ano 58 nº 752 – julho de 2017 presbiteriano

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B rasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 500 1517 - 2017 REFORMA anos Página 11 Unidos pelo chamado 500 anos da Reforma Um lançamento especial Projetos do Mackenzie Voluntário, em parcerias com igrejas presbiterianas, promovem mudanças de vidas por meio de ações sociais e mensagens de esperança. Página 9 Acampamento Betel Página 7 FederAcamps 2.0 – Insubstituível reuniu, em Alpinopólis (MG), 250 jovens e adolescentes durante 4 dias de louvor, adoração e comunhão. Foto: freeimages Obra com versão contemporânea da Confissão de Fé de Westminster e é publicada pela Editora Cultura Cristã Os reformadores, Calvino e Lutero, bus- cavam interpretar o trabalho humano como um modo de glorificar- mos a Deus por meio do cumprimento de nossa vocação. Precisamos en- tender, por meio de uma ótica reformada, a função e repercussão de nosso trabalho na sociedade, e suas medidas práticas. Página B3 Trabalho, economia e mordomia: uma abordagem Reformada

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Page 1: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Brasil Presbiteriano

O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficialda Igreja Presbiteriana do BrasilAno 58 nº 752 – Julho de 2017

5001517 - 2017

REFORMA

anos

Página 11

Unidos pelo chamado

500 anos da ReformaUm lançamento especial

Projetos do Mackenzie Voluntário, em parcerias com igrejas presbiterianas, promovem mudanças de vidas por meio de ações sociais e mensagens de esperança.

Página 9

Acampamento Betel

Página 7

FederAcamps 2.0 – Insubstituível reuniu, em Alpinopólis (MG), 250 jovens e adolescentes durante 4 dias de louvor, adoração e comunhão.

Foto

: fre

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Obra com versão contemporânea da Confi ssão de Fé de Westminster e é publicada pela Editora Cultura Cristã

Os reformadores, Calvino e Lutero, bus-cavam interpretar o trabalho humano como um modo de glorifi car-mos a Deus por meio do cumprimento de nossa vocação. Precisamos en-tender, por meio de uma ótica reformada, a função e repercussão de nosso trabalho na sociedade, e suas medidas práticas.

Página B3

Trabalho, economiae mordomia:uma abordagemReformada

Page 2: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 20172BrasilPresbiteriano

omo parte da celebra-ção dos 500 anos da

Reforma, a Cultura Cristã acaba de lançar o Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster, de Chad Van Dixhoorn (ver página ##). O Dr. Van Dixhoorn, maior autoridade sobre Westminster no mundo, faz nesse Guia uma aborda-gem histórico-doutrinária que nos remete ao próprio espírito da Reforma.

Com o brado Post Tene-bras Lux os reformadores admitiam ter havido uma época de pureza primiti-va na história eclesiástica, encerrada, porém, com o distanciamento da Escri-tura por parte da Igreja, caracterizado de vários modos, dentre os quais o crescimento do papado.

Os reformadores reco-nheciam a importância de retornar ad fontes, ao estu-do da História e aos Clás-sicos, mas viam ser funda-mental retornar às Escri-turas, dado o seu caráter único e sua superioridade como revelação de Deus.

Citado por Timothy George em seu livro Lendo a Bíblia com os Reformadores (Cultura Cristã, p.36), Melanchthon declarou: “(...) não sei se nosso mundo sofrerá menos dano sem o sol, sua alma, por assim dizer, ou sem História”. O estudo da História e dos Clássicos foi recomendado por suas bele-zas intrínsicas e pelo modo como, com seus tesouros, destacavam a superiori-dade das Escrituras. Em

suas Institutas Calvino diz: “Basta ler Demóstenes ou Cícero; Platão ou Aristóteles, ou quaisquer outros desse plantel: em grau admirável, reconhe-ço-o, são atraentes, delei-tosos, comoventes, arre-batadores”, porém, conti-nua ele, “(...) as Sagradas Escrituras (...) superam a todos os dotes e graças da indústria humana” (I.8.1).

Com o mesmo cuidado com que à luz da Escritura escrutinavam o passado, os Reformadores avaliavam o presente e discerniam seus conflitos. Foi a partir dessa postura que se desenvol-veu uma cosmovisão – não uma visão sectária da realidade – o que expli-ca o olhar e a aplicação dos princípios da Reforma

à Economia, Política, Ciências, Educação, as mais diversas áreas de inte-resse humano – sempre sob a Soberania de Deus – e não apenas à Igreja e à religião.

Essa mesma visão sis-têmica marcou a Igreja Reformada no século 17 e orientou os teólogos de Westminster, atentos, sob a Escritura, à História e à sua época. Van Dixhoorn deixa isso claro em seu Guia de Estudos, enquanto analisa o conteúdo da Confissão e seu desenvolvimento, suas respostas às questões que foram sendo apresentadas.

Um modo Reformado de celebrarmos os 500 anos: de olho na História, aten-tos aos nossos dias e fir-mados na Escritura.

EDITORIAL

Uma publicação do Conselho de Educação Cristã e

Publicações

Ano 58, nº 752Julho de 2017

Rua Miguel Teles Junior, 394Cambuci, São Paulo – SP

CEP: 01540-040

Telefone:(11) 3207-7099

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BrasilPresbiteriano

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Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP)Clodoaldo Waldemar Furlan (Presidente)Domingos da Silva Dias (Vice-presidente)André Luiz Ramos (Secretário)Alexandre Henrique Moraes de AlmeidaAnízio Alves BorgesJosé Romeu da SilvaMauro Fernando MeisterMisael Batista do Nascimento

Conselho Editorial da CEPfevereiro 2016 a fevereiro 2018

Antônio CoineCláudio Marra (Presidente)Heber Carlos de Campos Jr.Marcos André MarquesMisael Batista do NascimentoTarcízio José de Freitas Carvalho

Conselho Editorial do BPfevereiro 2016 a fevereiro 2018

Alexandre Henrique Moraes de Almeida

Anízio Alves Borges

Clodoaldo Waldemar Furlan

Hermisten Maia Pereira da Costa

Márcio Roberto Alonso

Edição e textos

Gabriela Cesário

E-mail: [email protected]

Diagramação

Aristides Neto

Impressão

Reforma, História e Escritura

C

Page 3: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 2017 3BrasilPresbiteriano

GOTAS DE ESPERANÇA

Reforma Protestante restabeleceu na igreja

a supremacia das Escrituras e a primazia da pregação. É o assunto que abordaremos agora. O evangelista Lucas encerra seu primeiro livro (o Evangelho), tratando da grande comissão. Jesus deixou claro para seus dis-cípulos que eles deveriam, em seu nome, pregar arre-pendimento para remis-são de pecados, a todas as nações, começando de Jerusalém (Lc 24.47). Em seguida, mostra a neces-sidade da capacitação de poder para pregarem: “Eis que envio sobre vós a pro-messa de meu Pai; perma-necei, pois, na cidade, até que do alto sejais revesti-dos de poder” (Lc 24.49). Lucas começa seu segundo livro (Atos dos Apóstolos) retomando o assunto da grande comissão e mos-trando mais uma vez a necessidade do revesti-mento do poder do Espírito Santo: “(...) recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Não há missão, sem pregação e não há pre-gação sem poder. Não há testemunho eficaz sem o poder do Espírito Santo. Primeiro a igreja é reves-

tida de poder, depois ela prega com eficácia. Quatro lições podem ser aprendi-das dos textos acima:

Em primeiro lugar, o conteúdo da pregação (Lc 24.47). A mensagem que a igreja deve pregar não é prosperidade nem milagres, mas o arrepen-dimento para a remissão de pecados. A menos que o homem reconheça que é pecador, jamais sentirá

falta do Salvador. Só os doentes reconhecem que precisam de médico. Sem arrependimento não há perdão de pecados. Que Deus abra nossos olhos para o conteúdo da grande comissão.

Em segundo lugar, o alcance da pregação (Lc 24.47). Lucas diz que a igreja deve pregar arrepen-dimento para remissão de pecados a todas as nações.

O evangelho deve ser pre-gado por toda a igreja, em todo o mundo, a todo o tempo. Visão que não abrange o mundo inteiro não é a visão de Deus, pois o seu Filho morreu para comprar com o seu san-gue aqueles que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9). Muito embora a pregação tenha começado em Jerusalém, não foi destinada apenas ao

povo judeu, pois foi ende-reçada a todas as etnias da terra.

Em terceiro lugar, o compromisso com a pre-gação (Lc 24.48; At 1.8). Tanto no Evangelho como no livro de Atos, Lucas enfatiza que os pregado-res são testemunhas (Lc 24.48; At 1.8). Quem prega a palavra deve falar do que ouviu, do que viu e do que experimentou. Não é uma

mensagem divorciada de sua vida. A vida do prega-dor está inalienavelmente comprometida com a men-sagem que proclama. Por essa mensagem ele vive e ele morre. Muitas vezes, ela sela com o seu san-gue a mensagem que anun-cia. Todos os apóstolos de Jesus foram mártires desse mensagem, exceto João, que foi exilado na Ilha de Patmos. Ainda hoje, mui-

tas testemunhas adubam o solo para a semente do evangelho com o seu san-gue!

Em quarto lugar, a capacitação para a pre-gação (Lc 24.49; At 1.8). No Evangelho, Lucas fala da promessa do Pai. Em Jerusalém os discípulos deviam aguardar a promes-sa do Pai, o revestimento de poder, com uma espera obediente, perseverante e

cheia de expectativa. Em Atos, Lucas fala que só depois de receberem poder, com a descida do Espírito Santo sobre eles, é que seriam testemunhas até aos confins da terra. Com isso, Lucas está ensinando que a capacitação precede a ação. O revestimento de poder precede a pregação do arre-pendimento para remissão de pecados. Não há pre-gação eficaz sem revesti-mento de poder. Primeiro, a igreja recebe poder do alto, depois ela vai cumprir a missão. Antes de Jesus enviar a igreja ao mundo, ele enviou o Espírito Santo para ela. Hoje, tristemen-te, nós temos negligencia-do essa busca de poder. Substituímos o poder do Espírito pelos nossos métodos. Pregamos belos sermões, mas vazios de poder. Usamos os recursos mais modernos da comu-nicação, mas não alcança-mos os corações. Fazemos muita trovoada, mas não há sinal da chuva restau-radora.

Que Deus nos faça entender que há tempo para esperar e tempo para agir. Tempo para ser reves-tido pelo poder do Espírito e tempo para pregar com gloriosos resultados!

Hernandes Dias Lopes

A

O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o

Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.

Sem poder não há eficácia na pregaçãoESPIRITUALIDADE DA REFORMA

Não há missão, sem pregação e não há pregação sem poder. Não há testemunho eficaz sem o poder do Espírito Santo.

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Julho de 20174BrasilPresbiteriano

AÇÃO SOCIAL

CASAIS

Projeto vida

Encontro de CasaisXXI Encontro de casais em Águas de Lindoia

Igreja Presbite-riana de Guaranésia

(MG), vem desenvolvendo um projeto social voltado às crianças e adolescentes da cidade mineira. Com aulas de violão – ministrada pelo líder do Ministério de Lou-vor, Felipe Cintra Correia, e por Thiago Tavares – e de Muay Thai – realizadas pelo mestre Guilherme Cor-reia e seu auxiliar Rodrigo Fidelis, ambos da Academia Strong Corpus – as crianças da comunidade encontram oportunidade de aprender sobre músicas e artes mar-

ciais, e também de conhe-cer e estar próximas a Deus.

As aulas são ministra-das gratuitamente, mas com algumas exigências: os par-ticipantes precisam apresen-tar bom desempenho esco-lar e normas de boas con-vivências com os amigos e família. Afinal, a disciplina e valores se fazem presen-tes nas lutas marciais, tanto quanto no aprendizado de instrumentos musicais.

O Rev. Geovani Cesá-rio vê nesse projeto social uma maneira de apresentar Jesus e seus ensinamentos a

quem participa. “É um pro-jeto bem missional, que visa integrar o ser humano, criar dignidade, respeito e mos-trando princípios bíblicos”, afirma. “Durante os interva-los das aulas, há pequenas devocionais com o intui-to de transmitir valores éti-cos e conhecimento da Pala-vra”, complementa o pastor.

O projeto caminha de mãos dadas com a mis-são da Igreja local, que é “Amar a Deus e o próximo, servindo à comunidade”. E é realizado todos os sába-dos das 15h30 às 17h30 no

salão da igreja. As aulas de Muay Thai podem ser fei-tas por crianças e adoles-

centes de 06 a 16 anos, e as de violão são abertas para todo o público.

agência Luz para o Caminho (LPC), que tem como Diretor Executivo, Rev. Hernandes Dias

Lopes, pastor presbiteriano e apresentador do progra-ma Verdade e Vida, realizará de 6 a 8 de outubro, o Encontro da Família – Luz Para o Caminho.

O evento será no “Casa Grande Hotel”, na cidade do Guarujá, Estado de São Paulo, com programação especial para casais com ou sem filhos.

As inscrições já estão abertas, e podem ser reali-zadas pelo site www.encontrodafamilia.com, e mais informações com Jacqueline, secretária executiva, nos telefones (19) 3741-3024 ou (19) 3741-3000 ou e-mail [email protected].

Luz para o Caminho é uma agência missionária cujo compromisso é o de anunciar o evangelho através da mídia televisiva, bem como rádio, telefone, redes social, literatura e outros, com o objetivo de alcançar vidas com a mensagem da cruz, que é a salvação em Cristo Jesus.

os dias 01 a 03 de setembro de 2017,

será realizado o XXI Encon-tro de Casais em Águas de Lindoia, com o objetivo de edificação dos casamentos e das famílias.

Os preletores serão o Rev. Gildásio Reis e Rev. Nivaldo Furlan. Mestre em Educação Cristã e Ciên-cias da Religião e Bacha-rel em Teologia e Psicaná-lise Clínica, o Rev. Gildásio é Capelão na Universida-de Presbiteriana Mackenzie e Pastor na IP Parque São Domingos em São Paulo. O Rev. Nivaldo Wagner Fur-lan, Mestre em Missiolo-gia e Bacharel em Teologia

e Administração de Empre-sas, integra a equipe pasto-ral da Igreja Presbiteriana de Curitiba.

O local do evento será no Hotel Monte Real, na bela cidade do circuitos das águas, Águas de Lindoia.

As inscrições podem ser feitas pelos emails: [email protected] e [email protected]

Também através do Face-book: Encontro de Casais – IPB. Ficha de Inscrição: http://migre.me/qFXm6

A

AN

Hotel Monte Real - Águas de Lindoia

Vista aérea da cidade de Guaranésia-MG

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Julho de 2017 5BrasilPresbiteriano

TEOLOGIA E VIDA

João Calvino e a oração

teologia do Refor-mador João Calvino

(1509-1564) nada mais é do que um esforço por comen-tar e aplicar as Escrituras. Neste texto esboçaremos alguns aspectos de seus ensinamentos sobre a ora-ção, elemento fundamental de toda a sua teologia e vida.

1. A oração como exer-cício de fé na Providência de Deus

Devemos confiar nossa vida ao cuidado de Deus. Ele nunca desaponta seus fieis adoradores, por isso é que “nenhuma oração lhe é oferecida em vão” (Cal-vino, Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 2, (Sl 65.2), p. 607). Portanto, todo o tempo é propício para buscarmos a Deus.

Na oração revelamos a nossa fé em Deus e em seu providente cuidado, sabendo que ele jamais nos desampara. Orar é entre-gar confiantemente o nosso futuro a Deus a fim de que ele concretize sua eterna e santa vontade em nós. Portanto, oramos não para que Deus realize os nossos desejos, mas para que ele concretize os seus juízos.

2. A necessidade da ora-ção

Se Deus sabe todas as coisas, por que então orar? Mesmo tendo a consciência

do cuidado providente de Deus, devemos orar cons-tantemente.

Enumera alguns motivos:a) “A fim de que o nosso

coração seja inflamado de um (...) desejo de buscar, amar e honrar sempre a Deus, o que nos fará habi-tuar-nos a ter nele o nosso refúgio em todas as necessi-dades” (Calvino, Institutas: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v.3, p. 93). “Assim que as tentações nos assaltarem, que oremos sempre para que Deus faça a luz de sua verdade resplandecer sobre nós, a fim de que, recor-rendo a invenções pecami-nosas, não nos desviemos e perambulemos por des-vios e caminhos proibi-dos” (Calvino, Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 25.4-5), p. 542).

b) “A fim de que o nosso coração seja tocado de algum desejo, que nem sempre lhe ousamos con-fessar de imediato, como quando expomos diante dos seus olhos todo o nosso afeto e, por assim dizer, desenrolamos e abrimos todo o nosso coração peran-te ele” (Calvino, Institutas, v. 3, p. 93).

c) “A fim de que seja-mos habilitados a receber suas bênçãos com reconhe-cimento e ação de graças, visto que pela oração somos advertidos de que elas nos vêm da sua mão” (João Cal-

vino, Institutas, v. 3, p. 93).d) “Além desses motivos,

este: a fim de que, tendo obtido o que pedimos, tenhamos em consideração o fato de que ele nos aten-deu e, por isso, sejamos incitados a meditar mais em sua benignidade. E também tenhamos mais prazer em gozar os benefícios que ele nos faz, tendo em mente que os obtivemos por meio das nossas orações” (Calvi-no, Institutas, v. 3, p. 93).

e) “Finalmente, a fim de que a sua providência seja confirmada e aprovada em nosso coração, na medida da nossa pequena capaci-dade, sendo que vemos que ele não somente promete jamais abandonar-nos, mas também nos dá acesso para buscá-lo e lhe fazer súpli-cas quando há necessidade”

(Calvino, Institutas, v. 3, p. 93).

De forma figurada, Cal-vino diz que “o coração de Deus é um ‘Santo dos Santos’, inacessível a todos os homens”, sendo o Espí-rito quem nos conduz a ele (Calvino, 1Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1997, (1Co 2.11), p. 88). Entende que “com a oração encon-tramos e desenterramos os tesouros que se mostram e descobrem à nossa fé pelo evangelho” (J. Calvino, As Institutas, (Edição Clás-sica), III.20.2.) e, que “a oração é um dever com-pulsório de todos os dias e de todos os momentos de

nossa vida” (Calvino, Sal-mos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 2, (Sl 50.14-15), p. 410). Desse modo, “os crentes genuínos, quan-do confiam em Deus, não se tornam por essa conta negligentes à oração” (Cal-vino, Salmos, v. 1, (Sl 30.6), p. 633).

Portanto, este tesouro não pode ser negligencia-do como se “enterrado e oculto no solo!” (Calvi-no, As Institutas, (Edição Clássica), III.20.1). Contu-do, reconhece o limite de sua compreensão diante da magnitude do privilégio da oração: “Agora, quanto é necessário, e de quantas maneiras o exercício da ora-ção é útil para nós, não se pode explicar satisfatoria-mente com palavras” (Cal-vino, Institutas, v. 3, p. 92).

Todavia, ele tem a clara convicção de que “a oração

tem primazia na adoração e no serviço a Deus” (Calvi-no, Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, (Dn 6.10), p. 371). Daí o seu conselho: “A não ser que estabeleçamos horas defini-das para a oração, facilmen-te negligenciaremos a práti-ca” (Calvino, Daniel: 1-6, v. 1, (Dn 6.10), p. 375). No entanto, devemos ter sem-pre presente o fato de que é o Espírito “quem deve pres-crever a forma de nossas orações” (Calvino, Roma-nos, São Paulo: Paracletos, 1997 (Rm 8.26), p. 291).

Por sua ênfase à Escritura e ao Espírito, Calvino pode ser considerado o teólogo da Palavra e do Espírito. É o Espírito quem deve nos guiar em nossas orações. Ele o faz à luz da Escritura.

Hermisten Costa

A

O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa é colunista regular do Brasil

Presbiteriano.

Page 6: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 20176BrasilPresbiteriano

FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

CELEBRAÇÃO

FederAcamps reúne jovens

IP Jardim Marilene, Diadema-SP – 30 anos

o mês de junho aconteceu, no Acam-

pamento Betel, Alpinópo-lis (MG), o 2º FederA-camps. Organizado pela FEUPAM, Federação de Adolescentes e Mocidade do Presbitério Vale do Rio Grande (PVRG), o acam-pamento reuniu 250 jovens e adolescentes de 14 a 18 de junho.

Com o tema Insubstituí-vel, o FederAcamps teve como preletores os pasto-res Marcelo Gualberto e Anderson Esteves. A parte social do evento ficou res-ponsável pela equipe JV na Estrada (Jovens da Ver-dade) – que participa do evento desde sua primei-ra edição. O acampamen-to também contou com

uma banda formada por jovens do presbitério que foram responsáveis pelos momentos de louvor e adoração.

Os acampantes presentes no FederAcamps 2.0, se reencontraram no primeiro sábado deste mês. O Pós--FederAcamps, realizado na IP de Itáu de Minas, às 19h30min, em Itaú de Minas (MG), foi mais um momento de comunhão e adoração ao nosso Deus entre os jovens do PVRG.

Segundo os organiza-dores do acampamento, o Seminarista Rômulo Lei-tão (Secretário Presbiterial dos Adolescentes) e Rev. Vanderlei Oliveira (Secre-tário Presbiterial dos Jovens), a FEUPAM já

está se preparando – com muita oração, planejamen-to e dedicação – para o

próximo acampamento da federação. Com o tema No Princípio, o FederAcamps

3.0 acontecerá de 30 de maio a 03 de junho, tam-bém em Alpinópolis.

este mês de junho a Igreja Presbiteriana

Jardim Marilene, Diadema, SP, comemora 30 anos de organização (07.06.1987). Foi a terceira igreja no muni-cípio de Diadema – SP. Nes-ses 30 anos de existência a igreja passou por vários

momentos de crescimento e de dificuldade, mas sempre permanecendo firme na fé.

A história dessa igreja não se inicia em 1987. Sua origem se deu através de um grupo vindo dos esta-dos do Paraná e de Minas Gerais. Estabeleceram-se nos bairros de Promissão e Vila Nogueira, no municí-

pio de Diadema. Não saben-do de algum trabalho da IPB nessas regiões, resolveram filiar-se a Igreja Presbite-riana Independente de Vila Nogueira, mas resolveram em 1974 iniciar reuniões em seus lares. Posteriormente entraram em contato com a IP de Diadema (IPB) soli-citando que ela assumisse

a direção. A solicitação foi aceita, iniciando assim uma rica história.

Hoje 30 anos depois da organização e 43 anos de trabalhos iniciados, nossa Igreja continua crescendo. Em seu rol de membros se encontra a Dona Damiana Rozendo (membro funda-dor). São 43 anos de bên-

çãos, de amor e de fé. Que Deus continue fortalecendo--a, para que a igreja conti-nue fiel, servindo a Deus e ao seu propósito aqui na terra.

Desde 2016 a Igreja é pas-toreada pelo Rev. Hermis-ten Maia

N

Márcio Cantalício

O Diácono Márcio Cantalício é Professor de História

N

Com o tema Insubstituível, FederAcamps reuniu no Acampamento Betel 250 jovens e adolescentes do Presbitério Vale do Rio Grande, entre os dias 14 a 18 de junho.”

Page 7: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 2017 7BrasilPresbiteriano

62 anos de bênçãos

FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

UPH Irajá – 62 anos de organizaçãoo último 17 de junho, a UPH da Igre-

ja Presbiteriana em Irajá – Rio de Janeiro, realizou um culto de gratidão ao nosso Deus pelos seus 62 anos de organização.

Dentre os trabalhos da UPH Irajá, destacam-se os cultos nos lares, que ocor-rem todas às quartas-fei-ras nas casas dos membros da igreja. Nesses cultos a palavra de Deus é prega-da, louvores são cantados e orações por diversos fins

são feitas e principalmen-te, agradecemos ao Senhor por tantas bênçãos alcança-das nesses 62 anos de traba-lho da UPH.

A IP Irajá completou 71 anos de organização em fevereiro deste ano, e dentre as suas ações sociais desta-cam-se o curso de música, atendimento psicológico clí-nico realizado por psicólo-gas evangélicas, serviço de advocacia popular, além da distribuição mensal de ces-tas básicas.

Para o culto de gratidão a UPH, convidou o Rev. Guilhermino Cunha, pastor emérito da Catedral Presbi-teriana do Rio de Janeiro, que expôs a mensagem de Números 24.

Que o Senhor abençoe cada vez mais as demais sociedades internas e a UPH Irajá cuja principal missão é “semear a santa semente” com zelo e eficiência. Que venham mais 62 anos de tra-balho com o direcionamento do Senhor nosso Deus.

N

WWW.MACKENZIERIO.EDU.BRRUA BUENOS AIRES, 283 - CENTRO - RJ

99400-2612 2114-5252

CONSULTE CONDIÇÕES ESPECIAIS

InscrIções abertas

VESTIbULAr2º SEmESTrE 2017

Page 8: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 20178BrasilPresbiteriano

INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIESUPES - Superintendência de Gestão de Pessoas e Suprimentos

Ref.: Edital de Recrutamento 10/17Público-alvo:

Todos os colaboradores de todas as unidades e candidatos externos

Cargo: Gerente de Tecnologia da Informação Horário: Horário comercial, de segunda à sexta-feira Local de trabalho: Rua da Consolação, nº 896, Higienópo-lis, São Paulo/SPRemuneração: Compatível com a prática de mercado

Atribuições:• Desdobrar objetivos e metas para cada área/segmento de TI, considerando as diretrizes estratégicas de cada direto-ria e desenvolvendo uma gestão coorporativa que segmen-te e priorize as demandas por desenvolvimento e inovações tecnológicas tanto da academia quanto dos novos negócios;• Gerenciar o desenvolvimento, operação e manutenção de toda a infraestrutura de TI da Instituição (servidores, redes, banco de dados, sistemas, estações de trabalho, mobilidade, laboratórios de informática acadêmicos entre outros), plane-jando ações e metas conforme necessidades das áreas clien-tes e estruturando medidores de desempenho para cada pro-cesso de tal forma que os recursos tecnológicos sejam reco-nhecidos por sua qualidade e eficiência;• Garantir o atendimento das demandas de desenvolvimento e manutenção de sistemas, em termos de hardware e softwa-re, conduzindo e acompanhando o entendimento dos colabo-radores de setores acadêmicos e corporativos (RH, Financei-ro, Controladoria, Marketing, Compras, etc.) dos processos desses setores, que deverão ser mapeados, bem como deve-rão ser observadas suas necessidades de otimização, simpli-ficação de rotinas, automação, agilidade, segurança de dados e mobilidade de sistemas, com vistas à minimização de cus-tos administrativos e operacionais, melhor gestão de tempo e manutenção da integridade das informações; • Garantir a aplicação de políticas de segurança da informa-ção, fazendo cumprir as regras de governança para acessos, controle e revisão de senhas, medidas de proteção da rede, programação segura, aplicação de testes, análises de inva-são, mapeamento e análise sistêmica de riscos e dimensiona-mento de seus impactos, assim como elaboração e aplicação de planos de contingências, visando evitar fraudes, acessos indevidos, perda de dados, indisponibilidade dos sistemas e prejuízos aos negócios; • Gerenciar todos os recursos tecnológicos digitais essencial-mente utilizados no meio acadêmico (salas de aula, auditó-rios, laboratórios, eventos etc.), avaliando necessidades de aquisição e operação de sistemas para cada segmento aca-dêmico em âmbito global da Instituição, dimensionando os recursos adquiridos e planejando orçamentos para atendi-mento de todas as demandas existentes e estabelecidas em planejamento estratégico; • Garantir alta disponibilidade e performance da operação e

serviços de TI para públicos internos e externos em termos de hardware e software, validando e desenvolvendo indicado-res para segurança das informações, recursos de infraestru-tura, gestão de backup, mapeamento e monitoração de ser-vidores, telecomunicações e sistemas, tratamento de ocor-rências e controle de chamados, com o objetivo de promover mais ações preventivas e menos corretivas, mantendo cons-tante funcionalidade das operações e negócios;• Promover o mapeamento e controle dos processos de TI atuais e que serão desenvolvidos, mantendo históricos de intervenções e mapeando riscos e ganhos gerados pelos pro-cessos, para cada projeto automatizado, de tal forma que seja implementado e administrado um modelo de governança de TI que alinhe os processos do setor de tecnologia, organize a demanda da equipe e estabeleça procedimentos e serviços necessários à criação de ferramentas que agreguem valor aos negócios de toda a Instituição;• Garantir inovações para o parque tecnológico da Instituição, participando e/ou promovendo eventos do segmento para benchmark, avaliando funcionalidades e premissas de efici-ência e eficácia e custos x benefícios para a Instituição, pla-nejando as ações de inovação, consolidando relatórios e sub-metendo-os para validações da diretoria, para fins de tomada de decisões sobre investimentos em tecnologias; • Avaliar as demandas de desenvolvimento, customização e/ou manutenção dos recursos de hardware, software e teleco-municações, identificando as necessidades de alocação de parceiros terceiros; • Conduzir uma equipe na disponibilização e análise de esco-po técnico e de avaliação de qualidade de entregas, validan-do as predefinições que melhor atendam às necessidades internas e apresentando à área de compras tanto a avaliação como a análise, para os aspectos apontados nos documen-tos serem considerados nas devidas negociações comerciais e fechamento de contratos de prestação de produtos ou de serviços, de forma também que todo o processo de aquisição e entrega final desses serviços sejam melhor geridos; • Fazer cumprir a política de suporte técnico a usuários, garantindo que a equipe de TI formalize os chamados e seus atendimentos, preparando-a, para isso, com treinamentos que a tornem hábil na operacionalização e no apoio ao usuá-rio que utiliza recursos de hardware e software, seja ele clien-te interno (áreas técnicas, administrativas e acadêmicas) ou externo (alunos e parceiros), para que, assim, os indicadores de desempenho desses serviços sejam formatados, os níveis de qualidade de atendimento monitorados, planos de ações preventivas elaborados e ações corretivas minimizadas;• Responder pelas aprovações do sistema que envolvem aquisições e/ou movimentações de recursos técnicos, mate-

riais e humanos requeridos pela área para atendimento de demandas corporativas e operacionais, e apresentar as jus-tificativas devidas das aquisições e/ou movimentações, sub-metendo-as para as devidas validações da diretoria;• Gerenciar o orçamento da área de atuação, fazendo-o cum-prir, com parâmetros definidos, e justificar eventuais varia-ções de orçamento, para reporte à alta gestão;• Gerenciar o desenvolvimento contínuo da equipe, buscan-do o mapeamento e definição de possibilidades de desenvol-vimento e crescimento na carreira, promovendo novos desa-fios e possibilidades de job rotation, avaliando o desempenho técnico e comportamental de cada colaborador, emitindo fee-dback e atuando como coach para cada um deles, de forma a assegurar o atendimento das demandas da área e atender expectativas de crescimento da Instituição e das pessoas.

Conhecimentos Técnicos Requeridos:• Conhecimento em Gestão de Segurança das Informações e Telecomunicações;• Conhecimento em Infraestruturas de TI; • Conhecimento em Gestão de Processos e de Contratos.

Requisitos:• Curso superior em uma dessas áreas: Ciências da Compu-tação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia da Computação e afins. Desejável: Especialização e/ou Mes-trado nas áreas correlatas (Administração, Gestão de Negó-cios, Tecnologia, dentre outras);• Possuir experiência comprovada de, no mínimo, 5 anos no segmento, em instituição educacional ou empresarial de grande porte.

Observações Finais:• Os interessados deverão enviar um CV com o título GER.GERTI + NOME para o e-mail: [email protected]; • Data limite para inscrição: 10/07/2017 (não serão aceitas inscrições após essa data);• Maiores informações: Diego/Talita/Joyce/Jéssica – Telefo-nes: 2114-8356/8367 ou 2766-7623/7622.

São Paulo, 20 de junho de 2017.

TONY GERALDO CARNEIROSuperintendente de Gestão de Pessoas e Suprimentos

JOSÉ FRANCISCO HINTZE JR

Diretor de Desenvolvimento Humano e Infraestrutura

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BrasilPresbiteriano

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REFORMA

anosO Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial

da Igreja Presbiteriana do BrasilAno 58 nº 752 - Julho de 2017

A Reforma Protestante – 2a Parte

A REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO 16

João Calvino (1509-1564)

João Calvino nasceu em Noyon, no nordeste da França. Seu pai, Gérard Cauvin, era secretário do bispo e advogado da igreja naquela cidade; sua mãe Jeanne Lefranc, morreu quando ele ainda era uma criança. Após os primei-ros estudos em sua cidade, Calvino seguiu para Paris, onde estudou teologia e humanidades (1523-1528). A seguir, por determinação do pai, foi estudar direito nas cidades de Orléans e Bourges (1528-1531). Com a morte do pai, retornou a Paris e deu prosseguimento aos estudos humanísticos, publicando sua primeira obra, um comentário do tratado de Sêneca Sobre a Clemência.

Calvino converteu-se provavelmente em 1533. No dia 1º de novem-bro daquele ano, seu amigo Nicholas Cop fez um discurso de posse na Universidade de Paris repleto de idéias protestan-tes. Calvino foi conside-rado o co-autor do discur-so e os dois amigos tive-ram de fugir para salvar a vida. Calvino foi para

a cidade de Angouleme, onde começou a escrever a sua obra mais importan-te, Instituição da Religião Cristã ou Institutas, publi-cada em Basiléia em 1536 (a última edição seria publicada somente em 1559). Após voltar por breve tempo ao seu país, Calvino decidiu fixar-se na cidade protestante de Estrasburgo, onde atuava o reformador Martin Bucer (1491-1551). No caminho, ocorreu um episódio mar-cante. Impossibilitado de seguir diretamente para Estrasburgo por causa de guerra entre a França e a Alemanha, o futuro refor-mador fez um longo des-vio, passando por Genebra, na Suíça francesa. Essa

cidade havia abraçado o protestantismo reformado há apenas dois meses (maio de 1536), sob a liderança de Guilherme Farel (1489-1565). Este, sabendo que o autor das Institutas estava de passagem pela cidade, o “convenceu” a permanecer ali e ajudá-lo.A Reforma em Genebra

Logo, Calvino e Farel entraram em conflito com os magistrados de Genebra e dois anos depois foram expulsos. Calvino seguiu então para Estrasburgo, onde passou os três anos mais felizes e produtivos da sua carreira (1538-1541). Naquela cidade, ele pasto-reou uma igreja de refu-giados franceses, casou-se

com a viúva Idelette de Bure (†1549), lecionou na academia de João Sturm, participou de conferên-cias religiosas ao lado de Martin Bucer e publicou algumas obras importan-tes, entre elas a segunda edição das Institutas e o Comentário de Romanos, o primeiro dos muitos que escreveu.

Eventualmente, os magis-trados de Genebra insisti-ram no seu retorno. Calvino aceitou com a condição de que pudesse escrever a cons-tituição da Igreja Reformada de Genebra. Essa impor-tante obra, as Ordenanças Eclesiásticas, previa quatro categorias de oficiais: pas-tores, encarregados da pre-gação e dos sacramentos;

doutores para o estudo e ensino da Bíblia; presbíte-ros, com funções discipli-nares; e diáconos, encar-regados da beneficência. Os pastores e os doutores formavam a Companhia dos Pastores; os pastores e os presbíteros integravam o Consistório, uma espé-cie de tribunal eclesiástico. Calvino teve um relaciona-mento tenso com as autori-dades municipais até 1555. No final desse período, em 1553, o médico espanhol Miguel Serveto foi con-denado e executado por heresia. Calvino teve uma participação nesse episódio, lamentada por seus herdei-ros, o que não anula a sua grande obra como reforma-dor, escritor, teólogo e líder eclesiástico. Em 1559, um ano especialmente significa-tivo, o reformador tornou-se cidadão de Genebra, fundou a sua Academia, embrião da Universidade de Genebra, e publicou a última edição das Institutas.

A visão do reformador francês era tornar Genebra uma cidade-cristã-modelo através da reorganização da Igreja, de um ministé-rio bem preparado, de leis que expressassem uma ética bíblica e de um siste-ma educacional completo e

Alderi Souza de Matos

Guilherme Farel insiste com Calvino para retê-lo em Genebra

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Nos seus poucos anos de vida (1509-1564) João Calvino executou tarefas gigantescas. Até hoje não conseguimos compreen-der como ele conseguiu desempenhá-las com tanto brilho.

Neste texto pontuaremos apenas alguns aspectos da sua visão missionária.

1. A Academia: Escola de Missões

Fiel ao seu princípio de que “(...) as escolas teo-lógicas são berçários de pastores”, Calvino criou uma Academia em Gene-bra (5/6/1559) – contando com 600 alunos, aumen-tando já no primeiro ano para 900 alunos. Genebra se tornou um grande cen-tro missionário, porque os foragidos que lá se insta-laram, puderam, posterior-mente, levar para os seus países e cidades o evange-lho ali aprendido. “O esta-belecimento da Academia foi em parte realizado por causa do desejo de suprir e treinar missionários evangélicos”, informa-nos Mackinnon. Destacamos que, com exceção de Isa-ías, todos os comentários de Calvino sobre os profe-tas “consistem em sermões direcionados a alunos em treinamento para o traba-lho missionário, principal-mente na França”.

O envio de missionários era uma questão delicada

para a qual a Companhia de Pastores manteve, enquan-to pode, sigilo absoluto até mesmo do Conselho Muni-cipal. A primeira vez que os nomes deles são men-cionados na Companhia de Pastores de Genebra foi em 22 de abril de 1555, Jehan Vernoul e Jehan Lauvergeat, enviados para as igrejas dos vales de Pie-monte e Jacques Langlois Tours, Lausanne e Lyon, onde seria martirizado em 1572.

Outro exemplo: o envio de dois ministros para a missão no Brasil, em res-posta ao apelo de Villegag-non, é descrita de forma sumaríssima: O regis-tro simplesmente men-ciona (25/08/1556) que Pierre Richier († 1580) e M. Guillaume Charretier (Chartier) foram enviados.

2. O evangelho deve ser oferecido a todos os povos

“O nome de Deus nunca é melhor celebrado do que quando a verdadeira reli-gião é extensamente pro-pagada e quando a Igre-ja cresce, a qual por essa conta é chamada ‘planta-ções do Senhor, para que ele seja glorificado’ [Is 61.3]”. Esse objetivo da Academia faz jus à com-preensão missionária de Calvino. Considerando que o reino de Deus envolve todos os povos, a mensa-gem do evangelho deve ser anunciada a todos. Comen-tando 1Timóteo 2.4, Calvi-

no afirma: “(...) nenhuma nação da terra e nenhuma classe social são excluí-das da salvação, visto que Deus quer oferecer o evan-gelho a todos sem exce-ção”. Por isso, “O Senhor ordena aos ministros do evangelho (que preguem) em lugares distantes, com o propósito de espalhar a doutrina da salvação em cada parte do mundo”.

O nosso trabalho deve ser feito com total con-fiança de Deus, sabendo que cabe a ele converter o coração do homem e, que a rejeição do evan-gelho neste momento não implica necessariamente na rejeição absoluta. Essa convicção nos estimula a trabalhar com fervor e ale-gre perseverança: “Visto que a conversão de uma pessoa está nas mãos de Deus, quem sabe se aque-les que hoje parecem empedernidos subitamen-te não sejam transforma-dos pelo poder de Deus em pessoas diferentes? E assim, ao recordarmos que o arrependimento é dom e obra de Deus, acalentare-mos esperança mais viva e, encorajados por essa cer-teza, aceleraremos nosso labor e cuidaremos da ins-trução dos rebeldes. Deve-mos encará-lo da seguin-te forma: é nosso dever semear e regar e, enquanto o fazemos, devemos espe-rar que Deus dê o cresci-mento (1Co 3.6). Portanto,

nossos esforços e labores são por si sós infrutíferos; e no entanto, pela graça de Deus, não são infrutífe-ros”. A nossa responsabili-dade: “(...) é nosso dever proclamar a bondade de Deus a toda nação”.

Considerações FinaisA Academia tornou-se

grandemente respeitada em toda a Europa; o grau concedido aos seus alunos era amplamente aceito e considerado em universi-dades de países protestan-tes como, por exemplo, na Holanda. O historiador Marc Venard (1929-2014) comenta que a Academia “será daí em diante um viveiro de pastores para toda a Europa reformada”. A Academia contribuiu em grandes proporções para fazer de Genebra “um dos faróis do Ocidente” admi-te Daniel-Rops. A forma-ção dada em Genebra era intelectual e espiritual; os alunos participavam dos cultos das quartas-feiras bem como em todos os três cultos prestados a Deus no domingo. Um escritor referiu-se a Genebra deste modo: “Deus fez de Gene-bra sua Belém, isto é, sua casa do pão”. Schaff chega dizer que Calvino “de certo modo, pode ser considera-do o pai da Nova Inglaterra e da república Americana”.

Julho de 2017B-2BrasilPresbiteriano

gratuito. O resultado foi que Genebra tornou-se um gran-de centro do protestantismo, preparando líderes reforma-dos para toda a Europa e abrigando centenas de refu-giados. O calvinismo veio a ser o mais completo sis-tema teológico protestante, tendo por princípio básico a soberania de Deus e suas implicações, soteriológicas e outras. Foi essa a origem das Igrejas reformadas (con-tinente europeu) ou presbi-terianas (Ilhas britânicas). Os principais países em que se difundiu o movimento reformado foram, além da Suíça e da França, o sul da Alemanha, a Holanda, a Hungria e a Escócia.

Calvino também se nota-bilizou como um erudito bíblico. Escreveu comen-tários sobre quase todo o Novo Testamento e os principais livros do Antigo Testamento. Seus ser-mões e preleções também expuseram amplamente as Escrituras. Além disso, escreveu muitos opúscu-los, tratados e cartas. Mas a maior das suas obras são as Institutas, nas quais ele expôs todos os aspectos da doutrina cristã, apelando às Escrituras e ao testemunho dos antigos pais da igreja. Em muitas de suas obras, se vê uma mão que susten-ta um coração, e ao redor as palavras Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere (“O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto e sincero”).

Continua na próxima edição: 3. A Reforma Protestante – 2ª Parte 3.1 A Reforma na Inglaterra

A Academia de Genebra, uma escola missionária

O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa é colunista regular do Brasil

Presbiteriano.

Hermisten Costa

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Trabalho, economia e mordomia: uma abordagem Reformada

Em sua densa e vasta obra, João Calvino conferiu ao tra-balho humano uma dignidade tal que teve uma grande reper-cussão na sociedade.

Na ética do trabalho, Lute-ro (1483-1546) e Calvino (1509-1564) afirmavam a res-ponsabilidade do homem de cumprir a sua vocação por meio do trabalho glorificando a Deus no desempenho de sua vocação.

1. Trabalho como ativida-de teocêntrica

Calvino entendia que todo trabalho lícito é importante aos olhos de Deus. O amor ao próximo faz com que o nosso honesto trabalho não se limite a satisfazer as nossas necessi-dades, mas, também, a ajudar aos nossos irmãos: “O amor nos leva a fazer muito mais. Ninguém pode viver exclu-sivamente para si mesmo e negligenciar o próximo. Todos nós temos de devotar-nos à ação de suprir as necessidades do próximo” (Calvino, Efé-sios, São Paulo: Paracletos, 1998, Ef 4.28).

Entende que a preguiça e a ociosidade são amaldiçoadas por Deus. O trabalho está relacionado com o progresso de toda a raça humana, logo, a um crescimento sustentá-vel. Assim, o ganho ilícito, por meio do qual exploramos desonestamente o trabalho do outro e dilapidamos o seu patrimônio, é, na realidade não um sinal de inteligência, mas, de iniquidade: é, portan-to, uma forma de furto.

Ainda que o dinheiro

emprestado a juros seja per-mitido ‒ prática tão comum na Europa muitos séculos antes de Calvino ‒, o trabalho honesto, fruto do nosso labor é que deve ser a fonte de recursos para a manutenção de nossa família. Não devemos nos aproveitar das necessida-des alheias, vivendo simples-mente de transações financei-ras. Um princípio justo é que em todas as negociações, haja benefícios para ambas as par-tes.

2. Trabalho, frugalidade e poupança com fim social

Calvino defendeu três prin-

cípios éticos fundamentais: trabalho, poupança e frugali-dade. Devemos trabalhar para a glória de Deus. Ter uma vida frugal, sem desperdício. O que pudermos economizar deve ter também um propósito social.

Ele nos adverte quanto ao perigo de transformarmos o nosso trabalho em objeto de avareza justamente pela falta de fé na provisão do Senhor.

Portanto, a certeza do cui-dado de Deus não nos deve conduzir à letargia, antes a nos tornar agentes desse cui-dado. Devemos ter em vista que o cuidado de Deus envol-ve pessoas das quais ele cuida e, ao mesmo tempo, pessoas por meio das quais ele assis-te. Desse modo, somos agen-tes ordinários de Deus no seu socorro. Muitas vezes em nos-sas ações ordinárias estamos sendo agentes de Deus em resposta a orações dos fiéis. Existe ética porque há um Deus providente. A ética cris-tã é uma resposta à certeza do

cuidado de Deus. Somos res-ponsáveis diante de Deus por levar adiante o que nos com-pete, dentro de nossa esfera.

Calvino entende que o ato de repartir o que temos con-siste em uma prática de justiça relacionada ao propósito de nossa existência: não nasce-mos apenas para cuidar de nossas necessidades, antes, devemos ter o espírito genero-so, repartindo com os nossos irmãos conforme as nossas possibilidades e a necessidade deles.

A nossa “riqueza”, ou seja, suficiência, como resultado da bondade de Deus, tem um sen-tido social: “O Senhor admi-nistra em nosso favor tanto quanto nos é proveitoso, às vezes mais e às vezes menos, mas sempre na medida em que ficamos satisfeitos e que vale muito mais do que ter o mundo inteiro e sermos con-sumidos. Dentro desta sufici-ência devemos ser ricos para o bem de outrem. Porque Deus não nos faz o bem com o fim de cada um de nós guardar para si mesmo o que recebe, mas para que haja mútua par-ticipação entre nós, de acordo com os reclamos das necessi-dades” (Calvino, 2Coríntios, 2Co 9.8). A ajuda aos nossos irmãos só se torna possível quando nos despimos da pri-mazia de nossos interesses pessoais; quando renunciamos ao nosso direito em prol do outro.

Pregando em 30 de outubro de 1555, disse: “Deus mescla rico e pobre de um modo que eles podem se reunir e manter comunhão um com o outro, de maneira que o pobre recebe e o rico dá” (Sermon Dt 15.11-

15 Sermão 95: In: Herman J. Selderhuis, org. Calvini Opera Database 1.0, Netherlands: Instituut voor Reformatieon-derzoek, 2005, v. 27), p. 342).

3. Algumas medidas prá-

ticas“(...) a pregação do refor-

mador é o prolongamento de sua ação. A modéstia em que vive com seus colegas é proverbial e toca as raias da pobreza. Suas providências em favor dos deserdados são constantes. Importuna persis-tentemente os conselheiros da cidade para que tomem medidas de atendimento aos pobres. Depois da chacina dos protestantes em Provence, em 1545, organiza pessoalmente uma coleta geral, subindo as escadarias dos edifícios reple-tos de refugiados para recolher a esmola de todos” (A. Biéler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, São Paulo: CEP, 1990, p. 230).

Calvino combateu o monas-ticismo e à pobreza voluntá-ria (fruto da compreensão de salvação pelas obras). A sua dinâmica consistia em abrir postos de trabalho, ensinando profissão e, até mesmo com-prando instrumentos de tra-balho para os que passavam por esse treinamento. Criou escolas inclusive para meni-nas (1536), culminando na Academia (1559).

Genebra recebia muitos imi-grantes. Muitos chegavam sem recursos. Havia uma metodo-logia para tratar dessa questão: “Um supervisor distrital fazia a triagem de todos os pedidos e apresentava aos diáconos os que ele achava que deviam ser aprovados. Os diáconos visita-

vam as casas para verificar as necessidades. Cerca de 5% da população de Genebra rece-beram ajuda financeira, quase sempre por pouco tempo. Os diáconos, pensando com uma mentalidade empresarial, às vezes usavam os recursos da igreja para comprar ferramen-tas, matéria-prima ou pagar o aluguel inicial de uma loja. Os refugiados que eram artesãos podiam trabalhar” (Marvin Olasky, O Roteiro Secular no Teatro de Deus: Calvino sobre o significado cristão da vida pública: In: John Piper; David Mathis, orgs. Com Calvino no Teatro de Deus: A Glória de Cristo e a Vida Diária, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 88)

Nesse espírito, os antigos ourives que trabalhavam com joias como motivos religiosos, em sua nova fé perceberam gradualmente a incompati-bilidade de suas produções. Muitos redirecionaram o seu trabalho para a fabricação de relógios.

A Suíça era também conhe-cida por seus jovens que se tornavam mercenários de reis e príncipes. Um elemen-to fomentador para isso era a falta de emprego. Com a Reforma esse quadro gradual-mente foi sendo transformado.

A Reforma foi um movi-mento espiritual e ético, influenciando todas as áreas da vida. Afinal, tudo perten-ce a Deus. Ele mesmo nos colocou neste mundo para glorificá-lo por meio de nossa obediência expressa em uma fé operosa. Como Reforma-dos, temos esse legado que, se torna em um abençoado desa-fio. Caminhemos, pois.

Hermisten Costa

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Julho de 2017B-4BrasilPresbiteriano

A obra de uma vida e uma vida para o Reino

1 Vejam-se, por exemplo: At 6.3; Rm 3.21,28; 1Co 1.1; 3.9,14; 5.5; 9.5-6; 2Co 4.17; 5.10; Ef 3.18-10; 1Tm 2.6; 3.8; 1Pe 1.20.

2 João Calvino, Prefácio à edição da Instituição, (1559).

3 Esta edição foi publicada em português: João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, 4v.

4 Veja-se: Alister McGrath, A Revolução Protes-tante, Brasília, DF.: Palavra, 2012, p. 97.

5 Daniel-Rops, A Igreja da Renascença e da Reforma: I. A reforma protestante, São Paulo: Quadrante, 1996, p. 383.

6 Lucien Febvre; Henry Jean-Martin, O Aparecimento do Livro, São Paulo: Hucitec, 1992, p. 442-443.

7 B.B. Warfield, Calvin and Calvinism, Grand Rapids, Michigan: Baker, (The Work’s of Benjamin B. Warfield), (Reimpr. 2000), v. 5, p. 374.

8 Ver: William Cunningham, The Reformers and the Theology of the Reformation, Carlisle, Pensilvânia: The Banner of Truth Trust, © 1862 (1979) (Reimpr.), p. 295.

9 Emile Doumergue, Jean Calvin: Les hommes et les choses de son temps, Lausanne: Georges Bridel & Cie Editerurs, 1899, v. 1, p. 563.

10 Veja-se: Jean Cardier, In: Prefácio à edição Francesa: Jean Calvin, L’Institution Chrétienne, p. IX.

11 B.B. Warfield, Calvin and Calvinism, Grand Rapids, Michigan: Baker, (The Work’s of Benjamin B. Warfield), (Reimpr. 2000), v. 5, p. 8.

12 João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 2.10-11), p. 74.

As Institutas de João Calvino

Calvino escreveu as Institutas num primeiro momento para apresentar a fé cristã de forma consistente visando defender cristãos que aderiram à Reforma. Desse modo, preparou a primei-ra edição de sua obra com o pre-fácio dedicado ao Rei Francisco I (1494-1547) da França. Nessa confissão doutrinária, Calvino demonstra a integridade bíbli-ca de seus irmãos, desmentin-do falsas acusações sectárias e declara a distinção desse movi-mento em relação aos anabatis-tas. Calvino apresenta as marcas pelas quais a igreja de Cristo deve ser identificada: a Palavra e os Sacramentos. A obra pode ser dividida em cinco capítulos nos quais expõe a Lei, Credo Apostólico, oração, os sacra-mentos do batismo e da ceia do Senhor, e a liberdade cristã.

Na medida em que escre-via os seus comentários da Bíblia, Calvino ampliava a sua Instituição da Religião Cristã, tendo em vista os novos ques-tionamentos e os debates de seu tempo. Por sua vez, nos seus comentários não raramente ele remete o leitor às Institutas.1 Nesse sentido a obra apresenta um esboço estrutural de uma Apologética Cristã.

Aliás, a sua teologia nada mais era do que um esforço para comentar as Escrituras. Por isso, sua obra pode ser chamada de uma “teologia bíblica”, escrita por um comentarista bíblico e teólogo sistemático que tão bem sabia se valer dos recursos da exegese e da hermenêutica e,

considerando a graça comum, recorria às demais ciências, dis-pondo tudo isso de forma eru-dita, devocional e pedagógica. Por isso a história dos comentá-rios bíblicos de Calvino e a das sucessivas edições das Institutas se completam. A sua exegese tinha um escopo teológico e a sua teologia estava amparada em uma sólida exegese.

Não obstante as diversas revi-sões e adições das Institutas, o seu propósito permanecia o mesmo: “(...) preparar e ins-truir os candidatos à Sagrada Teologia, que não só lhe tenham fácil acesso, mas ainda possam nessa escalada avançar sem tropeços”.2 Na tradução fran-cesa de 1541,3 feita pelo pró-prio Calvino, no prefácio, diz que a sua obra poderia servir como “uma chave e uma aber-tura para dar acesso a todos os filhos de Deus para entenderem bem, e diretamente, a Escritura Sagrada”. No parágrafo anterior justificara: “Redigi-a primeira-mente em latim, para que pudes-se servir a todos os estudiosos, de qualquer país que fossem, então, ao depois, almejando comunicar o que daí poderia advir de proveito à nossa gente francesa, traduzi-a também para nossa língua”. Calvino preten-de, portanto, diante de variadas interpretações que surgem, apre-sentar um guia seguro para a leitura das Escrituras.4

Difusão e ampliação das Institutas

A edição original escrita em latim dispunha de 6 capítulos

em apenas 514 páginas, com formato aproximado de 15x10 – um livro de bolso para trans-porte discreto; a última – pas-sando por algumas ampliações, revisões e reorganizações [1536, 1539, 1543 (reimpressa em 1545), 1550 (quando é intro-duzida subdivisão dos capítu-los em parágrafos) (reimpressa em 1553 e 1554)], até atingir a forma definitiva – publicada em Genebra (1559). Esta foi reim-pressa quatro vezes em 1561: em Genebra: duas vezes em francês e uma vez em latim. Londres: uma vez em inglês. Tive aces-so à edição latina editada em Genebra por Antonius Rebulins, constando de 980 páginas e mais 67 páginas de índice remissivo (formato: 18x11, tipo 8), dividi-da em 80 capítulos.

As Institutas foi logo traduzida para diversos idiomas (italiano: 1557; holandês: 1560; inglês: 1561; alemão: 1572 e espanhol: 1597), sendo amplamente lida: “Nenhum livro seria mais lido durante o século 16”, especula o conceituado historiador católico Daniel-Rops (1901-1965).5

Calvino exerceu poderosa influência por meio da pala-vra falada e escrita. Institutas tornara-se um sucesso editorial desde o seu lançamento em 1536: “de 1550-1564 [ano da morte de Calvino], serão publi-cadas 256 edições, das quais 160 em Genebra. A Institution chré-tienne é, então, sozinha, objeto de 25 reedições, nove latinas e dezesseis francesas das quais a maioria provém dos prelos gene-brinos (...)”.6

Warfield (1851-1921) faz

uma comparação das Institutas com outros trabalhos: “O que Tucídides é para os Gregos (...) o que Platão é entre os filósofos (...) é o que as ‘Instituições’ de Calvino é entre os tratados teológicos”.7 Para William Cunningham (1805-1861), na ciência teológica, a Instituição ocupa um lugar semelhante ao Novum Organum de Bacon e os Princípios Matemáticos de Newton nas ciências físicas.8

A última edição latina das Institutas (1559), Calvino a reorganizou em quatro Livros, inspirado no modelo do Credo Apostólico: I) O Conhecimento de Deus o Criador; II) O Pecado e a Pessoa e obra de Cristo o Redentor; III) A Obra de Cristo aplicada pelo Espírito Santo; IV) A Igreja de Deus e os Sacramentos.

Objetivando facilitar a difusão da obra de Calvino na França, parte da segunda edição latina (1539) circulou subscrita sob o pseudônimo Alcuinus, um ana-grama do seu próprio nome9 que visava despistar seus inqui-sidores, protegendo aqueles que a difundiam em territórios dominados pela igreja romana. Essa edição agora consta de 17 capítulos, seus assuntos foram reorganizados tendo sido tri-plicada em seu tamanho. Ela exerceria poderosa influência sobre as Igrejas da França, tendo o Parlamento francês inclusi-ve interditado a obra e destru-ído alguns volumes (1542) e tendo a Faculdade de Teologia a incluído entre os livros censura-dos (23/06/1545).10 Apesar das sucessivas edições ampliadas das Institutas, a realidade é que a sua teologia não mudou. As modificações refletem, na rea-lidade, mais uma preocupação pedagógica do que metodológi-ca e menos ainda teológica. É bom lembrar que toda a sua obra foi produzida não num clima de sossego e paz, numa “torre de marfim”, mas em meio a inúme-ros problemas: calúnias, difama-ções, incompreensões, questões administrativas, domésticas, financeiras e, principalmente, de saúde.

Hermisten Costa

As Institutas, obra concluída em agosto de 1535, teve a sua primeira edição em março de 1536 (Basiléia). O nome original é Institutio Christianae Religionis, uma cartilha concernente à fé cristã que objetiva voltar aos fundamentos originais da teologia cristã. A sua estrutura foi certamente inspirada no Catecismo Menor de Lutero (1529), recebendo também a infl uência de outros reformadores mais antigos.

Considerações finais

Nas Institutas temos a essência do pensamento do Reformador estruturada de forma lógica e didática. A sua contribuição maior talvez seja o de conduzir os fiéis de volta às Escrituras, demonstrando a sua atualidade, organização e solidez na estrutu-ração da Fé Cristã.

Humanamente falando, gran-de parte do sucesso do empre-endimento reformador em sua expansão e solidez teológica deve-se a essa obra que per-manece “como o maior e mais influente de todos os tratados dogmáticos”.11

Devemos ser gratos a Deus pela contribuição de Calvino no Reino. Somos grandemente devedores a ele que aprendeu que “o princípio da genuína sabedo-ria consiste em que o homem se desvencilhe do orgulho e se sub-meta à autoridade de Cristo”.12

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Julho de 2017 9BrasilPresbiteriano

TEOLOGIA HISTÓRICA EVANGELIZAÇÃO

500 anos da Reforma

Um lançamento especialConexão com Deus – Zona Leste

uia de Estudos da Con-fissão de Fé de West-

minster, Chad Van Dixho-orn, São Paulo: Cultura Cristã, 2017. 480 páginas.

A Confissão de Fé de Westminster é uma con-fissão de fé reformada, de orientação calvinista. Adotada como símbolo de fé pela Igreja Presbiteriana do Brasil e igrejas pres-biterianas e reformadas ao redor do mundo, essa Confissão de Fé foi pro-duzida pela Assembleia de Westminster e aprovada pelo parlamento inglês em 1647.

Lançado no mês de junho pela Editora Cultura Cris-tã, em cerimônia realizada no Centro de Pós-gradua-ção Andrew Jumper – por ocasião do 1º Seminário de Teologia Histórica – o Guia de Estudos da Con-fissão de Fé de Westmins-ter é uma obra que faz não uma “releitura” da Confissão no estilo pós--moderno, mas um rigoro-so estudo dela, gramatical e histórico, no sentido da hermenêutica Reformada. O texto original é apre-sentado sem retoques em uma coluna e, na colu-na ao lado é apresentada uma versão contemporâ-nea dele, que atualiza a linguagem e incorpora as mudanças aprovadas ao

longo dos séculos, sem, porém, altera seu viez Reformado. Na edição em português, mantivemos o texto antigo em inglês e traduzimos o contempo-râneo, bem como, obvia-mente, os comentários de Van Dixhoorn.

Alterações adotadas pela igreja ao longo dos anos são claramente discutidas, seu conteúdo e razões. Em alguns casos, uma terceira coluna, posicionada entre a antiga e a contemporâ-nea, apresenta o texto com aquelas mudanças.

IP da Penha, a partir de 15 de maio, passou

a realizar em seu templo, o culto “Conexão com Deus – Zona Leste”, que acon-tece todas as segundas--feiras, às 20h.

O projeto Conexão com Deus já é promovi-do e financiado pela IP de Pinheiros – São Paulo, desde fevereiro de 2011. Agora, em parceria com a IP da Penha e demais igrejas presbiterianas da região, o projeto chegou à zona leste.

O objetivo da programa-ção é alcançar famílias do entorno e de lugares dis-tantes, com a transmissão ao vivo, apresentando com mensagens evangelísticas de forma séria e santa.

No culto inaugural (15/05), cerca de 400 pes-soas estiveram presentes e ouviram a Palavra de Deus sendo pregada pelo Rev. Paulo Júnior.

Para o Rev. Amauri Oli-veira, pastor titular da IP Penha, esse é um privilé-gio que a região recebe de Deus, e cada crente tem responsabilidade nessa

benção. “Cristão da zona leste, em especial os pres-biterianos, precisam de assumir essa responsabi-lidade como sal da terra e luz do mundo, para que o projeto Conexão com Deus seja uma benção na vida de famílias na zona leste e de outras regiões.

O que é o projeto?

O projeto Conexão com Deus é um encontro sema-nal que reúne pessoas para falar com Deus e ouvir sua voz. É um tempo agra-dável de oração, música e meditação bíblica. A fé é a senha que nos dará acesso a Deus, mas para tê-la você precisa ouvir o ensinamento bíblico.

Os objetivos do projeto

Esclarecer e disponibili-zar para as pessoas a men-sagem bíblica do evange-lho de Jesus;

Encorajar pessoas atra-vés da pregação bíblica; acolher e cuidar de pesso-as feridas e doentes espiri-tualmente.

G A

Dr. Chad Van Dixhoorn (PhD, Cambridge Univer-sity) é Professor de Teologia Histórica e Professor Associa-do de História da Igreja no Reformed Theological Semi-nary. Em 2013 foi eleito membro da Royal Historical Society em reconhecimen-to à sua obra de cinco volumes sobre a Assembleia de Westminster, publicado com Oxford University Press. Van Dixhoorn serviu durante nove anos como pastor, primeiro em Cambridge, no Reino Unido e depois em Viena, na Virgínia. É autoridade mundial no tema.

Dr. Chad Van Dixhoorn

O livro poderá ser adqui-rido em www.editoracul-turacrista.com.br ou pelo 0800-0141963

Em parceria com a IP da Penha e demais igrejas presbiterianas da região, o projeto chegou à zona leste.

Transmissões ao vivo:www.conexaocomdeus.com.brwww.ippenha.org.br – clicar em Culto ao Vivo www.facebook.com/ippenha

Page 14: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 201710BrasilPresbiteriano

EDUCAÇÃO CRISTÃ

II Congresso Regional em Rolândia

os dias 9 e 10 de junho de 2017, foi

realizado o II Congresso Regional de Educação Cris-tã, na IP de Rolândia, PR. O tema foi A Escola Domini-cal Reformada no Contexto da Pós-Modernidade e as oficinas foram ministradas pela equipe da Casa Editora Presbiteriana.

Participaram várias igrejas do Sínodo Norte do Paraná e do Sínodo Metropolitano de Londrina. Do Presbitério Norte Novo Paraná: Igrejas Presbiterianas de Rolândia, Apucarana, Sabáudia, Colo-rado, Betel de Arapongas, Porecatu, e a Congregação Presbiterial de Jaguapitã. Do Presbitério de Marin-gá, as igrejas: Central de Maringá, Quarta de Marin-gá e Marialva. Do Sínodo Metropolitano de Londrina, do Presbitério Grande Lon-drina: a IP de Cambé, a Oitava IP Londrina e a IP Ebenézer. Do Presbitério de Londrina: a IP Ágape de

Londrina. Houve também a participação de irmãos da Igreja Evangélica de Cali-fórnia, PR. O total foi de 97 participantes inscritos.

A abertura ocorreu no dia 9 de junho, à noite. No sábado foram ministradas as oficinas, num total de cinco: 1. Ensino para Crian-ças: Dinamismo em Sala de Aula. Parte 1, O Ministé-rio do Professor e Parte 2, Metodologia (Márcia Bar-butti – São Mateus ES). 2. Pré-adolescentes na EBD: Desenvolvendo uma Cos-movisão Bíblica (Roberta Leonardo Fonseca – Rio de Janeiro, RJ). 3. Ensino para Jovens (André Filipe Noro-nha Silva – São Paulo SP). 4. “O Ensino Reformado para Jovens e Adultos na Pós-Modernidade” (Sandra Salum Marra – São Paulo, SP). 5. Educação e Refor-ma (Cláudio Marra – São Paulo, SP). O encerramento com um painel aconteceu das 16h às 17h30.

A avaliação geral do Con-gresso foi muito positiva.

Cada oficineiro se esmerou em trazer conteúdos rele-vantes com a temática pro-posta e dentro da faixa etá-ria específica de cada ofici-na. Diante das ministrações e discussões, todos saíram do Congresso com a cons-ciência da necessidade de compreender o tempo em que vivemos e ao mesmo tempo trazer o legado da Reforma, especialmente a centralidade das Escrituras, para os nossos alunos da Escola Dominical.

Outra convicção presente em todos é que a Escola Dominical é uma ferramen-ta fundamental e ao mesmo tempo viável para os nos-sos dias. O que precisamos fazer é nos esmerar para alcançar o maior número possível de pessoas. Pude-mos conhecer o testemu-nho de igrejas que, de um ano para cá, desde o nosso primeiro congresso, expe-rimentaram uma renovação na Escola Dominical, com um maior investimento em materiais e cursos e também

Beny Vieira

O Rev. Beny Vieira dos Santos é o pastor da IP de Rolândia.

N

Reorganização da Sinodal de UCPs Vale do Rio Grande

o dia 29 de abril aconteceu na IP Jd. Itapuan em Santo André, SP, a reorganização da Sino-

dal de UCPs. O tema do congresso foi: “A Reforma na infância”.

Contamos com a presença do presidente do Sínodo Rev. Zedequias Alves. Recebemos cerca de 150 pesso-as, sendo a maior parte crianças. Cânticos, devocional, eleição da diretoria do próximo biênio, gincanas bíblicas e um gostoso lanche fizeram parte desse evento.

O ABC caminha se estruturando e trabalhando para receber o Congresso Nacional Mãos e Coração que acontecerá em setembro, também sediado na IP Jd. Ita-puan. Contamos com as orações e apoio dos irmãos.Clayton e Elaine, secretários da Infância em Santo André.Informações: [email protected]

N

com a resposta dos irmãos que passaram a participar mais ativamente.

Terminamos este congres-so com uma alegria imensa pela participação das igre-jas, o conteúdo das oficinas e o aprendizado adquirido. Estamos muito gratos à Casa Editora Presbiteria-na (Editora Cultura Cristã) por idealizar esse tipo de

Congresso para treinamento dos professores da Escola Dominical e também agra-decemos de modo especial aos preletores que se dis-puseram a estar conosco, bem como suas famílias que os liberaram e os apoiaram nesse trabalho.

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Julho de 2017 11BrasilPresbiteriano

FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

Unidos pelo chamadoMackenzie Volun-

tário é um programa do Instituto Presbiteriano Mackenzie que tem fomen-tado a cultura de volunta-riado e mobilizado parcei-ros com vistas à transfor-mação social. Ao longo dos treze anos de programa, milhares de pessoas colo-caram seu tempo, recur-sos, dons e talentos a ser-viço do bem – e tudo isso, voluntariamente.

Apenas em 2016, o Mackenzie Voluntário con-tou com mais de 45 mil voluntários, distribuídos em 266 projetos, em todas as regiões do Brasil. Como resultado, cerca de 518 mil pessoas foram beneficia-das nas áreas de educação, saúde, cultura, entre outras.

A Igreja Presbiteriana do Brasil é responsável por grande parte desses resul-tados. Nos últimos anos, mais de 50% dos proje-tos de voluntariado foram desenvolvidos em parce-ria com as igrejas. Dessa

forma, as comunidades não são atendidas apenas em suas necessidades mate-riais, mas recebem dos voluntários uma mensagem de esperança e transforma-ção duradoura.

Um excelente exem-plo de projeto voluntário confessional é o B.O.M. – Bíblia, Oração e Mobili-zação, que acontece anu-almente no município de Jacobina, interior da Bahia. Além de doação de rou-pas, brinquedos, apresen-tações musicais e ativida-des recreativas, cerca de 80 voluntários da igreja tam-bém distribuíram Bíblias e oraram pelas pessoas. “O maior benefício foi o de orarmos por eles”, conta o pastor da Igreja Presbi-teriana da Redenção, Rev. Marcelo Rocha, líder desse projeto.

Já o projeto A plenitu-de do evangelho aos povos distantes atua em Ponta Porã, na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Para-

guai, para resgatar vidas em um contexto de grande vulnerabilidade social. Os voluntários realizam desde atendimentos básicos de saúde e doação de alimen-

tos, até palestras e oficinas para geração de renda. “O nosso propósito é atender a população carente na ten-tativa de minimizar o pro-blema gerado pela falta de

recursos materiais e a pro-liferação do uso de bebidas e entorpecentes na popula-ção, em especial entre as crianças e moradores de rua”, diz a líder do projeto e missionária, Leni de Frei-tas Folly.

Muitos outros proje-tos estão em andamen-to nessa virtuosa parceria entre Mackenzie Voluntá-rio e Igreja Presbiteriana do Brasil. Assim, cumpre-se o propósito de iluminar um mundo em trevas, como está escrito: “(...) resplan-deça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifi-quem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).

O

Martinho Lutero, Luther’s Works, 33: Career of the Reformer III

Martinho Lutero, Resposta à Dieta de Worms, 18 de abril de 1521

“Uma vez que sua serena Majestade e vossas senhorias procuram uma resposta simples, eu a darei desse modo, sem enfeites. A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou por uma razão clara (pois não confi o nem no papa nem nos concílios, por ser bem sabido que

eles muitas vezes erraram e se contradisseram), eu estou preso às Escrituras que citei e minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Não posso e não vou retirar nada, já que não é seguro nem certo ir contra a consciência. Que Deus me ajude. Amém.”

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Julho de 201712BrasilPresbiteriano

Pergunta – “Se os ho-mens morrem só uma vez (Hb 9.27), o que dizer dos que ressuscitam, como os mencionados em Mateus 27.52-53?”

Resposta: vejamos:1. Todos os homens pas-

sam necessariamente pela experiência da morte (1Co 15.22). Todos os seres hu-manos morrem; é a regra. Exceções: a. Enoque e Elias (Gn 5.24; Hb 11.5; 2Rs 2.10-12; Mt 27.52,53); b. Os crentes fi éis que esti-verem vivendo na terra por ocasião do retorno glorioso do Senhor Jesus. Eles não

morrerão, mas serão trans-formados. Ver 1Co 15.51 (passagem em que “dor-mir” signifi ca “morrer”, como em Jo 11.11-14); 1Ts 4.17.

Os que passaram pela ex-periência da ressurreição não continuaram vivendo nesta existência, mas tor-naram a morrer. Morreram fi sicamente duas vezes.

2. Há um sentido mais profundo em que todos os seres humanos morrem uma só vez, e só se livram dessa morte pela regene-ração (nova criação) espi-ritual. O pecado tornou o homem “morto” aos olhos de Deus (Ef 2.1: “Ele vos

deu vida, estando vós mor-tos nos vossos delitos e pe-cados”). Os pecadores não regenerados pelo poder de Deus são “por natureza fi -lhos da ira” (Ef 2.3).

Por isso é que só Deus, por sua graça, pode nos salvar (“[...] pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”, Ef 2.8). Sim, por-que o morto não pode fazer nada, nem por si nem por ninguém. Por isso também os salvos são descritos como nascidos de novo (Jo 3.3-7), pelo poder de Deus em Cristo, que os faz fi lhos de Deus (Jo 1.12,13), “fei-tura dele (de Deus), criados

O CONSULTÓRIO BÍBLICO REVISITADO

Quantas mortes são possíveis ao homem

Editoria assinada primeiramente pelo Rev. Galdino Moreira (1889-1982) e em seu último formato redigida desde 1977 pelo Rev. Odayr Olivetti até seu falecimento (1928-2013)

Odayr Olivetti

em Cristo Jesus” (Ef 2.10).Vale a pena concluir

transcrevendo Romanos 8.6-11:

“(...) o penhor da car-ne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso o penhor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, po-rém, não estais na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita

em vós. E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, po-rém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida3 por causa da justiça. Se habita em vós o Espírito daque-le que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mes-mo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos, vi-vifi cará também os vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que em vós habita.”

MISSÕES

Notícias do Instituto Bíblico Rev. Felipe Landes

ais uma turma de evangelistas indí-

genas se forma neste ano no Instituto da Missão Evangélica Caiuá. Durante três anos há o teste do cha-mado, alguns não ficam, mas os que permanecem se firmam, pelo estudo da Palavra, que é a ferramen-

ta espiritual; pelo trabalho conjunto, com ferramentas que recebem para lavrar a terra, deixar suas casas e o Instituto em ordem, como zelo pelo que o Pai nos tem dado e como testemu-nho de nova vida em Jesus Cristo. Ou se firmam indo a outras aldeias para pintar a congregação (Sassoró) e participar dos trabalhos

da igreja (Gwiraroká e Sucuri). Na Capelania, con-tinuamos a ajudar o hospi-tal “Porta da Esperança”, assim os alunos podem se preparar semanalmen-te para falar com crianças e adultos, confeccionan-do ou separando os visu-ais das histórias bíblicas a serem contadas. As prega-ções nas Congregações e

na sede da Missão, prepa-ram esses alunos para assu-mirem a importante tarefa de evangelista entre seu povo. Em agradecimento aos parentes e professo-res, os alunos promove-rão um almoço no final do ano. Para conseguirem os recursos fizeram um bazar e vendem artesanato. Sabemos que Deus move

corações, mesmo durante a crise que passamos no país, agradecemos a Deus pelos que nos sustentam em ora-ção, aos professores e às igrejas e irmãos da IPB, que fielmente doam para o Instituto. Sabemos pois, que o trabalho no Senhor, nunca será em vão.

Lenis Lang

Lenis Lang de O. Lima é diretora do IBFL

M

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Julho de 2017 13BrasilPresbiteriano

PROJETO SARA

O trabalho à luz da Reforma

ara Calvino, o homem só poderia conhecer a

si próprio e o seu papel na sociedade a partir do conhecimento de Deus. Ele trata da questão do trabalho entendendo que o crente é chamado por Deus para servi-lo em todas as esferas

da sociedade, dando um novo significado e estabe-lecendo a ética no trabalho à luz das Escrituras.

A influência da Reforma no trabalho e na econo-mia repercutiu no modo de vivenciar a fé cristã de nossos irmãos do passado. Entenderam que o trabalho era uma oportunidade de

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade.”

(Rm 12.10,13)

honrar a Deus de forma digna e reta. O salário, na forma de dinheiro, é o meio de Deus para propor-cionar não só ao homem o que é necessário para o seu sustento, mas também ao seu próximo. De forma que Deus coloca à nossa dis-posição nossos bens como instrumentos de sua divina providência, para sermos fieis, tanto na entrega dos nossos dízimos, reconhe-cendo e agradecendo seu cuidado para conosco, quanto na administração de nossos recursos para organização de nossa vida

e ainda, com condições de suprir as necessidades de nosso próximo que se encontra em situação des-favorável.

Não devemos, portanto, buscar os bens materiais por cobiça, mas precisa-mos obedecer ao que Jesus nos ordenou: “Buscai (...) em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Deus nos dará sabedoria para vivermos de modo equilibrado e modera-do, tendo todas as nossas necessidades supridas, sem

nada nos faltar, conside-rando as bênçãos recebidas a cada dia e reconhecendo que tudo vem das mãos do nosso Pai celestes, a quem vamos prestar contas.

Assim, podemos refle-tir o amor de Deus, sendo luz do mundo e sal da terra, uma vez que usamos daquilo que Deus nos deu para darmos testemunho da sua maravilhosa graça em nossos lares. Acudimos ao necessitado e glorificamos a Deus com nossos bens.

Raquel de Paula

Raquel de Paula é membro da IP Praia Grande (SP)

P

MEDITAÇÕES

Bíblia e ciência

s vezes parece haver um choque entre ciên-

cia e Bíblia. Isso pode cau-sar até conflitos no cora-ção daqueles que amam a Palavra do Senhor. Em alguns casos, pode levar até ao abandono da fé em Deus, substituindo-a pela fé na ciência. O que tem me ajudado muito nesse ponto é esse pequeno dia-grama. São quatro livros

em duas prateleiras. Na prateleira debaixo encon-tram-se os livros básicos, a natureza (N) e a Bíblia (B). Na prateleira de cima estão os comentários sobre a natureza (cN) e a Bíblia (cB).

Os dois livros básicos foram escritos pelo mes-mo Autor sobre assuntos diferentes. Não são como 1ª e 2ª edição revisada do mesmo livro. Mas reco-nhecemos que pode haver

Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard

Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.

“Os céus proclamam a glória de Deus e (...) a lei do SENHOR restaura a alma (...)”

(Sl 19.1,7)

Frans Leonard Schalkwijk

aparentes contradições e podemos nos enganar so-bre o signifi cado. Longe de admitir que Derrida estava certo ao relativizar o sig-nifi cado de praticamente qualquer discurso, admiti-mos que equívocos podem ser reais.

Enganos têm ocorrido nos diálogos. Ao comba-terem (↔) o cientista Ga-lilei, teólogos (cB) se en-ganaram tanto na leitura da Bíblia como da natureza (↙↓). Depois reconhece-ram que a Bíblia não é um manual sobre astronomia, mas fala a língua diária do homem comum. Por outro

lado, cientistas (cN) se en-ganaram tanto na leitura da natureza como da Bíblia (↓↘) ao ridiculizarem (↔) teólogos por acreditarem na existência do rei babilô-nico Belsazar, mencionado no livro de Daniel. Depois, arqueólogos descobriram que esse último rei da Ba-bilônia de fato era uma fi -gura histórica, que estava substituindo seu pai.

Finalmente, lembramos que muitos cientistas como Kepler e Galilei, Newton e Maxwell, Dekker e Mc-Grath, antigos e atuais, re-conheceram e reconhecem com gratidão: “Os céus

proclamam a glória de Deus e... a lei do SENHOR restaura a alma ...” E é esse o alvo dos dois livros: que os mordomos da natureza cuidem bem dela e louvem ao seu Criador.

A

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Julho de 201714BrasilPresbiteriano

No BRASIL E NO MUNDO

Paquistão profere inéditasentença de morte porblasfêmia em rede social

aimoor Raza, 30, foi considerado culpado por declarações derrogatórias sobre o profeta Maomé,

as mulheres dele e outros, no Facebook e WhatsApp.Raza foi sentenciado à morte no sábado pelo juiz

Bashir Ahmed, na província do Punjab. Foi a primeira vez que alguém recebeu uma sentença de morte por blasfêmia na mídia social, na história do Paquistão. Raza pode recorrer da sentença.

A questão da blasfêmia continua a ser muito conten-ciosa no Paquistão, onde uma simples acusação quanto a esse delito pode resultar em violência e linchamentos praticados por multidões de justiceiros autodeclarados.

As autoridades detiveram Raza em uma estação rodoviária em Bahawulpur, em abril de 2016. Ele foi acusado de ter conteúdo blasfemo em seu celular, e policiais declararam que ele estava exibindo esse con-teúdo a pessoas na estação de ônibus quando foi detido.

Raza foi acusado inicialmente sob uma seção do Código Penal que pune declarações derrogatórias sobre outras personalidades religiosas com até dois anos de prisão.

Mais tarde, no curso das investigações, ele foi acusa-do sob uma lei cujo foco específico são atos derroga-tórios contra o profeta Maomé. Violá-la é passível de pena de morte.

FORTE REPRESSÃOA sentença de Raza surge em um momento de repres-

são cada vez mais forte ao conteúdo blasfemo na mídia social, especialmente Facebook e Twitter.

Neste ano, o ministro do Interior paquistanês pediu que o Facebook revelasse a identidade de pessoas suspeitas de cometer blasfêmia, para que pudessem ser processadas.

Os críticos dizem que a decisão do governo vem cau-sando medo e intimidação e resultou em violência e na ação de grupos de linchamento.SALMAN MASOOD DO NEW YORK TIMES, EM ISLAMABAD 13/06/2017 07h00 http://m.folha.uol.com.br/mundo/2017/06/1892431-paquistao-pro-fere-inedita-sentenca-de-morte-por-blasfemia-em-rede-social.shtml?mobile. Tradução de PAULO MIGLIACCI

T

IGREJA PERSEGUIDA

MISSÕES

e acordo com uma ONG que monitora

perseguição por motivos religiosos, 7.100 assas-sinatos de cristãos foram reportados em 2015. Des-ses, 4.028 ocorreram na Nigéria

A perseguição religiosa na África e na Ásia está cada vez mais intensa. No Oriente Médio, milhões de cristãos são forçados a fu-gir de suas casas para cam-pos de refugiados lotados e se arriscam pelas perigosas rotas até a Europa. Segun-do a organização Open Doors, que monitora casos

de violência e perseguição por motivos religiosos, a intolerância contra os cris-tãos só cresceu no último ano.

A Coreia do Norte é o primeiro país do mundo quando se trata de perse-guição a adeptos do cris-tianismo. Mas, segundo a organização que produz um relatório anual sobre o tema, em 2015, o maior número de cristãos mortos por sua fé foi registrado na Nigéria. Foram 4.028 mortes no país, de um to-tal de 7.100 assassinatos reportados em todo o mun-

do. Das 50 nações listadas pela Open Doors, as seis em que mais cristãos fo-ram mortos por motivos religiosos estão na África subsaariana: Nigéria, Re-pública Centro-Africana, Chade, República Demo-crática do Congo, Quênia e Camarões. “Em termos nu-méricos pelo menos, não em grau, a perseguição de cristãos na região supera o Oriente Médio”, diz o rela-tório da organização.Fonte: http://veja.abril.com.br/mundo/perseguicao-a-cristaos--na-africa-e-oriente-medio-au-mentou/

os dias 13 e 14 de maio, a igreja em

Sevilha, Espanha, comemo-rou o seu 11º aniversário de organização.Como parte das comemo-rações, foi realizado no sá-bado um curso intensivo de evangelização, com o objetivo de treinar e formar a primeira equipe de evan-gelização da igreja. O curso foi dado pelo Rev. Cláudio Renato de La Jara, convida-do para a ocasião. No domingo foi realizado um culto de gratidão a Deus

pelo aniversário da igreja, com a participação de vá-rios irmãos, seguido de um

almoço de confraternização.Informações: Rev. Everton Pita / Fonte: www.apmt.org.br

D

N

Perseguição a cristãos na África e Oriente Médio aumentou

Igreja em Sevilha comemora 11º aniversário

Sevilha - um desafio missionário

Page 19: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 2017 15BrasilPresbiteriano

PRESBITERIANISMO EM FOCO

Um desafi ador campo missionário

percurso da Igreja Reformada na Fran-

ça serviria de roteiro para um dramático fi lme. Após um vigoroso início (1559-1661), a igreja experimen-tou os horrores da perse-guição (séculos 17 e 18) e, de 1802 a 1905, teve de se manter subalterna às condi-ções do Estado. No século 20, diversos fatores contri-buíram para o seu declínio. Hoje, o seguimento refor-mado luta para não desa-parecer e depende de ajuda externa.

Antes de gozar da liber-dade religiosa promulga-da pelo Édito de Nantes (1598), os calvinistas orga-nizaram seu primeiro síno-do nacional (1559) e luta-ram por sua sobrevivência. Quase um século depois, em 1685, o Édito de Nantes foi revogado e instaurou--se a fase conhecida como “Igreja do Deserto”: perí-odo de dura perseguição aos huguenotes. Estatísti-cas conservadoras apon-tam que 800 mil deixaram o país. Suíça, Holanda, Reino Unido, Alemanha e América do Norte fo-ram os principais refúgios. Aos que permaneceram na França, restaram duas op-ções: renúncia pública de sua fé ou esconder-se das dragonnades (caravanas de soldados – os “dragões” – enviadas para capturar os “hereges”).

Sob as condições esta-belecidas por Napoleão Bonaparte, o culto protes-tante voltou a ser tolerado em 1802. Debilitada após um longo período de clan-destinidade, a Igreja Re-formada teve de organizar--se em meio aos efeitos do Iluminismo, da Revolução Francesa e do liberalismo

teológico. Fragmentou-se. Após a Primeira Guerra, com uma regulamenta-ção distinta à lei de 1802, que permitiu que igrejas protestantes passassem a funcionar sem qualquer controle ou relação com o Estado, os reformados se encontravam divididos em três grupos: Églises Réfor-mées Évangéliques (mais conservador), Églises Ré-formées (mais liberal) e Églises Libres. Por sua vez, em 1938, os três grupos se uniram e, com a adesão da Église Méthodiste, deram

origem a Église Réformée de France (ERF), uma de-nominação que, no decurso das décadas, foi tornando--se cada vez mais liberal, ecumênica e inclusiva. Em 2013, a ERF uniu-se à Égli-se Évangélique Luthérien-ne de France. Desde então, os dois corpos formam a Église Protestante Unie.

Ainda em 1938, algumas igrejas decidiram não fa-zer parte da ERF e se des-ligaram do grupo ao qual pertenciam (Églises Réfor-mées Évangéliques). Essas igrejas correspondem à atual Union Nationale des Églises Réformées Évan-géliques de France (UNE-PREF), que constitui-se a única denominação conser-vadora no país.

A UNEPREF é compos-ta por cerca de 40 congre-gações e esforça-se para manter-se de pé diante de tantos obstáculos. A média

de membros por igreja é de 25 pessoas, majoritaria-mente idosas. Poucas são as igrejas que podem sus-tentar um pastor em tempo integral. Alguns templos estão fechados porque não há ministros e não é inco-mum um obreiro cuidar de duas ou três comunidades. Por essa razão, a denomi-

nação tem contado com a presença de missionários do Brasil, Estados Unidos e Holanda. Um deles é o Rev. André Luiz Geske, brasileiro que fez seus estu-dos de mestrado na Facul-té Jean Calvin e que está à frente da Igreja de Marse-lha.

Segundo o Rev. Geske, o pluralismo de ideias, o secularismo e a laicidade são os maiores desafi os en-frentados na lida pastoral. “A mentalidade é sintética. Para um típico francês, a di-ferença entre o certo e o er-

rado, entre o bom e o mau, não é tão clara. Pelo con-trário. A mentalidade fran-cesa busca agrupar polos contrários a fi m de buscar uma resposta que acomode visões antagônicas, mesmo que para isso determinados conceitos sejam esvazia-dos para que a acomodação seja feita. O francês típico não enxerga branco e preto, mas cinza. A ideia huma-nista de um teísmo univer-sal tão abrangente que con-siga agrupar todos os tipos de tradições eclesiásticas é ainda um ideal forte na cultura. Por conseguinte, o francês escuta aquilo que quer ouvir. Tudo termina em discussões e refl exões que problematizam abso-lutamente tudo e pouco se aproveita. Objetividade não é algo tão importante. É muito difícil se manter fi el às Escrituras e pregar o Cristo que ressuscitou por nossos pecados. As pesso-as simplesmente não veem sentido nessas palavras... a confusão e a ignorância sobre temas bíblicos são enormes.”

A promissora igreja hu-guenote do passado é, atu-almente, uma senhora que requer cuidados especiais. A APMT tem enviado obreiros ao país. A pátria de Calvino transformou-se em um desafi ador campo missionário.

Marcone Carvalho

O

O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é historiador e colunista regular do

Brasil Presbiteriano.

Rev. André Geske, pastor da Igreja de Marselha

Page 20: Ano 58 nº 752 – Julho de 2017 Presbiteriano

Julho de 201716BrasilPresbiteriano

Lado a LadoEdward T. Welch

“Algumas pessoas precisam de ajuda; algumas pessoas aju-dam.” Neste livro, Welch escreve para pessoas que estão dispos-tas a ajudar pessoas em difi cul-dades, por meio do ministério da amizade – um chamado de Cris-to à todos.

Em Lado a Lado, você encon-trará verdades simples e bíblicas que nos auxiliam de maneira ex-celente a carregar nossos fardos e suportamos os fardos dos ou-tros. Afi nal, precisamos de ajuda e ajudamos.

Começando pelo AmémBryan Chapell

Como os letreiros de créditos de um fi lme, a expressão em nome de Jesus dá o sinal de que uma oração chegou ao fi m. Mas

o que signifi ca fazer nossas ora-ções em nome de Jesus? Em-bora pronunciemos as palavras, sabemos o que elas signifi cam? E o que muda no conteúdo e no caráter de nossa oração se o soubermos?

Começando pelo Amém in-troduz os crentes no processo de começar nossas orações em nome de Jesus – não pelo sim-ples mover da frase, mas pela compreensão e aceitação do signifi cado por trás dela. Para orar verdadeiramente em nome de Jesus é preciso reordenar nossas prioridades na oração e na vida. É orar: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua”. É orar com coragem esperançosa e persistentemente.

A União das Naturezas do Redentor

Heber Carlos de Campos

A União das Naturezas do Redentor, é um livro para quem gosta de ler teologia fundamen-tada na infalível Palavra de Deus.

Por meio de verdades bíbli-cas, raciocínio lógico e a pre-sença do trabalho acadêmico, o Dr. Heber C. Campos busca es-clarecer verdades sobre a Unio Personalis do Redentor, revelan-do o quão preciosa é para ele a pessoa do nosso Deus.

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Boa LeituraEntretenimento e refl exão

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Histórias Cruzadas

Vivendo numa época em que a discriminação racial começava a ser debatida na sociedade norte-ameri-cana, através das palavras do Pr. Martin Luther King, Skeeter (Emma Stone) é uma jornalista que começa a colher relatos de mulhe-res negras que dedicaram a vida aos serviços domés-ticos e a criação dos filhos da elite branca local. Por meio desses relatos, nasce um livro com temas como direitos civis, que a faz rever seus conceitos e os dos moradores de Jackson.

Até o Último Homem

Baseado em fatos reais, Até o Último Homem (2016) relata a história do médi-co do exército Desmond T. Doss (Abdrew Garfield) que, durante a Segunda Guerra, se recusa a pegar em uma arma e matar pes-soas.

Durante a Batalha de Okinawa ele trabalha na ala médica, sendo respon-sável por um feito jamais visto no exército america-no, tornando-se assim o primeiro Doss (médico em batalha) a receber Medalha de Honra do Congresso.

Incondicional

Samantha Crawford (Lynn Collins) é uma escritora e ilustradora de livros infantis que perdeu toda sua alegria de viver quando seu marido Billy (Diego Klattenhoff) foi assassinado.

Determinada a encontrar o criminoso, Samantha acaba reencontrando com um amigo de infância, Joe Bradford (Michael Ealy), um ex-presidiário que assume a direção de uma ONG. Um encontro que muda sua vida e que traz renovo e fé para sua vida.