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ANÁLISE DO CICLO DE MELHORIA NA
ROTINA DO PLANEJAMENTO E
CONTROLE DA PRODUÇÃO: ESTUDO
EM UMA INDÚSTRIA CIRÚRGICO-
FARMACÊUTICA.
Frederico Bazarello Coelho (LATEC / UFF)
Osvaldo Luis Goncalves Quelhas (LATEC / UFF)
O presente artigo apresenta um diagnóstico e proposta de diretrizes
para a gestão do PCP com foco em manufatura em uma empresa
cirúrgico-farmacêutica. Para tanto, foi utilizado um estudo de caso por
meio de pesquisa descritiva, revisão da lliteratura e pesquisa de
campo. No decorrer do trabalho, métricas foram selecionadas e
monitoradas para acompanhamento das ações de melhorias. As
conclusões obtidas indicam a necessidade de aprimorar o fluxo de
comunicação interno na empresa para aplicar as diretrizes e
apresentam os benefícios do uso de indicadores adequados no processo
de PCP para o monitoramento da rotina do mesmo.
Palavras-chaves: PCP, melhoria contínua, diretrizes
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
No contexto atual, o sistema de Planejamento e Controle da Produção (PCP) está sendo
convidado a contribuir com a empresa, frente às novas reivindicações internas e externas, a
fim de prover rápidas respostas ao mercado, melhorar o controle dos recursos e desempenhar
um bom resultado na entrega de produtos. No entanto, para atender tais necessidades, é
necessário entender como e quais fatores afetam o desempenho dos sistemas de PCP e em quê
a sua gestão precisa melhorar. Neste sentido, aspectos quantitativos, tanto administrativos
quanto comportamentais do PCP, deverão ser discutidos, tendo em mente as necessidades de
curto, médio e longo prazo.
Neste trabalho, serão analisadas as práticas de planejamento da produção e estoques em uma
empresa. Com o foco nas tarefas do PCP e ciente dos impactos desta área nos resultados
globais, decidiu-se trabalhar com a indústria cirúrgico-farmacêutica, em virtude das seguintes
características: a) representam um setor industrial importante; b) constituem-se, em sua
maioria, de sistema de produção intermitente para estoque (MTS - "make to stock"), com uma
complexa rede de aquisição; c) em geral, são empresas com capacidade de investimentos em
sistemas mais sofisticados de planejamento da produção e estoques.
Espera-se, com esta pesquisa, contribuir para a melhor compreensão das dificuldades e
limitações associadas à rotina do planejamento e controle da produção e apresentar diretrizes
para implementar melhorias em gestão do PCP e estoques na indústria deste setor.
2. Referencial teórico
Fernandes e Santoro (2005) avaliaram o grau de prioridade e o foco do planejamento e
controle da produção, utilizando modelos e estudos de casos. Dentre outras conclusões, o
estudo indicou que houve, de uma maneira geral, um crescimento do grau de prioridade
estratégica do PCP nas empresas nos últimos anos. No mesmo sentido, os indicadores de
desempenho estão mudando para aprimorar a gestão das empresas: mensurar o desempenho
de todos os negócios, atualmente, tornou-se uma ferramenta estratégica. As empresas
deixaram de entender os indicadores somente como uma forma de controle, eles estão sendo
utilizados para orientá-las rumo a excelência em seus processos. Sendo assim, as empresas
devem contar com um sistema de indicadores de desempenho que permita a verificação do
efetivo sucesso de sua gestão estratégica (LOTA; MARINS, 2003).
Para o sistema de Planejamento e Controle da Produção (PCP) contribuir com os níveis
elevados de desempenho logísticos, os conceitos e suas aplicações devem estar adaptados
especificamente à gestão da produção (WIENDAHL; VON CIEMINSKI; WIENDAHL,
2005). Contudo, uma importante distinção é que o sistema de PCP tem a responsabilidade de
fornecer as informações para que o nível gerencial tome as decisões efetivas; isto significa
que o sistema de PCP não toma decisões e, tampouco, gerencia operações, mas sim, os
gerentes, que devem desempenhar essas atividades (VOLLMANN et al., 2006).
Para atender aos seus objetivos e funções, o PCP está alicerçado em diversas informações
vindas de diversas áreas da empresa (TUBINO, 2007). O PCP necessita de uma estrutura de
lista e desenhos técnicos, originada da Engenharia de Produto. Necessita da Engenharia de
Processo, dos tempos-padrão constituídos em roteiros de fabricação, como também do
número de tripulação e máquinas para determinar a capacidade de uma estação de trabalho.
Na interface com a equipe de Marketing, buscam-se as previsões estabelecidas no horizonte
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de planejamento e confrontam com análises estatísticas para estabelecer uma previsão de
demanda mais acurada possível. No financeiro, a viabilidade financeira do volume
programado, o grau de desvio deste versus o orçamento e estudos de incremento/redução de
capacidade. A área de Compras fornece os pedidos e o resultado das negociações da lista de
necessidade de materiais. Logística realiza a entrada e saída de materiais, conforme fluxo
programado. A área de Recursos Humanos fornece o calendário fabril, em acordo com os
empregados e sindicatos, para determinar os dias de produção no ano, bem como treinamentos
em geral. O PCP também busca o feedback da área fabril, exercendo seu controle operacional.
Reconhecendo-se a contribuição do PCP para as tomadas de decisões relativas à estratégia e à
competitividade e constatando-se a necessidade de utilização de indicadores, para monitorar e
controlar processos, o problema da pesquisa restringe-se em como melhorar o desempenho de
PCP, estruturando-o em um sistema de gestão eficaz. Consequentemente espera-se a melhoria
do nível de atendimento do PCP de forma que atenda às necessidades da empresa frente ao
mercado local e global. Torna-se necessário equacionar esta questão à medida que o contexto
mercadológico exige do PCP adequações frente à mudança contínua no ambiente competitivo.
Portanto, é formulada a seguinte questão de pesquisa:
Como diagnosticar e propor diretrizes visando melhoria na gestão do planejamento e controle
da produção?
3. Método da Pesquisa
O desenvolvimento neste trabalho constitui de pesquisa descritiva, que tem como objeto de
estudo a gestão do PCP em uma indústria cirúrgico-farmacêutica no Brasil. Inicia-se com um
diagnóstico sobre os modelos de planejamento da produção e estoques utilizados na indústria.
O passo seguinte consiste na coleta de dados, realizada a partir de pesquisa de campo, com o
intuito desenvolver uma análise documental para acompanhamento dos resultados. Neste
desenvolvimento serão aplicadas e registradas as diretrizes que interferiram no processo de
PCP e assim, encontrar respostas à questão central da pesquisa.
Cogitou-se, inicialmente, que o trabalho fosse feito em diversas empresas por questionários, o
que permitisse acessar um conjunto maior de empresas. Por outro lado, a análise longitudinal
das ações no tempo realizadas em um único ambiente com a presença do pesquisador na
empresa propicia uma melhor compreensão da realidade do objeto entrevistado. De outra
maneira corre-se o risco de um retorno baixo em quantidade e qualidade utilizando, por
exemplo, questionários ou entrevistas a distancia. Por estas razões, optou-se pela vivencia em
campo com os responsáveis diretos pelo planejamento da produção em uma das maiores
empresas do setor cirúrgico-farmacêutico.
Como premissa, entende-se que a empresa pesquisada doravante “XX” busca aumentar sua
eficiência operacional e que a racionalização dos processos de planejamento da produção e
estoques é parte fundamental neste processo. Além disso, em virtude dos grandes
investimentos realizados em tecnologia de informação, constata-se que a empresa investiu em
aquisição de softwares com modelos de apoio à decisão, melhorando a base de coleta de
dados em planejamento da produção.
4. Pesquisa de Campo
4.1 Diagnóstico da estrutura de PCP
A indústria XX produz uma série de dispositivos semiacabados que abastece as demais
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plantas do Brasil e Mundo partindo de oito fábricas com instalações e processos diferentes no
mesmo site e independentes entre si. As tarefas do PCP estavam divididas entre três analistas
sendo cada um responsável por um grupo de fábricas. O estagiário ficava na incumbência de
apoiar o analista que estava com as fábricas mais complexas. No decorrer deste trabalho será
apresentado o detalhe de cada instalação.
Considerando a relevância do PCP para prioridades estratégicas e sua importância na
eficiência das operações de produção torna-se necessário encontrar um método que avalie o
nível de aderência do sistema de PCP com a sua respectiva operação produtiva. Portanto, foi
realizado um diagnóstico baseado em dois conceitos:
a) Tipos de processos em operações;
b) Nível de complexidade dos Processos relativos a volume, variedade e controle.
Com relação aos tipos de processos em operações, constatou-se que a área de concentração da
empresa XX possuía, por predominância, processos em Bateladas (produção) e Lotes
(embalagens). A Figura 1 retrata a posição do processo de produção da empresa estudada; na
mesma figura, entende-se por “dificuldade” o tempo gasto, por unidade produzida, na análise
para realizar o planejamento da produção.
Figura 1 - Tipos de Processos em Operações e a Área de Concentração da Empresa XX
Fonte: Criada pelo autor, baseado em Slack; Chambers; Johnston. (2002)
A próxima etapa do diagnóstico foi aprofundar nas questões: Como classificar a
complexidade do processo visando à melhor adequação do sistema de Planejamento e
Controle? E, qual o nível de Volume, de Variedade e o nível de Controle determinante na
adequação do sistema de Planejamento e Controle?
Considerando a empresa XX constituída de várias fábricas em um único complexo fabril, foi
feita a classificação de suas características para cada unidade fabril. Foram utilizadas, como
subsídio teórico, a análise do tipo de produção (volume e variedade) e a complexidade, a
partir da “forma” da estrutura do produto (SLACK, CHAMBERS, JOHNSTON; 2002).
F1 – Fábrica 1: possui a estrutura de produção em forma de “V”. Trata-se de uma fábrica que
possui um fluxo em massas com volume é médio a alto e variedade média. Sua estrutura de
Projeto
Jobbing
Massas
Contínuo
Dificuldade em Planejar
Alta
Baixa
Volume
Var
ied
ade
AltoBaixo
Baixo
Alto
Lotes ou
bateladas
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lista técnica e seu roteiro de fabricação são simples.
F2 – Fábrica 2: possui a estrutura de produção em forma de “T”. Sua característica volume de
produção é menor que a F1 e a variedade é um pouco maior. Suas estruturas, bem como seus
roteiros, são um pouco mais complexos que a primeira.
F3 – Fabrica 3: possui a estrutura de produção em forma de “X”. É a fábrica com o projeto
mais novo da empresa XX. Por esse motivo, essa fábrica já nasceu com uma estrutura e
roteiros simplificados. Possui uma alta capacidade de volume de produção com uma
variedade de produtos baixa.
F4 – Fábrica 4: com a estrutura de produção em forma de “A”, é uma fábrica com operações
manuais, portanto apresenta um processo instável. Possui estruturas e roteiros complexos e
seu volume é baixo e sua variedade não é muito alta.
F5 – Fábrica 5: possui a estrutura de produção em forma de “A”. É uma fábrica automatizada
com estruturas complexas e roteiros de complexidade mediana. Seu volume de produção é
relativamente alto e sua variedade baixa.
F6 – Fabrica 6: possui a estrutura de produção em forma de “T”. É uma linha de alta absorção
nos custos. Possui volumes altos com variedade baixa. Possui também roteiros e estruturas
complexos.
F7 – Fábrica 7: possui a estrutura de produção em forma de “A”. É uma linha manual com
grande valor agregado e é uma fábrica com roteiros e estruturas complexos, com o volume
baixo e variedade relativamente baixa.
F8 – Fábrica 8: possui a estrutura de produção em forma de “A”. Por se tratar somente de
embalagens de produtos, possui um roteiro simples, mas sua estrutura é complexa. Seu
volume é baixo e sua variedade é alta.
As oito fábricas explanadas podem ser enquadradas nas regiões pontilhadas das Figuras 2 e 3:
.
Figura 2 - A Questão da Complexidade para Adequação do Sistema de Planejamento e Controle.
Fonte: Adaptada de Voss; Harrinson (apud SLACK, CHAMBERS, JONSTON, 2002)
JIT
JIT/MRP
MRP
PERT
Estruturas complexas
Estruturas
simples
Roteiros simples
Roteiros complexos
JIT
JIT/MRP
MRP
PERT
JIT
JIT/MRP
MRP
PERT
Estruturas complexas
Estruturas
simples
Roteiros simples
Roteiros complexos
F1
F2
F3
F4
F5F6
F7
F8
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Figura 3 - Análise da Questão do Volume, Variedade e o Nível de Controle para Adequação do Sistema de
Planejamento e Controle
Fonte: Adaptada de Slack; Chambers; Johnston (2002)
O diagnóstico demonstrou que a empresa estudada possuía um tipo de processo
predominantemente realizado por lotes ou bateladas, estruturas de materiais complexas e
roteiros de fabricação variados. Existiam poucos produtos novos sendo introduzidos e, quando
isto ocorria, possuíam similaridades com produtos já fabricados. A variabilidade dos lead
times era habitual, para materiais importados, que representavam 80% do valor do estoque de
matéria-prima da empresa, e constantes para nacionais. Por se tratar de uma empresa do setor
farmacêutico, exigia-se um alto nível de controle do processo de manufatura, o que refletia a
mesma exigência no sistema de PCP. Todas as fábricas utilizavam a programação para frente.
No mesmo envolto, foram percebidos uma relativa centralização às tomadas de decisões e um
relativo favorecimento à melhoria contínua com um sistema pouco simples.
JIT
JIT+MRPMRP
Alto
Baixo
Técnicas
baseadas
em ativi-
dades, como
o PERT (b)
Governado
pela
tecnologia
integrada (a)
Volume
Variedade
Baixo Alto
Alta Baixa
Nív
el d
e co
ntr
ole
F1F2
F3
F4
F5
F6
F7
F8
(alta)(baixa)simplicidade do
sistema
(alto)(baixo)favorecimento de
melhoria contínua
(alta)(baixa)
centralização às
tomadas de
decisões
(alto)(baixo)nível de controle
(alta)(baixa)variabilidade dos
lead times
(alta)(baixa)complexidade das
estruturas
(diferentes)(similares)novos produtos
introduzidos
(alta)(baixa)complexidade dos
roteiros
(alta)(baixa)variedade dos
produtos JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II OPT
MRP II/OPT
MRP II
MRP II
MRP II
OPT
OPT
OPT
OPT
MRP II/OPT
MRP II
JIT/OPT MRP II
(alta)(baixa)simplicidade do
sistema
(alto)(baixo)favorecimento de
melhoria contínua
(alta)(baixa)
centralização às
tomadas de
decisões
(alto)(baixo)nível de controle
(alta)(baixa)variabilidade dos
lead times
(alta)(baixa)complexidade das
estruturas
(diferentes)(similares)novos produtos
introduzidos
(alta)(baixa)complexidade dos
roteiros
(alta)(baixa)variedade dos
produtos JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II OPT
MRP II/OPT
MRP II
MRP II
MRP II
OPT
OPT
OPT
OPT
MRP II/OPT
MRP II
JIT/OPT MRP II
(alta)(baixa)simplicidade do
sistema
(alto)(baixo)favorecimento de
melhoria contínua
(alta)(baixa)
centralização às
tomadas de
decisões
(alto)(baixo)nível de controle
(alta)(baixa)variabilidade dos
lead times
(alta)(baixa)complexidade das
estruturas
(diferentes)(similares)novos produtos
introduzidos
(alta)(baixa)complexidade dos
roteiros
(alta)(baixa)variedade dos
produtos
(alta)(baixa)simplicidade do
sistema
(alto)(baixo)favorecimento de
melhoria contínua
(alta)(baixa)
centralização às
tomadas de
decisões
(alto)(baixo)nível de controle
(alta)(baixa)variabilidade dos
lead times
(alta)(baixa)complexidade das
estruturas
(diferentes)(similares)novos produtos
introduzidos
(alta)(baixa)complexidade dos
roteiros
(alta)(baixa)variedade dos
produtos JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
JIT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II/OPT
MRP II OPT
MRP II/OPT
MRP II
MRP II
MRP II
OPT
OPT
OPT
OPT
MRP II/OPT
MRP II
JIT/OPT MRP II
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Figura 4 - Análise e Escolha do Sistema de Administração para Empresa XX
Fonte: Corrêa e Gianesi (2007)
Com as evidências obtidas no diagnóstico da estrutura do PCP, concluiu-se que o sistema de
PCP, que melhor convinha para a realidade da empresa XX, era o MRPII, confirmando que a
ferramenta utilizada no momento do estudo estava adequada. O próximo passo seria
confrontar este resultado com o contato e experiência que cada funcionário da área de PCP
possuía com os conceitos de MRPII e outros conceitos relacionados ao sistema de PCP. A
matriz denominada lista de versatilidade (Figura 5) constatou um nível de 43% de
versatilidade (258 pontos).
Analista 1 Analista 2 Analista 3 Estágiário Supervisor PCP
Conhecimento processo produção 1 3 4 1 4
Conhecimento processo suprimentos 1 3 4 2 4
Conhecimento gerenciamento pedidos 4 1 4 1 4
Conhecimento métodos estatísticos 4 1 1 1 4
Conhecimento dos conceitos de MRP 1 1 2 1 4
Conhecimento em Pesquisa Operacional 1 1 1 1 3
Conhecimento em programação produção 3 2 3 2 3
Conhecimento sequenciamento 2 2 2 2 4
Experiência em MRP 1 2 2 2 3
Experiência em Pesquisa Operacional 1 1 2 1 2
Experiência programação da produção 1 3 4 1 3
Experiencia em sequenciamento 1 1 2 1 2
interpretação dos indicadores PCP 3 2 3 2 4
SAP - Módulo PP 1 2 3 1 3
Estatística 1 2 2 1 2
Excell Avançado 2 2 3 2 4
Six Sigma 2 2 3 1 3
Lean Manufacturing 2 2 3 1 3
SOX 1 3 4 1 3
Criação de Ordens trasferencia 2 2 3 3 3
Preparar Carga mista 1 3 3 2 3
Análise de Catálogos - Desova 2 2 1 1 2
Análise de Inventário 1 1 1 1 1
Procedimentação 1 3 3 2 3
Lista de Vesatilidade
LENGENDA
Sem Treinamento 1
Treinando 2
Treinado 3
Apto a treinar 4
Figura 5 - Lista de Versatilidade
Fonte: Dados da pesquisa
4.2 Proposta de diretrizes para a gestão do PCP
Inicialmente procurou-se definir o processo (início, o término e as principais etapas) de
planejamento e controle da produção da empresa XX. Em seguida, iniciou-se o contato com o
nível gerencial da empresa por meio de entrevista com 100% dos gerentes de manufatura e
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apoio. Um breve questionário (anexo A) foi utilizado como roteiro das entrevistas que
duraram em média uma hora. Uma análise qualitativa dos resultados das entrevistas encontra-
se traduzida em nove pontos de atenção:
Constante falta de matéria-prima
Erros na análise de recursos para planejar
Alta variação na demanda prevista
Falta de previsibilidade da manufatura
Ordens liberadas com atraso
Análises, quando solicitadas à área eram pobres
Urgência na mudança da lista de materiais
Falta de espaço no almoxarifado
O horizonte fixo de planejamento não era respeitado
A partir do levantamento inicial dos pontos de atenção, utilizando a própria voz do cliente
interno capturado em entrevistas, foi realizado um levantamento dos Impactos Críticos (IC) e
o desdobramento em suas respectivas Variáveis Potenciais (VP).
Neste ponto o time de projeto utilizou-se a ferramenta brainstorm reunindo representantes de
compras, manufatura, qualidade e planejamento que indicaram as possíveis causas (VP) para
cada efeito (IC) percebido pelo entrevistado. Para o item “Constante falta de matérias-primas”
obteve-se o IC “Falta de fornecimento de Produtos acabados para o cliente externo” e foram
identificados como VPs: falha no planejamento da produção; falha no recebimento do
material; falha na liberação do material pelo CQRM (Controle de Qualidade no Recebimento
de Materiais); diferença de inventário e atraso de pedidos dos fornecedores.
Para o item “Erros na análise de recursos” obteve-se o IC: “Plano de produção não viável para
fábrica” e identificou-se como VP a falta de treinamento dos analistas de PCP.
Para o item “Alta variação na demanda prevista” obtiveram-se como ICs “Atraso dos pedidos
de clientes, excesso de materiais armazenados” e foram identificados desconhecimento de
mercado; a falta de estratégia mercadológica e o erro na comunicação entre Força de vendas e
PCP como VPs.
Para o item “Falta de previsibilidade” obtiveram-se como IC “Parada de máquinas, baixo
desempenho operacional” e foram identificadas como VP: variações constantes no plano de
produção.
Para o item “Ordens liberadas com atraso” obtiveram-se como IC: “Paradas de máquinas,
baixo desempenho operacional” e foi identificado como VP: analistas de PCP sem
conhecimento do fluxo de produção.
Para o item “Análises, quando solicitadas à área de PCP eram pobres” obteve-se como IC
“Erro na tomada de decisões” e foram identificadas como VPs: falta de cronograma das
atividades do PCP e falta de treinamento dos analistas do PCP.
Para o item “Urgência nas mudanças das listas de materiais” obtiveram-se como ICs “Falta
de matéria-prima e ruptura na fábrica” e foram identificados como VPs: falha no
planejamento da produção; falha no recebimento do material; falha na liberação do material
pelo CQRM; diferença de inventário e atraso de pedidos dos fornecedores.
Para o item “Falta de espaço no almoxarifado” obteve-se o IC “Materiais em Excesso e
Obsoleto” e foram identificados como VP: falta de controle físico dos materiais; falta de
previsão de recebimento de materiais; variação no consumo x padrão; materiais estocados
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sem ordenação e variações no plano de produção.
Por fim, para o item “O horizonte fixo de planejamento não era respeitado” obteve-se o IC
“Falta de fornecimento de produtos acabados para o cliente externo” e foram identificadas
todas as variáveis potenciais (VPs) descritas nos itens anteriores.
As relações estabelecidas entre a Voz do Cliente, Impactos Críticos e Variáveis Potenciais
permitiram a elaboração de métricas para acompanhamento e proposição das diretrizes de
melhoria na gestão do PCP. A relação de métricas foi validada em nível de aderência,
viabilidade de extração e freqüência de monitoramento (Quadro 1).
VP (variáveis potenciais) Métrica (nome) O que mede Frequencia
falha no planejamento Matriz de versatilidadeconhecimento dos procedimentos críticos para o
PCP por analistamensal
falha no recebimento Materiais Críticosmateriais comprados que sofreram risco de falta
ou falta para produçãomensal
falha na liberação CQRM Materiais Críticosmateriais comprados que sofreram risco de falta
ou falta para produçãomensal
diferença de inventárioBloqueados por
diferença de inventário
valor em reais dos materiais bloqueados por
diferença de inventáriomensal
atraso de pedidos de
fornecedores
Cumprimento dos
Fornecedores
cumprimento do prazo de entregas de materias-
primasmensal
falta de treinamento analistas
de PCPMatriz de Treinamento cursos críticos para o PCP por analista bimestral
desconhecimento do mercado Variação da demandavariação na demanda dois meses após seu
fornecimento para um determinado períodomensal
falta de estratégia
mercadológicaVariação da demanda
variação na demanda dois meses após seu
fornecimento para um determinado períodomensal
erro na comunicação entre a
Força de Vendas e PCPMix e Volume
variação de Mix e Volume de produção a partir
do consenso realizado em reunião de SNPmensal
variações constantes no plano
de produção
variação limite tolerância
nas ordens produção
ordens de produção com volume maior/menor
que o planejado em ordemmensal
analistas PCP sem
conhecimento do f luxo de
produção
Matriz de versatilidadeconhecimento dos procedimentos críticos para o
PCP por analistamensal
falta de cronograma de
atividades do PCPLista de tarefas
acompanhamento das atividades diárias para
Supervisão e cada Analistadiária
falta de controle físico dos
materiaisGiro de inventário
consumo acumulado annual / valor do estoque
médio do mesmo períodomensal/anual
sem previsão de recebimento
de materiaisMateriais Críticos
materiais comprados que sofreram risco de falta
ou falta para produçãomensal
variação no consumo x
padrão
Bloqueados por
diferença de inventário
valor em reais dos materiais bloqueados por
diferença de inventáriomensal
materiais estocados sem
ordenaçãoGiro de inventário
consumo acumulado annual / valor do estoque
médio do mesmo períodomensal
Quadro 1 - Métricas identificadas para mensurar a evolução das diretrizes
Fonte: Dados da pesquisa
No intuito de viabilizar o desenvolvimento das diretrizes e o progresso do trabalho, as
métricas identificadas no quadro 1 foram classificadas em grau de prioridade e impacto nos
processos operacionais e financeiros, sendo o último analisado em conjunto com a equipe
financeira da empresa. Como métricas prioritárias foram classificadas: variação no limite de
tolerância das ordens de produção, análise dos materiais em risco de falta e cumprimento do
prazo de entrega dos fornecedores, pois, entende-se que o desempenho adequado destas
métricas estabiliza o processo de produção eliminando as questões urgentes que atrapalham a
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rotina da empresa XX. As métricas giro de inventário e mix & volume de produção foram
classificadas importantes por serem consideradas como métricas de resultado de processo,
portanto, já seriam alavancadas pelas melhorias das prioritárias. As demais métricas foram
avaliadas como desejáveis, ou seja, por motivos de dificuldade de extração, acompanhamento
e grau de importância e impacto operacional e financeiro perante as demais métricas,
deveriam ser analisadas em momento posterior ou ser revisitada somente caso ocorra alguma
dificuldade na análise ou interpretação das métricas prioritárias.
4.3 Acompanhamento das diretrizes propostas para a gestão do PCP
No decorrer de outubro de 2009 a setembro de 2010 o indicador variação no limite de
tolerância das ordens de produção foi monitorado. No mês de fevereiro de 2010 iniciou-se a
execução de um controle mais rigoroso nas fábricas. A partir do conceito da teoria das
restrições (GOLDRATT, 1986), foi identificada a restrição de capacidade na produção e
diariamente, a saída deste recurso era observado e analisado se o que estava sendo produzido
era, de fato, o que estava planejado. O planejamento era realizado visando melhorar o
desempenho do recurso com restrição de capacidade. As divergências no plano eram avisadas
ao gerente da área enfatizando o risco ora de afetar o cliente final, ora de gerar inventários de
produtos em excesso. Com o aumento do controle o indicador total de variação encerrou
setembro 2010 com 23% das ordens não cumpridas, na quantidade planejada.
Figura 6 - Variação no Limite de Tolerância das Ordens de Produção
Fonte: Dados da pesquisa
O indicador cumprimento dos fornecimentos de matérias-primas foi trabalhado nos meses de
janeiro a setembro de 2010 onde estabeleceu uma rotina de acompanhamento de cada etapa
do processo de compras. As informações foram consolidadas em planilha eletrônica com
acesso a todos os envolvidos no processo de suprimentos, anteriormente o contato com o
fornecedor era feito somente no momento da colocação do pedido e no faturamento.
A métrica Materiais Críticos foi criada para relacionar matérias primas que estiveram na
iminência ou falta na unidade. Cada causa de problema que afetava o suprimento de matérias-
primas foi identificada e decisões eram tomadas à medida que era apresentada a evolução do
indicador para a liderança da empresa. Para a causa, Pedido de Compra em Atraso, a ação foi
contratar um empregado alocado na área de suprimentos, para realizar o acompanhamento dos
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Variação 47% 44% 64% 33% 53% 32% 35% 29% 31% 27% 29% 23%
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pedidos de compras. A área de CQRM (Controle de Qualidade do Recebimento de Materiais)
da estava sofrendo alterações no quadro funcional e nos procedimentos da área. Para
contornar a situação, foi realizado um trabalho entre o PCP e CQRM, no sentido de
apresentar, dentro dos atrasos de liberação, uma sequência de prioridades. Este trabalho era
realizado, semanalmente, por meio da atualização de uma planilha compartilhada entre as
duas áreas.
A causa Manufatura representava quebra, parada e consequentemente reprogramações nas
linhas de produção, utilizando materiais que não estavam planejados consumir naquele
momento representando risco de falta de matéria-prima. A este indicador, o PCP informava os
riscos que as manobras contingenciais na manufatura traziam para a empresa e, quando
possível, acelerava o recebimento dos materiais reprogramado juntamente com compras.
A causa Qualidade representava todo recebimento de matéria-prima não conforme nos
quesitos especificação técnica, laudo, certificado, validade e afins. O PCP promoveu um
trabalho de controle de qualidade no recebimento de materiais para acompanhar, juntamente
com o fornecedor que apresentava recorrência, enviando um relatório de não conformidade e
solicitando a este um plano de ação que era revisado, periodicamente, até a sua conclusão.
Apesar da equipe de projetos ter investigado outras ações de melhorias para a métrica
Materiais Críticos, estas causas foram consideradas as mais representativas. A figura 9 mostra
a redução dos materiais em risco na empresa.
Figura 7 - Evolução dos Casos de Risco de Falta de Materiais
Fonte: Dados da pesquisa
5. Conclusões e sugestões de novas pesquisas
A presente pesquisa propôs uma análise da gestão do PCP em uma empresa da indústria
farmacêutica visando diagnosticar o estado inicial e propor, a partir daí, diretrizes para
melhoria da rotina de planejamento. Constatou-se que a empresa investigada possuía
aderência com a estrutura do PCP concernente ao processo produtivo, mas os conceitos
básicos de planejamento e controle eram omitidos na rotina da empresa XX. Por exemplo, não
existiam análises da demanda versus estoques e monitoramento da produção versus planejado.
A solução apresentada provocou uma integração entre as áreas da empresa facilitando a
implementação das diretrizes encontradas no decorrer do item 4.3 deste artigo.
É recomendável aplicar as diretrizes nos processos de PCP e monitorar os indicadores
identificados avaliando a eficácia à medida que as melhorias forem implementadas.
Deve-se ampliar o diagnóstico em um número maior de empresas no setor farmacêutico a fim
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de comparar a gestão destas organizações ou fazer os ajustes necessários à proposta de
diretrizes aplicada na melhoria do PCP da empresa XX.
É possível também expandir a pesquisa para outros tipos de setores da economia à luz do
modelo proposto bem como ampliar o campo da pesquisa entre empresas de setores distintos,
a fim de fazer um comparativo entre elas.
No mesmo sentido, é importante também pesquisar empresas fora do Brasil, a fim de avaliar
se as atividades das etapas da metodologia mudam em função da cultura em outros países.
Referências
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PPC systems. Production Planning & Control, London, Vol. 16, No. 7, 634–651, October 2005,.
ANEXO
Anexo I – Entrevistas com clientes internos, foco no nível gerencial
1) Quais são as principais responsabilidades da área de PCP na empresa XX?
23,53 % - Fornecer um planejamento realizável;
11,77 % - Eliminar a falta de matéria-prima para produção;
27,20 % - Reunir informações de diversas áreas para apresentar possíveis cenários para
tomada de decisão;
37,50 % - Fornecer previsibilidade para a empresa.
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2) Como você avalia o desempenho atual da área de PCP?
0,77 % - Excelente
15,95 % - Bom;
48,93 % - Ruim;
34,35 % - Péssimo.
3) Quais os pontos fortes do PCP analisados nas partes que seguem?
0 % - Previsão de demanda;
2,10 % - Planejamento da produção;
0 % - Programação da produção;
76,71 % - Programação de estoques;
21,19 % - Nenhum.
4) Quais os pontos fracos do PCP analisados nas partes que seguem?
76,33 % - Previsão de demanda;
9,16 % - Planejamento da produção;
9,16 % - Programação da produção;
5,35 % - Programação de estoques.
5) Quais os problemas que você poderia citar para justificar a sua escolha na questão 4?
Constante falta de matérias-primas; erros na análise de recursos disponíveis; alta variação na
demanda prevista; falta de previsibilidade; ordens liberadas com atraso; análises pobres de
PCP; diversas urgências e mudanças de ultima hora; falta de espaço no almoxarifado;
horizonte de planejamento é desrespeitado.
6) Enfim, em uma escala de 0 (zero) a 10 (Dez), qual a nota você daria para a área de PCP,
hoje?
Média 4.