análise comparativa do desenvolvimento econômico entre ... · que abarque os três países ......

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Centro Universitário de Belo Horizonte Bacharelado em Relações Internacionais Análise Comparativa do Desenvolvimento Econômico entre Argentina, Chile e Colômbia Karoline Nair de Oliveira Belo Horizonte 2007 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com

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Centro Universitário de Belo HorizonteBacharelado em Relações Internacionais

Análise Comparativa doDesenvolvimento Econômico entre

Argentina, Chile e Colômbia

Karoline Nair de Oliveira

Belo Horizonte2007

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Karoline Nair de Oliveira

Análise Comparativa doDesenvolvimento Econômico entre

Argentina, Chile e Colômbia

Monografia apresentada no programa deBacharelado em Relações Internacionaisdo Centro Universitário de Belo Horizontecomo requisito parcial para a obtençãodo título.Orientador: Alexandre César Cunha Leite.

Belo Horizonte2007.

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Karoline Nair de OliveiraAnálise Comparativa do Desenvolvimento Econômico entre Argentina, Chile eColômbia

Monografia apresentada ao Programa de Bacharelado em Relações Internacionais doCentro Universitário de Belo Horizonte.Belo Horizonte, 2007.

Alexandre César Cunha Leite (Orientador) – UNI-BH

Sylvia Marques – UNI-BH

Alexandra Nascimento – UNI-BH

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Resumo

Esta monografia realizou um estudo bibliográfico sobre o Desenvolvimento Econômico

comparado entre Argentina, Chile e Colômbia. O objetivo foi descrever como foi o

desenvolvimento destes países no período de 1980 a 2000. Foi realizada uma análise de

dados econômicos para corroborar a situação dos países. A pesquisa investigou e

identificou a linha de pensamento econômicos seguida pelos países e o que isso causou à

economia interna. O resultado mostra que as políticas econômicas adotadas são de cunho

neoliberal e que o resultado social foi menor que o desejado.

Palavras-chaves: política econômica, Argentina, Chile, Colômbia, Neoliberalismo,

sociedade.

Abstract

This essay shows the bibliographic study about the Comparison of Economic Development

between Argentina, Chile and Colombia. The main purpose is to describe how the

Economic Development was from the year 1985 to 2005. An analysis of the economic data

was performed in order to support the economic situation of those countries. The research

has investigated and identified the path of economic thoughts adopted by the three

countries and the causes to their individual economies as a result. . The result reveals that

the economic policies employed are generally neoliberal and the positive impact for the

society was less effective than expected.

Key-words: economic policies, Argentina, Chile, Colombia, neoliberalism, society.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................6

2 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

2.1 Conceito de Desenvolvimento Econômico...................................................................112.2 Neoliberalismo versus Estado de Bem-estar Social ...................................................17

3 HISTÓRICO DOS PAÍSES

3.1 A transição ao Neoliberalismo ....................................................................................213.2 Argentina.......................................................................................................................233.3 Chile...............................................................................................................................333.4 Colômbia........................................................................................................................47

4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ARGENTINA, CHILE E COLOMBIA

4.1. Análise do Conceito de Desenvolvimento Econômico aplicado à realidade dospaíses.....................................................................................................................................54

5. CONCLUSAO ................................................................................................................61

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

6.1 Livros..............................................................................................................................646.2 Artigos............................................................................................................................656.3 Sites.................................................................................................................................68

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico de um Estado é alvo dos mais variados estudos,

concretizados a partir de diversas perspectivas. Não existe um consenso a respeito dos

parâmetros que devem ser observados para mensurar o grau de desenvolvimento de

determinada região, nem da metodologia que deve ser aplicada para atingir os resultados

mais fidedignos.

A complexidade do tema apresenta-se como um desafio para analistas e profissionais da

área econômica que trabalham com parâmetros econômicos e sociais, tais como a saúde, o

acesso à educação e a renda per-capita nacional, dentre outros.

Devido à dimensão desta atividade acadêmica, apresenta-se inviável analisar uma extensa

área geográfica ou um elevado número de países sitos em diferentes continentes. Assim

sendo, torna-se evidente a necessidade de delimitar o escopo desta pesquisa e escolher

apenas um escasso leque de Estados que se correspondam com o alvo deste estudo. Foi

determinado, como será devidamente justificado posteriormente, o estudo da Argentina, da

Colômbia e do Chile.

Desta forma, o presente trabalho corresponde-se com uma tentativa de analisar o

desenvolvimento econômico – através do viés doravante adotado1 - de três Estados latino-

1 Diante de todas as opções passíveis de serem aplicadas, foi determinado que o conceito de desenvolvimentoseria a situação de mudança estrutural no padrão de produção, avanço tecnológico, autocrescimento,

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americanos, que, no momento atual, se encontram longe de atingir elevados patamares nos

aspectos econômico-sociais supracitados, ao serem comparados, por exemplo, com

unidades estatais pioneiras, tais como os EUA e grande parte das afiliadas à União

Européia. O período delimitou-se aos anos compreendidos entre a década de 1980 e o ano

de 2000, pois se verifica a implementação do mesmo sistema econômico – o

Neoliberalismo – tanto nos três Estados que serão analisados, quanto nos restantes da

América Latina.

A “hipótese-problema” basilar que determinou a escolha deste assunto pressupõe que os

aspectos inerentes à vertente neoliberal são os responsáveis, em certa medida, pelo atraso

que prejudica o progresso da região em termos desenvolvimentistas. Tal suposição será

sustentada, ou não, na conclusão deste trabalho dependendo dos resultados alcançados.

O objetivo geral consiste em compreender de que maneira foi implementada a política

econômica neoliberal ao longo das décadas mencionadas para abrir um espaço de reflexão

referente aos benefícios e aos problemas que surgiram - ou se intensificaram - com a sua

aplicação. Desta forma, será possível avaliar possíveis alternativas sobre o que poderia –

e/ou pode – ser feito em termos governamentais nos três Estados para sanar os malefícios

estruturais advindos das políticas neoliberais e intensificar os aspectos positivos.

Os objetivos específicos podem ser desdobrados em três propósitos claramente

identificáveis:

modernização política, social e institucional, melhoria das condições humanas, evolução sócio-cultural emelhoria no bem-estar social nacional

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8

1) apresentar o conceito de Desenvolvimento Econômico utilizado e a justificativa da sua

escolha;

2) analisar de forma sintética a política econômica neoliberal nas suas dimensões gerais, e

verificar de que forma ela foi aplicada em cada caso concreto nos Estados escolhidos;

3) buscar entender se as políticas macroeconômicas de longo prazo implementadas são, ou

não, responsáveis pelo patamar de desenvolvimento no qual os países estudados se

encontram.

No que se refere ao estado da arte da pesquisa proposta, não foi encontrada nenhuma obra

que abarque os três países elegidos. Procurou-se, portanto, indagar nos aspectos particulares

de cada conjuntura econômica por separado para chegar a conclusões que se supõem

similares. Isto porque as políticas implementadas foram da mesma natureza; os três Estados

latinos contam com características históricas comparáveis e, ademais, compartilham

influências externas – principalmente norte-americanas.

A justificativa deste texto reside no interesse de verificar se o Neoliberalismo –

hipoteticamente um dos responsáveis da evidente situação de pobreza generalizada,

carências institucionais e desigualdade social presente nas três unidades nacionais em

questão – corrobora-se realmente como principal responsável de tais desajustes e patologias

estatais. O bacharel em Relações Internacionais, antes da edição de analises conjunturais,

deveria investigar acerca das causas que provocam os resultados que sustenta. A

monografia se apresenta, portanto, como uma oportunidade para entender de forma

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detalhada a estrutura econômica presente antes da adoção do Neoliberalismo, e as

mudanças constatadas duas décadas depois do inicio da aplicação do mesmo.

A área econômica é um dos focos do curso, e a que mais atraiu, desde os primórdios do

mesmo, a atenção da autora deste trabalho. Após a participação na Reunião Anual do BID,

em 2006, já foi decidido que o foco do projeto de final de curso seria dentro da área do

desenvolvimento, pois as palestras e discussões presenciadas deixaram dúvidas e

inquietudes que, futuramente, poderiam ser reparadas através de um período de estudo e

dedicação.

A América Latina foi escolhida por se tratar de uma área próxima do dia-a-dia de muitos

brasileiros, e, aplicando a máxima “pensar global, agir local” torna-se mais efetivo

conhecer o que se encontra geograficamente mais próximo da própria realidade para que

possam ser pensadas alternativas econômicas viáveis. O Brasil foi descartado por ter sido

abordado mais profundamente ao longo das matérias próprias para esta finalidade, fato que

não foi possível com todos os Estados da região.

A República Argentina é o segundo maior Estado da América do Sul, apenas superada em

extensão territorial pelo Brasil, seu principal parceiro de comércio exterior.

Tradicionalmente, a Argentina se manteve como um dos países latino-americanos com

melhor nível de vida, apresentando o maior PIB per capita e o mais elevado índice de

desenvolvimento humano. Porém, na chamada década perdida (anos 80, nos quais vigorou

o sistema neoliberal) o país passou por uma prolongada crise econômica, política e social

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que, como será exposto ao longo deste trabalho, aumentou a disparidade entre as classes

sociais e supôs empecilhos para um satisfatório desenvolvimento nacional.2

O Chile foi escolhido por ser considerado pioneiro na liberalização econômica latino-

americana e impulsor da política neoliberal. Atualmente, este país se esforça em manter sua

privilegiada posição no ramo dos mercados livres, ao destacar-se como uma das economias

mais competitivas e globalizadas do mundo. Seu grande defeito reside nas desigualdades

sociais advindas das disparidades de renda entre as camadas mais favorecidas e a maioria

pobre. Tais desigualdades inexistiam antes da década de 70, e surgiram após o golpe de

Augusto Pinochet. Verificar-se-á ao longo dos seguintes capítulos se a adoção do

Neoliberalismo pode ser considerada um dos motivos do atraso desenvolvimentista que

Michelle Bachellet promete reduzir. 3

A Colômbia tornou-se alvo de estudo por se tratar de um caso extremamente peculiar, tanto

no contexto latino-americano como em âmbito internacional. Esta República é considerada

a segunda mais populosa da região, e a terceira mais rica, depois do Brasil e da Argentina.

A política neoliberal, como nos casos anteriormente mencionados, também foi

implementada, mas as autoridades governamentais devem destinar recursos para, além de

atingir os maiores níveis de desenvolvimento possíveis, lutar contra o narcotráfico e dirimir

a presente guerrilha interna e seus nefastos efeitos.4

O procedimento metodológico será a realização de uma análise bibliográfica com a

finalidade de coletar e analisar dados que corroborem ou não a hipótese inicial.

2Retirado de www.historiadelpais.com.ar acessado em 18/12/20073Retirado de www.redchilena.com acessado em 18/12/20074 Retirado de www.ciberamerica.org acessado em 18/12/207

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O estudo está dividido em três partes principais que se correspondem com os capítulos I, II

e III. No capítulo I estarão contidos os conceitos teóricos de Desenvolvimento Econômico e

de Neoliberalismo e que são fundamentais para o embasamento analítico sobre a situação

econômica dos países em questão. O capítulo II apresenta os três países, a partir de uma

ficha técnica de informações político-geográficas e a descrição histórica do período

compreendido entre 1980 e 2000. O capítulo III faz uma análise comparativa dos três

Estados, a qual contribui para a posterior conclusão do estudo.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Conceito de Desenvolvimento Econômico

O desenvolvimento foi, por muito tempo, pensado como um ponto de luz que estava

distante, como que imerso em um longo e escuro túnel. Esta luz, porém, mesmo pequena e

distante, servia para guiar a direção do caminho a ser percorrido pelas nações emergentes

no pós-guerra. Os países do hemisfério sul do continente americano, após se desprenderem

dos laços coloniais, iniciaram uma longa jornada em direção à luz do desenvolvimento.

Para alguns, o ponto iluminado parecia se distanciar a cada passo, e para outros parte do

caminho foi percorrido fazendo com que a luz parecesse menos distante.

A palavra desenvolvimento trás consigo a idéia de evolução e de progresso. Apesar disso, o

termo é bastante recente encontrando-se sua origem no século passado - mais

especificamente ao longo da década de 40, quando o presidente estadunidense Truman

tomou posse de seu cargo e fez um discurso no qual separou países ricos do norte do

hemisfério dos países subdesenvolvidos e dependentes do sul.5

Então, o primeiro sentido da palavra desenvolvimento era o “oposto de

subdesenvolvimento” 6 O subdesenvolvimento era sinônimo de subordinação, subjugação,

5 SACHS, 2000.6 SACHS, 2000.

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discriminação. A partir daí, o significado de desenvolvimento passou a afetar a maneira de

pensar e o comportamento humano. Surgiu uma área de estudo específica para o tema,

pessoas passaram a se dedicar aos entornos do termo, livros foram escritos e várias

instituições criadas.

Segundo Sachs,

“O desenvolvimento descreve um processo pelo qual são liberadas aspotencialidades de um objeto ou de um organismo, para que esse alcance suaforma natural, completa e amadurecida. Daí o uso metafórico do tempo paraexplicar o crescimento natural de plantas e animais. Através desta metáfora, foipossível demonstrar a finalidade do desenvolvimento e muito mais tarde seuprograma. Na biologia, o desenvolvimento, ou a evolução dos seres vivos,referia-se ao processo através do quais organismos atingiam seu potencialgenético: a forma natural daquele ser, prevista pelo biólogo.” (SACHS,2000:62)

O termo passou por um processo gradativo de transição que o levou da área biológica para

a área social, no fim do século VXIII. Desde então, passou a designar uma mudança social

gradual como prova a Lei de Desenvolvimento e bem-estar das Colônias7 Com este sentido,

o conceito ficou associado ao significado de crescimento, e, portanto, se subentende que

para que se alcance o desenvolvimento é necessário que um Estado apresente apenas um

crescimento da renda per capita em suas áreas desprivilegiadas.

7 Lei ditada pela coroa britânica na década de 1940 que descreve os níveis mínimos de saúde, educação,moradia e alimentação necessárias à sua sociedade.

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Com o passar do tempo, houve a necessidade de se diferenciar os dois conceitos:

desenvolvimento e crescimento.

Desenvolvimento Econômico atualmente se apresenta como um tema bastante amplo e por

isso sujeito a ambigüidades, controversas, discussões e questionamentos, podendo inclusive

ter vários significados. Porém, cabe ressaltar que um conceito não necessariamente exclui o

outro. A diferenciação dos significados não chega a ser antagônica. Por outro lado, os

conceitos podem ser até mesmo complementares. O dicionário de Economia de Paulo

Sandroni define o termo da seguinte forma:

“Crescimento econômico acompanhado pela melhoria do padrão de vida dapopulação e por alterações fundamentais na estrutura de economia”.(SANDRONI, 1994:95)

Segundo o autor, o desenvolvimento de cada país depende de características próprias,

inerentes aos mesmos. Porém, algumas mudanças servem de indicadores do

desenvolvimento, tais como o aumento da atividade industrial em relação à agrícola; o

êxodo rural; a queda na taxa de importação de produtos industrializados; a exportação de

produtos primários e menor dependência de ajuda estrangeira.

Por outro lado, Amartya Sen dá uma definição um pouco mais subjetiva ao termo quando o

associa a “um processo de expansão das liberdades reais, das quais as pessoas podem

desfrutar”. (SEN, 2000: 29). Tais liberdades dizem respeito a assuntos que estariam

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relacionados tanto com o crescimento do PIB8, como com o avanço da tecnologia e da

indústria, o aumento de renda, e as disposições do tipo da educação, da saúde, do serviço

público e do direito civil.

Nesse caso, para que o desenvolvimento se verifique é necessário constatar a quebra das

barreiras de privação de liberdade. Exemplo maior disso seria a pobreza econômica, porque

priva as pessoas da liberdade de se alimentarem, habitarem, freqüentarem, se vestirem, se

cuidarem e de realizarem inúmeras outras atividades da maneira que desejam.

A perspectiva adotada por GEEDES (2004) afirma que “convencionou-se chamar de

desenvolvimento econômico a capacidade de buscar o padrão de consumo dos países

desenvolvidos (ricos), ou seja, a idéia de que tal processo trará aos povos em

desenvolvimento (emergentes ou pobres) a possibilidade de que, algum dia, os mesmos

desfrutarão dos modos de vida do poder de compra dos atuais povos ricos (...)” 9

Diferente de desenvolvimento econômico, crescimento econômico significa um aumento

contínuo na renda per capita em longo prazo, o que pode ser entendido também como o

crescimento da produtividade da mão-de-obra10. É a partir desta diferenciação que se viu

necessário uma melhor definição, ou seja, uma definição mais detalhada sobre o que é

8 Produto Interno Bruto, ou seja, soma de todas as riquezas produzidas dentro do território econômico do País,independente de sua origem. O total de bens e serviços gerados por uma região, Estado ou país no período deum ano, calculado a preços deflacionados e convertidos em dólares americanos como padrão de comparação(Glossário IBAMA, 2003). Retirado de http: //www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/index. php3&conteudo.HtmlAcessado em 21/06/2007 às 15h27min9 GEEDES, 2004.10 OLIVEIRA, 2007.

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desenvolvimento econômico. De acordo com Irma Adelman11, o conceito foi incrementado

com o passar dos anos. Isto justamente para permitir uma diferenciação clara e específica

entre a categoria “desenvolvidos” e as outras categorias, como subdesenvolvidos e em

desenvolvimento.

Alcança-se então o conceito dado por ela:

“Uma combinação em boa medida de mudança estrutural no padrão deprodução, avanço tecnológico, autocrescimento, modernização política, social einstitucional, melhoria das condições humanas, evolução sócio-cultural emelhoria no bem-estar social nacional” 12.

Um conceito como esse se faz necessário para evitar que todos os países que sofreram uma

mudança estrutural no pós – 2º Guerra Mundial se encaixassem na categoria de

desenvolvidos. Sendo assim, o fato de que alguns deles terem atingido uma transformação

considerável nos padrões de produção enquanto outros ampliavam consideravelmente seus

mercados consumidores e outros ainda democratizavam suas instituições políticas não faz

de tais países merecedores de serem apontados como tendo alcançado um nível um pouco

maior de desenvolvimento econômico. É imprescindível também, para se atingir o

desenvolvimento econômico, que “os benefícios obtidos pela combinação dos fatores

apontados na conceituação sejam distribuídos à população” 13

11 ADELMAN, 2000.12 ADELMAN, 2000.13 ADELMAN, 2000.

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Como explicito no pensamento de Adelman14, após atingidos os benefícios da mudança

estrutural é necessário que estes sejam distribuídos à população. Os indicadores que serão

usados para a constatação da mudança de estrutura e da distribuição dos benefícios à

população são: a renda per capita anual comparada à taxa de desemprego, PIB e IDH15.

Após a apresentação do conceito de Adelman, foi escolhida a adoção deste conceito como o

mais apropriado, uma vez que a autora foi capaz de propor um conceito que serve,

metaforicamente, como um “filtro”. Essa proposição é mais cabível porque evita que países

que tenham passado por uma pequena mudança estrutural se encaixem na categoria de

desenvolvidos ou em desenvolvimento, o que ocultaria a realidade do sistema internacional

e elevaria as estimativas sobre o número destes países existentes.

14 ADELMANN, 2000.15 O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, foi criado para medir o nível de desenvolvimento humano dospaíses a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (expectativa devida ao nascer)

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2.2 Neoliberalismo versus o Estado de Bem-estar

A doutrina liberal surgiu no século XVIII como forma de denunciar todos os

atentados à liberdade econômica. Nesta época, o mercado era tido como auto-regulador de

suas próprias atividades na esfera econômica e, neste ponto, a atuação do Estado era, de

acordo com os autores liberais, inútil ou prejudicial à economia. O papel do Estado se

resumia, segundo Smith16 em:

“Dever defesa – proteger a sociedade contra a violência e invasão de outrassociedades independentes -, dever de justiça– proteger todos os membros dasociedade contra a injustiça ou opressão de qualquer dos membros da sociedade-, e o dever de erigir e manter obras ou estabelecimentos públicos de onde asociedade retira vantagens.” (ROSANVALLON, 1981).

Não era dever do Estado, de acordo com ele, regular a economia ou nela interferir de

alguma maneira.

Smith considera ainda que os indivíduos sejam inerentemente seres sociais e motivados

pelo desejo de melhorarem sua condição por meio de ganhos materiais. As relações entre

pessoas, assim, é regulamentada pelo mercado e pelos indivíduos. Ao procurarem o melhor

para si, elevam o padrão de toda a sociedade que, por sua vez, decide quem é o melhor

competidor. O bem-estar coletivo surge de uma ação individual e impensada. A teoria de

Smith mostrou, de uma vez por todas, que as paixões humanas eram submetidas a impulsos

16 Adam Smith, autor chamado “pai do liberalismo” foi um filósofo inglês do séc. XVIII. (ROSANVALLON,1981)

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irresistíveis de ganho material e que esse motivo era realmente desejável porque resultou no

mais importante bem para o maior número de pessoas.

O controle social, segundo Smith, é problema do mercado. Esse controle vem do interior de

cada indivíduo ao tornar seu comportamento compatível com o todo social. Não é

importante que esse comportamento seja moral - Smith não discute esses aspectos - dado

que o que o ajusta é o ganho material. Nesse sentido, vê o Estado como detentor de um

poder jurídico e educativo, sendo seu papel, portanto, educar e ditar as regras do jogo do

mercado. Tece, assim, o argumento do estado mínimo. (Carnoy, 1994,38). De acordo com

esse pensamento, o estado perfeito é aquele que permite que o mercado livre cuide da

distribuição da renda e da riqueza. É assim que deve ser o Estado liberal.

Advindo dessa perspectiva surge, depois da Segunda Guerra Mundial, a doutrina do

Neoliberalismo que começou a ser adotado pelos países na década de 70, e com mais afinco

e popularidade nos anos 80. Através de sua Escola Monetarista, Milton Friedman17 sugere

as idéias neoliberais como solução para a crise que atingiu a economia mundial em 1973

por causa do aumento nos preços do petróleo.

Quando surgiu, o Neoliberalismo era uma proposta alternativa ao estado de bem-estar

social, ou intervencionista, o que quer dizer que os direitos sociais eram institucionalizados

pelo estado. O estado era tido pelo Neoliberalismo como aprisionador das liberdades

políticas e econômicas existentes na sociedade. O Neoliberalismo pressupõe que os

17 Retirado de http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=433&Itemid=114Acessado em 15/12/2007

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indivíduos devem se comportar sempre da forma mais competitiva possível visando

maximizar lucros próprios. Resultado disso seria uma economia de mercado livre advinda

da concorrência entre os indivíduos.18

As políticas econômicas, segundo Sodré (SODRÉ, 1996) de cunho neoliberal prevêem:

Ø Mínima participação estatal nos rumos da economia de um país,

Ø Práticas de privatização de empresas estatais,

Ø Abertura da economia para a entrada de multinacionais e de outros tipos de

capitais estrangeiros,

Ø Desburocratização do estado:

Ø Adoção de posicionamento contrário às políticas de tributação excessivas,

Ø Posicionamento contrário a qualquer tipo de política de controle de preços.

Isso por que partem do pressuposto que apenas a oferta e a demanda são

suficientes para regular preços,

Ø Defesa dos princípios do capitalismo,

Ø Não intervenção do Estado no mercado de trabalho,

Ø Liberdade plena para a circulação de capitais,

Ø Ênfase na globalização,

Ø Posicionamento desfavorável quando às práticas protecionistas,

Ø Aumento da produção como pressuposto para fomentar o desenvolvimento

econômico,

Ø Empresas privadas como constituintes das bases da economia.

18 Retirado de http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=433&Itemid=114Acessado em 15/12/2007

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O Neoliberalismo tem como mérito, de acordo os seus adeptos e defensores, o fato de ser

capaz de proporcionar desenvolvimento econômico e social a um país uma vez que permite

que uma maior competição entre as econômicas mundiais. Depois que o mercado interno se

relaciona com o mercado externo das outras economias globalizadas, é necessária a

modernização - por meio do desenvolvimento - e ampliação das bases tecnológicas. A livre

concorrência entre os produtos nacionais e produtos estrangeiros, em teoria, fazem os

preços e a inflação caírem (SODRÉ, 2000).

As maiores críticas advêm dos países chamados de subdesenvolvidos, ou em

desenvolvimento, que afirmam que as multinacionais e as grandes potências econômicas

são as únicas que se beneficiam com as conseqüências do Neoliberalismo. Isso porque após

a adoção das políticas econômicas de cunho neoliberal, verificaram-se acontecimentos

como desemprego, baixos salários, aumento das diferenças sociais e dependência do capital

internacional. (CEPAL, 2000).

Teixeira também critica o Neoliberalismo ao apontar a teoria neoliberal como contraditória.

Segundo ele, para que a função do Estado (apenas ditas as regras de funcionamento da

economia) seja suficiente para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda, é necessário que

a teoria neoliberal mostre condições automáticas de possibilidade de equilíbrio, coisa que

não acontece. (TEIXEIRA, 1998)

Uma forte tarefa é atribuída ao Neoliberalismo no momento de suas origens: destruir o

Estado de bem-estar social. O chamado Estado de bem-estar social, ou Welfare State, assim

como intervencionista (devido às ações de intervenção do Estado na economia) ou

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desenvolvimentista (por causa das políticas sociais e econômicas estatais que devem ser

voltadas ao desenvolvimento social e estrutural do país), era o Estado que tinha por função

agir como protetor, defensor social e organizador da economia. Nesta forma de organização

política, o Estado passa a ser um agente que regulamenta e cuida de todos os aspectos

sociais, políticos e econômicos da vida de sua sociedade, auxiliado por instituições e

sindicato, além de parcerias e associações com empresas privadas. Fiori se refere ao Estado

de Bem-Estar Social como a “forma moderna mais avançada de exercício público da

proteção social”. (FIORI, 2006) Esta postura, a do Welfare State, é justamente aquela

combatida pelo Neoliberalismo.

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3. HISTÓRICO DOS PAÍSES

3.1 A transição ao Neoliberalismo

Para que se entendam os motivos pelos quais os três países abordados no estudo adotaram o

Neoliberalismo na década de 80, é necessário que seja feita uma contextualização histórica

que aborde os acontecimentos precedentes à adoção de políticas de cunho neoliberal e ao

período em questão.

A crise econômica levantada pela queda da Bolsa de Nova York em 1929 e a depressão

capitalista da década de 30, fez surgir questionamentos quanto às posturas intervencionistas

adotadas pelos governos vigentes na América Latina. O primeiro e maior efeito da

depressão sentido pelos países latino-americanos foi uma brusca queda em sua capacidade

de importação (CERVO, 2001). Neste caso, os impostos da exportação foram convertidos

em impostos de importação. Este perfil configurou para a América Latina uma chance de

dar início a um processo de modernização econômica embasado no esforço pela superação

dos efeitos da crise.

“Os setores estratégicos – cimento, siderurgia, comunicação, petróleo e

petroquímica, energia elétrica, nuclear, industrial, aeronáutica, espacial e naval –

foram impulsionados por empreendimentos estatais” 19

19 CERVO, 2001

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Foi nesse sentido que se configurou o estado de bem-estar social que permitiu que a

economia que adotasse o seu modelo, atingisse o desenvolvimento e alavancamento da

economia por meio de políticas de substituição de importações. O Estado

desenvolvimentista põe de lado o liberal-conservadorismo vigente desde o século XIX até a

década de 30 (BIGGS, 1987) e encontra seu ápice entre os anos de 1950 e 1980

aproximadamente.

Na Argentina, as políticas intervencionistas chegaram a seu fim como o governo de

Alfonsín e 1983, pondo fim aos anos de ditadura. No Chile, foi um pouco antes, em 1973,

juntamente com o governo militar e, na Colômbia, foi a partir de 1990, como governo de

César Gaviria.20

Os motivos que levaram ao fim o Estado de Bem-Estar Social foram vários. Ao chegarmos

ao fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlin em 1989, a chamada globalização

fez com que a economia mundial se uniformizasse em questões ideológicas, políticas

sociais e econômicas por meio de um consenso tido como necessário (CERVO, 2001).

Além do mais, o Welfare State já vinha dando sinais de fraqueza e demonstrado falhas,

uma vez que as economias dos países que adotaram as políticas de substituição de

importação mostravam estagnação econômica. A situação era de crise política,

endividamento externo, instabilidade monetária, hiperinflação e baixa produtividade das

empresas estatais.

20 CANO, 2000

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25

A partir deste contexto, os neoliberais foram capazes de influenciar a opinião publica

mundial por meio de argumentos que ressaltavam as falhas dos Estados intervencionistas,

para que assim, a sociedade legitimasse a adoção do Neoliberalismo por meio da eleição

dos candidatos que se posicionavam contra o Estado de Bem-Estar Social. Estava lançada a

semente do Neoliberalismo nos solos latino-americanos, que viria a aflorar logo em

seguida, nas décadas de 80 e 90.21

21 CANO, 2000

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26

3.2 ARGENTINA

Antes de proceder à análise da República Argentina, apresenta-se a seguir um mapa da

região. Desta forma, permite-se a visualização da posição geográfica do país, assim como

suas fronteiras e a divisão administrativa do mesmo.

Figura 1: Mapa da República da ArgentinaFonte: educar.sc.usp.br

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27

FICHA TÉCNICA

Nome: República da ArgentinaCapital: Buenos AiresPopulação: 40.301.927 habitantesÁrea: 2.766.890 km²Moeda: Peso argentinoIdioma: EspanholReligião: Católicos Romanos (92%), Protestantes

(2%), Judeus (2%), Outros (4%)Forma de Governo: RepúblicaImportações: Maquinaria e equipamentos, motor de

veículos, produtos químicos, metalmanufaturado e plástico

Exportações: Óleos, combustíveis e energia, cereais,dentre outros.

Figura 2: Dados gerais da República ArgentinaFonte: www.cia.gov

Se tratando de América Latina, após observarmos os dados apresentados no quadro acima

apresentado, vemos que a Argentina é o segundo maior país do continente em questão em

termos de áreas (corresponde a 13,2% do território) e o quarto mais populoso (7,3% dos

habitantes). Sua capital, Buenos Aires abriga 34% da população. O território é constituído

por três planícies: Chaco, Entre-Rios e Buenos Aires, e o clima vai de subtropical, tropical,

temperado a frio. Na agropecuária destaca-se o cultivo de algodão, cana-de-açúcar, grãos,

uva, além da bovino e ovinocultura22.

22 http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/07/070716_argentinarenunciadt.shtml acessadoem 13/11/2007 às 17h38min

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28

Desde o início do século XX, a Argentina apresenta o maior PIB da América do Sul (em

1998, chegou à quantia de 215 bilhões de dólares 23), o que permite que seus habitantes

ostentem um padrão de vida mais próximo em similaridade aos países desenvolvidos. Este

PIB era constituído principalmente pela agricultura (responsável por 29% do PIB) e pela

indústria de transformação (23%). No período entre - guerras, o país soube aproveitar o

momento para expandir sua produção e investimento (STEIN, 1976).

Com a vitória de Alfonsín para a presidência em 1983, aqueles que ansiavam pelo término

do terror oficial e da censura oriundos da ditadura que o Estado argentino viveu entre os

anos de 1976 e 1983 e, os que pediam melhores condições de vida e de trabalho, menos

inflação e mais desenvolvimento, tiveram suas esperanças repostas pelo novo governo.

Inúmeras foram as tentativas para alcançar o pedido do povo; processaram-se aqueles que

atentaram contra os direitos humanos, tentou-se um ajuste fiscal buscando a estabilização e

retomada do crescimento, resolveram-se pendências territoriais com o Chile, melhoraram-

se os salários e iniciou-se o tratado com o Brasil para uma Zona de Livre Comércio, que

dava origem ao MERCOSUL. Entretanto a inflação continuou subindo aceleradamente e,

com as contas públicas prejudicadas pelo elevado déficit em transações correntes, a opção

política da nação deslocou-se para uma visão mais heterodoxa de enfrentamento à crise e à

inflação.

Em 1985, com o anúncio do Plano Austral – plano que previa a reforma monetária por

meio da conversão do peso argentino em austral -, o governo conseguiu reduzir fortemente

a inflação. Contudo, com a volta do crescimento da inflação em 1987, pressões pelo

23 CANO, 2000.

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29

descongelamento de preços e reajustes salariais aumentaram, exigindo correção do câmbio,

preços e salários, a qual, entretanto, ficou muito aquém da inflação efetiva. (CANO, 2000)

Instalado o Plano Primavera, de 1988, a inflação foi apenas contemporizada, e os acordos

de preços e salários não impediram seu recrudescimento, especialmente após a

desindexação de preços. Todavia, tentando instituir novamente o controle de câmbio

comercial para evitar a fuga de dólar e a troca de ativos, a inflação aumentou quase 15

vezes no ano de 1989, comparado com o ano anterior. Quando a oposição passou a presidir,

com o vitorioso Menem, em Julho de 1989, as agendas das reformas comercial, tributária e

fiscal e da previdência social sofreram severas alterações, principalmente por pressão norte-

americana, decorrente da expectativa eleitoral para que finalmente pudessem negociar a

dívida externa (CANO, 2000).

Dando seguimento ao Plano Primavera, nota-se uma queda razoável no PIB, no

investimento bruto, no comércio externo em geral e no câmbio; além disso, setores de forte

participação no PIB, como a mineração, a indústria de transformação e o setor agropecuário

sofreram grandes quedas. Incluem-se os ramos: têxtil, confecções, calçados, material de

transporte e maquinaria não elétrica os mais severamente atingidos. Entre os ramos de

melhor desempenho, encontram-se a metalurgia básica e papel e celulose.

Com a crise e a retração da agropecuária, a disponibilidade alimentar por habitante também

caiu juntamente com a queda do poder de compra da população. Porém, no plano

educacional indicadores mostram melhorias nas taxas de alfabetização e de matrícula do

Ensino Médio ao Superior, com excepcional elevação de 30% na faixa etária de 18 a 23

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30

anos. Entretanto, observando-se alguns indicadores sociais, é perceptível um aumento da

taxa de desemprego urbano, uma diminuição do número de operários e do salário médio

real da indústria.

Retomando, Menem não teve grandes problemas para vencer as eleições presidenciais de

1989, e, mesmo com sua posse antecipada para Julho, foi capaz preparar o esboço das

reformas neoliberais e do seu primeiro Plano de estabilização. Incluiu-se o Paraguai e o

Uruguai desta vez, juntamente com o Brasil, modificando o Tratado anterior, programando

uma Zona de Livre Comércio para funcionar plenamente em dez anos. Menem ainda

conseguiu reformar a constituição de tal forma a reduzir de seis para quatro anos os

mandatos presidenciais. Contudo, a realização destas e outras políticas neoliberais, como

serão explicadas no capítulo próprio trouxeram vários efeitos colaterais (CANO, 2000).

A deterioração política pela profunda crise econômica, pelas desacelerações da economia

ao longo dos anos e pelos duros efeitos impostos pela “crise brasileira”, trouxe crescentes

deteriorações sociais. A aprovação popular de Menem, bem como a de sua política

econômica, caiu em 50% até o final de 1996, fazendo com que seu partido perdesse as

eleições para a prefeitura de Buenos Aires e várias cadeiras no Congresso.

As idéias gerais da economia neoliberal, instauradas a partir de 1990, aprovadas pelo

Congresso ao final desse ano, têm por princípio básico capacitar o Poder Executivo a

reformar a administração pública. Menem, para que a Argentina tivesse acesso ao crédito o

internacional e a renegociação de sua dívida externa, facilitou o processo de várias

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privatizações e concessões de serviços públicos, atos indispensáveis para uma boa política

de abertura, em que as privatizações têm papel crucial. (CANO, 2000)

Foram alienadas diversas fábricas e setores da economia argentina. Contudo, algumas

vendas não deram resultado, ou por especulação, ou por debilidade financeira dos

compradores, o que levantou várias questões quanto ao processo e gerou críticas, por

exemplo, a pressa com que foi executada, a demora e a precariedade das normas

regulatórias sobre a privatização e a incerteza quanto aos futuros investimentos dos setores

privatizados e seu nexo com a estrutura produtiva, investimento e crescimento do país.

A despeito das privatizações, a dívida externa do governo aumentou e, apesar das pressões

externas para a liberalização econômica, não há duvida que a hiperinflação acelerou o

aprofundamento desta e de outras reformas (GERCHUNOFF, 1995).

A reforma monetária e financeira, em 1991, passou a proibir a indexação de valores, e para

evitar maior fuga de capital estrangeiro, aderiu forma de pagamentos com moeda não

corrente. Em 1992, com uma ligeira baixa da inflação, o governo re-substituiu o Austral

pelo Peso, além disso, passou-se a permitir ao Banco Central maior independência e

autonomia, com a aprovação da nova lei sobre o BC. O tratamento ao capital estrangeiro

conquistara maior grau de liberdade e passou a ter relevância igual ao capital nacional

(CANO, 2000).

A reforma tributária teve o objetivo imediato de atuar sobre a crise fiscal, ficando

responsável pela desoneração das exportações e um ajuste fiscal que pudesse dar conta do

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desequilíbrio estrutural que o endividamento externo e interno gerou nas contas públicas.

Em 1998 encontrava-se no Congresso um projeto de lei propondo varias alterações

tributárias para aumentar essa carga, tendo em vista o retorno dos altos déficits fiscais e as

novas recomendações do FMI (CANO, 2000).

A reforma do mercado de trabalho gerou fortes descontentamentos, principalmente pela

fixação do teto salarial, alteração do período de experiência e incluir na cláusula de justa

causa a demissão por razão econômica. A reforma da previdência social também sofreu

varias mudanças se comparada a governos anteriores, incluindo a repartição da previdência

social em regime publico e repartição privada.

Ao fim destes planos, Menem recebeu em Julho do ano em que foi eleito uma inflação

acumulada de 715%, e a continuação dos mesmos resultaram em outra equivalente no

segundo semestre, totalizando uma hiperinflação de aproximadamente 5000%, juntamente

com uma recessão profunda do PIB, vindo a provocar perda patrimonial aos depositantes

que o fizeram em moeda nacional, dolarizando ainda mais a economia e contribuindo com

demasia para o déficit fiscal de quase 4% (CANO, 2000).

Apontada uma nova equipe econômica, desta vez liderada pelo ministro Cavallo, novas

medidas fiscais foram anunciadas e a expectativa de melhora da economia era alta.

Implantou-se o Plan de Convertibilidad24, tendo como medida principal a ancoragem

24 O Plan de Convertibilidad sancionou uma lei que estabelecia um tipo de cambio fixo, num Mercado decâmbios liberalizados. Esta lei especificava que em todo momento, a base monetária dividida por 10.000 nãopoderia ser superior às reservas extras do Banco Central. Retirado dehttp://www.vanderbilt.edu/econ/conference/gped-conference-06/papers/moraes.pdf acessado em 15/12/2007

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cambial, fixando-a inconstitucionalmente na relação 1:1, ou seja, aproveitou-se da grande

quantidade de dólares em circulação para instalar o sistema de currency board25, que

restringiu a base monetária ao montante das reservas da moeda americana detidas pelo BC.

Assim sendo, a expansão dos meios de pagamento em moeda nacional ficou restrita ao

aumento das reservas e às alterações do encaixe bancário (CANO, 2000).

Outras medidas implementadas no Estado argentino foram os altos juros – que chegaram a

uma média anual de 44% desde 1991 -; a desindexação obrigatória e saldos devedores

sendo convertidos em moeda nacional a uma taxa anterior à conversão feita pelo novo

ministro; congelamento de salários, aluguéis e serviços e acordos com credores externos

para gerar atrasados comerciais e financeiros, para aumentar as reservas de moeda

estrangeira no país, que se valorizava estupendamente (CANO, 2000).

Diminuindo os juros internacionais, a dívida das contas externas e públicas,

conseqüentemente, diminuíam, permitindo ainda forte redução dos juros reais internos.

Assim, o resultado financeiro do governo melhorou também graças ao câmbio, ao controle

da inflação, às privatizações – que deram um efeito positivo à nova economia – e ao forte

crescimento do PIB (GERCHUNOFF, 1995).

O barateamento dos gastos em moeda estrangeira e a profunda alteração dos preços

relativos trouxeram seqüelas graves: a valorização do câmbio e abertura comercial

baratearam e muito as importações e os serviços internacionais – dez novas empresas foram

25 Sistema instituído pelo governo que regula as reservas de moeda nacional e a sua taxa de cambio. Retiradode http://socrates.berkeley.edu/~arunacha/peis101_glossary.doc acessado em 15/12/2007

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privatizadas, a um preço de US$40 bilhões – mas a dívida externa saltou em mais de 20%

num período de quatro anos. Com isso, a diminuição do crédito externo debilitou ainda

mais o sistema, aumentando a inadimplência e explicitando mais ainda o lado financeiro da

crise.

Adiando esta crise financeira, o Banco Central interfere, contratando o Chase Bank, fundo

monetário suíço, para que, se necessário, injete o montante de até US$6,1 bilhões na

economia para tranqüilizar o mercado interno. Recorreu-se também ao FMI, juntamente a

outros apoios externos, aumentando a dívida externa em 60%, desta vez em dois anos

(CANO, 2000).

Tendo as importações de bens de consumo crescido 16 vezes e as de bens de capital nove

vezes, o PIB e as exportações fecharam no período de 1990-1994, até 15 vezes menos que o

total de importações. Com o passar dos anos e o desenfreado crescimento do desemprego,

dos juros e da nova recessão econômica, tornava-se cada vez mais difícil sanar o déficit

público. Ao fim de oito anos, contados a partir a posse de Menem, a dívida externa dobrou

de tamanho, e o saldo das contas externas começou a deteriorar-se.

Após a forte queda do PIB em 1995, o baixo crescimento do ano subseqüente e a expansão

do volume negociado no MERCOSUL, as exportações foram o que seguraram a Argentina

neste impasse econômico entre a grandeza e a falência, sendo o Brasil o maior comprador

de produtos provenientes deste país, aumentando o peso para o lado argentino da balança

comercial entre os dois países. Com a valorização do câmbio brasileiro em 1994, a paridade

cambial peso/real aumentou em 82% até o ano 1996, anulada pela desvalorização do real

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perante a crise asiática de 199926, alterando radicalmente os fluxos comerciais dos dois

países e as próprias bases que sustentam o MERCOSUL. Neste mesmo período, surgiram

rumores que a Argentina preparava sua dolarização plena.

As exportações agropecuárias finalmente conseguem uma maior expressão em relação a

outras exportações, mantendo-se um elevado saldo comercial no setor. A indústria extrativa

mineral também cresceu expressivamente por causa dos elevados aumentos na produção de

petróleo e gás natural, obtendo 3% de participação no PIB. A indústria da construção

também cresceu, recuperando-se da violenta crise da metade da década de 90; contudo, sua

participação no PIB não sofreu alteração. O setor de serviços contribuía com satisfatórios

58% do PIB, elevando a média de crescimento anual do país. Incluem-se positivamente os

setores: indústria de transformação, alimentos, bens de capital e bens duráveis de consumo

(CANO, 2000).

Os indicadores sociais não são favoráveis para esta nova economia: a taxa de desemprego

aberto sobe em diversos setores com participação significativa no PIB – como os citados

acima – por causa das reformas trabalhistas impostas no período, aumentou o número de

empregados informais, o salário mínimo urbano real continua inexpressivo, sendo 45%

abaixo do que era nos últimos vinte anos, a inflação e a falha política previdenciária

corroeram a Previdência Social até a sua metade, a distribuição de renda continua

desbalanceada. O gasto público social não corresponde com a falta de estruturação do país

(FIORI, 2000).

26 Crise cambial e financeira enfrentada por cinco países asiáticos: Coréia Sul, Tailândia, Indonésia, Malásia eFilipinas, durante os anos de 1997 e 1999, que causou forte impacto às suas economias internas, assimtambém como aos seus parceiros comerciais. OTAVIANO, 2006

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36

3.3 CHILE

Como no caso anterior, uma visão geográfica é possibilidade por meio da apresentação do

mapa da República do Chile.

Figura 3: Mapa administrativo da República do ChileFonte: www.comercioexterior.ub.es

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37

FICHA TÉCNICA

Nome: República do ChileCapital: SantiagoPopulação: 16.284.741 habitantesÁrea: 756.950 km²Moeda: Peso chilenoIdioma: EspanholReligião: Católicos Romanos (70%), outros cristãos

(30%)Forma de Governo: RepúblicaImportações: Petróleo e derivados, produtos químicos,

equipamentos de eletricidade etelecomunicação, maquinaria industrial,veículos e gás natural.

Exportações: Cobre, frutas, peixes e derivados, papel,químicos, vinho.

Figura 4: Dados gerais da República do ChileFonte: www.cia.gov/library

O Chile é um país localizado na zona meridional do continente americano e seu território se

apresenta como uma faixa estreita ao longo da Cordilheira dos Andes. Sua importância

mundial reside na abundância de minas de cobre e salitre em seu solo. A rica zona mineral

do norte do país é o único lugar do mundo onde se encontra o salitre em seu estado natural,

de onde se obtém o iodo, cujo Chile é o maior exportador. Cerca de 30 a 40% da população

se dedica aos trabalhos agrícolas realizados no campo. 27Hoje se estima um crescimento

gradual da economia chilena de forma gradativa a uma taxa de 5% aa.28Mas nem sempre

foi assim.

27 http://www.redchilena.com/elpais/economia.asp. Acesso em: 12/11/200728 http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u103224.shtml. Acesso em: 13/11/2007

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38

O golpe militar de 1973 trouxe consigo uma série de atrocidades contra chilenos e

estrangeiros; suspendeu-se a Constituição, dissolveu-se o Congresso, impôs-se a censura e

repressão aos partidos políticos e sindicatos e milhares de pessoas foram contadas mortas,

torturadas ou desaparecidas. (URIBE, 1974) Pinochet, então nomeado chefe e comandante

do poder público executivo, prolongam seu mandato até meados de 1989, responsável, na

época, pelos postos de Chefe do Governo e Comandante do Exército.

Por outro lado, o processo de cooptação política acelerava-se, pois políticas de

descentralização territorial de poderes políticos e administrativos começavam a serem

implementadas, criando novos órgãos impostos pelo novo regime e não pelos antigos

partidos políticos ou instituições sociais. Agrava-se igualmente, com o passar dos anos, as

crises econômicas e sociais, aumentando as pressões políticas e, conseqüentemente,

eclodindo violentas revoltas populares. O regime militar posiciona-se obrigado a reabrir a

atividade político-partidária (BULMER-THOMAS, 1997).

Contudo, a certeza de suas prerrogativas e de seu sucesso foi o que sucumbiu o governo

Pinochet, incorporando à Constituição uma cláusula de plebiscito para que, em 1988, o

povo votasse na continuidade do regime até 1997 em oposição a eleições abertas. Com

54,5% dos votos, o povo chileno decidiu negar a Pinochet o direito de Chefe do Governo e

Estado, repondo o processo eleitoral democrático. Ainda assim, Pinochet manter-se-ia

como Comandante do Exército até 1997 e, daí em diante, Senador Vitalício deste país.

Com a tomada do poder, os militares tentaram, com tremendo fracasso, implantar medidas

neoliberais que não obtiveram apoio da economia, devido a uma recessão profunda.

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39

Instituiriam, portanto, várias reformas tendentes ao Neoliberalismo, examinadas a seguir

(CANO, 2000).

Imposta a nova reforma comercial, a taxa de importação caiu drasticamente, e um subsídio

relevante seria dado aos fabricantes de têxteis, calçados, confecções, bebidas, couro, vidro,

gráfica, produtos de metal e maquinaria não-elétrica, que foram fortemente impactados com

a liberalização.

Igualmente reduzidas foram as barreiras não-tarifárias, sendo trezentos itens proibidos e

mais da metade das posições tarifárias dependiam de aprovação do Banco Central. Por

cinco anos, por exemplo, foi proibida a importação de TV em cores, e a nacionalização de

veículos foi reduzida em 20% em 1979. Para justificar regresso tamanho, trezentas medidas

específicas de incentivo e isenção de tarifas foram implantadas durante o mesmo período,

vindo a perecer no último ano da década de 70 (BULMER-THOMAS, 1997).

A política cambial, que contemplava oito taxas diferentes, ante a permanência de altas taxas

inflacionárias, começaria a se agravar também no mesmo ano, e, com o estancamento das

exportações, a entrada de capital estrangeiro ficava cada vez mais difícil. Combinava-se a

este cenário a criação da Fundação Chile, com recursos provenientes de capital externo no

cunho de US$50 milhões, que exerceria importante papel no desenvolvimento tecnológico

durante o período.

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40

Ao final da década, pensava-se que, com o câmbio estupidamente valorizado e forte

endividamento externo, o crescimento do PIB e a redução da inflação seriam inevitáveis,

porém, medidas nem sempre compatíveis com esse pensamento eram implementadas.

As reformas do sistema financeiro iniciar-se-iam a partir de 1975, reprivatizando bancos,

liberalizando as taxas de juros, desregulamentando o crédito e seus prazos, juntamente com

a criação de novas instituições financeiras livres de restrições. Com isso, empresas

nacionais obtiveram um acesso maior ao financiamento externo via bancos, aumentando

fortemente o grau de endividamento externo privado. O controle efetivo somente teve

sucesso com a promulgação de novas leis a respeito do mercado de valores e sociedades

anônimas (CANO, 2000).

A reforma tributária, implantada no mesmo ano, teve caráter regressivo, pois efetuavam

simplificações burocráticas e fiscais, porém com implantação de novos impostos em

contrapartida a redução de outros – o mais contestado deles, a eliminação do imposto sobre

a riqueza e a alíquota de 20% sobre qualquer tipo de vendas.

O montante arrecadado de impostos sobre importações não se alterou em comparação à

drástica redução de tarifas alfandegárias, por outro lado, a melhoria dos preços do cobre e o

grande aumento de sua produção para exportação ampliava a fatia da contribuição fiscal

das exportações. No entanto, a controversa política de valorização cambial cortaria grande

parte deste efeito, reduzindo a receita fiscal proveniente de comércio com o estrangeiro

que, juntamente com uma hiperinflação, obrigaram os gastos públicos a igual redução.

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41

As privatizações e reprivatizações foram intensas na década de 70. Setores como

agricultura, indústria, extrativismo e serviços se beneficiaram pelo fato de grande parte

desses negócios serem feitos por meio de financiamento externo, que, juntamente com

novos grupos emergentes nacionais, alteraram a composição da estrutura social do poder

econômico (SCOTT, 1997).

No mercado de trabalho, violentas repressões aos sindicatos e a suspensão da negociação

coletiva e permissividade para uma expansão de contratos individuais e flexíveis

contribuíram para um aumento drástico do desemprego. Entretanto, em 1974 foi

reestruturado o subsídio desemprego, que não gerava muitas reclamações por ser bem

generoso com aquele que se encontrasse em tal situação. Repressões estas que diminuíam

com a criação do Plan Laboral29, cujas principais medidas tratavam de dar aos sindicatos

maiores representações dentro das empresas, excluídas algumas estatais e privadas que

participavam de setores essenciais ao desenvolvimento da infra-estrutura, de serviços

básicos e do setor financeiro do Chile.

A previdência social começa a crescer a partir de 1974 com medidas que conduziram a uma

maior unificação de diferentes sistemas e benefícios, inclusive a criação de um sistema de

capitalização privado ao quais todos os novos assalariados deveriam se filiar, exigindo nova

idade para aposentadoria, mais tempo de contribuição, correção plena da inflação nas

pensões e instituição de um seguro obrigatório para invalidez ou morte. Hoje, estes recursos

perfazem o equivalente a 50% do PIB chileno (CANO, 2000).

29 Plano de reformas nas leis trabalhistas.

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42

A política econômica proibiu reajustes salariais de qualquer natureza, elevaram-se as taxas

de juros, o câmbio foi fortemente desvalorizado e o PIB sofreu constante queda nos cinco

primeiros anos de ditadura. A provocada recessão só retomou crescimento a partir de então,

com a abertura comercial e valorização cambial, contribuindo para a quintuplicação das

importações, acompanhada do grande aumento das exportações, estimuladas pela retomada

dos preços do cobre e a inclusão de frutas, legumes, madeira, celulose, bebidas, químicos e

pescado na pauta de produtos para exportação. Inclui-se como fator de sucesso a

diversificação geográfica do destino das exportações e o constante crescimento da

participação dos manufaturados (HACHETTE E LUDERS, 1995).

O que também obteve pleno sucesso nesta época foi a larga entrada de empréstimos e

financiamentos, ampliando, consideravelmente, a dívida externa. Juros, amortizações e

remessa de lucros pelo lado financeiro foram os responsáveis por tamanho desequilíbrio,

que aproximava à casa dos US$17 bilhões, grande parte dedicada ao setor privado e ao

consumo.

Excluída a agropecuária, que cresceu num ritmo acelerado, os setores de mineração,

construção civil e indústria de transformação não conseguiram compartilhar do mesmo

sucesso, atingindo a estrutura industrial drasticamente. Em contrapartida, o setor de

serviços conseguiu embarcar na corrente do crescimento e sua participação no PIB aumenta

consideravelmente.

Contudo, a situação social sofreria séria deterioração. O desemprego disparou com a

recessão, e a repressão salarial fez com que o salário médio caísse cerca de 33% no meio da

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43

década de 70, e não voltou ao normal até o início da década subseqüente. A piora da classe

trabalhadora é constatada com uma redução da participação da população mais pobre no

consumo.

Somente na próxima década, a de 80, foi possível mensurar os danos causados por

programas anteriores, que não foram singelos; o endividamento privado em moeda

estrangeira elevou-se, a estrutura produtiva, o mercado financeiro e a quantidade de

emprego sofreram sérios prejuízos, e as taxas de juros tiveram de se manter alta para

segurar investidores externos, devido a uma também alta taxa de inadimplência do setor

privado (BULMER-THOMAS, 1997).

Tenta-se, neste período, uma nova mudança da política econômica, que não passa de mais

uma tentativa de estabilização para um ajuste que impõe alterações em algumas das

reformas iniciadas no período anterior. Todavia, o modelo de governo chileno é fortemente

amparado pelo FMI e BIRD, que tentavam vender o modelo à opinião pública latino-

americana, como dogma que deveria ser seguido por todos os demais países da região.

Felizmente, para o FMI e para o BIRD, este posicionamento foi acatado pelas elites e pelos

governos do continente Sul-Americano.

Novas reformas passaram a ser executadas, e antigas reformas começaram a ser

reformuladas. A reforma comercial e a política cambial mudaram consideravelmente,

impactando diretamente na violenta fuga de capital, obrigando o governo a importar

dólares de bancos internacionais. Subsidiaram-se ainda mais as exportações, restituindo

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44

impostos incidentes sobre insumos importados contidos nas exportações e estendido os

incentivos fiscais às exportações de serviços (CANO, 2000).

A intensa crise financeira entre 1982 e 1985, resultantes da crise geral e do endividamento

do setor privado, se deu pelo Estado assumir parte da dívida externa privada de curto prazo,

que seria renegociada quatro anos mais tarde. Dado o agravamento anterior dos problemas

com empresas inadimplentes, novas medidas foram criadas, exigindo maior rigor na

outorga de créditos (CANO, 2000).

O Banco Central adquiriria mais autonomia, e um conjunto de novas regras promoveria

mudanças institucionais e operacionais ao sistema financeiro, compatíveis com os

movimentos internacionais do capital e com a necessidade de maior fiscalização e controle

sobre o sistema financeiro (CANO, 2000).

A reforma fiscal concedeu uma generosa redução dos impostos sobre vendas, porém,

amparado por uma forte recuperação do preço do cobre e o passar da crise, o gasto público

subia em ritmo acelerado. Retomadas as privatizações, várias empresas estatais foram

vendidas, contribuindo em cerca de 6% do produto médio do fim da década, contribuindo

para a expansão do PIB.

Com a reforma trabalhista veio a eliminação da correção monetária obrigatória dos salários,

alterou-se a lei de greve, reformou-se o mercado da estiva e eliminou a causa econômica

como fundamento jurídico para dispensa de trabalhadores.

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45

A recuperação econômica se deu no período de 1981-1986, decorrente do efeito

multiplicador do gasto público em face de políticas de emprego e sociais e para

investimentos estratégicos em infra-estrutura, que gerariam importantes efeitos para o

período seguinte. As exportações continuam em passos largos, enquanto as importações são

cortadas pela metade (CANO, 2000).

Na segunda metade da década, a taxa de investimento cresce, com expansão maior em

equipamentos do que em construção, ampliando a capacidade produtiva da economia,

embora não retome níveis anteriores. Contudo, a queda nos salários não permitiu um

aumento no consumo e o que continua sustentando a economia chilena é a sorte quanto à

nova elevação nos preços do cobre e a acentuada desvalorização cambial.

Ao fim do período 1981-1989, o PIB tinha crescido à taxa média anual de 3%, pouco acima

da década anterior. A agropecuária continua crescendo, desta vez, porém, surpreende, e

atinge duas vezes mais o valor do PIB, contribuindo em 10% para com esse. A mineração

também aumenta sua participação no PIB, graças à forte expansão do cobre e do carvão,

compensando uma queda considerável na produção de petróleo. Devido à redução dos

rendimentos médios da população e os baixos níveis do gasto público no setor, a construção

foi quem pior desempenhou-se no período, crescendo a uma taxa inferior ao PIB,

juntamente com a indústria de transformação e o setor de serviços.

Os resultados sociais foram refletidos, dentre outros, na taxa de desemprego, que caiu pela

metade enquanto o salário mínimo sofreu queda de um terço se comparado com o ano de

1979. A distribuição de renda recebera ainda menos da renda total, e aumentou a

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46

percentagem de pessoas que viviam abaixo da linha de pobreza. Resultados que seriam

ainda piores se não fosse os programas de emprego implantados.

O último ano do regime militar foi de euforia política, econômica e social. Com as eleições

diretas para o Congresso Nacional, o PIB crescendo 9,2%, o preço do cobre batendo

recordes e grandes entradas de capital externo, o governo finalmente conseguia

financiamento para converter a dívida. A inflação, também entusiasmada, crescia

novamente, e o temor de que os desequilíbrios aumentassem junto levou o regime a adotar

medidas preventivas de controle da moeda, do crédito e dos juros, prenunciando uma nova

recessão (CANO, 2000).

Contudo, novos eram os ventos por Santiago, e Patricio Aylwin, da Consertación

Democratica (partido político) fora eleito no outono de 1990. O novo governo apostava em

uma restauração das instituições democráticas e, a curto e urgente prazo, uma política para

conter a inflação que se instaurava. Retomava-se o crescimento econômico.

O novo governo procedeu a algumas reformas de caráter administrativo e institucional,

como permitir que municípios fossem constituídos – com prefeito e Câmara, que, apoiados

pelos Governos Regionais, descentralizavam orçamentos e funções públicas. O Judiciário,

pela primeira vez, sofre uma reforma, a fim de aumentar-lhe a transparência e o acesso do

público, diminuindo a burocracia da justiça (CANO, 2000).

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47

O Chile finalmente expande-se comercialmente, ingressando na APEC30 e acordando a

respeito de livre comércio com a maioria dos grandes países das Américas. Estes

compromissos de liberalização comercial constituem elemento essencial na decisão de

tentar manter um sistema tarifário de baixa incidência. A redução de tarifas, principalmente

as incidentes em importações, têm implicações sérias no gasto público e na distribuição de

renda, já que esta compunha até 12% da receita governamental (CANO, 2000).

O setor de mineração do cobre finalmente abre suas portas para investimento estrangeiro e,

dado enorme influxo de capitais externos, o governo instituiu novas medidas para

esterilizar o efeito monetário do aumento das reservas, aumentando operações open

market31.

Limita-se um tempo mínimo para investir, criam-se impostos, determinam-se formas de

depositar e sacar investimentos, enfim, o governo não só reforçou o controle sobre entrada

de capital estrangeiro, mas, indiretamente, facilitou ainda mais a saída de capital nacional

para investimentos no exterior. O setor financeiro, reformado em 1991, flexibilizava a

permissão para saída de investimentos de capital nacional no exterior e ampliava o limite

aos bancos, utlizando-se de depósitos em moeda estrangeira para financiar o comércio

exterior (CANO, 2000).

A privatização de corporações finalmente estagnou-se, ante a redução de ativos ainda em

poder do Estado: 14 empresas foram alienadas no período 1990-1996, gerando para os

30 Associação de Cooperação Econômica da Ásia do Pacífico.31O termo é usado em economia para designar o ambiente de mercado onde investidores compram e vendemações. Retirado de http://www3.telus.net/wrdixon/1870html/1870glos.html

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48

cofres Estatais US$1,1 bilhão somente em desestatização de companhias. Contudo, as

principais modificações feitas na reforma tributária contribuíram para manter o caixa em

alta: a taxa de Imposto de Renda para as Pessoas Jurídicas cresceu em 5%, e a cobrança

com base em lucros apurados ao invés de distribuídos foram os pilares que sustentaram o

fluxo do caixa Chileno (CANO, 2000).

Reformaram-se, também, as condições do mercado de trabalho, basicamente consistindo de

uma nova lei de greve e de negociação coletiva, na ampliação do teto de indenização e na

valorização do trabalhador em geral, dando mais credibilidade ao trabalho dos empregados.

Mediante exposição e análise das principais transformações sociais e econômicas, observa-

se, por conseqüência, um crescimento alavancado dos setores de mineração e de construção

civil, recuperando-se de eventuais baixas na década de 80. A indústria de transformação,

por sua vez, continuou perdendo sua participação no PIB, enfatizando negativamente os

setores têxteis, confecções, couro, calçados, material de transporte e outros de bens de

consumo duráveis. O constante aumento de importações e declínio de exportações levou a

um déficit na balança comercial de US$1,98 milhões (FIORI, 2000).

Socialmente, a taxa desemprego subiu gradativamente, sem pressa, de 7,1% para até 10,8%

em 1997. Contudo, pagava-se bem: os salários subiram em no mesmo ano, devido a um

forte crescimento econômico, que proporcionou uma melhoria na distribuição urbana da

renda, aumentando, por conseqüência, o consumo, e assim sucessivamente.

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Todavia, mesmo para uma economia como a chilena, que sempre teve um maior coeficiente

de abertura dos portões econômicos em relação a outros países da América Latina, é visível

a dependência que o país tinha do cobre e da sorte; além disso, observando o problemático

programa exportador, a não diversificação da produção e da pauta de produtos levaram o

Chile a um crescimento medíocre em época tão favorável a seus produtos.

Por outro lado, compreende-se a ausência de melhores pautas regionais devido ao fato que

a expansão do setor de exportação deve-se a negociações que se consubstanciam em

acordos e tratados, que, no caso Chileno, mais os prejudicou que os ajudou. Os acordos

com o Canadá e MERCOSUL exigiram rebaixamento tarifário de 50%, representando

redução da receita fiscal do Estado, somente sanável por aumento de outros impostos, que

recaem sobre a população, via tributação indireta (CANO, 2000).

As condições de alta rentabilidade do capital estrangeiro oferecidas pelo Chile, o que,

embora seja uma solução para os problemas de financiamento externo, causaram males

dificilmente contornáveis, como valorização cambial, aumento da dívida pública interna e

externa do setor privado, alta taxa de juros e crescente sangria de pagamentos de juros e de

remessa de lucros (CANO, 2000).

Esses fatos, combinados com a crise asiática – que jogara abaixo os preços do cobre;

deixaram seqüelas de cunho quase permanente na economia Chilena. A instabilidade e a

especulação explodiram o sistema de câmbio e o constante reajuste da taxa de impostos

prejudicou intensamente os consumidores finais dos produtos que circulam em território

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50

nacional. O país que sonhou em alcançar uma inflação de Primeiro Mundo acabou por ser

sinônimo de importação, dívidas, desemprego e instabilidade (CANUTO, 2000).

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51

3.4 COLÔMBIA

Como nos casos anteriores, o mapa da Colômbia apresentado a seguir também serve como

orientação para que se possa ter uma visão da sua localização geográfica, dimensão e

limites costeiros.

Figura 5: Mapa da República da ColômbiaFonte: www.geocities.com

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FICHA TÉCNICA

Nome: República da ColômbiaCapital: BogotáPopulação: 44.379.598 habitantesÁrea: 1.138.910 km²Moeda: Peso colombianoIdioma: EspanholReligião: Católicos Romanos (99%), outros cristãos

(1%)Forma de Governo: RepúblicaImportações: Equipamento industrial, equipamento para

transportes, bens de consumo, químicos,produtos de papel, combustíveis,eletricidade.

Exportações: Petróleo, café, carvão, níquel, Esmeraldas,bananas, flores.

Figura 6: Dados gerais da ColômbiaFonte: www.cia.gov

A República da Colômbia é um país localizado a noroeste da América do Sul. Seus dois

milhões de km² são ricos em diversidade climática, mineral, na flora e na fauna, assim

também como fluvial. O potencial agrícola do solo é bastante alto, o que justifica a

importância da agricultura para a economia. Produtos como café, batata, cana de açúcar,

arroz, dentre outros. A partir dos anos 70, a indústria de manufaturas apresentou um índice

de desenvolvimento considerável, que se situou na região da capital, Bogotá32.

Colômbia, diferentemente dos países da região Sul-Americana, foi atingida pela crise da

dívida externa de maneira bem diferente, peculiar. Sustentada pelo preço do café e pelo

aumento das exportações não-tradicionais, o saldo das contas externas na década de 80

32 http://www.univalle.edu.co/colombia.html acessado em 13/11/2007.

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conteve parte do processo de endividamento, amparado fortemente pela particular estrutura

da dívida, de médio em longo prazo (BIGGS, 1987).

A sustentação da economia colombiana deu-se pelo alto preço do café no meio da década

em análise, juntamente com as descobertas de petróleo e mina de carvão e níquel, o que

permitiu as exportações que se triplicassem neste período, equacionando a balança

comercial e o saldo das contas correntes do Estado na segunda metade da década.

Assim posto a respeito da década de 80, verifica-se que a segunda metade é um período

tranqüilo e sem muitas oscilações para a economia colombiana, que vem amparada por

boas políticas dos governos Lopez M. – mantendo os projetos de investimento em energia e

manutenção da inflação – e Turbay – que complementou o Programa de Integração

Nacional com inversões em mineração, energia elétrica, transportes e comunicação, além

de investimentos direcionados para áreas afetadas pela guerrilha, as áreas rurais mais

afastadas dos centros econômicos (CANO, 2000).

A guerrilha na Colômbia teve seu início após o crescente e significativo poder que o

narcotráfico passou a exercer sobre os setores político, econômico e social. Existem dois

grupos guerrilheiros, as FARC´s (Forças Armadas Colombianas) e o ELN (Exército de

Libertação Nacional). O governo descreve tais grupos como bandos de origem indígena e

agrária que luta de resistência contra o domínio do governo colombiano. As atividades

realizadas pelos grupos guerrilheiros estão diretamente relacionadas à questão do

narcotráfico. Isso por que, com o tempo, e advindo s seu isolamento geográfico passaram a

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servir de milícia protetora das áreas do plantio de folha de coca e parte de seus recursos

financeiros são oriundos dos trabalhos realizados junto ao narcotráfico.

Aliado às boas políticas de investimento interno, os empréstimos bancários e de instituições

internacionais também foram ótimos, para os credores. O endividamento externo do

governo elevou fortemente o gasto público e o déficit fiscal, porém, o câmbio e as

restrições ao comércio internacional, principalmente para países latinos, desequilibraram

fortemente a balança comercial, passando por uma recessão no começo da década (CANO,

2000).

A alta dos juros internacionais atingiu o setor privado brutalmente, aumentando a

inadimplência e o número de falências decretadas, principalmente no setor bancário, alguns

destes estatizados, o que estimulou uma reforma financeira parcial, para conter a aceleração

dos preços.

Ainda que a Colômbia não tenha sofrido redução absoluta em seu PIB, o governo Betancur,

em 1983, pede à Suprema Corte que declare "Estado de Emergência", sem sucesso.

Contudo, obriga-se então o Congresso a submeter-se a votação de uma série de reformas e

alterações. Já no ano seguinte, foram implantadas: uma reforma tributária; aumento das

tarifas e preços públicos e gasolina; tarifas de importação e limitação ao número de

produtos; maxidesvalorização cambial – chegando a 28%; e, por imposição do BIRD e

FMI, a estatização de dívidas externas de cunho privado.

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55

Com objetivo de proteção pessoal perante a América Latina, Betancur promove a Reunião

de Cartagena, como uma tentativa de criar um cartel de devedores, irritando profundamente

o FMI e o BIRD, porém um estranho apoio Norte-Americano. O assassinato do Ministro da

Justiça pelo narcotráfico acarretou uma série de "melhorias" nos empréstimos que vinham

do estrangeiro. Em 1985, Betancur consegue implantar um segundo pacote fiscal, e a partir

daí, o BIRD se auto-proclama uma espécie de Ministro da Fazenda da Colômbia, pois,

apenas impondo uma série de que's, senão's e recomendações ao sistema monetário

nacional, o governo jamais iria conseguir o aval dos banqueiros para suprirem os novos

empréstimos no final da década de 80 (CANO, 2000).

Vejamos um pequeno resumo dos resultados do período. O ajuste de preços foi um

fracasso, a desvalorização do câmbio eliminou déficits da balança comercial, o setor

agropecuário cresceu acima da média, suprindo a demanda interna acima da média, as

exportações duplicaram de valor, a produção cresceu em mais de 30% no setor e com isso o

padrão alimentar da população também aumenta, diminuindo a parte da sociedade na linha

da fome. A indústria cresceu graças à construção e a mineração, sugerindo um significativo

aumento da força de trabalho, a atividade mineradora pôde quintuplicar a produção e

ampliar suas exportações, devido à descoberta de novos poços e minas. O setor da

construção civil apresentou taxa negativa no fim da década em face dos cortes públicos,

que também afetou diretamente a indústria de transformação (CANO, 2000).

A desvalorização cambial fez com que as exportações de produtos industriais aumentassem

sua participação na composição do PIB, acompanhada pelo setor de serviços, em contraste

o setor comercial (CANO, 2000).

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Os indicadores sociais não são inteiramente positivos. O PIB per capita aumentou, em

comunhão com a taxa desemprego. Contudo, o emprego informal aumentou 55% até o ano

de 1990, com o salário médio real dos operários seguindo a mesma onda de alta. A

elevação do salário real e do emprego público e privado, o aumento dos gastos públicos e

da carga tributaria foram fatores que permitiram uma melhora na distribuição da renda.

Trocando em miúdos, a porcentagem da população que se encontrava abaixo da linha da

pobreza diminuiu em 1% desde 1990 a 1996, acompanhando a melhoria do setor rural.

Os indicadores de educação apresentaram pequena melhora nas taxas de matrícula, e uma

ligeira queda na taxa de analfabetismo empolga o governo (HURTADO, 1999).

A troca de governo nos anos 90, de Barco para Gaviria, foi muito conturbada pela crise,

pela inflação e pela intensificação dos atos de violência, que cresceu na passagem de

décadas. O descrédito nas instituições públicas aumentou notadamente na Justiça e no

Legislativo, e as reformas tornaram-se obrigatórias por mando do BIRD (CANO, 2000).

Na reforma constitucional de 1991, a política nacional teve grande atenção, buscando

reforçar as instituições, a democracia e a necessidade de regulamentar e fiscalizar o

mercado, criando base para implementação de reformas de cunho neoliberal (CANO,

2000).

A principal delas foi o Plano Econômico da Revolução Pacífica que ressaltava o livre

mercado em concordância com a nova Constituição.(CANO,2000)

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57

No momento seguinte à implantação das reformas, está presente, entre 1993 e 1995, uma

taxa de crescimento da economia. É justamente quando Sampler inicia seu mandato (1994-

1998). Durante este período aumenta o desemprego e a violência na Colômbia, desacelera o

crescimento da renda, piora o quadro de pobreza, e, Sampler deixa o poder envolvido em

acusações de cumplicidade com o narcotráfico. (CANO, 2000)

Dentre as reformas exigidas pelo BIRD verificam-se mais arraigadamente as seguintes:

descentralização do executivo, privatizações – venda de ações, bancas, hotéis, empresas de

eletricidade e agropecuária, venda da Cia. Nacional de Turismo, abertura ao capital

privado, abertura comercial.(CANO, 2000)

A partir de 1997 agrava-se a situação das contas externas apesar da inflação ter caído nesse

período. E, 1998, com a posse de Andrés Pastrana do Partido Conservador, a governança

dos liberais chega ao fim. Pastrana inicia negociações de paz dando ao país esperança do

retorno a uma vida sem enfrentamentos e violência. (CANO, 2000)

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58

4. ANÁLISE DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ALIADO

À REALIDADE DOS PAÍSES

Se analisarmos os três países juntos encontramos peculiaridades sobre os mesmos que os

tornam atraentes ao estudo. São três países latino-americanos que, apesar de apresentarem

um passado histórico com similaridades, de estarem localizados próximos um do outro, de

falarem o mesmo idioma – espanhol, originado do latim – apresentam histórico político e

econômico totalmente diferente. Bastante diferentes também são os resultados da

implementação das políticas neoliberais.

No início da década de 80, a Argentina viu chegar ao fim o período da ditadura com a

eleição de Alfonsín. Durante esse governo, e até o final da década em questão, a inflação

não pode ser contida, e foi apenas amenizada. Neste caso, estava presente a política do

congelamento cambial, o que com o passar do tempo se transformou em uma

desvalorização cambial frente ao Real brasileiro. O Brasil é o principal importador da

Argentina.

De acordo com o conceito de desenvolvimento econômico adotado neste estudo, o

desenvolvimento econômico mão foi atingido na Argentina. Alguns dados numéricos

revelam a realidade do país. Mesmo alguns dos indicadores utilizados para averiguar se

houve mudança estrutural apresentando aumento ou melhora, não significa que os

benefícios disso tenham sido repassados à população. .

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59

Veja o IDH por exemplo. A tabela abaixo revela que entre 1980 e 2000 houve variações

positivas no IDH argentino. O que não significa melhoria geral no nível de bem-estar

social, uma vez que o IDH só aborda questões de saúde, educação e renda.

País 1980 1985 1990 1995 2000Argentina 0, 801 0, 811 0, 813 0, 836 0, 862

Figura 7: Variação do Índice de Desenvolvimento HumanoFonte: www.undp.org

O crescimento do PIB argentino não foi exclusivamente positivo:

País 1980-85 1985-90 1990-95 1995-2000Argentina -2,4 0,4 -1,0 -3,5

Figura 8: PIB ArgentinoFonte: www.undp.org

A dívida externa, elemento que o Neoliberalismo preocupou-se tanto em combater só

aumentou, agravando ainda mais a falta de credibilidade da Argentina perante as finanças

internacionais.

País 1980 1985 1990 1995 2000

Argentina 27.162 49.326 62.233 98.547 146.200Figura 9: Dívida Externa ArgentinaFonte: www.undp.org

Assim como a dívida externa, a taxa de desemprego aumentou consideravelmente, como

revelam os números na figura 10.

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60

País 1980-85 1985-90 1990-95 1995-2000

Argentina 6,1 7,4 17,5 15,1Figura 10: Taxa de desemprego na ArgentinaFonte: www.undp.org

Sendo assim, é notável que não houve distribuição dos benéficos advindo das melhorias

econômicas. Os números indicam certa mudança na estrutura do país, mas não o suficiente

para se atingir o que o desenvolvimento econômico propõe: mudança estrutural no padrão

de produção, avanço tecnológico, autocrescimento, modernização política, social e

institucional, melhoria das condições humanas, evolução sócio-cultural e melhoria no bem-

estar social nacional Além do mais, a taxa de PIB per capita, que será apresentada a seguir,

combinada aos dados da figura 10 comprova uma contradição nos fatos. Logo, pode-se

dizer que não houve a distribuição dos benefícios da melhoria econômica para a sociedade.

Aumenta-se a renda per capita, porém aumenta também o desemprego, quer dizer que

apenas as pessoas empregadas usufruem do aumento da renda per capita.

País 1980-90 1990-2000

Argentina 0,3 1,1Figura 11: PIB per capita (taxa de crescimento anual em %)Fonte: www.undp.org

No início da década de 80, o Chile ainda enfrentava a ira da ditadura de Pinochet e se

deparava com as tendências neoliberais presentes nas políticas econômicas adotadas pelos

militares. A adoção do modelo exportador no caso chileno levou a um aumento nas taxas de

crescimento, diversificou seus parceiros comercias e a pauta de exportação. Porém, impôs

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restrições às políticas tarifárias e comerciais, o que causou uma diminuição da receita

fiscal. Esta seria corrigida por meio de um ônus tarifário indireto cobrado à população. O

Chile enfrentou também situações de valorização cambial (que contribuem para o aumento

dos fluxos de importação, conseqüentemente, déficit no Balanço Comercial) e aumento da

dívida pública interna e externa. Além disso, remessas de lucros ao exterior saíam do Chile

todos os dias advindos das ações de privatização. Solução para os problemas estruturais

chilenos? Não é cabível aqui. O Chile é o 40º colocado no Ranking mundial de

Desenvolvimento Humano. No ranking de desenvolvimento constam 177 países. A

classificação considera que os países com números entre 0 e 0,5 são subdesenvolvidos; com

números entre 0,5 e 0,8 são em desenvolvimento e, maiores que 0,8 são desenvolvidos.

Nesse caso, o Chile seria considerado desenvolvido, como mostram os números da Figura

12.

País 1980 1985 1990 1995 2000Chile 0, 743 0, 761 0, 788 0, 819 0, 845

Figura 12: IDH ChilenoFonte: www.undp.org

Neste caso, o Chile sai do patamar de “em desenvolvimento” e para alcançar o de

“desenvolvido”. (A afirmação aqui levantada diz respeito a um levantamento quanto à

situação do Chile que leva em questão apenas o IDH, o que não é suficiente para este

estudo).

Ao contrário do que acontece na Argentina, o Chile apresenta dados estatísticos que

revelam que a população usufrui mais da distribuição dos benefícios. No Chile verifica-se

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uma queda nos valores da renda per capita ao mesmo momento que cai a taxa de

desemprego. Isso revela que uma maior parte da população se beneficia com o aumento da

renda.

País 1980-85 1985-90 1990-95 1995-2000

Chile 17,2 9,2 7,4 10,0

Figura 13: Taxa de desemprego no ChileFonte: www.undp.org

País 1980-90 1990-2000

Chile 3,9 3,8Figura 14: PIB per capitã (taxa de crescimento anual em %)Fonte: www.undp.org

A mudança estrutural no Chile ocorreu sim. Como mostram os números, o IDH sobe, o PIB

sobe e o desemprego cai.

País 1980-85 1985-90 1990-95 1995-2000Chile -3,4 0,5 2,4 14,5

Figura 15: PIB (Crescimento do Produto Interno Bruto a preços constantes de mercado)Fonte: www.cepal.org

Já o caso colombiano parece menos conturbado. A economia era abastecida pelos elevados

preços do café, do petróleo e do níquel, que permitiu o alavancamento das exportações.

Veja como o PIB colombiano se comporta em comparação com os outros dois países.

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63

País 1980-85 1985-90 1990-95 1995-2000Argentina -2,4 0,4 -1,0 -3,5

Chile -3,4 0,5 2,4 14,5

Colômbia -0,2 5,0 2,4 2,7Figura 16: PIB (Crescimento do Produto Interno Bruto Real a preços constantes de mercado)Fonte: www.cepal.org

As reformas institucionais que foram adotadas na Colômbia, assim como as práticas

neoliberais que se espalharam por vários outros países da América Latina foram em vão.

Como conseqüência delas viu-se a destruição de patrimônios nacionais, o aumento do

desemprego, a baixa dos salários, aumento da desigualdade social, disparidade na

distribuição de renda, deterioração das contas públicas, forte endividamento. Além disso,

não resolveu por completo a problemática da inflação e não contribuiu com tanto afinco

para o crescimento e desenvolvimento econômico.

País 1980-90 1990-2000

Colômbia 1,4 0,6Figura 17: PIB per capitaFonte: www.cepal.org

As políticas econômicas adotadas mostram ainda que houve alteração negativa no nível de

renda per capita.. Isso é o que revela a figura nº.17. Além disso, num ranking de 177

países, a Colômbia é o 75º e é considerada em desenvolvimento pelo seu índice de IDH.

Mesmo assim, a Colômbia não pode ser considerada por este estudo como desenvolvida.

Melhorias econômicas combinadas a aumento da taxa de desemprego (figura 18)

configuram má distribuição dos benefícios advindos da melhoria econômica à população.

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País 1980 1985 1990 1995 2000Colômbia 0, 694 0, 709 0, 729 0, 753 0, 772

Figura 18: IDH ColombianoFonte: www.cepal.org

País 1980-85 1985-90 1990-95 1995-2000

Colômbia 13,9 10,5 8,8 17,2Figura 19: Taxa de desempregoFonte: www.undp.org

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65

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode conferir ao longo do estudo, o conceito Desenvolvimento Econômico é um

termo recente, cuja origem se remete ao período entre guerras. Não existe um consenso

sobre o que vem a ser desenvolvimento econômico. Até os dias de hoje, vários autores,

economistas, cientistas políticos dentre outros estudiosos discutem o que o conceito deve

ou não abarcar. Para os casos do estudo aqui realizado, convencionou-se o conceito de Irma

Adelman de que desenvolvimento econômico deve levar em conta uma combinação de

mudança estrutural no padrão de produção, avanço tecnológico, autocrescimento,

modernização política, social e institucional, melhoria das condições humanas, evolução

sócio-cultural e melhoria no bem-estar social nacional. Este conceito foi escolhido como o

mais próprio para os casos latino-americanos porque evita que países que tenham passado

por algum tipo de mudança estrutura após a II Guerra Mundial se encaixem na condição de

desenvolvido, mascarando a realidade do Sistema Internacional.

Constatou-se que os três países abordados pelo estudo – Argentina, Chile e Colômbia –

utilizaram das práticas políticas do Neoliberalismo para tentar atingir seus objetivos de

desenvolvimento. O Neoliberalismo supõe uma participação pequena ou até mesmo nula do

Estado na vida econômica da sociedade por meio da adoção de práticas políticas do tipo:

privatização de empresas estatais, abertura da economia para a entrada de multinacionais e

de outros tipos de capitais estrangeiros, desburocratização do estado, adoção de

posicionamento contrário à políticas de tributação excessivas e de controle de preços,

defesa dos princípios do capitalismo e liberdade plena para a circulação de capitais. O

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66

regime político em questão foi adotado em detrimento do que antes estava em vigência, o

Estado de Bem-Estar Social (Welfare State).

O Welfare State contava com a participação total do estado na economia e foi adotado por

todos aqueles países que mais sofreram com a queda da Bolsa de Nova York e que

enfrentaram forte depressão na década de 30. Este sistema econômico almejava atingir

desenvolvimento principalmente pelos meios que fomentem da industrialização, para que

isso mostre resultados nos números de importação.

Como resultado do trabalho realizado, concluiu-se que as propostas neoliberais não foram

eficientes para se atingir o que o conceito de desenvolvimento econômico propõe. Houve

mudança estrutural em cada um dos países apresentados, porém, os benefícios desta

mudança não foram distribuídos à população. Este resultado pode ser constatado a partir da

análise de dados numéricos referentes ao PIB, IDH, e taxa de desemprego, principalmente.

Uma vez enfatizada a necessidade de se distribuir os benefícios da mudanças estrutural

como característica imprescindível para alcançar o desenvolvimento econômicos, toda vez

que não houver distribuição de benefícios, pode-se dizer que o desenvolvimento não foi

atingido. A falta de distribuição de benéficos entre os membros da sociedade aumenta a

disparidade entre ricos e pobres dentro de uma nação. Dessa forma, grande parte da renda

nacional fica concentrada numa porção pequena da população, e a grande maioria

permanece no mesmo patamar social, mesmo que as políticas econômicas sejam mudadas

várias vezes.

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Neste caso, o que se verifica é uma perpetuação da crítica situação de pobreza e baixos

níveis de renda da maior parte da população de um país em desenvolvimento ou de um país

subdesenvolvido. Os números referentes à taxa de desemprego mostram isso claramente.

No capítulo 3, as figuras 10 e 18, respectivamente, revelam que a taxa de desemprego

cresceu constantemente na Argentina e na Colômbia, enquanto o PIB per capita subiu.

Como pode o PIB per capita haver subido à medidas que a empregabilidade aumentou? Só

resta como resposta o fato de realmente haver uma má distribuição de renda e benefícios

nas economias destes países. Talvez seja necessária uma alternativa para o

desenvolvimento destes países latino-americanos, que misture um pouco do Neoliberalismo

com um pouco de estado de bem-estar social. Mas isso é assunto que só poderá ser

abordado em outro estudo.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

6.1. Livros

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