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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO ANDRÉA DE ANDRADE A EXPANSÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS São Paulo 2014

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

ANDRÉA DE ANDRADE

A EXPANSÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS:

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

São Paulo

2014

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ANDRÉA DE ANDRADE

A EXPANSÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS:

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como exigência parcial

para obtenção do grau de Mestre em

Educação.

Área de concentração: Políticas públicas.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sandra Lúcia Ferreira.

São Paulo

2014

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Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional

A553e

Andrade, Andrea de.

A expansão dos Institutos Federais: causas e consequências.

/ Andréa de Andrade. São Paulo, 2014.

148 p.

Inclui bibliografia

Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São

Paulo - Orientadora: Profa. Dra. Sandra Lúcia Ferreira.

1. Expansão do ensino. 2. Educação profissional. 3.

Instituição federal de ensino superior. 4. Políticas públicas

em educação. I. Ferreira, Sandra Lúcia, orient. II. Título.

CDD 371.1

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ANDRÉA DE ANDRADE

A EXPANSÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS:

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como exigência parcial

para obtenção do grau de Mestre em

Educação.

Área de concentração: Políticas públicas.

Data da Defesa: 30 de outubro de 2014.

Resultado: Aprovada.

BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª Dr.ª Sandra Lúcia Ferreira _____________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof.ª Dr.ª Margaréte M. B. Rosito _____________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof. Dr. Hélio Sales Rios _____________________________________

Instituto Federal de São Paulo

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Deus, Senhor e Salvador da minha vida, por ter me guiado por

caminhos que jamais pensei em trilhar.

À minha família, Neusa, Sara, Luanda e Luara, que tem sido o motivo para eu nunca

desistir.

À Thianinha, amiga e parceira de trabalho e de estudos, pelo apoio e incentivo.

Ao Professor Azzolino sempre muito compreensivo, permitiu minha licença para

conclusão da dissertação.

Aos Professores Arnaldo e Villela.

Aos colegas do IFSP, em especial Solange Maria Souza, Maria do Carmo, José Carlos,

Elma, Rubens e Airaê.

Aos Doutores Jair, Edileine e João Gualberto, o meu respeito e minha admiração.

À Sheila e Claudia, da secretaria da UNICID, pela presteza de seus serviços.

Aos Doutores Hélio e Margaréte pelas valorosas sugestões.

À Doutora Sandra, minha gratidão pela sua competência e paciência durante o processo

de orientação e por acreditar em mim.

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À minha mãe, companheira de todas as horas, com a qual tenho

o imenso prazer em dividir os frutos de todas as minhas

conquistas.

À minha filha Sara, que é um ser humano maravilhoso, nela

resplandece a luz do Senhor.

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Não há transição que não implique um ponto de partida, um processo e um

ponto de chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De

modo que nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente.

Temos de saber o que fomos e o que somos, para sabermos o que seremos.

Paulo Freire

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RESUMO

O presente estudo, de natureza qualitativa, tem como foco o Plano de Expansão da Rede

Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, quanto às suas causas e

consequências, sobretudo no Instituto Federal de São Paulo. O estudo pretende desvelar

as causas que levaram o poder público a decidir sobre a alteração do cotidiano dessa

rede de ensino, e registrar algumas consequências geradas a partir dessas definições

políticas. O objetivo geral da pesquisa é investigar a forma e as condições que

possibilitaram a expansão do Instituto Federal de São Paulo. Para tanto aborda a

passagem histórica dessa Instituição Federal de Ensino, por meio de pesquisa

documental e bibliográfica, desde as suas transformações em prol da Educação

Profissional brasileira até a criação dos Institutos Federais. O trabalho está subdividido

em três capítulos e as considerações finais. Entre os principais assuntos destacam-se os

desafios enfrentados pela gestão do IFSP, as condições da infraestrutura dos campi, o

déficit e as insatisfações de docentes e técnico-administrativos, a evasão de alunos e

acompanhamento de egressos.

Palavras chave: Plano de Expansão, Educação Profissional, IFSP, Políticas Públicas.

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ABSTRACT

This study was qualitative, focuses on the Expansion Plan of the Federal Network of

Professional Education, Science and Technology, as its causes and consequences,

particularly at the Federal Institute of São Paulo. The study aims to reveal the causes

that led the government to decide on changing the everyday life of this school system,

and record some consequences generated from these political definitions. The overall

objective of the research is to investigate the shape and the conditions that allowed the

expansion of the Federal Institute of São Paulo. For both approaches the pass historic

Federal Institution of Education, through documentary and bibliographical research,

since their transformations in favor of Brazilian professional education until the creation

of the Federal Institutes. The work is divided into three chapters and the final

considerations. Among the main issues highlight the challenges faced by the

management of the IFSP, the conditions of the infrastructure of the campuses, the deficit

and the grievances of teachers and technical and administrative staff, students and the

avoidance of tracking graduates.

Keywords: Expansion Plan, Professional Education, IFSP, Public Policy.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADOT – Associação para Proteção dos Adolescentes Trabalhadores

AGENDE – Agência de Desenvolvimento e Inovação de Guarulhos

ANDIFES – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino

Superior

ART. – Artigo

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica

CEFET-MG – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

CEFET-RJ – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca

CEFET/SP – Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo

CEMUS – Centros de Educação Municipais de Salto

CEPRO – Centro de Educação Profissional de São João da Boa Vista

CEPROLIN – Centro Profissionalizante do Litoral Norte

CEREP – Centro Regional de Educação Profissional

CETEB – Centro Educacional e Tecnológico de Boituva

CGU – Controladoria Geral da União

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNEC – Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

CONAES – Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior

CONCEFET – Conselho de Dirigentes dos CEFETs

CONEAF – Conselho das Escolas Agrotécnicas Federais

CONDETUF – Conselho Nacional de Dirigentes das Escolas Técnicas vinculadas às

Universidades Federais

CONIF – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica

EAD – Educação a Distância

EAF – Escola Agrotécnica Federal

EPT – Educação Profissional e Tecnológica

e-Tec – Educação Profissional e Tecnológica na modalidade a distância

ETF – Escola Técnica Federal

ETFSP – Escola Técnica Federal de São Paulo

FESB – Fundação Municipal de Ensino Superior em Bragança Paulista

FIC – Formação Inicial e Continuada

FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FOSP – Federação Operária de São Paulo

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FUNDACC – Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba

FUNDAM – Fundação para o Desenvolvimento Educacional e Cultural da Alta

Mogiana

INC. – Inciso

IF – Instituto Federal

IFE – Institutos Federais de Educaçao

IFSP – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC – Ministério da Educação e Cultura

ONG - Organização Não Governamental

PCCTAE – Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação

PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional

PET – Programa de Ensino Tutorial

PNE – Plano Nacional de Educação

Pnaes – Plano Nacional de Assistência Estudantil

PPC – Projeto Pedagógico de Curso

PRM – Partido Republicano Mineiro

PROEJA – Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na

Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (2005)

PROEJA – Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação

Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (2006)

PROEP – Programa de Expansão da Educação Profissional

Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

PRP – Partido Republicano Paulista

SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

TCU – Tribunal de Contas da União

UFSCar – Universidade Federal de São Carlos

UNED – Unidade de Ensino Descentralizada

UNICID – Universidade Cidade de São Paulo

UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Nilo Procópio Peçanha .................................................................................. 24

Figura 2 – Comícios de Rui Barbosa .............................................................................. 25

Figura 3 – Desembarque dos imigrantes no Porto de Santos (SP), 1907 ....................... 45

Figura 4 – Imigrantes posando para fotografia no pátio central da Hospedaria dos

Imigrantes, ca. 1890........................................................................................................ 47

Figura 5 – Greve geral de 1917 ...................................................................................... 48

Figura 6 – Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo ................................................ 50

Figura 7 – Relatório do Ministério da Agricultura (1911-1912, 1, p. 275). ................... 52

Figura 8 – Relatório do Ministério da Agricultura (1922, p. 151). ................................ 52

Figura 9 – Relatório do Ministério da Agricultura (1928, p. 32-SN). ............................ 53

Figura 10 – Relatório do Ministério da Agricultura (1929, p. 29). ................................ 54

Figura 11 – “Annuarios” do Ensino do Estado de São Paulo (1918, p. 542) ................. 55

Figura 12 – Mapa dos campi do IFSP (atualizado em 2013) ......................................... 94

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Número de Unidades do IFSP por fase/período .......................................... 93

Gráfico 2 – Formação de professores para atuar com educação profissional. ............. 108

Gráfico 3 – Proporção de professores insatisfeitos com condições de trabalho oferecidas

pelos Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. ............. 110

Gráfico 4 – Desempenho comparado no ENEM de alunos oriundos de escolas técnicas

de diferentes redes de educação profissional, por área de conhecimento, em 2010. ..... 115

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio oferecidos pelo IFSP, por

campus: ........................................................................................................................... 68

Quadro 2 – Implantação dos cursos superiores no CEFET/SP (sede) no período de 2000-

2008 ................................................................................................................................ 70

Quadro 3 – UNEDs do CEFET-SP – Fase I do Plano de Expansão da Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica ............................................................ 74

Quadro 4 - Campi do IFSP da Fase II do Plano de Expansão da Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica ............................................................ 87

Quadro 5 – Unidades do IFSP criadas na Fase III do Plano de Expansão da Rede

Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica .......................................... 90

Quadro 6 – Unidades previstas para o IFSP ................................................................... 90

Quadro 7 – Programas para a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica .................................................................................................................... 112

Quadro 8 – Principais parceiros externos do IFSP ....................................................... 123

TABELAS

Tabela 1 – Crescimento da população na cidade de São Paulo (1872-1940) ................. 48

Tabela 2 – Relação de concluintes/alunos do Campus São Paulo ................................ 125

Tabela 3 – Número de alunos matriculados por módulo na turma do curso técnico de

telecomunicações do IFSP/Campus São Paulo ............................................................ 126

Tabela 4 – Número de alunos matriculados por ano na turma do curso PROEJA do

IFSP/Campus São Paulo................................................................................................ 126

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SUMÁRIO

PRÓLOGO .............................................................................................................. 15

I - RAÍZES HISTÓRICAS DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA NO BRASIL ................. 22

1.1 O estado de São Paulo: retrospectiva histórica ............................................. 41

1.2 A cidade de São Paulo: uma breve história da necessidade de formação

profissional ................................................................................................................ 45

1.2.1 Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo ............................................... 50

1.2.2 Liceu Industrial de São Paulo ...................................................................... 58

1.2.3 Escola Industrial e Escola Técnica de São Paulo .......................................... 59

1.2.4 Escola Técnica Federal de São Paulo (ETFSP) ............................................. 61

1.2.5 Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (CEFET/SP) .................. 68

1.2.6 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) .. 83

II – METODOLOGIA ............................................................................................ 95

III – ALTERAÇÃO DO COTIDIANO DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA ....................................... 97

3.1 As Causas ........................................................................................................ 97

3.2 Consequências no cotidiano do IFSP .............................................................. 103

3.2.1 Corpo docente ................................................................................................. 103

3.2.2 Corpo discente ................................................................................................. 112

3.2.3 Corpo técnico-administrativo .......................................................................... 116

3.2.4 Gestão ............................................................................................................. 118

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 132

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 145

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PRÓLOGO

O tema desta pesquisa se relaciona com minha vida profissional, no Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), uma autarquia federal

de ensino. Fundada em 1909 como Escola de Aprendizes Artífices, desde então é

reconhecida pela sociedade paulista por sua excelência no ensino público gratuito de

qualidade.

A criação da Escola de Aprendizes Artífices, pelo Decreto nº 7.566/09,

inaugurada em junho de 1910, marcou o início da educação profissional na rede federal

de ensino. Cada reformulação do ensino profissional no Brasil trazia consigo uma nova

denominação para as escolas da rede, que se tornaram: Liceu Industrial, pela Lei nº

378/37; Escola Industrial e Escola Técnica de São Paulo, pelo Decreto nº 4.127/42;

Escola Técnica Federal de São Paulo (ETFSP), pela Lei nº 4.759/65; Centro Federal de

Educação Tecnológica de São Paulo (CEFET/SP), por um Decreto sem número, de 18

de janeiro de 1999; e por último Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

São Paulo (IFSP), pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008.

Em 1990, tendo sido aprovada em concurso público, tomei posse no cargo

efetivo de operadora de tele-impressora na então ETFSP, sede situada na capital

paulista. Era chamada de sede porque naquele tempo havia uma Unidade de Ensino

Descentralizada (UNED), em Cubatão.

Em função do cargo, fui alocada no gabinete da diretoria, local onde havia

visitas constantes de profissionais ligados ao sistema federal de ensino, dentre as quais

algumas pertenciam ao alto escalão do Ministério da Educação. O contato direto com

autoridades era um dos privilégios de se trabalhar no gabinete, outro, era ter acesso às

novidades em primeira mão e às possíveis mudanças que por ventura as

acompanhassem.

Além de operar o telex, eu tinha outras atribuições que preenchiam o tempo

ocioso, dentre elas a de entregar documentos pela instituição. Essa tarefa me permitiu,

em pouco tempo, conhecer fisicamente todos os setores da escola, a compreender a

competência de cada um deles e de tomar ciência dos problemas setoriais da época, bem

como entender quais eram os encaminhamentos necessários para cada situação. Mais

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tarde tive a oportunidade de substituir a chefe de gabinete por ocasião de férias ou

licenças, o que me permitiu, também, familiarizar- me com o cotidiano administrativo.

Em determinado momento comecei a participar das comissões temporárias, que

são compostas por servidores nomeados pelo diretor ou pelo reitor. As comissões de

sindicância e de processo disciplinar são as que mais participei e ainda participo: são

ambas temporárias, de cunho investigativo, e destinam-se a apurar a existência de

irregularidades no serviço público1.

Fiz parte de outras comissões, também temporárias, e são elas: a) as comissões

de inventário e avaliação, incumbidas do levantamento físico e financeiro de todos os

bens móveis da instituição; b) a comissão de regulamentação que cria procedimentos

que serão adotados, como, por exemplo, para o uso dos telefones da instituição por

servidores; c) a comissão eleitoral, que elabora o código eleitoral, coordena todo o

processo eleitoral e fiscaliza a observância das normas estabelecidas para eleger

conselheiros, membros para comissões permanentes, diretor geral de campus, reitor e

outros; e d) a comissão organizadora para a realização de eventos comemorativos,

semana de tecnologia, feiras, cursos, etc. Além das comissões citadas, também participei

de uma muito especial, a Comissão Permanente do Pessoal Técnico Administrativo,

cujos membros são eleitos por seus pares e na qual cumpri alguns mandatos.

A minha participação nessas comissões tornou-se cada vez mais frequente, e

em cada uma mais eu aprendia (e ainda aprendo) sobre as leis que regem não apenas a

instituição em que trabalho, mas o serviço público federal. Isso quer dizer que meu

conhecimento foi ficando mais amplo, e com isso pude reconhecer a importância do

sistema federal de ensino para a sociedade, e me conscientizei de que deveria aprimorar

meus conhecimentos.

Em 1993 ingressei no curso superior de Administração de Empresas, o que me

possibilitou compreender melhor os processos administrativos, bem como contribuir de

maneira efetiva, aplicando constantemente o aprendizado no desenvolvimento do meu

trabalho em prol da ETFSP, e tornando cada vez maior o envolvimento com a

instituição.

Em 1996 me formei bacharel em Administração de Empresas, e sabia de

antemão que, em virtude de uma carreira muito limitada, não obteria progressão por

1 Lei nº 8.112/90, artigos 143 e 148.

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titulação. Em 1997 fui nomeada coordenadora de marketing institucional, passei a

trabalhar diretamente com o assessor de relações empresariais e a Coordenadoria de

Comunicação Social, composta por duas servidoras.

Formamos uma equipe e juntas fechamos parcerias com cursinhos e

faculdades, firmamos convênios com empresas, shopping, e inclusive com o Exército

Brasileiro, que implantou um projeto piloto de recrutamento, exclusivo para nossos

alunos, sendo que parte do treinamento acontecia nas dependências da ETFSP.

Resgatamos o jornal da Instituição, um canal importante de comunicação com

a comunidade interna, que havia sido abandonado; organizamos colações de grau,

palestras, eventos comemorativos, concursos de literatura (crônica, verso e prosa),

apresentações culturais com dança, música, sarau, arte marcial, capoeira, exposições;

campanhas de prevenção de doenças, contra pichação do patrimônio público, de doação

de agasalho, etc. Nesta oportunidade, em função das nossas ações, mantive contato mais

direto com parte de nossos alunos, e pude constatar o alto nível intelectual, acadêmico e

cultural que possuíam.

Criamos a revista Sinergia, com o objetivo de divulgar o conhecimento técnico,

científico e cultural alinhado ao perfil institucional da ETFSP, aberta a outras academias

para publicação de artigos inéditos e relevantes. Indexada inicialmente no Latindex, a

revista teve o seu primeiro volume publicado no ano de 2000.

Ainda em 1999, a referida equipe se deparou com o desafio de levar, ao

conhecimento da sociedade, informações sobre a transição da Escola Técnica Federal de

São Paulo para Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo.

Durante o tempo em que fiz parte desta equipe aprendi muito, e me tornei mais

crítica e exigente dentro de uma concepção de que o ensino oferecido pelo CEFET/SP

deva ser de qualidade, refletindo a mesma qualidade nos processos administrativos que

servem de suporte para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, possibilitando

melhores condições dentro e fora da sala de aula.

Em 2004, dois dos quatro servidores que compunham a equipe se aposentaram;

percebi que aquele seria o momento de buscar novos desafios e, por opção, fui alocada

na Coordenadoria de Registros Escolares Médio-Técnico, local de trabalho rejeitado por

alguns servidores que não possuem o perfil para atendimento ao público. Ali aprendi

sobre os processos administrativos relacionados à vida escolar dos nossos alunos.

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Mais tarde, em 2005, houve a estruturação do Plano de Carreira dos Cargos

Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE), o que possibilitou a minha

progressão por qualificação, momento em que tive o aproveitamento do curso superior

de Administração de Empresas, concluído em 1996.

Em 2006 foi nomeado um novo gerente de apoio ao ensino e fui nomeada

coordenadora de registros acadêmicos do ensino superior. Nesta nova condição coloquei

em prática as teorias relacionadas à minha formação superior. Alterei parte da rotina de

trabalho e dos trâmites dos serviços oferecidos por aquela coordenadoria, o que resultou

na agilização de processos. A qualidade no atendimento de alunos e professores, com

informações completas e detalhadas sobre o trâmite processual de cada situação, e

esclarecimentos sobre as fases críticas que causavam morosidade na finalização do

processo acalmaram os ânimos, principalmente dos alunos, o que permitiu melhorarmos

o nosso conceito junto a esses discentes.

Em 2007, tendo retornado para a Coordenadoria de Registros Escolares Médio-

Técnico, passei a atender os alunos da Educação de Jovens e Adultos, matriculados no

Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na

Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), oferecido pelo CEFET/SP no

ano anterior. Esses alunos, como o programa já previa, tinham um perfil diferenciado

dos demais alunos da instituição: eram mais velhos em idade e ainda cursando o ensino

médio integrado ao técnico, além de serem de baixa renda; essas condições os deixavam

constrangidos perante a comunidade do internato do CEFET/SP.

O programa também alertava para a necessidade de capacitação de servidores

para prestarem atendimento adequado a esses alunos. Diante dessa situação, busquei um

curso que me preparasse para entender melhor essas novas responsabilidades e iniciei,

no mesmo ano, o curso de Especialização em Educação Profissional Integrada à

Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, ofertado pelo

CEFET/SP.

Nesse curso pude ter uma visão da Federal2, na condição de aluna, e identificar

quais os serviços que precisavam de melhoria e avaliar até que ponto esses serviços,

prestados aos alunos, poderiam prejudicar ou favorecer o discente em sua vida

acadêmica e pessoal. Também foi possível avaliar quanto suporte, dado ao docente para

2 Trata-se da forma que os alunos sempre se referiram à instituição.

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ministrar suas aulas, comprometia ou não o ensino-aprendizagem, e, mensurar o tempo

tomado desse profissional, com questões administrativas. Por outro lado, tive o

privilégio de absorver o conhecimento de excelentes professores da casa.

Ainda em 2007 fui nomeada, pelo diretor geral, coordenadora de comunicação

social, pela experiência que obtive no passado, tendo trabalhado junto a essa

coordenadoria. Com mais três estagiárias do curso de turismo do CEFET/SP, formamos

uma nova equipe, resgatamos algumas ações do passado e retomamos, de forma

massiva, a comunicação com a comunidade interna, o que permitiu mais visibilidade de

nossas ações e, consequentemente, mais participação de servidores e alunos em nossos

eventos.

Em 2008, depois de prestar novo concurso público, tomei posse no cargo de

administradora na mesma instituição de ensino, porém, permaneci na função de

coordenadora de comunicação social.

Em dezembro desse mesmo ano pude presenciar mais uma transformação da

instituição, e me pareceu ser a mais marcante: o momento em que deixou de ser Centro

Federal de Educação Tecnológica de São Paulo e deu lugar ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Numa perspectiva mais abrangente, os

Institutos Federais estão além de contribuir com o exercício de laboridade, através da

educação profissional técnica e tecnológica, mas com a missão de abrigar as políticas

voltadas para a formação integral do aluno.

Tratava-se de um novo modelo institucional, numa estrutura multicampi3 e

organização pedagógica verticalizada4. A criação dos Institutos Federais de Educação –

IFEs foi parte integrante da segunda fase do Plano de Expansão da Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica, necessária e almejada pela sociedade

brasileira, que reivindica seus direitos constitucionais por uma “educação pública,

3 Não há Instituto Federal com um só campus, sua estrutura é multicampi, ou seja, é constituída por um

conjunto de unidades. Cada campus, independentemente do endereço ou data de criação da instituição

que lhe deu origem, possui as mesmas atribuições e prerrogativas, condição que não pode servir a uma

atuação não sistêmica. Ao contrário, a medida do trabalho da instituição – ou o cumprimento de objetivos

e metas – é o resultado do todo. (Pacheco, 2011, p. 67)

4 A organização pedagógica verticalizada, da educação básica à superior, é um dos fundamentos dos

Institutos Federais. Ela permite que os docentes atuem em diferentes níveis de ensino e que os discentes

compartilhem espaços de aprendizagem, incluindo os laboratórios, possibilitando o delineamento de

trajetórias de formação que podem ir do curso técnico ao doutorado. (Pacheco, 2011, p. 14)

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20

gratuita e de qualidade”, cuja bandeira tem sido içada pelos movimentos sindicais e

estudantis5.

Em setembro de 2009, durante as comemorações dos cem anos da Rede

Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, tive um problema de saúde

e fiquei afastada do meu trabalho por mais de um ano. Quando retornei, em 2011, passei

a desenvolver atividades na Assessoria de Apoio ao Ensino, local indicado pela nova

diretoria geral em consonância com as atribuições do meu cargo de administradora.

Essa assessoria está subordinada à Diretoria de Ensino, e juntas elas gerenciam a

maioria dos setores administrativos da instituição.

Mais uma vez eu estava num setor que me permitia ter uma visão privilegiada e

saber a quantas a instituição andava. O Plano de Expansão da Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica estava em sua Fase II, e o IFSP já

contava com 25 campi, dos quais dois eram avançados6. Porém, a expansão rápida

causou uma aparente desestruturação no IFSP, em particular no Campus São Paulo, em

todos os seus segmentos: corpo discente, docente e técnico-administrativo.

Ao perceber o reflexo dessa expansão, encontrei nessa situação motivação para

participar do programa de Mestrado. Então, em 2011 me inscrevi na seleção de

candidatos ao programa de Mestrado em Educação pela Universidade Cidade de São

Paulo (UNICID), fui aceita e escolhi, por afinidade com a pesquisa a ser desenvolvida, a

linha de pesquisa em políticas públicas.

Isso porque percebi que o estudo sobre as mudanças que iniciaram após a

transformação em CEFET/SP, e que foram acentuadas após a transformação em IFSP,

são elementos importantes para minha compreensão profissional. Nesse sentido, esta

pesquisa pretendeu responder ao seguinte questionamento:

5 Constituição Federal (1988), artigos 205 e 206, incisos IV e VII.

6 O Campus avançado é vinculado administrativamente a um campus ou, em caráter excepcional, à

Reitoria, e destinado ao desenvolvimento da educação profissional por meio de atividades de ensino e

extensão circunscritas a áreas temáticas ou especializadas, prioritariamente por meio da oferta de cursos

técnicos e de cursos de formação inicial e continuada. (Portaria nº 1.291/2013)

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Quais as marcas - visíveis e invisíveis - deixadas ao longo da história,

produzidas pela expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica, no IFSP?

Para explorar as respostas a este questionamento, um conjunto de objetivos foi

proposto:

Investigar a forma e as condições que possibilitaram a expansão do IFSP;

Analisar a Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que criou os Institutos

Federais de Educação.

Analisar o Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional,

Científica e Tecnológica, ao que se refere à criação ou integração dos campi

do IFSP.

Compreender as causas que levaram o poder público a decidir sobre a

alteração do cotidiano da Rede Federal de Educação Profissional, Científica

e Tecnológica.

Registrar algumas consequências geradas a partir dessas definições

políticas, citando o IFSP como referência para o estudo.

O Instituto Federal de São Paulo tem 105 anos de excelência e tradição no

ensino profissional, público e gratuito. A escolha pelo IFSP como objeto de estudo está

pautada no fato de que a pesquisadora tem acompanhado, por causa de seu trabalho

interno, a expansão dessa instituição, e também pelo fato de o IF possuir o maior

número de campi em todo o território brasileiro.

Esta dissertação é composta de três capítulos. No primeiro é possível encontrar

a fundamentação teórica que apresenta a Escola de Aprendizes Artífices desde a sua

criação, em 1909, até sua transformação em Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia, com ênfase no Plano de Expansão da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica até os dias atuais. No segundo capítulo é descrita

a metodologia utilizada na pesquisa, e no terceiro são apresentadas as análises do estudo

realizado. Nas considerações finais são apontadas algumas recomendações e a

declaração da necessidade de uma continuidade da exploração do tema.

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I - RAÍZES HISTÓRICAS DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA NO BRASIL

O objetivo deste capítulo é traçar a trajetória da construção do Instituto Federal

de São Paulo, desde sua origem até o momento atual, destacando a reflexão sobre os

passos necessários de elaboração de um projeto pedagógico de desenvolvimento da

formação profissional, buscando atender as diferentes demandas traçadas ao longo de

um processo histórico até o momento das atuais necessidades para a formação

profissional na contemporaneidade.

Segundo Manfredi (2002 apud Cerqueira, 2010, p. 18), a visão da educação

profissionalizante depende do momento histórico e dos interesses envolvidos, e deriva

de confrontos político-ideológicos entre trabalhadores, o mercado de trabalho e os

dirigentes do Estado.

Rever a história do Instituto Federal de São Paulo é um meio de praticar as

lições aprendidas desde o Brasil Colônia, com a vinda dos jesuítas, e contribuir, cada

vez mais, para um ensino público gratuito e de qualidade.

Os jesuítas vieram para o Brasil em 1549, com o propósito de evangelizar os

indíos, porém aos poucos a educação dos filhos dos colonizadores ficou a cargo dos

jesuítas, e foi o início discreto da formação profissional, que resultou, em 1554, na

construção – dentre vários – do primeiro colégio jesuíta, localizada na atual cidade de

São Paulo. Segundo Cerqueira (2010, p. 20) eles ensinavam ofícios de “carpintaria,

ferraria, funções de pedreiro, pintores de teto, quadros e altares, oleiros para fabricação

de tijolos, louça e afiação e tecelagem”. Contudo, os jesuítas davam mais importância

aos aspectos literários e marginalizavam as atividades técnicas e artísticas. A partir de

então se formou a concepção de que as atividades manuais eram de natureza vil,

tradicionalmente funções dos escravos, e por isso deveriam ser entregues às camadas

mais pobres da população, ficando para os mais abastados o ensino tradicional de

cultura humanística e literária.

No “Annuario” do Ensino do Estado de São Paulo (1918), o inspetor

Guilherme Kuhlmann, em seu relatório, manifesta a sua indignação quanto ao

preconceito pelos trabalhos manuais:

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E’ indiscutível, e muito se tem proclamado, a necessidade do ensino

profissional no Brasil. Paiz novo, caminhando para a constituição de

um typo único de raça, pelo caldeamento dos elementos estrangeiros

que aqui aportam, lucta, no entanto, com as tradições vindas de longe

e com os preconceitos nascidos nos ominosos tempos da escravatura,

em que a inactividade do brasileiro, que de tudo encarragou o escravo,

criou o desprezo dos trabalhos manuaes.

Com a disseminação do ensino profissional, provocar-se-há, no povo,

a sympathia para com os operários, que serão encarados como factores

do progresso e não como seres desprezíveis, sem direito ao respeito e

á consideração. Surgirá, então, a convicção de que o trabalho manual

não constitue desdouro nem baixeza. As escolas profissionais

formarão o cidadão operário, cônscio de seus deveres e direitos

políticos, cumpridores das suas obrigações sociaes e moraes. Serão

uma força viva de progresso e um fator de riqueza para o paiz. (p.

533)

Em 1906, o então presidente da República dos Estados Unidos do Brazil7,

Affonso Augusto Moreira Penna, assinou o Decreto nº 1.606, de 29 de dezembro, que

criava uma Secretaria de Estado denominada “Ministerio dos Negocios da Agricultura,

Industria e Commercio”8. O Decreto deixava a cargo desse Ministério o estudo e

despacho de todos os assuntos relativos às áreas de agricultura, indústria e comércio.

Um dos assuntos relativos à área da indústria era o ensino profissional.

7 A palavra Brasil foi mantida com a letra “z” para caracterizar uma forma de escrita exigida no início do

século.

8 Mantida a ortografia do documento original.

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Figura 1 – Nilo Procópio Peçanha

Fonte: Governo do Brasil – Galeria de Presidentes. Disponível em:

http://en.wikipedia.org/wiki/Nilo_Pe%C3%A7anha#mediaviewer/File:Nilo_Pe%C3%A7anha_02.jpg

No ano de 1909, tendo em vista o falecimento de Afonso Penna, tomou posse

seu sucessor, até então vice-presidente, Nilo Procópio Peçanha9, que esteve na

presidência por um curto período, de 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910,

apenas para completar o mandato de Afonso Penna. Durante esse período enfrentou o

agravamento dos conflitos entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais,

decorrentes da campanha civilista de Rui Barbosa, na disputa da presidência da

9 O advogado carioca Nilo Procópio Peçanha foi fundador e presidente do Clube Republicano de Campos

e do Partido Republicano Fluminense – PRF, em Campos-RJ (1888), ligado ao Partido Republicano

Paulista. Também foi deputado à Assembléia Nacional Constituinte (1890-1891), deputado federal pelo

Partido Republicano Fluminense (1891-1903) e senador (1903). Renunciou ao mandato de senador para

assumir a presidência do estado do Rio de Janeiro (1903-1906). Foi um dos signatários do Convênio de

Taubaté-SP, enquanto presidente do Rio de Janeiro. Foi eleito vice-presidente da República em 1906. Em

1912, foi eleito senador pelo Rio de Janeiro, estado do qual tornou-se mais uma vez presidente entre 1914

e 1917. Foi ministro das Relações Exteriores (1917) e senador pelo Rio de Janeiro (1918-1920). Em 1921

concorreu à presidência da República na legenda da Reação Republicana, sendo vencido nas urnas por

Artur Bernardes. Faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1924.

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República com Hermes da Fonseca. O momento foi de tensão, com necessidade de

intervenções por Peçanha, em alguns estados, para garantir a posse dos presidentes

aliados ao governo federal. Uma das intervenções ocorreu no estado do Amazonas, no

intuito de apoiar o presidente Antônio Bittencourt, de tendências civilistas, que havia

sido destituído pelo seu vice Sá Peixoto, com o apoio de Pinheiro Machado. Esse

episódio levou ao rompimento definitivo de Nilo Peçanha com o influente líder do

Partido Republicano Conservador, o gaúcho Pinheiro Machado.

Figura 2 – Comícios de Rui Barbosa

Fonte: IBA Mendes pesquisa. Disponível em: http://www.ibamendes.com/2013/01/um-pouco-mais-da-

historia-visual-da.html

Apesar dos conflitos, Peçanha teve seu governo também marcado por medidas

importantes para o país. Dentre suas realizações destacaram-se a criação das Escolas de

Aprendizes Artífices, a reorganização do Ministério da Agricultura e a criação do

Serviço de Proteção ao Índio, sob a direção do tenente-coronel Cândido Rondon. Em

1910, último ano do mandato de Peçanha, a população do Brasil era de 23.151.669

habitantes, dos quais cerca de 67% viviam no campo.

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Nessa pesquisa, dentre as medidas tomadas no governo de Peçanha, o destaque

será as Escolas de Aprendizes Artífices, que foram criadas em dezenove capitais

brasileiras pelo Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909, mantidas pelo governo

federal, por intermédio do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Começa

nesse momento a educação profissional no âmbito federal de ensino. A preocupação de

Nilo Peçanha com os menos favorecidos, e que o levou à criação dessas instituições de

ensino, está explícita no texto do decreto:

Considerando:

que o augmento constante da população das cidades exige que se

facilite às classes proletarias os meios de vencer as dificuldades

sempre crescentes da lueta pela existência: que para isso se torna

necessario, não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna

com o indispensavel preparo technico e intelectual, como faze-los

adquirir habitos de trabalho proficuo, que os afastara da ociosidade

ignorante, escola do vicio e do crime; que é um dos primeiros deveres

do Governo da Republica formar cidadões uteis à Nação (...)10

O Decreto previa as condições para a instalação das Escolas e a forma de

funcionamento. Das 10 horas da manhã às 4 horas da tarde funcionavam apenas as

oficinas de trabalho manual ou mecânico, que podiam ser até cinco, de acordo com a

conveniência e necessidade do Estado e da indústria local, e à noite o curso primário,

obrigatório para os alunos que não soubessem ler, escrever e contar, e o de desenho,

para os alunos que necessitassem dessa disciplina.

A composição da equipe de trabalho e os valores dos vencimentos que

perceberiam cada um dos membros também estavam estabelecidos no Decreto; cada

Escola teria um diretor, nomeado por decreto, um escriturário e um porteiro-contínuo,

ambos nomeados por portaria do ministro, e os mestres de oficinas seriam contratados

por tempo máximo de quatro anos.

A admissão dos alunos dependia de quantos o prédio comportasse; a

preferência era para os desfavorecidos da fortuna, cuja condição deveria ser

comprovada por pessoas idôneas ou pelo próprio diretor; os requisitos para os

candidatos deveriam ser atestados por autoridade competente, ter idades entre dez e

10

Mantida a ortografia do documento original.

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treze anos, não ter doença infecto-contagiosa, nem deficiência que impedisse o

aprendizado do ofício pelo aluno.

A constituição da renda da escola estava assim descrita no Decreto:

Art. 10. Constituirá renda da escola o producto dos artefactos que

sahirem de suas officinas.

§ 1º. Esta renda será arrecadada pelo director da escola, que com ella

satisfará a compra de materiais necessarios para os trabalhos das

officinas.

§ 2º. Semestralmente o director dará balanço na receita e despeza das

officinas e recolherá o saldo à Caixa Economica ou Collectoria

Federal, para o destino consignado no artigo seguinte.

Art. 11. A renda liquida de cada officina será repartida em 15 quotas

iguaes, das quaes uma pertencerá ao director, quatro ao respectivo

mestre e 10 serão distribuidas por todos os alumnos da officina, em

premios, conforme o gráo de adeantamento de cada um e respectiva

aptidão.

Art. 12. Haverá annualmente uma exposição dos artefactos das

officinas da escola, para o julgamento do gráo de adeantamento dos

alumnos e distribuição dos premios aos mesmos.

Art. 13. A comissão julgadora para a distribuição dos premios a que se

referem os arts. 11 e 12 será formada pelo director da escola, o mestre

da respectiva officina e o inspector agricola do districto.11

Os programas para os cursos eram formulados pelo diretor da escola, de acordo

com os mestres, e submetidos à aprovação do ministro. O regimento interno era

expedido pelo ministro e regulamentava o funcionamento da escola e sua administração,

bem como estabelecia as atribuições e deveres dos empregados.

Em caso de existência de estabelecimentos que atuassem nos mesmos moldes

das escolas criadas pelo decreto, fossem fundadas e custeadas pelos estados, municípios

ou associações particulares, elas poderiam se beneficiar de verbas destinadas às Escolas

de Aprendizes Artífices desde que a subvenção da União fosse marcada pelo ministro.

Em 11 de novembro de 1909 foi assinado o Decreto nº 7.649, que se refere aos

cursos noturnos das Escolas de Aprendizes Artífices, quanto à formação dos professores

que atuariam no curso primário e no de desenho, a forma de contratação e os salários.

No mesmo ano, o Decreto nº 7.763, de 23 de dezembro, altera os decretos

anteriores atendendo à necessidade de proporcionar melhor execução desses.

11

Mantida a ortografia do documento original.

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De acordo com D’Angelo (2000), nas décadas de 1910 e 20, em decorrência do

movimento operário e do movimento anarquista internacional, surgiram nas capitais

brasileiras os vários “Centro de Estudos Sociais”, a Universidade Popular, a Escola

Literária Germinal, as Escolas Modernas e outras, criadas não apenas por sindicatos e

associações de trabalhadores, mas, também, por intelectuais e literatos anarquistas e

alguns socialistas. Para a autora, o movimento parecia ser mais intenso no estado de São

Paulo.

O ministro da Agricultura, Indústria e Comércio, em 1920, criou a Comissão de

Remodelação do Ensino Profissional Técnico, transformada em 1921 no Serviço de

Remodelação do Ensino Profissional Técnico, liderada pelo diretor do Instituto Parobé,

engenheiro João Luderitz. Em seu relatório, Luderitz fez fortes críticas ao método de

ensino e ao currículo incompleto da educação geral. Segundo o engenheiro, todos os

problemas encontrados nas Escolas de Aprendizes Artífices, desde a sua criação, eram

consequência da liberdade concedida a diretores despreparados. Segundo D’Angelo

(2000):

João Luderitz, considerava que esse programa educativo, fixado pelo

regulamento de 1918 concedia demasiada liberdade aos diretores das

escolas, permitindo que decidissem “mandar lecionar o que lhes

parecesse conveniente” e ministrar ensino de oficinas “que

supusessem adaptadas ao fim intentado”. Explicava o citado

engenheiro, responsável pelo Serviço de Remodelação que se os

diretores tivessem prática no tocante ao ensino e administração de

oficinas, se fossem técnicos ou professores, se compreenderia a

liberdade que o regulamento lhes outorga. Entretanto, segundo ele,

com raras exceções esses diretores não eram profissionais, não

compreendiam o “movimento industrial de uma oficina” e não

utilizavam as “aprendizagens práticas dos ofícios, quanto ao seu valor

educativo”, sendo este um complexo problema para um diretor de

escola profissional, já que requer prática pessoal de desenho

industrial, de tecnologia e dos processos de fabricação.

Para João Luderitz, dessa forma, a liberdade excessiva que o programa

educativo das escolas de aprendizes concedia a diretores e mestres

“despreparados” foi a causa do mau funcionamento das escolas,

transformando-as em simples “escolas primárias” nas quais se

ensinava algo de trabalhos manuais e pelo fato de nelas haver alunos

caprichosos e dedicados, havia-se conseguido “adestrar alguns

operários”. (p. 39)

Em 1926, por influência do Serviço de Remodelação, ocorreu a primeira

transformação: a criação de um currículo padrão para todas as oficinas e para o ensino

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em todas as Escolas de Aprendizes Artífices, ou seja, a Consolidação dos Dispositivos

Concernentes às Escolas de Aprendizes Artífices, que determinou a elaboração do

horário das aulas teóricas e das oficinas. Houve também contratação de mestres e

professores, padronização dos livros e manuais e a criação de novas oficinas.

Em 1927, o Congresso Nacional sancionou o Projeto de Fidélis Reis, que

previa o oferecimento obrigatório do ensino profissional no Brasil.

Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, que passou a

supervisionar as Escolas de Aprendizes Artífices através da Inspetoria do Ensino

Profissional Técnico. Esse Ministério foi criado por Getúlio Vargas logo que chegou ao

poder, após o golpe de Estado, resultado da Revolução de 1930. Iniciou-se com Vargas

a República Nova e com ela a implantação definitiva do capitalismo industrial no

Brasil, segundo Romanelli (1978):

A Revolução de 30, resultado de uma crise que vinha de longe

destruindo o monopólio do poder das velhas oligarquias, favorecendo

a criação de algumas condições básicas para a implantação definitiva

do capitalismo industrial no Brasil, acabou, portanto, criando também

condições para que se modificassem o horizonte cultural e o nível de

aspirações de parte da população brasileira, sobretudo nas áreas

atingidas pela industrialização. É então que a demanda social de

educação cresce e se consubstancia numa pressão cada vez mais forte

pela expansão do ensino. (p. 60)

Em 1932 foi escrito o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, que

propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação. O documento foi

assinado por Fernando de Azevedo, mas que representava um segmento da elite

intelectual, que defendia uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. Nessa

época, a Igreja Católica, que detinha uma parcela significativa de escolas privadas, era

concorrente do Estado na área da educação.

Conforme Romanelli (1978):

O próprio documento é enfático, ao assinalar que não se trata de um

plano, mas de suas linhas gerais. Tomando-o neste sentido, pode-se

afirmar que é um plano avançado para a sua época. É a realidade

educacional brasileira de então, e isso porque propõe algumas

providências realmente importantes, tais como a unificação do sistema

e sua reestruturação de forma que organize a educação profissional de

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níveis médio e superior e, ainda, a formação universitária para os

professores de todos os níveis. (p. 150)

Em 1934, com a nova Constituição Federal, a educação passou a ser vista

como um direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos poderes públicos.

No ano de 1937 foi promulgada a nova Constituição Federal Brasileira, que

tratou pela primeira vez do ensino técnico, profissional e industrial, e assinada a Lei nº

378, de 13 de janeiro, que transformou as Escolas de Aprendizes Artífices em Liceus

Industriais, destinados ao ensino profissional, de todos os ramos e graus.

Em 1941 vigorou uma série de leis, conhecidas como a “Reforma de

Capanema”, que remodelaram todo o ensino no país. Os principais pontos foram:

a) o ensino profissional passou a ser considerado de nível médio;

b) o ingresso nas escolas industriais passou a depender de exames de admissão; e

c) os cursos foram divididos em dois níveis: um englobava o curso básico

industrial, artesanal e de aprendizagem e mestria, e o outro, o curso técnico

industrial.

Em 1942, o Decreto-Lei nº 4.073, de 30 de janeiro, criou a Lei Orgânica do

Ensino Industrial. Para atender algumas disposições da Lei Orgânica do Ensino

Industrial, os Liceus Industriais foram transformados em Escolas Industriais e Escolas

Técnicas, pelo Decreto nº 4.127, de 25 de fevereiro, que passaram a oferecer a formação

profissional em nível equivalente ao do secundário, dividida em dois ciclos: o primeiro

compreendia o ensino industrial básico, o de mestria, o artesanal e a aprendizagem; e o

segundo o ensino técnico e o ensino pedagógico.

Segundo Matias (2004, p. 24), a partir dessa reforma “o ensino técnico

industrial passou a ser organizado como um sistema, passando a fazer parte dos cursos

reconhecidos pelo Ministério da Educação”.

A nova legislação do ensino industrial, conforme PDI-IFSP (versão 1, 2014-

2018) foi:

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(...) concebida no sentido de romper o estigma da educação

profissional destinado aos desfavorecidos da fortuna (...) propõe que o

ensino profissional, além de atender os interesses e formar

profissionais capazes de acompanhar as transformações da tecnologia,

deve buscar a sua formação humana do aluno e assegurar a igualdade

de oportunidades para homens e mulheres. (p. 7)

Fonseca (apud PDI-IFSP, versão 1, 2014-2018) destaca a importância do cuidado

que a Lei Orgânica do Ensino Industrial teve com a didática pedagógica:

A Lei Orgânica cuidou com igual desvelo de uma das mais

importantes facetas da educação profissional, responsável, em muitos

casos, por suas deficiências históricas: a atenção à parte didática

pedagógica. Ao introduzir a Orientação Educacional nas escolas

industriais federais, o legislador revelou atenção ao cuidado com os

alunos, inclusive tratando da questão em capítulo específico definindo

a necessidade do aprimoramento na forma de seleção do corpo

docente e seus requisitos de atuação. (p.7)

Alguns destaques da Lei Orgânica do Ensino Industrial foram:

a) Determinou que o provimento, em caráter efetivo, de professores seria

através de concurso.

b) Incentivou a elevação do nível dos conhecimentos e a competência

pedagógica dos professores, através da realização de cursos, estágios e

concessão de bolsas de estudo no exterior.

c) Regulamentou o estágio por aluno em estabelecimento industrial sob a

supervisão de um docente.

d) Regulamentou as excursões12

em estabelecimento industrial.

A Lei mencionava que a administração escolar estaria concentrada na

autoridade do diretor, mas possibilitava, visando a melhoria da administração, a

formação de um conselho consultivo composto de pessoas de representação nas

atividades econômicas do meio.

Em 1944 houve a participação da Força Expedicionária Brasileira na Segunda

Guerra Mundial, e o consequente empréstimo financeiro dos Estados Unidos ao Brasil,

no governo Getúlio Vargas, impulsionou a industrialização brasileira.

12

Hoje recebem o nome de visitas técnicas.

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Em 1953, a Lei nº 1.821, de 12 de março, dispunha sobre o regime de

equivalência entre os diversos cursos de grau médio para efeito de matrícula no ciclo

colegial e nos cursos superiores. E proporcionava aos diplomados dos cursos técnicos

agrícolas, industriais e comerciais acesso aos cursos de nível superior, através de

vestibulares e/ou exames de disciplinas que completavam o curso secundário.

Neste mesmo ano surge o Ministério da Educação e Cultura, com a sigla MEC.

De 1956 a 1961, o governo de Juscelino Kubitschek marcou o aprofundamento

da relação entre Estado e economia. O objetivo era formar profissionais orientados para

as metas de desenvolvimento do país.

Em 1959, a Lei nº 3.552, de 16 de fevereiro, permitiu que as escolas de ensino

industrial mantivessem cursos de aprendizagem, básicos ou cursos técnicos, com o

objetivo de proporcionar base de cultura geral e iniciação técnica, possibilitando ao

educando integrar-se na comunidade e participar do trabalho produtivo ou prosseguir

seus estudos, bem como preparar o jovem para o exercício de atividade especializada,

de nível médio. Também transformou as escolas técnicas em autarquias13

, com

personalidade jurídica própria, autonomia didática, administrativa, técnica e financeira.

Cunha (2000) observa que:

Uma das primeiras conseqüências da autonomia das escolas técnicas

federais foi a progressiva eliminação dos cursos básicos, fazendo com

que a quase totalidade das escolas se restringissem aos cursos técnicos

que as caracterizavam. (p. 135)

Em dezembro de 1961, o ensino profissional foi equiparado ao ensino

acadêmico com a promulgação da Lei nº 4.024, que fixou as diretrizes e bases da

educação nacional. O período foi marcado por profundas mudanças na política de

educação profissional.

Segundo Camargo e Villela (2010):

13

Segundo Santos (2005), autarquias são entes administrativos autônomos, mas não são autonomias, pois

não podem legislar para si, devem seguir as leis instituídas pela entidade que as criou.

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Em 1961, verifica-se uma preocupação dos governantes em

reconhecer a importância da preparação da mão-de-obra qualificada,

dando-lhe a oportunidade de obter conhecimentos científicos

necessários à aprendizagem de técnicas ou tecnologias da época para

enfrentar os desafios no mundo do trabalho. Isto é notório ao verificar-

se o Decreto nº 50.492 de 25 de abril de 1961, assinado pelo

Presidente Jânio Quadros, que complementava a Lei nº 3.552, de

1959, e dispunha sobre a organização e funcionamento de ginásio

industrial, mantendo o seu caráter de educação geral com o objetivo

de ampliar os fundamentos da cultura e explorar as aptidões do

educando, orientando-o, com a colaboração da família, na escolha de

oportunidades de trabalho ou de estudos ulteriores. (p. 47)

O sistema educacional brasileiro até 1960 era centralizado, e o modelo era

seguido por todos os estados e municípios. Em 1961, após treze anos de debate, com a

aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), os órgãos

estaduais e municipais ganharam mais autonomia, diminuindo a centralização do MEC.

Em 1964 iniciou-se o período de Ditadura Militar, com um governo que seguia

a imposição das indústrias, notadamente estrangeiras, que encontravam no Brasil mão-

de-obra de baixo custo, porém, não qualificada, ou seja, sem formação técnica. Nesse

período surgiu o chamado “milagre brasileiro”, como explica Lima Filho (1999):

O chamado "milagre brasileiro" era a expressão de um modelo

concentrador de renda que, suportado no plano interno pelo

fechamento político e pelo arrocho salarial, consorciava-se no plano

externo ao capital internacional, realizando a circulação e valorização

dos capitais disponíveis nos círculos financeiros internacionais,

através de empréstimos tomados a juros flutuantes.

(...) da proposta educacional estava centralmente informada pela

Teoria do Capital Humano, que associava linear e mecanicamente

educação, produtividade, crescimento econômico, emprego, salário e

distribuição de renda, como variáveis diretamente coordenadas e

interligadas por uma relação de causa-efeito. (p. 3)

As Escolas Técnicas tiveram a inclusão da expressão Federal em sua

denominação pela Lei nº 4.759, de 20 de agosto de 1965. Agora identificadas como

Escolas Técnicas Federais, denotam a vinculação direta com a União.

Em 1967, o Decreto nº 60.731, de 19 de maio, transferiu as Fazendas Modelos

do Ministério da Agricultura para o Ministério da Educação e Cultura, que passaram a

funcionar como escolas agrícolas.

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34

O Decreto-Lei nº 547, de 18 de abril de 1969, que trata da organização e

funcionamento de cursos profissionais superiores de curta duração, em seu art. 1º

permite que:

Art. 1º As Escolas Técnicas Federais mantidas pelo Ministério da

Educação e Cultura poderão ser autorizadas a organizar e manter

cursos de curta duração, destinados a proporcionar formação

profissional básica de nível superior e correspondentes às

necessidades e características dos mercados de trabalho regional e

nacional.

Em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira tornou técnico-

profissional todo currículo do segundo grau compulsoriamente. Um novo paradigma se

estabeleceu: formar técnicos sob o regime da urgência. A Lei nº 5.692, de agosto de

1971, revogou artigos da Lei nº 4.024/61, que atribuíam ao “ensino profissionalizante

um caráter de terminalidade, ou seja, antecipação do ingresso no mercado e reduzindo a

busca por cursos superiores” (Camargo e Villela, 2010).

Em 1978, a Lei nº 6.545, de 30 de junho, transformou três Escolas Técnicas

Federais (Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro) em Centros Federais de Educação

Tecnológica. No art. 1º da referida Lei, esses CEFETs foram autorizados a organizar e

ministrar cursos de curta duração de Engenharia de Operação, com base no Decreto-Lei

nº 547/69.

De 1980 a 1990, a globalização, nova configuração da economia mundial,

também atingiu o Brasil. O cenário foi de profundas e polêmicas mudanças: a

intensificação da aplicação da tecnologia se associou a uma nova configuração dos

processos de produção.

Em 1982, a Lei nº 7.044, de 18 de outubro, alterou dispositivos da Lei nº

5.692/71, conforme Camargo e Villela (2010) e:

(...) permitiu que os estudantes concluíssem seus estudos de 2º grau

com carga horária de, no mínimo, 2.200 horas de trabalho escolar

efetivo, em três séries, com o objetivo de antecipar o ingresso na

Universidade. Inicia-se aí a separação entre Ensino Técnico e Ensino

Médio, com o objetivo de reduzir despesas com a educação pública e

profissional. (p. 48)

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No ano de 1987, houve a expansão do Sistema Federal de Ensino, com a

criação de mais de 200 Unidades de Ensino Descentralizadas (UNEDs), vinculadas às

ETFs, pela Portaria Ministerial nº 67, de 06 de fevereiro. Porém, muitas dessas UNEDs

criadas pelo governo Sarney, não foram implantadas (CAMARGO e VILLELA, 2010).

A Lei nº 7.816, de 12 de setembro de 1989, criou 366 (trezentos e sessenta e

seis) empregos de professor de carreira de magistério de ensino fundamental e médio e

896 (oitocentos e noventa e seis) empregos técnico-administrativos nas Escolas

Técnicas Federais, que visavam atender às novas unidades de ensino descentralizadas:

UNED de Cubatão - SP, UNED de Petrolina - PE, UNED de Jataí - GO, UNED de São

José - SC, UNED de Leopoldina - MG, UNED de Imperatriz - MA, UNED de

Medianeira - PR e UNED de Manaus - AM.

Em 1994, a Lei nº 8.948, de 08 de dezembro, instituiu o Sistema Nacional de

Educação Tecnológica, transformando, gradativamente, as Escolas Técnicas Federais e

as Escolas Agrotécnicas Federais (EAFs) em Centros Federais de Educação

Tecnológica. A expansão da oferta da educação profissional ocorreu em parceria com

estados, municípios e Distrito Federal, setor produtivo ou organizações não

governamentais, que seriam responsáveis pela manutenção e gestão dos novos

estabelecimentos de ensino.

O “Planejamento Político-Estratégico 1995/1998", produzido pelo MEC em

maio de 1995, no início do governo de Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu

diretrizes para a educação profissional e tinha como princípio:

(...) redefinir a estratégia de gestão da rede federal de educação

tecnológica para: separar, do ponto de vista conceitual e operacional, a

parte profissional da parte acadêmica; dar maior flexibilidade aos

currículos das escolas técnicas de forma a facilitar a adaptação do

ensino às mudanças no mercado de trabalho; promover a aproximação

dos núcleos profissionalizantes das escolas técnicas com o mundo

empresarial, aumentando o fluxo de serviços entre empresas e escolas;

progressivamente, encontrar formas jurídicas apropriadas para o

funcionamento autônomo e responsável das escolas técnicas e

CEFETs e, ao mesmo tempo, estimular parcerias para financiamento e

gestão; estabelecer mecanismos específicos de avaliação das escolas

técnicas para promover a diversificação dos cursos e a integração com

o mercado de trabalho.

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Segundo Christophe (2005), a justificativa do governo para estabelecer essas

diretrizes para a educação profissional, naquele período, foram os problemas e

distorções que havia nas ETFs e CEFETs, tais como:

(...) operação a custos elevados, em comparação com outras escolas

da rede pública estadual; oferta de vagas em número limitado;

distorção na composição social de seu alunado pela dificuldade de

acesso de alunos trabalhadores e de baixa renda; cursos de duração

muito longa e que não atendiam às demandas dos setores produtivos; e

disposição da maioria de seus egressos de prosseguimento dos estudos

no ensino superior, desviando-se do ingresso imediato no mercado de

trabalho. (p. 5)

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação foi alterada pela Lei nº 9.394, de 20

de dezembro de 1996, e dispôs sobre a Educação Profissional num capítulo próprio.

Em 1997, o Decreto nº 2.208, de 17 de abril, regulamentou a educação

profissional, que compreende os seguintes níveis: Básico, destinado à qualificação e

reprofissionalização de trabalhadores, independente de escolaridade prévia; Técnico,

destinado a proporcionar habilitação profissional a alunos matriculados ou egressos do

ensino médio, e Tecnológico, sendo o último nível correspondente a curso de nível

superior na área tecnológica, destinados aos egressos do ensino médio e técnico, e criou

o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP), que surgiu como

iniciativa do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho, com financiamento

do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), voltado para reformar e ampliar a

Educação Profissional no Brasil (CERQUEIRA, 2010).

Segundo Morais (2014):

A política estabelecida para educação profissional, pelo então

presidente Fernando Henrique Cardoso (1999 a 2002), retrata os

interesses de um governo neoliberal, preocupado em formar

profissionais tecnicistas, que atendam de forma imediatista a demanda

do empresariado, sem a pretensão de formar trabalhadores conscientes

politicamente, com formação humanística. (p. 1.024)

Em 1999 foi retomado o processo de transformação das ETFs em CEFETs.

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Já em 2004, o Decreto nº 5.154, de 23 de julho, extinguiu o Decreto nº

2.208/97, incluiu novos níveis de formação, e permitiu novamente a integração do

ensino técnico de nível médio ao ensino médio, conforme os artigos 1º e 4º:

Art. 1º A educação profissional (...) será desenvolvida por meio de

cursos e programas de:

I - formação inicial e continuada de trabalhadores;

II - educação profissional técnica de nível médio; e

III - educação profissional tecnológica de graduação e de pós-

graduação.

(...)

Art. 4º A educação profissional técnica de nível médio, (...) será

desenvolvida de forma articulada com o ensino médio, observados:

(...)

§ 1º A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio

e o ensino médio dar-se-á de forma:

I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino

fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à

habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição

de ensino, contando com matrícula única para cada aluno; (...)

O art. 6º propunha a flexibilização do currículo, de modo que o aluno pudesse

concluir etapas com aproveitamento para certificação:

Os cursos e programas de educação profissional técnica de nível

médio e os cursos de educação profissional tecnológica de graduação,

quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade,

incluirão saídas intermediárias, que possibilitarão a obtenção de

certificados de qualificação para o trabalho após sua conclusão com

aproveitamento.

Em 2005, a Lei nº 11.195, de 18 de novembro, instituiu que a expansão da

oferta de Educação Profissional preferencialmente ocorreria em parceria com estados,

municípios e Distrito Federal, setor produtivo ou organizações não governamentais, que

seriam responsáveis pela manutenção e gestão dos novos estabelecimentos. Nesse

momento, lançou a primeira fase do Plano de Expansão do Sistema Nacional de

Educação Profissional e Tecnológica, com a construção de sessenta novas unidades de

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ensino pelo governo federal. Houve ainda a transformação do CEFET Paraná em

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

O governo federal instituiu, em 2005, no âmbito federal, o primeiro Decreto do

Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de

Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), nº 5.478, de 24 de junho de 2005, em seguida

substituído pelo Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006, que introduziu novas

diretrizes que ampliaram a abrangência do primeiro com a inclusão da oferta de cursos

PROEJA para o público do ensino fundamental da EJA. O Programa manteve a mesma

sigla PROEJA, porém passou a significar Programa Nacional de Integração da

Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e

Adultos.

Em 2006, o Decreto-Lei nº 5.773, de 09 de maio, tratou sobre o exercício das

funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e

cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Também

lançou o Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia.

No ano de 2007 foi lançada a segunda fase do Plano de Expansão do Sistema

Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, com a meta de serem 354 unidades

até 2010. O Decreto nº 6.302, de 12 de dezembro, instituiu o Programa Brasil

Profissionalizado e lançou o Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos.

Em 2008, houve a articulação sobre a criação dos Institutos Federais de

Educação, Ciência e Tecnologia, que se concretizou ao final daquele mesmo ano, pela

Lei nº 11.892, de 29 de dezembro, que também instituiu a Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica, constituída pelas seguintes instituições:

Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos Federais;

Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR);

Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca

(CEFET-RJ) e de Minas Gerais (CEFET-MG);

Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e

Colégio Pedro II.

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39

Foram criados 38 Institutos Federais, mediante transformação ou integração

dos CEFETs, ETFs e EAFs14

; possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de

autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar.

Segundo Pacheco (2011, p. 17) os IFEs surgiram como “autarquia de regime de

base educacional humanístico-técnico-científica”. São instituições de educação superior,

básica e profissional, pluricurriculares15

e multicampi, especializados na oferta de

educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na

conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas.

Os IFEs são equiparados às universidades federais, no tocante a incidência das

disposições que regem a regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos

de educação superior, no sistema federal de ensino, conforme estabelecido no Decreto

nº 5.773, de 09 de maio de 2006.

Determina o Decreto nº 5.773/06:

a) a regulação será realizada por meio de atos administrativos autorizativos do

funcionamento de instituições de educação superior e de cursos de

graduação e sequenciais;

b) a supervisão será realizada a fim de zelar pela conformidade da oferta de

educação no sistema federal de ensino com a legislação aplicável; e

c) a avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e

do desempenho acadêmico de seus estudantes será realizada pelo Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que constituirá

referencial básico para os processos de regulação e supervisão da educação

superior, a fim de promover a melhoria de sua qualidade.

14

Exceto: CEFET-RJ, CEFET-MG, Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais e Colégio

Pedro II.

15 Se a peculiaridade dos Institutos Federais se resumisse à pluralidade de cursos e de currículos

(instituição pluricurricular), isso poderia ser entendido, com alguma razão, como uma decisão pautada na

racionalidade, ou seja, na unificação de espaços e corpo funcional em torno de atribuições diversas. Na

realidade, o que deve distinguir essas instituições é um projeto pedagógico que, em sua proposta

curricular, contemple não só diferentes formações (cursos e níveis), mas também os nexos possíveis entre

diferentes campos do saber. A esse processo deve estar integrada a inovação na abordagem das

metodologias e práticas pedagógicas, com o objetivo de contribuir para a superação da cisão entre

ciência-tecnologia-cultura-trabalho e teoria-prática ou mesmo o tratamento fragmentado do

conhecimento. (Pacheco, 2011, p. 66)

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O referido Decreto, em seu art. 3º, estabelece as competências para as funções

de regulação, supervisão e avaliação que serão exercidas pelo Ministério da Educação,

pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), e pela Comissão Nacional de Avaliação

da Educação Superior (CONAES), na forma daquele Decreto.

No art. 28, define que as universidades e centros universitários, nos limites de

sua autonomia, independem de autorização para funcionamento de curso superior,

devendo informar à Secretaria competente os cursos abertos para fins de supervisão,

avaliação e posterior reconhecimento, no prazo de sessenta dias.

Os IFEs, no âmbito de sua atuação, têm o papel de instituições acreditadoras e

certificadoras de competências profissionais e possuem autonomia para criar e extinguir

cursos, bem como registrar diplomas dos cursos por eles ofertados. Podem conceder

bolsas de pesquisa, desenvolvimento, inovação e intercâmbio a alunos, docentes e

pesquisadores externos ou de empresas.

A Lei nº 11.892/08 define os objetivos dos IFEs quanto a oferta de vagas, nos

incisos I e VI do caput do art. 7º:

Art. 7º Observadas as finalidades e características definidas no art. 6o

desta Lei, são objetivos dos Institutos Federais:

I - ministrar educação profissional técnica de nível médio,

prioritariamente na forma de cursos integrados, para os concluintes do

ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos;

(...)

VI - ministrar em nível de educação superior:

a) cursos superiores de tecnologia visando à formação de profissionais

para os diferentes setores da economia;

b) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação

pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação

básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a

educação profissional;

c) cursos de bacharelado e engenharia, visando à formação de

profissionais para os diferentes setores da economia e áreas do

conhecimento;

d) cursos de pós-graduação lato sensu de aperfeiçoamento e

especialização, visando à formação de especialistas nas diferentes

áreas do conhecimento; e

e) cursos de pós-graduação stricto sensu de mestrado e doutorado, que

contribuam para promover o estabelecimento de bases sólidas em

educação, ciência e tecnologia, com vistas no processo de geração e

inovação tecnológica.

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Os percentuais de vagas para cada nível estão definidos pelo art. 8º da referida

Lei:

No desenvolvimento da sua ação acadêmica, o Instituto Federal, em

cada exercício, deverá garantir o mínimo de 50% (cinqüenta por

cento) de suas vagas para atender aos objetivos definidos no inciso I

do caput do art. 7º desta Lei, e o mínimo de 20% (vinte por cento) de

suas vagas para atender ao previsto na alínea b do inciso VI do caput

do citado art. 7º.

Segundo Pacheco (2011), os IFEs tem como missão estarem articulados com as

políticas públicas:

Os Institutos Federais ressaltam a valorização da educação e das

instituições públicas, aspectos das atuais políticas assumidos como

fundamentais para a construção de uma nação soberana e democrática,

o que, por sua vez, pressupõe o combate às desigualdades estruturais

de toda ordem. (p. 18)

Em 2009, foi comemorado o centenário da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica.

1.1 O estado de São Paulo: retrospectiva histórica

A região do atual estado de São Paulo já era habitada por povos indígenas antes

da visita de navegadores portugueses e espanhóis, no início do século XVI. Somente em

1532 se deu a fundação do primeiro povoado de origem europeia, São Vicente, na atual

Baixada Santista.

Aí iniciou o processo de colonização do Brasil como política sistemática do

governo português, motivada pela presença de estrangeiros que ameaçavam a posse da

terra. Evidentemente, antes disso já havia ali um núcleo português que, à semelhança de

outros das regiões litorâneas, fora constituído por náufragos. Foi, no entanto, durante a

estada de Martim Afonso de Sousa que se fundou, em 20 de janeiro de 1532, a Vila de

São Vicente, o primeiro marco efetivo da colonização brasileira, e instalou-se o

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primeiro parlamento nas Américas: a Câmara da Vila de São Vicente. Realizaram-se

também as primeiras eleições em continente americano.

O nome São Vicente estendeu-se à capitania hereditária, doada ao mesmo

Martim Afonso de Sousa pelo rei de Portugal, em 1534. Assim, o primeiro nome do

atual estado de São Paulo foi Capitania de São Vicente.

Em 1553, povoadores portugueses fundaram a Vila de Santo André da Borda

do Campo. No ano seguinte, os padres da Companhia de Jesus fundaram, em uma

colina de Piratininga, um colégio para os índios, berço da Vila de São Paulo.

A procura de metais preciosos levou os portugueses a ultrapassarem a Serra do

Mar pelo antigo caminho indígena do Peabiru. Em 1554, no planalto existente após a

Serra do Mar, foi fundada a Vila de São Paulo de Piratininga, pelos jesuítas liderados

por Manuel da Nóbrega.

Em 1560, a Vila de Santo André foi extinta e seus moradores foram

transferidos para São Paulo de Piratininga.

Até o fim do século XVI os portugueses fundaram outras vilas no entorno do

planalto, uma delas Santana de Parnaíba, garantindo, assim, a segurança e a subsistência

da Vila de São Paulo.

No final do século XVII, bandeirantes paulistas descobrem imensas jazidas de

ouro na região do Rio das Mortes, o que provoca uma corrida em direção às Minas

Gerais. Os paulistas exigiam exclusividade na exploração do ouro, porém foram

vencidos em 1710 com o fim da Guerra dos Emboabas, perdendo o controle das Minas

Gerais, que se torna capitania autônoma em 1721. Como compensação, a Vila de São

Paulo é elevada à categoria de cidade em 1711.

Em 1765, o governador da Capitania de São Paulo, D. Luís António de Sousa

Botelho Mourão, promove uma política de incentivo à produção de açúcar, e cria várias

vilas em São Paulo.

Já em 1817 é fundada a primeira fazenda de café de São Paulo, no vale do rio

Paraíba do Sul, e, após a Independência do Brasil, o cultivo de café ganha força nas

terras da região do Vale do Paraíba, enriquecendo rapidamente cidades como

Guaratinguetá, Bananal, Lorena e Pindamonhangaba, gerando uma oligarquia rural,

porém o restante da província continua dependente da cana-de-açúcar e do comércio

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que vai se estabelecendo na cidade de São Paulo, impulsionado pela fundação de uma

faculdade de Direito em 1827.

Em 1821 a Capitania de São Paulo transforma-se em província e ganha peso

político, durante a época da Independência do Brasil, pela figura de José Bonifácio.

Em 1850 houve a proibição do tráfico negreiro, e a imigração de europeus

passa a ser incentivada pelo governo imperial e provincial.

As fronteiras paulistas são fixadas com a emancipação do Paraná, em 1853.

A partir de 1860, a exaustão dos solos do Vale do Paraíba e as crescentes

dificuldades impostas ao regime escravocrata levam a uma decadência no cultivo do

café naquela região.

O vale vai se esvaziando economicamente, enquanto o cultivo do café migra

em direção ao oeste paulista, substituindo o cultivo da cana-de-açúcar realizado até

então, o que provoca grandes mudanças econômicas e sociais na província.

O escoamento dos grãos, antes feito via Rio de Janeiro, passa a ser feito via

porto de Santos, o que leva à fundação da primeira ferrovia paulista, a São Paulo

Railway, inaugurada em 1867, construída por capitais ingleses e do Visconde de Mauá,

ligando Santos a Jundiaí, passando por São Paulo, que começa a se transformar em

importante entreposto comercial entre o litoral e o interior cafeeiro.

Em 1870, a penetração da cultura encontra seus campos mais férteis de cultivo:

as terras roxas do nordeste paulista, próximas a Ribeirão Preto, São Carlos e Jaú, onde

surgiram as maiores e mais produtivas fazendas de café do mundo.

No início do século XX, com o avanço das ferrovias rumo ao rio Paraná, oeste

paulista, são criadas dezenas de municípios ao longo delas. O oeste paulista se dividia

em regiões chamadas "Zona da Paulista", "Zona da Sorocabana", "Zona da Noroeste" e

"Zona da Araraquarense". As ferrovias - Estrada de Ferro Sorocabana, NOB e

Companhia Paulista de Estradas de Ferro - foram construídas nas regiões mais altas -

mais próprias para o café -, os chamados espigões, menos sujeitos a geadas.

Retornando ao século XIX, a autonomia local conferida a São Paulo, pelo novo

regime federativo, proporcionou à província soberania, o que veio reforçar política e

administrativamente a riqueza representada pelo café e o sistema de mão-de-obra livre,

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que fora introduzido antes da abolição da escravatura e já se adaptara e integrara no

modo de produção da agricultura paulista.

A oligarquia paulista estava reunida no Partido Republicano Paulista (PRP),

enquanto que a mineira no Partido Republicano Mineiro (PRM), e foi então instaurada a

política do café com leite: São Paulo aliou seu poder econômico à força eleitoral de

Minas Gerais. A cada eleição presidencial ora o candidato era indicado por São Paulo e

apoiado por Minas Gerais, ora se dava o contrário.

Após 1904, os mandatos dos presidentes do estado de São Paulo se

estabilizaram, de quatro em quatro anos.

No início do século XX, São Paulo já havia iniciado um desenvolvimento

industrial e comercial, o que fez do estado o polo dinâmico do país, com destaque para a

capital paulista, privilegiada pela sua localização estratégica, passagem obrigatória para

o porto e escoamento do café, cidade onde os cafeicultores passaram a fixar sua moradia

urbana e a investir na indústria e comércio locais.

Com o desenvolvimento industrial, surge a necessidade da formação de mão-

de-obra qualificada para a produção; a partir de então foram surgindo as escolas de

ofícios por iniciativas particular e pública. Porém, a grande maioria das escolas eram

inicialmente criadas na capital paulista em virtude do seu acelerado desenvolvimento

industrial e urbano.

Em 1873 foi criada a Sociedade Propagadora da Instrução Popular (iniciativa

privada); em1909 a Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo, mantida pela União;

em 1911, o estado criou a Escola Profissional Masculina da Capital, a Escola de Artes e

Ofícios Carlos de Campos (Escola Profissional Feminina na Capital); e mais tarde

outras duas no interior do estado, em Jacareí e Amparo. Em 1923, o Liceu de Artes e

Ofícios de São Paulo foi inaugurado, entidade mantida por particulares, que serviu de

base para a criação, em 1934, do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional, e

em 1942, do SENAI.

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1.2 A cidade de São Paulo: uma breve história da necessidade de formação

profissional

A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica tem papel

importante na educação brasileira, e o IFSP, em particular o Campus São Paulo, como

parte desta rede, tem marcado a história da educação técnica e tecnológica da capital

paulista, a cidade mais rica do país.

Ao longo da história é possível notar que, na capital paulista, o nascimento da

então Escola de Aprendizes Artífices foi em meio a uma série de turbulências e

transformações. Era um período de guerras, de chegada de muitos imigrantes

refugiados, de importação da mão-de-obra italiana, grandes greves organizadas por

sindicatos, conflitos políticos e sérios problemas sociais; mas também foi um período de

desenvolvimento rápido, devido à localização estratégica em que São Paulo foi fundada.

Figura 3 – Desembarque dos imigrantes no Porto de Santos (SP), 1907

Fonte: Acervo Memorial do Imigrante. Disponível em: www.scielo.br/img/revistas/ea/v16n46/46a15f4.gif

Para trazermos à memória um pouco de toda essa história, recorremos,

principalmente, à dissertação de mestrado da servidora aposentada do IFSP, Márcia

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D’Angelo, que revelou, em sua pesquisa, concluída no ano 2000, detalhes importantes

sobre o IFSP, que nos permite conhecer um passado de tempos remotos, mas que serve

de base para a compreensão do tempo presente do Campus São Paulo.

Um povoado, que cresceu em torno de um colégio fundado pelos jesuítas, o

Colégio São Paulo de Piratininga, foi o início dessa metrópole chamada São Paulo. Ao

final do século XIX, São Paulo, devido ao seu posicionamento estratégico, tornou-se a

cidade onde grandes cafeicultores do interior fixavam sua residência urbana e faziam

seus negócios, pois era passagem obrigatória entre o porto e as rotas de escoamento do

café.

Esses mesmos cafeicultores passaram a investir na indústria, impulsionados

pelos lucros da exportação de café, e contratavam imigrantes europeus para suprirem a

falta de mão-de-obra nos cafezais.

Porém, muitos desses imigrantes, na maioria os italianos, decidiam ficar na

cidade e tinham, segundo D’Angelo (2000, p. 152), oportunidades que permitiam sua

ascensão econômica e social, com um comércio ou uma pequena indústria. Já os ex-

escravos que chegavam na capital paulista, esses não tinham condições de concorrer

com os estrangeiros às vagas de emprego oferecidas pela indústria, cujos salários eram

bons.

Segundo D’Angelo (2000), em 1872, na capital paulista, havia 80,69% de

brasileiros empregados na indústria – sem conhecimentos técnicos ou experiência, e

19,31% de estrangeiros.

Enquanto o poder público via o ensino de ofícios como assistencialismo aos

pobres, a iniciativa privada o percebia como meio para abastecer as indústrias. Foi então

que, em 1873, um grupo de particulares, composto por 131 paulistas, liderados pelo

conselheiro Carlos Leôncio da Silva Carvalho, fundaram a Sociedade Propagadora da

Instrução Popular, que ministrava cursos primários oferecidos no período noturno, e

habilitaram mais de 800 alunos. Em 1882, a Sociedade introduziu no currículo cursos

profissionalizantes e passou a chamar-se Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. O

objetivo era formar artesãos e trabalhadores para as oficinas, o comércio e a lavoura.

Em 1895, um novo recenseamento, segundo D’Angelo (2000), no mesmo

local, mostrou que o percentual de brasileiros na indústria havia caído para 22,11%,

enquanto que o de estrangeiros subiu para 77,89%.

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Ao entrar no século XX, a cidade de São Paulo estava transformada, com

comércio diversificado, bancos, casa de câmbio, hotéis e ferrovias para transporte de

cargas e passageiros. Já o visual herdado do período colonial foi substituído por um

novo perfil arquitetônico, mais moderno, através do qual notava-se a agitada vida

urbana.

Os empresários estrangeiros mandavam buscar em sua terra natal a mão-de-

obra especializada, necessária nas indústrias, porque ela era escassa naquela cidade. Os

italianos eram notados pela superioridade técnica e experiência em indústrias, ao passo

que eram taxados de anarquistas e agitadores. Mas, com o crescimento desenfreado,

surgiram também os cortiços e casebres, principalmente nos bairros operários como o

Bexiga, Bom Retiro, Brás, Ipiranga, Mooca e outros.

Figura 4 – Imigrantes posando para fotografia no pátio central da Hospedaria dos Imigrantes, ca. 1890

Fonte: Crédito: Guilherme Gaensly (1843-1928) - Fundação Patrimônio da Energia de São Paulo - Memorial do Imigrante. Disponível

em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_italiana_no_Brasil#mediaviewer/Ficheiro:Italians_Sao_Paulo.jpg

As consequências desse desenvolvimento súbito de São Paulo são relatadas por

D’Angelo (2000):

Refletindo a insatisfação do trabalhador, os movimentos operários têm

no aumento de salários, ou no pagamento dos atrasados, sua

reivindicação principal, como nas décadas de 1890 e seguinte,

revelando o nível salarial insuficiente em relação ao alto custo de vida,

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realidade agravada com a primeira grande guerra, tendo a sua

culminância na greve geral de 1917. As greves refletem a miséria

material da população operária assim como a miséria social. Os

bairros operários constituem-se em síntese dos problemas sociais mais

graves. São as regiões mais insalubres da Capital, considerando-se a

péssima infra-estrutura que possuem e as condições higiênicas e

morais precárias das habitações nas quais se aglomeram a sua

população.

Os índices de criminalidade e de delinquência juvenil, agressões,

roubos, revelando a violência, a desordem reinante no cortiço (...)

(p.163)

Figura 5 – Greve geral de 1917

Fonte: Créditos CAMPOS, Flavio de e MIRANDA, Renan G. “Oficina de história”. SãoPaulo: Moderna, 2000).

Disponívem em: http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2012/04/conheca-os-principais-aspectos-da.html

A Tabela 1 mostra o crescimento rápido da população paulistana, atrelado a um

rápido desenvolvimento industrial e comercial que tornou a capital paulista a mais rica

do país, e ainda hoje a mantêm nesta colocação. Entre os anos de 1890 e 1934, a

população praticamente duplicou, de uma década para outra. A década de maior

crescimento populacional foi entre os anos de 1890 e 1900, com percentual de quase

270%. A falta de infraestrutura corroborou para a geração de problemas sociais na

capital paulista, como a violência e a pobreza.

Tabela 1 – Crescimento da população na cidade de São Paulo (1872-1940)

ANO BRASILEIROS BRASILEIROS ESTRANGEIROS NACIONALIDADE TOTAL

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NATOS NATURALIZADOS NÃO DECLARADA

1872 28.926 - 2.459 - 31.385

1886 - - - 47.697

1890 50.631 - 14.303 - 64.934

1900 - - - 239.820

1920 372.376 - 205.245 1.412 579.033

1934 - - - 1.060.120

1940 1.029.047 11.176 285.469 569 1.326.261

Fontes: Censo de 1890, 1900, 1920, 1940 e D’Angelo, M. Caminhos para o advento da Escola de

Aprendizes Artífices de São Paulo (1910-1930): um projeto das elites para uma sociedade assalariada.

São Paulo: USP, 2000.

No final de 1905 foi criada a Federação Operária de São Paulo (FOSP). Dentre

as reivindicações da classe operária, de melhoria das condições de trabalho, aumento de

salário e redução da jornada, estava a de escolas públicas de educação básica para seus

filhos.

Em 1906, com a assinatura do Decreto nº 1.606, de 29 de dezembro, o então

presidente da República Affonso Penna, ao criar o “Ministerio dos Negocios da

Agricultura, Industria e Commercio”, demonstrou preocupação com o ensino

profissional ao relacioná-lo aos assuntos da área da agricultura.

Em 1909, através do Decreto nº 7.566, de 23 de setembro, assinado por Nilo

Peçanha, São Paulo foi uma das dezenove capitais a receber uma Escola de Aprendizes

Artífices, mantida pelo governo federal, para o ensino profissional e gratuito.

Ao criar a Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo, Peçanha sofreu ataques

de seus rivais políticos, conforme relata D’Angelo (2000):

(...) é possível que os motivos pelos quais a administração de Nilo

Peçanha sofria ataques de seus adversários políticos estivessem

embasados em sua política de câmbio alto, desagradando os

cafeicultores paulistas, que através de seus representantes em nível

educacional subestimavam seu projeto de criação em São Paulo de

uma Escola de Aprendizes Artífices nos moldes de suas congêneres

(...) Nilo Peçanha não era o aliado preferencial das elites “modernas

paulistas” porque era representante de uma oligarquia cujas atitudes,

na política econômica e educacional, procuravam responder às

demandas e dificuldades do Brasil como um todo e não

especificamente o estado de São Paulo (...) (p. 201)

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1.2.1 Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo

Inaugurada em 24 de junho de 1910, a Escola de Aprendizes Artífices de São

Paulo iniciou suas atividades provisoriamente em um barracão improvisado na avenida

Tiradentes, no bairro da Luz, e no mesmo ano foi transferida para a rua General Júlio

Marcondes Salgado, nº 234, no bairro de Santa Cecília, onde permaneceu até 1975.

Figura 6 – Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo

Fonte: IBA Mendes pesquisa. Disponível em: http://www.ibamendes.com/2012/01/fotos-antigas-de-sao-

paulo-xix.html

O primeiro diretor da Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo foi João

Evangelista Silveira da Mota, que se manteve no cargo durante 22 anos; o segundo,

Sebastião de Queirós Couto, foi nomeado em 22 de fevereiro de 1932; o terceiro,

Francisco da Costa Guimarães, assumiu em 13 de novembro de 1933, e o quarto,

Glicério Rodrigues Filho, foi nomeado em 18 de junho de 1934.

A intenção de Peçanha era que as Escolas de Aprendizes Artífices atendessem

aos “desvalidos da fortuna” com ensino de ofícios artesanais. Porém, a Escola de São

Paulo “foi das poucas que ofereceram desde seu início de funcionamento os cursos de

tornearia, eletricidade e mecânica e não ofertaram os ofícios de sapateiro e alfaiate,

comuns nas demais” (Cunha, 2005, p. 71). Isso se explica pelo contexto industrial em

que a cidade de São Paulo estava inserida naquele período, e por isso havia a

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necessidade de se formar mão-de-obra especializada para atender as exigências da

indústria que estava em crescente desenvolvimento.

Enquanto Peçanha se preocupava com os “desvalidos da fortuna”, em fazê-los

adquirir hábitos de trabalho profícuo que os afastariam da ociosidade, escola do vício e

do crime, para a elite paulista, segundo D’Angelo (2000), a necessidade era de

nacionalizar os imigrantes anarquistas, pois, para os desvalidos, havia, na capital

paulista, asilos e entidades correcionais.

O decreto de criação das Escolas de Aprendizes Artífices de São Paulo

(1909) ocorre dois anos após a greve geral de 1907, em São Paulo, e

possivelmente a fundação da escola em 1910, trazia para as elites

paulistas um alento no sentido de ajudar a nacionalizar os filhos de

imigrantes e melhor condicionar essa força de trabalho, culturalmente

diversa e agitada. (p. 195)

(...)

Nacionalizar significava ensinar a língua portuguesa, a cultura

brasileira, aos quais seriam acrescentados os valores de moralização

do trabalho, da hierarquia da disciplina e os ofícios de forma

sistematizada e “racionalizada”. (p. 265)

(...)

Durante a década de 1910, era muito forte a preocupação das elites

paulistas com os imigrantes, suas escolas estrangeiras, sua

organizações, mobilizações e greves. Se a formação do trabalhador

dava-se em geral na fábrica e havia constantes conflitos, era

importante encaminhá-la para um estabelecimento de ensino

profissionalizante, normatizado segundo os critérios para a

constituição de uma mão-de-obra disciplinada, segundo uma

sistematização baseada na assiduidade, pontualidade, respeito à

hierarquia, docilidade, submissão, numa racionalidade baseada na

valorização da cultura brasileira. (p. 265)

As Escolas de Aprendizes Artífices ofereciam gratuitamente o ensino

profissional primário. As Figuras 7 e 8 são os relatórios apresentados pelo Ministério da

Agricultura, dos anos de 1911 e 1922, respectivamente, com dados da Escola de

Aprendizes Artífices de São Paulo.

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Figura 7 – Relatório do Ministério da Agricultura (1911-1912, 1, p. 275).

Fonte: Center for Research Libraries, Brazilian Government Document Digitization Project.

Figura 8 – Relatório do Ministério da Agricultura (1922, p. 151).

Fonte: Center for Research Libraries, Brazilian Government Document Digitization Project

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As Figuras 9 e 10 são os relatórios apresentados pelo Ministério da Agricultura,

dos anos de 1928 e 1929, respectivamente, com dados de todas as Escolas de

Aprendizes Artífices, o que permite um comparativo entre elas.

Figura 9 – Relatório do Ministério da Agricultura (1928, p. 32-SN).

Fonte: Center for Research Libraries, Brazilian Government Document Digitization Project

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Figura 10 – Relatório do Ministério da Agricultura (1929, p. 29).

Fonte: Center for Research Libraries, Brazilian Government Document Digitization Project

Na pesquisa realizada junto aos “Annuarios” do Ensino do Estado de São

Paulo, foram constatados poucos dados referentes à Escola de Aprendizes Artífices de

São Paulo, como corrobora D’Angelo (2000):

A ausência de divulgação da Escola de Aprendizes Artífices de São

Paulo pela imprensa paulistana da época, como o Correio Paulistano e

o Estado de S. Paulo, inclusive na informação sobre o início do

funcionamento da Escola, enquanto que o Annuário do Ensino do

Estado de São Paulo continha alguns poucos dados, mas quase

nenhum comentário sobre o estabelecimento profissional federal,

possivelmente seria um indicador das rivalidades políticas entre o

criador da Escola, Nilo Peçanha, e a elite paulista moderna.16

(p. 270)

16

Em 04 de janeiro de 1875, o jornal O Estado de S. Paulo nasceu com o nome de A Província de São

Paulo. Seus fundadores foram um grupo de republicanos, liderados por Manoel Ferraz de Campos Salles

e Américo Brasiliense, que decidiram criar um diário de notícias para combater a monarquia e a

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Figura 11 – “Annuarios” do Ensino do Estado de São Paulo (1918, p. 542)

Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo

Cunha (2005) considerava alta a taxa de evasão nas Escolas de Aprendizes

Artífices nos anos iniciais:

Havia as escolas de aprendizes artífices, mantidas pelo Governo

Federal, ensinando ofício a menores que não trabalhavam, ao mesmo

tempo em que lhes ministravam o ensino primário. Seu rendimento

era extremamente baixo, resultado das precárias condições de vida dos

alunos e de suas famílias: a evasão era alta e a qualidade de ensino

precária. (p. 35)

escravidão. É estabelecida uma linha mestra, que caracteriza o jornal até hoje: "fazer da sua

independência o apanágio de sua força".

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D’Angelo (2000), acredita que o abandono dos cursos pelo alunado da Escola

de Aprendizes Artífices paulista, se dava pela necessidade que as famílias tinham em

empregar seus menores no mercado de trabalho, para aumentar a renda familiar. Essa

situação, possivelmente, segundo a autora, concorreu para o ingresso na escola das

crianças que pertenciam à elite paulista, e que permaneciam até a conclusão do curso

em virtude da sua boa condição financeira.

No caso das escolas profissionalizantes, o Liceu de Artes e Ofícios, o

Liceu Coração de Jesus (Salesiano), a Escola de Aprendizes Artífices,

por exemplo, e posteriormente a Escola Masculina do Brás, poderiam

contar com uma clientela “mais seleta”, que podia evitar ou adiar por

mais tempo a venda de sua força de trabalho aos empresários fabris.

Talvez, a origem da clientela da escola federal de aprendizes paulista

não diferisse muito daquela das escolas citadas, ressaltando-se que o

nível de evasão escolar nesses estabelecimentos era uma prova de que

os apelos dos pais para que o orçamento doméstico fosse

complementado com o trabalho desses menores era relevante. (p. 186)

D’Angelo (2000) buscou encontrar, nos livros de registros da Escola de

Aprendizes Artífices de São Paulo, informações que comprovem a elitização da mesma.

A pesquisa foi baseada a partir de dados coletados no período correspondente aos anos

de 1925 a 1950:

Esse Livro 2 consultado, traz informações sobre a década de vinte nos

seguintes termos: a grande maioria dos alunos é brasileira; os pais dos

alunos são profissionais urbanos, serralheiros, carpinteiros,

marceneiros, sapateiros, pintores, operários, trabalhadores do

comércio, motoristas, funcionários públicos, pedreiros, militares,

alguns protéticos, escultores, enfermeiros e até lavradores,

negociantes, etc. Eram bem poucos os filhos de domésticas, de

cocheiros, de faxineiros, denotando que a escola não era frequentada

em São Paulo pelos muito pobres. (p. 253)

A autora faz registros de outras observações:

Consultando o livro de matrícula da Escola de Aprendizes de São

Paulo, em 1925 percebe-se entre 82 matriculados: 13 alunos com

sobrenomes supostamente italianos. Os pais dos alunos eram, na

maioria, profissionais urbanos, a saber: 13 operários, 5 mecânicos, 2

marceneiros, 8 militares, 1 vidreiro, 2 fundidores, 1 ajustador, 2

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pedreiros, 1 cozinheiro, 1 alfaiate, 2 encanadores, 1 eletricista, 1

serralheiro, 1 oleiro, 1 carpinteiro, 3 carroceiros, 1 colinário, 1

doméstica, 6 motoristas, 2 agricultores, 8 empregados públicos,

guarda livros, 1 seleiro, 1 datilógrafo, 6 negociantes, 7 comerciários

ou comerciantes, 1 fiscal, 1 protético, 2 veterinários. (p. 188)

Os dados obtidos por D’Angelo (2000) revelaram:

Tencionamos, entretanto, levantar a hipótese de que o discurso de Nilo

Peçanha, destinando as Escolas de Aprendizes Artífices da União aos

“desvalidos da fortuna”, ficou diluído em São Paulo, uma vez que o

polo dinâmico brasileiro vivenciava, na época, passagem da primeira

década para a década de 1910 uma situação de grandes conflitos entre

capital e trabalho em consequência dos quais as elites começam a

refletir a emergência da “nacionalização” dessa força de trabalho

alienígena, assim como a expulsão dos elementos considerados

“perniciosos”. (p. 194)

Na opinião do inspetor Guilherme Kuhlman, a preocupação da elite – não

apenas a elite paulista – com a nacionalização dos estrangeiros se limitava nas questões

empregatícias. No “Annuario” do Ensino do Estado de São Paulo (1918), Kuhlmann

expressa a sua indignação junto à elite brasileira, quando defende a difusão das escolas

profissionais:

Precisamos ter operários nossos, evitando-se a importação de

elementos, muitas vezes banidos de suas terras de origem, pelas idéas

subversivas que professam, e que tudo anarchizam, pois, não lhes pesa

na consciência, a desorganização social de uma terra

extraordinariamente hospitaleira (...)

E’ uma questão patriota a difusão das escolas profissionaes. Os

governos devem encará-las como um vehiculo seguro de

nacionalização. De nacionalização geral, sem distincção de classes,

sem a preocupação de conquistar a atenção da «elite» que se preocupa

muito pouco com cousas pátrias, preferindo os regalos da indolência

aos incommodos cívicos do cidadão17

. (p. 533)

Em 1937 há uma nova transição da instituição para uma nova estrutura e

organização.

17

Mantida a ortografia do documento original.

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1.2.2 Liceu Industrial de São Paulo

A Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo foi transformada em Liceu

Industrial de São Paulo pela Lei nº 378/37, que disciplinou o ensino no Brasil através de

uma nova estrutura administrativa e funcional, e deu nova organização e denominação

ao “Ministerio da Educação e Saude Publica”18

que passou para “Ministerio da

Educação e Saude”. Na área educacional, foi criado o Departamento Nacional da

Educação que, por sua vez, foi estruturado em oito divisões de ensino: primário,

industrial, comercial, doméstico, secundário, superior, extraescolar e educação física.

A Lei nº 378/37 também criou oito delegacias federais de educação, uma delas

localizada em São Paulo, responsáveis pela “inspeção dos serviços federais de educação

e dos estabelecimentos de ensino reconhecidos federalmente”, utilizando-se para tal de

delegados federais e de inspetores de ensino a elas incorporados.

Glicério Rodrigues Filho foi nomeado diretor em 18 de junho de 1934, quando

ainda era Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo, mantido na função quando se

deu a transformação para Liceu Industrial, tornou-se o primeiro diretor do Liceu de São

Paulo e permaneceu na função até 19 de setembro de 1939. Em seguida, Francisco da

Costa Guimarães, nomeado seu sucessor em 19 de setembro de 1939, ex-diretor da

Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo (1933-1934), teve a oportunidade de

efetuar a transição para Escola Industrial e Técnica de São Paulo. (PDI-IFSP, versão 1,

2014-2018)

O ano de 1942 começou com mais uma transformação nas escolas pertencentes

à rede federal de ensino, em virtude da nova Lei Orgânica do Ensino Industrial

instituída pelo Decreto-Lei nº 4.073/42, que estabeleceu profundas mudanças na

organização do ensino. Então, as escolas da rede federal de ensino passaram a oferecer a

formação profissional em nível equivalente ao do secundário.

A Lei Orgânica do Ensino Industrial estabelecia as bases de organização e de

regime do ensino industrial, que é o ramo de ensino de segundo grau, destinado à

preparação profissional dos trabalhadores da indústria e das atividades artesanais, e

18

Mantida a ortografia do documento original.

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59

ainda dos trabalhadores dos transportes, das comunicações e da pesca. A denominação

Liceu Industrial de São Paulo perdurou até o início do ano de 1942.

1.2.3 Escola Industrial e Escola Técnica de São Paulo

O Decreto nº 4.127/42 transformou os Liceus Industriais em Escolas Industriais

e Escolas Técnicas, e naquele momento o Liceu Industrial de São Paulo recebeu a

denominação de Escola Industrial e Escola Técnica de São Paulo, por manterem as

oficinas e também os cursos. Alguns autores fazem menção à Escola como Escola

Industrial e Técnica de São Paulo.

Enquanto Escola Industrial e Técnica de São Paulo, foram no total cinco

diretores durante o período: Isaac Elias de Moura (ago/1942 a jul/1952), Luiz

Domingues da S. Marques (out/1952 a dez/1953), Djalma da Fonseca Neiva (mar/1954

a dez/1962), René François Joseph Charlier (dez/1962 a out/1963), o interventor, Luiz

Gonzaga Ferreira (out/1963 a mar/1964) e por último Antônio André M. de Queirós

Teles (ago/1964 a dez/1965), que permaneceu após nova transição da escola.

A qualidade do ensino secundário, oferecido pela Escola Industrial e Técnica

de São Paulo, favoreceu mais uma vez a elite paulista, como afirma Cordão (2005):

(...) destacam-se as Escolas Técnicas Federais, que por ironia do

destino, se tornaram escolas de elite, abrigando alunos, em sua

maioria, desorientados para o mundo do trabalho e voltados para a

educação superior pública, também já elitizada. (p. 51)

A condição de escola elitizada fez da Escola Industrial e Técnica de São Paulo

um trampolim para os cursos superiores. Registra Cunha (2005):

As escolas técnicas industriais, por terem conseguido manter um

ensino da mais alta qualidade, em termos de educação geral e de

educação profissional, viram-se procuradas por crescente número de

estudantes que pouco ou nenhum interesse tinham por seus cursos

propriamente técnicos. Desorganizado o ensino público de caráter

geral nas redes estaduais de 2º grau, e deteriorada sua qualidade, esses

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estudantes viam nas escolas técnicas industriais a única maneira de

terem acesso a um ensino gratuito que lhes propiciava uma adequada

preparação para os exames vestibulares aos cursos superiores. (p. 52)

Hoje, passados mais de setenta anos da transição para Escola Industrial e

Técnica de São Paulo, a qualidade do ensino médio é mantida, mas, também, continua

sendo um trampolim para os cursos superiores.

Embora o IFSP não conceda a certificação parcial do ensino médio integrado

ao técnico, referente à conclusão apenas do ensino médio, os alunos do IFSP têm

prestado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), e aqueles que possuem dezoito

anos no dia em que a prova é aplicada opta por receber a certificação de conclusão do

Ensino Médio via ENEM e, quando conseguem a admissão na faculdade desejada,

abandonam o curso no IF. O percentual deste tipo de evasão é muito pequeno para ser

considerado um fator preocupante para os gestores do IF, pois se trata de casos pontuais

e recentes, porém deve ser monitorado.

Retomando o assunto referente à Escola Industrial e Técnica de São Paulo, em

1943 o Decreto nº 11.447, de 23 de janeiro, fixou os limites da ação didática nas escolas

técnicas e nas industriais, porém a escola de São Paulo já não constava no rol daquelas

categorizadas como industriais. A oferta dos cursos foi definida de acordo com a

estrutura física e os equipamentos existentes em cada localidade. Conforme o art. 10 do

referido Decreto, a Escola Técnica de São Paulo teve seus cursos de formação

profissional assim definidos:

I - Ensino industrial básico:

1. Curso de fundição.

2. Curso de serralheria.

3. Curso de mecânica de máquinas.

4. Curso de marcenaria.

5. Curso de cerâmica.

II – Ensino de mestria:

1. Curso de mestria de fundição.

2. Curso de mestria de serralheria.

3. Curso de mestria de mecânica de máquinas.

4. Curso de mestria de marcenaria.

5. Curso de mestria de cerâmica.

III – Ensino técnico:

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1. Curso de edificações.

2. Curso de desenho técnico.

3. Curso de decoração de interiores.

A escola técnica paulista, pelo Decreto nº 20.593, de 14 de fevereiro de 1946,

recebeu autorização para implantar o curso de Construção de Máquinas e Motores, e

pelo Decreto nº 21.609, de 12 de agosto de 1946, foi autorizado o de Pontes e Estradas.

(PDI-IFSP, versão 1, 2014-2018)

A Lei nº 3.552/59 tornou a Escola Técnica de São Paulo uma entidade

autárquica, possibilitando a instituição dos Conselhos de Representante e dos

Professores, e também a indicação de interventores que, segundo PDI-IFSP (versão 1,

2014-2018), indicava a intenção do governo em manter o controle da estrutura

educacional. A referida Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 47.038, de 16 de outubro

de 1959.

O modelo de gestão, proposto pela Lei nº 3.552/59, foi definido pelo Decreto

nº 52.826, de 14 de novembro de 1963, que autorizou a existência de entidades

representativas discentes nas escolas federais. (PDI-IFSP, versão 1, 2014-2018)

Quatro anos depois da publicação da Lei nº 3.552/59, a Escola Técnica de São

Paulo sofreu uma intervenção, em outubro de 1963: foi designado seu interventor Luiz

Gonzaga Ferreira, que, em entrevista a D’Angelo (2000, anexo V, p. 2), alega ter

encontrado a Escola em plena decadência, e atribui o fato ao prédio velho,

equipamentos mais velhos ainda, e quebrados.

No período em que foi interventor da Escola de São Paulo, e reconstituído o

Conselho Técnico e Administrativo, Ferreira foi nomeado conselheiro pelo presidente

Castelo Branco e escolhido como presidente pelos membros do Conselho, e permaneceu

nessa função até 1970, sendo que o término da intervenção ocorreu em 1964.

1.2.4 Escola Técnica Federal de São Paulo (ETFSP)

A denominação de Escola Técnica Federal de São Paulo (ETFSP) foi

determinada pela aprovação da Lei nº. 4.759, de 20 de agosto de 1965, que incluiu a

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expressão federal em seu nome, tornando clara sua vinculação direta à União. (PDI-

IFSP, versão 1, 2014-2018)

No mesmo ano passou a oferecer o curso técnico de Eletrotécnica, seguido dos

de Eletrônica e de Telecomunicações (1977) e de Processamento de Dados (1978),

totalizando seis cursos técnicos oferecidos, incluindo os já existentes: Edificações e

Mecânica.

Seus diretores foram: Antonio André M. de Queirós Teles (ago/1964 a

dez/1965), que permaneceu por poucos meses após a transformação; depois foram

Moacir Benvenutti (dez/1965 a dez/1968), Miguel Bianco (jan/1969 a fev/1970),

Antônio Ribas Koslosky (fev/1970 a out/1973), Theophilo Carnier (out/1973 a

ago/1986), Antônio Soares Cervila (ago/1986 a ago/1994 - dois mandatos consecutivos)

e Francisco Gayego Filho (ago/1994 a jan/2001), mantido na função quando houve a

transição em 1999, quando tornou-se o primeiro diretor do CEFET/SP.

Em 23 de setembro de 1976, a ETFSP foi transferida definitivamente para a rua

Pedro Vicente, 625, no bairro do Canindé, cujos limites confrontam com o bairro do

Pari. Trata-se, este último, de um bairro misto, com comércios e muitas indústrias,

principalmente do ramo de plásticos e de confecções, sendo que essas confecções

empregam muitos imigrantes vindos da Bolívia.

A nova sede foi instalada numa área de aproximadamente 60 mil metros

quadrados, dos quais 15 mil construídos e 25 mil projetados para construção.

A ETFSP oferecia cursos técnicos integrados ao médio, com duração de quatro

anos, com possiblidade de receber, ao final do 3º ano19

, o atestado de conclusão do

ensino médio e, após a conclusão do 4º ano e o cumprimento das horas mínimas de

estágio, receber o diploma de técnico. Segundo Kosloski e Veiga (1977), a ETFSP

ministrava os seguintes cursos técnicos integrados ao médio:

Edificações,

Eletromecânica,

Eletrônica,

Eletrotécnica,

Estradas,

19

Se aprovado em todas as disciplinas do núcleo comum e as técnicas.

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Instrumentação,

Mecânica,

Processamento de dados,

Saneamento e

Telecomunicações.

Os cursos de eletromecânica, estradas, instrumentação e saneamento foram

extintos no ano seguinte à sua criação, devido à baixa procura. (Villela, 2007)

A ETFSP teve a sua primeira UNED na cidade litorânea de Cubatão, em 1987,

fruto da expansão do ensino técnico, no governo de José Sarney. Inicialmente esteve

instalada no centro de Cubatão, num prédio cedido pela Prefeitura Municipal daquela

cidade.

No primeiro vestibular, a UNED de Cubatão contou com 5 mil inscritos para as

vagas de cursos técnicos integrados ao ensino médio em Eletrônica, Informática

Industrial e Processamento de Dados.

Em 1988, a falta de infraestrutura, o aumento do número de alunos e a falta de

contratação de professores e técnico-administrativos, por questões financeiras –

problema que prejudicou todas as UNEDs até então criadas no país –, foi necessário a

dilatação do ano letivo, que teve seu término somente em junho de 1989. O semestre

seguinte ficou suspenso até a regularização da situação, que ocorreu após concurso

público realizado em novembro de 1989, o que permitiu a retomada das aulas no

primeiro semestre do ano seguinte.

Mais tarde, em 2001, o Campus Cubatão foi transferida para um prédio

próprio, num terreno de 25.700m2 com 7.000 m

2 de área construída, localizada no

Jardim Casqueiro.

Atualmente, oferece aos estudantes das nove cidades da região os seguintes

cursos:

Técnico em Automação Industrial,

Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio,

Técnico em Informática (modular),

Educação de Jovens e Adultos: Informática Básica,

Cursos Superiores de Tecnologia em Automação Industrial,

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e

Gestão de Turismo.

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Em 1996, no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi criada pela Portaria

nº 403, de 29 de abril, a segunda UNED da ETFSP em Sertãozinho, interior do estado,

resultante do convênio de cooperação técnica entre a Prefeitura de Sertãozinho, a

Secretaria de Educação Média e Tecnológica e a Escola Técnica Federal de São Paulo.

No mesmo ano de sua criação, a UNED Sertãozinho passou a oferecer o curso

técnico em Mecânica, integrado ao ensino médio. Em paralelo foram oferecidos, ainda,

cursos de qualificação profissional, alguns deles realizados em parcerias com entidades

não governamentais, como é o caso da Associação para Proteção dos Adolescentes

Trabalhadores (ADOT).

Em função da Lei nº 8.948/94, alterada pela Lei nº 9.649/98, inviabilizou-se a

criação de novas UNEDs, deixando a responsabilidade para os municípios ou centros

comunitários. Somente com a Lei nº 11.195/05 foi permitida a criação de UNEDs,

tornando possível a expansão dos CEFETs.

De 1996 a 2002 não houve, por parte do MEC, uma definição acerca da forma

de gestão de uma entidade que não apresentava uma clara conformação institucional.

Esta situação impediu a estruturação da escola do ponto de vista de recursos materiais e

humanos, e levou até mesmo à perspectiva de fechamento da unidade. A única

alternativa apontada pelo MEC para a manutenção da escola, em 2002, foi a

apresentação do Projeto PROEP, via segmento comunitário. Nesse sentido, ainda nesse

ano foi criada a Fundação para o Desenvolvimento Educacional e Cultural da Alta

Mogiana - FUNDAM, cuja finalidade principal foi de manter o "Centro de Educação

Tecnológica Professor Carlos Alberto Sarti", entidade na qual deveria ser transformada,

segundo proposto no Projeto PROEP, a UNED Sertãozinho.

O governo federal cancelou o projeto aprovado para a construção do "Centro

de Educação Tecnológica Professor Carlos Alberto Sarti", por reconhecer a não

necessidade de transformação da Unidade de Ensino Descentralizada de Sertãozinho,

entendendo tratar-se, de fato, de uma escola pertencente à rede federal de ensino. Em

meio a esse processo, a ETFSP foi transformada em CEFET/SP.

Nos anos 2003 e 2004, houve a oferta do Programa Especial de Formação

Pedagógica, ministrado em convênio com a Associação de Pais e Mestres de Apoio

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Institucional ao CEFET/SP (APM/CEFET/SP). Esse programa destina-se à formação

docente para atuação no magistério da Educação Profissional.

Foi em 2004 que a escola passou a contar com professores do quadro do

CEFET/SP, eram quinze. Em 2005 foi reiniciado o curso técnico em Mecânica, e em

2006 implementados os cursos técnicos integrados na modalidade de Educação de

Jovens e Adultos.

Atualmente o Campus Sertãozinho, não mais UNED, oferece os seguintes

oferece os seguintes cursos:

Técnico Integrado ao Ensino Médio – Automação,

Técnico Integrado ao Ensino Médio – Química,

Técnico Integrado ao Ensino Médio - EJA – Administração,

Técnico Integrado ao Ensino Médio - EJA – Mecânica,

Técnico em Eletrônica – Parceria SEE-SP,

Superior - Licenciatura em Química,

Superior - Tecnologia em Automação Industrial,

Superior - Tecnologia em Fabricação Mecânica,

Superior - Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos e

Complementação Pedagógica.

A década de 90 foi marcada pela Reforma da Educação Profissional, imposta

pelo MEC com a promulgação do Decreto nº 2.208/97 que, por conseguinte, gerou

muitos estudos a respeito da polêmica separação entre a formação geral e a específica.

Os debates a respeito da desvinculação do ensino técnico do ensino médio,

segundo Matias e Fernandes (2002), tiveram início em 1995:

(...) no ano de 1995, surge um Projeto de Lei, PL1603/95, originário

do poder executivo. Esse projeto continha a proposta do governo para

a organização da educação profissional, tendo como marca

fundamental a sua desvinculação da formação geral, passando para

uma modalidade complementar. Organizou o relator do projeto,

Deputado Federal Severiano Alves, PDT/BA, diversas audiências

públicas em todo o país para que fossem amplamente discutidas as

suas bases. Embora não tenhamos o número exato, foram inúmeras as

propostas de emenda encaminhadas ao Deputado.

Porém, com a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional em dezembro de 1996, o governo retira o Projeto

de Lei e institui a desvinculação proposta, utilizando para isso o

Decreto 2208 de 17 de abril de 1997. (p. 114)

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Fernandes (2007) realizou entrevistas com os professores do CEFET/SP a

respeito da separação dos ensinos técnico e médio, e o resultado demonstrou consenso

entre os pesquisados, dizendo que o aluno que ingressa no curso técnico concomitante

ou subsequente, estando cursando ou já tendo concluído o ensino médio em outra

instituição de ensino que não seja o CEFET/SP, apresenta deficiência. Fernandes (2007)

resume:

(...) pode-se indicar que há uma avaliação dos professores de que, via

de regra, os aspectos negativos referentes ao perfil do aluno que

freqüenta o CEFET-SP hoje, caracterizado por sujeitos que chegam

com poucos conhecimentos científicos e que têm baixo rendimento

durante o desenvolvimento dos cursos, impacta de forma negativa no

desempenho deles, e da própria Escola, no mercado de trabalho. (p.

132)

A autora, através da sua pesquisa, traça o perfil dos alunos que frequentavam o

CEFET/SP antes da Reforma:

No que se refere ao comprometimento dos alunos, havia entre os

antigos um compromisso tácito com a conclusão do Ensino Médio,

com o ingresso no Ensino Superior e com a formação técnica que lhes

garantia, em curto prazo, a chance de obter um emprego, e, no futuro,

um melhor desempenho nas funções de nível superior, especialmente

nas engenharias. (p. 133)

Oliveira (2003 apud Fernandes, 2007) considera que a Reforma da Educação

Profissional se caracteriza como uma política deliberada de desmantelamento dos

Centros Federais de Educação Tecnológica, uma vez que o “status” dessas instituições,

consideradas escolas de excelência na formação profissional, não justificava a edição do

Decreto nº. 2.208/97.

A intenção do governo em reduzir despesas com a separação dos ensinos

técnico e médio é observada por Fernandes (2007) e corroborada por Villela (2007):

(...) observou-se que em 1999 o orçamento era de R$ 14.066.503,00 e

o custo aluno anual era de R$ 3.042,72 com 4.623 matrículas, antes da

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transformação e em 2005, o orçamento passou para R$ 27.207.303,00

e o custo aluno anual passou para R$ 5.026,90 com 5.226 matrículas o

que comprova maior gasto com a educação técnica e tecnológica e

com o ensino médio, não diminuindo as despesas, como se previa. (p.

204)

O relatório de gestão de 2001 do CEFET/SP analisa os resultados do trabalho,

realizado em torno dos principais objetivos institucionais da Consolidação da Reforma

da Educação Profissional:

Em 2001, a área de Ensino teve atuação mais qualitativa do que

quantitativa, pois, com a implantação dos novos currículos dos Cursos

Técnicos e Ensino Médio, foram necessários ajustes urgentes no

trabalho de orientação escolar e no acompanhamento do processo

ensino- aprendizagem. As mudanças curriculares, não precedidas de

um período amplo de discussão e de capacitação dos docentes,

acrescidas por um período de paralisação dos servidores, acabou

interferindo de forma negativa no rendimento escolar dos alunos, que

apresentou índices mais altos de retenção e evasão, especificamente

nos cursos técnicos. (p.16)

Segundo Villela (2007), o Decreto nº 2.208/97 foi extinto pelo Decreto nº

5.154/04, o que permitiu novamente a integração do ensino técnico ao médio:

Com essa regulamentação, a educação profissional foi bastante

atingida, modificada, transformada e desmontada, e uma das

modificações que produziu maiores efeitos práticos foi a extinção dos

cursos técnicos de 2º grau de forma integrada. O Decreto nº 2.208/97

criou os cursos técnicos modulares, concomitantes ao ensino médio e

o seqüencial (após a conclusão do ensino médio). Uma modificação

importante foi a extinção do Decreto nº 2.208/97 pelo Decreto nº

5.154/2004, que permitiu em seu art. 4º.§1º, o retorno do ensino

técnico integrado, com habilitação profissional técnica de nível médio,

opção ainda não implantada no CEFET- SP. (p. 14)

Antes da Reforma da Educação Profissional o CEFET/SP, em sua unidade

sede, oferecia seis cursos técnicos integrados ao Ensino Médio (exceto PROEJA). Nota-

se que esse número foi reduzido pela metade ao se observar o Quadro 1, que relaciona

todos os cursos oferecidos pelo atual IFSP por campus:

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Quadro 1 – Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio oferecidos pelo IFSP, por campus:

CURSO CAMPUS

Agropecuária Barretos

Automação Industrial Salto e Sertãozinho

Edificações Votuporanga

Eletrônica São João da Boa Vista e São Paulo

Eletroeletrônica Bragança Paulista

Eletrotécnica São Paulo

Informática Cubatão, Salto, São João da Boa Vista e São Paulo

Informática para Internet São Carlos

Manutenção e Suporte em Informática Votuporanga

Mecânica Bragança Paulista e São Paulo

Química Sertãozinho

Fabricação Mecânica (PROEJA) Sertãozinho

Administração (PROEJA) Sertãozinho

Qualificação em Informática Básica (PROEJA) Cubatão

Qualidade (PROEJA) São Paulo

Fonte: Site do IFSP.

Em 1999 foi consolidada a transformação da ETFSP em Centro Federal de

Educação Tecnológica de São Paulo.

1.2.5 Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (CEFET/SP)

A implantação do CEFET/SP foi autorizada pelo Decreto, sem número, de 18

de janeiro de 1999, que estabelecia em seu art 1º: “Fica implantado o Centro Federal de

Educação Tecnológica de São Paulo – CEFET/SP, mediante transformação e mudança

de denominação da autarquia Escola Técnica Federal de São Paulo”.

Como diretor, permaneceu o professor Francisco Gayego Filho, que teve seu

mandato iniciado em agosto de 1994, na então ETFSP. De acordo com o Decreto de

implantação do CEFET/SP, o diretor-geral da escola técnica transformada ficaria

mantido no mesmo cargo, de diretor-geral do CEFET/SP, conforme art. 7º da Lei nº

8.948/94, pelo prazo máximo de dois anos.

Ao longo de seu processo histórico e em meio a tantas transformações, a

Escola de São Paulo é reconhecida pela sociedade paulista por sua excelência no ensino

público gratuito e de qualidade, como comenta Lima Filho (1999), porém a elitização

do alunado, deflagrada nas primeiras décadas, quando era Escola de Aprendizes

Artífices, permaneceu até que a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, determinou que

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50% das vagas sejam reservadas para estudantes que cursaram integralmente o ensino

fundamental em escolas públicas, o que tem alterado o perfil do alunado:

Ao longo deste processo, as Escolas Técnicas Federais, e

posteriormente os CEFETs, se destacaram como instituições públicas

qualificadas, por diversas razões, entre elas o significativo aporte de

recursos recebido, ao contrário da escassez que penalizava e fazia

sucumbir grande parte das escolas públicas. Ao lado dos recursos, a

atuação dos profissionais da educação e a pressão da sociedade

fizeram com que os currículos escolares destas instituições evoluíssem

de uma concepção originariamente tecnicista, para uma concepção

mais ampla, que buscava aliar cultura geral, ciência e tecnologia e

tentava aproximar teoria e prática, passando a representar, apesar de

suas limitações, a experiência mais significativa em nosso país daquilo

que muitos educadores consideravam como uma aproximação à

proposta de uma educação unitária. Esta qualidade, aliada ao

desmonte da rede pública, e aos elevados custos do ensino privado,

provocou alterações no perfil social destas instituições, que deixaram

de ser uma "escola para os filhos dos outros" para serem instituições

que têm suas vagas altamente disputadas por estudantes de diversas

origens sociais, rompendo, na prática e pelo menos em parte, com a

concepção originariamente classista presente em sua fundação.

O objetivo do ensino ministrado pelo CEFET/SP e sua proposta pedagógica,

que norteia todo o currículo, têm como missão a formação integral do aluno.

(CEFET/SP, 2005)

O objetivo do ensino ministrado pelo CEFET-SP, em todos os níveis e

modalidades, é o de construção de uma escola comprometida com a

sociedade. Para tanto, suas ações apontam para a formação social e

crítica do cidadão, proporcionando-lhe formas de intervir no processo

de produzir cultura, conhecimento e desenvolvimento de novas

tecnologias. A proposta pedagógica que norteia todo o currículo

baseia-se nos princípios explícitos da contextualização e da

interdisciplinaridade e, implicitamente, na estética da sensibilidade, na

política da igualdade e na ética da identidade. A aprendizagem está

direcionada para a construção, apropriação e mobilização dos saberes

indispensáveis ao momento atual para as competências que envolvem

os conhecimentos (o “saber”, as informações articuladas

operatoriamente), as habilidades (psicomotoras, ou seja, o “saber

fazer” elaborado cognitivamente, sócio-afetivamente) e os valores, as

atitudes (o “saber ser”, as predisposições para decisões e ações,

construídas a partir de referenciais estéticos, políticos e éticos)

constituídos de forma articulada e mobilizados para resolver

problemas. Os currículos são desenvolvidos ressaltando-se a

transmissão dos conhecimentos acumulados historicamente pela

humanidade, associada à construção de novos conhecimentos. De

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maneira geral, espera-se dar ao ensino um desenho que garanta a todos

as condições básicas para a inserção no mundo do trabalho, a plena

atuação na vida cidadã e as habilidades metacognitivas para continuar

aprendendo. (p. 13)

A partir deste ponto, esta pesquisa dará mais ênfase ao Campus São Paulo do

IFSP por tratar-se da unidade de ensino mais antiga, a que tem a maior oferta de vagas

em diversos níveis e modalidades de ensino, e, também, a que mais sofreu os impactos

do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica.

Em 2000, o CEFET/SP iniciou a implantação gradativa dos cursos superiores

voltados para a formação de tecnólogos na área da Indústria e de Serviços, Licenciaturas

e Engenharias. O Quadro 2 mostra a relação de cursos superiores implantados entre os

anos de 2000 e 2008 na unidade sede, atualmente Campus São Paulo.

Quadro 2 – Implantação dos cursos superiores no CEFET/SP (sede) no período de 2000-2008

ANO CURSO

2000 Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial

2001 Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo

Licenciatura em Física

2002 Curso Superior de Tecnologia em Construção Civil

2004

Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Produção Industrial

Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Eletrônicos

Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

2006 Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Elétricos

2007 Licenciatura em Geografia

Engenharia em Controle e Automação

2008

Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerenciais

Engenharia em Construção Civil

Engenharia em Mecânica Industrial

Licenciatura em Matemática

Licenciatura em Ciências da Natureza

Fonte: IFSP / Relatório de Gestão (2008).

Mesmo com a implantação dos cursos superiores, foram mantidos os cursos de

Ensino Técnico Concomitante ou Subsequente e os de Ensino Técnico Integrado ao

Ensino Médio.

Em 2001 tomou posse o novo diretor-geral do CEFET/SP, Garabed Kenchian,

que cumpriu dois mandatos, tendo o último finalizado em janeiro de 2009, logo após a

transformação em IFSP, que ocorreu em dezembro de 2008. Devido à nova estrutura

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organizacional, o diretor da unidade de ensino sede passou a ser o diretor-geral do

CEFET/SP, e foi nomeado um novo diretor para a unidade sede.

Em 1997 o Brasil assinou com o BID o Acordo de Empréstimo nº 1.052/OC-

BR, que possibilitou o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP)

criado pela Portaria nº 1.005, de 10 de setembro, e da Resolução nº 112/1997. O

programa, com vigência até 2006, contou inicialmente com recursos de US$ 500

milhões20

, dos quais 50% do financiamento do BID e 50% de contrapartida brasileira,

formada, em proporções iguais, pelos ministérios da Educação e do Trabalho e

Emprego, por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Inicialmente o

Programa foi gerenciado pela SETEC, e mais tarde a gestão foi transferida para o

FNDE.

O MEC considerava o fato de que o Brasil, por ser a nona economia do mundo

e por ter realizado alianças comerciais, políticas e econômicas com outros países,

precisava acompanhar a modernização das tecnologias nos processos de produção, e

consequentemente formar profissionais para atender as demandas de reestruturação

produtiva, o que o motivou a realizar a reforma da educação profissional.

Essa reforma abrangia aspectos técnico-pedagógicos, como flexibilização

curricular, gestão escolar que contemplasse a autonomia, a captação de recursos e

parcerias.

As ações de expansão da oferta de educação profissional e tecnológica

decorrem da publicação da Lei nº 11.195, de 18 de novembro de 2005, que deu nova

redação ao § 5º do art. 3º da Lei nº 8.948/1994, facultando à União a possibilidade de

executar ações de implantação de novas unidades de ensino técnico e/ou agrotécnico,

com preferência21

para o estabelecimento de parcerias com estados, municípios, Distrito

Federal, e com organizações do setor produtivo ou organizações não governamentais

(ONGs), que seriam responsáveis pela manutenção e gestão dos novos estabelecimentos

de ensino.

20

Em 2004 houve o corte de US$ 100 milhões, e de US$ 88 milhões em 2005. (Regulamento Operativo

do PROEP, 2004)

21 Na Lei nº 8.948/1994, no § 5º do art. 3º constava o termo “somente”, que na nova redação foi

substituído por “preferencialmente”.

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A sanção da referida Lei possibilitou ao governo federal implementar novas

unidades de educação profissional, concretizadas com o advento da Lei nº 11.249, de 23

de dezembro de 2005, que abriu ao Ministério da Educação crédito suplementar

destinado à construção de 26 (vinte e seis) novas unidades de ensino descentralizadas,

vinculadas aos CEFET’s. Foram dezesseis escolas, antes vinculadas ao segmento

comunitário, transferidas para os CEFET’s, e duas para o segmento estadual. Em 2005,

dos 338 convênios do PROEP, constituídos de Planos Estaduais, Planos de

Implementação da Política e Projetos Escolares (investimentos em escolas) 188

encontravam-se com a execução comprometida e mais 35 com obras paralisadas.

No Relatório de Progresso Semestral (2007), o FNDE relatou os problemas

observados:

(...) vigência vencida, processos extraviados, prestações de contas

vencidas, baixa execução, baixo desembolso, expressivo número de

relatórios de auditorias da CGU e relatórios do TCU não atendidos, e

sem as devidas providências, colocando os gestores em uma situação

de fragilidade junto aos órgãos de controle e do BID. (p. 08)

Ao analisar o Programa, o FNDE constatou que:

(...) vários processos de convênio que necessitavam regularização

sendo que, em sua grande maioria, a instrução processual estava

incompleta, exigindo ações rápidas, sob pena de resultar em prejuízo

na implementação dos respectivos projetos.

Em decorrência da falta de regularidade nas operações dos convênios,

foram constatados vários problemas com as entidades, causando muita

dificuldade, tanto por parte do PROEP quanto pelas entidades

conveniadas, no que diz respeito a: inexecução orçamentária e atrasos

nos repasses financeiros, tendo comprometido o cronograma de

execução; mudança nas regras de operação do Projeto sem anuência

ou entendimento com os convenentes; desvio de finalidade da

execução dos projetos de algumas escolas, em razão da falta de

acompanhamento e supervisão “in loco”; suspensão da execução das

obras ou serviços de fornecedores; cancelamento de 71 convênios;

descrédito na execução do Programa e o risco de causar prejuízo ao

Erário. (p. 08)

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Deflagrada essa situação, o FNDE desenvolveu meios, dentre eles o de

supervisão técnico-pedagógica, que pudessem dar o suporte necessário de modo a

proporcionar o acompanhamento na finalização e execução dos convênios:

Apesar de, nos anos anteriores, ter sido observado um descrédito na

execução do Programa, as ações desenvolvidas para o reordenamento

e regularização dos processos têm contribuído para o restabelecimento

do relacionamento e a confiança por parte das entidades convenentes,

do BID e dos órgãos de controle (TCU e CGU). Tais ações, no

primeiro semestre de 2007, também contribuíram para o processo de

reordenamento e resolução dos problemas e pendências, visando a

finalização das ações desenvolvidas em anos anteriores, bem como

dos convênios do Programa. (p. 81)

Como resultado da supervisão técnico-pedagógica junto ao segmento

comunitário, o Relatório de Gestão da SETEC (2011) ressalta que:

(...) dos 102 convênios que financiaram 98 projetos escolares, 31

escolas foram incorporadas pelos Institutos Federais e 02 pelos

estados, estando em curso 02 federalizações e 02 estadualizações.

Estas escolas ou não haviam sido concluídas, não estavam em

funcionamento, ou estavam desviadas do objeto do convênio.

Permanecem em supervisão continuada 30 escolas (24 em atualização

dos Planos de Trabalho) e 17 estão em processo de análise. Foram

encaminhados para Tomada de Contas Especial, 13 convênios que não

cumpriram o seu objeto; 01 convênio devolveu os recursos e apenas

01 cumpriu integralmente o objeto pactuado. (p. 16)

O processo de federalização e estadualização de algumas escolas (convênios)

foi uma das formas encontradas para minimizar os problemas surgidos com as

dificuldades existentes em diversos convênios do PROEP. E foi a partir da federalização

que o governo federal lançou o Plano de Expansão da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica, dividido em três fases.

A Fase I, lançada em 2005, teve como objetivo implantar escolas federais de

formação profissional e tecnológica em estados ainda desprovidos dessas instituições,

além de outras preferencialmente em periferias de metrópoles e em municípios

interioranos distantes de centros urbanos, em que os cursos estivessem articulados com

as potencialidades locais de geração de trabalho. (MEC, 2010)

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Durante essa Fase do Plano de Expansão ocorreu a transferência de sete

unidades escolares para o CEFET-SP que, originalmente, pertenciam a organizações do

segmento comunitário, financiadas pelo PROEP e que se encontravam nas seguintes

condições já mencionadas anteriormente: 1) não haviam sido concluídas, ou 2) não

estavam em pleno funcionamento.

Na Fase I, as novas UNEDs do CEFET-SP iniciaram suas atividades ofertando

cursos técnicos, com exceção da UNED de São Carlos – criada e não integrada – que

ofertou o curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,

subindo para oito o número de novas unidades. O CEFET-SP ficou composto por onze

unidades se somadas as três pré-existentes.

O Quadro 3 relaciona as UNEDs do CEFET-SP que foram integradas e criadas

na Fase I do Plano de Expansão, e o ato de criação de cada uma delas.

Quadro 3 – UNEDs do CEFET-SP – Fase I do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica

Nº UNED

(Unidade de Ensino Descentralizada) ATO DE CRIAÇÃO

1 Guarulhos (integrada) Portaria Ministerial nº 2.113, de 16/06/2005

2 Bragança Paulista (integrada) Portaria Ministerial nº 1.712, de 20/10/2006

3 Salto (integrada) Portaria Ministerial nº 1.713, de 20/10/2006

4 Caraguatatuba (integrada) Portaria Ministerial nº 1.714, de 20/10/2006

5 São João da Boa Vista (integrada) Portaria Ministerial nº 1.715, de 20/10/2006

6 São Carlos (criada) Portaria Ministerial nº 1.008, de 29/10/2007

7 São Roque (integrada) Portaria Ministerial nº 710, de 09/06/2008

8 Campos do Jordão (integrado) Portaria Ministerial nº 711, de 09/06/2008

Fonte: CEFET-SP / Relatório de Gestão (2008).

A UNED de Guarulhos foi idealizada no âmbito do PROTEC, lançado no

governo do presidente José Sarney. No ano de 1991, foi celebrado um Convênio de

Cooperação Técnica entre o Ministério da Educação, a Escola Técnica Federal de São

Paulo e a Prefeitura do Município de Guarulhos, que tratou do repasse de recursos para

a construção da Escola. Há informações de que o processo de construção foi paralisado

por conta da existência de um litígio envolvendo a Prefeitura Municipal e a construtora.

Essa situação levou à não conclusão do projeto concebido inicialmente, e à necessidade

de constantes adaptações no espaço físico existente, bem como a convivência com uma

infraestrutura deficiente.

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75

Diante dos problemas na execução do convênio, conforme citado

anteriormente, ocorreu a assinatura de um novo convênio, agora junto ao MEC/PROEP

e à Agência de Desenvolvimento e Inovação de Guarulhos (AGENDE), para a

adaptação do prédio escolar e aquisição de equipamentos. Essa condição de

financiamento indicava o ingresso da escola no segmento comunitário da expansão das

Escolas de Educação Profissional.

Embora o novo convênio estivesse direcionado para o início do funcionamento

de alguns cursos, o repasse financeiro não contemplou a finalização de todos os prédios

escolares previstos no projeto original. Por isso, durante o período de 2002 a 2006

coube à AGENDE a administração do espaço físico, prédios e equipamentos para o

funcionamento do Centro Profissionalizante de Guarulhos.

Entre os anos de 2004 e 2005, a Prefeitura do Município de Guarulhos inicia as

discussões junto ao CEFET-SP buscando a re-federalização da escola. Fruto dessa

articulação foi o encaminhamento dessa demanda junto ao governo federal, por

intermédio do Ministério da Educação, que culminou com a assinatura, pelo ministro da

Educação, Tarso Genro, da Portaria Ministerial nº. 2.113, de 16/06/2005, autorizando o

CEFET-SP a implantar o funcionamento da UNED Guarulhos. Apesar disso, a Unidade

ainda não dispunha de condições ideais de funcionamento, no que diz respeito à

existência de pessoal concursado e recursos financeiros necessários às despesas de

custeio. Dessa forma, novamente, foi fundamental o apoio do governo municipal

consubstanciado na assinatura de um convênio de cooperação técnica, que previa o

repasse de recursos financeiros no período compreendido entre 2006 e 2007. Esses

recursos, administrados pela AGENDE, seriam destinados à contratação de pessoal e

manutenção da escola, sem que, no entanto, houvesse a possibilidade de investir-se em

equipamentos.

Considerando a crescente carência de mão-de-obra especializada nas diversas

áreas do saber, o governo federal autorizou o funcionamento desta Unidade, com o

objetivo do desenvolvimento da região e de promover a educação profissional e

tecnológica de qualidade nos seus diversos níveis. Após essas definições, o início

efetivo do funcionamento da escola ocorreu em janeiro de 2006, com a oferta das

primeiras oitenta vagas do Curso Técnico de Programação e Desenvolvimento de

Sistemas, distribuídas nos períodos vespertino e noturno (oferta que vem se mantendo

estável, semestralmente, a partir de então).

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76

No primeiro semestre de 2007, teve início o curso Técnico em Automação

Industrial. Já em 2008, passou a oferecer os cursos de Licenciatura em Matemática,

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e o Técnico de Manutenção e

Suporte em Informática, em substituição ao curso Técnico de Programação e

Desenvolvimento de Sistemas. Mais tarde, em 2011, teve início o curso Tecnologia em

Automação Industrial, e depois, em 2012, os cursos Técnico em Informática para

Internet Integrado ao Ensino Médio e Técnico em Automação Industrial Integrado ao

Ensino Médio, frutos da parceria Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e o

CEFET-SP, e também o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de Projetos em

Desenvolvimento de Sistemas de Software.

A UNED de Guarulhos é polo de EAD desde julho 2012, no Profuncionário:

trata-se de uma ação que faz parte das diretrizes da Rede e-Tec Brasil, visando a

formação de funcionários das escolas públicas.

A UNED de Bragança Paulista teve seu funcionamento autorizado pela Portaria

Ministerial nº 1.712, de 20 de outubro de 2006. Seu prédio foi originalmente construído

para abrigar a escola pertencente ao segmento comunitário do PROEP, sendo os

recursos financeiros recebidos pela Fundação Municipal de Ensino Superior em

Bragança Paulista (FESB). As atividades educacionais da UNED de Bragança Paulista

foram iniciadas no segundo semestre de 2007, com a oferta de cursos técnicos nas áreas

de Informática e Automação Industrial.

A UNED de Salto teve seu funcionamento autorizado pela Portaria Ministerial

nº 1.713, de 20 de outubro de 2006, e o prédio que até hoje ela ocupa foi inicialmente

destinado a abrigar uma unidade comunitária de Educação Profissional. Em meados de

2006, o CEFET-SP recebeu o prédio inacabado e concluiu as obras em agosto de 2007.

No ano de 2001 foi aprovada, pelo Ministério da Educação, através da

Secretaria da Educação Média e Tecnológica, a implantação do Centro Regional de

Educação Profissional (CEREP) na cidade de Salto, centro que fazia parte do Programa

de Expansão da Educação Profissional (PROEP). O Centro a ser implantado na cidade

ofereceria cursos nos níveis básico e técnico. Em setembro de 2004, porém, as obras

foram paralisadas. Em 2006, o governo federal assumiu o prédio do CEREP,

transformando-o em CEFET-SP, com o apoio da prefeitura da cidade.

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77

Foram elaborados um novo projeto pedagógico e as especificações técnicas de

mobiliário e equipamentos didáticos. Estes bens foram adquiridos ao final de 2006,

dentro dos limites financeiros definidos no ato do repasse da unidade ao CEFET-SP.

A UNED de Salto do CEFET-SP iniciou suas atividades em 2007, nos prédios

dos Centros de Educação Municipais de Salto (CEMUS), com o Curso Técnico em

Informática (Programação e Desenvolvimento de Sistemas). As primeiras aulas foram

ministradas em 28 de agosto. Os laboratórios de Informática começaram a funcionar em

17 de setembro de 2007. Em 19 de outubro a UNED de Salto foi inaugurada

oficialmente. Em 2008, entrou em funcionamento o Curso Técnico em Automação

Industrial (Processos Industriais). No início de 2009, a UNED de Salto passou a

oferecer também os Cursos Superiores de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de

Sistemas e em Gestão da Produção Industrial.

A UNED de Caraguatatuba teve seu funcionamento autorizado pela Portaria nº

1.714, de 20 de outubro de 2006. Constitui-se num centro regional de estudos,

agregando as cidades do litoral norte: Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela.

O espaço ocupado hoje por esta UNED eram as antigas instalações do Centro

Profissionalizante do Litoral Norte (CEPROLIN).

O CEPROLIN foi financiado pelo PROEP, e sua administração era realizada

pela Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba (FUNDACC). A UNED de

Caraguatatuba iniciou suas atividades em fevereiro de 2007, oferecendo o Curso

Técnico em Programação e Desenvolvimento de Sistemas e o Curso Técnico em Gestão

Empresarial.

Em fevereiro de 2008, iniciou-se o Curso Técnico de Construção Civil com

habilitação em Planejamento e Projetos. Em 2009 começou o Curso Técnico em

Administração, na modalidade EaD, por intermédio da e-Tec Brasil. Em 2010, a UNED

ofereceu os cursos: Técnico em Edificações (área de Construção Civil), Técnico em

Administração e Técnico em Comércio (área de Gestão Empresarial), Técnico em

Informática e Técnico em Informática para Internet (área de Informática). Em 2011,

ofereceu os cursos: Técnico em Comércio e Técnico em Administração (área de Gestão

Empresarial), Técnico em Edificações (área de Construção Civil), Técnico em

Informática e Técnico em Informática para Internet (área de Informática). Ofereceu

também os cursos superiores: Licenciatura em Matemática, Tecnologia em Processos

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Gerenciais (área de Gestão Empresarial) e Tecnologia em Análise de Desenvolvimento

de Sistemas (área de Informática). A UNED de Caraguatatuba ofereceu, em 2013, os

seguintes cursos tecnológicos, de licenciatura, técnicos concomitantes ou subsequentes:

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Tecnologia em Processos

Gerenciais, Licenciatura em Matemática, Técnico em Edificações, Técnico em

Comércio, Técnico em Informática para Internet, Técnico Integrado em Comércio.

Além desses cursos oferecidos, o Campus Caraguatatuba ofertou, no segundo semestre

de 2013, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

(Pronatec), os cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) de Cuidador de Idosos,

Vendedor, Operador de Computador e Inglês para Serviços Turísticos.

A UNED de São João da Boa Vista iniciou suas atividades em 13 de fevereiro

de 2007. Seu funcionamento foi autorizado pela Portaria Ministerial nº 1.715, de 16 de

outubro de 2006. A construção da escola de educação profissional pelo MEC, através do

PROEP, resultou na edificação da unidade de ensino do Centro de Educação

Profissional de São João da Boa Vista (CEPRO).

A partir da expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica, a unidade de ensino do CEPRO foi selecionada para participar do processo

de federalização das escolas técnicas, reconhecido por reunir todas as condições

necessárias para inclusão no projeto nacional dos CEFETs.

Assim, em abril de 2006, os prefeitos de São João da Boa Vista, e de outros

municípios, assinaram com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os

termos de compromisso para transferência de convênios entre as instituições de

segmento comunitário e o CEFET. Com aprovação da Lei Municipal nº 1.934, de

16.11.2006, o CEPRO cede lugar para o CEFET-SP.

A UNED de São João da Boa Vista ofereceu, no primeiro semestre de 2007, o

curso Técnico em Informática com Habilitação em Programação e Desenvolvimento de

Sistemas, e, no segundo semestre, o curso Técnico em Automação Industrial, além dos

cursos de Capacitação Inicial e Continuada, voltados para a comunidade escolar. No ano

seguinte, em atenção ao pedido da Municipalidade, a direção geral implantou o curso

superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial.

A UNED de São Carlos foi criada pela Portaria nº 1.008, de 29 de outubro de

2007, do Ministério da Educação, e começou a funcionar por meio de uma parceria -

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para utilização racional de recursos materiais - da Universidade Federal de São Carlos

(UFSCar), Prefeitura de São Carlos e o CEFET-SP. Sediado nas dependências da

UFSCar, em salas e laboratórios cedidos pela mesma, é a primeira UNED do CEFET-SP

que tem suas instalações dentro de um campus universitário. Sua sede própria, já em

construção, permanecerá dentro do campus da UFSCar. Iniciou suas atividades no dia

01 de agosto de 2008, com a oferta do Curso Superior de Tecnologia em Análise e

Desenvolvimento de Sistemas. Atualmente a UNED de São Carlos conta com

aproximadamente seiscentos alunos matriculados em seus cinco cursos presenciais,

distribuídos em três cursos superiores (Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de

Sistemas; Tecnologia em Manutenção de Aeronaves e Tecnologia em Processos

Gerenciais), um curso técnico (Técnico em Comércio) e um técnico integrado (Técnico

Integrado em Informática para Internet).

A UNED de São Roque foi idealizada na Fase I do Plano de Expansão da Rede

Federal de Educação Profissional e Tecnológica, e seu funcionamento foi autorizado

pela Portaria Ministerial nº 710, de 09 de junho de 2008. O CEFET-SP, para

implementação da UNED em São Roque, recebeu um prédio inacabado. A edificação

em questão foi inicialmente projetada para abrigar uma unidade educacional do

segmento comunitário. Em meados de 2006, o terreno com o prédio inacabado foi

transferido para o CEFET-SP, que assumiu, desta forma, a responsabilidade para a sua

conclusão, assim como a reestruturação do projeto educacional e aquisição de

mobiliário e equipamentos.

As obras necessitaram de diversas adequações e adaptações técnicas devido ao

longo período em que o imóvel esteve abandonado, além de problemas técnicos

identificados em sua estrutura. Em março de 2006, uma equipe constituída de

representantes do PROEP e do CEFET-SP vistoriou as obras paralisadas e abandonadas

havia mais de quatro anos. Verificou-se que a ação do intemperismo agravou a

deterioração dos elementos construtivos, e, além disso, atos de vândalos destruíram

parte destes elementos. Constatou-se, também, que as lajes de forro do bloco A (salas de

aula) apresentavam acentuada infiltração de água, sendo que duas com grandes

deformações comprometedoras da estrutura, decorrentes do represamento de águas

pluviais sobre elas (cerca de quarenta centímetros de altura). As péssimas condições da

construção impediram a conclusão da obra no tempo previsto. As ações junto ao PROEP

foram concluídas no primeiro semestre de 2008.

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As atividades na UNED de São Roque foram iniciadas no segundo semestre de

2008, com a abertura do Curso Técnico em Agronegócio. Desta forma, no contexto do

IFSP, o Campus São Roque foi pioneiro na implantação de cursos técnicos na área das

Ciências Agrárias, vindo de encontro com a tradição e a importância do ensino agrícola

dos IFs no Brasil como um todo. No primeiro semestre de 2009, começou o Curso

Técnico em Agroindústria e, no segundo semestre de 2010, teve início o curso de

Licenciatura em Ciências Biológicas. Em 2012, o Campus passou a oferecer os cursos

de Ensino Médio Integrado ao Técnico em Alimentos e ao Técnico em Administração

(em parceria com a Secretaria Estadual de Educação/SP), bem como o curso superior de

Tecnologia em Gestão Ambiental. No primeiro semestre de 2013, iniciaram-se as

primeiras turmas dos cursos superiores de Tecnologia em Viticultura e Enologia e de

Técnico em Serviços Públicos, este último, na modalidade a distância, pertence à Rede

e-Tec Brasil. O Campus oferece, neste ano de 2014, o curso superior de Bacharelado em

Administração.

A UNED de Campos do Jordão teve seu funcionamento autorizado pela

Portaria Ministerial nº 711, de 09 de junho de 2008. A escola, originariamente, foi

construída com recursos do PROEP, e integrava o segmento comunitário daquele

programa. Assim, o recebimento dos primeiros recursos financeiros, a elaboração do

projeto arquitetônico e o acompanhamento das obras foram encaminhados pela

Fundação para a Educação, Cultura e Desenvolvimento de Campos do Jordão. Em

meados de 2006, o IFSP assumiu a reestruturação de seu projeto educacional e a

conclusão do prédio.

Em 02 de fevereiro de 2009, a UNED de Campos do Jordão iniciou suas

atividades provisoriamente no Hotel Satélite, pertencente ao Banco do Brasil. Em 16 de

fevereiro, com o término de cinco salas de aula e dos banheiros, passou a ocupar

definitivamente as novas instalações. Esta UNED é resultado dos esforços do IFSP e do

MEC, que, conhecedores das necessidades da região e mesorregião, com atividades

econômicas voltadas ao Turismo, Comércio, Serviços e Construção Civil,

implementaram-na, oferecendo cursos nas áreas de Edificações e Informática,

inicialmente com 120 vagas.

Em abril de 2012, por meio de um acordo de cooperação, a Prefeitura

Municipal fez a cessão de um prédio ao Campus Campos do Jordão, no qual serão

implantados cursos de Turismo e Gastronomia, denominado prédio II da UNED. Este

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prédio foi construído originalmente na década de 1980, com o propósito de funcionar

como rodoviária. Nos anos 90, ela foi transferida para outro local, ficando o prédio

ocioso por um período, quando, nos anos 2000, foi reformado com o intuito de ser

transformado em uma escola de gastronomia, recebendo equipamentos próprios para

este fim. Porém, o projeto foi inviabilizado, e o prédio foi cedido ao Instituto Federal de

São Paulo – Campus Campos do Jordão.

Entretanto, o prédio 02 encontra-se subutilizado, sendo oferecidos apenas

alguns cursos FIC na área de Turismo, Gastronomia e Hotelaria. Isto se deve à

documentação do terreno e ao fato de a edificação possuir pendências em seu registro.

Em 2013 foi realizada parceria entre o IFSP e o CEMADEN (Centro de Monitoramento

e Alertas de Desastres Naturais do Ministério da Ciência e Tecnologia) para o início do

monitoramento geotécnico na área do prédio 01, que fará o acompanhamento da

movimentação do terreno e a variação dos níveis de água no subsolo através de

sensoriamento remoto; também foi recebido da Prefeitura Municipal de Campos do

Jordão, em novembro, o documento “Habite-se” do prédio 02 (Centro Gastronômico).

Atualmente a UNED de Campos do Jordão, além dos cursos técnicos

concomitantes ou subsequentes, oferece Licenciatura em Matemática e Tecnologia em

Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Com a integração e a oferta de cursos nesta

UNED, encerra-se a Fase I do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica, que trouxe sete unidades escolares, financiadas

pelo PROEP, para a tutela da Instituição.

Em 2006 o CEFET-SP passou a ofertar cursos no Programa de Integração da

Educação Profissional ao Ensino Médio, na modalidade de Educação de Jovens e

Adultos (PROEJA) nas unidades de ensino de São Paulo, Cubatão e Sertãozinho. (IFSP,

2008)

No ano seguinte, a Fase II do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica foi lançada, através da Chamada Pública

MEC/SETEC nº 001/2007, com o tema “Uma escola técnica em cada cidade polo do

país”. A previsão era de implantação de 150 novas unidades de ensino distribuídas nos

26 estados e no Distrito Federal, totalizando a criação de 180 mil vagas ofertadas na

educação profissional e tecnológica, numa perspectiva de 500 mil matrículas até 2010,

ano de encerramento desta fase da expansão, e na plenitude de seu funcionamento.

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Para esta fase da expansão foram estabelecidos, para definição das cidades

polo, os seguintes critérios:

a) distribuição territorial equilibrada das novas unidades de ensino;

b) cobertura do maior número possível de mesorregiões em cada Unidade da

Federação;

c) proximidade das novas unidades de ensino aos arranjos produtivos locais,

instalados e em desenvolvimento;

d) interiorização da oferta pública de educação profissional e de ensino

superior;

e) redução dos fluxos migratórios originados nas regiões interioranas com

destino aos principais centros urbanos;

f) aproveitamento de infraestruturas físicas existentes,

g) nos casos em que o município selecionado pertencer a uma região

metropolitana, a escola deverá estar situada nas áreas de periferia; e

h) identificação de potenciais parcerias.

Na Fase II do Plano de Expansão estavam previstas catorze unidades de ensino

para o estado de São Paulo. Dessas unidades, apenas uma, a de Campos do Jordão, foi

integrada ao CEFET-SP, na mesma condição que as unidades de ensino da Fase I do

Plano de Expansão da Rede, ou seja, oriunda do segmento comunitário em convênio

com MEC/PROEP. Para as unidades que seriam criadas havia a necessidade da

elaboração de projetos para a construção dos prédios e posterior licitação, motivo pelo

qual a consolidação dessas novas unidades se deu a partir do ano de 2010.

Também em 2007 a Unidade São Paulo passou a ofertar cursos de

Especialização nas áreas de Educação, Construção Civil e de Controle e Automação,

ano em que atingiu o número recorde de 7.600 alunos regularmente matriculados em

cursos de longa duração.

O CEFET-SP teve procura de cinquenta candidatos por vaga em algumas

modalidades no vestibular daquele ano. (CEFET/SP, 2008 p. 11)

Em 2008 ocorreu a mais recente transformação da antiga Escola de Aprendizes

Artífices de São Paulo, por meio da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008: os

CEFETs se tornaram Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

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1.2.6 Instituto Federal de São Paulo (IFSP)

A Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, instituiu a Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica, e criou os Institutos Federais de

Educação, Ciência e Tecnologia – Institutos Federais (IFs), que têm sua origem nas

Escolas de Aprendizes Artífices, criadas no ano de 1909.

Durante a sua existência, a escola de São Paulo sofreu grandes transformações

na reformulação da educação profissional; no entanto manteve o foco da sua missão,

que era a promoção social e intelectual do cidadão, e a formação técnica profissional

para atender ao mercado industrial do país em desenvolvimento.

Promover a justiça social, a equidade, a competitividade econômica e a geração

de novas tecnologias permitiram que essas antigas escolas ampliassem as suas

perspectivas, visando a qualidade social através de um “novo arranjo educacional”, que,

segundo o documento do MEC “Concepção e diretrizes: Institutos Federais”, é uma

“combinação do ensino de ciências naturais, humanidades e educação profissional e

tecnológica”. (MEC, 2010)

Conforme a Lei, os IFs são instituições de educação superior, básica e

profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação

profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na

conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas.

O artigo 6º da Lei nº 11.892/2008 define as finalidades e características dos

Institutos Federais:

ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e

modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação

profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no

desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;

desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo

e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas

às demandas sociais e peculiaridades regionais;

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promover a integração e a verticalização da educação básica à educação

profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura física, os

quadros de pessoal e os recursos de gestão;

orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento

dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no

mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e

cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal;

constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em

geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento

de espírito crítico, voltado à investigação empírica;

qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de

ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica

e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino;

desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica;

realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o

empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e

tecnológico; e

promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias

sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente.

Dentre os objetivos dos IFs descritos no artigo 7º da Lei nº 11.892/2008 e

elencados anteriormente neste trabalho (p. 39), o destaque nesta fase da pesquisa fica

para o inciso I do referido artigo, que trata da priorização da oferta dos cursos técnicos

na forma integrada ao médio, modelo defendido por Fernandes (2007) e Villela (2007),

e que, segundo os autores, vem garantir a qualidade na formação integral dos alunos

“ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de

cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da

educação de jovens e adultos”; a Lei estipula que, no mínimo, 50% das vagas oferecidas

deverão ser destinadas aos cursos técnicos.

Os IFs têm como órgão executivo a reitoria, formada por um reitor e cinco pró-

reitores, e uma estrutura multicampi. Possui também dois órgãos superiores: 1) o

Colégio de Dirigentes, de caráter consultivo, que é composto pelo reitor (presidente),

pró-reitores e diretor-geral de cada campus do IF; e 2) o Conselho Superior, de caráter

consultivo e deliberativo, que é composto pelo reitor (presidente), e por representantes

dos docentes, dos estudantes, dos técnicos administrativos, dos egressos da instituição,

da sociedade civil, do Ministério da Educação e do Colégio de Dirigentes do Instituto

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Federal, assegurando-se a representação paritária dos segmentos que compõem a

comunidade acadêmica.

O primeiro reitor do IFSP foi Arnaldo Augusto Ciquielo Borges, que trabalhou

de fevereiro de 2009 a abril de 2013. Desde abril de 2013 o cargo está ocupado por

Eduardo Antonio Modena. O reitor é eleito pela comunidade do IF e nomeado pelo

presidente da República, para mandato de 4 (quatro) anos, permitida uma recondução

após processo de consulta à comunidade escolar.

O diretor-geral é nomeado pelo reitor, nomeação esta também submetida a

consulta à respectiva comunidade, e ocorre a cada quatro anos, de forma simultânea à

escolha do reitor. Conforme o art. 13 do Decreto nº 6.986, de 20 de outubro de 2009, as

consultas para o cargo de diretor-geral nos campi em processo de implantação deverão

ser realizadas após cinco anos de seu efetivo funcionamento, contados da data da

publicação do ato ministerial que autorizou o início das suas atividades, conforme o

disposto no art. 12, § 1º, da Lei nº 11.892/2008.

Aprovado o estatuto do IFSP pela Resolução nº 1, de 31 de agosto de 2009,

alterada pelas Resoluções nº 872, de 4 de junho de 2013 e nº 8, de 4 de fevereiro de

2014, teve a sua organização administrativa22

assim definida:

I. ÓRGÃOS SUPERIORES

a) Conselho Superior:

1. Órgão de controle: Unidade auditoria interna;

2. Comitê técnico-profissional.

b) Colégio de Dirigentes.

II. ÓRGÃOS COLEGIADOS

a) Conselho de ensino;

b) Conselho de pesquisa e inovação;

c) Conselho de extensão.

III. ÓRGÃOS EXECUTIVOS

a) Reitoria:

1. Gabinete;

2. Assessorias;

3. Procuradoria jurídica.

22

- Conforme o próprio estatuto, o detalhamento da estrutura organizacional do IFSP, as competências

das unidades administrativas e as atribuições dos respectivos dirigentes serão estabelecidas no seu

Regimento-Geral, que poderá dispor sobre a estruturação e funcionamento de outros órgãos colegiados

que tratem de temas específicos vinculados à Reitoria e às Pró-Reitorias.

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b) Órgãos de apoio.

c) Pró-reitorias:

1. Pró-reitoria de ensino;

2. Pró-reitoria de extensão;

3. Pró-reitoria de pesquisa, inovação e pós-graduação;

4. Pró-reitoria de administração;

5. Pró-reitoria de desenvolvimento institucional.

d) Ouvidoria.

e) Comissão de ética.

IV. ÓRGÃOS DESCENTRALIZADOS23

a) Campi, que, para fins da legislação educacional, são considerados

sedes:

1. Órgão superior do campus: conselho de campus;

2. Órgão executivo: diretoria-geral.

b) Polos de Educação a Distância24

;

c) Núcleos Avançados;

d) Unidades de Educação Profissional (UEP).

Em 2011, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

– IFSP, em continuidade à implementação do Plano de Expansão da Rede Federal de

Educação Profissional e Tecnológica, inaugurou quatro novos campi: Avaré,

Hortolândia, Votuporanga e Presidente Epitácio. Além disso, o IFSP, sendo uma

instituição multicampi, buscou ampliar suas ações de descentralização e, assim,

aprimorar o seu modelo de gestão. (IFSP, Relatório de gestão 2011)

Na transição, as UNEDs, que compunham a estrutura organizacional de

instituição transformada ou integrada em Instituto Federal, passaram, de forma

automática, independentemente de qualquer formalidade, à condição de campus da nova

instituição. (Lei nº 11.892/2008)

O Quadro 4 traz a relação dos campi do IFSP, criados/integrados na Fase II do

Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

23

Segundo o Regimento Geral do IFSP, cada Polo de Educação a Distância, cada Núcleo Avançado e cada

Unidade de Educação Profissional (UEP) estará vinculado a um campus do IFSP, e terá a estrutura, a

composição, as competências, a organização e o funcionamento definidos e regulados em regulamento

próprio, aprovado por Resolução do Conselho Superior. (Resolução IFSP nº 7/2014)

24 O Polo de Educação a Distância é destinado à oferta de cursos de educação profissional e tecnológica

na modalidade a distância, que poderá ser criado por meio de parceria com órgãos da administração

pública, com o objetivo de expandir o atendimento às demandas por formação profissional em todo o

território de abrangência do Instituto Federal. (Portaria nº 1.291/2013)

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87

Tecnológica25

. Embora estivessem previstas catorze unidades nesta fase, foram

implantados dezessete campi.

Quadro 4 - Campi do IFSP da Fase II do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional,

Científica e Tecnológica

Nº CAMPUS ATO DE CRIAÇÃO

1 Piracicaba (criado) Portaria Ministerial nº 104, de 29/01/2010

2 Birigui (criado) Portaria Ministerial nº 116, de 29/01/2010

3 Catanduva (criado) Portaria Ministerial nº 120, de 29/01/2010

4 Itapetininga (criado) Portaria Ministerial nº 127, de 29/01/2010

5 Araraquara (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

6 Avaré (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

7 Barretos (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

8 Campinas (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

9 Hortolândia (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

10 Presidente Epitácio (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

11 Registro (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

12 Suzano (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/10/2010

13 Votuporanga (criado) Portaria Ministerial nº 1.170, de 21/09/2010

14 Boituva (integrado) Portaria Ministerial nº 330, de 23 de abril de 2013

15 Capivari (integrado) Portaria Ministerial nº 330, de 23 de abril de 2013

16 Matão (criado) Portaria Ministerial nº 330, de 23 de abril de 2013

17 São José dos Campos (criado) Portaria Ministerial nº 330, de 23 de abril de 2013

Fonte: IFSP/PDI (2014-2018)

O Campus Boituva teve seu funcionamento autorizado como Campus Pleno

pela Portaria Ministerial nº 330, de 23 de abril de 2013. Antes de ser integrado ao IFSP,

o atual campus foi inaugurado em 17 de dezembro de 2002 como Centro Educacional e

Tecnológico de Boituva (CETEB), resultado do convênio que envolvia o governo

federal através do MEC/PROEP, responsáveis pela construção do prédio e aquisição dos

equipamentos para funcionamento dos cursos, e o governo municipal de Boituva, a

Associação Profissionalizante “Vereador Jandir Schincariol” e instituições sociais e

profissionais da região.

No primeiro semestre de 2009, começaram as primeiras tratativas para a

realização do acordo de cooperação entre a Prefeitura Municipal de Boituva, a

Associação Profissionalizante “Vereador Jandir Schincariol” e o Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, acordo que estabelecia como meta

oferecer gradativamente à comunidade de Boituva e região, a partir de agosto de 2009,

25

As unidades de ensino previstas para o estado de São Paulo, na Fase II do Plano de Expansão da Rede

Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica lançada em 2007, foram consolidadas apenas

em 2010, quando já havia ocorrido a transformação do CEFET/SP em IFSP.

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programas da educação profissional e tecnológica em seus diferentes níveis e

licenciaturas e promover a ocupação gradativa das instalações do CETEB, visando a

transformação futura deste em um campus do IFSP.

O Campus Boituva funcionava em total parceria com a Prefeitura e a

Associação, tendo um servidor efetivo do IFSP e os demais funcionários do CETEB e

professores substitutos. Em 23 de dezembro de 2009, o Conselho Superior do IFSP,

através da Resolução nº 28, autorizou o funcionamento do então Núcleo Avançado

Boituva, que iniciou as atividades em 17 de agosto de 2009, com base no Campus de

Salto.

No primeiro semestre de 2010 foi ofertado o Curso Técnico em Manutenção e

Suporte em Informática, com duração de dezoito meses, e aberto o primeiro concurso

público para provimento de vagas de professores e técnicos administrativos.

Mas é através da Portaria Ministerial nº 1.366, de 06 de dezembro de 2010, que

o Núcleo Avançado passa a ser Campus Avançado Boituva, sendo então o primeiro

Campus Avançado do Instituto Federal de São Paulo.

No segundo semestre de 2010, o Campus Avançado atendeu mais uma

demanda da cidade e região, ofertando o Curso Técnico em Automação Industrial. Em

2011, após estudos na cidade e região, foi apontado o Curso Superior de Tecnologia em

Análise e Desenvolvimento de Sistemas como sendo o primeiro curso superior a ser

oferecido pelo Campus Avançado Boituva, e teve no início de 2013 o seu Projeto

Pedagógico de Curso (PPC) finalizado.

Durante o período de elaboração do PPC, o Campus Avançado investiu em

equipamentos, acervo bibliográfico e computadores para atender a demanda deste novo

curso, previsto para agosto de 2013.

Em agosto de 2012, o Campus Avançado Boituva ofertou o maior número de

vagas já registrado em um único processo seletivo para o mesmo curso do IFSP,

totalizando novecentas vagas para o curso Técnico em Secretaria Escolar, ofertado em

catorze cidades do estado de São Paulo na modalidade a distância. Este curso faz parte

do Programa Profuncionário da Rede e-Tec Brasil.

Em 23 de abril de 2013, por meio da Portaria nº 330 do Ministério da Educação

Interino, passou de Campus Avançado para Campus Pleno, possibilitando assim

autonomia na gestão administrativa. No segundo semestre de 2013, iniciou-se a

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primeira turma do curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de

Sistemas, e deu-se início a quatro turmas do Pronatec com um total de cem alunos,

divididos nos cursos de Desenho Mecânico e Eletricista Industrial.

O Núcleo Avançado Capivari foi criado pela Resolução CS/IFSP nº 30, de 23

de dezembro de 2009, que aprovou ad referendum o funcionamento vinculado ao

Campus Salto. A criação do Núcleo Avançado Capivari foi precedida pela assinatura de

um termo de compromisso envolvendo o MEC, o IFSP, o município de Capivari, a

Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) e o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O objetivo do termo de compromisso era a colaboração entre as partes, no

sentido de criar o Campus por meio da incorporação do Centro de Aprendizagem e

Desenvolvimento Educacional de Capivari, objeto de convênio entre o MEC e o CNEC,

por meio do PROEP.

As atividades no Núcleo Avançado Capivari iniciaram-se em agosto de 2010,

com a oferta de dois cursos técnicos subsequentes ou concomitantes (Química e

Manutenção e Suporte em Informática). Com a publicação da Portaria Ministerial nº

1.366, de 06 de dezembro de 2010, o Núcleo Avançado passa a ser Campus Avançado

Capivari, que, em 2012, passou a oferecer dois cursos técnicos integrados ao ensino

médio (Química e Informática), em parceria com a Secretaria de Educação do estado de

São Paulo.

O Campus Avançado Capivari, através da Portaria Ministerial nº 330, de 23 de

abril de 2013, passou a ser reconhecido como Campus, nas mesmas condições dos

demais do IFSP, mesmo ano em que foi criado o primeiro curso superior (Tecnologia

em Análise e Desenvolvimento de Sistemas) e aprovado o projeto do Curso Superior de

Tecnologia em Processos Químicos pelo Conselho Superior (sendo ofertado a partir do

primeiro semestre de 2014).

Os históricos dos Campi Boituva e Capivari foram os únicos citados por serem

unidades provenientes do convênio MEC/PROEP, e integrados ao IFSP, o que os

diferencia dos demais campi. Quanto aos de Matão e São José dos Campos, embora

criados, tiveram seu funcionamento ainda durante a Fase II do Plano de Expansão da

Rede Federal, como Núcleos Avançados, autorizado pelo Conselho Superior do IFSP,

através das Resoluções nº 29 e nº 30, de 23 de dezembro de 2009, respectivamente.

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90

Em 2011, o governo federal deu início à Fase III do Plano de Expansão da

Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Em 2013, a presidenta

Dilma Rousseff anunciou a criação de oito novos campi do IFSP como parte da

expansão da Rede Federal de Ensino. Assim, deveriam ser instalados, até 2014, os

campi de Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Francisco Morato, São Paulo (Zona

Noroeste), Bauru, Marília, Itapeva e Carapicuíba. O Campus Jacareí já estava em

processo de finalização, por isso não foi anunciado no pacote.

No Quadro 5 é possível notar que algumas das unidades previstas não foram

implantadas, porém outras que não estavam previstas haviam sido. Das unidades que

iniciaram o funcionamento em 2014, a maioria teve os cursos organizados para atender

o Pronatec.

Quadro 5 – Unidades do IFSP criadas na Fase III do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica

Nº CAMPUS SITUAÇÃO

1 Assis (Núcleo Avançado) Resolução nº 680, de 06 de junho de 2012, início

2013 - Birigui

2 Jacareí (criado) Portaria Ministerial nº 1.714, de 20 de outubro de 2013

3 Araras (Campus Avançado) Início das atividades em 2014

4 Jundiaí (Campus Avançado) Idem

5 Limeira (Campus Avançado) Idem

6 Mococa (Campus Avançado) Idem

7 Presidente Prudente (Campus Avançado) Idem

8 Rio Claro (Campus Avançado) Idem

9 Sorocaba (Campus Avançado) Idem

Fonte: IFSP.

O Quadro 6 mostra a relação de municípios que abrigarão uma unidade do

IFSP, sendo o total de dezenove municípios em todo o estado de São Paulo

Quadro 6 – Unidades previstas para o IFSP

Nº CAMPUS PREVISTOS SITUAÇÃO

1 Bauru (Campus) Aguardando a realização de audiências

públicas para a escolha dos cursos

2 Carapicuíba (Campus) Idem

3 Francisco Morato (Campus) Idem

4 Itapecerica da Serra (Campus) Idem

5 Itapeva (Campus) Idem

6 Itaquaquecetuba (Campus) Idem

7 Marília (Campus) Idem

8 Noroeste de São Paulo – Capital (Campus) Idem

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9 Cidade Tiradentes (Campus Avançado) Idem

10 Lapa (Campus Avançado) Idem

11 Mauá (Campus Avançado) Idem

12 Osasco (Campus Avançado) Idem

13 Paraguaçu Paulista (Campus Avançado) Idem

14 Parelheiros (Campus Avançado) Idem

15 Pirassununga (Campus Avançado) Idem

16 Ribeirão Preto (Campus Avançado) Idem

17 Santo André (Campus Avançado) Idem

18 São Miguel Paulista (Campus Avançado) Idem

19 Ubatuba (Campus Avançado) Idem

Fonte: IFSP / PDI (2014-2018).

Como vimos anteriormente, o Plano de Expansão da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica foi dividido em três fases: a Fase I, que teve início

em 2005, a Fase II em 2007, e a Fase III em 2011.

No período entre 1909 a 2002 foram constituídas 140 unidades de ensino. As

Fases I e II do Plano de Expansão da Rede Federal, implementadas de 2005 a 2010,

permitiram que esse quantitativo fosse duplicado em apenas cinco anos. (SETEC, 2011)

A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica conta

atualmente com 459 unidades implantadas, que contabilizam um milhão de matrículas

em cursos de formação inicial e continuada, técnicos, de graduação e pós-graduação.

(CONIF, 2013)

A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) do MEC

publicou, em seu Relatório de gestão (2013), as metas a serem atingidas na Fase III do

Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica:

(...) das 208 novas unidades previstas para o período de 2011 a 2014,

já estavam em funcionamento 116 no final de 2013. Ao final da

expansão, serão 562 unidades em mais de 500 municípios. Em 2013,

40 unidades da Rede Federal de 16 Estados e do Distrito Federal

iniciaram suas atividades e, quando em pleno funcionamento,

totalizarão 48 mil novas vagas.

Até dezembro de 2013, foi atingido o seguinte resultado operacional

na expansão:

116 unidades em funcionamento, das quais 39 foram inauguradas e

15 foram concluídas e não inauguradas; e

106 unidades em obra, sendo que 26 unidades estavam em fase de

licitação e 22 estavam em fase de planejamento e elaboração de

projeto. (p. 31)

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Os critérios utilizados para identificar as localidades que seriam contempladas

pelas novas unidades foram:

inserção no Programa Território da Cidadania, de modo que haja pelo menos

uma unidade da Rede Federal em cada um desses territórios;

municípios populosos e com baixa receita per capita, priorizando os

municípios que compõem o grupo de cidades com mais de 80.000

habitantes e que possui receita per capita inferior a R$1.000,00, o chamado

G100;

municípios em microrregiões não atendidas por escolas federais,

preferencialmente os que tenham mais de 50.000 habitantes;

universalização do atendimento às mesorregiões brasileiras, considerando

que em todas elas haja uma ou mais unidades da Rede Federal;

localidades que receberam investimentos do Plano de Aceleração do

Crescimento – PAC; e

municípios com arranjos produtivos locais identificados; entorno de grandes

investimentos e os municípios com elevado percentual de extrema pobreza.

Hoje o IFSP possui 37 unidades, sendo 29 campi, sete campi avançados e um

núcleo avançado: isso significa que, a curto e médio prazos, o IFSP contará, se somadas

as dezenove que ainda serão implantadas, com 56 unidades sob sua tutela. Um número

alto se comparado às 46 unidades (campus e campus avançado) distribuídas em cinco

Institutos Federais no estado de Minas Gerais, sendo que o IF que mais possui unidades

naquele estado conta com treze campi.

O Gráfico a seguir mostra o número de unidades do IFSP criadas em cada fase

do Plano de Expansão, ou seja, as unidades consolidadas antes dele e as que estão

previstas para futura implantação.

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Gráfico 1 – Número de Unidades do IFSP por fase/período

Na Figura 12 é possível observar a distribuição dos trinta campi do IFSP pelo

estado de São Paulo. O mapa foi atualizado em 2013, motivo pelo qual não constam

onze campi avançados previstos para implantação: Cidade Tiradentes, Lapa, Mauá,

Osasco, Paraguaçu Paulista, Parelheiros, Pirassununga, Ribeirão Preto, Santo André,

São Miguel Paulista e Ubatuba.

3 8

18

9

19

Total 56 Unidades

Pré-existentes

Fase I

Fase II

Fase III (Implantadas)

Fase III (Previstas)

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Figura 12 – Mapa dos campi do IFSP (atualizado em 2013)

Fonte: IFSP (2013).

LEGENDA

● Campus Implantado

● Campus Previsto

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II – METODOLOGIA

Para alcançar o objetivo proposto nesta pesquisa, foi desenvolvido um estudo

de análise documental, a partir do ano de 1906, sobre a história da educação profissional

no Brasil. Esses documentos determinaram, com suas constantes reformulações, as

várias transformações ocorridas nas Escolas de Aprendizes Artífices até sua última

transição para Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que atualmente se

encontram em situação de adaptação ao novo arranjo educacional proposto pelo

governo federal.

Dessa forma, segundo Gatti Júnior (2002):

(...) busca-se a apreensão daqueles elementos que conferem identidade

à instituição educacional, ou seja, daquilo que lhe confere um sentido

único no cenário social do qual fez ou ainda faz parte, mesmo que ela

tenha se transformado no decorrer dos tempos. (p. 30)

A abordagem da passagem histórica dessas Instituições Federais de Ensino tem

a finalidade de compreender a discussão proposta pela pesquisa, de natureza qualitativa,

sob a forma de estudo de caso. O objeto de investigação são os impactos causados pelo

Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica

no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, o IFSP,

explorando os acontecimentos que registraram alterações realizadas a partir da Lei nº

11.892, de 29 de dezembro de 2008.

Segundo Minayo e Sanches (1993):

É no campo da subjetividade e do simbolismo que se afirma a

abordagem qualitativa. A compreensão das relações e atividades

humanas com os significados que as animam é radicalmente diferente

do agrupamento dos fenômenos sob conceitos e/ou categorias

genéricas dadas pelas observações e experimentações e pela

descoberta de leis que ordenariam o social.

A abordagem qualitativa realiza uma aproximação fundamental e de

intimidade entre sujeito e objeto, uma vez que ambos são da mesma

natureza: ela se volve com empatia aos motivos, às intenções, aos

projetos dos atores, a partir dos quais as ações, as estruturas e as

relações tornam-se significativas. (p. 244)

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No estudo bibliográfico foram consultadas obras de vários pesquisadores sobre

o assunto. A análise documental teve como fonte principal os documentos oficiais do

governo federal, com foco nas causas que justificaram a criação dos IFs e o que

possibilitou a sua expansão; outras fontes, que não as governamentais, também foram

utilizadas, como produções científicas e acadêmicas, publicações sindicais e outras, para

análise das consequências dessa expansão.

A pesquisa documental e bibliográfica foi realizada por meio dos dados

extraídos de leis, decretos, portarias, atas, produções científicas e acadêmicas, artigos

em revistas profissionais que abordam o tema proposto aqui. Para Lüdke e André

(1986), são considerados documentos “desde leis e regulamentos, normas, pareceres,

cartas, memorandos, diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos,

estatísticas e arquivos escolares” (p. 38).

De acordo com Gil (2002, p. 62-3), a pesquisa documental é uma “fonte rica e

estável de dados”, e o que a diferencia da pesquisa bibliográfica é a natureza das fontes.

Cabe destacar que foram utilizados alguns resultados das entrevistas realizadas

por D’Angelo (2000), Fernandes (2002) e Villela (2007) referentes às transformações do

IFSP ao longo da história.

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III – ALTERAÇÃO DO COTIDIANO DA REDE FEDERAL DE

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Este capítulo foi desenvolvido com o intuito de responder a seguinte pergunta:

O que motivou o governo federal a alterar o cotidiano da Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica?

Para a resposta, dois documentos serviram de base: a Lei nº 11.892/2008 e o

documento do MEC, “Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia um novo

modelo em educação profissional e tecnológica: Concepção e Diretrizes” (2010).

3.1 As Causas

Historicamente, o Brasil, desde o início da industrialização, sempre sofreu com

a falta de mão-de-obra qualificada. Atualmente, devido aos avanços tecnológicos, o país

tem vivenciado uma nova fase econômica que contribui para um posicionamento

favorável do país na economia mundial, porém ainda se depara com os mesmos

problemas do passado: a falta de qualificação de seus trabalhadores, num mercado cada

vez mais exigente e competitivo, que necessita de profissionais formados por

instituições de ensino profissional.

Segundo as autoras Ribeiro e Cardoso (2014):

As transformações do mundo do trabalho promovem, ao longo da

história, impactos no estilo de vida dos indivíduos que necessitam

lidar com os novos parâmetros ditados pelo capitalismo. Para que tais

mudanças sejam absorvidas pela sociedade, é necessário que as

instituições sociais possam transmitir a lógica do novo funcionamento

promovida pelo sistema produtivo com o intuito de adequar os

indivíduos. Portanto, as mutações do mundo do trabalho na

contemporaneidade proporcionadas pela reestruturação produtiva,

associadas com os avanços tecnológicos, imprimiram diferentes

demandas e significados para as instituições educativas. (p. 642)

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O governo federal, diante deste cenário, deu início à expansão da Rede Federal

de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, que tem possibilitado o aumento da

oferta de vagas nos cursos profissionalizantes. Numa perspectiva de país soberano e

inclusivo, viu na educação profissional e tecnológica (EPT) a possibilidade de criar um

arranjo educacional que reunisse, da “diversidade sociocultural, princípios e valores que

convergem para fazer valer uma concepção de educação profissional e tecnológica em

sintonia com os valores universais do homem”. MEC (2010, p. 21)

Gomes e Marins (2004 apud RIBEIRO e CARDOSO, 2014, p. 642) entendem que:

A competitividade, restruturação produtiva, articulada à profunda

revolução do conhecimento requer novas maneiras de relacionar-se,

politica, econômica, social e culturalmente, demandando que a

educação institucionalizada responda as essas novas formas inserindo

os sujeitos no mundo do trabalho para exercício em sua condição de

cidadania. (p. 23)

MEC (2010) relata que:

É evidente a atuação do governo federal no sentido da expansão da

oferta pública e da melhoria do padrão de qualidade da educação

brasileira, em especial da educação profissional e tecnológica em todo

o território nacional, articulando-a com ações de desenvolvimento

territorial sustentável e orientando-a para a formação integral de

cidadãos-trabalhadores emancipados. (p. 14)

Como resultado de um projeto progressista, os Institutos Federais foram

criados pela Lei nº 11.892/2008, e fazem parte da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica, instituída pela mesma Lei, vinculados ao

Ministério da Educação. A Rede Federal de Educação é composta por: 38 Institutos

Federais, presentes em todos os estados, oferecendo ensino médio integrado, cursos

superiores de tecnologia, licenciaturas e bacharelados. Integradas aos institutos

aparecem as novas escolas que estão sendo entregues dentro do plano de expansão da

rede federal, também formada por instituições que não aderiram aos institutos federais,

mas que oferecem educação profissional em todos os níveis, sendo: uma Universidade

Tecnológica Federal, a do Paraná; 02 Centros Federais de Educação Tecnológica, um no

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RJ e outro em MG; 24 Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e o

Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, que oferece desde a Educação Infantil até o Ensino

Médio Regular e Integrado, além da Educação de Jovens e Adultos (Proeja).Segundo o

MEC (2010), o governo federal entende a educação como:

(...) compromisso de transformação e de enriquecimento de

conhecimentos objetivos capazes de modificar a vida social e de

atribuir-lhe maior sentido e alcance no conjunto da experiência

humana (...)

Os Institutos Federais reservam aos protagonistas do processo

educativo, além do incontestável papel de lidar com o conhecimento

científico-tecnológico, uma práxis que revela os lugares ocupados pelo

indivíduo no tecido social, que traz à tona as diferentes concepções

ideológicas e assegura aos sujeitos as condições de interpretar essa

sociedade e exercer sua cidadania na perspectiva de um país fundado

na justiça, na equidade e na solidariedade.

(...) assumindo um papel representativo de uma verdadeira incubadora

de políticas sociais, uma vez que constroem uma rede de saberes que

entrelaça cultura, trabalho, ciência e tecnologia em favor da sociedade.

(p. 18)

Nos anos anteriores à criação dos IFs, os CEFETs se preparavam para ser

transformados em universidades tecnológicas até 2013. Porém o MEC publicou, em 24

de abril de 2007, o Decreto nº 6.095, que estabelecia as diretrizes para o processo de

integração voluntária de instituições federais de educação tecnológica, para fins de

constituição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, no âmbito da

Rede Federal de Educação Tecnológica.

No mesmo ano foi publicada a Chamada Pública MEC/SETEC nº 002/2007,

para novas propostas para a constituição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia, que deveriam ser encaminhadas à SETEC no prazo de noventa dias a contar

de sua publicação. Segundo Otranto (2011, p. 11), isso não significa que “aqueles que

não aderiram dentro do prazo estabelecido não possam, agora, rever suas posições, pois

o governo ainda mantém aberta a adesão, tanto para as Escolas Vinculadas quanto para

os dois CEFETs que não a aceitaram de imediato”. (Lei nº 11.892/2008, art. 5º, § 4º)

A autora descreve algumas reações das instituições federais frente ao processo

de mudança e reorganização da rede pelo governo federal, e a situação que os dois

CEFETs (RJ e MG) enfrentam por não aderirem ao processo de transformação:

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Em relação aos CEFETs, (...) tinham como principal objetivo alcançar

o status de Universidade Tecnológica, (...) o MEC se contrapôs a esse

movimento, informando não ser esse o objetivo do Ministério (...)

houve uma reação inicial que não foi levada adiante pela maioria dos

CEFETs. (...) O Conselho de Dirigentes dos CEFETs elogiou a

proposta governamental e apresentou sugestões em documento

elaborado em agosto de 2007, que foram quase todas incorporadas no

texto legal. (CONCEFET, 2007).

(...) os do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que continuam

reivindicando, até a presente data, a ascensão ao patamar de

Universidade Tecnológica, inclusive sofrendo algumas represálias no

que diz respeito à abertura de novas Unidades Descentralizadas,

reposição dos quadros de docentes e técnicos administrativos, dentre

outros. (p. 7)

Quanto às Escolas Agrotécnicas Federais, que temiam que as reitorias ficassem a

cargo dos CEFETs, pois desta forma perderiam a autonomia e identidade, a autora relata que:

O primeiro documento emanado do Conselho das Escolas

Agrotécnicas Federais (CONEAF, 2007) apontava bem todas essas

preocupações e a oposição à proposta governamental. Informava aos

representantes do MEC e da Secretaria de Educação Técnica e

Tecnológica (SETEC) que as Escolas Agrotécnicas, apesar de

almejarem o crescimento, não queriam mudar de identidade, nem ficar

subordinadas a outras instituições.

(...) muitas das reivindicações do CONEAF foram sendo atendidas,

colocando por terra questionamentos anteriores. O MEC passou a

admitir a formação de Institutos Federais formados somente por essas

Escolas, esvaziando o argumento da subordinação. Comprometeu-se

com o ensino médio-técnico e garantiu que o cargo de reitor

obedeceria a um rodízio que contemplaria todas as instituições que

compusessem o IF. Além disso, plantou a dúvida a respeito do futuro

das EAFs que não se transformassem em Institutos, informando que

nenhuma delas seria alçada à condição de CEFET (...). (p. 9)

A autora afirma que o processo das Escolas Técnicas vinculadas às

Universidades Federais foi um pouco diferente. Embora houvesse vantagens às escolas

que aderissem, apenas oito foram transformadas:

(...) o Conselho Nacional de Dirigentes das Escolas Técnicas

vinculadas às Universidades Federais (CONDETUF), se manifestou

contrariamente, em documento intitulado “Carta de Gramado”,

(CONDETUF, 2007), registrando a complexidade da proposta e

necessidade de incluir a ANDIFES nas discussões. (p. 10)

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Os IFs possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia

administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar, além de serem

instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi,

especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes

modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e

tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos da lei que os criou. (Lei nº

11.892/2008, art. 1º parágrafo único e art. 2º)

Segundo o documento do MEC, a criação dos IFs foi apresentada pelo

Ministério através do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), reafirmando seu

compromisso com a educação brasileira.

O foco dos Institutos Federais é a justiça social, a equidade, a competitividade

econômica e a geração de novas tecnologias. Espera-se que sejam ágeis e eficazes no

atendimento às demandas crescentes por formação profissional, por difusão de

conhecimentos científicos e tecnológicos e de suporte aos arranjos produtivos locais.

Porém, antes de atender as necessidades mercadológicas, tidas como prioridades num

passado próximo, os IFs consolidam seu papel social visceralmente vinculado à oferta

do ato educativo que elege como princípio a primazia do bem social, focando na

qualidade social, assumindo compromisso com a formação humana e cidadã que

precede a qualificação para o exercício da laboralidade. Deve assegurar aos profissionais

formados a capacidade de manter-se permanentemente em desenvolvimento:

(...) trabalhar na superação da representação existente (de

subordinação quase absoluta ao poder econômico) e estabelecer

sintonia com outras esferas do poder público e da sociedade (...) Na

compreensão de seu trabalho coletivo, os Institutos Federais reúnem,

da diversidade sociocultural, princípios e valores que convergem para

fazer valer uma concepção de educação profissional e tecnológica em

sintonia com os valores universais do homem, daí a importância de

assegurar, nos Institutos Federais, o lugar da arte e da cultura. (MEC,

2010, p. 21)

Para Pacheco (2011) as políticas para a educação profissional e as políticas

sociais e econômicas devem estar articuladas:

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(...) as políticas voltadas para a educação profissional devem dialogar

com as políticas sociais e econômicas, entre outras, com destaque para

aquelas com enfoques locais e regionais. Pois a estrutura multicampi

possibilita aos Institutos Federais a sua vinculação com a região em

que estão inseridos, permitindo respostas efetivas aos anseios da

comunidade. (p. 93)

Os Institutos Federais “respondem à necessidade da institucionalização

definitiva da educação profissional e tecnológica como política pública” (MEC, 2010, p.

19), conceito que vai além do vínculo orçamentário para essas instituições:

(...) ou seja, não basta a garantia de que é pública por estar vinculada

ao orçamento e aos recursos de origem pública. Ainda que o

financiamento da manutenção, a partir de fonte orçamentária pública,

represente condição indispensável para tal, a política pública assenta-

se em outros itens também obrigatórios, como estar comprometida

com o todo social, como algo que funda a igualdade na diversidade

(social, econômica, geográfica, cultural, etc.); e ainda estar articulada

a outras políticas (de trabalho e renda, de desenvolvimento setorial,

ambiental, social e mesmo educacional) de modo a provocar impactos

nesse universo. (MEC, 2010, p. 7)

Nesse novo contexto e identidade dos IFs, segundo o MEC (2010), eles têm

como competência:

(...) tecerem em seu interior propostas de inclusão social e de

construírem “por dentro delas próprias” alternativas pautadas nesse

compromisso, definidas pelo seu movimento endógeno e não

necessariamente pelo traçado original de política de governo. (p. 19)

Os IFs têm papel fundamental no desenvolvimento do país, não apenas

economicamente, mas social e culturalmente, interferindo principalmente no

desenvolvimento regional e local, através da sua ação pedagógica que funde ciência-

tecnologia-cultura.

Na Rede Federal de Educação, o papel da educação profissional é

promover o desenvolvimento do País por meio da oferta à população

de ensino, pesquisa e extensão, em sintonia com as demandas dos

Arranjos Produtivos Locais. Formar professores para suprir a carência

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de profissionais habilitados enfrentada pela educação básica,

sobretudo na área de Ciências. Formar técnicos, tecnólogos e

engenheiros em áreas específicas, de modo a contribuir para o

desenvolvimento de setores estratégicos da economia nacional.

(TAVARES, 2012, p. 10)

Após sete anos da sua criação, os IFs ainda estão construindo a sua identidade

junto à sociedade brasileira.

3.2 Consequências no cotidiano do IFSP

Sob a ótica da pesquisadora, numa primeira avaliação da expansão do IFSP, é

possível perceber tanto benefícios quanto pontos fracos que interferiram no cotidiano

dos segmentos que compõem o instituto. Na análise, o destaque fica para alguns pontos

vulneráveis que comprometem principalmente a qualidade do ensino da instituição, até

então reconhecida pela sociedade paulista por sua excelência no ensino público gratuito

de qualidade.

3.2.1 Corpo docente

O corpo docente, apesar da sobrecarga ocasionada pela transformação da

ETFSP em CEFET/SP, e mais recentemente em IFSP, obteve alguns incentivos (Lei nº

11.892/2008, art. 5º, § 6º; art. 6º, inc. VI):

Formação continuada por meio de qualificação, capacitação e intercâmbios,

com afastamentos remunerados e/ou com incentivo financeiro

(financiamento / bolsa-auxílio), subsidiado pelo governo federal, com

possibilidade de progressão por titulação.

Bolsa através do Programa Institucional de Apoio a Projetos de Extensão do

IFSP. (Ver Quadro 7)

Teste de nivelamento em língua inglesa (TOEFL ITP). (Ver Quadro7)

Programa e-Tec Idiomas Sem Fronteiras. (Ver Quadro 7)

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Estruturação do Plano de Carreira e Cargos pela Lei nº 12.772, de 28 de

dezembro de 2012, que também estabeleceu as diretrizes e os procedimentos

para a concessão do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) –

programa de valorização dos professores da Rede Federal. No caso dos

ocupantes de cargos da Carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico, para fins de percepção da Retribuição por Titulação, é

considerada a equivalência da titulação exigida com o RSC em três níveis:

RSC-I, RSC-II e RSC-III. A equivalência do RSC com a titulação

acadêmica, exclusivamente para fins de percepção da RT, ocorrerá da

seguinte forma:

I - diploma de graduação somado ao RSC-I equivalerá à titulação de

especialização;

II - certificado de pós-graduação lato sensu somado ao RSC-II equivalerá a

mestrado; e

III - titulação de mestre somada ao RSC-III equivalerá a doutorado.

Além disso, há a nomeação de docentes, principalmente do Campus São Paulo,

para atuarem em cargo de direção nos novos campi, devido à inexperiência dos novos

servidores contratados, que às vezes são efetivados após o início das atividades do novo

campus.

Dentre os pontos vulneráveis relacionados ao corpo docente, o que mais se

destaca e tem sido tema de debates é a atuação dos docentes em vários níveis e

modalidades de ensino. Trata-se de uma das finalidades e características dos IFs:

“promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e

educação superior”. (Lei nº 11.892/2008, art. 6º, inc. III)

Esse assunto será iniciado com Souza (2013), que caracteriza a situação no

campus São Paulo do IFSP, mas que é uma realidade em todos os IFs:

Atualmente, o IFSP possui aproximadamente trezentos e trinta

professores e aproximadamente cinco mil e duzentos alunos. A

formação acadêmica destes professores é bastante diversificada. O

quadro de servidores docentes é composto de professores com

licenciatura em diversas áreas, especialistas, mestres, doutores e

profissionais-professores: engenheiros, analistas de sistema,

administradores de empresas, advogados, arquitetos e tecnólogos.

Diante de tamanha diversidade, não se pode falar de técnicas e

metodologias específicas, pois o mesmo professor pode dar aula no

curso técnico integrado ou no curso modular, ou mesmo para alunos

dos cursos superiores.

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A autora prossegue, questionando sobre a capacitação desse profissional:

(...) como deveria ser a capacitação dos professores para ministrar

aulas a um público com características tão diferentes, considerando

que o professor poderá ter em sua sala apenas adolescentes, em outro

momento alunos adultos trabalhadores e adolescentes, alunos oriundos

de escolas particulares e alunos de escolas públicas.

A fim de atender esta mutiplicidade de alunos e cursos, é fundamental

que o professor desenvolva sua sensibilidade para saber como agir

diante de cada situação-problema, que aparece no cotidiano da sala de

aula. Não estamos aqui defendendo a exclusão das teorias, técnicas e

metodologias, pois estas têm seu lugar, no entanto, a escola atual exige

mais. A própria legislação do MEC reconhece a importância do

desenvolvimento da estética, do sensível e da própria subjetividade

humana como elementos constitutivos do processo de formação do

sujeito. (p. 35)

Machado (2008) descreve o perfil desse docente:

(...) sujeito da reflexão e da pesquisa, aberto ao trabalho coletivo e à

ação crítica e cooperativa, comprometido com sua atualização

permanente na área de formação específica e pedagógica, que tem

plena compreensão do mundo do trabalho e das redes de relações que

envolvem as modalidades, níveis e instâncias educacionais,

conhecimento da sua profissão, de suas técnicas, bases tecnológicas e

valores do trabalho, bem como dos limites e possibilidades do

trabalho docente que realiza e precisa realizar. (p. 14)

MEC (2010) enfatiza o ganho dos educadores com a verticalização do ensino:

Essa organização curricular dos Institutos Federais traz para os

profissionais da educação um espaço ímpar de construção de saberes,

por terem esses profissionais a possibilidade de dialogar

simultaneamente e de forma articulada, da educação básica até a pós-

graduação, trazendo a formação profissional como paradigma nuclear,

o que faz que essa atuação acabe por sedimentar o princípio da

verticalização. Esses profissionais têm a possibilidade de, no mesmo

espaço institucional, construir vínculos em diferentes níveis e

modalidades de ensino, em diferentes níveis da formação profissional,

buscar metodologias que melhor se apliquem a cada ação, estabelecendo

a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. (p. 27)

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MEC (2010) retrata bem as necessidades do professor, porém entende que os

IFs e CEFETs reúnem uma série dessas condições:

A realidade brasileira no que tange à necessidade de professores

nucleia uma série de pontos quando se trata da formação de

profissionais da educação. A frágil representação construída da

dignidade profissional precisa estar fortalecida. À exigência

primordial da excelência na formação, que precisa ser compatível

também com a atual complexidade do mundo, somam-se outras

exigências. Há necessidade de se estabelecerem marcos mais

concretos da profissão, o que visceralmente está relacionado à

determinação de plano de carreira digno, investimento público para a

capacitação continuada dos profissionais na perspectiva de

qualificação adequada à atual complexidade dos mundos do trabalho,

carga horária que considere o novo perfil do professor-pesquisador,

infraestrutura escolar rica em recursos, dentre outros aspectos. Os

Institutos Federais, assim como os Cefets que já oferecem

licenciaturas, reúnem uma série dessas condições. (p. 28)

O Tribunal de Contas da União (TCU) publicou em 2012 o relatório da

auditoria desenvolvida no período de agosto de 2011 a abril de 2012, em alguns

Institutos Federais (do Espírito Santo, do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro, de São

Paulo, de Minas Gerais, de Pernambuco e do Sertão Pernambucano) e adotou os

seguintes procedimentos para coleta de dados: a) entrevistas com os reitores e pró-

reitores dos Institutos e com diretores-gerais dos campi selecionados; b) grupos focais

com professores dos campi selecionados; c) aplicação de questionário a 2.970 alunos

dos ensinos médio e superior dos campi selecionados; d) pesquisa via Internet com 39

pró-reitores de ensino26

, com participação de 27 deles (69%); e) pesquisa via Internet

com 34 pró-reitores de pesquisa e 32 pró-reitores de extensão27

, com participação de 46

deles (70%); f) pesquisa via Internet com 3.719 professores; g) requisição de

documentos e de informações dirigida às reitorias dos Institutos; h) consultas a sistemas

informatizados do MEC e dos Institutos, bem como a bases de dados do INEP e do

IBGE.

Os temas abordados na pesquisa foram: a) caracterização da evasão e medidas

para reduzi-la; b) interação com os arranjos produtivos locais; c) integração acadêmica

26

Há Institutos com mais de um pró-reitor de ensino, como é o caso do IFRJ, que conta com um pró-

reitor voltado a cada nível de ensino (médio, superior e pós-graduação). (TCU, 2012)

27 Não foram obtidos todos os e-mails de pró-reitores de pesquisa e de extensão. (TCU, 2012)

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entre as áreas de pesquisa e extensão; d) iniciativas de apoio à inserção profissional dos

alunos no mercado de trabalho; e) infraestrutura e suporte à prestação dos serviços

educacionais.

Dentre os resultados encontrados, alguns vão enriquecer a pesquisa

desenvolvida nesta dissertação, que neste momento trata da atuação dos docentes na

verticalização do ensino.

Com a verticalização da educação básica à educação superior

preconizada para os Institutos Federais (Lei 11.892/2008, art. 6º, inc.

III), o nível diretivo dos Institutos espera que os professores

contratados lecionem em todos esses níveis e em diversas

modalidades de ensino, na linha da otimização dos quadros de pessoal,

tal como indicado nessa lei. Como parte dos professores dos Institutos

Federais não cursou licenciatura, modalidade que habilita o docente a

lecionar na educação básica na área de conhecimento do curso em que

se graduou, os Institutos buscam suprir as carências pedagógicas de

bacharéis e tecnólogos por meio de programas especiais de formação

pedagógica visando a formação de professores para a educação básica

e para a educação profissional (Lei 11.892/2008, art. 7º, inc. VI, alínea

b).

Uma das razões para o baixo índice de participação de professores

nesses cursos é a insuficiência da oferta: um terço dos pró-reitores de

ensino pesquisado afirmou que o Instituto em que trabalham não

ofertou curso de formação aos professores entre 2009 e 2011.

Um aspecto da oferta desses cursos de formação é a baixa eficácia no

desenvolvimento de competências essenciais ao desempenho docente.

(p. 47)

A maioria dos professores não possuem a formação necessária, no caso a

licenciatura, para lecionar na educação básica, conforme mostra o Gráfico 2.

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Gráfico 2 – Formação de professores para atuar com educação profissional.

Fonte: TCU (2012, p. 47)

Para TCU (2012) como consequências da carência de docentes, estão:

a) sobrecarga dos professores, que são chamados a ministrar

disciplinas em áreas diversas daquela para a qual foram contratados;

b) postergação da oferta de uma disciplina até que se consiga um

professor qualificado para a tarefa; c) turmas grandes a ponto de por

em risco a aprendizagem dos alunos, fato frequente segundo 26% dos

docentes ouvidos. (p. 47)

A infraestrutura deficiente ou inadequada é constatada na maioria dos campi,

nos mais antigos pela manutenção mal planejada, como, por exemplo, arrumar o chão

antes do teto, compra de equipamentos sem prever a manutenção, atraso no início dos

processos de licitação para contratação de serviços terceirizados, ou seja, quase sempre

tem a necessidade de fazer a contratação de uma empresa, em caráter de urgência e

temporária até que se concretize o processo de licitação.

Os gestores, em entrevista ao TCU (2012), “alegaram lentidão em processos

licitatórios devido à já mencionada insuficiência de servidores de apoio e ao despreparo

de parte desses servidores para o exercício de suas funções”. (p. 49)

Nos novos campi a sua situação é parecida ou pior, o início das atividades se

dão antes mesmo de obterem as condições mínimas, ou seja, sem recursos de

comunicação (telefone, internet), sem pessoal de limpeza, em alguns casos os

Fonte: Elaboração própria a partir de dados coletados na

pesquisa com professores.

Gráfico 1 – Formação de professores para atuar

com educação profissional.

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equipamentos são instalados antes da contratação de empresa de segurança, pessoal sem

treinamento, o que demanda idas e vindas até a reitoria, gerando custos com diárias e/ou

transporte. Neste último exemplo, é possível que em alguns casos essa ação

(treinamento) hoje seja inevitável, mas no início da expansão, em que os primeiros

servidores das novas unidades eram oriundos principalmente do Campus São Paulo,

havia a possibilidade de treiná-los antes da transferência, fossem docentes convidados

para ocuparem os cargos de direção ou técnico-administrativos interessados na

remoção, evitando gastos excessivos.

Segundo TCU (2012), 75% dos respondentes estão descontentes com a

infraestrutura, e as maiores carências estão na “(...) disponibilidade de bibliotecas,

computadores, salas de aula e laboratórios de ciências, com maior predominância em

escolas inauguradas na 2ª fase da expansão”. (p. 52)

Algumas medidas estão sendo tomadas pelo IFSP, referentes à expansão e

reestruturação, como consta em seu Relatório de Gestão (2014):

No Estado de São Paulo, não houve realização de metas físicas,

contudo foi empenhado 82,46% da dotação orçamentária. Por volta de

68,97% dos campi aplicaram recursos orçamentários em aquisição de

acervo bibliográfico. Todos os campi adquiriram material permanente

por meio de Sistema de Registro de Preço (SRP), materiais que

envolvem mobiliário, utensílios domésticos, aúdio e vídeo e outros

materiais permanentes para equipar os laboratórios dos campi. O

Campus Araraquara fez adequação em suas instalações elétricas,

instalou divisórias e aplicou recursos na fase II de expansão. Em geral,

houve alguma reforma nos campi, como por exemplo instalação de

cobertura fixa e instalação de cortinas no campus de Salto e instalação

de toldo em Boituva. Além de simples projetos de reforma também

foram aplicados recursos na construção da fase II do campus

Hortolândia, contratação de serviço de pavimentação para o campus

de São José dos Campos e obras de ampliação do campus de Bragança

Paulista. (p. 65)

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Gráfico 3 – Proporção de professores insatisfeitos com condições de trabalho oferecidas pelos Institutos

Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

Fonte: TCU (2012, p. 44)

O TCU (2012) registra um déficit de 32,7% de professores no IFSP, e explica:

Uma das causas do déficit observado de professores é a baixa

atratividade da carreira docente nos Institutos Federais. Apurou-se em

pesquisa que a remuneração é fonte de insatisfação para 68% dos

professores, constatação reforçada por 64% dos pró-reitores de ensino

ouvidos, que concordam que a remuneração pouco atraente dificulta o

provimento desses cargos.

(...)

A desvantagem remuneratória também se verifica em relação ao

mercado de trabalho em áreas específicas que se encontram

‘aquecidas’, a exemplo das engenharias. (p. 45)

Outro ponto a ser considerado é o engessamento causado pela Resolução nº

270, de 03 de maio de 2011, que estabelece a distribuição da carga horária obrigatória

semanal por tipo de atividade acadêmica para os docentes do IFSP. A referida Resolução

foi recebida sob muitos protestos e ainda é muito criticada pelos docentes, que alegam

pouca flexibilidade.

Para os docentes em regime de trabalho de 40 horas semanais, ou em regime de

dedicação exclusiva (RDE), a carga horária semanal foi distribuída entre atividades

acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão:

8 horas semanais para preparação didática;

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12 horas semanais para o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e

inovação ou de extensão;

2 horas semanais para reuniões de área;

1 hora semanal para atendimento ao estudante; e

17 horas semanais para aulas.

Para os docentes em regime de trabalho de 20 horas semanais, a carga horária

semanal fica assim distribuída:

4 horas semanais para preparação didática;

4 horas semanais para o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e

inovação ou de extensão;

2 horas semanais para reuniões de área;

1 hora semanal para atendimento ao estudante; e

9 horas semanais para aulas.

As constantes críticas não deixaram outra alternativa para a atual reitoria senão

compor uma Comissão para estudo da distribuição da carga horária docente. Após

visitar os IFs da Bahia e do Sul de Minas, em busca de modelos de distribuição de

atividades acadêmicas, a Comissão nomeada elaborou duas minutas, e uma delas será

adota mediante votação pelos professores.

A minuta “A” que prevê horas mínimas e máximas para as atividades, porém é

um pouco mais flexível que a Resolução nº 270/2011, e na minuta “B” foi proposto um

sistema de pontuação, que permite que o docente faça sua opção por afinidade com as

atividades acadêmicas e dá liberdade para desenvolver determinadas atividades em

horário e local de livre escolha.

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3.2.2 Corpo discente

O novo modelo educacional desenhado para os Institutos Federais exigiu a

criação de vários programas que agregassem valores à formação do aluno, e garantissem

o acesso e permanência no ambiente escolar. Veja no Quadro 7 alguns desses

programas, entendidos aqui como benefícios. (Lei nº 11.982/2008, art. 5º, §6º)

Quadro 7 – Programas para a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica

Ampliação do acesso ao

ensino superior através do

Sistema de Seleção

Unificada (Sisu) e lei de

quotas.

A Lei nº 12.711/2012, sancionada em agosto deste ano, garante a reserva de

50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38

Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia a alunos oriundos

integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de

jovens e adultos. Os demais 50% das vagas permanecem para ampla

concorrência.

A permanência através dos

programas assistenciais

como o Plano Nacional de

Assistência Estudantil

(Pnaes).

O Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) apoia a permanência de

estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação presencial das

Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). O objetivo é viabilizar a

igualdade de oportunidades entre todos os estudantes e contribuir para a

melhoria do desempenho acadêmico, a partir de medidas que buscam

combater situações de repetência e evasão.

O Pnaes oferece assistência à moradia estudantil, alimentação, transporte, à

saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico. As ações

são executadas pela própria instituição de ensino, que deve acompanhar e

avaliar o desenvolvimento do programa.

Compartilhamento dos

mesmos espaços entre os

diversos níveis de ensino.

Os espaços constituídos – no tocante às instalações físicas dos ambientes de

aprendizagem, como salas de aula convencionais, laboratórios, biblioteca,

salas especializadas com equipamentos tecnológicos adequados, as tecnologias

da informação e da comunicação e outros recursos tecnológicos – são fatores

facilitadores para um trabalho educativo de qualidade, para acesso de todos.

Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação

Científica (PIBIC)

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) visa apoiar

a política de Iniciação Científica desenvolvida nas Instituições de Ensino e/ou

Pesquisa, por meio da concessão de bolsas de Iniciação Científica (IC) a

estudantes de graduação integrados na pesquisa científica. A cota de bolsas de

IC é concedida diretamente às instituições, pois estas são responsáveis pela

seleção dos projetos dos pesquisadores orientadores interessados em participar

do Programa. Os estudantes tornam-se bolsistas a partir da indicação dos

orientadores.

Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à

Docência (Pibid)

O programa oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos

presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que, quando

graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede pública. O

objetivo é antecipar o vínculo entre os futuros mestres e as salas de aula da

rede pública. Com essa iniciativa, o Pibid faz uma articulação entre a educação

superior (por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e

municipais.

Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação em

Desenvolvimento

Tecnológico e Inovação

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento

Tecnológico e Inovação (PIBITI) tem por objetivo estimular os jovens do

ensino superior nas atividades, metodologias, conhecimentos e práticas

próprias ao desenvolvimento tecnológico e processos de inovação.

Programa Institucional de

Apoio a Projetos de

Extensão do IFSP.

Fomentar as atividades de extensão do IFSP, articuladas com o ensino e a

pesquisa aplicada, propiciando a participação da comunidade acadêmica no

desenvolvimento de projetos de extensão com aporte de recursos

institucionais.

Programa de Ensino Programa de Ensino Tutorial (PET), no qual o IFSP conta com três grupos nos

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Tutorial (PET) cursos de: licenciatura em Ciências Biológicas do Campus São Paulo,

licenciatura em Química do Campus Sertãozinho e tecnologia em Análise e

Desenvolvimento de Sistemas do Campus São Carlos. O programa tem como

objetivo o aumento da permanência dos estudantes nos cursos. E também

possui ações de pesquisa e de extensão associadas, que são realizadas na

própria Instituição ou em outras entidades, como a Faculdade de Medicina da

USP.

Participação em

intercâmbios pelo Ciência

sem Fronteiras (CsF).

Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação,

expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da

competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade

internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da

Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC),

por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e

Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.

Teste de nivelamento em

língua inglesa (TOEFL

ITP).

O Governo Federal, por meio do Programa Inglês sem Fronteiras (IsF) do

Ministério da Educação (MEC) e Secretaria de Ensino Superior (SESu) e

CAPES, oferta aplicações gratuitas do teste de nivelamento em língua inglesa

TOEFL ITP a alunos de graduação, mestrado e doutorado de universidades

federais, universidades estaduais e institutos federais, a alunos que realizarem

inscrições em editais do Programa Ciência sem Fronteiras e aos servidores e

professores dos institutos federais e universidades federais.

Programa e-Tec Idiomas

Sem Fronteiras.

O Programa e-Tec Idiomas sem Fronteiras é inédito para a Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica (EPCT). A iniciativa pertence

ao Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e à Secretaria de Educação

Profissional e Tecnológica (Setec). O programa visa oferecer cursos de

idiomas: Inglês, Espanhol e, também, de Português para Estrangeiros, na

modalidade a distância, capacitando estudantes e servidores da Rede Federal

de Educação para o programa Ciência Sem Fronteiras e demais projetos de

mobilidade internacional.

Fonte: MEC e IFSP

Os pontos vulneráveis, que serão citados adiante, convergem para um único

ponto: a falta de professores, problema antigo no IFSP, que foi agravado com as duas

últimas transições da instituição.

Na transformação em CEFET, no Campus São Paulo, além dos cursos já

existentes, houve a implantação do Programa Nacional de Integração da Educação

Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos (PROEJA), de

cursos superiores e de pós-graduação, tornando o número de professores insuficiente

para atender a essa diversidade. A situação agravou-se ainda mais com a implantação

das políticas públicas inclusivas em atendimento ao art. 7º da Lei nº 11.892/2008, inc. I

e II: Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores (EJA/FIC)28

; Programa Mulheres

28

É o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade

de Jovens e Adultos, na Formação Inicial e continuada com ensino fundamental, que tem por objetivo

oferecer educação profissional a jovens e adultos que não tiveram acesso ao ensino fundamental na idade

regular. (http://spo.ifsp.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=160&Itemid=203)

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114

Mil29

; e Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec)30

,

demandando apoio do setor técnico-administrativo, que também conta com quadro

reduzido de servidores.

Houve também a ampliação de oferta de vagas com a inclusão da modalidade

Educação a Distância (EAD) em consonância com o art. 2º, § 3º, da mesma lei:

Profuncionário31

e Curso Superior em Formação Pedagógica para a Educação

Profissional de Nível Médio.

As transferências dos professores do Campus São Paulo para os novos campi e

reitoria – esta última foi em função da mudança da estrutura organizacional –, colaborou

para o agravamento da situação, reduzindo o quadro de docentes, cujo número já era

insuficiente antes mesmo da expansão, o que afeta diretamente o aluno, que fica sem

aula até a contratação de um professor substituto por um processo relativamente

demorado.

Segundo TCU (2012):

(...) o déficit de professores está no provimento intempestivo desses

cargos. Nas entrevistas com gestores dos campi visitados no Estado de

São Paulo foi comentado que a restrição à contratação de professores

se relaciona à própria legislação que disciplina essa contratação, que

impõe um rito longo e leva a um grande interstício entre a detecção da

necessidade e a efetiva chegada do docente em sala de aula.

(...)

29

O Programa Mulheres Mil tem como objetivo oferecer as bases de uma política social de inclusão e

gênero para que mulheres em situação de vulnerabilidade social tenham acesso à educação profissional,

ao emprego e renda. O programa Mulheres Mil faz parte das ações do programa Brasil Sem Miséria,

articulado com a meta de erradicação da pobreza extrema, estabelecida pelo governo federal.

(http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12299:programa-mulheres-

mil-&catid=267:programa-mulheres-mil-&Itemid=602)

30 O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi criado pelo Governo

Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica.

No Pronatec são oferecidos cursos gratuitos nas escolas públicas federais, estaduais e municipais, nas

unidades de ensino do SENAI, do SENAC, do SENAR e do SENAT, em instituições privadas de ensino

superior e de educação profissional técnica de nível médio. (http://pronatec.mec.gov.br/institucional-

90037/cursos-gratuitos)

31 O Decreto 7.415 de 30 de dezembro de 2010 institui a política nacional de formação dos profissionais

da educação básica e dispõe sobre a formação inicial em serviço dos funcionários da escola. Entre seus

objetivos fundamentais, está a valorização do trabalho desses profissionais da educação, através do

oferecimento dos cursos de formação inicial em nível técnico proporcionados pelo Profuncionário.

(http://portal.mec.gov.br/index.php/?option=com_content&view=article&id=12365)

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115

Pró-reitores entrevistados em todos os oito Institutos visitados foram

unânimes em apontar a demora na liberação de códigos de vagas

como causa principal para a intempestividade na contratação de

professores.

(...)

Um dos professores ouvidos afirmou que “o MEC incentiva que se

aumente o número de matrículas a cada semestre, mas [...] não libera o

código de vaga para contratação de professor de modo a suprir a nova

demanda”. (p. 45)

Apesar dos problemas que atingem o corpo discente do IFSP, a qualidade do

ensino ainda se manteve em 2010, ano em que os alunos tiveram um bom desempenho

no ENEM se comparado aos alunos de outras redes, conforme mostra o Gráfico 4.

Gráfico 4 – Desempenho comparado no ENEM de alunos oriundos de escolas técnicas de diferentes

redes de educação profissional, por área de conhecimento, em 2010.

Fonte: TCU (2012, p. 8)

O bom desempenho dos alunos da Rede Federal de Educação justificam os

investimentos feitos pelo governo federal e devem ser mantidos.

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116

3.2.3 Corpo técnico-administrativo

Os benefícios que contemplam os técnico-administrativos são importantes

devido à limitação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em

Educação (PCCTAE), com a oportunidade de educação continuada por meio de

qualificação, capacitação, com afastamentos remunerados e/ou com incentivo financeiro

(financiamento / bolsa-auxílio), subsidiado pelo governo federal, com possibilidade de

progressão por titulação e/ou percentual por qualificação.

O apoio financeiro através de financiamento32

ou bolsa-auxílio33

para cursos de

graduação e pós-graduação serve de incentivo ao servidor, não apenas para o

desenvolvimento da sua formação, mas também para a sua permanência na instituição.

Nos últimos anos a abertura de concursos públicos no país tem sido frequente, o que

propicia uma rotatividade de servidores. Esta situação tem sido sinônimo de problema

também para a SETEC:

A seguir apresentar-se-ão as principais dificuldades enfrentadas para o

desenvolvimento das ações e cumprimento das metas. Será possível

identificar pontos de convergência entre todas as áreas da Secretaria,

especialmente no que se refere a falta de servidores de nível superior

para a exaração de pareceres, análises e formulação dos projetos, bem

como a grande rotatividade dos servidores que não se sentem

estimulados e valorizados a permanecerem desempenhando suas

funções no Ministério da Educação, de forma que as equipes estão

muito aquém das necessidades das diretorias, além de outras

condições externas, especialmente para o cumprimento do cronograma

de execução das obras da expansão da Rede Federal de EPT. (SETEC,

2012, p. 19)

Em 2014 a SETEC, mais uma vez, mencionou o problema em seu Relatório de

Gestão do exercício de 2013:

32

Entende-se por reembolso da despesa mensal, ou parte dela, realizado com a apresentação do

comprovante de pagamento da matrícula ou da mensalidade do curso, a ser creditado em folha de

pagamento até o mês subsequente ao mês de apresentação, exceto para acréscimos devidos sobre o valor

do título, tais como multas e juros por atrasos, e quaisquer outros débitos que não estejam vinculados aos

valores da mensalidade ou matricula.

33 Entende-se por pagamento realizado em folha, destinado a compensação parcial dos valores pagos pelo

servidor estudante (quando matriculado em instituição de ensino pública), limitado e referenciado aos

valores do orçamento disponível.

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117

Entendemos como importante uma atenção especial a esse ponto, já

que o incentivo à participação dos servidores é uma estratégia central

no cenário de força de trabalho precária que a SETEC possui hoje.

Incentivar a participação pode contribuir para diminuir a rotatividade

e criar laços mais significativos entre o servidor e o órgão. (SETEC,

2014, p. 64)

Outras ações também servem de incentivo aos servidores técnico-

administrativos:

Bolsa através do Programa Institucional de Apoio a Projetos de Extensão do

IFSP. (Ver Quadro 7)

Teste de nivelamento em língua inglesa (TOEFL ITP). (Ver Quadro 7)

Programa e-Tec Idiomas Sem Fronteiras. (Ver Quadro 7)

Poder ser nomeados pró-reitores os servidores ocupantes efetivos com nível

superior da carreira dos técnico-administrativos do PCCTAE, desde que

possuam o mínimo de 5 (cinco) anos de efetivo exercício em instituição

federal de educação profissional e tecnológica, embora na maioria das vezes

a preferência é dada ao docente.

Poder candidatar-se ao cargo de diretor-geral do campus, adotados os

mesmos critérios para nomeação de pró-reitor.

Participação no Conselho do Campus, composto por cinco titulares e cinco

suplentes de cada segmento (docente, discente e técnico-administrativo)

eleitos pelos pares.

Participação em Colegiado de curso composto por um técnico-

administrativo como membro titular e outro suplente, e os demais

segmentos possuem números diferentes de representates.

A participação nos conselhos e colegiados torna-se muito significativa, pois

permite ao técnico administrativo contribuir com suas opiniões e experiências, discutir

suas necessidades na tentativa de encontrar meios para suprir as deficiências nos

processos administrativos.

Os pontos vulneráveis são os mesmos há décadas no Campus São Paulo:

número insuficiente de servidores para o bom desempenho das tarefas, comprometendo

a qualidade dos serviços prestados. A situação foi agravada no início da expansão em

virtude da remoção de alguns servidores para os novos campi. O número de vagas

liberadas para concurso público, nunca é o suficiente, porque a realização dos concursos

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118

não acontece no mesmo ritmo da abertura dos campi, e nunca antecede o início de

funcionamento das unidades.

O aumento do número de alunos em virtude da crescente oferta de vagas em

cursos regulares ou em programas como Pronatec, Mulheres Mil e EJA/FIC, aumentou

a demanda no atendimento, sobrecarregando os setores administrativos, que não contam

com programas informatizados que ajudem a agilizar processos e/ou permitam o

autoatendimento.

A falta de apoio técnico em laboratórios também foi constatado por TCU

(2012) e podem comprometer a qualidade no ensino. No IFSP existem 41,6% de vagas

ociosas.

Como consequências da carência de técnicos, estão: a) sobrecarga de

técnicos de laboratório, que têm de cuidar de mais laboratórios do que

seria razoável de se esperar; b) atrasos em processos administrativos, a

exemplo de processos de licitação e contratação; c) sobrecarga dos

professores, que têm de suprir a falta de técnicos para que atividades

importantes sejam realizadas. (p. 47)

3.2.4 Gestão

O benefício maior para gestão talvez não tenha sido apenas o aumento de verba

orçamentária, que tem como cálculo o número de alunos matriculados e os programas

de inclusão social desenvolvidos nos campi, mas também de serem os precursores nessa

nova forma de se fazer educação, em poder influenciar efetivamente na realidade local e

regional, proporcionando avanços em lugares até então desprovidos de uma educação

profissional de qualidade, de base educacional humanístico-técnico-científica,

produzindo e democratizando o conhecimento, desenvolvendo e criando políticas que

possibilitem a igualdade na diversidade, onde pessoas possam ter a oportunidade de

mudar o rumo de suas vidas com uma formação integral de cidadãos-trabalhadores

emancipados.

O governo federal tem investido e muito na educação profissional e

tecnológica, e caso em 2015 o próximo dirigente eleito do Brasil continue investindo na

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EPT, outros benefícios virão, na medida em que o IFSP construa a sua identidade e

adquira experiência nesse novo arranjo educacional, de maneira que possa efetivamente

intervir na realidade em que está inserido de acordo com suas finalidades e

características.

Sua consolidação dependerá da conjugação de certos fatores, tais

como a compreensão, pelos diferentes atores, do papel estratégico que

ela pode assumir no desenvolvimento nacional e no fortalecimento da

cidadania, e a sua tradução nas práticas cotidianas da Rede, e não

apenas no plano retórico; da capacidade de articulação das políticas

para a EPT com as demais políticas públicas desenvolvidas pelo atual

governo e, a partir do próximo ano, com as políticas dos novos

dirigentes nacionais. Sem isso, a Educação Profissional poderá ficar

restrita, como em outros momentos de sua história, à formação de

trabalhadores para atender às demandas exclusivas do mercado.

Acrescentamos ainda: para além das conjunturas políticas da

administração federal, é fundamental que se consolide a construção, a

nosso ver, de um dos mais importantes diferenciais identitários dos

Institutos (...) (PACHECO, 2010, p. 85)

A gestão administrativa do IFSP é descentralizada. Segundo a Pró-Reitoria de

Administração (PRA) do IFSP esse modelo de gestão adotado fez com que o IFSP

avançasse significativamente em 2013, melhorando o atendimento às demandas

regionais e proporcionando maior autonomia aos campi. Para promover a agilidade e

eficácia dos processos, a PRA procurou desenvolver a “otimização e a padronização dos

procedimentos administrativos e aprimoramento dos métodos, fluxos e rotinas de

trabalho, assim como realizar constantes treinamentos para os servidores”. (IFSP, 2014,

p. 69).

Os pontos vulneráveis são muitos, considerando a mudança de identidade que

ocorreu paralelamente a uma expansão que há décadas vinha de maneira tímida, quase

inexistente. Até 2005, quando foi lançada a Fase I do Plano de Expansão da Rede

Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o IFSP era formado por três

unidades; de 2005 a 2008 esse número subiu para onze; em 2013 chegou a 28 unidades

e uma reitoria, e em 2014, além da reitoria, foram implantados mais nove campi. Hoje o

IFSP tem sob sua tutela trinta e sete unidades, entre campus, campus avançado e núcleo

avançado, com previsão para abertura de mais dezenove.

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120

Administrar sem tempo de planejar e organizar uma estrutura multicampi e

pluricurricular, priorizando as práticas de ensino, pesquisa e extensão, ofertar cursos em

áreas para as quais seus professores não têm formação, trará resultados, de imediato,

muito aquém dos esperados.

As políticas de expansão da rede federal, o PRONATEC e outros

programas sociais do Governo Federal na área da Educação

Profissional, Científica e Tecnológica proporcionam inegáveis

benefícios à sociedade, porém, por outro lado, acarretam novos e

enormes desafios à gestão administrativa do IFSP. Em consonância

com essas políticas e com o apoio do MEC e suas Secretarias, a rede

de campi do IFSP vem aumentando numa velocidade nunca antes

vivenciada na rede federal. A construção e implantação de novas

unidades e a gestão multicampi exigem um planejamento e esforço

incomuns, que estão sendo construídos conjuntamente, num processo

de comprometimento e aprendizado constantes. (IFSP, 2010, p. 68)

Pode-se afirmar que, num primeiro momento, os impactos causados pela rápida

expansão afetaram principalmente o Campus São Paulo, pois, além de mais antigo, o

que fez dele sede, também é o maior em recursos humanos. O quadro permanente de

servidores, que já apresentava déficit de docentes e do setor técnico-administrativo, teve

seu pessoal reduzido em prol da abertura de novos campi e reitoria, fragilizando os

processos educacionais e administrativos do campus.

O papel assumido pelos IFs mudou drasticamente o cotidiano dessas

instituições, como afirma Otranto (2010, apud RIBEIRO e CARDOSO, 2014, p. 651):

As antigas escolas não estavam preparadas para a transformação em

instituições de educação superior, multicampi, com todas as funções,

direitos e deveres de uma universidade, com oferecimento da

graduação, licenciatura e pós-graduação, atividades de pesquisa e

extensão, além de outras não exigidas para as universidades, mas

obrigatórias para os Institutos Federais, tais como: o ensino médio,

técnico e educação de jovens e adultos. Como podemos perceber, as

atribuições dos IFs vão além daquelas determinadas para as

universidades, mas terão que ser desenvolvidas fora da estrutura

universitária. Cada uma das antigas instituições passou a ser um

campus do IF. (OTRANTO, 2010, p. 12)

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Em meio às dificuldades enfrentadas pelos IFs, o PNE 2011-2020 tem como

meta duplicar as matrículas do ensino técnico de nível médio assegurando a qualidade

da oferta, uma das estratégias para alcance da meta é expandir as matrículas de

educação profissional técnica de nível médio nos Institutos Federais de Educação,

Ciência e Tecnologia, levando em consideração a responsabilidade dos Institutos na

ordenação territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais locais e

regionais, bem como a interiorização da educação profissional.

Segundo o IFSP (2014, p. 68), os principais fatores dificultadores encontrados

na área da gestão administrativa em 2013, apresentados pela Pró-Reitoria de

Administração, foram os seguintes:

Quadro de pessoal insuficiente face às novas demandas.

Servidores e gestores recém-empossados, portanto ainda não familiarizados

com a complexidade dos procedimentos, normas e legislações público-

administrativas.

Estruturas físicas e de pessoal ainda incompletas em alguns novos campi.

Rotinas administrativas ainda não informatizadas/integradas.

Instalações físicas precárias com espaço físico insuficiente (a Reitoria não

possui sede própria e encontra-se instalada provisoriamente no Campus São

Paulo).

Ausência de estrutura de suporte administrativo à Reitoria, no tocante à sua

manutenção básica.

Fragilidades estratégicas na área gestão de pessoas, à qual é recomendada a

vinculação direta ao desenvolvimento institucional.

Diversidade de sistemas informatizados oficiais a serem atendidos e excesso

de burocracias inerentes ao serviço público.

Disponibilidade de Procuradoria Federal apenas no município de São Paulo

(fora do Campus São Paulo), o que acarreta um gasto adicional de tempo e

energia para o trâmite de processos administrativos que requerem parecer

jurídico, oriundos dos diversos campi e da Reitoria.

No último item citado como fator dificultador, cabe destacar que os IFs e o

setor produtivo ou outras instituições, estimulados pelo MEC, dependendo da

localização do campus na microrregião, encontram com facilidade empresas com

interesse em estabelecer parcerias, porém os trâmites processuais são morosos e as

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exigências legais acabam dificultando essas parcerias, como é o caso do IFSP citado por

TCU (2012):

Todos os processos analisados tiveram alguns aspectos em comum,

como a morosidade e a ausência de padronização dos trâmites e das

bases legais. O processo 23059.002692/2009-5, por exemplo, que

tinha como objetivo a celebração de acordo de cooperação entre o

Instituto Federal de São Paulo e a empresa Rohr S/A Estruturas

Metálicas, voltado para prática educativa e atualização dos

professores, iniciou-se em 22/10/2009, e foi concluído, sem êxito,

quase dois anos depois, em 10/8/2011. O processo, após passar por

algumas instâncias, levantar diversos questionamentos e somar uma

série de documentos da empresa, recebeu parecer da procuradoria

jurídica, em 01/4/2011, contendo orientação para feitura de edital de

chamamento público a fim de verificar se haveria outras empresas

interessadas em celebrar o acordo. O acordo, conforme relatado

durante entrevista com gestores do instituto, não foi concretizado pela

demora na tramitação do processo, que resultou no desinteresse da

empresa proponente em celebrá-lo. (p. 27)

São muitos os detalhes burocráticos nos trâmites processuais, o que demanda

compreensão dos termos jurídicos e conhecimento da legislação específica. Na tentativa

de sanar as dificuldades que envolvem os processos de celebração de parcerias, o IFSP

aprovou o Regulamento para Elaboração de Acordo de Cooperação Técnica de

Extensão, através da Portaria nº 1.480, de 15 de abril de 2013. Espera-se que o manual

venha agilizar e finalizar as parcerias sem prejuízo e aborrecimentos das partes. O TCU

(2012) vê a iniciativa do IFSP como uma boa prática, e relatou que “a equipe do MEC

está ciente dessas dificuldades e já vem pensado em algumas providências para superar

o problema”. (p. 29)

Além da elaboração do Regulamento, o IFSP está descentralizando essa tarefa,

mas com algumas dificuldades, como relata (2014):

A Diretoria de Administração, por meio da Gerência de Compras e

Contratos e Coordenadoria de Contratos, vem efetivando

descentralização da gestão dos contratos junto aos campi do IFSP,

juntamente com os processos administrativos de aplicação de

penalidades às empresas e aos campi, o que demandou capacitação

dos servidores dos campi realizada por servidor da referida

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Coordenadoria. Efetivou também treinamento para orientação dos

processos de pedidos de repactuação dos contratos em vigor. A gestão

dos contratos de prestação de serviços continuados e os editais de

licitação vêm sendo adaptados às novas orientações constantes da

recente IN 06/2013 SLTI MPOG. Até o presente momento, a

administração vem apenas encontrando dificuldades relativas à

capacitação dos servidores para lidarem com questões jurídicas e

adaptação aos procedimentos para atender a legislação acima citada.

(p. 151)

Mesmo com as dificuldades legais que emperram a formalização de parcerias,

o IFSP obteve algumas parcerias com empresas, universidades e em sua maioria com

prefeituras, como mostra o quadro:

Quadro 8 – Principais parceiros externos do IFSP

Parceiros Externos

Denominação Macroprocessos finalísticos

Secretaria de Educação do Estado de São Paulo Ensino profissional técnico de nível médio

Petrobrás Ensino profissional técnico de nível médio

Prefeitura de Araçatuba Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Birigui Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Penápolis Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Guarulhos Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Jundiaí Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Várzea Paulista Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Salto Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Itapetininga Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Francisco Morato Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Itapevi Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Mauá Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Osasco Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de São Bernardo do Campo Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Sertãozinho Educação de Jovens e Adultos

Prefeitura de Votuporanga Educação de Jovens e Adultos

Centro de Tecnologia da Informação (CTI) -

Campinas Graduação

Universidade Federal de São Carlos - Ufscar Graduação e Pós-Graduação

Universidade Federal de São Paulo - Unifesp Graduação e Pós-Graduação

ITA Graduação e Pós-Graduação

National Instruments Graduação e Pós-Graduação

USP Graduação e Pós-Graduação

UNITAU Graduação e Pós-Graduação

FATEC-SP Graduação e Pós-Graduação

Ericsson Telecomunicações Graduação e Pós-Graduação

Instituto Politécnico de Bragança - Portugal Intercâmbio

Instituto Politécnico do Porto - Portugal Intercâmbio

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave -

Portugal Intercâmbio

George Brown College of Aplied Arts and

Technology - Canadá Intercâmbio

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Red River College - Canadá Intercâmbio

VIT University - Índia Intercâmbio

Fonte: Relatório de Gestão do IFSP do exercício de 2013 (2014, p. 41)

No Relatório de Gestão do IFSP (2014) podemos destacar os desafios

enfrentados pela gestão do Campus Campos do Jordão:

Entre as principais dificuldades enfrentadas, podemos citar as

deficiências na infraestrutura física do prédio 1, que possui problemas

geotécnicos que impedem a ampliação para construção de novas salas

e dificultam a manutenção do prédio. Também se ressentem da falta

de servidores técnico-administrativos, podendo ser destacados os

cargos de bibliotecário, administrador, psicólogo e assistente social.

Com a doação do Centro Gastronômico para o Campus Campos do

Jordão, tivemos um aumento nas despesas com manutenção,

vigilância e limpeza, entre outras, o que influenciou no orçamento de

2012. O prédio do Centro Gastronômico possui equipamentos que

proporcionariam a oferta de cursos na área de Gastronomia, Hotelaria

e Turismo, mas, devido a problemas com a documentação, com

pendências a serem regularizadas antes do seu funcionamento, o

Centro está sendo utilizado somente para cursos de extensão em

turismo e administração. (p. 349)

A evasão é um dos problemas enfrentados na área da educação; em proporções

variáveis e em diversos níveis e modalidades, nos institutos federais e, especificamente

no IFSP, ele também existe.

(...) a taxa de conclusão prevista (...) de 80% para todas as

modalidades de cursos ofertados pelos institutos prevista no Termo de

Acordo de Metas, aparentemente, ainda é um ideal de longo-prazo.

Quando se analisam as taxas de conclusão em nível nacional se situam

em 46,8% para o médio integrado, 37,5% para o Proeja, 25,4% para a

licenciatura, 27,5% para o bacharelado e 42,8% para os cursos de

tecnólogo.

(...)

Ao se calcular a taxa de alunos evadidos, os cursos com pior situação,

ou seja, com maiores taxas de evasão, são os de nível médio:

principalmente cursos de Proeja (24%) e cursos médios subsequentes

(19%). Outra perspectiva pode ser traçada a partir da taxa de alunos

concluintes, que, por sua vez, são os cursos superiores os que

apresentam menores taxas de conclusão, como são os casos dos cursos

de bacharelado (27%) e licenciatura (25%). (TCU, 2012, p. 10)

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A evasão no IFSP pode ser justificada por diversas causas: dificuldade de

aprendizagem, formação básica precária, falta de identificação com o curso, dentre

outros.

O IFSP ainda não possui meios que disponibilizem o número real de alunos

evadidos. No relatório de gestão, por exemplo, os campi apresentam tabelas que fazem

relação entre o número de concluintes e o número de matriculas no período, não

deixando clara a quantidade de alunos evadidos ou transferidos para outra instituição de

ensino ou para outro curso, permanecendo na instituição, e a de matrículas canceladas.

A Tabela 2 mostra a relação concluintes/matrículas do Campus São Paulo, sendo

escolhido pela pesquisadora para servir de referencial por se tratar de uma unidade com

cursos consolidados e estar localizado na capital, em local de fácil acesso, contribuindo

para o alto número na relação candidato/vago, na grande maioria dos cursos ofertados, e

pela demanda no mercado de trabalho.

Tabela 2 – Relação de concluintes/alunos do Campus São Paulo

Fonte: IFSP / Relatório de Gestão (2013).

Na tentativa de respaldar os resultados obtidos pelo TCU quanto aos

percentuais de evasão – Proeja (24%) e cursos médios subsequentes (19%) – e de

demonstrar em números a questão da evasão no IFSP, o Campus São Paulo

permaneceu como referencial para a elaboração das Tabelas 3 e 4.

Dentre os três cursos técnicos concomitantes/subseqüentes (edificações,

eletrotécnica e telecomunicações) oferecidos pelo campus, o de telecomunicações é o

que apresenta maior evasão nos últimos anos, havendo também redução na relação

candidato/vaga. A turma que serviu de parâmetro teve início no primeiro semestre de

2013. Vale esclarecer que nesse curso os certificados modulares são obtidos a partir da

conclusão do 3º e 4º módulos, o que significa afirmar que os alunos não abandonam o

curso por terem obtido uma colocação no mercado em virtude de um certificado parcial.

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126

O abandono se dá nos dois primeiros módulos. Observa-se que a turma selecionada está

com o último semestre em curso, e por isso o número de concluintes pode variar devido

à possibilidade de retenção ou não cumprimento do estágio obrigatório.

Tabela 3 – Número de alunos matriculados por módulo na turma do curso técnico de telecomunicações

do IFSP/Campus São Paulo

1º módulo

(2013 – 1º semestre)

2º módulo

(2013 – 2º semestre)

3º módulo

(2014 – 1º semestre)

4º módulo

(2014 – 2º semestre)

40 alunos 20 alunos 6 alunos 5 alunos

Fonte: IFSP (sistema consulta escola)

No curso médio integrado ao técnico (PROEJA), oferecido pelo Campus São

Paulo, também é expressivo o número de alunos que abandonam o curso. Embora seja

um curso técnico, ao término do mesmo o aluno não tem direito ao CREA, e sua carga

horária é inferior à do curso médio integrado ao técnico regular. Assim como a turma de

telecomunicações, a do PROEJA também encontra-se com o último semestre em curso,

havendo possibilidade de retenção reduzindo o número de concluintes.

Em virtude da alta taxa de evasão nos cursos técnicos concomitantes ou

subsequentes, alguns campi (os que entendem que há demanda no mercado de trabalho

local ou regional) têm optado pela modalidade integrada ao ensino médio, que apresenta

menor taxa de evasão. Para a contenção da evasão nos cursos técnicos na modalidade

EaD, há proposta de reformulação do currículo para adequação com carga horária

mínima exigida com objetivo de redução de um semestre.

Tabela 4 – Número de alunos matriculados por ano na turma do curso PROEJA do IFSP/Campus São Paulo

1º ano (2012) 2º ano (2013) 3º ano (2014)

30 alunos 20 alunos 15 alunos

Fonte: IFSP (sistema consulta escola)

O IFSP promoveu estudos e debates sobre a diminuição do índice de evasão,

que resultou nas seguintes propostas no intuito de minimizar o problema:

nivelamento (para aprimorar conhecimentos, competências e habilidades

essenciais para o desenvolvimento do aluno, que não foram atendidos em

estágios anteriores, principalmente nas áreas de linguagem e matemática),

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127

apoio pedagógico (para aprimorar os conteúdos estudados durante o

processo de formação, objetivando a superação das defasagens e as

dificuldades do aluno),

medidas socioculturais (ações que despertem nos alunos noções de

pertencimento), e

criação de módulo de habilidades de estudos para auxiliar os discentes na

organização de seus estudos.

Em 2010 a Pró-Reitoria do IFSP elaborou o “Projeto de Controle,

acompanhamento e Contenção da Evasão Escolar” com implantação prevista para o

segundo semestre do mesmo ano. O projeto apresentava os seguintes objetivos:

Compreender a contenção da evasão escolar como uma política institucional

necessária a melhoria da qualidade educativa.

Estudar a evasão, tendo em vista os diagnósticos resultantes como

indicadores que configuram o quadro educacional do IFSP, a fim de

redimensionar seus espaços de aprendizagem.

Propiciar o desenvolvimento de propostas educacionais inclusivas que

atendam, com qualidade, os alunos com necessidades especiais, e todos os

que compõem o conjunto plural e diverso dos estudantes.

Controlar e acompanhar a evasão escolar a fim de efetivar um dos princípios

legais e éticos da educação nacional que está voltado ao acesso e políticas

de permanência do estudante na instituição educativa, para que o mesmo

possa concluir sua vida acadêmica.

O projeto previa etapas a sua para a sua completa estruturação, dentre elas a

necessidade de formação da equipe sóciopedagógica e legitimação de conselhos

escolares e colegiados de curso. O cronograma de implementação do projeto fica a

cargo de cada campus e da Gerência de Apoio Acadêmico, de acordo com a realidade

organizacional.

Em 2013 a Portaria nº 5.838, de 02 de dezembro aprovou o “Projeto

Institucional de Contenção da Evasão – Nivelamento e Apoio Pedagógico EaD”. Nessa

versão o projeto se apresenta com ações definidas e tem como objetivo:

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Diagnosticar as principais dificuldades dos alunos para acompanhamento

dos cursos de nível médio e superior.

Contribuir para a redução da evasão por meio da implementação de cursos

autoinstrucionais de nivelamento e apoio pedagógico via Ambiente Virtual

de Aprendizagem (Moodle), de forma a propiciar aos alunos ferramentas e

conteúdos de disciplinas nas quais eles tenham maior dificuldade de

aprendizado.

Elaborar materiais didáticos na modalidade a distância visando o

desenvolvimento de habilidades específicas e conteúdos necessários ao

aluno para acompanhamento dos cursos, ou como pré-requisitos para os

mesmos, bem como ao desenvolvimento de habilidades de estudo.

Reduzir a evasão e o índice de reprovação de alunos já nos primeiros

períodos do curso e durante o mesmo, com a adoção de instrumentos

pedagógicos que permitam a reorientação do processo de ensino-

aprendizagem e o resgate dos conteúdos não assimilados pelo aluno no

Ensino Fundamental ou Ensino Médio, essenciais ao seu aprendizado.

Propiciar a recuperação e o aprimoramento de conhecimentos básicos e

imprescindíveis ao prosseguimento dos estudos.

Promover uma mudança de atitude do aluno em relação ao processo de

aprendizagem, considerando a autoaprendizagem e autonomia como fatores

essenciais para seu desenvolvimento.

Propiciar ao aluno uma nova experiência de aprendizagem por meio da

utilização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC’s).

Em 2014 houve a seleção de servidores do quadro permanente do IFSP, para

atuarem como elaboradores de materiais didáticos de nivelamento e apoio pedagógico

na modalidade EaD do Projeto, através do Edital nº 156, de 13 de maio.

O IFSP tem como aliados programas que colaboram para a permanência do

aluno na instituição, sendo alguns articulados com ensino, pesquisa e extensão: PIBIC,

Pibid, PIBITI e PET. O Pnaes também é um programa colaborador e é desenvolvido em

dois eixos no IFSP:

(...) ações para o enfrentamento da vulnerabilidade social – com o

objetivo de apoiar os estudantes em suas necessidades básicas para a

permanência e conclusão do curso no IFSP – e ações universais – com

objetivo de contribuir com a formação integral do estudante, propiciar

acesso à cultura e promover a inclusão social. O orçamento recebido

em 2013 para a ação “Assistência ao Educando da Educação

Profissional e Tecnológica” foi liquidado quase totalmente: 95 % do

montante recebido. O número de estudantes atendidos pelas ações de

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Assistência Estudantil foi de 4.892, que superou a meta estipulada em

3.500 estudantes para 2013. (IFSP, 2014, p. 86)

Embora o Pnaes, denominado no IFSP como PAE- Programa de Assistência

Estudantil tenha sido eficiente na contenção da evasão não é o bastante, segundo o

Relatório de Gestão (2012) do IF:

Em relação à evasão, em decorrência do PAE – Programa de

Assistência Estudantil, Resolução n.º 351, de 10/06/2011, houve

significativa diminuição em todos os campi devido ao auxílio

em alimentação, transporte e outras ações que foram realizadas

por meio desse benefício, que subsidiou a permanência do aluno

na Instituição. Cabe ressaltar que a evasão, embora tenha

apresentado diminuição, ainda é alta no IFSP.(p. 76)

Outro fator pode estar colaborando com o aumento da evasão, e não foi

mencionado: são os cursos oferecidos pelo IFSP, que podem não oferecer perspectivas

de estágio e/ou emprego ao aluno. Um dos critérios de escolha dos lugares dos novos

campi, em todas as fases da expansão, foi a proximidade da escola aos arranjos

produtivos instalados nos níveis local e regional.

É verdade que a expansão aconteceu de forma muito rápida, e devido à

interiorização, acredita-se que, de fato, não houve tempo suficiente para os gestores do

IFSP realizarem pesquisas eficientes para a abertura de cursos que garantissem uma

formação ao aluno de forma a atender a demanda do mercado de trabalho local. Outra

possível dificuldade encontrada no início da expansão foi a abertura de cursos que

dialogassem com os arranjos produtivos locais, pois o IFSP não dispunha de

profissionais daquela área num primeiro momento. A proposta de abertura da maioria

dos cursos nos novos campi concentravam-se na área que a equipe nomeada para dar

início às atividades atuava em seu campus de origem, com raras exceções.

A proposta de abertura dos cursos é apresentada para aprovação em audiência

pública, onde o número de populares que comparecem é reduzido e muitos nem têm

capacidade para avaliar a demanda no mercado de trabalho local ou regional. A

participação dos empresários também é pequena, e quando não, é evidenciada por

interesses que não justificariam a abertura de determinados cursos. Há também o

possível atendimento a interesses políticos.

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130

O resultado obtido por Sampaio (2013), após realizar uma pesquisa com

egressos de 2002 a 2012, do IFRN, sobre a absorção local dos egressos no mercado de

trabalho no processo de interiorização, foi:

(...) i) em determinados municípios não há postos de trabalhos

suficientes na área de formação obtida, pois não há correlação clara

com a demanda por mão-de-obra qualificada por parte das empresas

locais; ii) não há postos de trabalhos suficientes, porque a economia

destes territórios tende a ser pouco dinâmica, vários municípios

apresentam baixo crescimento econômico ou do PIB; e, iii) há

carência de convergência de outras políticas públicas e programas que

propiciem investimentos voltados na reestruturação produtiva, com

base, por exemplo, nos Arranjos Produtivos Locais. (p. 162)

Ao analisar o Relatório de Gestão do IFSP do exercício de 2013, não foi

percebida pela pesquisadora sequer alguma ação que previsse o acompanhamento dos

egressos. É verdade que alguns campi até reconheceram a necessidade desse

acompanhamento, mas não expuseram como iriam fazê-lo. Essa política de

acompanhamento é necessária para atualizar os conteúdos programáticos e para criação

de cursos de acordo com as necessidades mercadológicas. Esse foi um dos assuntos

tratados pelo TCU (2012):

(...) uma característica do processo de interiorização que traz grandes

desafios para a atuação dos campi é o peso relativo do setor público

nas economias locais. As microrregiões de menor nível de atividade

econômica também são aquelas mais dependentes do setor público,

com os outros setores da economia bastante debilitados. Nesses locais,

há o risco da atuação dos Institutos Federais não encontrarem uma

estrutura produtiva suficientemente dinâmica para receber seus

produtos, seja a mão-de-obra formada, sejam as parcerias de pesquisa

e extensão. (p. 52)

O artigo 6º da Lei nº 11.892/2008 diz que uma das finalidades e características

dos IFs é realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o

empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico. É

possível que esse seja um caminho a ser percorrido para sanar o problema de

interiorização quanto às questões de empregabilidade local e regional de seus egressos,

podendo servir de estímulo para a permanência de alunos nos cursos.

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Há necessidade de estudos detalhados sobre a região em que o IFSP está

situado para que ele possa efetivamente desempenhar o papel que a Lei 11.892/2008 lhe

atribui, orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos

arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento

das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de

atuação do Instituto Federal.

A educação profissional pode e deve contribuir para o

desenvolvimento desses setores produtivos, o aumento da

empregabilidade e a elevação da renda dos trabalhadores que habitam

as regiões do Estado onde o IFSP se encontra presente. No entanto, a

efetividade dessa contribuição dependerá da correta avaliação que se

venha a fazer das condições socioeconômicas e educacionais da

população de cada região, que servirá de base para a adequada

definição dos cursos a serem oferecidos, das linhas de pesquisa a

serem desenvolvidas e das ações de extensão em cada campus. (IFSP,

2012, p. 6)

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IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após nossa análise, é ao longo da história que se encontram as causas, as

justificativas, os motivos para a criação dos IFs. Antes mesmo da mesmo da Revolução

Industrial acontecer no Brasil, o ensino profissional já era ministrado, no início

informalmente pelos jesuítas. Com a Revolução Industrial, a necessidade de mão-de-

obra especializada foi tornando cada vez mais necessária, à medida que as indústrias

iam surgindo. Nota-se que a educação profissional não conseguiu e ainda não consegue

suprir a demanda do mercado. Foi então que a Escola de Aprendizes Artífices, criada

para atender os desvalidos, após muitas transformações – e tradição em ensino técnico

de nível médio –, tornou-se um Centro Federal de Educação Tecnológica, momento em

que passou a ofertar cursos de nível superior, pós-graduação e a EJA.

Iniciada a expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica, com intuito de ampliar a oferta de vagas nos cursos profissionalizantes, o

governo federal viu a oportunidade de a EPT ser um meio para que as políticas públicas

sociais e inclusivas atingissem o seu público-alvo, ou seja, a população menos

favorecida. Então foram criados os Institutos Federais, num arranjo educacional inédito,

através da Lei nº 11.892/2008, com estrutura pluricurricular e multicampi, de natureza

jurídica de autarquia, detentores de autonomia administrativa, patrimonial, financeira,

didático-pedagógica e disciplinar; a Lei atribuiu finalidades e características a essa nova

instituição, que tem a missão de formar, através da EPT, um profissional que seja

cidadão consciente e portador de conhecimentos que o torne capaz de mudar a sua

realidade política, econômica, social e cultural. A EPT tem como foco a justiça social, a

equidade, a competitividade econômica e a geração de novas tecnologias. Cabe aos

institutos fortalecer, através do ensino, pesquisa e extensão, os arranjos produtivos,

sociais e culturais locais, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e

tecnológicos às suas práticas pedagógicas. E, também, institucionalizar a educação

profissional e tecnológica como política pública.

Com a criação dos Institutos Federais, o governo federal desenvolveu

mecanismos para a democratização do acesso à educação profissional de qualidade,

num sistema nacional, e a oferta verticalizada de ensino em todos os níveis de educação,

bem como programas que auxiliam a permanência do aluno na escola, como forma de

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133

garantir a todos e a cada um o direito de aprender até onde o permitam suas aptidões e

vontade.

O papel dos IFs através da EPT frente a economia e a sociedade brasileira é

fundamental, mas deve-se considerar que foi concebida em meio a uma expansão,

necessária, mas rápida e desordenada, com consequências marcantes e perspectivas de

recuperação a longo prazo. Os desafios são grandes para a construção desta nova

identidade proposta para os IFs, que, no caso do IFSP, que serviu de referência para esta

pesquisa, teve a qualidade de seu ensino comprometida, até então reconhecido pela sua

excelência. O volume de campi abertos no estado de São Paulo, logo na Fase I do Plano

de Expansão, que hoje soma trinta e sete unidades sob a tutela do IFSP, não permitiu à

gestão administrativa planejamento e organização, entre tantas novidades, com o dever

de atuar em áreas que fugiam à sua tradição.

A intenção desta pesquisa não foi tirar o mérito da política educacional que

criou os IFs: que fique registrada a importância desta nova instituição de ensino federal,

que cria a igualdade na diversidade, comprometida com o social, promovendo avanços

tecnológicos, que abriga e cria políticas públicas. Porém esta pesquisa se propôs

também a registrar algumas consequências geradas a partir dessas definições políticas,

citando o IFSP como referência para o estudo.

Após analisar a forma e as condições em que se deu a expansão da rede, foi

possível pontuar as conseqüências no intuito de contribuir com o processo que dará

continuidade à abertura de novos campi, que hoje somam, aproximadamente, 324

unidades em funcionamento em todo o país, tendo como meta atingir a casa dos mil.

Os programas de pesquisas instituídos nos IFs, PIBIC, Pibid, PIBITI e PET,

articulados com ensino, pesquisa e extensão, além do Pnaes, programa de assistência

estudantil, trouxeram benefícios a quase todos os segmentos do IFSP: corpo docente,

discente e técnico-administrativo, e aos poucos esses programas vêm sendo

regulamentados. Incentivos à qualificação e capacitação, com afastamentos

remunerados e/ou com financiamento e/ou com bolsa-auxílio, beneficiam os servidores

docentes e técnico-administrativos.

Os desafios enfrentados pela gestão do IFSP também envolvem os três

segmentos.

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Alguns problemas no corpo docente atingem diretamente o corpo discente, a

começar pela atuação desses profissionais em vários níveis e modalidades de ensino, em

função da verticalização, sem a formação necessária e com sobrecarga, devido ao déficit

de professores.

O processo de contratação de professores substitutos é demorado, e essa função

fica sob a responsabilidade dos técnico-administrativos, que também estão em número

insuficiente. Os programas sociais e de inclusão também causam sobrecargas. A

abertura de concursos para contratação de novos servidores não acompanham a abertura

de novos campi, pois a liberação do código de vagas por parte do governo federal se dá

após a abertura do campus e com cursos em andamento, possivelmente para evitar a

contratação de professores com formação específica para um curso que não tenha

procura ou demanda no mercado local ou regional. Uma possível solução para contornar

essa situação seria a abertura preliminar dos cursos regulares através do Pronatec, que

serviria de parâmetro para verificar a viabilidade de abertura, baseada no índice de

procura e colocação dos egressos no mercado de trabalho, e ainda sem a necessidade de

alto investimento e com a vantagem de contratar servidores temporários, docentes e

técnico-administrativos, apenas pelo período necessário para a realização do curso. Se

após a avaliação houver a decisão pela implantação do curso regular, essa se daria de

maneira organizada, estruturada e sem riscos de fracasso.

A infraestrutura deficiente ou inadequada, sem bibliotecas, computadores, salas

de aula e laboratórios de ciências, principalmente nas novas unidades, também prejudica

o trabalho dos professores e compromete a qualidade do ensino. Esta situação também

pode ser justificada pela demora nos processos de licitação e falta de pessoal para

execução.

Há problemas na estrutura de alguns prédios que foram integrados ao IFSP, que

antes pertenciam a organizações não-governamentais, financiados pelo PROEP, que

impedem a ampliação e/ou inutilizam espaços.

A forma atual de distribuição da carga horária do docente causa engessamento.

Porém, o IFSP apresentou duas propostas para a escolha de uma delas pelos professores,

o que possibilitará maior flexibilidade de horário.

Não há como o PNE ter como meta a duplicação de vagas e assegurar a

qualidade de ensino se os professores trabalham sobrecarregados, por um salário nada

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atraente, o que justifica o seu déficit. O bom desempenho do professor, que precisa atuar

em diversas áreas, necessita formação necessária, o que nem sempre lhe é oferecida, e

quando é, tem baixa eficácia no desenvolvimento das competências importantes.

Entre os técnicos administrativos, a participação em conselhos e colegiados

torna a sua participação mais efetiva, com a oportunidade de darem suas opiniões, ideias

e experiências.

Quanto à gestão, se de um lado tem como benefício o aumento de verbas

devido aos investimentos feitos pelo governo federal na EPT, e a importância para os

profissionais da educação serem protagonistas desse marco histórico, de outro enfrenta

os desafios para vencer os problemas relacionados acima.

O IFSP adotou o modelo de gestão descentralizada, mas ainda há muitas coisas

que ficam a cargo da Reitoria (por falta de inexperiência ou capacitação dos novos

servidores) como, por exemplo, a formalização de parcerias com empresas/instituições,

por desconhecimento dos trâmites e termos jurídicos, causando morosidade para a

finalização do processo. Para minimizar este problema e agilizar os processos, o IFSP

criou o Regulamento para Elaboração de Acordo de Cooperação Técnica de Extensão.

Há também problemas como este, dos processos de licitação.

A evasão no IFSP tem-se acentuado e pode ocorrer por diversos fatores:

dificuldade de aprendizagem, formação básica precária, falta de identificação com o

curso, dentre outros. Também é possível que o curso oferecido não atenda as

necessidades do mercado de trabalho local ou regional, causando o abandono do curso

pelo aluno. O IFSP tem propostas para contornar o problema, e tem também programas

de bolsa que incentivam a permanência do aluno na escola.

Um dos motivos citados pelo IFSP, que contribui para a evasão, é a formação

básica precária. É preciso avaliar a qualidade de ensino dos cursos de formação de

professores oferecidos pelo IFSP, para que contribuam para a melhora do ensino básico.

Seria importante e viável que os alunos das licenciaturas ministrassem aulas de reforço

aos alunos que apresentam deficiência em sua formação básica, contribuindo para a

retençãoe para a diminuição da evasão. A retenção de alunos é justificada pela mesma

deficiência da formação básica, que é expressiva. Quanto mais tempo o aluno leva para

a conclusão do curso, demanda mais despesas à União. Retomando as aulas de reforço,

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em contrapartida, se permitido, a hora/aula poderá ser computada como horas de estágio

para o aluno de licenciatura.

A evasão, quando não controlada, reduz o que era inicialmente investimento, e

passa a ser prejuízo ao erário público, consequentemente para a sociedade. Por isso há

necessidade de ações estratégicas efetivas que proporcionem as condições necessárias

para a permanência do aluno na escola, até a conclusão do curso e, se possível, para

motivar o prosseguimento em outros níveis.

O IFSP não tem ações para acompanhamento de egressos. Adotar uma política

de acompanhamento sistemático dos egressos se faz necessária, pois serve de

termômetro para avaliar e atualizar os conteúdos dos cursos, e assim garantir ao aluno

uma formação condizente com as reais necessidades do mercado de trabalho local e

regional. Caso contrário, não estará cumprindo com uma de suas finalidades, que é

orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos

produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das

potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do

Instituto Federal.

O IFSP ainda tem muito trabalho pela frente. Um deles, talvez o mais

importante, que é desenvolver um trabalho, junto aos servidores, de conscientização de

que o que faz o IFSP ser a instituição descrita na Lei n 11.892/2008, dentro de um

conjunto, são principalmente as pessoas e suas ações, e essas ações devem estar

vinculadas a uma identidade que ainda precisa ser construída. A igualdade na

diversidade deve começar no interior do IFSP, a qualidade dos serviços também, assim

como a formação de profissionais para o trabalho. E desenvolver pesquisas e projetos

que venham contribuir, antes de mais nada, com o desenvolvimento do próprio IFSP.

Ao criar os IFs, um modelo educacional arrojado, inovador, sem precedentes, o

governo federal tem o mérito, mas criou-os em meio a uma expansão, também nunca

vista no cenário da educação brasileira, porém de forma desordenada, comprometendo a

qualidade do ensino, conquistada ao longo de um século e causando insatisfação na

comunidade escolar. Não foi possível nem o planejamento e nem a organização pelos

gestores dos IFs, e ainda hoje não há tempo para isso, em meio a tantas atribuições

devido às finalidades, características e objetivos dos IFs, acentuados pela falta de

servidores docentes e técnico-administrativos. Os investimentos são altos, mas a evasão

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também tem sido, principalmente nos cursos em que o MEC prioriza oferta de vagas: os

cursos de nível médio, dentre eles o PROEJA.

São muitos os temas que poderão ser abordados em pesquisas, principalmente

em teses, que venham colaborar para o desenvolvimento pleno dos Institutos Federais,

uma instituição que tem por finalidade desenvolver um trabalho efetivo que contribui

para o desenvolvimento do Brasil, mas antes para a formação integral do cidadão.

Entende-se que essa formação do trabalhador seja capaz de tornar esse

cidadão um agente político, para compreender a realidade e ser capaz

de ultrapassar os obstáculos que ela apresenta; de pensar e agir na

perspectiva de possibilitar as transformações políticas, econômicas,

culturais e sociais imprescindíveis para a construção de outro mundo

possível. A referência fundamental para a educação profissional e

tecnológica é o homem, daí compreender-se que a educação

profissional e tecnológica dá-se no decorrer da vida humana, por meio

das experiências e conhecimentos, ao longo das relações sociais e

produtivas. A educação para o trabalho nessa perspectiva entende-se

como potencializadora do ser humano, enquanto integralidade, no

desenvolvimento de sua capacidade de gerar conhecimentos a partir

de uma prática interativa com a realidade, na perspectiva de sua

emancipação. Na extensão desse preceito, trata-se de uma educação

voltada para a construção de uma sociedade mais democrática,

inclusiva e equilibrada social e ambientalmente. (MEC, 2010, p. 33)

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138

DECRETOS

BRASIL. Decreto nº 1.606, de 29 de dezembro de 1906. Crea uma Secretaria de Estado

com a denominação de Ministerio dos Negocios da Agricultura, Industria e Commercio.

Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-1909/decreto-1606-

29-dezembro-1906-582057-norma-pl.html>. Acesso em 14 ago. 2013.

_______. Decreto nº 1606, de 29 de dezembro de 1906. Crea uma Secretaria de Estado

com a denominação de Ministerio dos Negocios da Agricultura, Industria e Commercio.

Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-1909/decreto-1606-

29-dezembro-1906-582057-norma-pl.html>. Acesso em 14 ago. 2013.

_______. Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909. Crêa nas capitaes dos Estados

da Republica Escolas de Aprendizes Artifices, para o ensino profissional primario e

gratuito. Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-

1909/decreto-7566-23-setembro-1909-525411-norma-pe.html>. Acesso em 17 set.

2013.

_______. Decreto nº 7.649, de 11 de novembro de 1909. Crea nas Escolas de

Aprendizes Artifices, a que se refere o decreto n. 7.566, de 23 de setembro ultimo, os

logares de professores dos cursos primarios nocturnos e de desenho e da outras

providencias. Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-

1909/decreto-7649-11-novembro-1909-525418-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso

em 22 set. 2013.

_______. Decreto nº 7.763, de 23 de dezembro de 1909. Altera os decretos ns 7.566 e

7.649, de 23 de setembro e 11 de novembro ultimos, referentes á creação de escolas de

aprendizes artifices, nas capitaes dos Estados, e á nomeação de professores para os

respectivos cursos noturnos - primario e de desenho. Disponível em

<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-1909/decreto-7763-23-dezembro-

1909-525420-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em 22 set. 2013.

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Tecnologia, para disciplinar o processo de escolha de dirigentes no âmbito destes Institutos.

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Superior, de que trata a Lei no 7.596, de 10 de abril de 1987; sobre o Plano de Carreira e

Cargos de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico e sobre o Plano de

Carreiras de Magistério do Ensino Básico Federal, de que trata a Lei no 11.784, de 22

de setembro de 2008; sobre a contratação de professores substitutos, visitantes e

estrangeiros, de que trata a Lei no 8.745 de 9 de dezembro de 1993; sobre a

remuneração das Carreiras e Planos Especiais do Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação, de que trata a Lei no 11.357, de 19 de outubro de 2006; altera remuneração

do Plano de Cargos Técnico-Administrativos em Educação; altera as Leis nos 8.745, de

9 de dezembro de 1993, 11.784, de 22 de setembro de 2008, 11.091, de 12 de janeiro de

2005, 11.892, de 29 de dezembro de 2008, 11.357, de 19 de outubro de 2006, 11.344, de

8 de setembro de 2006, 12.702, de 7 de agosto de 2012, e 8.168, de 16 de janeiro de

1991; revoga o art. 4o da Lei no12.677, de 25 de junho de 2012; e dá outras

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PORTARIAS

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_______. Portaria nº 116, de 29 de janeiro de 2010.

_______. Portaria nº 120, de 29 de janeiro de 2010.

_______. Portaria nº 127, de 29 de janeiro de 2010.

_______. Portaria nº 1.170, de 21 de setembro de 2010.

_______. Portaria nº 1.366, de 06 de dezembro de 2010.

_______. Portaria nº 330, de 23 de abril de 2013.

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RESOLUÇÕES

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____. Resolução nº 8, do Conselho Superior do IFSP, de 4 de fevereiro de 2014.

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