análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

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UFRJ Rio de Janeiro 2010 Enrico Brunno Zipoli de Sousa e Ferreira ANÁLISE DOS MODELOS CANADENSE, AMERICANO E NORUEGUÊS DE QUANTIFICAÇÃO, VALORAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE RESERVAS PARA APLICAÇÃO NO SETOR DE PEQUENOS PRODUTORES DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL BRASILEIRO Dissertação de Mestrado (Geologia) PPGL IGEO UFRJ 2010 Dissertação de Mestrado (Geologia) Enrico Brunno Zipoli de Sousa e Ferreira Análise dos Modelos Canadense, Americano e Norueguês de Quantificação, Valoração e Certificação de Reservas para Aplicação no Setor de Pequenos Produtores de Petróleo e Gás Natural Brasileiro

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Page 1: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

UFRJ Rio de Janeiro

2010

Enrico Brunno Zipoli de Sousa e Ferreira

ANÁLISE DOS MODELOS CANADENSE, AMERICANO E

NORUEGUÊS DE QUANTIFICAÇÃO, VALORAÇÃO E

CERTIFICAÇÃO DE RESERVAS PARA APLICAÇÃO NO SETOR

DE PEQUENOS PRODUTORES DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

BRASILEIRO

Dissertação de Mestrado (Geologia)

PPGL IGEO UFRJ

2010

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UFRJ

Rio de Janeiro 2010

Enrico Brunno Zipoli de Sousa e Ferreira

ANÁLISE DOS MODELOS CANADENSE, AMERICANO E NORUEGUÊS DE

QUANTIFICAÇÃO, VALORAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE RESERVAS PARA

APLICAÇÃO NO SETOR DE PEQUENOS PRODUTORES DE PETRÓLEO E GÁS

NATURAL BRASILEIRO

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como requisito necessário à obtenção do grau de Mestre em Ciências (Geologia).

Área de concentração:

Geologia Regional e Econômica

Orientador

Prof. Dr. José Mário Coelho

Page 3: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

FICHA CATALOGRÁFICA

Ferreira, Enrico Brunno Zipoli de Sousa Análise dos Modelos Canadense, Americano e Norueguês de Quantificação, Valoração e Certificação de Reservas para Aplicação no Setor de Pequenos Produtores de Petróleo e Gás Natural Brasileiro [Rio de Janeiro] 2010. xviii, 119 p. (Instituto de Geociências – UFRJ, M. Sc., Programa de Pós-Graduação em Geologia, 2008). Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no Instituto de Geociências.

1. Petróleo e Gás 2. Financiamento 3. Pequenas Empresas

I – IG/UFRJ II – Título (série)

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Rio de Janeiro 2010

Enrico Brunno Zipoli de Sousa e Ferreira

ANÁLISE DOS MODELOS CANADENSE, AMERICANO E NORUEGUÊS DE

QUANTIFICAÇÃO, VALORAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE RESERVAS PARA

APLICAÇÃO NO SETOR DE PEQUENOS PRODUTORES DE PETRÓLEO E GÁS

NATURAL BRASILEIRO

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como requisito necessário à obtenção do grau de Mestre em Ciências (Geologia). Área de concentração:

Geologia Regional e Econômica Orientador:

Prof. Dr. José Mário Coelho

Aprovada em: 10 de junho de 2010

Por:

_____________________________________ Presidente: Cláudio Bettini, UFRJ

_____________________________________ Régis Rocha Motta, UFRJ

_____________________________________ Thereza Cristina Nogueira de Aquino, UFRJ

Page 5: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

Dedico este trabalho à minha família e

companheira, pilares para meu suporte em momentos de dúvida e meus grandes incentivadores na persecução firme do sucesso que almejo na vida acadêmica, pessoal e profissional.

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v

Agradecimentos

Ao Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro que me deu a oportunidade de realizar esta pesquisa, além de me oferecer meios

físicos e intelectuais para que esta se realizasse.

Ao meu Professor Orientador, Prof. Dr. José Mário Coelho, por acreditar em meu

trabalho e perseverança dedicados a este trabalho ora apresentado, pelo oferecimento desta

oportunidade à realização além de haver me orientado tão ativamente.

Ao IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), pela bolsa de estudos concedida para

realização desta pesquisa durante seus primeiros meses.

Às empresas e entidades que participaram do questionário e puderam contribuir para

uma visão mais realista do atual panorama do mercado brasileiro de petróleo e gás natural.

À empresa em que exerço minha profissão, Baker Hughes, por cessão de tempo para

conclusão deste trabalho.

À minha mãe, Maria Christina Zipoli de Sousa e Ferreira, por se tornar, além de

incentivadora, a redatora desta pesquisa.

À minha noiva, Emanuelle Beatriz Ferreira Martinez.

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vi

“O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.”

William George Ward

Page 8: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

vii

Resumo

FERREIRA, Enrico Brunno Zipoli de Sousa e. Análise dos Modelos Canadense, Americano e Norueguês de Quantificação, Valoração e Certificação de Reservas para Aplicação no Setor de Pequenos Produtores de Petróleo e Gás Natural Brasileiro. Rio de Janeiro, 2010. 119 p. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Atualmente, no Brasil, observa-se que poucas empresas detêm uma fatia maior do mercado de petróleo e gás, contrastando com uma pequena parcela de pequenos produtores independentes. Empresas Nacionais e Internacionais de Petróleo (INOC’s) são dotadas de recursos suficientes para produzir em campos de maior rentabilidade e abandonar campos com um menor potencial, chamados de marginais e/ou maduros. Canadá e Estados Unidos, líderes mundiais no mercado de petróleo e gás, possuem políticas que beneficiam e mantêm as pequenas empresas protegidas da concorrência de INOC's, assegurando o financiamento destas empresas através da garantia de reservas provadas de petróleo, baseando-se na classificação de reservas de SPE/SEC e de outras associações no mundo inteiro. Este trabalho compara as iniciativas de financiamento para as empresas pequenas e independentes nos Estados Unidos e Canadá, relativamente à atual situação do Brasil, acompanhada de estudo de simulação de reabertura de quatro poços (workover), contendo diversos parâmetros, tais como preço, quantidade produzida, os custos operacionais, depreciação, impostos, dentre outros. No intuito de reunir informação mais realista sobre as questões que causam entraves ao ingresso das pequenas e médias empresas nas atividades envolvidas na exploração de petróleo e gás no Brasil, foi aplicado um questionário a membros integrantes de importantes instituições e empresas, havendo sido incluída no rol uma pequena empresa. O objetivo deste trabalho é analisar as possibilidades e vantagens voltadas à atuação e ingresso de forma sustentável das pequenas e médias empresas no mercado de exploração e produção de petróleo e gás em campos marginais e maduros, inclusive comparativamente a casos bem sucedidos no exterior, com indicativos de investimentos necessários e aplicáveis no âmbito nacional.

Palavras-chave: Petróleo e Gás; Financiamento; Pequenas Empresas

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Abstract

FERREIRA, Enrico Brunno Zipoli de Sousa e. Análise dos Modelos Canadense, Americano e Norueguês de Quantificação, Valoração e Certificação de Reservas para Aplicação no Setor de Pequenos Produtores de Petróleo e Gás Natural Brasileiro. Analysis of Canadian, American and Norwegian Models of Quantification, Evaluation and Certification of Reserves. to application in Petroleum and Natural Gas Brazilian Small Producers. Rio de Janeiro, 2010. 119 p. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

Currently in Brazil, it is observed that few companies have a bigger slice of the oil and gas

market as opposed to a small amount of small and independent producers. International and

National Oil Companies (INOC’s) are provided with resources enough to produce in other

fields of higher profitability and abandon fields with a lower potential, called marginal and /

or mature. Canada and USA, worldwide leaders in the oil and gas market, have policies that

benefit and maintain the small companies protected from the competition of INOC´s by

assuring small companies financing through the guarantee of proved reserves of oil, based in

SPE’s, SEC’s and other association’s worldwide reserves classification. This paper compares

the financing initiatives for small and independent companies in the United States and

Canada with Brazil’s present situation. A four wells workover project, will be simulated,

containing several parameters such as price, produced volume, operating costs, depreciation,

taxes, among others. A questionnaire was applied to important institutions and companies as

well, in order to gather information about the present situation of Brazilian oil and gas

sector. The objective of this work is to analyze the oil and gas market for marginal and

mature fields and to indicate which initiatives are needed to assure a healthy and sustainable

entry of Brazilian small and medium-sized companies in the exploration and production of oil

and gas.

Key-Words: Oil and Gas; Financing; Small and Medium-Sized Companies.

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ix

Lista de figuras

Figura 1: Distribuição de volume de reservas petrolíferas brasileiras 15 Figura 2: Empresas participantes no mercado brasileiro de petróleo e gás 16

Figura 3: Os quatro fatores mais determinantes para a evolução do setor petrolífero de

um país

32

Figura 4: Função de cada política pública de investimento em exploração e produção de

petróleo e gás natural

33

Figura 5: Situação de países considerados líderes na exploração de petróleo e gás

natural, correlacionando-os com os fatores que determinam evolução do setor

petrolífero de um país

35

Figura 6 – Evolução do PROMINP 36

Figura 7: Organograma de agentes no setor de petróleo norte-americano 44

Figura 8: Modelo de Fluxo de Caixa de empresa canadense, em que um alívio de

royalties é concedido nos primeiros anos

48

Figura 9: Método Probabilístico 52

Figura 10: Método Determinístico 53

Figura 11: Classificação de Reservas da SPE/SEC, utilizada mundialmente 57

Figura 12: Agregado entre os métodos probabilísticos e determinísticos 58

Figura 13: Classificação de Reservas utilizada mundialmente em comparação à usada

pela NPD (Norwegian Petroleum Directorate)

66

Figura 14: Classificação de Reservas e Recursos Petrolíferos utilizada pelas Nações

Unidas

67

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x

Figura 15: Exemplo de funcionamento do FIDC 75

Figura 16: Equações de VPL (Valor Presente Líquido) e TIR (Taxa interna de Retorno). 79

Figura 17: Fluxos de Caixa simulados do projeto proposto, com Fluxo de Caixa sem

financiamento (NF), Fluxo de Caixa com financiamento (F), Fluxo de Caixa sem

financiamento e alívio de royalties (NFR) e Fluxo de Caixa com financiamento e alívio

de Royalties (FR)

84

Figura 18: Dendrograma demonstrando as similaridades entre as respostas dos

integrantes do questionário para a Pergunta 3

86

Figura 19: Gráfico acumulativo de respostas de cada subitem da pergunta 3 87

Figura 20: Dendrograma demonstrando as similaridades entre as respostas dos

integrantes do questionário para a Pergunta 4

88

Figura 21: Gráfico acumulativo de respostas de cada subitem da pergunta 4 89

Figura 22: Dendrograma demonstrando as similaridades entre as respostas dos

integrantes do questionário para a Pergunta 5.

90

Figura 23: Gráfico com as respostas de cada subitem do item 5 do Anexo I.

91

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xi

Lista de Quadros

Quadro 1: Condições para Qualificação Financeira 8

Quadro 2 – Tipos de licenças ambientais, segundo o porte da empresa e a profundidade

do poço

20

Quadro 3 – Programa de Trabalho Inicial (PTI) 21

Quadro 4: Modelo Canadense de Reporting Issuers 63

Quadro 5: Sistema de Crédito Brasileiro, segundo o tamanho da empresa 72

Quadro 6: Montante de Empréstimos Brasileiros no período 1994-2003 72

Page 13: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

xii

Lista de Tabelas

Tabela 1: Tabela de Programa Exploratório Mínimo, com equivalência das Unidades

de Trabalho

7

Tabela 2 – Exemplo de áreas licitadas pela ANP 22

Tabela 3: Reservas Provadas de petróleo mundiais 46

Tabela 4: Variáveis de modelo de entrada da Simulação de Fluxo de Caixa

80

Tabela 5: Similaridade de respostas da pergunta 3 do Questionário. 86

Tabela 6: Similaridade de respostas da pergunta 3 do Questionário. 88

Tabela 7: Similaridade de respostas da pergunta 3 do Questionário. 90

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Lista de Abreviaturas e Glossário

Agents – Agências e Entidades

ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

API – Escala hidrométrica utilizada para medir a densidade relativa de líquidos, idealizada pelo American Petroleum Institute, juntamente com National Bureau of Standarts

ASC – Alberta Securities Commission

AT – Agency Theory

b/d – Barris diários

BDEP – Banco de Dados de Exploração e Produção (de Petróleo e Gás)

Bidding – Lance em um leilão

Bloco – Parte da bacia com área determinada aonde se desenvolvem atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BOE - Barril de óleo equivalente

Brown Fields – Acumulação de petróleo ou gás que atingiu o estágio de maturidade ou mesmo um estagio progressivo de produção declinante

Campo – Conjunto de um ou mais reservatórios de petróleo e/ou gás natural, com reservas economicamente viáveis

CAPEX (ou CapEx) - Capital expenditures (Investimentos)

CAPP – Canadian Association of Petroleum Producers

CENPES – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello

CEPRAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente

Cluster – Agrupamento

CMMI – Council of Mining and Metallurgical Institutions

CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

Compliance – Conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer

CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras

CPRM – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais

CRA – Centro de Recursos Ambientais

CSA – Canadian Securities Administrators

CTC – Programa de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia e Formação de Recursos Humanos

CT-PETRO – Fundo Setorial de Petróleo e Gás Natural

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Debêntures – Título de crédito representativo de empréstimo que uma companhia faz junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito contra a emissora, nas condições constantes da escritura de emissão

Dendrograma – (dendro = árvore) É um tipo específico de diagrama ou representação icônica que organiza determinados fatores e variáveis, segundo o grau de similaridade

DPI – Direito de Propriedade Intelectual

E&P -Exploração e Produção de petróleo

Economic Rents – Montante mínimo em dinheiro que o produtor deve receber em troca da produção, ou o trabalhador deve receber em troca de seu trabalho.

EI – Economia da Informação

EIA – Energy Information Administration (US Departament of Energy – DOE)

Equity Holder – Proprietário de ações na Bolsa de Valores

Expertise – Competência de especialista

FASB – Financial Accounting Standarts Board

FC - Fluxo de caixa

FINAME – Linha de crédito destinada a empresas de micro e pequeno porte, localizadas em qualquer região do país

GLO – General Land Office (órgão estadual que administra as terras pertencentes ao governo do Texas-EUA)

Government Take – Montante total que o governo de um país recebe em tributos a partir da produção de petróleo em seus domínios

Hedge – Cobertura ou proteção a operações financeiras contra o risco de grandes variações de preço de determinado ativo

IAEA – International Atomic Energy Agency

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás

IBP- Instituto Brasileiro de Petróleo

ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

II - Imposto de Importação

INOC’s – International and National Oil Companies

IPAA – Independent Petroleum Association of America

IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados

IPO – Initial Public Offer

IRPJ - Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

IRRF - Imposto de Renda Retido na Fonte

ISS - Imposto sobre Serviços

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Lead – Estrutura geológica (estratigráfica ou estrutural) com potencial de ter trapeado óleo e/ou gás

Lease – Contrato conferindo o direito a uma pessoa para usufruir de uma propriedade que pertence a outra pessoa

Majors – Grandes empresas de petróleo

MMbod – Milhões de barris diários de óleo

MME - Ministério de Minas e Energia

MMS – Minerals Management Service

NCMI – Nota de controle de movimentação interna

NEA – Nuclear Energy Agency

NEI – Nova Economia Institucional

Net Pay – Espessura líquida da rocha reservatório saturada de óleo ou gás

NIE – New International Economics

NOC – National Oil Company

NPD – Norwegian Petroleum Directorate

NYSE – New York Stock Exchange

Offshore – Costa afora (termo oceanográfico)

One-on-One – Um contra um

ONIP – Organização Nacional da Indústria do Petróleo

Onshore – Em terra

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

OPEX (ou Opex) - Operational Expenditures (Custos)

Opportunity Cost – Custo de uma alternativa benéfica para o negócio

P&D – Produção e Desenvolvimento

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PE - Participação Especial

Pemex – Empresa Nacional de Petróleo Mexicana

Pertamina – Empresa Nacional de Petróleo Indiana

PIS – Programa de Integração Social

Players – Empresas atuantes no mercado petrolífero

Play - Conjunto de campos e prospectos com o mesmo estilo de acumulação dentro do mesmo sistema petrolífero

PME’s – Pequenas e Médias Empresas

Poço – Segmento que liga o reservatório petrolífero e/ou gás natural à superfície

PRMS – Petroleum Resources and Management System

PRO – China Petroleum Resources Office

Page 17: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

xvi

PROMINP – Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo e Gás Natural

PTI – Programa de Trabalhos Iniciais

REPETRO – Regime Aduaneiro Especial para o setor de exploração e produção de petróleo vigente até 2020

RF – Russian Ministry of Natural Resources

RICMS – Regulamentos do ICMS

Round Zero – Rodada Zero - blocos exploratórios selecionados pela Petrobras e que não foram conformados, enquanto outros posteriormente foram colocados em leilão em parceria com empresas do mundo inteiro

Royalties – Imposto relativo à extração de recursos naturais minerais, metálicos ou fósseis, ou pelo uso de recursos naturais como água

Royalty Holiday – Período em que a taxa royalty não é cobrada, dependendo da produção do campo petrolífero em questão

SEC – Securities and Exchange Commission

SORP – UK Statement of Recommended Practices

SPE – Society of Petroleum Engineers

Spread – Refere-se à diferença entre o preço de compra (procura) e venda (oferta) da mesma ação, título ou transação monetária

TCE – Transaction Costs Economics

TIR - Taxa Interna de Retorno

TRC – Texas Railroad Commission (órgão regulador do setor de petróleo e gás natural no Texas)

UNFC – United Nations Framework Classification for Fossil Energy

Upfront cost – Custos inerentes à abertura de um negócio

UPGMA – Unweighted Pair-Group Method

Upstream – Conjunto de atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás

US$/b – Dólar por Barril

USGS – United States Geological Survey

Vendor – Forma de financiamento de vendas onde o vendedor recebe à vista do banco o valor da venda e o comprador paga ao banco a prazo

Volume de Petróleo “In-Place” ou “In Situ” – Estimativa da quantidade de óleo em uma área

VPL - Valor Presente Líquido

Workover – Qualquer tipo de intervenção em poços de petróleo

WPC – World Petroleum Council

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Sumário

Agradecimentos v

Resumo vii

Abstract viii

Lista de Figuras ix

Lista de Quadros xi

Lista de Tabelas xii

Lista de Abreviaturas e Glossário xiii

INTRODUÇÃO 1

1. CENÁRIO ATUAL DO SETOR PETROLÍFERO BRASILEIRO 6

1.1 Lei do Petróleo 6

1.2 Histórico de Exploração 9

1.3 Campos Maduros e Marginais de Petróleo e Gás Natural Brasileiros 13

1.4 Barreiras de Entrada às Pequenas Empresas Brasileiras 19

1.4.1 Licenciamento Ambiental 19

1.4.2 Questões Jurídicas 21

1.4.3 Oferta de Campos Maduros e Marginais 23

1.4.4 Tecnologia 27

1.4.5 Políticas Públicas 29

1.4.6 Incentivos 35

2. EXPERIÊNCIAS EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS 40

2.1 Experiências em PME’S nos Estados Unidos e Canadá 42

2.1.1 Estados Unidos 42

2.1.2 Canadá 45

3. ANÁLISE DE MODELOS DE RESERVAS PETROLÍFERAS 49

3.1 Society of Petroleum Engineers (SPE) 51

3.1.1 Classificação de Reservas segundo SPE 51

3.1.2 Descoberta e Potencial Econômico 54

3.1.3 Classificação baseada no Desenvolvimento do Projeto 55

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xviii

3.1.4 Petroleum Resources Management System (PRMS) 57

3.2 Securities and Exchange Commission (SEC) 60

3.3 Alberta Securities and Commission (ASC) 62

3.4 Norwegian Petroleum Directorate (NPD) 63

3.5 Classificações de Reservas Mundiais 66

3.6 Plano de Avaliação de Descobertas de Petróleo e Gás Natural da ANP

67

4. MODELOS DE FINANCIAMENTO ADOTADOS NO BRASIL 70

4.1 Sistema de Crédito Brasileiro 70

4.2 Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (PROMINP)

73

4.3 Mecanismos de Financiamentos 76

5 . SIMULAÇÃO DE PROJETO DE CAMPO MADURO DE PETRÓLEO

(Anexo III)

78

6 QUESTIONÁRIO (Anexo I) 82

7. RESULTADOS OBTIDOS 84

8. CONCLUSÕES 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 103

Anexo I – Questionário 108

Anexo II – Tabela de Contingência 112

Anexo III – Fluxos de Caixa 114

Índice 119

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1

INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil observa-se que poucas empresas detêm a fatia maior do mercado

brasileiro de óleo e gás, que prospera como nunca se viu, colocando o país como um dos

primeiros entre os grandes produtores. Em contrapartida, nota-se um número inexpressivo de

empresas de pequeno e médio porte (PME) neste setor.

Outros fatores que também determinam a presença limitada das PME são o alto grau de

incertezas e conseqüente risco de exploração, a tecnologia de produção concentrada nas

grandes empresas e a instabilidade do preço, entre outros, afastando o investidor ou agência

financiadora.

As grandes companhias sempre buscam projetos em áreas com campos de grande

volume esperado de óleo, exibindo geralmente elevados sucessos nas fases iniciais do ciclo

exploratório, mas declinando à medida que ocorrem campos com volumes mais reduzidos e

com índices de sucesso mais baixo. Estas empresas, devido a seu grande capital, são providas

de recursos necessários para atividade exploratória em outras áreas, abandonando campos de

menor lucratividade, chamados de “marginais” ou “maduros”.

Campos maduros são definidos, segundo Schiozer (2002) como campos em fase de

produção declinante, mas com volume “tecnicamente recuperável”, não superior a três

milhões boe e que esteja produzindo a pelo menos 10 anos, tanto em porções rasas da

plataforma continental como onshore.

Segundo Prates (2004), campos marginais são definidos como conceito econômico,

determinados por decisão empresarial e fatores econômicos externos (preço do óleo, etc.), e

campos maduros (conceito técnico) são associados ao declínio da produção por idade.

Segundo definição contratual 1.2.4 do Contrato de Concessão da ANP (2005), áreas

inativas com “acumulações marginais” são áreas com descoberta de petróleo e/ou gás natural

conhecidas onde, ou não houve produção, ou esta foi interrompida por falta de interesse

econômico.

Segundo Portaria 279 da ANP (2003), campos marginais são caracterizados por

produção máxima de 500 barris diários de óleo e 70.000 m³ de gás natural diários onde exista

infra-estrutura de escoamento ou 150.000 m³ diários de gás natural onde não exista tal

Page 21: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

2

estrutura. Apesar das definições quantificadas, é nítida a falta de uma classificação

diferenciada de campos maduros e campos marginais.

Os campos hoje chamados de marginais no Brasil têm essas duas origens: ou figuravam

entre os campos retidos pela Petrobrás no Round Zero, ou integram a área sedimentar

brasileira que ficou à disposição da ANP a partir do mesmo evento, acrescidos dos

posteriormente devolvidos pela Petrobrás. A ANP aguardou até 2005 para realizar a sua

“Primeira Rodada de Licitações de Áreas com Acumulações Marginais”, onde foram

leiloadas 17 áreas situadas nas bacias do Recôncavo, Camamu-Almada, Tucano do Sul e

Sergipe-Alagoas. Em 2006, ocorreu a Segunda Rodada de Áreas de Acumulações Marginais,

tendo campos nas bacias de Barreirinhas, Potiguar e Espírito Santo oferecidas. Estes campos,

que são de menor importância para as grandes companhias, devido à rentabilidade marginal,

são de grande valor para as PME porque tornam-se lucrativos com investimentos

relativamente modestos.

A experiência americana e canadense utiliza a classificação para quantificação,

valoração e certificação de reservas da SPE (Society of Petroleum Engineers) e da SEC

(Securities and Exchange Comission) para concessão de financiamentos a PME´s. Ao obter

grande sucesso nestes países, essa proposta ajudou a criar ofertas de emprego e aumentar a

renda, alavancando as PME's no mercado de óleo e gás, e ainda contribuindo para estes países

manterem-se líderes tecnológicos neste setor. Experiências Canadenses e Norte-Americanas

em regulamentação para investimentos para produtores independentes são, neste trabalho,

fonte de comparação com métodos de financiamento utilizados no Brasil, correlacionando

políticas de agências financiadoras. Estes países conduziram políticas que beneficiassem e

mantivessem as pequenas empresas do ramo de petróleo e gás no mercado, restringindo a

produção, suportando os preços, quotizando a participação no mercado, estabelecendo divisão

de áreas e protegendo-as da competitividade das INOC´s. Nos Estados Unidos, 65 % de toda a

produção nacional de gás natural e 40 % de petróleo provém de pequenas empresas e

produtores independentes. A província de Alberta, no Canadá, é responsável por cerca de

60% da produção de petróleo do país, com presença de muitas empresas independentes de

petróleo. A economia brasileira ainda não encontrou a forma de estimular as PME´s, frente

aos altos valores de financiamento empregados e tantos riscos e incertezas que a indústria do

petróleo e gás oferece.

Esse trabalho tem como objetivo a comparação entre as iniciativas de financiamento

para PME´s no mercado de petróleo e gás nos Estados Unidos e Canadá e as atuais linhas de

Page 22: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

3

financiamento dos principais bancos estatais e agências financiadoras brasileiras, apontando

as principais fraquezas do sistema de crédito do Brasil, viabilizando um estudo mais

detalhado para propor de novas metodologias de financiamento com base nas especificações

de reservas petrolíferas. Foi também realizado um levantamento das linhas atuais de

financiamento dos principais bancos estatais e privados brasileiros para o setor de exploração

e produção de petróleo e gás, comparando-as com as existentes em outros países, como

Estados Unidos e Canadá, além de simulações de projetos, contendo diversos parâmetros,

como preços, quantidade produzida, custos operacionais, depreciação, tributos de diversos

países, riscos de exploração, tecnologia de produção, entre outras, objetivando identificar,

através da análise de sensibilidade, os efeitos do financiamento na alavancagem do projeto.

Esta proposta visa incentivar a entrada das pequenas e médias empresas no mercado de

exploração e produção de óleo e gás no Brasil, trazendo diversos benefícios ao país, tais

como: aumento na oferta de petróleo e gás, além de maior geração de emprego e de renda.

A dissertação está estruturada em sete capítulos. O primeiro capítulo apresenta

caracterização da indústria de petróleo e gás natural brasileira, com enfoque maior para as

pequenas e médias empresas, além das distribuições de reservas petrolíferas no país. A

história brasileira na exploração e produção de petróleo e gás natural é brevemente descrita.

Também são citadas as principais barreiras de entrada de uma pequena empresa brasileira na

E&P de óleo e gás. Visando denotar o atual cenário das pequenas empresas de exploração e

produção de petróleo e gás natural brasileiras, desde a criação da PetroRecôncavo, no final

dos anos 90, até hoje, o capítulo I também apresenta a história destas pequenas empresas,

tendo a sua evolução descrita cronologicamente.

O segundo capítulo é integrado pela exposição das trajetórias exitosas de Estados

Unidos e Canadá, no estabelecimento de suas pequenas empresas de E&P de petróleo e gás,

demonstrando-se as diferenças básicas que fazem estes agentes terem uma grande

participação na produção petrolífera destes países, contribuindo para aumento de renda e

geração de empregos.

O terceiro capítulo aborda a metodologia empregada para adquirir os métodos de

quantificação, valoração e certificação de reservas adotados, não somente nos Estados Unidos

e Canadá, como também em outros países considerados incentivadores das pequenas

empresas, como a Noruega, que tem empresas de pequeno porte atuando inclusive offshore,

geralmente meta de aquisição por parte das grandes empresas. A análise destes modelos de

reservas é perpassada pelas principais associações e sociedades no cenário petrolífero

Page 23: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

4

mundial, sendo elas: Alberta Securities Comission (ASC), do Canadá, Society of Petroleum

Engineers (SPE) e Securities and Exchange Commission (SEC), dos Estados Unidos e

Norwegian Petroleum Directorate (NPD), da Noruega. Também são citadas nestes trabalho

as instituições UK Statement of Recommended Practices (SORP), Canadian Security

Administrators (CSA), Russian Ministry of Natural Resources (RF), China Petroleum

Resources Office (PRO), entre outras. Estas entidades geralmente seguem um padrão definido

por duas principais: a Society of Petroleum Engineers (SPE) e a Securities and Exchange

Commission (SEC). A capacidade de produzir brasileira teve um aumento significativo nos

últimos anos, com a descoberta do “pré-sal” e a esperada auto-suficiência adquirida em 2006.

Porém este progresso não se estendeu ao mercado dos pequenos e independentes produtores

de petróleo, que com investimentos modestos para os grandes investimentos necessários para

se estabelecer neste mercado, são alvos fáceis para as conhecidas variações que este mercado

sofre, sendo basicamente preço, mão-de-obra, tecnologia, entre outros.

No quarto capítulo figuram as principais formas de financiamento utilizadas no Brasil e

as dificuldades enfrentadas pelos produtores independentes de petróleo e gás natural no país

na busca por investimentos e incentivos por parte do governo e da iniciativa privada.

O quinto capítulo explicita as metodologias empregadas na formulação e aplicação dos

questionários destinados a empresas e instituições atuantes no mercado de petróleo e gás no

Brasil. Foram entrevistadas quatro instituições e duas empresas, sendo que uma destas é ativa

no segmento de consultoria geofísica e a outra se caracteriza por explorar e produzir petróleo

em campos marginais. O Questionário encontra-se no Anexo I deste trabalho.

No sexto capítulo encontra-se detalhada a simulação do Fluxo de Caixa, formado sob

condições que as pequenas empresas encontrariam atualmente ao entrar neste restrito setor

petrolífero, além de citar a revisão bibliográfica das definições e classificações de reservas

nacionais e internacionais, encontradas neste trabalho. A simulação do fluxo de caixa para

campos maduros se encontra no Anexo III.

Os resultados obtidos dos questionários aplicados e da simulação do fluxo de caixa são

discutidos no sétimo capítulo. Em relação ao questionário, é enfatizada a similaridade das

repostas, o que resulta em gráficos e dendrogramas. A simulação do Fluxo de Caixa visa

mostrar os gastos necessários para uma pequena empresa entrar no mercado brasileiro de E&P

de petróleo e gás natural, além de oferecer uma nova metodologia de incentivo à pequena

empresa, tanto no aspecto político como no aspecto financeiro, tal como em países como

Canadá e Estados Unidos.

Page 24: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

5

O oitavo capítulo traz as conclusões, com base nas hipóteses levantadas e nos resultados

obtidos.

Page 25: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

6

1. CENÁRIO ATUAL DO SETOR PETROLÍFERO BRASILEIRO

1.1. Lei do Petróleo

A Lei n° 9.478/97, conhecida como Lei do Petróleo, dispôs que todas as atividades que

antes constituíam exclusividade estatal passaram a ser objeto de concessão para operação de

empresas privadas nacionais, ainda que o princípio constitucional defina que a pesquisa e a

lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos líquidos, refinação,

importação e exportação de derivados e o seu transporte dutoviário ou marítimo, constituem

monopólio da União (Constituição República Federativa do Brasil de 1998, art. 177).

Segundo o Art.3° da Lei n° 9.478/97, pertencem à União os depósitos de petróleo, gás

natural e outros hidrocarbonetos fluidos existentes no território nacional, neste compreendidos

a parte terrestre, o mar territorial, a plataforma continental e a zona econômica exclusiva.

A Petrobrás, conforme dispõe a nova legislação e segundo Postali (2002), ainda

permanece parte da União, seu acionista majoritário, mas recebendo o mesmo tratamento

dado às outras operadoras. Somente em caso de empate numa licitação, a Petrobrás tem o

benefício de a União de ser eleita a empresa vencedora.

A Lei do Petróleo objetiva preservar o interesse nacional, incrementar a utilização de

gás natural, promover a livre concorrência, atrair investimentos na produção de energia e

ampliar a competitividade do país no mercado internacional (Lei 9.478/97).

A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), órgão criado

pela promulgação da Lei do Petróleo, é “uma autarquia federal vinculada ao Ministério de

Minas e Energia (MME), com finalidade de promover a regulação, a contratação e a

fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo” (Art.8º, Lei

9.478/97)

Segundo Art.7° da Lei 9.478/97, a ANP é entidade integrante da Administração Federal

Indireta, submetida ao regime autárquico especial como órgão regulador da indústria de

petróleo, gás natural, seu derivados e biocombustíveis. A ANP detém uma série de

atribuições, tais como a voltadas à fiscalização das atividades de distribuição e

comercialização de derivados de petróleo e gás natural, bem como o estímulo de pesquisas

geológicas e tecnológicas. Uma de suas responsabilidades é firmar contratos de concessão,

Page 26: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

7

através de processos licitatórios. Cada contrato deve prever sempre as fases de exploração

(atividades de pesquisa e avaliação de potenciais reservas de petróleo ou gás natural) e

produção (desenvolvimento e extração).

De acordo com os regulamentos dos contratos de concessão, o concessionário tem a

obrigação de explorar os blocos adquiridos nas licitações e absorver todo o risco e custos

associados à atividade e, em caso de êxito, produzir petróleo ou gás natural. A ANP confere-

lhe a propriedade desses bens, depois de extraídos, mas em caso de fracasso (dry hole ou

falência), o bloco exploratório deve ser devolvido, tornando o risco exploratório uma barreira

para o fator de decisão de empreender determinado projeto de investimento.

Ainda assim, sob restritas condições e uma taxa adicional, a prorrogação da fase de

exploração pode ser viável para o investidor em casos de falta de infra-estrutura ou por

questões econômicas, com prazo máximo de cinco anos para ser emitida a Declaração de

Potencial de Comercialização. (POSTALI, 2002).

Segundo ANP (2008), as empresas devem respeitar o período da fase de exploração,

definido por critérios de potencial de reservas, maturidade e dificuldades previstas, que pode

ir de dois a sete anos. Após a execução do programa de exploração mínimo (PEM), descrito

na Tabela 1, a empresa ou consórcio de empresas pode pedir dilatação do tempo, mediante

pagamento, ou ainda desenvolver a área ou mesmo devolvê-la. Mesmo que o licitante se

decida por manter a área, seja para explorar ou desenvolver, o valor da concessão da licença

aumenta de forma proporcional a um possível maior potencial de reservas.

Tabela 1: Tabela de Programa Exploratório Mínimo, com equivalência das Unidades de

Trabalho.

Fonte: ANP, 2008

Após a fase de exploração, segundo Art.2° da Portaria ANP N°259 (2000), o

concessionário que decidir avaliar uma descoberta de petróleo e/ou gás natural numa área de

Page 27: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

8

concessão é obrigado a entregar à ANP o Plano de Avaliação de Descobertas de Petróleo e/ou

Gás Natural. Caso o licitante decida desenvolver o campo, o prazo da fase de produção dura

27 anos, a contar da data de emissão da Declaração de Comercialidade. Se o concessionário, a

qualquer momento da fase de desenvolvimento, desistir da atividade na área, deve emitir à

ANP o Plano de Desativação das Instalações, mediante aprovação ou não, cabendo à empresa

arcar com os custos de abandono

Segundo ANP (2008), o patrimônio líquido mínimo exigido para que uma empresa

possa ser qualificada para atuar em campos licitados é apresentado no Quadro 1.

.Quadro 1: Condições para Qualificação Financeira.

Fonte: ANP, 2008.

Segundo Art.45° da Lei do Petróleo, existem quatro tributações do setor sobre as

empresas que participam e adquirem um bloco exploratório na licitação de áreas promovido

pela ANP:

A. Bônus de assinatura: terá seu valor mínimo estabelecido no edital vigente e

corresponderá ao pagamento ofertado na proposta da concessão, devendo ser pago no

ato da assinatura.

B. Royalties: compensação financeira direta à União sobre os lucros obtidos pelas

empresas na produção de petróleo e gás natural, a incidir sobre o valor bruto de

produção, geralmente 10% desta. Pagos mensalmente, são definidos através da média

ponderada entre os preços de venda no mercado ou pelo preço mínimo aplicado pela

ANP, dependendo do que for maior. Para a produção de gás, a taxa é semelhante,

porém não é aplicado um preço mínimo pela ANP, sendo determinada pela média

ponderada dos preços praticados no mercado, deduzidas as tarifas sobre a atividade.

Se necessário, a ANP pode reduzir em até cinco pontos percentuais o tributo, caso

julgue arriscadas as condições de produções e a geologia da área.

Page 28: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

9

C. Taxa de ocupação: valor cobrado anualmente por km² ou fração da área concedida,

sendo aplicada em todas as fases relacionadas ao setor de petróleo e gás natural. O

valor da taxa aumenta com o avanço das atividades da área em questão.

D. Participações especiais: compensações extraordinárias à União, com taxas que recaem

sobre grandes volumes de produção ou lucratividade. Estas taxas são condicionadas à

localização, anos de produção e volume de produção a cada três meses, sob

fiscalização.

Segundo o Contrato de Concessão da ANP (2005), para os campos com “acumulações

marginais”, as participações governamentais que devem ser pagas pelo concessionário são:

A. Royalties no montante correspondente a 5% (cinco por cento) da Produção de

petróleo e gás natural.

B. Pagamento pela Ocupação ou Retenção da Área de Concessão

C. Pagamento aos proprietários da terra de participação equivalente a 0,5% (meio por

cento).

1.2. Histórico de Exploração de Petróleo Brasileiro

Segundo o SINDIPETRO (2009), a história do petróleo no Brasil, até o fim do

monopólio da Petrobrás, pode ser dividida em quatro fase distintas:

1.º – Até 1938, com as explorações sob o regime da livre iniciativa. Neste período, a

primeira sondagem profunda foi realizada entre 1892 e 1896, no Município de Bofete, Estado

de São Paulo, por Eugênio Ferreira Camargo.

2.º – Nacionalização das riquezas do nosso subsolo pelo Governo e a criação do

Conselho Nacional do Petróleo, em 1938.

3.º – Estabelecimento do monopólio estatal durante o Governo do Presidente Getúlio

Vargas que, no dia 3 de outubro de 1953, promulgou a Lei 2004, criando a Petrobrás. Foi uma

fase marcante da história do nosso petróleo pelo fato de a Petrobrás haver nascido do debate

democrático, atendendo aos anseios do povo brasileiro e defendida por diversos partidos

políticos.

Page 29: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

10

4.º – Fim do monopólio estatal do petróleo, durante o primeiro governo do Presidente

Fernando Henrique Cardoso.

Segundo esse estudo, o Decreto n.º 2266, assinado em 1858 pelo Marquês de Olinda,

concedeu a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação de

querosene de iluminação, em terrenos situados nas margens do Rio Maraú, na Província da

Bahia. No ano seguinte, em 1859, o inglês Samuel Allport, durante a construção da Estrada de

Ferro Leste Brasileiro, observou o gotejamento de óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador.

Em 1930, o Engenheiro Agrônomo Manoel Inácio Bastos, realizando uma caçada nos

arredores de Lobato, tomou conhecimento de que os moradores usavam uma lama preta,

oleosa para iluminar suas residências. Procedeu, então, a pesquisas e coletas de amostras. Em

1932, foi recebido pelo Presidente Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, a quem entregou o

relatório sobre a ocorrência de Lobato.

Em 1933, o Presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, Sr. Oscar Cordeiro, passou a

empreender campanhas visando à definição da existência de petróleo em bases comerciais na

área. O Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, Avelino

Inácio de Oliveira, resolveu em 1937 iniciar a perfuração de poços na área de Lobato.

Em 1938 foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), com a incumbência de

explorar petróleo e de participar na criação de parque refinador no País. Neste mesmo ano,

sob a jurisdição do recém-criado CNP, foi iniciada a perfuração do poço DNPM-163, em

Lobato. Este poço se tornou o descobridor de petróleo no Brasil, quando no dia 21 de janeiro

de 1939, o petróleo apresentou-se, ocupando parte da coluna de perfuração.

O poço DNPM-163 foi de importância fundamental para o desenvolvimento da

atividade petrolífera no Estado da Bahia. O Campo de Candeias, em 1941, foi a área onde se

deu a primeira acumulação economicamente rentável, após uma concentração de esforços na

Bacia do Recôncavo.

No período de 1938 até 1953, o cenário mundial do petróleo não contribuía para um

investimento significativo no Brasil. A produção de petróleo a baixo custo e pesquisa,

somente na Venezuela, no México, no Oriente Médio e em alguns outros países, demonstrava

excelentes perspectivas de descoberta de jazidas de óleo. No entanto, já o México, em 1938,

nacionalizara seu petróleo após intensa disputa com os Estados Unidos.

O refino era concentrado nos países ricos ou em pontos estratégicos como as Antilhas,

gerando elevados lucros somente às empresas multinacionais; além disso, a distribuição

Page 30: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

11

mundial era considerada cartelizada por multinacionais, que assim poderiam impedir, pelo seu

poder de compra e importação de derivados, o surgimento de refinarias nos países em

desenvolvimento, de propriedade de capitais nacionais.

Em decorrência do grande racionamento de combustíveis imposto por ocasião da 2ª

Guerra Mundial – 1939/1945, da pequena escala dos investimentos privados na área do

petróleo e do direcionamento, no mundo, dos investimentos das multinacionais para áreas de

seu exclusivo interesse, um forte movimento político e popular tomou conta do Brasil,

resultando, em 1953, na instituição do Monopólio Estatal do Petróleo e na criação da

PETROBRÁS, para executá-lo em nome da União.

Em 1953, o Brasil já mantinha um consumo de 150.000 barris por dia de derivados e

contava com uma refinaria particular do Grupo Ipiranga, de 6.000 barris por dia; e uma

refinaria na Bahia operada pelo CNP, com capacidade de 3.700 barris por dia

Após o decreto que instituiu o monopólio da União à Petrobrás, foram construídas as

refinarias de Manaus, com capacidade de 5.000 barris por dia e inaugurada em 1957; a

Refinaria de Manguinhos, com 10.000 barris por dia e inaugurada em 1954; e a refinaria de

Capuava, inaugurada em 1954, com 20.000 barris por dia.

Com a instalação da Petrobras, em 10 de maio de 1954, portanto, sete meses após sua

criação, o Brasil trilhou um caminho diferente, passando a deter em suas próprias mãos o

destino local da indústria que alimenta o mundo de energia. O sucesso de tal empreitada se

demonstrou via resultados e crescimento verificados até o presente momento pelo povo

brasileiro através da estatal do petróleo.

Segundo Bain et al (2009), após o ano de fundação da Petrobrás, destacam-se no período

três distintos estágios:

- 1954-1967: primeiro estágio de E&P no país, voltado aos campos onshore,

principalmente no Recôncavo Baiano e na Bacia Amazônica, onde os investimentos eram

efetuados pelo poder público, basicamente;

- 1967-1996: mudança de foco para os campos offshore, tendo como marco a descoberta

de campo de Guaricema, em Sergipe, em 1968, e a exploração em águas profundas na bacia

de Campos. Devido à insuficiência de recursos para financiar seus projetos, a Petrobrás

assinou contratos de risco com IOC’s para explorar a área e comercializar os hidrocarbonetos

encontrados nas áreas por elas contratadas. Esta modalidade se extinguiu em 1988 devido à

escassez de grandes descobertas.

Page 31: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

12

- 1997- Hoje: o período posterior à Lei do Petróleo de 1997 foi marcado pelo fim do

monopólio da Petrobrás e a formalização desta empresa como público-privada, com a

comercialização de seus papéis em bolsas de valores NYSE (New York Stock Exchange), a

partir do ano de 2000. Ainda mais simbólica é a auto-suficiência adquirida pela estatal a partir

de 2006 e, em seguida, a descoberta de campos gigantes de petróleo na camada “pré-sal” em

águas ultraprofundas em 2007.

Atualmente, os principais mecanismos utilizados no setor de E&P de petróleo no Brasil

são créditos de instituições financeiras nacionais (BNDES) e internacionais, privadas ou

públicas; Project Finance; títulos de dívida externa e interna e seguros sobre recebíveis.

Basicamente, apenas a Petrobrás se utiliza destes mecanismos de financiamento atualmente,

porém há outros players no cenário brasileiro, como as IOC’s, NOC’s estrangeiras, empresas

privadas brasileiras e empresas menores que atuam no restrito mercado onshore brasileiro,

tema deste trabalho.

Segundo Bain et al (2009), apesar de mecanismos financeiros estarem mais presentes

atualmente no setor de E&P de petróleo e gás natural no Brasil, estas operações somente se

restringem à Petrobrás, sendo esta responsável por 99% do petróleo extraído em campos

brasileiros.

Segundo ANP (2009), até dezembro de 2008, estavam sob concessão da ANP: 446

blocos ainda na fase de exploração, 66 campos em fase de desenvolvimento da produção e

291 campos em fase de produção. Em fase de exploração havia um bloco da Rodada Zero;

dois blocos da Primeira Rodada; oito blocos da Segunda Rodada; 16 blocos da Terceira

Rodada; 17 blocos da Quarta Rodada; 33 blocos da Quinta Rodada; 90 blocos da Sexta

Rodada; 171 blocos exploratórios da Sétima Rodada e 108 da Nona Rodada de Licitações de

Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural no Brasil.

Nos 66 campos em desenvolvimento existentes, a Petrobras detinha a concessão sozinha

de 41 destes campos e participava de 15 parcerias em campos com fase de desenvolvimento.

As empresas que participavam junto à Petrobras nestes campos são: El Paso, Norse, Chevron

Brasil, Chevron Overseas, Frade Japão, Unopaso, Devon Energy, Total E&P, Esso Campos,

Brasoil, StatoilHydro e Shell.

Dos 291 campos em produção até o final de 2008, a Petrobras somente não participava de

apenas 34, sendo que outros 10 campos eram parcerias entre esta empresa e outras

Page 32: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

13

concessionárias. Os demais campos produtores - 247 - eram concessões à Petrobras, sem

parcerias.

Mecanismos particulares para o financiamento de projetos de E&P são raros no Brasil.

São caracterizados por operações que utilizam recebíveis definidos dependendo da situação,

como ocorre com a FINAME. Porém esta linha de financiamento exclui projetos de E&P de

petróleo e gás natural.

Atualmente, existe um maior uso de mecanismos de financiamento com recursos

estrangeiros, comprovadamente 70% das fontes de financiamento da Petrobrás são originadas

do exterior. Apesar de se configurar, supostamente, como uma vantajosa medida para escapar

dos altos juros praticados no Brasil, a Petrobrás se envolve em risco cambial, sendo obrigada

a executar o hedge. A maior participação de IOC’s e da OGX, que estimulou o financiamento

através de equity, também contribuiu para a maior participação dos recursos estrangeiros no

país.

Devido a períodos de escassez de recursos para financiamento de projetos do porte de

E&P, principalmente nas décadas de 70 e 80, o governo brasileiro liberou a celebração de

contratos de risco com empresas privadas. A abertura do mercado em 1997 também foi uma

conseqüência desta baixa disponibilidade de volume de recursos, o que permitiu à Petrobrás o

aumento de suas receitas e o investimento pesado em E&P entre 2000 e 2007.

1.3. Campos Maduros e Marginais de Petróleo

Segundo a própria ANP (2003), campos marginais são caracterizados por terem

produção máxima de 500 barris diários de óleo e 75.000 m³ de gás diários em locais onde

exista infra-estrutura de escoamento; ou de 150.000 m³ diários onde não exista tal estrutura.

A marginalidade econômica de um campo é baseada em fatores como:

• Estratégia do concessionário;

• Exaustão Econômica;

• Capacidade técnica de manter a produção do campo pelo produtor;

• Infra-estrutura;

• Efeitos da economia e mercado e

Page 33: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

14

• Falta de mercado comprador de óleo.

No Brasil, segundo Ferreira (2009), campos marginais são principalmente campos

maduros explotados pela Petrobrás; ou ainda inativos

por questões econômicas. Após a descoberta de acumulações significativas na década

de 70 e 80 na bacia de Campos, e mais recentemente a descoberta do pré-sal nas bacias de

Santos e Espírito Santo, a Petrobrás está dando ainda menos importância aos considerados

campos de marginalidade econômica.

Segundo Schiozer (2002), os campos maduros de petróleo possuem quase sempre

reservatórios muitos bem caracterizados, ou seja, com um grau de incerteza bastante inferior

ao de campos que estão em fase de delimitação ou desenvolvimento. O volume de produção

que se espera obter desse tipo de campo é bastante inferior aos de águas profundas,

geralmente porque seus reservatórios já se encontram um tanto depletados e que, pelo fato de

serem, em sua quase totalidade, campos onshore ou em águas muito rasas, são

economicamente viáveis com volumes recuperáveis muito menores que os de águas

profundas. Além disso, campos maduros possuem um histórico financeiro e contábil que

permite avaliar com relativa facilidade a situação de sua viabilidade econômica.

Segundo a revista Oil & Gas Journal apud Zamith (2005), campos maduros têm

reservatório de petróleo e/ou gás natural após produção primária com volume entre 40% e

60% de seus recutsos in situ. A mesma fonte considera que campos marginais não estão

associados ao volume encontrado no reservatório, e sim à viabilidade ecônomica das reservas,

fazendo jus à relação entre o custo da extração de recursos e a taxa de retorno esperada,

baseando-se nas regras vigentes da legislação e estrutura fiscal.

Segundo Luczynski (2002) apud Zamith (2005), existem 3 formas de se avaliar um

campo marginal: geológica, econômica e tecnológica. Todas as três condições influenciam na

caracterização de campos marginais, onde a geologia pode dificultar sua exploração, o preço

do petróleo, por exemplo, pode tornar o projeto inviável economicamente e a recuperação do

óleo do campo marginal em questão pode necessitar de uma tecnologia mais avançada que a

disponível.

Segundo Schiozer (2002), não existe definição precisa para os termos “campo marginal”

e “campo maduro”.Campos marginais têm a recuperação do volume em reservatório próxima

do limite de viabilidade econômica, por qualquer razão técnica ou econômica. A fase de

Page 34: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

15

produção irreversivelmente declinante de um campo em produção, abaixo da viabilidade

econômica leva o nome de “campo maduro”.

Segundo ANP (2007), das 29 bacias sedimentares brasileiras, apenas oito são

atualmente produtoras de petróleo e gás natural, com reservas totais de 13,1 bilhões de barris

e reservas provadas de 9,8 bilhões de barris, dos quais 90,6 % estão em áreas marítimas e

apenas 9,4% em áreas terrestres. Segundo Prates (2004), das reservas provadas brasileiras,

86% estão concentradas em apenas 20 dos 231 campos de petróleo em produção, sendo a

maioria destes campos offshore. Quanto às reservas provadas de gás, 77% se concentram nos

20 maiores campos, dos quais três se situam na selva amazônica. Essas estatísticas são

representradas na Figura 1.

Figura 1: Distribuição de volume de reservas petrolíferas brasileiras. Modificado de ANP,

2007.

O mercado de petróleo e gás natural brasileiro, desde a quebra do monopólio da

Petrobrás com a Lei 9.478/97, é quase inteiramente voltado à produção em campos offshore,

situados principalmente na região sudeste.

A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), através de

leilões de blocos exploratórios nos anos seguintes, tem tido importante papel na abertura do

setor e consecução da auto-suficiência de petróleo. Porém, a produção de petróleo em campos

maduros e marginais acabou sendo comprometida, já que o interesse inicial era atrair grandes

empresas, geralmente as International Oil Companies (IOC's) nas primeiras rodadas, quando

a ANP concedeu blocos offshore, com grandes riscos geológicos e incompatíveis com o perfil

Page 35: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

16

das empresas de médio e pequeno porte, também chamadas de independentes. A atual

organização das empresas no Brasil é demonstrada na Figura 2.

Figura 2 – Empresas participantes no mercado brasileiro de petróleo e gás.

Fonte: Lima (2007).

Após quatro rodadas de licitação, ocorreu uma diminuição do interesse por investimento

exploratório das grandes companhias em campos de menor lucratividade, concentrando-se na

exploração dos blocos marítimos já licitados. Outrossim, as IOC´s e NOC´s não se

comprometeram na produção de petróleo e gás natural em campos de lucratividade marginal.

Este cenário seria ideal para o aparecimento de pequenas e independentes empresas de

exploração e/ou produção de óleo e gás, que teriam os benefícios de infra-estrutura montada,

de reservas quantificadas, dentre outros, para campos considerados maduros, ou seja, com

cerca de 40-60% de reservas ainda a serem produzidas, e ainda para exploração e produção

em campos marginais, com produção máxima de 500 barris por dia, segundo ANP (2003).

Os fatores que determinam a marginalidade de um campo petrolífero, segundo relatório

final do projeto Indústria de Petróleo e Gás Natural 20 (IND P&G-20), do PROMINP (2007),

são:

Page 36: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

17

• Maturidade/declínio final do perfil de produção;

• Pequena produção e/ou pequena reserva;

• Problemas técnicos associados com processos de produção;

• Ausência ou precariedade de infra-estrutura de escoamento;

• Ausência ou dificuldade de acesso a estruturas de processamento e/ou ao mercado

consumidor e

• Baixa prioridade no plano de investimento da empresa.

Segundo Schiozer (2002) apud Ferreira, D. F. et al. (2006), o desinteresse por campos

com acumulações marginais por grandes empresas (majors) deu-se em função de alguns

fatores, dentre estes: mercado; baixo volume remanescente (exaustão física), ou pequenas

dimensões; grau API muito baixo e/ou com outras propriedades do óleo que reduzem seu

valor de mercado; alta razão gás/óleo (não havia ainda um mercado para o gás natural

estabelecido); impactos dos royalties e demais participações governamentais; estágio

incipiente de desenvolvimento das pequenas empresas petrolíferas no país; falta de uma

estrutura de suporte para novos entrantes do setor (fornecedores de serviços e equipamentos

especializados, mão-de-obra especializada, estrutura para especialização e qualificação de

pessoal, etc.); dentre outros.

Para Ferreira (2009), as causas de abandono temporário ou permanente de campos em

terra pela Petrobrás são o cenário econômico, perspectiva de preços baixos, volume

recuperável baixo e alta razão gás/óleo. Campos maduros devolvidos por empresas para a

ANP, objetivo dos pequenos empreendedores, necessitam de otimização da produção diária

com a minimização das perdas. O método de recuperação e elevação introduzido no campo

pode ter fundamental importância na revitalização destes campos, porém o pequeno produtor

necessita ter acesso à tecnologia para este tipo de produção.

Há possibilidades de incremento considerável nas contribuições sociais que podem

advir de pequenas operações em campos marginais e maduros, principalmente no Nordeste do

Brasil. A instalação de serviços públicos em regiões de baixo IDH (Índice de

Desenvolvimento Humano), como bancos, estradas, correios, energia elétrica, são fatores que

poderiam justificar e contribuir para as operações nestas regiões pouco investidas no Brasil,

assim como alavancar a economia local e regional, tornando a região acessível à indústria

fornecedora.

Page 37: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

18

Além destes avanços, a mão-de-obra local seria treinada de acordo com o que as

operações de óleo e gás demandam, trazendo entre as demais conseqüências positivas, a

profissionalização de pessoas que, de outro modo, talvez nunca tivessem alguma

oportunidade, ainda mais nesta atividade tão concorrida, obtendo experiência real de campo.

Sob a forma de royalties, contribuições a proprietários de terra, dentre outros, os

municípios seriam agraciados e passariam a contar com capital disponível para se desenvolver

em outras áreas carentes de investimentos, como saúde e educação. Sendo assim, ao fim das

operações, as cidades passariam a contar com novos meios de se manter, com possibilidades

de crescimento em outros setores, dado o investimento inicial pela indústria de óleo e gás.

Ferreira (2009) especifica aspectos inerentes à realidade brasileira relacionados a gargalos

para o desenvolvimento destas pequenas empresas produtoras e exploradoras de petróleo e

gás. Incluem-se:

• Carência de um programa de pesquisa e desenvolvimento para projetos deste porte,

como elevação, tratamento de óleo, questões ambientais, entre outros;

• Mão-de-obra especializada é facilmente absorvida por grandes empresas;

• Escassez de programas de financiamento para pequenos produtores;

• Escassez de dados geofísicos e geológicos sobre as áreas arrematadas;

• Restrições ambientais, como a produção de água, que ainda tem um peso econômico

devido aos altos custos aos pequenos produtores para separação da água do óleo;

• Disponibilidade de energia elétrica;

• Carência de um mercado competitivo, pois atualmente só há um comprador de óleo das

pequenas empresas: a Petrobrás. Há possíveis meios de venda deste óleo e gás

produzidos por pequenas empresas, como a indústria petroquímica, exportação do óleo

em conjunto pelas empresas independentes ou a criação ou investimento às pequenas

refinarias através de parcerias.

Este cenário acarreta maiores riscos levando a falta de confiança de agentes

financiadores brasileiros, como o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), na

atividade petrolífera. Seria admissível a desconfiança dos investidores se se tratasse de

campos marginais como novas descobertas, mas não se relacionada a campos maduros.

Page 38: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

19

1.4. Barreiras de Entrada à Pequena Empresa Brasileira

1.4.1. Licenciamento Ambiental

Apesar das condições favoráveis de aquisição de áreas com acumulações de petróleo

marginais, pelo menos em termos contratuais, o licenciamento ambiental é uma árdua etapa a

ser vencida, se considerados os pequenos produtores entrantes no cenário brasileiro desta

atividade. A alta incidência de erros no processo de licenciamento ambiental, cometidos por

estas pequenas empresas, seja por puro desconhecimento ou pela falta de prática no processo,

acarreta a lentidão desta etapa. Por conta disso, o procedimento de licenciamento ambiental

deveria ser uma etapa com critérios e obrigações melhor definidos para os concessionários

(MACHADO, 2009).

Segundo o autor citado, no Estado da Bahia a expedição das licenças ambientais para

empresas atuantes na atividade petrolífera é de responsabilidade do CRA (Centro de Recursos

Ambientais). O CRA opera em conjunto com a Resolução CEPRAM, que aprova o Processo

de Licenciamento de Atividade de Exploração e Lavra de Jazida de Petróleo e Gás Natural em

terra no Estado da Bahia. Os atos administrativos são separados em etapas de Autorização

Ambiental, caracterizada por autorizar obras e operações que não impliquem instalações

permanentes, e, para parte dos campos, em etapa de Anuência Prévia, que é determinada pelo

órgão da Unidade de Conservação, responsável por gerir as operações ali ocorridas.

As licenças ambientais também são um ato administrativo e são classificadas por tipo

de licença, de acordo com o porte do projeto que será estabelecido, como é apresentado no

Quadro 2.

- Licença de Localização: ocorre na fase preliminar do projeto, onde é aprovada a

localização do projeto, atesta-se a viabilidade ambiental e estabelecem-se os requisitos

básicos para as próximas fases;

- Licença de Implantação: além da aprovação da instalação do projeto, inclui medidas

de controle ambiental;

- Licença de Operação: após atendimento das exigências das etapas anteriores e

estabelecimento das medidas de controle ambiental, esta é concedida;

Page 39: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

20

- Licença Simplificada: concedida para localização, implantação e operação de projetos

de micro e pequeno porte.

Quadro 2 – Tipos de licenças ambientais, segundo o porte da empresa e a profundidade do

poço.

Fonte: Machado (2009).

Segundo Machado (2009), em fase anterior à implementação de processos de licitação,

as áreas correspondentes às acumulações marginais de petróleo e gás natural foram

diretamente exploradas e não necessitavam de licença ambiental, na época, ou tiveram o prazo

de suas licenças ambientais expirado, de fato.

Praticamente todas as áreas licitadas estão nesta situação, sendo que, para as áreas

serem de fato operadas, a empresa deve esperar um processo com duração de um a dois anos

aproximadamente, sem contar os 45 a 60 dias em média para avaliação do sucesso de

reabilitação dos poços licitados pela ANP. Isso se dá pelo PTI (Programa de Trabalho Inicial),

caracterizado como um conjunto de atividades obrigatórias que a empresa licitante deve

efetuar no prazo máximo de até dois anos, em que ao menos um poço deve ser recuperado.

Este programa pode ser visualizado o Quadro 3.

Os maiores entraves ao andamento das licenças ambientais são:

- Áreas em Unidades de Conservação e/ou áreas protegidas;

- Áreas licitadas com grande passivo ambiental;

- Anuência das prefeituras municipais;

- Permissão do proprietário da terra (superficiário);

- Anuência para supressão de vegetação e outorga de água;

Page 40: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

21

- Programa pouco detalhado de intervenção nos campos;

- Contratação tardia de consultoria ambiental, entre outros.

Quadro 3 – Programa de Trabalho Inicial (PTI) para campos marginais

Fonte: Machado (2009).

1.4.2. Questões Jurídicas

Segundo Ribeiro (2006), atualmente a ANP produziu um cronograma de ações

necessárias para completar o processo licitatório especial destinado a campos com

acumulações marginais. Em etapas consecutivas, a empresa ou consórcio primeiramente deve

manifestar interesse através de uma carta de apresentação, nomear representantes

credenciados, assinar um termo de confidencialidade e selecionar as áreas de interesse.

Posteriormente deve-se pagar uma taxa de participação, de cerca de R$ 500 por área em

estudo. A ANP, em seu site, disponibiliza os valores de taxa de participação para cada setor

Page 41: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

22

das bacias selecionadas para o processo licitatório de campos de acumulações marginais,

como mostra a Tabela 2. Relatórios e dados sobre as áreas ofertadas são adquiridos, como

mapas, perfis compostos, dados de produção, entre outros.

Tabela 2 – Exemplo de áreas licitadas pela ANP

Fonte: Ribeiro (2006).

As empresas licitantes são organizadas e qualificadas com base na proposta apresentada,

incluídas as partes técnica, jurídica e financeira. Para ser definida como operadora, a empresa

deve apresentar um sumário técnico e a comprovação de capacitação técnica, relacionando o

quadro de funcionários e sumário técnico das empresas terceirizadas. A qualificação jurídica

depende da apresentação de cadeia de controle societário, estatuto ou contrato social,

compromisso de regularização do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e declaração

de pendências legais. A situação financeira da empresa também é alvo de análise, sendo que

seu patrimônio líquido deve ser no mínimo R$ 200 mil e, mesmo em consórcio, as empresas

envolvidas devem ter no mínimo R$ 50 mil de patrimônio líquido. Também são necessárias

uma referência bancária e demonstrações financeiras completas.

Para o contrato ser assinado, segundo Ribeiro (2006), devem ser respeitadas algumas

regras e critérios da licitação, como ofertas vencedoras de no máximo três áreas, garantia de

oferta (BID Bond), pagamento do bônus de assinatura, garantia financeira do PTI e garantia

de performance das subsidiárias.

Page 42: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

23

O contrato assinado tem uma duração mínima de 17 anos, separado em três etapas:

avaliação, reabilitação e produção. A primeira etapa consiste, como dito anteriormente, na

realização do PTI e ao menos um poço deve ser recuperado. Na etapa seguinte, após a

declaração de potencial comercial, a empresa licitante deve apresentar o plano de reabilitação

para a ANP.

A terceira e última etapa do contrato é a produção do poço durante período até 15 anos,

prorrogáveis, com royalties cobrados em 5% da produção bruta. Nesta etapa alguns impostos

são cobrados, como a taxa de retenção de área, cobrada anualmente em valor de R$ 108,18

por km², além de outras contribuições como o PIS (Programa de Interação Social), COFINS

(Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), aluguel e taxa do proprietário da

terra e ISS (Imposto Sobre Serviços).

1.4.3. Oferta de Campos Maduros e Marginais

Segundo Oliveira (2009), 67% dos campos brasileiros estão em terra firme (onshore)

com volume de produção modesto, com cerca de 200 mil barris diários, em relação à

produção de campos offshore, que apresentam volume aproximado de 1,8 milhões b/d (barris

diários).

Porém, desde a quebra do monopólio em 1997, alguns campos considerados não-

econômicos foram devolvidos a União, na sua maioria localizados na Bahia, Rio Grande do

Norte e Sergipe. Estes campos foram ofertados em licitações promovidas pela ANP com

intuito de atrair as pequenas empresas e alguns investidores que estivessem mais capitalizados

na época. Estas licitações ocorreram em 2005 e 2006, sendo chamadas de Sétima Rodada.

Novas empresas surgiram como Aurizônia, Petrosynergy, Severo Villares, Alvorada,

Koch e mais 30 outras. Estas empresas são designadas como independentes, caracterizadas

por ter rendimento exclusivamente originado da produção de petróleo na boca do poço,

diferentemente das grandes empresas, que ainda têm lucros provindos do refino e/ou

distribuição.

Tendo como base a empresa Aurizônia, que tinha previsão de chegar a uma produção de

300 barris diários no ano de 2009, se gasta em torno de 1,5 milhões de dólares para empregar

técnicas de extração de petróleo em campos maduros, e mais ainda em campos marginais.

Page 43: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

24

Para isto, é necessária a terceirização do serviço, fato recorrente nos Estados Unidos, onde

várias empresas de serviços dão suporte às empresas produtoras de petróleo independentes, o

que gera ainda mais renda e emprego.

Os serviços de exploração custam U$ 100 mil a US$ 500 mil e o aluguel de sondas de

perfuração e workover (serviço de completação do poço para produção) custam em média

US$ 17,5 mil por dia. Ainda é necessário avaliar net pays, ou zonas a serem avaliadas no

poço, e, a partir de testes de formação, avaliar a economicidade do reservatório. No final desta

fase já se pode ter gasto cerca de US$ 5 milhões, considerado somente um poço. Além disso,

a recuperação dos lucros somente é prevista para cinco anos após o fim da fase de avaliação.

É prática comum das pequenas empresas atualmente, como a Petrosynergy, segundo

Oliveira (2009), a contratação de profissionais aposentados da Petrobrás. A causa deste

fenômeno é a expertise que estes profissionais obtiveram em vários anos de prática na

instituição público-privada, o que lhes permitiu construir uma visão do modo operacional da

empresa estatal, orientando e ensinando a parte técnica desta atividade aos novos contratados

destas empresas independentes.

Um dos grandes problemas para as pequenas empresas independentes é a falta de

campos disponíveis, pois atualmente grande parte está sob posse da Petrobrás. No final dos

anos 90, houve uma iniciativa para se estudar a economicidade de cada um dos 282 campos

petrolíferos espalhados pelo país, na época. O objetivo desta pesquisa era a transferência de

alguns campos improdutivos pela Petrobrás para terceiros, no intuito de fortalecer o

planejamento estratégico da companhia, na época investindo em campos marítimos, sem se

preocupar com campos que não tinham rentabilidade para empresa do porte da Petrobrás.

Sendo assim, avaliou-se que 90 % das receitas da Petrobrás provinham somente de 40

campos, e 150 outros campos do montante restante eram considerados realmente

improdutivos. Grande parte dos campos descartados se localizava em Rio Grande do Norte,

Bahia, Alagoas, Sergipe e Espírito Santo. Em um acordo firmado entre a empresa americana

PetroSantander, a brasileira PerBras, o fundo de investimento Petroinvest e a própria

Petrobrás, nascia o consórcio PetroRecôncavo.

A PetroRecôncavo foi criada no intuito de se firmar um contrato de serviço com a

Petrobrás para a exploração de doze campos, e a estatal se comprometeu a comprar a

produção. A partir dali, entre 2000 e 2002, outros 33 campos foram oferecidos pela Petrobrás,

mas somente via compra. Além da PetroRecôncavo, outras empresas também adquiriram

Page 44: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

25

campos, como a empresa de transporte e logística W. Washington em associação com a

empresa Canadá BrazAlta.

Seguindo a evolução das pequenas empresas no Brasil, em 2005, segundo Oliveira

(2009), foi inaugurada a primeira (num total de duas) rodada de licitações para pequenas

empresas, dividida em duas partes: uma para blocos com risco exploratório (campos

marginais) e outra para poços desativados com acumulações provadas (campos maduros).

Todas as 17 áreas disputadas pelas 83 pequenas empresas eram desimpedidas de qualquer

intervenção pelos órgãos estaduais e pelo IBAMA, e já teriam uma infra-estrutura de

produção previamente montada.

Segundo Oliveira (2009), 16 áreas do total foram arrematadas, arrecadando para a

União 23 milhões de reais, entre bônus de assinatura e investimentos a serem realizados nos 2

anos seguintes. Na segunda licitação, que ocorreu em 2008, 14 campos foram incluídos na

licitação, sendo que onze foram arrematados. A União arrecadou cerca de 35 (trinta e cinco)

milhões de reais, entre bônus de assinatura e Programa de Trabalho Inicial, obrigatório para

realizar atividades em campos licitados pela ANP em rodadas de campos marginais.

Apesar de haver incentivos da Petrobras e do SEBRAE, as regulamentações ainda não

são muito claras e aqueles que se propõem a enfrentar tais condições, tendo como base

financiamentos de capital e equipamentos, esbarram em altas taxas e barreiras de garantia.

Bancos estatais brasileiros e agências financiadoras, como o BNDES, também tentam gerar

uma série de incentivos, através de desenvolvimento de campos de petróleo e gás natural,

gasoduto de transporte (intra e inter-regiões), expansão das malhas de distribuição de gás e

refinarias de petróleo, mas não são suficientes ao fomento do setor que consiga trazer ao

mercado expressiva quantidade de PME’s.

Em 2008, segundo ANP (2009), 8.539 poços foram responsáveis pela produção

nacional de petróleo e de gás natural, percentual de 1,7% maior que o registrado em 2007. Os

poços localizados em terra, que somam 90,9% do total, tiveram um acréscimo de 1,9% no

período. Já os poços marítimos (9,1% do total) apresentaram um decréscimo de 0,3% entre

2007 e 2008. Neste ano a produção nacional diária de petróleo (incluindo óleo cru e

condensado, porém não incluindo LGN, óleo de xisto, GLP e C5+) foi de 663 Mbo. Entre

1999 e 2008, houve um crescimento médio anual de 5,8% da produção de petróleo do País,

mantendo o Brasil como o 15º maior produtor mundial de petróleo (incluindo óleo cru,

condensado e LGN).

Page 45: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

26

Segundo dados do Anuário da ANP (2009), a relação reserva/produção (R/P) de

petróleo, que era de 20,3 anos em 1999, passou para 19,3 anos em 2008. Em média, este

índice reduziu-se a uma taxa de 0,6% ao ano no período.

A maior parte da produção nacional de petróleo (exclusive LGN) foi extraída de campos

marítimos, responsáveis por 90% do total produzido. O Estado do Rio de Janeiro respondeu

por 91,7% da produção marítima e por 82,5% da produção total nacional, apresentando

crescimento de 5,1% na sua produção de petróleo em relação ao ano anterior. No período

1999-2008, o crescimento médio anual da produção de petróleo do Rio de Janeiro foi de

6,6%.

O maior crescimento na produção de petróleo observado em 2008 foi verificado no mar

do Estado da Bahia, de quase 112%. Contrariamente, o Estado de São Paulo apresentou a

maior queda de produção em 2008 (58,4% de queda em sua produção offshore).

Em campos situados em terra, o Rio Grande do Norte teve a maior produção petrolífera

registrada, concentrando 29% da produção terrestre nacional em 2008. Entretanto, a produção

potiguar (mar e terra) representou apenas 3,4% da produção nacional.

Com referência ao LGN, em 2008 foram produzidos 31,6 milhões de barris, 2,3% a

mais que em 2007. O principal produtor foi o Estado do Rio de Janeiro, que teve produção de

17,4 milhões de barris (55,1% do total nacional), enquanto a segunda posição foi ocupada

pelo Estado de Amazonas, com produção de 7 milhões de barris (22,1% do total nacional).

Na atividade sísmica em 2008 foram executados 30,4 mil km de sísmica 2D – 37% a

menos que em 2007; e 8,3 mil km² de sísmica 3D – 62,6% a menos que no ano anterior. Em

2008, quanto aos métodos potenciais, houve o levantamento de 32,7 mil km de gravimetria e

26,3 mil km de magnetometria.

Em 2008, foram perfurados 858 poços (26,5% a mais que em 2007), sendo 688 (80,2%

do total) em terra e 170 (19,8%) em mar. A maior parte das perfurações é de poços que se

tornaram produtores (548 poços, ou 63,9% do total). O número de descobertas em 2008 foi de

63 (18,9% a mais que em 2007), sendo 45 em terra e 18 em mar. A taxa de sucesso

exploratório (percentual de descobertas pelas perfurações de poços pioneiros) foi de 49,5%

para os poços em terra (8,3% a mais que em 2007) e de 69,2% para os poços em mar (44,8% a

mais que no ano anterior).

Atrás da Petrobrás, com grande parte da produção atual de óleo nacional, a

Petrosynergy ocupa a segunda posição, com produção beirando os 700 b/d. O terceiro lugar

Page 46: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

27

fica com a W. Washington, que produz 265 barris diários de óleo. Cinco campos marginais

leiloados pela ANP (Foz do Vaza Barris, Fazenda São Paulo, Araçás Leste, Tigre e Cidade de

Aracaju) já entraram em operação e produzem cerca de 62 b/d de óleo. A menor contribuição

é da RAL, no campo de Foz do Várzea Barris, em Sergipe, com 26 barris diários.

Outros campos marginais encontravam-se em estudo entre o fim de 2007 e o início de

2008. Entre os mais cotados estavam Jiribatuba, em Camamu-Almada, operado pela Pioneira;

Sempre Viva, da Orteng, em Tucano Sul; Riacho Velho, da Gênesis, em Potiguar; Rio

Ipiranga, da Cheim, no Espírito Santo; Crejoá, da Koch, também no Espírito Santo; e Morro

do Barro, da Panergy, em Camamu-Almada.

A produção em terra vinha crescendo anualmente até o ano passado, quando houve

queda de 2,5% no volume de óleo e 9,4% no de gás. A quantidade extraída foi de 262.200 b/d

de óleo e 18,3 milhões de m³ diários de gás em 2006. Atualmente os campos terrestres

asseguram 190.000 barris diários de óleo e 17,4 milhões de m³ diários de gás (até agosto de

2007), que correspondem a 10,8% e 34,9%, respectivamente, da produção nacional.

Segundo Zamith (2005), muitas bacias sedimentares brasileiras onshore são

consideradas de fronteira, ou seja, foram pouco exploradas. Com algum esforço exploratório,

poderão proporcionar descobertas de novos campos nas atuais províncias petroleiras. Apesar

dos investimentos nos campos petrolíferos offshore de Tupi e em outros reservatórios na

camada pré-sal pela Petrobrás, ainda não é parte do planejamento da companhia liberar

campos de lucratividade marginal, que são menor importância estratégica para a estatal.

1.4.4. Tecnologia

Segundo Oliveira (2009), os chamados “cavalos de pau”, ou seja, equipamentos de

produção de campos em terra estão aumentando em número no nordeste brasileiro. Essa

evolução da extração de petróleo em campos nordestinos vem beneficiando, além dos

próprios produtores, os proprietários de terra, que recebem 1 % do lucro obtido em cada poço

aberto e em produção. Há ainda os royalties que as empresas pagam ao governo da região, de

no mínimo 5 % do total da produção.

Parte deste exemplo descreve como a empresa Aurizônia atua na bacia Potiguar, sendo

responsável pela extração de petróleo em três campos maduros, com cerca de 100 barris

Page 47: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

28

diários. Esta companhia se destaca por dispor de uma estação coletora, responsável por retirar

a água e a areia do óleo cru que provém diretamente dos poços e armazenar o óleo em tonéis

que são enviados para a refinaria mais próxima, a 180 km de distância da base da empresa, na

cidade de Guamaré. Esta refinaria, por sinal, pertence à Petrobrás.

Este problema é recorrente para as pequenas empresas independentes de petróleo, que

somente podem comercializar o petróleo produzido no Brasil com parcela menor que 1 % de

quantidade de água. Há a possibilidade da reinjeção de água nos poços para aumentar a

produtividade do poço, porém esta técnica é bastante onerosa, fator determinante para que as

pequenas companhias vendam o óleo para a Petrobrás sem qualquer tratamento. Porém a

estatal cobra US$ 10 o barril para retirar a água em suas unidades de tratamento de efluentes,

fora o custo do transporte.

Existe atualmente no Brasil, somente uma refinaria privada e considerada de pequeno

porte. A Univen Petróleo é uma refinaria fundada em 1992 em Itapeva (SP), que no ano de

2003 recebeu autorização para processar e refinar petróleos leves crus, condensado de

petróleo, nafta, entre outros. Apesar de louvável, ainda é um avanço muito pequeno para

fomentar a necessidade dos pequenos produtores na venda de petróleo produzido. Considere-

se ainda que a Univen se localiza em São Paulo, sendo que grande parte dos campos maduros

e marginais onde as pequenas empresas atuam estão localizadas no Nordeste, o que

impossibilita transporte para refino com preços mais competitivos pelas PME’s desta região.

A despeito de todo otimismo mostrado pela ANP para a produção em campos maduros

e marginais em terra, ainda há agravantes na situação dos pequenos produtores de petróleo

que os impedem de evoluir neste setor. Além de as refinarias, os meios de transporte e as

instalações pertencerem exclusivamente à Petrobrás, único cliente destas pequenas empresas,

o modelo de concessão de áreas e a condição tecnológica exigida para operar em campos

licitados pela ANP são, por vezes, assemelhados aos que regulam as grandes empresas

operadoras, como Shell e Esso. (OLIVEIRA, 2009).

Segundo a seção XXVI-A do Art. 3° do RICMS, aprovada pelo Decreto n.° 13.640 de

13 de novembro de 2007, é determinado na Subseção I que as remessas de petróleo extraído

dos poços pelos pequenos produtores devem obedecer aos requerimentos do NCMI (Nota de

Controle de Movimentação Interna). Porém a lei somente menciona as unidades de

beneficiamento da Petrobrás, e especifica com bastante rigor o volume de petróleo bruto

recebido em relação ao volume puro, isento de água e sedimentos.

Page 48: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

29

Mas a maior dificuldade para estes pequenos empreendedores é a falta de uma linha de

financiamento para os pequenos produtores de petróleo e gás natural no Brasil.

Segundo Shecaira et al. (2002), as aplicações referentes à recuperação terciária eram

todas em campos onshore, mais precisamente nos campos maduros do nordeste brasileiro. De

forma geral, entre os anos de 1969 a 2001, todas estas aplicações somente eram endereçadas à

produção em terra de petróleo e gás natural, exceto pela injeção de gás, dióxido de carbono e

fluído polimerizado. No fim dos anos 70, a injeção cíclica de vapor foi inserida no Brasil, nas

porções terrestres da bacia de Sergipe-Alagoas e Potiguar.

O método de recuperação a base da combustão foi utilizado nos campos de Buracica e

Carmópolis, situados respectivamente nas bacias do Recôncavo e Sergipe-Alagoas. Apesar

dos bons resultados, no campo de Buracica, que tinha problemas com oxidação a baixas

temperaturas, o método teve de ser interrompido devido a problemas operacionais, enquanto

que o campo de Carmópolis teve resultados poucos satisfatórios, apesar da eficiência da

combustão.

O fluido polimerizado teve sua primeira injeção em poços em 1969, no campo de

Carmópolis. Apesar da sua baixa credibilidade, houve indícios de uma recuperação de 5%

neste campo, mesmo após a interrupção do seu uso. Além deste sucesso, o custo do polímero

e a facilidade de se manuseá-lo permitiram seu uso também nos campos de Buracica e Canto

do Amaro, este localizado na bacia Potiguar. A instalação de um complexo petroquímico na

Bahia ofereceria oportunidades de injeção de gases industriais nos campos da bacia do

Recôncavo, pois geralmente estes gases são despejados e poderiam ter um preço acessível

para os projetos de recuperação terciária. (SHEICARA et al., 2002).

1.4.5. Políticas Públicas

Áreas onshore de grande dimensão brasileiras são muito pouco exploradas em relação

às bacias offshore, como a bacia de Campos. Com a crescente competição para atrair

investidores e a fragilidade do setor em relação aos ciclos econômicos, o Brasil deve

encontrar novas formas de diversificar o setor upstream de petróleo e gás natural. Para isso,

como é feito com sucesso em outros países, é necessário facilitar a introdução de um número

cada vez maior de pequenas e médias empresas nesta atividade, através de um aumento da

atratividade de suas extensas áreas sedimentares onshore.

Page 49: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

30

Uma das questões seria a fórmula de concessão de áreas exploratórias, igualmente

utilizadas tanto para áreas offshore e onshore. Apesar de funcionar bem em áreas de grande

potencial produtivo, as áreas de menor interesse, geralmente situadas em terra, sofrem com a

falta de competição.

A New Institutional Economics (NIE), baseada no trabalho de Coase (1937) apud

Zamith (2003), permitiu a criação da chamada Teoria dos Contratos. Esta teoria é baseada na

economia da informação (EI), segundo a qual, em cada contrato é esperada uma “assimetria

da informação” de uma das partes interessadas, ou seja, uma das partes obterá benefícios

maiores a partir de informações que a outra parte não detenha. A EI, a partir deste conceito, se

divide em duas frentes, Agency Theory (AT), responsável pela análise do relacionamento

entre as partes e incentivos que as agradem, e Transaction Costs Economics (TCE), dedicada

à fase posterior de execução do contrato, lidando com os custos de transação incluídos no

contrato. A TCE ainda estuda como um dos setores da indústria se comporta, segundo regras

existentes nos contratos.

As rendas econômicas (Economic Rents), segundo Hotelling (1931) apud Zamith

(2003), são a extração de um determinado recurso mineral (mineral, petróleo ou gás natural) e

que presentemente têm um custo de oportunidade (opportunity cost), sabendo-se que este

recurso não será recuperado no futuro. As Economic Rents são constituídas pela diferença

entre o preço do recurso e o seu preço marginal de produção.

A assimetria da informação, no caso brasileiro, é causada pelo acesso discrepante a

informações entre os agentes, sendo que o Estado (Principal) detém todos os dados geofísicos

e geológicos da área, estando em melhor situação para avaliar o potencial econômico da área

que está sendo concedida para atividades de E&P, enquanto as empresas (Agents) pouco ou

nada têm de informação. Após arrematar uma área em um bloco exploratório o Agent

(empresa licitante) passa a deter todo o acesso às informações que adquirir, porém existem

mecanismos na legislação brasileira que ainda assim permitem que o Estado obtenha qualquer

nova informação em relação à área explorada. Dentro desta realidade, na negociação entre as

partes do contrato, a análise do tempo, o cronograma e os custos envolvidos na produção

tornam-se uma barreira para a assinatura.

Na área de petróleo e gás, regulações e leis de cada país dependem da organização

destes agentes reguladores. No Brasil, onde o Estado (Principal) tem posse por direito de

todos os recursos disponíveis para exploração de óleo e gás natural, este mesmo Estado tem o

objetivo principal e compromisso constitucional e social de maximizar o valor econômico,

Page 50: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

31

regulando as atividades sobre estes recursos. Os agentes desta organização econômica são as

empresas (Agents), que têm como objetivo maximizar o retorno de seus investimentos.

A ANP é classificada como o Principal e garante acesso a áreas específicas aos Agents.

A Petrobrás, apesar de ser considerada uma empresa pública, opera como um Agent, podendo

a interação Principal-Agent gerar conflitos de interesse, principalmente na busca por

investidores, quando estes se associam à Petrobrás. O estabelecimento das áreas de concessão

de blocos exploratórios é inteiramente definido pela ANP, assim como os critérios de

participação nos leilões. Os vencedores destes são apresentados pela mesma opção de

contrato, a despeito do potencial e risco de cada área. Todos os contratos cobrem todas as

etapas, desde a exploração até o abandono, e as taxas empregadas sobre os Agents têm cálculo

e parâmetros estipulados no grau de risco que o Estado determina (Decreto Presidencial n°

2705, de 3 de Agosto de 1998 apud Zamith, 2003).

Estas características diminuem bastante o campo de negociação entre a empresa

exploradora e a ANP, além de elevar em muito o custo de produção em uma área que não

possa ser considerada lucrativa, nestes termos. Segundo Zamith (2003), há iniciativas mais

interessantes em outros países voltadas para melhor aproveitar áreas menos exploradas e

assim elevar a competição entre os Agents.

No Texas, Estados Unidos, informações geológicas sobre a área, assim como o direito

de exploração das mesmas são concedidas às empresas (Agents) sem nenhum leilão ou

pagamento para o Estado. Somente após encontrar evidências de óleo e gás, o bidding (leilão)

é promovido, sendo que o governo também participa em iguais condições com as empresas

(Agents), porém a empresa exploradora tem uma vantagem sobre os demais. Contudo, caso

tenha usufruído de incentivos públicos para exploração, e decida continuar as atividades nesta

área, a empresa seria obrigada a ressarcir o governo pelo investimento inicial.

Segundo estudos da Bain et al, 2009, com base em análises de experiências em países

como Noruega, Reino Unido México e Indonésia voltados a avaliar e conhecer os fatores

preponderantes para o sucesso obtido no desenvolvimento do setor de Petróleo e Gás Natural

nestes países. Segundo Porter, 2007 apud Bain et al, 2009, o modelo e conceito cluster é

necessário para explicar estas experiências, caracterizado por agregação de incentivos,

incluindo-se:

• Empresas da cadeia de valor;

• Fornecedores de matéria-prima, insumos e serviços;

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32

• Clientes e consumidores;

• Instituição de pesquisa e ensino e

• Instituições, órgãos governamentais e agências relacionadas ao setor, geralmente na

mesma área geográfica.

São fatores determinantes ao desenvolvimento de um cluster: Estrutura,

Desenvolvimento da cadeia de valor, Geração e transferência de conhecimento e Fatores

humanos, assim como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Os quatro fatores mais determinantes para a evolução do setor

petrolífero de um país.

Fonte: Bain et al, 2009

Os quatro fatores para desenvolvimento do setor petrolífero de um país são aplicados à

caracterização do caso brasileiro e somente haveria efetivamente mudanças na Estrutura e na

Cadeia de Valor, sendo o Conhecimento e Recursos Humanos ignorados.

Ainda segundo o referido estudo, a estrutura é determinante em termos físicos e

institucionais, como disponibilização de infra-estrutura de transporte, comunicações, energia,

entre outros. O autor cita o caso de Bangalore, na Índia, onde as telecomunicações foram alvo

de muitos investimentos em que o conhecimento é necessário para ambientação às severas

condições de competitividade nos anos conseguintes, tal como em uma atividade como a

exploração de petróleo e gás natural.

A China é usada como exemplo para formação de profissionais. Em período pós-

revolução cultural, investiu maciçamente no fator humano, que atualmente é responsável pelo

crescente desenvolvimento do país.

Page 52: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

33

Já a cadeia de valor, uma forma ampla destes fatores, teria como objetivo sua

densificação em uma porção geográfica, como ocorre, segundo Bain et al., 2009, em

Camaçari, na Bahia, onde existe um pólo Industrial da Ford.

O que de fato viabiliza mudanças profundas nos fatores enunciados anteriormente são as

políticas públicas, caracterizadas pela Legislação e Regulamentação, que definem o

arcabouço legal, fiscal e econômico da atividade petroleira, tendo o Poder Executivo como

elemento principal para a sua formulação e implementação.

Linhas de Financiamento se fazem necessárias para fomentar as iniciativas voltadas

para o desenvolvimento destes fatores, tais como subsídios do Estado para incentivar bancos a

investir em empreendimentos voltados à exploração e produção de petróleo. Mesmo o Estado

pode investir propriamente, no intuito de se formar massa crítica no cluster. A Figura 4

explicita o papel e exemplo de cada política pública, cabível à implementação de tais políticas

públicas, voltadas ao ingresso de PME’s no mercado de petróleo e gás.

Figura 4 – Função de cada política pública de investimento em exploração e

produção de petróleo e gás natural.

Fonte: Bain et al, 2009

Segundo Bain et al, 2009, somente cinco países tiveram desenvolvimento maior no

setor de petróleo e gás natural em relação aos países estudados: Noruega, Coréia do Sul,

Reino Unido, México e Indonésia. Estes países apresentam modelos que têm relevância e

possibilidade para aplicação no caso brasileiro. Abaixo estão caracterizadas nove políticas

Page 53: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

34

públicas aplicadas no desenvolvimento, inseridas e aliadas aos quatro fatores competitivos

caracterizados anteriormente, que poderiam ser implementadas no Brasil:

o Estrutura

- Política 1: consolidação de arcabouço institucional para o setor;

- Política 2: implantação de infra-estrutura física.

o Cadeia de valor

- Política 3: participação estatal em empresa(s) para acelerar a formação de massa crítica setorial;

- Política 4: incentivo à utilização ou obrigatoriedade de uso de conteúdo local;

- Política 5: incentivo à concentração geográfica das empresas integrantes do cluster;

- Política 6: incentivo à exportação e à internacionalização.

o Conhecimento

- Política 7: incentivo à transferência de conhecimento ou obrigatoriedade dessa transferência;

- Política 8: incentivo ao investimento em programas de pesquisa e desenvolvimento, voltados para tecnologias e processos específicos do cluster.

o Recursos Humanos

- Política 9: incentivo ao estabelecimento de programas de formação e capacitação de recursos humanos, tanto no nível médio quanto no superior.

Dentre os países estudados, Noruega e Coréia do Sul são colocados como os maiores

exemplos de sucesso entre os países citados e chegaram a um elevado nível de

desenvolvimento de seus clusters, denotados pelo destaque alcançado de suas empresas no

cenário mundial. O Reino Unido, apesar do maior desenvolvimento inicial de seu cluster, não

obteve o sucesso contundente como o alcançado por estes dois países.

México e Indonésia não conseguiram desenvolvimento de seus clusters, tendo o

desenvolvimento setorial concentrado nas suas NOC´s, PEMEX e PERTAMINA,

respectivamente, apesar de terem obtido acumulações maiores de hidrocarbonetos em relação

Page 54: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

35

aos países citados, Noruega e Coréia do Sul. A Figura 5 denota as políticas necessárias e o

resultado obtido de cada país no desenvolvimento do setor petrolífero.

Figura 5 – Situação de países considerados líderes na exploração de petróleo e gás natural,

correlacionando-os com os fatores que determinam evolução do setor petrolífero de um país.

Fonte: Bain et al, 2009

1.4.6. Incentivos

Segundo estudos de Bain et al, 2009, ANP, PROMINP e PAC (Programa de Aceleração

do Desenvolvimento) são considerados estrutura de suporte para o cluster brasileiro se

desenvolver, partindo da estruturação básica da qual Petrobrás e MME (Ministério de Minas e

Energias) faziam parte.

O PAC, divulgado em 2007, é caracterizado pelo financiamento em infra-estrutura,

incremento de crédito e investimento, desoneração e melhoria de sistema tributário, adoção de

medidas fiscais a longo prazo e proposição de mudanças regulatórias, entre outras iniciativas.

Além disso, detemos como grande diferencial o conhecimento técnico e estratégico provindo

da Petrobrás, que fomenta as entidades mencionadas, assim como o IBP (Instituto Brasileiro

de Petróleo), ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), entre outras.

Na cadeia de valor, segundo demonstra o estudo citado, ocorre uma grande evolução

mostrada a partir do PROMINP, na Figura 6. Infelizmente estes avanços não transmitem a

realidade em relação à estrutura petrolífera brasileira, apresentando alguns gargalos, como a

restrição da oferta de serviços de certificação de bens e serviços brasileiros e o ponto de

Page 55: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

36

saturação atual da capacidade de oferta de serviços da atividade petroleira em geral no Brasil.

Apesar dos resultados positivos, existe uma dificuldade na aplicação do conceito, devido à

falta de quantidade suficiente de empresas certificadoras do conteúdo local e a complexidade

do processo de certificação.

Segundo Bain et al, 2009, caso não haja um investimento no parque industrial

brasileiro, não haverá possibilidade de sustentar a produção petrolífera crescente, atualmente

no Brasil. Mesmo a produção do “pré-sal” pode ser afetada. Como exemplo, cita-se que, em

2008, estaleiros brasileiros desistiram de participar das licitações abertas pela Petrobrás para

participarem da construção de doze sondas marítimas, formando-se um gargalo produtivo.

Figura 6 – Evolução do PROMINP.

Fonte: Bain et al, 2009

Houve igualmente incentivos a partir do PROMINP, onde dois programas se basearam

na inserção de empresas locais no mercado brasileiro de petróleo e gás natural, passando

desde a implantação de projetos-pilotos em 11 estados, como Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro,

entre outros, à qualificação de 2.027 empresas.

O REPETRO, regime aduaneiro especial de exportação e importação de bens destinados

às pesquisas e lavra de jazidas de petróleo e gás natural, foi instituído pelo Decreto

n°4.543/02. Este regime permite a importação de equipamentos específicos, para serem

utilizados diretamente nas atividades de pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural,

sem a incidência dos tributos federais – II, IPI, PIS e COFINS, além do adicional de frete para

Page 56: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

37

renovação da marinha mercante – AFRMM. Estes tributos permanecem com sua exigibilidade

suspensa pelo período de utilização no regime, tendo sua extinção prevista no caso de re-

exportação dos equipamentos admitidos no regime.

O REPETRO é aplicável aos bens constantes do anexo único da Instrução Normativa

RFB 844. Também pode ser aplicável a máquinas e equipamentos sobressalentes,

ferramentas, aparelhos e a outras partes e peças, todas destinadas a garantir a operacionalidade

dos bens do anexo único, salvamento, prevenção de acidentes e combate a incêndios e

proteção ao meio ambiente, desde que sua utilização esteja diretamente relacionada com as

atividades de pesquisa e lavra de petróleo e gás natural.

Empresas detentoras de concessão ou autorização, nos termos da Lei nº 9.478, de 6 de

agosto de 1997, para exercer, no País, as atividades de que trata o art. 1º são permitidas ao uso

do regime aduaneiro especial.

As principais características do REPETRO são:

• Não tributação das entradas dos equipamentos admitidos no regime, apesar de

serem utilizado em atividades econômicas;

• Possibilidade de receber e transferir bens para outros regimes aduaneiros

especiais;

• Utilização Compartilhada de bens;

• Exportação sem saída do território aduaneiro;

• Importação sob o regime de drawback de matérias primas, produtos semi-

elaborados e partes ou peças destinados à fabricação de bens objeto do REPETRO para

posterior submissão ao procedimento de exportação ficta.

O REPETRO se aplica a:

• Embarcações destinadas às atividades de pesquisa e produção ou destinadas ao apoio e

estocagem;

• Máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e equipamentos destinados às

atividades de pesquisa e produção;

• Plataformas de perfuração e produção de petróleo ou gás natural, bem como as

destinadas ao apoio nas referidas atividades;

• Veículos montados com máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e

equipamentos destinados às atividades de pesquisa e produção;

Page 57: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

38

• Estruturas especialmente concebidas para suportar plataformas;

Segundo Bain et al. 2009, foram muitas as conquistas da Petrobrás, através do CENPES

(Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello). Há também o

Programa de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia e Formação de Recursos Humanos –

CTC. Mesmo com estas iniciativas, afora o CENPES, há somente, em termos da formação de

capital intelectual competitivo, o PROMINP e o Programa de Recursos Humanos (PRH),

capitaneado pela ANP.

Mesmo considerada tal iniciativa, segundo o referido estudo, é observado que ainda há

um peso estrutural sobre a Petrobrás, que, mesmo após o fim do monopólio, é praticamente a

única responsável pelo desenvolvimento da indústria local e de seus fornecedores, em

investimentos diretos em refino, petroquímica e distribuição ou à frente de programas como o

PROMINP.

Também seria interessante um incentivo especial para áreas onshore, como já é feito em

outros países, na tentativa de desenvolver a produção de óleo e gás na área explorada, ou

mesmo incentivar programa exploratório adicional para a mesma área ou para brown fields

(Acumulação de petróleo ou gás que atingiu o estágio de maturidade ou mesmo um estagio

progressivo de produção declinante).

A capacidade de produção de uma área em um bloco exploratório poderia flexibilizar a

cobrança de royalties pagos pelos Agents, amplamente usados atualmente nas relações

Principal-Agents, através de negociação. Casos como no Canadá mostram as taxas de

royalties compatíveis com os níveis de produção de cada poço e, respeitando a produtividade,

lucratividade e dividindo os riscos de cada locação. Gradualmente estas taxas aumentam de

forma que, em campos de alta lucratividade, o governo retém uma government take mais

significativa. Segundo Zamith (2003), na província de Alberta, Canadá, também é utilizado,

assim como em outros países, o royalty holiday, caracterizado pelo adiamento do pagamento

deste tributo para um novo poço produtivo, no intuito de a pequena empresa favorecida poder

acelerar o desenvolvimento e produção deste poço antes de passar a contribuir .

Para o crescimento da atividade petrolífera em terra, a ANP deve ter seu plano de ação

ampliado, atuando como um fator indutor e facilitador. A taxa de royalties atualmente

mantém-se em 10% da produção, porém se torna uma barreira de entrada para a lucratividade.

Por outro lado, o acesso aos dados geológicos, somente disponível após a concessão da área

em licitação ou sob taxas, aumenta ainda mais o risco para o investidor. O Estado deveria

Page 58: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

39

considerar os dados geológicos como um bem público, para que o produtor pudesse inferir

melhor o potencial de reservas recuperáveis e assim ter uma disposição maior para investir.

(ZAMITH, 2003)

Segundo ANP (2006), o Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), onde são

devidamente arquivados dados de sísmica, perfilagem de poços e dados de campo potenciais,

é a fonte de dados geológicos para estudos efetuados em solo nacional. Inaugurado em 2000,

este modelo de banco de dados é baseado no utilizado pela Noruega e, no Brasil, a ANP tem a

atribuição legal de administrar estes dados. A CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos

Minerais) também foi indicada como responsável pela salvaguarda destes dados geológicos

posteriormente. O DPI (direito de propriedade intelectual) reserva-se estritamente ao Estado

Brasileiro, restando apenas às empresas usufruir de seu uso limitado por contrato efetuado

com a ANP ao explorar e produzir óleo e gás nas áreas destinadas pelas licitações. Estes

dados são recebidos pelos operadores e concedidos como dados públicos às empresas e

universidades. Somente a ANP tem acesso a dados sigilosos.

Segundo ANP (2006), atualmente é necessário ser associado ao BDEP para ter acesso

aos dados sobre a área explorada/produzida, sendo que é necessária a assinatura de um termo

de uso. Para ter acesso a estes dados, a empresa interessada deve desembolsar entre R$10

(dez) mil a 40 mil para obter um pacote de dados básicos de uma área, com adicionais R$200

a 6 (seis) mil para outros serviços, como gravimetria e magnetometria da área.

Somente empresas de grande porte, como BP, Shell, Exxon (Esso), Devon, PGS,

Statoil, Hess, entre outras, além da própria Petrobrás, são associadas ao BDEP. Pequenas

empresas, que teriam um grande interesse e vantagem essencial na exploração e produção de

campos maduros acabam tendo acesso limitado a um bem de enorme importância em para

avaliação de reservas de óleo e gás, tornando esta atividade ainda mais dificultada para estes

pequenos produtores.

Os custos de produção, o potencial de reservas recuperáveis e os riscos exploratórios

associados, elementos importantes de competitividade entre empresas e países produtores de

óleo e gás natural, são uma incógnita na atual situação de extensas bacias sedimentares

onshore brasileiras.

Page 59: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

40

2. EXPERIÊNCIAS DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Grande parte dos campos maduros e marginais brasileiros de óleo e gás natural se situa

no Recôncavo baiano, que hoje produz 50.000 barris de óleo por dia. Apesar de sua

produtividade estar decrescendo, recompletações, restaurações, estimulação de poços,

projetos de recuperação secundária (injeção de água e gás), projetos de adensamento de

malha, novos métodos especiais de recuperação e avaliação de reservas são medidas que

podem ser empregadas e assim prolongar a competitividade da bacia do Recôncavo diante das

demais brasileiras, através de empresas produtoras de pequeno e médio porte.

Em entrevista realizada em 15 de março de 2006, pelo Jornal do Commercio, o ex-

presidente da ANP, Sebastião do Rego Barros, defendeu a disponibilidade de recursos para o

desenvolvimento das pesquisas geológicas e geofísicas que estão previstas pela legislação e a

conseqüente disposição de áreas consideradas marginais sob posse da Petrobrás, que seriam

de grande valor para o aparecimento de pequenas e médias empresas. Barros afirmou que “a

indústria do petróleo está começando no Brasil”, onde existem muitas grandes empresas, mas

faltam pequenas empresas. Ele referiu-se ainda aos modelos canadense e norte-americano de

financiamento para pequenas empresas. Apesar da legislação atrasada, de muita burocracia,

da justiça lenta e de um sistema desfavorável, do ponto de vista político e econômico,

considera o Brasil um país seguro para investimentos.

A edição no 270 da Revista Petro & Química (2005) detalha a situação e a dificuldade

para o surgimento de produtores independentes brasileiros. Nesta edição, analisando

experiências no Texas, Oklahoma e Kansas, nos Estados Unidos, e Alberta, no Canadá, a

revista critica o modelo brasileiro de aquisição de áreas, sugerindo um modelo de ambiente de

livre negociação e a incumbência do Estado ou da Província para a legislação sobre as

condições de aquisição, além da concessão de alívio na tributação de pequenos produtores. No

caso do Texas, empresas pequenas no ramo de petróleo e gás, com produção de 10 barris por

dia, têm isenção de impostos e garantia de compra de óleo pelo governo. As linhas de crédito

também são discutidas, revelando o desconhecimento das entidades financeiras nesta

atividade e explicitando como a própria Petrobrás busca recursos em agências financiadoras

estrangeiras. A questão ambiental relata o problema do abandono de poços por estas

companhias, que teriam que pagar o passivo ambiental acumulado durante todos os anos de

produção em uma época em que o poço já não apresentava mais receita.

Page 60: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

41

Hoje no Brasil, segundo o relatório do projeto do PROMINP, o IND P&G-1, os grandes

investidores do mercado brasileiro são os diversos fundos financeiros e, especialmente, os

fundos de pensão e as carteiras técnicas das seguradoras que delineiam as atividades de

financiamento, caracterizadas por:

• Concessão de capital de giro, através de empréstimos bancários;

• Oferta de crédito restrita pelas regulamentações do Banco Central e Acordo de Basiléia;

• Empréstimos de curto prazo com vencimentos descasados dos prazos dos contratos;

• Preponderância na análise da situação cadastral da empresa;

• Negociações caso a caso, sujeitas à disponibilidade de linha de crédito do tomador e da

instituição financeira;

• Negociações one-on-one limitando a competição entre as instituições financeiras, em

detrimento da relação tomador - fornecedor.

Diferentemente, em países desenvolvidos, como Canadá e Estados Unidos, as operações

financeiras são ditadas por regras muito mais interessantes para os pequenos produtores,

como:

• Acesso a Capital de giro, via mercantil, através de uma estrutura de mitigação de riscos.

• Oferta de recursos financeiros, substancialmente ampliada através do Mercado de

Capitais.

• Operações de longo prazo, com liquidações casadas com os prazos dos contratos.

• Preponderância na análise do contrato mercantil de fornecimento

• Estrutura centralizada permitindo acesso, no momento necessário, a todo mercado de

capitais.

• Redução do custo financeiro através de leilões dos contratos junto a fundos de

Investimentos.

Page 61: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

42

2.1. Experiências de Pequenas Empresas nos Estados Unidos e Canadá

2.1.1. Estados Unidos

Desde a descoberta do campo gigante de Spidleton (1901), a política conservacionista e

centralista do setor petrolífero texano foi o fator fundamental para a sustentação e alta

competitividade desse mercado, mesmo após o esgotamento de suas maiores reservas. Isso

pode ser explicado através da organização contratual e institucional das atividades onshore,

que são reguladas pelo Bureau of Land Management, que faz parte do U.S. Department of

Interior para áreas onshore em território federal americano e o General Land Office,

responsável por gerir áreas estaduais do Texas (ZAMITH, 2005).

A evolução da regulação na indústria do petróleo texano visou inicialmente o

desenvolvimento e a sustentabilidade a longo prazo, e até hoje mantém seu dinamismo e

competitividade de empresas de pequeno e médio porte.

O principal agente que permite, até hoje, essas características do mercado petroleiro

texano é a Texas Railroad Commission (TRC), responsável por conservação dos recursos,

desenvolvimento das atividades, proporcionalidade entre oferta e demanda, manutenção dos

direitos do produtor, pagamento dos royalties e a unitização (pooling), que se referem à ação

contígua de duas empresas sobre um mesmo campo de petróleo.

Antes de 1995, as alíquotas de royalties nos Estados Unidos eram cobradas em 20%

(um quinto) para campos onshore, 16,67% (um sexto) para campos offshore com lâmina

d’água de até 400m e 12,5% (um oitavo) para campos offshore com lâmina d’água superior a

400m, sendo dedutíveis do imposto os custos de transporte, chamados TPA (Transportation

and Processing Allowances).

Segundo Rodrigues (2007), nos anos de 1995 e 1998 foram editadas leis de alívio de

royalties para campos em águas profundas e campos maduros, respectivamente. Em relação à

redução dos royalties em campos maduros, blocos com produção inferior a 100 barris por dia

nos doze meses anteriores são considerados não-econômicos, sendo que os royalties pagos

nestes doze meses de qualificação excedem 75% da receita líquida.

Também são deliberados créditos por utilização de técnicas avançadas de recuperação

de óleo e por colocar em produção poços temporariamente ou permanentemente abandonados,

opção para capitalizar bônus de aquisição de Leases (concessão de terra para extração do

Page 62: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

43

óleo) como adiantamento de royalties, como deferimento de aluguel de áreas para fins de

dedução do imposto a pagar, além de dilatação de prazos para créditos disponibilizados, com

juros subsidiados.

De acordo com pesquisa realizada em 1998 pela IPAA - Independent Petroleum

Association of America, as empresas independentes, presentes em 33 estados dos EUA, são

responsáveis por aproximadamente 85% das perfurações de poços de petróleo do país.

(ZAMITH op. cit.).

Comparativamente, há aproximadamente 23 mil poços abertos no Brasil em seus 60

anos de história na atividade, seja pela estatal ou pela iniciativa privada. Os Estados Unidos,

com um século de extração e produção de campos de petróleo, principalmente no Texas, já

contam cerca de 4,5 milhões de poços perfurados, com uma expressiva média de 30 mil poços

por ano. Atualmente, mesmo com a produção declinando, as empresas independentes de

petróleo dos Estados Unidos, têm participação de cerca de 82% da produção de gás natural e

65 % na produção de petróleo no país, segundo dados da IPAA (Associação Americana de

Produtores Independentes).Ainda a Argentina, que não pode ser considerada como um país

grande produtor de petróleo, tem mais poços perfurados que o Brasil no ano de 2008. A

Rússia, que, diferentemente da Argentina, é um destaque no cenário mundial de produção de

petróleo, ocupa a segunda colocação e perfura poços em quantidade muito maior que o Brasil.

Segundo Vieira et. al. (2009), no início do século 21, os Estados Unidos elaboraram

novas técnicas de financiamento, denominadas operações "ABC". Estas operações

envolveram uma forma de contrato pré-venda e foram amplamente utilizadas por pequenos

proprietários de jazidas de petróleo. Esses produtores (A), sem capacidade financeira para o

desenvolvimento de projetos, solicitavam aos bancos (B) um capital de empréstimo que tinha

como garantia o fluxo de receitas da venda futura do óleo para um comprador (C). Assim, a

garantia do empréstimo passava a ser o fluxo de caixa futuro do projeto. A Figura 7 apresenta

o organograma de agentes no setor de petróleo norte-americano.

A IPAA estimou uma composição média de capital destas empresas independentes

americanas, em que 36,2 % eram provenientes de recursos próprios, 28% de bancos e 20,3 %

de investidores externos. Segundo Rodrigues (2007), algumas empresas têm parte de seu

investimento aplicado publicamente, predominantemente na NYSE (New York Stock

Exchange), seguida da NASDAQ (National Association of Securities Dealers Automated

Quotations) e do AMEX (American Stock Exchange).

Page 63: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

44

De acordo com Prates (2004), a composição típica da estrutura de produção destas

empresas é de 50 poços de petróleo e 30 de gás, e os projetos costumam variar de US$

100.000 até US$ 50.000.000.

Figura 7: Organograma de agentes no setor de petróleo norte-americano. Modificado de

PRMS (2007).

A sobrevivência hoje destas empresas, apesar do declínio da produção, instabilidade de

preços e ameaça das fusões, tem-se baseado no aumento de sinergias, ganhos de escala e

redução de custos. Produtores norte-americanos investiram em E&P cerca de US$ 52,9

bilhões em 2004. Neste mesmo ano foram perfurados 36.321 poços, muito mais que o número

de poços perfurados em toda a história petrolífera brasileira.

Um grande número de companhias independentes se especializou em atividades de

revitalização e retomada de poços abandonados por majors do petróleo, incorporando

tecnologia de recuperação (secundária e terciária), fornecimento de equipamentos e serviços

sofisticados de alta tecnologia, e algumas destas companhias se consolidaram. Já existe uma

tendência para que empresas com certa experiência no setor passem a expandir seus negócios

para fora dos domínios territoriais norte-americanos, com mercados abertos no Canadá e

América do Sul.

Algumas das técnicas atualmente e abertamente utilizadas, segundo Prates (2004), são

as sísmicas 3D e 4D para caracterização de reservatórios, perfuração de longo alcance lateral,

horizontal e multilateral e as conhecidas etapas de recuperação.

Page 64: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

45

2.1.2. Canadá

De acordo com o CAPP (Associação Canadense de Produtores de Petróleo), o Canadá é

o oitavo maior produtor de petróleo do mundo e produz mais petróleo do que a maioria dos

membros da OPEP, incluindo o Kuwait, Venezuela, Nigéria e Emirados Árabes Unidos.

Reservas petrolíferas de Alberta são os responsáveis maiores, com variação na faixa

compreendida entre 175 a 179 Gbo (bilhão de barris de óleo).

Segundo a Revista Fator Brasil (2006), o Canadá é o terceiro maior produtor mundial de

gás natural, depois da Rússia e dos EUA, oitavo maior produtor mundial de petróleo, depois

da Rússia, Arábia Saudita, EUA, Iran, China, México e Noruega e tem a possibilidade de, em

2015, obter a quarta posição. Seguido da Arábia Saudita, o Canadá está em segundo no

ranking global de reservas de petróleo, se incluir os 175 bilhões de barris das reservas de areia

oleífera.

Segundo ANP (2009), as reservas provadas mundiais de petróleo atingiram a marca de

1,3 trilhão de barris em 2008, sendo que as reservas provadas no Oriente Médio têm cerca de

60% do volume mundial, cerca de 754 bilhões de barris. O Canadá tem 28,6 Gbo em reservas

provadas, grande parte situada na província de Alberta, no Canadá. Apesar de obter um

número reduzido de reservas em relação a potências como a Arábia Saudita, com cerca de

264,2 Gbo de reservas provadas, em 2008 o Canadá foi o quinto colocado em relação a

produção de petróleo, com aproximadamente três milhões b/d, como mostra a Tabela 3.

O potencial de Alberta para a exploração de gás natural está estimado em 268.000 Gm³,

incluindo 167.000 Gm³ de gás natural a partir do carvão. Alberta produz 1,8 MMbod - quase

70% do total que o Canadá consegue produzir, algo em torno de 2,6 MMbod. Alberta também

produz 130 Gm³ de gás natural por ano, representando quase 80% da produção total do

Canadá.

Em 2005, foram perfurados 25.000 poços no Canadá, sendo a maior parte localizada na

sua região oeste, na bacia sedimentar da província de Alberta, parte das províncias de

Colúmbia Britânica, Saskatchewan, Manitoba e dos territórios do Noroeste. Grande parte dos

depósitos de areia oleífera do Canadá é proveniente do norte de Alberta, no campo de

Athabasca, considerado o maior do mundo.

Page 65: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

46

Tabela 3: Reservas Provadas de petróleo mundiais

Países Reservas Provadas de Petróleo

(Gbo)

Produção de Petróleo

(1000 barris/dia)

Brasil 12,8 1.899

Venezuela 99,4 2.566

Argentina 2,6 682

Canadá 28,6 3.238

Estados Unidos 30,5 6.736

Arábia Saudita 264,2 10.846

Rússia 79,0 9.886

Irã 137,6 4.325

Fonte: ANP (2009)

As empresas canadenses são conhecidas mundialmente por seus equipamentos e

serviços de óleo e gás, fornecidos por cerca de 2.300 empresas, com um total de 55.000

funcionários. Essas empresas contam com experiência mundial no fornecimento de diversos

equipamentos, tecnologias e serviços em terra, entre eles:

- Sondas e tecnologia de perfuração;

- Fabricação de maquinário de campo;

- Instalações de mineração e produção;

- Equipamentos de prospecção geofísica;

- Equipamentos de comunicação;

- Engenharia e gestão de projetos e

- Dutovias.

Esta tecnologia possibilitou a liderança do Canadá em operações onshore através da

extração de óleo pesado, areias betuminosas, tecnologias de recuperação de óleo leve e

geofísica avançada. Em particular, essas empresas canadenses destacam-se como inovadoras

em tecnologia sísmica 3-D e 4-D. Essas empresas possuem um amplo leque de capacidades e

Page 66: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

47

conhecimento em análises de reservatórios, recuperação de petróleo e operações de

perfuração, dispondo de diversos produtos para exploração e produção.

O Canadá investe bilhões de dólares em pesquisa extensiva nas áreas de recuperação de

óleo bruto, refino e modernização; otimização de dutovias; processos petroquímicos e gestão

ambiental, além de oferecer diversas oportunidades de educação e formação de profissionais

para o setor de óleo e gás, desde programas técnicos para iniciantes até treinamentos

especializados nas mais novas tecnologias para profissionais experientes que atuam na

indústria. Essa iniciativa nacional conta com a participação de instituições de pesquisa e

educacionais, associações, governos, consórcios e empresas.

Seis décadas de atividade de exploração e conseqüente desenvolvimento tornaram a

província de Alberta uma das províncias mais prósperas do Canadá, com uma das taxas mais

elevadas de crescimento econômico no país. Os benefícios incluem:

• Pagamentos para as Províncias pelo Tesouro - U$ 45 bilhões em 2001/2002 a

2005/2006, ano fiscal;

• Investimentos anuais de capital para explorar e desenvolver os recursos de petróleo;

• Investimentos em tecnologia, ciência e investigação;

• Força de trabalho cada vez mais qualificada;

• Bolsas e oportunidades de formação;

• Crescimento econômico e criação de novas empresas.

O Government take (arrecadação do governo através de taxas e impostos), de acordo

com o CAPP, é bastante significativo, apesar da “facilidade” concedida aos pequenos

produtores de petróleo e gás natural, tendo em vista os investimentos, especialmente em

projetos de areias betuminosas.

A principal iniciativa implementada pelo governo canadense para suas respectivas

províncias é o recolhimento de somente 1% de royalties, principalmente quando os projetos

estão em fase de exploração e/ou início de produção, fases estas em que as despesas superam

ou rivalizam muito com as receitas e lucros que ainda não estão sendo gerados. A partir do

momento em que os custos são totalmente recuperados, o governo da província começa a

recolher 25% de royalties. A mudança destas etapas pode vir a se delongar por um prazo

Page 67: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

48

médio de três anos, o que desonera os pequenos produtores, haja vista o recebimento de

incentivo inicial, como ilustrado na Figura 8.

Figura 8: Modelo de Fluxo de Caixa de empresa canadense, em que um alívio de royalties é

concedido nos primeiros anos.

Fonte: Weygandt, N. & Zamastsyanin, E. 2008

Page 68: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

49

3. MODELOS DE RESERVAS PETROLÍFERAS

Segundo Moreira et al. (2006), vários estudos ao longo dos anos têm discutido a

terminologia utilizada na classificação das reservas de petróleo das empresas produtoras de

óleo e gás, sendo que este bem desperta o interesse da economia mundial por ser uma das

maiores fontes de energia do mundo.

Para evitar que cada empresa adote seus próprios critérios sem uma base sólida de

conceitos, terminologias e classificações, entidades como a SEC e a SPE estudam uma

maneira de classificar, avaliar e reportar as reservas de petróleo de maneira uniformizada,

com diversas tentativas de se padronizar a terminologia de reservas desde a década de 30.

Os avanços tecnológicos na área de exploração de petróleo e gás permitiram métodos de

avaliação de reservas cada vez mais precisos, aumentando a necessidade de uma

nomenclatura consistente de quantificação, avaliação e certificação de reservas.

A SPE e o WPC estudaram de forma independente as reservas de petróleo, e em 1997,

coincidentemente, criaram semelhantes conjuntos de definições para as reservas. Atualmente,

trabalhando juntas, as definições de ambas a entidades foram combinadas em um único

sistema, que poderia ser utilizado pela indústria mundialmente, com resultados mais

satisfatórios quanto ao critério de mensuração.

Apesar deste esforço, a SEC possuia força de Lei e a autoridade para determinar o

tratamento contábil que deve ser dado às reservas de petróleo. Em 1978, de acordo com as leis

de mercado de títulos e a Lei de Política e Conservação de Energia de 1975, a SEC emitiu o

Regulamento S-X (Accounting Rules – Formand Content of and Requirements for Financial

Statements). Este regulamento era constituído de normas de contabilidade financeira e

divulgação de informações para atividades ligadas à produção de óleo e gás.

Sendo assim, mesmo com a classificação de reservas bem definidas por SPE/WPC, os

critérios da SEC para avaliação de reservas deveria ser respeitado pelas empresas que

negociam no mercado de ações dos Estados Unidos, coexistindo assim duas classificações de

certa forma distintas.

Recentemente, a classificação da SEC de 1978 começou a ser contestada pelas

empresas. As definições de reservas tinham conceitos ultrapassados para a atual tecnologia de

Page 69: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

50

exploração e recuperação de reservas de petróleo, além de que os métodos probabilísticos não

eram mais tão aplicáveis como anteriormente.

Segundo Munch et al. (2007), a SEC, emitiu a restrição contábil Accounting Series

Release (ASR) 253, destacando-se os seguintes pontos:

• Método “successful efforts” para contabilização dos custos

• Determinou que as reservas sejam calculadas pelo preço corrente, ou seja, como as

divulgações são encerradas no dia 31 de dezembro, então seria considerado o preço vigente à

época;

• Padronizou a taxa de desconto em 10% para fluxo de caixa estimado.

• Não considerou a divulgação das reservas provadas.

Em 25 anos, a SEC não atualizou sua classificação de reservas, tornando-se alvo de

críticas. As reservas prováveis e possíveis, durante todo esse período, não puderam ser

divulgadas por empresas e se recusava a confiar em métodos probabilísticas.

Segundo o autor, a regra do cálculo das reservas com base no preço “fechado” num

único dia, 31 de dezembro de todo ano, seria muito discutível, tendo em vista a volatilidade

do preço da commodity.

A aplicação da geologia, principalmente, na obtenção de dados, base para estimar a

probabilidade econômica das reservas nas categorias possível (por exemplo, 10%), provável

(por exemplo, 50%) e provada (por exemplo, 90%), é evidente a existência de um grau de

incerteza científica neste processo. Se as bases de informações utilizadas sofrerem alterações,

conseqüentemente as informações divulgadas deverão ser atualizadas.

A taxa de desconto de 10% a.a. para elaboração do fluxo de caixa, também é muito

discutível, assumindo que esta pode ser arbitrária em relação aos países de economias de

baixa inflação.

Em 2008, a SEC modificou algumas das definições dos relatórios de óleo e gás natural

necessários para a realização de auditorias, a fim de se atualizar a realidade tecnológica atual.

Diante dessas considerações, este trabalho de pesquisa tem como objetivo comparar os

critérios de avaliação e classificação das reservas provadas de petróleo, segundo a Society of

Petroleum Engineers e World Petroleum Council (SPE/WPC) e a Securities and Exchange

Commission (SEC) nas demonstrações contábeis da Petrobrás.

Page 70: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

51

Antes disso, a SPE se empenhou em atualizar seu próprio sistema de classificação de

reservas petrolíferas. Foi criado em 2007, em conjunto com várias entidades mundiais, que

atuam no segmento de avaliação e certificação de reservas, o sistema PRMS (Petroleum

Reserves Management System).

No Brasil existem poucos estudos sobre aspectos contábeis relativos ao setor de petróleo

e gás. A ANP emitiu em 2000 o regulamento técnico do Plano de Avaliação de Descobertas

de Petróleo e/ou gás natural, com objetivo de avaliar as descobertas nas áreas de concessão.

Este plano deve ser preparado pelas empresas, de modo que a ANP possa avaliar e

acompanhar a avaliação de descoberta de petróleo e gás.

Segundo Moreira (2006), para que a Petrobrás possa negociar suas ações na Bolsa de

Nova Iorque e na Bovespa, a estatal precisa cumprir as exigências da SEC e da Comissão de

Valores Mobiliários (CVM), respectivamente. Essas exigências incluem uma estimativa do

volume de petróleo que pode ser extraído dos reservatórios naturais nos anos futuros.

3.1. Society of Petroleum Engineers (SPE)

3.1.1. Classificação de Reservas da SPE

Segundo Rawdon (2007), a SPE define reservas como acumulações de petróleo

previstas a serem comercialmente recuperáveis pela aplicação de projetos de

desenvolvimentos a partir de uma data futura, sob condições definidas.

“Reserves are those quantities of petroleum anticipated to be commercially recoverable

by application of development projects to known accumulations from a given date forward

under defined conditions”.

A SPE classifica reservas petrolíferas baseada em métodos probabilísticos e

determinísticos, conforme pode ser visualizado nas Figuras 9 e 10, respectivamente:

1) Reservas:

o Localizadas, recuperáveis, comerciais e não produzidas;

o Método determinístico: provada (1P), prováveis (2P); possíveis (3P);

o Método Probabilístico: 90%, 50% e 10%

Page 71: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

52

o

Figura 9: Método Probabilístico.

Fonte: Rawdon, 2007.

2) Recursos Contingentes:

o Localizados, potencialmente recuperáveis, quase comercial, remanescentes;

o Método determinístico: 1C, 2C e 3C

3) Recursos Prospectivos:

o Não localizados, potencialmente recuperáveis, potencialmente comercial,

remanescente

4) Irrecuperável

o Não descoberto.

Page 72: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

53

Figura 10: Método Determinístico.

Fonte:Rawdon, 2007.

Segundo Rawdon (2007), uma acumulação classificada como reserva é uma quantidade

antecipada de petróleo recuperável a ser comercializado a partir de uma data futura sob

condições definidas, usada como justificativa para desenvolvimento de projetos voltados ao

conhecimento de outras acumulações. As reservas e respectivos derivados devem satisfazer

quatro critérios: descobertas, recuperáveis, comercializáveis, remanescente.

Os recursos contingentes são quantidades estimadas em uma data pré-determinada que

são potencialmente recuperáveis de acumulações conhecidas, mas não são consideradas

recuperáveis comercialmente (recursos marginais ou sub-marginais). Os recursos prospectivos

são quantidades estimadas, a partir de uma data, que podem ser potencialmente recuperadas

de acumulações ainda não conhecidas.

Quantidades irrecuperáveis são porções de petróleo descoberto ou não-descoberto,

inicialmente "in-place”, que não serão recuperadas em desenvolvimento de projetos futuros.

No futuro estas quantidades podem se tornar comerciais sob diferentes circunstâncias

comerciais ou tecnológicas, porém nunca sob condições físico-químicas adversas.

Page 73: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

54

3.1.2. Descoberta e Potencial Econômico

Segundo Rawdon (2007), descobertas são uma ou várias acumulações de petróleo

estabelecidas por um ou muitos poços exploratórios, através de teste de formação,

amostragem e/ou perfilagem, a existência de uma quantidade significativa de hidrocarbonetos

possivelmente movíveis e que justificam a estimativa de um volume "in-place", através de

poços ou pela avaliação do potencial econômico recuperável.

“A discovery is one petroleum accumulation, or several petroleum accumulations

collectively, for which one or several exploratory wells have established through testing,

sampling, and/or logging the existence of a significant quantity of potentially moveable

hydrocarbons”

O PRMS considera que não é necessário um teste para se quantificar uma descoberta,

nem somente uma avaliação geofísica pode definir uma descoberta em si. Tal descoberta de

acumulação está atrelada intimamente ao seu potencial econômico, caracterizada por volumes

recuperáveis descobertos (recursos contingentes) que podem ser considerados comerciáveis se

produzidos, sendo assim classificados como reservas, que assim se tornarão se a empresa que

anuncia potencial econômico demonstrar uma vontade expressiva de prosseguir com o

desenvolvimento e tal intenção esteja baseada nos seguintes critérios:

• Dar seguimento ao um cronograma para desenvolvimento;

• Avaliação racional do futuro econômico do projeto, segundo investimento definido e

critérios de operação;

• Uma expectativa razoável de que haverá mercado para todo o potencial recuperado ou

ao menos as quantidades de vendas esperadas da produção que justifiquem o seu

desenvolvimento;

• Evidências de que a produção e viabilidade de transporte possam se tornar realidade;

• Evidências de que as preocupações contratuais, legais, ambientais e outros fatores

sociais e econômicos viabilizem a implementação do projeto recuperável em avaliação

Segundo Rawdon (2007), o PRMS ainda alerta para a economicidade do projeto. Esta

característica é definida como sendo para a melhor estimativa de valor presente líquido

Page 74: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

55

positivo do fluxo de caixa, sob o padrão de taxa de desconto da organização (SPE) ou ao

menos a existência de um fluxo de caixa descontado positivo, onde cada organização pode

definir o critério de investimento. A diferença entre economicidade e potencial econômico é

que a aquela pode refletir somente um fluxo de caixa positivo, enquanto que o potencial

econômico de fato requer que o projeto tenha um retorno positivo dos investimentos para a

organização, a partir da taxa de desconto usada para a tomada de decisão.

3.1.3. Classificação baseada no desenvolvimento do projeto

A SPE também baseia sua classificação no grau de desenvolvimento do projeto. A partir

da avaliação da rocha reservatório pode-se determinar o volume de petróleo "in place" (in

situ), o fluído e as propriedades da rocha que afetam a recuperação do petróleo.

O projeto de avaliação de potencial econômico é aplicado para um volume específico do

reservatório voltado para gerar produção e seu respectivo cronograma do fluxo de caixa; um

projeto pode desenvolver muitos reservatórios ou muitos projetos podem desenvolver um

reservatório.

Ao projeto são incorporados direitos contratuais, obrigações e termos fiscais, definindo-

se os títulos de divisão de investimentos, produção e renovação, mesmo que uma propriedade

possa conter muitos reservatórios e vice-versa, assim como mostra a Figura 11. A

classificação, segundo a maturidade do projeto é dividida em:

1) Reservas

o Desenvolvimento justificado: bases razoáveis de condições comerciais

previsíveis na formação do relatório e expectativas razoáveis de que todas as

aprovações e contratos necessários serão obtidos;

o Desenvolvimento aprovado: a aprovação de um projeto depende de que todas

as aprovações necessárias sejam obtidas, haja o fundo de capital disponível e o

estágio de implantação do projeto concluído;

o Em produção: a produção e a venda de petróleo no mercado já estão

ocorrendo.

2) Recursos contingentes

Page 75: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

56

o Em produção de teste: acumulações descobertas onde o projeto está em

andamento para justificar o desenvolvimento comercial de um futuro

previsível;

o Desenvolvimento em espera ou não claro: acumulação descoberta onde

atividades do projeto estão em espera e/ou o potencial econômico do

desenvolvimento pode estar em avaliação;

o Desenvolvimento não-viável: a acumulação descoberta onde não há planos

presentes de desenvolvimento ou não foram adquiridos dados adicionais

devido ao limitado potencial de produção.

3) Recursos prospectivos:

o Prospecto: projeto com potencial de acumulação suficientemente definida para

representar um alvo viável de perfuração;

o Lead: projeto associado com potencial acumulação correntemente mal definida

e que requer dados adicionais e/ou avaliação para ser classificada como

prospecto;

o Play: projeto com possibilidades de ocorrerência de potenciais prospectos,

porém com necessidade de dados adicionais para definir leads específicos ou

prospectos.

Todos os projetos classificados como reservas devem ser economicamente viáveis sob

condições predefinidas. As reservas são divididas em:

o Desenvolvidas;

o Caracterizadas por terem quantidades com expectativa de serem recuperadas de

poços;

o Instalações pré-existentes e não-desenvolvidas, somente recuperadas através de

futuros investimentos.

Page 76: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

57

Figura 11: Classificação de Reservas da SPE/SEC, utilizada mundialmente. Modificado de

Rawdon, 2007

Os recursos contingentes são divididos em quantidades marginais e sub-marginais. O

termo marginal se refere a quantidades técnica e economicamente viáveis, mas não extraídas

devido a alguma contingência. Quantias marginais de recursos são tecnicamente viáveis,

porém não econômicas, além de outras contingências.

3.1.4. Petroleum Reservers Management System (PRMS)

Segundo Etherington et al. (2007), independentemente do método analítico utilizado, na

estimação de recursos pela SPE são utilizados métodos determinísticos ou probabilísticos.

Enquanto os métodos determinísticos são utilizados para um cenário específico, apesar das

eventuais variáveis, nos cenários probabilísticos não há uma quantificação estabelecida,

mesmo com intervalos de probabilidade definidos.

Page 77: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

58

Em altas probabilidades de se obter reservas recuperáveis economicamente de petróleo,

o agregado estatístico do método probabilístico (P90) será maior que a soma aritmética obtida

pelo método determinístico, enquanto que o inverso ocorre em menores probabilidades de se

encontrar reservas (P10). Curiosamente, as estimativas se sobrepõem quando existem pelo

menos 50% de chances de se encontrar óleo (P50), o que demonstra uma menor variação do

agregado estatístico do método probabilístico em relação à soma aritmética do método

determinístico (Figura 12).

Esse efeito é explicado, em termos estatísticos, pelo Teorema Central do Limite

(Central Limit Theorem). Sendo assim, o método probabilístico acaba sendo utilizado para

suprir a falta de definição quantitativa que o método determinístico não consegue fornecer.

Porém, por ser um método qualitativo de alto grau, grande parte das empresas o utiliza em

conjunto com o método probabilístico. (ETHERINGTON et al., 2007)

Figura 12: Agregado entre os métodos probabilísticos e determinísticos.

Fonte: Etherington, 2007.

Segundo o referido autor, apesar da promessa de boas práticas e transparência do

sistema de classificação de reservas da SPE, com vistas à promoção da clara divulgação dos

meios desta classificação para a indústria de óleo, gás e derivados, governos e agências

reguladoras, persistem preocupações em relação a este sistema, mesmo com a recente

classificação de reservas promovida pela entidade. São elas:

• Falta de clareza para separar a linha tênue entre reservas não provadas e recursos

contingentes;

• Indefinição nas classes de recursos e categorias de incerteza;

Page 78: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

59

• Indefinição na classificação de reservas e divulgação precipitada devido à falta de um

critério melhor definido;

• Melhor aplicação de critérios para recursos não convencionais e

• Confusa utilização dos métodos probabilísticos e determinísticos.

Antes de o sistema PRMS de classificação de reservas ser implementado, segundo

Etherington et al. (2007), o Comitê de Reservas de Óleo e Gás da SPE (OGRC), estudou

proativamente outras classificações de reservas usadas mundialmente, a fim de comparar

características e melhores práticas para virem a ser incorporadas ao PRMS. Este estudo

envolvia três agências regulatórias:

• Securities and Exchange Commission (SEC);

• UK Statement of Recommended Practices (SORP);

• Canadian Security Administrators (CSA).

Três sistemas de divulgação nacionais:

• Russian Ministry of Natural Resources (RF)

• China Petroleum Resources Office (PRO)

• Norwegian Petroleum Directorate (NPD).

E dois sistemas de avaliação de recursos minerais e de petróleo:

• US Geological Survey (USGS);

• United Nations Framework Classification (UNFC)

Apesar das terminologias variarem bastante entre as classificações de reservas das

respectivas entidades, houve um alto grau de definições em comum. Todos os sistemas têm as

mesmas classes de recursos e três classes de categorias incrementais determinísticas de

reservas, graduadas com índices variando de baixa a alta estimativa (apenas a NPD utiliza

exclusivamente método probabilístico).

As agências reguladoras utilizam uma subcategoria da classificação para divulgação de

reservas, utilizando desde as mais severas, baseadas somente em reservas provadas (SEC) até

as mais brandas, como a do Canadá. Neste país são divulgadas reservas provadas e prováveis

nos relatórios, baseando-se na previsão de preços futuros do óleo. Reservas possíveis e

recursos contingentes e prospectivos são opcionais.

Page 79: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

60

3.2. Securities and Exchange Commission (SEC)

A SEC (Securities and Exchange Commission), nos Estados Unidos, mantém a

regulação sobre reservas provadas de petróleo mais severas que todas as outras instituições, e

contudo, se somente atinentes a tal regulação as empresas alcançam acesso aos

financiamentos e capital de mercado nos Estados Unidos para atividade petrolífera. A SEC

utiliza os fluxos de caixa descontados no futuro e mudanças nas definições de reservas

provadas de óleo e gás, padronizados pela Financial Accounting Standarts Board (FASB)

para obter informações suplementares na regulação desta atividade.

O panorama econômico é utilizado pela SEC (Heiberg et al., 2002) como base para

padronizar os relatórios de reservas confeccionados pelas empresas e/ou pelo governo. As

tomadas de decisão por estes agentes, por motivos de negócio ou por gerenciamento de

recursos do país, às vezes não se baseiam no mesmo cenário econômico do qual a SEC se

utiliza; estes cenários, por vezes, são muito variados e pouco estáveis. Relatórios direcionados

à SEC contêm as reservas e o resultado das mudanças em relação ao mais recente relatório

produzido.

A SEC define somente as reservas provadas e por ela caracterizadas, com informações

relativas a quantidades estimadas de óleo cru, gás natural e gás natural líquido, tudo

produzido com base em dados geológicos e de engenharia apresentados sob uma certeza

razoável para serem recuperáveis nos anos seguintes a partir de reservatórios que demonstrem

condições de ser econômicas e operacionais. Também são considerados os preços e custos

vigentes à época da classificação da reserva, sem previsões voltadas a especulações futuras.

Os reservatórios são considerados provados caso sua produtibilidade seja

economicamente viável com base em avaliação da atual produção e nos testes de formação

conclusivos. A área destes reservatórios é delimitada a partir da porção definida pela

perfuração, pelos contatos óleo-gás e/ou óleo-água, se houver, e por porções ainda não

perfuradas que sejam adjacentes e caracterizadas a partir de dados geológicos e de engenharia

como economicamente produtoras.

Segundo a SEC, reservas provadas podem ser definidas em reservatórios denominados

análogos, caracterizados por uma combinação de perfis de poço e análise de testemunhos, os

quais devem indicar possuir similaridade com reservatórios que detenham indicativo de

acumulação provada no mesmo campo ou que tenham demonstrado habilidade de vir a

Page 80: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

61

produzir óleo e/ou gás em testes de formação. Técnicas de recuperação de reservas que sejam

economicamente viáveis também podem classificar reservas como provadas, somente quando

houver testes bem sucedidos de um projeto piloto ou de uma operação já em andamento.

Em 1976, a SEC regulamentou o relatório de reservas provadas a ser adotado por todas

as empresas associadas até hoje. O guia da SEC, segundo Rawdon (2007), determina que,

para obter a certeza razoável da categorização de reservas, é necessário obter dados que de

fato indiquem validez nas taxas de declínio de produção, fatores e mecanismos de

recuperação, limites de reservatórios, estimativas volumétricas e razões gás-óleo.

Segundo SEC/WPC (1997, apud Rawdon, 2007), eram caracterizadas como reservas

provadas de óleo e gás natural e natural líquido aquelas cujos dados geológicos e de

engenharia demonstram uma razoável certeza de que estes volumes serão recuperáveis

comercialmente, nos anos subseqüentes. As acumulações devem proceder de reservatórios

sob atual situação econômica (preços, etc), métodos de operação reconhecidos e regulações

governamentais vigentes.

Porém as condições de mercado, propriedade e tecnologia naquela época, em 1997,

eram diferentes das atuais. Contudo, até 2008 não houve mudanças nas definições que

regulamentavam a entrega destes relatórios e esta realidade afetava os produtores, que se

obrigavam a limitar tecnologia, preço e avaliação de reservas.

Muitas das principais instituições mundiais como EIA, MMS, ASC e as Nações Unidas

passaram a usar as definições da SPE/WPC de 1997, para não se tornarem obsoletas e

limitadas. A SEC então, em cinco de setembro de 2008, atualizou algumas das definições dos

relatórios de óleo e gás natural necessários para a realização de auditorias:

a) O preço é estabelecido para os 12 meses antes do fim do ano fiscal, calculado como

preço médio no último dia de cada mês;

b) Expansão da definição de reservas para que sejam incluídas as reservas não-

convencionais de hidrocarbonetos, como óleo de areias, areias betuminosas, folhelhos, entre

outros;

c) A estimativa de preço passa a se basear no produto não-refinado;

d) A Certeza Razoável tem possibilidade maior de ser alcançada pelas empresas;

e) Disponibilidade para uso de Tecnologia Confiável, que facilitaria alcançar os 90%

probabilidade;

Page 81: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

62

f) Não somente a Estimativa Probabilística é aceita, como também a Estimativa

Determinística pode ser usada;

g) Menor conhecimento da acumulação de hidrocarbonetos é determinado pela

confiabilidade da tecnologia;

h) Padrão uniforme de Certeza Razoável, não importando o local e distância das

reservas aos poços produtores;

i) Divulgação voluntária de reservas prováveis e possíveis, menos para reservas não

desenvolvidas por pelo menos cinco anos;

j) Os produtores não registrados na SEC não terão mais isenção dos padrões de

divulgação de preços, custos de produção, número e tipos de poços, área e descrição das

técnicas de extração;

k) Não haveria mais necessidade de requerimentos por terceirizadas para ser realizadas

auditorias;

l) Consistência nas definições de número de áreas, segundo o PRMS da SPE.

3.3. Alberta Securities and Commission (ASC)

Especificamente nos campos petrolíferos de Alberta, no Canadá, a Alberta Securities

Comission (ASC) formou a Consolidated Oil and Gas Review Report (COGR), tendo como

finalidade a formação de regras voltadas à exploração de petróleo na província canadense.

Este relatório evidencia os principais erros existentes nos procedimentos de avaliação técnica

de reservas de petróleo

Analogamente no Brasil, tais conceitos podem ser aplicáveis, haja vista a falta de

informação sobre os métodos de avaliação de reservas nos nossos relatórios e o prazo mal

estimado para o período de produção, principalmente em campos de reservas provadas não-

desenvolvidas.

Com base em Reporting Issuers, ilustrado no Quadro 4, o relatório efetuado pelas

empresas é composto por informações das atividades relacionadas a óleo e gás, incluindo

regulação, prospecto e novas descobertas e previsões. Os recursos petrolíferos são avaliados e

Page 82: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

63

categorizados em Reserves (reservas), Contingent Resources (recursos contingentes) e

Prospective Resources (recursos prospectivos).

Quadro 4: Modelo Canadense de Report Issuers..

Fonte: ASC – COGR, 2004

Durante a avaliação de reservas, os recursos podem ser classificados em Discovered

Resources (DR) e Recoverable Resources (RR). DR é o volume estimado em terra, onde

somente uma parte pode ser recuperada e deve estar dentro dos padrões de “acumulação

provada”, definido por COGEH (Canadian Oil and Gas Evaluation Handbook). DR’s podem

servir como garantia, caso seja uma operação de mina de betume, geralmente com

acumulação bem definida, o que passaria a requerer um estudo mais detalhado de viabilidade.

RR é uma estimativa de recursos, resultado da soma da produção e de reservas cumulativas e

deve estar integrado à utilização dos critérios para uma melhor estimativa das reservas.

3.4. Norwegian Petroleum Directorate (NPD)

Quando as atividades relacionadas à exploração e produção de petróleo e gás

começaram na Noruega, em 1970, os recursos de petróleo eram classificados de maneira

natural, sem uma organização sistemática de avaliação, certificação e quantificação de

reservas, tal como é feito atualmente. As empresas, a partir de dados e conhecimento próprio,

confeccionavam mapas e perfis, além de criar planos de desenvolvimento e produção, prever

custos, oportunidades e riscos. Analogamente ao Brasil, eram basicamente os pioneiros das

áreas exploratórias e enfrentavam as adversidades da atividade petroleira na Noruega.

A partir de 1984, segundo Heiberg et al. (2002), com o aumento do número de campos

petrolíferos, os termos reservas e recursos descobertos ou não descobertos foram adicionados

Avaliador e Auditor de Reservas

Relatório de Auditoria,

Avaliação e Revisão de Reservas

Local das Reservas

Auditado Avaliado Revisado Total

Avaliador A $XXXX $XXXX $XXXX $XXXX Avaliador B $XXXX $XXXX $XXXX $XXXX

Total $XXXX $XXXX $XXXX $XXXX

Page 83: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

64

à indústria; o desafio de gerenciar uma empresa em um ambiente de alta competitividade

também aumentou consideravelmente.

A década de 90 foi marcada pela evolução na etapa de descrição mais detalhada de

recursos e reservas, baseando-se ainda nas decisões de oportunidade e risco tomadas pelo

gerenciamento das empresas. Contudo ainda nessa época, segundo Heiberg et al. (2002), a

classificação de reservas ainda não seguia os conceitos usados atualmente, e somente no ano

de 1994 foi definida uma classificação de recursos e reservas petrolíferas baseada

principalmente na maturidade da produção, dividida em sete classes de recursos. Finalmente

em 2001, a NPD alinhou sua classificação de recursos e reservas com a utilizada pela SPE e

principais países que produzem petróleo.

A classificação de recursos é caracterizada pelo:

- Gerenciamento dos mesmos em níveis governamentais;

- Gerenciamento da exploração e produção e fruto econômico resultante em níveis

corporativos; e

- Gerenciamento do investimento aplicado em níveis de proprietários e agentes

financiadores.

A abertura do mercado para exploração e produção destes recursos e a conseguinte

regulação visando à máxima recuperação econômica em longo prazo é o principal objetivo do

governo. Esta política requer uma revisão geral e realista de toda cadeia de recursos

petrolíferos, atividade versus tempo e a eficiência com a qual o petróleo é recuperado e

produzido para a venda.

Dentro deste cenário, mantidos como objetivo a exploração e produção de campos

petrolíferos, as companhias utilizam um padrão estruturado de decisões baseadas em fatores

econômicos, técnicos e geológicos que classificam seus recursos petrolíferos de forma a

concordar com os padrões conforme um acordo comum pré-estabelecido. O capital necessário

para conduzir tais atividades tem sua origem em bancos, donos de corporações e agentes

financiadores.

A principal preocupação dos agentes financiadores é que as informações relacionadas

aos recursos petrolíferos e o seu valor inerente devem espelhar a realidade, além de ser

imparcialmente consistentes para diferentes corporações. Para este objetivo, a avaliação de

Page 84: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

65

recursos de alto valor deve ser mantida sob foco, ou seja, somente reservas provadas e

desenvolvidas.

Isso se torna claro devido à evidente dificuldade envolvida na própria avaliação dos

recursos como potenciais à exploração e produção pelas empresas. Essa afirmação denota

ainda mais a dificuldade que as empresas de menor porte enfrentam para se firmarem no

cenário econômico, principalmente as que resolvem se envolver na produção de campos

marginais e/ou maduros. (HEIBERG, op. cit.)

De acordo com as necessidades especificadas acima, empresas, países e comissões

avaliadoras de comércio destes países desenvolveram variações a partir das classificações

originais de reservas e recursos petrolíferos. Notadamente a certificação de reservas provadas

influi diretamente no fluxo de caixa de uma empresa, seja relacionado aos lucros provenientes

da produção ou então pelo montante que deve ser depreciado dos investimentos.

Sendo assim, os agentes reguladores certificam as reservas para o conhecimento dos

investidores a partir de sua própria normatividade ou sob padrões de contas que especificam

como as reservas deverão ser estimadas. Ao realizarem as certificações das reservas padrão,

os agentes reguladores baseiam-se nas quantidades razoáveis de petróleo em vez de no valor

esperado, num processo em que pode ser conservador em demasia.

Além disso, somente as reservas contam para o estudo de avaliação, num processo em

que todas as companhias devem confeccionar o seu relatório a partir das mesmas bases de

informação, para que os investidores possam comparar as oportunidades de investimento de

maneira mais correta possível.

Isso parece ser feito de forma imparcial, porém, dependendo do valor do investimento,

pequenas empresas com seus pequenos projetos, mesmo que lucrativos, podem não ser

atrativas para investidores desavisados e sem o conhecimento da área à primeira vista.

A classificação de reservas adotada pela NPD segue as necessidades e padrões do

governo norueguês no gerenciamento dos recursos petrolíferos, além das condições das

companhias de petróleo neste país, instaladas para gerenciar seus negócios. A Figura 13

mostra a comparação entre classificação de reservas utilizada na Noruega e pela SPE. Essa

classificação tem duas características principais que lhe permitem ser bem estruturada na

identificação de reservas: facilidade para (a) uso de estimativas com base na probabilidade e

(b) de categorização de status do projeto, relacionado aos esforços de recuperação e não

somente quanto às acumulações de petróleo.

Page 85: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

66

Figura 13: Classificação de Reservas utilizada mundialmente em comparação à usada pela

NPD (Norwegian Petroleum Directorate). Modificado de Heiberg et al., 2002

3.5. Classificação de Reservas Européia

A União Européia, tomando como base as classificações das entidades

SPE/WPC/AAPG, NPD e a classificação de reservas da Rússia, além de terminologias usadas

na indústria do petróleo, que são definidas por um grupo de especialistas de diversas

organizações e entidades importantes, tais como OPEC, WPC, Nuclear Energy Agency

(NEA), International Atomic Energy Agency (IAEA), Council of Mining and Metallurgical

Institutions (CMMI), SPE, entre outras, definiu recursos no território europeu. Esta

classificação, mostrada na Figura 14, é definida por descrições geológicas, maturidade técnica

e viabilidade econômica.

Page 86: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

67

Figura 14: Classificação de Reservas e Recursos Petrolíferos utilizada pelas Nações Unidas

(Heiberg et al., 2007).

3.6. Plano de Avaliação de Descobertas de Petróleo e Gás Natural da ANP

Segundo a Portaria ANP N°259/00, o Plano de Avaliação de Descobertas de Petróleo e

Gás Natural confeccionado pelos concessionários deve atender a princípios e requisitos,

como:

a) possibilitar a quantificação dos Volumes In Situ Originais de Petróleo e/ou Gás

Natural;

b) possibilitar a classificação adequada da Descoberta em Recursos e/ou Reservas, caso

ocorra a Declaração de Comercialidade;

c) possibilitar a compreensão dos mecanismos de produção, e a previsão do

comportamento de produção dos poços e reservatórios;

d) possibilitar a caracterização dos fluidos presentes nos reservatórios, bem como das

rochas que constituem os reservatórios;

e) possibilitar a compreensão do modelo geológico dos reservatórios, ou seja, seu

controle estratigráfico e estrutural, bem como delimitar espacialmente os reservatórios;

f) garantir a segurança operacional;

g) garantir a preservação ambiental.

Page 87: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

68

O Plano de Avaliação de Descobertas deve ser enviado à ANP com dados do poço e do

concessionário. Caso este plano tenha como base somente a realização de teste de longa

duração, sua execução estará condicionada à autorização pela entidade.

O Plano de Avaliação de Descobertas deve conter o objetivo e a estratégia da avaliação,

o contexto geológico, os programas de levantamentos geofísicos, o número e o tipo de poços,

previsão total dos investimentos necessários para a avaliação e a duração da atividade. A

descrição da descoberta no dito plano deve ressaltar os resultados da avaliação preliminar, a

metodologia empregada para a avaliação quantitativa de perfis e os resultados das

interpretações dos testes de formação.

Em relação à geologia e ao reservatório, o Plano de Avaliação de Descobertas deve

conter o modelo geológico depreendido de estudos anteriores e das informações fornecidas

pela perfuração do poço descobridor, com ênfase em:

• Interpretação geológica e geofísica para locação do poço descobridor;

• Unidades lito, bio e cronoestratigráficas constatadas;

• Sistema petrolífero;

• Evolução estrutural resumida;

• Principais propriedades petrofísicas dos reservatórios;

• Informações dos poços correlatos existentes.

A ANP também destina espaço à avaliação do Programa de Avaliação, com enfoque em

programa geofísico, de perfuração e de testes de duração adicionais. A segurança e o meio

ambiente também tem importância para a entrega do plano pela concessionária, sendo

destacados o tratamento e destino dos fluídos utilizados na perfuração; atividades de avaliação

potencialmente poluidoras, com ações mitigadoras a serem tomadas em caso de acidente;

procedimentos para gerenciamento de risco, incluindo a presença de gás sulfídrico.

Entre outros requisitos, como o cronograma de atividades, previsão de investimentos

necessários e o projeto de interpretação, o Relatório Final de Avaliação e Declaração de

Comercialidade deverá ser encaminhado à ANP dentro do prazo previsto, a fim de a

descoberta em questão ser aprovada. Em relação à delimitação da área de desenvolvimento, as

jazidas somente serão avaliadas se as seguintes situações forem respeitadas:

1) Porções do(s) reservatório(s) perfurado(s), cujos fluidos presentes sejam conhecidos

a partir dos dados de rocha, perfis e/ou testes, e cujo potencial para produção

comercial tenha sido constatado; e

Page 88: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

69

2) Porções do(s) reservatório(s) não perfurado(s), desde que possam ser consideradas

comercialmente produtoras com elevado grau de certeza, com base nos dados

geológicos, geofísicos e de teste.

Page 89: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

70

4. MODELOS DE FINANCIAMENTO ADOTADOS NO BRASIL

4.1 Sistema de Crédito Brasileiro

Segundo Morais (2005), “a divisão do mercado de crédito no Brasil em recursos livres e

recursos direcionados reflete a histórica intervenção do governo na alocação de crédito a

determinadas setores, motivado pela inexistência de um mercado de crédito privado em

condições de conceder empréstimos de longo prazo, sob prazos e taxas de juros compatíveis

com o retorno dos capitais ou com o risco das atividades financiadas”.

A maior parte dos investimentos é feita em setores de habitação, zona rural, infra-

estrutura econômica, projetos industriais e para micro, pequenas e médias empresas atuantes

nestas atividades, além de pequenas indústrias e comércio. Há recursos originados de outros

fundos e programas especiais aplicados pela Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil,

Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social, que financiam as pequenas empresas. Estes fundos e programas são:

• PROGER (Programa de Geração de Emprego), através do FAT (Fundo de Amparo ao

Trabalhador);

• FAT (Fundo de Auxílio ao Trabalhador): recursos excedentes, que fomenta Bancos

Federais para empréstimos e

• Linhas de Crédito dos Fundos Constitucionais do Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

As condições de acesso a essas linhas de crédito são extremamente difíceis para o

produtor independente, porque necessitam de garantias reais, equivalentes a 1,3 vezes o valor

do crédito adquirido. E mais, dentro do escopo de avaliação para sua concessão, não está

incluída a garantia do risco assumido na aplicação de recursos, o que passa a aumentar

consideravelmente as taxas de juros, acarretando a introdução de análise mais rigorosa pelos

agentes para a concessão de créditos para pagamentos no longo prazo.

O sistema financeiro brasileiro faz investimentos, em geral, através dos bancos

comerciais, cuja maior parte das atividades é voltada a investir em títulos da dívida interna do

governo brasileiro.

Page 90: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

71

De maneira similar à prática de bancos estrangeiros e nacionais privados, o mercado de

capitais é regido por uma regulamentação restrita de um sofisticado sistema de crédito. Com

spreads altos, empréstimos de curto prazo para pessoas jurídicas (6 meses), exigências

rigorosas de garantias e por alta taxa de juros sobre as finanças (excluindo-se para

empréstimos rurais, habitação, e as operações do BNDES), estes são alguns dos fatores que

inviabilizam para as empresas de pequeno porte e independentes quaisquer possibilidades de

investimento na produção de petróleo e gás e inserção neste mercado tão promissor.

Segundo Morais (2005), cinco fatores influenciam a baixa oferta de crédito pelos

agentes financiadores às pequenas empresas em atividades de alto risco, como a petrolífera:

- Garantias reais;

- Registros negativos em sistemas de informação de crédito;

- Burocracia do Banco;

- Contagem de tempo como cliente, banco, a manutenção de depósitos de baixo valor;

- Altas taxas de juros.

Esta realidade se reveste de precaução, apesar do sucesso comprovado deste segmento

no exterior, por conta de fatos que aconteceram no período de 1994 a 2003, quando o Plano

Real foi instituído, tendo por objetivo principal a redução de spread bancário, tudo voltado

para atrair o capital externo e aumentar a oferta de crédito. Contrariando as perspectivas dos

economistas brasileiros, o volume de crédito diminuiu substancialmente e a razão

empréstimos / PIB veio a atingir 14%. Os números no Quadro 5 demonstram o porte

necessário para uma empresa obter crédito nos principais financiadores de longo prazo,

consequentemente, pequenos produtores independentes de petróleo encontram condições

muito mais desfavoráveis para investir e vir a crescer. (MORAIS, 2005)

Entre as linhas de crédito usadas pela maioria das empresas brasileiras de pequeno e

médio porte, a mais escolhida é o desconto de duplicata. Dentre outros métodos utilizados,

encontram-se as contas de garantia, que estabelecem um limite de crédito rotativo pré-

aprovado, com taxas de juros mais elevadas, considerados os compromissos de curto prazo

das empresas e o desconto de duplicatas, representantivo das vendas realizadas.

Embora as taxas de juros e spread sejam mais baixas, a modalidade vendor não é muito

popular entre as pequenas empresas, sendo mais utilizada pelas grandes empresas, modelo

financeiro em que o banco financia o valor de títulos de dívida.

Page 91: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

72

Quadro 5: Sistema de Crédito Brasileiro, segundo o tamanho da empresa.

Classificação de Companhias Brasileiras por patrimônio (xR$1000)

Instituições de crédito Micro Pequena Média Grande BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) Crédito MSC

1.200 1.200 a 10.500 10.500 a 60.000 mais 60.000

BNDES – Fundo de garantia

900 900 a 7.875 7.875 a 45.000

Banco do Brasil 500 5.000 5.000 a 100.000 mais 100.000

Caixa Econômica Federal 433,7 5.000

Bancos Privados até 5.000 até 10.000 até 15.000

até 80.000 até 150.000 até 180.000

mais de 100.000

Fonte: Morais (2005), Modificado

Ademais, considere-se que o prazo de carência para as linhas de crédito usadas pela

maioria das pequenas empresas também são curtos, com 70 dias na modalidade vendor, 238

dias no capital de giro e 258 dias no modo de aquisição da propriedade. Como fato agravante

à concessão de investimentos às PME’s, os bancos não realizam operações financeiras

contratadas com pessoas jurídicas às empresas cujos lucros estejam abaixo de um

determinado valor, geralmente entre R$ 120, 000 e R$ 3.000.000, dependendo da política do

banco ou agente financiador. Os bancos argumentam que as análises de crédito para pequenas

empresas não são rentáveis devido ao alto risco envolvido nestas transações, além do que tais

PME’s quase sempre não conseguem atender às exigências burocráticas.

Quadro 6: Montante de Empréstimos Brasileiros no período 1994-2003.

Rural, Habitação, Pessoa Jurídica, Governos Federal, Estadual e Municipal Empréstimos Industriais, Comerciais e Serviços

Ano (xR$1.000.000) Empréstimos/PIB (%) (xR$1.000.000) Empréstimos/PIB (%)

1994 366,8 36,4 170,6 16,7

1995 425,4 34,8 209,1 17,1

1996 410,5 31,0 191,7 14,5

1997 401,0 28,7 198,3 14,2

1998 420,0 29,7 215,0 15,2

1999 401,1 26,9 210,8 14,2

2000 423,8 27,7 216,7 14,2

2001 408,9 26,5 240,0 15,5

2002 413,5 23,8 245,1 14,1

2003 409,9 26,4 230,8 14,8

Fonte: Morais (2005,modificado.

Page 92: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

73

4.2 Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural

(PROMINP)

Desde 2003 está sendo realizado um projeto organizado pela Agência Nacional de

Petróleo (ANP), Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) e Comissão de

Valores Mobiliários (CVM), denominado Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo

(PROMINP)

Este projeto visa à estruturação de mecanismos financeiros e mercantis de antecipação

de pagamentos contratuais, onde se tem como principal finalidade o desenvolvimento de um

novo mecanismo de financiamento de capital de giro, em especial voltado às pequenas e

médias empresas do setor de petróleo, com foco em investidores institucionais e não baseado

em linhas de crédito bancário para disponibilização às operadoras ou fornecedores.

O projeto proposto pelo PROMINP (2007), denominado IND P&G-1, se baseia na

formação de uma estrutura voltada à disponibilização de instrumentos e serviços de alto valor

para as empresas, oferecendo como garantia de capital de giro a venda antecipada da

produção, com função precípua de garantir aderência a regras e procedimentos pré-

estabelecidos, o que passa a conferir conformidade (compliance) ao setor financeiro. Para

isso, planeja-se a criação de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), como

mostra Figura 15, no valor de 300 milhões.

O FIDC se caracteriza como um fundo de investimento que se destina à aplicação de

parcela preponderante do patrimônio (acima de 50%) em direitos creditórios e em títulos

representativos desses direitos. Nesse caso, o mínimo investido pode chegar a R$ 25 mil,

sendo que não é necessária a formação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE).

Neste modelo, no mínimo 50% dos recursos devem ser investidos em direitos creditórios e o

saldo em títulos de emissão do Tesouro Nacional, Banco Central, Estados e Municípios,

CDBs, RDBs, valores mobiliários e ativos financeiros de renda fixa.

Page 93: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

74

Figura 15: Exemplo de funcionamento do FIDC. Modificado de

http://www.acionista.com.br/mercado/fidc.htm.

Segundo Edson Viriato1, diretor-presidente do Instituto de Normas Mercantis (INM), “a

idéia central do projeto IND P&G-1 é antecipar receitas através dos recebíveis gerados nos

contratos das empresas fornecedoras, visando ajudar as empresas a vender antes e produzir

depois e assim obter financiamento via mercantil e não via crédito”. Este projeto busca

principalmente desenvolver uma modelagem financeira que permita ao fornecedor obter

recursos atrelados aos prazos dos contratos, ampliar o volume de recursos em função da

capacidade de desempenho, com o oferecimento de um custo de captação inferior às

operações de crédito, sem que se onere o limite de crédito junto aos bancos, viabilizando o

acesso das pequenas e médias empresas ao mercado de capitais e a obtenção dos recursos

financeiros no início do processo produtivo.

Para a participação neste fundo é necessário que as empresas se cadastrem no INM

(Instituto de Normas Mercantis), órgão regulador composto por instituições representativas

das diversas classes empresariais, organizadas setorialmente e responsáveis pela

normatização, regulação, registro, credenciamento, mediação, difusão e arbitração do setor

produtivo.

Infelizmente, este projeto somente pode ser habilitado para empresas fornecedoras de

bens e serviços no mercado de petróleo e gás natural que já estejam ativas. Esta característica

praticamente exclui as empresas pequenas e independentes que ainda planejam sua entrada no

1 Revista Petro e Química, 2005, citada anteriormente.

Page 94: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

75

mercado de exploração e produção de petróleo, outro fator que dificulta ainda mais o seu

ingresso neste mercado.

O projeto IND P&G-20, citado anteriormente, coordenado pelo Instituto Brasileiro de

Petróleo (IBP), Petrobrás S.A. e Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), tem por

objetivo ampliar a participação de pequenas e médias operadoras para as atividades de

exploração e produção (E&P) em bacias terrestres, através de medidas que englobem

propostas de financiamento e incentivos fiscais, de forma a facilitar a viabilização de

investimentos dessas empresas nesta atividade econômica.

O recurso do Project Finance, é caracterizado por uma sociedade específica (SPE) com

os seguintes agentes envolvidos: empresa patrocinadora (sponsor) e donos do projeto (equity

holders ou equity investors). Ambos têm restrito o acesso ao seu patrimônio, além do fato que

o financiamento obtido fica igualmente restrito ao projeto objeto desse financiamento. O

empreendedor (equity holder) investe em torno de 20% a 40% do valor total do projeto e

financia o restante. Embora utilizado principalmente para os setores de infra-estrutura, no qual

se tem um alto dispêndio inicial de capital, o caso da indústria do petróleo é bastante

particular, já que o estabelecimento de uma previsão de fluxo de caixa, fator fundamental para

formação de uma SPE, é formado após a fase de exploração, que dura em média cerca de três

anos. (VIEIRA et. al., 1999).

Entretanto, mesmo consideradas todas as vantagens, os campos marginais ainda

permanecem uma incógnita para a formalização de um fluxo de caixa, pois ainda não se

dispõe da quantificação e valoração do recurso, o que gera ainda incertezas nos agentes e nos

bancos financiadores.

Até mesmo os campos maduros podem ser restritivos à empresa de pouco poder de

capital, dependendo do estado dos poços, situação ambiental, entre outras. Sendo assim o

Project Finance também não seria uma opção para a alavancagem de recursos para pequenos

e médios produtores de óleo e gás brasileiros.

Numa atividade marcada pelo alto risco e com investimentos específicos e restritos,

desconhecimento dos agentes financiadores em relação à atividade petroleira e sem garantias

para oferecer como contrapartida, fica ainda mais difícil às PME’s obter empréstimos de

milhões de dólares que a atividade exige.

Page 95: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

76

Como a maioria dos recursos brasileiros terrestres está situada no Nordeste (bacias do

Recôncavo, Sergipe-Alagoas e outras), um dos agentes financeiros mais procurados é o Banco

do Nordeste (BNB) n

a obtenção de tais incentivos financeiros. A produção de petróleo nestes campos

marginais necessita de equipamentos de alto custo para estas empresas, mesmo sendo usados.

Ao contrário do BNDES, o BNB pode financiar equipamentos importados, enquanto que o

BNDES financia equipamentos usados para microempresas.

4.3 Mecanismos de Financiamento

Segundo Bain et al. (2009), os mecanismos de financiamento atualmente utilizados nos

mercados brasileiro e internacional de exploração de petróleo e gás natural podem ser

classificados de acordo com o tipo de fundo captado, principalmente dívida ou equity, e com

relação ao seu teor comercial, ou economicidade. Os fundos podem ser transacionados em

bolsas de valores ou podem ser utilizados em negociações bilaterais ou multilaterais.

Classificam-se os mecanismos de financiamento mais utilizados na indústria do petróleo

como IPO (initial public offer) e emissões de ações, fundos de investimento privados (private

equity), títulos de dívida, empréstimos em bancos comerciais e públicos.

IPO é definido como venda de ações ordinárias para investidores ou indivíduos, no

intuito de levantar recursos. Isso acontece com quase todas as empresas internacionais de

petróleo, principalmente as de capital aberto, o que lhes facilita a entrada de capital. A própria

Petrobrás permitiu que empresas estrangeiras adquirissem ações ordinárias da empresa, sendo

negociadas na bolsa de Nova Iorque (NYSE) em 2000, ampliando sua base de acionistas.

Os fundos de investimento atuam como injeção direta de capital realizada por empresas

fechadas ou por empresas de capital aberto, que conseqüentemente fecham o seu capital. Os

fundos de investimento têm aumentado nos Estados Unidos. No Brasil, a empresa OGX é o

único exemplo de fundo de investimento privado, tendo o IPO como segundo mecanismo

mais utilizado de captação de recursos.

Os títulos de dívida configuram-se num mecanismo de redução de dívida, geralmente a

longo prazo, com pagamento periódico de parcelas de juros e reembolso de capital ao final do

período. São utilizados amplamente pelas grandes empresas internacionais (IOC’s) e pela

Petrobrás, via comercialização de debêntures ou eurobônus.

Page 96: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

77

Os empréstimos de bancos privados e públicos são recursos financeiros cedidos ao

tomador e dependendo do nível de confiança do investidor na empresa com a qual contrata, o

empréstimo pode ter elemento colateral, ou seja, garantia. A previsão de produção de petróleo

no poço é utilizada amplamente em contratos de financiamento em Angola. Segundo Bain et

al. (2009), as IOC’s de capital aberto, geralmente situadas nos Estados Unidos, têm mais

opções de financiamento que as tradicionais NOC’s e as empresas de pequeno porte.

Segundo o Anexo IV do Contrato de Concessão da ANP (2005), serão utilizadas como

garantias financeiras para o PTI: cartas de crédito irrevogáveis, seguro-garantias ou outros

certificados de desempenho de obrigação contratual na forma de condições pré-estabelecidas.

Page 97: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

78

5. SIMULAÇÃO DE PROJETO DE CAMPO MADURO DE PETRÓLEO

(Anexo III)

Com intuito de simular a entrada de uma pequena empresa no setor petrolífero

brasileiro, também objetivo deste trabalho, foi projetado o fluxo de caixa que simula a

reabertura de quatro poços abandonados em um mesmo campo maduro. Estes poços estão em

uma reserva provada que contém cerca de 200.000 Boe (barris de óleo equivalente), com

produção média em torno de 125 barris diários. O investimento inicial, contando com lance

médio da rodada mobilização, workover (rearbetura dos quatro poços) e instalações dos

equipamentos, soma um total de R$ 3.000.000.

Sendo assim, também foi incluído o financiamento, baseado em projeções de lucro

futuro, método bastante utilizado nos países desenvolvidos nesta atividade, como Estados

Unidos e Canadá, mas não utilizado no Brasil, apesar do nosso vasto potencial petrolífero.

Este financiamento foi fundamentado nas taxas de juros praticadas pelo BNDES a

empréstimos destinados a pequenas empresas, geralmente, onde a TJLP (Taxa de Juros de

Longo Prazo) equivale a 9,75% a.a. (ao ano), segundo Cavalcanti (2004). Esta modalidade de

financiamento tem tipos de garantias caracterizadas no que o mercado oferece geralmente a

novos entrantes no mercado, como:

• Garantias Reais;

• Garantias Pessoais;

• Seguro na garantia de execução;

• Fiança bancária;

• Penhor dos Direitos creditórios a serem analisadas pelo BNDES de modo a garantir a

segurança do crédito (durante a fase de operação).

O fluxo de caixa simulado com financiamento é baseado no Projeto de lei Nº 2.502/07 e

no sistema implantado no Canadá, caracterizado pelo alívio na aplicação dos royalties até que

a fase de maturação do investimento esteja terminada, ou seja, até que o projeto comece a dar

lucro. O programa utilizado para a elaboração do fluxo de caixa é o Microsoft Excel,

programa de planilha da empresa Microsoft. As imagens geradas para este trabalho foram

trabalhadas no software Corel Draw, integrante da Suíte de Aplicativos Gráficos Corel Draw.

Page 98: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

79

A análise dos fluxos de caixa foi baseada no cálculo dos valores de VPL (Valor

Presente Líquido) e da TIR (Taxa Interna de Retorno), sendo as equações de ambas as

modalidades discriminadas abaixo. Para este trabalho o valor da taxa de desconto é

equivalente a 10% a.a., e Fluxos de Caixa que obtivessem valor menor que estes foram

classificados como não rentáveis economicamente.

Figura 16: Equações de Valor Presente Líquido (A) e Taxa Interna de Retorno (B).

Nas equações de VPL e TIR, os elementos presentes são:

Rt – receitas totais

Ct – custos totais

Ia - taxa de juros ao ano

t – tempo (anos)

Segundo Rigolon (1999), apud Coelho (2001), investimentos com VPL positivos e TIR

superior à taxa de desconto seriam mais aconselháveis que aqueles com VPL menor e TIR

abaixo da taxa de desconto. E esta condição permanece, quanto maior o VPL e a TIR, o que

torna o investimento mais lucrativo e com melhor alocação de recursos.

O resultado da avaliação mostra que a produção média ficaria em torno de 125 barris

diários. Algumas características deste projeto simulam a entrada de uma pequena empresa

com capital próprio nas atividades de petróleo e gás. Os fatores condicionantes e variáveis

relacionadas à situação de mercado e preço do barril de petróleo estão consignados à planilha

apresentada na seção no Anexo III deste trabalho.

Os royalties estariam em torno de 10%, mesma taxa aplicada em grandes produtores e

que também atinge até os mais modestos produtores de petróleo.

Seguindo a tendência mundial após a recente crise, o preço de venda do barril de

petróleo estaria em torno dos U$ 76.00, sendo que o custo por barril seria aproximadamente

U$ 23.00, assumindo a cotação do dólar a R$ 2,00/USD. O gasto previsto com a rearbetura

∑=

+

−=

n

0tt

m

ttm )i(1

CR)VPL(i 0

)i(1

CR)VPL(i

n

0tt

m

ttm =

+

−=∑

=

A B

(1 + ia)t (1 + ia)

t

Page 99: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

80

dos poços seria algo em torno de R$ 800.000,00 e o lance médio para ter direito de exploração

na área é equivalente a R$ 200.000,00.

O projeto tem duração de 10 anos, sendo que a cada dois anos ocorre a intervenção nos

poços para manutenção das instalações, cujo custo é calculado em torno de R$ 200.000,00.

Custos menores como os de transporte e descarte de água também foram incluídos na

simulação, equivalendo a U$ 10 por barril. Este é o valor cobrado pela Petrobrás aos

pequenos produtores brasileiros de petróleo para separar a água do óleo, assim como denotado

anteriormente. Estes valores estão discriminados na tabela 4 abaixo.

Tabela 4: Variáveis de modelo de entrada da simulação de fluxo de caixa

Taxa de juros a.a. 9,75% Remuneração BNDES 3,00%

Preço venda barril US$ 76,00 Custo/barril US$ 23,00

Cotação do dólar R$ 2,00/US$ Custo transporte e separação de

água do oleo/ barril US$ 10,00

Reservas Provadas 200.000 boe Produção media diária 125 b/d

Investimento Inicial R$ 3.000.000,00 Taxa de Desconto 10%

Royalties 10%

Quanto às taxas e impostos aplicados antes da incidência do Imposto de Renda, segundo

Gutman (2007), as principais incluídas na legislação brasileira são o imposto sobre a

propriedade, royalties e taxa de ocupação do superficiário, que se deduzem do lucro bruto e

formam o lucro tributável. São inseridos no questionário como:

• Taxa de ocupação do superficiário: valor de 1% do lucro bruto,

• Royalties: equivalem a 10% do lucro bruto;

• Participação Especial: não ocorre devido à baixa produtividade do campo petrolífero.

• Pagamento pela ocupação ou retenção da área: calculada em R$ 180,00/km².

Custos inerentes à operação de um poço petrolífero estão incluídos nesta simulação,

como instalações (R$ 120.000,00), desmobilização (R$ 800.000,00), deduzidos no início do

Page 100: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

81

projeto, além da manutenção das instalações (R$ 60.000,00), deduzida anualmente. Estes

valores podem ser muito onerosos para pequenos entrantes no mercado.

No fluxo de caixa, o valor financiado (cerca de R$ 1.755.000,00), para os investimentos

seriam fornecidos pelo BNDES, sendo que a empresa teria somente o dispêndio inicial de R$

1.255.000,00. Este valor, equivalente a cerca de 60% do valor empregado pela pequena

empresa e seria quitado em parcelas mensais com valor total anual de R$ 255.000,00, dividido

entre amortização e juros do financiamento. O fluxo de caixa do financiamento seria

composto pela remuneração do BNDES e a TJLP (taxa de juros a longo prazo), 3% e 9.75%

ao ano, respectivamente, segundo Cavalcanti (2004).

Segundo o Projeto de Lei Nº 2.502/07, foi proposto que os royalties fossem aliviados

aos pequenos produtores de petróleo, a critério da ANP. Nesta simulação, devido a este

projeto recente ainda não haver sido regulamentado, foi utilizada uma combinação entre o

sistema canadense de aplicação de royalties, o royalties Holiday, citado anteriormente, e a

hipótese de que este projeto de lei teria sido sancionado. Sendo assim, até que o projeto venha

a obter lucratividade, incluindo-se o aporte inicial da empresa, os royalties estariam zerados.

Quando as receitas e despesas estivessem niveladas, os royalties seriam tomados a uma taxa

de 10%. Este procedimento foi simulado nos fluxos de caixa financiado e não-financiado.

Os resultados obtidos com a simulação de fluxo de caixa para PME’s estão no capítulo

7 deste trabalho.

Page 101: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

82

6. QUESTIONÁRIO (Anexo I)

O setor petrolífero brasileiro tem avançado economicamente desde a abertura do

mercado a partir da lei 9.478/07, lei esta que propiciou a quebra do monopólio da Petrobrás

sobre as atividades de exploração e produção de óleo e gás natural. Essa iniciativa permitiu

que novos agentes integrassem o setor de E&P brasileiro, como Shell, Exxon, entre outros.

Porém esta lei não foi suficientemente direcionada para a entrada de pequenas empresas

brasileiras, o que sobremaneira dificulta a formação de renda e novos empregos no país e, por

via de conseqüência, enfraquece o desenvolvimento do mercado interno.

Existem, contudo, pequenas empresas brasileiras que atualmente perduram diante da

realidade enfrentada pelos pequenos produtores de petróleo. Geralmente situados no

Nordeste, estas PME’s recebem incentivos mais concretos nesta região, conhecida por conter

a maior parte dos campos marginais e maduros do Brasil. Este trabalho procurou algumas

destas empresas atuantes nesses campos de acumulações marginais, as quais,

comparativamente a outros países, como Estados Unidos e Canadá, têm ínfima participação

no mercado no Brasil.

A aplicação do questionário ocorreu através de entrevistas remetidas via correio

eletrônico. Instituições e associações que participam ativamente no setor de E&P de petróleo

e gás natural no Brasil, também responderam ao questionário quando conclamadas,

totalizando quatro integrantes classificados como Inst 1, Inst 2, Inst 3 e Inst 4. Também

participou do questionário uma empresa de consultoria de exploração de petróleo e gás

natural, identificada como Consult.

Através de um critério de grau de importância, variando de 1 = Menor Importância a 5 =

Extremamente Importante, o questionário proposto salienta as principais dificuldades

encontradas por pequenas empresas operantes no mercado, uma avaliação dos incentivos

governamentais e financeiros necessários para alavancagem de pequenas empresas e as

barreiras encontradas por possíveis novos entrantes. Devido ao sigilo estipulado pelo autor

deste trabalho, os nomes de todos os participantes do questionário não serão divulgados.

Para a análise dos dados foi utilizada técnica de análise de agrupamento (Cluster

Analisys), segundo Martinez (2007) apud Coelho (2001). A similaridade entre as observações

das variáveis (empresas, instituições e associações) são agrupadas em conjuntos diversos,

Page 102: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

83

sendo considerados todos os elementos medidos simultaneamente. Este tratamento de dados

foi realizado através do software estatístico MVSP© - MultiVariate Statistical Package

(versão 3.13r) criado pela empresa Kovach Computing Services, que apresenta 23 opções de

medidas de (dis)similaridade. (KOVACH, 1993)

Segundo Possoli (1984), o objetivo da Análise de Grupamentos (Cluster Analysis), que

utiliza o grau de similaridade, é esquematizar a classificação no intuito de agrupar os

indivíduos em um número de classes distintas, sendo que os indivíduos devem ter alguma

similaridade dentro de seus grupos e, assim, ser diferentes dos indivíduos em outro grupo.

Resumindo, os grupamentos devem conter elementos homogêneos entre si e ser heterogêneos

em relação aos elementos de outros grupamentos. Os diagramas confeccionados no programa

são dendrogramas, construídos através do método UPGMA - (Unweighted Pair-Group

Method), utilizando-se a porcentagem de similaridade.

A análise deste questionário foi realizada utilizando a Análise de Grupamentos Dupla

(Dual Clustering), caracterizada por agrupar os objetos e variáveis (geralmente somente os

objetos são agrupados). Este tipo de diagrama é útil para investigar como os dados afetam a

análise e a avaliação de padrões e tendências nos próprios dados, lembrando que são duas

análises distintas matematicamente a incidir sobre a mesma gama de dados. Neste trabalho

somente os dendogramas com referência aos objetos são retratados.

Page 103: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

84

7. RESULTADOS OBTIDOS

A análise dos fluxos de caixa gerou resultados diferentes para cada condição

especificada neste trabalho, sendo que o Fluxo de Caixa sem financiamento foi identificado

como NF, o Fluxo de Caixa com financiamento foi identificado como F, o Fluxo de Caixa

com alívio de royalties foram identificados como NFR e FR, sendo o primeiro sem

financiamento e o segundo com financiamento.

Em NF obteve-se um VPL negativo de R$ 1.146.012, 97, com TIR igual a -4%, e em F

obtiveram-se um VPL de R$ 26.574,30, com TIR igual a 14%. Isso demonstra que as

condições de financiamento auxiliam nos resultados.

Com alívio de Royalties, o Fluxo de Caixa não financiado mostrou uma melhoria

significativa, embora ainda negativo, em seu VPL, calculado em R$ -1.179,05, com TIR a

10%. Isso significa que o projeto não dá prejuízo, mas também não há razão para ser

desenvolvido. O Fluxo de Caixa financiado com alívio de Royalties obteve a melhor VPL, R$

369.014,72, com TIR a 22%. (Figura 17).

Figura 17: Fluxos de Caixa simulados do projeto proposto, com Fluxo de Caixa sem

financiamento (NF), Fluxo de Caixa com financiamento (F), Fluxo de Caixa sem

financiamento e alívio de royalties (NFR) e Fluxo de Caixa com financiamento e alívio de

Royalties (FR).

Page 104: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

85

Os custos que o projeto gerou durante os dez anos de operação foram menores nos

Fluxos de Caixa financiados, sendo este resultado esperado devido a valores menores dos

impostos antes e depois da arrecadação do Imposto de Renda. Isso se dá pelo montante

entregue ao BNDES, referente ao pagamento do financiamento no início do projeto, o que

influi no cálculo dos tributos posteriores, além do menor investimento inicial. Sendo assim, as

despesas totais foram maiores para o Fluxo de Caixa NF, decrescentemente para NFR, F e

FR.

O alívio de Royalties, quando aplicado, mais que triplica o VPL adquirido em um Fluxo

de Caixa simulado. Apesar de o government take ser menor quando há o alívio de royalties, o

tributo Imposto de Renda quase compensa, tendo uma diferença entre FR e F de

aproximadamente R$700.000,00 durante todo o projeto, mesmo com os tributos anteriores ao

Imposto de Renda diminuindo R$1.000.000,00 em relação ao Fluxo de Caixa Financiado sem

alívio de Royalties. Sendo assim, a arrecadação do Estado diminui, nesta simulação, cerca de

R$300.000,00.

Embora seja uma quantia considerável, a soma de empresas que viriam a ampliar o

mercado interno brasileiro decerto sanaria esta diferença, criando empregos e gerando renda,

mesmo em regiões com menor IDH. (MONTEIRO, 2009).

O tema principal deste trabalho é ilustrar a necessidade de incentivar, com benefícios

políticos, econômicos e financeiros, como linhas de financiamento à pequenas empresas a

partir de garantia de produção futura de petróleo e/ou gás natural, com base em um fluxo de

caixa previsto para uma acumulação de petróleo quantificada, avaliada e certificada por

órgãos que gerenciem esta indústria.

Os resultados aqui divulgados para esta simulação de fluxo de caixa de campos maduros

de petróleo corroboram com a atual situação que estes pequenos produtores de petróleo

atravessam atualmente no Brasil. A falta de incentivos para financiar pequenos projetos de

E&P de petróleo, além da descrença do investidor nesta atividade tão dispendiosa acaba por

dificultar a entrada e a sustentabilidade destas pequenas e médias empresas no Brasil

Os resultados das análises de agrupamento a partir de porcentagem de similaridade,

aplicadas no questionário do Anexo I, foram realizados utilizando-se a tabela de contingência,

localizada no Anexo II, no intuito de se encontrar semelhanças e discrepâncias entre as

respostas dos principais agentes do setor petrolífero brasileiro. Sendo assim, foram

Page 105: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

86

encontrados grupos diferenciados para todas as perguntas, considerando o teor de cada uma

delas. Em relação ao Item 3 do Anexo I foram encontrados três grupos:

1. Consult e Inst 2

2. Inst 4 e Inst 1

3. PME e Inst 3

Possíveis causas do menor número de PME's

Similaridade (%)

Inst 1

Inst 4

Inst 2

Consult

PME

Inst 3

70 75 80 85 90 95 100

Figura 18: Dendrograma demonstrando as similaridades entre as respostas dos integrantes

do questionário para o item 3 do Anexo I.

Em relação ao item 3 do Anexo I, as similaridades das respostas entre cada integrante

dos 3 grupos de similaridade e os nós dos dendogramas estão denotados na Tabela 5.

Tabela 5: Similaridade de respostas do item 3 do Anexo I.

Nódulo Grupo 1 Grupo 2 Simil.(%) Objetos no Grupo

1 Inst2 Consult 100 2

2 Inst 1 Inst 4 84,444 2

3 Nódulo 1 PME 83,077 3

4 Nódulo 2 Nódulo 3 77,805 5

5 Nódulo 4 Inst 3 73,056 6

Nódulo 1

Nódulo 2

Nódulo 3

Nódulo 4

Nódulo 5

Page 106: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

87

Segundo o gráfico em barras, na Figura 19, a maior causa para o menor número de

pequenas empresas no mercado petrolífero brasileiro são os altos investimentos, seguida de

taxas e impostos, poucos projetos de investimento e restrições do mercado.

Figura 19: Gráfico mostrando respostas de cada subitem do item 3 do Anexo I.

O item 4 do Anexo 3 salientava prováveis ações governamentais que poderiam ser úteis

no sentido de encorpar o segmento de pequenas empresas no setor petrolífero do país. Foram

encontrados 3 grupos:

1. Consult e Inst 2

2. Inst 4 e Inst 3

3. PME e Inst 1

Page 107: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

88

Ações governamentais necessárias para aumentar osegmento das PME's

Similaridade (%)

Inst 1

Inst 2

Consult

PME

Inst 4

Inst 3

76 80 84 88 92 96 100

Figura 20: Dendrograma demonstrando as similaridades entre as respostas dos integrantes do

questionário para o item 4 do Anexo I.

Em relação a pergunta 4 do Questionário, as similaridades entre as respostas de cada

integrante dos 4 grupos e a similaridade das respostas entre todos os integrantes estão

denotados na tabela 6.

Tabela 6: Similaridade de respostas do item 4 do Anexo I.

As principais ações governamentais escolhidas pela maioria dos integrantes do

questionário que entenderam como as mais importantes para aumento do número de pequenas

empresas no mercado são alívio de taxas e impostos, como royalties, seguido de mecanismos

de financiamento para produção em campos maduros existentes, com reservas quantificadas,

Nódulo Grupo 1 Grupo 2 Simil.(%) Objetos no Grupo

1 Inst 2 Consult 100,0 2

2 Inst 1 Nódulo 1 87,619 3

3 Nódulo 2 PME 84,618 4

4 Nódulo 3 Inst 4 79,786 5

5 Nódulo 4 Inst 3 76,285 6

Nódulo 1

Nódulo 2

Nódulo 3

Nódulo 4

Nódulo 5

Page 108: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

89

valoradas e certificadas. Outras duas ações ratificadas são segregação de taxas e impostos,

dependendo da lucratividade do campo e a exploração de novas áreas classificadas como

campos marginais. (Figura 21).

Figura 21: Gráfico mostrando respostas de cada subitem da pergunta 4.

As decisões tomadas para investir no mercado de pequenos produtores de petróleo e gás

natural eram questionadas na terceira pergunta, relacionada às áreas de trabalho características

da indústria do petróleo que deveriam receber maior atenção por parte de agências, entidades

e instituições. As respostas dos integrantes do item 5 do Anexo I foram efetuadas em

porcentagem para as para cada ação que julgassem mais ou menos necessária por parte de

agências, entidades e instituições atuantes na indústria do petróleo.

Foram identificados 4 grupos de similaridade:

1. Inst 3 e Inst 4

2. Inst 1 e Inst 2

3. PME

4. Consult

Page 109: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

90

Área que necessita mais incentivo por parte deAgência/Associação

Similaridade (%)

Inst 1

Inst 4

Inst 2

Consult

Inst 3

PME

4 20 36 52 68 84 100

Figura 22: Dendrograma demonstrando as similaridades entre as respostas dos integrantes do

questionário para o item 5 do Anexo I.

Tabela 7: Similaridade de respostas do item 5 do Anexo I.

As áreas que necessitam maior incentivo, segundo a maioria dos integrantes deste

questionário, são financiamento especial para PME’s e produção e desenvolvimento de

projetos de óleo e gás.

Nódulo Group 1 Group 2 Simil.(%) Objetos no Grupo

1 Inst 2 Consult 100,0 2

2 Inst 1 Inst 4 85,0 2

3 Nódulo 2 Nódulo 1 70,0 4

4 Nódulo 3 Inst 3 60,714 5

5 Nódulo 4 PME 27,619 6

Nódulo 1

Nódulo 2

Nódulo 3

Nódulo 4

Nódulo 5

Page 110: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

91

Área que necessita mais incentivo por parte da entidade/ Agência/ Associação (%)

30

0

10

5

5

10

20

10

10

Financiamento especial para PME´s

Indústria Química

Meio Ambiente

Segurança do trabalho

Manutenção de equipamentos e instalações

Equipamentos

Produção e desenvolvimento de projetos de óleo e gás

Projetos de Pesquisa

Serviços Técnicos Especializados

0 10 20 30 40

Figura 23: Gráfico com as respostas de cada subitem do item 5 do Anexo I.

Page 111: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

92

8. CONCLUSÕES

Desde 1997, através da lei do petróleo e da criação da ANP, grandes empresas

internacionais (IOC´s) tentam abocanhar uma fatia do promissor mercado brasileiro e das suas

volumosas reservas presentes, principalmente em blocos marítimos de grande profundidade.

Porém os pequenos e independentes empreendedores não têm tido oportunidades para

aproveitar esta abertura do mercado de petróleo e gás, devido à falta de recursos e incentivos

nesta atividade de alto risco.

Das 29 bacias sedimentares brasileiras, apenas oito são atualmente produtoras de

petróleo e gás natural, com reservas totais de 13,1 bilhões de barris e reservas provadas de 9,8

bilhões de barris, onde 90,6 % destas estão em áreas marítimas e apenas 9,4% em áreas

terrestres. Das reservas provadas brasileiras, 86% estão concentradas em apenas 20 dos 231

campos de petróleo em produção, sendo que a maioria destes são offshore. Quanto às reservas

provadas de gás, 77% se concentram nos 20 maiores campos, onde três se situam na selva

amazônica.

A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), através de

leilões de blocos exploratórios nos anos seguintes tem tido importante papel na abertura do

setor e consecução da auto-suficiência de petróleo perante a demanda mundial. Porém, a

produção de petróleo em campos maduros e marginais acabou sendo comprometida, já que o

interesse inicial era atrair grandes empresas, geralmente as International Oil Companies

(IOC's) nas primeiras rodadas, quando a ANP concedeu blocos offshore, com grandes riscos

geológicos e incompatíveis com o perfil das empresas de médio e pequeno porte, também

chamadas de independentes.

Esse trabalho tem como objetivo a comparação entre as iniciativas de financiamento

para PME´s no mercado de petróleo e gás nos Estados Unidos e Canadá e as atuais linhas de

financiamento dos principais bancos estatais e agências financiadoras brasileiras.

Normalmente, as PME´s operam em campos maduros e marginais. Estes campos são

classificados segundo sua maturidade e conhecimento específico do tamanho de suas reservas.

Os fatores que determinam a maturidade de um campo petrolífero são:

• Maturidade/declínio final do perfil de produção;

• Pequena produção e/ou pequena reserva;

Page 112: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

93

• Problemas técnicos associados com processos de produção;

• Ausência ou precariedade de infra-estrutura de escoamento;

• Ausência ou dificuldade de acesso a estruturas de processamento e/ou ao mercado

consumidor e

• Baixa prioridade no plano de investimento da empresa.

Campos marginais são caracterizados por terem produção máxima de 500 barris diários

de óleo e 75.000 m³ de gás diários em locais onde exista infra-estrutura de escoamento ou de

150.000 m³ diários onde não exista tal estrutura.

Campos maduros são definidos como campos em fase de produção irreversivelmente

declinante e campos marginais são definidos como conceito econômico, determinados por

decisão empresarial e fatores econômicos externos (preço do óleo, dentre outros).

No Brasil, campos marginais são principalmente aqueles em que a Petrobrás já efetuou a

fase de exploração ou ainda para as quais não há dados sobre a área e por essa razão são

mantidos inativos por questões econômicas e estratégicas. Após a descoberta de acumulações

significativas na década de 70 e 80 na bacia de Campos, e mais recentemente a descoberta do

pré-sal nas bacias de Santos e Espírito Santo, a Petrobrás está dando ainda menos importância

aos considerados campos de marginalidade econômica.

Campos maduros devolvidos por empresas para a ANP, objetivo dos pequenos

empreendedores, necessitam de uma otimização da produção diária e minimização das perdas

diárias. O método de recuperação e elevação introduzido no campo pode ter fundamental

importância na revitalização destes campos, porém o pequeno produtor necessita ter acesso à

tecnologia demandada para este tipo de produção, com base no fluxo de caixa previsto e no

incremento potencial de produção que estes campos podem proporcionar.

As grandes possibilidades de incremento considerável em que pode advir da

implementação de contribuições sociais, pela atividade de pequenas operações em campos

marginais e maduros, principalmente no Nordeste do Brasil. A instalação de serviços públicos

em regiões de baixo IDH (Índice Desenvolvimento Humano), como bancos, estradas,

correios, energia elétrica, são fatores que poderiam justificar e contribuir para as operações

nestas regiões pouco investidas no Brasil e alavancar a economia local e regional, tornando a

região acessível à indústria fornecedora.

Page 113: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

94

Além destes avanços, a mão-de-obra local seria treinada de acordo com o que as

operações de óleo e gás demandam, trazendo entre as demais conseqüências positivas, a

profissionalização de pessoas que, de outro modo, talvez nunca tivessem oportunidade, ainda

mais nesta atividade tão concorrida, obtendo experiência real de campo.

Infelizmente existem muitos percalços e barreiras de entrada para os pequenos

investidores neste setor. Apesar das condições favoráveis de aquisição de áreas com

acumulações de petróleo marginais, pelo menos em termos contratuais, o licenciamento

ambiental é uma árdua etapa a ser vencida se considerados os pequenos produtores entrantes

no cenário brasileiro desta atividade. A alta incidência de erros no processo de licenciamento

ambiental cometido por estas pequenas empresas seja por puro desconhecimento ou pela falta

de prática no processo acarreta a lentidão desta etapa. Por conta disso o procedimento de

licenciamento ambiental deveria ser somente uma parte secundária nas licitações de blocos

marginais.

Outra grande barreira de entrada para os pequenos produtores de petróleo brasileiro é a

falta de campos disponíveis, pois atualmente grande parte está sob posse da Petrobrás. No

final dos anos 90, houve uma iniciativa na estatal no sentido de se estudar a economicidade de

cada um dos 282 campos petrolíferos espalhados pelo país na época, com o objetivo de

descartar alguns campos improdutivos da Petrobrás para terceiros, no intuito de fortalecer o

planejamento estratégico da companhia, na época investindo em campos marítimos. Grande

parte dos campos descartados se localizava em Rio Grande do Norte, Bahia, Alagoas, Sergipe

e Espírito Santo.

Apesar de grande potencial e atual sucesso, esta iniciativa não foi suficientemente capaz

de abrir caminho para as PME´s interessadas nesta pequena fatia do mercado de E&P de

petróleo e gás natural no Brasil.

A falta de estações coletoras e refinarias privadas também adicionam um fator de

dificuldade para estabelecimento de pequenas empresas de E&P no Brasil. Este problema é

recorrente para as pequenas empresas independentes de petróleo que devem vender para

Petrobrás o óleo com menos de 1 % de quantidade de água. Porém a estatal cobra US$ 10 o

barril para retirar a água em suas unidades de tratamento de efluentes, fora o custo do

transporte.

Existe atualmente no Brasil, somente uma refinaria privada e considerada de pequeno

porte. A Univen Petróleo, uma refinaria fundada em 1992 em Itapeva (SP), e que no ano de

Page 114: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

95

2003 recebeu autorização para processar e refinar petróleos leves crus, condensado de

petróleo, nafta, entre outros. Apesar de louvável, ainda é um avanço muito pequeno para

fomentar a necessidade dos pequenos produtores na venda de petróleo produzido.

Considerando-se ainda que a Univen está localizada em São Paulo, sendo que grande parte

dos campos maduros e marginais onde as pequenas empresas atuam estão localizadas no

Nordeste, o que impossibilita transporte para refino com preços mais competitivos pelas

PME’s desta região.

A despeito de todo otimismo mostrado pela ANP para a produção em campos maduros

e marginais em terra, ainda há agravantes na situação dos pequenos produtores de petróleo

que os impedem de evoluir neste setor. Além das refinarias, meios de transporte e instalações

pertencerem exclusivamente a Petrobrás, único cliente destas pequenas empresas, o modelo

de concessão de áreas e a condição tecnológica exigida para operar em campos licitados pela

ANP são, por vezes, assemelhados aos que regulam as grandes empresas operadoras, como

Shell e BP.

Questões políticas também são abordadas neste trabalho, considerando o modo como

são feitas as transações e as licitações promovidas pela ANP. Uma das questões seria a

fórmula de concessão de áreas exploratórias, igualmente utilizadas tanto para áreas offshore e

onshore. Apesar de funcionar bem em áreas de grande potencial produtivo, as áreas de menor

interesse, geralmente situadas em terra, sofrem com a falta de competição.

Na área de petróleo e gás, regulações e leis de cada país depende da organização destes

agentes reguladores. No Brasil, onde o Estado (Principal) tem posse por direito de todos os

recursos disponíveis para exploração de óleo e gás natural, este mesmo Estado tem o objetivo

principal e compromisso constitucional e social de maximizar o valor econômico destes

recursos, regulando as atividades por sobre estes recursos. Os agentes desta organização

econômica são as empresas (Agent), que têm como objetivo maximizar o retorno de seus

investimentos.

O estabelecimento das áreas de concessão de blocos exploratórios é inteiramente

definido pela ANP, assim como os critérios de participação nos leilões. Aos vencedores destes

é apresentada a mesma opção de contrato, a despeito de diferença de potencial e risco de cada

área. Todos os contratos cobrem todas as etapas, desde a exploração ate o abandono, e as

taxas pagas pelos Agents tem cálculo e parâmetros estipulados no grau de risco que o Estado

determina.

Page 115: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

96

Estas características diminuem bastante o campo de negociação entre a PME

exploradora e a ANP, além de elevar em muito o custo de produção em uma área que não

possa ser considerada lucrativa.

Existem iniciativas interessantes em outros locais, como no Texas, Estados Unidos,

voltadas para o melhor aproveitamento de áreas menos exploradas e assim maior competição

entre os Agents, como o livre acesso às informações geológicas sobre a área, assim como o

direito de exploração das mesmas, que são concedidas às empresas (Agents) sem nenhum

leilão ou pagamento para o Estado.

Países com uma perspectiva diferente ao Brasil em relação às oportunidades dadas aos

pequenos investidores tem tido grande sucesso. Com base em análises de experiências em

países como Noruega, Coréia do Sul, Reino Unido, México e Indonésia, foi feita uma

avaliação dos fatores preponderantes para o sucesso obtido do desenvolvimento de clusters de

petróleo e gás natural.

São fatores determinantes ao desenvolvimento de um cluster: estrutura, desenvolvimento

da cadeia de valor, geração e transferência de conhecimento e fatores humanos. Os quatro

fatores para desenvolvimento do setor petrolífero de um país são aplicados à caracterização do

caso brasileiro. Porém, somente haveria efetivamente mudanças na estrutura e na cadeia de

valor, sendo o conhecimento e recursos humanos ignorados.

O que de fato viabiliza mudanças profundas nos fatores enunciados anteriormente são as

políticas públicas, caracterizadas pela legislação e regulamentação, que definem o arcabouço

legal, fiscal e econômico da atividade petroleira e o Poder Executivo como elemento principal

para a sua formulação e implementação.

Linhas de financiamento se fazem necessárias para fomentar as iniciativas voltadas para

o desenvolvimento destes fatores, tais como subsídios do Estado para incentivar bancos a

investir em empreendimentos voltados à exploração e produção de petróleo. Mesmo o Estado

pode investir propriamente, no intuito de se formar massa crítica no cluster.

Mesmo considerada tal iniciativa, é observado que ainda há um peso estrutural sobre a

Petrobrás, que mesmo após o fim do monopólio é praticamente única responsável pelo

desenvolvimento da indústria local e de seus fornecedores, em investimentos diretos em

refino, petroquímica e distribuição ou à frente de programas como o PROMINP.

Para o crescimento da atividade petrolífera em terra, a ANP deve ter seu plano de ação

aumentado, atuando como um fator negociante e facilitador. Acesso aos dados geológicos,

Page 116: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

97

somente disponíveis após a compra da área em licitações ou sob taxas, aumenta ainda mais o

risco para o investidor. O Estado deveria considerar os dados geológicos como um bem

público.

O Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), onde são devidamente

arquivados dados de sísmica, perfilagem de poços e dados de campo potenciais, é a fonte de

dados geológicos para estudos efetuados em solo nacional. Estes dados são recebidos pelos

operadores e concedidos como dados públicos às empresas e universidades. Somente a ANP

tem acesso a dados sigilosos. Atualmente é necessário ser associado ao BDEP para ter acesso

aos dados sobre a área explorada/produzida, sendo que é necessária a assinatura de um termo

de uso, mas somente empresas de grande porte, como BP, Shell, Exxon, Devon, PGS, Statoil,

Hess, entre outras, são associadas ao BDEP.

Os custos de produção, o potencial de reservas recuperáveis e os riscos exploratórios

associados, elementos importantes de competitividade entre empresas e países produtores de

óleo e gás natural, são uma incógnita na atual situação das extensas bacias sedimentares

onshore brasileira. Também contribui para a não inclusão das PME’s no setor petrolífero, o

fato de não haver estudos eficientes entre o potencial econômico brasileiro nestas bacias e de

outras regiões mais competitivas e atrativas economicamente, mesmo com um volume de

reservas recuperáveis, por vezes, menor.

O fator determinante desta realidade são as oportunidades dadas para os pequenos

produtores de óleo e gás natural. Em países, como Estados Unidos, estas empresas são

valorizadas desde o início do século passado e, até hoje, estes países acreditam no potencial

de seus pequenos investidores.

O principal agente que permite, até hoje, essas características do mercado petroleiro

texano é a Texas Railroad Commission (TRC), responsável por conservação dos recursos,

desenvolvimento das atividades, proporcionalidade entre oferta e demanda, manutenção dos

direitos do produtor, pagamento dos royalties e a unitização (pooling).

Nos anos de 1995 e 1998 foram editadas leis de alívio de royalties para campos em

águas profundas e campos maduros, respectivamente. Em relação à redução dos royalties em

campos maduros, blocos com produção inferior a 100 barris por dia nos doze meses anteriores

são considerados não-econômicos, sendo que os royalties pagos nestes doze meses de

qualificação excedem 75% da receita líquida.

Page 117: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

98

Também são deliberados créditos por utilização de técnicas avançadas de recuperação

de óleo e por colocar em produção poços temporariamente ou permanentemente abandonados,

opção para capitalizar bônus de aquisição de Leases (concessão de terra para extração do

óleo) como adiantamento de royalties, como deferimento de aluguel de áreas para fins de

dedução do imposto a pagar, além de dilatação de prazos para créditos disponibilizados, com

juros subsidiados.

De acordo com pesquisa realizada pela IPAA as empresas independentes, presentes em

33 estados dos EUA são responsáveis por aproximadamente 85% das perfurações de poços de

petróleo do país. A IPAA estimou uma composição de capital média destas empresas

independentes americanas, em:

• 36,2% são provenientes de recursos próprios,

• 28% de bancos e

• 20,3 % de investidores externos.

• Parte aplicada publicamente, predominantemente na New York Stock Exchange

(NYSE), seguida da NASDAQ e do American Stock Exchange (AMEX).

Produtores norte-americanos investiram em E&P cerca de US$ 52,9 bilhões em 2004.

Neste mesmo ano foram perfurados 36.321 poços, muito mais que o número de poços

perfurados em toda a história petrolífera brasileira.

No Canadá, as medidas políticas tomadas pelo governo das províncias, principalmente

Alberta, responsável por mais da metade do petróleo produzido no país, são efetivamente

importantes para o crescimento das pequenas empresas de exploração e produção de petróleo.

Áreas como estrutura, recursos humanos e tecnologia são suportadas pela principal associação

que media o cenário do petróleo na província canadense de Alberta: Alberta Securities

Commission (ASC).

Em 2005, 25.000 poços foram perfurados no Canadá, sendo a maior parte localizada na

sua região oeste, na bacia sedimentar da província de Alberta, parte das províncias de

Colúmbia Britânica, Saskatchewan, Manitoba e dos territórios do Noroeste. Grande parte dos

depósitos de areia oleífera do Canadá é proveniente do norte de Alberta, no campo de

Athabasca, considerado o maior do mundo.

As empresas canadenses são conhecidas mundialmente por seus equipamentos e

serviços de óleo e gás, fornecidos por cerca de 2.300 empresas, com um total de 55.000

funcionários.

Page 118: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

99

Os investimentos em novas tecnologias possibilitaram a liderança do Canadá em

operações onshore através da extração de óleo pesado, areias betuminosas, tecnologias de

recuperação de óleo leve e geofísica avançada. Em particular, essas empresas canadenses

destacam-se como inovadoras em tecnologia sísmica 3-D e 4-D. Essas empresas possuem um

amplo leque de capacidades e conhecimento em análises de reservatórios, recuperação de

petróleo e operações de perfuração, dispondo de diversos produtos para exploração e

produção.

Seis décadas de atividade de exploração e consequente desenvolvimento tornou a

província de Alberta uma das províncias mais prósperas do Canadá, com uma das taxas mais

elevadas de crescimento econômico no país.

A principal iniciativa implementada pelo governo canadense para suas respectivas

províncias é o recolhimento de somente 1% de royalties enquanto os projetos estão em fase de

exploração e/ou início de produção, fases estas onde as despesas superam ou rivalizam muito

com as receitas e lucros que ainda não estão sendo gerados. A partir do momento que o

projeto atinge razoavelmente um nível lucrativo da produção total, o governo da província

começa a recolher 25% de royalties.

Um projeto foi formulado simulando a reabertura de quatro poços abandonados em

terra, tendo como base as reservas petrolíferas de um campo maduro e seu fluxo de caixa

projetado na produção destas reservas. O projeto, de duração de cerca de nove anos, consiste

em uma reserva provada com cerca de 200.000 barris de óleo equivalente. Com todos os

dados do poço, foi avaliado que a produção média ficaria em torno de 125 barris diários.

Condicionando o fluxo de caixa às variáveis do modelo de entrada e às condições de

financiamento e alívio de royalties propostas, os resultados obtidos geraram um fluxo de caixa

sem financiamento (NF), um fluxo de caixa com financiamento (F), um fluxo de caixa sem

financiamento, mas com alívio de royalties (NFR) e um fluxo de caixa com financiamento e

alívio de royalties FR.

Em NF obteve-se um VPL negativa de R$ 1.146.012, 97, com TIR igual a -4%, e em F

obtiveram-se um VPL de R$ 26.574,30, com TIR igual a 14%.

Com alívio de Royalties, o Fluxo de Caixa não financiado mostrou uma melhora

significativa, embora ainda negativo, em seu VPL, calculado em R$ -1.179,05, com TIR a

10%. Isso significa que o projeto não dá prejuízo, mas também não há razão para ser

Page 119: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

100

desenvolvido. O Fluxo de Caixa financiado com alívio de Royalties obteve a melhor VPL, R$

369.014,72, com TIR a 22%.

Analisando os resultados, percebe-se uma considerável diferença entre os Fluxos de

Caixa financiados e não financiados, o que denota o quão custosa é a produção de petróleo e

os tributos e taxas pagas por uma pequena empresa brasileira deste ramo. O alívio de

Royalties, quando aplicado, mais que triplica o VPL adquirido em um Fluxo de Caixa em que

não se aplique alívio de Royalties.

Assim como a simulação apontou, alívios de taxas e impostos e mecanismos de

financiamento para produção de campos maduros são identificados por estes agentes como

possíveis soluções ou ao menos iniciativas viáveis para um desenvolvimento do setor

petrolífero de pequeno porte brasileiro.

Através da simulação de reabertura de poços situados em campos considerados maduros

é possível vislumbrar a entrada das pequenas e médias empresas no mercado de exploração e

produção de óleo e gás no Brasil, trazendo diversos benefícios ao país como: aumento na

oferta de petróleo e gás, maior independência no processo produtivo com conseqüências

positivas diretas para a autonomia brasileira de petróleo, para a maior geração de emprego e

de renda.

As simulações de fluxos de caixa permitem sugerir que, na atual conjuntura do mercado

de E&P de petróleo e gás natural brasileiro, as taxas e impostos pagos pelas PME’s pelo

direito de extrair petróleo e a falta de um incentivo especial, como financiamento por fluxo de

caixa futuro, são as principais barreiras de entrada a esses pequenos produtores.

Comparativamente com outros países, que adotaram medidas semelhantes a estas sugeridas há

muito tempo, a realidade do cenário brasileiro de E&P tem diferenças políticas, econômicas e

geológicas em relação a estes. Porém, com foco nas principais questões, as ações necessárias

para incrementar a atividade exploratória no Brasil não são tão distintas aos casos exitosos

demonstrados neste trabalho

Simultaneamente foram realizados questionários a instituições e empresas que cumprem

papel importante na atual conjuntura do setor de petróleo e gás natural brasileiro. Para a

análise destes dados foi utilizada técnica de análise de agrupamento (Cluster Analisys). A

similaridade entre as observações das variáveis (empresas, instituições e associações) são

agrupadas em conjuntos diversos, sendo considerados todos os elementos medidos

simultaneamente.

Page 120: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

101

O questionário foi caracterizado por três perguntas principais. O item 3 do Anexo I

enumera as possíveis causas para a menor presença de PME’s no setor petrolífero brasileiro

de E&P. O resultado foi: Altos Investimentos; Taxas e Impostos; Poucos Projetos de

Investimento e Restrições do Mercado.

O item 4 do Anexo I dispõe as principais ações governamentais necessárias para mudar

este panorama. Segundo as respostas obtidas, as ações escolhidas foram: Alívio de Taxas e

Impostos, como Royalties; Mecanismos de Financiamento para Produção em Campos

Maduros Existentes, com Reservas Quantificadas, Valoradas e Certificadas; Segregação de

Taxas e Impostos, dependendo da lucratividade do campo e a Exploração de Novas Áreas

Classificadas como Campos Marginais.

O item 5 do Anexo I tem como objetivo avaliar as áreas que necessitam maior

incentivo. Segundo a maioria dos integrantes deste questionário, são: Financiamento Especial

para PME’s e Produção e Desenvolvimento de Projetos de Óleo e Gás.

Segundo análise das respostas, a principal conclusão que se chega é que as instituições e

associações que participaram do questionário concordam com as PME’s, em grande parte, às

causas pelo pequeno número de PME’s no cenário petrolífero brasileiro e às ações

governamentais necessárias para incrementar o segmento de destes novos entrantes no setor

de E&P de petróleo e gás natural. Porém não há concordância em relação aos setores que

necessitam de desenvolvimento por parte das agências e associações que regulam o setor,

assim como citado no Anexo I. Isso denota uma dificuldade de iniciativa de estruturação por

parte das próprias agências e associações para dar oportunidade aos pequenos empresários

entrarem e se estabelecerem no setor de E&P de petróleo brasileiro.

Este trabalho apresenta as metodologias americanas e canadenses, além de citar outras

utilizadas em outros países, de financiamento para os pequenos e médios produtores de

petróleo e gás natural de cada país, através da quantificação, valoração e certificação de

reservas petrolíferas. É esperado que, como nestas grandes potências, seja praticado no Brasil

um conjunto de medidas similares que possam garantir o crescimento deste setor.

Para que haja mais empresas independentes no mercado de petróleo e gás natural

brasileiro são necessárias: políticas institucionais e ambientais, maior disponibilidade de mão-

de-obra especializada, um parque supridor de equipamentos e serviços diversificados o

suficiente para atender toda a demanda, novas tecnologias e investimentos específicos,

Page 121: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

102

parcerias com fornecedores, melhor avaliação do risco exploratório e de produção e reduções

nas cargas tributárias.

Com isso, estabelece-se uma possibilidade de crescimento da economia nacional no

setor de produção e distribuição de petróleo e gás, com conseqüências diretas no crescimento

econômico-social em regiões tradicionalmente dependentes de programas de fomento para

luta contra seca, no Nordeste do Brasil, propiciando a geração de empregos e renda que esta

atividade pode fornecer, posicionando não apenas a região, como também o Brasil, ainda mais

no rol de potências mundiais, com desenvolvimento e oferecimento de oportunidades de

crescimento pautados nos princípios constitucionais, de isonomia entre os cidadãos de

diferentes regiões do país.

Page 122: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

103

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Page 127: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

108

Anexo I – Questionário

Page 128: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

109

QUESTIONÁRIO PARA ENTIDADES, AGÊNCIAS REGULADORAS E ASSOCIAÇÕES DO SETOR DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO PETRÓLEO E GÁS

DO SETOR 1. IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE/AGÊNCIA NOME ENDEREÇO TELEFONE FAX E-MAIL DIA DA FUNDAÇÃO PÚBLICA OU PRIVADA? ENTREVISTADO FUNÇÃO DA AGÊNCIA / ENTIDADE / ASSOCIAÇÃO

2. SETOR QUE REGULA / ORGANIZA

a) Exploração e Produção de Petróleo [ ] b) Exploração e Produção de Gás Natural [ ] c) Prestadora de Serviços [ ] d) Logística e Transporte [ ] e) Engenharia/Construção Civil [ ] f) Consultoria [ ]

3. POSSÍVEIS CAUSAS DO MENOR NÚMERO DE PEQUENAS E MÉDIAS

EMPRESAS NO MERCADO BRASILEIRO DE PETRÓLEO E GÁS 1 - MENOR IMPORTÂNCIA, 2 - ALGUMA IMPORTÂNCIA; 3 - IMPORTANTE; 4 - MUITO IMPORTANTE E 5 - EXTREMAMENTE IMPORTANTE

. ALTOS INVESTIMENTOS [ ] RESTRIÇÕES DE MERCADO [ ] TAXAS E IMPOSTOS [ ] TECNOLOGIA [ ] TEMPO DE MATURAÇÃO ATÉ O RETORNO DO INVESTIMENTO

[ ]

POUCOS PROJETOS PARA INVESTIMENTOS NA ATIVIDADE

[ ]

ALTO CUSTO DE TRANSPORTE [ ] POUCO OU INEXISTENTES DADOS DE [ ]

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO

Page 129: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

110

GEOLOGIA CRÍTICOS POUCO OU INEXISTENTES PROJETOS DE AQUISIÇÃO DE DADOS DAS ÁREAS

[ ]

EQUIPAMENTOS CAROS [ ] ACESSO AOS DADOS DAS ÁREAS EXISTENTES [ ] INSTALAÇÕES DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E/OU GÁS NATURAL

[ ]

COMPETIÇÃO [ ] RESTRIÇÕES QUANTO AOS REQUERIMENTOS PARA QUALIFICAÇÃO NAS LICITAÇÕES DE BLOCOS EXPLORATÓRIOS DA ANP

[ ]

OUTROS [ ]

4. AÇÕES GOVERNAMENTAIS NECESSÁRIAS PARA AUMENTAR O SEGMENTO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE PETRÓLEO E GÁS

1 - MENOR IMPORTÂNCIA, 2 - ALGUMA IMPORTÂNCIA; 3 - IMPORTANTE; 4 - MUITO IMPORTANTE E 5 - EXTREMAMENTE IMPORTANTE

NOVAS AQUISIÇÕES SÍSMICAS [ ]

SEGREGAÇÃO DE TAXAS E IMPOSTOS, DEPENDENDO DA PRODUTIVIDADE E LUCRATIVIDADE DO CAMPO

[ ]

PROGRAMA DE EXPLORAÇÃO LIVRE DE BLOCOS MARGINAIS POR EMPRESAS PRIVADAS

[ ]

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO PARA PRODUÇÃO DE CAMPOS MADUROS EXISTENTES (COM RESERVAS QUANTIFICADAS, VALORIZADAS E CERTIFICADAS)

[ ]

ADOTAR MECANISMOS PARA MANTER OU MELHORAR A TECNOLOGIA DOS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS POR EMPRESAS DE MENOR PODER ECONOMICO

[ ]

MAIOR ACESSIBILIDADE A EQUIPAMENTOS [ ]

FABRICAÇÃO NACIONAL DE EQUIPAMENTOS USADOS NA INDUSTRIA DO PETROLEO

[ ]

INCENTIVOS PARA PEQUENAS EMPRESAS FORNECEDORAS DE EQUIPAMENTOS

[ ]

ALIVIO DE TAXAS E IMPOSTOS (ROYALTIES, ETC.) POR REATIVAÇÃO DE CAMPOS MADUROS DESATIVADOS

[ ]

EXPLORAÇÃO DE NOVAS ÁREAS CLASSIFICADAS COMO CAMPOS MARGINAIS

[ ]

NOVOS REQUERIMENTOS PARA UMA EMPRESA SER CLASSIFICADA COMO OPERADORA NAS LICITAÇÕES DE BLOCOS EXPLORATÓRIOS REALIZADO PELA ANP

[ ]

TAXAS E IMPOSTOS MENOS RIGIDOS PARA EMPRESAS QUE REATIVEM PRODUÇÃO EM CAMPOS MADUROS

[ ]

SEPARAÇÃO DAS FASES DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO NOS CONTRATOS LICITADOS PELA ANP

[ ]

DADOS GEOLOGICOS DISPONÍVEIS (BENS PÚBLICOS) [ ]

Page 130: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

111

5. ÁREA QUE NECESSITA MAIS INCENTIVO POR PARTE DA ENTIDADE / AGÊNCIA / ASSOCIAÇÃO

6. AVALIAÇÃO DO MERCADO ATUAL NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL (ESCOLHA UMA OPÇÃO)

UMA COMPANHIA CONTROLA O MERCADO COM ALGUMAS PEQUENAS EMPRESAS

[ ]

CONDIÇÕES POUCO ADVERSAS [ ] INVESTIMENTO DE RISCO [ ] INVESTIMENTO COM MUITO RISCO [ ] HOSTIL [ ]

1 - OS DADOS E RESPOSTAS FORNECIDAS NESTE QUESTIONÁRIO SÃO DE ORDEM SIGILOSA PARA NÃO HAVER BENEFICIAMENTO POR NENHUMA PARTE INTERESSADA DAS INFORMAÇÕES DIVIDIDAS PELAS EMPRESAS PARTICIPANTES. 2 – NOMES DE EMPRESAS E EMPREGADOS NÃO SERÃO DIVULGADOS NO TRABALHO DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROPOSTO, SENDO ESTA PESQUISA SOMENTE DE INTERESSE ACADÊMICO E DE FORMA A MOSTRAR A SITUAÇÃO ATUAL DO SETOR DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL BRASILEIRO. 3 – AGRADEÇO PREVIAMENTE A PARTICIPAÇÃO DAS MESMAS NESTE QUESTIONÁRIO, ALÉM DO INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO (IBP) POR INCENTIVAR ESTE ESTUDO.

SEGMENTO Percentual (%)

SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS

PROJETOS DE PESQUISA PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DE PROJETOS DE ÓLEO E GÁS

EQUIPAMENTOS

MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

SEGURANÇA DO TRABALHO MEIO AMBIENTE

INDÚSTRIA QUÍMICA FINANCIAMENTO ESPECIAL PARA PME´s

Total 100%

Page 131: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

112

Anexo II – Tabela de Contingência

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113

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114

Anexo III – Fluxos de Caixa

Page 134: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

115

FLUXO DE CAIXA SEM FINANCIAMENTO - NF

CAPEX

Items

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116

FLUXO DE CAIXA SEM FINANCIAMENTO COM ALÌVIO DE ROYALTIES – NFR

CAPEX

Items

Page 136: análise dos modelos canadense, americano e norueguês de

117

FLUXO DE CAIXA COM FINANCIAMENTO - F

CAPEX

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FLUXO DE CAIXA FINANCIADO COM ALÍVIO DE ROYALTIES – FR

CAPEX

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Índice

“in-place” ou in situ – p. 48, 49

Agents – p. 27, 28, 35

Bidding – p. 28

Brown fields – p. 35.

Cluster – p. 28, 29, 30, 31, 32, 35, 73, 74

Compliance – p.64

Debêntures – p.68

Dendrograma – p. 5, 77, 78, 80

Economic Rents – p. 27

Equity holder – p.66

Equity – p.9, p.66, p.67, p.68

Expertise – p. 21

Government Take – p. 35, 44, 76

Hedge – p. 9

Lead – p.51

Net pays – p. 21

Offshore – 4, 8, 10, 11, 12, 19, 20, 26, 34,

35, 40

One-on-one – p. 39

Onshore – p. 8, 9, 19, 20, 22, 24, 25, 26,

34, 35, 37, 40, 43

Opportunity cost – p. 27

Pemex – p. 32

Pertamina – p. 32

Players – p. 9

Plays – p. 46

Round Zero – p. 2

Royalty Holiday – p. 35

Spreads – p.61

Upfront cost – p. 35

Upstream – p. 26

Vendor – p.63

Workover – p. 21, 69, 71