analise comparativa rebocos

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Ricardo Mateus

CAPTULO 9 ANALISE COMPARATIVA DE SOLUES CONSTRUTIVAS PARA PAREDES EXTERIORES

9.1.

Critrios adoptados na definio das solues construtivas

A principal funo das paredes exteriores, em conjunto com os pavimentos exteriores e coberturas, consiste em estabelecer uma barreira entre os ambientes exterior e interior, de modo a que o ambiente interior possa ser ajustado e mantido dentro de determinadas condies. Uma parede exterior deve reunir uma srie de requisitos: antes de mais deve ser estvel e a sua durabilidade deve ser assegurada durante um determinado perodo de tempo, enquanto que actua como uma barreira para o vento, chuva, radiao solar, calor, rudo, fogo, insectos, animais e at humanos. A maior parte da rea da envolvente exterior dos edifcios corresponde rea das paredes exteriores fachadas e empenas. atravs das paredes exteriores que se processa a maior parte das trocas trmicas entre os ambientes interior e exterior, pelo que o estudo cuidado do comportamento trmico das solues construtivas, a adoptar na envolvente vertical, fundamental para que se reduza o consumo de energia nas operaes de manuteno do conforto trmico dos ocupantes, com todos os benefcios ambientais da resultantes. Tendo em conta a importncia do comportamento trmico, relativamente s restantes exigncias funcionais dos elementos da envolvente vertical, as solues construtivas analisadas foram definidas de modo que os seus coeficientes de transmisso trmica fossem, no mnimo semelhantes. Como a definio das propriedades fsicas e da espessura dos diversos materiais que compem as solues construtivas condicionada pela sua disponibilidade no mercado, as solues apresentadas podem no apresentar exactamente o mesmo coeficiente global de transmisso trmica. No entanto, dentro de cada tipo de tecnologia, escolheu-se a soluo cujo comportamento mais se assemelha ao da soluo de referncia. - 198 -

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As solues construtivas apresentadas possuem um coeficiente de transmisso trmica menor do que os valores mximo admissvel e de referncia, apresentados no Regulamento das caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios (R.C.C.T.E. DL 40/90 de 6 de Fevereiro), para cada uma das zonas climticas e para o caso de elementos pertencentes envolvente exterior (quadro 9.1).Quadro 9.1 Coeficientes de transmisso trmica mximos admissveis e de referncia, para elementos pertencentes envolvente opaca vertical (W/m2.C) Zona climtica I1 Coeficiente mximos admissveis Coeficientes de referncia 1,80 1,40 I2 1,60 1,20 I3 1,45 0,95

Como soluo de referncia adoptou-se a parede dupla de alvenaria de tijolo vazado com pano exterior de 15 cm e pano interior de 11 cm, separados por caixa-de-ar de 4cm parcialmente preenchida com isolante trmico. de assinalar que neste trabalho s foi analisada a parte opaca da envolvente vertical na zona corrente, ignorando-se a potencialidade de cada soluo ao nvel da correco das pontes trmicas nas zonas de vos, vigas, topos de lajes e pilares.

9.2.

Tecnologias construtivas analisadas

Neste captulo foram analisadas seis tecnologias construtivas distintas para paredes exteriores: (i) (ii) (iii) (iv) (v) (vi) Parede dupla de alvenaria de tijolo vazado; Parede dupla, com pano exterior em alvenaria de pedra aparelhada e pano interior em alvenaria de tijolo vazado; Parede simples com reboco armado, sobre isolante contnuo pelo exterior; Parede dupla, com pano exterior em alvenaria de tijolo macio com face vista e pano interior em alvenaria blocos de beto celular autoclavado; Parede ventilada, com elemento de suporte em alvenaria de blocos de beto leve e revestimento cermico descontnuo fixado em estrutura metlica; Parede com estrutura em perfis leves de ao.

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9.2.1. Parede dupla de alvenaria de tijolo vazado 9.2.1.1. Apresentao da tecnologia construtiva O tijolo vazado comeou a ser utilizado, em Portugal, com alguma expresso na construo de paredes exteriores, a partir de meados do sculo XX. De incio, nos anos 50, o tijolo vazado era tradicionalmente utilizado no pano interior de paredes duplas com pano exterior de alvenaria de pedra. A partir dos anos 60 comearam a surgir as primeiras solues de parede dupla com ambos os panos em alvenaria de tijolo vazado (APICER, 2000). O tijolo vazado surgiu da necessidade de se aligeirarem as paredes exteriores, dado que a tecnologia utilizada at ento alvenaria de pedra era pesada, inviabilizado a construo em altura. As paredes duplas, tambm denominadas por paredes de panos dobrados, surgiram numa tentativa de se melhorar o comportamento trmico e a proteco contra a humidade nas paredes exteriores. As paredes duplas, com panos de alvenaria de tijolo vazado, dominam actualmente as solues de fachada nos edifcios em Portugal, existindo vrias variantes que vo desde solues mais esbeltas e de fraco desempenho constitudas por pano exterior de 11 cm e interior de 7 cm , at solues de maior espessura e com caractersticas mais adequadas s suas funes que em situaes muito raras chegam a ser constitudas por pano exterior de 22 cm e interior de 15 cm. Nas paredes duplas, o isolamento trmico geralmente melhorado atravs da introduo de isolante em placas ou projectado, preenchendo totalmente ou parcialmente a caixa-de-ar (fig. 9.1). Relativamente s vantagens desta tecnologia, de salientar que, apesar de necessitar de grande quantidade de mo-de-obra, esta no tem de ser especializada. Por outro lado, a abundncia, em Portugal, da matria-prima necessria realizao das unidades de alvenaria de tijolo e o elevado nmero de empresas que dominam esta tecnologia, tornam o seu custo menor do que o das demais tecnologias. Quanto ao isolamento trmico, por ser constituda por elementos vazados, esta tecnologia apresenta melhor desempenho do que outras solues com igual espessura constitudas por elementos macios. Quanto s reservas, de assinalar que a execuo de paredes de alvenaria de tijolo est relacionada com a produo de grande quantidade de resduos, o que justificado pela elevada fragilidade deste material, pela necessidade de se proceder realizao de remates e de se implantarem instalaes. As unidades de alvenaria esto ligadas quimicamente entre si, e entre si e os elementos estruturais, o que torna a sua reutilizao impossvel.

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Figura 9.1 Aspecto de uma parede dupla em alvenaria de tijolo vazado, com espuma de poliuretano preenchendo parcialmente a caixa-de-ar, durante a execuo do pano exterior

9.2.1.2. Descrio da soluo construtiva A soluo construtiva de referncia apresenta um pano exterior em alvenaria de tijolo vazado de 15 cm e um pano interior em alvenaria de tijolo vazado de 11 cm. Os panos encontram-se separados por uma caixa-de-ar com 4 cm de espessura, parcialmente preenchida com isolante trmico em placas poliestireno expandido extrudido , com 2 cm de espessura e fixado ao pano interior. Os paramentos, interior e exterior, encontram-se revestidos com reboco tradicional com espessura de 1,5 cm. A soluo construtiva estudada encontra-se representada, em corte esquemtico, na figura 9.2.

Espao de ar (2cm) Tijolo vazado de 15cm

Poliestireno expandido extrudido (2cm) Tijolo vazado de 11cm

Reboco tradicional (1,5 cm)

Reboco tradicional (1,5cm)

Figura 9.2 Parede dupla em alvenaria de tijolo vazado (Par1 - soluo de referncia)

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9.2.2. Parede dupla, com pano exterior em alvenaria de pedra aparelhada e pano interior em alvenaria de tijolo vazado 9.2.2.1. Apresentao da tecnologia construtiva Esta tecnologia construtiva est associada aos primeiros exemplos de paredes duplas que comearam a surgir em Portugal, a partir da segunda metade do sculo XX. Na altura, as paredes exteriores apresentavam, na maior parte dos casos, funes estruturais, pois ainda no era corrente o recurso a solues estruturais porticadas em beto armado. Com a introduo de um pano interior em alvenaria de tijolo vazado melhorou-se o comportamento trmico e a proteco contra a humidade das paredes exteriores, sem se comprometer o seu desempenho estrutural. Com a introduo de estruturas porticadas em beto armado, as paredes deixaram de ter funes estruturais, pelo que a utilizao de alvenaria resistente em pedra caiu em desuso. Actualmente, a alvenaria de pedra utilizada pontualmente, e geralmente sem funo estrutural, em edifcios de pequeno porte. A alvenaria de pedra neste momento considerada uma soluo construtiva nobre. A sua aparncia deixou de ser camuflada com uma camada de reboco como era corrente no passado , passando a ser aproveitada como acabamento de fachada. Esta tecnologia construtiva apesar de exibir, em relao parede dupla em alvenaria de tijolo vazado, maior massa por unidade de superfcie, apresenta tradicionalmente menor P.E.C. Este facto justificado pela baixa energia necessria ao processamento da pedra, visto ser um material natural. Por outro lado, as reservas de pedra grantica so abundantes em praticamente toda a superfcie terrestre. A P.E.C tanto menor quanto mais prxima estiver a fonte de matria-prima do local de construo. Numa situao ideal, e sempre que possvel, deve ser utilizada a prpria pedra extrada dos trabalhos de escavao necessrios realizao das plataformas de trabalho e das fundaes. Durante o processo de desmantelamento/demolio, devido menor resistncia das juntas em relao s unidades de alvenaria, possvel retirar as unidades do pano de pedra praticamente intactas, pelo que a sua reutilizao possvel. A alvenaria de pedra pode ainda ser reciclada de modo a ser utilizada sob a forma de agregados na execuo de betes e argamassas. Por ser um material natural, a sua devoluo ao ambiente natural no apresenta grande impacte. Como reservas, h que salientar que a extraco de granito em pedreiras est relacionada com grandes impactes paisagsticos e nos ecossistemas locais; e que esta tecnologia, por possuir elevada massa, no aconselhada em locais distantes da fonte de matria-prima os custos energticos relacionados com o seu transporte so bastante elevados. O pano de tijolo apresenta os inconvenientes focados na tecnologia construtiva anterior. Por outro lado, apesar desta soluo apresentar elevada massa, a sua inrcia trmica semelhante da soluo construtiva anterior, pois o calor armazenado no pano de pedra no libertado para o interior devido existncia do isolante.

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9.2.2.2. Descrio da soluo construtiva A soluo construtiva estudada apresenta um pano exterior em alvenaria de pedra grantica com 30 cm de espessura e um pano interior em alvenaria de tijolo vazado de 11 cm. Os panos encontram-se separados por uma caixa-de-ar com 5 cm de espessura, parcialmente preenchida com isolante trmico em placas poliestireno expandido extrudido , com 3 cm de espessura e fixado ao pano interior. Nesta soluo, apesar da espessura total ser mais elevada, para que o coeficiente de transmisso trmica fosse semelhante ao da soluo de referncia, foi necessrio introduzir um isolante com maior espessura, o que justificado pela elevada condutibilidade trmica do pano em alvenaria de pedra (quadro 7.6). O paramento interior revestido com reboco tradicional com 1,5 cm de espessura. A soluo construtiva estudada encontra-se representada, em corte esquemtico, na figura 9.3.Poliestireno expandido extrudido (3cm) Tijolo vazado de 11cm

Espao de ar (2cm) Pedra aparelhada (30cm)

Reboco tradicional (1,5cm)

Figura 9.3 Parede dupla com pano exterior em alvenaria de pedra grantica aparelhada e pano interior em alvenaria de tijolo vazado (Par2)

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9.2.3. Parede simples com reboco armado sobre isolante contnuo pelo exterior 9.2.3.1. Apresentao da tecnologia construtiva As paredes simples com sistemas compsitos de isolamento trmico pelo exterior1, tambm designados por sistemas de isolamento trmico por revestimento sobre isolante, surgiram das tentativas em se melhorar o comportamento trmico das paredes exteriores atravs de uma melhor correco das pontes trmicas e da disponibilizao de praticamente toda a massa da parede para a inrcia trmica interior. Podem-se utilizar dois tipos de sistemas compsitos de isolamento trmico pelo exterior: (i) (ii) Revestimentos espessos de ligantes minerais, armados (rebocos armados), sobre isolante; Revestimentos delgados de ligantes sintticos ou mistos, armados, sobre isolante.

Neste tipo de tecnologia, o isolante trmico mais utilizado o poliestireno expandido moldado em placas (EPS). O elemento de suporte apresenta geralmente espessura superior ou igual 20 cm e , na maior parte das vezes, em alvenaria de blocos de beto leve ou em alvenaria de tijolo de 20 ou de 22cm. A ausncia de descontinuidade na camada de isolante torna o isolamento trmico mais eficiente, o que, por um lado, potencia a diminuio do consumo energtico necessrio nas operaes de condicionamento da temperatura do ar interior com todas as vantagens ambientais adjacentes e por outro, contribui para a durabilidade dos elementos construtivos e para uma melhor qualidade do ar interior por prevenir as pontes trmicas e as consequentes condensaes e desenvolvimento de fungos e algas. Por ser constituda por apenas um pano, esta tecnologia apresenta geralmente menor massa e menor P.E.C. do que uma parede dupla com isolamento trmico semelhante. Como reservas destacam-se: o facto da sua durabilidade ser desconhecida, pois trata-se de uma tecnologia relativamente recente; e a necessidade do sistema de isolamento pelo exterior ser realizado por mo-de-obra especializada. Esta tecnologia apresenta, quanto utilizao de elementos em tijolo, as mesmas reservas enumeradas na soluo de referncia. Nas figuras 9.4 e 9.5 apresenta-se o aspecto de uma parede com isolamento trmico pelo exterior, antes e aps a realizao da camada de reboco.

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Designados na lngua inglesa pela sigla ETICS (external thermal insulating composite systems with rendering).

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Figura 9.4 Aspecto de uma parede simples com reboco armado, sobre isolante contnuo pelo exterior, durante a aplicao do isolante

Figura 9.5 Aspecto de uma parede simples com reboco armado, sobre isolante contnuo pelo exterior, aps a execuo do reboco

9.2.3.2. Descrio da soluo construtiva A soluo construtiva apresenta o elemento de suporte em alvenaria de tijolo vazado com 22 cm de espessura. O material seleccionado para isolante trmico desta soluo foi o poliestireno expandido moldado em placas. Para que o comportamento desta soluo fosse semelhante ao da soluo de referncia, o isolante apresenta 4 cm de espessura. Sobre a camada isolante encontrase o reboco armado de ligantes minerais, com 1 cm de espessura. A soluo construtiva estudada encontra-se representada, em corte esquemtico, na figura 9.6.Poliestireno expandido moldado em placas (4cm) Tijolo vazado de 22cm

Reboco armado de ligantes minerais (1cm)

Reboco tradicional (1,5cm)

Figura 9.6 Parede simples com reboco armado sobre isolante contnuo pelo exterior (Par3)

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9.2.4. Parede dupla, com pano exterior em alvenaria de tijolo macio com face vista e pano interior em alvenaria blocos de beto celular autoclavado 9.2.4.1. Apresentao da tecnologia construtiva Apesar do beto celular autoclavado ser bastante utilizado noutros pases, em Portugal a sua utilizao tem sido muito reduzida. Este material apresenta uma porosidade elevada, pelo que em contacto com a humidade, acaba por a absorver, comprometendo o seu bom isolamento trmico. Assim, o beto celular autoclavado deve estar protegido do contacto directo com a humidade atravs de camada de revestimento impermeabilizante ou de um pano exterior noutro material. A sua massa semelhante ao de uma parede dupla de alvenaria de tijolo vazado e a P.E.C ligeiramente superior, o que se deve principalmente ao pano de tijolo macio. O isolamento do pano em beto celular autoclavado superior ao de um pano em tijolo vazado com a mesma espessura, o que, em alguns casos, torna desnecessria a aplicao de isolantes trmicos. Como principais reservas, destacam-se o custo mais elevado em relao tecnologia de referncia e a sua baixa disponibilidade no mercado portugus. Para informao mais detalhada acerca das solues construtivas em beto celular autoclavado, consultar o captulo 5.3. 9.2.4.2. Descrio da soluo construtiva A soluo construtiva constituda por pano exterior em alvenaria de tijolo macio com 7 cm de espessura e pano interior em blocos de beto celular autoclavado com 17,5 cm de espessura. Os dois panos encontram-se separados por caixa-de-ar com 2 cm de espessura. Neste caso, devido baixa condutibilidade do beto celular autoclavado, no foi necessria a integrao de materiais isolantes. A soluo construtiva estudada encontra-se representada, em corte esquemtico, na figura 9.7.

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Espao de ar (2cm)

Bloco de beto celular autoclavado (17,5cm) Reboco tradicional (1,5cm)

Tijolo macio (7cm)

Figura 9.7 Parede dupla com pano exterior em alvenaria de tijolo macio com face vista e pano interior em alvenaria de blocos de beto celular autoclavado (Par4)

9.2.5. Parede ventilada, com elemento de suporte em alvenaria de blocos de beto leve e revestimento cermico descontnuo fixado em estrutura metlica 9.2.5.1. Apresentao da tecnologia construtiva A fachada ventilada uma tecnologia que surgiu da procura de solues para a envolvente vertical cada vez menos espessas e, por conseguinte, mais leves, compostas por uma srie de camadas com funes cada vez mais especficas. Esta tecnologia tanto pode ser integrada na construo de edifcios novos, como apresenta grande potencialidade de ser aplicada na reabilitao de fachadas que apresentam problemas de isolamento trmico, acstico, impermeabilizao ou de fissurao. Esta tecnologia composta pelo elemento de suporte geralmente uma parede simples de alvenaria , pelo isolante contnuo pelo exterior que na maior parte das vezes a espuma de poliuretano projectado e pelo revestimento descontnuo cermico, vidro, OSB, etc. que fixado ao elemento de suporte atravs de uma estrutura metlica. O espao de ar formado entre o revestimento e o isolante ventilado, o que contribui para a remoo da humidade existente nesse local proveniente da chuva ou formada por condensao. Podem assim, ser utilizados isolantes que, por serem mais sensveis humidade, no so utilizados correntemente nas solues de isolamento da envolvente exterior por exemplo, cortia e fibra de coco. O revestimento descontnuo actua como uma barreira que protege o isolante e o elemento de suporte das aces exteriores vento, radiao solar, gua, etc. Deste modo, assegura-se uma maior durabilidade para os materiais que compem os elementos verticais do edifcio. Com a camada isolante contnua evitam-se pontes trmicas e condensaes, dotando o edifcio de uma maior qualidade e conforto. Ao nvel das reservas, h a destacar, relativamente tecnologia convencional, o custo de construo mais elevado que, no entanto, poder ser compensado por uma manuteno com

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menores custos: este tipo de revestimento, ao ser composto por uma srie de elementos independentes, permite a fcil substituio/reparao das peas danificadas. Para informao mais detalhada acerca desta tecnologia, consultar o captulo 6.2. Nas figuras 9.8 e 9.9 apresenta-se, respectivamente, o aspecto de uma parede ventilada durante uma das fases de construo e aps a sua concluso.

Figura 9.8 Aspecto de uma parede ventilada com isolamento em espuma de poliuretano e revestimento descontnuo em vidro fixado em estrutura metlica, durante a fase de colocao do revestimento

Figura 9.9 Aspecto de uma parede ventilada com isolamento em espuma de poliuretano e revestimento descontnuo em vidro fixado em estrutura metlica, aps a concluso dos trabalhos

9.2.5.2. Descrio da soluo construtiva Na soluo construtiva em estudo, o elemento de suporte em alvenaria de blocos de beto leve com agregados de argila expandida com 20cm de espessura. Sobre a superfcie exterior do elemento de suporte est fixada a camada isolante contnua em aglomerado negro de cortia com 2,5 cm de espessura. O revestimento composto por peas cermicas com 1cm de espessura que se encontram fixadas ao elemento de suporte atravs de uma estrutura metlica. A soluo construtiva estudada encontra-se representada, em corte esquemtico, na figura 9.10.

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Aglomerado negro de cortia (2,5cm) Estrutura de fixao em ao galvanizado Bloco de beto leve 50x20x19cm Reboco tradicional (1,5cm) Revestimento cermico

Figura 9.10 Parede ventilada com elemento de suporte em alvenaria de blocos de beto leve e revestimento cermico descontnuo fixado em estrutura metlica (Par5)

9.2.6. Parede com estrutura metlica leve 9.2.6.1. Apresentao da tecnologia construtiva A procura de tecnologias construtivas mais sustentveis tem levado ao aparecimento de solues mais leves e com maior grau de industrializao. As solues construtivas com estrutura de perfis metlicos, obtidos por moldagem a frio de chapa galvanizada de ao de pequena espessura, constituem um dos caminhos seguidos para a satisfao desses desgnios. Esta tecnologia apresenta, relativamente tecnologia convencional, maior grau de industrializao do processo construtivo, pelo que est associada utilizao mais racional de recursos materiais e mo-de-obra. A sua baixa massa, torna-a adequada a locais em que a distncia de transporte dos materiais e componentes de construo elevada. Esta tecnologia, por integrar espessas camadas isolantes, contribui para a reduo das perdas e ganhos de calor. No entanto, a sua baixa inrcia trmica dever ser compensada, em locais com grandes amplitudes trmicas e sistemas intermitentes de condicionamento da temperatura do ar, pela integrao de outros elementos construtivos por exemplo pavimentos de elevada massa. Esta uma tecnologia relativamente recente em Portugal, existindo ainda carncias ao nvel de mo-de-obra especializada, o que a torna ainda pouco competitiva em termos de custo de construo. Por outro lado, a sua durabilidade ainda desconhecida. No final da sua vida til, devido ao facto das ligaes entre os diversos componentes serem mecnicas, o processo de desconstruo simples e o potencial de reutilizao elevado. Informao mais detalhada acerca desta tecnologia pode ser encontrada no captulo 5.2. Nas figuras 9.11e 9.12 encontram-se apresentados dois aspectos deste tipo de tecnologia durante a fase de construo.

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Figura 9.11 Aspecto do interior de uma parede com estrutura de perfis metlicos leves, em fase de construo antes da colocao da l de rocha e da execuo do revestimento interior

Figura 9.12 Aspecto da face exterior de uma parede com estrutura de perfis metlicos leves, em fase de construo durante a fixao do EPS s placas OSB

9.2.6.2. Descrio da soluo construtiva A estrutura da parede formada por perfis leves de ao com 14 cm de altura. O revestimento interior composto por duas camadas de painis de gesso cartonado, fixadas mecanicamente estrutura de ao, com espessura total de 2,5 cm. O revestimento exterior composto pelo revestimento estrutural e pelo revestimento compsito de isolamento trmico contnuo pelo exterior. O revestimento estrutural formado por painis OSB, com 1,2cm de espessura, fixados mecanicamente estrutura. Sobre os painis OSB fixada a camada isolante poliestireno expandido moldado em placas com 1cm de espessura, seguindo-se, por fim, o reboco armado de ligantes minerais com 1cm de espessura. A cavidade formada entre os revestimentos interior e exterior preenchida por camadas de mantas de l de rocha, que perfazem uma espessura total de 14 cm. A soluo construtiva estudada encontra-se representada, em corte esquemtico, na figura 9.13.Mantas de l de rocha (14cm) Perfil de ao galvanizado 2xPainel de gesso cartonado (2x1,25cm)

Painel OSB (1,2cm) Poliestireno expandido moldado em placas (1cm)

Reboco de ligantes minerais armado (1cm)

Figura 9.13 Parede com estrutura em perfis leves de ao (Par6)

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Quadro 9.2 Resumo das caractersticas tcnico-funcionais mais importantes de algumas solues construtivas para paredes exteriores Massa (kg/m2) PEC(kW.h/m2)

Soluo construtiva

Dn,w (dB)

U(W/m2.C)

Largura (cm)

Custo (/m2)

Perfil sustentvel

Par1 (referncia) descrio em 9.2.1 Im 279 197 51 0,70 33,00 46,68 IDn,w Ieo IPEC IU Icc

Par2 descrio em 9.2.2 Im 909 169 59 0,65 47,50 125,92 IDn,w Ieo IPEC IU Icc

Par3 descrio em 9.2.3 Im 220 159 49 0,60 28,50 41,75 IDn,w Ieo IPEC IU Icc

Quadro 9.2 (cont.) Resumo das caractersticas tcnico-funcionais mais importantes de algumas solues construtivas para paredes exteriores Massa (kg/m2) PEC (kW.h/m2) Dn,w (dB) Ln,w (dB) Umed (W/m2.C) Custo (/m2)

Soluo construtiva

Perfil sustentvel

Par4 descrio em 9.2.4 Im 280 244 50 0,65 28,00 77,55 IDn,w Ieo IPEC IU Icc

Par5 descrio em 9.2.5 Im 225 234 51 0,65 35,00 135,80 IDn,w Ieo IPEC IU Icc

Par6 descrio em 9.2.6 Im 76 171 51 0,23 19,60 133,40 IDn,w Ieo IPEC IU Icc

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9.3.

Resultados obtidos

Os resultados obtidos encontram-se apresentados no quadro 9.2.

9.4.

Discusso dos resultados

Analisando os resultados obtidos na aplicao da metodologia MARS-SC s seis solues construtivas para paredes exteriores, verifica-se que, dentro desta amostra e de acordo com os parmetros analisados, a soluo construtiva mais sustentvel a Par6 parede com estrutura de perfis leves de ao , enquanto que a soluo construtiva menos sustentvel a Par2 parede dupla com pano exterior em alvenaria de pedra aparelhada e pano interior em alvenaria de tijolo furado. No quadro 9.3, apresentam-se as solues construtivas ordenadas por ordem decrescente de sustentabilidade. As caractersticas que mais contribuem para que a soluo construtiva Par6 (parede com estrutura metlica leve) seja a mais sustentvel so: a baixa massa, a baixa espessura e o bom isolamento trmico. Em contrapartida apresenta um custo de construo que cerca de 185% superior ao custo da soluo de referncia. No entanto, numa anlise econmica global, que aborde as diversas fases do ciclo de vida de um edifcio, esta diferena poder vir a ser atenuada, devido principalmente aos seguintes factores: a menor massa permite importantes poupanas ao nvel das fundaes; a menor espessura permite a maximizao das reas interiores vendveis; o superior isolamento trmico potencia a diminuio do consumo de energia convencional necessrio manuteno da temperatura interior dentro de valores confortveis; no final da vida til do edifcio, o processo de desconstruo possvel e simples pois os diversos elementos esto ligados mecanicamente entre si , o que potencia a reutilizao de elementos que se encontrem em bom estado e a reciclagem o ao 100% reciclvel.Quadro 9.3 Solues construtivas para paredes, ordenadas por ordem decrescente de sustentabilidade Posio 1 2 3 4 5 6 Soluo construtiva Par6 Par3 Par1 Par4 Par5 Par2 Menos sustentvel Mais sustentvel

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A soluo construtiva Par3 (parede simples com reboco armado sobre isolante contnuo pelo exterior) a mais equilibrada, pois melhor do que a soluo de referncia ao nvel de praticamente todos os parmetros. Apresenta apenas alguma desvantagem no isolamento sonoro. O menor isolamento sonoro justificado pelo facto de ser um elemento simples. de salientar que o isolamento trmico pelo exterior potencia a correco e a preveno de pontes trmicas, pelo que se se tivesse em conta este factor, a diferena ao nvel do isolamento trmico seria substancialmente superior. Como se pode verificar, a soluo construtiva convencional Par1 (parede dupla de alvenaria de tijolo vazado) no est mal posicionada na amostra analisada. O seu baixo custo e o desempenho equilibrado em todos os parmetros analisados, justificam a sua actual expresso na construo de edifcios. No entanto, preciso no esquecer que esta tecnologia est associada produo de grande quantidade de resduos durante as fases de construo e demolio, o que corresponde a um grande desperdcio de recursos. A soluo construtiva Par4 (parede dupla, com pano exterior em alvenaria de tijolo macio com face vista e pano interior em alvenaria blocos de beto celular autoclavado) est associada a um maior investimento inicial cerca de 66% superior ao da soluo de referncia sem que tal se reflicta na melhoria significativa de algum dos restantes parmetros analisados. A nica vantagem que a sua espessura ligeiramente inferior da soluo de referncia. O pano em alvenaria de tijolo macio cuja funo principal a de proteger o pano de beto celular autoclavado contribui significativamente para a massa e energia primria da parede, prejudicando, na mesma medida, a sustentabilidade desta soluo. Na amostra analisada, a soluo que apresenta maior custo de construo a Par5 (parede ventilada). Nesta soluo, o investimento inicial superior em cerca de 190% ao da soluo de referncia, sem que esta diferena se reflicta na melhoria significativa de algum dos restantes parmetros analisados. A maior parte do seu custo de construo est associada estrutura metlica de fixao e ao revestimento exterior. Em contrapartida, este tipo de revestimento potencia a diminuio dos custos de manuteno da fachada, pois permite a fcil substituio de alguma pea que esteja danificada. No final da sua vida til a estrutura metlica pode ser reutilizada se o seu estado de conservao o permitir ou 100% reciclada. A soluo construtiva Par2 (parede dupla, com pano exterior em alvenaria de pedra aparelhada e pano interior em alvenaria de tijolo vazado) revelou-se a menos sustentvel, fundamentalmente devido ao facto da sua massa e espao ocupado serem substancialmente superiores aos das restantes solues. A integrao desta soluo em paredes no estruturais no apresenta qualquer vantagem, a no ser que se pretenda o aproveitamento arquitectnico do aspecto da pedra. No entanto, existem solues de revestimento compostas por placas de pedra, cujo aspecto se assemelha ao desta soluo, e que permitem uma utilizao mais racional de recursos.

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PARTE IV CONCLUSES E PERSPECTIVAS FUTURAS CAPTULO 10 CONSIDERAES FINAIS

10.1. ConclusesNeste captulo apresenta-se uma sntese dos principais assuntos abordados e desenvolvidos ao longo deste trabalho. Embora se tenham efectuado nos captulos anteriores sucessivas aluses a aspectos relacionados com a problemtica da sustentabilidade na construo e a tecnologias que permitem que a Construo seja cada vez mais compatvel com os desgnios do desenvolvimento sustentvel, procede-se aqui a uma sinopse dos considerandos mais importantes, no obstante as concluses da aplicao da metodologia da avaliao da sustentabilidade de solues construtivas a pavimentos e a paredes exteriores j terem sido referidas no final do oitavo e nono captulo, respectivamente. Deste modo, embora no seja um propsito explcito, podem porventura aqui surgir algumas repeties de assuntos j salientados nos captulos anteriores, no sentido de enfatizar a importncia dos mesmos no contexto da Construo Sustentvel. A Construo, nomeadamente o sector dos edifcios, um dos sectores econmicos mais importantes em Portugal. No entanto, est demasiadamente associada a tecnologias construtivas pouco evoludas, a processos de construo tradicionais e a mo-de-obra no qualificada, pelo que responsvel por um grande impacte ambiental, com grande potencial em ser reduzido. Na Parte I deste trabalho discutido o impacte ambiental da Construo, principalmente do sector dos edifcios, sendo identificados os principais recursos e produtos directa e indirectamente associados. Para cada um dos recursos e produtos so enumeradas algumas solues que potenciam a diminuio desse impacte. Estas solues devero ser consideradas pela Equipa de Projecto, fundamentalmente durante a Fase de Projecto. A compatibilizao do desenho dos edifcios com as condies climticas do local desenho passivo bem como a integrao de certas tecnologias, como os sistemas solares de aquecimento de gua, sistemas de sombreamento e os painis fotovoltaicos, so algumas das respostas possveis.

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Na Parte II so apresentadas algumas razes para o atraso relativo da Indstria da Construo relativamente s demais indstrias, bem como as evolues espectveis no domnio dos produtos, materiais e processos desta indstria. Os factores mais relevantes, que se apontam para este atraso significativo so: factores econmicos, a baixa qualificao dos operrios da Construo e a falta de formao dos tcnicos da Construo. Nesta Parte, so tambm apresentados alguns sistemas construtivos no convencionais, que so correntemente considerados mais sustentveis do que os convencionais: sistemas construtivos em terra Adobe, Taipa e BTC; sistemas construtivos em estruturas metlicas leves LGSF (Light Gauge Steel Framing); e sistemas construtivos em beto celular autoclavado. Para cada sistema construtivo so discutidos alguns aspectos relacionados com as suas caractersticas tcnicofuncionais (constituio, processo construtivo, comportamento estrutural, comportamento trmico, isolamento sonoro, resistncia ao fogo, sustentabilidade ambiental, construtibilidade, disponibilidade e custo) e so apresentadas algumas vantagens desses sistemas, bem como as dificuldades adjacentes sua implementao, relativamente ao sistema construtivo convencional. Neste domnio destacam-se as vantagens dos sistemas construtivos que utilizam solues construtivas leves na envolvente a par de solues construtivas pesadas com funes de armazenamento trmico, no interior. Atendendo influncia da envolvente no consumo energtico dos edifcios, no final desta Parte destacam-se duas tecnologias construtivas no convencionais para as paredes exteriores: a parede de Trombe e a fachada ventilada. A parede de Trombe actualmente uma das solues construtivas mais utilizadas no projecto solar passivo, enquanto que a fachada ventilada corresponde evoluo do conceito de fachada, no sentido de solues cada vez menos espessas e, por conseguinte, mais leves; compostas por uma srie de camadas com funes cada vez mais especficas. Atendendo necessidade premente em se distinguir a sustentabilidade das diversas solues construtivas disponveis no mercado, com vista seleco daquelas que potenciam um futuro mais sustentvel para a Construo, encontram-se desenvolvidos ou em fase de desenvolvimento, em alguns pases onde a sustentabilidade j ganhou o merecido destaque, algumas ferramentas e sistemas de avaliao da sustentabilidade dos edifcios: o BREEM (Building Research Establishment Environmental Assessment Methode); o LEED (Leadership in Energy & Environmental Design); GBTool (Green Building Challenge); entre outros. Estes sistemas encontram-se sobretudo orientados para a avaliao do desempenho ambiental dos edifcios, numa perspectiva global, e para as solues construtivas especficas do pas de origem. deste modo necessrio desenvolver metodologias especficas para a avaliao da sustentabilidade global dos edifcios portugueses, ou ento, criar bases de dados, que renam as principais caractersticas das solues construtivas convencionalmente utilizadas em Portugal, para que se possam utilizar as ferramentas e sistemas j existentes. Assim, na Parte III desenvolveu-se uma metodologia especfica para a avaliao da sustentabilidade de solues construtivas qual se a atribuiu a designao de MARS-SC (Metodologia de Avaliao Relativa da Sustentabilidade de Solues Construtivas). Esta metodologia aborda trs grupos de parmetros: ambientais, funcionais e econmicos. O nmero de parmetros analisados dentro de cada grupo poder ser ajustado em funo das caractersticas especficas de cada soluo construtiva, das suas exigncias funcionais, dos objectivos da avaliao e dos dados disponveis. Neste trabalho, a metodologia foi aplicada a algumas solues construtivas convencionais e no convencionais para pavimentos e paredes exteriores. Neste estudo foram considerados na avaliao da sustentabilidade das solues construtivas dois parmetros ambientais: massa da

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soluo e energia primria incorporada (PEC); trs parmetros funcionais: isolamento sonoro a sons de conduo area, isolamento sonoro a sons de percusso (s nos pavimentos), isolamento trmico e espao ocupado (s nas paredes); e um econmico (custo de construo). Ao nvel dos pavimentos foram analisadas cinco tecnologias construtivas distintas: pavimentos aligeirados de vigotas pr-esforadas e blocos de cofragem cermicos; pavimentos em laje macia de beto armado; pavimentos em painis alveolares prefabricados de beto armado; pavimentos mistos com cofragem metlica colaborante; e pavimentos em madeira. Relativamente aos parmetros considerados nesta avaliao, os resultados obtidos apontam para a maior sustentabilidade das solues com cofragem metlica colaborante, que apresentam como maiores vantagens a baixa massa e baixa energia incorporada (PEC) e como maior reserva o superior custo de construo, relativamente soluo convencional: laje aligeirada de vigotas pr-esforadas e blocos cermicos de cofragem. Os pavimentos de madeira so a tecnologia mais compatvel com o meio ambiente, pois dentro da amostra analisada so os que apresentam menor massa e menor PEC. No entanto, no so a tecnologia mais sustentvel, devido principalmente ao seu custo muito elevado. Ao nvel das paredes exteriores foram analisadas cinco tecnologias construtivas diferentes: parede dupla de alvenaria de tijolo vazado; parede dupla, com pano exterior em alvenaria de pedra aparelhada e pano interior em alvenaria de tijolo vazado; parede simples com reboco armado, sobre isolante contnuo pelo exterior; parede dupla, com alvenaria de tijolo macio com face vista e pano interior em alvenaria de blocos de beto celular autoclavado; parede ventilada, com elemento de suporte em alvenaria de blocos de beto leve e revestimento cermico descontnuo fixado em estrutura metlica; parede com estrutura em perfis leves de ao. Os resultados apontam, relativamente aos parmetros analisados, a parede do tipo sanduche com estrutura metlica leve como a soluo mais sustentvel. Este tipo de tecnologia permite a reduo da quantidade de matria-prima e energia incorporadas nos edifcios, sem com isso comprometer a funcionalidade exigida s paredes exteriores. Por outro lado, apresenta maior potencial de reutilizao e/ou de reciclagem do que a soluo convencional para as paredes exteriores: parede dupla de alvenaria de tijolo. O custo mais elevado e o desconhecimento do comportamento desta tecnologia a longo prazo so apontados como as principais barreiras sua difuso em Portugal. A curto prazo, pensa-se que a tecnologia de fachada com parede simples e isolamento trmico contnuo pelo exterior ir assumir a liderana no conjunto das solues para paredes exteriores. O custo ligeiramente inferior, a menor massa, a menor PEC e a maior possibilidade em corrigir as pontes trmicas, so os principais factores que potenciam a utilizao desta tecnologia, em detrimento da tecnologia convencional.

10.2. Perspectivas futurasA sustentabilidade no domnio da Construo ainda uma temtica bastante recente em Portugal. Grande parte das empresas deste sector, bem como a populao portuguesa em geral, no esto convenientemente informados acerca das vantagens individuais e colectivas adjacentes Construo Sustentvel. Noutros pases mais desenvolvidos, como por exemplo, na Dinamarca, Sucia, Noruega, Austrlia e Inglaterra, esta temtica deixou de ser h muito tempo uma bandeira exclusiva dos ambientalistas, sendo actualmente um dos aspectos com grande peso na avaliao da qualidade global de um imvel. A sustentabilidade na construo tem-se afirmado nesses pases como uma mais-valia que tem potenciado as vendas de solues com o rtulo sustentvel. Em Portugal, ainda h muito a fazer neste domnio. Em primeiro lugar ser - 217 -

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necessrio sensibilizar a populao para as consequncias que o rumo actual tem e ter para a sua qualidade de vida e para a qualidade de vida das geraes futuras. A partir desse momento as empresas sero obrigadas a adaptarem-se aos novos desgnios dos utilizadores, sob a pena de no sobreviverem num mercado cada vez mais competitivo. Portugal correr o risco de no cumprir os objectivos traados pelo Protocolo de Quioto, no qual foi signatrio, pelo que o Estado, como entidade interessada, dever assumir a maior parte da responsabilidade na consciencializao da populao, atravs da realizao de campanhas elucidativas. Outra via possvel passa pela publicao de novos documentos normativos mais exigentes no domnio do consumo energtico e na gesto de resduos na Construo. A partir do momento em que o rtulo Construo Sustentvel se afirme em Portugal como uma mais-valia na venda dos produtos da Construo, caber ao Estado a criao de um organismo com competncias fiscalizadoras neste domnio, pois este rtulo poder estar a ser utilizado falaciosamente por algumas empresas, o que poder pr em causa todo este processo. Neste momento, podero existir no mercado alguns produtos intitulados sustentveis e que na realidade no apresentam quaisquer vantagens relativamente aos produtos convencionalmente utilizados, podendo at apresentar certos inconvenientes. Tambm necessrio encetar vrias medidas para evitar certos erros do passado, que tiveram lugar em alguns pases mais desenvolvidos, onde o conceito de Construo Sustentvel foi desvirtuado pelos mais fundamentalistas e ficou quase que irremediavelmente associado construo compatvel com o meio ambiente, mas pouco funcional e com elevados custos de operao e manuteno. Tambm aos projectistas Arquitectos e Engenheiros caber parte das responsabilidades neste domnio, atravs da seleco de tecnologias que potenciem a compatibilizao da Construo, principalmente o sector dos edifcios, com o meio ambiente, sociedade e economia. A maior parte das tecnologias construtivas disponveis no mercado que permitem aproximar a Construo dos objectivos traados para o desenvolvimento sustentvel, apresentam um custo econmico de construo superior ao das tecnologias convencionalmente utilizadas. Se no entanto, para alm do valor acrescentado relacionado com o seu menor custo ambiental, estas tecnologias apresentarem menores custos econmicos durante as restantes fases do seu ciclo de vida, a sua procura tender a aumentar. medida que a procura for aumentando, o nmero de empresas interessadas em comercializar essas tecnologias ir aumentar. Desse modo, uma concorrncia audaz e tecnologicamente evoluda ser incentivada a melhorar a sua produtividade e consequentemente os preos diminuiro. A utilizao de equipamentos que permitem o aproveitamento de recursos endgenos da Terra (sol, vento, etc.) ser generalizada com a diminuio dos custos. Em Portugal, apesar do atraso relativo da indstria da construo, estas preocupaes tendero paulatinamente a ser introduzidas nos Projectos de Construo, pois as consequncias do rumo actual sero irreversveis, com custos extremamente elevados para a Humanidade. Em suma, espera-se que as prticas aconselhadas, a metodologia MARS-SC desenvolvida e os resultados obtidos sejam um contributo para os diversos intervenientes da Construo, nas tomadas de deciso que potenciem a realizao de edifcios cada vez mais sustentveis.

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GLOSSRIO-CConduo: a transferncia de calor no seio de um corpo ou entre dois corpos em contacto directo. Essa transferncia efectua-se sem a deslocao de matria. O fluxo de calor no seio de um material depende da diferena de temperaturas verificada entre as faces do material e da sua condutibilidade trmica (W/m.C). Condutibilidade trmica (): uma propriedade trmica tpica de um material que igual quantidade de calor por unidade de tempo que atravessa uma camada de espessura e rea unitrias desse material por unidade de diferena de temperatura entre as suas duas faces. Conveco: a transferncia de calor entre a superfcie de um slido e de um fludo lquido ou gasoso. Essa transferncia acompanhada por um deslocamento de matria.

-EEficcia luminosa (fonte OSRAM Light@work glossary/dictionary em www.osram.com): A eficcia luminosa (lm/W) exprime a eficincia com que a energia elctrica convertida em luz. Este factor pode atingir na teoria, quando toda a energia convertida em luz visvel, o valor mximo de 683 lm/W. Na prtica, este factor assume valores na ordem dos 10 a 150 lm/W.

-FFactor de absoro energtica dos envidraados: um factor que traduz, em relao ao fluxo energtico total, a quantidade de energia que absorvida pelo envidraado. Factor de reflexo energtica dos envidraados: um factor que traduz, em relao ao fluxo energtico total, a quantidade de energia que reflectida. Factor de reflexo luminoso: um factor que traduz, em relao ao fluxo luminoso incidente, a quantidade de fluxo luminoso que reflectido. Factor solar: O factor solar de um vidro a razo entre a energia total que entra num local atravs desse vidro e a energia solar incidente. Esta energia solar a soma da energia solar que entra por transmisso directa com a energia transmitida para o ambiente interior pelo vidro aps o seu aquecimento por absoro energtica. Factor de transmisso energtica dos envidraados: um factor que traduz, em relao ao fluxo energtico total, a quantidade de energia que transmitida. - 223 -

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Factor de transmisso luminoso: um factor que traduz, em relao ao fluxo luminoso incidente, a quantidade de fluxo luminoso que transmitido.

-RRadiao: a transferncia de calor que resulta de uma troca de calor por radiao entre dois corpos que se encontram a temperaturas diferentes. Nas temperaturas ambientes, esta radiao situa-se nos infravermelhos, com comprimentos de onda superiores a 5 m e proporcional emissividade dos corpos. A emissividade uma caracterstica da superfcie dos corpos e quanto menor for a emissividade de um material, mais reduzida a transferncia de calor por radiao. Reflectncia (fonte OSRAM Light@work glossary/dictionary em www.osram.com): A reflectncia um factor que exprime a capacidade dos materiais em reflectir a luz. Esta propriedade caracterizada atravs do factor de reflexo (). Este factor expressa a relao entre o fluxo luminoso reflectido pelo material e o fluxo luminoso incidente ( = /0). O quadro seguinte apresenta a reflectncia () de algumas materiaisCorBranco Amarelo claro Verde claro, rosa Azul Cizento claro Castanho claro Cinzento Vermelho escuro Preto 0,8 0,7 0,4 0,4 0,4 0,3 0,2 0,1 0,1

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