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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ LEONARDO HAUPTLI CÂNDIDO ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO DO BANCO BRADESCO S/A – AGÊNCIA SÃO JOSÉ Biguaçu 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

LEONARDO HAUPTLI CÂNDIDO

ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO DO BANC O

BRADESCO S/A – AGÊNCIA SÃO JOSÉ

Biguaçu

2008

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LEONARDO HAUPTLI CÂNDIDO

ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO DO BANC O

BRADESCO S/A – AGÊNCIA SÃO JOSÉ

Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado ao Curso de Administração do Centro de Educação da UNIVALI – Biguaçu, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Administração. Professor Orientador: Crisanto S. Ribeiro

Biguaçu

2008

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LEONARDO HAUPTLI CÂNDIDO

ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO DO BANC O

BRADESCO S/A – AGÊNCIA SÃO JOSÉ

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi considerado adequado para a obtenção do título

de Bacharel em Administração e aprovado pelo Curso de Administração, da Universidade do

Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu.

Área de Concentração:

Biguaçu, 26 de novembro de 2008.

Prof. Esp. Crisanto Soares Ribeiro

UNIVALI - CE de Biguaçu

Orientador

Prof. Esp. Ademir Tenfen

UNIVALI - CE de Biguaçu

Prof. MSc. Cláudia C. Pereira

UNIVALI - CE de Biguaçu

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Dedico este Trabalho de Conclusão de Estágio a minha família,

especialmente ao meu avô, meus amigos, e a todas as pessoas

que me apoiaram em todos os momentos desta importante

etapa em minha vida, que está sendo vencida.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade do Vale do Itajaí. A todos que, direta ou indiretamente, deram sua contribuição para a

realização deste trabalho. Especialmente, ao meu orientador Prof. Crisanto Soares Ribeiro, pelo

acompanhamento pontual e competente. Ao Banco Bradesco, que permitiu o acesso as suas informações e aos seus

funcionários. Agradeço, especialmente, ao gerente da agência São José, Sr. Paulo

Roberto de Almeida e ao gerente de Pessoa Jurídica, Sr. Giovani Frasseto, pela atenção e presteza dispensada durante a realização do trabalho.

A todos os colegas de turma, pela amizade e companheirismo demonstrados

durante todo o Curso e estudo.

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“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”.

José de Alencar

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RESUMO

CÂNDIDO, Leonardo Hauptli. Análise do processo de concessão de crédito do Banco Bradesco S/A – agência São José . 2008. 49 f. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) - Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2008. O banco, instituição que está sempre avaliando e assumindo riscos, tem como atividade básica a intermediação financeira. A análise de crédito é a avaliação feita pelo banco, a fim de saber se o cliente atende os critérios adotados pela organização para realização da promessa de pagamento do crédito solicitado. Visando analisar o processo de concessão de crédito do Banco Bradesco S/A – agência São José, este trabalho teve como objetivos específicos identificar e descrever os processos de análise de crédito, analisar os clientes inadimplentes da carteira Capital de Giro – Pessoa Jurídica e verificar o cumprimento de todas as etapas, nos clientes analisados. A pesquisa caracterizou-se como avaliação de resultados, verificando se o motivo da inadimplência é causado por falhas nos procedimentos adotados pelo Banco. Para levantamento dos dados foi utilizada a pesquisa documental, ligada a documentos internos da organização. Diante dos dados apresentados, constatou-se que os diversos critérios adotados pela organização para proteger-se de clientes inadimplentes são eficientes. Porém, fatores que interferem diretamente o sucesso do compromisso, são difíceis de serem analisados e previstos, tais como: caráter e capacidade. Estes exigem uma atenção especial, pois são de fundamental importância para cumprimento da promessa de pagamento.

Palavras–chave : riscos; inadimplência; análise; crédito; clientes.

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ABSTRACT The bank, an institution that is always evaluating and taking risks, has the basic financial intermediation activity. The analysis of credit is the assessment made by the bank in order to determine whether the client meets the criteria adopted by the organization to carry out the promise of payment of credit requested. Aiming to examine the process for granting credit to Banco Bradesco S / A - San Jose agency, this study aimed to identify and describe the specific procedures for credit analysis, review the portfolio of delinquent customers working capital - and check the Legal Person fulfillment of all steps in customers analyzed. The search was characterized as the assessment of results, noting that the subject of default is caused by flaws in the procedures adopted by the Bank. For the survey data was used to search documents, linked to internal documents of the organization. Given the data presented, it was found that the various criteria adopted by the organization to protect itself from delinquent customers are successful. However, factors that directly affect the success of the undertaking, are difficult to be analyzed and provided for, such as character and ability. These require special attention because it is of fundamental importance to fulfilling the promise of payment.

Keywords: risk; default analysis; credit; customers.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Classificação Rating ................................................................................... 29

Figura 2: Níveis de risco ............................................................................................ 40

Figura 3: Inadimplência Capital de Giro .................................................................... 48

Figura 4: Clientes Capital de Giro ............................................................................. 48

Figura 5: Análise A .................................................................................................... 49

Figura 6: Análise B .................................................................................................... 50

Figura 7: Análise C .................................................................................................... 51

Figura 8: Análise D .................................................................................................... 52

Figura 9: Análise E .................................................................................................... 53

Figura 10: Analise F .................................................................................................. 54

Figura 11: Análise G .................................................................................................. 55

Figura 12: Análise H .................................................................................................. 56

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13 1.1.1 Objetivo Geral .............................. ................................................................... 13 1.1.2 Objetivos Específicos ....................... ............................................................. 13 1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 15

2.1 MERCADO FINANCEIRO ................................................................................... 15 2.2 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ........................................................................... 16 2.2.1 Bancos múltiplos ............................ ............................................................... 17 2.3 ACORDO DE BASILÉIA ...................................................................................... 17 2.4 RISCO ................................................................................................................. 19 2.4.1 Tipos de Riscos ............................. ................................................................. 20 2.4.2 Risco Financeiro ............................ ................................................................ 21 2.5 POLÍTICA DE CRÉDITO ...................................................................................... 22 2.6 CRÉDITO ............................................................................................................ 22 2.7 VISITA A CLIENTES ............................................................................................ 23 2.8 FICHA CADASTRAL............................................................................................ 24 2.9 OS C`S DO CRÉDITO ......................................................................................... 25 2.9.1 Caráter ..................................... ........................................................................ 25 2.9.3 Capital ..................................... ........................................................................ 26 2.9.4 Collateral (Garantias) ...................... ............................................................... 27 2.9.5 Condições ................................... .................................................................... 27 2.10 ANÁLISE DE CRÉDITO ..................................................................................... 28 2.10.1 Rating ............................................................................................................ 29 2.11 POLÍTICA DE COBRANÇA ............................................................................... 30

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO......................................................................... 32

4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS .................................................... 33

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ........................................................... 33 4.2.1 Política de Crédito ......................... ................................................................. 34 4.2.2 Crédito ..................................... ........................................................................ 34 4.2.3 Entrevista .................................. ...................................................................... 35 4.2.3.1 Investigação .............................. ................................................................... 37 4.2.4 Ficha Cadastral ............................. .................................................................. 37 4.2.5 Rating ...................................... ........................................................................ 39 4.2.6 Caráter ..................................... ........................................................................ 40 4.2.7 Capacidade .................................. ................................................................... 41 4.2.8 Condições ................................... .................................................................... 42 4.2.9 Capital ..................................... ........................................................................ 42 4.2.10 Conglomerado ............................... ............................................................... 42 4.2.11 Colateral .................................. ...................................................................... 43 4.2 12 Análise das Garantias ...................... ............................................................ 43 4.2.13 Formalização das Operações de Crédito ...... ............................................. 45 4.2.14 Capital de Giro ............................ .................................................................. 46 4.3 ANÁLISE DOS CLIENTES ................................................................................... 48

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4.3.1 Análise Cliente A ........................... ................................................................. 49 4.3.2 Análise Cliente B ........................... ................................................................. 50 4.3.3 Análise Cliente C ........................... ................................................................. 51 4.3.4 Análise Cliente D ........................... ................................................................. 52 4.3.5 Análise Cliente E ........................... ................................................................. 53 4.3.6 Análise Cliente F ........................... ................................................................. 54 4.3.7 Análise Cliente G ........................... ................................................................. 55 4.3.8 Análise Cliente H ........................... ................................................................. 56 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ....................................................... 57

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 58

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1 INTRODUÇÃO

A atividade básica dos bancos é a intermediação financeira. Ela consiste na

captação de recursos para emprestar a quem necessita. Sendo assim, para que se

possam obter recursos para investimentos, alguém tem que poupar determinado

valor, canalizando recursos para os que necessitam de empréstimos. Com isso, os

produtos tradicionais dos bancos são sempre os mesmos, ou seja, o dinheiro nas

mais diversas formas.

A intermediação financeira tem como matéria-prima os depósitos (dinheiro)

efetuados pelos clientes, onde os resultados (produtos finais) são os empréstimos e

financiamentos. Sendo assim, as razões para a existência do banco no mercado

estão na captação de clientes para aumentar a composição de carteiras de crédito.

O Banco Bradesco S/A, agência São José, na qual será elaborado o trabalho,

exerce a intermediação financeira, concedendo crédito para pessoas físicas e

jurídicas, assumindo os riscos e recebendo pagamento de juros sobre o valor do

empréstimo e financiamentos.

Um banco é uma instituição que está sempre avaliando e assumindo riscos,

devido a isso possui grande responsabilidade diante da comunidade, do governo e

seus acionistas. Possui como objetivo principal fornecer e receber o pagamento em

seu vencimento do credito concedido, acrescido dos juros devidos. Porém, para que

seja fornecido crédito, é necessário fazer uma análise definindo o risco do cliente e

da operação, com isso, o responsável verifica a possibilidade de assumir ou não

este risco.

Este estudo pretende responder à seguinte questão norteadora: Os

procedimentos utilizados na concessão de crédito do Banco Bradesco S/A na

agência de São José, são responsáveis pela inadimplência na carteira de Capital de

Giro?

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar a forma de concessão de crédito do Banco Bradesco, agência

localizada em São José, no período de março a novembro de 2008.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Identificar os processos de concessão de crédito;

• Descrever os procedimentos operacionais de concessão de crédito;

• Verificar o cumprimento de todas as etapas do processo de análise de crédito;

• Analisar os clientes inadimplentes da carteira de capital de giro.

1.2 JUSTIFICATIVA

De acordo com os dados fornecidos pelo site do Banco Central, nos últimos

anos o volume de crédito no Brasil mostrou expressivo crescimento. Os bancos

possuem o papel de ajudar a proporcionar esse crescimento, através da concessão

de crédito, financiando investimentos do governo e também de empresários.

O estudo proposto analisará o comportamento do Banco Bradesco S/A –

agência São José, diante do risco financeiro ao qual o mesmo está exposto, visando

sempre diminuir a inadimplência das carteiras, porém sem afetar a produtividade da

agência de São José, a fim de contribuir para o objetivo principal das instituições

financeiras, o lucro.

O momento atual é oportuno, pois a agência está conquistando novos clientes

e criando uma fidelidade, por meio da ampliação do relacionamento a cada dia,

sendo assim é essencial direcionar produtos certos, na hora certa, para o cliente

certo, incrementando os resultados da agência. Além destes fatores, a crise

financeira atual salienta o quanto a análise de crédito é importante para garantir o

sucesso da organização, pois devido a facilidade ao crédito, grande parte da

população norte-americana acabou endividada, como conseqüência não

conseguiram honrar seus compromissos, causando um quebra-quebra nas

instituições financeiras.

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O custo do projeto é irrisório devido à organização possuir quase todos os

dados necessários e todo o trabalho será elaborado por um funcionário, sem afetar

suas atividades diárias. O gerente da agência tem interesse no desenvolvimento do

trabalho e disponibilizará acesso as informações necessárias para conclusão do

estudo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O trabalho abordará os aspectos conceituais e definições que são essenciais

para fundamentação deste trabalho, tais como: Mercado Financeiro, Instituições

Financeiras, Bancos Múltiplos, Acordo de Basiléia, Risco, Política de Crédito,

Crédito, Visita a Clientes, Ficha Cadastral, Análise de Crédito, Os C`s do Crédito,

Rating e Política de Cobrança.

2.1 MERCADO FINANCEIRO

Securato (1996) o mercado financeiro, através da intermediação financeira,

tem como finalidade desenvolver títulos que tenham uma melhor alocação de

poupança a investimentos na economia, bem como garantir a circulação dos títulos

assessorando seus clientes.

Weston e Brigham (2000, p.93) “as pessoas e organizações que desejam

tomar dinheiro emprestado entram em contato com as que têm recursos

superavitários nos mercados financeiros”.

“Os mercados financeiros fornecem um foro no qual fornecedores de fundos, tomadores de empréstimos e investidores podem negociar diretamente. Enquanto os empréstimos e os investimentos das instituições são feitos sem o conhecimento direto dos fornecedores dos fundos (poupadores), no mercado financeiro os fornecedores sabem onde seus fundos estão sendo emprestados ou investidos”(GITMAN, 1997, p.33).

Mellagi e Ishikawa (2000), o mercado financeiro, devido a globalização da

economia, possibilita a negociação da moeda alemã, por exemplo, no mercado

financeiro, já que a moeda é o elemento de ligação. É nesse mercado que são

realizadas as principais operações financeiras realizadas pelos bancos.

“Destarte, o mercado financeiro pode ser considerado como elemento

dinâmico no processo de crescimento econômico, uma vez que permite a elevação

das taxas de popança e investimentos” (FORTUNA, 1998, p.12).

Silva (2000) divide o mercado financeiro em duas partes: o mercado de

fundos de curto prazo (mercado monetário) e o mercado de fundos de longo prazo

(mercado de capitais).

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Weston e Brigham (2000) salientam que os mercados financeiros atendem

diversos clientes, suprindo suas necessidades. Podemos destacar os tipos de

mercados:

• Mercados de ativos reais: operam produtos como: trigo, automóveis, imóveis,

computadores e maquinaria.

• Mercados de ativos financeiros: operam ações, títulos, notas, por exemplo.

• Mercados à vista e mercado futuro: são mercados que vendem e compram

ativos para entrega na hora ou dentro de alguma data futura.

• Mercados monetários: são mercados onde fundos e empréstimos são

tomados por curto período, inferior a um ano. Já os mercados de capitais

operam ações, dívida de longo prazo (superior a um ano).

• Mercados hipotecários: fornecem empréstimos para imóveis residenciais,

comerciais, industriais e agrários. Já os mercados de crédito ao consumidor

ao consumidor fornecem empréstimos para veículos, eletrodomésticos, entre

outros.

Sanvicente (1997) afirma que devido a grande quantidade de transações

financeiras, e da evolução das instituições financeiras, o mercado financeiro

necessita de aprimoramento e desenvolvimento constante.

“O mercado financeiro é regulado e operacionalizado pelo chamado Sistema

Financeiro Nacional”(SILVA, 2000,p.40).

2.2 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Gitman (1997) conceitua instituições financeiras como intermediários que

disponibilizam recursos, tais como empréstimos e financiamentos, a partir da

poupança de indivíduos, pagando aos mesmos juros sobre o valor.

Na mesma concepção, Silva (2000) salienta que o intermediário financeiro

capta recursos, através de operações passivas (depósitos), para emprestá-los a

clientes, operações ativas.

Cabe evidenciar que todas as instituições financeiras são regulamentadas por

órgãos competentes (GITMAN, 1997).

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As instituições financeiras têm como finalidade principal o intermédio

financeiro, captando recursos poupados (doadores de recursos) para deixá-los à

disposição dos que necessitam (tomadores de recursos) fazer investimentos.

Todas as condições necessárias para que esses recursos estejam

disponíveis são regulamentadas por órgãos competentes do governo.

2.2.1 Bancos múltiplos

“Os bancos múltiplos foram criados por meio da Resolução n° 1.524/88, do

BACEN, com a finalidade de racionalizar a administração das instituições

financeiras” (HOJI, 2000, p.38).

Silva (2000) enfatiza que o banco múltiplo é um intermediário financeiro que

opera diversas carteiras e aproximam agentes econômicos com situações

superavitária e deficitária, atendendo as necessidades de ambas as partes.

Em perspectiva similar, Pinheiro (2001) salienta que os bancos múltiplos

operam diversas carteiras, sendo que para configurar a existência do mesmo é

necessária a operação de no mínimo duas carteiras, na qual uma delas de banco

comercial.

Em outras palavras, Fortuna (1998, p.28) destaca que um banco múltiplo

trabalha com diversas carteiras tais como: carteira de investimentos, de crédito

imobiliário, de aceite, de desenvolvimento, de leasing e a carteira de banco

comercial, essencial para formação desse tipo de banco, tendo como principal

vantagem contabilizar as operações como uma só instituição.

Conclui-se, a partir daí que, os bancos múltiplos atuam na maioria dos

segmentos do sistema financeiro, intermediando financeiramente. Esta modalidade

de banco deve possuir uma carteira nacional e outra qualquer, ou seja, eles atuam

com no mínimo duas carteiras.

2.3 ACORDO DE BASILÉIA

O Acordo de Basiléia surgiu em 15 de Julho de 1988, a partir da reunião dos

bancos centrais dos países que compõem o grupo dos dez mais desenvolvidos, a

fim de conferir mais homogeneidade no parâmetro internacional adequando e

supervisionando o capital dos bancos (SILVA, 2000).

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Com o Acordo de Basiléia, houve mudança quanto ao cálculo da capacidade

de alavancagem de cada banco, agora feito com o ativo não mais com o passivo

(FORTUNA, 1998).

Desse modo, Fortuna (1998, p. 394) salienta que “O risco operacional de uma instituição financeira passa a ser medido sobre o tipo de aplicações feitas com o capital que ela administra e não mais sobre o volume de recursos captados de terceiros”.

Mesmo com adoção ao Acordo de Basiléia, o Banco Central, manteve a regra

anterior de limite de alavancagem, podendo a instituição alavancar 15 vezes o

patrimônio líquido com endividamento de recursos captados de terceiros

(FORTUNA, 1998).

Segundo Fortuna (1998) a resolução 2.099/94, com seus quatro anexos

constitui a “mais importante mudança realizada no mercado financeiro brasileiro nos

últimos 30 anos”. Dessa forma, o autor acima citado destaca os quatro anexos:

O Anexo I, segundo Fortuna (1998, A1), “apresenta as regras para o funcionamento, a transferência e a reorganização das instituições financeiras, revogada toda legislação que concedia incentivos à constituição de bancos múltiplos, unifica as carteiras de desenvolvimento e investimento e possibilita a criação da carteira de arrendamento mercantil (leasing), vedada, neste caso, a emissão debêntures.

O Anexo II, Fortuna (1998) salienta que as instituições financeiras autorizadas

a funcionar pelo Banco Central, possuem novos limites mínimos de capital e

patrimônio líquido especificados.

O Anexo III, destaca Fortuna (1998) que o Banco Central monitora a

instalação e o funcionamento das dependências das instituições financeiras.

O Anexo IV fixa as novas regras de determinação do patrimônio liquido ajustado que passa a ser calculado proporcionalmente ao grau de risco da estrutura dos ativos de cada instituição. Cria-se, assim, uma obrigatoriedade de manutenção, pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BC, de um valor de patrimônio líquido compatível com o grau de risco da estrutura de seus ativos (FORTUNA, 1998, A1).

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2.4 RISCO

Gitman (1997) conceitua risco como possibilidade de perda financeira, ou

seja, ele depende da possibilidade de prejuízo para que seja mensurado.

Em perspectiva similar, Securato (1996, p.28) aborda risco como o grau de

incerteza ou possibilidade de perda, que será quantificado através de informações

coletadas, com isso será estabelecido o risco do evento.

Para minimizar riscos, uma empresa pode se valer de créditos de longo prazo, mais caros, que tendem a diminuir seu potencial de lucratividade. A utilização de créditos de curto prazo, um comportamento mais agressivo, permite a empresa trabalhar em níveis superiores de lucratividade, mas a expõe a riscos maiores de liquidez no curto prazo (FUSCO, 1996, p.53).

Assaf Neto (2000) salienta que o risco é mensurado através do estado de

incerteza de uma decisão, tendo como base o conhecimento das probabilidades

associadas à ocorrência de certos resultados ou valores.

“O termo risco é usado alternativamente com incerteza, ao referir-se à

variabilidade de retornos associada a um dado ativo” (GITMAN, 1997, p.202).

Em perspectiva similar, Silva (2000) conceitua risco como instabilidade de

retorno do investidor num determinado projeto de investimento.

Desse modo, Weston e Brigham (2000, p.155) aponta que “risco é a

possibilidade de que algum acontecimento desfavorável venha a ocorrer”.

Na mesma concepção, Securato (1996) define risco como probabilidade de

ocorrerem os fracassos, ou seja, eventos que não nos permitem atingir os objetivos.

Assim, Hoji (2007) afirma que fatores que possibilitam impedir ou dificultar a

conclusão de algo que foi planejado estão ligados ao risco do evento.

Em outras palavras, Ross, Weterfield e Jordan (1998, p.243) afirmam que “a

parcela inesperada do retorno, resultante de surpresas, representa o verdadeiro

risco de qualquer investimento”.

A cada empréstimo ou financiamento concedido pelo banco, ele está

assumindo o risco de não receber, ou seja, a promessa de pagamento futuro pode

não ser realizada. Alguns fatores podem estar relacionados pelo não cumprimento

da promessa como caráter, a sua capacidade de gerir os negócios, fatores externos

adversos ou incapacidade de gerar caixa (SILVA, 1998).

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Convém enfatizar, segundo Bernstein (1997, p.8), que “o risco é uma opção,

e não um destino”.

Ross, Weterfield e Jordan (1998, p. 212) salientam que “o retorno exigido

depende do risco do investimento. Quanto maior o risco maior o retorno exigido”.

Sanvicente (1997) salienta que uma situação de incerteza, passa a ser risco

quando determinados eventos fazem estimativas das probabilidades de sucesso ou

fracasso.

A partir dos autores, pode-se concluir que risco é a possibilidade de que algo

seja realizado de forma diferente do combinado ou ate mesmo não seja cumprido. A

possibilidade de perda financeira ou incerteza do retorno de um investimento podem

ser ditas como risco.

2.4.1 Tipos de Riscos

Securato (1996) classifica os riscos em: sistemático ou conjuntural - consiste

no risco que o sistema político, econômico e social impõem ao ativo; e não

sistemático ou próprio – é gerado por fatos que atingem diretamente o ativo ou

subsistemas que a ele está ligado, sem afetar os demais ativos e seus subsistemas.

Em perspectiva similar, Assaf Neto (2000) caracteriza os riscos da seguinte

forma: sistemático – está presente em todos os ativos negociados no mercado,

sendo determinado por eventos de forma política, econômica e social; não

sistemático – é um risco intrínseco, próprio de cada investimento, não se alastrando

aos demais ativos da carteira.

Na mesma concepção, Gitman (1997) enfatiza que risco não diversificável ou

sistemático é aquele que afeta a todas as empresas e não pode ser eliminado por

diversificação enquanto risco diversificável ou não sistemático é aquele que atribuído

a eventos específicos da empresa, podendo ser eliminado pela diversificação.

“Entenderemos diversificação do risco qualquer processo que nos possibilite

minimizar os efeitos do risco sobre um ativo ou uma carteira de ativos” (SECURATO,

1996, p. 44).

Um risco sistemático é aquele que influencia um grande número de ativos, em grau maior ou menor. Como os riscos sistemáticos são efeitos que possuem amplitude igual à do mercado como um todo, são às vezes chamados de riscos de mercado. [...] Um risco não sistemático é o que afeta um único ativo ou um grupo pequeno de

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ativos. Como esses riscos são específicos a empresas ou ativos individuais, são as vezes chamados de riscos específicos.

Conclui-se, a partir daí, que risco sistemático é aquele que está presente em

todas as negociações no mercado, pois é determinado pelo sistema político,

econômico e social. Já o risco não – sistemático é aquele específico para cada

evento, ou seja, atingi apenas um investimento da carteira em específico.

2.4.2 Risco Financeiro

Assaf Neto (2000) apresenta risco financeiro não como decisões de ativos,

mas sim como o endividamento da empresa (passivo) e sua capacidade de

pagamento.

Na mesma linha, Securato (1996) trata risco financeiro como à ausência de

liquidez da empresa para honrar seus compromissos e esta ligada com o

endividamento da empresa.

O risco financeiro, ou variabilidade dos retornos para o acionista ordinário, é determinado, além do risco econômico subjacente, pelo uso relativo de capital de terceiros, ou seja, pelo uso de recursos que exigem uma remuneração fixa e prioritária em face da remuneração do capital dos acionistas (SANVICENTE, 1997, p.91).

Sanvicente (1997) salienta ainda que risco financeiro está ligado à estrutura

das fontes de recursos, levando em consideração o endividamento relativo.

A avaliação do risco financeiro vem ao encontro das necessidades dos

agentes decisórios envolvidos, que é a de adotar uma estratégia eficaz para medir o

risco financeiro das operações (SCHNEIER e MICCOLIS, 1998, p.124).

“Risco financeiro é entendido como falta de liquidez da empresa para saldar seus compromissos e esta intimamente ligada a questão do endividamento da empresa, do controle de custos, ou da variabilidade das vendas. [...] o banco como intermediário financeiro, captando e emprestando recursos, tem como matéria-prima os depósitos (dinheiro) efetuados pelos clientes, ao mesmo tempo em que os produtos finais são os empréstimos e financiamentos (dinheiro). Motivo pelo qual, o banco vive de avaliar e assumir riscos em qualquer que seja a sua operação ou atividade bancária” (SECURATO, 1996, p.44-46).

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Portanto, conclui-se que risco financeiro está ligado ao endividamento da

empresa, levando em consideração a capacidade de honrar seus compromissos.

2.5 POLÍTICA DE CRÉDITO

Sanvicente (1997) aborda política de crédito como diretrizes e procedimentos

de seleção de clientes, cobrança e desconto, que são formas importantes de atração

para o cliente, e uma forma da empresa se diferenciar no mercado com uma boa

administração nesse fator.

De forma mais abrangente, Silva (2000) salienta que diversos fatores podem

interferir na política de crédito, tais como: as normas legais, a definição estratégica

do banco, os objetivos a serem alcançados, a forma de decisão e de delegação de

poder, os limites de crédito, a análise de crédito, a composição e a formalização dos

processos e a administração e o controle de crédito.

A política de crédito abrange prazo do crédito, padrões de crédito,

procedimento de cobrança e descontos, fator de significativa importância para o

sucesso de uma empresa (Weston e Brigham, 2000).

“Determinações quanto à seleção, padrões e condições de crédito (GITMAN,

1997, p. 696)”.

Política de crédito, portanto, é o conjunto de fatores que determinam como a

organização atuará no mercado, ou seja, as condições para se obter crédito.

2.6 CRÉDITO

Silva (2000) aborda o crédito como a capacidade do individuo de obter

dinheiro, mercadoria ou serviço com o compromisso de pagamento num prazo

determinado.

Na mesma concepção, Assaf Neto e Silva (1997, p. 97) afirmam que: “crédito

diz respeito à troca de bens presentes por bens futuros”.

Cabe evidenciar que, crédito deriva do latim credere (crer), e significa

confiança (ORTOLANI, 2000).

“Crédito consiste na entrega de um valor presente mediante uma promessa

de pagamento” (SILVA, 2000, p. 63).

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Para Ferreira (apud SILVA, 2000, p.67) crédito é a confiança, facilidade de

obter dinheiro por empréstimo ou abrir contas em casa comerciais, o que o

negociante tem haver, direito de receber o que emprestou, entre outros.

Em linha distinta, Berni (1999, p.11) salienta que “o crédito bancário [...] será

concedido levando-se em conta numerosos fatores, que poderão estar sintetizados

em três palavras chaves: confiança, mérito e oportunidade”.

Já Silva (1998, p.22) conceitua crédito da seguinte forma:

A palavra crédito, dependendo do contexto do qual se esteja tratando tem vários significados. Em finanças, o vocábulo crédito define um instrumento de política financeira a ser utilizado por uma empresa comercial ou individual na venda a prazo de seus produtos transferindo a posse deles mediante promessa de pagamento futuro.

Ressalta-se, que crédito é um dos fatores de maior importância num banco

comercial, sendo parte relevante da sua atividade e da geração de receita (SILVA,

2000).

Se o crédito aumenta o nível de atividade da economia e cumpre a função

social, é previsível uma tendência para atender as unidades altamente endividadas,

que devem ser administradas através da política de crédito das instituições

financeiras, dentro do contexto rico x retorno (DOUAT, 1995, p. 8-9).

A partir dos autores, pode-se concluir que crédito é a confiança do indivíduo

no comércio, mediante a uma promessa de pagamento, sendo um fator de grande

importância num banco. Para se ter confiança, é necessário conhecer o cliente,

visitá-lo, e saber qual a finalidade do crédito.

2.7 VISITA A CLIENTES

Silva (2000) a visita permite aproximar-se do cliente, bem como conhecer

suas instalações, avaliar possíveis oportunidades de negócios e os riscos, e

fortalecer a relação de negócio.

Dessa forma, Silva (2000) salienta que a visita ao cliente pode ser dividida em

três fases:

• Planejamento: definir objetivo da visita (fechamento de negócio, conquista de

clientes, renegociação de divida), com quem falar na empresa.

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• Realização: horário, apresentação, preparação dos assuntos, conhecimento

dos produtos e serviços do banco.

• Acompanhamento da visita: agendar tudo o que foi combinado para dar

resposta ao cliente a assuntos que foram abordados, cobrar documentos

solicitados.

Verifica-se, nessa perspectiva que, a visita a cliente de ser bem estrutura, ou

seja, a elaboração de um roteiro é essencial para atender corretamente o cliente ou

a conquistar um novo. Ao termino desse processo o responsável possui informações

confiáveis para elaboração do cadastro cliente junto ao banco.

2.8 FICHA CADASTRAL

Segundo Leoni e Leoni (1994), ficha cadastral trata-se de um instrumento de

coleta de dados, onde as pessoas possam ser quantificadas em qualquer nível de

atividade, seja comercial, industrial, escolar, entre outras. Sendo que a constituição

do cadastro esta dividida em pessoa física e jurídica, subdividem-se nos mais

diversos ramos de atividades.

A ficha cadastral constitui-se num valioso instrumento para auxiliar na análise de crédito, propiciando ao analista e aos gestores de crédito em geral, diversas informações relevantes sobre a empresa e alguns fatores que afetam o seu desempenho (SILVA, 2000, p.150).

O cadastro de pessoa física e jurídica representa a “coletânea dos dados dos

cidadãos, que estão em pleno gozo das prerrogativas constitucionais, legais e do

espírito de solidariedade humana” (LEONI e LEONI, 1994, p. 17).

Ainda Leoni e Leoni (1994) destacam os dados presentes na ficha cadastral –

pessoa física: dados pessoais, residenciais, atividades atuais e rendimentos, bens

(moveis, imóveis e outros), referências, descrição do crédito ou compra, declaração

e assinatura.

Já os dados coletados para o preenchimento da ficha cadastral de pessoa

jurídica são: comprovação dos registros, localização, atividade, ramo, capital inicial e

alterações, produtos de compra e venda, encargos trabalhistas, imóveis em geral,

dados contábeis, sócios, diretores, obrigações, seguros, leasing, empréstimos,

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referências, descrição do crédito ou compra, declarações e assinaturas (LEONI e

LEONI, 1994).

Desse modo, a ficha cadastral possui informações relevantes do cliente para

o processo de análise de crédito e também fatores que possam interferir no seu

desempenho.

2.9 OS C`S DO CRÉDITO

“As cinco dimensões-chaves – caráter, capacidade, capital, colateral e

condições – são usadas pelos analistas de credito das empresas para avaliar a

capacidade creditícia de um solicitante (GITMAN, 1997, p.696)”.

2.9.1 Caráter

Hoji (2007) define o caráter como sendo o item mais relevante na análise de

créditos. Se na avaliação, o cliente não possuir um caráter aceitável, todo resto da

análise fica prejudicado.

Nesse sentido, Weston e Brigham (2000) conceitua caráter como um fator de

significativa importância, pois refere-se à probabilidade dos clientes em saldar seus

compromissos.

Em perspectiva similar, Hoji (2007) salienta que é importante a avaliação do

caráter (aspectos morais e éticos) e também da cultura da empresa, pois dependerá

da honestidade para honrarem suas obrigações financeiras.

“Caráter: O histórico quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas judiciais pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizados na avaliação do seu caráter” (GITMAN, 1997).

Weston e Brigham (2000) salientam que, por cada transação creditícia se

tratar de uma promessa de pagamento, o responsável pela concessão de crédito

deve obter informações do cliente com fornecedores, empresas bancárias, e até

mesmo com seus concorrentes.

A partir dos autores, podemos concluir que a análise do caráter é um dos

itens mais relevante na análise de crédito. Através dessa avaliação, buscamos

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informações quanto ao cumprimento da promessa de pagamento do cliente, pois

pessoas de bom caráter farão um grande esforço para saldar seus compromissos.

2.9.2 Capacidade

Hoji (2007, p.128) “A firme determinação de pagar (caráter) não terá validade

se o cliente não tiver capacidade de saldar seus compromissos financeiros”.

Na mesma linha, Weston (2000) define capacidade como o potencial do

cliente em honrar os compromissos.

Em outras palavras, Gitman (1997) conceitua capacidade como a

possibilidade de pagamento do crédito solicitado.

A capacidade de pagamento é avaliada em diversas fontes tais como

registros passados, observação de lojas (WESTON e BRIGHAM, 2000).

Desse modo, Hoji (2007) O potencial de saldar os compromissos pode ser

observado através da análise das demonstrações financeiras e em instituições como

Serasa. Informações adicionadas também devem ser levadas em consideração

como: Idade, formação acadêmica, histórico profissional, entre outras.

Gitman (1997) Avalia a capacidade do solicitante de crédito, através dos

índices de endividamento e liquidez.

2.9.3 Capital

Weston e Brigham (2000) conceituam o capital como a condição financeira,

conforme análise de suas demonstrações financeiras.

Em perspectiva similar, Hoji (2007, p.128) aponta que “A análise da estrutura

econômica e financeira evidencia o nível de solidez financeira da empresa”.

Em outras palavras, Gitman (1997) salienta que capital é a solidez financeira

da empresa solicitante, apresentada através do patrimônio líquido.

Analisando a condição financeira, fatores como índices de liquidez corrente e

o índice de cobertura de juros determinam a liquidez financeira da empresa

(WESTON e BRIGHAM, 2000).

Gitman (1997) Avaliando a capacidade do solicitante de créditos, índices

como o de lucratividade e o total de exigíveis (a curto e longo prazo) são utilizados

com freqüência.

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Um aspecto que deve ser considerado na avaliação é a capacidade da

empresa, através de recursos de longo prazo, ampliar seus negócios. Outro aspecto

que deve ser analisado é a necessidade líquida de capital de giro, onde nos mostra

com clareza o capital que precisa ser financiado (HOJI, 2007).

2.9.4 Collateral (Garantias)

“Collateral é uma palavra em inglês que significa garantia” (HOJI, 2007,

p.128).

Gitman (1997) conceitua garantia como o montante de ativos colocados a

disposição pelo solicitante do crédito, para que no caso de inadimplência, seja maior

a probabilidade de recuperar o valor creditado.

Em outras palavras, Weston e Brigham (2000, p.441) salientam que o

colateral é representado pelos ativos que os clientes podem oferecer como garantia

a fim de obter crédito.

Cabe evidenciar que, fiança bancária, hipoteca, seguro-garantia, entre outros

podem ser considerados como garantia (HOJI, 2007) .

2.9.5 Condições

Gitman (1997, p. 697) “Condições econômicas e empresariais vigentes, bem

como circunstâncias particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas

na negociação”.

Hoji (2007) salienta que o ramo de atividade no qual a empresa está inserida,

o cenário econômico juntamente com as condições econômicas presentes são

fatores que devem ser avaliados do solicitante de crédito.

Em outras palavras, Weston e Brigham (2000) afirmam que condições

referem-se a determinados fatores que poderiam afetar a capacidade dos clientes

em honrar seus compromissos. Tendências econômicas e setores da economia são

alguns desses fatores.

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2.10 ANÁLISE DE CRÉDITO

“A análise de crédito é o processo de decidir se deve ser dado crédito ou não

a determinado cliente. Normalmente, isto envolve duas etapas: coletar informações

relevantes e determinar o risco de crédito” (ROSS, WESTERFIELD e JORDAN,

1998, p.372).

Em perspectiva similar, Gitman (1997) salienta que análise de crédito é a

avaliação feita pela instituição ao cliente solicitante.

De forma mais abrangente, Silva (2000) enfatiza que definir o tipo de análise

de crédito é um ponto importante para avaliação de risco dos clientes, pois não se

deve utilizar as mesmas informações coletadas (padrão) por outros bancos para

concessão de crédito.

Schrickel (1994, p.15) aborda análise de crédito da seguinte forma:

A análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada.

Entretanto, Silva (2000) enfatiza que, tanto a análise de crédito quanto o

marketing precisam de informações, pois é fundamental conhecer o cliente para que

se possam atender suas necessidades, identificando os riscos do processo.

Além do mais, Silva (1997) destaca que os bancos, em geral, para evitar a

perda de um montante emprestado, possuem critérios rigorosos na concessão de

crédito.

O processo de crédito para uma decisão sobre um empréstimo de R$ 5.000.000,00 não pode ser o mesmo para uma operação de R$ 5.000,00. Se o banco estiver adotando o mesmo padrão, estará pedindo informações a mais para um cliente ou a menos para o outro; ou poderá estar descalibrado nos dois (SILVA, 2000, p.120).

Nesse sentido, Leoni (1994) aborda alguns itens que devem ser analisados

no caso de pessoa física: idade mínima e máxima, estado civil do cliente, seus

dependentes, tempo de residência atual e anterior, rendimento da atividade atual e

anterior, outros rendimentos, bens moveis e imóveis, avais, desabonos, descrição do

crédito, garantia subsidiária e comprometimento do rendimento.

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“As informações das visitas devem ser agregadas aos retrospectivos

instrumentos de crédito, como análise financeira, analise setorial, registro de

restrições e assim por diante” (SILVA, 1997, p.170-171).

Convém enfatizar que “políticas administração de empresas são instrumentos

que determinam padrões de decisões para resolução de problemas semelhantes”

(SILVA, 1988, p.97).

Conclui-se, a partir daí, que análise de crédito é a avaliação feita pela

instituição, através de informações coletadas para aquele evento, definindo os riscos

existentes no processo, ou seja, cada cliente se enquadra em um nível de risco.

2.10.1 Rating

Brito (2003) afirma que o sistema rating, um dos mais antigos sistemas de

concessão de crédito, serve como base para instituições financeiras determinarem

suas provisões para saldar seus compromissos numa certa data.

Desse modo, Silva (2000, p.81) aponta que “os serviços de rating são

utilizados normalmente por credores e investidores como uma medida de

expectativa de cumprimento de uma obrigação numa data certa”.

Na mesma linha Brito (2003) salienta que o rating avalia o risco mensurando

e ponderando as variáveis através de escalas, geralmente simbolizadas por letras e

números.

Dessa forma, Silva (2000) destaca que a graduação do risco do cliente,

permite ao banco dimensionar o efetivo risco de crédito que a empresa apresenta,

definindo assim o prêmio a ser cobrado pelo risco.

Corroborando com esta afirmação, Silva (2000, p.76) aponta que “a

classificação adotada pela Resolução 2.686/99 definiu as classes de risco e

respectivo provisionamento para as operações de crédito abrigadas em cada

classe:”

Classe de Risco AA A B C D E F G H

Provisionamento 0,0% 0,5% 1,0% 3,0% 10% 30% 50% 70% 100%

Figura 1: Classificação Rating Fonte: Silva, (2000 p.76)

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Além disso, Silva (2000) menciona que a Resolução 2.686/99 determina a

revisão das operações mensalmente e devido aos dias de atraso o cliente é

classificado em uma nova posição de risco.

2.11 POLÍTICA DE COBRANÇA

Gitman (1997) afirma que política de cobrança corresponde a forma pela qual

a organização cobra suas duplicatas a receber quando vencidas.

Na mesma linha, Brigham e Houston (1999) enfatizam que a política de

cobrança utiliza métodos para receber contas vencidas.

Para Ross, Weterfield e Jordan (1998) a política de cobrança é a etapa final

da política de crédito, onde através de um acompanhamento, possa identificar

dificuldades para pagamentos ou até mesmo obter-los.

“A política de cobrança deve ser implementada em conjunto com a política de crédito. Não deve ser facilitada demasiadamente a concessão de credito para, posteriormente, ter de aplicar rigidez na cobrança ou vice-versa. Se já for esperada a dificuldade de cobrança no ato da concessão do credito a determinados clientes, a avaliação do crédito deverá ser mais rigorosa” (Hoji, 2007, p.131).

Além disso, Sanvicente (1997) salienta que a política de cobrança existe para

que haja o recebimento de uma venda já efetuada, não gastando mais com o

esforço de cobrança do que tem para receber.

Desse modo, Sanvicente (1997) “Em si mesma, a atividade de cobrança não

levará diretamente um cliente incapaz de pagar a saldar as suas dividas”.

Em complemento a essa afirmação, Sanvicente (1997) salienta que a

cobrança faz parte do conjunto de concessão de crédito e da política de vendas da

empresa, portanto a agressividade como ela ocorre pode prejudicar vendas futuras.

Na mesma concepção, Ross, Weterfield e Jordan (1998) sita alguns

procedimentos quanto ao esforço de cobrança, a clientes com contas vencidas, tais

como: envio de carta, telefonema, contratar agência de cobrança e cobrar

judicialmente.

Além do mais, Brigham e Houston (1999) salientam que o procedimento de

cobrança pode ter um custo elevado, pois além do desembolso para cobrança, pode

se perder a confiança de cliente.

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De forma mais abrangente, Ross, Weterfield e Jordan (1998) afirmam que ao

recusar um crédito adicional a um cliente, até que suas contas sejam pagas, pode

haver um possível conflito entre o departamento comercial e o de cobrança.

Gitman (1997) aponta que a política de cobrança pode ser avaliada não só

através da quantidade de inadimplentes ou incobráveis, mas também através da

política pela qual se baseou a concessão de crédito.

A partir dos autores, podemos concluir que a política de cobrança é a forma

pela qual a organização pretende recuperar suas contas vencidas, sendo que o

gasto com esse procedimento não deve ser maior do que se tem a receber.

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3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O presente estudo se caracteriza como avaliação de resultados. Roesch

(1999) salienta que avaliar envolve uma comparação entre uma situação anterior e

posterior à implantação de um plano. Portanto, a escolha desse método é a mais

adequada, pois o estudo analisará os critérios para concessão de crédito do Banco

Bradesco S/A para clientes Pessoa Jurídica, verificando se todas as etapas do

processo foram cumpridas nos clientes inadimplentes da carteira de Capital de Giro.

O estudo será realizado na área comercial do Banco Bradesco S/A, na

agência São José, localizada na Avenida Presidente Kennedy, nº 707, Campinas –

São José, no período de Março a Novembro de 2008.

Os dados serão coletados de relatórios de clientes inadimplentes, onde será

feita uma análise com base no modelo de análise adotado pelo Banco, verificando

os motivos da inadimplência e a eficiência destes procedimentos adotados.

A coleta destes dados será feita através da pesquisa bibliográfica e

documental – relatórios internos, planilhas financeiras, carteiras de crédito e

cadastro de clientes. Vergara (2003) enfatiza que a investigação documental é

realizada em documentos internos da organização, seja ela pública ou privada de

qualquer natureza. A pesquisa bibliográfica, por sua vez, é o estudo realizado com

base em material publicado em livros, revistas, jornais, internet, entre outros canais

(VERGARA, 2003).

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4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

O Banco Bradesco S/A, fundado em 1943 no estado de São Paulo, é um dos

pioneiros na área, e atualmente é o maior da América Latina. Sua Matriz localiza-se

na Cidade de Deus – São Paulo, de onde todas as agências bancárias recebem as

informações sobre o planejamento e os objetivos da organização.

A organização, para melhor poder atender seus clientes, utiliza a

segmentação com base em alguns critérios. Os clientes Pessoas Físicas estão

divididos em três segmentos, de acordo com sua renda mensal ou investimentos:

• Varejo – pessoas físicas com renda mensal inferior a R$ 4 mil;

• Prime – pessoas físicas com renda mensal superior a R$ 4 mil ou

investimentos de valor superior a R$ 50 mil

• Private – pessoas físicas que possuem investimentos de valor superior a R$ 1

milhão.

Os clientes Pessoas Jurídicas também possuem três segmentos classificados

de acordo com seu faturamento:

• Varejo – empresa/grupos com faturamento anual até R$ 30 milhões;

• Empresas – empresas/grupos com faturamento anual entre R$ 30 milhões e

R$ 350 milhões;

• Corporate – empresas/grupos econômicos com faturamento anual acima de

R$ 350 milhões.

A agência do banco localizada em São José, onde será elaborado o trabalho,

desenvolve diversas atividades na área financeira – abertura de contas,

financiamentos, empréstimos, descontos de duplicatas, entre outras.

Por estar situada na região central de São José, esta agência atende

principalmente clientes do Kobrasol, Campinas, Capoeiras e São José. Devido a sua

localização, a mesma dá suporte a diversas empresas (pessoas jurídica) e também

a pessoas físicas, atendendo todos os níveis sociais.

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Atualmente, a agência atende uma demanda muito grande de clientes que

necessitam de capital para expandir seus negócios, financiarem veículos, pagar

dívidas, entre outros motivos. Atender as necessidades desses clientes de forma

adequada é o que garante o sucesso da agência.

4.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO INTERNO DE ANÁLISE DE CRÉDITO

Nesta etapa do estudo iremos descrever, conforme visto no capítulo 2, o

processo de análise de crédito da agência São José – Centro do Banco Bradesco

S/A, analisando a influência do processo de análise no índice de inadimplência.

4.2.1 Política de Crédito

A política de crédito, definida pela Apostila: Análise de crédito (2003, p.66), é

um conjunto de critérios e procedimentos, definidos de acordo com as normas do

BC, onde o responsável por gerir os negócios deve adotar nas analises dos clientes.

O Banco Bradesco traça sua política de crédito com base em seu público-

alvo, o que determina a sua forma de atuação no mercado.

4.2.2 Crédito

De acordo com o Manual de crédito no varejo (2006, p.1), a organização

sintetiza o crédito em três palavras: confiança, mérito e oportunidade. Esses fatores

são essenciais para concessão de crédito, pois, a confiança é a base para a

promessa de pagamento, mediante as condições previamente estabelecidas. Todo

cliente idôneo é merecedor de crédito, ou seja, possui mérito. Porém faz-se

necessária uma análise quanto ao valor, prazos, modalidade e garantias, para a

obtenção de recursos. A oportunidade está ligada ao momento e a modalidade que

serão mais adequados a determinado cliente. Dependendo onde o cliente vai investir

ou qual retorno ele deseja receber, as taxas podem ser elevadas, ou seja, o dinheiro

pode sair caro.

Algumas condições básicas são necessárias para que o cliente tenha acesso

ao crédito no Banco Bradesco:

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• Informações atualizadas;

• Não possua restrições;

• Tenha capacidade de pagamento.

Crédito, é mais do que conceder empréstimo com a promessa de pagamento

do cliente, são recursos financeiros que estão sendo destinados a atividade

produtiva de uma empresa, por exemplo, a fim de ajudar no crescimento econômico

ou até mesmo saldar certas dívidas.

4.2.3 Entrevista

Para realização da entrevista, de acordo com a Apostila: Análise de crédito

(2006, p.40), é necessário que o profissional de crédito do banco tenha uma grande

capacidade de comunicação, sabendo ouvir e fazendo perguntas, sendo que esta

pode ser feita na agência ou na empresa durante a visita. Caso seja realizada na

empresa, uma boa observação enquanto o cliente passa as informações evita

quaisquer problemas futuros nas análises de crédito quanto à veracidade do que foi

passado. É através desta que ficamos sabendo dos interesses e limitações dos

clientes.

A Apostila: Análise de crédito (2006, p.40-41) apresenta como roteiro da

entrevista, algumas perguntas. Se necessário, no decorrer do processo acrescentar

ainda outras.

Perguntas utilizadas na entrevista:

• Onde a empresa está localizada?

• Há quanto tempo a empresa está operando?

• Quais são os produtos e serviços da empresa?

• Qual é a posição da empresa no segmento de mercado?

• Quais as perspectivas para o segmento?

• Quem são os proprietários? Há quanto tempo estão na empresa?

• Quem são os administradores?

• Quem são os principais concorrentes? Quais são as matérias-primas

utilizadas?

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• Utiliza matéria-prima importada?

• A empresa exporta? Para quais países?

• Quais os prazos de pagamento e recebimento?

• Como é formado o estoque?

• Qual o faturamento dos últimos 12 meses?

• Qual a projeção de faturamento para os próximos meses?

• Qual número de empregados?

• Qual valor da folha de pagamento?

• Quais são os bancos com os quais a empresa opera e quais os produtos e

serviços que utiliza?

• Existe algum projeto futuro ou em andamento na empresa?

• A empresa possui Balanço?

A Apostila: Análise de crédito (2006, p.43) destaca também algumas perguntas a

serem feitas sobre a operação:

• Qual a finalidade do empréstimo?

• O valor solicitado atende à necessidade do cliente?

• Quais as condições do empréstimo?

• Como será efetuado o pagamento? De onde virão os recursos?

• Qual a fonte secundária se a principal falhar?

• Qual a garantia e onde está localizada?

• Qual a liquidez da garantia?

• Existem garantidores? Se existem, qual a sua relação com o cliente?

• Qual a força financeira dos garantidores?

• Outros bancos foram abordados com relação ao empréstimo?

• Por que procurou este Banco?

A partir dessas perguntas podemos obter informações diretamente com os

clientes sabendo assim qual destino ele pretende dar ao dinheiro e suas

expectativas para o futuro e decidir se dá andamento ou não à solicitação do crédito.

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4.2.3.1 Investigação

Após o término da entrevista, atendendo ela todos os critérios básicos do

Banco, deve-se iniciar uma investigação de crédito, ou seja, verificar as informações

obtidas e, se necessário colher mais informações.

A investigação de crédito tem como objetivo solucionar questões ou

preocupações que surgirem durante a entrevista.

Uma das etapas da investigação é a verificação de todos os registros

bancários apropriados, bem como: seu histórico como cliente, ficha cadastral,

experiência anterior de crédito, tipo de produtos e serviços do Banco que possui,

entre outros. Também devem ser obtidas informações de outros bancos,

fornecedores, e outras fontes disponíveis.

4.2.4 Ficha Cadastral

De acordo com a Apostila: Política de crédito Bradesco (2000, p.25), a

elaboração da ficha cadastral permite avaliar o potencial dos clientes, sejam eles

Pessoa Física ou Jurídica, sendo essencial para a concessão de crédito e servindo

também para identificar oportunidades de negócio.

As informações obtidas para o cadastramento do cliente devem ser

atualizadas, completas e fidedignas. Para comprovar a veracidade das informações,

o cliente e o gerente devem assinar a ficha após a coleta e preenchimento dos

dados.

Vale ressaltar que clientes Bradesco que não possuem ficha cadastral não

podem realizar operações de crédito e que também dados inconsistentes acabam

interferindo diretamente na análise. O deferimento dos créditos e o excesso de

alterações cadastrais pode ser indício de manipulação de dados.

4.2.4.1 Validade

A ficha cadastral possui validade de 12 meses para Pessoa Física e Jurídica,

sendo que sempre que ocorrer alteração, mesmo dentro do prazo de validade é

obrigatória sua atualização.

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Para manter as informações dos clientes atualizadas é necessária a

renovação da ficha cadastral com até um mês de antecedência, evitando transtornos

quando houver necessidade de analisar crédito.

Conforme a Apostila: Política de crédito Bradesco (2000, p.26), os

documentos necessários para elaboração da ficha cadastral são;

Pessoa Jurídica – Empresário individual

• Cartão CNPJ;

• Declaração de registro de firma individual;

• CPF do cadastrado e cônjuge (se for o caso);

• Cédula de identidade do cadastrado ou RNE – Registro Nacional de

Estrangeiro;

• Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (opcional);

• Apólice de seguros diversos;

• Comprovante de Pró-Labore;

• Declaração pela opção de Regime de Lucro Presumido;

• Escritura de bens imóveis.

Pessoa Jurídica Coletiva (Sociedade Limitada)

• Cartão CNPJ;

• Cópia do contrato social e última alteração contratual;

• Cópia dos 3 últimos balanços e balancete recente;

• Certificado de registro e licenciamento de veículos (opcional);

• Apólice de seguros diversos (opcional);

• Declaração pela opção de regime de lucro presumido;

• Relação de faturamento mensal dos últimos 12 anos;

• Escritura de bens imóveis.

Pessoa Jurídica Coletiva (Sociedade Anônima)

• Cartão CNPJ;

• Ata de assembléia e estatutos de constituição;

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• Ultima ata de eleição da atual diretoria;

• Copias dos 3 últimos balanços e balancete recente;

• Composição acionária da empresa (atual);

• Certidão de registro e licenciamento de veículos;

• Apólice de seguros;

• Escritura de bens imóveis.

Outras categorias PJ – (Sociedades Simples, Entidades Filantrópicas, Agremiações

Esportivas, Cooperativas e Condomínios)

• Cartão CNPJ;

• Ata de assembléia e estatutos de constituição;

• Última ata de eleição da atual diretoria;

• Certidão de registro de seus atos constitutivos no cartório de registro civil das

pessoas jurídicas;

• Certificado de registro e licenciamento de veículos;

• Apólice de seguros.

Clientes com CNPJs inaptos, cancelados ou suspensos e CPFs cancelados,

suspensos, nulos ou pendente de regularização devem ser orientados a procurar

Receita Federal para regularizar sua situação, pois não se deve operar com clientes

nesses casos.

4.2.5 Rating

O Rating na organização Bradesco é usado para classificar os clientes

pessoas Físicas e Jurídicas do ponto de vista creditício, auxiliando a gestão de risco

na concessão de crédito. Alguns fatores são utilizados para avaliação do cliente, tais

como: pontualidade nos pagamentos, grau de endividamento, situação econômico-

financeira, cadastro, setor de atividade econômica, entre outros que possam

prejudicar a continuidade da empresa e sua capacidade de pagamento.

O Rating Cliente é determinado dentro de uma escala de 9 níveis de risco,

com base nas características da empresa:

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NÍVEL CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA PROVISÃO % AA EXCELENTE LÍDER MERCADO 0 A ÓTIMO POTENCIAL DE EXPANSÃO 0,5 B BOM BOA SITUAÇÃO FINANCEIRA 1 C ACEITÁVEL SENSÍVEL VARIAÇÕES DE MERCADO 3 D REGULAR SITUAÇÃO FINANCEIRA DECLINANTE 10 E DEFICIENTE PERSPECTIVA DE PERDA 30 F RUIM PERSPECTIVA DE PERDA 50 G CRÍTICO PERSPECTIVA DE PERDA 70 H PÉSSIMO PERSPECTIVA DE PERDA 100

Figura 2: Níveis de risco Fonte: Dados primários

4.2.5.1 Avaliação e classificação Rating

O Banco Bradesco, para classificar uma operação, faz uma avaliação e

classificação do cliente considerando aspectos quantitativos e qualitativos, de

acordo com a Apostila: Análise de crédito (2006, p.17).

• Aspectos quantitativos – indicadores econômicos – financeiros do

desempenho passado: liquidez, endividamento, qualidade dos ativos,

avaliação do setor em que a empresa atua, entre outros.

• Aspectos qualitativos – dados cadastrais e comportamentais. São utilizados

nessa avaliação informações com base no relacionamento e também pela

ficha cadastral.

O Rating Cliente é definido pelo Departamento de Crédito e reavaliado

periodicamente em função do comportamento creditício na Organização e no

mercado, sendo obrigatória a revisão no mínimo a cada 12 meses. Porém podem

ser realizadas por solicitação das agências quando fatos relevantes ocorrerem.

4.2.6 Caráter

Conforme o Manual de crédito no varejo (2006, p.4), o caráter é o fator mais

importante na avaliação do cliente. É através dele que avaliamos a vontade e a

determinação do cliente em cumprir suas obrigações. Pessoas de bom caráter,

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mesmo com seu negócio passando por um momento de dificuldade financeira,

fazem o possível para saldar seus compromissos. Porém, pessoas sem caráter

deixam de lado o pagamento de suas dividas no primeiro sinal de dificuldade

financeira.

O caráter a ser analisado em caso de empresas são os de quem exercem a

função de gestão e respondem pelos atos por ela praticados, ou seja, proprietários,

dirigentes e procuradores.

A Apostila: Análise de crédito (2006, p.23) destaca os seguintes itens a serem

avaliados no caráter:

• Pontualidade – refere-se a motivos que acabam gerando pagamentos em

atraso, pois isso ocorre por problemas financeiros e não por falta de caráter.

• Restrições – considera-se restrições os seguintes eventos: protestos,

recuperação judicial/extrajudicial, falência, emissão de cheques sem fundos,

entre outros. Clientes com restrição devem regularizar sua situação para que

possam obter crédito.

• Experiência em negócios – refere-se a experiências anteriores com clientes,

levando em consideração fatos que tenham marcado esse relacionamento.

• Atuação na praça – o histórico da empresa, sua tradição no ramo, sua forma

de relacionamento, respeito ao consumidor e a condução dos negócios de

forma ética são fatores relevantes para a formação do conceito de caráter.

4.2.7 Capacidade

O Manual de crédito no varejo (2006, p.5) destaca que a capacidade está

ligada a competência do cliente gerar caixa suficiente para cumprir suas obrigações.

A capacidade diz respeito a fatores internos tais como: habilidade e competência

empresarial do individuo ou grupo de indivíduos, potencial de produção

administração e comercialização da empresa. Por se referir à competência do cliente

este é um dos aspectos mais difíceis de serem avaliados, devido sua abrangência.

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4.2.8 Condições

A Apostila: Análise de crédito (2006, p.26) salienta que as condições, referem-

se a fatores externos à empresa, que integram o macroambiente em que ela atua,

porém fogem de seu controle.

Fatores externos a empresa:

• Medidas de política econômica – restrições ao crédito, política cambial e de

juros, abertura econômica, entre outros;

• Fatores ligados à atividade e à concorrência;

• Fenômenos naturais imprevisíveis – enchentes, secas, geadas, entre outros.

4.2.9 Capital

De acordo com o Manual de crédito no varejo (2006, p.5) o capital refere-se

aos recursos disponíveis para operar uma empresa. Existem dois aspectos básicos

a considerar a esse respeito: o montante de capital que os sócios investiram e o

grau de eficiência com que o capital é nela aplicado.

A Declaração do Imposto de Renda e os Demonstrativos Contábeis (Balanço

ou Balancete e à Demonstração de Resultados) são as principais fontes que o

Banco usa para avaliação do capital. Analisando estas fontes, se obtêm informações

relevantes sobre o desempenho e a solidez de determinada empresas, sendo uma

ferramenta importante para o profissional de crédito.

4.2.10 Conglomerado

A Apostila: Análise de crédito (2006, p.32) apresenta o conglomerado como a

análise não de apenas uma empresa específica que esteja solicitando crédito, mas

sim uma análise do conjunto de empresas no qual ela esteja inserida, ou seja, não

basta conhecer a situação de uma empresa é preciso saber também de suas

controladas e coligadas.

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4.2.11 Colateral

O colateral, conforme descrito na Apostila: Análise de crédito (2006, p.32),

refere-se à capacidade do cliente em oferecer garantias. Em alguns dos processos

de concessão de crédito ela funciona como uma segurança adicional para

compensar alguns fatores decorrentes de risco. Esta garantia serve como meio para

que o credor possa recorrer caso a promessa de pagamento não se realize.

Podemos destacar alguns fatores que devem ser levados em consideração na

definição de garantia, tais como:

• Risco – representado pelo cliente e pela operação;

• Praticidade na sua constituição;

• Custos – provenientes da sua constituição;

• Valor da garantia em relação ao valor da dívida;

• Liquidez – facilidade da conversão da garantia em dinheiro;

• Controle do credor sobre a própria garantia.

A análise da garantia deve realizada após a análise dos outros “Cs”, apurando

assim o risco que o cliente oferece, lembrando que quanto maior o risco, maior o

cuidado na definição e escolha da garantia.

4.2 12 Análise das Garantias

O Manual de crédito no varejo (2006, p.11-14) apresenta a garantia como

sendo um contrato assessório onde o credor pode recorrer caso não haja o

cumprimento de uma determinada obrigação, entretanto ela não deve por si só

justificar o crédito. Em função do rating de cada cliente, o capital de giro possui

como garantia principal a fiança, sendo que ela isoladamente não garante o crédito,

ou seja, ela está sempre ligada à outras garantias.

Elas podem ser classificadas em: Reais e Pessoais.

As garantias reais são aquelas em que o devedor ou terceiro destaca um bem

ou conjunto de bens, do seu patrimônio, para garantir o pagamento da dívida. Os

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bens vinculados ao cumprimento da obrigação devem ser aqueles que podem ser

alienados e que têm valor comercial.

Podemos destacar as principais garantias reais:

• Hipoteca – Vinculação de um bem imóvel (casa, apartamento, prédio, terreno,

entre outros), embarcação ou aeronave em garantia do cumprimento de uma

obrigação.

• Alienação Fiduciária – É a troca da propriedade de um bem móvel para

garantir o cumprimento de uma obrigação, permanecendo o devedor com a

posse do bem e responsável no caso de deterioração ou perda pela

reposição ou pagamento do seu valor. São objetos de alienação fiduciária os

bens que o devedor esteja adquirindo com o produto do financiamento, bem

como bem como aqueles que fazem parte do seu patrimônio.

• Penhor – Incide sobre bens móveis e títulos de crédito. Quando não há

possibilidade do credor ficar com a posse do bem destinado a garantia, uma

pessoa física, que pode até mesmo ser o próprio devedor, assume a

responsabilidade de guardar o objeto até o cumprimento da obrigação.

• Cessão Fiduciária – Esta garantia consiste na transferência ao credor (Banco)

da titularidade dos créditos até a liquidação da dívida garantida. Podem ser

objeto de garantia duplicatas físicas ou escriturais, cheques, recebíveis visa,

aplicação financeira em fundos de investimentos, direitos creditórios, entre

outros.

As garantias pessoais ou fidejussórias são aquelas que mesmo não

vinculando um bem especifico como garantia, para cumprimento dos compromissos,

obrigam terceiros, garantidores, que passam a responder com seu patrimônio

existente à época da cobrança da operação (exceção feita ao bem de família). O

terceiro assume a responsabilidade para saldar a dívida caso devedor não pague.

As garantias pessoais podem ser de dois tipos:

• Aval – É a garantia prestada mediante assinatura em um titulo de crédito

(nota promissória, cheque, duplicatas, entre outros). Com a assinatura do

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avalista ele obriga-se a pagar o débito caso o devedor não faça, sendo que

este aval só tem validade se o avalista assinar o título de crédito.

• Fiança – É a garantia pela qual terceiros assumem juntamente com o devedor

a obrigação pelo pagamento, podendo ela ser prestada em contrato ou em

documento a parte. Nesta garantia, os bens do fiador só serão executados

após a execução dos bens do devedor.

Existem, além dessas garantias, algumas outras. Porém, não citadas no

presente estudo, por não serem utilizadas na modalidade de crédito apresentada.

4.2.13 Formalização das Operações de Crédito

A formalização das operações, conforme descrito na Apostila: Análise de

crédito (2006, p.54), é fundamental para garantir a efetiva recuperação do crédito,

tudo de acordo com as normas legais. Os profissionais responsáveis pela

formalização atuam em parceria com o Departamento Jurídico seguindo orientações

na constituição de garantias e demais procedimentos, sendo assim, numa eventual

necessidade de execução haverá obstáculos processuais impedindo o recebimento

da dívida.

Receber no prazo e nas condições negociadas é mais importante que

emprestar, sendo assim o Banco visa através de um rápido giro dos recursos poder

disponibilizar aos seus clientes maiores linhas de crédito, com menores custos

financeiros.

Cuidados a serem tomados na Formalização das Operações e Análises das

Garantias:

• Documentos – cuidar no preenchimento dos documentos de formalização

(contratos, notas promissórias, entre outros) a fim de evitar erros e rasuras,

bem como conferir as assinaturas dos devedores e garantidores.

• Duplicatas – Verificar a qualidade das duplicatas observando se foram

sacadas contra empresas idôneas, se os valores e prazos são compatíveis

com a atividade do sacador, e se os vencimentos estão de acordo com o

prazo da operação.

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• Alienação Fiduciária – É necessário verificar o estado de conservação do

bem, assim como se o mesmo já não foi dado como garantia em outra

instituição financeira ou em outra operação no Banco. Deve-se acompanhar a

efetivação do gravame junto ao órgão de transito (veículos com alienação a

favor do Banco). Se a alienação do bem for de valor superior a R$ 24.700,00,

tratando-se de pessoa jurídica a outorgante, exigir CND – Certidão Negativa

de Debito do INSS e CQTF – Certidão de Quitação de Tributos Federais,

emitida pela Superintendência da Receita Federal.

• Penhor – É necessário verificar o estado de conservação do bem, seu valor

de mercado e, se for mercadoria, verificar se não é fácil deterioração.

• Recebíveis de Cartão de Crédito Visa (ORPAG) – recebíveis provenientes de

compras realizadas por meio de cartão de crédito, que para a aceitação como

garantia devem ser observados alguns aspectos: relação mensal de clientes

impedidos de efetuar descontos de Orpag, empresas de baixo faturamento

com evolução de vendas expressiva e repentina, empresas com contas novas

(com ou sem cadastro), com as quais ainda não se tem experiência comercial

e fazer a trava de domicílio bancário dos recebíveis.

• Aval e Fiança – A capacidade de pagamento dos garantidores deve ser

comprovada por meio de documentos confiáveis. Analisar o cadastro se está

atualizado e conferir as assinaturas dos garantidores e no caso de aval e

fiança outorgados por procuração ela somente será aceita se for lavrada por

instrumento público.

4.2.14 Capital de Giro

O Manual de crédito no varejo (2006, p.41) descreve o Capital de Giro como

sendo destinado exclusivamente para financiar o ciclo operacional das empresas

(Pessoas Jurídicas: indústria, comércio ou prestação de serviços), ou seja, compra

de mercadorias, matérias-primas, tributos, entre outros. Este recurso possui prazo

mínimo de vencimento de 1 dia e máximo de 36 meses, variando de acordo com o

subproduto, tendo como forma de pagamento uma única parcela, PAP – plano de

amortização programada, pagamento parcelado plano de pagamento 153 (fluxo

informado).

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O IOF, imposto incidente nas operações de crédito, no Capital de Giro é

calculado sobre o valor do empréstimo e cobrado na data da contratação,

ressaltando também o percentual da taxa de juros, que deve ser observada a

vigente do período.

Este recurso pode utilizar como garantias Penhor de Duplicatas, Penhor de

Cheques, Alienação Fiduciária, Recebíveis Visa (Orpags), Aval e Nota Promissória

(juntamente com uma das outras garantias acima).

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4.3 ANÁLISE DOS CLIENTES

A carteira de capital de giro possui um valor total de R$ 197.763,48 e 21

clientes inadimplentes. O valor analisado corresponde a 72,55% do total sendo

representados por 8 clientes, conforme os gráficos abaixo:

Figura 3: Inadimplência Capital de Giro Fonte: Dados secundários

Figura 4: Clientes Capital de Giro Fonte: Dados secundários

A análise realizada com cada um dos 8 clientes apresentam alterações em

alguns de seus dados, como razão social (Cliente A, por exemplo), número de conta,

número de contrato e CNPJ por envolverem sigilo bancário, e a pedido da

organização, nenhum relatório encontra-se anexado ao estudo.

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4.3.1 Análise Cliente A

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente A CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial

Valor Atual

Data Contrato Data Vencimento

Capital de Giro 1 575,00 796,00 12/02/2007 15/07/2007 Cap. de Giro - Reneg. 2 978,00 1368,00 21/02/2007 15/08/2007 Cap. de Giro - Reneg. 2 940,00 1353,00 21/02/2007 15/09/2007 Cap. de Giro - Reneg. 2 686,00 1434,00 21/02/2007 15/10/2007 Cap. de Giro - Reneg. 2 691,00 1326,00 21/02/2007 15/11/2007 Cap. de Giro - Reneg. 2 714,00 1312,00 21/02/2007 15/12/2007 Cap. de Giro - Reneg. 2 720,00 1299,00 21/02/2007 15/01/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 735,00 1286,00 21/02/2007 15/02/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 764,00 1273,00 21/02/2007 15/03/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 767,00 1259,00 21/02/2007 15/04/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 789,00 1246,00 21/02/2007 15/05/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 799,00 1231,00 21/02/2007 15/06/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 821,00 1218,00 21/02/2007 15/07/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 942,00 1199,00 21/02/2007 15/08/2008 Cap. de Giro - Reneg. 2 923,00 1174,00 21/02/2007 15/09/2008 Total valor líquido: 9351,00 Total valor atual: 15.257,00 Figura 5: Análise A Fonte: Dados secundários

Analisando o cliente A, pode-se verificar que todas as etapas do processo de

análise de crédito foram cumpridas, tais como: entrevista, investigação, elaboração

da ficha cadastral, análise do rating, análise dos C’s do crédito, análise das

garantias, formalização da operação de crédito, sendo aprovadas as propostas

desta empresa do ramo de confecções. Porém, no contrato 1, não houve o

cumprimento da promessa de pagamento e antes do vencimento deste contrato foi

solicitado o contrato 2, com um valor superior ao primeiro, parcelado em 14 vezes,

onde também não houve o pagamento de nenhuma das parcelas por parte desta

empresa que trabalha com ar-condicionado. A sazonalidade nas vendas e na

manutenção dos equipamentos foi o que gerou a inadimplência.

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Os procedimentos de acompanhamento dos clientes inadimplentes são de

grande importância para uma possível renegociação, pois as garantias oferecidas

nessas propostas de crédito recuperam parcialmente o valor devido pelo cliente.

4.3.2 Análise Cliente B

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente B CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial Valor Atual Data Contrato Data Vencimento Capital de Giro 1 1596,23 1972,96 08/08/2008 03/10/2008 Capital de Giro 2 1608,87 1768,53 08/09/2008 03/10/2008 Total valor líquido: 3205,10 Total valor atual: 3741,49 Figura 6: Análise B Fonte: Dados secundários

As etapas do processo de análise de crédito também foram cumpridas, o que

levou a aprovação da proposta. O contrato 1 e contrato 2 foram solicitados, com a

mesma data de vencimento, mas não houve o pagamento de nenhum dos contratos.

Através do acompanhamento dos clientes inadimplentes informações

importantes são transmitidas, ajudando no processo de recuperação do crédito.

Neste caso, verificou-se através do contato com esta empresa do ramo alimentício,

localizada em uma das praias da ilha, que o não cumprimento da promessa de

pagamento deu-se por efeito da sazonalidade.

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4.3.3 Análise Cliente C

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente C CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial Valor Atual Data Contrato Data Vencimento Capital de Giro 1 32523,33 46651,75 30/01/2007 29/04/2007

Total valor líquido: 32523,33 Total valor atual: 46651,75 Figura 7: Análise C Fonte: Dados secundários

Analisando o Cliente C, observou-se que a inadimplência do contrato 1 não foi

causada por falhas no processo de análise de crédito descrito nesse trabalho, mas

sim por uma má administração da empresa, que gerou dificuldades no seu fluxo de

caixa nos meses que antecipavam o pagamento do valor devido.

Neste caso percebe-se que critério capacidade, não foi atendido. Porém, até

o momento da análise da empresa do ramo de veículos usados, apresentava-se

capaz de honrar seus compromissos e assumir tal responsabilidade. Entretanto

fatores acontecidos após a análise restringiram sua capacidade de pagamento.

A facilidade na compra de veículos novos e o aumento considerável na

concorrência entre lojas de semi-novos reduziu a lucratividade e o volume de vendas

desta empresa.

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4.3.4 Análise Cliente D

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente D CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial Valor Atual Data Contrato Data Vencimento Capital de Giro 1 509,00 707,84 31/09/2007 05/01/2008 Capital de Giro 2 1638,50 2253,53 30/10/2007 30/11/2007 Capital de Giro 2 1638,50 2228,61 30/10/2007 31/12/2007 Capital de Giro 2 1638,50 2205,06 30/10/2007 31/01/2008 Capital de Giro 2 1638,50 2183,18 30/10/2007 29/02/2008 Capital de Giro 2 1638,50 2158,13 30/10/2007 31/03/2008 Capital de Giro 2 1638,50 2134,73 30/10/2007 30/04/2008 Capital de Giro 2 1638,50 2108,78 30/10/2007 31/05/2008 Capital de Giro 2 1638,50 2084,11 30/10/2007 30/06/2008 Capital de Giro 2 1638,50 2058,66 30/10/2007 31/07/2008 Capital de Giro 2 1638,50 1856,04 30/10/2007 31/08/2008 Capital de Giro 2 1638,50 1657,17 30/10/2007 30/09/2008

Total valor líquido: 18532,50 Total valor atual: 23635,84 Figura 8: Análise D Fonte: Dados secundários

O cumprimento de todas as etapas do processo de análise de crédito no

Cliente D pode ser observado na análise realizada. Entretanto, não houve

cumprimento da promessa de pagamento no primeiro contrato. No Contrato 2 o

cliente também não consegui recurso para pagar. Com isso a renegociação foi a

opção encontrada pelo cliente para saldar seus compromissos, aumentando o

número de prestações com valor inferior as anteriores, porém não ocorreu o

pagamento, continuando inadimplente.

A alternativa encontrada pelo Banco de recuperar o valor devido no primeiro

contrato foi a renegociação, concedendo outro empréstimo, adicionado ao saldo

devedor procurando assim fazer com que a empresa voltasse a ter capacidade de

saldar suas responsabilidades de curto prazo.

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Esta alternativa de recuperação do crédito teve efeito apenas nos primeiros

quatro meses, depois disso a empresa desestabilizou-se, devido à má

administração, e não consegui continuar a nova promessa de pagamento.

4.3.5 Análise Cliente E

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente E CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial Valor Atual Data Contrato Data Vencimento Capital de Giro 1 715,85 965,71 14/12/2007 15/01/2008 Capital de Giro 1 768,55 1026,12 14/12/2007 15/02/2008 Capital de Giro 1 768,55 1015,94 14/12/2007 15/03/2008 Capital de Giro 1 768,55 1004,60 14/12/2007 15/04/2008 Capital de Giro 1 768,55 994,11 14/12/2007 15/05/2008 Capital de Giro 1 768,55 982,45 14/12/2007 15/06/2008 Capital de Giro 1 768,55 971,04 14/12/2007 15/07/2008 Capital de Giro 1 768,55 924,83 14/12/2007 15/08/2008 Capital de Giro 1 768,55 822,63 14/12/2007 15/09/2008

Total valor líquido: 6864,25 Total valor atual: 8707,43 Figura 9: Análise E Fonte: Dados secundários

Analisando o Cliente E, observou-se que todas as etapas do processo de

análise de crédito foram devidamente cumpridas. Apresentando todos os requisitos

necessários para obtenção de capital de giro, esta empresa do ramo alimentício,

assumiu um compromisso junto ao Banco. Porém, não conseguiu honrá-lo.

A sazonalidade das vendas acabou gerando dificuldades na capacidade do

cliente para saldar seus compromissos.

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4.3.6 Análise Cliente F

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente F CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial Valor Atual Data Contrato Data Vencimento Capital de Giro 1 3257,00 4592,00 07/12/2006 25/04/2007 Capital de Giro 1 3165,00 4540,00 07/12/2006 25/05/2007 Capital de Giro 1 3073,00 4486,00 07/12/2006 25/06/2007 Capital de Giro 1 2588,00 4436,00 07/12/2006 25/07/2007 Capital de Giro 1 2649,00 4385,00 07/12/2006 25/08/2007 Capital de Giro 1 2729,00 4335,00 07/12/2006 25/09/2007 Capital de Giro 1 2826,00 4288,00 07/12/2006 25/10/2007 Capital de Giro 1 2903,00 4238,00 07/12/2006 25/11/2007 Capital de Giro 1 2993,00 4195,00 07/12/2006 25/12/2007 Total valor líquido: 26183,00 Total valor atual: 39495,00 Figura 10: Analise F Fonte: Dados secundários

Analisando o Cliente F, verificou-se que as etapas do processo foram

devidamente cumpridas. Porém, no contrato 1, não houve pagamento do valor

devido, onde a falta de caráter gerou a inadimplência, uma vez que após a

formalização da proposta de crédito o cliente desapareceu antes mesmo de pagar a

primeira parcela.

O Banco, diversas vezes, tentou contato através de telefonemas e cartas a

fim de recuperar o valor. Entretanto, sem sucesso, pois o cliente não foi localizado. A

alternativa encontrada para, possivelmente, receber este valor foi cobrá-lo

judicialmente.

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4.3.7 Análise Cliente G

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente G CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial Valor Atual Data Contrato Data Vencimento Capital de Giro 1 466,00 638,00 19/01/2007 22/05/2007 Capital de Giro 1 448,00 630,00 19/01/2007 22/06/2007 Capital de Giro 1 430,00 623,00 19/01/2007 22/07/2007 Capital de Giro 1 340,00 616,00 19/01/2007 22/08/2007 Capital de Giro 1 351,00 609,00 19/01/2007 22/09/2007 Capital de Giro 1 369,00 603,00 19/01/2007 22/10/2007 Capital de Giro 1 382,00 596,00 19/01/2007 22/11/2007 Capital de Giro 1 399,00 589,00 19/01/2007 22/12/2007 Capital de Giro 1 414,00 583,00 19/01/2007 22/01/2008

Total valor líquido: 3599,00 Total valor atual: 5487,00 Figura 11: Análise G Fonte: Dados secundários

As etapas da análise de crédito, no Cliente G, foram devidamente cumpridas,

o que levou a aprovação da proposta de crédito. Entretanto, não houve pagamento

do valor devido.

Alguns fatores externos a empresa que atua na prestação de serviços,

afetaram sua capacidade de pagamento, sendo o caráter também responsável, em

partes, pela inadimplência, pois em um primeiro momento de dificuldade financeira o

cliente não pagou o valor devido.

A renegociação do valor atual é uma alternativa encontrada pelo Banco para

recuperar o valor, porém não houve sucesso. Portanto as medidas cabíveis já foram

tomadas, sendo a dívida cobrada judicialmente.

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4.3.8 Análise Cliente H

Responsabilidade Geral Consulta Clientes

Agência: 1472 / São José - Centro Conta: XX.XXX-X Nome do Cliente: Cliente H CNPJ: X.XXX.XXX/XXXX-XX

Carteira Contrato Valor Inicial Valor Atual Data Contrato Data Vencimento Capital de Giro 1 9,77 11,45 12/02/2007 15/07/2007 Capital de Giro 1 462,42 482,04 12/02/2007 15/08/2007

Total valor líquido: 472,19 Total valor atual: 493,49 Figura 12: Análise H Fonte: Dados secundários

Observou-se na análise do Cliente H, que todas as etapas do processo para

concessão de crédito foram devidamente cumpridas. Fato este comprovado pelo

pagamento de parcelas anteriores do Contrato 1.

Porém, a sazonalidade das vendas, desta empresa do ramo de confecções,

afetou sua capacidade de pagamento, gerando a inadimplência.

Por se tratar de um valor atual relativamente baixo, o Banco manteve contato

com o cliente durante alguns meses para cobrar o valor de modo que não gastasse

mais para cobrar, do que tem para receber, porém sem sucesso.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho realizado no Banco Bradesco S/A – agência São José, analisou o

processo de concessão de crédito. Para verificar se o modelo adotado pelo Banco é

eficiente, observando a forma de análise junto aos clientes que não cumpriram seus

compromissos. Para está análise foram utilizados relatórios, de clientes

inadimplentes do mês de outubro de 2008, o qual pode ser observado um percentual

relevante no valor total da dívida em oito dos vinte e um clientes que representam o

total da carteira.

Ao analisar estes clientes, observou-se o cumprimento de todas as etapas do

processo de análise de crédito, onde o Banco blinda-se de clientes com maior

probabilidade de se tornar inadimplente.

Mesmo com os critérios adotados pela organização para proteger-se da

inadimplência, há clientes que não honram seus compromissos por falta de caráter

ou por mudanças no meio ambiente no qual a empresa está inserida, afetando

diretamente sua capacidade de gerar caixa. Estes fatores, difíceis de serem

analisados, porém relevantes para o cumprimento da promessa de pagamento,

foram identificados como os principais causadores da inadimplência.

O cumprimento de todas as etapas da análise de crédito pode ser observada

nos clientes analisados, não sendo, portanto, a inadimplência causada por

negligência no processo de concessão de crédito, mostrando que o modelo adotado

pelo Banco é eficiente.

Como tentativa de minimizar as perdas decorrentes da inadimplência, sugiro

ao banco, a adoção de cursos de curta duração, abordando os aspectos regionais

da economia dos mais diversos setores, a fim de manter o profissional de crédito

atualizado.

O trabalho também proporcionou ao acadêmico um maior conhecimento

teórico e prático, por desenvolvê-lo na sua área de atuação na organização,

contribuindo assim para seu crescimento profissional.

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REFERÊNCIAS

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