angola diz «mãos para cima na prevenção do...

4
Angola diz «Mãos para cima na prevenção do VIH»! «Só uma maior integração e resposta mulssectorial podem vencer a epidemia» A ngola desenvolveu um vasto programa de sensibilização pública para celebrar o Dia Mundial de Luta contra a Sida e a passagem dos 35 anos desde que foi descoberto o vírus que afecta hoje 36,7 milhões de pessoas em todo o mundo, dentre as quais cerca de 26 milhões em África. O Programa incluiu marchas, palestras, debates e actos públicos e teve como realce a prevenção de novas infecções com o VIH, principalmente em jovens e adolescentes. A meta é contribuir para que Angola possa também eliminar esta epidemia até 2030. Em Luanda, as celebrações veram um carácter mulssectorial com início numa marcha organizada pela ANASO (Rede Angolana das Sociedades de Serviço de Sida), no dia 29 de Novembro, com a parcipação de mais de duas mil pessoas, e o ponto mais alto teve lugar na Escola Técnica de Saúde, com a presença do Ministro da Saúde, Dr. Luís Gomes Sambo. A cerimónia contou com a presença de membros do governo, directores do MINSA, académicos, representantes da sociedade civil, líderes religiosos, e parceiros nacionais e internacionais. Como referiu o ministro angolano da Saúde, o mundo discute hoje como acelerar a resposta através da estratégia «Testar e Tratar», prevendo diagnoscar 90% das pessoas que vivem com VIH; tratar com an-retrovirais 90% das pessoas com o VIH e, manter 90% das pessoas em tratamento an-retroviral com carga viral suprimida. A nível mundial, a meta é garanr que 30 milhões de pessoas estejam sob tratamento até 2020. Também a propósito desta data, a Directora Regional da OMS para África, Drª Matshidiso Moe, disse em Brazaville que será necessário que nos próximos quatro anos, as novas infecções pelo VIH sejam reduzidas na Região Africana para menos de 400 mil casos e que os óbitos provocados pela Sida baixem para menos de 300 mil. Um objecco de facto ambicioso mas possível se todos trabalharmos para a prevenção com «mãos para cima

Upload: vanphuc

Post on 01-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Angola diz «Mãos para cima

na prevenção do VIH»!

«Só uma maior integração e resposta multissectorial

podem vencer a epidemia»

A ngola desenvolveu um vasto programa de sensibilização pública para celebrar o Dia Mundial de Luta

contra a Sida e a passagem dos 35 anos desde que foi descoberto o vírus que afecta hoje 36,7 milhões de pessoas em todo o mundo, dentre as quais cerca de 26 milhões em África. O Programa incluiu marchas, palestras, debates e actos públicos e teve como realce a prevenção de novas infecções com o VIH, principalmente em jovens e adolescentes. A meta é contribuir para que Angola possa também eliminar esta epidemia até 2030. Em Luanda, as celebrações tiveram um carácter multissectorial com início numa marcha organizada pela ANASO (Rede

Angolana das Sociedades de Serviço de Sida), no dia 29 de Novembro, com a participação de mais de duas mil pessoas, e o ponto mais alto teve lugar na Escola Técnica de Saúde, com a presença do Ministro da Saúde, Dr. Luís Gomes Sambo. A cerimónia contou com a presença de membros do governo, directores do MINSA, académicos, representantes da sociedade civil, líderes religiosos, e parceiros nacionais e internacionais. Como referiu o ministro angolano da Saúde, o mundo discute hoje como acelerar a resposta através da estratégia «Testar e Tratar», prevendo diagnosticar 90% das pessoas que vivem com VIH;

tratar com anti-retrovirais 90% das pessoas com o VIH e, manter 90% das pessoas em tratamento anti-retroviral com carga viral suprimida. A nível mundial, a meta é garantir que 30 milhões de pessoas estejam sob tratamento até 2020. Também a propósito desta data, a Directora Regional da OMS para África, Drª Matshidiso Moeti, disse em Brazaville que será necessário que nos próximos quatro anos, as novas infecções pelo VIH sejam reduzidas na Região Africana para menos de 400 mil casos e que os óbitos provocados pela Sida baixem para menos de 300 mil. Um objectico de facto ambicioso mas possível se todos trabalharmos para a prevenção com «mãos para cima!»

Boletim Informativo da Representação da OMS em Angola

Dr. Hernando Agudelo, Representante da OMS, em nome das Agências das Nações Unidas:

«Olhamos para o futuro com determinação»

A Sida criou não só problemas de saúde, mas também problemas de desenvolvinentro. Vários sectores importantes do desenvolvimento dos países africanos foram afectados através de quadros altamente referenciados e que deveriam dar o seu contributo para o desenvolvimneto. Registamos melhorias em relação à tendência da epidemia, de acordo com o último relatório da ONUSIDA, que diz-nos que foram registados avanços a nivel mundial, especialmente na redução

da mortalidade pela doença e também no número de novas infecções. Contudo, as novas infecções em adultos não têm reduzido e isso é preocupante. A insuficiência de medidas preventivas e a persistência de algumas determinantes sociais aumentaram a vulnerabilidade ao VIH e são a causa da incidência ainda elevada da infecção pelo VIH. Temos em Angola 1070 (mil e setenta) serviços de aconselhamento e testagem e cerca de 95 mil pessoas em tratamento anti-retroviral. As mulheres grávidas constituem um grupo muito vulnerável. Cerca de 1,8% das que foram testadas revelaram-se seropositivas e, na sua maioria, estão em tratamento para prevenção da transmissão materno-fetal. O executivo angolano está empenhado no resposta intersectorial ao VIH e a Sida e está alinhado às novas orientações das instituições internacionais de referência, nomeadamente a Organização Mundial da Saúde e a ONUSIDA. Os jovens devem ter uma sexualidade normal, segura e saudável. Uma boa saúde sexual e reprodutiva mantém as mães saudáveis e previne a infecçao dos recém-nascidos. A abstinência sexual, a fidelidade e o uso do preservativo em todas as relações sexuais ocasionais são medidas de prevenção primária ao alcance de todos. As pessoas devem fazer o seu teste e conhecerem o seu estado serológico; e aderirem ao tratamento com anti-retrovirais em caso de necessidade.

T rinta e cinco anos após o surgimento da Sida, a comunidade internacional

pode olhar para trás com algum orgulho, mas também temos de olhar para o futuro com determinação e compromisso para alcançar nosso

objetivo de acabar com a epidemia da Sida até 2030. Verificou-se um verdadeiro progresso no combate à doença. Mais pessoas estão em tratamento. Desde 2010, o número de crianças infectadas através da transmissão mãe-filho caiu para metade. Menos pessoas morrem de causas relacionadas com a Sida. O quadro estratégico da ONUSIDA está alinhado com os Objectivos do

Desenvolvimento Sustentável, que destacam como o trabalho contra o VIH está ligado ao progresso na educação, na paz, na igualdade de gênero e nos direitos humanos. Estou orgulhoso de ver como as Nações Unidas e ONUSIDA estão empenhadas em encontrar novas e melhores abordagens para acabar com esta epidemia.

Dr. Luís Gomes Sambo, Ministro da Saúde: «Temos 95 mil pessoas em tratamento anti-retroviral, mas o

melhor remédio continuará a ser evitar a infecção do VIH»

Dr. Luís Sambo: «Em Angola, a prevalência do VIH é de 2.4%, mas o país está à espera de dados mais actualizados»

Boletim Informativo da Representação da OMS em Angola

O mundo comprometeu-se a pôr fim à epidemia da Sida até 2030 como parte dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Mais de 18 milhões de pessoas estão agora sob tratamento do VIH e muitos países estão no caminho de praticamente eliminar a transmissão do VIH de mãe para filho. Contudo, persistem alguns desafios para uma resposta mais alinhada com as metas do Plano Estratégico Nacional dos «90-90-90», nomeadamente:

Insuficiências de informações estratégicas actualizadas para os decisores e melhoria dos sistemas de informação integrada e gestão de stock; limitação das intervenções focadas nas comunidades mais afectadas; limitado comprometimento e envolvimento de outros sectores do Executivo e da sociedade civil no combate à infecção ao VIH e coordenação multissectorial; limitada integração da abordagem baseada no género, e das jovens em particular nas estratégias, programas e planos de acção e no combate aos factores que aumentam a vulnerabilidade a epidemia, como a violência de género; o estigma e discriminação e a necessidades de incluir o combate destes em todas as acções e intervenções programáticas, incluindo programas de informação, educação e comunicação, com a participação de pessoas vivendo com VIH e Sida.

N ós, pessoas vivendo com VIH, saudamos o Dia Mundial da Sida, que este ano se comemora sob

lema: «Mãos para cima na prevenção do VIH», e agradecemos por todas as realizações feitas pelo Governo até ao momento, no que diz respeito à implantação dos Programas e medicamentos anti-retrovirais, laboratórios e outros. Mas, para nosso desespero, a situação actual tende a piorar a cada dia que passa. Temo-nos deparado com a escassez de alguns anti-retrovirais, bem como acesso limitado aos exames de rotina e medicamentos para co-infecção de tuberculose, quer a nível de algumas unidades de saúde de Luanda quer e

outras províncias; o que nos leva a ficar com pouca esperança de vida e muitos receios, tais como aumentos de resistência medicamentosa em portadores de VIH e tuberculose. De recordar que a esperança do amanhã, que são as nossas crianças vindas de mulheres positivas, também têm a sua situação comprometida. Devido a esta situação, nós questionamos

como atingir as metas de 90% de

pessoas em tratamento e 90% de

pessoas com carga viral indetectável?

Ressaltamos que Angola não possuí a

3ª linha de tratamento para o VIH.

Estamos conscientes da actual situação de crise que o País vive, mas pedimos que não seja motivo para nos deixar morrer.

Momentos remarcantes da cerimónia do Dia Mundial de Luta contra a Sida

DISCURSO DA DRª TSEMO SIHAKA, DIRECTORA DO ONUSIDA EM ANGOLA: «A nossa meta é pôr fim à epidemia até 2030!»

MENSAGEM DAS PESSOAS VIVENDO COM O VIH/SIDA: «Acesso a anti-retrovirais, exames de rotina e medicamentos»

A cantora Yola Semedo,

Embaixadora de Boa Vontade

da ONUSIDA, mereceu elogios

e aplausos pela grande paixão

que tem demonstrado para a

luta contra o VIH/Sida em

Angola.

Boletim Informativo da Representação da OMS em Angola

O Dia Mundial da Sida é uma oportunidade para nos unirmos contra o VIH, mostrar o nosso apoio às pessoas que vivem com o VIH /SIDA e relembrar os que já faleceram com esta doença.

O tema do ano 2016 sublinha as questões ligadas à prevenção do VIH, como o acesso e o direito à saúde, a discriminação zero, os testes e os preservativos destinados a grupos específicos, como as adolescentes e as mulheres jovens, as populações-alvo, como profissionais do sexo e pessoas que vivem com o VIH.

Apesar dos consideráveis progressos realizados desde 2000, com as novas infeções e as mortes a descerem mais de 40% até 2015, a África Subsariana continua a ser a Região mais afectada em todo o mundo, com quase 26 milhões de pessoas a viverem com a infecção em 2015. A Região sofreu quase mais três quartos de óbitos devidos ao VIH do que a qualquer outra infecção; só em 2015, morreram mais de 800 000 pessoas.

Quanto a novas infecções, a Região Subsariana suporta o maior fardo, com cerca de 1,4 milhões de indivíduos - 65% do total mundial – a serem infectados. As adolescentes e as mulheres jovens são

particularmente vulneráveis, tendo o dobro das infecções dos rapazes e homens da mesma idade. Mais de 20% das novas infecções em 2015 ocorreram entre as populações-chave e seus parceiros.

Os benefícios das intervenções e serviços contra o VIH não estão a ser inteiramente compreendidos na Região. Dos 25,5 milhões de pessoas que vivem com o VIH, há 12,5 milhões que desconhecem a sua seropositividade. Além disso, há 13,4 milhões de pessoas que vivem com o VIH que não têm acesso à terapêutica antirretroviral. A discriminação, o estigma, a desigualdade entre os géneros e a violência doméstica continuam a dificultar o acesso aos serviços de saúde, particularmente por parte das crianças, adolescentes, jovens mulheres e populações-chave de maior risco. Também os conflitos e as emergências que destroem os sistemas de saúde e provocam a deslocação das pessoas entravam ainda mais o acesso. Para reduzir novas infecções por VIH na Região, as adolescentes e as jovens, assim como as populações-chave devem ser colocadas no centro da resposta. É preciso uma intensa atenção para facilitar o seu acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva. A terapêutica antirretroviral e a circuncisão masculina voluntária medicamente assistida terão de ser reforçadas, juntamente com poderosas estratégias de prevenção, tais como a profilaxia da pré-exposição para os grupos de alto risco. Para os testes do VIH, é preciso explorar novas formas de prestação de serviços de testes, incluindo a possibilidade de auto-testes.

A prevenção deve continuar a ser uma prioridade, com intervenções de impacto como a disponibilização de preservativos, a segurança das injecções e do sangue, campanhas de mudança de comportamentos para combater comportamentos sexuais de risco e o estigma.

DIRECTORA REGIONAL DA OMS PARA ÁFRICA, DRª MATSHIDISO MOETI:

«As populações-chave devem estar no centro da resposta»

Editado pela Representação da OMS em

Angola, Rua Major Kanhangulo 197, 7º

andar, Luanda. Telef: (244) 222 395 701

Fax: (244) 222 332314 - E-mail:

[email protected]

Fotos: ONUSIDA, OMS e PNUD

EMPENHO NA LUTA CONTRA A SIDA EM ANGOLA