amatra paginas 1 a 12 · o verdadeiro mérito é como os rios: quanto mais profundo, menos ruído...

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Ano VI nº 18 Março/Abril de 2005 INFORMÁTICA JURÍDICA: Conheça o novo visual e as novas seções da nossa homepage. O jornal da Amatra 13 traz nesta edição entrevista com o juiz aposentado José Marcos da Silveira Farias. Predestinado a entrar para a magistratura do Trabalho, onde atuou apenas cinco anos, depois de 37 anos de serviço público, José Marcos Farias trilhou um caminho cujo início foi marcado pela tragédia, e que lhe antepôs algumas difi- culdades pelo meio, mas, ao final, o recompensou com a felicidade. O juiz aposentado recebeu a equipe do Jornal da AMATRA 13 para reme- morar os fatos que marcaram sua vida. Páginas 5, 6 e 7. caminhos da vida caminhos da vida Marcos Farias: enfrentando e vencendo desafios TELA DE CINEMA Osama: a eterna busca pela liberdade Página 10 MINHAS ANDANÇAS Brasil, oh! Pátria Amada!!! Página 11 INOVAÇÃO CAIXA lança sistema de consultas via Internet Página 4 PERFIL Do rubacão ao camarão Página 12 A Diretoria da AMATRA promoveu um encontro com associados e convi- dados, na sede da entidade, ocasião em que foi apresentado o novo projeto grá- fico e editorial do Jornal da AMATRA 13. O informativo, agora patrocinado pela Caixa Econômica Federal, foi ampliado de 8 para 12 páginas (todas em poli- cromia), incluiu novas seções persona- lizadas e adotou uma linguagem mais clara e concisa. Todos os detalhes envolvendo a edi- ção do Jornal da AMATRA foram esclare- cidos pela Diretoria. O Gerente Regio- nal de Marketing e Comunicação Social da CEF, Ronildo Alves Coelho; o Gerente de Mercado da CAIXA, Flávio Ismael Uchôa e Gerente Geral do PAB-TRT, Car- los Alberto Simões, presentes ao encon- Encontro com associados na AMATRA tro, elogiaram o novo projeto do infor- mativo, opinião que foi compartilhada por associados e demais convidados. Durante o encontro na sede da AMA- TRA foram apresentados, também, os novos equipamentos eletrônicos adqui- ridos pela Diretoria da entidade, desti- nados exclusivamente ao lazer e à in- formação dos associados – TV, som e TV a cabo. Oferecer conforto e assistência aos associados são prioridades na pau- ta de ações da Diretoria. As boas surpresas, no entanto, não pararam por aí. Outro grande avanço con- quistado foi a criação de uma nova logo- marca para a AMATRA 13 e uma nova ho- mepage, que já está no ar (em tempo real) trazendo imagens e dados atualiza- dos sobre a jurisprudência trabalhista. Membros da Diretoria da AMATRA e convidados durante apresentação da homepage O juiz aposentado José Marcos Farias deu entrevista exclusiva para o jornal da AMATRA 13

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Page 1: Amatra Paginas 1 a 12 · O verdadeiro mérito é como os rios: quanto mais profundo, menos ruído faz. Halifax Chegando mais perto do associado Como disse um poeta, o tempo não pára

Ano VInº 18

Março/Abrilde 2005

INFORMÁTICA JURÍDICA: Conheça o novo visual e as novas seções da nossa homepage.

O jornal da Amatra 13 traz nesta edição entrevista com o juizaposentado José Marcos da Silveira Farias. Predestinado a entrar paraa magistratura do Trabalho, onde atuou apenas cinco anos, depois de37 anos de serviço público, José Marcos Farias trilhou um caminhocujo início foi marcado pela tragédia, e que lhe antepôs algumas difi-culdades pelo meio, mas, ao final, o recompensou com a felicidade. Ojuiz aposentado recebeu a equipe do Jornal da AMATRA 13 para reme-morar os fatos que marcaram sua vida. Páginas 5, 6 e 7.

caminhos da vidacaminhos da vidaMarcos Farias: enfrentando e vencendo desafios

TELA DE CINEMAOsama: a eterna buscapela liberdade

Página 10

MINHAS ANDANÇASBrasil, oh!Pátria Amada!!!

Página 11

INOVAÇÃOCAIXA lança sistema deconsultas via Internet

Página 4

PERFILDo rubacãoao camarão

Página 12

A Diretoria da AMATRA promoveuum encontro com associados e convi-dados, na sede da entidade, ocasião emque foi apresentado o novo projeto grá-fico e editorial do Jornal da AMATRA 13.O informativo, agora patrocinado pelaCaixa Econômica Federal, foi ampliadode 8 para 12 páginas (todas em poli-cromia), incluiu novas seções persona-lizadas e adotou uma linguagem maisclara e concisa.

Todos os detalhes envolvendo a edi-ção do Jornal da AMATRA foram esclare-cidos pela Diretoria. O Gerente Regio-nal de Marketing e Comunicação Socialda CEF, Ronildo Alves Coelho; o Gerentede Mercado da CAIXA, Flávio IsmaelUchôa e Gerente Geral do PAB-TRT, Car-los Alberto Simões, presentes ao encon-

Encontro com associados na AMATRAtro, elogiaram o novo projeto do infor-mativo, opinião que foi compartilhadapor associados e demais convidados.

Durante o encontro na sede da AMA-TRA foram apresentados, também, osnovos equipamentos eletrônicos adqui-ridos pela Diretoria da entidade, desti-nados exclusivamente ao lazer e à in-formação dos associados – TV, som e TVa cabo. Oferecer conforto e assistênciaaos associados são prioridades na pau-ta de ações da Diretoria.

As boas surpresas, no entanto, nãopararam por aí. Outro grande avanço con-quistado foi a criação de uma nova logo-marca para a AMATRA 13 e uma nova ho-mepage, que já está no ar (em temporeal) trazendo imagens e dados atualiza-dos sobre a jurisprudência trabalhista.

Membros da Diretoria da AMATRA e convidados durante apresentação da homepage

O juiz aposentado José Marcos Farias deuentrevista exclusiva para o jornal da AMATRA 13

Page 2: Amatra Paginas 1 a 12 · O verdadeiro mérito é como os rios: quanto mais profundo, menos ruído faz. Halifax Chegando mais perto do associado Como disse um poeta, o tempo não pára

O verdadeiro mérito é como os rios:quanto mais profundo, menos ruído faz.

Halifax

Chegando mais perto do associado

Como disse um poeta, o tempo não pára. E com ele vai, rapidamente, nossavida. Mas, pequenas coisas nos fazem parar e uma delas é o Jornal daAMATRA 13. Sem correr o risco do exagero, diria que encontrá-lo, debaixo

da porta, ao retornar de uma extenuante pauta de audiências, me traz algunsmomento de relaxamento e prazer.

Esta edição, como de costume, vem repleta de boas surpresas, a começarpela narração sempre emocionante e divertida da colega Ana Maria, que nos falasobre suas andanças e percepções da vida através do mundo.

Dividindo com ela o posto de “espirituoso do mês” está Rômulo Tinoco, quenos permite conhecer um pouco mais de um colega que, logo cedo, passou a traba-lhar no sertão paraibano, privando-nos de convívio que - não só o seu própriotexto, mas também os relatos ouvidos aqui e ali, atestam - é dos melhores. Mas ojornal está ainda repleto de colunas igualmente interessantes. Temos os artigosjurídicos e aqueles que nenhuma relação guardam como o nosso dia-a-dia de tra-balho.

A continuidade deste projeto somente tem sido possível porque, mês a mês, oumelhor, edição a edição, colegas vêm colaborando com amor e desprendimento, mos-trando-se aos demais em aspectos, muitas vezes, completamente desconhecidos.

E como tem sido bom esse convívio literário! Falta apenas estendê-lo ao real,aos encontros para conversas despretensiosas.

A AMATRA tem procurado melhorar, cada vez mais, a nossa sede, de modo apermitir um pouco de lazer e descontração sempre que estivermos lá. Recente-mente, adquirimos equipamentos que estão à disposição de todos (TV, som, TV acabo), faltando apenas que nos encontremos mais.

Não bastam as reuniões comemorativas de datas festivas; não bastam asassembléias para discutir temas polêmicos. Nem mesmo “freqüentar” a lista ésuficiente. Bom mesmo é olhar no olho, jogar conversa fora. Fica, aqui, o convite.

Não posso ainda deixar de enfatizar a nossa homepage. Ela vem sendo cons-tantemente atualizada pela diretoria e está repleta de novidades, de material depesquisa, de fotos, etc. E fica aqui mais um convite, este para que o associado nosenvie o material que achar interessante para publicação.

Afinal, assim como a AMATRA, o seu sítio na rede mundial de computadores éde todos nós.

Um abraço a todos e boa leitura!André Machado Cavalcanti

Juiz Substituto do TRT 13ª Região e Vice-Presidente da AMATRA 13

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 20052

é uma publicação bimestral da Associação

dos Magistrados do Trabalho da 13ª Região

(AMATRA 13)

Diretoria Executiva

PresidenteHumberto Halison Barbosa

de Carvalho e SilvaVice-Presidente

André Machado CavalcantiDiretor Financeiro

André Wilson Avellar de AquinoDiretora Secretária

Nayara Queiroz Mota de SouzaDiretor de Informática

José Marcos da Silveira FariasDireção da ESMAT

André Machado CavalcantiNayara Queiroz Mota de Souza

Conselho Fiscal

TitularesMaria das Dores Alves

Maria Lílian Leal de SouzaAna Paula Cabral Campos

SuplenteSolange Machado Cavalcanti

AMATRA 13Edifício Atrium - 5º andar – Sala 505

Av. Corálio Soares de Oliveira, nº 433CEP 58.013-260 - João Pessoa/PB

Telefones/Fax:(83) 3241–7799 / (83) 3241-7640

Site: www.amatra13.org.br

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO

Meios – Comunicação e Design Gráfico

Telefax: (83) 3241-2695 / 9382-4438

[email protected]

[email protected]

Os artigos assinados são de inteiraresponsabilidade dos respectivos autores e

não expressam, necessariamente, a opinião daAMATRA 13 e do conjunto de seus associados.

DIAGRAMAÇÃO EEDITORAÇÃO ELETRÔNICARicardo Araújo (MTb/PB 631)

COLABORAÇÃO PARAEDIÇÃO DESTE NÚMERO

William Costa (MTb/PB 792)

Tiragem: 500 exemplares.Impressão: Gráfica Imprima

As informações divulgadas nesteinformativo podem ser reproduzidas,

desde que citada a fonte.

Circulação:Publicado e distribuído em Maio de 2005

Do Leitor“A AMATRA 13 está de parabéns por nos propiciar, a cada dois meses,uma leitura bastante agradável, através de seu jornal, agora com novoformato, dinâmico e descontraído.”

Solange Machado CavalcantiJuíza Titular da Vara do Trabalho de Monteiro/PB

Leitura agradável

Aniversariantes

JUNHO/200506/06 - Wolney de Macedo Cordeiro12/06 - José Airton Pereira15/06 - Herminegilda Leite Machado21/06 - Arnóbio Teixeira de Lima22/06 - Aluísio Rodrigues25/06 - Eduardo Souto Maior B. Cavalcanti

JULHO/200507/07 - Carlos Hindemburg de Figueiredo27/07 - Rita Leite Brito Rolim

JUNHO/200505/06 - Iara de Almeida Eloy (Ruy Eloy)07/06 - Antenor Roberto Soares de Medeiros (Luíza Eugênia)08/06 - Suely Coelho Tavares da Silva (Paulo Henrique)14/06 - Dirce Camargo Cirne (Arnaldo Duarte)30/06 - Keyla Magda Paulino Lima (Juarez Lima)

JULHO/200519/07 - Daliban Magalhães Ferreira (Maria Íris Diógenes)20/07 - José Mário Porto Júnior (Ana Paula Porto)

Cônjuges

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A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos,conforme o metal de que somos feitos.

George Bernard Shaw

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 2005 3

FEPETI fará campanha para combatertrabalho infantil na Paraíba

No 12 de junho será comemorado o“Dia Mundial de Combate ao Trabalho In-fantil”, data em que a sociedade brasileirae a comunidade internacional demonstra-rão o seu repúdio ao trabalho infantil quetanto envergonha o mundo civilizado.

Para celebrar esse dia, o Fórum Esta-dual de Prevenção e Erradicação do Traba-lho Infantil e Proteção ao Trabalhador Ado-lescente na Paraíba (FEPETI) estará promo-vendo do dia 6 a 12 de junho uma campa-nha de combate à exploração do trabalhoda criança e do adolescente, com o obje-tivo de sensibilizar e conscientizar a socie-dade paraibana sobre os efeitos nefastosda exploração do trabalho infanto-juvenil.

ConscientizaçãoO FEPETI é uma entidade não gover-

namental, sem fins lucrativos, que, enfren-tando as realidades sociais do Estado da

Paraíba, procura, através de campanhaspublicitárias, criar na sociedade a consci-ência dos malefícios do trabalho infantil,assim como garantir aos adolescentes o di-reito ao exercício de uma atividade laboraldigna e salutar, livres dos abusos e riscos.O FEPETI não só atua de forma preventiva,celebrando palestras, reuniões e encon-tros, como também desempenha sua ativi-

dade fiscalizatória, denunciando explora-ções e encaminhando fatos e provas aosórgãos públicos pertinentes.

O Fórum é composto por organizaçõesgovernamentais, não governamentais, públi-cas e privadas, desde associações comuni-tárias e entidades do terceiro setor até pre-feituras municipais e órgão federais. A co-ordenação do fórum é colegiada e compostapelo Ministério Público do Trabalho - Pro-curadoria Regional do Trabalho da 13ª Re-gião, como coordenador, e o Centro deApoio à Criança e ao Adolescente, ocupan-do a Vice-coordenadoria, além da Delega-cia Regional do Trabalho na Paraíba - DRT/PB, Casa Pequeno Davi, Serviço Nacional daIndústria e o Sindicato dos Ambulantes deJoão Pessoa, respectivamente, nas qualida-des de Secretário, Vice-secretário, Repre-sentante dos Empregadores e Representan-te dos Trabalhadores.

56 associados (78,57%), 36 votos a favorda chapa Anamatra Forte (81,82%), 8 paraa Anamatra Democrática (18,18%) e 12abstenções.

José Nilton Pandelot, 39 anos, ca-sado, é natural de Leopoldina (MG).Atualmente, é juiz da 4ª Vara do Tra-balho de Betim (MG). Ele tomará posseno dia 31 de maio de 2005 e comanda-rá a 13ª Diretoria da ANAMATRA no biê-nio 2005/2007.

A Diretoria da AMATRA 13realizou, em abril deste ano, umavisita de cortesia à Associação dosMagistrados do Estado da Paraíba –AMPB (foto), em João Pessoa, sendorecebida, na oportunidade, pelopresidente da entidade, Dr. MarcosCoelho de Salles, que estavaacompanhado do Dr. Josivaldo Félix deOliveira, Juiz de Direito da 1ª VaraCível da Capital.

O encontro com a Diretoria daAMPB faz parte da política de bomrelacionamento com entidadesrepresentativas da comunidadejurídica desenvolvida pela AMATRA 13,no sentido de discutir temas deinteresse comum da magistraturanacional, especificamente dasmagistraturas estadual e trabalhista.

Diretores daAMATRA 13fazem visita à AMPB

No dia 15 de abril de 2005 o juiz RuyEloy afastou-se da sua função de Juiz do TRTda 13ª Região, em virtude de ter atingido aidade limite de 70 anos, despedindo-se damagistratura depois de 50 anos de serviçopúblico, 33 dos quais dedicados à Justiçado Trabalho. “Estou deixando o trabalho paracumprir a lei”, explicou o magistrado, ementrevista à imprensa, ressaltando que iriadedicar-se à advocacia e pretendia retor-nar ao magistério.

A sessão solene de despedida foi reali-zada no Pleno do Tribunal Regional do Tra-balho da 13ª Região, ocasião em que o ho-menageado foi saudado pelo Presidente daCasa, Juiz Afrânio Melo, após o que, houveo lançamento de uma edição especial da Re-vista do TRT, cuja comissão editorial é presi-dida pelo juiz Wolney de Macedo Cordeiro.A edição da revista também é uma homena-gem ao juiz Ruy Eloy. No dia 14, o magistradorecebeu a Medalha de Epitácio Pessoa, a mai-or honraria do Poder Legislativo paraibano.

Ainda no dia 15, o TRT inaugurou oMemorial Ruy Eloy, com rico acervo da his-tória da Corte, localizado no 3º andar doedifício sede do Tribunal. O trabalho foi co-ordenado pelo juiz Paulo Henrique Tavares.

O presidente da AMATRA 13 figurou

Ruy Eloy despede-se da magistrura

entre os oradores que discursaram na des-pedida emocionante do juiz Ruy Eloy. Em suafala, o juiz Humberto Halison ressaltou os 55anos de serviço público do homenageado,33 dos quais dedicados à magistratura tra-balhista, além dos 3 anos nos quais exerceua Presidência daquela Casa de Justiça, en-fim, abarcando o arco temporal cuja origemreside na magistratura estadual em Bonitode Santa Fé em 1967 e encerrava o seu ciclonaquele dia, “coroando uma carreira bemsucedida na judicatura e no magistério”.

O juiz José Nilton Pandelot é onovo presidente da Associação Nacionaldos Magistrados do Trabalho – ANAMA-TRA. Ele disputou a eleição - realizadano dia 29 de abril deste ano - pela cha-pa Anamatra Forte e teve 1.516 votos,contra 1.044 votos dados à chapa con-corrente, Anamatra Democrática.

Os percentuais relacionados à AMA-TRA 13 na eleição da nova Diretoria daANAMATRA registraram, num universo de

Ruy Eloy durante solenidade dedespedida no Pleno do TRT

Pandelot é eleito para a ANAMATRA

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“A vida não consiste em ter boas cartas na mãoe sim em jogar bem as que se tem.”

Josh Billings

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 20054

A CAIXA, desde que centralizou oscadastros do FGTS, entre 1991 e 1992,vem implementando uma série de oti-mizações de caráter estrutural, opera-cional e tecnológico visando garantir aoempregador meios de cumprir seu de-ver social, e ao cidadão o exercício dodireito à formação e utilização dessepecúlio, sempre com qualidade, segu-rança, eficiência e eficácia.

De olho no futuro a CAIXA vemacompanhando a tendência mundial deutilização da Internet na realização denegócios, alavancada pelo surgimentode avançadas tecnologias de certifica-ção e transmissão de dados via WEB,vem migrando, gradativamente, os ca-nais de operacionalização de seus pro-dutos para a Internet, incrementandovelocidade nas operações, eficiência noscontroles e redução de custos operacio-nais, além de criar oportunidades derealização de novos negócios com osmais diversos setores da sociedade.

Essa iniciativa é parte do proces-so da CAIXA que visa obter melhoriasna gestão de fundos e programas doGoverno Federal e está incluída na di-retriz de transferir com maior eficiên-cia benefícios sociais para a sociedade,com o foco sempre voltado para as prin-cipais necessidades da população.

Fruto dessa dinâmica, a CAIXAdesenvolveu o meio de relacionamentochamado de CONECTIVIDADE SOCIAL,para acesso seguro pela Rede Mundialde Computadores - Internet, disponibi-lizando na plataforma WEB, diversasfuncionalidades de relacionamento ele-trônico da CAIXA com o empregador.

O Conectividade Social é um canaleletrônico criado para atender as exi-gências da Portaria nº 116/2004 do Mi-nistério da Previdência Social e do Mi-nistério do Trabalho e Emprego que tor-nou obrigatória à transmissão dos da-dos, por parte das empresas, para a Pre-vidência Social (GFIP) e para o Fundode Garantia (FGTS).

O portal eletrônico busca disponi-bilizar serviços on-line para os empre-gadores, inclusive aqueles que visamrevestir de maior segurança o processode acompanhamento e liberação do sal-do da conta vinculada do FGTS, no quetange à tempestividade da informaçãodos dados de movimentação do traba-lhador, pelo empregador, bem como per-mitir, com maior celeridade, a manuten-ção e qualificação do cadastro de contasvinculadas por parte do empregador.

Através desse canal eletrônico de

CONECTIVIDADE SOCIAL

O Conectividade Socialproporciona, entre outras,

as seguintes vantagenspara as empresas:

Disponibiliza um canal direto de co-municação com a CAIXA, agente opera-dor do FGTS;

Simplifica o processo de recolhimentodo FGTS;

Reduz os custos operacionais;

Aumenta a comodidade, segurança eo sigilo das transações com o FGTS;

Reduz a ocorrência de inconsistência ea necessidade de regularizações futuras;

Aumenta a proteção da empresa contrairregularidades;

Simplifica a operação de saque paraseus empregados;

Facilita o cumprimento das obrigaçõesdas empresas junto ao FGTS e à Previ-dência Social.

Bom para o empregador e para o trabalhador

relacionamento utilizado gratuitamentea empresa poderá obter, ainda, infor-mações de saldo e extrato das contasvinculadas do FGTS, gerar documentosrescisórios, comunicar o afastamento deseus empregados, atualizar dados ca-dastrais, dentre outras funcionalidades.Com essas informações prestadas dire-tamente pelas empresas, por intermé-dio do Conectividade Social, torna-semais seguro e simples o saque do FGTS.

Além dos serviços disponíveis àsempresas, o sistema torna-se impor-tante para os sindicatos enquanto pes-soas jurídicas, podendo através do mes-mo ser prestada assistência ao traba-lhador demitido. Nesta opção o sindica-to poderá consultar em tempo real, oextrato do FGTS, do trabalhador para oqual presta assistência.

Segundo o Superintendente de Ne-gócios da CAIXA, Jorge Gurgel de Sou-za, “a CAIXA vem aprimorando cons-tantemente os canais alternativos paramelhor atender às demandas da comu-nidade e clientes. Prova disto é a im-plantação do Conectividade Social per-mitindo que o empregador realize ope-rações do FGTS, antes feitas no ban-co, e juntamente com o trabalhadorpossam acessar informações sem se au-sentarem dos seus ambientes de tra-balho, o que proporciona economiza detempo para ambos. Outra grande van-tagem oferecida pelo sistema é a pos-sibilidade de homologação da rescisãocontratual pelo sindicato e o bloqueiodo saldo de FGTS que pode ser feitapelo próprio empregador, trazendo mai-or beneficio para o trabalhador, ofere-cendo-lhe conseqüentemente mais co-modidade e agilidade no seu atendimen-to”, concluiu Jorge Gurgel”.

VANTAGENS

O acesso ao sistema está dis-ponível para Empregadores,

Sindicatos de Classe, DelegaciasRegionais do Trabalho – DRT,desde que devidamente certifi-cadas no Conectividade Social,com registro de identificaçãocivil 01 (CNPJ) ou 02 (CEI). Asempresas que ainda não utilizamo Conectividade Social devembuscar sua certificação em qual-quer agência da CAIXA, poden-do ainda, obter maiores infor-mações pelo telefone: 0800 5740101 ou no site:www.caixa.gov.br

Jorge Gurgel, superintendente da CEF

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A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam porele, mas aquilo em que ele nos transforma.John Ruskin

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 2005 5

caminhos da vidaEntrevista com o juiz aposentado Entrevista com o juiz aposentado Entrevista com o juiz aposentado Entrevista com o juiz aposentado Entrevista com o juiz aposentado JOSÉ MARCOS DJOSÉ MARCOS DJOSÉ MARCOS DJOSÉ MARCOS DJOSÉ MARCOS DA SILA SILA SILA SILA SILVEIRA FVEIRA FVEIRA FVEIRA FVEIRA FARIASARIASARIASARIASARIAS

Enfrentando e vencendo desafioscom inteligência e dedicação

JOSÉ MARCOS é filho de José Fran-cisco de Farias, funcionário público es-tadual do Departamento de Estradas deRodagem (DER), e da dona de casa Ge-órgia da Silveira Farias, e tem seis ir-mãos, sendo três homens e três mulhe-res (ele é o filho do meio), todos vivos.Seus pais são de João Pessoa, assimcomo ele, que nasceu de parteira na RuaPadre Azevedo (ao lado do Quartel daPolícia), no bairro do Varadouro.

Em 1949, quando tinha 8 anos deidade, José Marcos conheceu o lado trá-gico da vida: seu pai morreu em um aci-dente com explosivos no DER, em Bayeux.Uma caixa de dinamite explodiu ao seraberta matando mais de dez pessoas,entre elas, José Francisco. Do dia para anoite, dona Geórgia viu-se com a res-ponsabilidade de criar sete filhos meno-res – o mais velho, Hermano (futuro su-perintendente da Caixa Econômica Fede-ral), tinha 12 anos.

O destino de José Marcos estava

definitivamente traçado, a partir daquelemomento. Dona Geórgia era irmã do de-sembargador Clodoardo Lima da Silvei-ra, fundador do Tribunal de Justiça e doTribunal Regional Eleitoral do Estado daParaíba. E foi ele quem amparou os ór-fãos e a viúva de José Francisco “Então,ele, com aquela bondade, ficou para mimcomo um ícone; como uma figura que euachava que tinha que imitar na vida”,revela o juiz.

E a vida deu suas voltas. José Mar-cos ingressou no Liceu Paraibano, con-cluiu o Ginasial e, quando cursava o se-gundo ano do Científico, sentiu necessi-dade de largar os estudos para ganhar odinheiro necessário à sua independência.Entrou para o Exército, servindo no Gru-pamento de Engenharia de Construção,fez um curso de sargento em CampinaGrande, de onde saiu sargento-topógra-fo, e foi trabalhar em Petrolina, no inte-rior de Pernambuco.

O jovem sargento morava em Sal-

gueiro e trabalhava em Petrolina, a 120km. No Carnaval de 1959, de folga emJoão Pessoa, conheceu o grande amor desua vida: Maria Isabel Rego de Farias.Entre o namoro e o casamento, passan-do pelo noivado, demoraram menos dequatro anos, embora o total da soma dosdias em que estiveram realmente juntosmal dê para fechar um mês.

Casados há 42 anos, José Marcos eIsabel formam um par perfeito. São fru-tos desse amor os filhos (já casados) Mar-cos Aurélio, médico, 41 anos, e a odon-tóloga Cristina, de 38 anos, pais de seisnetos – o mais velho com 15 e o caçulacom 1 ano de idade. “Isabel é o meuapoio e me ajuda em todos os momen-tos. Se alguém nos encontrar caminhan-do, é sempre de mãos dadas”, confessa.

Após o casamento, José Marcostransferiu-se de Petrolina para Natal (RN).Na capital potiguar resolveu estudar, poisnão tinha vocação para militar. Ele gosta-

O juiz aposentado JoséMarcos da Silveira Farias

estava predestinadoa entrar para a

magistratura do Trabalho,onde atuou durante apenas

cinco anos, depois de 37 anosde serviço público. Até

chegar ao Tribunal doTrabalho da 13ª Região, no

entanto, ele trilhou umcaminho cujo início foi

marcado pela tragédia, e quelhe antepôs algumas

dificuldades pelo meio, mas,ao final, o recompensou com

a felicidade.

Continua nas páginas 6 e 7

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Com um pouco de agilidade mental e algumas leituras em segunda mão,

qualquer homem encontra as provas daquilo em que deseja acreditar...Bertrand Russell

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 20056

va mesmo era de Matemática, de Física,de Química, ou seja, de Ciências Exa-tas, acalentando em segredo o sonho deser engenheiro. A idéia de ser desembar-gador com base no ideal de homem dainfância, que era o seu tio desembarga-dor, ficou para trás.

Em Natal, engajado na corrente ide-ológica de esquerda que seduziu seg-mentos do Exército, José Marcos fun-dou a Casa do Sargento (o que mais tar-de, durante os anos de chumbo, viria alhe render interpelações), mas, semprede olho no futuro, pediu baixa de suaArma, fez concurso para o Banco do Bra-sil, passou e foi nomeado, indo traba-lhar em Sapé, na época das Ligas Cam-ponesas.

José Marcos trabalhou no Banco doBrasil até 1967, quando fez concursopara fiscal do Instituto do Açúcar e doÁlcool (IAA). Mas, para galgar cargos demaior envergadura no IAA, era precisoter diploma de advogado, economista ouadministrador. Nosso intrépido herói fezvestibular, passou em primeiro lugar e,no tempo mínimo exigido, formou-sebacharel em Direito. Não demorou emdirigir a autarquia na Paraíba.

A década de 1990 começa com umduro golpe na vida profissional de JoséMarcos. Uma das primeiras medidas to-madas pelo primeiro presidente da Re-pública eleito pelo voto direto, Fernan-do Collor de Melo, foi exatamente ex-tinguir o IAA, pespegando na ficha dosfuncionários da autarquia o carimbo de“encostado” e reduzindo os salários pelametade. José Marcos sentiu que era che-gada a hora de enfrentar e vencer novodesafio.

Aos 48 anos de idade - e 33 deserviço público -, José Marcos reuniuos abandonados livros de Direito e re-tornou à mesa de estudo. Fez o pri-meiro concurso para o Tribunal Regio-nal do Trabalho apenas para ganhar ex-periência. No segundo, foi aprovado.Entrou para o TRT em 1987 e, cincoanos depois, era designado para tra-balhar como juiz substituto em Patos,sendo, posteriormente, juiz presiden-te de Junta, aposentando-se sete anosmais tarde.

Dias a trás, na bela residência emque reside no Jardim Luna, próximo àorla marítima de João Pessoa, JoséMarcos, na confortável condição dejuiz aposentado, recebeu a equipe doJornal da AMATRA 13 para rememoraros fatos que marcaram sua vida. A his-tória que você, caro leitor, vai ler aseguir, é a história de um vencedor. Orelato de um ser humano que enfren-tou os desafios da vida com duas ar-mas: a inteligência e a dedicação.

O senhor lembra de seu primei-ro dia como juiz do trabalho?

Em Patos eu tomei posse às 4 ho-ras da tarde e recebi a incumbência defazer audiência no outro dia, às 9 horasda manhã, sem nunca ter nem ao me-nos assistido a uma audiência. Mas eutinha uma certa experiência de vida: oExército, o Banco do Brasil, o IAA, en-tendeu? Então, graças a Deus, conseguime sair bem. Cheguei lá no dia seguin-te, fiz a audiência e tomei conta da si-tuação, porque não tinha nenhum juizlá. Na época, o juiz titular era Ana Cla-ra, mas ela estava de férias.

Qual o significado da magistra-tura para o senhor?

Para mim foi excelente, porquea magistratura é uma função que estáacima de tudo, em função do poderque o juiz tem de decidir sobre asquestões de direito, sobre as ques-tões jurídicas, inclusive influindo navida das pessoas. O juiz deve se cons-cientizar de que sua função é agir commuita eqüidade, muita justiça, mui-ta sabedoria, para não prejudicar nin-guém. Eu sabia que naquela minha de-cisão, naquela minha sentença, umaou várias famílias ir iam definir orumo de suas vidas. Então, para mimaquilo era o mais importante. Eu nun-ca dei uma sentença sem estudar me-ticulosamente o pedido, o direito decada um, sem me convencer plena-mente de quem realmente tinha di-reito ou quem não tinha para aplicaruma sentença justa. Eu acho que estaé a função jurisdicional: procurar apli-car a lei, aplicar o direito com justi-ça, com certeza, com harmonia, comequilíbrio, com independência, comhonestidade.

A E N T R E V I S T AO senhor poderia relatar um

fato que de certa forma marcou suaexperiência na magistratura?

Para mim foi importante ser con-vidado, depois de aposentado, e depoisde ter trabalhado tão pouco tempo namagistratura, para dirigir a Revista doTribunal Regional do Trabalho da 13ª Re-gião. Eu fui convidado pelo juiz Marcon-des Meira – na época presidente do TRTda 13ª Região - para dirigir a Revista doTRT, chefiando uma equipe onde tinhajuízes como Wolney Macedo Cordeiro eNormando Salomão Leitão. Então, eu fi-quei dirigindo essa equipe e editando aRevista do Tribunal durante oito anos, esó saí porque eu estava cansado, real-mente. Era pelo menos de três a quatromeses por ano que eu dedicava à Revis-ta. Então, para mim me valeu muito oreconhecimento do Tribunal, me convo-cando para trabalhar na Revista do Tri-bunal.

Todos nós temos pelo menosuma história engraçada relacionada aonosso trabalho para contar. O senhorcertamente também tem a sua...

Eu me lembro uma vez lá em Pa-tos, eu estava muito circunspeto numaaudiência, era uma reclamação feita porum cabeleireiro contra um salão de be-leza. Eu notei que o cabeleireiro era ho-mossexual, mas ele foi lá todo bem ves-tido, falando normalmente como umhomem, tudo direitinho... Eu chamei atestemunha dele e veio uma morenamuito bem vestida, toda decotada, umasaia curta, e sentou-se lá. Eu pergun-tei: qual é nome da senhora? E ela res-pondeu: Manoel José de Lima! Eu disse:Como é!? Dê-me a sua identidade! Eraum travesti. Aí eu proibi o depoimentodele porque, naquele momento, aquela

Entrevistado pelo jornalista William Costa, o juiz aposentado Marcos Fariasrememorou os fatos que marcaram sua vida

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Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições de sua vida,pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.Provérbio chinês

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 2005 7

identidade não retratava, não conseguiaidentificar o Manuel José de Lima naque-la senhora. Eu dispensei aquela testemu-nha. Aquilo foi uma surpresa para mim epara todo mundo, porque a gente achavaque era uma mulher, realmente.

Houve algum fato ou algumaação que representou uma espécie dedesafio para o senhor, inclusive doponto de vista profissional?

Eu sempre gostei muito de infor-mática. Na época em que estavam im-plantando o sistema de informática daJunta de Patos, ainda em caráter ex-perimental, houve uma audiência emque o reclamante questionava peranteuma empresa várias verbas, e trouxealgumas testemunhas que não me con-venceram muito. Na audiência, na me-dida em que a pessoa vai tomando osdepoimentos das testemunhas, aquilovai sendo digitado em um programa decomputador e vai sendo gravado. Astestemunhas do reclamante não meconvenceram muito, mas eu já estavaquase convencido que ele tinha razão.Eu fui ouvir as testemunhas da recla-mada e procurei conduzir o depoimen-to delas tentando evitar que mentis-sem. As perguntas que eu fiz fizeramcom que ele realmente falasse a ver-dade e, no final, o depoimento dele foitotalmente contra a empresa, aquilopesou para o meu convencimento e eufiquei certo de que com base naqueledepoimento eu iria dar razão ao recla-mante. Terminei a audiência e, quandomandei imprimir, o rapaz disse que ti-nha perdido tudo. Pesquisamos no com-putador, nada, ninguém achava maiscoisa nenhuma. Dispensei o rapaz epassei praticamente a noite toda - fuisair da Junta às 4 horas da manhã -,agarrado com esse computador, até queconsegui recuperar esse arquivo. Con-segui uma parte, porque a outra queeu me lembrava eu mesmo montei. Atéa metade ele tinha salvado, conseguiuaparecer, mas o resto que não tinha eeu saí me lembrando e digitando tudonovamente. No outro dia entreguei aosadvogados, eles aceitaram tranqüila-mente como se tivesse sido o original,e eu condenei a empresa. Nunca houveproblema nenhum. Aquilo foi um desa-fio pra mim e, graças, acho, aos co-nhecimentos de informática que eu ti-nha na época, eu consegui superar.

O que significou a aposenta-doria para o senhor?

Para mim foi a oportunidade deabrir novos horizontes, porque ao meaposentar imediatamente me reinscre-vi na Ordem dos Advogados do Brasil(OAB) e comecei a advogar. Comecei aadvogar e fui procurado imediatamentepor muitas pessoas, inclusive por pes-soas da Saelpa, que tinha casos prati-camente perdidos e eu consegui revigo-rar essas ações todas. Então, para mimforam novos horizontes que se abriram.Trabalhar sem chefe, praticamente, eu

sendo chefe de mim mesmo, adminis-trando o meu ócio da forma que melhorme aprouver. Advoguei intensamentedurante três ou quatro anos, depois co-mecei a diminuir, hoje eu só pego cau-sas muito seletivamente para evitar es-tresse. Sou advogado da AMATRA 13 jáhá bastante tempo - e agradeço a confi-ança! -, sendo, também, diretor de In-formática da entidade.

Como é a vida de aposentado?Bem, tem o trabalho na AMATRA 13,

tanto na área da advocacia, como naárea de informática, como falei. Cuido,também, dos processos particulares quemantenho e dou assistência e que sãoainda em número bastante grande. Meuhoby é música. Gosto de seresta, gostode dançar e de cantar para espantar oscolegas. Todo sábado eu gosto de reunir

a família aqui em casa para uma caran-guejada, um churrasco. Eu não sou se-dentário, gosto muito de atividade fí-sica. Nós temos um curso de ginásticapara executivos que eu freqüento des-de 1978, lá no antigo Dede, no Bairrodos Estados, nas segundas, quartas esextas, das 5h30 às 6h30 da manhã.Depois nós temos um vôlei até às 8 ho-ras. No sábado nós vamos também paralá jogar vôlei, das 6 às 9 horas. Nosdias em que não tem essas atividades,terças e quintas, eu faço caminhada napraia. Aqui em casa, no sábado, tam-bém temos um vôlei na piscina.

Pelo visto o senhor é muito dis-ciplinado...

Sou extremamente pontual nas mi-nhas coisas. Acordo diariamente porvolta das 4h45 da manhã para me pre-parar para a ginástica. Qualquer com-promisso eu chego antes do horáriocombinado. Sou muito metódico nasminhas coisas. Sou muito organizado.Tenho arquivos de documentos de 20,30 anos atrás, conta de luz é arquivadanum lugar, conta de água em outro,documentos de seguro, conta correntede banco, cada um tem uma pasta,tudo arquivado direitinho. Quando eupreciso já sei onde estar.

E a engenharia, pretende ain-da realizar esse sonho?

A engenharia ficou no passado (ri-sos). Eu vi tantos familiares meus seformarem em Engenharia, em Arquite-tura, e só passar necessidades depois,porque o mercado de trabalho é muitolimitado nesse campo, que desisti. En-tão, a ideologia que eu tinha nesse cam-po ficou no passado. Continuo gostandode Matemática, continuo gostando deFísica, de Química, gosto muito de tudoo que desafia o cérebro, sou viciado empalavras cruzadas – e só gosto das maisdifíceis! Então, é mais ou menos isso...

Marcos Fariasem momentosde sua trajetó-ria de vida:Carnaval noCabo Branco;como Sargentodo Exército; nolançamento daRevista do TRTe quando tinhaseis meses.

Formatura

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“O homem nunca deve se por em posição em que percao que não pode se dar ao luxo de perder.”

Ernest Hemingway

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 20058

A sentença líquida como veículo daceleridade processual - Constatações práticas

artigo jurídico

Na lúcida lição de Rui Barbosa, ajustiça tardia é a sua própria negação.

Não obstante o crescente anseio dapopulação de se alcançar a tão sonhada“rapidez da Justiça” (debate que envol-ve inúmeras digressões), algumas solu-ções podem ser implementadas pelo pró-prio Poder Judiciário para atenuar esseproblema. Uma delas é a adoção da sen-tença líquida no processo de conhecimen-to. Falo, especificamente, do processodo trabalho.

Diz o parágrafo único do artigo 459do Código de Processo Civil, aplicadosubsidiariamente ao processo do traba-lho: “Quando o autor tiver formuladopedido certo, é vedado ao juiz proferirsentença ilíquida”.

Na prática, essa regra não é obser-vada. Contudo, há algumas razões paraisso. Em primeiro lugar, a praxe no pro-cesso civil é a formulação de um únicopedido em face do réu. A matéria discu-tida pelas partes propicia a observânciadesse texto legal. No processo do traba-lho é diferente. Além da grande cumula-ção de pedidos, por apreciar relação detrato sucessivo, o juiz depara-se com pre-tensões que demandam análise ao longodo tempo (dias, meses, anos). Assim,pedidos relativos a horas extras, adicio-nal noturno, diferença salarial e tantosoutros dificultam, na prática, a importa-ção, para o processo do trabalho, da re-gra criada para o processo civil. O cálcu-lo dos reflexos de determinadas verbasem outras é mais um complicador para aadoção da sentença líquida pelo juiz, que,de regra, não está afeiçoado à elabora-ção de cálculos complexos.

Além de já deixar os litigantes sa-bedores dos valores que pacificam o con-flito, a sentença líquida possibilita fi-xar exatamente o valor das custas e dodepósito recursal (este balizado pelo li-mite estabelecido pelo TST). A plenitu-

CARLOS HINDEMBURGDE FIGUEIREDO

de do título judicial permite, antes mes-mo de eventual recurso ao TRT, estimu-lar a conciliação. De outro aspecto, afalta de impugnação recursal dos valo-res, índices e outras questões (excetu-ada a hipótese de erro material) impli-ca a preclusão quanto a posterior incon-formismo da parte, subtraindo, quantoa esse tema, a possibilidade de atrasono trâmite processual na fase de execu-ção reservada para a impugnação aoscálculos (artigos 879 e 884, § 3º, da CLT),etapa essa bastante caudalosa para dis-cussão de questões relativas aos cálcu-los, utilizada por alguns executados pararetardar o andamento do processo, mui-tas vezes com matérias já pacificadaspelos tribunais.

Algumas varas, quando possível,têm adotado a prática de publicar a sen-tença líquida, com o auxílio do servidordo setor de liquidação.

Diante dessas circunstâncias, porque razões o juiz de primeiro grau dei-xa de proferir sentença líquida? Possodestacar algumas que afligem a reali-dade do 13º Regional: 1. o tempo do juiznão se resume tão-somente à prolaçãode despachos e presidência de audiên-cias. Além, ainda, de proferir senten-ças, o magistrado deve estar atualiza-do tanto com a vida social quanto comas questões jurídicas; 2. o número re-duzido de juízes em relação à demanda

de trabalho, principalmente na Capitaldo Estado (muitas vezes o juiz substi-tuto fica responsável, sozinho, por todoo movimento da vara); 3. a corriqueirasubstituição dos juízes do tribunal pe-los juízes titulares das varas (nos casosde férias e outros afastamentos); 4. oexíguo tempo entre o encerramento dainstrução e a data da publicação da sen-tença (aliado à quantidade de proces-sos para a análise e prolação da senten-ça); 5. o deslocamento de juízes substi-tutos entre as varas da capital e tam-bém para o interior do Estado (impossi-bilitando o permanente contato com osservidores da vara onde mais atua, coma finalidade de estabelecer a necessá-ria fidúcia para a feitura dos cálculos dasentença); 6. a falta de treinamento deservidores e juízes para adoção dos cál-culos na sentença; 7. a inexistência deum programa unificado de informáticaque possibilite, de forma eficiente, ocálculo rápido nos casos das sentençasque não demandem grande análise dedocumentos.

Recentemente, o Tribunal Superior doTrabalho disponibilizou em seu sítio na in-ternet (www.tst.gov.br) um programa de-nominado de Cálculo Trabalhista Rápido,de fácil manejo e que pode ser utilizadopelo juiz nos casos de pouca complexida-de, embora careça de aperfeiçoamento.

Cabe, portanto, a nós, juízes, aoenfrentar os problemas já referidos, bus-car e implementar nossa parcela da res-ponsabilidade pela rápida entrega da pres-tação jurisdicional, em ações conjuntase integradas entre os diversos regionaise o Tribunal Superior do Trabalho, assimcomo entre a administração de cada re-gional e seus juízes. Ganha a máquinajudiciária, com uma maior racionaliza-ção dos trabalhos, e ganha, principalmen-te, o jurisdicionado, com a maior rapi-dez na efetivação do seu direito.

CARLOS HINDEMBURG DE FIGUEIREDO éJuiz do Trabalho Substituto da 13ª Região.

Algumas varas, quandopossível, têm adotadoa prática de publicar asentença líquida, como auxílio do servidor

do setor de liquidação.

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informátic Jurídi-

ca

“O homem comum que fica furioso se lhe disserem que o pai era

desonesto se envaidece se descobrir que o avô era um pirata.”Bern Williams

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 2005 9

mitos e metáforasANTÔNIO CAVALCANTE DA COSTA NETO

Cuidado! Dinheiro!Em seu famoso livro “A

ética protestante e o espíri-to do capitalismo”, Max We-ber nos mostra que a idéia deque o pobre não é um eleitode Deus e sim um “doente es-piritual” está ligada ao pensa-mento calvinista. Este, riscan-do do catecismo o pecado dausura para justificar a rique-za como bênção divina, con-tribuiu para a expansão do ca-pitalismo. A riqueza, quandoadquirida pelo trabalho para“a glória de Deus” e não paraa “carne ou o pecado”, pas-sou a ser vista como a coroa-ção do homem de fé que aten-de à sua vocação. Não é à-toa,que na cédula do dólar este-ja impressa a seguinte expres-são: In God we trust (Em Deusnós confiamos).

Bem, justificar o dinhei-ro amealhado ao longo dosanos tem seu aspecto positi-

vo, quando se apresenta a ri-queza como fruto do traba-lho honesto. Quando o assun-to é dinheiro, porém, todocuidado é pouco. Galbraith jádizia que dinheiro é coisacuriosa, que rivaliza com oamor a capacidade de dar omaior prazer ao ser humano;e com a morte, a de ser amaior causa de ansiedade eangústia, o que me faz lem-brar uma frase que certa vezouvi numa palestra. O pales-trante, dirigindo-se à platéia,disse ter lido num livro a afir-mação de uma jovem:

- Conheci um homem tãopobre, tão pobre... só tem di-nheiro.

Por i sso e por muitomais, ao lado de tanta coisaque se pode falar sobre a im-portância e o perigo do di-nheiro, vale o aviso de Pata-tiva do Assaré:

Ante o seu brado guerreiro,A honra desaparece,A razão empalideceCom o grito do dinheiro;O sujeito interesseiro,Que com ele se acostuma,De qualquer forma se arruma,Desconhece o próprio pai,Pois onde dinheiro vai,A justiça não se apruma.

Movimenta o mundo inteiroEste metal cobiçadoFica tudo alvoroçadoCom o grito do dinheiro,Onde ele forma um berreiro,Não respeita coisa alguma,Grita, guincha, berra, espuma,Derruba a lei do conceito,Pobre ali não tem direitoA justiça não se apruma.

ANTÔNIO CAVALCANTE DA COSTA NETOé Juiz Titular da Vara do Trabalho emGuarabira/PB e professor da UEPB. Au-tor dos livros "Direito, mito e metáfora"(Ed. LTr) e "Bem-vindo ao Direito do Tra-balho" (Ed. Papel Virtual). E-mail:[email protected]

MARCOS FARIAS@

Marcos Farias é Juiz do Trabalho aposentado, Advogado e Diretor de Informática da Amatra 13. Contatos – (83) 3227.0538 – 3227.0233(83) 9983.0038. E-mail – [email protected] Homepage pessoal – http://www.openline.com.br/~mfarias

Nossa nova homepage

RUY BEZERRACAVALCANTI JUNIOR

Após a carta de 1988 os cré-ditos trabalhistas começaram

a se distanciar dos créditos tri-butários. Enquanto o primeiromanteve a sua característica dealimentos o segundo passou a sersubordinado a funções sociais dapropriedade que são: I) geraçãode empregos; II) produção de ri-quezas; III) circulação de rique-zas; IV) pagamentos de tributos,e V) geração de lucros.

É de fácil conclusão que amanutenção da sociedade empre-sarial com empregos e pagamen-tos dos tributos em dia é mais im-portante que o recolhimento dotributo que se encontra porven-tura em atraso e tal entendimen-to é deduzido da simples aplica-ção do princípio constitucional dafunção social da propriedade.

A constrição mediante blo-queio de recursos através do sis-tema Bacen-Jud deve ficar restri-ta as quantias trabalhistas quan-do existentes outros bens passí-veis de penhora para os créditostributários.

A recente alteração do art.185 A do Código Tributário Nacio-nal (LC 118/05) demonstra que olegislador se encontra na mesmalinha de raciocínio sem qualquermargem de engano. É o retornoda plena vigência do principio damenor onerosidade do devedor naexecução tributária.

Se isto não bastasse, o pro-vimento 01/2003 da Corregedo-ria–Geral da Justiça do Trabalhoé específico para crédito traba-lhista e não tratou do crédito pre-videnciário. Basta ler seus fun-damentos. Entender diferente éatentar contra a nulidade do atoadministrativo, em especial comrelação a sua finalidade, motivoe objeto, de que trata o art. 2ºda Lei 4.717/1965.

Por outro lado, inexistentequalquer entrave jurídico paraque sejam realizadas penhorasdistintas para créditos tambémdistintos.

Com tais considerações en-tende o autor que a questão da pe-nhora eletrônica para créditos pre-videnciários, quando existentes ou-tros bens indicados pelo executa-do, afronta princípios constitucio-nais e o artigo 185 A do CTN. O as-sunto merece maior aprofundamen-to que o espaço não permite.

E S M A TESCOLA SUPERIOR DE

MAGISTRATURA DO TRABALHO

Ruy Bezerra Cavalcanti Junior éaluno Esmat 2005

Execução Fiscale Bacen JUD

Já está no ar a nova ho-mepage da AMATRA 13, com tem-po real de notícias, fotos e sen-tenças. Por questões de sele-ção e segurança, as inclusõesde notícias, sentenças, artigos,jurisprudência e fotos estãosendo feitas apenas pela Dire-toria da AMATRA 13.

Caso algum associado de-seje inserir matéria em nosso

sítio, deve enviar o arquivo parao e-mail dos Juízes HumbertoHalison ([email protected]), André Machado([email protected])ou José Marcos Farias([email protected]), que seráfeita a imediata inserção.

O acesso às seções priva-tivas da homepage exigem a di-gitação da senha do associado,

mecanismo criado para limitaro acesso apenas aos colegas daAMATRA 13. As senhas já foramdistribuídas a todos os associa-dos por e-mail individual.

Estamos procurando man-ter atualizada a seção de links.Aceitamos sugestões para inclu-são de novos links.

É importante a interaçãode todos os associados atravésda nossa homepage, para incre-mentar cada vez mais o espíritoassociativo.

GLOSSÁRIO - Continuamos hoje a publicação do Glossário deInformática, divulgando o significado de algumas palavras muito cita-das no mundo da informática:

Frame - Um frame é uma seção de uma página em HTML. Uma página Webpode ter vários frames (moldura/quadro) e cada um deles é um documentodiferente. O recurso de frames é suportado pela maioria dos navegadoresatuais, embora não o fosse pelos browsers mais antigos.

Freeware - Software de domínio público.

FTP - File Transfer Protocol (protocolo de transferência de arquivos) Umdos protocolos para controlar a cópia de arquivos via Internet. Tipica-mente, quando se fala em “Programas de FTP”, está se falando em progra-mas para copiar arquivos de um computador para outro, via Internet.

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“A primeira lei da natureza é a tolerância,

já que temos todos uma porção de erros e fraquezas.”Voltaire

tela de cinemaFÁTIMA CHRISTIANE G. DE OLIVEIRA

Osama(DRAMA, AFEGANISTÃO, 2003)

Ao contráriodo que o nome su-gere, Osama não éum filme sobre avida do terroristasaudita, ou comopoderiam pensaralguns, este não éutilizado como per-sonagem para secontar a históriade um país, de uma religião, ou de uma guerra. Osama- o título - não possui nenhuma ligação com Osama BinLaden.

No Afeganistão, local onde se passa a narrativa, estenome surge quase como um “José” por aqui: associado amilhares de homens comuns ou não, mas sempre de for-ma freqüente, popular. O diretor-roteirista-produtor-edi-tor Siddiq Barmak voltou a seu país natal para realizar oprimeiro filme afegão após a queda do regime talibã, eutilizou os moradores de Kabul e a destruição real dasruas da cidade para contar a história da menina que sefaz passar por menino para poder trabalhar e sustentar asi própria, à sua mãe e avó, após a morte de seu pai,uma vez que, os líderes do antigo regime não permitiamque a mulher saísse de casa, trabalhasse ou andasse nasruas desacompanhada de um parente do sexo masculino.Esta menina, que se transforma em mulher no decorrerdo filme, enquanto travestida de homem e recebendo trei-namento militar, representa, na verdade, todas as mu-lheres do Afeganistão, tolhidas e oprimidas pelo regimetotalitário que imperava naquele país. A sua luta pela so-brevivência é a luta de milhares de mulheres, órfãs eviúvas, que além de sofrerem as perdas de seus entesqueridos, tinham de lidar com a perda de sua perspectivaexistencial.

O filme, curto, silencioso e desprovido de qualquertipo de excesso, é um verdadeiro documentário, emborasem a pretensão explícita de sê-lo, sobre a condição damulher em um mundo dominado por homens, e por quenão dizer, sobre a condição do ser humano em um mundodominado pelo fundamentalismo religioso.

O filme não deixa, obviamente, de apresentar umavisão ocidental deste mundo, embora realizado por um afe-gão, mas não podemos esquecer que, também no Ocidente,crenças pessoais religiosas são utilizadas para ditar regrasde condutas, mesmo em Estados que se dizem laicos. Omelhor de Osama - o filme - é, indubitavelmente, a refle-xão que provoca. A universalidade do tema termina, pois,ultrapassando o contexto histórico e os limites geográficosda personagem central: a eterna busca pela liberdade.

FÁTIMA CHRISTIANE GOMES DE OLIVEIRA é Juíza do Trabalho Substituta da 13ª Região.

Mrs. Kennedy

Tida como um mito, Jacque-line Bouvier, depois Kennedy, exa-lava charme, beleza, requinte ecultura. Sobreviveu à era Kenne-dy, prolongando os dias de glóriae riqueza até a morte ocorrida em1994, aos 64 anos, época em queostentava o título de viúva do mag-nata-armador grego AristótelesOnassis.

Certamente, entretanto, nãofoi o enlace ocorrido na ilha deSkorpios, em outubro de 1968 – me-nos de 5 anos depois da morte doseu primeiro marido – que a tor-nou mundialmente conhecida, masa união com John Fitzgerald Kennedy, jovem e bem sucedidopolítico americano que chegou à Presidência dos Estados Uni-dos no ano de 1960.

O livro “Mrs. Kennedy”, de Bárbara Fleming, bem poderiachamar-se “Mr. Kennedy” ou “The Kennedy Couple”, já quedetalha a estranha e, ao mesmo tempo, fascinante relação ha-vida entre “Jack” e “Jackie”, revelando detalhes pouco co-nhecidos dos leitores.

Uma leitura emocionante, para quem gosta dos bastido-res da política, sensível o suficiente para que nos comovamoscom o amor obcecado da primeira-dama pelo seu jovem e infiel(por natureza) marido.

Casado com Jackie, Jack podia ter (e tinha, efetivamen-te) aos seus pés todas as mulheres que queria, levando-as paraa piscina da Casa Branca (ou para o seu próprio quarto) emtodos os momentos em que a sua esposa retirava-se, em finaisde semana, para a casa de campo, ou outro lugar qualquer,coisa que ela fazia, deliberadamente, para propiciar as ‘estri-pulias’ do seu amado.

As feministas não precisam ficar arrepiadas, porque tudoacontecia com o conhecimento e aquiescência de Jackie (pen-sando bem, é de arrepiar mesmo!), exceto o caso que o Presi-dente manteve, até às vésperas de sua morte, com a atriz MaryMeyer, que freqüentava os jantares mais íntimos da residênciaoficial, ocasiões em que se sentava à mesa com a dona da casa.

O livro, do começo ao fim, enfatiza a infidelidade de Jack,decorrente, segundo a autora, da comparação feita, por ele,entre a sua irmã predileta (então já falecida), conhecida porKick, e Jacqueline, o que o fazia sentir por esta um inacabávelsentimento de amor, mas nenhuma atração sexual (pura trans-ferência, pois).

A insistência no tema, por pouco, não torna a leituraenfadonha, o que, por certo, é evitado pela fartura de deta-lhes do dia-a-dia da Presidência de Jack, jovem político que,no início do mandato, foi capaz de tomar decisões sob influên-cia dos ecos do passado, relacionados com a fracassada carrei-ra diplomática do seu pai (Joe Kennedy), conhecido pela fra-queza e covardia no desenrolar da segunda guerra mundial.

Antes de nos impressionar pelos aspectos negativos doSr. Presidente, “Mrs. Kennedy” é fonte de admiração pelo ca-ráter de sua jovem senhora... uma mulher que cresceu, ama-dureceu e brilhou perante o mundo, sempre pensando e atu-ando em nome do amor que a movia.

ANDRÉ MACHADO CAVALCANTI é Juiz Substituto do TRT da 13ª Região.

ANDRÉ MACHADO CAVALCANTI

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 200510

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“O sonho e a esperança são dois calmantesque a natureza concede ao ser humano.”

Frederico I

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 2005 11

Brasil, oh! Pátria amada!!

minhasandanças

Escreva sobre suas viagens, aventuras oulugares que você já visitou e envie para oJornal da AMATRA 13. Não esqueça de ilus-trar o artigo com imagens de suas andanças.

COLABORE!

Ana Maria F. Madruga é Juíza do TRT d 13ª Região

ANA MARIA FERREIRA MADRUGA

Desde criança as viagens exerciam so-bre mim um fascínio especial. Vivia debru-çada sobre os mapas, colecionava cartõespostais.

Minha imaginação percorria as praiasde todos aqueles litorais, perscrutava osmistérios de longínquos e exóticos paí-ses, sobrevoava fantásticaspaisagens....Mas muito tempo ainda se pas-sou até que eu tivesse coragem de viveraqueles sonhos e sair de mundo afora, embusca das belezas que povoaram meu uni-verso de criança.

Primeiro tive de superar o incontro-lável pavor de avião... A simples perspecti-va de viajar deixava-me angustiada, comuma vontade louca de desistir de tudo.Masa curiosidade foi mais forte e eu comeceipor me aventurar em viagens pelo Brasil,até o desafio maior de atravessar o Atlân-tico. Heroicamente vencida essa barreira,senti-me qual Ìcaro movido a turbinas. Omundo inteiro estava ali, tentadoramenteao meu alcance, expondo-se nas colori-das fotos das revistas de turismo, nos se-dutores comerciais de lugares paradisía-cos...

Portugal foi meu primeiro contatocom o Velho Mundo, retorno às nossasorigens. Por isso mesmo a acolhedora Lis-boa guarda tantas semelhanças arquite-tônicas com nossas cidades históricas. Ea caliente magia da Espanha, transbordan-do sua sensualidade latina. A incrível ani-mação das noites de Madrid e Barcelona,onde uma irrequieta multidão se move apé, de um para outro dos seus inúmerosbares, restaurantes, casas de shows, dedanças flamengas, numa interminável fes-ta que vara alegremente as madrugadas.

A emoção de estar em Paris, imensomuseu a céu aberto, transpirando histó-ria por todas as pedras dos seus secularespalácios, monumentos e casarõesmedievais.Torre Eiffel, Arco do Triunfo,Montmartre, Sacre Coeur, Moulin Rouge,Notre Dame, Versailles... entre tantas re-ferências míticas da Cidade Luz. E o Lou-vre. Fantástico resumo da criatividade ar-tística do homem, no tempo e no espaço,ao longo dos milênios.O fabuloso vale doLoire, salpicado de castelos medievais

A maravilha de percorrer a românti-ca Suíça de carro, pelas moderníssimasautopistas, fantásticas obras de engenha-ria, transpondo vertiginosos abismos, compaisagens de tirar o fôlego, ou pelas es-tradinhas sinuosas, serpenteando entrevales atapetados de verde, emolduradospela grandiosa visão dos Alpes, com suasgeleiras eternas, recortando-se contra océu azul. Os pequenos povoados em voltadas igrejinhas de torres ponteagudas, osacolhedores chalés com balcões flori-dos, os aconchegantes hoteizinhos, de-bruçados sobre paisagens de cartões pos-tais. Tive o cuidado de elaborar uma ma-ravilhosa trilha sonora, com minhas músi-cas preferidas, o que dava um toque deverdadeiro conto de fadas, onde eu me

sentia a própria heroína dos meus sonhosadolescentes.

E Viena, onde em toda parte se es-cutam as melodiosas valsas de Strauss. Oesplendoroso palácio celebrizado nos fil-mes da série “Sissi”, com seus imensos sa-lões e lustres de cristal, símbolo de toda aopulenta realeza da época, onde senti von-tade de sair valsando sob os acordes deuma orquestra imaginária. Brugge, a en-cantadora cidadezinha belga,com seu ca-sario medieval, recortada de canais, co-nhecida como a Veneza do Norte. E vie-ram Bruxelas, Amsterdã, Luxemburgo, Bu-dapest, Praga, Berlim, Munique, Genebra,Lucerna, Montreaux, Ivoire, Saint Moritz,Zermat...e muitas mais, todas tão lindas,mas o espaço aqui não permite sequer umafrase sobre cada uma.

Um Congresso Internacional de Direi-to do Trabalho, em Lima, no Peru, levou-me também à histórica Cuzco, e à lendáriaMachu Pichu, a cidade perdida dos Incas,após sobrevoar os ponteagudos picos damonumental cordilheira dos Andes. Eu nemacreditava que estava a me aventurar emparagens tão remotas...

Recentemente, mais um roteiro desonho, saindo de Santiago até PuertoVaras, com a visão imponente do vulcãoOsorno, coroado de neve, parecendo co-bertura de chantilly, seguindo pelos la-gos andinos, com águas de um inacredi-tável azul turquesa, até a encantadoraBariloche, com esticada em Buenos Ayres.As paisagens são deslumbrantes, dos maisbelos cenários que já vi.

Mas... e as nossas belezas?? O que di-zer deste nosso país continental, que re-úne essa maravilhosa diversidade de climas,regiões e belezas naturais? Desde o friodas serras gaúchas, com cidades como Gra-mado e Canela, tão ou mais bonitas que ascidadezinhas européias? E a visão fantásti-ca dos Lençóis Maranhenses? A arrebata-dora beleza das Cataratas do Iguaçu? Eeste nosso imenso litoral, onde sem dúvi-da nenhuma estão as mais belas praias domundo?

Consegui percorrê-lo desde a longí-qua Jeriquaquara, no Ceará, com dunasse espalhando por imensas praias deser-

tas, a famosa pedra-furada, suas lagoasazuis, e o sol se pondo no mar, até a praiade Torres, no Rio Grande do Sul, com suasescarpadas falésias rochosas, formando umconjunto de rara beleza. E será que omar do Caribe tem um azul tão bonito quan-to as praias de Alagoas, com suas águasmornas e transparentes? E em que lugardo mundo se pode encontrar um paraísocomo Fernando de Noronha? Soberba mis-tura de transparentes águas azuis, cardu-mes de peixinhos coloridos, golfinhos brin-calhões e pequenas enseadas românticas,ao lado de impressionantes e poderosasmuralhas rochosas debruçadas sobre o mar.

E além de tudo isso, temos um produ-to especial, que não existe em nenhum ou-tro lugar do mundo: os brasileiros! São elesque deixam nossas cidades palpitantes devida e de calor humano. A verdade é queesse nosso povo, bem humorado, amigo, so-lidário, não existe no primeiro mundo...

Ah, mas aqui tem muita violência! Temsim... mas isso não é privilégio nosso. A vio-lência brasileira sai em doses homeopáticas,embora de forma contínua. Devagar e sem-pre. Nos países desenvolvidos é dosagemúnica e decisiva. De uma só vez se fazemmais vítimas do que nos tiroteios das favelasdo Rio durante o ano inteiro... a exemplodas torres gêmeas, de Atocha, e de tantasoutras sinistras ocorrências terroristas.

Enfim, depois de tantas andanças, detudo o que vi, ficou-me a certeza de quepaís maravilhoso é o nosso e que privilégioespecial é morar no Brasil. Como já diziaOlavo Bilac:

“Criança! Não verás nenhum paíscomo este! Olha que céu, que mar, que rios,que floresta! A natureza, aqui perpetua-mente em festa, é um seio de mãe a trans-bordar carinhos!”

Page 12: Amatra Paginas 1 a 12 · O verdadeiro mérito é como os rios: quanto mais profundo, menos ruído faz. Halifax Chegando mais perto do associado Como disse um poeta, o tempo não pára

“O mal de quase todos nós é que preferimos

ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica.”Norman Vincent

Ano VI - nº 18 - João Pessoa/Paraíba - Março/Abril de 200512

perfilDo rubacão ao camarão

O primeiro refrão dessa canção, que salvo a memória que sempre me

condena, é de autoria de HumbertoTeixeira e Luiz Gonzaga, conta direiti-nho o que foi minha vinda, diria quaseepopéia, de Natal até Sousa, quando as-sumi pela primeira vez uma Junta, em1993. Salvo a licença poética para trocaro “do”, pelo “pro”, a conversa é bemparecida. A “malota” era uma mala ve-lhinha, já meio “sambada” e o pau-de-arara era um chevettinho 87, douradoque, aliás, já não era assim de tanta con-fiança. Mas cheguei. E cheguei para pas-sar quatro anos e meio na Cidade Sorri-so, que me acolheu muito bem e me en-sinou os primeiros macetes da profissão.

A primeira audiência, Deus doCéu, um inquérito para apuração de fal-ta grave, nunca tinha visto aquilo. O da-tilógrafo, quer dizer, o “dedógrafo” daaudiência, que diziam ser a evidênciaviva dos dinossauros em Sousa, acredi-tem, foi um dos meus primeiros mes-tres. Deu até dicas de como iniciar econcluir as audiências. Era tudo muitodivertido. Contavam-se inúmeras histó-rias e estórias da passagem de outrosjuízes.

De Carlos Montenegro, então, nemse fala. Era um tempo difícil, mas gos-toso. Havia um certo tom de amadoris-mo, mas era feito com tanta dedicaçãoque tudo terminava fluindo e sempresaíam todos satisfeitos.

Enfim, passou. Andei mais um pou-quinho, cheguei em Patos. Cidade mai-or. Povo tão, ou mais acolhedor do que

RÔMULO TINOCO DOS SANTOS

“Quando eu vim ‘pro’ sertão seu moço, do meu bodocó,a malota era um saco e o cadeado era um nó.

Só trazia coragem e a cara, viajando num pau-de-arara.Eu penei, mas aqui cheguei”.

o Sousense. Embora seja muito suspei-to para falar, porque lá até casei, poucotenho como resumir a satisfação e a ale-gria de ter passado por lá por outros qua-tro anos. Que tempo bom. Que boas far-ras. As “cervejadas” com os sanfonei-ros no velho “Mormaço” aos sábados.

A turma que se reunia no “Core-to” nos jogos de Quarta, pela TV, comos “bolões” de 1 real. A inesquecívelcarne de sol do “Baicora”. Ainda hoje,quando vou em visita aos familiáres deÂngela, faço todo o percurso.

O tempo passa ligeiro e aporto emCampina. Quase uma capital. Aqui nãose fala em interior. Nem pensar. Pudeexperimentar, e quem por aqui passoupode me confirmar, um dos melhores emais sinceros convívios com servidores,que são meus colegas, que são meusamigos. Nunca imaginei que pudessecompartilhar sensações tão próximasentre trabalho e prazer. De tanta res-ponsabilidade com tanto carinho por to-

dos repartido. E nessa brincadeira, láse vão outros quatro anos.

Eu tenho pra mim, que o tempoconspira contra todo mundo. E pareceque quanto mais você gosta de algo oude alguém, mais ele passa ligeiro, irre-quieto, buliçoso. Foi uma convivênciaprazerosa com muita gente boa ao lon-go desses doze anos de magistratura.Não conhecia ninguém na Paraíba. Nãotinha uma só amizade. Hoje sou rico.Milionário. Tenho a benevolência e a re-signação de amigos.

Sei que não agradei a todos, aliás,a muitos. Paciência. O que eu espero éter deixado uma herança de boas lem-branças aos que deixei pelo meio do ca-minho, porque em mim todos ficaram.E por derradeiro, João Pessoa. Será? Meaguardam Ângela e Rominho. Não sei sevai ser inspirador. Não sei se vou mecontentar em ficar “imexível” tantotempo. Vão se acabar as viagens, vãose acabar as novidades. Os problemas eaflições próprias da profissão, estes nãoacabam.

Serão outros, muitos, colegas no-vos, com outras idéias, com outras ex-periências, certamente enriquecedoras.

O que importa é que serei mais um.Meio desconfiado, é verdade. Deve serpor conta desse meu perfil, meio Praia,meio Borborema, meio Sertão. Um abra-ço a todos.

RÔMULO TINOCO DOS SANTOS é Juiz Titu-lar da 1ª Vara do Trabalho de Campina Grande/PB

Sei que não agradei atodos, aliás, a muitos.

Paciência. O que euespero é ter deixado uma

herança de boaslembranças aos que deixeipelo meio do caminho...