análise comparativa

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UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE LETRAS – LICENCIATURA EM INGLÊS E PORTUGUÊS TEORIA LITERÁRIA - PROFESSORA SUELI TRABALHO EM GRUPO – 1º SEMESTRE CAMPUS – PARAíSO Análise Comparativa entre um poema Romancista e um Pré-Modernista. DYANIFFER VASCONCELOS B91132-8 DIEGO CIPRIANO DOS SANTOS B9363H-9 EVELYN MATTOS DOS SANTOS B94EEB-0 ELISABETH COSTA MANTOVANI T254EH-4 JOSELANE DE SOUSA LEÃO B96875-3 MARCEL DIAS LÚCIO B94782-4

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Page 1: Análise comparativa

UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE LETRAS – LICENCIATURA EM INGLÊS E PORTUGUÊS

TEORIA LITERÁRIA - PROFESSORA SUELI

TRABALHO EM GRUPO – 1º SEMESTRE

CAMPUS – PARAíSO

Análise Comparativa entre um poema Romancista e um Pré-Modernista.

DYANIFFER VASCONCELOS B91132-8

DIEGO CIPRIANO DOS SANTOS B9363H-9

EVELYN MATTOS DOS SANTOS B94EEB-0

ELISABETH COSTA MANTOVANI T254EH-4

JOSELANE DE SOUSA LEÃO B96875-3

MARCEL DIAS LÚCIO B94782-4

SÃO PAULO/2013

Page 2: Análise comparativa

INTRODUÇÃO

O objetivo desse trabalho é apresentar uma análise comparativa entre os poemas “O que é – simpatia”, do romancista Casimiro de Abreu e “Versos Íntimos”, do pré-modernista Augusto dos Anjos, destacando os períodos em que foram escritos e os diferentes pontos de vista dos autores em questão.

Analisaremos as técnicas usadas por cada um na composição de seus versos, a temática abordada e os diferentes contextos que os influenciaram.

Page 3: Análise comparativa

Casimiro de Abreu

Casimiro José Marques de Abreu foi um poeta romântico brasileiro, nascido em 4 de

janeiro de 1839 em Barra de São João, Rio de Janeiro. Pertenceu à 2ª geração do

Romantismo no Brasil, conhecida como Ultrarromantismo ou Mal do Século e surgida

numa época em que o Brasil havia se libertado do colonialismo e tentava se firmar como

nação independente. Esse momento de transição política pelo qual passava o país

influenciou diretamente no movimento romântico nacional, onde temas como

nacionalismo e liberdade são recorrentes na literatura. Além disso, os poetas da época

tentavam criar uma cultura tipicamente brasileira, com identidade própria, distanciando-o

do movimento europeu, exaltando as belezas naturais do país e tornando a figura

indígena heroica e um símbolo de patriotismo.

Casimiro era filho de um rico comerciante e fazendeiro português e viveu a infância na

fazenda de sua mãe, com quem o pai nunca foi casado, o que pode tê-lo causado

constrangimento na época. Recebeu apenas educação primária e aos treze anos foi

trabalhar com o pai em seu comércio no Rio de Janeiro, apesar de não gostar dessa

atividade. No ano seguinte viajou com o pai para Portugal, onde deu seus primeiros

passos na vida literária, publicando um conto e escrevendo a maior parte de suas

poesias. Lá também escreveu a peça “Camões e o Jau”. Em seus versos transbordava o

sentimento de saudades da terra natal e da infância.

Voltou ao Rio em 1857, e continuou a residir na cidade com a desculpa de ajudar no

comércio do pai. Era adepto da vida boêmia e rodas literárias com o amigo Machado de

Assis. Integrou a recém-formada Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira

número seis. Em 1859 lançou seu livro As Primaveras, com a ajuda financeira do pai, que

sempre custeou sua vida literária. Esse faleceu em 1860. Tuberculoso, Casimiro faleceu

seis meses depois do pai, em 18 de outubro de 1860, aos 21 anos de idade, na cidade de

Indaiaçu, no Rio de Janeiro, hoje com o nome de Casimiro de Abreu em homenagem ao

poeta.

Apesar de sua curta vida, Casimiro de Abreu é um dos mais importantes poetas da

história brasileira. Sua linguagem simples e acessível, a ingenuidade, doçura e meiguice

de seus versos, o tornaram um poeta popular, cativando o coração do povo. Apesar de ter

sido criticado por deslizes de linguagem, foi justamente sua simplicidade que o fez um dos

mais consagrados poetas do Romantismo brasileiro.

Page 4: Análise comparativa

O que é - Simpatia

A uma menina.

Simpatia – é o sentimento

Que nasce num só momento,

Sincero, no coração;

São dois olhares acesos

Bem juntos, unidos, presos

Numa mágica atração.

Simpatia – são dois galhos

Banhados de bons orvalhos

Nas mangueiras do jardim;

Bem longe às vezes nascidos,

Mas que se juntam crescidos

E que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas

Que riem no mesmo riso,

Que choram nos mesmos ais;

São vozes de dois amantes,

Duas liras semelhantes,

Ou dois poemas iguais.

Simpatia – meu anjinho,

É o canto do passarinho,

É o doce aroma da flor,

São nuvens dum céu d’Agosto,

É o que me inspira teu rosto...

- Simpatia – é – quase amor!

Page 5: Análise comparativa

Análise do Poema

Sim / pa / tia / é - o / sem / ti / men (to) A

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (3-7)

Que / nas / ce / num / só / mo / men (to), A

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-5-7)

Sin / ce / ro,/ no / co / ra / ção; B

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-7)

São / dois / o / lha / res / a / ce (sos) C

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (4-7)

Bem / jun / tos,/ u / ni / dos,/ pre (sos) C

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-5-7)

Nu / ma / má / gi / ca - a / tra / ção. B

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (3-7)

Sim / pa / tia / são / dois / ga (lhos) D

1 2 3 4 5 6

E.R. 6 (3-6)

Ba / nha / dos / de / bons / or / va (lhos) D

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-7)

Nas / man / guei / ras / do / jar / dim; E

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (3-7)

Bem / lon / ge - às / ve / zes / nas / ci (dos), F

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-7)

Page 6: Análise comparativa

Mas / que / se / jun / tam / cres / ci (dos) F

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (4-7)

E / que / se - a / bra / çam / por / fim. E

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (4-7)

São / duas / al / mas / bem / gê (meas) G

1 2 3 4 5 6

E.R. 6 (3-6)

Que / ri - em / no / mes / mo / ri (so), H

1 2 3 4 5 6

E.R. 6 (2-6)

Que / cho / ram / nos / mes / mos / ais; I

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-7)

São / vo / zes / de / dois / a / man (tes), J

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-7)

Duas / li / ras / se / me / lhan (tes), J

1 2 3 4 5 6

E.R. 6 (2-6)

Ou / dois / po - e / mas / i / guais. I

1 2 3 4 5 6

E.R. 6 (3-6)

Sim / pa / tia / meu / an / ji (nho), L

1 2 3 4 5 6

E.R. 6 (3-6)

É - o / can / to / do / pas / sa / ri (nho), L

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-7)

Page 7: Análise comparativa

É - o / do / ce - a / ro / ma / da / flor, M

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-4-7)

São / nu / vens / dum / céu / d’A / gos (to), N

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (2-5-7)

É - o / que / me - ins / pi / ra / teu / ros (to)... N

1 2 3 4 5 6 7

E.R. 7 (4-7)

Sim / pa / tia - é / qua / se - a / mor! M

1 2 3 4 5 6

E.R. 6 (3-6)

O poema “O que é – Simpatia”, de Casimiro de Abreu, é formado por quatro sextetos,

com predominância de redondilha maior, mas também possui versos hexassílabos, com

esquemas rítmicos variados. Possui rimas externas e consoantes, e também rimas

emparelhadas e interpoladas. Em relação à extensão do som, a maioria das rimas são

pobres, mas há também rimas ricas, se estendendo desde a consoante que vem antes da

vogal tônica (sentimento/momento, coração/atração, nascidos/crescidos).

Gramaticalmente, a maior parte das rimas são pobres, com a mesma categoria

gramatical, com exceção de “jardim” (substantivo) e fim (advérbio), ais (substantivo) e

iguais (adjetivo) que são rimas ricas.

A linguagem adotada pelo poeta é coloquial, com uso de conotação. Utiliza muitos

substantivos abstratos, o que indica generalização. Possui também aliteração, com a

repetição da consoante S e outras que produzem som similar (sc, c, ç).

Nesse poema, o autor explica a simpatia como um sentimento sincero, doce e bonito,

que promove a união de duas pessoas, mesmo que de origens diferentes, concluindo no

último verso que simpatia é quase amor. O poema é rico em alegoria, pois possui muitas

metáforas, como nos versos “Simpatia são dois olhares acesos, bem juntos, unidos,

presos”, “Simpatia são dois galhos”, “São duas almas bem gêmeas”, etc.

Page 8: Análise comparativa

Verifica-se a repetição de algumas palavras, caracterizando anáfora, como “simpatia”,

“que” (“que nasce”, “que riem”, “que choram”) “são” (“são dois olhares acesos”, “são duas

almas bem gêmeas”, “são vozes de dois amantes”, “são nuvens dum céu d’Agosto”) e “é”

(“é o canto do passarinho”, “é o doce aroma da flor”, “é o que me inspira teu rosto”).

Como podemos notar, seus versos são dotados de sentimentalismo e o eu lírico se

encontra presente no penúltimo verso, “É o que me inspira teu rosto...”. Casimiro de

Abreu foi um poeta que integrou a segunda geração do romantismo brasileiro, o que é

nitidamente notado em seus poemas, onde fala de amor, da saudade de seu tempo de

menino e de sua pátria.

Page 9: Análise comparativa

Augusto dos Anjos

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos foi um poeta brasileiro nascido na Paraíba,

em 20 de abril de 1884. Viveu a época do simbolismo e parnasianismo, porém foi

classificado por críticos como pré-modernista, devido aos termos científicos e ideias

modernas em sua obra, que o diferenciavam dos poetas da época. O pré-modernismo

marca a transição entre os movimentos simbolista e modernista, entre 1910 e 1920. Foi

claramente influenciado pelos diversos acontecimentos históricos que o Brasil passava,

como revoltas, greves, lutas políticas e o período pós-abolição, além da mudança ocorrida

no cenário político com o fim da monarquia e implantação da república.

O poeta usou de recursos do simbolismo e do parnasianismo na estrutura de seus

poemas, porém o conteúdo abordado por ele o diferenciava de todos os outros de sua

época. Sua obra chocou a muitos devido aos temas melancólicos e pessimistas, com a

morte sendo o tema mais recorrente em seus versos. Angústia, dor, tristeza e o ceticismo

quanto ao amor são a marca de Augusto dos Anjos, além do uso de conceitos científicos,

o que o fez ser conhecido na Paraíba como “Doutor Tristeza”. Também foi conhecido

como “Poeta da Morte”, devido à sua abordagem sobre a morte e a decomposição do

corpo.

Apesar de ser formado em Direito, nunca exerceu a profissão. Começou a compor seus

primeiros versos ainda muito jovem, sendo criticado muitas vezes pelo conteúdo mórbido

em seus poemas, tendo muitos deles publicados no jornal “O Comércio”. Dedicou-se ao

magistério, trabalhando como professor em diversas instituições de ensino. Segundo um

amigo do poeta, ele costumava compor seus versos mentalmente e declamá-los em voz

alta, só passando para o papel depois que já estavam concluídos. Morreu em 1914, aos

30 anos de idade, em Minas Gerais, devido a uma pneumonia. Seu único livro, Eu, foi

lançado em 1912, porém só conseguiu atenção do público e da crítica a partir de 1919,

quando passou a ser editado com o nome Eu e Outras Poesias, incluindo poemas até

então não publicados.

Page 10: Análise comparativa

Versos Íntimos

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa ainda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

Page 11: Análise comparativa

Análise do Poema

Vês?! / Nin / guém / as / sis / tiu / ao / for / mi / dá (vel) A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (3-6-10)

En / ter / ro / de / tua / úl / ti / ma / qui / me (ra) B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (2-5-10)

So / men / te – a - In / gra / ti / dão / es / ta / pan / te (ra) B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (2-6-10)

Foi / tu / a / com / pa / nhei / ra - in / se / pa / rá (vel) A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (2-5-10)

A / cos / tu / ma / te - à / la / ma / que / te - es / pe (ra) B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (3-6-10)

O - Ho / mem, / que, / nes / ta / ter / ra / mi / se / rá (vel) A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (2-5-10)

Mo / ra,- en / tre / fe / ras, / sen / te - i / ne / vi / tá (vel) A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (1-4-10)

Ne / ces / si / da / de / de / tam / bém / ser / fe (ra) B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (4-8-10)

Page 12: Análise comparativa

To / ma - um / fós / fo / ro.- A / cen / de / teu / ci / gar (ro) C

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (1-3-6-10)

O / bei / jo,- a / mi / go, - é - a / vés / pe / ra / do - es / car (ro) C

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (2-4-6-10)

A / mão / que - a / fa / ga - é - a / mes / ma / que - a / pe / dre (ja) D

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (2-4-6-10)

Se / a - al / guém / cau / sa - ain / da / pe / na - a / tua / cha (ga), E

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (3-5-10)

A / pe / dre / ja – es / sa / mão / vil / que / te - a / fa (ga) E

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (3-7-10)

Es / car / ra / nes / sa / bo / ca / que / te / bei (ja) D

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E.R. 10 (2-6-10)

O soneto “Versos Íntimos” é um dos poemas mais conhecidos de Augusto dos Anjos.

Como pudemos observar através da escansão, todas as estrofes possuem versos

decassílabos, variando os esquemas rítmicos. Porém, se fizermos a junção das vogais da

primeira estrofe, teremos a primeira quadra com versos eneassílabos.

O poema apresenta rimas externas e consoantes. Observa-se também o uso de rimas

emparelhadas e interpoladas. Gramaticalmente, as rimas deste poema são pobres, pois o

autor utiliza as mesmas categorias gramaticais, com exceção das palavras “chaga”

(substantivo) e “afaga” (verbo), que configuram uma rima rica. Do ponto de vista fônico, as

rimas são pobres, pois se estendem apenas da vogal tônica em diante.

Page 13: Análise comparativa

Verificamos que a linguagem utilizada no texto é culta, e há o uso de conotação. O

autor utiliza verbos no imperativo (acostuma-te, toma, acende, apedreja, escarra), com

tom de ordem, além da repetição de algumas palavras (fera, beijo (a), escarro (a), mão,

afaga, apedreja). Podemos perceber o uso da ironia nas duas últimas estrofes, quando

nos aconselha contra aquilo que nos ordena a fazer, dando ao leitor a impressão de

contradição. A antonímia na frase “a mão que afaga é a mesma que apedreja” apresenta

ações opostas do mesmo sujeito.

Em “Versos Íntimos”, o eu lírico se encontra no sepultamento de seus próprios sonhos,

pois sonhava com uma vida nova, onde o amor, amizade e solidariedade pudessem ser

valorizados. Mas não é o que acontece, pois se depara com um mundo ingrato. Essa

ingratidão é notada claramente no verso citado anteriormente. Podemos pensar nessa

metáfora também como o sentimento de traição, falsidade. Também é notável o uso das

palavras Ingratidão e Homem, com letras maiúsculas, dando destaque à frustração do

autor quanto à realidade. O próprio título do poema se caracteriza como uma ironia, já

que nos remete a sentimentos contidos, amor escondido, mas quando lemos o poema,

vemos que se trata de amargura, desilusão com a vida.

Ele compara, fazendo-se o uso de metáforas, a vida na sociedade como uma selva,

onde humanos são comparados a um animal (fera), sendo assim a morte um fim

inevitável a todos que vivem na Terra. E essa ideia se reafirma quando diz: “Toma um

fósforo. Acende teu cigarro”, pois parece uma comemoração a essa realidade, onde a

morte é representada pelo apagar da chama de um fósforo, que se dá de maneira muito

rápida, mostrando a falta de sentido na vida.

Page 14: Análise comparativa

Análise Comparativa

Casimiro de Abreu expõe em seus versos sentimentalismo, a saudade da terra natal e

da infância. Sua linguagem simples e acessível permite a compreensão de seus poemas

mesmo hoje, um século e meio após sua morte.

Em contrapartida, nos poemas de Augusto dos Anjos, sua temática gira quase sempre

em torno da fugacidade da vida, de sua nulidade e do sofrimento que essa última pode

causar ao homem. Seu imaginário refere-se com frequência a elementos da Ciência,

como a Física e a Química, numa espécie de “materialização” do ser humano, retratado

como mais um dos seres da natureza, cuja existência se limita a um começo e um fim,

contrariando todos os pontos de vista, sejam eles religiosos ou filosóficos, que postulam

um sentido “antropológico”, uma finalidade, para o mundo.

Com relação à forma, fica claro que Augusto dos Anjos, influenciado pelo

parnasianismo, tem muito mais rigor, nos passando a impressão de perfeccionismo, tanto

pelo fato de o poema analisado conter apenas versos decassílabos, quanto pela escolha

das palavras. Casimiro de Abreu, por sua vez, se mostra mais flexível e despreocupado

com a forma, focando mais no conteúdo, escolhendo palavras de fácil entendimento. É

notável, porém, a semelhança dos autores no uso de metáforas, que se estendem ao

longo dos poemas.

Apesar de o poema de Casimiro ter sido escrito quase 50 anos antes, os termos

utilizados pelo autor se aproximam mais da realidade atual do que os utilizados por

Augusto dos Anjos. A facilidade na leitura de seus poemas talvez explique o motivo de o

poeta ser um dos mais populares até hoje, tendo em vista que muitas pessoas se afastam

da literatura brasileira devido à dificuldade de compreender sua linguagem.

É incontestável, porém, a importância de ambos na arte literária nacional, cada qual

com suas particularidades. Casimiro de Abreu com sua simplicidade, ternura e inocência,

e Augusto dos Anjos com sua criatividade e visão radical da realidade, além de seu

conhecimento intelectual são, indubitavelmente, ícones da história artística do país.

Page 15: Análise comparativa

Bibliografia

ABREU, Casimiro de. As Primaveras. São Paulo: Livraria Martins Editora.

ANJOS, Augusto dos. Eu e Outras Poesias. São Paulo: Martin Claret, 2003.

GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 14. ed. São Paulo: Ática, 2008.

Sites Consultados (06.09.13)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos

http://www.brasilescola.com/literatura/augusto-dos-anjos-1.htm

http://www.e-biografias.net/augusto_anjos/

http://educacao.uol.com.br/biografias/augusto-dos-anjos.jhtm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Casimiro_de_Abreu

http://educacao.uol.com.br/biografias/casimiro-de-abreu.jhtm

http://www.paralerepensar.com.br/cassimiro.htm

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=820&sid=117