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ANO 1 - N.9 - OUTUBRO 2011 - R$ 14,90. SOFISMAS... PATRANHAS... INCONGRUÊNCIAS... No final: Reforma Política só para brasileiro ver...

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Reforma Política só para brasileiro ver...

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ÍNDICE

6 Editorial: Nem pra inglês...8, 10 e 11 Reforma política para brasileiro ver: "duas comissões só tumultuaram e nada resolveram"12 a 13 ArtigoprofessoraMariaElisaEhrhadtCarbonari–"Aresponsabilidadesocialea sustentabilidade na educação"14 a 15 Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: Angola pede moratória16 e 17 ArtigoprofessorEverardoLeitão–"Alógicadohífen"18 e 19 O discurso no Senado por Welligton Dias (PT-PI): resultados positivos do programa "Luz para Todos"

20 a 22 OS 23 ANOS DO TOCANTINS: Sessões solenes no Senado e Câmara

23 a 25 OS 23 ANOS DO TOCANTINS: Siqueira Campos eis um ousado, destemido, autêntico...26 e 27 O DISCURSO NA CÂMARA, por Cláudio Puty (PT-PA): “Proposto o fim da Lei Kandir"!

28 a 32 Rubem Azevedo Lima: "LUgARES DA MEMóRIA II"33 e 35 OS FORASTEIROS DO CENTRO-OESTE: porém Brasília é exceção à parte 38 e 43 Comissões Técnicas na Câmara dos Deputados 44 a 47 Comissões Técnicas no Senado Federal48 a 54 Tribuna dos Deputados55 a 58 Tribuna dos Senadores

Como se trata de sofismas, nem Sherlock Holmes poderá decifrar sobre o não existente. E, mais uma vez, Cerino retrata muito bem o tema da capa e da matéria principal...

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CONGRESSO NACIONALPublicação da Editora JCN Ltda.CNPJ 38.013.082/0001-81PFDF 07.305.562/001-40SBS Q.2 Bl. E Grupo 206 (Edifício Prime) Telefones: 3338-8076 3338-8246 4063-8590

CORRESPONDÊNCIAS: Caixa Postal 6801 - CEP 71.720-971 Brasília-DF

Fotos Agências Senado/Câmara/Brasil

Diretor Geral Sílvio Leite Campos [email protected] (61) 8182-3030

Diretor de Comercialização Ronaldo Viegas [email protected] (61) 8533-3335

Representação Nacional Grupo Pereira de Souza [email protected] (61) 8533-3335

Impressão AphaGráficaLtda.

Pesquisa e Digitação Joaquim do Nascimento Gomes [email protected] (61) 9618-7463 Projeto Gráfico ArtefixCriações [email protected] (61) 3344-0330

Diagramação e arte-final Mauro Barbosa – SJPDF 3.619 [email protected] (61) 9226-5207

Editor Responsável Sílvio Leite Campos (Fenaj/mat.sind.4145)

REVISTA

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brasileiro ver...

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O poder está ao lado. O conforto está dentro.

Bonaparte Bluepoint Hotel: elegante, discreto, tradicional e perto dos principais pontos turísticos e políticos de Brasília.

SHS Quadra 2, Bloco J, Brasília/DF

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Até hoje nada decidido, a não ser conjec-turas, sofismas...

Entretanto, não se precisa ser nenhu-ma pitonisa, a fim de se antever em tudo não passar de mais uma manobra protela-tória, ou seja, nada votar sobre o nada...Por isso, não haverá reforma política, pelo menos, para as eleições municipais de 7 de outubro de 2012. E convenhamos, se num ano sem nenhuma eleição, viu-e e vê-se tal chafurda, pode-se esperar algo para as eleições federal e estaduais de 2014?

Infelizmente, nada mudará. No fim, tudo como Dantes no Quartel de Abran-tes. Nós todos frustrados por contínuas falácias, com algumas lideranças po-líticas brasileiras continuando sem o menor compromisso com o prometido. Uma pena! Promessas em vão, nem para inglês ver...

Quando da edição de estréia da Re-vista CONGRESSO NACIONAL e devido a maioria do Conselho

Editorial haver determinado ser a reforma política o tema principal, na capa (leia-o no destaque), entre advertência e certa descon-fiança, optara-se pelo título: “REFORMAS SEM SOFISMAS”.

Na 2ª edição e para se dar mais au-tenticidade, empresa especializada fora contratada para realizar objetiva e exclu-siva pesquisa junto à maioria de senado-res e deputados. Naquela ocasião, (final de fevereiro/início de março), ouvira-se 297 parlamentares (40 senadores e 277 deputados federais), destacando-se os seguintes pontos: 92,5% a favor do fi-nanciamento de campanha; 71,7% pelo fim dos suplentes de senadores; 68,7% optando pelo fim das coligações nas elei-ções proporcionais.

Igualmente, 69,3% pedindo o fim da reeleição, em troca de mandato de 5 ou 6 anos; 60,2% a favor da cláusula de bar-reira; 55,5% contra as listas fechadas; 80,8% contra o voto distrital puro; 51,9% a favor do voto distrital misto; 48,65% a favor do voto secreto no Parlamento: 44,8% a favor da ampliação do prazo de fidelidade partidária.

Enquanto isso, e da maneira mais esdrúxula admissível, Senado Federal e Câmara dos Deputados instituíram duas Comissões Especiais estanques e parale-las, com os mesmos objetivos, só para se convergirem, após as aprovações internas, e no caso de um relatório único, desta feita, pela maioria do Congresso Nacional.

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“ ... O título da capa da edição de estreia “reformas sem sofismas” já refletia bem a desconfiança sobre os rumos da prometida reforma política...

Capa da

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Criatividade e eficiência na

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Criatividade e eficiência na

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Em poucas legislaturas, pouco se vivenciou um entrosamento tão produtivo, quanto se vem verificando na 1ª Sessão Legislativa desta 54ª Legislatura. Isso, a propósito de José Sarney (PMDB-AP), tão logo assumira, haver constituído Comissão Especial exclusivamente para tratar da Reforma Política, pelo ân-gulo do Senado. Enquanto Marco Maia (PT-RS), anunciando os mesmos propósitos, concomitantemente criando a Comissão Especial da Câmara dos Deputados. O normal, lógico racional, econômico, objetivo, não seria uma só Comissão Mista de senadores e deputados, para apreciar e aprovar sobre um roteiro por eles próprios decidido? No Senado até se viu alguma sugestão concretizada. Já na Câmra tudo se encontra emperrado, com agravante de briga explícita entre o presidente e o relator.

João Emílio Flamarion

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... Duas comissões tumultuarame nada resolveram

Possíveis sofismas já haviam sido antecipados e advertidos

Não será exagero se afirmar haver desavença quase pessoal entre o relator Henrique Fontana (PT-RS) e o presidente Almeida Lima (ex-PMDB e, agora, PPS-SE), a ponto de mal se cumprimentarem. O 2º vice-presidente, PSDB-SP (o último na ponta da Mesa), tanto quanto os outros dois vices, comenta-se, muitas vezes tentaram dissuadi-los de mais divergências...

Infelizmente, diante do comportamento das lideranças políticas, a tão desejada “REFORMA POLÍTICA” ficou só na teoria. Em palavras bem mais claras: SOFISMA PURO! Não há mais prazo constitucional (término em 7 de outubro) para quaisquer mudanças serem implantadas nas eleições munici-pais de 2012. Mesmo com otimismo, pode-se ima-ginar tais aprimoramentos com vista às acirradas disputas federal e estaduais de 2014? Será muito mais difícil, quase utópico, Sim, porque, diante de tamanhas discrepâncias em ano normal, tranquilo, sem eleições, como se esperar algo, se conviveremos com as eleições conjuntas de presidente da Repú-blica, um terço (27) do Senado, gerais de deputa-dos federais e estaduais? Como já bem registrado

em nosso Editorial, a partir de agora,” nem PARA INGLÊS VER”... Ah, a outra “mudança” fica pela presença do novo PSD...

Para completar tanta discrepância, as duas Co-missões, regimentalmente, têm autonomia relativa, porque cada decide entre si, porém submetendo à apreciação da outra. E vice-versa. E para completar, ninguém decide e nem decidirá nada, em razão da obrigatoriedade de votação em Plenário do Congresso Nacional. Isso sem se mencionar sobre os inúmeros recursos no âmbito de cada Comissão e para julga-mento no Plenário de cada Casa. Foi ou não tudo adredemente arquitetado para não se votar nada, como de fato aconteceu? Por isso, se indaga: tais decisões não foram adredemente planejadas? [email protected]

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O resultado deu nisso: as duas comissões es-tanques e autônomas reuniram por meses, mais precisamente de fevereiro/março a outubro, a do Senado concluindo os seus trabalho de 1º turno, enquanto da Câmara , nem sido, faltando ser conclu-ída a redação do relatório final. Os presidentes das duas Casas continuam prometendo as consecuções, porém sabendo não ser mais constitucionalmente possível nada mais ser aprovado para as eleições municipais do próximo ano.

Enquanto isso, nada de reforma política, parti-dária, eleitoral, tão prometida(s) e enaltecida(s) quan-do da abertura dos trabalhos desta 54ª Legislatura. Tudo fora prometido e reiterado para terminar em setembro e no início de outubro, ou seja, a tempo (1 ano antes) de implementações nas eleições muni-cipais. Entretanto, muita discussão, discrepâncias, em palavras mais claras, muita embromação.

Para se ter melhor ideia, o Senado encerrou o primeiro turno de discussão, somente no último dia 5, limitando-se a aprovar 3 propostas: Entretanto, antes de serem definitivamente votadas, ainda no Senado, enfrentarão um segundo de discussão

Os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Wil-son Santiago (PMDB-PB) apresentaram emendas à proposta 37/11. Jucá defende dispositivo segundo o qual, se a vacância do cargo de senador decorrer de homicídio do titular, o suplente será convocado para exercer o mandato pelo período remanescente.

Para o parlamentar por Roraima, há a possibilida-de de que um adversário político trame a morte do eleito, na presunção de que seria o candidato mais forte em novo pleito. Disposição semelhante não teria o suplente, por tratar-se de aliado político, levando-se em conta as regras atuais.

Já Santiago propõe que cada senador seja eleito com dois suplentes e que

estes sejam os que, depois do titular, obtiverem o maior número de votos. Santiago alega que, apro-vada essa mudança, quando um senador se afastar e for substituído pelo suplente, o povo verá assumir o cargo um parlamentar que também recebeu votos e não um completo desconhecido.

A ideia de emendar a proposta 38/11 foi do se-nador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Seu texto diz que, “independentemente da data de seu início, os man-datos dos deputados estaduais e distritais eleitos em 2014 encerrar-se-ão no dia 31 de janeiro de 2019”.

Aloysio alega que atualmente o governador de Estado toma posse no dia 1º de janeiro, enquanto os deputados estaduais chegam a tomar posse até no dia 15 de março. Com isso, os governantes es-

Semprecisardequalquerreformapolítica–atéporquejádeterminadaspelaConstituição(cochilo, proposital ou não do Congresso Nacional) – quase, pelas caladas, prefeituras, naturalmente aten-dendoàsmaisvariadaspressões,optaramporaumentaronúmerodevereadores.Saláriosvariados,maisespaçosfísicosparaabrigaremasassessorias,conhecidosoutrosgastosburocráticosinerentesàsfunções,enfim,hajaverbaparacustearasdespesas.Esta,juntamente,comascandidaturasdeprefeitosevereadoresdonovoPSD,asúnicasasnovidadesparaaseleiçõesmunicipaisdopróximoano...

As únicas "mudanças": mais vereadores e novo PSD

PMDB deve substituir AlmeidaLima (por haver se filiado ao PPS), agora é contestado

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Marco Maia, (PT-RS), diante do impasse, terá mais trabalho pela frente. Talvez nada mais se vote neste ano

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taduais ficam mais de dois meses governando com uma assembleia legislativa que não mais representa o eleitorado.

– Propomos essa emenda com o propósito de mitigar essa situação e, sem ofender direitos, de-terminar a posse dos deputados estaduais 20 dias após a posse dos governadores.

Encerraram hoje o quinto dia de discussão, em primeiro turno de votação, as seguintes propostas de emenda à Constituição.

– PEC 37/11, que reduz de dois para um o número de suplentes de senador e veda a escolha para esse posto de cônjuge, parente consanguíneo ou afim, até o segundo grau ou por adoção do titular.

– PEC 38/11, que fixa em cinco anos o mandato do presidente da República, governadores e prefeitos e muda a data de suas posses. Tendo como primeiros signatários José Sarney e Francisco Dornelles (PP--RJ), a proposta fixa a posse dos prefeitos no dia 5, a dos governadores no dia 10 e a do presidente da República no dia 15. Todas no mês de janeiro que se seguir às eleições. Hoje essas posses acontecem no dia 1º de janeiro.

– PEC 42/11, que determina que mudanças no sistema eleitoral devem ser precedidas de referendo para entrar em vigor.

Para completar, o tão anunciado financiamen-to público de campanha emperrou por completo, diante da decisão do presidente da Comissão de constituição, Justiça e Cidadania, Eunício Oliveira (PMDB-CE), considerando, terminativamente o PLS 268/2011, que estabelece o financiamento público de campanha. Senadores de oposição já anunciaram propósito de recorrer, para votação em Plenário.

Como se vê, em matéria de discussão, de fe-vereiro a outubro, a Comissão Especial do Senado trabalhou muito. Agora, em termo de decisão, abso-lutamente nada resolvido. Assim sendo, senadores continuarão podendo indi-car parentes e aderentes como suplentes; coligações partidárias liberadas; fi-nanciamento de campanha do jeito como se encontra; nada de verticalização das eleições nas eleições majo-ritárias; fim de reeleição, mas com mandato de 5 ou 6 anos; fim da clausula de barreira; votação com lis-tas fechadas; voto distrital puro ou misto; fim do voto

secreto no Parlamento; ampliação do prazo de fide-lidade partidária. Enfim, nada, apenas quimeras...

Pelo menos, no Senado, os debates e as pró-prias articulações conflitantes nos bastidores foram realizadas em alto nível. Na Câmara, viu-se e vê-se disputa indigesta entre o presidente da Comissão Especial, Almeida Lima (ex-PMDB, agora no PPS) e o relator Henrique Fontana (PT-RS), a ponto de uma reunião convocação para simples troca de idéias, restou sabotada pela própria presidência, acom-panhada de promessa de nada se votar. E não se votou mesmo. porque até o relatório final continua só no papel.

Existem muitas elucubrações, mas, tudo, repita-se, por hora, somente sonhos Entre as alte-rações, estão – pasme - a diminuição do tempo de mandato dos senadores de oito para quatro anos e a realização de segundo turno para prefeito nos municípios que tenham mais de 100 mil eleitores. Por acaso, alguém, em sã consciência, imagina tal proposta passar no Senado?

O relator da reforma também apresentou uma série de mudanças em seu anteprojeto de reforma, cuja versão inicial foi divulgada em agosto. O relator acolheu diversas emendas enviadas pelos partidos.

Na nova versão do anteprojeto, Fontana am-pliou a punição para os partidos que não cumpri-rem a determinação de aplicar uma parte do fundo partidário em programas de promoção e difusão da participação política das mulheres e dos negros. Segundo o relator, o partido que não respeitar essa norma será punido com a perda, no ano subsequen-te, de 10% da quota a que teria direito.

Outra mudança polêmica, porque prejudi-cial a inúmeros outros partidos, é o aumento da parcela de distribuição igualitária dos recursos do fundo partidário. O texto cria uma nova faixa de distribuição entre os partidos com mais de dez deputados federais.Com a medida, 5% do fundo serão distribuídos igualitariamente a todos os partidos com registro no Tribunal Superior Eleito-ral (TSE); 10% vão ser distribuídos entre todos os que elegerem pelo menos um deputado federal; e outros 10% entre os que elegerem pelo menos 10 deputados federais.

O relatório inicial de Fontana previa 5% para todos os partidos e 15% para os que elegessem pelo menos um deputado federal.

A impressão, quase generalizada, é de o relató-rio de Henrique Fontana vir a ser colocado de lado, como aliás deseja o próprio presidente da Comissão Almeida Lima, se continuar, é claro.

Edinho Araújo, (PMDB-SP), 1º vice-presidente, da comissão da Câmara tende assumir a presidência da comissão na Câmara

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Partindo da visão de educação como um processo através do qual todos os seres humanos e sociedades podem alcançar seu potencial mais elevado, o conceito de educação na sustentabilida-de se delineia como uma nova perspectiva educa-cional que procura integrar todas as pessoas para que elas assumam a responsabilidade de criar um futuro sustentável (FREIRE, 2004).

A educação na sustentabilidade não se re-sume a ensinar os estudantes a fazerem coleta seletiva de lixo ou a cuidarem bem do jardim de sua casa. Ou seja, é mais do que educação am-biental, configurando-se como a preparação das crianças, jovens e adultos para um novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista da prosperidade duradoura, o que implica um redi-recionamento das dimensões econômicas, sociais, ambientais e culturais.

Considerando os aspectos acima, a educa-ção na sustentabilidade envolve todas as áreas

do conhecimento. Pode, por exemplo, colaborar para o desenvolvimento de instituições sociais e sistemas democráticos e participativos, que tornem a sustentabi-lidade parte do dia a dia das pessoas. Além disso, a educação pode dar às pessoas o estí-mulo de que precisam para lidarem de forma eficaz com a limitação

dos recursos naturais disponíveis e a fragilidade do ambiente físico. Ela possibilita ainda que as pessoas sejam capazes de avaliar os limites e po-tenciais de suas decisões, conjugando ação com reflexão na sua melhor forma.

A educação na sustentabilidade parte do pressuposto de que existem recursos financeiros e tecnológicos que podem ser canalizados para o desenvolvimento sustentável, mas sem o apoio dos setores empresariais, instituições educacio-nais e governamentais, os avanços serão rasos e incipientes.

A partir da implantação da lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, que instituiu o sistema nacional de avaliação da educação superior (SI-NAES), muitas inquietações surgiram na esfera da educação superior, levando a comunidade aca-dêmica a discussões e debates do comportamento socialmente responsável da instituição de ensino.

Em específico, a instituição de ensino su-perior (IES) precisa, dentro deste cenário, tratar a responsabilidade social de forma instituciona-lizada e planejada, com base numa política de extensão comunitária que busque fortalecer a interdisciplinaridade entre os cursos e integrar a comunidade acadêmica com a comunidade externa.

A IES é responsável por harmonizar as di-mensões financeira, acadêmica e social para pro-porcionar oportunidades reais de desenvolvimento a um número cada vez maior de estudantes por meio do diálogo com as comunidades do entorno. Para cumprir com esta meta é preciso disseminar boas práticas de ensino que valorizam a qualidade e a aprendizagem eficaz.

Para tanto é preciso considerar que ao aprendizado formal deve ser acrescentado o estudo e a prática da ética, para a formação de um cidadão consciente dos seus deveres e direitos, para uma vida social compartilhada e solidária. Os alunos são convidados a serem co-responsáveis pelo aprendizado, devendo de-dicação aos propósitos, compromissos, metas e objetivos assumidos. Além disso, devem ser estimulados a desenvolverem habilidades e com-petências para liderar as mudanças necessárias

ARTI

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A responsabilidade social e a sustentabilidade na educação

Maria Elisa Ehrhardt Carbonari*

“ ... a partir da implantação da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, que instituiu

o sistema nacional de avaliação da educação superior (SINAES),

muitas inquietações surgiram na esfera da educação superior...

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a prosperidade duradoura, integrando ações de responsabilidade social com suas experiências acadêmicas.

As atividades de extensão comunitária, presentes no dia-a-dia das instituições de ensino superior, encontram nos preceitos da inclusão social, da promoção, da defesa dos di-reitos humanos, da qualidade de vida e do meio ambiente, os instrumentos adequados para a ascensão dos indivíduos na sociedade globaliza-da. Devem reinventar seus modelos pedagógicos, processos, tecnologias e produtos/serviços com foco na construção do conhecimento disrupti-vo, visando à inovação transformadora. Essas inovações por sua vez são cumulativas, e criam um novo mundo regido por parâmetros tecnoló-gicos, econômicos e sociais, com forte impacto em todos os demais subsistemas da sociedade mundial.

Estamos diante de um grande desafio para atingir o desenvolvimento sustentável num cená-rio onde as economias globalizadas geram inú-meras oportunidades, considerando o papel da educação no compartilhamento do conhecimento e do acesso à tecnologia. O desafio da susten-tabilidade está focado na exigência de escolhas inovadoras e principalmente novas formas de pensar e agir.

Não podemos deixar de alertar para o fato de que, ao mesmo tempo em que as estatísticas apontam para um crescimento da população mundial, constata-se uma melhoria na condição de vida de muitos, e em função do aumento do consumo. Conjuntamente, verifica-se um aumen-to nos riscos de degradação ao meio ambiente permanecendo a miséria e a fome para milhões de pessoas. Esse cenário impõe novas escolhas às instituições educacionais, relacionadas ao impac-to de suas atividades acadêmicas curriculares e extra-curriculares sobre os indivíduos e o planeta.

Será que as instituições educacionais estão preparadas para o cumprimento desta missão? Neste contexto, a sustentabilidade deve ser enca-rada como um compromisso com o futuro e como

uma alternativa para que as organizações encontrem melhores soluções para os pro-blemas que afligem o homem e o meio ambiente. Diversas são as maneiras pelas quais as IES podem manifestar este seu compromisso com a sustentabilidade, no entanto, a questão da igualdade de opor-

tunidade e o acesso ao ensino superior devem permear todo o processo de desenvolvimento de inovações.

As IES podem contribuir para o desenvolvi-mento sócio-econômico regional e na solução dos problemas sociais expressos nos diálogos com a comunidade e com outros atores. O processo de engajamento dos professores, alunos, funcionários e comunidades do entorno, é indispensável para a construção coletiva de novas formas de medir, dialogar e prestar contas para toda a sociedade.

Em especial, os projetos sociais e ambientais voltados para as comunidades precisam fazer parte da cultura organizacional e do dia-a-dia dos alunos, professores e gestores.

Portanto, a educação não consiste apenas em formar mão de obra qualificada e/ou especia-lizada. A questão que se coloca, como já foi dito mais acima, é construir um processo de ensino e de aprendizagem para que as pessoas sejam capazes de transformar seu entorno e de gerar dinâmicas construtivas duradouras.

Para tanto, é importante que a educação na sustentabilidade se difunda ampla e rapida-mente, tendo em vista a necessidade de preparar cidadãos responsáveis num curto espaço de tempo, utilizando espaços formais e informais de aprendizagem. Deve, portanto, incluir a todos, produtivamente.

Esse horizonte exige um esforço integrado e organizado, capaz de incorporar nos processos de formação temas relacionados ao desenvolvimento sustentável – por exemplo, a responsabilidade social e meio ambiente, os direitos humanos, a paz e a segurança, a saúde, a governança, etc. –, de maneira multidisciplinar por meio de uma plataforma diversificada de aprendizagem.

*Profa. Dra. Maria Elisa Ehrhardt Carbonari, vice-presidente de Programas Institucionais na Anhanguera Educacional Ltda. e MembrodoConselhoEstadualdeEducaçãodoEstadodeSãoPaulo

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“ ...em especial, os projetos sociais e ambientais voltados para

as comunidades precisam fazer parte da cultura organizacional

e do dia-a-dia dos alunos, professores e gestores...

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RCN

Luis Reis Cuanga, deputadopeloMPLA–

Movimento Popular para a Libertação de

Angola e também secretario-geral da JMPA,

a ala da Juventude.

Ultimamente, tem sido estranho o comportamento

da Academia Brasileira de Letras em relação ao

Acordo Ortográfico. O seu representante legítimo,

imortal Evanildo Bechara também não mais se

manifesta

O primeiro a ser convocado para prestar esclarecimento

–possivelmenteemaudiências públicas

conjuntas–éoministrodas Relações Exteriores,

gonzaga Patriota

Professor Ernani Pimentel do Portal “ACORDAR

MELHOR” estaria ingressando com ação

popular, pedindo a suspensão da entrada

em vigor, até o congresso Nacional se pronunciar

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Enquanto o Senado Federal continua aguardando esclarecimentos do Ministério das Relações Exteriores em relação ao atual estágio da Língua Portuguesa, de Pottutal, através do blog CONTEXTO LIVRE, chega a informação de Angola haver solicitado uma moratória de três anos para ratificar o Acordo Ortográfico da língua portuguesa pela necessidade de incluir o vocabulário nacional no da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). A informação foi dada, na capital portuguesa, pelo deputado Luís Reis Cuanga, integrante da delegação angolana à II Assembleia Parlamentar da CPLP. Segundo o parlamentar, Angola, que ainda não ratificou o acordo à semelhança de Moçambique, solicitou três anos para que possa implementar na totalidade este instrumento, pois entende “que deve haver reciprocidade na sua aplicação, com a integração do vocabulário angolano no comum”. Para Reis Cuanga, deve haver uniformização na escrita, devendo, como exemplificou, escrever-se “kwanza” em vez de “cuanza” como se pretende no novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Para além de Angola e Moçambique, fazem igualmente parte da CPLP Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste

Angola pede moratória para ratificação No Brasil, o Itamaraty continua silenciando ao pedido do Senado

No Congresso Nacional, as comissões de Educação e Cultura; Relações Exteriores e Defesa; e Justiça, tão logo recebam os esclarecimentos necessários, prometem iniciar uma série de audiências públicas, porém, já se sabendo não ter mais como serem concluídas neste ano. Para completar os mandatos dos presidentes dessas comissões na Câmara se expiram com o regresso parlamentar, com novas eleições programadas para março do próximo ano. Mesmo no Senado, os mandatos só terminando no final de 2012, dificilmente também será votado. Por exemplo, o responsável pelo Portal “Acordar Melhor”, professor Ernani Pimentel, há muito denunciando esse Acordo, inclusive acusando a Academia Brasileira de Letras de estar desrespeitando o Congresso Nacional, inclusive alimentando debates e prontificando-se a discuti-lo com qualquer contendor, é outro a aguardar a posição do Ministério das Relações Exteriores e, por conseqüência, do Senado e da Câmara, no sentido de melhor se posicionar. Muito embora ainda sem confirmação, o Portal “Acordar Melhor” estaria prestes a ingressar com ação popular contra a vigência do Acordo. Enquanto isso, a ABL, de uns meses para cá, vem silenciando às provocações de Pimentel. Para se ter ideia, o imortal Evanildo Bechara, apesar de a RCN vir lhe concedendo espaço livre, não se reporta mais ao impsse, preferindo silencias.

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RCN

O presidente da Comissão de Relações Exteriores

e Defesa Nacional, Fernando Collor (PTB-AL),

tão logo se inteire, promete entrar

em ação

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, João Paulo

Cunha (PT-SP) disse continuar aguardando as respostas do Itamaraty, a

fim de se posicionar

Partiu da Comissão de Educação, Cultura e

Esporte, através de Paulo Bauer (PSDB-SC),

o pedido formal de esclarecimentos

ao Itamaraty

Fátima Bezerra (PT-RN), como presidenta da

Comissão de Educação, Cultura e Esporte, até

agora sem tomar nenhuma iniciativa, terá de pronunciar até o final de seu mandato

Igualmente, na Comissão de Justiça e Cidadania,

presidida por Eunício Oliveira

(PMDB-CE), o Acordoserá devidamente

debatido

Outro a prometer se posicionar, tão logo tome ciência da posição oficial

do Itamaraty, é Carlos Alberto Leréia (PSDB-gO),

presidente da Comissão de Relações Exteriores e

Defesa Nacional

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Conforme é do Regimento Interno, as eleições para composições das co-missões técnicas são realizadas, anualmente, daí os mandatos dos os atuais integrantes expirarem-se nessa 1ª Sessão Legislativa.

Os grandes partícipes no Congresso NacionalNO SENADO FEDERAL

NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Revista CONGRESSO NACIONAL, por considerar essa matéria de grande relevância à cultura brasileira e a preservaçãoda língua portuguesa, continurá, mesmo isoladamente, a conceder todooespaçonecessário para melhor divulgaçãodo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

NOTA DAREDAçãO

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Se cor-de-rosa tem hífen, por que cor de vinho não tem? Se guarda-chu-va tem, por que mandachuva não tem?

Você já deve ter ouvido essas e outras perguntas reveladoras da falta de critério do hífen em português. E tem toda a razão de pensar que o uso do tal sinalzinho é tormento sem lógica nenhuma.

Mas não é bem assim. O novo acordo veio para colocar ordem nessa grande bagunça. Conseguiu? Isso é o que vamos ver.

O hífen lógico do acordoPara começar a entender a lógica

do hífen, vamos distinguir forma livre de forma presa. Forma livre é a pala-vra independente, que pode viver solta: cor, rosa, vinho, chuva... Forma presa é a partícula que não existe sozinha por aí: agro, infra, aero, anti...

Pois bem, valendo-nos desses conceitos, va-mos criar aqui apenas duas regras lógicas para resumir o que está espalhado nas bases XV, XVI e XVII do texto do novo acordo ortográfico. Acom-panhe e diga aí se assim não fica bem mais fácil entender o mistério.

REGRA GERAL DA PALAVRA COMPOSTA

Emprega-se elemento de ligação só para unir forma livre.

Essa regra faz sentido? Sim. O elemento de ligação quebra a independência da forma livre, o que é dispensável no caso da forma presa, cuja na-tureza já é mesmo viver grudada.

Assim é que, para juntar as formas livres guar-da com chuva, apelamos para o hífen => guarda-chuva. Para juntar as formas livres cor com vinho, apelamos para o de => cor de vinho.

Quer dizer, para trazer forma livre para constituir uma palavra composta, precisamos romper sua independência com a força do elemento de ligação: hífen ou preposição, por exemplo. Aqui incluímos os chamados encadeam-entos vocabulares: ponte Rio-Niterói, acordo Brasil-Europa etc.

Já para juntar a forma presa aero com espacial, é só grudar => aeroespa-cial. A mesma coisa de agro com indús-tria => agroindústria. A forma presa junta-se na nova palavra pela simples força da gravidade, por sua própria na-tureza grudenta. Como se sabe, forma presa não pode mesmo andar sozinha.

No entanto, a regra geral não dá conta de todos os casos. Se aplicada

indistintamente, causaria problemas. Daí a neces-sidade de uma regra de ajuste.

REGRA DE AJUSTE

Fazem-se os seguintes ajustes, conforme o caso:

a) emprega-se hífen para acerto de grafia ou pronúncia;

b) dobra-se r ou s para acerto de pronúncia.

Semvergonha? Bemcriado? NÃO. Por que não seguir a regra geral nesses casos? Para não criar exceção à regra que manda colocar n e não m antes de v ou c. Daí a necessidade de apelar para o hífen: sem-vergonha, bem-criado.

E que tal malhumorado? Malestar? Panhele-nismo? Hiperrequintado? Não. Por que também aqui não seguir a regra geral? Porque seríamos levados a ler erradamente “lhu”, “les”, “nhe” e “rre” naquelas palavras. Observe, por exemplo, que pro-nunciamos separadamente o r final de hiper e o r inicial de requintado. Daí porque, mais uma vez, o hífen é um salvador, agora evitando o risco de pronúncia equivocada: mal-humorado, mal-estar, pan-helenismo e hiper-requintado.

Já para juntar a forma presa anti com religio-so, seguimos a regra geral (sem hífen), mas temos de dobrar o r para ajustar a pronúncia => antirre-ligioso. O mesmo ocorre com a junção de contra e senha: é preciso dobrar o s para ajustar a pronún-cia => contrassenha.

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... já pensou se existissem apenas

duas regras para uso do hífen?...”

A lógica do hífenEverardo Leitão*

“ ... Para começar a entendera lógica do hífen, vamos

distinguir forma livre de forma presa....

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Como se vê, essas duas regras, a geral e a de ajuste, resumem boa parte dos casos previstos nos termos do novo acordo ortográfico. E elas têm uma lógica simples, que pode ser aprendida com facilidade.

O hífen ilógico do acordoÉ pena que o bom senso pare aí no que re-

sumimos nas duas regras – o novo acordo estabel-ece outro tanto de normas que ficam de fora dessa lógica:

• normas que obrigam ao uso de um hífen que poderia ter sido dispensado:

- quando duas vogais iguais se encontram – con-tra-almirante, auto-observação, semi-interno etc.;

- após sota, vice, vizo, ex – sota-piloto, vice-presidente, vizo-rei, ex-ministro;

- nos topônimos (nomes de lugar) compos-tos iniciados por grã ou grão: Grã-Bretanha, Grão-Pará;

- nos nomes de espécies de animais ou plan-tas, mesmo quando há outro elemento de ligação: ervilha-de-cheiro, andorinha-do-mar etc.;

- nas formas verbais, ênclise e mesóclise: cor-tá-lo, agradar-se, enviar-lhe-emos etc.;

• exceções que não fazem sentido num acordo que pretende inaugurar uma nova ortografia: man-

dachuva, girassol, pontapé, paraquedas, paraque-dista, água-de-colônia, cor-de-rosa etc.

Quinze minutos de famaJá pensou se, em vez do cipoal confuso do

acordo, existissem apenas nossas duas regras lógi-cas? Teríamos um sistema com sentido e de fácil entendimento por todos os falantes do idioma.

Afinal, por que hífen, por exemplo, em arqui-inimigo, contraataque, microonda, expresidente, cor de rosa, agradarse, Grã Bretanha, superhomem e recemnascido? Segundo o novo acordo ortográ-fico, a grafia correta é arqui-inimigo, contra-ataque, micro-onda, ex-presidente, cor-de-rosa, agradar-se, Grã-Bretanha, super-homem e recém-nascido, mas o tenebroso sinalzinho aí não faria a menor falta.

Em espanhol, por exemplo, não se utiliza o sinal nas formas verbais – os pronomes juntam-se direta-mente aos verbos: decilo, dámelo, gritome... Outro exemplo é que, em inglês e espanhol, escrevem-se Great Britain e Gran Bretaña, em duas palavras e sem nada entre elas. Um último exemplo: em espan-hol, escreve-se superhombre. Por que, então, não es-crever em português falarse, entregoulhe, dígame, gritoume, Grã Bretanha, superhomem? Estranharía-mos de início, mas o conforto da lógica acabaria por nos fazer simpatizar com a mudança. Muito radical? Mas não é para ser uma nova ortografia?

Em resumo, podemos dizer que nem tudo hoje é pura convenção no uso do hífen em português. Mas bem que poderíamos dar o passo revolu-cionário de implantar, sem exceção, a lógica sim-ples de um sistema com apenas as regras geral, e de ajuste, aqui comentadas. O único efeito colat-eral seria que o hífen passaria a ter não mais que uns quinze minutos de fama na aula de português.

*Professor e autor de livros na área de redação e texto

“ ... Em resumo, podemos dizer que nem tudo hoje é pura

convenção no uso do hífen em português...

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Um balanço do Programa Luz para Todos no Piauí., foi apresentado por Wellington Dias PT--PI). Ele lembrou que essa iniciativa é da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, no município de Novo Santo Antônio, onde apenas 8% da população contava com energia elétrica. O senador piauiense disse que, em 2003, 80% da população rural do Piauí vivia com lamparinas. “Como se vê, desta vez não vou tratar sobre royalties e de participação especial nessa área do pré-sal”, disse, em tom de brincadeira, exatamente porque, esse tem sido um tema do qual vem se dedicando com muito afinco.

– Hoje, temos aproximadamente 1 milhão de pessoas atendidas. Com mais 20 ou 30 mil famí-lias completaremos 100% da população do Estado atendida por rede de energia elétrica – enfatizou, para continuar com sua entusiasmada pregação:

"Portanto, o que me traz aqui é um relato sobre um tema tão importante e de tantas vitórias do povo brasileiro. Ainda quando ministra das Minas e Ener-gia, a hoje Presidenta Dilma Rousseff lançou – e veja só – no Estado do Piauí o programa Luz para Todos. Foi escolhido o Município de Novo Santo Antônio, que fica a aproximadamente 120 quilômetros de Teresina, um Município que tinha apenas 8% de energia na zona urbana e na zona rural. Ali, foi lançado o programa, e iniciamos um trabalho muito intenso. No meu Estado, 80% da população rural no ano de 2003 viviam na lamparina – 80% da po-pulação rural do Piauí viviam na lamparina

Quando examinamos hoje tudo o que foi feito do Luz Para Todos, tudo o que foi feito de energia urbana, nós temos aproximadamente um milhão de pessoas atendidas. Com aproximadamente mais 20 mil, 30 mil famílias, completamos 100% da popu-lação do meu Estado atendida por energia elétrica.

Eu estive esses dias visitando uma dessas regiões, a região de Esperantina, com o prefeito, Francisco Antônio, com várias lideranças ali presentes, onde tive a felicidade de receber um título de cidadania. Mas também ali pude inau-gurar, juntamente com a Eletrobrás Distribuidora do Piauí, juntamente com lideranças da Chesf, um conjunto de obras simbolizando os avanços naquela região, meu querido Senador José Pi-mentel. Só no Município de Esperantina, 10.515

Resultados positivos doPrograma Luz para Todos

pessoas saíram da lamparina para a energia elétri-ca. Vi ali, em uma das comunidades atendidas, e foram muitas as comunidades, a alegria. Barreiro dos Cocós é uma dessas comunidades. Ouvimos ali os depoimentos das lideranças, a alegria com a chegada da energia elétrica. Ali, só naquele Município, R$15 milhões 340 mil reais foram investidos em energia elétrica.

Veja, no Brasil, nós tivemos um investimento que já atingiu aproximadamente 14.117.000 pes-soas em todo o Brasil. No Nordeste, 6.936.000. Então, é um programa espetacular. Além da gera-ção de emprego – nós víamos ali os trabalhadores também que atuam nessa área. São milhares de empresas.

No meu Estado, parece algo de outro mundo você ter hoje aproximadamente 100 Municípios em que 100% da população já tem energia elétrica. Olhando para realidade de dez anos atrás, isso é uma revolu-ção. É algo realmente que nos enche de muita alegria. Treze bilhões e setecentos e doze milhões de reais do povo brasileiro investidos para beneficiar, como lembrava aqui a pouco o Senador Wilson Santiago, os que mais precisam. Um programa que é comple-tamente diferente do que tinha antes. Nós tínhamos o luz no campo, e era um programa.

Em 2003, 80% da população rural do Piauí vivia com lamparinas

“... Quero lembrar, apenas para ilustrar, que nossa companhia de energia elétrica tinha 570 mil pontos de luz em 2002; agora estamos ultrapassando 1 milhão de pontos de luz...", enfatizou Wellington Dias (PT-PI)...”

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Eu quero aqui destacar que no meu Estado, nós tivemos já de investimentos só do luz para todos cerca de 700 milhões de reais, em valores nominais. A parte de reforço trazendo energia de Estreito, tra-zendo energia Tucurui, trazendo energia de Paulo Afonso, energia eólica...

Então eu quero aqui comemorar e partilhar com os meus conterrâneos dessa importante vitória que pude presenciar ali pela fala da Dona Jesus, uma líder de uma associação dessa comunidade, ela fazendo o depoimento de como era a vida dela, e ela dizia lá: O direito de poder ter água gelada em casa, porque tem uma geladeira, porque tem ener-gia elétrica. Quero lembrar, apenas para ilustrar, que nossa companhia de energia elétrica tinha 570 mil pontos de luz em 2002; agora estamos ultra-passando 1 milhão de pontos de luz. Então, isso mostra a assertividade de um programa que quer alcançar a todos: Luz para Todos. Sempre brinco, chegar a todas as comunidades, porque sempre surge uma casa aqui, outra ali, nunca se consegue chegar, em um determinado momento, a 100%... Mas vejam, 423 mil empregos com carteira assina-da estão por trás de um programa como esse, sete milhões de postes – imaginem o que isso significa –, um milhão de transformadores.

Primeiro, a qualidade de vida melhora. 91% por cento dizem que melhora a qualidade de vida. Melhora a condição de moradia. Eles passam a par-ticipar mais de atividades sociais e culturais com a presença de energia. Ajuda a melhorar a renda

familiar. Aumenta as opor-tunidades de trabalho. A área de plantio e da criação de animais também au-menta a produtividade. Há, ainda, uma oferta maior de conserva de alimentos, ou seja, podem-se conservar a carne, o leite, as frutas, porque se pode ter uma geladeira, um freezer.

– Quero lembrar, ape-nas para ilustrar, que nos-sa companhia de energia

elétrica tinha 570 mil pontos de luz em 2002; agora estamos ultrapassando um milhão de pontos de luz. Então, isso mostra a assertividade de um programa que quer alcançar a todos: Luz para Todos. Sempre brinco, chegar a todas as comunidades, porque sempre surge uma casa aqui, outra ali, nunca se consegue chegar, em um determinado momento, a 100%...

Mas vejam, 423 mil empregos com carteira assinada estão por trás de um programa como esse, sete milhões de postes – imaginem o que isso significa –, um milhão de transformadores.

Só para termos uma noção da grandiosidade. Falamos em 13 bilhões, mas como ninguém anda com 13 bilhões no bolso, ninguém tem noção do tamanho do investimento. Mas principalmente beneficiando pessoas. Pessoas que passam, com o programa de renda... Vejam o que vem atrás do programa. O que dizem os moradores?

Primeiro, a qualidade de vida melhora. Noventa e um por cento dizem que melhora a qualidade de vida. Melhora a condição de moradia. Eles passam a participar mais de atividades sociais e culturais com a presença de energia. Ajuda a melhorar a renda familiar. Aumenta as oportunidades de trabalho. A área de plantio e da criação de animais também aumenta a produtividade.

Fui criado numa comunidade que não tinha energia elétrica. Eu sei o que é viver na fumaça de uma lamparina a óleo diesel ou a querosene – não sei qual é o pior. Estudar ali significava ficar com os olhos vermelhos, com o rosto chamuscado e com problemas respiratórios por conta da fumaça da queima do querosene ou da queima do diesel da lamparina. Não havia como guardar a carne de um porco que fosse abatido, comia-se tudo de uma vez porque não dava para salgar e conservar aquela carne, era preciso comer no mesmo dia.

Por ter vivenciado essas coisas, comemoro com o povo do meu Estado, o Piauí, e com o povo brasileiro.

“...423 mil empregos com carteira assinada estão por trás de um

programa como esse. 7 milhões de postes – imaginem o que isso significa

–, 1 milhão de transformadores. Se pudéssemos pegar os cabos elétricos,

os fios elétricos, como chamamos, e emendá-los, seria possível dar 34

voltas no Planeta Terra...”

Clovis Vieira da Silva Melo é o atual prefeito de Novo Santo Antônio, no Piauí

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“... Graças àquela ousada renitência de Siqueira Campos, a então “utópica” proposta de autonomia do Tocantins ganhou força e conquistou o apoio suprapar-tidário de lideranças de grande expressão, como Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituin-te; o então senador Fernando Henrique Cardoso, o senador Jarbas Passarinho, então deputado federal e hoje senador--líder Renan Calheiros; deputado Roberto Freire, o senador Bernardo Cabral, a então deputada federal e hoje senadora Lídice da Mata; então deputado e hoje senador Mozarildo Cavalcanti; Calheiros, então deputado e o hoje senador Paulo Paim, senadora Lúcia Vânia; então senador e depois gover-nador goiano Irapuan Costa Júnior, o então deputado e hoje senador-ministro Edison Lobão, senador Mauro Benevides, senador Itamar Franco, deputado e hoje Vice-presidente da República Michel Temer; o então deputado federal e hoje senador Aécio Neves, ex-deputado federal Delfim Netto, o inesquecível Mário Covas; o outro saudoso senador Nelson Carneiro, o então deputado cnstituinte Luiz Inácio Lula da Silva, dentre tantos outros nomes que contribuíram com o apoio a esta causa, agora, por mim, requerendo todos os seus nomes neste pronunciamento... Portanto, fica registrada a nossa gratidão."

(Um dos trechos do pronunciamento do senador VICENTINHO ALVES, (PR/TO)

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Inscrito para falar na sessão realizada no Plenário do Senado Federal, como homenagem aos 23 ANOS DO TOCANTINS e dos 2 outros estados criados pela Constituição de 1988, Vicen-tinho Alves (PR-TO), disse ser a ideia da autonomia da região norte de Goiás, muito antiga, um ano antes da Independência do Brasil. Uma luta mais do que cen-tenária era a nossa causa da emancipação do norte goiano, do Tocantins. Já em 1821 ou mesmo antes da Independência, o desembargador português Jo-aquim Theotônio Segurado proclamava o governo autônomo do Tocantins.

Mas o movimento foi reprimido e a luta pela emancipação do norte goiano ficou estagnada até que, em maio de 1956, Feliciano Machado Braga, Juiz de Direito de Porto Nacional, Fabrício César Freire, Oswaldo Ayres da Silva, entre outros bons nomes daquela época, lançaram o Movimento Pró- Criação do Estado do Tocantins.

Outros movimentos se seguiram, liderados por ativistas, sobre a autonomia. Por exemplo, meu saudoso pai, comandante Vicente de Paula de Oliveira, foi um dos criadores da ATI – Associação Tocantinense de Imprensa. A juventude da época também teve participação ativa no movimento de autonomia organizado na Casa do Estudante do Norte Goiano – Cenog, um dos principais focos de combate da secular luta pela emancipação.

A semente plantada naquele longínquo ano de 1821 começou a germinar, regada pela incansável luta do então deputado federal constituinte José Wilson Siqueira Campos. E sempre entusiasmado, enfatizou: "Presidente Sarney, com muita honra para todos nós, no comando dessa Sessão Solene, é impossível falar do Tocantins, sem destacar a per-sonalidade heroica de Siqueira Campos. Ele, que iniciou sua trajetória política como vereador pela cidade de Colina de Goiás, engajou-se cedo nessa luta libertária e sua missão ganhou força com o passar dos anos.

Senado Federal realiza sessão de homenagem

De vereador, elegeu-se deputado federal por Goiás. Com 5 mandatos construiu o alicerce ne-cessário para, como relator da Subcomissão dos Estados da Assembleia Nacional Constituinte, redigir e entregar ao presidente do Congresso e da Assembleia Nacional Constituinte, o saudoso deputado Ulysses Guimarães, a fusão de emendas que permitiu a criação do Estado do Tocantins. O trabalho de articulação política e de convencimento empreendido por Siqueira Campos junto aos seus pares e às lideranças partidárias permitiu que a emenda de criação do Estado de Tocantins fosse votada e aprovada no mesmo dia.

O exaustivo trabalho de articulação política, entretanto, não foi suficiente para garantir a pro-mulgação da emenda de criação do Tocantins. Foi preciso que o então deputado se esforçasse ainda mais.

Abnegado e determinado na sua luta pela au-tonomia, Siqueira Campos chegou a fazer greve de fome no plenário da Assembleia Nacional Consti-tuinte. Iniciativa que mereceu o apoio de todos nós, tocantinenses da época.

Como não poderia deixar de ser, Siqueira Campos é enaltecido

Vicentinho Alves (PR-TO), disse vir de

1821 a ideia para a divisão do Estado

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As votações da Assem-bleia Constituinte resul-taram no art. 13 das Dis-posições Transitórias, que determinava a criação do Estado do Tocantins em área desmembrada do Estado de Goiás, incorporando os mu-nicípios localizados acima do paralelo 13. Determinava ainda a eleição de Governa-dor, Vice-Governador, Sena-dores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, bem como a designação de cidade para ser capital provisória até a escolha definitiva pela Assembleia Constituinte do Estado.

Em 15 de novembro de 1988, atendendo ao Texto Constitucional, Siqueira Campos se elege como o primeiro governador do recém criado Estado do Tocantins.

Cumpria ali o seu primeiro mandato, levando para o Executivo estadual a mesma determinação que o acompanhou como Deputado constituinte. Naquela mesma eleição, junto com Siqueira Campos, fui eleito Prefeito da minha terra querida Porto Na-cional, tornando-me o Prefeito mais jovem da minha centenária Porto Nacional.

Em 20 de maio de 1989, Siqueira Campos lançou a pedra fundamental de Palmas, a nossa capital, inaugurada em 1º de janeiro de 1990. Como prefeito de Porto Nacional, tive a participa-ção direta, ao lado de Siqueira Campos, quando assinamos o ato que desmembrava o Município de Porto Nacional, para se criar a nossa bela e organi-zada capital Palmas. A sua construção, destque-se, repetiu a saga de Brasília.

O Tocantins avança no século 21 como uma das unidades da Federação com inestimável potencial de crescimento. Os recursos naturais, Sr. Presiden-te, são abundantes no nosso Estado. Por exemplo, as potencialidades turísticas: o rio Tocantins, o rio Araguaia, as reservas da Ilha Bananal e do Cantão e o nosso Jalapão.

A produção agrícola cresce de forma maiúscula no nosso Estado. A produção de energia para o País. Estamos produzindo mais de quatro mil megawatts: Usina de Estreito, Usina de Lajeado, Usina de Peixe Angical e Usina de São Salvador.

Exportamos hoje 90% da energia que produzimos no Tocantins para ajudar o nosso País a desenvolver--se cada vez mais.

A Ferrovia Norte-Sul, idealizada por V. Exª, interliga este País de norte a sul, cruzando longitu-

dinalmente o Tocantins, e nos dá a condição de hoje colocar a nossa produção em Palmas e ser embarcada no porto do Itaqui para a Europa e demais países.

O RECONHECIMENTO DEOUTRO NOVO LíDER

O senador João Ribeiro (PR-TO) também fez caloroso pronunciamento sobre os 23 anos do Tocantins, resumido nesses priincipais tópicos: co-memorar 23 anos da promulgação da Constituição Federal e da criação do nosso Estado traz dupla satisfação para o povo tocantinense. Primeiro, pela coincidência dos acontecimentos, pois num único ato o Brasil promulgou sua moderna Carta Magna e reconheceu o direito pela emancipação das antigas terras do norte goiano, que travou histórica luta para fazer surgir o grandioso Estado do Tocantins de hoje.

Segundo, porque o ato da promulgação da Constituição Federal representou um passo seguro para o Estado de direito. Situação que foi muito desejada por todo o País, assim como era a criação do Tocantins pelo então povo do nortão goiano.

E como a criação do Estado foi um ato democrá-tico, a comemoração desse mesmo ato também preci-sa ser. É preciso, portanto, fazer especial registro ao importante trabalho do então deputado federal José Wilson Siqueira Campos, grande timoneiro político e autor da Emenda nº 2 que propunha a criação do Estado do Tocantins, primeiro governador eleito e atual chefe do Poder Executivo do nosso Estado. Pela quarta vez, presidente Sarney, o governador Siqueira Campos governa o Tocantins.

– Aquela sofrida região do norte goiano, que hoje se constitui no Estado do Tocantins, é motivo de orgulho para o Brasil.

Eu poderia, ficar aqui apresentando uma infin-dável relação de realizações que comprava o acerto da Assembléia Nacional Constituinte de 1988, ao

criar o pujante Estado do Tocantins. Na verdade, foi o único Estado novo criado – os dois foram territórios transformados em Estados. Mas devo encerrar aqui mi-nha homenagem ao povo tocantinense pelos 23 anos de grandes realizações. O Es-tado do Tocantins é resultado da determinação e inspiração de um povo que trabalha de sol a sol para efetivamen-te levar o desenvolvimento brasileiro ao interior do País. Quem for lá comprovará o que estou dizendo.

João Ribeiro (PR-TO)"...reconhecer homens e mulheres, que trabalharam arduamente para efetivação do Tocantins, é tarefa democrática-cidadã..."

Ex-deputado federal, ex-prefeito de Palmas

e ex-senador, Eduardo Siqueira Campos

é secretário do Planejamento e um

dos artífices da nova administração do

Tocantins

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Municipal de Colinas, sua rápida ascensão para chegar direto a deputado federal de 1971 a 1989, obrigado a renunciar, a fim de assumir, pela primeira vez, o governo do novo estado. Fazendo tam-bém de registrar as suas pro-fundas amizades pessoais.

Nessa Sessão Solene da Câmara dos Deputados, Siqueira Campos a encerrou com comovente pronun-ciamento. Impressionou a todos, sendo motivo de indagação de jornalistas, o registro de memória. Sim, porque, aos 83 anos, falando absolutamente de improviso, inclusive com dados numéri-cos, fez recordações até mes-mo antes de abraçar a vida pública, quando costumava frequentar o Palácio Tiraden-tes (antiga sede da Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro...), quando ainda nem imaginava vir a ser parlamentar, quanto mais deputado federal e gover-nador. Siqueira Campos fez

relato completo de suas convivências com inúmeros homens públicos, desde o sempre relembrado João Mangabeira, por outros como Tancredo, Ulysses, os inúmeros ex-presidentes (citando-os, nome a nome e respectivas peculiaridades), sua passagem pela Assembleia Nacional Constituinte, enfim, tudo so-bre sua passagem nos 5 mandatos consecutivos de deputado federal, fazendo questão de enfatizar de só está citando toda aquela “extensa boa convivência”. Questionado o porquê de não haver mencionado o período da “greve de fome”, tão definidora para fazer José Sarney, Ulysses Guimarães e diversos outros renitentes líderes de então, para repensarem sobre seus permanentes vetos à criação do Tocantins, en-cerrou a entrevista à imprensa, com essa singular frase: “Atualmente, só procuro recordar-me dos bons acontecimentos”.

Enfatizando ser amigo pessoal do Siqueira, Izalci (PR-DF) não só compareceu a Sessão, como também discursou

A câmara dos Depu-tados também dedicou Sessão Solene, realiza-da no Plenário Ulysses Guimarães, para reveren-ciar o 23º Aniversário do mais novo estado brasi-leiro, fundado, como se sabe, desde a Constituin- te de 1988 e por iniciativa do então deputado federal Si-queira Campos. Como era de esperar, o atual governador – pela 4ª vez dirigindo o mais novo estado brasileiro – foi reverenciado por todos os oradores, tanto quanto por variadas declarações de outras autoridades. Presidida pelo próprio deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), 1º Secretário da Mesa Diretora, logo após a abertura, foi lida, ao vivo, mensa-gem do presidente Marco Maia (PT-RS), com naturais elogios à luta de Siqueira Campos pela criação do Es-tado. Cumprindo o 3º mandato, o atual presidente da Câmara não convivera com o governador tocantinense ao tempo de deputado. Entretanto, com propriedade, descreveu todo o seu conhecimento histórico ao tem-po da Assembléia Nacional Constituinte.

Outro parlamentar a se pronunciar e se dizendo grande e antigo amigo de Siqueira, ainda ao tempo de deputado por Goiás, foi Izalci (PR-DF). “Eu fui, com muita honra, seu contador...”, enfatizou. Em resposta, o governador o destacou como “importante assessor’. E confidenciou haver convidado o hoje de-putado brasiliense para ser candidato no Tocantins, não aceito pelo desejo de continuar residindo e traba-lhando por Brasília. Deixando a Presidência para ir à Tribuna, Eduardo Gomes (PSDB-TO) fez outro enal-tecedor discurso em favor de Siqueira Campos, não se esquecendo de registrar o papel desempenhado pelo atual secretário de Planejamento, ex-prefeito de Palmas e ex-senador, José Eduardo Siqueira Campos. O hoje 1º secretário da Mesa Diretora fez objetiva síntese de todo o atual estágio do Tocantins, também destacando a coesão e trabalho desenvolvidos, pelas bancadas na Câmara e Senado.

Eduardo Gomes, baseado em pesquisas oficiais, apresentou relato completo sobre a luta de Siqueira Campos, a época de vereador e presidente da Câmara

Câmara também homenageia o mais novo Estado

(Iniciativa de Eduardo Gomes [PSDB-TO] repercute favoravelmente. Ele presidiu a Sessão Solene)

Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara dos

Deputados, apresentou comovente mensagem

Autor do Requerimento, o 1º secretário Eduardo Gomes (PSDB-TO) presidiu a Sessão e também fez um objetivo pronunciamento

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Conheço José Wilson Si-queira Campos desde 1971, quando de seu primeiro man-dato como deputado federal pela Arena de Goiás.

Amizade mais consolidada, quando se postara, na primeira fila, ao lado de Marco Maciel (recém eleito presidente da Câ-mara dos Deputados), Paes de Andrade e tantos outros par- lamentares, na minha posse como presidente do Comitê de Imprensa da Casa. Igualmente, me prestigiara, inclusive com declarações enaltecedoras, em razão de minha eleição e depois reeleição como presidente do Comitê de Imprensa Presidência da República. Somos, portanto, amigos. MUITO AMIGOS! À primeira vista, diante de nossa ainda grande amizade, seria suspeito em elogiá-lo. Porém, não o farei, limitando-me, so-mente, em destacar os seus feitos. Comecemos pelo título “OUSADO, DESTEMIDO, AU-TÊNTICO!

Só eu sei, em razão daque-las coberturas diárias do Sena-do e Câmara, depois editor de política do Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de S. Paulo, Última Hora do Rio e de Brasília, como ele lutara – o termo certo é desdobrara-se naquele seu propósito de dividir Goiás (o Norte) para ser criado o Tocantins. Pudemos conviver em clima de independência e respeito mútuos. Por isso mesmo, tanto o então deputado arenista goiano Siqueira Campos, quanto este repórter se afinavam...

E foi, nessa condição – somente naquela condição de confiança recíproca – haver ele me confidenciado sobre o movimento para lançamento da candidatura do general e ministro do Exército Sylvio Frota para se contrapor ao tão anunciado nome do general e chefe do SNI, João Batista

Os 23 anos do TocantinsFigueiredo. Naquela ocasião, eu era editor de política do Jornal de Brasília. Enquanto isso, Siqueira Campos, repita-se, era simples deputado goiano arenista. Portan-to – enfatize-se – automaticamente aliado ao regime militar, partida-riamente obediente ao então pre-sidente/general Ernesto Geisel. Cumprindo, à época, o 2º manda-to de deputado federal, ainda era, um tanto quanto desconhecido da mídia nacional. Entretanto, nos bastidores, atuava como um dos principais líderes daquele peque-no grupo de rebeldes arenistas. Simplesmente, o próprio SNI de Figueiredo os esnobava. Ledo engano, até porque o movimen-to, a cada dia, crescia... Porém, “os sylvistas” continuavam se arregimentando, dispostos, como faziam questão de enfatizar, “PÔR UM BASTA” naquele processo de transição militar.

O grupo não era prestigiado – quem sabe, pelo interesse em-presarial – por alguns segmentos da chamada “grande imprensa”. Esta, mais comprometida e inte-ressada em proclamar ser aqueles

deputados “da direita parlamentar a serviço do militarismo”, como se – pasme, pasme, pasme! – o general João Batista Figueiredo fosse algum civil democrata etc. e tal... Coisa daquela época...

Em meio a toda aquela chafurdice, acabei sendo detentor de um furo jornalístico extraor-dinário, mas com o compromisso de só revelá--lo no momento apropriado.. E jamais o teria antecipado, caso o então boquirroto deputado arenista pernambucano Carlos Alberto Gomes de Oliveira (não confundir com o carioca CAÓ...), exclusivamente, para aparecer, não tivesse se precipitado. Jorge Vargas (MG), Adhemar de Barros Filho (SP), Aécio Cunha (MG), Alfredo Hoffmann (RS) – todos arenistas, repita-se –

Eis um ousado, destemido, autêntico! Sílvio Leite – Diretor Responsável

“...em sã consciência, nenhum tocantinense, incluindo os seus hoje

adversários, podem desconhecer aquela tão

considerada “insana gREVE DE FOME'' (leia mais na

página seguinte) e tudo o mais obstinadamente conseguido

para concretizar o hoje vitorioso Tocantins...”

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mo confidenciaram e confirmaram a intenção, anteriormente imaginada por Siqueira Campos (GO). Porém, numa sombria tarde de sexta-feira (normalmente sem assunto...) numa roda de jornalistas, e só para aparecer no noticiário, o deputado pernambucano, sem ninguém indagá--lo (até porque, na roda, tenho certeza, só eu o sabia...) afirmara ter uma “bomba” a revelar. E logo em seguida, mencionara o lançamento da candidatura de SYLVIO FROTA, no dia 25 de agosto, ou seja, no Dia do Soldado! Ainda aguardei um dia, o sábado, tentando também me resguardar junto à direção do jornal.

Como não poderia deixar de ser, fora a man-chete de domingo, tornando-se, assim, “FURO NACIONAL”, mais ainda, porque o restante da imprensa, talvez por não acreditar na falácia de Carlos Alberto, não deu grande importância, só vindo a fazê-lo, após a destacada matéria do Jor-nal de Brasília.

É claro, a notícia só foi publicada diante da intempestividade daquele deputado pernambucano (traindo seus próprios companheiros do Grupo Pró Sylvio Frota...) porque não mais poderia guardar o sigilo. Infelizmente, não pude comuni-car a Siqueira Campos e nem aos demais, porque era final de semana e todos estavam ausentes de Brasília. Siqueira, por exemplo, em viagem pelo interior de Goiás, como sempre o fazia aos sábados domingos, já em pregação para a criação do seu Tocantins. Em suma, todos foram surpreendidos. Aquela notícia considerada “abortadora” do cha-mado “projetado antigolpe”, uma pá de cal na candidatura Sylvio Frota!

“...No final de 1985 (governo José Sarney), em razão das primeiras reações

contra a proposta para a criação do Tocantins, já demonstrando desespero,

Siqueira Campos iniciou greve de fome, agravada, a ponto de ele haver

sido transferido para o serviço médico. Durante esse período de internamento,

o amigo e médico Ronaldo Caiado, no destaque (ainda não era deputado

federal), diariamente ia visitá-lo, medicando-o contra a debilitação

crônica. A direção da Câmara tentava, por todos os meios, impedir

o acesso da imprensa. Entretanto, o repórter fotográfico Júlio Ramos

do JORNAL CONgRESSO NACIONAL conseguiu essa foto exclusiva,

depois permitida a outros veículos. A greve só foi interrompida após 45

dias, com a promessa de o tema ser colocado em pauta.

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Confirmada tal pretensão, Geisel, Golbery e os outros menos votados (sem trocadilho) ultimaram a demissão do ministro do Exército e consequente antecipado lançamento do nome de Figueiredo. Do resto depois, todo mundo sabe... Afora Sylvio Frota, eu fui outro penalisado...

Como não sabia – sinceramente não o sabia – ser um diretor do Jornal de Brasília, primo-irmão do então vice-líder arenista Jorge Vargas (o mais ligado parlamentar ao líder e também mineiro José Bonifácio), de repente, vi-me numa situação constrangedora e consequentemente embaraçosa. Porque, e natu-ralmente, a crise política aglomerava-se desde o Palácio do Planalto, acabei, já na manhã da segun-da-feira, sendo covarde e acintosamente agredido pelo mesmo vulgar deputado Carlos Alberto, no próprio Jornal de Brasília.

Afora isso, fui demitido do jornal com natural repercussão nas imprensa nacional e internacio-nal. Não foi respeitado nem meu mandato sindi-cal, porque, à época, fazia parte da diretoria do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, diante de haver sido um dos articuladores da vitoriosa chapa encabeçada pelo nosso eterno Carlos Castello Branco. Por isso, a direção do Jornal de Brasília voltou atrás, mas não aceitei continuar num cargo de confiança, mormente em se tratando daquele constrangimento.

Voltando ao conceito de Siqueira Campos, este, apesar de todas aquelas pressões e jamais se submetera a injunções, sempre se mantivera altivo e independente. Só depois ele viria entender

porque eu resolvera revelar aquela encubada rebe-lião. Como era (ainda hoje o é...) um outro homem digno e corajoso, não foi pedir arrego a Figueire-do, como quase todos os fizeram. Por sorte, como Figueiredo adorava conviver com outros homens públicos corajosos, a ouvir verdades e não admitia puxasaquismo, preferindo conversar com quem o contestava, tomara a iniciativa de mandar chamar Siqueira Campos. Depois se soube, conversa de-morada e aberta.

Neste particular, por haver sido eleito e reeleito presidente do Comitê de Imprensa da Presidência da República (inicialmente contra a recomendação de Figueredo) e mesmo diante das inúmeras atitudes exercidas (relembre, entre outras, a “revolta dos fotógrafos” à saída da rampa do Palácio do Planalto...), acabamos também melhor nos respeitando. Figueiredo era assim... Siqueira é também assim... Ambos, ho-mens públicos dignos!

Porque poucos haviam tomado conhecimento daquele produtivo (re)encontro de Siqueira com o já eleito presidente da República, imaginava-se haver o então deputado goiano sido execrado. Não o foi, pelo contrário, pois Figueiredo, pelos motivos já expostos, gostava muito de dialogar com políticos sinceros.

Reeleito deputado, sucessivamente, em 1974/1978/1982/1986, ou seja, por 5 mandatos, incluindo a Constituinte 88, quando conseguiu a aprovação da criação do Tocantins, havendo re-nunciado, porque eleito (1º de janeiro de 1989 a 15 de março de 1991) o seu primeiro governador. Hoje, no 4º mandato de governador e o total geral de 9 anos e mais de 8 meses, devendo perfazer 12 anos até 31 de dezembro de 2014 (ou 15 de janeiro de 2015 – se nova data da posse vier ser mesmo modifica-da...)., portanto, recorde absoluto. E não se duvide caso concorra à reeleição, porque, do alto de seus atuais 83 anos, encontra-se com impressionante lucidez, a ponto de relembrar de fatos políticos ocorridos ainda na sua juventude, como o fizera, de improviso e de fluência inflamada, na Sessão Solene da Câmara dos Deputados. Registre-se – só para argumentar – haver Miguel Arraes (também fugaz e fagueiro...) falecido aos 88 anos e ainda com "planos futuros".

Finalmente, e como se vê, o povo tocantinense ainda tem muito a esperar de seu quase eterno go-vernador, naturalmente, torcendo para a mantença das imprescindíveis ousadia, destemor e absoluta autenticidade. (SL)

“ ...Reeleito, sucessivamente,

em 1974/1978/1982/1986, ou seja, por 5 mandatos, incluindo

a Constituinte 88, quando conseguiu a aprovação da criação

do Tocantins, havendo renunciado, porque eleito (1º de janeiro de

1989 a 15 de março de 1991) o seu primeiro governador....

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Na opinião do deputado, a medida prevista na Lei Kandir fazia sentido para o momento de dificuldades na balança co-mercial brasileira à época de sua aprovação. Atualmente, afirmou, no caso da exploração de mine-rais não renováveis, a medida não se justifica e vem produzindo prejuízos para os estados mine-radores.

Nós não podemos penalizar com isenção de tributos estadu-ais as empresas que são altamen-te produtivas e que têm gozado dos altos preços das commodities no mercado internacional. Essa isenção tira dinheiro dos cofres do Estado. Só do Estado do Pará, segundos cálculos do próprio Tribunal de Contas do Estado, no último ano, foram cerca de 2 bilhões de reais, quando nosso orçamento pouco supera os 10 bilhões de reais/ano. Isso é uma covardia e, ao mesmo tempo, não encontra, nem na teoria econômica, nem no bom senso, nenhuma salvaguarda.

Não faz sentido fomentarmos, através de isenção de impostos, a atividade de extração de minérios, que sabemos não são renováveis, um dia acabarão – e com o aumento da produtivi-dade da Vale e de outras mineradoras esse dia está cada vez mais próximo –, e não utilizarmos os recursos para garantir a industrialização de áreas como as do Estado do Pará, na região de Carajás, de Marabá, de Ourilândia, de Tucumã, onde há a maior província mineral do mundo. Não faz sentido econômico, não é justo e agride o bom senso.

Proposto o fim da Lei Kandir“Informo a esta Casa que acabo de protocolar a Proposta de Emenda à Constituição nº 92, de 2011, que torna sem efeito a validade da Lei Kandir, que foi constitucionalizada para a exploração de recursos minerais obviamente não renováveis. A Lei Kandir, criada no Governo Fernando Henrique Cardoso, tinha o objetivo de fomentar nossas exportações em um momento de graves restrições do balanço de pagamento, problemas de balança comercial. Como consequência nefasta de uma preocupação justa, foi feita uma covardia com os Estados mineradores, particularmente Minas Gerais e Pará, este, pelo qual fui eleito”, afirmou Cláudio Puty (PT-PA).

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“... nós não podemos penalizar com isenção de tributos estaduais as empresas que são altamente produtivas e que têm gozado dos altos preços das commodities no mercado internacional...”

Portanto apresentei essa PEC, mas o seu teor não é em defesa, particularmente, do Pará ou de Minas Gerais, mas em defesa do Brasil como um todo. Se enfrentávamos no passado problemas na balança de paga-mentos, na balança comercial, hoje enfrentamos o problema da desindustrialização, com a guerra cambial instaurada no mundo, com os problemas da China e do centro do capitalismo. Não é justo e não faz sentido, como eu disse anteriormente, utilizarmos recur-sos públicos – porque é disso que estamos falando –, darmos à Vale e a outras mineradoras, como Imerys e Alcoa, para que possam vender mais barato minérios que, ao fim e ao cabo, fazem parte do patrimônio do povo brasileiro.

Não estou propondo que aca-bemos com a Lei Kandir como um todo, prejudicando assim todo o setor exportador. Estou propondo

uma alteração pontual na Lei Kandir, no que se refere à exportação de recursos não renováveis.

Isso me parece absolutamente justo, pois não prejudica resultados macroeconômicos de nossa balança comercial e vai ajudar muito nas contas dos Estados mineradores.

Podemos inclusive pensar um desenho no qual esse fim da Lei da Kandir esteja vinculado a um fundo de fomento à industrialização, ciência e tecnologia, para garantirmos que os recursos sejam utilizados na verticalização produtiva. Isso éfundamental para mudarmos o rumo do Estado do Pará e de outros Estados mineradores, como o da Bahia e o de Minas Gerais.

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Conseguimos uma vitória importante nos últimos anos no Pará que foi trazer uma side-rúrgica muito grande para Marabá. Aliás, a Vale não queria instalá-la e, graças à pressão política do Presidente Lula, conseguimos, pela primeira vez em décadas, instalar uma siderúrgica a 600 quilômetros da costa.

Agora queremos mais; queremos os fundos, queremos garantir que haja toda a infraestrutura para podermos escoar os minérios das minas de Carajás, dentro do Pará, com a Hidrovia Araguaia--Tocantins.

Aproveito este momento que tenho aqui para, inclusive, fazer um apelo à Presidenta Dilma. Soubemos que as obras da Hidrovia Araguaia--Tocantins, que é uma obra fundamental para a integração econômica do centro-norte brasileiro, teria sido retirada do PAC. Isso também não faz

sentido, porque esse é um conjunto de ações que visa industrializar aquela região do País. Com uma siderúrgica em Marabá, ao lado das minas de Carajás, com as eclusas de Tucuruí, com o Porto de Vila do Conde ampliado, que é uma obra do PAC, não faz sentido cancelarmos a Hidrovia Araguaia-Tocantins, porque ela permite que o minério saia de Carajás, vá pelo Rio Tocantins, atravesse as eclusas de Tucuruí e possa ser transportado den-tro do Estado do Pará.

Portanto, em defesa do País, em defesa dos nossos recursos naturais, todo apoio à PEC 92.

"...a presidenta Dilma está disposta a mudar os rumos da política econômica neste País, que foi alterado aos poucos pelo presidente Lula. Como exemplo, a recente diminuição da taxa básica de juros. Essa é uma sinalização concreta – ra-zão pela qual o mercado financeiro bate tanto na atual equipe econômica do Governo Dilma – da confiança no rumo...”, destacou Puty

"...não estou propondo que acabemos com a Lei Kandir como um todo, prejudicando assim todo o setor exportador. Estou propondo uma alteração pontual na Lei Kandir, no que se refere à exportação de recursos não renováveis...”

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gO Na Constituinte,

como no Congresso, além de Ulysses, outros dois paulistas tiveram atuação marcante: Má-rio Covas, líder então do PMDB na Assembléia, e Roberto Cardoso Al-ves, mentor intelectual do grupo “Centrão”, já referido, que foi o contra-ponto do pensamento e das opiniões mais avançadas dos liderados pelo senador, então pe-emedebista.

Por sinal, casualmente, vi o nascimento des-se grupo. Em meio à Constituinte, fui, à noite, ao encontro de um colega do Rio, que se alojara no Hotel Nacional de Brasília, e estaria no restaurante próximo à piscina. Como não estava, o recepcionista me sugeriu procurá-lo num salão de reuniões, no interior do hotel. Pois lá ouvi o deputado Cardoso Alves perorar, para meia centena de deputados, em prol da “resistência ao extremismo dos robespierres e marats, na Constituinte”.

Roberto e seu grupo foram importantes na sal-vação do mandato de cinco anos de Sarney, tanto quanto na adoção de fórmulas mais brandas para preservar a propriedade do subsolo e duras sobre a distribuição de terras para a reforma agrária, bem assim pelo espírito das MPs, a título de proteção da governabilidade no país.

Tempos depois, Cardoso Alves foi pivô de um episódio que, politicamente, o deixou arrasado. Falando sobre política e políticos, ele citou máxima franciscana, para estendê-la a esses assuntos, di-zendo que “é dando que se recebe”. Ou seja, admitiu a recompensa fisiológica do favor político.

Agoniado pela repercussão de suas palavras, ele ficou dias sem abrir a boca. Semanas depois, no gabinete de Sarney, sobre intolerância de um colega, no tocante a um projeto, ele não se conteve: “São Tomaz de Aquino...” Sarney o interrompeu: “Roberto, por favor, não ponha mais nenhum santo na advocacia de suas controvérsias”. Cardoso calou- se imediatamente.

O deputado paulista era bom nessas advo-cacias. Em discurso comovente, no ano de 1992, aplaudido pelo então líder da maioria na Câmara, deputado Luis Eduardo Magalhães, fez o deputado Geddel Vieira Lima – acusado de ser um dos anões

Lugares da memória IIdo orçamento –, chorar em plenário e escapar de perder o mandato.

MáRIO COVAS

Mário Covas chegou à Câmara em 1963, eleito pelo PST (Partido Social Trabalhista), pelo qual se elegeram mais três representantes: Tenório Caval-canti e Demistoclides Batista, do então Estado do Rio de Janeiro, e Esmerino Arruda, pelo Ceará.

Tenório, chamado o “Homem da Capa Preta”, sob a qual, dizia-se, escondia sua metralhadora (nunca vista), era orador dos mais enxundiosos em plenário; Demistoclides, sindicalista de esquerda, pouco ia à tribuna. Esmerino apresentara, em legislaturas anteriores, propostas de emenda cons-titucional, sugerindo a prorrogação dos mandatos presidenciais.

Tais emendas nunca vingaram. Mas, no pri-meiro governo militar de 1964, em julho desse ano, militares da chamada linha dura, valeram-se da proposta de três senadores da antiga UDN (João Agripino, Afonso Arinos e Daniel Krieger) que, a pretexto de permitir a Castelo Branco fazer a limpeza rumo à democracia, prorrogaram, por mais de um ano, seu mandato, cujo término seria em 31 de janei-ro de 1966 (data em que Jango deixaria o governo). Cancelou-se, pois, o pleito presidencial marcado para novembro de 1965, na Constituição de 1946.

A partir dessa emenda à Constituição, ocorre-ram as primeiras reações violentas à ditadura pror-rogada, pelo país afora. Outro aumento de mandato presidencial, de cinco para seis anos, foi feito pelo general Geisel, no pacote de abril de 1977, que elevou o do sucessor, a ser por ele indicado mais tarde – o general Figueiredo –, à eleição indireta, em colégio eleitoral adrede preparado.

Para quem depusera um presidente, acusado de pretender o continuísmo, tais ações, dos cha-

Rubem Azevedo Lima*

“... Roberto Cardoso Alves foi pivô de um episódio que, politicamente, o deixou arrasado. Falando sobre política e políticos, ele citou máxima franciscana, para estendê-la a esses assuntos, dizendo que “é dando que se recebe”. Ou seja, admitiu a recompensa fisiológica do favor político...”

Rubem: 65 no jornalismo

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mados “revolucionários” em defesa da democracia, não poderiam ser mais antidemocráticas. Organizou-se, então, no plano legal, uma frente ampla, pela volta à democracia, que reuniu os ex-presidentes Juscelino, João Goulart e Carlos Lacerda, ex-governador da Guanabara.

Com o AI-5, continuava-se a ignorar a Constitui-ção de Castelo Branco. Lacerda foi cassado e preso, no dia da assinatura daquele ato. A Frente Ampla, além de proibida, foi extinta. Reabriu-se a cassação de mandatos e o país ingressou em regime de tru-culências nunca vistas, entre as quais a da tortura e do assassínio de adversários, muitos intelectuais, estudantes e trabalhadores.

Essa digressão, embora longa, além de dar idéia de quem eram os companheiros partidários de Mário Covas, motivo pelo qual chamavam o representante paulista de “flor do lodo” no PST, bem ou mal, aju-da a mostrar qual era a situação do Congresso, no regime de 64, e o rigoroso controle da ditadura não apenas sobre o legislativo, mas também o judiciário e a imprensa.

Sobre Covas, deve-se mostrar o que era a Câma-ra, antes do golpe militar. Não se oferecia, ali, regalia alguma aos deputados. Só os lideres de grandes partidos tinham gabinete. Os outros valiam-se de datilógrafos, no espaço entre o plenário e o cafezinho público. Líder do PST, Covas atuava na Comissão de Finanças da Câmara, ainda em 1964, quando a dirigia o gaucho Peracchi Barcelos.

No início do ano, Castelo vetou a candidatura de Ranieri Mazzilli a mais uma reeleição à presi-dência da Câmara. Criou-se até um bloco parla-mentar revolucionário, para derrotar o deputado paulista, que, até então, dirigira a Câmara por sete anos. O bloco lançou a candidatura do mi-neiro Bilac Pinto. Mazzilli manteve a candidatura e obteve, apesar da enorme pressão de militares, 167 votos de seus pares. Bilac elegeu-se com 184, só 17 votos a mais. Os militares habituaram-se a fazer rolo compressor, de caráter terrorista, nas votações de seus interesses, no Congresso, até o fim da ditadura.

Sobre o trabalho de Covas, na Comissão, Perac-chi Barcelos dizia que o líder do PST foi o político mais sério que conheceu. Exigia-se, então, respeito ao texto dos projetos governamentais, mas Mário Covas os melhorava, sem trair suas idéias e sem desfigurar-lhes a essência, pensando sempre no povo. “De resto, sua pontualidade na entrega de pareceres era fantástica”.

De manhã, antes das sessões, Covas sentava-se a uma das mesas de datilografia, batia ele mesmo seus pareceres a projetos recebidos na véspera, que estudara à noite e datilografava para votação à tarde. Com o tempo, mesmo após a extinção dos velhos partidos, Peracchi (da Arena) dava mais projetos do governo a Covas do que aos governistas.

Dizia-se que Costa e Silva, presidente, apreciava a postura de Mário Covas. Sua cassação foi das últi-mas a serem assinadas pelo general. Os jornalistas, quase todos, que o admiravam, pelo caráter, sabiam que ele se sentia incomodado, por não o terem cas-sado, com outros colegas.

“Como podem fazer isso comigo, depois de cas-sarem companheiros inocentes?” Ele só se sentiu bem após sua cassação.

Entre os liderados por Mário Covas, Tenório, o homem da capa preta, criava frequentes casos, no plenário. Um deles foi com o então deputado Anto-nio Carlos Magalhães, que, sentado ao lado de seu colega, outro udenista da Bahia, João Mendes, ou-via, por acaso, o parlamentar fluminense falar sobre desvios de verbas orçamentárias. À certa altura, ele acusou alguns parlamentares baianos.

O plenário quase vazio e este repórter, sentado numa das cadeiras laterais para jornalistas, viram ACM levantar-se, e dirigir-se ao microfone de apartes e dizer algo que desagradou a Tenório. Esse parou o discurso e pediu, a quem dirigia a sessão, que requisitasse uma ambulância e um rabecão para o plenário.

Noutra ocasião, Tenório falava sobre mortali-dade infantil no Brasil. Um dos presentes, Dirceu Cardoso, capixaba, ouvia-o, distraído, enquanto res-

“... com o AI-5, continuava-se a ignorar a Constituição de Castelo

Branco. Lacerda foi cassado e preso, no dia da assinatura

daquele ato. A Frente Ampla, além de proibida, foi extinta. Reabriu-

se a cassação de mandatos e o país ingressou em regime de truculências nunca vistas, entre as quais a da tortura e

do assassínio de adversários, muitos intelectuais, estudantes e

trabalhadores...”

“...no início do ano, Castelo vetou a candidatura de Ranieri Mazzilli a mais uma reeleição à presidência da Câmara. Criou-se até um bloco parlamentar revolucionário, para derrotar o deputado paulista, que dirigira a Câmara por 7 anos. Bilac elegeu-se com 184, só 17 votos a mais. Os militares habituaram-se a fazer rolo compressor, de caráter terrorista, nas votações de seus interesses, no Congresso, até o fim da ditadura...”

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pondia a cartas dos eleitores e vez por outra, olhava para orador. Esse, de repente, perguntou: “Sabem quantas crianças morrem no Brasil a cada palavra que digo?” Faz uma pausa, encarou o plenário e citou cifra espantosa. Dirceu não se contém: “Para de falar, desgraçado.”

BOM HUMORTiradas inteligentes e de bom humor nos de-

bates eram comuns. Adauto Cardoso, da ex-UDN do Rio, provocou risos ao interpelar o ministro da Justiça de JK, deputado Armando Falcão, sobre envolvidos nos levantes de Aragarças e Jacarea-canga.

“V.Exa. pode nos dizer, ministro, se está em sua lista o nome de Rafael Sabatini?” O ministro rebusca documentos que levara à tribuna.O plenário começa a rir. Ele se perturba ainda mais e conclui, nervoso. “Não achei este nome na lista”. O plenário explodiu em gargalhada.

Sabatini, um romancista, escrevia aventuras rocambolescas. Adauto agradece a informação e diz a correligionários próximos, em voz alta o bastante, para o ministro ouvi-lo: “O romance que o ministro lê não é de Sabatini, é dele mesmo”.

Carlos Lacerda, no Rio, aparteado por um opositor que não o deixava falar, interrompeu o que dizia e contou que seu pai fora deputado, ao tempo em que todos usavam chapéu, mas, ao chegarem, à Câmara, entregavam-no ao chapeleiro. “Meu apar-teante, que não usa chapéu, com certeza deixa a cabeça na chapelaria”.

Às vezes, mesmo durante o regime militar, faziam-se brincadeiras com os colegas mais novos. O deputado Padre Godinho, de São Paulo, extraor-dinário imitador de vozes, numa sessão noturna do Congresso telefonou para o seu opositor, o baiano Mário Piva, imitando a voz do então chefe da Casa Civil, de Castelo Branco, senador Luís Viana filho. “Caro amigo, queria conversar consigo a sós, em minha residência [local bem longe do Congresso], com urgência.

O deputado abalou-se, apressadamente, sob o temporal, para o encontro. À porta da casa do minis-tro, sob a chuva, tocou a campainha. Um segurança o atendeu. “Sou o deputado Mário Piva, da Bahia. O ministro me chamou.” O segurança liga da guarita para a casa e anuncia o deputado.

Em poucos minutos vem a resposta: “ O mi-nistro não chamou ninguém e está na cama para dormir. Mas mandou dizer ao deputado que isso, com certeza, foi brincadeira do Padre Godinho”.

Há brincadeiras mais pesadas. Num começo de tarde modorrenta, na Câmara, o deputado paulista Menotti del Picchia, um dos poetas da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, então com 70 anos, dormita em sua poltrona, antes de abrir-se a sessão.Na bancada atrás da sua, conversam alguns paulistas, entre os quais Carvalho Sobrinho, Aniz Badra, Ivete Vargas, Atiê Coury e dois ou três mais. A conversa do grupo não perturba o sono do poeta.

Carvalho aproveita a distração de todos e põe, um papelucho junto à pasta do adormecido. Pas-sados alguns minutos, ele finge ler o papel e alerta Ivete: “Esse bilhete deve ser para você”. Ele mesmo o apanha e o entrega à deputada, que o lê e, raivosa, acorda Menotti com um safanão: “Poeta de merda”. Assustado, o poeta lê, escrito em letra de fôrma, o bilhete que Ivete lhe mostra, com o nome dela no título. “Que tenho eu com isso? A letra nem é minha.”

Ivete sai xingando e aborrecida, percebendo que se tratara de maldade de alguém do grupo com o qual conversara. A quadrinha de Carvalho Sobrinho: “Todos dizem que ela dá/ e é possível que ela dê/ pois a Ivete é deputada/ sem o “da” e sem o “dê”.

Djalma Marinho, de viagem marcada para Roma e o Vaticano, recebe de seu barbeiro, na Câma-ra, pedido modesto; “Deputado, por favor, me traga uma foto de seu encontro com o papa, autografada por S. Santidade.

Djalma viajou, voltou e esqueceu a promessa fei-ta. Ao encontrar o barbeiro, explica-se: “Raimundo, quando me viu, o papa indagou quem cortara tão mal meu cabelo. Eu dei seu nome e o papa, negou o autógrafo.”

“... o plenário quase vazio e este repórter, sentado

numa das cadeiras laterais para jornalistas, viram ACM

levantar-se, e dirigir-se ao microfone de apartes e dizer

algo que desagradou a Tenório Cavalcanti. Esse parou o

discurso e pediu, a quem dirigia a sessão, que requisitasse

uma ambulância e um rabecão para o plenário...”

Sabatini, um romancista, escrevia aventuras rocambolescas. Adauto Lúcio Cardoso agradece a informação e diz a correligionários próximos, em voz alta o bastante, para o ministro ouvi-lo: “O romance que o ministro lê não é de Sabatini, é dele mesmo”.

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Esse deputado, presidente da Comissão de Jus-tiça da Câmara, negou-se em nome de sua honra, a aprovar a licença para instalação de processo contra o deputado Márcio Moreira Alves. Na outorga da Carta do marechal Castelo Branco, de 1967, ele foi relator da parte econômica, alterada pelos militares. O deputado Rômulo Marinho, do Rio, encaminhou algumas emendas. Todas, no entanto, se extravia-ram. Depois ele soube: os netos de Djalma aprovei-taram o papel das emendas, fizeram desenhos, que depois rasgaram.

Quando ministro da Fazenda do regime militar, Delfim Netto foi convocado pelo paulista Herbert Levy, para dar explicações sobre o café brasileiro. Delfim compareceu à CPI, no antigo salão da taqui-grafia, no subsolo da Câmara.

Levy começou a interpelar Delfim, na tribuna ao lado da mesa diretora, próxima do ministro. Abriu um livro de mais de 600 páginas e leu estatísticas sobre o assunto, para fundamentar a interpelação do ministro. Foram quase cinco minutos de leitura. De repente, Delfim ergue-se da poltrona, brusca-mente, e tira das mãos de Levy o livro que esse lia. Surpreso, o deputado vê o ministro folhear o livro, olhá-lo, rapidamente, e devolvê-lo, fechado, a seu dono, afirmando: “O senhor estava lendo matéria sobre açúcar, não o café”. Levy tentou, por vários minutos, reabrir o livro na página que lera e não conseguiu, desistindo de fazer outras perguntas.

Mais tarde, aos jornalistas, ele queixou-se: “Vo-cês viram o que fez Delfim? Eu falava mesmo sobre café!” Delfim até hoje contesta essa versão.

Nos muitos entreveros de plenário não faltam curiosidades. Na primeira Semana da Pátria de 1964, o deputado Hermano Alves, do Rio, surpre-endeu um orador governista, Benedito Ferreira, que se preparava, já na tribuna, para falar. “Deputado, o Sr. me dá um aparte?” Mas eu nem comecei a falar...” “Eu sei o que o Sr. vai falar. Vai bajular os militares até dizer chega” - replicou Hermano. José Bonifácio, na presidência da sessão, o advertiu. No dia seguinte Hermano aprontou outra, para o mineiro.

“Presidente, peço a palavra para uma comuni-cação grave”. Bonifácio dá-lhe a palavra. “Sr.presi-

dente – começa Hermano – como oficial da reserva do Exército, formado no CPOR, denuncio a Câmara por transporte indevido da Bandeira Nacional. Vi, ao subir a rampa de acesso, um guarda fardado, da Câmara, conduzindo a bandeira nacional sob o sovaco, para hasteá-la no mastro”. Bonifácio, es-pantado, indaga como se transporta a bandeira. “O sr., um revolucionário, não sabe? Dobrada e numa bandeja de prata, com todo o respeito”. O deputado anunciou que mandaria comprar a bandeja. O de-putado Benedito elogiou os militares.

Dias depois desse episódio, o diretor do Correio da Manhã, em Brasília, Reinaldo Gonçalves, ex-pracinha que trouxera da guerra uma pistola ale-mã, sua companheira de todas as horas, mandou o repórter João Emilio Falcão ver os preparativos da Aeronáutica, para o primeiro desfile militar, após o movimento de 64. Haveria demonstração de tiro ao alvo, para as autoridades. Segundo o repórter, em seu relato, a “revolução teria acabado”, pois quase todos que a fizeram teriam morrido, se a farinha atirada fosse uma bomba: um dos sacos lançados caíra em cheio sobre o palanque principal.

Um oficial da FAB, em uniforme de campanha, foi à sucursal, para tirar satisfações. Subiu a escada numa casa assobradada, na W-3 e desembocou, no alto, diante da sala em que eu trabalhava. Indagou, raivoso, quem era o chefe da sucursal. Apontei para a sala de Reinaldo, ao lado. Ele entrou agressivo: “Quem foi que escreveu essa porcaria?” Mas não contava com a reação do jornalista, que o recebeu de pistola na mão. “Ponha-se daqui pra fora, já”. O oficial assustou-se. Reinaldo insistiu, apontando-lhe a arma. Ele saiu, rápido, escada abaixo. Reinaldo ligou para o general Ernesto Geisel, que, quando Mazzilli assumia a presidência da República, era nomeado seu chefe de Gabinete Militar, e o jornalista seu secretário de imprensa.

“General, acabo de enxotar daqui um militar da FAB, que veio fazer-nos ameaças”. Geisel disse que Reinaldo agira bem. Nos primeiros meses de 64, os militares ainda não se excediam contra os adversá-rios ou Geisel talvez ainda não tivesse lido o texto de Falcão. Nada aconteceu a Reinaldo.

“... o deputado norteriograndense, e da Arena, Djalma Marinho, presidente da Comissão de Justiça da Câmara, negou-se em nome de sua honra, a aprovar a licença para instalação de processo contra o deputado Márcio Moreira Alves. Na outorga da Carta do marechal Castelo Branco, de 1967, ele foi relator da parte econômica, alterada pelos militares...”

“... Carlos Lacerda, no Rio, aparteado por um opositor que não o deixava falar, interrompeu o que dizia e contou que seu pai fora deputado, ao tempo em que todos usavam chapéu, mas, ao chegarem, à Câmara, entregavam-no ao chapeleiro. “Meu aparteante, que não usa chapéu, com certeza deixa a cabeça na chapelaria...”

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Aliás, ainda em 1967, o deputado paulista Mar-cos Kertzmann, pedia à presidência informações sobre assuntos delicados, que nunca deixaram de ser respondido, ainda que sob a cláusula de sigilo. A mim, da Folha, ele sempre me deu acesso ao que recebia. Algumas respostas eram tidas como secre-tas. Mas sempre eu as publicava como especulações políticas, o que intrigou muito o SNI, visto que todas as informações eram verazes.

Presidia a Câmara, nesse ano, o deputado Ba-tista Ramos, que me propiciou o acesso ao cofre de informações secretas, cujas publicações nunca contestadas pelo governo, diga-se de passagem. Algumas, ao que me lembre, diziam respeito a di-ficuldades do Brasil, na área da política externa, pasta ocupada pelo ministro Juracy Magalhães, sobre divergências com o Paraguai.

ESTATíSTICA DO PODERUm fato curioso, cujo significado está por

analisar-se, é a repartição do poder político no país, apurado pela representação do povo. No império – só para comparar com a república –, de 1826 a 1889, sete paulistas presidiram a Câmara. Nos 41 anos de república velha, só dois deputados de São Paulo a dirigiram (Bernardino Campos, 2 anos e Arnolfo Azevedo, 6 anos). Após o Estado Novo (1945), (Honó-rio Monteiro, Cirilo Júnior, Ulysses Guimarães, 2 anos cada; Ranieri Mazzili, 6 anos antes do golpe de 1964, e 3 meses na ditadura (como Batista Ramos, 3 meses (substituindo Adauto Cardoso em 1966), e depois, 1 ano eleito, em 1967; Pereira Lopes um ano em 1972. Democratizado o país, Ulysses Guimarães e Michel Temer 4 anos cada, João Paulo Cunha, Aldo Rebelo, Arlindo Chinaglia e Michel Temer (2 anos cada).

Descontados os 21 anos da ditadura militar, durante os quais a Câmara foi presidida pelos três paulistas citados acima. No período democrático restante, de 44 anos e 2 meses, desde 1945, a pre-sidência paulista daquela casa, até agora, à exceção do biênio de Aécio Neves (2001-3) e os meses da gestão do pernambucano Severino, em 2005, coube a paulistas há treze anos, sendo quase sete anos do PMDB e seis do PT.

No império, São Paulo a dirigiu sete vezes; Mi-nas 13; o Rio, oito; Pernambuco, 12; Bahia, sete. Na

República, Minas comandou-a 15 vezes, São Paulo 14; Ceará, oito anos; Pernambuco, cinco; Bahia, quatro; Rio e Rio Grande do Sul, três vezes cada; Paraíba e Santa Catarina, uma vez cada.

Sob o paulista Pereira Lopes, já no regime de 64, fez-se a primeira reforma da Câmara, com a construção de um anexo, junto ao corpo do conjunto dessa casa, para instalação de deputados que não possuíam gabinete.

Com o cearense Flávio Marcílio, fez-se um alto edifício com gabinetes e restaurante e ligação subterrânea para o conjunto principal.

Para a edificação desse complexo enorme, jus-tificada com o aumento do número de deputados, quase de uma legislatura para outra, nunca o re-gime de 64 negou recursos às obras. Dir-se-ia que o regime quis transformar o legislativo num circo sem importância, que não criasse problemas. Mas nesse período, os deputados ficaram privados de condições para legislar, livremente, face às medidas provisórias, e à falta de espaço regimental, fora das comissões técnicas, para debaterem os grandes pro-blemas do país, como no passado. O maior partido político brasileiro vangloria-se de o ser, mas há 16 não lança candidato próprio à presidência e prefere ser reboque do presidente que se eleger.

Há grandes valores na Câmara e no Senado. Mas esses, em geral, sentem-se frustrados, pois o espaço para o jogo público parlamentar é muito menor do que o trata de interesses privados, em conversas de gabinetes do Planalto e dos quase quarenta ministérios e secretarias.

O velho Ulysses, num de seus epigramas, disse que “esse vácuo popular da política é de-sumano e perverso, pois quando o povo é expulso da política, simultaneamente é deserdado do de-senvolvimento”.

Que estes fragmentos de memória, ajudem, pelo menos, a nunca mais se repetirem os males que muitos deles devem ter causado, ou contri-buam para salvar exemplos de grandeza humana, que marcaram a política, a Justiça e o Congresso brasileiro.

*No 1º capítulo, erramos ao qualificar o deputado Azevedo Lima como filiado ao Partido Comunista, até porque à épo-ca, simplesmente não existia. Portanto, o então deputado comunista carioca pertencia ao chamado BLOCO OPERÁRIO CAMPONÊS.

**Rubem Azevedo Lima, 87 anos e 65 anos de profissão, é o mais velho jornalista em atividade no Brasil (quiçá no mundo), igualmente, o único a haver trabalhado na antiga Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro e, por muitíssimos anos, diariamente, no Congresso Nacional, em Brasília. escrevendo coluna semanal, às 2ªs - feiras, no Correio Brazi-liense. E deve continuar colaborando com a RCN, escrevendo sobre reminiscências/fatos jocosos...

“ ...o diretor do Correio da Manhã, em Brasília, Reinaldo Gonçalves,

ex-pracinha que trouxera da guerra uma pistola alemã, sua companheira de todas as

horas, mandou o repórter João Emilio Falcão ver os preparativos da Aeronáutica,

para o primeiro desfile militar, após o movimento de 64...

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São 36 e Brasília, é claro, “ganha de goleada”Para se ter melhor ideia, somente Paulo Tadeu (PT), 43 anos, é oriundo e deSobradinho.Entretanto,eabemdajustiça,quemnasceunumEstadodesmembrado, não pode e nem deve ser considerado "forasteiro". É o caso também de Goiás/Tocantins, Mato Grosso/Mato Grosso do Sul...

DISTRITO FEDERAL

Deputados

1) Augusto Carvalho, (PPS-DF) Patos de Minas-MG

2) Erika Kokay (PT), Fortaleza-CE

3) Izalci (PP), Araújos-MG

4) Jaqueline Roriz (PMN), Luziânia-GO

5) Luiz Pitiman (PMDB), Toledo-PR

6) Policarpo (PT), Passagem-RN

7) Reguffe (PDT), Rio de Janeiro-RJ

8) Ronaldo Fonseca (PR),Volta Redonda-RJ

Licenciado9) Geraldo Magela (PT), Patos de Minas-MG

Senadores

10) Cristovam Buarque (PDT), Recife-PE

11) Gim Argello (PTB), São Vicente-SP

12) Rodrigo Rollemberg (PSB), Rio de Janeiro-RJ

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Deputados

13) Armando Virgílio (PMN), Uberlândia-MG

14) Carlos Alberto Leréia (PSDB), Bamguí-MG

15) Flávia Morais (PDT), Belo Horizonte-MG

16) Iris Araújo (PMDB), Três Lagoas-MS

17) João Campos (PSDB), Peixe-TO

18) Magda Mofatto (PTB), Limeira-SP

19) Marina Santana (PT), São Paulo-SP

20) Sandes Junior (PP), Porto Naciona-TO

21) Sandro Mabel (PR), Ribeirão Preto-SP

Licenciados 22) Leonardo Vilela (PSDB), Belo Horizonte-MG

23) Thiago Peixoto (PMDB), Brasília-DF

Senador

24) Cyro Miranda (PSDB), São José do Rio Preto-SP

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O único brasilienseDos8deputadostitularese2suplentesemexercício,oúnicobrasiliense

nato é o petista Paulo Tadeu (PT), 43 anos, licenciado, por está secretário de Governo do Distrito Federal. No Senado, todos os 3 também são “forasteiros”. Por sinal, isso é absolutamente normal, por ser Brasília, agora nos seus 51 anos, uma cidade absolutamente cosmopolita. Quando o Rio também era a capital do País, esse mesmo fenômeno ocorrera, daí, até hoje, parlamentares filhosdeex-deputados/senadorespertençamavariadasoutrasbancadas.

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Deputados 25) Homero Pereira (PR), Adamantina-SP

26) Neri Geller (PP), Selbach-RS

27) Nilson Leitão (PSDB), Cassilândia-MS

28) Roberto Dorner (PP), Bom Retiro-SC

29) Saguas Moraes (PT), Mineiros-MG

Licenciados 30) Eliene Lima (PP), Tiros-MG

31) Pedro Henry (PP), Santo André-SP

Senador 32) Blairo Maggi (PR), São Miguel do Iguaçu-PR

MATO GROSSO DO SUL

Deputados 33) Antônio C. Biffi (PT), Tupã-SP

34) Giroto (PR), Oscar Bressane-SP

35) Geraldo Resende (PMDB),Córrego Danta-MG

Senador 36) Antônio Russo (PR), São Paulo-SP

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em setembro, fechamos o 2º quadrimestre de 2011 com 1,44% dos nossos gastos com pessoal, quando o limite pru-dencial é de 1,62% e o máximo é de 1,70%. Isso representa uma economia para os cofres públicos de mais de R$ 7,5 milhões. É nossa obrigação e nossa prioridade aplicar bem o dinheiro de todos os cida-dãos e a população merece ver isso da nossa parte. RCN: Em termos de avalia-ção pessoal, falta algo para melhorar o relacionamento

da Câmara Legislativa com a população e/ou tudo só depende de ajustamento de conduta? PP: Estamos fazendo os ajustes necessários para garantir cada vez mais o acesso de qualquer cidadão à Casa do Povo. Ainda há dificuldades, mas estamos trabalhando exaustivamente para mudar esse quadro. A primeira medida foi a sede própria, mais bem localizada e melhor adequa-da a todos. Há um ano estamos com essa nova estrutura, que traz muito mais benefícios, com espaços mais amplos e uma melhora significativa no atendimento à população. Estamos na fase final de implantação do novo site da Casa e está em andamento a licitação para a TV Distrital, com conteúdo totalmente interativo e programação voltada às necessidades que o Poder Legislativo tem de levar o trabalho de seus deputados para o maior número de pessoas.

Aos 45 anos, o presi-dente da Câmara Legislati-va, deputado Patrício (PT), comanda a 6ª legislatura de uma Casa renovada par-tidariamente e estrutural-mente depois do escândalo da Caixa de Pandora, que acometeu o Distirto Fede-ral em 2009 e 2010. Eleito para o segundo mandato consecutivo com mais de 19 mil votos, Patrício man-tém diálogo sempre aberto com seus 23 colegas de 17 partidos diferentes em um prédio novo, mais moderno e mais próximo da população. Com experiên-cia no comando do Poder Legislativo do Dis-trito Federal – Patrício era vice-presidente na legislatura passada e foi alçado à condição de presidente logo após o escândalo político que abalou a capital, tendo liderado, com sucesso, o processo para a 1ª eleição indireta da Capi-tal Federal, o presidente fala, em entrevista exclusiva à Revista Congresso Nacional, sobre as metas traçadas para renovar a imagem do Poder Legislativo junto à sociedade do Distrito Federal. Revista Congresso Nacional: Nesses primei-ros pouco mais de 8 meses, qual ou quais os principais destaques na ação da atual Mesa Diretora?

Presidente Patrício: O principal destaque é, sem dúvida, o recorde histórico da Casa na redução dos limites com gastos de pessoal pre-vistos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A Câmara Legislativa já chegou, em outras legis-laturas, a ultrapassar esse limite e isso trouxe uma série de problemas tanto para a Casa quanto para o GDF. Ficamos quase três meses sem poder fazer novas contratações no início dessa legisla-tura, por conta da falta de planejamento. Agora

Câmara Legislativa bate recordena redução geral de gastos

“ ... ainda há dificuldades, mas estamos trabalhando

exaustivamente para mudar esse quadro...

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RCN: Mais objetivamente, o atual número de 9 comissões técnicas é suficiente para analisar todos os problemas de Brasília?

PP: Nossa capital tem muitos problemas, mas a nova estrutura da Câmara tem proporcionado a discussão de vários temas de interesse da nossa sociedade de uma forma bastante diferente do que acontecia antes, com mais agilidade e eficácia para o dia-a-dia da população. Temos comissões técnicas permanentes e provisórias, de acordo com o tema proposto. Agora mesmo estamos com duas comissões – uma de deputados e a outra de consultores legislativos – debruçadas na análise de proposições para atualizar a Lei Orgânica do DF. Como espelho da Constituição Federal, nossa Carta Magna, que completou 18 anos este ano, deve passar por esse processo de alteração. Além disso, estamos inovando na tramitação de projetos na Casa, com ampla discussão e tramitação em todas as comissões necessárias para diri-mir todas as dúvidas e fazer o processo le-gislativo cada vez mais transparente.

RCN: Igualmen-te, tem sido ideal o espaço reservado às sessões plenárias?

PP: A Câmara Le-gislativa tem um ple-nário adequado às dis-cussões parlamentares,

com ampla galeria para que qualquer cidadão possa acompanhar o nosso trabalho. A atividade parla-mentar não se restringe às votações em plenário, então temos toda uma estrutura para uma melhora significativa na qualidade do que produzimos em prol do Distrito Federal e no acesso da população a todas as nossas ações.

RCN: O número atual de 24 deputados dis-tritais é suficiente e/ou precisa ser aumentado, a fim de agilizar os trabalhos?

PP: Acho que a quantidade de parlamenta-res é mais que suficiente para os trabalhos da Casa. Temos, nesta legislatura, uma pluralidade de partidos políticos e de novos deputados, o que nos permite ampliar ainda mais as discussões sobre temas relacionados à população em geral e especificamente a cada região administrativa do Distrito Federal. RCN: Há quem critique o excesso de outor-gas de títulos para “cidadãos brasilienses”. O sr concorda e/ou discorda? Por que? PP: O trabalho dos parlamentares do DF não é medido somente pelos títulos de cidadãos ho-norários que são entregues a personalidades que influenciaram na consolidação da nossa cidade. Este ano aprovamos um projeto de lei que traz no-vos critérios para essa escolha. Mas é importante ressaltar que o trabalho do Poder Legislativo se estende muito além desse item. Nessa legislatura, já aprovamos cerca de 3.000 projetos de várias na-turezas, de autoria de vários deputados e também do Poder Executivo.

RCN: Finalmente, mesmo em se sabendo ser a escolha, tanto mudanças, do nome parla-mentar, livre prerrogativa pessoal, entretanto, há de se indagar: Por que V.Excia. resolveu re-tirar o preâmbulo “CABO”, agora ser resumido a PATRíCIO? PP: Foi uma escolha pessoal e é uma forma de estar mais próximo de todos os cidadãos que me elegeram. Na minha própria base já era mais cha-mado somente de Patrício do que de Cabo Patrício no primeiro mandato.

“ ... Nessa legislatura, já aprovamos cerca de 3.000 projetos de várias naturezas, de autoria de vários deputados e também do Poder Executivo...

"...Atividade parlamentar não se restringe às votações em plenário..."

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Juristas ouvidos em audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidada-nia defenderam mudanças na Lei de Licitações (Lei 8.666/93) para que ela passe a observar com mais critério a qualidade dos produtos e serviços entregues à administração pública, em vez de focar a licitação no menor preço.

“Muitas vezes o menor preço pago não será o menor, pois se o serviço for de má qualidade, ou mesmo não executado, o prejuízo será imenso”, ponderou o presidente do Tribunal de Contas de Pernambuco, Marcos Loreto. A audiência discutiu o Projeto de Lei 1292/95 e outras 120 propostas apensadas, que alteram a Lei de Licitações.

Uma das sugestões de mudança, defendida pelo juiz federal de Mato Grosso do Sul Ronaldo José da Silva, é a adoção pelo Brasil do mecanismo conhecido como performance bond – um seguro previsto nos contratos públicos para assegurar a plena execução do contrato.

Esse mecanismo é usado pelo governo dos Estados Unidos: ao contratar uma obra, por exem-plo, exige-se que a empresa também pague por um seguro integral do serviço. Se a empresa não cum-prir o contrato, a responsabilidade passará a ser da seguradora. “A administração pública exigiria o seguro de 100% da obra licitada. No Brasil já existe a figura desse seguro na forma de fiança bancária, mas o percentual de uso é de 5%, ou seja, ínfimo”, afirmou o juiz.

Já o doutor em Direito Tributário Marçal Jus-ten discorda do uso do performance bond. “A exi-gência de garantia de 100% do valor da obra teria um custo bastante elevado; quanto maior o valor da obra, obviamente maior serão o valor do seguro e o valor do contrato”, ponderou.

Esse é só o princípio da discussão: no total, há 65 propostas de mudança do texto da lei, que serão analisadas pelo relator da matéria na CCJ, Fabio Trad (PMDB-MS). “Precisamos readequar a lei aos novos tempos, fazendo com que haja menos possibilidade de fraudes e mais segurança jurídica, sem comprometer a agilidade das licitações”, disse.

O projeto já foi rejeitado em outras duas comis-sões da Câmara. Se for aprovado pela CCJ, seguirá para o Plenário.

Licitação pública deve priorizar qualidade dos serviços

Debate caloroso, porém, objetivo e autêntico traz mais luzes a esse tema social

Sob a presidência de João Paulo Cunha, (PT-SP), entre outros, destacaram-se no debate, o presidente do Tribunal de Contas de Pernambuco, Marcos Loreto; Ronaldo José da Silva, juiz federal de Mato Grosso do Sul; e o doutor em direito tributário Marçal Justen. O relator Fábio Trad (PMDB-MS) elogiou o nível dos debates

“ ... Muitas vezes o menor preço

pago não será o menor, pois se o serviço for de má qualidade...

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O ministro do Turismo, Gastão Vieira, afirmou que a Copa do Mundo de 2014 é a grande opor-tunidade do País e um desafio para as deficiências culturais e logísticas atualmente presentes, mas também representa uma grande oportunidade de avançar. O ministro participou da Quinta Semana do Turismo, no Dia Mundial do Turismo, durante seminário na Câmara que discutiu investimentos no turismo a longo prazo, mas sem perder de vista os objetivos imediatos de infraestrutura para as Olimpíadas e a Copa.

O evento foi promovido pelas comissões de Turismo e Desporto, da Câmara, e de Desenvolvi-mento Regional e Turismo, do Senado. O objetivo do seminário também foi promover a importância do turismo e seus valores sociais, culturais, econô-micos e políticos e os impactos sociais e ambientais da atividade.

De acordo com Gastão Vieira, o turismo tam-bém é uma boa alternativa para superar os efeitos negativos da crise enfrentada pela economia mun-dial. “O turismo é sem dúvida um fator importan-tíssimo nesta crise econômica internacional, e cabe a nós aproveitarmos este momento, em benefício do País.”

O presidente da Embratur, Flávio Dino, ga-rantiu que o treinamento de recursos humanos para a Copa será tranquilo. "Nós temos 2012 e 2013 para intensificar as ações de qualificação. O ministro está procedendo à revisão necessária para que haja o cumprimento do cronograma. Nós temos segurança de que as políticas e as medidas adotadas vão garantir o cumprimento da meta, que é capacitar 300 mil pessoas para a Copa.

Sobre os números do turismo brasileiro, o diretor de estudos e pesquisa da Embratur, José Francisco Lopes, afirmou que eles precisam ser analisados isoladamente. Ele citou o caso da Espa-nha, que tem 50 milhões de turistas por ano, mas 48 milhões são europeus e, destes, 33 milhões de países de fronteira. "Nós somos muito mais com-paráveis em número de turistas com a Índia, que tem o mesmo número que o Brasil, do que com o Japão, que é pequeno, e com a Austrália, em que as equidistâncias são iguais."

No Brasil, o turismo beneficia mais de 7 mi-lhões de pessoas e representa 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera R$ 132 bilhões de renda. Em agosto houve 7 milhões de desembarques no Brasil, o que superou em 12% o mesmo mês de 2010. Foi a melhor movimentação turística regis-trada no mês de agosto.

Em 2005, 43 milhões de brasileiros fizeram 156 milhões de viagens turísticas. Ao longo de cinco anos, o número de passageiros aumentou em sete milhões e o número de viagens aumentou em 30 milhões. Cerca de 100 milhões de brasileiros nunca viajaram turisticamente, a maioria por falta de condições financeiras; mas 30 milhões, apesar de terem condições, não têm interesse.

Copa é um desafio para as deficiências do País

Entretanto, ministro e presidente da Embratur mostram-se bem confiantes

Evento promovido pelas comissões de Turismo e Desporto, da Câmara, e de Desenvolvimento Regional e Turismo, do Senado, trouxeram à luz muitos esclarecimentos

Ministro do Turismo, Gastão Vieira

presidente da Embratur, Flávio Dino

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O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Giovani Cherini (PDT-RS), afirmou que serão necessários pelo me-nos 20 anos para universalizar o saneamento bási-co no País, “se houver aumento nos investimentos". Ele destacou que são desperdiçados 40% da água produzida no País, 43% dos municípios brasileiros têm acesso a saneamento básico e apenas 1/3 conta com esgoto tratado. "A falta de saneamen-to é a causa do surgimento de 80% das doenças que atingem a população mais carente”, disse o parlamentar durante o “Congresso Brasileiro de Desenvolvimento Humano – Saneamento Total e Dignidade da Pessoa Humana”, promovido pela Co-missão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-tentável e a Academia Brasileira de Filosofia (ABF).

Já o secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski, afirmou que é preciso investir R$ 420 bilhões, nos próximos 20 anos, para universalizar o saneamento básico no Brasil. Os recursos seriam aplicados em abastecimento de água, no esgota-mento sanitário, na drenagem urbana e na coleta e destinação dos resíduos sólidos.

Ainda, segundo Tiscoski, até 2014 o governo federal deve destinar R$ 85 bilhões para esse setor.

“O investimento do Pro-grama de Aceleração do Crescimento (PAC) está principalmente nas gran-des concentrações urba-nas. Os três estados que mais receberão recursos são São Paulo, Minas Ge-rais e Rio de Janeiro. Mas todos os estados estão sendo contemplados, de acordo com a densidade populacional."

O ministro da Saú-de, Alexandre Padilha, que também participou do congresso, afirmou que para cada R$ 1 in-vestido em saneamento básico, são economiza-dos R$ 4 em saúde. "O

saneamento faz parte da construção de um mudo sustentável. Os investimentos estão sendo feitos. A Funasa já está destinando R$ 230 milhões para levar água para regiões do semiárido, por exemplo", declarou.

O secretário nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério, apresentou dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, segundo a qual cerca de 50% dos municípios do País dispõem seus resíduos em lixões; 23% em aterros contro-lados (um misto entre aterro sanitário e lixão, que não é a alternativa correta), e 27% jogam seus resíduos em aterros sanitários. "Ainda temos uma grande parte dos municípios que descartam os resíduos de forma inadequada”, observou o secretário.

O primeiro-vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente, Oziel Oliveira (PDT-BA), chamou a atenção para as cidades que ainda não contam com saneamento básico. Ele citou Barreiras, na Bahia, que tem 120 anos e somente agora passa a contar com saneamento. "É uma cidade que faz parte do polo de desenvolvimento do agronegócio brasileiro e demorou tanto tempo para ter esse benefício.”

20 anos para se universalizar o saneamento básico

O ministro da saúde, Alexandre Padilha, além de concordar, ressalta as ações do Ministério

Prestigiado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha (no destaque, à esquerdda), o Congresso Brasileiro de Desenvolvimento atingiu os seus objetivos. Igualmente, tiveram boas participações: Leodegar Tiscoski, secretário ambiental do Ministério das Cidades: Silvano Silvério. Secretário nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente; e o 1º vice-presidente da Comissão, Oziel Oliveira (PDT-BA), além e naturalmente, do próprio presidente da Comissão, Giovani Cherini (no destaque, à esquerda), responsável principal pelo sucesso desse encontro.

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A falta de fiscaliza-ção sobre a pulveriza-ção de agrotóxicos feita por aviões nas lavouras brasileiras foi criticada pelos participantes du-rante debate da subco-missão da Comissão de Seguridade Social e Fa-mília que estuda os im-pactos desses produtos na saúde dos brasileiros.

O Brasil tem cerca de 70 fiscais do Minis-tério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento (Mapa) para cuidar de toda a pulverização aé-rea de agrotóxicos e adubos feita nas plantações agrícolas do País. Anualmente, 20 milhões de hectares de lavouras recebem esse serviço, sendo mais da metade dessa área ocupada por soja, de acordo com dados do próprio ministério e do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola

Vale destacar que o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Foram cerca de 1 bilhão de litros em 2009. No mesmo ano, 115 pessoas morreram contaminadas com esse tipo de produto e quase 4 mil ficaram intoxicadas segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O chefe da Divisão de Aviação Agrícola do Mapa, José Marçal dos Santos Junior, admite que faltam profissionais. “Há uma demanda reprimida de fiscais no ministério, tendo em vista que vá-rios fiscais foram aposentados nos últimos anos, e não houve uma reposição no mesmo volume. Então existe uma carência de fiscais, não só na área de aviação agrícola, mas nas demais áreas de competência do Ministério da Agricultura. E a falta de fiscalização do uso de agrotóxicos, seja pelo ar ou por terra, é um dos principais desafios da subcomissão da Câmara que avalia a ativida-de, segundo o presidente do grupo, Osmar Terra (PMDB-RS). “Há leis, aliás, leis até rígidas, mas não há estrutura dos órgãos públicos para fazer o

controle disso. Essa é uma questão que também temos que avaliar.”

Para Osmar, o debate mostrou que o pro-blema inclui também a aplicação de agrotóxicos por terra, seja por pessoas ou por máquinas, que atualmente não possui nenhuma regra. Na ava-liação do parlamentar, talvez o “problema maior” seja a pulverização feita manualmente, em 85% da área, enquanto a aviação agrícola pulveriza os 15% restantes. “Mas tem que haver também um controle mais rígido possível. Nós queremos que o Brasil produza mais, e que a população esteja mais protegida.”

A pulverização aérea de lavouras é feita por mais de 1300 aeronaves no País, de acordo com o sindicato da categoria. A prática deve seguir regras federais, divididas basicamente assim: o que trata de avião e piloto compete à Agência Nacional de Aviação Civil; já a parte dos agrotóxicos e da saúde humana é de responsabilidade do Ministério da Agricultura.

Entre as obrigações do setor agrícola está a de não fazer pulverizações a menos de 250 me-tros de mananciais e 500 metros de povoados. Não há regras sobre distância de rodovias nem estimativas oficiais de denúncias sobre violações das normas.

Especialistas criticam falta defiscalização no uso de agrotóxicos

Falta fiscalização sobre a pulverização de agrotóxicos feita por aviões

Sob a presidência de Saraiva Felipe (PMDB-MG), a Comissão de Seguridade Social e Família, promoveu essa exposição, na qual José Marçal dos Santos Júnior, chefe da Divisão Agrícola do Mapa, pôde discorrer,com muita propriedade, recebendo elogios generalizados

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Empresários e representantes de trabalhadores di-vergem sobre a de-soneração da folha de pagamento das empresas. Em audi-ência da Comissão de Trabalho, de Ad-ministração e Serviço Público, represen-tantes do setor em-presarial defenderam a desoneração como ferramenta de com-petitividade, mas não concordaram entre si sobre a forma com que ela deve ser rea-lizada. Já os repre-sentantes sindicais, por outro lado, discordaram da desoneração, por avaliar que os cofres da Pre-vidência serão prejudicados.

“A divergência é maior do que se pensa e pre-cisamos discutir muito esse tema, que já é uma medida tomada pelo governo no Plano Brasil Maior em caráter experimental. Precisamos acompanhar de perto esse processo para ver a quem interessa essa desoneração”, analisou Flávia Morais (PDT--GO), que sugeriu a realização da audiência.

O relator da proposta, Renato Molling (PP--RS), disse que o seu parecer sobre o texto só será fechado posteriormente. Ele ainda negocia pontos da MP com o governo e com representantes dos setores afetados pela proposta.

O presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese, disse que a instituição defende o corte de impostos sobre a folha com a substituição do recolhimento da Previdência pela arrecadação de um novo imposto sobre a movi-mentação financeira, cobrado nos moldes da antiga CPMF. “Essa é uma proposta que pode ser aplicada imediatamente. Os reflexos dessa mudança de base são numericamente positivos”, disse.

No entanto, a proposta não teve apoio do re-presentante da Confederação Nacional da Indús-tria (CNI) Flávio Castelo Branco. Para ele, a de-

soneração precisa diminuir impostos, não mudar a base tributária. “A deso-neração precisa ser a redução do custo do empregado e não apenas a transfe-rência para outra fonte. Isso apenas mudaria a base de cálculo. Do ponto de vista do custo da empresa, pouco alteraria.”

Castelo Bran-co ressaltou, ainda, que a sociedade já deu sinais de que não concorda com

a criação de um novo tributo. Na semana passada, durante a votação da proposta que regulamenta os recursos para a saúde previstos na Emenda 29 (PLP 306/09), a Câmara derrubou a criação de um imposto nos moldes da CPMF. O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), álvaro Sólon de França, disse que a Previdência cumpre um papel social relevante e não pode ser prejudicada nesse processo de desoneração. “São os benefícios pre-videnciários que retiraram 23 milhões de pessoas da pobreza. Qualquer discussão que impacte a Previdência precisa de discussão aprofundada”, disse o presidente da Anfip.

O representante do Sindicato Nacional dos Au-ditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifis-co Nacional), Sérgio Aurélio Velozo Diniz “Não po-demos discutir uma reforma tributária em retalhos, que beneficie um setor em detrimento de outros”, defendeu. O representante do Ministério do Traba-lho na audiência, Renato Bignami, também defen-deu cautela na discussão do corte de contribuições patronais. “É importante não baratearmos demais o valor do trabalho e fazer que essa relação se torne precária em função da desoneração que, em um pri-meiro momento, signifique um acréscimo no setor,mas que, no longo prazo, cause um dano maior.

Divergências sobre desoneração da folha salarial

Debate caloroso, porém objetivo e autêntico traz mais luzes a esse tema social

Tanto Flávia Morais (PDT-GO), autora dessa proposta do debate, quanto o relator Renato Molling (PP-RS) o consideraram bastante produtivo. Os convidados Luigi Nesse (presidente da CNS – Confederação Nacional de Serviços Sociais); Flávio Castelo Branco (representante da Confederação Nacional da Indústria), Álvaro Sólon de França (presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) e Sérgio Aurélio Velozo Diniz (representante do sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e Renato Bignami (representante do Ministério do Trabalho) dissecaram e esclareceram sobre tudo quanto lhes foi quastionado

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pequena demanda, não se está ofendendo o prin-cípio da isonomia, mas, isto sim, emprestando-se racionalidade econômica à exploração da atividade”, afirmou Monti. “Constranger a agência a estabelecer diferenciação tarifária desta ou daquela forma, nesta ou naquela circunstância, é avançar por terreno onde deve vigorar a autonomia da Administração”, afirmou o parlamentar.

nais da área de segurança pública e criticou inicia-tivas que pretendem ampliar o porte de armas. “A permissão da proliferação de armas, principalmente para classes que efetivamente não demonstram ne-cessidade, é um equívoco na política de segurança pública”, argumentou.

O requerimento para a redistribuição foi apre-sentado por João Campos (PSDB-GO). Caso ele não seja redistribuído, será considerado rejeitado pela Câmara.

A concessão de porte de arma para agentes de segurança socioeducativos de unidades de interna-ção de jovens infratores foi rejeitada na Comissão de Segurança Pública e Com-bate ao Crime Organizado. A medida está prevista no Projeto de Lei 1060/11, de Dr. Ubiali (PSB-SP), que au-toriza esses profissionais a portar arma de fogo própria ou da corporação, inclusive nos horários em que não estiverem em serviço.

O relator da proposta, Alexandre Leite (DEM--SP), recomendou a rejeição por considerar que o agente socioeducador tem função essencialmente tutorial e não punitiva em relação aos menores em conflito com a lei. “Não há que se falar em porte de armas para uma categoria com teor catedrático”, analisou. Leite avaliou que esses agentes não lidam diretamente com a violência como certos profissio-

O Projeto de Lei 746/11, autoria de Felipe Bornier (PHS-RJ), que permite a definição das ta-rifas dos serviços públicos em razão da variação da demanda (lei da oferta e da procura), foi aprovado na Comissão de Viação e Transportes. O projeto altera a Lei das Concessões (Lei 8.987/95) e a Lei 10.233/01, que regula a concessão de serviços no setor de transportes.

A Lei das Concessões prevê hoje que as tarifas poderão ser diferenciadas em função das caracte-rísticas técnicas do serviço e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmen-tos de usuários. Nos horários de maior procura, o valor seria maior; nos de ociosidade, ele seria menor.

Segundo o relator na comissão, Milton Monti (PR-SP), sem a diferenciação de tarifas podem acon-tecer “ineficiências significativas no uso dos serviços públicos” com sobrecarga e ociosidade da infraestru-tura. “Ao se definir que, à fruição do serviço público em período de grande demanda, deve corresponder uma tarifa superior àquela praticada em período de

Pedágio com desconto em horário de menor fluxo

O projeto altera a Lei das Concessões (Lei 8.987/95) e a Lei 10.233/01

O projeto de Felipe Bornier (PHS-RJ) altera a Lei das Concessões e Lei 10.233/01

Para Milton Monti (PR-SP), diferenciação pode trazer algumas ineficiências

Dr. Ubiali (PSB-SP) pro-pusera esse nova conces-são para porte de arma

Como relator, Alexandre Leite (DEM-SP) recomendou a rejeição

Simplesmente, João Campos (PSDB-GO), pediu a redistribuição

Agentes ficam sem armas nas Unidades de Internação

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em operação nas principais cidades da Copa do Mundo.

A Copa de 2014 poderá ser a "motivação para fazer aquilo que nossas cidades precisam", segundo afirmou o presidente da Regional Minas Gerais do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), Maurício de Lana. Mas ele alertou que as cidades do país poderão tornar-se "vitrine ou vidraça" dian-te do mundo, dependendo de sua preparação para receber o evento. O presidente criticou o Regime Diferenciado de Construção (RDC) a ser usado antes da Copa do Mundo para agilizar as obras, e a adoção de feriados em dias de jogos. Em sua opinião, os feriados estimularão viagens internas no país e poderão ajudar a tornar ainda mais con-gestionados os aeroportos. Por último, o presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Alexandre Sampaio, alertou para a necessidade de flexibilização da concessão de vistos brasileiros a turistas estrangeiros que pretendem visitar o país durante a Copa do Mundo.

Na segunda audiência pú-blica promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2014, o diretor de Engenharia da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Jaime Parreira, defendeu a solução adotada pela empresa de construir terminais remotos para atender à demanda do evento.

– Por que optamos pelos mó-dulos? Porque eram necessários e são instalações simplificadas, usa-das no mundo inteiro. Os módulos são dotados de todo o conforto. Muitos irão continuar após a Copa e outros terão que ser desmontados e remontados em outros aeropor-tos, para dar conta da situação específica de demanda em cada aeroporto – disse Parreira durante a audiência, presidida por Lídice da Mata (PSB-BA).

O aeroporto de Guarulhos (SP), informou o di-retor, receberá o maior investimento para a Copa. Atualmente, tem uma média 27 milhões de pas-sageiros por ano. Em 2014, prevê-se, a capacidade instalada será de 52,7 milhões de passageiros, para uma demanda de 39 milhões. O "corpo central" do novo terminal a ser erguido em Guarulhos, afirmou, deverá estar concluído em 2014.

Representando a Agência Nacional de Tele-comunicações (Anatel), Marcos de Souza Oliveira – gerente-geral de Certificação e Engenharia do Espectro da Superintendência de Radiofrequência e Fiscalização – lembrou que o país receberá, além da Copa de 2014 e dos Jogos de 2016, eventos como a Conferência Rio + 20, a Copa das Confederações e a Copa América.

Em cada um desses eventos, observou, haverá grande demanda por uso temporário de radiofrequ-ência Segundo o diretor, o Plano Nacional de Banda Larga permitirá o atendimento dessas demandas. Até o início de 2013, informou, as primeiras redes de quarta geração de telefonia celular já estarão

Adoção de terminais remotos nos aeroportos

Tudo com vista a minorar a situação para o fluxo previsto na Copa de 2014

Segundo a presidenta da Comissão, Lídice da Mata, o debate restou muito esclarecedor e, de um certo modo, tranquilizador, daí ficar registrado as exposições didáticas e objetivas de Jaime Parreira (diretor da Infraero); Marco de Souza Oliveira ( gerente geral de Cer-tificação e Engenharia do Espectro da Superintendência de Radiofrequência e Fiscalização; Maurício de Lana (presidente da Regional Minas Gerais do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (00 Sinaenco) e Alexandre Sampaio (presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens). A presidenta da Comissão estuda a possibilidade de promover outros debates nesse nível

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A Comissão de Assuntos Sociais promoveu cerimônia, para colocação da foto da ex-senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) em sua galeria de ex- presidentes. Rosalba presidiu a comissão no biênio 2009/2010 e, após passar 4 anos no Senado, re-nunciou ao restante do mandato para assumir o governo do Rio Grande do Norte.

A homenagem a Rosalba foi aberta pelo atual presidente da CAS, Jayme Campos (DEM-MT), que lhe entregou um balanço do ciclo de debates sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), marca da gestão da atual governadora na Comissão.

Comentando o documento, que será encami-nhado ao Ministério da Saúde, Rosalba pediu maior atenção e recursos para a saúde pública. Ainda nesse sentido, defendeu a aprovação de projeto de lei do ex-senador e hoje governador do Acre, Tião Viana (PT-AC), que regulamenta a Emenda 29/2000 (PLS 121/07 – Complementar). A Emenda 29 fixa percentuais mínimos para gastos de estados, mu-nicípios e União com a saúde.

Os senadores José Agripino (DEM), Paulo Da-vim (PV) e Garibaldi Alves (PMDB) – que formam a bancada do Rio Grande do Norte na Casa – fizeram elogios à atuação política de Rosalba e consideraram a homenagem "justa e meritória".

O senador licenciado Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), atual minis-tro da Previdência Social, afirmou que "nunca o econômico e o social esti-veram tão juntos" como no tempo em que ele presidia a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e Rosal-ba, a CAS. A governadora do Rio Grande do Norte admitiu sentir "saudades" do Senado, que, segundo ela, "faz parte de um Poder que representa a essência da democracia". Ela atri-buiu à Casa "parte significativa" de sua experiência como política e gestora pública. Os senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Clésio Andrade (PR-MG) tam-bém prestigiaram a colocação da foto de Rosalba na galeria de ex-presidentes da CAS.

Rosalba Ciarlini entra na galeria de ex-presidentes da CAS

Solenidade foi apoiada por toda a bancada do Rio Grande do Norte

A própria Rosalba Carlini pediu apoio para aprovação do projeto de lei, regulamentando a Emenda 29 (gastos mínimos para a saúde) de autoria do ex-senador e hoje governador do Acre, petista Tião Viana

"...nunca o econômico e o social estiveram tão juntos"... diz o senador licenciado e ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho,(PMDB-RN)

A agora governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM-RN) foi enaltecida por sua gestão na presidência da Comissão de Assuntos Sociais (CAS)

A partir de agora, Rosalba Ciarlini (DEM-RN) figurará permanen-temente na Galeria dos Ex-presidentes, ressalta o hoje presidente Jayme Campos (DEM-MT)

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O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz D'ávila, manifestou sua dis-posição de participar de quantas audiências sejam necessárias para esgotar o debate sobre o projeto do Ato Médico, que regulamenta o exercício da Medicina e que tramita no Congresso há quase dez anos, atu-almente tramitando na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

– Esse é um processo democrático e não importa que o debate já esteja durando dez anos – afirmou D'Ávila.

A CCJ terá que se manifestar sobre o substi-tutivo aprovado pela Câmara dos Deputados (SCD 268/02) ao fim de 2009. Na avaliação do presiden-te do CFM, todas as "tratativas e possibilidades" de acordo surgiram antes e durante o debate na Câmara, o que foi contestado pelas entidades que representam as demais profissões da área da saúde.

O presidente do CFM afirmou que o debate tem sido tão democrático que envolve todas as categorias da área de saúde. No entanto, conforme observou, os médicos nunca participaram das discussões para a regulamentação de outras profissões da área.

Mesmo sem a regulamentação da profissão, D´Ávila observou que já existe jurisprudência (deci-sões reiteradas pelos tribunais superiores a partir de casos concretos levados ao exame da Justiça) de que o diagnóstico de doenças e a prescrição te-rapêutica são atos privativos dos médicos. Em sua avaliação, o substitutivo não retira a competência de qualquer outra profissão – as demais categorias entendem que sim e julgam ser muitas vezes dis-pensável o paciente ter de passar por exame médicos antes de ir a profissional com competências especí-

ficas na área da saúde – um fisioterapeuta, por exemplo.

Para o presidente do CFM, o que não é ad-missível é o atendimento em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) se dar, muitas vezes, sem o envolvimento obriga-tório de um médico, en-quanto os beneficiários dos planos de saúde privados têm sempre um profissional médico

à sua disposição. Na sua opinião, isso prejudica a população que depende do SUS.

– Cerca de 30% das equipes de saúde já não têm médico e essa é uma situação de desigualdade – afirmou.

O presidente da Federação Nacional dos Médi-cos (FNM), Cid Jayme Carvalhaes, disse defender o diálogo. Manifestou sua confiança na condução que será dada à matéria pelo Senado, que reconheceu como a "essência da decisão democrática do povo brasileiro".

Carvalhaes salientou que, na essência, o que precisa ser levado em conta para se definir a ques-tão das prerrogativas de cada profissão é o tipo de formação. Lembrou que um médico chega a gastar mais de 8 mil horas de estudos para chegar ao ponto final de sua formação, enquanto algumas profissões se resumem a menos de 3 mil horas. – Isso faz uma grande diferença – observou.

Mais diálogo sobre Ato Médico quer o Conselho Federal de Medicina

Audiências para esgotar o debate sobre esse projeto, agora tramitando no Senado

Roberto Luiz D'Ávila afirmou que o debate tem sido demo-crático e envolve todas as cate-gorias da área de saúde.

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posicionando contra a manutenção de progra-mas religiosos.

– A decisão não é para eliminar progra-mas religiosos, mas para conferir a eles um novo formato. Não é restrição ou censura religiosa, e quem vê assim revela falta de informação ou má-fé – argumentou.

O conselheiro con-sidera ilegítimo privile-

giar católicos e evangélicos, lembrando que essas igrejas já têm concessões de rádio e televisão para operar seus programas e difundir seu credo e seus valores.

– Isso se configura em injustiça. O pluralismo religioso deve ser assegurado na comunicação pú-blica – defendeu Aarão Reis.

Para o conselheiro, a alternativa de lotear o tem-po disponível entre as religiões é de difícil implemen-tação, pela falta de critérios para definir "quem irá ocupar os lotes", uma vez que apenas a Igreja Católica tem organização centralizada. Ele também considerou inviável abrir espaço para a veiculação das celebra-ções de todas as religiões. Já Tereza Cruvinel enfati-zou que o espaço na grade das emissoras da EBC deve ser para manifestação das diferentes crenças e não para programas jornalísticos sobre as religiões. Para a jornalista, as dificuldades para resolver o assunto de devem, em grande parte, pela falta de definição clara das atribuições do conselho e da direção da EBC.

No debate na CCT, diversos senadores conside-raram que o Conselho Curador, ao baixar a resolu-ção, foi além de suas atribuições. A comissão apro-vou o envio de ofício à EBC condenando a decisão do conselho, e Edison Lobão Filho (PMDB-MA), que presidiu o debate, espera que o órgão reveja a posição de suspender a veiculação dos programas religiosos.

Quanto à possibilidade de a CCT propor mudan-ças na lei que criou a EBC, em especial para alterar atribuições do conselho, Lobão Filho disse que isso deverá ser analisado com calma.

– Neste momento, vamos atacar apenas a deci-são que tirou os programas do ar – disse.

A direção da Em-presa Brasil de Co-municação defende a divisão de tempo na grade de seus canais de TV para manifestação das diferentes religiões, enquanto o Conselho Curador da empresa quer que sejam veicu-lados programas pro-duzidos pela EBC, com conteúdo que reflita a pluralidade de mani-festações religiosas. As posições divergentes foram apresentadas em debate na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Co-municação e Informática (CCT).

A diretora-presidenta da EBC, Tereza Cruvi-nel, e o conselheiro Daniel Aarão Reis Filho foram convidados a discutir com os senadores a Resolu-ção 02/2011, do Conselho Curador da EBC, que determina que sejam retirados do ar os programas católicos A Santa Missa e Palavras de Vida e o Evangélico Reencontro, veiculados pela TV Brasil, além da missa dominical, transmitida pela Rádio Nacional de Brasília.

Tereza Cruvinel explicou aos senadores que, ao ser criada, a EBC "herdou" diversos programas das emissoras que compõem a rede, entre os quais os quatro programas religiosos. Frente à natureza laica do governo e ao princípio de respeito à plura-lidade religiosa, ela concorda com a necessidade de modificar a atual programação, para dar oportuni-dade a outras crenças. A empresa propõe dividir o tempo da programação semanal da seguinte forma: 26 minutos para programas católicos; 26 minutos para programas evangélicos; 26 minutos para pro-gramas afrobrasileiros; e 13 minutos para outros grupos. A divisão teve por base dados do Censo de 2010, segundo os quais católicos e evangélicos representam 90% da população, e a "importância da matriz africana na formação cultural brasileira".

No entanto, para o Conselho Curador da EBC, os programas não deveriam ser feitos pelas diferen-tes igrejas, mas pela própria empresa. Ao explicar a proposta, Daniel Aarão Reis afirmou que, ao defender novos formatos, o conselho não está se

Propostas diferentes para limitar conteúdo religioso

Os hotéis, ao recepcionar turistas estrangeiros, garantem divisas ao Brasil

Enquanto isso, o conselheiro Daniel Aarão Reis sugere melhor estudo para racionalização do tempo

Para a presidenta da EBC, Tereza Cruvinell, mantença do espaço para as diferentes crenças religiosas

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"Não adianta fa-zermos uma lei achan-do que é de Primeiro Mundo se ela não se adapta à realidade do País", afirmou o depu-tado, que comemorou também os 47 anos da Empresa Mato-Gros-sense de Pesquisa, As-sistência e Extensão Rural (Empaer).

A aprovação pela Câmara da regulamen-tação da Emenda 29

também foi elogiada por Pereira. O texto, em sua opinião, destinará recursos para que os municípios invistam mais na saúde.

"Após três anos de debates, conseguimos a aprovação da Emenda 29.

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A opção feita no passado em favor do pelo transporte rodoviário, criticada por Homero Pereira (PR-MT), porque é competitivo apenas para curtas distâncias. Segundo ele, para médias distâncias o ideal é o ferroviário e, para longos percursos, o hidroviário. O parlamentar disse acreditar que é preciso usar cada modal de maneira eficiente, "aban-donando equívocos há muito cometidos".

"O melhor aproveitamento dos variados mo-dais vai beneficiar os produtores e os consumidores, e aumentará a competitividade. O transporte exclu-sivamente rodoviário atenta contra os princípios ecológicos. Além disso, o hidroviário é cinco vezes mais barato do que o rodoviário e três vezes mais barato do que o ferroviário", explicou.

Homero Pereira aproveitou para elogiar o novo Código Florestal, que tramitou na Câmara e está em discussão no Senado. Para ele, o código tornará possível a averbação das reservas legais das pro-priedades rurais.

entre 2007 e 2010, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia ligada ao Ministério da Fazenda que fiscaliza o setor.

"Todos vão saber ao longo do tempo as con-quistas expressivas alcançadas naquele período", disse o deputado. "É claro que outras conquistas são necessárias. É preciso continuar avançando e evoluindo."

Neste sentido, Armando Vergílio anunciou que pretende ressaltar, nos debates no Congresso, a im-portância dos seguros e da previdência complemen-tar para o desenvolvimento social e econômico do País. O deputado alertou para o risco de mudanças nas regras da Susep para o resseguro, o que pode causar insegurança jurídica.

Armando Vergílio também cobrou a inclusão de corretoras no Simples Nacional - vetada em três oportunidades pelo Executivo - e citou informações publicadas pela mídia relativas à direção da Susep, que considerou "estranhas" e motivaram a apre-sentação de uma série de pedidos de informação ao governo.

Armando Ver-gílio (PMN-GO) quei-xou-se da "insen-sibilidade histórica" para com o setor de seguros. "Infelizmen-te, é uma realidade. Mas não é obra do Governo Dilma ou do Governo Lula, isso foi recorrente, também, em governos anterio-res", afirmou.

Presidente da Federação Nacional dos Corretores de Se-guros Privados e de Resseguros, de Capita-lização, de Previdência Privada, das Empresas Corretoras de Seguros e de Resseguros (Fenacor), o representante goiano lembrou ter comandado,

Homero Pereira (PR-MT), também elogiou a proposta do novo Código Florestal

Armando Vergílio (PMN-GO),também é presidente da Federação Nacional dos

Corretores de Seguros Privados e de Resseguros,

de Capitalização de Previdência Privada, das Empresas corretoras de Seguros

e de Resseguros (Fenacor)

... usar com moderação e de maneira eficiente, "abandonando equívocos há muito cometidos...

Cobrada eficiêncianos modais de transporte

'insensibilidade' com seguradoras

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Benedet afirmou que o governo federal está in-vestindo em infraestrutura como nunca antes havia sido feito. "O País nunca teve tantas obras em infra-estrutura, como agora observamos. Mas precisamos de mais projetos, como estradas, portos, ferrovias, aeroportos, geração de energia elétrica", afirmou. O deputado destacou que o término da BR-101 Sul é fundamental para o desenvolvimento de seu estado, Santa Catarina.

Por fim, Ronaldo Benedet ainda defendeu que a tecnologia é essencial para a competitividade.

"A China tem demonstrado que compete com o mundo inteiro. Não só pela sua mão de obra de baixo custo, mas pela sua tecnologia. Por aqui já avançamos nos minérios e nos agronegócios. Mas precisamos melhorar no campo industrial. Não podemos ficar na dependência de barreiras tarifárias, temos que investir em escolas técnicas, em universidades, na ciência", disse

Na avaliação de Ronaldo Benedet (PMDB-SC), o Brasil precisa pensar em três grandes frentes: capital humano, infraestru-tura e tecnologia. Ele defendeu a escola como ferramenta de desen-volvimento humano, por oferecer a chance de crescimento profis-sional.

"A presidenta Dil-ma Rousseff já disse que educação é prioridade. O Brasil tem que fazer investimentos maciços neste setor. Defendo a escola em tempo integral. Fora das salas de aula, as crianças são presas fáceis para a criminalidade e para as drogas", disse.

“Capital humano, infraestrutura e tecnologia”, as 3 frentespropostas por Ronaldo Benedet(PMDB-SC)

para ministrar suas aulas. "Eles garantem que chegam a fazer coleta para consertar aparelho de ar-condicionado, quando o mesmo apresenta problema", disse.

Newton Capixaba ressaltou que o governo federal precisa, com urgência, contratar mais pro-fessores, melhorar a estrutura das salas de aulas, bibliotecas, concluir as obras que estão paralisadas, comprar material didático e garantir as condições

mínimas necessárias para o bom funciona-mento dos campi da Unir em Rondônia.

“O governo federal precisa, com urgência, destinar mais recursos”, clama Nilton Capixaba (PTB-RO)

“Capital humano, infraestrutura e tecnologia”, as 3 grandes frentes a se perseguir...

Ampliação do investimento em educação e obras

"Situação caótica", eis como Nilton Capixaba (PTB-RO) analisa a Universidade Federal de Rondô-nia (Unir), daí haver chamado atenção do governo federal. Ele defendeu a criação de um grupo de tra-balho, com a participação da Câmara, para resolver a questão.

Entre os problemas citados estão fraudes nos vestibulares e contratação ilegal de empresas para prestar serviços à universidade. Capixaba disse que a contratação e o pagamento de serviços já licitados e executados geraram um prejuízo de R$ 322 mil aos cofres públicos.

"Todas essas denúncias foram relatadas durante reunião da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Rondônia (Adunir), em Porto Velho, da qual participaram professores e acadêmicos, o que resultou na aprovação da greve geral por tempo indeterminado", afirmou Capixaba.

Segundo o deputado, os professores re-clamam da falta de laboratórios e espaço físico

Relato de problemas em universidade de Rondônia

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no estado. Está pre-vista uma quarta: a Universidade do Sul e Sudeste do Pará, com sede em Marabá.

E comentou ain-da o plebiscito sobre a criação dos estados do Carajás e do Tapajós. Segundo ele, a pro-posta é inviável, pois a população será contra – pela proposta, surgi-rá um "novo Pará" com

apenas 17% do atual território, ante 25% de Cara-jás e 58% de Tapajós. "Estamos correndo o risco de a Justiça Eleitoral gastar muito dinheiro para resultado nenhum, porque criação de um estado tem que se fazer com acordo político", explicou.

Demandas antigas do estado do Pará vêm sendo atendidas pelo governo federal desde a gestão Lula, diz Zé Geraldo (PT-PA). Ainda na sua opinião, a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) proporcionou um "alívio", pois trouxe definição política e orçamento para os projetos.

Zé Geraldo chamou atenção para a dimensão de algumas realizações em andamento. "Trata-se de 2.200 quilômetros de rodovias. E na floresta amazônica!", citou, entre as obras, o asfaltamento da Transamazônica e da rodovia Cuiabá-Santarém, a finalização das eclusas de Tucuruí, o Programa Luz para Todos e a instalação de universidades.

Segundo o parlametar paraense, há 20 anos não existiam universidades em Santarém, Alta-mira ou Marabá. A partir da reivindicação dos movimentos sociais e do PT, disse, a realidade hoje é diferente: são três universidades públicas

Balanço positivo, na avaliação de Zé Gerardo (PT-PA)

deve-se à manutenção do crescimento econômi-co e ao aumento da formalização no mercado de trabalho.

Otoni lembrou ainda que o superavit primá-rio do setor público consolidado (União, estados e municípios) acumulado no primeiro semestre de 2011 chegou a R$ 78,2 bilhões, o que significa praticamente 4% do Produto Interno Bruto (PIB). O deputado elogiou também a política de controle da inflação.

"A manutenção da estabilidade monetária e da estabilidade de preços com certeza é condição para a manutenção do poder aquisitivo da população e para a continuidade do processo de crescimento sustentado com redução das desigualdades so-ciais", disse.

Otoni disse ainda que os investimentos públi-cos passaram de 1,62% do PIB, em 2006, para 3,2% no final de 2010. "Em logística, foram concluídos 6.377 quilômetros de rodovias, 909 quilômetros de ferrovias, 12 empreendimentos em 10 aeroportos e 14 em portos, 10 terminais hidroviários, e financia-dos 301 embarcações e 5 estaleiros", resumiu

Rubens Otoni (PT-GO), otimista, por achar o Brasil vivendo o melhor momento

... asfaltamento da Transamazônica e da rodovia Cuiabá-Santarém ...

Demandas do Pará estão sendo atendidas

O Brasil vive o melhor momento de sua histó-ria no aspecto econômico, e a evolução das contas públicas nos primeiros meses deste ano demonstra o compromisso com a consolidação fiscal, é como Rubens Otoni (PT-GO) avalia a nossa situação.

Rubens Otoni destacou que o superavit pri-mário do governo central (Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência Social) no primeiro semestre foi de R$ 55,4 bilhões, um resultado 123% superior ao verificado no mesmo período de 2010.

Contribuiu para esse aumento, observou o deputado, pelo lado das despesas, o ajuste de R$ 50,1 bilhões no Orçamento Geral da União. Já pelo lado das receitas, o resultado

Contas públicas vivem o melhor momento

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Melhoria da ges-tão da saúde pública e um combate mais efetivo à corrupção foram reivindicados em Plenário pelo depu-tado Cláudio Cajado (DEM-BA). O parla-mentar afirmou que a votação do projeto (PLP 306/08) que re-gulamenta os recursos para a saúde, previstos na Emenda 29, aju-dará a definir melhor os gastos no setor. Para ele, os recursos deve ser alocados a áreas como atenção básica e mais leitos em UTIs.

Ele lembrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) ressaltou que é necessário aumentar em pelo menos 60% a produção de alimentos. "O Brasil pre-cisa estender a mão e atender a demanda dos outros países", afirmou.

Abe disse ainda que conseguiu implantar a Frente Parlamentar Hortifrutigranjeira. Segundo ele, o objetivo, ao criar o grupo, não foi dividir a Frente Parlamentar da Agropecuária, mas defender o seg-mento com política adequada. "Tivemos a sorte de ter amigos nesta Casa para apoiar iniciativa dessa natureza. O nosso objetivo aqui é servir à nação", disse.

O deputado do DEM afirmou que luta por uma educação de qualidade. Ele defendeu período integral no ensino infantil, fundamental e médio. Abe disse que, no tempo em que a criança fica ociosa, pode ir para as ruas e se envolver com drogas. "Sem melho-rar a educação não temos capacidade de melhorar a qualidade de vida da população".

Ao fazer presta-ção de contas de suas atividades nesta le-gislatura, Junji Abe (DEM-SP) destacou a luta pela reforma do Código Florestal, aprovado em maio pela Câmara e agora tra-mitando no Senado. A proposta (PL 1876/99) permite o uso das áre-as de preservação per-manente já ocupadas com atividades agros-silvipastoris, ecoturismo e turismo rural.

O parlamentar ressaltou que em outros países não há como aumentar a produção agrícola, ao pas-so que o Brasil, apesar de ter terras em abundância, não pode avançar por causa da legislação ambiental.

Cajado disse, porém, que apenas aumentar os recursos não solucionará a questão. "O modelo que está aí não está dando certo. Sem uma con-cepção nacional, sem política organizada com es-tados e municípios, estamos jogando dinheiro pelo ralo."

Para o representante baiano, o combate à corrupção tem se dado no País apenas quando saem matérias na imprensa.

"Se continuarmos com exonerações de um ou de outro, sem dinheiro devolvido, sem conse-quência penal, faremos com que o mau exemplo mostre que o crime compensa", afirmou.

Cajado também defendeu a aprovação da PEC 300, que cria piso salarial nacional para policiais e bombeiros, como "início" da solução na área de segurança pública.

Junji Abe (DEM-SP), coordena a Frente Parlamentar

Hortifrutigranjeira

Para Cláudio Cajado (DEM-BA), a melhoria da saúde acima de tudo

... "O Brasil precisa estender a mão e atender a demanda dos outros países"...

Produção ganha com mudança no Código Florestal

Crítica à gestão da saúde e maior combate à corrupção

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Augusto Coutinho (DEM-PE) defendeu a cria-ção de uma comissão para discutir o que chamou de soerguimento da função legislativa do Congres-so. Segundo ele, ao longo das últimas décadas, o Congresso vem assumindo um papel secundário na tarefa de legislar.

"Estudos, os mais diversos, mostram com clareza que o processo legislativo no Brasil tem sido comandado pelo Executivo. A consequência disso é a perda de autonomia do Congresso, que chega ser tachada por alguns analistas como se o Parlamento tivesse virado uma espécie de despachante do Exe-cutivo", disse.

Coutinho ressaltou que, durante a vigência da Constituição de 1946, a média de leis aprovadas pelo Congresso incluía 46% de projetos do Executi-vo. A partir de 1960, observou o parlamentar, esse número chegou a 80% - e desde então continua neste patamar. De acordo com o representante pernambucano, o Executivo pressiona sua base

organizar com autonomia e independência para fazer valer seus direitos.

"É preciso que o povo seja autor das trans-formações e tenha os partidos políticos como instrumento efetivo na ação política em geral", defendeu Dib.

O deputado paulista também questionou o governo por adotar como prioridades o combate à inflação e o pagamento incondicional de compro-missos externos. Segundo ele, essa escolha compro-mete o crescimento econômico e elimina qualquer possibilidade de um desenvolvimento socialmente justo, com a efetiva distribuição da riqueza nacio-nal. Dib ainda criticou as denúncias de corrupção no atual governo, lembrando que, em oito meses, quatro ministros deixaram seus cargos por pressão da opinião pública e da mídia.

"Constato, com pesar, a facilidade com que partidos que nas-ceram sob o funda-mento da governabili-dade e da ética foram assimilando as mais baixas práticas e ma-neiras de fazer política no País", enfim, um processo de deforma-ção e deterioração, afirmou Willian Dib (PSDB-SP)

Em defesa do di-reito de indignar-se diante dessa situação, o depu-tado destacou a importância de a sociedade civil se

para que sejam apro-vadas as propostas que são encaminhadas ao Congresso. "Já vi passarem por aqui pro-postas do Executivo eivadas de problemas constitucionais, mas que foram aprovadas porque nosso poder de dizer 'não' foi subtraí-do", criticou.

O deputado re-clamou ainda do fato de o Parlamento, a seu

ver, estar sempre a reboque da agenda do Execu-tivo. "As políticas públicas, as grandes questões sociais e econômicas, a maior parte da vida política Brasileira é aqui tratada por demanda dos outros Poderes.

Críticas generalizadas por parte de Willian Dib (PSDB-SP)

O Parlamento fica sempre a reboque do Executivo – reclama Augusto Coutinho (DEM-PE)

... a importância de a sociedade civil se organizar com autonomia...

Partidos políticos sofrem processo de deformação

Iniciativas para estimular o papel do Congresso

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transforma pessoas em rebanho e consciências críticas em cérebros enlatados".

Fábio Trad defen-deu também a inclusão da disciplina "cultura brasileira" na grade cur-ricular das escolas pú-blicas. A nova matéria, explica, poderia reunir temas como cultura regional e cultura dos imigrantes europeus, asiáticos e africanos. "Só assim conquistare-

mos o respeito pela diversidade, enobrecendo o saber com práticas de respeito às manifestações concretas do espírito humano", afirmou o parlamentar.

O aumento dos investimentos públicos em cultura deve ser prioridade, porém o setor vem sendo negligenciada pelos governos, diz Fábio Trad (PMDB-MS). Entre as propostas defendidas pelo parlamentar estão o Projeto de Lei 5798/09, que institui o Vale-Cultura; a Proposta de Emenda à Constituição 150/03, que garante a vinculação de 2% do Orçamento da União para o setor; e o Projeto de Lei 6722/10, que cria o Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Procultura). Trad argumenta que a falta de incentivo para a área é decorrente da noção de que a cultura é um direito secundário. "Fala-se que, em um país com tantos problemas em educação, saúde e segurança, que a cultura deve esperar sua vez.

Contudo, dessa forma, esquece-se que a cul-tura é a base de um povo e precede até a educação". Para o deputado, "é preciso combater a epidemia da indigência cultural, que por seu grau de nocividade

“Reflexo de a cultura ser um direito secundário”, lamenta Fábio Trad (PMDB-MS)

Ainda segundo o parlamentar, o Congresso Nacional não pode acabar com distinção prevista na Constituição que define o direito dos estados pro-dutores na participação financeira pela exploração do petróleo em seu respectivo território.

Alessandro Molon considera eventual derruba-da do veto do ex-presidente Lula causar insegurança jurídica, além de se constituir em um ataque à orga-nização federativa do Estado brasileiro - que, confor-me ressaltou, proíbe a lesão de direitos originários e inalienáveis de qualquer dos entes federados ou a subtração do que lhes integra o domínio político.

Molon comentou também a questão da se-gurança pública, afirmando que as ações neste campo devem envolver a prevenção e também a repressão. Entre os problemas citados pelo parla-mentar figuram a falta de regularidade na atuali-zação dos bancos de dados nacionais de segurança e a impunidade. "Aumentar a certeza da punição é uma ação fundamental para inibir a prática de novos crimes".

A derrubada do veto, segundo Alexandre

Molon (PT-RJ), causará “insegurança jurídica”

... Proposta a instituição do Vale-Cultura e a criação do Procultura...

Projetos ligados à cultura devem ser prioritários

A manutenção do veto presidencial ao artigo 64 da Lei 12.351/10, que trata da divisão dos royalties e de participações especiais nos recursos oriundos da exploração do petróleo, defendida por Alessandro Molon (PT-RJ).

Para o deputado, "a perda dos recursos levaria o estado do Rio de Janeiro à situação de insolvência", pois os royalties serão usados para o pagamento da dívida estadual com a União, segundo acordo firmado em 1999.

Pedida a manutenção do veto de Lula à regra dos royalties

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Desde 1983 o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, conta com plano de controle de cheias, que nunca foi executado. Sem as obras, a região continua víti-ma das enchentes, destacou, "o que é inadmissível em uma região tão rica e com tamanho potencial econômico” – acusa e adverte Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC).

De acordo com o parlamentar catarinense, o projeto de contenção de enchentes prevê a retificação e o alargamento das margens do rio Itajaí-Açu desde Blumenau até a foz, em Itajaí. Deveria ser construído também um canal para desviar parte da água dos rios do vale para a praia de Navegantes.

O deputado ressaltou ainda que, só em 2008, a União repassou ao estado R$ 2,5 milhões para obras preventivas e R$ 7,5 milhões para respostas a desastres. "O governo executou bem menos que o autorizado". E embora obras de prevenção não sejam caras, são negligenciadas por "não trazerem muitos dividendos políticos" – completou.

as cooperativas médicas, especificamente com as Unimeds", afirmou. Isso porque, conforme o parla-mentar, desconsidera as características próprias de cooperativa ao exigir o cumprimento de regras que seriam mais compatíveis com seguradoras e não com um grupo de pessoas que se unem para terem uma melhor relação entre o capital e o trabalho. "Até quando a União irá ignorar essa situação de calamidade e cruzar os braços para o nosso povo, nossas Santas Casas e Unimeds?", indagou.

Dr. Ubiali salientou ainda que o Sistema Único de Saúde faz um verdadeiro milagre com os poucos recursos de que dispõe. Segundo ele, a União investe cada vez menos em saúde, e as prefeituras têm que complementar uma grande parte do montante dos recursos.

"Hoje temos um número, dito pelo próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que nesta tribuna informou que faltam anualmente R$ 45 bilhões para atendermos o nosso povo", disse.

A atuação da agência Nacional de Saúde foi criticada por Dr. Ubiali (PSB-SP). A seu ver, a ANS com-promete a prestação de serviços de saúde com exigências absurdas. Ele ressaltou que o setor precisa de uma atenção especial. Se-gundo o parlamentar, as prestadoras de ser-viço são submetidas a regras duríssimas impostas pela agência, que fazem pensar que seus conselheiros, com a des-culpa de regular o setor, querem é acabar com ele.

"Hoje eu não tenho dúvida que a ANS, no seu inconsciente coletivo, realmente quer acabar com

Em 2011, apenas na cidade de Rio do Sul, a mais afetada, confor-me disse, os prejuízos podem ficar entre R$ 200 e R$ 300 milhões.Mas o parlamentar disse estar otimista. Como o projeto conta com apoio do governo japonês, ele relatou que técnicos do país asiático já visitaram Santa Catarina, e o governador demonstra

empenho no assunto. "Agora deve enfim sair do papel, a expecta-

tiva é que, do outro lado do mundo, obtenhamos financiamentos para colocarmos as mãos à obra", concluiu.

A ANS quer acabar com as cooperativas, Santas Casas e Unimeds – acusa Dr. Ubiali (PSB-SP)

A indignação dos catarinenses é um fato – garante Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC)

O Sistema Único de Saúde faz um verdadeiro milagre com os poucos recursos de que dispõe

Crítica à atuação da ANS efalta de verba para a saúde

Pedido de obras para evitar enchentes em Santa Catarina

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O registro definitivo do Partido Social Democrático (PSD) perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comemorado por Kátia Abreu (ainda no DEM-TO), sob o argumento de “os ministros terem entendido que nós está-vamos praticando a democracia e o que a lei nos permitia. Nós cumprimos todos os prazos, fizemos um esforço sobre--humano por todo o país na busca de assinaturas e na seleção transparente das assinaturas feitas pelos cartórios de registro" – disse.

A representante tocantinense in-formou que a nova legenda deverá contar com 50 deputados federais, seis vice-governadores, dois senadores, dois governado-res e "centenas de vereadores, prefeitos e deputados estaduais".

– Hoje nós realizamos o nosso sonho. Estamos prontos, formados para colaborar com o Brasil – comemorou.

Kátia comunicou que uma das primeiras ações do novo partido será apresentar uma

Registro do PSD é comemorado

proposta de emenda à Constituição para que, em 2015, seja realizada uma ampla revisão constitucional por meio de uma Câmara Revisional exclusiva (similar a uma Assembleia Nacional Constituinte). Essa instân-cia teria duração de dois anos e seria composta por constituintes revisores a serem eleitos em 2014, "em cada estado e no Distrito Federal, pelo regime proporcional e por intermédio de listas partidárias".

Pela proposta, essa Câmara Revi-sional deverá ser composta por 250 par-lamentares revisionais que elaborarão uma grande reforma na Carta Magna,

preservadas as cláusulas pétreas. – A revisão constitucional feita por esta Câ-

mara Revisional exclusiva dará oportunidade de regenerar o sistema político e a própria política bra-sileira. Nós precisamos urgentemente modernizar o estado. O pacto federativo grita por uma reforma para que possamos avançar na reforma tributária – afirmou a senadora.

"...os ministros entenderam que nós estávamos praticando a democracia...

Para Kátia Abreu, o PSD já nasce forte e bastante representativo

milhões de micro e pe-quenas empresas foram formalizadas em seis anos. O senador desta-cou que, desta forma, o Simples permitiu a geração de 7 milhões de empregos, aumentou a inclusão previdenciária, facilitou o acesso ao crédito e reduziu o risco das empresas diante da fiscalização.

O parlamentar pernambucano que

criticou a criação de novos tributos, também pe-diu a inclusão de novas categorias de empresas no Simples, como corretores de imóveis, clínicas e representantes comerciais.

Em pronunciamento em Plenário, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) manifestou sua satis-fação com a aprovação pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do PLC 77/2011, que estabelece mudanças no Regime Simplificado de Tributação. O parlamentar comemorou os "resultados notáveis" do Simples em seis anos de vigência, e pediu o apro-fundamento das reformas:

– Infelizmente, o Brasil construiu um sis-tema tão extraordinariamente complexo e dis-funcional para a economia que, ao final, tivemos que ir promovendo emendas e remendos nesse sistema. O Regime Simplificado de Tributação nada mais é do que uma reforma tributária que se operou no ambiente das micro e pequenas empresas – disse.

Armando Monteiro destacou a importância do Simples como instrumento para a formalização de pequenos negócios no Brasil, lembrando que 2,7

Armando Monteiro (PTB-PE) destacou a importância do Simples

Avanços na legislação do Simples é destacado

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Às vésperas da apreciação do veto do ex-presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva à Emenda Ibsen, que prevê a distribuição dos royalties do petróleo por todos os estados e municípios, começou a tramitar proposta de emenda à Constituição determinando o trancamento da pauta da Câmara e do Senado, caso a apreciação de veto presidencial a projeto de lei demore mais que 90 dias. Atualmente, somente a pauta das sessões conjuntas do Congresso pode ser trancada nesses casos.

Assim sendo, pela PEC 96/11, de Zezé Per-rella (PDT-MG), após 90 dias do recebimento da mensagem de veto pelo Congresso, o veto passa a sobrestar as pautas das duas casas do Congresso (Câmara e Senado). Nesses casos, todas as deli-berações ficariam suspensas em qualquer tipo de sessão, seja ordinária ou extraordinária.

Na avaliação do senador, a proposta não pretende facilitar a derrubada de vetos presiden-ciais, mas reforçar o papel do Poder Legislativo, a quem cabe a decisão final sobre os itens vetados." Acreditamos que, ao sobrestar a deliberação de todas as proposições pautadas para os plenários da Câmara, do Senado e do Congresso Nacional, a deliberação sobre os vetos presidenciais receberá mais atenção tanto dos parlamentares quando dos chefes do Executivo, parte não apenas diretamente interessada, mas também determinante, por meio de suas lideranças, dos destinos das matérias examinadas no Parlamento", argumento na justi-ficação da PEC.

Apesar de já existir dispositivo constitucional que prevê o trancamento da pauta do Congresso para forçar a apreciação dos vetos pelo plenário conjunto, na prática, isso não tem acontecido, con-forme observa Perrella. "O que temos, na verdade, é o próprio Congresso Nacional abrindo mão, por

PEC para acelerar apreciaçãode vetos presidenciais

inércia, de uma de suas prerrogativas, justamente aquela que é a razão de existir do Poder: legislar efetivamente", relata.

De acordo com a Constituição, o veto tranca a pauta das sessões do Congresso 30 dias após ser enviado pelo Executivo, impedindo a votação de qualquer outro tema. Na prática, no entanto, esse trancamento não ocorre porque só se considera recebido o veto depois de sua leitura em Plenário. Atualmente, existem mais de 500 vetos presiden-ciais aguardando leitura e deliberação de deputados e senadores.

A PEC 96/11 será analisada pela Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJ), onde aguarda designação de relator.

Entretanto, essa PEC de Zezé Perrella se junta a outras propostas em tramitação no Congresso com mudanças nas regras de análise desses atos da Presidência da República. É o caso da PEC 57/05, do ex-senador Marco Maciel, que permite a apreciação dos vetos separadamente em cada Casa, em vez de em sessão conjunta como é atualmente.

Emenda à Constituição determinando o trancamento da pauta da Câmara e do Senado

Nessa PEC de Zezé Perrella (PDT-MG) e prazo ficaria em 90 dias

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do reitor da UFRR, Roberto Ramos, à jornalista Vaneza Targino, da Folha de Boa Vista, em que o educador afirma que a universidade de Roraima está

no mesmo patamar de outras institui-ções mais famosas do Brasil.

Quanto à parte social, desenvolvida pela instituição, o reitor explicou que o objetivo é oferecer ao aluno mais condições para que permane-çam na universidade, para não abandonar o curso. Mozarildo informou ainda que a UFRR tem atualmen-te 6.400 estudantes, 456 professores e 284 técnico-administra-tivos. Nessas mais de duas décadas de existência, disse o senador, mais de 10 mil pessoas já foram formadas.

Os 22 anos da Universidade Federal de Roraima (UFRR), comemorados no dia 8 deste mês, foram reverenciados por Mo-zarildo Cavalcanti (PTB-RR). E lembrou que, em 1983, quan-do ainda era depu-tado federal, apre-sentou projeto de lei autorizando o Poder Executivo a criar a Universidade Federal de Roraima, com sede em Boa Vista, capital do então território federal de Roraima. O projeto foi aprovado e virou a Lei 7.364/85.

Mas a UFRR só viraria realidade com o Decreto 98.127/89, assinado pelo então presidente da Repú-blica José Sarney. Mozarildo disse que participou na semana passada de solenida-des de inauguração de obras da UFRR, que foram possíveis devido a emendas parlamentares, de sua autoria, ao Or-çamento da União. As obras inaugura-das foram o Centro de Convivência da Comunidade Univer-sitária, o Centro de Pesquisas e o Arquivo Geral. O senador a também leu trechos de recente entrevista

O Decreto 98.127/89 foi assinado pelo então presidente José Sarney

22 anos da Universidade Federal de Roraima

Reverencia de Mozarildo Caval-canti (PTB-RR), e sua luta desde quando deputado federal

Ele fez questão de relembrar ter sido o então presidente José Sarney quem oficializara a criação

Para o reitor da UFRR, Roberto Ramos, a universidade ainda caminha para a sua consolidação

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fortalecimento das co-operativas, pois 2012 é o ano internacional do cooperativismo.

O representante matogrossense do Sul elogiou ainda pronun-ciamentos de mem-bros do governo que incluíram a agricultu-ra familiar como parte integrante e impor-tante do agronegócio brasileiro.

O senador lem-brou que a produção agrícola gera US$ 60 bilhões ao Brasil, e enquanto todos os outros segmentos, em termos de importação e exportação, dão déficit de US$ 40 bilhões à balança comercial brasileira, o agronegócio paga o déficit e ainda gera superávit de US$ 20 bilhões. De tudo que produzimos e ex-portamos, acima de 40% passa pelas cooperativas – enfatizou.

A balança comer-cial brasileira só é po-sitiva graças ao agro-negócio, setor em que é preciso destacar "o papel fundamental do pequeno produtor, que se alia em cooperativas e até vira exportador", afirmou Waldemar Moka (PMDB-MS). Por este motivo, assinalou o senador, é preciso fortalecer essas insti-tuições. Esse foi um dos pontos discutidos no 3º Seminário da Frente Parlamentar do Cooperativismo – Desafios e Pers-pectivas para o Ramo Agropecuário.

Presente ao encontro, o ministro da Agricul-tura, Mendes Ribeiro, se comprometeu a criar uma secretaria específica para o cooperativismo brasileiro, segundo. Para Moka, a criação dessa secretaria vem em um momento oportuno, de

Participação fundamental do pequeno produtor que se alia em cooperativas

Papel das cooperativas no Brasil

Waldemar Moka (PMDB-MS) enalteceu a participação do cooperativismo na economia

O ministro da Agricultura,Mendes Ribeiro, quer criar uma secretaria do cooperativismo

cursos expressivos para os estados mais pobres do Nordeste, especial-mente os da região do semiárido: no caso da Paraíba, o FPE chegou a ultrapassar 50% da receita do estado.

– Tenho certeza de que não haverá, por parte dos estados ricos brasileiros, nenhum constrangimento se o Congresso Nacional adotar um sistema de

distribuição que contemple com mais vantagens os estados mais pobres, os estados que sobrevivem prati-camente ou quase que praticamente com os recursos do Fundo de Participação – disse o parlamentar.

Comentada por Wilson Santiago (PMDB--PB) a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou inconstitucional a distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) conforme as regras atuais, e previu que a mudança na divisão dos repasses aos estados de-verá ser "incansavelmente debatida" nos próximos meses. O parlamentar destacou a responsabilidade do Congresso Nacional na criação de novas regras mais justas.

– Essas desigualdades, de fato, têm prejudica-do a maioria dos estados brasileiros, permitindo que existam ainda hoje, em pleno século 21, verdadeiros paraísos dentro do território nacional e outros es-tados vivendo em estado de miséria, de dificuldade, por conta dos minguados recursos destinados pelo Fundo de Participação dos Estados - disse o senador.

Wilson Santiago afirmou que o FPE é insignifi-cante para os estados mais ricos, mas representa re-

Wilson Santiago (PMDB-PB) promete ser incansável nessas reivindicações

Distribuição mais justa do FPE

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