análise comparativa para obtenção da energia e força de

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Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de Atracação Murilo Albunio 1 , Pedro H. C. de Lyra 2 1 Engenheiro Civil / EGT Engenharia / [email protected] 2 Engenheiro Civil / EGT Engenharia e Professor IMT / [email protected] Resumo A avaliação da energia e o dimensionamento do sistema de defensas são pontos centrais quando se trata de projetos portuários e envolve conhecimentos de práticas de atracação, resistência dos materiais, ações ambientais e sua variabilidade. Normas portuárias de todo mundo apresentam formulações que podem ser usadas de maneira prática nos escritórios de projeto fornecendo resultados, em tese, favoráveis à segurança. Para isso, estas normas internacionais são atualizadas com certa frequência a fim de se obter uma maior adequação dos resultados dos cálculos com a realidade evitando-se acidentes e prejuízos materiais e humanos. Com o cancelamento da NBR 9782:1987 Ações em estruturas portuárias marítimas ou fluviais que tratava, entre outros pontos, sobre a obtenção desta força e energia de atracação, outras referências internacionais, como a ROM 2.0/11 Recomendaciones para el proyecto y ejecución em Obras de Atraque y Amarree PIANC Guidelines for the design of fender systems, devem ser utilizadas. É apresentada uma análise comparativa da obtenção da energia e força de atracação, através da aplicação da ROM, PIANC e a NBR 9782:1987, esta última cancelada, no estudo de diferentes casos, condições ambientais e embarcações, demonstrando- se as características, os fatores e variáveis relevantes para cada norma e acentuando-se suas precariedades e diferenças. Palavras-chave Atracação; Portos; Estruturas Introdução Para o dimensionamento estrutural de um porto se faz necessário conhecer as ações que incidem sobre o mesmo. Umas das ações preponderantes para o dimensionamento é no instante em que o casco do navio entra em contato com as defensas da estrutura de atracação, o impacto da embarcação causa grande esforços sobre a estrutura. A energia de atracação é função de alguns parâmetros físicos e outros operacionais. Como exemplos de parâmetros físicos, podem ser citadas as dimensões, a velocidade e a massa de água deslocada pela embarcação; o ângulo de aproximação formado pela longitudinal da embarcação e o píer; o ponto de contato entre o píer e a embarcação em relação ao seu centro de giro; as características ambientais da bacia de atracação e as características estruturais do píer. Metodologia Para a análise comparativa, apresentada na tabela 3, foram adotadas as seguintes hipóteses: - Ângulo de atracação do navio → α = 10°; - Navios porta-contêineres com características geométricas apresentadas na tabela 1; -A velocidade de aproximação (Vb) utilizada é a sugerida por cada referência. O menor valor da velocidade de aproximação utilizado foi de 0,1m/s; - A profundidade do canal onde ocorre a atracação é de 17m; - Estrutura com o paramento aberto ou parcialmente aberto.

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Page 1: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de Atracação

Murilo Albunio1, Pedro H. C. de Lyra2 1 Engenheiro Civil / EGT Engenharia / [email protected]

2 Engenheiro Civil / EGT Engenharia e Professor IMT / [email protected]

Resumo

A avaliação da energia e o dimensionamento do sistema de defensas são pontos centrais quando

se trata de projetos portuários e envolve conhecimentos de práticas de atracação, resistência dos

materiais, ações ambientais e sua variabilidade. Normas portuárias de todo mundo apresentam

formulações que podem ser usadas de maneira prática nos escritórios de projeto fornecendo

resultados, em tese, favoráveis à segurança. Para isso, estas normas internacionais são

atualizadas com certa frequência a fim de se obter uma maior adequação dos resultados dos

cálculos com a realidade evitando-se acidentes e prejuízos materiais e humanos. Com o

cancelamento da NBR 9782:1987 – Ações em estruturas portuárias marítimas ou fluviais – que

tratava, entre outros pontos, sobre a obtenção desta força e energia de atracação, outras

referências internacionais, como a ROM 2.0/11 – “Recomendaciones para el proyecto y

ejecución em Obras de Atraque y Amarre” e PIANC – “Guidelines for the design of fender

systems”, devem ser utilizadas. É apresentada uma análise comparativa da obtenção da energia

e força de atracação, através da aplicação da ROM, PIANC e a NBR 9782:1987, esta última

cancelada, no estudo de diferentes casos, condições ambientais e embarcações, demonstrando-

se as características, os fatores e variáveis relevantes para cada norma e acentuando-se suas

precariedades e diferenças.

Palavras-chave

Atracação; Portos; Estruturas

Introdução

Para o dimensionamento estrutural de um porto se faz necessário conhecer as ações que incidem

sobre o mesmo. Umas das ações preponderantes para o dimensionamento é no instante em que

o casco do navio entra em contato com as defensas da estrutura de atracação, o impacto da

embarcação causa grande esforços sobre a estrutura.

A energia de atracação é função de alguns parâmetros físicos e outros operacionais. Como

exemplos de parâmetros físicos, podem ser citadas as dimensões, a velocidade e a massa de

água deslocada pela embarcação; o ângulo de aproximação formado pela longitudinal da

embarcação e o píer; o ponto de contato entre o píer e a embarcação em relação ao seu centro

de giro; as características ambientais da bacia de atracação e as características estruturais do

píer.

Metodologia

Para a análise comparativa, apresentada na tabela 3, foram adotadas as seguintes hipóteses:

- Ângulo de atracação do navio → α = 10°;

- Navios porta-contêineres com características geométricas apresentadas na tabela 1;

-A velocidade de aproximação (Vb) utilizada é a sugerida por cada referência. O menor valor

da velocidade de aproximação utilizado foi de 0,1m/s;

- A profundidade do canal onde ocorre a atracação é de 17m;

- Estrutura com o paramento aberto ou parcialmente aberto.

Page 2: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

Tabela 1 - Características geométricas dos navios de contêineres.

PIANC - Guidelines for the design of fender systems (2002)

As recomendações da “Permanent International Association of Navigation

Congresses” (PIANC 2002) foram desenvolvidas afim de normatizar e criar uma metodologia

internacional para os estudos, análises e dimensionamentos de estruturas e obras acostáveis,

desta maneira foram divididos grupos de correspondência com sede em países membros do

grupo de trabalho, para desenvolver e dividir o relatório em seções e nomear um pais para

coordenar cada seção do relatório final.

“PIANC – Guildelines for the design of fender systems”, normatiza exclusivamente a

seção de dimensionamento da energia de atracação e das defensas para absorção da mesma, em

função dos tipos de embarcações e dos fatores e coeficientes relacionados à atracação das

embarcações na estrutura acostável.

Os estudos dos esforços de atracação são importantíssimos para o perfeito

funcionamento da estrutura acostável, sendo de grande necessidade a análise de embarcações

com massas e tamanhos diferentes para a determinação da energia cinética normal de atracação

que deve ser absorvida pelas defensas. Para determinar a EN (energia cinética normal), foi

utilizado o equacionamento apresentado a seguir:

𝐸𝑁 = 𝑀𝐷 × 𝑉𝐵2 × 𝐶𝐸 × 𝐶𝑀 × 𝐶𝑆 × 𝐶𝐶 (1)

Onde:

𝐸𝑁 : energia de cinética normal de atracação, em kN.m;

𝑀𝐷 : massa deslocada pela embarcação, em toneladas;

𝑉𝐵2

: velocidade de atracação da embarcação, perpendicular à linha de atracação;

195.000 250.000 418 395 56,4 16,0 0,68 14.500

165.000 215.000 398 376 56,4 15,0 0,66 12.200

125.000 174000 370 351 45,8 15,0 0,70 10.000

120.000 158000 352 335 45,6 14,8 0,68 9.000

110.000 145.000 340 323 43,2 14,5 0,70 8.000

100.000 140.000 326 310 42,8 14,5 0,71 7.500

90.000 126.000 313 298 42,8 14,5 0,66 7.000

80.000 112.000 300 284 40,3 14,5 0,66 6.500

70.000 100.000 280 266 41,8 13,8 0,64 6.000

65.000 92.000 274 260 41,2 13,5 0,62 5.600

60.000 83.000 290 275 32,2 13,2 0,69 5.000

55.000 75.500 278 264 32,2 12,8 0,68 4.500

50.000 68.000 267 253 32,2 12,5 0,65 4.000

45.000 61.000 255 242 32,2 12,2 0,63 3.500

40.000 54.000 237 225 32,2 11,7 0,62 3.000

35.000 47.500 222 211 32,2 11,1 0,61 2.600

30.000 40.500 210 200 30,0 10,7 0,62 2.200

25.000 33.500 195 185 28,5 10,1 0,61 1.800

20.000 27.000 174 165 26,2 9,2 0,66 1.500

15.000 20.000 152 144 23,7 8,5 0,67 1.100

10.000 13.500 130 124 21,2 7,3 0,69 750

CB

Capacidade

aproximada

(TEU)

Navio

Co

nte

ne

iro (P

ost-

Pan

amax)

Navio

Co

nte

ne

iro (P

anam

ax)

Tipo DWT (ton) ∆ (ton) LOA (m) LPP (m) B (m) T (m)

Page 3: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

𝐶𝐸 : coeficiente de excentricidade;

𝐶𝑀: coeficiente de massa hidrodinâmica;

𝐶𝑆 : coeficiente de amortecimento;

𝐶𝐶 : coeficiente de atracação;

A massa 𝑀𝐷, considerada no cálculo é o deslocamento do navio em toneladas.

Velocidade de Aproximação do Navio (VB)

A velocidade de aproximação é uma função das condições de navegabilidade (aproximação

fácil ou difícil e a exposição da instalação portuária) e do tamanho da embarcação. As condições

são normalmente divididas em cinco categorias, conforme mostrado a seguir.

As velocidades de aproximação das embarcações adotadas pela PIANC (2002) são as propostas

pela tabela de BROLSMA (1977) apud PIANC (2002), apresentadas na Figura 1, comumente

utilizadas as velocidades apresentadas nas curvas “b” e “c”.

Figura 1 – Velocidades de aproximação.

Fonte: Manual Trelleborg, 2011, p. 18

Coeficiente de excentricidade (CE)

O coeficiente de excentricidade leva em consideração a energia dissipada no movimento de

rotação da embarcação quando o ponto de impacto na estrutura não está na mesma seção em

que se encontra o centro de massa da embarcação, é determinado pela equação:

𝐶𝐸 =

𝐾2 + 𝑅2(cos 𝜙)2

𝐾2 + 𝑅2 (2)

PIANC (2002) também permite a seguinte simplificação, admitindo-se 𝜙 = 90°:

𝐶𝐸 =

𝐾2

𝐾2 + 𝑅2 (3)

Onde:

𝐾 : é o raio de giração do navio, calculado pela equação:

Page 4: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

𝐾 = (0,19 × 𝐶𝐵 + 0,11)𝐿 (4)

𝐶𝐵 : é o coeficiente de bloco da embarcação, obtido através da Tabela 1;

𝐿: é o comprimento entre perpendiculares da embarcação;

𝑅: é a distância entre o ponto de contato da embarcação na estrutura e o centro de gravidade da

mesma (ver Figura 2), definido através da equação:

𝑅 = √𝑌2 + [𝐵

2]

2

(5)

𝑌 : é a distância entre o ponto de contato da embarcação na estrutura e o centro de gravidade da

mesma, medido ao longo do eixo longitudinal da embarcação;

𝜙: é o ângulo formado entre a linha que une o ponto de contato do casco na estrutura com o

centro de massa da embarcação e a direção do vetor de velocidade (ver Figura 2), definido

através da equação:

𝜙 = 90° − 𝛼 − tan−1 (

𝐵

2𝑌) − cos−1 (

𝑉𝐵

𝑉) (6)

𝛼: é o ângulo de atracação da embarcação, por “default” para o estudo será adotado 10°.

𝑉: é a velocidade de aproximação.

Figura 2 – Definição da distancia 𝑹 utilizada no cálculo de 𝑪𝑬.

Fonte: Manual Trelleborg, 2011, p. 18

PIANC (2002) ainda recomenda valores para 𝐶𝐸, de 0,5 para atracação em estruturas contínuas

e 0,7 para atracação e “dolfins”. Também pode-se obter o coeficiente 𝐶𝐸 em função de 𝜙 e da

relação 𝑅 𝐿⁄ .

Coeficiente de massa hidrodinâmica (CM)

O coeficiente de massa hidrodinâmica é introduzido para considerar o efeito da massa de água

que se desloca com a embarcação durante a atracação. A PIANC (2002) apresenta as

formulações de Vasco Costa e de Shigeru Ueda para o cálculo do 𝐶𝑀. Se necessário usar outros

valores, a PIANC (2002) recomenda o 𝐶𝑀 variando entre 1,5 e 1,8. Para casos de aproximação

longitudinal da embarcação, é recomendo o valor de 𝐶𝑀 = 1,1. A Figura 3 apresenta o

equacionamento para o cálculo de 𝐶𝑀.

Page 5: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

Figura 3 – Cálculo de 𝑪𝑴 de acordo com PIANC (2002).

Fonte: Manual Trelleborg, 2011, p. 19

Onde:

𝐶𝐵 : é o coeficiente de bloco da embarcação, obtido através da Tabela 1;

𝐵: é a boca moldada da embarcação;

𝐷: é o calado da embarcação;

𝐾𝐶: é o pé do piloto da embarcação

Coeficiente de amortecimento (CS)

É o coeficiente que considera a parcela de energia de atracação absorvida pela deformação do

casco da embarcação. A PIANC (2002) recomenda usualmente utilizar os valores de 𝐶𝑆 entre

0,9 e 1,0. Para embarcações equipadas com defensas de elastômero ao longo do casco é

utilizado o valor de 0,9, para todos os demais casos de embarcações é comumente utilizado o

valor de 1,0.

Coeficiente de atracação (CC)

Trata-se do coeficiente que considera a parcela de energia absorvida pelo efeito de

amortecimento da água confinada entre o costado no navio e a parede da estrutura portuária.

PIANC (2002) recomenda 𝐶𝐶 = 1,0 para estruturas acostáveis com paramento

aberto/parcialmente aberto e 𝐶𝐶 = 0,9 para estruturas com paramento fechado (ver Figura 4).

Figura 4 – Estruturas abertas e fechadas.

Fonte: Manual Trelleborg, 2011, p. 22

Massa deslocada pelo navio (MD)

A massa deslocada pela embarcação, influencia no cálculo da energia cinética de atracação

normal, e pode ser calculada pela seguinte equação:

𝑀𝐷 = 𝐶𝐵 × 𝐿𝐵𝑃 × 𝐵 × 𝐷 × 𝜌𝑆𝑊 (7)

Page 6: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

Onde:

𝐿𝐵𝑃 : é o comprimento entre perpendiculares da embarcação;

𝜌𝑆𝑊 : é o peso específico da agua, 1,025t/m³;

Fator de segurança (FS)

Após determinar a energia de atracação, deve-se majorar essa energia por um fator de

segurança, que pressupõe a ocorrência de uma energia de atracação anormal ou superior à

energia normal calculada, e através desta, realiza-se o dimensionamento das defensas. A energia

cinética de atracação de cálculo 𝐸𝐴, é determinada através da equação:

𝐸𝐴 = 𝐹𝑆 × 𝐸𝑁 (8)

PIANC (2002) ainda apresenta o fator de segurança (𝐹𝑆) de acordo com o tipo de

embarcação, conforme a Tabela 2.

Tabela 2 – Fator de Segurança.

Tipo de embarcação Tamanho 𝑭𝑺

Petroleiros, graneleiros e cargueiros Maior

Menor

1,25

1,75

Porta contêineres Maior

Menor

1,5

2,0

Carga geral 1,75

Ro-Ro e barcaças ≥ 2,0

Rebocadores e similares 2,0

Fonte: PIANC, 2002, Tabela 4.2.5.

ROM 2.0-11 - Recomendaciones para el proyecto y ejecución em Obras de Atraque y

Amarre

De acordo com as disposições desta recomendação, para fins de consideração simplificada dos

efeitos dinâmicos produzidos pela atracação dos navios, esta ação é obtida a partir da energia

cinética desenvolvida pela frota de navios atracados em condições climáticas e operacionais. A

seguir é apresentada a forma analítica para obtenção da energia cinética.

Figura 5 - Atracação lateral mediante a translação transversal preponderante para uma

estrutura fixa e contínua.

Fonte: ROM 2.0-11

Page 7: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

𝑬𝒇 = 𝑬𝒃. 𝑪𝒃 = (𝟏

𝟐𝑪𝒎. 𝑴𝒃. 𝑽𝒃

𝟐) . (𝑪𝒆. 𝑪𝒈. 𝑪𝒄. 𝑪𝒔) = (𝟏

𝟐𝑪𝒎. ∆. 𝑽𝒃

𝟐) . (𝑪𝒆. 𝑪𝒈. 𝑪𝒄. 𝑪𝒔) (9)

Sendo:

Eb: Energia cinética desenvolvida pelo navio durante a atracação (kN.m);

Cb: Coeficiente de bloco (adimensional);

Cm.Mb: Massa mobilizada pelo navio durante a atracação;

Mb: Massa do navio (∆/g);

∆: Deslocamento do navio (kN);

g: Aceleração da gravidade (9,8 m/s²);

Cm: Coeficiente de massa hidrodinâmica (adimensional);

Vb: Componente normal a linha de atracação da velocidade de aproximação do navio no

momento do impacto (m/s);

Ce: Coeficiente de excentricidade (adimensional);

Cg: Coeficiente geométrico do navio (adimensional);

Cc: Coeficiente de configuração da atracação (adimensional);

Cs: Coeficiente de rigidez do sistema de atracação (adimensional).

Coeficiente de massa hidrodinâmica (Cm)

Este coeficiente é obtido utilizando as fórmulas apresentadas na Figura 3.

Componente normal da velocidade de aproximação do navio no momento do

impacto (Vb)

Abaixo é apresentado os valores representativos da componente normal da velocidade de

aproximação do navio no momento do impacto (Vb), para atracação lateral mediante translação

transversal preponderante, no caso que não haja registros disponíveis.

Figura 6 – Valores representativos

Fonte: ROM 2.0-11

Page 8: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

Coeficiente de excentricidade (Ce)

O coeficiente de excentricidade se obtém mediante a seguinte formulação:

𝑪𝒆 =

𝑲𝟐 + 𝑹𝟐. 𝒄𝒐𝒔𝟐𝝓

𝑲𝟐 + 𝑹𝟐 (10)

Sendo,

K: Raio de giro do navio ao redor do eixo vertical que passa por seu centro de gravidade.

𝑲 = (𝟎, 𝟏𝟗. 𝑪𝒃 + 𝟎, 𝟏𝟏). 𝑳 (11)

R: Distância entre o ponto de impacto e o centro de gravidade do navio, medido na direção da

linha de atracação.

𝑹 = 𝒓 . 𝒄𝒐𝒔 𝜶 − (𝑩/𝟐). 𝒔𝒆𝒏 𝜶 (12)

Φ: Ângulo formado entre o vetor velocidade de aproximação do navio (V) e a linha que une o

ponto de impacto e o centro de gravidade do navio, como apresentado na figura 5.

𝝓 = 𝟗𝟎° − 𝜶 − 𝒂𝒓𝒄𝒕𝒈(𝑩/𝟐𝒓) (13)

Coeficiente geométrico do navio (Cg)

O fator geométrico do navio leva em conta a proporção da energia cinética desenvolvida pelo

navio que é absorvido pelo sistema de defensa, devido à curvatura do navio, no ponto contato.

Valores Cg = 0,95 são recomendadas quando o ponto de impacto é sobre a curva do casco de

navios e Cg = 1 quando ele ocorre no apartamento. Estes valores serão considerados os valores

nominais valores comuns correspondentes e não se vai mudar estatisticamente significativa.

Coeficiente de configuração de atracação (Cc)

Utiliza-se o mesmo critério apresentado pela PIANC (2002).

Coeficiente de rigidez do sistema de atracação (Cs)

- Cs = 0,9 → no caso do sistema de defensa muito rígido (deformação < 150mm) ou navios com

grandes comprimentos (maior que 300m);

- Cs = 1,0 → os outros casos.

Page 9: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

Conclusões

A figura 7 apresenta um gráfico onde a abcissa tem o DWT dos navios porta contêineres e na

ordena apresenta o valor da energia de cálculo da atracação.

Figura 7 - Comparação da energia de cálculo entre NBR, ROM e PIANC.

A energia calculada pela PIANC (2002) é maior que a NBR 9786:1987 para qualquer navio,

essa diferença chega a ser 384% maior para o caso do navio com DWT de 10.000 toneladas e

58% maior para o caso do navio com DWT de 195.000 toneladas. Essa diferença é devido a

velocidade de aproximação e o coeficiente de massa hidrodinâmica utilizados pela norma

brasileira. A tabela 3 apresenta análise da energia de cálculo da atracação e a reação do sistema

de defensa na estrutura.

No caso da ROM 2.0/11, a diferença para PIANC (2002) é devido somente a velocidade de

aproximação sugerida por cada referência.

Energia de Cálculo

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

Ener

gia

de

Atr

aca

ção

(tf.

m)

DWT

Energia de Cálculo - ROM

Energia de Cálculo - PIANC

Energia de Cálculo - NBR

Page 10: Análise Comparativa Para Obtenção da Energia e Força de

Tabela 3 - Análise da Energia de atracação e a reação do sistema de defensa na

estrutura.

Legenda:

∆1=𝑅𝑂𝑀 − 𝑁𝐵𝑅

𝑁𝐵𝑅. 100

∆2=𝑃𝐼𝐴𝑁𝐶 − 𝑅𝑂𝑀

𝑅𝑂𝑀. 100

∆3=𝑃𝐼𝐴𝑁𝐶 − 𝑁𝐵𝑅

𝑁𝐵𝑅. 100

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9782: Ações em estruturas portuárias

marítimas ou fluviais. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. 27 p.

PERMANENT INTERNATIONAL ASSOCIATION OF NAVIGATION CONGRESSES. PIANC.

Guidelines for the design of fender systems. MarCom reportof WG 33. 2002. 70p.

RECOMENDACIONES PARA OBRAS MARITIMAS. ROM 2.0-11: Recomendaciones para el

projecto y ejecución en obras de atraque y amarre. España, 2012. Tomo I: 148 p. Tomo II: 468 p.

TRELLEBORG MARINE SYSTEMS – Fender application design manual. 2012.

EA Reações EA Reações Ed Reações

tf.m tf tf.m tf tf.m tf Energia Reação Energia Reação Energia Reação

10.000 24,14 51,10 13,76 36,01 4,99 17,58 176 105 75 42 384 191

15.000 27,05 56,11 14,09 38,06 7,53 25,80 87 48 92 47 259 117

20.000 29,53 61,44 15,26 38,06 10,15 32,81 50 16 93 61 191 87

25.000 30,34 61,44 15,05 38,06 12,93 36,01 16 6 102 61 135 71

30.000 32,17 61,44 18,19 45,88 15,63 38,06 16 21 77 34 106 61

35.000 33,35 67,44 21,35 51,10 18,16 45,88 18 11 56 32 84 47

40.000 34,85 67,44 24,61 51,10 20,92 46,28 18 10 42 32 67 46

45.000 36,78 73,39 28,30 56,11 23,90 51,10 18 10 30 31 54 44

50.000 39,16 73,39 32,36 61,44 26,52 56,09 22 10 21 19 48 31

55.000 41,56 73,39 36,99 73,39 29,29 61,44 26 19 12 0 42 19

60.000 43,27 73,39 41,59 73,39 32,29 61,44 29 19 4 0 34 19

65.000 46,82 85,51 46,82 85,51 34,54 67,44 36 27 0 0 36 27

70.000 52,03 85,51 52,03 85,51 37,34 73,39 39 17 0 0 39 17

80.000 59,32 98,80 59,32 98,80 42,52 80,55 40 23 0 0 40 23

90.000 67,58 108,44 67,58 108,44 46,77 85,51 45 27 0 0 45 27

100.000 76,82 127,45 76,82 127,45 51,02 85,51 51 49 0 0 51 49

110.000 78,50 127,45 78,50 127,45 52,94 85,51 48 49 0 0 48 49

120.000 85,78 127,45 85,78 127,45 57,52 98,80 49 29 0 0 49 29

125.000 95,58 127,45 95,58 127,45 63,01 98,80 52 29 0 0 52 29

165.000 116,83 160,85 116,83 160,85 75,10 127,45 56 26 0 0 56 26

195.000 138,90 160,85 138,90 160,85 87,92 127,45 58 26 0 0 58 26

DWT

D1 (%) D2 (%) D3 (%)PIANC ROM NBR