tarde desse dia.

Os seus restos mortais foram levados para a Sé, no sábado, dia 8, pouco depois das 14 horas. Surpreendente coincidência, neste mesmo dia, 33 anos atrás, entrava solenemente na Catedral de Leiria, saudado pelos cristãos da Diocese que recebiam o seu novo bispo. A ela serviu como bispo residencial até 2 de Fevereiro de 1993. Agora, entrava em silêncio, e os sinos não replicavam em festa mas pesarosamente, acordando a cidade para o falecimento do seu antigo pastor.

Em 1 de Outubro de 1989, dia da Igreja Diocesana, em que foi homenageado pelo seu duplo jubileu (50 anos de presbítero e 25 de bispo), disse, relembrando as suas primeiras palavras na Sé, a 8 de Outubro de 1972: “Uma palavra resume todo o meu programa de bispo: amar. Programa ambicioso para o pobre e pequeno que sou, porque toca o limiar do mistério de Deus, mistério de amor infinito, revelado aos homens na pessoa de Jesus Cristo. Eu queria amar como Cristo amou. Para tanto é

Nota biográficaD. Alberto Cosme do Amaral

nasceu na freguesia de Touro, Vila Nova de Paiva, diocese de Lamego, em 12 de Outubro de 1916. Foi or-denado sacerdote a 13 de Agosto de 1939. Nomeado bispo auxiliar do Porto em 8 de Julho de 1964, passou a auxiliar de Coimbra em 1969. Da-qui transitou para bispo residencial de Leiria, onde exerceu o ministério episcopal de 1972 a 1993. Neste ano, passou a bispo emérito e ficou a residir no Santuário de Fátima.

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Em Destaque

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Em Destaque

necessário que Ele esteja em mim, que seja Ele a amar em mim e por mim”. E Cristo, estamos certos, esteve nele e amou a muitos por ele. Há 33 anos, trazia um programa. Agora, o seu corpo anunciava na mesma Sé, que o tinha cumprido até ao fim.

Naquele dia do seu duplo jubileu, na humildade que lhe era natural, não se ufa-nou. Pelo contrário, reconhecendo-se simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor, declarou: “Ao Senhor da Messe, a todos, e sobretudo aos meus diocesanos, peço perdão de não ter realizado o programa. Mas, sabendo que a força redentora de Jesus é maior que o pecado, renovo hoje o propósito de dar a vida, gota a gota, no quotidiano da existência, e dá-la toda no entardecer, que se aproxima, em holocausto definitivo e supremo. Acredito, porque Ele o disse, na fecundidade dos grãos de trigo lançados à terra”. Assim fez. Deu toda a sua vida pela Igreja, pelo clero, pelo Seminário, que dizia ser a “pupila dos olhos de todos nós”.

Despedida da SéO silêncio baixou à Sé. Às 18h00, cantaram-se as Vésperas do Ofício de Defuntos

e, pelas 19h00, celebrou-se a Eucaristia, em concelebração presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva que, oportunamente, enalteceu as qualidades deste “pequeno grande homem, de uma espiritualidade profunda”.

Depois da celebração, fez-se novamente silêncio. O silêncio do sepulcro do Se-nhor. A tristeza da morte, grávida de esperança na ressurreição para a vida eterna. Ficaram poucas pessoas, a lembrar o cenário de abandono de Cristo na cruz. Mas as que estavam mostravam a gratidão ao pastor que deu a vida pelas suas ovelhas.

No domingo, dia 9, a Sé abriu pelas 8h00. Uma hora depois, rezavam-se os louvores da manhã, com salmos e hinos. A notícia do falecimento de D. Alberto ia chegando aos diocesanos, apanhando alguns de surpresa. Muitos deslocaram-se à Catedral para prestarem a sua última homenagem ao seu antigo Pastor. Por ele se celebrou missa, pelas 11h30, e, à tarde, pelas 17h00, rezou-se o terço, seguido de Vésperas solenes. Uma hora depois, dava-se início à celebração da Eucaristia, presidida pelo Bispo diocesano e concelebrada por D. Américo Henriques, bispo emérito do Arcebispado de Huambo, D. Augusto César, bispo emérito de Portalegre e Castelo Branco, D. Manuel Madureira Dias, bispo emérito do Algarve, e cerca de trinta padres. Presentes, também, alguns dos familiares de D. Alberto, vindos do Touro, Vila Nova de Paiva, sua terra natal. Nesta celebração eucarística, D. Serafim referiu-se a D. Alberto como um homem de voz frágil, de pequena estatura, mas de uma força interior e de uma vivência espiritual marcantes. A Sé estava repleta e os fiéis – sacerdotes, religiosos e leigos – vindos de toda a Diocese, davam graças ao Senhor pela vida deste servo humilde e dedicado da sua vinha.

No dia seguinte, segunda-feira, pelas 9h30, depois dos ritos fúnebres do “levan-tamento do corpo”, os restos mortais de D. Alberto partiram para a Basílica do San-tuário de Fátima, na qual, pelas 11h00, foram celebradas as solenes exéquias, com o canto de Laudes e a celebração da Eucaristia. À saída da cidade do Lis, novamente

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os sinos soaram em agradecimento e despedida definitiva àquele que, durante vinte anos, fez soar a sua voz de Pastor. Voz frágil na intensidade, mas forte na profundi-dade das palavras, que ricas de transcendência não deixavam de ecoar nos ouvidos e no coração de quantos as ouviam. Era um homem de Deus.

ExéquiasA Basílica de Fátima estava repleta de fiéis vindos dos quatro cantos da Diocese

de Leiria-Fátima e um pouco de toda a parte. Presidiu à solene Eucaristia o Bispo de Leiria-Fátima, e concelebraram mais 26 bispos, entre os quais o Arcebispo Primaz de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, e o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, o clero da Diocese e cerca de uma centena de sacerdotes de outras Dioceses, nomeadamente Lamego, Porto e Coimbra. Estiveram ainda presentes representantes do Núncio Apostólico e algumas autoridades civis.

D. Serafim deu graças a Deus pela vida do seu predecessor e destacou em D. Alberto o amor à Igreja, ao Papa, aos padres, a quem escrevia sempre aquando do seu aniversário, e aos leigos, e o seu grande amor a Nossa Senhora e ao Rosário. Aliás, D. Alberto Cosme do Amaral partiu para a casa do Pai precisamente no dia da memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário.

No final da celebração, o Vigário Geral da Diocese leu um telegrama do Santo Padre, assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Ângelo Sodano, que no ano 2000, em Fátima, leu a terceira parte do “segredo” da mensagem de Fátima. Uma mensagem em que o Santo Padre Bento XVI exprime aos diocesanos de Leiria-Fátima a sua união espiritual e o seu agradecimento a Deus pela vida deste Pastor da Igreja.

Os restos mortais de D. Alberto, repousam agora na parede da capela-mor da Basílica do Santuário, num túmulo preparado junto à Cruz do Senhor. A seu pedido, em epitáfio constará: “Alberto Cosme do Amaral, 1º Bispo da Diocese de Leiria com o título de Leiria-Fátima”.

Uma vida de dádivaD. Alberto contava: “Quando disse em casa que queria ser padre, mandaram-me

dizer isso ao senhor Abade. E eu nem sabia como fazer e dizer. Ensinaram-me. No fim da Missa, fui à sacristia e disse-lhe: «Senhor Abade, eu queria ser padre!» Ele, sorrindo, põe-me a mão sobre a cabeça e diz: «Pois sim, meu menino, mas quando fores grande, quando fores grande»”.

Na verdade, ainda criança, Alberto já era grande em sabedoria e em graça, pois queria fazer, e só, o que Deus lhe inspirava ao coração: “A minha vocação para ser padre, não sei como nasceu. Pertence à ordem do mistério. Tenho a certeza de que a iniciativa foi de Deus. Que eu me lembre, nunca desejei ser outra coisa … Eu penso que posso dizer como S. Paulo, que Ele me chamou desde o seio de minha mãe.”

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Ao perguntarem a D. Alberto, aquando dos 50 anos de presbítero e 25 de bispo, que experiências mais significativas da sua vida destacaria, refere: “Evidentemente, a ordenação sacerdotal, na qual eu me senti totalmente «agarrado» pelo Senhor. Enamorei-me d’Ele. Deixei-me seduzir dos seus encantos… No gesto da prostração, enrolei-me no manto do meu nada. E tomei consciência de que Ele tinha de ser o Tudo em mim”.

Umbilicalmente ligado ao sacerdócio, refere também a Eucaristia e a Confissão. Da sua missa nova não é capaz de falar, tal não foi a sua alegria, de modo que reco-nhece, 50 anos depois, a audácia as palavras que então escreveu ao Reitor do Semi-nário de Lamego, “que agora me fazem corar de vergonha”, mas que expressam um grande amor à Eucaristia: “Permiti-me, Senhor, que eu celebre sempre a Santa Missa sobre a Terra, e eu renuncio ao Paraíso”. Tal era o seu apreço pelo sacrifício único de Cristo, actualizado no altar. Quanto às horas do confessionário, confidencia: “São as melhores horas do meu sacerdócio. E têm sido tantas! Ainda hoje, sempre que posso, refugio-me lá. E saio sempre disposto a ser melhor. O maior apelo e desafio vem-me dali. Também por isso, tenho pedido muito aos sacerdotes que se sentem, todos os dias, no confessionário!”

No seu coração, o Seminário tem um lugar especial: “O Seminário, «menina dos olhos», aqui mesmo à mão de semear e sempre presente no meu coração e na minha oração, polariza todos os meus amores num só amor. Dali brota o caudal da graça que chega a todos os recantos humanos e geográficos da Diocese. Os dias em que, mediante a ordenação sacerdotal, gero na plenitude do meu sacerdócio outros sacerdotes, compensam-me superabundantemente de todas as fadigas e canseiras e dores.”

A 7 de Fevereiro de 1993, ao despedir-se da Diocese, na missa de acção de gra-ças, na Sé, diz: “Novos horizontes se abrem ao meu amor para convosco: horizontes de silêncio, de apagamento, de ascese mais dura, de ascensão mais penosa, de dádiva mais pura, de entrega mais gratuita, a culminar no holocausto definitivo e supremo ao terminar a peregrinação”. E emocionado, diz ainda: “Obrigado, Senhor, por este amor selectivo, inteiramente gratuito, que fez do nada que sou instrumento das ma-ravilhas que Tu operaste”.

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Dia 19 de Dezembro

Jornada festiva com irmãos jubiláriosA 19 de Dezembro, a Fraternidade Sacerdotal da Diocese de Leiria promoveu

uma homenagem do presbitério diocesano aos irmãos, padres Joaquim Duarte Pe-drosa, Fernando de Oliveira Jorge e Martinho Manuel Vieira, que perfizeram 50 anos de sacerdócio. O momento marcante foi a celebração eucarística, na Basílica de Fátima, após o qual se seguiram um almoço de confraternização e uma visita guiada à Igreja da Santíssima Trindade em construção.

Na celebração da eucaristia estiveram presentes cerca de 80 sacerdotes que con-celebraram com os jubilários, sob a presidência do bispo da diocese. Na homilia, D. Serafim referiu-se ao Advento como o tempo da esperança. “Uma esperança que tem a ver com os acontecimentos ocorridos há dois mil anos, mas que se projecta para o futuro e faz ansiar pela casa do Pai”. Em tom mais pessoal disse “estar muito comovido com esta celebração do dom do sacerdócio” e terminou convidando todos os fiéis a uma saudação comum”.

Ao encerrar, os sacerdotes jubilários dirigiram-se assembleia. O Pe Pedrosa apro-veitou o momento sobretudo para uma grandiosa acção de graças a Deus que “tem em conta o nosso bem acima dos nossos limites e vê mais as nossas capacidades do que as nossas limitações”. Terminou agradecendo a presença de todos e tão grande manifestação de comunhão e solidariedade. O Pe Martinho recordou os tempos da sua infância e a génese da sua vocação, e salientou a importância das outras pessoas na caminhada vocacional salientando, no seu caso, o prior da sua primeira confissão e primeira comunhão, o tio padre e seu testemunho de vida e a madrinha com a sua oração. O Pe Fernando, por último, recordou os tempos difíceis da sua caminhada sacerdotal e agradeceu a providencial protecção de Nossa Senhora. Não deixou de sublinhar a acção amiga dos colegas do seminário.

Pe Martinho Manuel VieiraNasceu a 2 de Janeiro de 1931, na freguesia de Santa

Catarina da Serra. Foi ordenado Presbítero a 10 de Julho de 1955 e nomeado coadjutor de Ourém a 18 de Agosto do mesmo ano. A 20 de Maio de 1957 começou a paro-quiar Ourém. A 22 de Fevereiro de 1960 foi nomeado pá-roco substituto da freguesia da Barreira. Entre Fevereiro de 1966 e Janeiro de 1967 acumulou a paroquialidade das Cortes e, em 4 de Janeiro de 1975 foi nomeado páro-co da freguesia das Colmeias, onde exerceu o ministério

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até 8 de Setembro de 2003, altura em que, por motivos de saúde, deixou as Colmeias e continuou apenas com a paroquialidade da Memória que entretanto havia acumu-lado.

Pe Joaquim Duarte PedrosaNasceu a 29 de Janeiro de 1932 na freguesia de Monte

Redondo, e foi ordenado Presbítero a 11 de Setembro de 1955. Por provisão de 22 de Outubro de 1955, foi nomea-do pároco de Santa Eufémia, onde ainda hoje se encontra no exercício do seu ministério.

A 18 de Janeiro de 1987 assumiu temporariamente a paroquialidade da Boavista, e em Julho de 1994 foi nomeado Delegado Episcopal para os Religiosos e reli-giosas.

Pe Fernando de Oliveira JorgeNascido a 4 de Junho de 1931 na freguesia do Olival,

foi ordenado Presbítero a 17 de Dezembro de 1955. Foi nomeado coadjutor da freguesia da Freixianda a 3 de Fe-vereiro de 1956 e a 4 de Novembro de 1956 deixou aque-la freguesia para assumir a paroquialidade da Barosa, sendo ao mesmo tempo ajudante na Câmara Eclesiástica. A 18 de Março de 1963 foi nomeado Revisor eclesiástico da Diocese, e a 12 de Janeiro de 1967 foi nomeado pároco da freguesia das Cortes. Em Fevereiro de 1983, por mo-tivos de saúde, deixou a paróquia das Cortes e foi para o Santuário de Fátima como capelão onde ainda hoje exerce o seu ministério.

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Relíquias de Santa Teresinha na diocese de Leiria-Fátima

“Quero passar o meu Céua fazer o bem sobre a terra”Por Orlando Marques

A pedido da Conferência Episcopal Portuguesa e no contexto do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, Portugal recebeu a visita das relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus, de 28 de Outubro a 16 de Dezembro.

Todas as dioceses acolheram e veneraram a doutora da Igreja e padroeira das missões, segundo um programa coordenado pela comunidade dos Carmelitas Des-calços.

No dia 28, logo após a chegada ao aeroporto de Figo Maduro (Lisboa), onde teve lugar uma breve cerimónia, as relíquias partiram para Leiria e foram recebidas pelas 17h00. Ainda nessa Sexta-feira, depois das celebrações na Catedral, o cortejo dirigiu-se para a Igreja de Regueira de Pontes, onde houve um tempo de oração de cerca de duas horas, e, às 21h00, seguiu para o Mosteiro de Santa Clara, de Monte Real onde se seguiu uma vigília e a veneração nocturna pelas irmãs Clarissas.

No Sábado, ainda cedo (8h45), as relíquias partiram para uma visita à Prisão Escola de Leiria e, das 11h00 às 16h00 voltavam a ser expostas na Sé. Os devotos puderam passar, recolher-se e orar em silêncio e em celebrações animadas por gru-pos, nomeadamente de religiosos e religiosas da cidade, com textos bíblicos e Escri-tos de Santa Teresa de Lisieux. Às16h30 foram acolhidas pelas Irmãs do Mosteiro da Visitação de Santa Maria, da Faniqueira, até à partida para Fátima, pelas 18h30, com destino ao Mosteiro das Irmãs Clarissas e, depois, ao Carmelo de São José onde decorreu uma vigília e veneração nocturna.

No Domingo, dia 30, a visita prosseguiu no Santuário de Fátima, integrada no programa habitual da peregrinação dominical: às 10h15, oração do Terço com Santa Teresinha, na Capelinha das Aparições, e às 11h00, procissão e Eucaristia no altar do recinto. Às 16h15, na Basílica, a diocese de Leiria-Fátima despedia-se das relíquias que partiam para Santarém.

A escolha do itinerário, limitado desde logo pelo tempo, obedeceu a critérios que têm a ver com a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus. Religiosa carmelita, dedicou-se à contemplação num convento mas encontrou na maior intimidade com Deus a mais efectiva ligação à Igreja e à humanidade. A realização do Congresso

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Nota biográficaTeresa do Menino Jesus nasceu em Alençon, França, no ano de 1873, e foi

baptizada com o nome de Maria Francisca Teresa Martin. Entrou no Carmelo de Lisieux aos 15 anos, onde adoptou o nome de Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, e aí viveu intensamente durante nove anos. Morreu em 1897 com apenas 24 anos.

Na sua curta existência Teresinha compreendeu bem que o Menino Jesus se entregou total e confiadamente ao Pai do céu (por isso se chamou do Menino Jesus). E compreendeu também que Jesus se fez homem para morrer e ressuscitar (por isso se chamou da Santa Face).

A sua vida ficou marcada pelo sorriso e pelo amor admirável e forte em rela-ção às irmãs com as quais conviveu. Foi este amor que cativou o interesse de um realizador de cinema que, apesar de descrente, quis filmar a vida desta Santa. No livro História de uma Alma, Teresa relata o seu itinerário espiritual, permeado de profunda humildade, simplicidade evangélica e confiança em Deus.

Teresinha, Teresa Martin, Santa Teresa de Lisieux, Santa Teresinha, Santa Teresinha do Menino Jesus, são nomes para a mesma pessoa: Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, carmelita descalça francesa, do séc. XIX.

Em 1925 foi canonizada por Pio XI, que, dois anos mais tarde, a declarou padroeira de todos os missionários, juntamente com São Francisco Xavier.

A 3 de Maio de 1944, Pio XII proclamou S. Teresinha como padroeira secun-dária de França, e a 19 de Outubro de 1997, dia mundial das missões, João Paulo II declarou-a Doutora da Igreja e co-padroeira da Europa.

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Internacional para a Nova Evangelização constituiu momento particularmente ade-quado para contemplar e enaltecer o exemplo de quem trazia sempre a evangelização no seu coração orante. Pela mesma razão, a Igreja declarou-a padroeira das Missões, a ela que nunca saiu do convento. Teresa do Menino Jesus, percebeu o amor e a bondade infinita de Deus, num tempo em que o jancenismo espalhava uma religião de medo e de rigor. O amor de Deus fazia-se nela amor dos irmãos. Muito nova, ainda na casa paterna, impressionara-se com correntes niilistas que, sem referências espirituais nem respeito pelas leis humanas, se atiravam aos fundamentos da própria sociedade, perpetrando até o crime gratuito. Acompanhou sempre o “processo Pran-zini”, rezou pela conversão do criminoso, sofreu profundamente com a sua execução e não mais esqueceu os reclusos que algum dia se deixaram enredar nas teias do crime. A vivência da intimidade com Deus lançou-a de tal modo na comunhão com os irmãos, que, intuindo a aproximação da morte, exclamava na mais ardente cari-dade: «Não ficarei inactiva no céu (…) quero passar o meu céu a fazer o bem sobre a terra… será como uma chuva de rosas».

O périplo das suas relíquias, mais que a devoção do simples contacto, terá con-tribuído para uma (re)descoberta da profundidade dos seus escritos e da da sua es-piritualidade tão simples e actual. A sua vida continua a ser interpelação tocante que suscita por toda a parte vocações cristãs tanto para a vida religiosa e contemplativa como para a vida activa na Igreja e no mundo.

Congresso “A ciência do amor em Teresa de Lisieux”Para dar maior impacto à visita das Relíquias da Santa Teresa do Menino Jesus,

a comunidade dos Carmelitas Descalços, através do seu Centro de Espiritualidade, promoveu nos dias de 28 a 30 de Outubro, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, o Congresso “A ciência do amor em Teresa de Lisieux”.

Alguns dos maiores conhecedores da Espiritualidade Teresiana abordaram algumas áreas temáticas fulcrais: “O tempo e vida de Santa Teresa de Lisieux”, “A presença de Santa Teresa na espiritualidade portuguesa”, “A centralidade da eucaristia em Teresa”, “A experiência do amor misericordioso”, “A convergência da mensagem dos beatos Franscisco e Jacinta Marto com a de Santa Teresinha”, “A noite escura da fé em Teresa de Lisieux”, entre outras.

Foi ainda criado um site na Internet especialmente dedicado à santa de Lisieux: www.santateresinha.org. Nele podem encontrar-se, além do programa de todas as dioceses e do Congresso, também a biografia de Santa Teresinha, algumas das suas cartas, testemunhos de devoção, textos, frases que ficaram mais conhecidas, fotos, etc.

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S. Teresinha na Prisão-EscolaNo dia 29 de Outubro, S. Teresinha do Menino Jesus não esqueceu os rapazes

do Estabelecimento Prisional de Leiria. Acompanhada por dois padres portugueses, uma irmã de Lisieux (França) e a guarda nacional, as Relíquias de Sta. Teresinha en-traram pelo portão principal deste estabelecimento. Na capela esperavam-na o grupo de visitadores, o Grupo Missionário Ondjoyetu (que animou a Eucaristia), o capelão e os rapazes, alguns ainda sem perceberem muito bem a importância do momento.

Foi com a força dos braços destes rapazes que as Relíquias caminharam até ao altar e ali permaneceram aos olhos de todos.

O lema de S. Teresinha era “amar a Jesus e fazer com que Ele seja amado por to-dos”. Sem dúvida, essa mensagem foi sentida e vivida. Não conseguirei pronunciar as palavras que o padre Agostinho (condutor da carrinha que transporta as relíquias) nos dirigiu com tanto amor, principalmente aos rapazes... Posso apenas transmitir o que transbordou dos corações... o acreditar que Jesus ama a todos...

Durante a homilia não foi apenas um padre que falou, mas um homem, que se colocou no lugar deles e lhes garantiu que eles são amados e nunca esquecidos... Através de uma anedota, ‘brincou’ um bocadinho: “De dois malucos à janela de um manicómio, um pergunta - Quem são aquelas pessoas ali fora a passar? O ou-tro responde - São os externos!” E é verdade! Muitos de nós somos externos, fora das grades mas também presos interiormente, nas nossas vidas, talvez mais do que aqueles rapazes.

“Pensar numa pessoa que se ama é rezar por ela”. Enquanto cantava, ouvia e ia observando, algo dentro de mim fazia os olhos brilhar e esta frase de Santa Teresi-nha do Menino Jesus tinha cada vez mas sentido: “Pensar numa pessoa que se ama é rezar por ela”. Alguns rapazes limpavam os olhos, baixando a cabeça ou olhando para cima ou para o lado, com alguma vergonha de mostrar o que estavam a sentir verdadeiramente, pois perceberam, não só através das palavras, mas por acreditarem que, por muitas coisas erradas que tenham feito na vida, há pessoas que não os es-quecem, que os amam, que os querem ajudar...

Era preciso marcar o encontro com algo que o pudesse relembrar mais tarde. Além de um postal de Santa Teresinha oferecido, tiraram-se duas fotografias, uma com todos os presentes, outra com os rapazes e as Relíquias de Santa Teresinha. Foi tão bom olhar o sorriso deles, que Santa Teresinha, por certo, contemplou mais ainda do que todos nós.

E porque os rapazes talvez leiam este testemunho: Acreditem que alguém fora dessas grades vos ama e reza por vocês e, sobretudo, acreditem que Jesus não esque-ce ninguém... Obrigada, Santa Teresinha do Menino Jesus...

Sónia Cruz, do Grupo Missionário Ondjoyetu

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Semana dos Seminários

A Igreja é uma comunidade de chamadosSemana dos Semi-

nários, de 6 a 13 de No-vembro, um momento ideal para rezar pelas vocações sacerdotais, na certeza que as mesmas são um dom de Deus.

O Seminário de Lei-ria-Fátima foi fundado em 1672. As recentes instalações, preparadas para receber duas cen-tenas e meia de alunos, acolheram os primeiros seminaristas em 2 de Novembro de 1965. Actualmente, não existe o Seminário Menor, e o Maior integra o Seminário de Coimbra compartilhado também pelas dioceses de Aveiro e Porta-legre-Castelo Branco, e frequentado ainda por alunos de Cabo Verde. No edifício de Leiria funciona o tempo propedêutico, com a duração de um ano, para os alunos das referidas dioceses, que preparam a entrada no Seminário Maior. Os potenciais candidatos até ao 12º ano são objecto de uma atenção regular e um acompanhamento especial, num sistema de Pré-Seminário instituído recentemente.

Na última década, houve na Diocese apenas 16 ordenações sacerdotais, o que é necessariamente motivo de grande preocupação. Esta Semana sensibilizando-nos para o seminário, que João Paulo II considerou como “um dos bens mais preciosos” de qualquer diocese, não pode deixar de despertar preocupação e empenho numa pastoral vocacional mais corajosa e mais lúcida. O Concílio Vaticano II realçou a Igreja como um mistério de comunhão e participação que deve realizar-se ao nível organizativo-pastoral, na cooperação operante, estreita e efectiva dos mistérios orde-nados e laicais. Comunidade de “chamados” a seguir o Senhor Jesus Cristo, a Igreja constitui-se na correspondência à sua vocação, que supõe a disponibilidade de cada um dos seus membros para a missão que ela recebeu e a define. Concentrados no ministério da Ordem sacerdotal, os fiéis oram ao Senhor da Messe implorando a feliz correspondência ao apelo do Senhor que suscita as vontades e dá toda a diversidade dos carismas necessários.

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Jornadas Missionárias 2005

Comunicado - Conclusões As Jornadas Missionárias 2005 decorreram em Fátima, no Centro Paulo VI, de

16 a 18 de Setembro, com o tema «Eucaristia e Missão». Dos mais de meio milhar de participantes, mais de centena e meia eram jovens. O evento foi uma experiência de multiculturalidade testemunhada pelas expressões de cultura e de fé dos partici-pantes, vindos de todos os continentes. Os participantes prestaram uma homenagem a três cristãos de relevo que faleceram em 2005: o Papa João Paulo II, a Irmã Lúcia e o Irmão Roger de Taizé.

O Documento de Trabalho para o Sínodo dos Bispos sublinha que «a Eucaristia é o coração pulsante da missão; é a sua fonte autêntica e o seu único fim. Daí que os cristãos devam afirmar a dimensão missionária da Eucaristia» (n.ºs 88-89).

Analisando os inquéritos sobre a frequência dominical, de 1977, 1991 e 2001, nota-se uma diminuição progressiva de praticantes. Esta realidade desafia-nos a de-dicar mais atenção ao que significa ser cristão hoje, às implicações morais e sociais da Eucaristia e aos modos de transmissão da fé.

A história ensina-nos que a celebração da Eucaristia, ao longo dos tempos, tem sido uma fonte de dinamismo missionário. O que mais contribuiu para a vitalidade do cristianismo foi a sua humanidade.

Num mundo em que a obsessão da economia é dominante, a Eucaristia é um desafio à partilha permanente. Daí a urgência de encontrar novas formas de partilha nas nossas comunidades eucarísticas. Não podemos ficar apenas pelo pão da terra e pelo pão do amor. Temos que trabalhar por um mundo mais justo.

A Eucaristia é uma interpelação profética contra as fomes do nosso mundo: fome de pão, de cultura, de justiça, de paz, de amor, de ternura, de alegria, de esperança e de fé. Compete aos cristãos serem autores e promotores desta partilha.

A Eucaristia tem um cariz comunitário e difusivo. Deve ser fruto de uma verda-deira iniciação cristã. Sentimos o desafio de acolher a necessidade de re-evangelizar os baptizados e de re-descobrir a importância de ser sujeitos da evangelização.

A Eucaristia não se entende nem se vive sem as margens da vida em que nasceu e se desenvolve hoje. É celebração ‘situada’ e ‘sofrida’ na história de um povo em pe-regrinação pelas margens. É urgente passar da Ceia do Senhor ao Senhor da Ceia.

Viver hoje a missão é ultrapassar continuamente fronteiras que envolvem e se-param as línguas, as etnias, as culturas e as religiões. A Eucaristia é o sacramento que nos abre para os caminhos da solidariedade, do diálogo e da caminhada com os pobres.

Fátima 18 de Setembro de 2005

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90 anos das Aparições de Fátima

Tocar no coração da modernidade«Deus é amor misericordioso» é

o tema para as comemorações dos 90 anos das Aparições do Anjo e de Nossa Senhora do Rosário aos três Pastorinhos de Fátima. A efeméride será assinalada com a inauguração da nova igreja da Santíssima Trindade, em Maio de 2007, e um vasto programa de comemorações a realizar pelo Santuário de Fátima. De Outubro de 2006 a Outubro de 2007, as iniciativas multiplicam-se em três gran-des áreas: estudos e reflexão, manifesta-ções artísticas, e meditação e oração.

“Tentando ler a modernidade na sua trajectória, o desafio é chegar ao coração da modernidade a partir de Fátima. Fa-lando a crianças Deus fala à cultura ac-tual, à sociedade do século XXI”, disse o Pe Armindo Janeiro, coordenador do programa apresentado na passada quar-ta-feira, em conferência de imprensa.

Pretende-se que a “força e a ternura do amor misericordioso de Deus Pai revelado em Jesus Cristo”, juntamente com a alegria e a esperança, possam ser sentidas e experimentadas pelos peregrinos e outras pessoas, através de um conjunto diversificado de oportunidades. “«Miseri-córdia» parece ser uma palavra gasta mas, porque Deus é exuberante nas suas ex-pressões, sobretudo para com os mais humildes, desafia a apatia actual. Ao falarmos da misericórdia falamos de toda a preocupação de Deus para com o seu povo, e a modernidade precisa que se acolha o seu sofrimento”, sublinhou o coordenador do programa.

Programa ambiciosoO amor e a misericórdia, «propriedades» da Santíssima Trindade, surgem como

fundo unificador dum vasto plano de iniciativas que terão início em Fevereiro do próximo ano. Destacam-se quatro congressos teológicos internacionais com grandes

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nomes mundiais, sobre a figura do Anjo, a Santíssima Trindade, as Associações e Movimentos de Fátima no mundo, e Maria, Mater Misericordiae. Simultaneamente, ministram-se na Escola Teológica de Leigos de Leiria, dois cursos sobre a Actuali-dade da Mensagem de Fátima e a Documentação crítica de Fátima, e realizar-se-ão três jornadas nacionais sobre o Santuário como lugar de acolhimento, a Protecção dos Valinhos e Aljustrel, e a problemática das crianças institucionalizadas; e ainda três Semanas Nacionais dedicadas à Bíblia e à área social, entre outras.

No âmbito das artes, o Santuário, prosseguindo no seu objectivo pedagógico ao nível geral, lançará vários concursos literários; apresentará três encenações sobre a vida espiritual dos pastorinhos e a figura do Anjo, e duas peças de teatro; promoverá quatro exposições de arte sacra, a criação de um conjunto original de obras musi-cais, com destaque para uma Oratória à Santíssima Trindade, uma Cantata sobre o mistério de Fátima, e um Festival da canção sobre os Pastorinhos, direccionado em especial para os jovens; e patrocina uma tradução do tratado «De Trinitate» de Santo Agostinho.

Na vertente da espiritualidade, haverá grande destaque para a meditação e a ora-ção e estão já em preparação diversas peregrinações, retiros e vigílias.

Concursos para crianças e jovens artistasForam já lançados dois dos concursos artísticos previstos.Um, destinado a crianças do 1.º ciclo das escolas do país, tem por tema a figura

do Anjo de Fátima e como objectivo despertar o interesse das crianças. Os trabalhos podem ser apresentados sob a forma de desenho ou texto manuscrito, até ao dia 15 de Março de 2006.

Um outro, de artes plásticas, sobre «a figura dos Anjos», destina-se a jovens artistas nacionais, estudantes dos ensinos secundário e superior, nas expressões de pintura, escultura e cerâmica e tem como prazo de entrega de 26 de Maio a 15 de Junho de 2006. O projecto, que visa despertar o interesse dos jovens pela temática religiosa, tem conta com parcerias da Sociedade Nacional de Belas Artes e o Colégio de S. Miguel, de Fátima.

As inscrições nos concursos são gratuitas e os regulamentos, textos de apoio e fichas de inscrição podem obter-se em www.santuario-fatima.pt (link “90 anos”), ou junto do Secretariado dos 90 anos das Aparições – Santuário de Fátima).

Bento XVI em FátimaA vinda do Papa Bento XVI a Fátima traria ainda maior impacto às comemo-

rações do 90º aniversário das aparições da Cova de Iria. Contudo, é apenas uma conjectura. Segundo D. Serafim, bispo da Diocese, Julho de 2006 seria uma data fa-vorável, dado que, nesse mês, o Papa vai estar em Valência (Espanha) no V Encontro Mundial das Famílias. “Outra hipótese é em Maio 2007, havendo um retardamento do processo de canonização dos Pastorinhos”, disse ainda D. Serafim.

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Outras notícias do Santuário…

Embaixador da Indonésia visitou FátimaO embaixador da Indonésia em Portugal, Francisco Xavier Lopes da Cruz, visi-

tou o Santuário de Fátima, no passado dia 10 de Setembro e participou na missa das 18h30 celebrada na Basílica. Dias depois regressou para tomar parte na Peregrinação aniversaria de 13 de Setembro.

No testemunho que registou no Livro de Honra do Santuário, Francisco Lopes da Cruz sublinhou a grande devoção pessoal à Virgem de Fátima e referiu o significado da sua visita. “A minha nomeação como Embaixador da Indonésia para Portugal é um autêntico milagre de Nossa Senhora de Fátima, depois de dois anos de espera. É por isso que hoje estou aqui para agradecer este grande favor da Mãe do Céu e, ao mesmo tempo, pedir-lhe graças para, no cumprimento da minha missão diplomática em prol da Indonésia e de Portugal, sem excluir Timor-Leste, faça tudo de acordo com a vontade do Seu filho, e para maior honra e glória de Deus”. O diplomata manifestou também a intenção de participar em todas as peregrinações aniversárias, enquanto estiver em Portugal ao serviço na Embaixada da Indonésia.

Escolas consagradas a Nossa SenhoraNo passado dia 13 de Setembro, no Santuário de Fátima, em inícios de mais um

ano escolar em Portugal, rezou-se pela qualidade da educação e do ensino. “Nesta semana de início oficial e de abertura solene do novo ano lectivo consagremos a Nossa Senhora as nossas escolas para que eduquem e ensinem, com valor e qualida-de, assumindo a matriz cultural cristã que oferece ao saber a adquirir o necessário e imprescindível complemento da sabedoria dos dons do Espírito. Só esta sabedoria e discernimento que nos vem de Deus, a Sua ajuda e a Sua bênção sustentarão pro-jectos educativos consolidados”, afirmou durante a homilia D. António Francisco dos Santos, Bispo Auxiliar de Braga, que presidiu à Peregrinação Internacional de Setembro.

Rezou-se também pelas famílias, “berço da vida e da vocação”. “Que elas sejam santuário de vida, comunidades de amor abençoado por Deus e igrejas domésticas, onde germinem e cresçam vocações para a vida sacerdotal, religiosa, missionária e para a vida consagrada no mundo”, pediu D. António Francisco.

A todos os participantes na Eucaristia, o Bispo Auxiliar de Braga falou sobre a centralidade dos santuários na vivência da fé, “na valorização do espírito orante e contemplativo, na formação religiosa dos crentes, na leitura da Palavra de Deus, na

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celebração dos sacramentos, particularmente da Reconciliação e da Eucaristia, no crescimento do espírito comunitário, na consolidação da unidade e comunhão da Igreja, no acolhimento e discernimento das vocações, nos encontros de movimentos e grupos apostólicos, na partilha gratuita e no serviço generoso da caridade aos mais pobres e neste acordar em cada um de nós do espírito de peregrinos à procura de Deus e dos seus dons, permitindo-nos estabelecer com Ele um diálogo mais denso e prolongado”.

“A nossa missão convida-nos, no momento histórico presente, a transformarmos com paciência e perseverança a nossa terra num povo reconciliado, justo e fraterno, e um mundo a braços com a ausência, o vazio ou a nostalgia de Deus numa huma-nidade recriada e redimida onde haja lugar para Deus, tempo e espaço para a oração e se abram caminhos de santidade, de virtude e de bem. Onde a vida seja um direito sagrado, inalienável, defendido e respeitado desde a sua concepção”, disse D. An-tónio Francisco dos Santos a propósito do tema da peregrinação mensal: “Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12).

12 e 13 Maio em DVDEm 12 de Outubro foi apresentado em Fátima um DVD que documenta as ce-

rimónias da Peregrinação internacional de Maio passado. Em 2 horas e 4 minutos o DVD resume os dias 12 e 13 na Cova da Iria, e inclui um extra de dois grupos de peregrinos a pé, de forma a abordar as vertentes física e espiritual da peregrinação e a captar o seu testemunho de fé e de vida. Credibilizado com a revisão do Santuário de Fátima, este produto comercial tem também uma vertente humanitária: na apre-sentação do DVD em Fátima foi já entregue ao presidente da Caritas Portuguesa um cheque no valor de 5 mil euros para as vítimas do terramoto que assolou os países da Ásia, e por cada unidade vendida, será doado 1 euro à mesma instituição.

Defender a vida é defender a pazNa Peregrinação Internacional de Outubro, o Cardeal Carlos Amigo Vallejo, que

presidiu, deixou no vários apelos em defesa da vida, “condição imprescindível para seguir os caminhos da paz”.

Numa altura em que o debate sobre o aborto é relançado, o Cardeal afirmou que “se Cristo morreu por todos, ninguém tem o direito de roubar a vida de outro homem. Somente Deus é o dono da vida de cada um”. Lembrou também que a Mensagem de Fátima “permanece actual” e desafia a “buscar, por todos os meios, o respeito por todos os homens e mulheres, defendendo a vida de cada pessoa desde a sua concepção até ao momento da sua morte”.

D. Carlos Amigo Vallejo denunciou ainda as guerras que assolam o mundo, as

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violações dos direitos humanos e todas as “agressões à vida”. Falando aos jorna-listas referiu os milhares de imigrantes africanos que têm tentado entrar no sul de Espanha: “um imigrante não é apenas um faminto, não é um turista pobre, deve ser olhado com respeito”. E sublinhou que para solucionar o problema de Melilla e Ceuta, “a primeira coisa a fazer é tirar todas as muralhas e construir muitas pontes”. “Temos de contribuir para que estas pessoas tenham conforto e desenvolvimento”, acrescentou.

Reflectir sobre a sexualidade humanaA temática pastoral do Santuário para o ano 2006 foi apresentada no passado dia

12 de Outubro, em Fátima. Tendo como base o sexto mandamento, o tema «Guardar Castidade», “é relativo às acções do exercício da sexualidade e, portanto, a atenção irá recair sobre o casamento e sobre o uso da sexualidade”, disse o reitor do Santuá-rio de Fátima, padre Luciano Guerra, em conferência de imprensa.

Missa da Esperança em FátimaO Santuário de Fátima acolheu pela terceira vez, no passado dia 6 de Novembro,

a «Missa da Esperança», a pedido do Conselho da Comunidade Luso-brasileira.Ao dirigir-se aos mais de 100 mil participantes, o Bispo de Leiria-Fátima apelou

ao esforço dos católicos no sentido de se pôr termo à exclusão social, lutando con-tra a marginalização de pessoas, e evocou os acontecimentos violentos das últimas noites em Paris e noutras cidades francesas, realçando a problemática da integração dos jovens envolvidos.

Após a Eucaristia, milhares de pessoas rezaram a oração do Rosário, na Capeli-nha das Aparições, juntamente com Maria Bethânia, Joanna, Kátia Guerreiro, Marco Paulo e o padre António Maria que cantaram a Nossa Senhora, levando, em alguns momentos, muitos dos fiéis à emoção. Nesta celebração participaram ainda a actriz Christiane Torloni, a apresentadora Ana Maria Braga e o Seleccionador nacional de futebol, Luís Felipe Scolari, que apresentaram algumas preces à Virgem de Fátima.

Lisboa consagrou-se à VirgemNo âmbito do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, a cidade de

Lisboa consagrou-se a Nossa Senhora de Fátima. A imagem que habitualmente se encontra na Capelinha das Aparições, foi levada para Lisboa e com ela a coroa na qual foi incrustada a bala que feriu o Papa João Paulo II no atentado da Praça de S. Pedro, em Roma. Esta foi a nona saída da imagem que se encontra na Capelinha das Aparições.

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Enciclopédia de FátimaA “Enciclopédia de Fátima” é um projecto que o Serviço de Estudos e Difusão

do Santuário (SESDI) tem entre mãos, como informou, em conferência de imprensa, o director do serviço, Pe Dr Luciano Coelho Cristino. A ser editada pela Principia, está a ser executada sob a direcção científica do Pe Luciano Cristino e de D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa. Na mesma conferência foi apresentado o 3º tomo do volume 3 da Documentação Crítica de Fátima, com documentação que abrange o período de 1920 a 1922, e referente sobretudo à acção do primeiro bispo da Diocese de Leiria restaurada, D. José Alves Correia da Silva, que nomeou uma comissão de avaliação dos acontecimentos de Fátima.

Na mesma conferência de imprensa salientaram-se ainda duas intervenções. O novo director do Serviço de Peregrinos, Pe Dr Virgílio do Nascimento Antunes, apresentou e indicou os objectivos do serviço que coordena. E o director do Serviço de Ambiente e Construções, Reitor do Santuário, informou que se previa para 15 de Janeiro a conclusão da primeira fase das obras da Igreja da Santíssima Trindade, data em que entrarão em execução novas fases da empreitada, e que se iria proceder a uma a restruturação da zona dos tocheiros (queima das velas) e da envolvente da capelinha, de forma a dar mais dignidade a esse espaço.

Mostra filatélica em Tui homenageia Irmã LúciaFilatelistas galegos e portugueses organizaram, na Área Panorâmica da cidade de

Tui, uma exposição sobre temas religiosos, que pretende homenagear a Irmã Lúcia, vidente de Fátima. É uma iniciativa conjunta dos Correios espanhóis e do Grupo Filatélico de Tui, instituições que emitiram um carimbo de “Homenaje a Sor Lucía”, com figuras de Nossa Senhora de Fátima e dos Pastorinhos, que está a ser aposto na correspondência expedida daquele espaço de cultura tudense.

No catálogo da exposição insere-se um artigo que propõe uma emissão filatélica conjunta Espanha/Portugal, de homenagem à Irmã Lúcia. A mostra inclui ainda “Os Selos de Portugal” sobre Nossa Senhora do Rosário de Fátima, emitidos desde 1948, no território continental e em Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, An-gola, Moçambique, Macau e Timor.

A Canonização dos Pastorinhos avançaO vice-postulador para a causa da canonização dos Pastorinhos, padre Luís Kon-

dor, entregou no passado dia 30 de Dezembro, no Vaticano, os exames médicos de um menino curado de diabetes, devido à intervenção dos videntes de Fátima. “Se tudo correr como desejado, o Colégio de Cardeais poderá dar aval à canonização nos próximos meses e abrir caminho à primeira visita do Papa Bento XVI a Portugal.

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Todos o desejamos, mas depende sempre de Roma”, afirma o vice-postulador.O processo canónico de canonização, iniciado em Outubro de 2004, baseia-se

na possibilidade de ter havido um milagre através da intercessão dos Pastorinhos de Fátima, a cura de um bebé, Filipe Moura Marques, agora com 5 anos, filho de pais portugueses residentes na Suíça, que terá acontecido em Maio de 2000. A mãe assistia à beatificação dos Pastorinhos, pela televisão, e ajoelhou-se com o pequeno ao colo, a rezar. Mais tarde, ao fazer o controlo diário da diabetes, verificou que os valores estavam alterados e o menino não voltou a precisar de insulina.

Já em 2005, no dia 19 de Fevereiro, foi entregue na Congregação para as Causas dos Santos a chamada “Positio Super Miraculum” para a canonização de Jacinta e Francisco Marto, o que implica que o processo documental está completo, traduzido em italiano, definitivamente encerrado e entregue ao Cardeal Prefeito da Congre-gação. Após a análise dos documentos, sete médicos apresentarão uma declaração, que, no caso de ser positiva, isto é, de confirmar a cura inexplicável no estado actual da ciência, permitirá à Congregação declarar o milagre da intercessão por Francisco e Jacinta. Posteriormente, os teólogos examinam o caso, para ver se a referida cura se pode ou deve atribuir ao poder e intercessão dos dois Pastorinhos. As conclusões, dos médicos e dos teólogos, serão submetidas ao exame da ‘Ordinaria’ da Congrega-ção, composta por 30 membros, entre Cardeais, Arcebispos e Bispos.

Passagem de Ano diferenteA Basílica do Rosário de Nossa Senhora de Fátima esteve repleta de fiéis que

aí quiseram passar a última noite do ano. A simplicidade e a oração foram as notas dominantes da última Eucaristia de 2005, celebrada em acção de graças pelos bene-fícios recebidos do Senhor ao longo de 2005. Presidiu D. Serafim Ferreira Sousa e Silva e concelebraram mais de duas dezenas de sacerdotes, vindos dos cinco conti-nentes. Na sua homília o bispo da Diocese centrou-se na tarefa da construção de um mundo com paz.

Mais um tomo da “Documentação Crítica de Fátima”O Santuário de Fátima acaba de editar mais um tomo da Documentação Crítica

de Fátima. Trata-se do tomo 3º do terceiro volume, que recolhe toda a documentação produzida entre 6 de Agosto de 1920 e 2 de Maio de 1922, isto é, desde a tomada de posse de D. José Alves Correia da Silva, como primeiro bispo da diocese restaurada de Leiria, até à véspera da data da Provisão que abriu o processo canónico diocesano para averiguação dos factos ocorridos em 1917, em Fátima.

Desde 1992, já foram publicados os seguintes volumes: o 1º volume insere todos os documentos dos interrogatórios oficiais e particulares feitos aos videntes, entre Maio de 1917 e Abril de 1919, num total de 59 documentos; o 2º volume inclui a do-

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cumentação do chamado “Processo Canónico Diocesano de Fátima”, iniciado com a Provisão episcopal “A Divina Providência”, de 3 de Maio de 1922 e terminado com a “Carta Pastoral sobre o Culto de Nossa Senhora de Fátima”, de 13 de Outubro de 1930, pela qual D. José declarava “como dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria” e permitia “oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima”. Este volume é constituído por 11 documentos e mais 17 casos de curas, referidas sucintamente no relatório final da comissão canónica, apresentado ao Sr. Bispo de Leiria, e que foram publicadas no jornal “Voz da Fátima”, fundado a 13 de Outubro de 1922.

Desde o ano de 2002, resolveu-se retomar a edição científica de toda a docu-mentação conhecida, por ordem cronológica, desde o ano das aparições. Assim, o primeiro tomo do 3º volume inclui todos os documentos do período que vai de Maio de 1917 a 13 de Maio de 1918, com um total de 376 documentos, excluindo os já editados no 1º volume (que são simplesmente referenciados); o segundo tomo do mesmo volume, com documentação do período de 18 de Maio de 1918 a 30 de Julho de 1920, num total de 198 documentos.

O terceiro tomo do 3º volume, agora editado, que abrange o período já indica-do, inclui um total de 228 documentos, entre os quais 147 cartas, 22 documentos de carácter oficial, 12 notas ou apontamentos, uma memória, 44 artigos de jornal, um testemunho ou depoimento (relato de graças obtidas) e um livro (Os Episódios Maravilhosos de Fátima, do Dr. Manuel Nunes Formigão). Juntam-se em apêndice sete fotografias, também da época referida. No período em análise, foram vários os acontecimentos que levaram à produção de documentos: as primeiras intervenções do novo bispo na Cova da Iria; a ida da vidente Lúcia para a cidade do Porto, em Junho de 1921; e a dinamitação da Capelinha das Aparições, na madrugada de 6 de Março de 1922. São publicadas neste tomo as primeiras 11 cartas da Lúcia, dez das quais foram escritas à sua mãe, e o seu primeiro depoimento autógrafo, redigido a 5 de Janeiro de 1922, sobre os “Acontecimentos de 1917”, a que podemos chamar, uma primeira memória da vidente, no estilo das que viria a escrever posteriormente. A grande maioria dos documentos editados neste tomo (41,7%) pertence ao chama-do Arquivo Formigão, das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima.

Já começou a preparação de um novo tomo, o primeiro do quarto volume, com documentação produzida desde Maio de 1922 até 12 de Outubro do mesmo ano, véspera do início da publicação do jornal “Voz da Fátima”.

Aos leitores do “Leiria-Fátima” fazemos um apelo: que as pessoas possuido-ras de documentos de todos os tipos, relacionados com as aparições de Fátima, os videntes, o Santuário, etc., desde 1917, os dêem a conhecer, nos seus originais ou cópias, para: Serviço de Estudos e Difusão (SESDI), Santuário de Fátima, Apartado 31 – 2496-908 FÁTIMA; e-mail: [email protected]; fax.: 249539605.

P. Luciano Cristino - SESDI

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Cáritas coordena

Ajuda a vítimas dos incêndios“Primeiro as pessoas”, recomendou D. Serafim, Bispo de Leiria-Fátima, aos

representantes da Cáritas acerca dos modos de intervenção daquele serviço dioce-sano em favor das vítimas dos incêndios. Atender às pessoas, as socialmente mais fragilizadas, as que tudo perderam, mesmo as suas próprias casas, para que possam, quanto antes, conhecer um novo tecto que as abrigue e recomeçar as suas vidas com coragem e confiança, foi a prioridade estabelecida.

A Cáritas desdobrou-se em reuniões de trabalho com as Câmaras de Leiria, Pombal e Ourém, e visitou as freguesias de Albergaria dos Doze, Carnide, Col-meias, Souto da Carpalhosa, Freixianda, Casal dos Bernardos e Matas, contactando com muitas famílias, párocos e grupos paroquiais sócio-caritativos, sempre com o objectivo de conhecer as situações, estabelecer prioridades, definir e articular as respostas possíveis e mais necessárias, e concretizar uma efectiva comunhão com os que sofrem. Este trabalho conjunto conduziu à decisão de construir, em diversas fre-guesias dos concelhos de Leiria, Ourém e Pombal, 15 habitações novas de tipologia dimensionada à composição dos respectivos agregados. Protocolos de cooperação entre a Cáritas e aquelas Câmaras consagram as competências respectivas: à Cáritas o pagamento das construções, e às Câmaras a elaboração dos projectos necessários, a isenção das taxas e o acompanhamento técnico das obras. A Caritas propõe-se também ajudar na recuperação de habitações parcialmente afectadas, de famílias de recursos mais modestos.

A recuperação de uma das casas, no lugar de Várzeas, freguesia do Souto da Car-palhosa, importou em 6 534,00 euros e foi a primeira em todo o país. Seguiu-se uma recuperação idêntica, no lugar do Valongo, da freguesia de Colmeias, que importou em 2 420,00 euros, numa colaboração entre a Cáritas e a Conferência de S. Vicente de Paulo daquela paróquia. Entretanto, cinco famílias da Ilha, Carnide e Albergaria dos Doze receberam uma casa nova como prenda de Natal da Cáritas e da Câmara de Pombal, construções de raiz que foram uma resposta recorde a esta necessidade. “A agilização de procedimentos por parte das Câmaras e a boa vontade de todos, são um bom sinal de que, em conjunto, podemos resolver muitas dificuldades, não apenas na presente crise dos incêndios, mas criando também dinâmicas permanentes”. As palavras são de Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, proferidas na cerimónia de entrega das chaves, no passado dia 23 de Dezembro. “Não houve buro-cracia, mas acção e solidariedade” disse Eugénio Fonseca, em sintonia com Narciso Mota, presidente da Câmara de Pombal: “A Cáritas não ficou pelas retóricas, mas veio com acção e factos concretos”. Um e outro, com Ascenso Simões, secretário de

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Estado da Administração Interna, e Carlos Jorge, presidente da Cáritas de Leiria, ex-pressaram a mútua congratulação pelo trabalho já realizado e sublinharam o espírito de colaboração e o trabalho em parceria, que estão na base dos resultados já à vista de todos. O secretário de Estado enalteceu ainda o espírito de missão que caracteriza este projecto, referiu-se a Pombal como “um bom exemplo de como somos grandes nos momentos difíceis” e agradeceu “a acção relevantíssima da Caritas”.

Na cerimónia estiveram o vigário-geral, padre Jorge Guarda, que procedeu à bênção das novas habitações, o Governador Civil de Leiria, os párocos de Carnide e Albergaria dos Doze, bem como representantes da Cáritas de Leiria e de Coimbra e da Cáritas Paroquial de Carnide.

O milagre da entrega, quatro meses após a tragédia, e de outras que se seguirão, foi possível graças ao esforço de muitas entidades, e sobretudo, à solidariedade de milhares de portugueses, sobretudo das comunidades cristãs, que corresponderam ao apelo da Caritas. Continua a recolha de donativos que poderão ser entregues em qual-quer paróquia ou na Cáritas Diocesana, ou depositados em qualquer balcão da CG-Depósitos, na conta “Renascença Caritas – Ajuda Portugal”, nº 0697602410830.

«10 Milhões de Estrelas» pela paz«Dez Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz» é o nome da iniciativa que

a Cáritas Portuguesa promoveu neste Natal, pelo terceiro ano consecutivo, tendo por finalidade fomentar a paz, a solidariedade e a reconciliação, nas famílias, na sociedade, em todos os espaços de vida das pessoas. Pretendeu-se iluminar a quadra natalícia, tocando toda a população, independentemente das opções políticas ou reli-giosas: “É muito importante conseguir a adesão daqueles que estão afastados ou não se identificam com a nossa matriz cristã, mas que têm em comum connosco estes valores universais: paz e solidariedade”, afirmou o director da Cáritas Portuguesa. Nesse sentido, procurou-se atingir o maior número formal de crianças e jovens das escolas e universidades, porque “mais generosas e sensíveis a estas problemáticas”.

A operação comportou dois momentos. Um, de cariz pessoal e familiar, na noite de Natal, com uma vela acesa, à janela de cada casa, símbolo do compromisso dos que nela habitam, de contribuir para a edificação da paz. O outro momento envolveu a iluminação de um espaço público, num ambiente festivo e teve lugar em todas as dioceses de Portugal, no dia 10 de Dezembro. Em Leiria, realizou-se no jardim da cidade, ao fim da tarde, com a participação de diversos grupos de animação musical e a presença de entidades civis e religiosas. No final, a chama de centenas de fotófo-ros fez encher de luz o espaço envolvente, representando o compromisso pessoal e colectivo de contribuir para a edificação da paz.

Os fundos resultantes (80 cêntimos por vela) reverteram para uma causa interna-cional: 30% para as crianças de S. Tomé e Príncipe e 70% para o apoio da Cáritas de Leira a crianças da Diocese em situação de insuficiência grave.

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Encontro nacional dos capelães hospitalares

Assistência espiritual na saúdeÉ preciso que todos tenham

direito à assistência espiritual na doença. Este foi um dos alertas deixados por mais de meia cen-tena de Capelães e Assistentes Espirituais Hospitalares de todo o país, que se reuniram, a 21 de Novembro, com o objectivo de reflectir sobre o seu estatuto e a sua missão no contexto do Ser-viço Nacional de Saúde.

No encontro que contou com a participação do Dr. Alexandre Diniz, responsável pela Direc-ção de Serviço da Prestação de Cuidados de Saúde da Direcção-Geral de Saúde, e com a presença do Cardeal Javier Lozano Barragán, Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde, reafirmou-se a importância do serviço realizado pelos cerca de duzentos Padres, Diáconos e Religiosos/as que desempenham a tarefa de Capelães e Assistentes Espiritu-ais e reconheceram-se inúmeras dificuldades com que muitas Capelanias se defrontam.

As dúvidas na interpretação da legislação, que se traduzem na recusa de alguns Hospitais em contratar Capelães, e a falta de uma definição clara da situação or-gânica das Capelanias no contexto das instituições, constituem alguns problemas fundamentais.

“Queremos que os nossos irmãos, de todos os credos, tenham iguais facilidades de acesso para que todos tenham assistência espiritual no tempo da doença”, referiu o Padre José Nuno, Coordenador dos Capelães Hospitalares, que reconheceu as in-suficiências que o actual modelo de Serviço Religioso Hospitalar comporta face ao crescente pluralismo que caracteriza a sociedade portuguesa.

Outra das conclusões do encontro sublinha que o acompanhamento espiritual e a assistência religiosa são dimensões integrantes do processo terapêutico, e exigem o compromisso do Sistema e das estruturas de saúde. Por isso, os capelães e assis-tentes espirituais hospitalares são os primeiros a assumir como prioridade absoluta o desafio da Formação específica, afirmando que serão dados passos concretos para

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a realização, em colaboração com as instâncias próprias do Ministério da Saúde, de um Curso de pós-graduação capaz de oferecer as competências necessárias ao cumprimento da sua tarefa.

No encontro que precedeu a IX Conferência da Rede Europeia das Capelanias Hospitalares, a realizar de 17 a 21 de Maio de 2006, em Lisboa, a ideia de constituir uma Associação Nacional de Capelães e Assistentes Espirituais Hospitalares não chegou a concretizar-se por falta de acordo.

Situação na Diocese de Leiria-Fátima é motivo de preocupaçãoO Pe João Trindade, único capelão da Diocese de Leiria-Fátima, lamentou as di-

ficuldades que a actual legislação lhe coloca no desempenho da sua missão. Quatro-centas camas é o número mínimo atribuído a cada Capelão ou Assistente Espiritual Hospitalar. No caso de Leiria o número ultrapassa as 500, o que significa que não pode haver mais nenhum capelão. “Há lacunas na lei, por isso não é possível que no Hospital de Santo André haja mais um capelão”, explica o Pe Trindade, “no entanto o número de doentes que tenho a meu cargo é manifestamente exagerado. Assim não me é possível prestar a assistência desejável”, lamenta.

Numa altura em que a Diocese aposta tudo no «Acolhimento», tema do Projecto Pastoral para este ano, o seu Capelão Hospitalar afirma que “seria bom que a Dio-cese tivesse também em consideração os Centros Hospitalares e Clínicas privados, nos quais se encontram também muitos cristãos sedentos da mesma assistência reli-giosa e espiritual. Seria importante que fosse nomeado algum Capelão ou Assistente Espiritual para estes centros de prestação de saúde privados”, para mais e melhor assistência espiritual, de forma programada.

É no meio da habitual azáfama da assistência espiritual e religiosa aos mais de 500 doentes do Hospital Distrital de Leiria, que o Pe Trindade consegue, a muito custo, encontrar algum tempo para responder às solicitações pontuais dos doentes internados nas clínicas e centros hospitalares privados, a título pessoal e por dedi-cação a um serviço que a Diocese deveria estruturar melhor. É também graças ao grupo de voluntários e de quatro «ministros extra-ordinários da comunhão» que o acompanham, que a assistência chega, mesmo assim, onde chega.

Questionado acerca das reivindicações trazidas a publico pelos pastores de outras Confissões Religiosas, o Pe. Trindade desvaloriza-as, afirmando que, “por exemplo, em Leiria o número de doentes de outras Confissões Religiosas e Igrejas não católicas não ultrapassa os 2 por cento do total dos doentes”, e que o Hospital tem as suas portas abertas aos pastores que desejem acompanhar os doentes que o solicitem. “Eu próprio me prontifico a contactar os pastores de outras Confissões ou Igrejas, sempre que algum doente me manifeste esse desejo”, conclui.

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Jovens sem Fronteiras

As motivações dos JovensPor Orlando Marques

Decorreu nos passados dias 19 e 20 de Novembro, em Fátima, o Encontro Na-cional de Animadores dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), um movimento missionário que se organiza em grupos paroquiais espalhados por todo o país e procura fazer animação missionária nas paróquias consciencializando-as da dimensão universal da Igreja. Cerca de 130 animadores dos cerca de 40 grupos vieram de todo o País, para juntos reflectirem sobre as motivações fundamentais dos jovens na sociedade em que vivem.

Apesar de ligados à Família Espiritana, os JSF trabalham na sua própria comuni-dade paroquial, cultivando assim uma dupla dimensão: comunitária e universal.

«A Ponte» Os JSF realizam actividades múltiplas de âmbito nacional e regional: férias

missionárias, encontros nacionais, participação no Fátima Jovem, retiros, encontros regionais, encontros de animadores, e um encontro de oração mensal por região, cuja organização roda pelos vários grupos, e que “cada um dinamiza segundo a sua criatividade, e adapta de acordo com as características da sua região”, como refere a presidente nacional. Outra das actividades regionais é o «Dia da Fundação» de cada grupo, ao qual se associam os restantes grupos da região.

Joana Araújo salienta ainda uma actividade de carácter internacional, denomina-da «A Ponte», que se traduz num projecto de voluntariado missionário num país de língua oficial portuguesa. Durante um mês, cerca de 15 jovens, representantes dos grupos do Minho ao Algarve, “integram uma missão trabalhando ao nível da saúde e da educação, de acordo com as características locais. Este ano foi no Brasil, em S. Cristóvão de Cabo Frio, a 150 km do Rio de Janeiro”.

Diocese de Leiria-Fátima tem com 4 gruposOs JSF já estão estruturados em quatro zonas: Minho, Douro, Centro e Sul. A

diocese de Leiria-Fátima encontra-se integrada na região Centro e conta com quatro grupos de JSF das paróquias de Casal dos Bernardos, Nossa Senhora das Misericór-dias de Ourém (Caneiro), Santa Eufémia, e Ribeira do Fárrio, cada um com cerca 15 elementos.

Lúcia Pedrosa, animadora do grupo de Santa Eufémia, nomeada vice-presidente

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da região Centro este fim-de-semana, explicou que “os jovens aderem a este movi-mento por vontade própria, com o desejo de irem além do que se faz na paróquia, ao encontro da missão”. No entanto, integrados numa diocese, participam também em actividades diocesanas. É o caso do «Shema», da peregrinação diocesana a Fátima e da vigília missionária. Contudo, “a dinâmica de trabalho é conjunta a nível nacio-nal”, sublinha.

Os Jovens gostam da IgrejaNo encontro, que serviu sobretudo para analisar e reflectir sobre o lugar dos

jovens na missão eclesial, houve ainda espaço para eleger novos órgãos, tendo sido Iolanda Prino, animadora do grupo de JSF do Caneiro (Ourém) a escolhida para presidente da região Centro. Iolanda Prino revelou-nos o sentir dos jovens de hoje e referiu que “os jovens gostam de estar na Igreja, mas, muitas vezes, não há espaço para eles. Os mais velhos não os cativam e são os primeiros a criticar e a cortar-lhes as pernas. Os adultos vão à Igreja por tradição, os jovens têm vergonha de dizer por que não vão. Devemos ir à Igreja por querer”.

Para os jovens, há muitos aspectos que a Igreja deveria rever. “A liturgia é um entrave”, afirma a animadora, explicando que, muitas vezes, “é a homilia do pároco que não atrai os jovens, outras vezes são os cânticos, ou outros aspectos que tornam as celebrações uma ‘seca’, daí não ajudarem a cativar para a participação na vida comunitária”.

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23 de Outubro, um domingo grande no Vaticano

Sínodo dos Bispos, Ano da Eucaristia,Dia das Missões e novos Santos

O Domingo 23 de Outubro foi de festa no Vaticano. Na Eucarística que marcou o final dos trabalhos do Sínodo dos Bispos e o encerramento do Ano da Eucaristia convocado ainda por João Paulo II, Bento XVI canonizou os primeiros santos do seu pontificado.

Na homilia proferida, o Papa sublinhou a importância do “dom precioso” do celi-bato sacerdotal e pediu coerência, na vida dos católicos, entre a fé que professam e os seus comportamentos.

Durante três semanas o Sínodo debateu a escassez de sacerdotes e examinou tam-bém a perspectiva de ordenar homens ca-sados que pareceu não ser solução. “Sobre o mistério eucarístico se funda o celibato que os presbíteros receberam como dom precioso e sinal do amor indiviso para com Deus e o próximo”, disse o Santo Padre, pedindo “a todos os membros da Igreja, em primeiro lugar aos sacerdotes, que rea-vivem o seu compromisso de fidelidade”.

Bento XVI acrescentou uma palavra clara sobre a necessidade de coerência entre fé e vida, em particular para os leigos empenhados na política, quando se debatem leis contrárias à ética cristã: “Também para os leigos a espiritualidade eucarística deve ser o motor interior de toda a actividade e nenhuma dicotomia é admissível entre a fé e a vida na sua missão de animação cristã do mundo”.

Mais de 60 mil peregrinos assistiram à apresentação dos novos santos que a Igreja apontou como “modelos para todos os crentes”: o chileno Alberto Hurtado Cruchaga (1901-1952), os italianos Felice da Nicosia (1715-1787) e Gaetano Ca-tanoso (1879-1963), e ainda os polacos Jozef Bilczewski (1860- 1923) e Zygmunt Gorazdowski (1845-1920).

Em Dia Mundial das Missões, O Papa sublinhou também o exemplo dos mis-sionários que “testemunham o Evangelho, mesmo com o sacrifício da sua vida” e,

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posteriormente, na recitação do Angelus, exortou os cristãos a “gastarem a sua vida pelo bem do mundo”, pois que, “sustentados pela união constante com o Senhor, realmente presente no sacramento da Eucaristia, poderemos viver a vocação a que cada cristão é chamado, isto é, ser pão partido pela vida do mundo”.

“É particularmente significativo o nexo que existe entre a missão da Igreja e a Eucaristia. Com efeito, a acção missionária e evangelizadora é a difusão apostólica do amor que se encontra concentrado no Santíssimo Sacramento. Quem acolhe Cris-to na realidade do seu corpo e sangue não pode guardar este dom, antes é levado a partilhá-lo no testemunho corajoso do Evangelho, no serviço aos irmãos em dificul-dade, no perdão das ofensas”, acrescentou ainda.

Bento XVI aludiu aos trabalhos do Sínodo dos Bispos, afirmando que “as suas reflexões, testemunhos, experiências e propostas foram recolhidas para ser elabora-da uma exortação apostólica pós-sinodal que, tendo em conta as diversas realidades do mundo, ajuda a desenvolver o rosto da comunidade católica que tende a viver unida na pluralidade das culturas”.

O exemplo dos SantosNo dia seguinte, em audiência aos peregrinos participantes nas canonizações,

vindos sobretudo da Polónia e do Chile. Para os polacos, o Papa evocou conjunta-mente as virtudes do bispo Bilczewski e do padre Gorazdowski: “oração, amor à Eucaristia e prática da caridade” – “dando-se totalmente a Deus e ajudando eficaz-mente, do ponto de vista material e espiritual, os mais necessitados”. À intercessão de ambos confiou os fiéis da Ucrânia e da Polónia e as respectivas nações.

Aos peregrinos chilenos, evocando a figura do Padre Hurtado, o Papa apontou como exemplo a “sua consciência filial diante do Pai, o espírito de oração, o profun-do amor a Maria, a generosidade em dar-se completamente, a sua entrega e serviço aos pobres”.

Em italiano, Bento XVI exortou os devotos de Gaetano Catanoso a seguirem os seus passos no “serviço aos últimos, aos mais distantes, abrindo-lhes o coração e restituindo-lhes a esperança”. “Ele anunciou com ardor apostólico o Reino de Deus, com a convicção de quem é testemunha; administrou os sacramentos e sobretudo a divina Eucaristia imergindo-se quotidianamente no mistério do amor oblativo de Cristo”.

Finalmente, aos sicilianos vindos para a canonização de um modesto frade ca-puchinho, Bento XVI observou que, “num mundo fortemente tentado pela busca da aparência e do bem-estar egoísta, S. Félix recorda a todos que a verdadeira alegria se esconde muitas vezes nas pequenas coisas e se obtém cumprindo fielmente, em espírito de serviço, o dever de cada dia”.

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Acolhimento na catequeseIntegrada no tema do Acolhimento, a vigararia de Leiria planeou para o

presente ano pastoral a criação de um postal a remeter às crianças que frequentam a catequese, por ocasião do aniversário do seu baptismo. O postal terá duas versões, uma adequada à infância e outra para a adolescência. A iniciativa visa “comprometer os catequistas, os pais e as crianças, dando a conhecer e celebrando momentos marcantes da vida cristã, como é o caso do baptismo”.

Nova equipa no Seminário de LeiriaNo passado dia 15 de Setembro, no Seminário Diocesano de Leiria, procedeu-

se à entrada oficial da nova equipa sacerdotal responsável. Cerca de 25 sacerdotes concelebraram a Eucaristia, presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, e participaram alguns professores, empregados e convidados. No início da celebração, D. Serafim apontou o Seminário como a prioridade da acção pastoral, teceu considerações sobre a sua integração na Igreja diocesana, agradeceu aos membros da equipa cessante e pediu o empenho de todos para o prosseguimento deste projecto essencial. Depois, o novo reitor fez a profissão de fé e o juramento, e usou da palavra para referir os principais projectos em mente, agradecer aos antecessores e pedir a colaboração dos sacerdotes, presentes e ausentes. Terminada a celebração, todos os participantes confraternizaram no refeitório principal.

A actual equipa responsável pelo Seminário assegura o acompanhamento dos 7 jovens que no presente ano lectivo integram o Tempo Propedêutico, e é composta pelo Pe. Manuel Armindo Pereira Janeiro (reitor), Pe. Pedro Miguel Ferreira Viva (secretário e prefeito) e Pe. Luís Miguel Gonçalves de Miranda (director Espiritual), este último da diocese de Coimbra.

Encontro dos Religiosas e Religiosos naturais da DioceseAs religiosas e religiosos naturais de Leiria-Fátima realizaram um Encontro-

Peregrinação, no dia 17 de Setembro, para celebrar e dar graças pelo dom da sua vocação na Igreja. O encontro teve por tema “a Eucaristia na Vida e Missão dos Religiosos e Religiosas”. Do programa constaram reflexões, testemunhos, Eucaristia e convívio. Dos cerca de 400 membros dos institutos religiosos, naturais da diocese de Leiria-Fátima, participaram cerca 150 naturais de 40 paróquias da Diocese e membros de cerca de trinta institutos. D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo diocesano, presidiu à Eucaristia.

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Novo livro homenageia o padre LacerdaNo passado dia 24 de Setembro, no Arquivo Distrital de Leiria, teve lugar a

apresentação do livro “O Padre Lacerda, Reitor dos Milagres”, da autoria de Ambrósio Ferreira. Estiveram presentes amigos, admiradores e outras personalidades que, desta forma, quiseram recordar e conhecer melhor aquele que foi um dos sacerdotes mais influentes na Diocese e no Distrito. Para além de Reitor dos Milagres, o Pe Lacerda foi também o fundador do semanário O Mensageiro que teve a sua primeira edição em 7 de Outubro de 1914, com uma tiragem de 700 exemplares, e cujo principal objectivo era ser porta-voz da luta pela restauração da Diocese.

Bispo Auxiliar de S. Paulo visitou Leiria-FátimaD. Joaquim Justino Carreira, natural da paróquia de Santa Catarina, onde

nasceu a 24 de Janeiro de 1950, e actualmente bispo auxiliar de S. Paulo, Brasil, depois de ter sido ordenado no passado mês de Maio, esteve em Leiria durante o mês de Setembro. No dia 28, celebrou a Eucaristia na Sé, acompanhado por três sacerdotes do Brasil e alguns amigos e familiares, e outros fiéis que se associaram. Ao agradecer a presença de todos, confessou a sua satisfação: “fiquei muito feliz por esta celebração da missa na Sé da diocese onde nasci”. No final da missa teve um encontro com o bispo da Diocese, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que o recebeu na casa episcopal.

D. Joaquim, aos dez anos de idade, partiu com os pais e os irmãos para o Brasil onde viria a fazer os estudos teológicos e a ser ordenado presbítero em 1977, na catedral de Jundiaí, depois de ter sido ordenado diácono em Santa Catarina da Serra, por D. João Pereira Venâncio, então Bispo de Leiria. Na diocese de Jundiaí desempenhou variadas funções pastorais e obteve o mestrado em Matrimónio e Família pelo Pontifício Instituto para a Família, Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma.

Há cerca de um ano, numa outra passagem por Portugal, fez a peregrinação a pé desde Fátima até S. Tiago de Compostela, caminhando durante 16 dias.

Encontro Diocesano de CatequistasRealizou-se, no dia 2 de Outubro, no salão do Colégio da Cruz da Areia, o XXXV

Encontro Diocesano de Catequistas da nossa diocese, com o tema: “O Acolhimento em Catequese e na Comunidade”, desenvolvido pelo padre João Ribeiro, da diocese do Porto. Depois da reflexão temática, houve ainda um momento de oração comunitária e a apresentação do programa catequético do próximo ano. O objectivo desta iniciativa anual é “ajudar as comunidades cristãs a renovarem a catequese para

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que responda cada vez melhor aos desafios lançados pelas crianças e adolescentes”. De tarde, os catequistas participaram na Assembleia Diocesana comum.

Aniversário do Órgão da Sé e novo Curso de CarrilhãoNo passado dia 5 de Outubro, na Catedral de Leiria, decorreu uma sessão

comemorativa do 8º aniversário do Grande Órgão, conjuntamente com a inauguração do Curso Oficial de Carrilhão. A sessão constou de dois concertos, o primeiro às 15h00, com o carrilhanista de Mafra, Abel Chaves, que contou com a participação de alguns alunos da escola. O segundo, pelas 16h30, já no interior da Sé, com o conceituado organista italiano Luca Antoniotti.

Central FM premeia Bispo de Leiria-Fátima“Por um mundo melhor” foi o tema escolhido para a 13ª gala da rádio leiriense

Central FM, que se realizou no passado dia 20 de Outubro, no auditório Paulo VI (Fátima). Para além da música, dança e poesia, a gala também foi feita de distinções. De entre os premiados pela rádio leiriense, destacamos o bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que recebeu o prémio “Prestígio Cidades de Leiria e Fátima”. Segundo Emília Pinto, esta escolha justifica-se por ser uma pessoa que “tem a ver com toda a região”. Numa alusão ao balanço, até ao momento, da sua missão enquanto Bispo diocesano “O momento mais marcante foi a beatificação dos pastorinhos”, referiu D. Serafim.

Nova paróquia da Cruz da AreiaNo passado dia 23 de Outubro, na igreja da Cruz da Areia, tomaram posse o

Conselho Económico, o Conselho Pastoral e o pároco da nova paróquia, erecta canonicamente em Julho passado. O Pe. Cristiano Saraiva foi nomeado como primeiro pároco à frente desta comunidade, e a paróquia passará a designar-se por “Paróquia de Santa Isabel de Portugal”.

O acontecimento, histórico sobretudo para os cristãos da comunidade, foi solenizado com um programa especial que compreendeu, de manhã, a celebração da eucaristia e o juramento dos órgãos paroquiais. À tarde, as restantes oito paróquias da vigararia vieram associar-se, trazendo um quadro com uma frase bíblica, a marcar a elevação da Cruz da Areia ao estatuto de paróquia. Seguiu-se uma assembleia de início das actividades pastorais, onde foi apresentado o programa/calendário de actividades de toda a vigararia, no qual se destacam encontros e reuniões de formação para agentes dos diferentes sectores da pastoral, 3 tertúlias sobre o valor da vida, jornadas de pastoral urbana e o esforço de aplicar gestos de acolhimento na catequese e na liturgia.

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A sessão continuou com um momento de oração conjunta e terminou com um convívio preparado pela paróquia da Cruz da Areia. A presença de muitos fiéis das diferentes paróquias tornou visível a unidade da igreja diocesana.

Irmã Graça Lameiro, missionária para toda a vidaNo Dia Mundial das Missões, 23 de Outubro, a diocese de Leiria-Fátima e, de

modo particular a paróquia dos Pousos, estiveram em festa. A Irmã Graça Maria dos Santos Lameiro fez os seus votos religiosos perpétuos na Congregação das Irmãs Missionárias da Consolata.

A igreja paroquial dos Pousos, onde foi baptizada a Ir. Graça, foi pequena para o elevado número de participantes no acto realizado no decurso da celebração eucarística presidida pelo Bispo da diocese, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva. Concelebraram 15 padres, entre diocesanos e principalmente missionários da Consolata e participaram ainda muitas irmãs do mesmo instituto.

Esta profissão religiosa perpétua, feita, como é habitual, perante a irmã provincial, na pessoa da madre Cesariana Corioni, significa o compromisso de se manter na vida religiosa por toda a vida.

No fim de celebração, todos os presentes foram convidados para um lanche festivo que teve lugar num espaço anexo à igreja.

Nota biográficaA irmã Graça Lameiro nasceu a 30/09/1967. É filha de António Gomes Lameiro

e de Deolinda dos Santos Lameiro. Tem um irmão mais novo, o Paulo Lameiro. Entrou para a congregação missionária das irmãs da Consolata em 1994 e fez os primeiros votos religiosos em 1998. Durante o seu percurso na congregação, esteve sete anos em Itália, onde fez a maior parte da sua formação, dois e meio na Colômbia e um em Portugal. Nos tempos mais próximos, irá trabalhar na animação missionária no nosso país.

Encerramento do Ano da Eucaristia na vigararia de OurémRealizou-se no passado dia 23 de Outubro, na paróquia de Nossa Senhora da

Piedade, cidade de Ourém, o encerramento do Ano Eucarístico de toda a vigararia de Ourém. A Eucaristia que reuniu mais de 400 cristãos vindos de todas as paróquias, foi presidida pelo Vigário Geral da Diocese, Pe. Jorge Guarda que, na homilia, se referiu à ligação da Eucaristia com o tema da Diocese para este ano – o acolhimento: “Se conhecesses o dom que Deus tem para te dar….”

A celebração teve continuidade com a procissão eucarística através das ruas adjacentes e culminou com a adoração e a bênção do Santíssimo Sacramento.

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Congresso Eucarístico da vigararia das ColmeiasA vigararia das Colmeias promoveu, entre 28 e 30 de Outubro, um Congresso

Eucarístico, no Centro Cultural de Albergaria dos Doze.A sessão de abertura, sexta-feira à noite, contou com a presença de D. Augusto

César, bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco, que falou sobre “Ir à missa porquê? A importância da Missa na vida do cristão”.

Os trabalhos continuaram na tarde de sábado, com a colaboração dos Padres Luciano Guerra, Virgílio Antunes e Jorge Guarda, que proferiram conferências com os títulos, respectivamente, de “Realmente Presente! A liturgia Eucarística”, “Deus fala! A Liturgia da Palavra”, “Como celebrar? As palavras e os gestos da Eucaristia”.

O encerramento do congresso, pelas 15h00 de domingo, contou com a presença do Bispo da Diocese que presidiu à Eucaristia.

Convívio Fraterno 988 “O essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”. O desafio foi

aceite por vinte e três jovens que se inscreveram no 988º Convívio, de 28 a 31 de Outubro no Seminário de Leiria.

A onda inicial do “tá-se bem”, foi dando lugar ao encontro pessoal de cada um com o seu “agora” e a “vida de então”, ao dom do diálogo e ao despertar para olhares e sorrisos. Abrindo parêntesis, todos ficámos a saber que para esboçar um sorriso são necessários nada mais nada menos do que 17 músculos. Fechar parêntesis.

Jesus, primeiro com o exemplo e depois com o grande mandamento “Amai-vos como eu vos amei”, é fonte de água viva e apelo sedutor a ser acolhido como dom do Pai.

Aglutinados por esta força de amor, cada conviva remou à descoberta dos dons de Deus, verdadeiras âncoras para o “quarto dia” – “A água que eu darei vai tornar-se fonte que jorra para a vida eterna”.

De cada compromisso fraternal brilha a chama, como que de um farol. Ao longo dos três dias, a partilha entre companheiros de viagem foi constante e a

música uma presença. Até houve tempo para o “jogo de números”. O encerramento foi festa de família, partilha da fé e do amor. Os convivas, novos accionistas, foram testemunhas vivas de que “o essencial é invisível aos olhos”, portanto, não se aprende, “vê-se” só mesmo com o coração”.

Em jeito de p.s. aqui fica o top musical C.F. 988 que a todos animou: “Estou alegre”, “Grita comigo”, “Deus precisa de ti” e claro está o hino conviva “Vai pelo mundo”.

(Luzia Oliveira)

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Conselho Pastoral Diocesano fora de portasO Conselho Pastoral da Diocese Leiria-Fátima realizou, no passado dia 29

de Outubro, a terceira reunião do ano 2005. Pela primeira vez, reuniu-se fora do Seminário de Leiria, na igreja paroquial do Arrimal.

Este facto permitiu aos membros do Conselho Pastoral tomar contacto com a realidade da Diocese, o que foi considerado muito importante e mais valia para o trabalho futuro, pelo que fica registada a intenção de repetir a experiência em outras áreas da diocese.

Sendo a primeira sessão do ano pastoral 2005/2006, o assunto da ordem do dia foi o balanço do trabalho desenvolvido pelo Conselho no ano pastoral transacto e o planeamento do próximo. Sobre a actividade desenvolvida, é de registar o acompanhamento da elaboração e consequente aprovação do Projecto Pastoral Diocesano 2005-2011.

As sessões do ano 2006 serão em Fevereiro, Junho e Outubro.

III Congresso da Família Missionária da ConsolataMais de 260 participantes marcaram presença no III Congresso da Família

Missionária da Consolata, em Fátima, de 29 a 30 de Outubro de 2005, que abordou os principais desafios da Missão, no mundo de hoje. Perante a “mutação acelerada das Instituições e das tradições religiosas”, que tem levado à perda de “referências simbólicas” e a uma individualização da identidade do crente, os participantes defenderam a criação de um “sentido de identidade comunitária”.

Para o sociólogo e teólogo Alfredo Teixeira, um dos conferencistas deste Congresso, “ainda não encontrámos um modelo eclesial para a mudança que se está a desenvolver; já não há a estabilidade e identidade que havia há alguns anos atrás”. Considerou ainda que a identidade crente apresenta hoje um retrato diferente. “A capacidade de dizer o que se é e onde se está é muito difícil, porque as culturas já não estão organizadas com fronteiras. A pluralidade interna é hoje explicada de forma diferente, a própria geografia cristã é influenciada pela mobilidade e já não temos um modelo paroquial com base no território mas em estilos de vida”, referiu. O desafio que se impõe, hoje, é “encontrar qualquer coisa que permita gerir esta pertença comunitária”. Ao contrário de há alguns anos atrás, verifica-se o fim da “civilização paroquial” tendo o cristão optado por soluções à sua medida. “Hoje, as pessoas procuram responder a necessidades e estímulos diferentes, e daí procurarem e irem a diferentes lugares”, concluiu.

No final do Congresso, foram apresentadas as seguintes conclusões:1. A Família Missionária da Consolata tomou consciência da mutação acelerada

das Instituições e das tradições religiosas e perdeu as referências simbólicas que alimentaram os crentes.

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2. A perda destas referências leva ao enfraquecimento da fé comunitária e leva a uma individualização da identidade do crente.

3. Tudo isto conduz à fragmentação e dispersão das comunidades e põe em questão a necessidade da Igreja como mediação para a salvação.

4. O papel da Igreja é fundamental, através da aproximação e da circulação do amor, e do testemunho cristão, para que o mundo creia que Cristo é enviado do Pai.

5. A experiência do Zambujal marcada pela presença e actuação dos Missionários da Consolata e outros agentes pastorais, tem vindo a congregar os diversos grupos culturais e a criar neles um certo sentido de identidade comunitária.

6. Todo o cristão pode e deve ser um testemunho vivo quaisquer que sejam a sua condição e o meio em que vive, trabalha e se relaciona.

7. Como Maria que se deixou possuir pelo Espírito Santo e gerou Cristo e O deu como consolação do Pai a todo o mundo, a Família Missionária da Consolata, herdeira do carisma do Beato Allamano compromete-se a ser sinal de consolação para o mundo de hoje.

Conselho Nacional do CPMRealizou-se a 5 e 6 de Novembro de 2005, na Casa Diocesana da cidade e

Diocese de Vila Real, o Conselho Nacional de Outono da Associação Portuguesa dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM–Portugal). Participaram cerca de 100 pessoas, entre casais e assistentes, de 16 das 18 dioceses portuguesas, além da Equipa Responsável Nacional, do seu assistente, P. António Belo, e do Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, que proferiu palavras de apreço e de estímulo pelo trabalho do CPM e sublinhou que “devemos dar aos noivos o melhor que a metodologia CPM oferece”.

Do tempo de formação, sobre “O amor ao longo da vida”, salienta-se o testemunho de dois jovens – Gilda e Nelson – que partilharam uma reflexão mais amadurecida sobre o que o amor é e exige de cada pessoa, e ainda a presença do psicólogo José Carlos Gomes da Costa que abordou vários aspectos relativos aos meios que permitem a manutenção dum casamento no tempo, em direcção à identidade do casal.

No decurso dos trabalhos, as Dioceses analisaram o caminho feito e as dificuldades a superar. Sabendo que a decisão de casar implica a vontade, a liberdade e a consciência do acto pelas implicações futuras aos mais diversos níveis, não se pode permitir a banalização do matrimónio. Por isso, não rejeitando ninguém, há que acolher, mentalizar e fazer caminho com todos os que, pelos mais variados motivos, se aproximam do espaço eclesial.

Em algumas dioceses há já paróquias, que dão visibilidade e importância à preparação para o matrimónio, encerrando essa preparação numa missa comunitária, na presença dos pais, da família e dos amigos, numa co-responsabilização pelas

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novas famílias que se vão constituir. Aos noivos arredados do meio eclesial há mais de 15 ou 20 anos, importa dar uma nova visão da Igreja e eliminar as barreiras que impedem um efectivo acolhimento. Desfeitas estas, sobretudo ao nível paroquial, o CPM atingiria muito mais noivos que os actuais 31% dos que casam catolicamente.

No encontro, salientou-se também, a responsabilidade da constituição de novas equipas e da renovação das existentes é dos casais e dos sacerdotes dedicados ao CPM, e as comunidades devem procurar tirar partido dos noivos que fizeram a sua preparação, mantendo com eles uma ligação que permita a sua integração em Movimentos de Pastoral familiar, concretamente no CPM.

Ainda antes da Eucaristia final e do almoço de despedida, foram apresentados os opúsculos “CPM-Acolhimento aos noivos” e CPM-Aspectos jurídicos e práticos do casamento”, acabados de editar, e procedeu-se à tomada de posse do Casal Presidente Nacional para o triénio de 2005/2008.

XVII Jornadas nacionais da Pastoral FamiliarRealizaram-se nos dias 5 e 6 de Novembro, no Centro Pastoral Paulo VI, em

Fátima, as XVII Jornadas Nacionais de Pastoral Familiar, subordinadas ao tema «Pão de Amor no Coração da Família”.

Mais de 200 participantes de todo o País, famílias, jovens e diversos sacerdotes, reflectiram sobre a importância da Eucaristia na vida familiar, aludindo ao “Ano da Eucaristia” recentemente encerrado, e sobre algumas das questões tratadas no recente Sínodo dos Bispos, em Roma.

Na abertura dos trabalhos, D. António Carrilho, Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, contextualizou a temática e apelou à leitura dos jornais “para uma maior atenção às questões de âmbito familiar” cada vez mais frequentes.

Numa conferência de carácter bíblico-teológico, e partindo do episódio dos «discípulos de Emaús», o Pe Dr. António Couto sublinhou a importância de “ensaiar formas pedagógicas na família de maneira a preparar a vivência da Eucaristia”.

Aludindo à relação entre Eucaristia e Família, o Pe Dr. João Ribeiro lembrou que “os grandes momentos da Eucaristia são também grandes momentos da vida familiar e que a participação na Eucaristia permite às famílias dissipar o relativismo com que se debatem no quotidiano”.

Tema particularmente candente foi o da «Eucaristia e casais recasados», que o Pe Manuel Rocha abordou. “Os divorciados recasados esperam uma palavra de acolhimento e de perdão”. Há que buscar caminhos novos mas “na fidelidade à doutrina da Igreja e na solidariedade para com o sofrimento destas famílias”, sublinhou.

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O último dia foi marcado pelo testemunho do casal Líbano Monteiro, das ENS, sobre o lugar da Eucaristia na sua vida de casal e de família, com destaque para o “papel dos pais na iniciação dos filhos à Eucaristia”.

A encerrar os trabalhos o Pe Carlos Cabecinhas apresentou propostas da liturgia para a celebração da «Eucaristia na festa das famílias», e lembrou a “dimensão nupcial da própria celebração eucarística”.

No final das Jornadas concluiu-se que se deve “estar atento às situações dramáticas de muitas famílias, à indiferença religiosa, e até à perda da identidade religiosa. A fidelidade à Eucaristia, no seu ritmo litúrgico de Páscoa semanal, permitirá dissipar qualquer forma de relativismo e integrar, no quotidiano das famílias, o absoluto de amor e da verdade que elas são chamadas a espelhar”.

Leiria nos 146 anos das Conferências de S. Vivente PauloA diocese de Leiria-Fátima recebeu, no passado 6 de Novembro, as comemorações

do 146º aniversário das Conferências de S. Vicente de Paulo em Portugal, fundadas em França por Frédéric Ozanan, em 1833.

A comemoração decorreu no Seminário Diocesano, contou com a presença do presidente nacional da Sociedade S. Vicente de Paulo, Manuel Torres da Silva, e incluiu uma palestra, pelo Pe Jorge Guarda, Vigário Geral da Diocese, sobre a relação do tema do acolhimento, patente no episódio bíblico da Samaritana, com o trabalho desenvolvido pelas Conferências de S. Vicente de Paulo.

Após este momento de reflexão e análise, os vicentinos tiveram ainda oportunidade de conhecer o Museu do Seminário e reuniram-se depois para juntos celebrar a fé na Eucaristia Dominical, à qual se seguiu um convívio que encerrou o encontro.

O presidente do Conselho Nacional, afirmou que o trabalho hoje realizado pelas Conferências e pelos cerca de 13 mil vicentinos em Portugal, é tão ou mais importante que há 146 anos embora as necessidades sejam actualmente mais diversificadas. A solidão e os novos pobres são hoje problemas sociais muito complexos. Os “novos pobres”, ou “os pobres envergonhados”, estão entre as maiores necessidades com que a sociedade se debate. Nestas situações “há que fazer uma primeira abordagem, tentando obter informações, falando com as pessoas mas de uma forma indirecta. Depois, mantendo o anonimato, passa-se à entrega de bens alimentares. Claro que além desta primeira ajuda há ainda outra, a da “cana para ensinar/ajudar a pescar”, explicou.

Em relação à Diocese de Leiria-Fátima, o presidente do Conselho Nacional salientou o bom trabalho desempenhado e manifestou a necessidade de mais gente nova (não só em idade).

Maria Inês Lourenço, coordenadora das Conferências na Diocese, apoiando as afirmações de Manuel Silva, lamentou que adiram a estas iniciativas quase

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exclusivamente pessoas aposentadas. “Há falta de renovação nos grupos, e são, por vezes, as pessoas idosas, algumas com mais de setenta anos, que mantém as Conferências nas paróquias. Embora se tenha trabalhado na motivação dos jovens, há ainda um longo caminho a fazer”, salientou.

Apesar de tudo, o cenário não é de todo negro pois entre as 27 Conferências paroquiais da Diocese “algumas, felizmente, têm jovens a trabalhar e com muita motivação”.

Motivadas e dinâmicas, 27 conferências paroquiais vão dando resposta efectiva a múltiplas carências. No «teatro de operações», a falta de orientação das famílias, a carência de relacionamento, a ignorância para resolver problemas a que muitas vezes deviam responder entidades oficiais (Segurança Social, Instituto de Emprego, etc), e as situações de pobreza extrema, são os principais alvos.

Na diocese de Leiria-Fátima, as Conferências detêm hoje uma elevada importância na luta contra a pobreza que espreita a cada esquina. Contudo “há ainda muitas paróquias que não têm qualquer apoio social organizado”, refere Maria Inês, lembrando que “a solução dos problemas passa muitas vezes, e simplesmente, por alertar as pessoas para os apoios que existem e ir com elas procurar aquilo a que, legalmente, têm direito”.

Encontro Diocesano da Pastoral da SaúdeDelinear planos de acção foi o primeiro objectivo da reunião da Comissão

Diocesana da Pastoral da Saúde, que teve lugar no edifício do Seminário, em Leiria, no passado 7 de Novembro.

Dos trabalhos agendados, destacou-se a preparação do Encontro Diocesano de Pastoral da Saúde, do próximo 28 de Janeiro, sob tema «O Acolhimento ao doente – um dom para a saúde integral» e que incluirá duas conferências sobre «O acolhimento de Jesus Cristo: palavras e gestos» e «O acolhimento do doente na paróquia e na família: dom ou peso?», respectivamente.

Aberta a todos, a iniciativa destina-se em especial a agentes de pastoral das áreas da saúde e solidariedade (visitadores de doentes, voluntários dos hospitais, da Cáritas, das Conferências S. Vicente Paulo, ministros da comunhão, etc.).

Apostolado da OraçãoO Conselho Diocesano da Associação do Apostolado da Oração (AO) é

constituído pelos seguintes elementos: Maria Celeste Moreira e Carminda Conceição Santos, da paróquia da Bidoeira; Maria Prazeres Fernandes, de Serro Ventoso; Maria Santa Baptista, do Arrimal; Maria Lucília Pedro e Felismina Rosa, dos Pousos e o director diocesano.

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Existe vontade de renovar, reactivar, dinamizar, uma associação laical “valiosa e preciosa” e com um rico património histórico. Nascida no ano de 1844, em França, vinte anos depois chegou a Portugal, onde conta actualmente cerca 3.000 centros e meio milhão de associados.

O Conselho diocesano, que se reuniu no Seminário de Leiria, no dia 8 de Novembro, propõe-se realizar um inquérito para averiguar a sua verdadeira situação e elaborar um ficheiro, vai ter uma sede no Seminário, irá promover um encontro de zeladoras e uma peregrinação a Santarém (Igreja do Milagre), e planeia iniciar o MEJ (Movimento Eucarístico Juvenil). Lembra ainda que o terço da capelinha das aparições de Fátima, na primeira sexta-feira de cada mês, seguirá a espiritualidade do AO e solicita a presença ou sintonia dos associados.

Em cada ano há um tema catalisador. Este ano, o tema proposto, a nível nacional, é: “a oração feita apostolado”.

Caminho Neocatecumenal reunido em Fátima“Com efeito, não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de

Deus para a salvação de todo o que crê, do judeu em primeiro lugar e depois do grego” (Rm. 16, 1). Foi em torno desta epístola de São Paulo aos Romanos que as comunidades do Caminho Neocatecumenal da diocese de Leiria-Fátima se reuniram em Fátima, nos passados dias 11 a 13 de Novembro.

Após um primeiro dia voltado para a conversão e que culminou com uma celebração penitencial, o encontro prosseguiu centrado no papel da família cristã, para que seja sinal de Cristo vencedor da morte, da angústia e dos medos, na sociedade contemporânea. As relações pré-matrimoniais, o aborto, o álcool e a droga, são algumas das realidades às quais muitas famílias se sentem incapazes de responder. A valorização do domingo e a transmissão da fé, através do diálogo e da oração, foram algumas das direcções apontadas, como preconiza o Magistério da Igreja.

Neste convívio, que culminou com a celebração eucarística presidida pelo Padre. António das Neves Gameiro, estiveram presentes as comunidades neocatecumenais das paróquias de Marrazes, Maceira, Santa Catarina da Serra, São Mamede e Bajouca, num total de cerca de 150 pessoas, incluindo 20 crianças.

Novos párocos tomaram posseNo passado dia 19 de Novembro deu entrada como novo pároco da paróquia do

Reguengo Fétal. O padre Nuno Miguel Heleno Gil fez o juramneto de fidelidade e a profissão pública de fé durante a Eucaristia, celebrada às 18.30 horas, com a participação de muitos fiéis da paróquia do Reguengo e das paróquias de Pataias

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e de Alpedriz, onde exerceu o ministério como vigário paroquial. Nas palavras que entretanto dirigiu, o novo pároco manifestou a sua disponibilidade e pediu a todos colaboração, nomeadamente aos elementos dos diferentes organismos de acção pastoral. Como símbolo de continuidade na acção e na fé, o pároco cessante, padre Virgílio do Rocio Francisco, entregou ao padre Nuno o Leccionário. Depois, a comunidade paroquial fez uma saudação solene e organizou um lanche de confraternização. O novo pároco fica, entretanto, a residir na residência paroquial da Barreira.

No dia 20 de Novembro, foi a vez do padre Virgílio do Rocio Francisco entrar de forma solene no seu novo campo de acção, a paróquia de Pataias. Com a celebração da Eucaristia às 11.30 horas, e na presença da nova comunidade e de muitos representantes da paróquia do Reguengo Fétal, o novo pároco prestou juramento solene e fez a profissão pública de fé. O secretário do Conselho Pastoral Paroquial apresentou as boas vindas da comunidade e recordou o bom trabalho feito pelos antecessores ao longo dos últimos anos.

No domingo 27, na eucaristia das 10h30, tomou posse o novo pároco da Bidoeira, o Pe Adelino Filipe Guarda, num clima de alegria e muita expectativa, como é habitual nestas ocasiões. Num gesto de acolhimento um representante da comunidade entregou ao seu novo pároco um cesto com produtos típicos da localidade, e os adolescentes do 9º ano de catequese entregaram um livro com mensagens de boas vindas.

Equipas de Nossa SenhoraOs responsáveis de equipas de base e conselheiros espirituais das Equipas de

Nossa Senhora (ENS) tiveram no fim-de-semana de 19 e 20 de Novembro, em Fátima, o habitual encontro anual.

Cerca de 1000 participantes de todo o país procuraram inteirar-se das principais actividades programadas do Movimento e sintonizar-se com os seus objectivos. «À descoberta de Cristo» foi a temática em foco que marcará a caminhada preparatória para o grande encontro internacional de Setembro de 2006 em Lourdes.

Para além das conferências, painéis e testemunhos, a participação dos casais foi particularmente activa na reflexão e oração em equipas mistas constituídas para o momento, na adoração ao Santíssimo e na Eucaristia celebrada em conjunto com as Equipas de Jovens de Nossa Senhora.

Na diocese, as ENS estão bem implantadas. Segundo a estruturação normal deste movimento de espiritualidade conjugal, as quase trinta equipas, de 4 a seis casais e um conselheiro espiritual, estão divididas em dois Sectores, A e B com os respectivos casais responsáveis.

A caminhada conjugal à luz do Evangelho constitui a grande aposta. Os meios são essencialmente a oração conjugal, o ponto de esforço mensal e o chamado

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“dever de sentar” para diálogo dos esposos. A dinâmica da reunião mensal de equipa proporciona essencialmente a partilha e um “pôr em comum”, assim como momentos de oração e de reflexão sobre um tema de estudo.

A abertura da equipa de base para o Movimento e toda a Igreja é incentivada por uma estrutura de ligação organizativa e pela participação em actividades comuns proporcionadas a todos: Eucaristia mensal das Equipas, retiro anual e acções sectoriais, nacionais e até internacionais. O próximo encontro em Lourdes vai contar com largos milhares de participantes de todos os continentes e marcará o rumo das ENS para os próximos anos.

Confraria de Nossa Senhora da EncarnaçãoNo cumprimento aos Estatutos da Confraria de Nossa Senhora da Encarnação,

a Direcção recordou e rezou por todos os irmãos falecidos, no passado dia 20 de Novembro, na Eucaristia dominical do Santuário, às 21h30. Com esta celebração, em união com Maria Mãe de Jesus, pretendeu-se testemunhar a fé em Cristo Ressuscitado e aprofundar a consciência da condição de peregrinos que somos da Casa do Pai.

Acção Católica Urbana A Acção Católica Urbana promoveu, no dia 24 de Novembro, um encontro de

reflexão dedicado ao tema «Esperança no mundo actual».A vontade de saber testemunhar a esperança foi a grande motivação que levou

os participantes a renunciar ao calor da fogueira e enfrentar essa fria noite de Outono.

No encontro, apresentado e desenrolado de forma dinâmica, com a frequente intervenção dos participantes através de questões e comentários a propósito das interrogações e «provocações» do convidado, a mansidão, a fidelidade e a humildade, foram as três propriedades apontadas como desafio e chave mestra para quem quer ser efectivamente testemunha de esperança no mundo de hoje. “Saber testemunhar a esperança no dia-a-dia é saber dar lugar ao outro para repousar a sua própria cabeça, em vez de querer estar sempre em primeiro plano”, sublinhou Horácio Lopes, da Comunidade Emanuel.

Outro dos desafios deixados pelo convidado foi o de “deixar de ‘borboletar’”. “As pessoas hoje estão em tudo e não estão em nada, e isto torna-as infiéis aos compromissos do dia-a-dia, e à sua vocação de baptizados”, explicou.

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Jornadas de Pastoral UrbanaAs XI Jornadas de Pastoral Urbana, a 25 e 26 de Novembro, proporcionaram

às paróquias da vigararia de Leiria uma reflexão sobre o “Acolhimento na Pastoral Urbana”. A começar pelo “Acolhimento como lugar teológico”, os participantes, partindo da vida como dom, concentraram-se na pessoa humana como “ser dado-acolhido” e por isso, vocacionado para “acolher o próprio ser” e o ser do Outro e dos outros. Daí a urgência em criar e desenvolver condições estruturais de acolhimento.

A exegese do relato bíblico do encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4, 4-42), pôs em destaque o Mestre que destruiu barreiras e laçou pontes.

A paróquia será “comunidade que acolhe” quando estiver atenta aos desafios da urbanidade e da sociedade no seu todo, sociedade que, originalmente boa mas atingida pelo pecado, lança desafios de credibilidade, autenticidade e identidade, que devem provocar em nós, Igreja, o desejo de sermos mais audazes.

A experiência partilhada da comunidade do Campo Grande, Lisboa, sublinhou a importância do acolhimento, que cria em quem é acolhido a consciência de pertença à comunidade/Igreja, e realçou o valor do voluntariado no desenvolvimento e sustentação de acções de carácter pastoral, catequético, sócio-caritativo, e outras.

Por fim, referenciadas várias mutações no rosto da Igreja, nos últimos anos, salientaram-se algumas pistas que, no contexto da vigararia de Leiria, deverão ter em conta três níveis de intervenção:

1. Os responsáveis devem ser mais criativos e trabalhar em equipa, com maior serenidade, seriedade e fidelidade a Jesus Cristo;

2. Os “servidores” deverão ser mais empenhados na celebração do mistério da fé, da reconciliação e na construção de novas relações;

3. A própria comunidade deverá dedicar maior atenção aos que caminham na retaguarda e acompanhar de forma mais pessoal os que seguem na frente.

Escuteiros de Amor comemoram 10 anos25, 26 e 27 de Novembro, três dias plenos de recordação e de abertura à

comunidade, preenchidos de um “menu” rico de actividades, foi a melhor forma de o Agrupamento de Escuteiros 1166, de Amor, comemorar o seu 10º aniversário. A abertura, na sexta-feira, teve lugar no salão paroquial, com a inauguração de uma exposição completa de material escutista, uma mostra de fotografia a documentar os inolvidáveis dez anos e a exibição de um filme escutista, acompanhado de pipocas, café e bolos. Por fim, ecoaram os parabéns e sopraram-se as dez velas.

O sábado foi preenchido com um mega peddy-paper, sob o tema “Escuteiro por um dia”. Das 10h00 até às 18h00, dominou o espírito de aventura com elevados níveis de adrenalina. No domingo o Agrupamento selou de forma inesquecível as comemorações participando na celebração da Eucaristia de acção de graças.

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Apresentação do Evangelho do Ano em Monte RealFoi uma iniciativa da Escola Teológica de Leigos de Leiria, que proporcionou

mais uma vez a descoberta dos traços essenciais do evangelista do ano, neste caso, São Marcos. O encontro teve lugar na paróquia de Monte Real, no primeiro Domingo do Advento, 27 de Novembro, orientado pelo Pe. Dr. Virgílio Antunes, formado em ciências bíblicas.

Padre João Ferreira Órfão homenageado em Vermoil No passado dia 27 de Novembro, a freguesia de Vermoil prestou homenagem ao

seu antigo pároco, no 25º aniversário do seu falecimento ocorrido a 3 de Dezembro de 1980. A celebração iniciou-se com a Eucaristia de sufrágio e acção de graças, presidida pelo bispo da Diocese, D. Serafim Ferreira e Silva, e concelebrada por 13 sacerdotes. No final, tomou a palavra o presidente da Câmara de Pombal, Narciso Mota, que procedeu à evocação do Pe. João Órfão. À entrada da igreja foi apresentada a fotografia do homenageado e descerrada uma lápide que dá o nome do mesmo ao largo da igreja paroquial.

Nascido no Padrão, freguesia de Pousos, a 3 de Abril de 1901, João Ferreira Órfão foi ordenado sacerdote em 1927 e iniciou sua actividade pastoral como pároco em Aljubarrota. Foi ainda professor de Latim no Seminário, antes de ser nomeado pároco de Vermoil em 1935. Acolhedor e afável na orientação espiritual dos seus fiéis, o Pe. João foi um homem de alma grande, empreendedor e dinâmico. A ele se deve a construção da nova igreja de Vermoil inaugurada em 1975, cinco anos antes do seu falecimento.

Vigararia de Leiria aposta na formaçãoCom o objectivo de desenvolver e melhorar a acção os grupos sócio-caritativos, a

vigararia de Leiria realizou a 1 de Dezembro, na paróquia dos Marrazes, uma acção de formação orientada pelo presidente da Cáritas Nacional, Prof. Eugénio Fonseca, que contou com 62 participantes vindos das nove paróquias da vigararia.

O padre Augusto Gonçalves, coordenador da iniciativa, afirmou a determinação da vigararia em investir neste campo para responder às necessidades que sentem as paróquias perante tantas situações de carência a todos os níveis. E anunciou que é intenção da vigararia realizar mais três encontros durante o ano, para lançamento dos trabalhos, formação e análise das actividades, e avaliação e planificação, e organizar um trabalho de voluntariado em regime de complementaridade com os grupos sócio-caritativos.

Acolher, acompanhar (não apenas visitar), e promover (no sentido de ajudar a trilhar o caminho) os mais carenciados, foram os pontos principais do encontro.

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Jornada Diocesana da Pastoral Familiar«Porque a vida não é um acaso» foi o tema da jornada que o Secretariado

Diocesano da Pastoral Familiar realizou no dia 3 de Dezembro, na Aula Magna do Seminário de Leiria.

Trata-se da missão dos pais, bem como da realização e felicidade dos esposos que querem abraçar toda a riqueza da relação conjugal e planear com consciência e responsabilidade o nascimento dos seus filhos. A iniciativa dirigiu-se aos conjugues, sobretudo em idade de procriarem, a noivos, a jovens, e a quantos querem tomar as suas opções de forma esclarecida e responsável. Dirigiu-se igualmente aos que se dedicam a acompanhar casais, noivos e jovens, aos movimentos e equipas paroquiais da pastoral familiar.

“Cristianismo na Índia, Percursos e Proximidades”No contexto dos 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier, grande

evangelizador do Oriente, os Missionários do Verbo Divino organizaram a 3 e 4 de Dezembro, em Fátima, um Colóquio sobre o «Cristianismo na Índia». Especialistas portugueses e indianos abordaram a importância do cristianismo ontem e hoje, o diálogo inter-religioso, o papel da mulher e os desafios missionários, na globalidade da sua história, riqueza cultural e religiosa, e potencialidades económicas, políticas e geo-estratégicas desse grande país asiático.

Por estes dias, realizou-se também, no Colégio de Cernache, o AfterXav 2005, um mega encontro destinado a jovens dos 16 aos 30, algo semelhante ao de Taizé, que exigiu a transformação do Colégio numa pequena aldeia com capela, cinema, bar, farmácia, restaurante, livraria e mercado.

As conclusões do colóquio foram as seguintes:- A Missão continua em acção no mundo e a colaboração de todos os cristãos

na mesma é um imperativo. Os caminhos da Missão passam pela abertura ao transcendente, o testemunho de amor fraterno e o anúncio de Jesus Cristo;

- A Índia está em profundo processo de transformação a todos os níveis e procura inspiração na grande riqueza humana, espiritual e cultural dos seus povos. O acesso de todos à formação e a iguais oportunidades, sem descriminação, é um desafio imensurável;

- Embora os cristãos sejam uma pequena minoria (2,3%), a sua presença traduz-se em variadíssimas realizações em todos os domínios, desde o serviço aos mais pobres ao envio de missionários para outros países.

- É crescente o papel desempenhado pela Igreja Católica no diálogo com outras religiões.

- Foi relevante e inovadora a acção de S. Francisco Xavier no início da época moderna, como nos nossos dias a actividade e a figura luminosa de Madre Teresa

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de Calcutá, ao serviço dos mais pobres, revelando o rosto sorridente e acolhedor de Deus Pai.

- Hoje os Missionários do Verbo Divino, as Servas Missionários do Espírito Santo e os Missionários em geral continuam a anunciar Jesus Cristo na Índia, através do testemunho da sua fé, do diálogo com os membros de outras religiões e do serviço desinteressado aos pobres.

- O exemplo de convivência e de colaboração entre as diversas culturas e religiões da Índia desafia a promover pontes de afecto, diálogo e solidariedade com pessoas e grupos pertencentes a outras religiões e culturas.

Alburitel no centenário do Padre Joaquim LourençoNo passado dia 8 de Dezembro, ocorreu o centenário do nascimento do padre

Joaquim Lourenço, de Alburitel. A paróquia, como nos dias mais festivos, acorreu para celebrar a efeméride e prestar condigna homenagem. A presença de D. Serafim, bispo de Leiria-Fátima, e de D. Américo Henriques, Bispo emérito de Nova Lisboa, conterrâneo e contemporâneo do padre Joaquim, em Roma, do vigário-geral da Diocese e de alguns sacerdotes que se lhes juntaram, deu à celebração um cunho diocesano. Até houve quem comentasse que o homenageado merecia que se fosse mais longe envolvendo a sociedade civil.

O núcleo da mensagem do Senhor Bispo foi um convite para que o testemunho da família onde nasceram os Padres Lourenço, tenha seguidores e não falte quem dê continuidade ao ministério que o homenageado e seus irmãos desempenharam em situações tão difíceis e com tanta abnegação.

O coro local, ensaiado e dirigido pelo padre Artur Ribeiro, deliciou os presentes com magistral execução do programa escolhido.

No fim da celebração a memória do homenageado foi evocada com a leitura dum texto enviado pelo Dr. José Nunes Carreira, impedido de estar presente por motivos de saúde, e o padre João Trindade falou das razões que o levaram a publicar o livro que acabara de ser apresentado sobre os “Padres Lourenço de Alburitel” e que, de alguma forma, despoletara esta homenagem.

Seguiu-se a visita ao cemitério onde foi inaugurado um monumento evocativo do centenário.

De regresso, os convidados visitaram a residência paroquial onde foram efectuadas obras de beneficiação e restauro de vulto com a ajuda de fundos comunitários.

A fechar o programa, D. Delfina Lourenço, irmã dos Padres Lourenço, e seus filhos, obsequiaram os convidados com um jantar oferecido em sua casa que foi também a primeira residência paroquial.

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Natal de Acção Católica RuralA Acção Católica Rural da diocese de Leiria-Fátima, com militantes,

simpatizantes, familiares e amigos, reuniu-se para a habitual Ceia de Natal, que decorreu no Outeiro da Ranha, paróquia de Vermoil, a 10 de Dezembro. Depois da celebração da Eucarística, partilhou-se o que cada um levou. No serão de convívio, cada secção apresentou uma animação previamente preparada. Neste mesmo dia realizou-se também uma sessão da Escola de Animadores.

Reunião Diocesana Secretariados e MovimentosDecorreu no passado dia 10 de Dezembro, no Seminário Diocesano de Leiria,

uma reunião diocesana para responsáveis de secretariados, comissões, associações, movimentos e obras diocesanas, com o objectivo de “partilhar experiências e procurar caminhos para que, de forma coordenada, se possa ir acertando o passo e caminhar juntos”, referiu o Pe. Jorge Guarda, vigário-geral da Diocese.

Num primeiro momento os 16 movimentos e serviços diocesanos presentes partilharam algumas iniciativas ao longo da caminhada de 2005, trocaram, acentuando aspectos mais ligados ao atendimento e acolhimento.

As Oficinas de Oração sublinharam a necessidade de promover a oração e a reflexão.

A Escola de Formação Teológica de Leigos e a Escola de Catequistas sublinharam a necessidade de se delinear o futuro apostando em mais e melhor formação.

O MEC, o SDEIE e a Pastoral dos Ciganos apontaram no mesmo sentido mas reconhecendo que esse investimento passa também pela promoção do voluntariado. Em termos de acolhimento, pensou-se nos deficientes, mencionando a necessária eliminação de algumas barreiras arquitectónicas.

O encontro foi ainda aproveitado para auscultar os secretários, associações e movimentos presentes sobre o projecto de remodelação do edifício do Seminário Diocesano, que irá contemplar diferentes espaços para serviços diocesanos, Centro Pastoral, Casa de Retiros, residência sacerdotal, além do pré-seminário e Tempo Propedêutico.

Sobre a Pastoral das Vocações afirmou-se a necessidade de promover uma cultura vocacional e de organizar um verdadeiro serviço de Pastoral Vocacional, e sublinhou-se o papel imprescindível da família enquanto berço das vocações.

No decorrer dos trabalhos abordaram-se ainda o acolhimento de pessoas numa fase de perturbação, e a necessidade de uma experiência profunda de Deus e de amor ao próximo.

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Meditações sobre o Mistério da EncarnaçãoNo dia 11 de Dezembro, terceiro Domingo do Advento, a Escola Teológica de

Leigos da diocese de Leiria-Fátima promoveu, na igreja de São Pedro, em Porto de Mós, as Meditações sobre o Mistério da Incarnação. Contributo para uma vivência mais intensa do Natal do Senhor, a reflexão foi orientada pelo padre Doutor Augusto Pascoal e concluída com o canto de Vésperas.

Natal nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria«O perdão, a confiança e a alegria – dons de um menino que iluminam o nosso

caminho», foi o tema proposto pelos visitadores, «Os Samaritanos», aos reclusos e reclusas dos Estabelecimentos Prisionais de Leiria, neste Natal.

As quatro propostas, uma em cada semana do Advento, convergiam na vivência da noite de Natal. Por isso, nada melhor que começar perguntando: «Gostarias de construir um presépio?» e prosseguir o desafio: «A quem gostarias de pedir perdão?», «Quem gostarias que to pedisse a ti?», e já perto do grande dia, colocar a questão chave: «Como prepararias a tua cela para receber o nascimento de Jesus? Será que a liberdade e a alegria são dons que o menino Jesus te quer dar neste Natal?».

A construção de presépio em materiais reciclados, reflexões sobre textos alusivos à quadra, e algumas actividades como o origami (dobragens em papel), criaram ambiente propício para o perdão, a confiança e a alegria, valores essenciais ao acolhimento do Menino que quer nascer. Mesmo na véspera foi lançado o último desafio: na noite de Natal acender uma vela na janela da sua cela.

Mas a caminhada iria continuar até à Festa dos Reis nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria, em partilha dos reclusos, sobretudo os jovens da Prisão Escola, com vários grupos de jovens (Batalha, Colmeias, JUFRA/Leiria), o grupo missionário Ondjoyetu e o grupo de Visitadores. Após a missa presidida pelo capelão, houve festa em cada uma das unidades do estabelecimento, com leitura, reflexão e partilha de um texto, cânticos e distribuição de lembranças. É de salientar a participação activa, dinâmica e cheia de boa disposição dos jovens reclusos.

Preso há 4 anos (cumprindo uma pena de 7) o Pedro é um dos muitos jovens que ali se encontra, mas que tem feito uma caminhada exemplar. Em conversa connosco frisou bem que é muito duro estar ali, “sobretudo ao nível psicológico”, contudo, acrescentou, “a Igreja, o grupo dos Visitadores e o capelão, fizeram-me encontrar na religião uma forma de ultrapassar os problemas e as dificuldades. A revolta, as dúvidas, o afastamento da família... ultrapassei tudo isso. Hoje tenho vergonha da forma como antes pensava e agia. Temos de saber lidar com a consciência”. Fora um líder pela força, hoje é líder pela motivação e consciencialização que foi conseguindo. Tornou-se um exemplo para os colegas e até desejaria, um dia, se possível, vir a ser padre.

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Vigararias acolhem tema do “Acolhimento”O Secretariado Diocesano da Coordenação Pastoral (SECOPA) da Diocese

de Leiria-Fátima começou a organizar, a partir de Dezembro, encontros de apresentação do Projecto Pastoral, destinados sobretudo às vigararias. O objectivo é motivar os principais agentes de pastoral para a reflexão do tema proposto para este ano – “acolhimento” – e incentivar as comunidades a porem em prática algumas iniciativas que concretizem esta temática. Já se realizaram estes encontros nas vigararias de Milagres, Colmeias e Fátima, bem como na paróquia da Maceira. Em geral, a participação foi numerosa, tanto por parte dos párocos como dos leigos mais directamente envolvidos nas paróquias. Nota-se interesse efectivo pela aplicação do Projecto, com reflexão nos grupos de acção pastoral e preocupação de passar das ideias à prática. Exemplo disso foi, em Fátima, a própria organização do encontro. Para além da partilha de ideias e propostas, houve também o acolhimento da equipa diocesana e dos participantes com uma pequena merenda de convívio, no final, exemplo claro de uma forma simples de mostrar simpatia, amizade e “acolhimento”. Outros encontros se seguirão nos próximos meses.

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Serviços e Movimentos

Carlos Cabecinhas, director da Pastoral Litúrgica

O ano litúrgico - verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã”

No arranque de um novo ano litúrgico, iniciado com o I domingo do Advento, fomos aprofundar um pouco este tema, numa entrevista com o padre Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas, licenciado em Liturgia. Actualmente, este padre diocesano desempenha funções na equipa formado-ra do Seminário Maior de Coimbra e é também director do Secretariado Diocesano de Pastoral Litúrgica e Música Sacra, e membro do Secreta-riado Nacional de Liturgia. Nesta pequena conversa, apre-senta alguns dados históricos e teológicos sobre esta forma de organização da liturgia anual da Igreja e testemunha também o modo como vive pessoalmente essa organização e como ela pode ser “pedagógica” para os fiéis.

Entrevista de Rui Ribeiro (In O Mensageiro)

Em termos práticos, o que é o ano litúrgico?O ano litúrgico é a celebração, no decurso de um ano, de todo o mistério de Cris-

to. Toda a celebração cristã é sempre celebração de Jesus Cristo, mas tal celebração estende-se, de forma diferenciada, aos vários momentos do ano. No dizer de um liturgista italiano, “o ano litúrgico não é uma ideia, mas uma pessoa, Jesus Cristo e o seu mistério realizado no tempo” (Bergamini). Em termos práticos, é a forma como a Igreja nos propõe celebrar Jesus Cristo, com momentos de particular intensidade. Tem a duração de um ano solar, ao longo do qual nos vai sendo proposto todo um caminho de celebração e aprofundamento do conteúdo fundamental da fé cristã.

Serviços e Movimentos

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Serviços e Movimentos

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Historicamente, como se chegou à definição do ano litúrgico?O ano litúrgico não conheceu sempre a estrutura e organização de hoje. Num

primeiro momento, a única festa cristã foi a Páscoa, celebrada, quer uma vez por semana, ao Domingo, quer, de modo mais solene, uma vez por ano. Assim, a mais antiga festa cristã é o Domingo, “Páscoa semanal”. Partindo daí, passa a dar-se par-ticular relevo à celebração, uma vez por ano, da mesma festividade. Esta festa anual da Páscoa, celebrada com uma solene vigília, está testemunhada desde o século II. Esse núcleo festivo, que é a vigília, dará origem ao Tríduo Pascal e ao Tempo Pascal, os cinquenta dias que se seguem ao Tríduo. Só posteriormente se estabeleceu um período de preparação: a Quaresma.

Já estava assim estruturado este ciclo festivo pascal quando, na segunda metade do século IV, surgiu o ciclo natalício. Para criar um certo paralelismo com o ciclo pascal, para a celebração do Natal e da Epifania foi criado um tempo de preparação: o Advento. Quer isto dizer que no século V o ano litúrgico já apresentava a configu-ração que hoje conhecemos.

Como está estruturado o ano litúrgico?Como se percebe pela breve apresentação da evolução histórica, o ano litúrgico

tem três grandes ciclos: o ciclo pascal (Quaresma, Tríduo Pascal e Tempo Pascal), o ciclo natalício (Advento e Tempo do Natal) e o Tempo Comum, isto é, os restantes momentos do ano litúrgico que não pertencem a nenhum dos ciclos anteriores. É claro que haveria ainda a referir o chamado “Santoral”, calendário das celebrações da Virgem Maria e dos Santos, que atravessa todo o ano litúrgico.

Desses tempos e ciclos, qual o principal momento do ano litúrgico?O momento central e mais importante do ano litúrgico é sem dúvida o Tríduo Pas-

cal da paixão, morte e ressurreição de Jesus. No Tríduo, a celebração fundamental é a Vigília Pascal. Toda a Quaresma orienta para a vivência e celebração deste Tríduo, e o Tempo Pascal mais não é do que o prolongamento festivo dessa celebração. Em segundo lugar, em termos de importância, está a celebração do Natal. Curiosamente, a nível social, o Natal aparece como mais importante do que a Páscoa. Em terceiro lugar, destaco o Domingo, como celebração semanal da Páscoa.

Qual é a sensibilidade dos fiéis para a vivência do ano litúrgico?O ano litúrgico apresenta uma estrutura complexa, o que dificulta a sua per-

cepção, por parte dos féis, como unidade. Julgo que uma parte significativa dos cristãos não tem consciência clara do “ano litúrgico” como unidade. As celebrações sucedem-se e a sua sequência é conhecida, mas não se vai muito além disso. A con-sequência desta pouca percepção do ano litúrgico como unidade é a inversão da ordem de importância dos diversos momentos. Um exemplo flagrante é o do ciclo pascal: tem mais relevo a Quaresma, período de preparação, do que o Tempo Pascal;

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no próprio Tríduo Pascal, não é raro ter igrejas cheias para a celebração da morte do Senhor, em Sexta-Feira Santa, mas bem menos gente na Vigília Pascal. Sinal desta insuficiente consciência do ano litúrgico como um todo orgânico é o relevo dado a algumas “devoções”, manifestações de piedade popular, em detrimento dos momen-tos do ano litúrgico. Contudo, esta insuficiente consciência não impede que muitos cristãos vivam intensamente os momentos mais importantes do ano litúrgico.

Que aspectos litúrgicos e teológicos são enriquecidospela organização do ano litúrgico?

O ano litúrgico é, antes de mais, um modo de santificação dessa dimensão fun-damental da nossa existência, que é o tempo. É um modo de tornar significativo, do ponto de vista cristão, o ciclo do ano.

Habituámo-nos a quantificar o tempo com repartições matematicamente iguais (horas, minutos e segundos; dias, semanas, meses, anos). Nessa lógica quantificado-ra, todas as horas são iguais, todos os dias têm a mesma duração… O ano litúrgico dá “qualidade” a esse tempo, destacando alguns momentos; dá-lhes significado.

Contudo, o ano litúrgico tem também uma motivação “pedagógica”: a celebra-ção do mesmo Jesus Cristo num ou noutro momento permite-nos captar o sentido e aprofundar a inesgotável riqueza do Seu mistério, contemplado ora numa perspec-tiva, ora noutra.

Qual a sua experiência de vivência do ano litúrgico?A pergunta parece-me vaga. De um modo geral, a minha experiência é a de que o

ano litúrgico é um verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã”: permite-me aprofundar a minha fé e alimentar a minha vida espiritual; põe-me em contacto com a Palavra de Deus e motiva o confronto da minha vida com ela, bem como uma “leitura cris-tã” dos acontecimentos da minha vida e do mundo que me rodeia; permite-me a saudável alternância entre momentos de grande intensidade e momentos de maior distensão.

Que conselhos daria a quem pretende viver de formamais consciente o ritmo do ano litúrgico?

Precisamos de recuperar, antes de mais, a consciência da unidade do ano litúrgico e da relação dos vários momentos entre si. A nível prático: prestar particular atenção à Palavra de Deus, às leituras bíblicas que a liturgia nos apresenta em cada tempo do ano litúrgico, que é sempre um elemento fundamental para uma séria vivência dos vários momentos; deixar-se guiar pelos textos do Missal, que nos introduzem no espírito de cada tempo; valorizar, a nível pessoal e familiar, os diversos momentos festivos…

A Liturgia das Horas oferece também uma grande riqueza de elementos que nos põem em sintonia com o momento do ano litúrgico que estamos a viver.

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O Advento é um tempo essencialmente de quê?O Advento é fundamentalmente um tempo de preparação para o Natal, marcado

pela espera, pela expectativa. As Normas Gerais sobre o Ano Litúrgico apresentam o tempo do Advento como preparação para o Natal, no qual se celebra a primeira vinda de Cristo, e como tempo de expectativa da vinda gloriosa de Cristo. Não é um tempo penitencial, como a Quaresma, embora os convites à conversão, nas palavra de João Baptista e do profeta Elias, se façam ouvir insistentemente. Tempo de conversão, por ser tempo de preparação para a vinda do Senhor, é marcado porém pela “piedosa e alegre expectativa”, segundo as referidas Normas. Os modelos dessa expectativa da vinda do Senhor são, precisamente, João Baptista e Maria, a mãe de Jesus. Não há momento mais “mariano” no ano litúrgico do que o Advento e o Tempo do Natal.

Como viver bem o advento?O Advento e o Natal têm sofrido um desgaste notável. De facto, hoje, o Ad-

vento cristão começa quando, há já muito tempo, se iniciou o grande “advento” comercial. Um tempo de preparação do coração pela conversão vê-se “afogado” em solicitações consumistas. Para viver bem o Advento será, pois, necessário cultivar a sobriedade em gastos natalícios, consoada e presentes… Viver bem o Advento será concentrar-se no fundamental – a preparação interior – dando ao acessório o seu lu-gar. A nível litúrgico, a vivência do Advento está marcada pelo convite à preparação para acolher o Senhor que vem, pela conversão, e à disponibilidade para a vontade de Deus, a exemplo de Maria, vontade que conhecemos sobretudo pela sua Palavra, a que importa dar lugar e atenção especial.

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Carlos Jorge, presidente da Cáritas Diocesana

“A solidariedade não se esgota no porta-moedas”

O presidente da Cáritas Dio-cesana fala-nos da organização, trabalho, sucessos e necessida-des desta estrutura que dinami-za e coordena a pastoral social da Igreja de Leiria-Fátima.

Nomeado há cerca de um ano, Carlos Jorge encara este desafio como “interessante e útil”, serviço concreto à causa da solidariedade social. Uma atitude que considera necessá-rio desenvolver na sociedade, promovendo a “criatividade das suas expressões”.

Atenta às necessidades pon-tuais que se deparam no dia-a-dia, a Caritas procura, sobretu-do, “cuidar de uma pedagogia de promoção e de criação de condições de autonomia para cada pessoa” e investe primordialmente na “animação das comunidades cristãs para o testemunho da caridade organizada em cada parcela da Igreja”.

Entrevista de Rui Ribeiro (In O Mensageiro)

Como está estruturada a Cáritas a nível nacional e diocesano?A Caritas, em Portugal, está organizada por dioceses e, por conseguinte, na ex-

clusiva dependência do bispo de cada uma das dioceses.As vinte Caritas diocesanas estão agrupadas numa união que é a Caritas Portu-

guesa.A nomeação do Presidente da Caritas Portuguesa é da competência da Confe-

rência Episcopal, competindo a cada um dos bispos diocesanos a nomeação das direcções da respectiva Caritas.

A Caritas Diocesana de Leiria, como outras, goza de autonomia e personalidade jurídica e tem a categoria de Instituição Privada de Solidariedade Social.

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Que tipo de ajudas lhe são mais requisitadas?A pergunta pode indiciar uma visão um tanto redutora da acção e missão da Cari-

tas que não pode ser considerada com uma central de distribuição de bens. Cabe-lhe, na verdade, uma missão de assistência nas situações de maior fragilidade, mas tem de cuidar de uma pedagogia de promoção e de criação de condições de autonomia para que cada pessoa possa refazer o seu circuito pessoal. Compete-lhe uma missão de animação das comunidades cristãs para o testemunho da caridade organizada em cada parcela da igreja. Cabe-lhe, também, intervir socialmente com empenhamento directo na prevenção e solução dos problemas. Mas presta, efectivamente, algumas ajudas às pessoas que a procuram.

Os tipos de ajuda requerida são de uma extrema diversidade e resultam, sobre-tudo, de insuficiências do foro psíquico, de desestruturação das famílias (divórcios, separações…), e de incumprimento de obrigações legais. De um modo geral, é muito difícil a subsistência familiar quando os ordenados ou salários, pensões ou subsídios de sobrevivência são extremamente baixos e marcados pela precariedade, combinados, em certos casos, com encargos de habitação, saúde e outras despesas de primeira necessidade. As pessoas deparam-se com um mercado de habitação dirigido, essencialmente, à aquisição de habitação própria, com uma publicidade que tenta convencer que está ao alcance de todos, com a pressão do marketing que conduz algumas famílias à assumpção de obrigações que não podem cumprir face aos seus rendimentos.

Quais os serviços que presta mais regularmente?A acção da Caritas é toda ela um serviço e uma ajuda, quer se considere o dia a

dia do seu atendimento quer se considerem os serviços regulares que presta à comu-nidade e às famílias.

No primeiro caso podemos considerar pequenas ajudas financeiras sobretudo para medicamentos, contas de água e luz, ajudas para rendas de casa, o serviço em bens de vestuário, em cedência de equipamentos para pessoas com deficiências ou dependentes, nomeadamente cadeiras de rodas e camas articuladas. Outra ajuda im-portante às famílias é a que é prestada no âmbito do programa comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados através do qual são contempladas mais de mil famílias do concelho, com dezenas de toneladas de produtos alimentares.

Neste trabalho temos de salientar a importância da intervenção dos grupos pa-roquiais, sejam eles Caritas Paroquiais, Conferências de São Vicente de Paulo ou grupos com outras designações.

Quanto aos serviços que a Caritas oferece regularmente, a Casa do Pedrógão, em si mesma, é um serviço à diocese e à comunidade. As colónias de férias para crianças e o espaço de convívio que representa para mais de 400 pessoas idosas, em cada ano, não esgotam o leque de iniciativas a que se abre aquele espaço. Na verdade, gru-pos de escuteiros, movimentos paroquiais, associações diversas encontram nela as

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condições propícias ao desenvolvimento das suas actividades. Mas os portugueses conhecem a Caritas também pela sua presença activa ao lado das populações, seja em Portugal ou noutra zona do mundo, por ocasião das grandes tragédias. A onda de incêndios deste verão é apenas o último caso, o mais próximo, que fez da nossa dio-cese a zona de Portugal que mais famílias deixou de mãos vazias, com os seus bens, incluindo a própria casa, consumidos pelas chamas. A acção da Caritas Diocesana de Leiria foi imediata, nas ajudas de emergência e no apoio possível às corporações de bombeiros, na mobilização de voluntários e da comunidade para atitudes de partilha em ordem à reparação dos danos maiores. Carnide, Freixianda, Urqueira, Colmeias, foram, entre outros, os pólos principais das maiores tragédias e que estão também a suscitar as maiores atenções da Caritas. Dessas zonas, quinze famílias estão a sentir a solidariedade activa da Caritas e com ela a de milhares de portugueses que se lhe associaram na ajuda às vítimas. Algumas famílias, esperamos, irão já passar o Natal nas novas habitações.

Quais os principais projectos da Caritas Diocesana?Neste momento, mais do que grandes projectos, há preocupação em garantir a

sustentabilidade do que já se faz e que absorve grande parte das energias e recursos disponíveis. De qualquer forma, a inadequação das actuais instalações está longe de responder não apenas às necessidades mas também de exprimir com alguma digni-dade o lugar que deve ter na igreja diocesana este serviço da pastoral social.

Naturalmente que nos preocupa também a insuficiência de meios humanos que sejam detentores de saberes específicos ao nível da complexidade dos problemas sociais actuais e para desenvolver trabalho em rede com outras instituições congéne-res. Há ainda grande preocupação em desenvolver a formação dos agentes pastorais na área social em ordem a um serviço mais qualificado.

Que dificuldades e necessidades são mais sentidas?Algumas dificuldades já foram referidas, designadamente a falta de meios huma-

nos qualificados, instalações e algumas dificuldades, porque não dizê-lo, no rejuve-nescimento das equipas dos colaboradores voluntários.

Existem apoios?É de salientar que a gratuitidade e o voluntariado atingem níveis de excelência.

Os colaboradores voluntários, com a sua dedicação, generosidade e entusiasmo, são os seus apoios mais firmes. Naturalmente que muitas outras pessoas se revêem nos programas e objectivos da Caritas, a estimulam e lhe dão todo o género de apoio mesmo material. Na área dos apoios materiais a ajuda das comunidades cristãs através da colecta anual do Dia da Caritas e a partilha de bens promovida no espaço público na mesma ocasião, reúnem meios que são indispensáveis para a acção da Caritas.

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Em relação a instituições civis e outros serviços sociais da Igreja,qual a ligação que é feita?

A Caritas não é uma ilha. Estando no mundo e em contacto permanente com situações da maior fragilidade, precisa de se articular quer com outras organizações eclesiais quer com organismos oficiais ou da sociedade civil. Actua em estreita co-laboração com os grupos representativos das comunidades cristãs (com destaque para os grupos Caritas paroquiais e para as Conferências de S. Vicente de Paulo, tem mesmo estabelecido uma parceria com a paróquia de Leiria em ordem a garan-tir a sustentabilidade do Centro de Acolhimento de Leiria), mas integra do mesmo modo outras identidade de que são exemplo, entre outras, a sua participação na rede social dos concelhos de Ourém e Leiria a sua articulação com a Segurança Social e Câmaras Municipais, como acontece agora a propósito dos incêndios. O Trabalho em parceria é hoje uma exigência a que a Caritas não pode ser alheia por motivos de eficácia e por ser participante activa no esforço comum na superação das dificulda-des de muitas famílias.

Sente que a sociedade actual está sensibilizada para asolidariedade e a ajuda aos mais necessitados?

A generosidade e a sensibilidade coexistem com a indiferença, pelo que a solida-riedade precisa de ser estimulada. Hoje as pessoas requerem transparência, informa-ção e conhecimento das causas que suscitem a solidariedade.

Também importa ser criativo quanto às formas por que se exprime a solidarie-dade da pessoa ou grupo. Importa fazer crescer e entender que a solidariedade não se esgota no porta-moedas mas se pode e deve exprimir por muitas outras formas de bem-querer na vida quotidiana. A Cartitas sente-se muito honrada e estimulada com os níveis de compreensão com que a sociedade em geral a distingue.

Como sentiu a sua nomeação para presidir a esta instituiçãoe quais as razões que o levaram a aceitar esse cargo?

Tendo cessado a actividade profissional e entrado na situação de aposentado, fiquei com mais tempo livre disponível. Porque se oferecia um campo de trabalho diferente, interessante e útil e face à possibilidade de se constituir uma equipa direc-tiva com pessoas interessadas e experientes, foi com satisfação que aceitei o convite que me foi dirigido.

De salientar, a disponibilidade e a humildade de algumas pessoas que integravam a direcção anterior, designadamente do seu presidente, que se prontificaram para continuar a trabalhar, possibilitando desta forma o aproveitamento dos seus conheci-mentos e experiências para a transição se fazer numa linha de continuidade.

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Luís João, director da Pastoral Familiar

“A família é um projecto prioritário”

No dia 30 de Dezembro, celebrámos a Sagrada Família. A família tem sido, ao longo dos tempos, um dos temas preponderantes na análise da sociedade, sobretudo no que diz respeito à questão dos principais factores que garantem ambientes sociais saudáveis. Neste âmbito, ela é comummente chamada a “célula base” da sociedade. Todos os estudos referem que é sobre a “saúde” das famílias que se constrói a harmonia social, e que surgem gra-ves problemas sociais e os maiores atropelos aos direitos humanos e à justiça social quando a instituição familiar entra em “crise”. Se esta questão é sempre pertinente, é-o muito mais nos nossos dias em que o conceito familiar tem sido alvo de constantes mudanças, alargamentos e alterações. Porque há famílias “monoparentais”, “separadas”, “desfeitas”, e “recompostas”, e se erguem vozes a reclamar as “homossexuais” é hoje absolutamente necessário falar de “família tradi-cional” para referir o núcleo constituído por pai, mãe e filhos.

Neste contexto, conversámos com o padre Luís Inácio João, director do Secreta-riado Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) e assistente dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM) e das Equipas de Nossa Senhora (ENS). Encarando a família como “a célula fundamental” da sociedade, defende que “toda a pastoral deve ser familiar, ou não será pastoral”, dado que a Igreja vê nela o “sinal da aliança que Deus estabeleceu com o seu povo”. Quanto aos problemas que a afectam actu-almente, aponta como razão principal a dificuldade da “descoberta da família como projecto e do reconhecimento da sua prioridade”. Apesar de tudo, encara o futuro com optimismo, apostando numa pastoral de proximidade, pela criação de “Equipas Paroquiais de Pastoral Familiar, que permitam uma melhor organização local das acções das famílias para a família”.

Entrevista de Luís Miguel Ferraz (In O Mensageiro)

Começo por perguntar: Ainda faz sentido falar em “família”? Faz sempre sentido falar da família. Se alguma vez deixássemos de falar dela, ela

continuaria a falar em nós.

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Mas é ainda uma “célula fundamental” ou a sociedade encontrou já outras formas de se organizar que a possam substituir?

A família não é “uma” célula fundamental mas “a” célula fundamental da socieda-de. Seria relativização perigosa confundi-la entre outras quando se destaca como pri-mordial. Logo que a natureza ou o erro humano lhe infligem rude golpe, soa o alarme e é urgente remediar, na medida do possível. Premeditar a sua substituição é atentar gravemente contra a pessoa e, por conseguinte, minar a própria sociedade. Historica-mente, vimos grandes abusos contra a família enquadrados em estratégicas de domí-nio, sobretudo ideológico. Os próprios opressores tiveram que emendar a mão, mal, passando ao proteccionismo, para que ainda lhes restasse sociedade e… domínio.

O que acha das novas formas de união das pessoas, como sejam uniões de facto, famílias monoparentais, famílias separadas e refeitas, casais homossexuais? É possível integrá-las num tecido social saudável ou considera que sejam “desvios” da sociedade “perfeita”?

Quem não distingue confunde. Não se pode pôr tudo no mesmo saco, nem tudo dizer de uma só penada. Reconhecer a diversidade e a complexidade dos assuntos e dos casos, e lidar com os limites de um vocabulário equívoco e conotado é já remar contra a maré. Quando um assunto está na moda, é fácil que se imponha sem ter sido encarado a fundo. As situações referidas são demasiado sérias para se ficar impávido ao ver que a opinião pública tende a considerá-las coisa simples e normal. Por de trás há dramas que, por mais que se pretenda, não iludem a questão fundamental e basilar que é, salvo rara excepção, a busca de uma verdadeira expressão familiar. Sendo assim, essas situações nunca deveriam ser encaradas como sucedâneas ou alternati-vas mas como apelos a mais e melhor família. Em todo o caso, na sociedade, sem o classificativo de perfeita ou imperfeita, deve haver lugar para todos.

Mas, tendo em conta a proliferação dessas outras “expressões familiares”, a leitura social que faz da realidade familiar dita tradicional é preocupante ou não há ainda lugar para alarmismos?

Deveras preocupante é que se fale da família como coisa do passado e do futuro, como tábua de salvação, e não como realidade presente e permanente. O adjectivo “tradicional” é demasiado equívoco e tem sido explorado pejorativamente. Mesmo assim, a família, não obstante a diversidade e até ambiguidade das suas formas, emerge sempre como realidade conatural à pessoa humana. E o amor será sempre o seu cimento mais forte.

Falando, então, do presente, quais são em seu entender os principais problemas que as famílias modernas enfrentam?

Há hoje grande dificuldade, não só em estabelecer prioridades, mas também em ser fiel ao que se reconhece ser prioritário. O princípio da fruição instintiva do

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imediato e efémero constitui um risco. Os instintos condicionam o homem muito menos do que os outros seres inferiores, mas não o protegem suficientemente. A sua inteligência e vontade são decisivas. Só pensando e decidindo coerentemente, a pessoa humana consegue sobreviver e, significativa coincidência, dignificar-se. Para o homem, nada é um dado acabado, tudo é um projecto. A família, muito mais que desfecho inevitável de uma atracção natural, é dada à consideração e à decisão livre de cada um para a avaliar e nela investir o seu próprio ser. Mas o específico da família é o amor-comunhão que pressupõe a decisão a dois de empreender a vida em doação de ambos e de fazer disso um projecto prioritário. Entre os principais problemas, teremos que destacar essa descoberta da família como projecto e o reco-nhecimento da sua prioridade.

E por que se tornou tão difícil encontrar esse “projecto prioritário”?A cultura actual arrasta os próprios contenciosos enrolando as grandes questões,

em vez de as enfrentar. Entre estas, encontra-se a família que, sendo central, é atirada para a periferia e, sendo incontornável, é adiada muitas vezes através de simulacros e fugas para a frente. Falei de cultura, incluindo pessoas, instituições e sociedade, todas dependentes da família e nela influentes. Esta omnipresença e transversalidade constituem a força e a fraqueza da família, na qual tudo se repercute. Não admira que o seu próprio seja posto em causa numa civilização que deslocou o seu centro da pes-soa humana, ser em relação, cuja realização implica sempre o outro, para o indivíduo que se ilude com uma auto-realização mais em competição do que em cooperação. Este individualismo contradiz a capacidade de entrega, a gratuidade, a descoberta e valorização das diferenças, a compreensão dos limites, o perdão e a cooperação num projecto comum, e embala numa concepção redutora da família como bem de consumo irresistível e imprescindível à auto-realização.

Acha que há solução para esse individualismo?Claro que há e, felizmente, há quem a encontre. De qualquer modo, numa socie-

dade plural e de grande comunicação, nunca pensemos que a solução é simples, que é um exclusivo de alguém, ou que serve apenas a família.

Mas será um regresso aos valores do passado, ou há perspectivas de uma evolução positiva da actual “desordem” na instituição familiar?

Porque a família é uma instituição perene, os valores por ela pressupostos também o são. Não faz sentido falar de regresso ao passado. Capacidade de entrega, gratuidade, compreensão e comunhão são valores de sempre, sem os quais se instala a desordem na família, hoje, tanto como ontem, ou no futuro. O desafio coloca-se em vivê-los em circunstâncias diferentes. Nisso se comprova a necessária adaptabilidade da família. Actualmente, numa grande diversidade de expressões, tudo se oferece, o melhor e o pior. Caducou um sistema social que enquadrava os indivíduos num sistema de refe-

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rências pouco menos que inalterável, e parece abrir-se a cada um uma escolha ilimitada de opções. Digo “parece” porque, na realidade, não é assim, dada a força com que se apresentam a oferta do vazio e a desmobilização da opção pessoal. De qualquer modo, para uma boa escolha, exige-se uma capacidade de discernimento muito grande, em todo o caso bem superior à que a comum educação hoje proporciona.

Sendo certo que há muitas famílias construídas sobre esses “valores perenes”, para alimentar algum optimismo, podemos encontrar ainda outros sinais positivos neste contexto da evolução social actual?

Essas famílias existem e são as primeiras a advertir que a sociedade lhes coloca sérios obstáculos e nem sempre presta a cooperação e a complementaridade espe-radas para conseguirem ser família como entendem e desempenhar bem o papel educativo em relação aos filhos. Esta advertência é muito positiva e parece crescer. Vai até surgindo alguma mobilização para uma entreajuda e uma acção concertada no sentido de inverter a tendência para o alheamento e o desânimo. Na prática, vai encontrando eco o apelo insistente de João Paulo II para que as famílias sejam as primeiras protagonistas de um movimento de resposta às grandes questões da famí-lia e vai crescendo a consciência de que a família, como já referi, será sempre um projecto em construção.

A Igreja dedica uma atenção muito especial à família. Será apenas uma estratégia, como fazem outras instituições que não se permitem menosprezar essa área fulcral, ou há uma razão mais profunda?

São Paulo, ao reparar como homem e mulher deixam pai e mãe para unirem as suas vidas e destinos, viu aí o melhor sinal da aliança que Deus estabeleceu com o seu povo, selada na entrega de Cristo até à morte para vida de todos. E, contemplando a entrega perfeita de Cristo, não se continha que não dissesse aos cônjuges para proce-derem do mesmo modo um com o outro. A Igreja ilumina a família com uma nova luz, ao mesmo tempo que se enriquece e esclarece com a luz que erradia da família. Esta é a primeira atitude da Igreja, da qual deve partir toda a acção pastoral. Enviada ao ho-mem, não pode esquecer que ele é chamado por Deus a viver em família, que a família é o primeiro nível de vivência eclesial – Igreja doméstica – e que a Igreja universal é chamada a realizar a comunhão como que numa família de famílias.

Centrando-nos na pastoral diocesana e, mais concretamente, nos três serviços em que trabalha, SDPF, CPM e ENS, como estão organizados estes serviços e quais são as suas principais linhas de acção?

O Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar tem uma função, antes de mais, de coordenação de todas as iniciativas nesta área. Por isso, procura uma ligação estreita com os movimentos especializados e as paróquias, que são as unidades fun-damentais da organização diocesana. Os Centros de Preparação para o Matrimónio

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e as Equipas de Nossa Senhora são movimentos de casais, autónomos, cada um com o seu carisma próprio. Enquanto os CPM reúnem casais que aceitam fazer uma caminhada de revisão de vida conjugal e familiar que partilham primeiro entre si e depois colocam, sob a forma de testemunho, ao serviço dos noivos que se preparam proximamente para o Matrimónio, as Equipas de Nossa Senhora têm em vista a vi-vência espiritual dos próprios casais que se reúnem mensalmente para partilharem a sua caminhada e porem em comum as suas reflexões, alegrias e dificuldades.

E dentro desses dinamismos, para o corrente ano, há alguma novidade na acção pastoral, algum projecto ou iniciativa que queira destacar?

Consideramos mais importante, este ano, aquilo que já é, ao mesmo tempo, resul-tado de esforços efectuados nos anos anteriores. Vinha-se a insistir na constituição de Equipas Paroquiais de Pastoral Familiar, que permitam uma melhor organização local das acções das famílias para a família, uma ligação efectiva com o Secreta-riado Diocesano e uma representatividade de toda a Diocese num futuro Conselho Diocesano da Família. Com representantes das Equipas Paroquiais já existentes e com os delegados dos movimentos familiares, o Secretariado Diocesano deu início a uma colaboração estreita, que se concretizou na organização das jornadas e outras iniciativas, desde a escolha dos temas ao modo de organização e mobilização. É um esforço a prosseguir.

Um dos temas mais referidos quando se fala desta área pastoral é a inserção de pessoas que se separaram e voltam depois a constituir novas famílias. É feito algum trabalho em concreto neste campo?

Ainda há quem continue a imaginar uma solução que passe pela aceitação do divórcio ou, pelo menos, por uma igualização, como se nada tivesse acontecido, o que vem dar ao mesmo. Não é assim. Uma atitude pastoral passa, antes de mais, pelo acolhimento e compreensão do que aconteceu, que não é forçosamente igual em todos os casos. Pode concluir-se que vale a pena colocar ao Tribunal Eclesiástico a questão da validade do primeiro matrimónio. Se não, nunca dispensando o discerni-mento de cada caso, o diálogo deve alimentar a fé no Senhor Jesus Cristo, que nunca deixa de amar a todos com um amor único, e o acolhimento na caridade por parte da Igreja deve levar à descoberta da atitude fundamental do mesmo Senhor que, não deixando qualquer ambiguidade sobre a recusa do divórcio, manifestou claramente que continuava a acolher os que erram. O que é importante é que, se não há condi-ções para uma Comunhão Eucarística, que é a Nova Aliança de que o Matrimónio indissolúvel é sinal, há outras formas extraordinariamente expressivas de união a Jesus Cristo e de participação na vida da comunidade. Esta acção pastoral desen-volve-se essencialmente nas comunidades locais. Um outro aspecto a não descurar e que sobressai é a necessidade de uma pastoral familiar e matrimonial que prepare e solidifique as uniões.

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Tendo em conta essa análise, sente que estamos no caminho certo ou haverá que mudar estratégias pastorais, no caso da nossa diocese?

A principal mudança deve ser no sentido de toda a pastoral ser familiar, sob pena de não ser pastoral, pura e simplesmente. Foi ainda João Paulo II que chamou a atenção para isso. Dada a importância da família na condição da pessoa humana, na Igreja e na sociedade, nada pode prescindir dela. Mas, mesmo perante esta ligação estreita de tudo à família, não pode descurar-se uma pastoral familiar específica e especializada. E então, abrem-se campos particularmente urgentes, tais como: a preparação para o matrimónio, remota, próxima e imediata; o acolhimento e acom-panhamento dos casais novos; a pedagogia do diálogo conjugal e familiar; a espiritu-alidade conjugal e familiar; o apoio aos pais na educação dos filhos; a formação com vista a uma paternidade consciente e responsável; e, para retomarmos a prioridade escolhida pelo Secretariado Diocesano, a constituição em cada comunidade paro-quial de uma equipa de casais especialmente atenta à família, que anime e coordene toda a acção em prol da família.

Uma mensagem final para as famílias diocesanas…Gostaria de não esquecer nenhuma família, mesmo independentemente do seu

credo religioso. A todas gostaria de deixar uma mensagem de esperança, dentro do espírito de Natal que ainda vivemos. Se não for perceptível a todos a extraordinária surpresa, que os cristãos acolhem, de um Deus que nasceu homem no seio de uma família humana, todos nos unimos pelo menos na dimensão familiar que o mesmo Natal tomou na nossa civilização. É a melhor altura para desejar que as famílias se percebam como um projecto com prioridade diante de todos os outros e para propor uma união dos esforços de todas as famílias pela família.

V Encontro Mundial das FamíliasDecorrerá de 1 a 9 de Julho de 2006, em Valência (Espanha), o V Encontro Mun-

dial das Famílias, que contará com a presença do Papa Bento XVI. Convocado pelo Papa, realiza-se de três em três anos e tem reunido centenas de milhares de famílias dos cinco continentes para rezar, dialogar, aprender, partilhar e aprofundar a compre-ensão da família como dom divino e do seu papel como Igreja doméstica e unidade base da evangelização. Até à data os organizadores já receberam mais de 25 mil pe-didos de participação de todo o mundo. Ao mesmo tempo decorrerá também a Feira Internacional das Famílias, que dá a oportunidade às Associações, organizações e entidades confessionais ou aconfessionais de todo o mundo, que trabalham em favor da família, de apresentarem a sua identidade, actividades, projectos e experiências aos inumeráveis participantes do Encontro, numa área de mais de 100 mil metros quadrados, prevista para mais de um milhão e meio de pessoas.

Inscrições no site oficial do EMF: www.emf2006.org.

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Relatório de Actividades do Triénio 2002/2004

Comissão Diocesana Justiça e Paz1 - Nomeada por decreto do Senhor D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva de 17

de Janeiro de 2002, por um período de 3 anos, a Comissão Diocesana Justiça e Paz iniciou de imediato a sua actividade, no tempo em que, por iniciativa do Papa João Paulo II, se realizava em Assis o encontro de líderes religiosos de todo o mundo e se assinava o “Texto do Compromisso Comum para a Paz” - 24 de Janeiro de 2002.

A Comissão fez a sua apresentação pública em 2 de Março seguinte, em sessão realizada no Auditório da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Leiria, na qual profe-riu uma conferência o Sr. Dr. Bagão Félix, então Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, subordinada ao tema “Justiça e paz em Portugal”. Na mesma sessão foram apresentadas pela Comissão as grandes linhas da sua actividade, à luz de ob-jectivos coincidentes com os da Comissão Nacional.

De entre essas linhas, destacámos: o estudo e divulgação da Doutrina Social da Igreja; a apreciação de situações e problemas sociais e a denúncia da violação de direitos da pessoa humana; a promoção da intervenção dos cristãos no campo polí-tico-social, respeitando o legítimo pluralismo de opiniões e a promoção da justiça e da paz, em todas as circunstâncias.

Nesta linha, publicámos em 22 do mesmo mês um comunicado público centrado em problemas actuais de justiça social, na área da diocese.

2 - Passando a abordar questões concretas, divulgámos em 22 de Abril um co-municado sobre o tema da imigração, desenvolvido em colóquio público realizado a 18 de Maio, no referido auditório, com a colaboração do Secretariado das Migrações da nossa diocese e a presença e participação de muitos imigrantes da nossa zona. As intervenções iniciais estiveram a cargo do Dr. Jorge Portas, Director Regional do Centro do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Padre Sérgio Henriques do Secreta-riado Diocesano das Migrações e Roman Bunykovatyy da comunidade ucraniana.

Ainda em 2002, a Comissão debateu internamente o tema, então momentoso, do novo Código do Trabalho e divulgou em 28 de Novembro a sua tomada de posição sobre a matéria. Posteriormente, em 23 de Janeiro de 2003 abriu a discussão a debate público, ainda realizado na C. C. Agrícola Mútuo de Leiria, com forte participação de interessados, sendo o painel inicial de intervenções, representativo de diversas posições, composto pelos Doutores Luís Brito Correia, Júlio Gomes e Pe. Peter Stiwell, todos docentes universitários.

Em 17 de Fevereiro seguinte, a Comissão, em seguimento de uma recomendação unânime do Conselho Pastoral Diocesano, tomou posição pública sobre a ameaça de guerra com que se debate a Humanidade e, na linha das posições do Papa João Paulo

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II, defendeu os valores da paz, do diálogo, do respeito pelo direito internacional e da solidariedade entre todas as nações. No mesmo sentido, em 28 de Março, após o início da guerra do Iraque, divulgou novo comunicado, subordinado ao título “Ur-gência da paz” e em 15 de Abril participou na organização no II Encontro das Igrejas Cristãs de Leiria pela Paz.

3 - Ainda em 2003, debruçou-se sobre a temática do Desenvolvimento e a Paz e evocou o 35º Aniversário da “Encíclica Populorum Progressio” do Papa Paulo VI e sobre a actualidade deste notável documento pontificio. Convidou o Prof. Dr. Antó-nio Barbosa de MeIo para uma conferência sobre o tema, que decorreu no auditório da Livraria Arquivo, seguindo-se, como habitualmente, debate com a assistência.

Posteriormente, no decorrer de 2003, e a propósito da Constituição Europeia, realizou um debate interno sobre o papel da Igreja na construção das Europa, que viria a culminar com uma conferência do Senhor D. Manuel Clemente, Bispo Auxi-liar de Lisboa, na Aula Magna do Seminário, em 9 de Fevereiro de 2004, com larga assistência, subordinada ao tema “Leigos na Europa”. Seguidamente aprofundou o estudo da situação dos mais desfavorecidos, no nosso país – e em especial na nossa região – a propósito de dados preocupantes vindos a público – e organizou novo debate púbico, conjuntamente com a Caritas Diocesana, em 8 de Julho de 2004, na Aula Magna do Seminário, também muito concorrido, em redor do tema “O proble-ma da pobreza, a nível nacional e local” introduzido pelo Prof. Dr. Alfredo Bruto da Costa, da Comissão Nacional Justiça e Paz e pela Assistente Social Drª Mavíldia Frazão.

Finalmente, em 17 de Dezembro de 2004, novo debate público na Aula Magna do Seminário, agora orientado pelo Dr. José Dias da Silva.

4 - Para além das realizações públicas promoveu a Comissão diversos debates internos sobre temas como a liberdade religiosa, os problemas da habitação social e a situação dos reclusos, com a colaboração de especialistas nos diversos assuntos, que não foi possível trazer a público, no decorrer do seu mandato. Apesar de todas as suas lacunas, julga que deu algum contributo para alertar as pessoas para a proble-mática actual da justiça e da paz na nossa diocese. Muito agradece o apoio do nosso Bispo em todas as situações e, bem assim, de todas as instituições e personalidades que colaboraram nas nossas iniciativas.

Relatório de contas do triénio

Despesas

Comunicação (correio e telefone) 1006,63 €Artigos de expediente 169,93 €Conferências e colóquios 795,21 €Programas, cartazes convites e publicitação 1431,15 €

Receitas Comparticipação da Diocese 3000,00 €Oferta anónima 500,00 €

Saldo positivo 97,08 €

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Comunicado da Comissão Justiça e Paz

Conhecer a pobreza, defender a vidaA Comissão Diocesana Justiça e Paz, recentemente nomeada pelo Sr. D. Serafim

de Sousa Ferreira e Silva, definiu já os grandes objectivos que se propõe prosseguir no seu 1º ano de mandato, no seguimento do trabalho realizado pela sua antecesso-ra. E, assim, na linha dos objectivos definidos para a Comissão Nacional Justiça e Paz, que são também os da Comissão Diocesana, propõe-se entre outras finalidades: estudar e divulgar a Doutrina Social da Igreja, à luz do Evangelho, aplicável a situa-ções concretas do dia a dia da nossa comunidade diocesana; analisar e pronunciar-se sobre temas que tenham a ver com os direitos do homem, a justiça e a paz; procurar responsabilizar os cristãos por toda a problemática social e cívica, incentivando-os a participar na vida pública, sem prejuízo do pluralismo de opções.

Assim, propõe-se retomar o tema da pobreza na nossa comunidade, em todas as suas facetas, dando seguimento e procurando aprofundar o trabalho empreendido anteriormente. Para o efeito promoverá um inquérito junto das paróquias, solicitan-do a colaboração destas e de instituições particulares de solidariedade – IPSS – nelas sedeadas. Estudados os resultados, fará a sua apresentação, submetendo-os ao co-nhecimento de especialistas e a debate público, na busca de soluções.

Propõe-se também retomar as grandes linhas da Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo, emanada do Concílio Vaticano II, que mantêm plena actualidade, debruçando-se em especial sobre o capítulo respeitante à “Comu-nidade Política”, procurando alertar os cristãos, em particular os jovens, para as suas responsabilidades no tempo presente e incentivando-os a colaborar na vida pública.

Focando em especial a área da diocese, procurará aprofundar o problema infeliz-mente tão actual dos incêndios, suas causas e consequências, em particular no campo social, assim como danos sofridos e forma de os procurar resolver. Considerará as responsabilidades em especial do Estado, Sociedade Civil, Igreja e simples cidadãos e a forma de dar remédio ao passado e prevenir o futuro.

Anuncia-se para o próximo ano um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. A Comissão está já a estudar o assunto à luz da ciência e da doutrina da Igreja e tendo em conta as realidades actuais e, oportunamente, tomará posição pú-blica e promoverá outras iniciativas.

A Comissão terá ainda em conta outras situações e, em especial, a crise com que o país e a região se debatem, em particular no que se refere aos aspectos sociais, e terá sempre presente a problemática da paz nos planos internacional, nacional e local. Logo que programada a sua actividade, a Comissão divulgará as acções pre-vistas. Pede desde já a colaboração de instituições públicas e particulares que vierem a ser solicitadas, assim como da comunicação social, dados os fins de interesse geral que prossegue.

Leiria, 3 de Novembro de 2005

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Encontros mensais de reflexão do MECO Movimento de Educadores Católicos (MEC) iniciou o novo ano pastoral, no

passado 8 de Outubro, com uma palestra do psicólogo Dr. Carreira, subordinada ao tema “Discernimento de carismas e espírito de serviço”. Durante cerca de duas horas, o orador captou a atenção dos professores presentes, discorrendo sobre o co-nhecimento pessoal e o contributo de cada um para a ajuda e valorização dos outros. Como escreveu Henry Adams, “um professor influi para a eternidade; nunca se pode dizer até onde vai a sua influência”.

Do programa para o novo ano haverá, entre outras iniciativas, encontros mensais, para estudo de um tema, que será desenvolvido por um orador convidado.

Assim, a 12 de Novembro, foi abordado o tema “Apresentação do Projecto Pastoral Diocesano e a intervenção dos Movimentos (do MEC) na sua dinâmica”. Foi orador convidado o Padre Jorge Guarda, Vigário Geral da Diocese. Depois de apresentar resumidamente o Projecto Pastoral da Diocese para os próximos anos, o orador falou do papel que cada cristão deve assumir na sua dinâmica. O Projecto só interessa e é válido se conseguir mobilizar as pessoas e as instituições. É importante que cada cristão, individualmente ou em grupo organizado, dê o seu contributo, in-tervenha com os seus talentos, ou seus dons ou carismas, em favor da comunidade. Cada um é único e “a cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum” (I Cor. 12, 7).

Com grande clareza e capacidade de comunicação o orador manteve o interesse dos assistentes ao longo das duas horas que durou a conferência, deixando em todos o desejo sincero de contribuírem para a realização efectiva do Projecto Pastoral Dio-cesano. A terminar o Encontro, como era festa de S. Martinho, houve um animado magusto, e todos conviveram alegremente até ao final da tarde.

O encontro de Dezembro esteve, naturalmente, centrado no mistério do Natal, o nascimento do Deus Menino, que veio para unir todos os homens como irmãos. Foi na tarde do dia 16 e teve como orador convidado o Padre Adriano Brites que, recorrendo à Dinâmica de Grupo, envolveu facilmente todos os presentes num ani-mado trabalho de reflexão conjunta, a que o mesmo deu o título: «Sob o signo do acolhimento... é Natal!»

Em perfeita sintonia com o Projecto Pastoral Diocesano, que propõe o Acolhi-mento como a principal atitude a cultivar ao longo deste ano, e porque era Natal, foi sobre o acolhimento que se falou e se reflectiu. E a síntese da reflexão foi assim resumida pelo Padre Brites no pequeno texto que deixou aos participantes: «Como Maria, que acolheu com o seu SIM a Palavra de Deus e a fez frutificar para nós, sai-bamos, como frágeis vasos de barro, reconstruir o coração para acolher o dom que Ele nos oferece e o derramar sobre todos os que connosco se cruzam».

No final, todos viveram com intensidade a celebração Eucarística, e continuaram o encontro com o jantar de Natal, num restaurante dos Marinheiros.