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Revista Afirmativa Plural nº 38

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4 Afirmativa Plural • Edição 38

ndice

Afirmativa Plural é uma publicação da Afrobras - Sociedade AfroBrasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural, Centro de Documen-tação, através da: Editora Unipalmares Ltda., CNPJ nº 08.643.988/0001-52. Com periodicidade bimestral. Ano 8, Número 38 - Av. San-tos Dumont, 843 - Bairro Ponte Pequena - São Paulo/SP - Brasil -CEP 01101-080 - Tel. (55 - 11) 3229-4590. www.afrobras.org.br

CONSELHO EDITORIAL: José Vicente • Francisca Rodrigues• Cristina Jorge • Nanci Valadares de Carvalho • Humberto Adami• Sônia Guimarães.

DIREÇÃO EDITORIAL E EXECUTIVA: Jornalista FranciscaRodrigues (Mtb.14.845 - [email protected]).

FOTOGRAFIA: J. C. Santos, Miro Ferreira e Divulgação.

COLABORADORES: Ana Luiza Biazeto e Daniela Gomes.

EDITORA: Rejane Romano (Mtb. 39.913 - [email protected])

REDAÇÃO: Vivian Zeni (Mtb. 51.518 - [email protected]),Glaucia Lopes (Estagiária - [email protected])

ASSINATURA E ANÚNCIOS: Rejane Romano ([email protected]) Tel. (11) 3229-4590.

PUBLICIDADE: Maximagem Mídia Assessoria em ComunicaçãoTel.(11) 3229-4590.

CAPA: J.C. Santos

EDITORAÇÃO: Alvo Propaganda e Marketing ([email protected]).

IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Vox Editora.

VeículosNovo esportivo da Mercedes ............................................... 76

OpiniãoEstá na hora da outra abolição – Rosenildo Gomes Ferreira.................................................................................................. 78

EmpreendedorismoO sonho de vestir o jaleco .................................................... 80

SaúdeMãe África – Vivian Zeni .................................................... 82Pretas recebem menos anestesia – Marcelo Rubens Paiva.................................................................................................. 86

TurismoA nossa Suiça ......................................................................... 88

AfirmativoIdentidade com a cor – Edson Santos ................................ 92

Preto e BrancoAbdias do Nascimento .......................................................... 94

Entrevista EspecialLuiza Bairros .............................................................................. 6

EducaçãoA força da palavra – Maria Alice Setúbal e Antonio Matias.....................................................................................................10

CapaFormatura Zumbi dos Palmares – Coroação de Guerreiros.....................................................................................................14

Cidadania“Reflexões e Memória – Cerimônia de Outorga da Medalhado Mérito Cívico Afrobrasileiro” ......................................... 38

Homenageados com a Medalha do Mérito CívicoAfrobrasileiro ........................................................... 52

Sair dos porões – Paulo Pires Filho ......................... 68

Atoleiro racista – Roseli Fischmann ........................... 70

Conquista de negros e índios no Rio de Janeiro ....... 72

PerfilÍcone do cinema negro – Zózimo Bulbul .................. 74

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editorial

Esta edição foi concluída nofinal de maio, mês em que o Brasil

completou 123 anos da Abolição daEscravatura, período em que durante mais

de 300 anos, sequestrou mais de quatro mi-lhões de africanos que foram trazidos para cá

como escravos. Esses são os dados oficiais.Extra-oficialmente, porém estima-se que mesmo

após a abolição da escravatura, em 13 de maio de1888, dezenas de pessoas ainda foram vítimas do

tráfico negreiro e da escravidão no Brasil.Como sempre fazemos para relembrar esta data, a

Afrobras e a Faculdade Zumbi dos Palmares realiza-ram mais uma edição da Cerimônia de Outorga da Me-

dalha do Mérito Cívico Afrobrasileiro. Neste evento,foram divulgadas algumas conquistas dos negros brasilei-ros: 30 alunos do Curso de Enfermagem do Colégio da

Mas como veremos nesta edição, onegro ainda está longe de ser tratadocomo igual.Dados publicados pelo Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE) dãoconta de que mães negras morrem mais du-rante o parto (275 mortes por 100 mil bebêsnascidos vivos). Esse número chega a ser até setevezes maior quando comparado ao índice de mor-talidade entre mulheres brancas (43 mortes por 100mil nascidos). Pardas e negras também tiveram me-nos acesso à anestesia durante o parto: 16,4% e 21,8%respectivamente.Mas vamos continuar discutindo que liberdade é estaonde os negros continuam em desvantagem, invisíveis,sofrendo preconceitos. Como bem diz o jornalistaRosenildo Ferreira, em seu artigo na editoria Opinião:

Cidadania Zumbi dos Palmares, em parceria com o Hos-pital do Coração e com o Centro Paula Souza receberamo certificado do curso técnico em Enfermagem. O Bra-desco contratou 30 novos estagiários da Zumbi, a Mer-cedes-Benz assinou o contrato de renovação do projetode estágios com a Zumbi. A Faculdade também assinoucom a Petrobras um convênio para a criação de umpólo da Universidade Petrobrás, dentro da FaculdadeZumbi dos Palmares.Além disso, houve a formatura de mais 241 alunos daZumbi dos Palmares, dos cursos de Administração(quarta turma) e de Tecnólogo em Transporte Ter-

restre (primeira turma de formandos). Com estes,a Zumbi já soma quase mil alunos formados em

sete anos de atuação. Jovens que estão mudan-do esse país, mudando suas vidas, suas famí-

lias e sua comunidade através da educa-ção e, consequentemente, de melhor

qualidade de vida.Boas notícias não faltaram

nesta noite de alegria.

“de quem é a culpa? Difícil dizer. Porém, é líquido e cer-to que a omissão de boa parte da comunidade afrodes-cendente vem colaborando para nos manter em desvan-tagem [...]. Quantos de nós já mandaram uma carta, umemail ou ligou cobrando de empresas, de anunciantes edas emissoras de TV uma maior participação do negroe principalmente das mulheres?Embora as mudanças sejam poucas elas estão aí, esta-mos galgando os degraus, mesmo que de um em um.Chegará o dia em que não precisaremos mais de co-tas nem de ações afirmativas de qualquer naturezapara incluir a nós negros em qualquer segmentodeste nosso Brasil. Chegará o dia em que vere-mos nas TVs, nas propagandas, número igualde brancos e negros, mostrando a cara doBrasil real, do Brasil miscigenado e que con-vive bem com as diferenças.“Eu tenho um sonho”!Boa leitura.Francisca Rodrigues,Diretora Executiva.

123 anos de Abolição123 anos de Abolição123 anos de Abolição123 anos de Abolição123 anos de Abolição

ditorial

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mulher,negrae

nocomandoPor

Rejane Romano

Gaúcha radicada na Bahia hámais de 30 anos, a ministra da Igual-dade Racial, Luiza Bairros, possuiexperiência de sobra para comandara pasta no governo Dilma.

Luiza foi uma das fundadoras doMovimento Negro Unificado (MNU)e também fundou o Projeto Raça eDemocracia nas Américas, um pro-jeto em parceria com uma organi-zação norte-americana, a Conferên-cia Nacional de Cientistas PolíticosNegros, que promove a troca de ex-periência entre estudantes de pós-graduação afrobrasileiros e pesqui-sadores afro-americanos. Além dis-so, a partir de 2006 comandou a Se-cretaria de Promoção da IgualdadeRacial em Salvador, lutando contrao racismo e o sexismo.

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Formada em Administração epós-graduada em Sociologia, a minis-tra assumiu a posição com planospara lutar pelas mulheres negras e decriar núcleos da Seppir nos Estados.

Afirmativa Plural – Como está sen-do arrumar a casa a seu jeito?

Luiza Bairros – Esse primeiromomento é de conhecer em maisprofundidade os trabalhos que vemsendo realizados há oito anos pelaSeppir. Isso nos leva a aprofundar odesenvolvimento anterior, agora, deacordo com as prioridades estabele-cidas no governo Dilma.

Afirmativa Plural – Quais são es-tas prioridades?

Luiza Bairros – A presidentetem divulgado como prioridades a

meta de erradicação da miséria, so-mada às prioridades de educação, saú-de e segurança pública. Levando emconta que essas prioridades tambémestão entre as bandeiras de luta dopróprio movimento negro.

Afirmativa Plural – A situação damulher negra em grandes empresas segundopesquisa do Instituto Ethos não representaa quantidade da mesma na sociedade. Háalgum projeto específico para este público?

Luiza Bairros – Temos a inten-ção de trabalhar com projetos maisespecíficos. Entendo que este é umsetor que sofre mais as desvantagensdo racismo e do sexismo. As propos-tas ainda não foram totalmente pen-sadas e formatadas, mas vamos desen-volver em conjunto com as demais

entrevista especial

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entrevista especial

Luiza Bairros, ministra da Igualdade Racial.

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secretarias da Mulher e dos DireitosHumanos. A idéia é trabalhar com asmeninas e adolescentes negras. Paraisso deveremos também conversarcom os setores dos movimentos deMulheres Negras. Tenho certeza queeles têm várias idéias para o desenvol-vimento de políticas públicas. Vamosinaugurar este trabalho com as mu-lheres negras e escutar estes setorespoderá nos assegurar as prioridadescorretas de acordo com a vivência eos trabalhos cotidianos destes grupos.

Afirmativa Plural – Quando o Es-tatuto da Igualdade Racial foi aprovado fi-cou com um “gostinho de quero mais” e coma promessa de emendas que contemplassemassuntos que ficaram de fora. A senhora játem buscado discutir como será a busca des-tas questões?

Luiza Bairros – Na verdadequando cheguei aqui já havia um es-forço da gestão anterior para anali-sar o Estatuto e verificar que pon-tos precisariam de uma complemen-tação via decreto. Tenho procuradoidentificar o que é mais importanteneste momento para as políticaspúblicas de promoção da igualdaderacial para que haja a definição doque virá a ser o sistema de promo-ção da igualdade racial e criar umamoldura institucional para a imple-mentação de políticas que já existem,como é o caso da saúde da popula-ção negra e dos quilombos, mas quemerecem mudanças.

Afirmativa Plural – Quais os ar-tifícios para trabalhar a promoção de igual-dade racial?

Luiza Bairros – O combate aoracismo é a luta mais difícil a sertravada. A promoção da igualdaderacial é como os governos têm feitoisso. Trabalhamos com os efeitos doracismo na vida das pessoas negras.As estratégias são dadas a partir dasdiscussões que são feitas. A Seppir járealizou duas destas discussões des-de que foi criada. Delas se tiram asdiretrizes do plano de igualdade ra-cial composto por 12 eixos como jácomentei quanto a saúde, educação...

Afirmativa Plural – A Seppir mui-tas vezes serve como um auxílio para pes-soas que denunciam casos de racismo e ou-tros assuntos, mas com torná-la mais pró-xima da comunidade negra?

Luiza Bairros – Essa é umas dasgrandes preocupações, a aproxima-ção de algumas demandas da popu-lação negra. Temos uma Ouvidoriapara auxiliar quem sofre com a into-lerância religiosa e discriminação, masdaqui para frente a intenção é que osEstados tenham núcleos para acolhi-mento e acompanhamento destasdenúncias. Formar uma rede comespaços em todo Brasil para a popu-lação negra.

Afirmativa Plural – Como militan-te do movimento negro a senhora acreditaque tem uma visão mais presencial quantoàs necessidades da comunidade negra?

Luiza Bairros – Ter militado nomovimento negro ajuda para exer-cer uma função como esta, mas nãoé suficiente. Esta é uma experiênciaque deve ser somada a de outraspessoas. Umas do movimento negro,outras mais vinculadas à gestão pú-blica, por exemplo. Isso é o que podeproduzir um trabalho consequentecom a demanda.

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A Olimpíada de Língua Portugue-sa Escrevendo o Futuro envolveu5.488 municípios de todo o país, qua-se 240 mil professores, mais de 60 milescolas e contou com a participaçãode mais de 7 milhões de estudantes.

Sendo concurso nacional de tex-tos para alunos de escolas públicas, éclaro que o domínio das palavras, adesenvoltura nas regras gramaticaise o manejo afetuoso e preciso da lín-gua materna expressam resultadosqualitativos do programa.

Entretanto, são os números quemostram o impacto dessa iniciativado Ministério da Educação e da Fun-dação Itaú Social, com coordenaçãotécnica do Cenpec (Centro de Estu-dos e Pesquisas em Educação, Cul-tura e Ação Comunitária).

Possuindo uma metodologia es-truturada e convergente com os obje-tivos de corresponsabilização socialem torno da melhoria do ensino, temsido capaz de mexer com a realidadeescolar e de envolver a comunidadeem milhares de municípios brasileiros.

Sendo apoiado por um mobiliza-dor concurso, oferece formação a

Por Maria Alice Setubal e Antonio Matias *

Maria Alice Setubal

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Há muitos projetos com poten-cial transformador na área da educa-ção em andamento no país. O dife-rencial da Olimpíada de Língua Por-tuguesa Escrevendo o Futuro é a lar-ga escala que atinge - 99% dos muni-cípios brasileiros -, resultado do en-volvimento de diversas instituições edo estímulo à participação, dividin-do e ao mesmo tempo valorizandoresponsabilidades.

Suas engrenagens se encaixamvoluntariamente e mobilizam a to-

* Maria Alice Setubal, doutora em psicologia daeducação pela PUC-SP, é presidente do Cenpec(Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cul-tura e Ação Comunitária).* Antonio Matias é vice-presidente da FundaçãoItaú Social e membro do conselho de governançado movimento Todos pela Educação.

professores de língua portuguesapor materiais pedagógicos distribu-ídos às escolas, cursos pela internet,além de firmar parcerias com secre-tarias municipais e estaduais de Edu-cação para a realização de cursospresenciais e para a organização dasetapas da Olimpíada.

O programa também estimula oenvolvimento da comunidade esco-lar, do bairro e da própria cidade, aopropor como tema geral dos textos“O lugar onde vivo”, incentivandoalunos e professores a voltar o olharpara a própria realidade.

A visibilidade dada ao trabalho doprofessor e da escola pública provo-ca transformações em suas comuni-dades de origem.

Os textos se tornam referênciase efetivam sua função social quan-do divulgados, lidos em rádios, pu-blicados em jornais locais ou sim-plesmente afixados em pontos pú-blicos, como acontece em várias ci-dades participantes.

No dia 29 de novembro, emBrasília, foram anunciados os vence-dores da Olimpíada de 2010. Mas,antes mesmo da divulgação, os tex-tos desses estudantes já repercutiamem suas comunidades.

Na pequena cidade de Pedra La-vrada (PB), Rossana Dias Costa, 17,aluna do ensino médio, provocoudiscussão na cidade ao escrever so-bre os problemas ambientais provo-cados por mineradora. A crônica deGabriel Batista da Silva, de Barba-cena (MG), sobre velha quadra defutebol num esquecido bairro rural,fez com que o restante da cidadepercebesse e reconhecesse aquelacomunidade por meio de notícias daimprensa local.

dos: entes públicos, escolas e comu-nidades. Seu modelo contribui paraque outras iniciativas venham se jun-tar a esse grande movimento quepretende elevar a qualidade da nos-sa educação e dar dignidade a todosos brasileiros.

Antonio Matias

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Por Ana Luiza Biazeto

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A esperada Colação de Grau daquarta turma de Administração e daprimeira de Tecnologia em Transpor-te Terrestre (TTT) da FaculdadeZumbi dos Palmares aconteceu nanoite de 9 de maio de 2011. As becase os capelos dos formandos que tran-sitavam no saguão do auditório doMemorial da América Latina repre-sentavam conquista e gratidão.

Para as fotos, poses. Para cele-brar, abraços entre amigos e famili-ares. Enquanto aguardavam em filaa entrada no auditório, a algazarradenunciava a alegria. Ao som deLove’s Theme, do cantor e composi-tor negro norte-americano, BarryWhite, os glamorosos formandos,cheios de sorrisos e olhos mareja-dos de emoção, desceram a escada-ria do local em meio a aplausos.

São chamados de guerreiros pelocoordenador do curso de Adminis-tração e de Estágios, Márcio de Cás-sio Juliano. “Boa parte deles traba-lhava dez horas por dia e ainda che-gava com disposição na faculdade.Além disso, são bem articulados, o

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que resulta, também, da dedicação dos nossos professo-res”, afirma.

Caio Sérgio Ribeiro, 54 anos, é o orgulho da mãe de 90.“Ela mora em Campos do Jordão (SP) e, pela idade, nãopôde vir. A alegria dela é eu ter feito o ensino superior”,diz o formando em TTT, que trabalha na área de transpor-tes há dez anos e cursou a faculdade para aprimorar osconhecimentos.

De acordo com o coordenador do curso de Tecnologiaem Transporte Terrestre, Jair de Souza Dias, a maioria dosformandos em TTT já está no mercado de trabalho. “Elesvieram para a faculdade em busca de ascensão, foram alu-nos de um curso pioneiro no país, por isso merecem todoo nosso respeito.”

A formanda em Administração Ângela Maria da Silvaengravidou no último ano da faculdade. “A Nicole, minhafilha de sete meses, acompanhou parte das dificuldades edaquilo que também há de mais gratificante. Espero queela tenha um bom futuro, além do orgulho por eu ter estu-dado na Zumbi”, conta, satisfeita pela conclusão do curso.

Para o diretor acadêmico da Zumbi, Hédio Silva Jr.,que se identifica como integrante do “clube de fãs” da ins-

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tituição desde o seu projeto, “a faculdade tem um proje-to de inclusão social radicalmente comprometido com aqualidade de ensino e produção do conhecimento”.

Os paraninfos que contribuíram para abrilhantar adata foram a Deputada Estadual Leci Brandão, o Verea-dor Netinho de Paula e o presidente da Fundação Cultu-ral Palmares, Elói Ferreira. Os patronos foram o minis-tro do Esporte, Orlando Silva, e o presidente do Conse-lho do Santander e da Federação Brasileira de Bancos(Febraban), Fabio Barbosa.

Na mesa solene, estavam também os professores, ofuncionário homenageado e o presidente da UNE (UniãoNacional dos Estudantes), Augusto Chagas, que ratifi-cou: “Estudar no Brasil é, infelizmente, algo que exigealém da dedicação, o enfrentamento de outros percal-ços”. Conforme Chagas, “a Faculdade Zumbi dos Pal-mares está na luta por melhorias, numa realidade de umBrasil desigual”.

O Coral Kadmiel Zumbi dos Palmares cantou e en-cantou durante os diversos momentos da cerimônia. Aentrega dos certificados de conclusão de curso foi oápice do evento, onde familiares e amigos se movimen-

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tavam para fotografar evisualizar o acontecimento.As crianças, ansiosas, espe-ravam a chamada das estre-las da noite.

Para o reitor da faculda-de, José Vicente, a soleni-dade é de coroamento da-quilo que é a vida de cadaum dos formandos. Ele tema convicção de que “quemtestemunha e prestigia essaColação de Grau, está di-zendo ‘sim, vocês podem’,‘vocês são capazes’ “.

Como sempre instiga oreitor, “Valeu, Zumbi”.

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Os formandos estão chegando num momento de expansão econômica, de muitas coisas boas, o que representa grandesoportunidades. O importante é perceber que não basta subir de cargo no trabalho, porque a felicidade está nos valoresde cada um, no dia a dia, aqui e agora. Vocês são protagonistas do Brasil que está sendo construído, por isso são vistoscomo referências do País.

Fabio Barbosa,Presidente do Conselho do Santander e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

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Em nome da presidente Dilma Rousseff, agradeço a todos os familiares desses formandos, que estiveram presentesnessa trajetória. Esta data mostra que algo se move no Brasil, que há a construção de um país mais justo, deigualdades. Como um ato simbólico, quero que recém-formados da Zumbi venham somar na minha equipe daCopa 2014.

Orlando Silva,Ministro do Esporte.

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A melhor notícia que recebi foi que a maioria dos formandos está empregada. A inclusão da população negra viaeducação é o caminho. No meio de vocês há vários heróis anônimos, por isso estão de parabéns. Viva a Zumbi dosPalmares, viva a todos vocês!

Elói Ferreira,Presidente da Fundação Cultural Palmares.

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Leci Brandão,Deputada Estadual, SP.

“Essa noite é cercada de grandes significados, que provam que o Brasil pode cuidar de todos os seus filhos. Éinestimável o valor da Faculdade Zumbi dos Palmares e a dedicação desta instituição. Este evento é um fatohistórico por toda a construção possibilitada por essa faculdade aos seus alunos.”

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Eu não podia deixar passar essa oportunidade de dizer que vocês são imprescindíveis, pois com suas profissões vocêspodem mudar o mundo, lutar para que tenhamos mais igualdade, isso só depende de vocês, dessa galera do gueto quebatalhou tanto, que pegou no batente, com chuva, com sol. Para vocês o meu carinho, respeito, minha admiração.

Netinho de Paula,Vereador, SP.

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A experiência adquirida no curso gera novos caminhos profissionais. Para nós, negros, a profissionalização é essen-cial. Tenho 19 anos de experiência na área de trânsito e espero que o estudo alavanque meu sucesso na empresa.

Cláudio de Jesus Aguiar Vicente,Formando em TTT.

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Provoquei uma reação em cadeia ao ingressar na faculdade de Administração. Há dois anos meus pais concluíramo ensino médio. Vou ensinar aos meus filhos que, para sermos livres, dependemos da educação.Francisco Iran de Sousa,Formando em Administração.

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Somos cinco irmãos, apenas um não tem ensino superior. Fui atrás do meu objetivo, depois de 25 anos de conclusão doensino médio foi árduo, a família ficou em segundo plano, mas quando chega essa hora, a gente vê que valeu a pena.Rosemeire Ferreira Sales,Formanda em Administração.

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Durante 300 anos, mais dequatro milhões de africanosforam sequestrados e trazi-dos para o Brasil como es-cravos. Esses são os dadosoficiais. Extra oficialmente,

porém estima-se que mesmoapós a abolição da escrava-tura, em 13 de maio de 1888,dezenas de pessoas ainda fo-ram vítimas do tráfico negrei-ro e da escravidão no Brasil.

Arrancados de suas famíliase perdendo contato com suasraízes, essa população criouno Brasil, uma extensão dacultura que lhes foi roubada,gerando assim os mais de 90

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Por Daniela Gomes e Vivian Zeni

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milhões de cidadãos que for-mam hoje a população afro-brasileira.

Para honrar a memóriadesses ancestrais e homena-gear mais de 50% da popu-

lação que ainda aguarda pelaliberdade que não foi dadacom a assinatura da Lei Áu-rea, a Afrobras e a Faculda-de Zumbi dos Palmares rea-lizaram no último dia 13 de

maio, mais uma edição daCerimônia de Outorga daMedalha do Mérito CívicoAfrobrasileiro.

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Tendo como mestres de cerimônia o ator NillMarcondes e a jornalista Joyce Ribeiro, a cerimônia,realizada no espaço Rosa Rosarum, em São Paulo,contou com a presença de artistas, personalidades,autoridades e instituições parceiras, que mais umavez se unem a Afrobras e a Faculdade Zumbi doPalmares, para mostrar que quando um país respei-ta a diversidade, todos ganham.

“Sinto-me parte da Afrobras, sou conselheira daFaculdade Zumbi dos Palmares, para mim é sempreum prazer estar aqui. Costumo dizer que sou oti-mista em relação a tudo que conquistamos, porémdesejo muita coisa assim como sei que nosso povotambém deseja. Hoje é um dia de comemoração,mas também de refletirmos em que ponto estamose quais são nossas prioridades para que possamosacelerar o processo de evolução do negro na socie-dade brasileira”, afirma a jornalista Joyce Ribeiro.

Logo de início, o evento surpreendeu aos pre-sentes, com a intervenção teatral da companhia deteatro Os Crespos. Intitulada Ponto 13, a peça temcomo proposta realizar um percurso lírico dramáti-

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co da população negra no Brasil.A abertura oficial do evento se deu com

a entoação do hino nacional pelo CoralKadmiel Zumbi dos Palmares.

O presidente da Afrobras, José Vicente,agradeceu aos artistas negros que sempreapoiaram as iniciativas da instituição e trou-xe à memória, mais uma vez, a conquista dosalunos da Faculdade e do Colégio da Cida-dania Zumbi dos Palmares.

Vicente observou que a melhor home-nagem que a instituição poderia prestar atodas essas pessoas é continuar com o tra-balho desenvolvido. “Nós não vamos de-sistir nunca, vamos continuar como se esti-véssemos em uma corrida de bastão”, de-clarou o presidente.

“A Afrobras promove os únicos grandese visíveis eventos de que temos conhecimen-to. Não conheço nenhuma outra institui-ção tão respeitada e tão séria. Sinto-me dafamília Afrobras, temos carinho e respeitomútuos. Como negra é emocionante ver issoacontecer”, disse a cantora Paula Lima.

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“Eu acredito que buscar a igual-dade é uma responsabilidade indivi-dual nossa, como companhia, comolíderes, e como membros da socie-dade brasileira. Eu acredito que umevento como esse é importante paracontinuar enfatizando a importânciadisso e o valor da diversidade e dariqueza cultural de um país. Nós den-tro da Ford valorizamos muito asoportunidades de reconhecer as di-ferenças de experiências de vida e damaneira de encarar as coisas, isso éimportante para nos tornar mais for-tes como nação, nos tornar mais for-tes como empresa e com isso cons-truir para um mundo melhor. Por issoa Ford está sempre muito compro-metida e envolvida em continuar cri-ando as condições para que nós líde-res possamos contribuir e nós comoempresa possamos fazer a diferen-ça.”, ressaltou Marcos Oliveira, pre-sidente da Ford do Brasil.

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Dentre as vitórias ressaltadas porJosé Vicente, está a conquista do cer-tificado do curso técnico em Enfer-magem dos alunos do Colégio daCidadania Zumbi dos Palmares, quereceberam o certificado do curso,ministrado em parceria com o Hos-pital do Coração - HCor e CentroPaula Souza.

O evento trouxe boas notíciastambém, para os alunos da Faculda-de Zumbi dos Palmares, ao firmarnovos acordos com as instituiçõesparceiras.

Dentre as empresas que renova-ram a parceria, está a Mercedes-Benz,que desde 2009 atua na formação dejovens da faculdade para seu quadrode funcionários. Segundo o diretorde Recursos Humanos da Mercedes,Marcos Alves, a parceria com a Zum-bi envolve um desenvolvimento téc-nico e comportamental e é a manei-ra da multinacional colaborar com a

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busca pela real liberdade do negrobrasileiro. “Queremos contribuircom essa liberdade tão sonhada”,afirma o diretor.

Além da Mercedes, o banco Bra-desco também reafirmou seu com-promisso com a causa ao contratarmais 30 alunos para seu programa deestágio, que há sete anos, integra alu-nos da faculdade à corporação.

De acordo com o presidente doBradesco, Luiz Carlos Trabucco, aparceria entre a Zumbi e o Bradescoé um privilégio para a instituição esinaliza um futuro de esperança.“Acho que juntos nós podemos cons-truir um Brasil de igualdade social”,afirma Trabucco.

Outra grande conquista foi a as-sinatura de um novo convênio quetrata do acordo da criação de um pólo

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da Universidade Petrobrás, dentro daFaculdade Zumbi dos Palmares.

Para o presidente da PetrobrasDistribuidora, José Lima de AndradeNeto, é uma honra para uma empre-sa como a Petrobras, que nasceu dasociedade brasileira firmar essa par-ceria com a Zumbi. “Estamos muitofelizes porque vamos ter a Universi-dade Petrobras dentro da FaculdadeZumbi dos Palmares e porque vamosjuntos criar e dar continuidade a esseprocesso”, afirma Lima.

Os Comendadores da Afrobras,condecorados com a medalha são: oprefeito de São Paulo, Gilberto Kas-sab, Ministro do Supremo TribunalFederal, José Antonio Dias Toffoli, oembaixador de Angola, Leovigildo daCosta e Silva, o presidente da Fiesp,Paulo Skaf, o Embaixador no Brasildos Estados Unidos, Thomas Shan-non, o deputado Federal Vicente Cân-dido (PT/SP), a jornalista, Dulcinéia

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Novaes, o empresário Antoninho Trevisan, o deputado Es-tadual, José Cândido (PT/SP), o presidente da FundaçãoCultural Palmares, Elói Ferreira, o Coronel da Polícia Mili-tar, Secretário da Casa Militar do Estado de São Paulo,Gervásio Moreira, a deputada Federal, Janete Pietá (PT/SP), o vice-presidente do Banco do Brasil Robson Rocha,o diretor da Febraban Wilson Levorato, o presidente doCIEE, Paulo Nathanael e o reitor da Universidade de SãoPaulo, João Grandino Rodas.

O Presidente do Fundo Garantidor de Créditos, GabrielJorge Ferreira, que apóia as iniciativas da Afrobras e da Fa-culdade Zumbi dos Palmares, comparecendo nos eventos,como foi o caso do Troféu Raça Negra 2010, avalia maiseste momento de reflexão quanto ao papel do negro nasociedade brasileira.

“A grande reflexão é de que tivemos avanços significa-tivos pela maior visibilidade que se vê quanto a inserçãosocial do negro cada vez mais crescente. Acho que 123 anosparece que é muito tempo, mas é pouco tempo, porque oBrasil é um país que demorou muito para eliminar essanódua da nação”, ressalta Gabriel Jorge.

Como não poderia deixar de ser, o evento terminou emritmo de festa, com um show recheado de clássicos da soulmusic, interpretados pela cantora e membro do Conselhoda Faculdade Zumbi dos Palmares, Thulla Melo.

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Page 52: Afirmativa 38

uma honra

receber essa

homenagem e

espero que a

partir dela nós possamos

nos unir a este coletivo de

pessoas, dessa grande

nação, para buscar a

integração de todos

nesse país. A nossa luta é

a busca por justiça.

É

José Antonio Dias ToffoliMinistro do Supremo TribunalFederal

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52 Afirmativa Plural • Edição 38

Page 53: Afirmativa 38

stendo essa

homenagem aos

companheiros de

prefeitura e aos

aqui presentes. Não

estamos aqui para ser

homenageados, mas para

agradecer a Afrobras pela

promoção dessa

caminhada para o Brasil

dos nossos sonhos, um

Brasil igual para todos.

E

Gilberto KassabPrefeito de São Paulo

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Page 54: Afirmativa 38

u agradeço por

esta grande

lembrança que

vou guardar no

coração e fico feliz de

uma vez mais estar aqui

ao lado dos amigos nesta

conquista mútua.

E“Leovigildo da Costa e SilvaEmbaixador de Angola no Brasil

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54 Afirmativa Plural • Edição 38

Page 55: Afirmativa 38

celebração dos

123 anos da

abolição da

escravatura é

obviamente uma data

importante para o Brasil,

mas também para o

mundo. A cooperação

entre Brasil e EUA pela

inclusão dos

afrodescendentes na

sociedade é essencial

porque estamos

promovendo uma

diplomacia nova, de

inovação social, onde

podemos mostrar que

nossa sociedade tem a

capacidade de realmente

transformar as Américas.

Eu gostaria de lembrar as

palavras que o presidente

Obama disse durante sua

visita: que o Brasil e os

Estados Unidos são duas

democracias grandes,

diversas, tentando

reconstruir sua cidadania

para todos os cidadãos.

Parabéns.

A“

Thomas ShannonEmbaixador dos EstadosUnidos no Brasil

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Page 56: Afirmativa 38

uma satisfação

poder estar aqui e

receber essa

honraria. A nossa

parceria (Fiesp e Faculdade

Zumbi dos Palmares) nos

dá muita satisfação.

Através da educação as

pessoas atingem

independência e nossa

parceria está focada na

educação. Quero dizer que

estou muito satisfeito de

poder estar aqui nesta

homenagem.

É

Paulo SkafPresidente da Fiesp

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Page 57: Afirmativa 38

uma alegria ser

convidado no Ano

Internacional dos

Afrodescendentes,

escolhido pela ONU, a um

evento que trilha o

caminho da inclusão. O

Brasil sancionou o ano

passado o Estatuto da

Igualdade Racial, mas a

Faculdade Zumbi dos

Palmares já faz inclusão

há muito tempo.

É

Elói FerreiraPresidente da FundaçãoCultural Palmares

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Page 58: Afirmativa 38

Afrobras foi me

buscar no Paraná,

num estado de

colonização

tipicamente européia, mas

o Paraná tem uma face

afrodescendente,

constatada num

mapeamento recente que

detectou a existência de

pelo menos 34

comunidades quilombolas.

São comunidades que

lutam com uma grande

dificuldade de inclusão e

nós, enquanto jornalistas

temos o compromisso de

dar visibilidade a essas

comunidades. Aos poucos

a gente vem conseguindo

isso. Hoje esta

condecoração aumenta a

minha responsabilidade

em levar àquele Estado,

essa luta, esse carinho.

Sou muito grata a Afrobras

por essa condecoração.

A

Dulcinéia NovaesJornalista

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Page 59: Afirmativa 38

que a gente

percebe é que

através dos

tempos todas

as etnias foram em um

momento ou outro

escravizadas. Entretanto,

como a mais próxima de

nós tem sido justamente

a escravidão negra, é

sempre importante, muito

embora não acredite que

esse tenha sido um fato

determinante, mas de

qualquer forma é uma

data a ser celebrada

porque é um

reconhecimento, embora

tardio, do Brasil de que

todos nós somos iguais.

Eu gostaria de dizer que

as surpresas são sempre

as mais gratas, a gente

espera que a cada ano a

Zumbi possa ser de

todos.

O

João Grandino RodasReitor da USP - Universidadede São Paulo

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60 Afirmativa Plural • Edição 38

udo aquilo que o

José Vicente faz

nós apoiamos

porque ele não é

só um líder, é um homem

e um profissional, que a

gente apóia em tudo,

porque ele tem realmente

um carisma e consegue

fazer as coisas

acontecerem. Então nós

estamos aqui como

apoiadores, como

parceiros, estamos aqui

com muita alegria e

satisfação. É um prazer de

coração. Nós da

Febraban temos orgulho

de ter você (José Vicente)

nessa entidade, que você

ajuda a construir.

Parabéns por fazer tanta

diferença e ajudar a fazer

um país cada vez melhor.

T“

Wilson LevoratoDiretor da Febraban

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Page 61: Afirmativa 38

stamos

comemorando a

terceira liberdade.

A primeira foi em

1888, a segunda, o

nascimento do cidadão

Zumbi dos Palmares e a

terceira foi a criação da

Faculdade Zumbi dos

Palmares que valoriza o

povo negro, o povo

sofrido e o povo da

periferia.

E

José CândidoDeputado Estadual (PT/SP)

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Page 62: Afirmativa 38

e sinto muito

honrado de ser

homenageado

aqui nesta

noite. Aproveito para

registrar mais uma vez os

parabéns por esta

iniciativa da Afrobras, pela

coragem e dedicação.

Essa noite mostra que

aqui é o caminho para que

o Brasil não seja negro só

na planície, mas que

através de caminhos

como esse, nosso país

também seja negro nos

planaltos, em Brasília, nas

empresas, nas diretorias,

nas presidências, nas

gerências. Esse é o desejo

de todos nós. Assim nós

alcançaremos a plena

igualdade racial.

M

Vicente CândidoDeputado Federal (PT/SP)

62 Afirmativa Plural • Edição 38

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Page 63: Afirmativa 38

m abraço negro

é a razão da

liberdade, para

nós só se

constrói democracia e

uma nova governança se

tiver a presença da

mulher, do negro e do

indígena. A Faculdade

Zumbi dos Palmares é

utopia, é exemplo. A

Zumbi constitui uma

fortaleza na educação.

Essa fortaleza pode

estimular a cada homem

que luta por liberdade,

pode estimular uma

reforma política com a

presença do negro, da

mulher e do indígena.

Encerro com a poesia de

Fernando Pessoa: “Deus

quer, o Homem sonha, a

obra nasce”.

U

Janete PietáDeputada Federal (PT/SP)

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Page 64: Afirmativa 38

uero parabenizar

a Afrobras por

este evento e

esta conquista

maravilhosa. O Banco do

Brasil é uma empresa de

208 anos, viveu a

escravidão, dias sombrios.

E hoje pela própria

condição da sociedade,

participa junto com a

Zumbi dos Palmares de um

evento magnífico como

este. Nós, do Banco do

Brasil, estamos muito

felizes de participar desta

festa. Muito obrigado.

Q“

Robson RochaVice presidente do Banco doBrasil

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64 Afirmativa Plural • Edição 38

Page 65: Afirmativa 38

Faculdade

Zumbi dos

Palmares é um

exemplo digno

de luta e perseverança e

nós estamos juntos nessa

parceria.

“”

A

Coronel Gervásio MoreiraSecretário da Casa Militar doEstado de São Paulo

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Page 66: Afirmativa 38

ste evento traz à

discussão o

processo de

integração do

negro. Um evento que

chama a atenção para

que as empresas

brasileiras estejam mais

atentas ao processo de

recrutamento dos negros.

Além disso, mostra que

nós brasileiros temos uma

grande dívida com a

causa negra e, portanto o

13 de maio e uma

solenidade como essa,

reavivam e nos levam a

refletir sobre o que

podemos fazer e o que

estamos fazendo para

saldar uma parte dessa

dívida. A Faculdade Zumbi

dos Palmares ajuda a

saldar essa dívida, pois a

educação é a base para

você integrar pessoas na

sociedade.

”Antoninho TrevisanEmpresário

E“cidadania

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Page 67: Afirmativa 38

ara mim,

educador que

sou, participar

dessa cerimônia

realmente é emocionante.

Porque ela vem traduzir a

grande ascensão que as

minorias sofridas no Brasil

estão conseguindo fazer

na sua vida e o

instrumento para essa

ascensão é exatamente a

educação. Eu tenho

certeza absoluta que a

juventude vai mudar o

Brasil, porque está em

busca da universidade e

vai mostrar que a

educação poderá

promover a justiça.

P

Paulo NathanaelPresidente do CIEE - Centrode Integração Empresa/Escola

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68 Afirmativa Plural • Edição 38

opinião

Rosenildo Gomes Ferreira.

O desafio quando de escrever esteartigo sobre o 13 de Maio não estavaem aceitar a proposta, estava alémdesta, estava nos porões dos navios ne-greiros. O desafio consistia em enviaruma mensagem clara, mas que esti-vesse próxima da realidade, realida-de na qual a comunidade negra na-vega à deriva a mais de um século eque ela viesse a contribuir com a suanoção de pertencimento.

Portanto, esta mensagem teriaque ter um código, mas que este có-digo conseguisse carregar um sím-bolo que em sua essência tivesse umsignificado: SER NEGRO. E sernegro é antes de tudo, ter HONRAde ser negro. O código por estar ba-seado na escrita inteligível a todos(negras, negros e sociedade), um sím-

bolo fundado em ser negro e assu-mir esta condição e significado de terHONRA de ser negro, notadamen-te em face de termos sido verdadei-ros mastros na contribuição para aconstrução da soberania nacional.

Portanto, a mensagem teria quelevar uma semente para além dos li-vros oficiais adotados pelo Estado, eque proporcionasse a negras e negrosuma busca na longa jornada referen-te ao resgate da nossa identidade ememória imáginaria, arrancados pelosanos de escravidão.

Neste sentido, importa destacarque o abolicionismo, foi, antes detudo, uma decisão política, omitida pelahistória oficial, sancionaram portan-to, a chamada “Lei Áurea”:

“(...)um movimento social,

ocorrido entre 1870 e 1888, quedefendeu o fim da escravidão noBrasil. Terminou com a promul-gação da Lei Áurea, que extinguiuo regime escravista originário dacolonização portuguesa.(...)

A nossa história é uma históriade luta que vem antes, durante edepois da chamada “abolição”, cujosreflexos sentimos até os dias atuais.

Estamos nas portas dos edifí-cios, guardando as entradas dos ban-cos, limpando os conveses das ca-sas e as cabines das empresas e mais,carregando os materiais, na indús-tria da construção civil, para a cons-trução do Brasil.

A tomada de consciência que en-vio nesta mensagem passa pela edu-cação, mas não somente por ela. Ne-

Por Paulo Pires Filho*

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*Paulo Pires Filho é Professor da FaculdadeZumbi dos Palmares e aluno especial de Douto-rado na USP/SP.

cidadania

gras e negros tem que pensar “paraalém” da educação, temos que che-gar até a proa.

A educação é um dos caminhosa ser trilhado, entre outros reconhe-cer que não estamos no poder, por-que não comandamos navios e, por con-seguinte, não decidiremos nosso des-tino enquanto isto não acontecer.Não se trata de uma ação às avessas,mas de uma tomada de consciênciade que somos capazes.

UNIÃO. Os Negros precisamser unidos, nada obstante à sua ca-minhada individual, temos que nosvalorizar e valorizar as ações positi-vas dos nossos “manos”, porque ainteligência não esta na cor da pele.

A lei áurea não resolveu nossosproblemas, vez que continuamos àmargem do desenvolvimento, beben-do da água salgada do oceano social, sob omanto do mito da democracia ra-cial, mas sabemos que não esta tudobem, vide a dificuldade para aprovara Lei de Cotas e o Estatuto da Igual-dade Racial.

No dia treze de maio de 1888 aPrincesa Isabel assinou a chamada“lei de libertação dos escravos(LeiÁurea), abolindo a escravidão”. Masa partir daquela lei, continuamos es-cravos das circusntâncias desfavorá-veis sem qualquer tipo de assistênciaaté os dias atuais.

A conclusão é que nós saímosdos porões dos navios negreiros eestamos nos porões das empresas.Precisamos efetivamente sair dosporões dos navios e fazer parte docomando: em caso contrário conti-nuaremos à deriva.

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A indignação que varre o País, enão encontra adjetivos suficiente-mente adequados para se expressar,como reação às falas do deputado JairBolsonaro, tem como base o mesmoposicionamento histórico que levoua Constituição de 1988 a incorporar,em seu artigo 5º, o racismo comocrime inafiançável e imprescritível.

As tentativas de burlar a lei, ten-tando encontrar justificativa para oinjustificável, seja por parte de Bol-sonaro, afundando cada vez mais emseu mar de posturas discriminatóri-as, seja por parte dos que o apoiam,indicam a persistência do racismo.

À pergunta sobre qual seria suareação, se seu filho se apaixonassepor uma negra, Bolsonaro disse:“Preta, não vou discutir promiscui-dade com quem quer que seja. Eunão corro esse risco e meus filhosforam muito bem educados. E nãoviveram em ambiente como lamen-tavelmente é o teu.”

Sua resposta foi expressão de ra-cismo? Sim. Impossível tergiversarque a atribuição de um (des)qualifi-

cidadania

Por Roseli Fischmann

cativo como “promíscua” foi feita deforma extensiva a todas as mulheresnegras e não apenas a quem se diri-giu a ele. Preta não perguntou a rea-ção do deputado a uma possível pai-xão do filho dele por ela; era umapergunta ampla, geral, tratando deuma mulher negra indefinida. Todae qualquer mulher negra.

A resposta do deputado acentuao racismo, ao associar o termo pro-miscuidade ao que para ele é a raiz damesma: “ambiente como lamentavel-mente é o teu”. Essa fala indica suaintenção de abranger, para além da-quela particular mulher negra que oindagava, todos os negros – homens,mulheres, crianças, idosos, jovens.

A entrevista ao CQC apresenta“exemplos de manual” do queTheodor Adorno qualificou como“personalidade autoritária”, na quala ofensa a Preta Gil significou a pro-va irrefutável dessa classificação. Acontinuidade da matéria, em suasmanifestações sobre “lixar-se” paraa comunidade LGBTT, é a derradei-ra prova dos nove da postura discri-

minatória que, além de autoritária,também se enquadra como violaçãoda Constituição.

A tendência a generalizar de for-ma imprópria, a considerar inferio-res categorias de seres humanos quevenha a eleger como tais, a desper-sonalizar, a negar a pluralidade hu-mana, são traços da personalidadeautoritária que apoia golpes e susten-ta totalitarismos. As vozes que se le-vantaram em sua defesa indicam operigo que se abriga nesse tipo deatitude. Nas respostas ao CQC, odeputado não deixou dúvidas sobresua atitude de apoio à ditadura.

O que está em jogo é não apenasa defesa de vítimas do racismo, mastambém a cidadania e a democracia,cuja base é o respeito a todos e to-das, por sua igual dignidade, igual di-reito à liberdade de ser plenamentehumano. A hierarquização e o des-prezo moral que a fala do deputadoexpressa são inaceitáveis em umademocracia. Foi esse tipo de atitudeque esteve presente na política doEstado nazista que determinou a

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morte de milhões de judeus, romas(ciganos), homossexuais, pessoascom deficiências e, depois, adversá-rios do regime.

São diversos os níveis de gravi-dade que o deputado sinalizou:“meus filhos foram muito bem edu-cados”. Qual a mensagem que essafala, e o que se fará dela, transmite àjuventude, às crianças e a toda a po-pulação? Porque o poder educativoda mídia é indiscutível, como o po-der educativo do Poder Judiciário, aoaplicar a lei – que atitude se tomará?O próprio Poder Legislativo é tam-bém chamado à arena, para dizercomo reagirá já que se trata, por as-

sim dizer, de um dos seus.A ideia de que a liberdade de ex-

pressão garantiria esse tipo de mani-festação é cúmplice desse racismo, eigualmente criminosa. Quem tiverdúvida deve consultar o históricoprocesso julgado pelo STF no qualfoi condenado Ellwanger por racis-mo, o parecer como amicus curiae, deCelso Lafer, e o Daniel Sarmento deLivres e Iguais. Os estudos jurídicossobre os discursos de ódio ensinamque, no conflito entre duas liberda-des distintas, vence aquela que nãoprejudique a presença de qualquercidadão no campo democrático.

O discurso de ódio impede a pre-

* Roseli Fischmann é Coordenadora do Progra-ma de Pós-Graduação em Educação da Universi-dade Metodista de São Paulo, Membro do ComitêCientífico da Coalizão Unesco de Cidades ContraO Racismo e Pesquisadora do CNPQ.Artigo Publicado no jornal O Estado de S. Paulo.

sença da vítima, que pode se reco-lher, humilhada e ofendida, se o Es-tado não acudir em sua defesa. Ou,como ensina Richard Dworkin, podea vítima, individual ou coletivamen-te, movimentar-se no uso do direitoà insurgência se perceber que o Es-tado a despreza tanto quanto o ra-cista que a insultou – o que com-prometerá a paz social que a demo-cracia busca.

Foto:

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72 Afirmativa Plural • Edição 38

O governador do Rio de Janei-ro, Sérgio Cabral, assinou no últimodia 06 de junho o decreto que reser-va 20% das vagas para negros e ín-dios nos concursos públicos paraórgãos do Poder Executivo e enti-dades de administração do Estado.O documento foi assinado durantecerimônia no Palácio Guanabara, econtou com a presença da ministrada Secretaria de Políticas de Promo-ção da Igualdade Racial, Luiza Bair-ros, na sede do governo.

De acordo com os dados do

Censo de 2010, 51,7% da populaçãofluminense são negros, sendo 12,4%pretos e 43,1% pardos. No Brasil, aproporção é 7,6% de pretos e 39,3%de pardos.

Para concorrer às vagas, os can-didatos devem se declarar negros ouíndios no momento da inscrição noconcurso. Caso o candidato opte pornão entrar no sistema de cotas, elefica submetido às regras gerais doconcurso. Para serem aprovados, to-dos os candidatos precisam obter anota mínima exigida.

cidadania

As vagas de reserva voltam paraa contagem geral e poderão ser pre-enchidas pelos demais candidatos, naordem de classificação, em caso denão aprovação de negros ou índios.A nomeação dos aprovados tambémobedece à classificação geral do con-curso, mas a cada cinco candidatosaprovados, a quinta vaga fica desti-nada a um negro ou índio.

As cotas, que já existem há dezanos na Universidade do Estado doRio de Janeiro (Uerj), embasam a ini-ciativa do governador Sérgio Cabral.

Rio de Janeirono

conquista de

negrosíndios&

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Edição 38 • Afirmativa Plural 73

“Com essa política, reconhecemosque o negro e o índio foram vítimasdurante séculos e que as oportunida-des ainda não são iguais.

O Estado do Rio foi o primeiro aestabelecer cota para negros e índiosna universidade, e a política de cotasda UERJ é um sucesso. Agora, a pai-sagem do serviço público brasileirocomeça a mudar a partir do Estadodo Rio de Janeiro. Nos nossos órgãospúblicos haverá mais negros e índi-os”, ressaltou Cabral.

A ministra da Igualdade Racial,Luíza Bairros, disse que os agentespolíticos e a iniciativa privada de ou-tros estados deverão se mobilizar

para replicar esta nova experiência doRio de Janeiro, contribuindo para aluta contra as desigualdades raciais nopaís. “O Rio de Janeiro deu o ponta-pé inicial e os outros estados virãoatrás. A assinatura deste decreto tor-na mais evidente a importância determos no Brasil o Estatuto da Igual-dade Racial que dá ao Poder Públicoamplas possibilidades de trabalhar deforma efetiva para a igualdade racialno Brasil”, argumentou a ministra.

O decreto entra em vigor 30 diasapós sua publicação. O mesmo aindaleva em consideração o artigo 39 daLei federal 12.288, de 20 de julho de2010, que impõe expressamente ao

Poder Público a promoção de açõesque assegurem a igualdade de opor-tunidades no mercado de trabalhopara a população negra, inclusive coma criação de sistema de cotas.

O decreto vai vigorar por pelomenos 10 anos e seus resultados se-rão permanentemente acompanha-dos pela Secretaria de AssistênciaSocial e Direitos Humanos. A cadadois anos, um relatório será apresen-tado ao governador em exercício. Noúltimo trimestre do prazo de 10 anos,a secretaria apresenta um relatóriofinal, podendo recomendar a ediçãode um novo decreto sobre o tema.

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Ministra da Seppir Luiza Barros e Governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.

Foto:

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ino

Aze

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74 Afirmativa Plural • Edição 38

Um dos ícones negros dos anos60 por suas interpretações na tevê eno cinema, o cineasta Zózimo Bulbulé ao concur no cinema negro brasilei-ro. Como diretor, Zózimo começoucom Alma no Olho, seguido deAniceto do Império e posteriormen-te Pequena África, Samba no Trem eRepública Tiradentes, inclusive lan-çou “Obras Raras do Cinema Negrona Década de 70”, que reúne cincoobras com a temática afrodescenden-te, abordada por diretores negros enão negros.

Um de seus títulos mais emble-máticos foi o longa Abolição, lança-do em comemoração ao centenáriode libertação dos escravos brasileirosem 1888.

Ainda nos dias atuais Zózimo dizque no Brasil não “é conveniente fa-lar sobre a abolição dos escravos”,sendo este um tema pouco discutidono país. “Quando tive a idéia de fa-zer um filme falando sobre a aboli-ção dos escravos e fui buscar patro-cínio, ouvi de várias pessoas que eramelhor não mexer com isso. Faça umfilme falando sobre outro assunto,

sobre Zumbi, por exemplo, era o queme diziam. Na época o então minis-tro da Cultura, da gestão Sarney, Cel-so Furtado, foi quem acreditou nomeu projeto e me ajudou a torná-lorealidade”, diz o cineasta.

Para realização de “Abolição”,Zózimo contou com uma ajuda im-prescindível de um ex-escravo, umsenhor de 120 anos que tinha não sópresenciado, mas de fato vivido asatrocidades da escravidão. Atravésdeste senhor o filme pôde retratarcomo era a postura da monarquia naépoca e o que aconteceu no dia 14de maio, com os escravos já libertos,no entanto, sem paradeiro.

O filme tornou-se um grande su-cesso no exterior, onde foi muito bemaceito. Mas no Brasil ainda hoje faltadivulgação. Da mesma forma o ator ediretor tem seu valor muito mais re-conhecido fora do que em seu pró-prio berço. Abolição ganhou o festi-val de Brasília em 1988, um prêmioem Cuba e um prêmio em Nova York.“Aqui no Brasil nunca saiu uma notade jornal sobre o filme e sobre os prê-mios que eu ganhei”, lembra Zózimo.

Atualmente Zózimo, que foi oprimeiro protagonista negro de umanovela brasileira, fazendo par român-tico com Leila Diniz em “Vidas emConflito”, é o fundador presidentedo Centro Afro Carioca de Cinema,que promove o Encontro de Cine-ma Negro.

Segundo Zózimo, “uma forma deresistência num país onde o negroainda não alcançou a educação, se-quer a reparação adequada”.

O Centro Afro Carioca de Cine-ma vem desenvolvendo há três anosum trabalho de referência para a Ci-nematografia Afro Brasileira. Umtrabalho de conscientização, incen-tivo aos novos caminhos através docinema e aumento da compreensãodo mundo através da arte cinema-tográfica, contribuindo assim paraa elevação da auto-estima.

De fato, Zózimo continua fazen-do o que ama e melhor ainda, contri-buindo para a cultura brasileira sob avisão e as mãos de diretores negrosque espelham-se em seu vitoriosoexemplo.

Da Redação

perfil

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Zózimo Bulbul

perfil

Foto:

Iêre

Ferr

eira

Edição 36 • Afirmativa Plural 75

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A CLS 63 AMG chegou ao Bra-sil no início do ano impressionandopelo design dinâmico e esportivo: umcoupé de quatro portas, com novi-dades. Entre elas, o novo motorAMG V8 biturbo de 5,5 litros que,além de contar com injetores para ainjeção direta de gasolina por jatosdirigidos, também inclui um cártertotalmente em alumínio, tecnologia

de quatro válvulas com ajuste do eixode comando, inter-resfriamento ar/água, além de sistema de gerencia-mento do gerador e do start/stop.

O motor de oito cilindros desen-volve um potência máxima de 557 cve torque de 800 Nm. Como resulta-do, o modelo proporciona um de-sempenho excepcional: aceleração dezero a 100 km/h em 4,3 segundos e

velocidade máxima de 300 km/h (li-mitada eletronicamente).

Uma importante contribuiçãopara conseguir esses índices foi a ado-ção da transmissão de 7 marchasAMG SPEEDSHIFT MCT. Ao con-trário de uma transmissão automáti-ca convencional, a MCT não utilizao conversor de torque. Em vez dis-so, ela faz uso de uma embreagem

76 Afirmativa Plural • Edição 38

veículos

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(acoplamento) de partida compac-ta. A função de start/stop tambémvem como equipamento de série: elafica permanentemente ativa nomodo de Eficiência Controlada datransmissão e desliga o motor quan-do o carro para.

A CLS 63 AMG é o primeiro au-tomóvel do mundo a oferecer faróiscom LEDs de alto desempenho de

série, que combinam as cores da tec-nologia dos LEDs - que imitam a luzdo dia - com desempenho, funciona-lidade e baixo consumo de energiados faróis bi-xenon.

Os especialistas em luzes da Mer-cedes-Benz, pela primeira vez, con-seguiram usar a tecnologia dos LEDscom o sistema de Assistente para Fa-rol Alto Adaptável (Adaptive

Highbeam Assist), resultando em umnível inteiramente novo de seguran-ça quando se dirige à noite.

Diversos sistemas de auxílio paradirigir no novo CLS ajudam a evitaracidentes de trânsito. Entre os desta-ques estão o Intelligent light Systeme o Night View Plus.

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Por Rosenildo Gomes Ferreira*

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opinião

A abolição da escravatura seconstitui em um marco na históriabrasileira, em geral, e na trajetória dosafrodescendentes, em particular. Adata de 13 de Maio de 1888 continuaemblemática. Contudo, a liberdadeem seu sentido pleno, prevista na leimais auto-explicativa que se tem no-tícia no Brasil - haja vista que ela écomposta de apenas dois claríssimosartigos -, ainda se constitui em umsonho muito distante. E é fácil en-tender o porquê:

Não existe liberdade sem educa-ção de qualidade!

Não existe liberdade sem meca-nismos de auto-afirmação!

E não existe liberdade quandouma parcela representativa da po-pulação, especialmente em termosnuméricos, continua praticamenteinvisível!

E é exatamente sobre este últi-mo ponto que gostaria de me deter.Você, caro leitor, já observou comoa mídia, quer na propaganda ou nosprogramas em geral (novelas, telejor-nais etc.), insere o afrodescendentebrasileiro. À exceção do breve perío-do que precedeu a aprovação do Es-tatuto da Igualdade Racial, a parti-cipação dessa comunidade em anún-cios de TV, revistas e jornais conti-nua ínfima. Limita-se aos comerciaisproduzidos a pedido de empresas es-tatais brasileiras e de algumas multi-nacionais – que têm tradição de plu-ralidade em seus países de origem.São eles que mandam colocar novídeo personagens da comunidadenegra e outros tipos mais próximosdo Brasil real!

Quando ligo a TV dou de caracom um Brasil que não conheço. Ten-te, caro leitor, contar quantos afro-descendentes, principalmente mulhe-

No caso daspropagandas, chegaa ser ridículo a famíliabrasileira mostrada natelinha, mais seassemelha à da Itália.

* o autor é jornalista e atua como editor-assisten-te de Negócios e colunista de Sustentabilidade narevista Istoé DINHEIRO.

res, aparecem em programas de de-bate e de entrevista. Ou até mesmoem shows populares como o Caldei-rão do Huck, o Domingão doFaustão ou O Melhor do Brasil. Tan-to na platéia, quanto no elenco. Pu-xando pela memória, eu arrisco di-zer que não passam de cinco ou seis.No caso das propagandas, chega aser ridículo. A família brasileira mos-trada na telinha mais se assemelha àda Itália.

No caso da teledramaturgia, issoé ainda mais gritante. Na década de1970 a grande atriz Zezé Mota, des-pontou no papel da “abusada” Xica

da Silva. O filme foi um sucesso. Con-tudo, a carreira da atriz continuoumorna. Os convites para a TV per-maneceram raros. Triste, ela comen-tou sua situação com uma colega doramo e teve de ouvir o seguinte: “Nãoesquenta, não, logo logo surge umanovela de época e vão precisar degente para fazer o papel de empre-gada ou então de escrava”. Verdadei-ro ou não, esse comentário ainda soaatual. Às vezes é ainda pior. Em al-gumas tramas, nem para domésticaas atrizes negras são escaladas! E issoem um momento raro no qual todasas três maiores emissoras: Globo,Record e SBT, apostam suas fichasna teledramaturgia.

OK, alguém pode lembrar que

em “Insensato Coração”, de Gilber-to Braga, temos a bela, inteligente ecompetente Camila Pitanga, o con-sagrado Lázaro Ramos, além da gra-ciosa Roberta Rodrigues. Pois bem.Apesar de circularem fora do núcleo“doméstica” da novela, eles vagampela trama. Raramente o ator negrotem família. E, em muitos casos, elassão disfuncionais, como no caso deAndré Gurgel, vivido por LázaroRamos. E, olha que desde a décadade 1960 não faltam atores afrodes-cendentes. Em quantidade e qualida-de. E, neste ponto, a Zezé Motta deuuma grande contribuição, ao fundar,em 1984, o Centro Brasileiro de In-formação e Documentação do Ar-tista Negro (CIDAN) (http://www.cidan.org.br).

Mas, de quem é a culpa? Difícildizer. Porém, é líquido e certo que aomissão de boa parte da comunida-de afrodescendente vem colaboran-do para nos manter em desvantagem.Não estou dizendo que a responsa-bilidade é da vítima. Isso seria sim-plista. Contudo, quantos de nós, essearticulista incluído, já mandaram umacarta, um email ou ligou cobrandode empresas, de anunciantes e dasemissoras de TV uma maior partici-pação do negro e principalmente dasmulheres?

A abolição legal, com restriçõescomo a proibição de os negros ad-quirirem terras, por exemplo, acabade completar 123 anos. A liberdade,de fato, do negro brasileiro, no en-tanto, ainda está longe de ser conquis-tada. Podemos acelerar esse proces-so fazendo a nossa parte.

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Filho do meio da conhecida fa-mília Ribeiro, que ganhou fama atra-vés da jornalista, apresentadora doSBT, Joyce Ribeiro, ganhadora doTroféu Raça Negra em 2009, OtávioAugusto Ribeiro, com apenas 30 anosbusca incessantemente desbravarnovos caminhos na Odontologia.Profissão escolhida ainda na infân-cia. “Quando eu era pequeno fiz umtratamento ortodôntico muito longoe eu achava bonito, admirava o pro-fissional desta área”.

A educação sempre foi fomenta-da pela família. A mãe formou-se emBiologia, a irmã, como já foi mencio-nado, em Jornalismo e o irmão maisnovo, Luiz Gustavo, em RelaçõesInternacionais. Apesar de não ter for-mação superior, o pai sempre deixouclaras as possibilidades que os estu-dos poderiam proporcionar na vidados filhos. “Uma das maiores preo-

cupações do meu pai sempre foi oestudo. Ele dizia que esta é a maiorherança que poderia deixar para nós”,afirma Otávio.

A infância foi num colégio públi-co na capital paulista, onde cursouda 1ª a 8ª série. Posteriormente nocolegial, teve a oportunidade de es-tudar num colégio particular, o queajudou na hora de prestar o vestibu-lar. “Além do colegial numa institui-ção privada, fiz também cursinho, oque possibilitou uma colocação boana Universidade de Santo Amaro,bem conceituada nesta área”.

Após formar-se numa sala de 100pessoas com aproximadamente 4 ou5 alunos negros, o sonho de infânciade trabalhar com o jaleco atualmen-te traduz-se na área de Implantodon-tia, responsável por implantes. Umaárea que atualmente, segundo Otá-vio, abrange todas as classes sociais.

Os tratamentos costumam serlongos e requerem muita paciência.O que não é nada para quem ama oque faz. Nem mesmo os equipamen-tos caros e o alto investimento desa-nimam o profissional, que já atua hásete anos e agora está de mudança,visando “novos clientes e uma estru-tura ainda melhor para atendê-los”.

Clientes estes que de acordo coma percepção do dentista, ainda se es-pantam ao vê-lo. “Nunca foi nada‘descarado’, mas acredito que istopossa ser um empecilho e que talvezaté tenha perdido pacientes por sernegro”.

Especializar-se e trilhar caminhoscomo o mestrado e o doutorado sãoplanos futuros, mas apenas para oconhecimento, pois como afirma emtom enfático ele gosta é de “por amão na massa”.

jalecode vestir o

empreendedorismo

o sonhoo sonhoPor Rejane Romano

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Por Vivian Zeni

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‘Se queres salvar conhecimentose fazer com que eles viajem atravésdos tempos, confia-os às crianças’. Oprovérbio africano demonstra o quãoimportante é a procriação e a figurafeminina para grande parte das socie-dades africanas. Para eles, a mulheratinge singularidade ao dar a luz, e amaternidade é tida como o mais altoestágio na vida de uma mulher. Issonão quer dizer, porém, que seja fácilser mãe na África. Segundo dados daOrganização Mundial de Saúde(OMS), a gravidez e o parto matammais de 536 mil mulheres por ano.Desse número, mais da metade dasmulheres mortas durante o parto es-tão no continente africano.

Do outro lado do oceano, afro-brasileiras enfrentam o mesmo pro-blema. Dados publicados pelo Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE) dão conta de que mãesnegras morrem mais durante o par-to (275 mortes por 100 mil bebêsnascidos vivos). Esse número chegaa ser até sete vezes maior quandocomparado ao índice de mortalidadeentre mulheres brancas (43 mortespor 100 mil nascidos). Pardas e ne-gras também tiveram menos acessoa anestesia durante o parto: 16,4% e21,8% respectivamente.

Constatou-se ainda que durantea gestação 58,9% das mulheres pretase 46,9% das pardas são atendidas emestabelecimentos públicos. Desse nú-mero, 29,6% das pretas e 32,0% daspardas dão à luz em maternidadesconveniadas com o SUS. Além disso,cerca de 31,8% das mulheres negras

não conseguiram ser atendidas na pri-meira maternidade procurada.

Elma Lira dos Santos, 29 anos, éretrato dessa realidade. Mãe de pri-meira viagem, a bibliotecária teve depercorrer, por dois meses, hospitaise postos de saúde, até conseguir umavaga para iniciar o pré-natal.

“Tive de insistir para conseguiratendimento com o ginecologista nocentro de saúde da prefeitura pertode minha casa. Já estava no terceiromês de gestação quando passei pelaprimeira consulta do pré-natal. Aca-bei sendo ‘encaixada’ para fazer oacompanhamento, pois não haviavaga”, lamentou Elma.

O UNICEF divulgou no ano de2010, estudo socioeco-nômico que comprovaessa realidade: apenas43,8% das grávidas ne-gras têm acesso ao mi-nímo de sete consultaspré-natais. “O pré-natalé primordial para a saú-de da gestante e dobebê. Através dele, omédico pode diagnosti-car e tratar eventuaisproblemas e impedircomplicações durante epós-parto”, afirma oDr. Rubens Paulo Gon-çalves, especialista emGinecologia e Obstetrí-cia pela Federação Bra-sileira das Associaçõesde Ginecologia e Obs-tetrícia (FEBRASGO),diretor do Centro Gine-

cológico e Obstétrico Paulista emembro do corpo clínico dos hospi-tais Albert Einstein e São Luiz.

Unidos à falta de acesso aos ser-viços básicos de saúde, fatores comoa escassez de profissionais capacita-dos para lidar com problemas ineren-tes à saúde da mulher negra e a baixaqualidade do atendimento público,são decisivos para os altos índices demortalidade materna no Brasil.

“Sabemos que a assistência pré-natal de qualidade não é disponibi-lizada para determinadas classes so-ciais. Muitas mulheres não fazemacompanhamento durante a gestação,não tem acesso a esse tipo de assis-tência. Dados antigos dão conta de

No ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, dados do IBGE revelamque mulheres negras morrem até sete vezes mais durante o parto

saúde

Elma Lira dos Santos

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84 Afirmativa Plural • Edição 38

Coleta de dados para a melhoria das condições da mãe negra

a implantar o quesito cor no Sistema

de Informação da Saúde, em 1990, e

a realizar a Conferência de Saúde da

População Negra, em 2003. Desde

2008, incluiu a seu Plano Municipal de

Saúde o eixo à Saúde da População

Negra.

Desde o ano de 2004 a Área Téc-

nica de Saúde da Mulher do Ministé-

rio da Saúde incluiu nas Diretrizes e

no Plano da Política Nacional para

Atenção Integral à Saúde da mulher,

um capítulo relativo à mulher negra.

Em 2011, a Secretaria Municipal

da Saúde de São Paulo lançou o pro-

jeto “Questão Étnico Racial e Direito

à Saúde: Qualificando Práticas”, que

tem por objetivo educar gestores e

trabalhadores de saúde visando

implementar ações estratégicas para

a consolidação da Política Nacional

de Saúde Integral da População Ne-

gra, conforme Portaria GM 992 de

13/05/09 do Ministério da Saúde.

A preocupação em levantar da-

dos sobre as desigualdades raciais

e suas consequências na saúde do

negro brasileiro é recente. Somente

em 1999 a coleta de dados sobre

cor de pele na declaração de óbito e

nascidos vivos passou a ser feita e

então, perguntas como raça e cor já

utilizadas pelo IBGE foram acrescen-

tadas ao sistema de dados do Mi-

nistério da Saúde.

São Paulo foi o pioneiro no Brasil

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que 70% das mulheres de baixa ren-da não fazem nem ao menos umaconsulta ginecológica durante a gra-videz. Em locais afastados, muitasdão a luz com a ajuda de parteiras oucuriosas. Acredito que esse seja omotivo pelos altos índices de morta-lidade”, acredita Dr. Gonçalves.

Algumas dessas complicações edoenças comuns na gestação da

mulher negra podem ser facilmen-te diagnosticadas e controladas pelomédico. No Brasil, o maior núme-ro de gestantes negras que vierama falecer ou tiveram complicações,sofriam de hipertensão, que aliadaao excesso de peso podem causargrandes problemas. Outras patolo-gias comuns em mães negras são osmiomas uterinos, anemia falcifor-

me e diabetes fazem parte do topoda lista de complicadores da gesta-ção e parto de negras.

“Essas patologias são controladascom certa facilidade durante a gesta-ção, quando acompanhadas por ummédico, através do pré-natal. Essesnão seriam motivos para falecimentose as mulheres tivessem acesso a saú-de básica”, completa Gonçalves.

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As grosserias do deputado Bol-sonaro (PP-RJ), representante e so-brevivente da extrema-direita brasi-leira, e a confusão bíblica do seu co-lega pastor Marco Feliciano (PSC-SP)- que tuitou que “africanos descen-dem de ancestral amaldiçoado porNoé”, e que “a África sofre com amaldição do paganismo, ocultismo,misérias, doenças oriundas de lá: ebo-la, aids” - só foram feitas porque há“proteção” do foro privilegiado e adeturpação do seu sentido. Ele ga-rante o exercício da livre expressão,mas não o direito de incitar o pre-

Por Marcelo Rubens Paiva*

conceito e a intolerância.O racismo no Brasil existe e,

pior, é um caso de saúde pública,segundo dados publicados por Ma-ria do Carmo Leal, Silvana GranadoNogueira da Gama e Cynthia Bragada Cunha na Revista de Saúde Pú-blica da USP. O debate sobre as de-sigualdades raciais e suas consequên-cias na saúde é recente. Foi só nofim dos anos 90 que começou a co-leta de informação sobre a cor dapele na declaração de óbito e nasci-do vivo, graças a uma portaria de1999. Então, a inclusão do campo

raça/cor com os atributos adotadospelo IBGE entrou no sistema dedados do Ministério da Saúde.

O que se descobriu foi que ospiores indicadores de mortalidadematerna no parto são apresentadospor mães pretas: cerca de sete vezesmaior (275 por 100 mil nascidos vi-vos) do que entre mulheres brancas(43 por 100 mil nascidos). Pretos epardos morrem cerca de duas vezesmais por agressões do que brancos:136, 111, e 72 por 100 mil habitantesrespectivamente.

No perfil de mortalidade nos ho-

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* Marcelo Rubens Paiva é escritor, autor teatral ejornalista. Artigo publicado no jornal O Estadode S. Paulo.

mens pretos entre 40 e 69 anos, do-enças cerebrovasculares predominam,mais associadas à pobreza em perío-dos precoces da vida, do que doençasdo coração, que representam a primei-ra causa de óbito entre brancos.

Nas mulheres pretas entre 40 e 69anos, a taxa de mortalidade por doen-ças cerebrovasculares (115 por 100mil) é cerca de duas vezes maior doque entre brancas (58 por 100 mil). Amortalidade por doença hipertensivae por diabetes é muito mais expressi-va entre as mulheres pretas.

No parto, as mulheres de cor pretae parda são majoritariamente atendi-das em estabelecimentos públicos,58,9% e 46,9%, e nas maternidadesconveniadas com o SUS, 29,6% e32,0%. As brancas, ao contrário, quasea metade, 43,7%, tiveram seus partosrealizados em maternidades privadas.

Foi elevada a proporção de mu-lheres pardas e negras que não con-seguiram receber assistência na pri-meira maternidade procurada. A pe-regrinação em busca de atendimen-to foi de 31,8% entre as negras, e18,5% nas brancas.

A anestesia foi amplamente utili-zada para o parto vaginal nos dois gru-pos. Porém, a proporção de puérpe-ras que não tiveram acesso a esse pro-cedimento foi maior entre as pardas,16,4% e negras, 21,8%. No momentodo parto, foram mais penalizadas pornão serem aceitas na primeira mater-nidade que procuraram e, incrivel-mente, receberam menos anestesia.

Entre numa agência bancária pri-vada e repare como os atendentesparecem saídos de uma mesma for-ma. São magros, simpáticos, comsorriso digno de anúncio de pasta dedente, razoavelmente bem vestidos e,na maioria, brancos.

Entre numa agência do Banco doBrasil ou Caixa Econômica. Não se-guem um padrão estético. Atrás dobalcão circulam velhos, gordos, ne-gros com tranças, pessoas bonitas ounão. “Gosto de vir aqui porque vejopessoas normais”, eu disse à gerentedo BB.

Na primeira leva de empresas, acontratação é feita após uma entrevis-ta, em que o contato visual é estabele-

cido por um departamento de RH. Háo filtro da forma paralelo ao da com-petência. Na leva de empresas públi-cas, a contratação é automatizada porum concurso, que dá invisibilidade aofuncionário. O conhecimento, o acer-to das questões, traduzido por com-petência, leva à contratação.

A licença poética de que “belezaé fundamental” se transformou numanorma empresarial endêmica. Outroteste? Repare nas estagiárias contra-tadas por qualquer empresa do mer-cado corporativo. Como o trabalhoé por um período temporário, elaspodem ser gatinhas e gostosas, quese relevam as habilidades. Todos osescritórios têm uma. Entre numa lojade roupas. Atente aos comissários debordo. Garçom negro? Nem pensar.Garçom gordo? Jamais!

Ligue a TV e veja apresentadorasou repórteres de telejornal. O gordo

na tela de TV ou é humorista ou ani-mador de programa de auditório.Muitos são ainda pressionados a fa-zer operações arriscadas de reduçãode estômago em Minas. Há exceções.Mas parece evidente que se priorizao olhar, não o ouvido, para o bomandamento das relações trabalhistas.Nos transformamos numa socieda-de que, além de racista, é obcecadapela beleza e barriga tanquinho.

Leo Jaime foi mais longe. “Gor-do é o novo preto”, escreveu no seublog, inspirado no manifesto ameri-cano “Fat is the new black”: “Ao lon-go dos anos ouvi, e ainda ouço, inú-meros “nãos” profissionais com ajustificativa de que minha aparêncianão é boa, preciso perder peso, pare-ço decadente, etc”.

“Passei 18 anos sem gravar umCD com minhas composições e per-cebi que ninguém se interessava emsequer ouvir as novas canções. Em-bora eu já tivesse emplacado váriasno nosso cancioneiro, parecia queestava claro para todo mundo que aminha barriga tinha substituído omeu talento.”

Leo ainda lembra que o precon-ceito contra os gordos é o único to-lerado hoje em dia. “Todos são ouvão ser gordos, ou gostar de um gor-do, ou admirar um gordo, ou ter pra-zer com um, seja em que nível for.Conviva com esta ideia, amigo ouamiga. Não são os bonitos os que vãodar prazer, mas aqueles que queremdar prazer e vão se esforçar para quevocê se dê conta disto. E, acredite,portadores de deficiências, magri-nhos, carecas, altos, baixos, estão to-dos no páreo.”

No parto, as mulheres

de cor preta e parda

são majoritariamente

atendidas em

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públicos.”

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Conhecida por seu charme de ci-dade européia e destino cobiçado natemporada de inverno, a cidade deCampos do Jordão possui passeiospara todos os gostos. Talvez seja porisso que durante Junho e Julho pas-sam por Campos do Jordão cerca de1 milhão de visitantes.

Os turistas podem aproveitar oque de melhor a estância tem a ofe-recer. Paisagem rica aliada à boa gas-tronomia, hospedagem, pontos turís-ticos e atividades... Conheça mais so-bre Campos do Jordão com a Afir-mativa Plural.

ClimaCampos do Jordão localiza-se a

1.700 metros de altitude e pesquisascientíficas acusaram a superioridadede seu clima em relação a DavosPlatz, nos Alpes Suíços, bem comoum teor de oxigenação e ozona su-perior ao de Chamonix, famosa es-tância francesa, pela pureza do ar.Campos do Jordão apresenta vanta-gem sobre as demais estâncias climá-ticas brasileiras: o seu clima tropicalde montanha faz com que o sol este-ja presente praticamente o ano todo.A luminosidade costuma atingir o seugrau máximo no inverno, quandoentão a temperatura chega a cair atéa 5 graus negativos, embora já tenhaatingido, no passado, a 18 graus abai-xo de zero, em 1992.

Cantada como a Suíça brasileirapelo seu clima inigualável, e reveren-ciada como o Altar da SolidariedadeHumana, pela cura de milhares debrasileiros que, recuperados de do-enças pulmonares, retornaram sadi-os aos seus lares, em todos os qua-drantes do País, Campos do Jordãotornou-se a mais importante estân-cia climática do Brasil.

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Rede HoteleiraUm fator que faz de Campos do

Jordão um recanto para brasileiros eestrangeiros na Serra da MantiqueiraPaulista é o seu rico parque hoteleirocom quase nove mil leitos distribuí-dos em hotéis e pousadas, cada umao seu estilo e conforto, atendendoao variado público.

Localizado em uma área de apro-ximadamente 600 mil m² em meio àsmontanhas da cidade, o Blue Moun-tain Hotel & Spa, é o destino idealpara quem busca conforto, sofistica-ção e comunhão com a natureza, ofe-recendo uma infraestrutura de cate-goria internacional. Com localizaçãopróxima a nascentes d’água, as pisci-

Blue Mountain Hotel & Spa

Centro Comercial Capivari

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nas do Blue Mountain Hotel & Spasão abastecidas com a mais pura águamineral das montanhas, iluminadaspor fibra ótica, cobertas e aquecidas– um convite permanente para umdelicioso pulo, sem importar a idade.

GastronomiaA gastronomia vai desde uma tra-

dicional culinária caseira, com direi-to a fogão à lenha, até os finos to-ques e sabores da culinária francesa,passando pelas carnes exóticas, mas-sas, culinária portuguesa, contempo-rânea e os irresistíveis fondues e ra-cletes (prática simples de derreter eraspar o queijo que virou mania suí-ça e a refeição foi batizada de raclete,em francês, raspar é racler)

Pontos Turísticos

Festival internacional de Inverno

O maior evento da música erudi-ta na América Latina, o Festival deInverno de Campos do Jordão reúnegrandes nomes do estilo através deapresentações. Alguns dos temas jáapresentados foram Ano da Françano Brasil (2009), Música e Literatura(2008), Mulheres (2007), Mozart(2006), Música das Américas (2005).

O principal palco desse evento éo Auditório Cláudio Santoro, cons-truído entre 1975-79, foi projetadopara receber as grandes atrações doFestival, que hoje ainda conta comconcertos na Capela de São Pedro(Palácio Boa Vista), Igrejas de SãoBenedito, de Santa Terezinha e a Con-cha Acústica na Praça do Capivari.

Palácio da Boa Vista

Palácio da Boa Vista, tambémconhecido como Palácio do Gover-no, está aberto à visitação desde 1970,reunindo obras de grandes nomes das

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Palácio da Boa Vista

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artes como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, VictorBrecheret, Candido Portinari, além de uma coleçãode artes sacras, pratarias, louçarias, tapeçarias e mo-biliário dos séculos XVII, XVIII e XIX; um ótimoconvite para um passeio cultural.

Estrada de Ferro Campos do Jordão

A Estrada de Ferro Campos do Jordão (EFCJ)surgiu com interesse comercial e incentivo do sani-tarista Emílio Ribas, que no ano de 1912 deu inícioàs obras desse empreendimento que ligava a entãoVila de Campos do Jordão a Pindamonhangaba,por um trajeto férreo de 47 km. A ferrovia que atéa década de 70 era uma das formas de chegar aCampos do Jordão, começou a ceder espaço paraas rodovias, porém ganharia uma nova e charmosafunção: atração turística. Durante o trajeto, os visi-tantes podem conferir a paisagem de Campos doJordão e região de uma forma bucólica, como sevoltasse ao tempo, admirando e conhecendo algunspontos turísticos da cidade.

Horto Florestal

Imagine uma área de 8.300 hectares de nature-za preservada, com araucárias centenárias, trilhaspara caminhadas, fauna diversificada, áreas de pic-nic e muito mais. Isto é o Parque Estadual de Cam-pos do Jordão, também conhecido como Horto Flo-restal, um dos parques mais organizados do Brasil.

No Horto os visitantes encontram: Passeio deTrenzinho na floresta, Lojas de Artesanato, Áreasde Pic-nic, Play Ground, Bosques, Orquidário, Vi-veiro de mudas, Lago das Carpas, Restaurante, Cen-tro de Exposições, Bosque Vermelho e Trilhas.

Pedra do Baú

A Pedra do Baú, localizada no município vizi-nho de São Bento do Sapucaí, é um dos pontosprocurados por aventureiros que buscam desbra-var e contemplar as belezas da Serra da Manti-queira. A formação rochosa que possui cume de1850 metros de altitude, com dimensão de 350metros de altura e 540 metros a comprimento eabismo de 200m, hoje, é local para saltos deparaglider, asa-delta, escaladas, além de caminha-das e mountain-bike.

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A população brasileira deixou deser majoritariamente branca, segun-do o Censo 2010. É notícia anima-dora, pois indica a elevação da auto-estima do povo durante a última dé-cada. O aumento no percentual depretos e pardos não foi registrado sóentre os mais jovens, mas tambémnos segmentos etários intermediári-os, demonstrando claramente umsentimento de pertencimento e demaior identificação do cidadão coma cor de sua pele. Essa mudança seexplica pelo sucesso das políticas einiciativas, públicas e privadas, parapromover a igualdade de direitos eoportunidades entre os segmentosétnicos da população.

A cara da nova classe média é ne-gra, e o mercado já acordou para estefato. No entanto, embora essas trans-formações estejam ocorrendo de for-ma semelhante em outros níveis e itensda vida nacional, a diferença que se-para negros e brancos no Brasil aindase traduz em índices de enorme desi-gualdade. Neste sentido, é revelador oRelatório Anual das DesigualdadesRaciais no Brasil - 2009/ 2010, orga-nizado pelo professor Marcelo Paixãoe divulgado pela UFRJ.

O documento mostra que a po-pulação negra brasileira está em des-vantagem no acesso a serviços pú-blicos, como educação, saúde, justi-ça e previdência social, recebe uma

menor renda e tem uma expectativade vida mais baixa do que outrossegmentos. As raízes desta situaçãosão históricas. Pois a mudança da ca-tegoria de escravos para a de ho-mens e mulheres livres, em 13 demaio de 1888, não foi capaz de alte-rar o quadro de exclusão da popula-ção negra, na medida em que nãoveio acompanhada da garantia deacesso à terra, ao trabalho, à saúde eà educação.

Ainda hoje, mais de 120 anosapós a Abolição, a fragilidade socio-econômica do segmento é notável.Não é por acaso que os negros sãomaioria entre os beneficiários doBolsa Família, e que, de acordo com

Por Edson Santos*

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afirmativo

* Edson Santos é Deputado Federal pelo Partidodos Trabalhadores (PT/RJ).Texto publicado no jornal O Globo.

o Censo, representem 70% das pes-soas que sobrevivem em situação deextrema pobreza. Estas constataçõesapontam a necessidade de aprofun-dar e dar sustentabilidade às políti-cas de promoção da igualdade racial,que devem ser tomadas com o obje-tivo de tornar os extratos elevadosda pirâmide social mais permeáveisà presença de pretos e pardos.

O foco dessas políticas, conheci-das como ações afirmativas, deveráestar voltado principalmente para aEducação e a qualificação para o tra-balho. Dessa forma será possível

mudar o quadro das relações raciaisno Brasil. O Programa Universidadepara Todos (ProUni), a adoção de co-tas raciais em universidades públicase a progressiva valorização da matrizcultural negra no sistema educacio-nal brasileiro são medidas importan-tes, mas é preciso muito mais.

Além do amplo reconhecimen-to da gravidade da questão racial queatinge a maioria de nossa população,pela primeira vez na história do paístemos formalizado, no Estatuto daIgualdade Racial, o direito a açõesafirmativas. O desafio é materializar

esse direito, uma vez que há dife-rença entre o legal e o real. Pois, em-bora seja uma ferramenta impor-tante, a legislação, sozinha, não écapaz de promover mudanças estru-turais no país. Apenas a união detodos - governo, Parlamento, Ju-diciário, sociedade civil a e iniciati-va privada - poderá desencadear umamplo processo de reestruturaçãodo Estado democrático.

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preto e branco

O Brasil perdeu no mês de maio um dos maiores ícones contemporâneos na luta contra a discriminação racial do país.O jornalista, poeta, ator e ativista do movimento negro, Abdias do Nascimento faleceu por insuficiência cardíaca no Rio deJaneiro, aos 97 anos.

Ex-deputado, secretário estadual e senador. Sua defesa dos direitos humanos dos afrodescendentes lhe rendeu umaindicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2010. Abdias recebeu honrarias dos Estados Unidos, Nigéria, México, Unesco eONU. No Brasil, recebeu do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Ordem do Rio Branco, no grau deComendador -, a honraria mais alta outorgada pelo governo brasileiro.

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