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PRODUÇÃO DE SENTIDOS E DE DISCURSOS SOBRE HIV/AIDS À POPULAÇÃO NEGRA E LGBT Felipe Cazeiro da Silva Jáder Ferreira Leite Universidade Federal do Rio Grande do Norte Introdução A partir da articulação discursiva biomédica-midiática por conta do desconhecimento dos fatores etiológicos do HIV e de sua fisiopatologia, sendo identificada estritamente como de responsabilidade de homossexuais, estrangeiros, imigrantes e turistas, especialmente africanos e haitianos, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis no início da grande epidemia da Aids (década de 80), tem-se alguns desdobramentos iniciais que potencializaram a estigmatização sobre determinadas populações, particularmente a população Negra e a comunidade LGBT. (BESSA, 1997; SOUZA, 2007; HELMAN, 2009). Mas, o que de fato é esta palavra/infecção/doença temerosa para a sociedade? De acordo com o portal AIDS do Governo Federal, HIV é uma sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana responsável por atacar o sistema imunológico que provoca a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou AIDS termo em inglês, consagrado pelo uso). As células alvo do HIV são os linfócitos T CD4+ que são células responsáveis por coordenar a função de defesa imunológica contra vírus, bactérias e fungos. Da medida em que ele altera o DNA destas células, o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, ele rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção; por trabalhar desta forma, acaba por deteriorar o sistema imunológico do organismo humano dificultando suas respostas imunológicas (BRASIL, 2002). Os primeiros casos que se têm registros surgiram em meados da década de 80 em caráter de peste anunciada(CARRARA; MORAES, 1995) amplamente divulgados pelas mídias, jornais e revistas como Câncer Gaynos Estados Unidos e Peste Gayno Brasil pela incidência majoritária em homens homossexuais, o que produziu axiomas para uma sociedade que era convocada a manejar respostas para uma nova doença, além de explicitar o componente ideológico ancorado nestas expressões em sua tendência de desqualificar tal população que habitualmente já era discriminada. (SPINK et al., 2001; NETO, 2014). Diante desta repercussão, até que se houvesse uma compreensão mais fidedigna objetivada sobre um vírus que ainda era desconhecido, muitas violências e violações foram Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

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PRODUÇÃO DE SENTIDOS E DE DISCURSOS SOBRE HIV/AIDS À POPULAÇÃO

NEGRA E LGBT

Felipe Cazeiro da Silva

Jáder Ferreira Leite Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Introdução

A partir da articulação discursiva biomédica-midiática por conta do desconhecimento

dos fatores etiológicos do HIV e de sua fisiopatologia, sendo identificada estritamente como

de responsabilidade de homossexuais, estrangeiros, imigrantes e turistas, especialmente

africanos e haitianos, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis no início da grande

epidemia da Aids (década de 80), tem-se alguns desdobramentos iniciais que potencializaram

a estigmatização sobre determinadas populações, particularmente a população Negra e a

comunidade LGBT. (BESSA, 1997; SOUZA, 2007; HELMAN, 2009).

Mas, o que de fato é esta palavra/infecção/doença temerosa para a sociedade? De

acordo com o portal AIDS do Governo Federal, HIV é uma sigla em inglês do vírus da

imunodeficiência humana responsável por atacar o sistema imunológico que provoca a

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou AIDS – termo em inglês, consagrado

pelo uso). As células alvo do HIV são os linfócitos T CD4+ que são células responsáveis por

coordenar a função de defesa imunológica contra vírus, bactérias e fungos. Da medida em que

ele altera o DNA destas células, o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, ele

rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção; por trabalhar desta forma,

acaba por deteriorar o sistema imunológico do organismo humano dificultando suas respostas

imunológicas (BRASIL, 2002).

Os primeiros casos que se têm registros surgiram em meados da década de 80 em

caráter de “peste anunciada” (CARRARA; MORAES, 1995) amplamente divulgados pelas

mídias, jornais e revistas como “Câncer Gay” nos Estados Unidos e “Peste Gay” no Brasil

pela incidência majoritária em homens homossexuais, o que produziu axiomas para uma

sociedade que era convocada a manejar respostas para uma nova doença, além de explicitar o

componente ideológico ancorado nestas expressões em sua tendência de desqualificar tal

população que habitualmente já era discriminada. (SPINK et al., 2001; NETO, 2014).

Diante desta repercussão, até que se houvesse uma compreensão mais fidedigna

objetivada sobre um vírus que ainda era desconhecido, muitas violências e violações foram

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cometidas por todo o planeta. Para além do combate a doença, deu-se início a personificação

do vírus e, por conseguinte, o combate às pessoas soropositivas conforme nos remete o grande

escritor brasileiro Caio Fernando de Abreu que faz críticas contundentes em suas crônicas

sobre a Aids:

Aí começaram as confusões. A pseudotolerância conquistada nos últimos anos pelos movimentos de liberação homossexual desabou num instantinho. Eu já ouvi – e você certamente também – dezenas de vezes frases do tipo ‘bicha tem mesmo é que morrer de aids’. Ou propostas para afastar homossexuais da ‘sociedade sadia’ – em campos de concentração, suponho. Como nos velhos e bons tempos de Auschwitz? Tudo para o ‘bem da família’, porque afinal – e eles adoram esse argumento – ‘o que será do futuro de nossas pobres criancinhas?’ (ABREU, 2006, p. 58-59).

Com base nisto, o presente trabalho objetivou compreender as produções de sentidos

sobre HIV/AIDS no que tange a Gênero, Sexualidade e Raça através de uma revisão narrativa

de literatura. Tal revisão foi realizada em bancos e bases de dados, como Scielo, Periódicos

Capes e Banco de Teses e Dissertações, utilizando os descritores "HIV", "Aids", “Gays”,

"Travestis", “Raça” e “Etnia” no intuito de compreender tais relações e significações em

diferentes contextos no percurso da trajetória do HIV em nossa sociedade até os dias atuais.

Privilegiaram-se trabalhos dos últimos cinco anos e produzidos nacionalmente sem excluir os

estudos mais clássicos e/ou internacionais. A partir disto, foi realizado o fichamento e análise

destes trabalhos para a produção deste texto por meio de uma empreitada construcionista

social.

Uma mirada construcionista social em torno do HIV/AIDS

Trabalhar com a produção de sentido e práticas discursivas, é estar intimamente

atrelado ao referencial teórico da perspectiva do construcionismo social para a interpretação

do mundo, das interações sociais cotidianas, bem como dos fenômenos sociais. Assim, esta

perspectiva orienta “que suspendamos a crença de que as categorias ou os entendimentos

recebem seu aval através da observação. Convida-nos, portanto, a desafiar as bases objetivas

do conhecimento convencional” (GERGEN, 2009, p. 302) que pode contribuir para

compreender as produções de sentido em torno do HIV/Aids à população Negra e LGBT.

Logo, a perspectiva do construcionismo social pode fornecer importantes elementos

para desconstrução do mundo, sua democratização e a reconstrução de novas realidades e

práticas para a transformação cultural desprendendo de grande interesse pelas interações

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sociais e particularmente a linguagem sendo baseada em filósofos críticos do essencialismo e

do humanismo como Foucault e Nietzche, além de deslocar o centro da atenção da pessoa

para o campo social, ou seja, a recusa da metafísica da substância e de quaisquer referenciais

fixos e imutáveis (NOGUEIRA, 2001; MONTEIRO, 2002; GERGEN, 2009).

Para análise das práticas discursivas, Spink e Medrado (2013) norteiam que:

a produção de sentido não é uma atividade cognitiva intraindividual, nem pura e simples reprodução de modelos predeterminados. Ela é uma prática social, dialógica, que implica a linguagem em uso. A produção de sentido é tomada, portanto, como um fenômeno sociolinguístico – uma vez que o uso da linguagem sustenta as práticas sociais geradoras de sentido – e busca entender tanto as práticas discursivas que atravessam o cotidiano (narrativas, argumentações e conversas, por exemplo), como os repertórios utilizados nessas produções discursivas (SPINK; MEDRADO, 2013, p. 22-23).

Deste modo, é possível levantar pressupostos que vão de encontro às afirmações de

Bessa (1997) de que encarar a Aids como uma tragédia epidemiológica pode ser um equívoco,

pois a doença supera o campo biomédico e não é somente uma epidemia da saúde, mas

sobretudo, se transforma também em uma dura epidemia da palavra, das práticas discursivas.

Por assim ser, quando levada ao campo da linguagem, também oferece abertura para

diferentes compreensões e inteligibilidades equivocadas que contribuem para moldar toda

uma cultura e pensamento que podem ser prejudiciais para uma sociedade que busca ser mais

humanizada e para o processo de saúde-doença relacionados ao HIV, pois como é proliferado

no senso comum, em muitas entrevistas com pessoas soropositivas e até mesmo no

posicionamento da cantora famosa ícone pop Madonna em 1991, que tem usado sua fama

para contribuir na luta das minorias sociais: "O preconceito mata mais que Aids"

(MINERVINO, 2015).

Ou seja, tais associações de um vírus desconhecido a determinados grupos de

pessoas, sendo categorizados como “grupos de risco”, contribuíram no processo de

moralização, racialização e homossexualização do HIV, e consequentemente nos estigmas

relacionados promovendo a exclusão social e a discriminação destas pessoas. Em detrimento

disto, colocou-se a doença no contexto da palavra silenciada elencando entraves para a

produção de uma literatura e respostas sobre o HIV, posto que não havia uma certa

perspectiva de uma realidade, apenas alguns textos de Susan Sontag, Richard Parker, Caio

Fernando de Abreu entre outros (BESSA, 1997)

Sontag (2007), na publicação de seu livro Doença como Metáfora - Aids como

Metáfora, motivada pela constatação de que as pessoas que sofrem de câncer são

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estigmatizadas, analisa criticamente as doenças tidas como fatais: câncer, tuberculose e sífilis

(até ser descobertas ambas as curas) e a aids. Em sua avaliação, a autora busca uma apreensão

mais política e sociológica destas construções metafóricas e verifica que as metáforas ainda

prevalentes no que dizem respeito ao HIV e a Aids estão diretamente associadas aos estigmas

e preconceitos do que propriamente aos sinais e sintomas do vírus. Portanto, Sontag (2007, p.

65) conclui que “a genealogia metafórica da aids é dupla. Enquanto microprocesso, ela é

encarada como o câncer: como uma invasão. Quando o que está em foco é a transmissão da

doença, invoca-se uma metáfora mais antiga, que lembra a sífilis: a da poluição”.

Talvez por isto, Sander Gilman (1991) marca que a classificação da Aids não se deu

como a de uma infecção viral como foi com a hepatite B, mas como a de uma infecção

sexualmente transmissível como a sífilis. Em tal grau, as reações psicossociais da época foram

as mais diversas como a expulsão de pessoas soropositivas de suas cidades, principalmente de

zonas rurais e cidades pequenas, pois a compreensão que se tinha, especialmente pelas

crenças cristãs, era a de um mal encarnado no corpo que era preciso expurgar (PARKER &

AGGLETON, 2001; SOUZA, 2007). Assim, uma doença de conotação moralista só

influenciaria na perpetuação de um padrão de preconceito a nível elevado, principalmente

com profissionais do sexo, homossexuais, travestis e transexuais, negros/negras e usuários de

drogas injetáveis como já apresentado.

Desde o inicio, a construção da doença, baseou-se em conceitos que separavam um grupo humano de outro – os doentes dos sãos, as pessoas que têm arc1 das que têm aids, ‘eles’ de ‘nós’ – e ao mesmo tempo apontava para a dissolução iminente dessas distinções. Por mais cautelosas que fossem, as previsões sempre pareciam fatalistas (SONTAG, 2007, p. 77).

Pode-se considerar então que fora os sintomas do corpo, as pessoas soropositivas

experimentariam também um sintoma social e psicológico capaz de fazerem se sentir

excluídas da sociedade por conta desta estratificação social caracterizada pelo higienismo

direcionado às infecções por HIV, como bem aponta Sontag (2007), no qual incidiria na

permanência de uma produção de sentido estigmatizada para as questões de soropositividade

que a acompanharia até os dias atuais acentuando as discriminações direcionadas a estas

pessoas.

1 Sigla originada da expressão em inglês Aids Related Complex (Complexo Relacionado à Aids). Esta expressão foi muito utilizada na década de 80 para caracterizar os estágios clínicos intermediários da infecção pelo HIV (vírus da Aids), em pacientes que já apresentavam um conjunto de sinais, sintomas e alterações laboratoriais, sem, no entanto, caracterizar claramente uma síndrome clínica de imunodeficiência (síndrome da imunodeficiência adquirida - SIDA ou AIDS), com a presença de doenças oportunistas. Tokens:91 (Brasil, 2008)

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Racialização e homossexualização do hiv como produção de sentido para sociedade

Durante a revisão narrativa de literatura sobre o HIV/Aids no que tange à Gênero,

Sexualidade e Raça em base de dados como Scielo, Periódicos Capes e Banco de Teses e

Dissertações foi possível encontrar alguns trabalhos que despontam sobre uma produção de

sentido baseada na Racialização e Homossexualização do HIV a partir de uma compressão

discriminatória em sua genealogia que estão citados ao longo deste texto demonstrando suas

interfaces com as relações de gênero, sexualidade e raça. Recortes e fenômenos tão

importantes para as respostas e prevenção em HIV/Aids que muitas vezes não são priorizados

nos estudos sobre agravos em saúde pelo HIV como aponta Monteiro e Villela (2013).

O surgimento do HIV no Brasil acontece quase que simultaneamente ao cenário

internacional, e sua gravidade já admitida sinalizava o aparecimento de um problema de saúde

pública e social que se debruçou sobre o contexto ditatorial na qual o país estava passando.

Décadas de 70 para 80, Weluma Brown – travesti e chacrete2 na aludida época – conta que a

palavra travesti era uma palavra interdita de se pronunciar e que muitas delas, por conta das

constantes caças policiais aos LGBT’s e da lei da vadiagem, se cortavam, para não serem

capturadas pela milícia já que estes tinham temor ao sangue “promiscuo” e “estigmatizante”

das pessoas objetificadas pelo pânico moral que encontraria no HIV e na Aids seu ponto de

retenção (GALINDO et al., 2017).

O modo como a articulação discursiva biomédica-midiática operou para dar sentido a

uma nova doença que estava caminhando por todo o planeta foi explicitamente pautada em

bodes expiatórios. Ou seja, quando o “Centro de Controle de Doenças nos Estados Unidos

verificou o aumento inexplicável da incidência de sarcoma de Kaposi e de pneumonia

provacada pelo protozoário Pneumocystis Carinii em homossexuais adultos, até então sadios”

(PERLONGHER, 1987, p. 39), bem como em imigrantes haitianos, buscou-se fazer

amarrações entre estas relações para demarcar uma Racialização e Homossexualização do

vírus como salienta o autor, além de fazer proliferar uma prática discursiva altamente

discriminatória passando a ideia de que o vírus atingiria algumas populações específicas

enquanto outras estariam livres da infecção por HIV.

2 Chacretes eram as assistentes de palco dos programas do Chacrinha apresentado por Abelardo "Chacrinha" Barbosa. Dos anos 50 ao fim da década de 80 – entre TV Tupi (Discoteca do Chacrinha), TV Rio, TV Bandeirantes e Rede Globo (onde ficou de 1970 a 1988, à frente da Discoteca do Chacrinha, Buzina do Chacrinha e Cassino do Chacrinha) – Chacrinha batizou e dividiu o palco com 500 Chacretes (Beresford, 2014).

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Assim, estava assinalado um tipo de sexualidade (a homossexual), um viés de

raça/etnia (negritude e latinidade) e um gênero (masculino) (PELÚCIO, 2009). Concepção

esta que na contemporaneidade não mais se justifica ainda que se tenha permanecido no senso

comum e nas interações sociais.

Segundo a primeira suspeita, as excursões de gays americanos para o Haiti teriam voltado aos Estados Unidos trazendo o vírus na bagagem. Se, em vez de se fantasiar sobre os circuitos espermáticos da AIDS, se levarem consideração a transmissão sanguínea do vírus, as hipóteses tornam-se menos festivas. Poderia existir, talvez, alguma possibilidade de o vírus ter entrado nos Estados Unidos desde o Haiti, pela via da transfusão. O Haiti era então um dos principais provedores de sangue humano para o mercado hospitalar norte-americano (PERLONGHER, 1987, p. 39-40).

Desta forma, como aponta Pelúcio (2009) o pânico social gerado pela ideia de peste,

de incurabilidade e de morte agregou-se as conflitantes informações médicas e a falta de

respostas efetivas provindas do poder público evidenciando todos os elementos para que se

acionasse a perseguição aos “culpados” (PELÚCIO, 2009). “Nos primeiros dias da epidemia

de aids. Haitianos passaram a fazer parte dos ‘quatro H’ de ‘homossexuais, viciados em

heroína, hemofílicos e haitianos’”. (WESTCOTT, 2014, p. 1)

Neto (2014) ao analisar diversas reportagens, jornais e charges veiculadas pela mídia

em Criciúma no Estado de Santa Catarina no período de 1986 a 1996 que alertavam sobre o

HIV e a Aids, constata que a grande maioria retratavam a infecção/doença de forma satirizada

e discriminatória expondo pessoas LGBT’s e Negras com a intenção de incentivar a violência

sobre esta população, além de preconizar o isolamento social das mesmas que seria justificado

como uma ação necessária de prevenção a riscos e contágios. Denota-se, desta maneira, o

jogo de poder, a partir destas veiculações, se compreendermos que LGBT’s e Negros

constituem populações exotificadas e marginalizadas durante muitos séculos por nossa

sociedade. Além disso, o autor percebeu que o discurso religioso falava no HIV como castigo

e atuava em conjunto com o discurso médico e o discurso jornalístico. Nem sempre de forma

coesa, mas pela sua descontinuidade como já apontava Foucault (1988) sobre análise

discursiva:

Deve-se conceber o discurso como uma série de segmentos descontínuos, cuja função tática não é uniforme nem estável. Mais precisamente, não se deve imaginar um mundo do discurso dividido entre o discurso admitido e o discurso excluído, ou entre o discurso dominante e o dominado; mas, ao contrário, como uma multiplicidade de elementos discursivos que podem entrar em estratégias diferentes (FOUCAULT, 1988, p. 111-112).

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Paralelamente, Helman (2009) em sua obra Cultura, Saúde e Doença assente que o

HIV quando relacionado à população negra toma a imagem de um invasor que estaria

ancorado em temas de xenofobia dado a sua articulação com imigrantes, turistas e

estrangeiros, especialmente africanos e haitianos. E quando relacionado à população LGBT,

toma a imagem de punição moral por conta da dissidência sexual e de gênero na qual perpassa

estas identidades que não estão nos moldes esperados pela norma da sociedade (Heterossexual

e Cisgênera) potencializando o caráter de culpa à esta população pelo vírus.

Assim, Spink et al. (2001) ao analisar, através de clipping, o que era amplamente

publicado sobre o assunto da AIDS em junho a dezembro de 1996 por quatro agências de

notícia: Folha de São Paulo (FSP), O Estado de São Paulo (OESP), Jornal do Brasil (JB) e O

Globo (GLB) nos convida a pensar esta dimensão midiática da Aids, como prática discursiva

dado que ela se “constitui um meio poderoso de fazer e criar repertórios, propiciando novas

configurações aos esforços de produção de sentido” (SPINK et al., 2001, p. 853).

‘A AIDS é a primeira doença da mídia’. Com essa frase, em 30 de outubro de 1985, o jornal francês Le Figaro destacava um dos aspectos mais marcantes da epidemia da AIDS – sua ampla difusão no mundo pelos meios de comunicação de massa – e a construção de um novo fenômeno social: a AIDS-notícia. (SPINK et al., 2001, p. 852).

Ao utilizar a expressão AIDS-notícia, os autores e as autoras trazem que outras

doenças, infecções e/ou enfermidades não lograram de tanta repercussão como o HIV e Aids

que foi ancorado pela impressa evidenciando seu papel fundamental para a construção da

Aids como um fenômeno social, mais do que biomédico, posto que concordando com

Herzlich e Pierret (2005), foi da imprensa que o discurso da Aids chegou ao conhecimento

comum fazendo parte do cotidiano das pessoas adquirindo uma dimensão cultural e moral

como também já apontava Bessa (1997).

A mídia, nessa perspectiva, cumpre dois papéis importantes: por um lado, a imprensa anunciou o aparecimento de um novo fenômeno no campo da patologia; e, por outro, desenhou progressivamente seus contornos e, sobretudo, operou a passagem das informações sobre a doença do domínio médico e científico para o registro social. (SPINK et al., 2001, p. 852).

Como alerta Gouveia (2013), o HIV é uma infecção ligada a diversos aspectos das

relações humanas (sexo, morte, preconceito, moral), e principalmente, adquiriu entendimento

de uma doença que não está por perto. É uma enfermidade do outro e que não está presente na

vida das pessoas, o que incide paulatinamente nas questões de prevenção ao HIV.

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Retomando a interseção entre HIV, Raça, Gênero e Sexualidade, Franca (2014) nos

convida a compreender esta relação, especialmente a relação entre HIV-Raça, a partir do

processo de estigmatização do Ebola traçando semelhanças com o processo de estigmatização

do HIV.

O que vemos acontecer hoje com o ebola não se difere em muito com o processo de estigmatização sofrido por homossexuais, haitianos, usuários de heroína e hemofílicos quando a Aids começou a aparecer fora da África. Ah! A África, este continente que irradia doenças e retrocessos para o resto do mundo, lar de boa parte dos marginalizados sociais e que, pra onde quer que seus herdeiros vão, carregam em si uma espécie de marca maligna que justifica perseguição, estigmatização e violência (FRANCA, 2014, p. 1).

Em sua avaliação, a autora afirma que este processo de estigmatização a população

negra quando há surtos epidêmicos só reforça o quanto a área da saúde é permeada de um

profundo racismo institucional (FRANCA, 2014) no qual López (2011), analisando a relação

entre HIV e Racismo, destaca que isto seja difícil de ser reconhecido na visão dos gestores

públicos. Tal problematização se aproxima também do que diz a atriz Charlize Theron em

entrevista ao The Guardian de que “o racismo é uma causa oculta da epidemia de HIV”

(BARREIRA, 2016, p. 1).

Desta maneira, cumpre questionar, baseado na análise do boletim epidemiológico

HIV/Aids 2016 (BRASIL, 2016), por que a população negra e pobre continua a adoecer e

morrer mais pela Aids do que a população branca e esse maior número de mortes tem uma

proporção crescente na atualidade? Por que é que neste recorte racial, quando falamos entre

mulheres, os dados tornam-se ainda mais gritantes, uma vez que a mortalidade por Aids é três

vezes maior entre mulheres negras? E por que, ainda é a população LGBT que figura no topo

da incidência de novos casos de HIV? Estes questionamentos aparentemente denotam que,

tais populações, que já foram tratadas por termos excedidos de discriminação como já

elencado, ou por termos mais “brandos” como “população-chave”, na verdade são populações

historicamente oprimidas que possuem seus direitos sistematicamente negados ou

negligenciados há tempos, e que sofrem com discriminações diversas que se associam à do

HIV.

A interface entre gênero, sexualidade e raça e sua relação com o HIV/Aids nos

convida a suscitar velhos desafios que se somam a novos desafios na busca de respostas mais

efetivas, visto que, como ressalta López (2011) citando José Carlos dos Anjos (2004, p. 104),

por meio dos efeitos atravessados de condições objetivas de exclusão, incorporação subjetiva

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do estigma e dominação sexista, “é que a correlação entre raças e gêneros dominados e

doenças sexualmente transmissíveis tende a ser um dos mais eficazes mecanismos de

genocídio”

A expansão da Aids afetando cada vez mais a população negra no Brasil deve assim ser equacionada em um sistema de correlações de força não projetado em sua integralidade, mas que funciona sob o pressuposto racista da seleção e da proteção do segmento branco em comparação aos demais segmentos da população, a partir da existência de desigualdades ligadas ao modo de operação de mecanismos sociais tais como a educação escolar, a seletividade do mercado de trabalho, a pobreza e a organização familiar (LÓPEZ. 2011, p. 595)

Com isto, o enfoque na sexualidade atrelada a raça, gênero e HIV/Aids pode

denunciar uma violência simbólica e física sobre os corpos baseada na hipersexualização,

além de dar pistas para pensar a disseminação do HIV entre estas populações como parte

destas violências, bem como para pensar em formas de enfrentamento que contemplem

tais recortes. Sendo assim, o HIV se expressaria na realidade da vulnerabilidade social tendo a

prevenção e adesão ao tratamento que vencer os estigmas e discriminações atrelados à

sexualidade, gênero e raça (LÓPEZ, 2011). Posto que como salienta a autora, a imagem

hipersexualizada da população negra e a dupla opressão de gênero/sexualidade e raça

aparecem como eixo para um olhar crítico sobre as infecções do HIV nestas populações.

Esta perspectiva interseccional, que conjuga o olhar racial, de gênero e sexualidade,

auxilia a pensar como se atravessam, agenciam e potencializam eixos de opressão, mas

também permite visualizar uma ação política que gera processos de desconstrução

dessas desigualdades, abrindo possibilidades de transformação das instituições na promoção

de igualdade racial, de gênero, de sexualidade e no aprofundamento da democracia e no

recrudescimento da resistência que se anuncia em Parker (2013) ao mencionar que na medida

que a epidemia foi ganhando mais visibilidade em outros extratos sociais, novas estratégias

foram se formando, focando em parcelas mais abrangentes da população o que não diminuiu

os estigmas que ela já estava carregando, visto que, como salienta o autor, este faz parte das

estruturas de poder e, sendo parte dela, também abre as portas para o campo da resistência que

possibilita arranhar algumas fissuras nestas estruturas arredando toda uma rigidez cultural e

social na qual parecia ser infindável.

Como explica Souza (2007), foram as tensões e demandas geradas na sociedade

brasileira que permitiram a aplicabilidade e financiamento para as infecções pelo HIV, sendo

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o Estado responsável pelas respostas dos agravos em saúde, e por ser assim dar um retorno

favorável à sociedade que já não tem sido mais satisfatório.

Exatamente por isto que a sociedade precisa rever seus valores a medida de

reconhecer seu papel no processo de saúde-doença pelo HIV, em razão de que já estamos na

quarta década deste “micro vírus do poder” e pouco se tem avançando nas questões sociais do

HIV. Por isto, Parker (2017) chama atenção de que o Brasil está na contramão da tendência

global da queda do número de infecções pelo HIV, o que se confirma nos boletins

epidemiológicos, e que estancamos nas campanhas de prevenção, além da reposta brasileira

ter ficado a mercê da falsa moral e do conservadorismo.

Em geral, enquanto a atenção da sociedade se volta para uma pessoa ou grupo

específico supostamente “culpado” por uma transmissão do HIV, a epidemia aumenta

drasticamente por falta de prevenção e acesso igualitário ao tratamento visto que o programa

brasileiro de IST/HIV/Aids tem enfrentado racionamentos em exames de CD4 e Carga Viral e

diferentes fracionamentos na dispensação de medicamentos antirretrovirais muitas vezes

inexistentes em alguns Estados comprometendo a saúde dos usuários. (WELLE, 2016; ROSA,

2017).

Algumas considerações pertinentes

Não é possível homogeneizar uma epidemia, nem tanto negligenciar os recortes de

gênero, sexualidade, raça, classe entre outros, pois são as diferentes realidades sociais que vão

permitir visualizar quais são as populações que mais adoecem, quais as que pouco possuem

acesso à informação, ao bem-estar e aos serviços públicos de qualidade. Sendo assim, através

das reflexões trazidas ao longo deste trabalho, pode-se inferir que a grande maioria dos

discursos e sentidos que permeiam o HIV/Aids ainda estão intimamente ligados a construções

racistas e discriminatórias em torno de sexualidades tidas como dissidentes dificultando a

elaboração de respostas mais prospectivas e integrais em relação a promoção de saúde e

prevenção da infecção pelo HIV, uma vez que, poucos estudos têm considerado o estigma e a

discriminação como determinantes sociais em saúde e suas consequências para os agravos em

saúde.

Portanto, se faz de extrema urgência reconhecer e traçar políticas públicas assertivas

para melhores respostas ao HIV/Aids no Brasil, reconhecendo dentro desta os diferentes

recortes e marcadores sociais da diferença posto que o aumento do discurso conservador, da

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discriminação e estigma aliados ao racismo institucional e aos desmontes do SUS dificultam

os avanços para o tratamento do HIV.

Desta forma, o presente trabalho adquiriu importância para demonstrar os repertórios

interpretativos e discursivos que ainda acompanham a produção de sentidos sobre o HIV/Aids

em diferentes contextos. Diante de todas estas considerações, temos que reconhecer que só

conseguiremos responder positivamente ao HIV quando enfrentarmos o racismo e todas as

opressões e explorações de nossa sociedade como as opressões de gênero, de sexualidade, de

classe etc.. Quando colocarmos a pauta dos direitos humanos, da erradicação do estigma e da

discriminação como prioritária na agenda das políticas voltadas ao HIV/Aids. Não é preciso

retroceder para avançar. É preciso e urgentemente humanizar-se!

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