anÁlise comparativa da utilizaÇÃo do contrapiso

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JOSÉ AGNALDO DE SOUZA ARAUJO NETO THIAGO LINS RAMIRES ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO AUTONIVELANTE EM RELAÇÃO AO SISTEMA TRADICIONAL ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA VERTICAL NA CIDADE DE MACEIÓ- AL Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário CESMAC, no Curso de Engenharia Civil, como requisito final para obtenção do título de Engenheiro Civil, desenvolvido sob a orientação do Professor Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo e coorientação do Engenheiro Paulo Henrique de Oliveira Miranda. Aprovado em: ___/___/2017 ___________________________________________ Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo Maceió 2017/1

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JOSÉ AGNALDO DE SOUZA ARAUJO NETO

THIAGO LINS RAMIRES

ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

AUTONIVELANTE EM RELAÇÃO AO SISTEMA TRADICIONAL –

ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA VERTICAL NA CIDADE DE

MACEIÓ- AL

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro

Universitário CESMAC, no Curso de Engenharia Civil,

como requisito final para obtenção do título de

Engenheiro Civil, desenvolvido sob a orientação do

Professor Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo e

coorientação do Engenheiro Paulo Henrique de

Oliveira Miranda.

Aprovado em: ___/___/2017

___________________________________________

Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo

Maceió

2017/1

Page 2: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

2

JOSÉ AGNALDO DE SOUZA ARAUJO NETO

THIAGO LINS RAMIRES

ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

AUTONIVELANTE EM RELAÇÃO AO SISTEMA TRADICIONAL –

ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA VERTICAL NA CIDADE DE

MACEIÓ- AL

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro

Universitário CESMAC, no Curso de Engenharia Civil,

como requisito final para obtenção do título de

Engenheiro Civil, desenvolvido sob a orientação do

Professor Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo e

coorientação do Engenheiro Paulo Henrique de

Oliveira Miranda.

Aprovada em Dezembro/2016

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Profº: Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo

-Orientador-

_______________________________________

Profº: Fernando Silva de Carvalho

Avaliador Interno

_______________________________________

Paulo Henrique de Oliveira Miranda

Avaliador externo

Page 3: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

3

Dedicamos este trabalho a todas as

pessoas que contribuíram de alguma

forma em nossa formação acadêmica.

Page 4: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por sempre nos iluminar e mostrar o

caminho correto.

Agradecemos também aos nossos pais, por toda dedicação, empenho e

apoio nos oferecido ao longo desse trabalho.

Não poderíamos deixar de agradecer ao nosso professor e orientador Antônio

Everaldo pela forma com que trabalhou conosco, estando sempre disponível para

quando precisássemos e nos dando conhecimento e sabedoria.

E por último, agradecemos a todas as pessoas que de forma direta e indireta

contribuíram de alguma forma para a elaboração deste trabalho.

Page 5: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

5

"A maior recompensa para o trabalho do homem não é o que ele ganha com isso, mas o que ele se torna com isso."

John Ruskin

Page 6: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

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RESUMO

Dentro do mercado do setor da construção civil, a competitividade vem crescendo significativamente, tornando-se mais acirrada cada vez mais, que resulta na infindável busca por alternativas que possibilitem a atenuação dos custos, o crescimento da produtividade e valores mínimos para o desperdício de material nos canteiros de obra. Um dos métodos economicamente mais atrativo e viável para a execução do contrapiso em empreendimentos destinados a moradia é o que adota em sua composição a argamassa autonivelante, conhecido como contrapiso autonivelante, no qual a fluidez, assim como outras características do mesmo, possibilita a realização do procedimento com valores consideravelmente menores referentes a custos com mão de obra e material, assim como eleva a média de produtividade e inversamente proporcional reduz o tempo de execução para conclusão de tal serviço. Os resultados desse estudo revelam que a substituição do sistema que adota a argamassa “farofa” pela autoadensável na aplicação do contrapiso nas torres analisadas apresentou valores que o colocaram em superioridade em todas as variáveis consideradas, ao ser comparado com o outro método, sendo elas o custo com material e mão de obra e a relação entre produtividade e tempo de execução. Com isso, a utilização do sistema autonivelante torna-se a melhor opção para a execução do contrapiso, apresentando resultados mais econômicos e de maior eficácia. Estudos como este revelam a importância da implantação de novos sistemas em serviços como o contrapiso, através de alternativas que tragam consigo soluções que agreguem e possibilitem o processo de melhoria contínua tão almejado pelas empresas desse segmento e que sejam economicamente viáveis, sem comprometer os requisitos de desempenho. Neste sentido, este trabalho visa evidenciar os benefícios da utilização do contrapiso autonivelante em substituição ao método tradicional, por meio de um comparativo entre as torres pertencentes a mesma obra de uma construtora localizada na cidade de Maceió, analisando os impactos no custo dos materiais, na produtividade e tempo de execução e custo dos serviços considerando a mão de obra.

Palavras – chave: Contrapiso; Autonivelante; Construção Civil.

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7

ABSTRACT

Within the market of the construction sector, competitiveness has been growing significantly, becoming more and more fierce, resulting in the endless search for alternatives that allow cost reduction, productivity growth and minimum values for wasted material In the construction sites. One of the economically more attractive and feasible methods for the execution of the subfloor in residential projects is that which adopts in its composition self-leveling mortar, known as self-leveling underlayment, in which fluidity, as well as other characteristics of the same, makes it possible to perform the Procedure with considerably lower values referring to costs with labor and material, as well as raising the average of productivity and inversely proportional reduces the execution time for completion of such service. The results of this study reveal that the substitution of the system that adopts the "farofa" mortar by the self-absorptive one in the application of the subfloor in the analyzed towers presented values that put it in superiority in all the considered variables, when being compared with the other method, being they the Cost with material and labor and the relation between productivity and time of execution. Thus, the use of the self-leveling system becomes the best option for the execution of the subfloor, presenting more economic results and greater efficiency. Studies such as this reveal the importance of the implantation of new systems in services such as subfloor, through alternatives that bring solutions that aggregate and enable the process of continuous improvement so desired by the companies in this segment and that are economically viable without compromising the requirements of Performance. In this sense, this work aims to show the benefits of the use of the self-leveling subfloor in substitution of the traditional method, by means of a comparison between the towers belonging to the same work of a construction company located in the city of Maceió, analyzing the impacts on the cost of materials, Productivity and execution time and cost of services considering labor. Keywords: Underlayment; Self-leveling; Construction.

Page 8: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AL Alagoas APFAC Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de

Construção CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção cm Centímetro CPA Contrapiso Autonivelante CPC Contrapiso Convencional CO2 Dióxido de Carbono DIN Intituto Alemão de Normalização EN Normas Européias Kg Quilograma m Metro mm Milímetro MPa Megapascal N Newton NBR Norma Brasileira PIT Programa de Inovação Técnológica UH Unidade Habitacional

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9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Composições da argamassa .................................................................... 20

Figura 2 – Limpeza da Base...................................................................................... 25

Figura 3 – Transferência de nível ............................................................................. 25

Figura 4 – Instalação das aranhas ........................................................................... 26

Figura 5 – Colocação das placas de isopor .............................................................. 27

Figura 6 – Lançamento da argamassa ..................................................................... 27

Figura 7 – Acabamento com régua “T” ..................................................................... 28

Figura 8 – Contrapiso finalizado em processo de cura ............................................ 29

Figura 9 – Planta baixa do pavimento tipo ............................................................... 32

Page 10: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Comparativo de custos com materiais ................................................... 36

Gráfico 2 – Comparativo do tempo de execução ..................................................... 38

Gráfico 3 – Comparativo de custos com mão de obra ............................................. 40

Gráfico 4 – Comparativo de custos com a execução ............................................... 41

Page 11: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características logísticas das argamassas autoadensáveis .................. 24

Tabela 2 – Comparativo de custos de argamassas ................................................. 31

Tabela 3 – Composição dos sistemas ...................................................................... 37

Tabela 4 – Custo do contrapiso com mão de obra própria ........................................ 38

Tabela 5 – Custo aplicação de mestras com mão de obra própria .......................... 39

Tabela 6 – Custo do contrapiso com mão de obra terceirizada ................................ 40

Page 12: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

12

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................... 8

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. 9

LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................... 1410

LISTA DE TABELAS ............................................................................................. 1411

SUMÁRIO ............................................................................................................. 1412

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

1.1. TEMA ................................................................................................................ 14

1.2. PROBLEMA ..................................................................................................... 15

1.3. OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 15

1.3.1. Objetivos Específicos ......................................................................................................... 16

1.4. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 16

1.5. METODOLOGIA ............................................................................................... 17

1.6. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 17

2. O SISTEMA AUTONIVELANTE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................. 17

2.1. COMPOSIÇÃO ................................................................................................. 19

2.2. PROPRIEDADES CARACTERÍSTICAS ................................................................ 21

2.2.1. Consistência ............................................................................................................... 21

2.2.2. Resistência Mecânica ............................................................................................... 21

2.2.3. Resistência ao Arrancamento por Tração ............................................................. 22

2.2.4. Resistência à Abrasão .............................................................................................. 23

2.3. PROCESSO CONSTRUTIVO........................................................................... 24

2.3.1. Limpeza ....................................................................................................................... 24

2.3.2. Transferência de nível .............................................................................................. 25

2.3.3. Assentamento das niveletas ............................................................................................ 26

2.3.4. Colocação das juntas de dessolidarização ................................................................. 26

2.3.5. Lançamento da argamassa .............................................................................................. 27

2.3.6. Acabamento .......................................................................................................................... 28

2.3.7. Cura da argamassa ............................................................................................................ 29

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 30

4. RESULTADO E DISCUSSÕES ......................................................................... 35

4.1 CUSTO COM MATERIAIS ................................................................................. 36

4.2 PRODUTIVIDADE E TEMPO DE EXECUÇÃO ................................................. 37

Page 13: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

13

4.3 CUSTO COM MÃO-DE-OBRA .......................................................................... 38

4.4 CUSTO DE EXECUÇÃO ................................................................................... 40

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 42

5.1 CONCLUSÃO .................................................................................................... 42

5.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS ................................................................... 43

5.3 CONTRIBUIÇÃO PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................... 44

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

Page 14: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

14

1. INTRODUÇÃO

Na elaboração de um cronograma, algumas questões são levantadas, o

método executivo dos serviços a serem adotados é um deles, então para realizar

uma escolha consciente, fatores como custo e tempo são imprescindíveis. Esses

fatores tendem a tornarem-se cada vez mais acentuados diante da alta cobrança e

prazos cada vez mais curtos. Os sistemas executivos tradicionais atualmente ainda

possuem maior representatividade dentro dos canteiros de obra, como no caso do

contrapiso, contudo, o mercado da construção civil em geral vem passando por um

processo de modernização, no qual se faz necessário que os serviços a serem

executados o acompanhem e, automaticamente, o método tradicional não atende de

forma tão eficiente essas necessidades.

Dentre os métodos executivos conhecidos para o serviço de contrapiso, o

que melhor atende aos requisitos das edificações em questão é o que utiliza o

sistema autoadensável, pois, comparado ao método convencional, apresenta

características que o colocam em superioridade aos demais e podem vir a se tornar

uma escolha extremamente eficaz e benéfica, desde que executado de forma

racional e com os materiais adequados.

O presente estudo foi resultado dessa indagação e visa auxiliar os

responsáveis pela etapa de planejamento na escolha do melhor método a ser

empregado na execução do serviço de contrapiso.

1.1. TEMA

A denominação do tema escolhido para o desenvolvimento desta

pesquisa monográfica partiu da necessidade de implantação de um sistema

tecnológico que agrega economia e produtividade ao processo executivo de

aplicação do contrapiso, de modo que atenda ao acelerado prazo no cronograma

das obras, sem deixar de levar em consideração a qualidade do produto final.

Desta necessidade de investigar surgiu o presente tema Análise

comparativa da utilização do contrapiso autonivelante em relação ao sistema

tradicional – Estudo de caso em uma obra vertical na cidade de Maceió- AL, aqui

Page 15: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

15

abordado, que trata de apresentar ao leitor as principais características do

contrapiso autoadensável e seu processo executivo, além de analisar fatores que

evidenciam a superioridade no custo-benefício desse método, ao se comparado com

o tradicional.

1.2. PROBLEMA

A pesquisa monográfica aqui denominada de Análise comparativa da

utilização do contrapiso autonivelante em relação ao sistema tradicional – Estudo de

caso em uma obra vertical na cidade de Maceió- AL, foi realizada com a finalidade

de auxiliar na resolução envolvendo a problemática no que diz respeito ao

cumprimento de prazos dentro do organograma planejado para obra, assim como

demonstrar a possibilidade de implantação de um novo método de execução de

determinado serviço, que fuja do sistema tradicional, sem comprometer a qualidade

do produto, que originou a presente produção.

A identificação e implantação de um novo método executivo que se

comprove benéfico à edificação, contribui expressivamente no constante processo

de melhoria contínua, comumente buscado pelas empresas.

Com fins de solucionar o problema em relação ao apertado prazo

estipulado para execução dos serviços e até o não cumprimento do mesmo, estes

pesquisadores foram em busca de análises para comprovar que a adoção de um

sistema, como o observado neste objeto de pesquisa, é totalmente viável e promove

excelentes resultados dentro dos canteiros no ramo na construção civil.

1.3. OBJETIVO GERAL

Realizar uma análise comparativa entre os tipos de contrapiso, sendo eles

o convencional e o autonivelante, com a finalidade de ressaltar os benefícios na

utilização do segundo sistema diante do primeiro, levando em consideração fatores

Page 16: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

16

como produtividade, tempo de execução e custo, e assim incentivar seu uso nos

canteiros de obra.

1.3.1. Objetivos Específicos

Realizar um estudo bibliográfico a fim de conhecer as

especificações apresentadas pelo contrapiso autonivelante;

Descrever as etapas existentes no processo de execução do

contrapiso autonivelante, diferenciando-o do sistema tradicional,

comumente adotado;

Determinar, a partir dos quesitos como: produtividade, tempo de

execução e custo com material e mão-de-obra, qual sistema se

sobressai e, conseqüentemente, incentivar a disseminação do uso

do mesmo nos canteiros de obra da construção civil.

1.4. JUSTIFICATIVA

Diante do processo de modernização e desenvolvimento de tecnologias

voltadas a materiais e equipamentos que agreguem e otimizem a execução dos

serviços, como é o caso do objeto de estudo (contrapiso), as construtoras vêm

investindo em pesquisas tecnológicas que tragam soluções viáveis para a

implantação desses nossos métodos, de forma que propiciem maior economia e

velocidade de produtividade em seus canteiros.

Enfatizando o processo executivo do contrapiso que utiliza o sistema

autonivelante, constatou-se que o mesmo apresenta características que atendem as

expectativas desejadas e que ao ser comparada ao método tradicional, se sobressai

em vários aspectos. No decorrer deste trabalho poderão ser visualizadas as

principais características técnicas existentes nesse tipo de sistema, assim como

todas as etapas correspondentes a execução do procedimento de contrapiso e por

fim, uma análise comparativa entre os dois métodos sob alguns aspectos.

Page 17: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

17

1.5. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta produção, foi realizada uma revisão

bibliográfica a cerca da aplicação do contrapiso por meio dos sistemas tradicional e

autoadensável. Os dados apresentados foram colhidos através do acompanhamento

diário do serviço, bem como informações fornecidas pela construtora responsável

pela obra analisada e registro fotográfico das etapas do procedimento.

Para o estudo e comparação do sistema proposto em relação ao

convencional, foi acompanhado pelos pesquisadores um canteiro de obra cuja

edificação possui três torres, das quais, em torres distintas foram adotado o método

tradicional e o autonivelante, para execução do contrapiso. Por fim, foram analisados

aspectos como produtividade e custos com material e mão de obra, com o intuito de

evidenciar a superioridade do sistema autoadensável e incentivar a adoção da

mesma na execução de futuras obras.

1.6. REFERENCIAL TEÓRICO

A presente pesquisa teve como referencial o teórico: Souza,N, que tem

além de outras obras a que encontra-se referenciada nesta pesquisa.

O contrapiso autonivelante (CPA) chega ao Brasil como uma técnica

alternativa para execução de contrapisos ou enchimentos. Já difundido em

outros países, no Brasil ainda é usado de forma tímida. Trata-se de uma

argamassa autoadensável, muito fluida, desenvolvida e dosada

especialmente para servir como contrapiso (Souza; Natália, p19).

2. O SISTEMA AUTONIVELANTE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O setor da construção civil segue em um processo de transformações e

crescimento nos últimos anos. As construtoras vêm sendo incentivadas a investir no

desenvolvimento ou incorporação de inovações para manter a competitividade

(CBIC, 2014). O emprego de produtos, métodos e sistemas construtivos inovadores

acabam esbarrando, por vezes, na falta de interesse dos próprios empresários em

Page 18: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

18

investir, qualificar a mão de obra e se aprofundar nas potencialidades apresentadas

por essas novidades (CALÇADA; PAULO, 2014).

Com o aparecimento da crise econômica em que se encontra o país,

várias empresas do setor da construção civil têm buscado apostar em inovações em

seus canteiros de obras, objetivando conseguir estabelecer maior produtividade.

Novas técnicas construtivas, novos materiais, equipamentos, gestão dos processos

e industrialização, são alguns dos recursos utilizados pelo segmento para alcançar a

excelência (LEOPOLDO; JOÃO, 2015).

Nesse contexto, um dos maiores desafios é acelerar o processo de

inovação e implantação nas devidas edificações. Ressalta-se neste meio, o

Programa de Inovação Técnológica (PIT), iniciativa da Câmara Brasileira da

Indústria da Construção (CBIC), que tem o objetivo de estudar, analisar e definir

diretrizes para o desenvolvimento de inovações tecnológicas dentro da área da

construção civil com âmbito nacional.

Conforme o levantamento realizado pelos pesquisadores, dentre os

métodos de execução do contrapiso, o que apresentou maior crescimento nos

últimos anos foi o contrapiso autonivelante (CPA). O contrapiso autonivelante,

também conhecido como autoadensável, ou até mesmo autoescoante, é um material

relativamente novo no Brasil, e começou a ser estudado por empresas de

construção civil e pesquisadores no início de 2008. A principal característica desse

método é possuir elevada fluidez, em comparação as argamassas convencionais.

Diferente do método convencional (CPC), a aplicação da argamassa

autonivelante espalha-se apenas através da mangueira, de modo que resulta em

menor mão de obra necessária para realizar o serviço, assim como também o tempo

de aplicação da mesma (SOUZA; NATÁLIA, 2013).

Ainda segundo Pinho, em aspecto de comparação, a execução do CPA

apresenta vantagens significativas em relação ao processo tradicional, tais quais:

Maior produtividade que o CPC, por não haver a necessidade de

desempenar a argamassa autonivelante;

Velocidade de aplicação;

Redução no peso da estrutura e consumo de material;

Redução do número de trabalhadores;

Page 19: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

19

Canteiro de obra mais seguro, pela redução do número de

trabalhadores;

Menor prazo para execução.

Em Alagoas, a tendência da utilização do sistema executivo que utiliza a

argamassa autoadensável é bastante similar com as demais regiões do país.

Inicialmente, predominava-se a adoção do contrapiso convencional (CPC) para

compor os organogramas das edificações, contudo, com o maior conhecimento a

respeito da tecnologia presente no CPA, esse novo método vem ganhando maior

notoriedade e espaço nos canteiros em geral.

Exemplo disso é o empreendimento residencial escolhido pelos

pesquisadores para coleta de dados em que foi baseada esta produção. A

edificação está situada no Bairro Santa Amélia, Maceió- AL, sendo composta por

três torres idênticas de oito pavimentos cada, contendo oito apartamentos em cada

pavimento, totalizando cento e noventa e duas unidades habitacionais (UH).

2.1. COMPOSIÇÃO

O contrapiso autonivelante é um elemento que compõe o subsistema

referente ao piso, sendo constituído de uma única camada de material, a ser

lançado sobre uma base (laje estrutural) devidamente preparada, apresentando

características como: fluidez, espessura, resistência mecânica e durabilidade,

proporcionais ao atendimento das suas funções principais (SOUZA; NATÁLIA,2013).

Dentro desse processo de aplicação do CPA, o elemento principal é a

argamassa, que são materiais de construção que tem nas suas constituições

aglomerantes, agregados minerais e água. Quando recém-misturadas, possuem boa

plasticidade, enquanto que, quando endurecidas, possuem rigidez, resistência e

aderência. Segundo a norma brasileira (NBR 13281) a definição de argamassa é

mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água,

contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e

endurecimento, podendo ser dosada em obra ou em instalação própria (argamassa

industrializada).

Page 20: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

20

Figura 1- Composições da argamassa Fonte: APFAC, Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção

Os pesquisadores desta produção puderam constatar que assim como

todas as argamassas tradicionais, as autonivelantes presentes na obra

acompanhada são basicamente formuladas de: Cimento portland de alta resistência

inicial, que pode corresponder de 25 a 45% da massa total; areia fina quartzosa,

com um proporcional variando entre 40 a 60% da massa e os 10 a 15% restantes é

formado por uma série de aditivos químicos e adições minerais destinados a

modificar as características reológicas no estado fresco e as propriedades

físicomecânicas no estado endurecido, de modo a atender aos requisitos de

instalação, carga, solicitação e durabilidade.

Os aditivos são compostos de superfluidificantes, éteres celulósicos para

melhorar a retenção de água, antiespumantes objetivando alterar a tensão

superficial da água de amassamento e diminuir o nível de ar arrastado durante a

mistura e bombeamento, polímeros elastoméricos redispersáveis com a finalidade

de tornar o material mais impermeável e dúctil, além de mais resistente à tração e à

abrasão, substâncias minerais que compensem a retração por secagem, a

exsudação e a tendência ao fissuramento. A água de amassamento varia entre o

intervalo de 20 a 30% da massa seca total a depender do tipo de destinação de um

determinado material (NAKAKURA; E.H.; BUCHER; H.R.E., 2006).

Ainda segundo Nakakura e Bucher, há diversos tipos de formulações de

acordo com as solicitações a que estará exposto o piso:

• Acabamento de pisos industriais submetidos ao tráfego de cargas

sobre rodízios e abrasão;

• Nivelamento de pisos industriais (existentes), como substrato para

camadas de alta resistência;

Page 21: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

21

• Acabamento de pisos industriais submetidos a cargas leves ou a áreas

residenciais ou comerciais com solicitação intensa;

• Nivelamento de preenchimento em pisos novos.

2.2. PROPRIEDADES CARACTERÍSTICAS

O principal material utilizado para execução do CPA é a argamassa

autoadensável. As principais propriedades características da mesma são:

2.2.1. Consistência

As argamassas autonivelantes devem atingir uma determinada

consistência no instante da sua instalação, de modo que a sua

viscosidade permita uma deformação conveniente pela ação do

seu próprio peso. Desta maneira, a nata se espalhará sobre o

substrato, formando uma superfície com a planeza adequada à

finalidade da camada: regularização ou acabamento. A

medição da consistência pode ser realizada no laboratório,

mediante o cone de Kantro e na obra, por meio do anel sueco

descrito na norma SS923519 (NAKAKURA; E.H.; BUCHER;

H.R.E., 2006, p308).

Os pesquisadores puderam observar que para a aplicação dentro dos

canteiros de obra, a consistência para material de regularização deve estar entre o

intervalo de 130mm a 140mm de espalhamento e, para o caso de argamassa

destinada ao acabamento, o espalhamento deve ficar entre 160mm a 165mm.

2.2.2. Resistência Mecânica

A resistência à compressão e à tração estática simples é

medida em prismas de 40x40x160mm3 ensaiados de maneira

semelhante à preconizada pela EN 196. As especificações

exigem usualmente um mínimo de 25 a 35 MPa aos 28 dias à

Page 22: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

22

compressão de 8 a 11 MPa à tração na flexão, dependendo da

função que a camada desempenha no piso.

Como uma medição de obra para avaliar a resistência à

compressão de pisos já instalados é utilizada a identação

produzida por uma esfera de aço duro, de 20mm de diâmetro,

a qual é carregada com uma força de 500 N logo após o piso

ter cumprido um período de 24 horas sob água. A identação é

medida 5 minutos após ter sido 309 retirada a força solicitante.

O diâmetro médio da identação fornece uma medida indireta da

resistência à compressão do material do piso instalado na obra

(NAKAKURA; E.H.; BUCHER; H.R.E., 2006, p308).

2.2.3. Resistência ao Arrancamento por Tração

Os pesquisadores puderam acompanhar um ensaio, no qual se destina

medir se o piso funcionará adequadamente como um sistema, logo que esta camada

também é incorporada à capacidade portante da laje ou base e ficar

monoliticamente unida a mesma. O método de ensaio é bem similar ao utilizado no

teste de argamassas de revestimentos de paredes e tetos e de pedras cerâmicas

em pisos ou paredes.

Contudo, o ensaio para pisos autonivelantes é realizado após submeter o

corpo-de-prova a 10.000 ciclos de passagem de um rodízio padrão, exercendo uma

determinada carga (250N em pisos comerciais e residenciais e 2000N em pisos

industriais). Para esse tipo de caso se faz necessário definir um “substrato padrão”,

sobre o qual é aplicada em sua superfície a argamassa, logo após devem ser

realizados os procedimentos determinados pelo fabricante. Estas instruções a serem

previamente respeitadas para este ensaio consistem em: escovação, saturação,

imprimação, ponte de aderência, colocação da camada autonivelante, cura e

rolagem preliminar com o rodízio.

Para formar o corpo-de-prova deve-se serrar, inicialmente, com uma

serra-copo diamantada um cilindro com 5cm de diâmetro interno, que atinja até certa

profundidade no substrato e, logo após, colar com resina epoxídica o prato de

tracionamento.

Page 23: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

23

As especificações definem uma resistência mínima de 1,0 MPa

(apenas cura de 28 dias) ou de 0,5 MPa (cura de 28 dias

seguida de 10.000 passagens de rodízio de 25 N para pisos de

áreas residenciais). Para pisos de locais públicos e indústrias

leves, é exigida uma resistência ao arrancamento por tração

mínima de 2,0 MPa (após 28 dias de cura ao ar) e de 1,0 MPa

para os corpos-de-prova submetidos a 28 dias de cura e mais

10.000 aplicações de carga com rodízios. Em pisos industriais

submetidos à ação de rodas maciças de carregadeiras, a

resistência ao arrancamento deve ser superior a 3,0 MPa após

tratamento de 2.000 N (NAKAKURA; E.H.; BUCHER; H.R.E.,

2006, p310).

2.2.4. Resistência à Abrasão

A resistência à abrasão dos materiais para pisos autonivelantes é

determinada a partir o método da norma DIN 52.108 “Método de ensaio de abrasão

na máquina de Böhme”, ou o seu equivalente nacional a MB-3379 “Materiais

inorgânicos - Determinação do desgaste por abrasão”, no qual o processo consiste

na submersão do corpo-de-prova à abrasão de areia sobre um prato metálico que

gira lentamente. A abrasão é medida em cm³ /50cm² de área desgastada ou em mm.

Argamassas à base de areia quartzosa ou basáltica tem

especificado um desgaste máximo de 6,0cm3 /50cm2 ou

1,2mm de espessura. De um modo geral, não se conhecem

argamassas autonivelantes com agregado à base de granalha

metálica, coríndon eletrofundido ou carbureto de silício. O

ensaio de desgaste abrasivo pode ser realizado com o corpo-

de-prova seco ou saturado com água (NAKAKURA; E.H.;

BUCHER; H.R.E., 2006, p310).

Page 24: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

24

2.3. PROCESSO CONSTRUTIVO

Os pesquisadores puderam acompanhar todo o processo, desde a

preparação do local que receberia a argamassa autoadensável até a conclusão da

aplicação da mesma. Para execução do CPA, inicialmente deve-se definir em

relação ao abastecimento de argamassa autonivelante, atualmente têm sido

disponibilizados dois tipos: argamassa ensacada para CPA, que é misturada no

momento do lançamento e a argamassa produzida em centrais e transportadas até a

obra em caminhão betoneira. Cada um destes processos tem suas vantagens e

desvantagens, desta forma, foram listadas as características de logística

pertencentes aos dois métodos na Tabela abaixo.

Tabela 1 – Características logísticas das argamassas autoadensáveis Fonte: Souza; Natália, 2013.

Para a execução do contrapiso autonivelante na edificação observada, foi

utilizada a argamassa dosada em central, logo que a ensacada apresentou ser de

difícil acesso.

2.3.1. Limpeza

Inicialmente, deve-se delimitar a área e limpar bem a base em que se

executará o CPA, de modo que o ambiente necessita estar isento de sobras de

argamassas, concretos, pontas de prego ou aço e qualquer outro tipo de material

aderido que possa interferir na qualidade do serviço.

Page 25: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

25

Figura 2- Limpeza da base Fonte: Movimento dos Pintores.

2.3.2. Transferência de nível

O passo seguinte consiste em transferir os níveis do contrapiso para cada

cômodo, a partir do ponto de origem, (nível de referência), com o auxílio de um

aparelho de nível a laser ou mangueira de nível, orientando-se pelo projeto de

contrapiso, quando houver. No caso de utilizar um nível a laser, basta tirar um ponto

de origem e mapear o restante.

Figura 3- Transferência de nível Fonte: Concreta, 2014.

Page 26: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

26

Caso seja utilizada a mestra feita de argamassa convencional, deve-se

levar em consideração que as duas argamassas possuem módulos de elasticidades

distintos, podendo gerar uma posterior fissura entre ambas.

2.3.3. Assentamento das niveletas

O terceiro passo se dá através da instalação de niveletas, comumente

conhecidas como aranha, feitas em aço, niveladas a laser em substituição às

mestras tradicionais, conforme.

Figura 4- Instalação das aranhas Fonte: Revista Téchne, 2014.

2.3.4. Colocação de juntas de dessolidarização

Nesse passo, normalmente é colocado placas de isopor no encontro com

a parede em todo perímetro que será aplicada a argamassa autonivelante, com a

finalidade de eliminar possíveis fissuras ou trincas.

Page 27: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

27

Figura 5- Colocação das placas de isopor Fonte: Auto nível, 2013.

2.3.5. Lançamento da argamassa

No caso de locais onde existe a necessidade de isolamentos ou

aquecedores térmicos, antes da execução do contrapiso autonivelante, deve ser

colocada uma lona plástica sobre a qual a argamassa autonivelante será lançada.

Para o lançamento da argamassa sobre a base, é necessário o

bombeamento a partir do térreo direto da betoneira para a bomba. Na área a ser

executada tem que ser feito o serviço de adensamento com um vibrador manual,

apropriado após o término do espalhamento.

Figura 6- Lançamento da argamassa Fonte: Nivelmix, 2013.

Page 28: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

28

O desenvolvimento do sistema bombeável para o contrapiso surgiu da

dificuldade do transporte vertical, que geralmente é feito por elevador de

cremalheira. A maior dificuldade de uma obra nessa etapa é subir todos os materiais

pelo equipamento de transporte vertical e o contrapiso autonivelante traz vantagens

nesse aspecto também. A argamassa é lançada em uma bomba acoplada, que a

projeta até o pavimento onde será utilizada, dentro do limite de alcance da bomba

(EGLE; Telma, 2010)

2.3.6. Acabamento

Após ter atingido a espessura determinada, utilizar uma régua com

formato em “T” de alumínio, realizando movimentos leves somente sobre a

superfície para dar acabamento mais uniforme. A espessura mínima recomendada

pela ABNT é de 2,5 cm.

Figura 7- Lançamento da argamassa Fonte: Mc-Bauchemie, 2011.

Contudo, deve-se alertar que, através do uso de materiais autonivelantes,

não é possível fazer os caimentos e desníveis necessários em banheiros e cozinhas,

por exemplo.

Page 29: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

29

2.3.7. Cura da argamassa

Aproximadamente após doze horas do término da aplicação, deve ser

iniciado o procedimento para cura da argamassa, mantendo o local úmido por, no

mínimo, 72 horas após endurecimento. O contrapiso poderá ser liberado para

receber trânsito de pessoas após 48 horas de execução.

Figura 8- Contrapiso finalizado em processo de cura Fonte: Concreta, 2014.

A cura neste processo é de extrema importância, logo que auxilia o

impedimento do fenômeno da fissuração oriunda da retração, responsável pelo

aparecimento de fissuras e trincas. Baseado na NBR 6118 Projeto e execução de

obras de concreto armado, recomenda-se proteger nos primeiros 7 dias, contados a

partir do lançamento, molhando continuamente a superfície do concreto (irrigação),

ou mantendo uma lâmina d’água sobre a peça concretada (submersão), ou ainda

recobrindo com plásticos e similares (RIBEIRO, et al., 2006).

Caso o procedimento de cura não seja realizado corretamente, não

atingirá a resistência e a durabilidade almejadas. É um processo mediante o qual se

mantêm um teor de umidade satisfatório, evitando a evaporação de água da mistura,

garantindo uma temperatura favorável durante a etapa de hidratação dos materiais

aglomerantes, em que se possam desenvolver as propriedades desejadas (COSTA,

2009).

Page 30: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

30

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Na busca por soluções tecnológicas que resolvam os obstáculos

encontrados diariamente dentro dos canteiros de obra, inúmeros produtos e técnicas

foram desenvolvidos no intuito de incluir aos serviços executados agilidade, aliada a

economia e sustentabilidade. Dentre o surgimento de alguns métodos e técnicas

construtivos, o sistema que adota a utilização do contrapiso autonivelante (CPA) na

etapa de execução do sistema de piso da edificação vem ganhando espaço e maior

notoriedade no meio. A técnica que lança o contrapiso composto com a argamassa

autoadensável levando em consideração a produtividade, ainda assim prezando

pela qualidade do produto entregue apareceu tornando-se uma alternativa viável

para reduzir mão de obra, assim como os prazos, enxugar o cronograma e se evitar

o desperdício da matéria prima nos canteiros das obras (EGLE; Telma, 2010).

Após o desenvolvimento da inovação tecnológica proposta pela

argamassa autonivelante, começaram a ser desenvolvidos, paralelamente aos

estudos de laboratório, estudos econômicos e de mercado, que consistiam em

algumas visitas em obras para eleger os métodos mais utilizados nas obras,

chamados de Métodos Tradicionais (MARTINS, 2009).

Em relação ao caráter técnico, Nakakura (1997) e Tutikian et al. (2008,

apud Martins, 2009), relacionam as principais vantagens da argamassa

autonivelante:

• A espessura do piso/contrapiso pode ser reduzida para até 5,0 mm, o

que significa uma ótima redução no peso próprio e no consumo de

cimento;

• A tendência à fissuração também é reduzida praticamente a zero, com

o acréscimo de aditivos químicos retentores de água;

• As ondulações ficam restringidas apenas às que podem ocorrer na

superfície de um líquido viscoso devido à ação da gravidade sobre um

líquido, logo, a redução significativa de patologias ficam plenamente

garantidas;

• Na questão de produtividade, a argamassa autonivelante tem

vantagens sobre a argamassa convencional, já que o material é

Page 31: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

31

considerado fluido e sua aplicação consiste em esguichar esse

material sobre o substrato ou a lona plástica, sem a necessidade de

desempenar, garantindo ainda a total horizontalidade do contrapiso;

• O tempo para a execução do piso/contrapiso tem uma redução

significativa;

• A cura da argamassa autonivelante é extremamente rápida, causada

pela combinação de aditivos e adições, sendo que depois de

decorridas 2 a 3 horas da sua aplicação já é possível pisar em sua

superfície;

• A textura é extremamente fina, já que a argamassa autonivelante

contém uma grande quantidade de agregados com dimensões

máxima característica inferior a 0,60mm, inserida numa matriz rica em

cimento, dispensando alguns tipos de selantes adicionais (MARTINS,

2009)

Sob o ponto de vista econômico, Ortega (2003, apud Martins, 2009)

comprovou uma vantagem na escolha da argamassa autonivelante sobre as

argamassas tradicionais com relação a custos, apresentando que o estudo com a

argamassa autonivelante é viável.

Tabela 2 – Comparativo de custos de argamassas

Fonte: Ortega (2003, apud Martins,2009).

Os três métodos tradicionais considerados na Tabela acima foram

compostos da seguinte forma:

Page 32: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

32

• Cama de areia + argamassa

• Cama de areia + argamassa + argamassa cola

• Argamassa + isolamento térmico

Para o cálculo do método autonivelante quantificado foi o seguinte:

• Lona + argamassa + argamassa cola

Analisando o aspecto voltado a sustentabilidade ambiental e social, a

fabricação do cimento é responsável pela maior parte da produção de dióxido de

carbono ou gás carbônico (CO2) lançado na atmosfera. A relação estabelecida ao

processo de fabricação do cimento corresponde que a cada tonelada de clínquer

produzido, é emitida aproximadamente uma tonelada de gás carbônico.

Um dos benefícios com a escolha da argamassa autonivelante é a

possibilidade de redução da espessura do contrapiso, que conseqüentemente reduz

a quantidade de pasta do sistema, proporcionando economia de cimento, que

passará de 8,0 mm a 15 mm aproximadamente (Classe de Trânsito Leve), para 5,0

mm a 10 mm (MARTINS, 2009).

Outra vantagem agregada com o uso dessa tecnologia é a ergonomia do

trabalho. O método tradicional de execução de contrapisos com argamassa seca é

um tipo de serviço bastante degradante para o trabalhador devido à posição de

trabalho – abaixado e com a coluna muito curvada.

Figura 9 – Planta baixa do pavimento tipo Fonte: Dados da pesquisa.

Page 33: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

33

Para o desenvolvimento deste trabalho, foram usados os dados obtidos

em uma obra, que possuem três torres idênticas, denominadas de tores A, B e C.

Cada torre apresenta 473,84 m² de piso por pavimento, contendo 8 pavimentos e

totalizando com a somatória referente a área das 3 torres, 11.372,16 m².

A coleta de dados foi baseada no acompanhamento diário das torres da

obra em questão, como também informações fornecidas pela própria construtora. Os

resultados apresentados nesse trabalho se referem ao serviço de execução de

contrapiso, alisando de modo comparativo sob alguns fatores, logo que na torre A foi

adotado o sistema tradicional para execução dessa etapa construtiva, enquanto na

torre B e C, o método utilizado foi o do contrapiso autonivelante.

Os resultados de cada serviço presente foram gerados a partir da

Equação 1:

(1)

Onde:

= Área total de piso (m²);

= Área de piso do pavimento;

= Número de torres;

= Número de pavimentos;

Para comparação dos dois sistemas abordados neste trabalho, as

equações foram aplicadas em ambos os métodos, quantificando os custos.

No item 4.1, que aborda o custo referentes aos materiais, os resultados

foram gerados pela Equação 2:

(2)

Onde:

= Resultado (R$);

= Valor do material (R$/m²);

= Área total de piso (m²)

Page 34: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

34

Em 4.2, trata-se da relação entre produtividade e execução de tempo dos

serviços, no qual para encontrar a produtividade média dos serviços foi adotada a

média aritmética durante o período de execução dos mesmos, obtendo os

resultados com a Equação 3:

(3)

Onde:

= Produtividade média (m²/dia);

∑ = Somatório das produtividades por dia (m²/dia);

= Número de colaboradores

Com o valor da produtividade média para cada serviço, pôde-se achar a

quantidade de dias para execução dos mesmos pela Equação 4:

(4)

Onde:

= Quantidade de dias (dias);

= Área total de piso (m²);

= Produtividade média (m²/dia);

= Quantidade de equipes

Para quantificar os custos referente a mão-de-obra, item 4.3, o resultado

foi obtido através da Equação 5.

(5)

Onde:

= Resultado (R$);

= Valor unitário de cada serviço (R$);

= Área total de piso (m²)

Page 35: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

35

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo a análise de viabilidade é realizada mais profundamente,

sob três quesitos fundamentais dentro o processo desde o planejamento até a

conclusão das edificações. Todo resultado obtido foi levantado em uma obra, que

apresentou em seu andamento dois métodos distintos para execução do contrapiso

da mesma. A edificação é constituída de três torres idênticas, denominadas como A,

B e C, e localiza-se no bairro da Santa Amélia, na cidade de Maceió. Serão

abordados as quantidades e valores voltados aos custos com o material,

produtividade e tempo de execução do serviço, e custo com mão de obra,

comparando os métodos e evidenciando as vantagens agregadas com a utilização

do contrapiso autonivelante.

•Contrapiso executado pelo método convencional;

•Serviço executado por equipe do próprio efetivo;

•3.790,72 m² de piso.

Torre A

•Contrapiso executado pelo método autonivelante;

•Serviço executado por equipe terceirizada;

•3.790,72 m² de piso.

Torre B

•Contrapiso executado pelo método autonivelante;

•Serviço executado por equipe terceirizada;

•3.790,72 m² de piso.

Torre C

Page 36: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

36

4.1. CUSTO COM MATERIAIS

Um dos impactos com maior notoriedade na substituição do contrapiso

autonivelante (CPA) pelo método convencional é a redução na espessura do

contrapiso. Essa diminuição contribui também na redução do peso da estrutura da

edificação e o valor da economia vai variar de acordo com fatores como altura do

prédio.

Embasado no orçamento da construtora foi realizado um estudo

comparativo dos custos com a argamassa autoadensável, assim como os

componentes da argamassa “farofa” , sendo estes os principais itens utilizados na

composição de materiais nessa etapa da obra.

Gráfico 1 – Comparativo de custos com materiais Fonte: Dados da pesquisa.

Na torre A, a argamassa seca foi produzida no próprio canteiro,

resultando no valor de R$ 270,00/m³, tendo já incluso material (agregados e

cimento), mão de obra da “farofa” e abastecimento ao pavimento a ser executado o

contrapiso. Para o cálculo do custo do material é necessário transformar o metro

cúbico, em metro quadrado. A espessura média do contrapiso medida pelos

pesquisadores foi de 5cm, logo 1m³ de argamassa produz 20m² de contrapiso, com

isso, o custo do m² de argamassa seca foi de R$ 13,50/m².

Nas torres B e C, a argamassa utilizada para o contrapiso autonivelante

foi adquirida por uma usina de concreto ao valor de R$ 250,00/m³. Nesse método

R$51.174,72

R$28.430,40

R$-

R$10.000,00

R$20.000,00

R$30.000,00

R$40.000,00

R$50.000,00

R$60.000,00

Custo com Materiais

Argamassa "farofa"

Argamassaautonivelante

Page 37: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

37

construtivo a espessura média apresentada foi de 3cm, considerando a

transformação do m³ para o m², 1m³ de argamassa produz 33,33m² de contrapiso e

com isso, o m² da argamassa autonivelante foi de R$7,50/m².

4.2. PRODUTIVIDADE E TEMPO DE EXECUÇÃO

Para obter um parâmetro de comparação entre o método construtivo

autonivelante e o tradicional na execução do contrapiso, foi estabelecida uma

composição para os sistemas apresentados. A partir desta composição, foi

observada a produtividade de cada equipe e comparado os prazos de execução

destes em cada torre, sendo direcionada a mesma quantidade de mão de obra.

COMPOSIÇÃO Equipe Produtividade Média

AUTONIVELANTE 02 Equipes

1 Ped. + 2 Serv.

(cada)

200 m²/dia

(cada equipe)

TRADICIONAL 02 Equipes

2 Ped. + 1 Serv.

(cada)

20 m²/dia

(cada equipe)

Tabela 3 – Composição dos sistemas Fonte: Dados da pesquisa.

Para o cálculo do Gráfico 2 abaixo, foram considerados os valores

pertencentes a Tabela 3. A informação sobre a quantidade de equipes e a

produtividade foi verificada através do acompanhamento do diário de obra de cada

edificação.

Os dados contidos no Gráfico 2, mostram a quantidade de dias

necessários para executar o contrapiso na área equivalente a uma torre

(3.790,72m²). Com isso, para conclusão do serviço nas torres B e C (7.581,44m²),

partindo das mesmas informações contidas na composição acima, foi preciso 19

dias, enquanto na torre A (3.790,72), 95 dias, que evidencia a imensa diferença de

tempo de execução entre os dois sistemas.

Page 38: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

38

Gráfico 2 – Comparativo do tempo de execução Fonte: Dados da pesquisa.

4.3. CUSTO COM MÃO DE OBRA

A mão de obra utilizada para a execução do contrapiso pelo método que

usa a argamassa “farofa” foi realizada com os colaboradores do próprio efetivo da

construtora. Para o cálculo do custo da mão de obra com o sistema tradicional foi

avaliado pelos pesquisadores a produção de duas equipes, que totalizam 4

pedreiros e 2 ajudantes durante um mês e em seguida dividido o custo destas

equipes pela metragem de contrapiso produzida, chegando assim no custo/m².

Tabela 4 – Custo do contrapiso com mão de obra própria Fonte: Dados da pesquisa.

94,8

9,5

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Tempo de Execução (dias)

Argamassa "farofa"

Argamassaautonivelante

dias

dias

Page 39: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

39

O valor da execução do contrapiso com “farofa” foi de R$ 15,72/m², já

com encargos embutidos. Para a execução desse tipo de método é exigido à

preparação da base com nata de cimento e a criação de mestras. O custo da

preparação da base passa a influenciar no valor do custo do contrapiso executado

com “farofa”.

Tabela 5 – Custo aplicação de mestras com mão de obra própria Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme BARROS (1991) a proporção é 0,5 kg de cimento para cada

metro quadrado de substrato a ser aplicado o contrapiso. O preço do kg do cimento

a R$ 0,36 fez com que o custo da nata fiasse em R$ 0,18. O custo de um pedreiro

colocar as metras em uma laje é de R$ 1,80/m². O custo total gerado com a mão de

obra nesse sistema é o resultado da soma da colocação das mestras, R$ 6.806,07,

e execução do contrapiso, R$ 59.596,15, obtendo assim o valor de R$ 66.402,22.

Nas torres B e C, foi adotado sistema que utiliza a argamassa

autonivelante e a mão de obra para a execução do contrapiso foi terceirizado e

fechado o valor por m² executado. O valor da mão de obra cobrado pela empresa

terceirizada para a execução do contrapiso autonivelante foi de R$ 9,00/m² com o

bombeamento da argamassa incluído neste valor.

Page 40: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

40

Tabela 6 – Custo do contrapiso com mão de obra terceirizada Fonte: Dados da pesquisa.

O valor encontrado na Tabela 6 é referente à metragem correspondente a

uma torre, logo, para atender a área das duas torres (7.581,44 m²), o valor pago com

a mão de obra foi de R$68.232,96. No contrapiso autonivelante o nivelamento é feito

com auxilio de laser e a aderência já é garantida com a própria fluidez e a alta taxa

de cimento da argamassa antonivelante, sendo assim dispensando o uso de

mestras e da nata de cimento.

Gráfico 3– Comparativo de custos com mão de obra Fonte: Dados da pesquisa.

4.4. CUSTO DE EXECUÇÃO

O custo de execução total se dá através da soma do custo com materiais

e mão de obra envolvidos nessa etapa executiva, logo:

Custo de Execução FAROFA = Custo de Mão de Obra + Custo de Material + Preparo da

Base + Custo da execução das mestras

R$66.402,22

R$34.116,48

R$-

R$10.000,00

R$20.000,00

R$30.000,00

R$40.000,00

R$50.000,00

R$60.000,00

R$70.000,00

Custo com Mão de Obra

Argamassa "farofa"

Argamassa Autonivelante

Page 41: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

41

Custo de Execução FAROFA = 15,72 + 13,50 + 1,80 + 0,18 = R$ 31,20/m²

Custo de Execução AUTONIVELANTE = Custo de Mão de Obra + Custo de Material

Custo de Execução AUTONIVELANTE = 9,00 + 7,50 = R$ 16,50/m²

Gráfico 4– Comparativo de custo com a execução Fonte: Dados da pesquisa.

Com a representação gráfica acima, os pesquisadores puderam visualizar

que o custo com a execução do contrapiso através do método tradicional, com

argamassa seca, que foi utilizado na torre A, é quase o dobro do valor do sistema

autonivelante, adotado nas torres B e C.

R$118.270,46

R$62.546,88 R$62.546,88

R$-

R$20.000,00

R$40.000,00

R$60.000,00

R$80.000,00

R$100.000,00

R$120.000,00

R$140.000,00

Custo de Execução

TORRE A

TORRE B

TORRE C

Page 42: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

42

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha do método executivo de cada serviço a ser realizado numa

edificação é determinante para composição dos cronogramas, assim como para

estipular prazos. Desta forma, os principais fatores a serem levados em

consideração para o sistema a ser adotado é produtividade, mão de obra e

qualidade. No que se refere ao procedimento voltado à execução do contrapiso, o

método conhecido como contrapiso autonivelante ainda que aplicado em alguns

canteiros de obra, é pouco utilizado.

Os pesquisadores puderam acompanhar os dois métodos executivos para

o serviço do contrapiso dentro do mesmo canteiro, onde foi possível verificar sob

alguns aspectos a superioridade do CPA sobre o contrapiso “farofa”. Foram

analisadas variáveis como produtividade, tempo de execução, custo com materiais e

custos com mão de obra e em todas elas o contrapiso autoadensável apresentou

resultados em que se manteve economicamente mais atrativo que o sistema

tradicional, logo, recomenda-se a adoção desse método em edificações que

apresentem composições semelhantes com as apresentadas.

5.1. CONCLUSÃO

Ainda que a cidade de Maceió-AL seja classificada como uma das

grandes metrópoles brasileira, a maior parte dos canteiros de obra voltados a

edificações pertencentes ao segmento da construção civil apresenta em seus

cronogramas procedimentos que possuem tecnologias obsoletas, comparadas as

inovações tecnológicas já desenvolvidas, como é o caso do serviço de execução do

contrapiso.

A pesquisa monográfica desenvolvida buscou avaliar as características

pertencentes ao sistema que adota a argamassa autoadensável para a execução do

contrapiso, presente em uma obra situada no bairro da Santa Amélia, sendo esta

composta por três torres idênticas, na qual foi possível acompanhar também a

execução do método convencional.

Page 43: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

43

Entre a torre A, onde foi adotado o método convencional, e as torres B e

C, utilizado o CPA, foram consideradas algumas variáveis para critério de

comparação do método autonivelante com o tradicional, que utiliza a argamassa

comumente conhecida como “farofa”. Tais divergências encontradas nos resultados

apresentados pelas torres que permitiram o desenvolvimento da pesquisa proposta

neste estudo, conforme consta nos objetivos traçados: identificar as principais

características pertencentes ao contrapiso autonivelante presente na edificação;

comparar de acordo com algumas variáveis escolhidas o sistema proposto com o

tradicional e analisar economicamente qual método se sobressai ao outro.

O estudo realizado, assim como a análise dos resultados obtidos com a

coleta de dados durante o acompanhamento das torres A, B e C, permitiram concluir

que a substituição do método tradicional pelo contrapiso autoadensável no

empreendimento em questão da construtora estudada apresentou resultados

economicamente mais atrativos em todas as variáveis levantadas, sendo elas: o

custo com o material necessário para realização do serviço; a produtividade e o

tempo de execução; o custo com a mão de obra.

Finalmente, a produção realizada apresentou resultados como

contribuição aos estudos comparativos entre um método composto por uma

inovação tecnológica mais recente, argamassa autonivelante, com o sistema

tradicional, mais comumente adotado, com a argamassa “farofa”.

Os pesquisadores buscaram propor com os resultados obtidos nesta

pesquisa monográfica, uma alternativa economicamente atrativa para implantação

de um novo sistema para execução do serviço do contrapiso, não só nas edificações

pertencentes à empresa acompanhada, mas a todos os empreendimentos que se

enquadrem nas especificações apresentadas neste estudo.

5.2. DIFICULDADES ENCONTRADAS

No decorrer do desenvolvimento desta produção, a maior dificuldade encontrada

pelos pesquisadores foi encontrar obras em execução que tivessem adotados o

método escolhido como objeto de estudo para execução do contrapiso, logo que

grande parte das construções utiliza o sistema tradicional.

Page 44: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

44

5.3. CONTRIBUIÇÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

A partir do desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso,

fizeram-se algumas recomendações para futuros trabalhos:

Fazer um estudo comparativo semelhante entre os dois métodos

em empreendimentos que possuam outras características;

Desenvolver uma listagem com fornecedores regionais destes

tipos de material, comparando preço dos mesmos.

Portanto, este trabalho não se encerra por aqui, pois é um tema que deve

ser analisado com mais profundidade, fazendo os quantitativos totais das obras e

chegando a um índice global da construção civil. Essa poderia ser uma proposta

para estudos futuros em curso de Pós-graduação, Mestrado, e possivelmente

Doutorado.

Page 45: ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DO CONTRAPISO

45

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281 – Argamassa industrializada para assentamento de paredes e revestimentos de paredes e tetos – Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. 11p.

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____NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 221p.

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