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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO Advogado da União, Procurador Federal Procurador da Fazenda Nacional e Procurador do BACEN COORDENADORES Rogério Sanches Cunha Ricardo Didier 3ª edição Revista, ampliada e atualizada 2017 Revisaco -AGU-Cunha-Didier-3ed.indb 3 28/04/2017 15:18:05

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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃOAdvogado da União, Procurador Federal

Procurador da Fazenda Nacional eProcurador do BACEN

COORDENADORES

Rogério

Sanches Cunha

Ricardo

Didier

3ª ediçãoRevista, ampliada e atualizada

2017

Revisaco -AGU-Cunha-Didier-3ed.indb 3 28/04/2017 15:18:05

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QUESTÕES

1. DIREITO TRIBUTÁRIO. TRIBUTO. ESPÉ-

CIES

CF, Título VI, Capítulo I, arts. 145 a 149-A; Arts. 153 a 156; art. 177, § 4º e 195.

CTN, art. 3º e arts. 16 a 82

1.1. ESPÉCIES DE TRIBUTOS

1.1.1. TAXAS

01. (CESPE – Procurador BACEN/2013) Assinale a opção correta em relação a taxas e preços públicos.

a) As taxas, diferentemente dos preços públicos, são compulsórias e condicionam-se ao princípio da anterioridade.

b) O valor que remunera a contraprestação de um ser-viço público essencial de forma compulsória é tra-tado como preço público.

c) As taxas podem ser instituídas por normas adminis-trativas, ao passo que os preços devem ser fixados por lei.

d) Os preços públicos são considerados receitas deri-vadas, havendo, portanto, discricionariedade em seu pagamento.

e) As taxas remuneram serviços públicos e, portanto, são consideradas receitas originárias.

COMENTÁRIOS.

Nota dos autores: A questão exige do concursando o conhecimento específico sobre uma polêmica distinção entre taxas e preços de serviços públicos. Destaca-se neste sentido a Súmula 545 do STF: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condi-cionada a prévia autorização orçamentária, em relação a

Direito Tributário

Harrison Leite e Thiana Cairo

lei que as instituiu.” Sobre esta súmula discorreu Ricardo Alexandre: “É importante relembrar que, em virtude de o princípio da anualidade não mais ser aplicável em matéria tributária, tem-se por prejudicada a parte final da Súmula, devendo ser desconsiderada a exigência de prévia autori-zação orçamentária para a cobrança de taxas” (In: ALEXAN-DRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 5.ed. São Paulo: Método, 2011). Em síntese, a principal diferença entre os institutos reside no regime jurídico aplicado. As taxas devem respeito ao sistema tributário, sendo, portanto, compulsórias e orientadas por todos os princípios fiscais, como é o caso da legalidade e anterioridade. Ao passo que os preços públicos, por não serem tributos, são facultativos orientados por normas de direito privado. Esta distinção causa reflexos no âmbito do Direito Financeiro, haja vista que devido à ausência de coercibilidade o preço público é considerado como uma receita originária, recebida pelo Estado em decorrência da exploração do patrimônio do próprio Estado. As taxas, por sua vez, são consideradas como receita derivada, auferida pelo Estado por meio do uso do seu poder soberano em regime de direito público.

Alternativa correta: letra “a”: Sendo as taxas uma das espécies de tributo, conforme prescreve o art. 145, inciso II da CF, por definição são compulsórias e devem observar todos os princípios tributários contidos no art. 150 da Cons-tituição Federal, em especial, o da anterioridade que veda a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”.

Alternativa “b”: Por não serem tributos, os preços públicos não possuem o caráter da compulsoriedade.

Alternativa “c”: Por ser tributo, as taxas, devem obe-diência ao princípio da legalidade, sendo instituída por lei, conforme prescreve o art. 150, inciso I da CF.

Alternativa “d”: Por não gozarem de coercibilidade, os preços públicos são classificados como receitas originá-rias onerosas, e não derivadas.

Alternativa “e”: Apesar de remunerarem serviços públicos, as taxas são consideradas receitas derivadas, conforme determina o art. 9º, Lei nº 4.320/64: “Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e contri-buições nos termos da constituição e das leis vigentes em

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matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas enti-dades.”

02. (Cespe – Procurador Federal/2013) Relativa-mente à distinção entre taxa e preço público, julgue o item seguinte.

Enquanto determinado aeroporto for administrado pela INFRAERO, a taxa de embarque que o consumidor pagar classificar-se-á como uma taxa, no sentido de espé-cie tributária; se for transferida a administração do citado aeroporto para concessionário privado, o referido paga-mento passará a ter natureza jurídica de preço público.

COMENTÁRIOS.

Alternativa errada: A tarifa aeroportuária tem natu-reza jurídica de preço público, pois é retribuição devida pela utilização da infraestrutura aeroportuária, de forma indivisível, não se confundindo com o tributo na moda-lidade taxa, que é devida pela prestação de um serviço público divisível, de forma efetiva ou potencial, ou pelo exercício do poder de polícia (art. 145, II CF88).

1.1.2 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

1.1.2.1 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

03. (ESAF – Procurador da Fazenda Nacional –

PFN/2015) É imune da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL):

a) as entidades beneficentes de assistência social que não aufiram lucro e atendam às demais condições legais.

b) as entidades beneficentes de assistência social que não remunerem seus diretores e atendam às demais condições legais.

c) as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que pres-tem os serviços para os quais houverem sido insti-tuídas e os coloquem à disposição do grupo de pes-soas a que se destinam, sem fins lucrativos.

d) a entidade binacional Itaipu.

e) as entidades fechadas de previdência complementar.

COMENTÁRIOS.

NOTA DOS AUTORES: Trata-se das chamadas “imu-nidades condicionais”, pois o art. 150, VI, “c” da Constituição Federal expressamente determinou que lei veiculasse as condições para a sua concessão. No caso, por imperativo do art. 146 da CF, a única lei que pode regular as limitações ao poder de tributar é a lei complementar, hipótese registrada no art. 14 do Código Tributário Nacional, que tem status de lei complementar.

Alternativa correta: letra “b”: As entidades benefi-centes de assistência social gozam da chamada “imunidade condicional”. As condições para a sua concessão estão elen-

cadas no art. 14 do CTN, que são: “I – não distribuírem qual-quer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qual-quer título;  II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.” O primeiro inciso revela o acerto da proposição: não pode haver remuneração dos seus diretores em forma de distribuição de dividendos. Aludido entendimento é melhor delimitado pelo art. 29 da Lei n. 12.101/09, que reza: “Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribui-ções de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I – não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores remune-ração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos, exceto no caso de associa-ções assistenciais ou fundações, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão executiva, respeitados como limi-tes máximos os valores praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações; (...) V – não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto;”. De lembrar que a redação do art. 29, I foi dada pela Lei n. 13.151, de 28 de julho de 2015.

Alternativa “a”: Assertiva errada. Para ter direito à imunidade, de início, as entidades beneficentes de assis-

tência social precisam preencher os três requisitos previs-tos no art. 14 do CTN, citados acima. Da sua leitura percebe-se não ser vedada a obtenção de lucro, basta que o mesmo não seja distribuído e seja aplicado nas suas finalidades essenciais. Para além disso, deve cumprir requisitos espe-cíficos da Lei n. 12.101/09 que “Dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social”

Alternativa “c”: A imunidade está em sede consti-tucional e não se confunde com a isenção, veiculada por normas infraconstitucionais. Quando tratou da imunidade das instituições filantrópicas, o constituinte delimitou da seguinte forma o seu alcance: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entida-des sindicais dos trabalhadores, das instituições de educa-ção e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;” Note-se a sua delimitação às instituições de educação e de assistência social. Não a ampliou para as “as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cul-

tural e científico e as associações civis” como faz crer a

assertiva.

Alternativa “d”: Imunidade tem nascimento na Cons-tituição Federal. Ela faz parte do desenho da competência atribuída pela Constituição para a criação de tributos. Logo,

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se a CF não trata da não cobrança de tributos da entidade binacional Itaipu, não há se falar em imunidade. Pode haver, no entanto, isenção do aludido tributo, mas conce-dido por lei infraconstitucional, como ocorre com a isenção da CSLL para entidade binacional Itaipu, referida no art. 13, I, da IN SRF nº 390/2004, in verbis: “Art. 13. São isentas da CSLL: I – a entidade binacional Itaipu;”.

Alternativa “e”: Por fim, tem-se que as entidades fechadas de previdência complementar também não pos-suem imunidade. Tal conclusão deriva-se do julgamento do STF do RE 259.756/RJ em que se discutiu o alcance da imunidade tributária conferida às instituições de assistên-cia social sem fins lucrativos, nos termos do art. 150, VI, “c” da CF. Para o STF dita imunidade alcança aquelas entidades fechadas de previdência privada nas quais não há a con-tribuição dos empregados, mas tão só a do patrocinador. (v. Informativo 249 – RE 259.756-RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 28.11.2001).

04. (ESAF – Procurador da Fazenda Nacional –

PFN/2015) Relativamente aos tributos federais inciden-tes sobre pessoa jurídica que exerça preponderante-mente as atividades de desenvolvimento de software ou de prestação de serviços de tecnologia da informação e que, por ocasião da sua opção pelo Regime Especial de Tributação aplicável, assuma compromisso de exporta-ção igual ou superior a 50% (cinquenta por cento) de sua receita bruta anual decorrente da venda dos bens e ser-viços de que trata esta situação, assinale a opção correta.

a) Há isenção da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre a receita bruta decorrente da venda de bens novos, quando adquiridos por pessoa jurí-dica beneficiária do regime para incorporação ao seu ativo imobilizado.

b) Há isenção da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre a receita bruta auferida pela presta-dora de serviços, quando tomados por pessoa jurí-dica beneficiária do regime.

c) Há isenção da Contribuição para o PIS/PASEP- Importação e da COFINS-Importação incidentes sobre bens novos, quando importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do regime para incorporação ao seu ativo imobilizado.

d) Há suspensão da exigência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e do PIS/ PASEP-Importação e da COFINS-Importação, quando for o caso, nas hipóteses de venda de bens novos adquiridos por pessoa jurídica beneficiária do regime para incor-poração ao seu ativo imobilizado, de prestadora de serviços quando tomados por pessoa jurídica bene-ficiária do regime e bens novos importados direta-mente por pessoa jurídica beneficiária do regime para incorporação ao seu ativo imobilizado, conver-tendo-se em alíquota zero atendidas as condições legais.

e) Há suspensão da exigência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nas hipóteses de venda de bens novos adquiridos por pessoa jurídica bene-ficiária do regime para incorporação ao seu ativo

imobilizado, de prestadora de serviços quando tomados por pessoa jurídica beneficiária do regime e bens novos importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do regime para incorporação ao seu ativo imobilizado, convertendo-se em isen-ção atendidas as condições legais.

COMENTÁRIOS.

NOTA DOS AUTORES: Questão de elevada especifi-cidade, dada sua estrita vinculação com a letra da lei, mor-mente a Lei n. 11.196/2005 que “Institui o Regime Especial de Tributação para a Plataforma de Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação – REPES, o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras – RECAP e o Programa de Inclusão Digital”.

Alternativa correta: letra “d”: Como dito acima, a questão é estritamente vinculada ao conhecimento da Lei n. 11.196/2005 e simplesmente confunde os institutos da suspensão da exigência do tributo com a sua isenção. A assertiva está correta quando do cotejo do seu conteúdo com o previsto nos artigos 4º, 5º e 6º, da Lei nº 11.196/2005, que rezam: Art. 4º No caso de venda ou de importação de bens novos destinados ao desenvolvimento, no País, de software e de serviços de tecnologia da informação, fica suspensa a exigência: I – da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta da venda no mercado interno, quando os referidos bens forem adquiri-dos por pessoa jurídica beneficiária do Repes para incorpo-ração ao seu ativo imobilizado; II – da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação, quando os referidos bens forem importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do Repes para incorporação ao seu ativo imobilizado.Art. 5º No caso de venda ou de importa-ção de serviços destinados ao desenvolvimento, no País, de software e de serviços de tecnologia da informação, fica suspensa a exigência: I – da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela prestadora de serviços, quando tomados por pessoa jurí-dica beneficiária do Repes; II – da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação, para serviços importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do Repes. Art. 6º As suspensões de que tratam os artigos 4o e 5o desta Lei convertem-se em alíquota 0 (zero) após cumprida a condição de que trata o caput do art. 2o desta Lei, observados os prazos de que tratam os §§ 2o e 3o do art. 4o e o § 2o do art. 5o desta Lei”.

Alternativa “a”: Diferentemente do afirmado na assertiva, há a suspensão da exigência dos tributos nela referidos e não isenção, nos termos da Lei nº 11.196/2005: “Art. 4º No caso de venda ou de importação de bens novos destinados ao desenvolvimento, no País, de software e de serviços de tecnologia da informação, fica suspensa a exi-gência: I – da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins inci-dentes sobre a receita bruta da venda no mercado interno, quando os referidos bens forem adquiridos por pessoa jurí-dica beneficiária do Repes para incorporação ao seu ativo imobilizado;

Alternativa “b”: Nos termos da assertiva anterior, há suspensão da exigência dos tributos e não a isen-ção. É o que se depreende da leitura do art. 5º, I da Lei n.

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11.196/2005: “Art. 5º No caso de venda ou de importação de serviços destinados ao desenvolvimento, no País, de software e de serviços de tecnologia da informação, fica suspensa a exigência: I – da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela prestadora de serviços, quando tomados por pessoa jurí-dica beneficiária do Repes;”.

Alternativa “c”: Nos termos das assertivas anteriores, há suspensão e não isenção dos tributos nela referidos, nos termos da Lei nº 11.196/2005: “Art. 5º No caso de venda ou de importação de serviços destinados ao desenvolvi-mento, no País, de software e de serviços de tecnologia da informação, fica suspensa a exigência: (…) II – da Contribui-ção para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação, para serviços importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do Repes”.

Alternativa “e”: Alternativa incorreta, nos termos do art. 6º da Lei n. 11.196/2005, que reza: “Art. 6º As suspensões de que tratam os artigos 4º e 5º desta Lei convertem-se em alíquota 0 (zero) após cumprida a condição de que trata o caput do art. 2º desta Lei, observados os prazos de que tra-tam os §§ 2º e 3º do art. 4º e o § 2º do art. 5º desta Lei”. Logo, a suspensão referida não se converte em isenção, mas em alíquota zero.

05. (ESAF – Procurador Fazenda Nacional/2007)

Contribuição previdenciária classifica-se como

a) contribuição de intervenção no domínio econô-mico.

b) taxa vinculada à prestação de benefícios previden-ciários de natureza continuada.

c) contribuição corporativa.

d) contribuição social.

e) contribuição de seguridade vinculada ao tesouro da União, em razão da universalidade de cobertura e de atendimento.

COMENTÁRIOS.

Nota dos autores: É sabido que no Sistema Tri-butário brasileiro vigora a classificação quinquipartite ou pentapartida, de forma que a doutrina majoritária e o próprio STF1 entendem que são cinco as espécies de tribu-tos discriminados em nossa Constituição: impostos, taxa, contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e as contribuições especiais. Esta última espécie encontra dis-ciplinamento geral no art. 149 da Lei Maior, dispositivo que estabeleceu a possibilidade da União instituir três espécies de contribuições, quais sejam: a) as contribuições sociais; b) as contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); e c) as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas (corporativas). Veja: “Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de inte-resse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, obser-

1. RE: 146733/SP

vado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo”.

Alternativa correta: letra “d”: As contribuições sociais são a primeira das subespécies de contribuições especiais previstas no art. 149 da Constituição Federal. Segundo o entendimento esposado pelo STF (RE 138.284-8/CE), essa subespécie ainda está sujeita a mais uma divisão. Assim, tais contribuições podem ser classificadas como: a) contribuições social-previdenciárias (quando destinadas a custear os serviços relacionados à saúde, à previdência e à assistência social – vide CF, art. 194); b) outras contribuições sociais (as residuais previstas na CF, art. 195, § 4º); ou c) con-tribuições sociais gerais (quando destinadas a algum outro tipo de atuação da União em outras áreas sociais). Portanto, com acerto o item ao afirmar que as contribuições previ-denciárias classificam-se como contribuição social.

Alternativa “a”: As contribuições de intervenção no domínio econômico, também chamadas de contribui-ções interventivas ou, simplificadamente, de CIDEs são, em regra, o instrumento regulatório da economia, cobrá-vel, quase sempre, dos integrantes do setor ao qual seja dirigida a atuação de intervenção da União. As CIDEs têm uma nítida função extrafiscal, sendo uma importante ferra-menta de correção das distorções e abusos de segmentos econômicos descompassados.

Alternativa “b”: As contribuições não podem ser confundidas com as “taxas”, por não remunerar serviços cobrados ou disponibilizados aos contribuintes. De fato, havendo referibilidade direta entre a atividade estatal e o sujeito passivo, ter-se-á taxa; se a referibilidade for indireta, sendo desenvolvida para o atendimento do interesse geral, porém deflagrando um especial benefício a uma pessoa ou grupo de pessoas, ter-se-á a contribuição.

Alternativa “c”: As contribuições de interesse das categorias profissionais, também chamadas de contri-buições profissionais ou corporativas, têm como objetivo obter recursos destinados a financiar atividades de inte-resses de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas, não possuindo qualquer vinculação com a previdência social.

Alternativa “e”: O erro da assertiva consiste em afir-mar que a contribuição está vinculada ao tesouro da União, quando em verdade, sua vinculação é com a seguridade social (saúde, previdência e assistência social), conforme assevera o caput do art. 195 da Constituição: “A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenien-tes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Fede-ral e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:”

06. (ESAF – Procurador Fazenda Nacional/2007)

• É solidária a responsabilidade dos sócios, ainda que integrantes de sociedade por quotas de responsabi-lidade limitada, em virtude do disposto em lei espe-cífica, qual seja, a Lei nº 8.620/93, segundo a qual “o titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débi-

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Direito Tributário 897

tos junto à Seguridade Social”. Essa norma foi jul-gada inválida pelo STJ só porque proveniente de lei ordinária?

• Em se tratando de contribuição para o salário-edu-cação, competia não ao INSS, agente arrecadador, mas à União, que a instituiu e é, portanto, sujeito ativo da obrigação tributária nos termos do art. 119 do CTN, integrar o polo passivo da ação de repeti-ção de indébito?

• O resultado da venda de mercadorias constitui base de incidência de contribuição para a seguridade social?

a) Sim, sim, sim

b) Não, não, não

c) Sim, não, sim

d) Sim, não, não

e) Sim, sim, não

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “c”: A sequência correta é “Sim, não, sim”. Vejamos:

Item I: A referida lei foi considerada inconstitucional não apenas pelo STJ (REsp nº 1.153.119/MG), como pelo STF (RE nº 562.276/PR), pois tratou em lei ordinária tema de norma geral em matéria tributária, afeto, portanto, à lei complementar. Vale destacar que este último foi julgado sob o regime do art. 543-B do CPC [art. 1.036 do CPC/2015], o que confere especial eficácia vinculativa ao precedente e impõe sua adoção imediata em casos análogos. Em síntese, os julgados entenderam que a Lei 8.620/93 não se limitou a repetir ou detalhar a regra de responsabilidade constante do art. 135 do CTN, tampouco cuidou de uma nova hipó-tese específica e distinta. Ao vincular à simples condição de sócio a obrigação de responder solidariamente pelos débitos da sociedade limitada perante a Seguridade Social, tratou a mesma situação genérica regulada pelo art. 135, III, do CTN, mas de modo diverso, incorrendo em incons-titucionalidade por violação ao art. 146, III, “b” da CF, que prescreve: “Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III – esta-belecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários”.

Item II: O INSS deve figurar no polo passivo da hipoté-tica ação de repetição de indébito que busque a restituição da contribuição para o salário-educação. No caso, o salário--educação, recepcionado pela CF (art. 212, § 5º da CF e art. 34 do ADCT) é contribuição especial cujo agente fiscaliza-dor é o INSS. Por esse trabalho de fiscalizar, o INSS retém parte do montante do fundo do salário-educação. Assim, caracterizado fica o litisconsórcio necessário com a União, nos termos do art. 47 do CPC [art. 114 do CPC/2015]. No ponto, cumpre lembrar que o art. 119 do CTN não trata da competência tributária, que enseja a instituição de tributos, tampouco do destinatário do produto da arrecadação, mas sim de definir quem possui capacidade para figurar no polo ativo da relação tributária, como credor e, assim, fiscalizar, lançar, exigir, se necessário em juízo, a satisfação do crédito tributário. Veja: “Art. 119. – Sujeito ativo da obrigação é a

pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Vale destacar que não se deve confundir a competência tributária com a capacidade tributária ativa, pois a primeira é política e indelegável (art. 7º, caput, CTN) e consiste em uma das parcelas entre as prerrogativas legiferantes de que são portadoras as pessoas políticas, consubstanciada na faculdade de legis-lar para a produção de normas jurídicas sobre tributos. A capacidade tributária ativa, por sua vez, é administrativa e delegável, pois se trata do poder de arrecadar, vigiar, cobrar, adquirindo a condição de sujeito titular de direitos subjetivos, relativos à obrigação fiscal. No caso, o INSS tem a capacidade de fiscalizar e, por esta razão, pode figurar no polo passivo da demanda. Enfim, vale registrar que o concurso em tela ocorreu no ano 2007, razão pela qual era possível afirmar que o INSS possuía capacidade tributária ativa. Atualmente tal tarefa é atribuição da Receita Federal do Brasil.

Item III: O art. 195, I, “b” da CF determina que as empresas e entidades a ela equiparadas, contribuirão para a seguridade social através de contribuição que incidirá sobre sua receita ou faturamento. Trata-se das contribui-ções do PIS/PASEP e Cofins que têm como base de cálculo o valor do faturamento, que corresponde à receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas, inde-pendentemente da atividade por elas exercidas e da clas-sificação contábil adotada para a escrituração das receitas. Desta forma, o resultado da venda de mercadorias constitui base de incidência das referidas contribuições.

Alternativas “a”, “b”, “d” e “e”: A sequência correta é “Sim, não, sim”. Confira os comentários acima.

1.1.2.2 CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO

NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE

07. (ESAF – Procurador Fazenda Nacional/2007)

Responda às questões abaixo, com Sim ou Não. Em seguida, indique a opção que contenha a sequência correta.

I. Segundo a Constituição da República, é vedado à lei que instituir contribuição de intervenção no domí-nio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo destinar o produto de sua arrecadação a órgão, fundo, despesa ou qualquer outra finalidade determinada?

II. A lei brasileira prevê a cobrança de contribuição de intervenção no domínio econômico, devida por pessoa jurídica adquirente de conhecimentos tec-nológicos?

III. Entre os métodos de cálculo dos chamados “preços de transferência” está o Método dos Preços Inde-pendentes Comparados, definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasi-leiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes?

a) Sim, Sim, Sim

b) Não, Não, Não

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c) Sim, Não, Sim

d) Sim, Sim, Não

e) Não, Sim, Sim

COMENTÁRIOS.

Nota dos autores: Para resolução da questão, importante saber o que significa “preço de transferência” exposto no item III. O termo “preço de transferência” tem sido utilizado para identificar os controles a que estão sujeitas as operações comerciais ou financeiras realizadas entre partes relacionadas, sediadas em diferentes jurisdi-ções tributárias, ou quando uma das partes está sediada em paraíso fiscal. Em razão das circunstâncias peculiares existentes nas operações realizadas entre essas pessoas, o preço praticado nessas operações pode ser artificialmente estipulado e, consequentemente, divergir do preço de mercado negociado por empresas independentes, em con-dições análogas. (http://www.receita.fazenda.gov.br/Pes-soaJuridica/DIPJ/2005/ pr6672733.htm, acesso 06.05.2014)

Alternativa correta: letra “a”: A sequência correta é “Sim, Sim, Sim”. Vejamos:

Item I: A contribuição de Intervenção no domínio eco-nômico que incide sobre as atividades de importação ou comercialização de petróleo, gás natural e seus derivados é conhecida como a CIDE-Combustível e tem regramento constitucional no art. 177, § 4º, da CF/88. Neste dispositivo consta expressamente a destinação legal da receita resul-tado da arrecadação: “ § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às ativida-des de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combus-tível deverá atender aos seguintes requisitos: (...) II – os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes”. As três fina-lidades estão no corpo da CF, de modo que não deixa em aberto qualquer outra.

Item II: A Lei 10.168/00 instituiu contribuição de inter-venção no domínio econômico (CIDE – Tecnologia), “devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adqui-rente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior” (art. 2º da Lei 10.168/00).

Item III: O método dos Preços Independentes Compa-rados – PIC está descrito no art. 18, inciso I da Lei nº 9.430/96 e sua apuração decorre da “a média aritmética ponderada dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou simi-lares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda empreendidas pela pró-pria interessada ou por terceiros, em condições de paga-mento semelhantes”, conforme descreve a assertiva.

Alternativas “b”, “c”, “d” e “e”: A sequência correta é “Sim, Sim, Sim”. Confira os comentários acima.

08. (ESAF – Procurador da Fazenda Nacional/2012)

De acordo com o § 4º do art. 177 da Constituição, a lei pode instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natu-ral e seus derivados e álcool combustível. Do regime constitucional pertinente, é incorreto afirmar que

a) a alíquota da contribuição pode ser reduzida e res-tabelecida por ato do Poder Executivo, vedada sua cobrança no mesmo exercício financeiro em que haja sido instituída ou aumentada.

b) a lei que instituir ou aumentar a CIDE-combustível deve observar a anterioridade nonagesimal prevista no art. 150, II, c, da Constituição.

c) os recursos arrecadados serão destinados ao paga-mento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e deri-vados de petróleo; ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petró-leo e do gás; e ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

d) do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, a União entregará 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal.

e) sujeita-se a controle concentrado de constitucio-nalidade eventual Lei Orçamentária que autorize abertura de crédito suplementar sob rubrica com destinação diversa da prevista no § 4º do art. 177 da Constituição.

COMENTÁRIOS.

Nota dos autores: Para resolução da questão, con-fira o teor do§ 4º do art. 177 da Constituição Federal: § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comer-cialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguin-tes requisitos: I – a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso; b) reduzida e restabele-cida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; II – os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus deriva-dos e derivados de petróleo; b) ao financiamento de proje-tos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

Alternativa incorreta: letra “a”: A alíquota da contri-buição pode ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo e sua cobrança poderá ser feita no mesmo exer-cício financeiro em que haja sido instituída ou aumentada, já que tal tributo é exceção ao princípio da anterioridade anual nos termos do art. 177, § 4°, inciso I, alínea “b” da CRFB.

Alternativa “b”: Está correto, pois a instituição ou aumento da CIDE-combustível deve respeito ao princípio da anterioridade nonagesimal. Não confunda tal hipótese

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Direito Tributário 899

com a que foi exposta no item “a” acima que trata da redu-ção e restabelecimento da alíquota da CIDE-combustível.

Alternativa “c”: Assertiva está em conformidade com o teor do art. 177, § 4°, inciso II, alíneas “a” a “c” da CRFB. Confira as dicas dos autores.

Alternativa “d”: Correto. Confira o art. 159, inciso III, da CRFB: “art. A União entregará: (...) III – do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por

cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo”.

Alternativa “e”: Até 2003, Lei Orçamentária não pode-ria ser objeto de controle concentrado de constitucionali-dade por conta do seu aspecto individual e concreto. No entanto, com o julgamento da ADIN 2925, o STF encontrou aspectos de generalidades na LOA da União de 2003 e, pela primeira vez, acatou o controle concentrado do orçamento. O caso especifico foi o desvio de recursos vinculados da CIDE-combustíveis, dentro da LOA, para fins distintos do previsto na CF. Após, em 2008, no julgamento das ADIs 4048 e 4049 o STF entendeu que as leis orçamentárias, independentemente da existência de abstração ou não, podem ser objeto do aludido controle.

1.1.2.3. CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO

PÚBLICA

09. (ESAF – Procurador da Fazenda Nacional –

PFN/2015) A contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública pode ser instituída

a) por Estados, Municípios e Distrito Federal.

b) como imposto adicional na fatura de consumo de energia elétrica.

c) mediante a utilização de elemento próprio da mesma base de cálculo de imposto.

d) somente por Lei Complementar.

e) para cobrir despesas de iluminação dos edifícios públicos próprios.

COMENTÁRIOS.

NOTA DOS AUTORES: A Contribuição de Ilumi-nação Pública (CIP ou COSIP) tem tratamento lacônico na CF. Foi incluída pela EC n. 42/03 em substituição à Taxa de Iluminação Pública, julgada inconstitucional pelo STF. A CF lhe dedicou apenas um artigo, com o seguinte teor: “Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”.

Alternativa correta: letra “c”: Não há qualquer veda-ção constitucional para que a CIP utilize a mesma base de cálculo de um imposto, no caso, o ICMS. Ambos utilizam o consumo como critério de cobrança. A proibição existente está para a cobrança das taxas, nos termos do art. 145, §2º,

da CF/88, que reza: “2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.”

Alternativa “a”: Assertiva errada. O art. 149-A da CF/88 é claro em atribuir competência apenas para os Municípios e o Distrito Federal, aí não se incluindo os Estados: “Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III”.

Alternativa “b”: Assertiva errada. Embora possa ser cobrada na fatura de consumo da energia elétrica, por expressa facultatividade constitucional, a CIP não é um imposto, mas sim uma contribuição, sendo de elevada importância a classificação constitucional como critério diferenciador dos tributos. Sobre essa permissão, reza o parágrafo único do art. 149-A da CF: “Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.”

Alternativa “d”: Não há qualquer exigência constitu-cional para a criação da CIP apenas por lei complementar. Quando a CF exige lei complementar, ela o faz expressa ou implicitamente, como se dá com (i) os empréstimos com-pulsórios (art. 148), (ii) o imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII), (iii) os impostos da competência residual (art. 154, I) e (iv) as contribuições sociais residuais (art. 195, § 4º).

Alternativa “e”: Assertiva errada. O custeio previsto em lei é para o serviço de iluminação pública e não para o da iluminação própria dos prédios públicos. São os custos basicamente da iluminação nos postes com essa destina-ção.

2. DAS LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBU-

TAR: PRINCÍPIOS E IMUNIDADES

CF, Título VI, Capítulo I, Seção II, art. 150 a 152; art. 153, § 1º.

CF, art. 5º, XXXIV; art. 150, VI; art. 155, § 2º, X, “a”; art. 156, § 2º, I; art. 153, § 3º, III; art. 195, § 7º.

Título II, Capítulo II, Seções I e II do CTN

2.1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRI-

BUTÁRIOS

10. (Cespe – Advogado da União – AGU/2015) Acerca dos princípios constitucionais tributários, julgue os itens subsequentes.

I. Pela aplicação do princípio da anterioridade tri-

butária, quaisquer modificações na base de cálculo ou

na alíquota dos tributos terão sua eficácia suspensa até

o primeiro dia do exercício financeiro seguinte à publi-

cação da lei que promoveu a alteração.

COMENTÁRIOS.

Alternativa errada. De fato, o constituinte dotou o contribuinte de uma proteção para evitar surpresas no aumento ou na criação de tributos, chamada de princípio da anterioridade anual. Por este princípio, insculpido no

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art. 150, III, “b”, é vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Este princípio, contudo, comporta diversas exceções, todas elencadas na CF, dentre elas o II, IE, IPI, IOF, CIDE-Combustíveis, Empréstimos compulsórios em caso de guerra ou calamidade e o ICMS-Combustíveis. Portanto, erra a assertiva ao generalizar a aplicação do princípio sem atentar para os casos específicos.

II. O princípio da isonomia tributária impõe que o

tributo incida sobre as atividades lícitas e, igualmente,

sobre as atividades ilícitas, de modo a se consagrar a

regra da interpretação objetiva do fato gerador. Dessa

forma, é legítima a cobrança de IPTU sobre imóvel

construído irregularmente, em área non aedificandi,

não significando tal cobrança de tributo concordância

do poder público com a ocupação irregular.

COMENTÁRIOS.

Alternativa certa: A questão envolve o princípio da pecúnia non olet, ou seja, “o dinheiro não tem cheiro”. Tal é resultado do entendimento de que os fatos geradores de tributos são interpretados extraindo-se qualquer análise da sua licitude, moralidade ou validade, a teor dos artigos 3º e 118, I do CTN. Assim, não seria isonômico cobrar IPTU, por exemplo, de quem adquiriu uma área regularmente e pagou por todos os tributos para a sua legalidade, como ITIV na sua aquisição, alvará de construção e habite-se, e não o cobrar de quem, usufruindo dos mesmos serviços públicos, infringisse as normas de construção e ocupação do imóvel, pois significaria tratamento diferente de pes-soas com iguais benefícios de equipamentos públicos exis-tentes. Desse modo, a licitude ou não da conduta torna-se irrelevante para a tributação.

III Conforme o princípio da irretroatividade da lei

tributária, não se admite a cobrança de tributos em

relação a fatos geradores ocorridos em período ante-

rior à vigência da lei que os instituiu ou aumentou.

Entretanto, o Código Tributário Nacional admite a

aplicação retroativa de lei que estabeleça penalidade

menos severa que a prevista na norma vigente ao

tempo da prática do ato a que se refere, desde que não

tenha havido julgamento definitivo.

COMENTÁRIOS.

Alternativa certa: A questão não apresenta dificul-dade na sua assimilação. De fato, a CF veda a retroatividade da lei tributária, nos termos do seu art. 150, III, “a”, que veda a cobrança de tributos por fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os instituiu ou majorou. No entanto, o CTN traz a possibilidade de retroação dos efeitos da lei desde que a mesma seja meramente interpretativa ou, tratand0-se de fatos ainda não julgados, resulte em penalidade mais branda, nos seguintes termos: “ Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a apli-cação de penalidade à infração dos dispositivos interpre-tados; II – tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e

não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a pre-vista na lei vigente ao tempo da sua prática.”

IV O princípio da vedação à utilização de tributo com

efeito de confisco, previsto expressamente na CF, apli-

ca-se igualmente às multas tributárias, de modo a limi-

tar, conforme jurisprudência pacífica do STF, o poder do

Estado na instituição e cobrança de penalidades.

COMENTÁRIOS.

Alternativa certa: Este tema rendeu no passado muita discussão em virtude do teor aparentemente restri-tor do art. 150, IV da CF, que veda a utilização de “tributo com efeito de confisco”. Assim, diziam alguns, como multa não é tributo, o princípio da vedação ao confisco não lhe é alcançável. Contudo, a jurisprudência ampliou o alcance do aludido princípio também às multas, a exemplo do pre-sente julgado: “EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIO-NALIDADE. §§ 2º E 3º DO ART. 57 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES MÍNI-MOS PARA MULTAS PELO NÃO RECOLHIMENTO E SONEGA-ÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua consequência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional federal. Ação julgada procedente. (ADI n. 551-1/RJ, em 24.10.2002, Relator Min. Ilmar Galvão”.

V. De acordo com o princípio da legalidade, fica

vedada a criação ou a majoração de tributos, bem como

a cominação de penalidades em caso de violação da

legislação tributária, salvo por meio de lei.

COMENTÁRIOS.

Alternativa certa: Redação um pouco confusa, que poderia ser escrita da seguinte forma: “De acordo com o princípio da legalidade, fica vedada a criação ou a majora-ção de tributos, salvo por meio de lei, bem como a comina-ção de penalidades em caso de violação da legislação tribu-tária”. Quer dizer, tanto a criação ou majoração de tributos, quanto à cominação de penalidades demandam lei para a sua existência no mundo jurídico. É a conclusão clara que se retira, tanto do art. 150, I da CF, quanto do art. 97 do CTN.

11. (ESAF – Procurador da Fazenda Nacional –

PFN/2015) A Lei que diminui o prazo de recolhimento de tributo

a) submete-se ao princípio da anterioridade nonagesi-mal.

b) somente se aplica no exercício financeiro seguinte àquele em que foi publicada.

c) não se submete ao princípio da anterioridade.

d) somente se aplica no exercício financeiro seguinte ao da data de sua vigência.

e) somente gera efeitos normativos 30 (trinta) dias após a data da sua publicação.

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DICAS (RESUMOS)

1.1. TRIBUTO. ESPÉCIES

– Antes de tratar das espécies de tributos, importante o estudante rememorar o conceito previsto no art. 3º do CTN nos seguintes termos: “Tributo é toda presta-ção pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante ativi-dade administrativa plenamente vinculada”.

a) Prestação pecuniária compulsória – pressupõe um comportamento obrigatório de prestação em dinheiro. Ou seja, efetivado o fato previsto na norma, o pagamento do tributo será obrigatório, independentemente da vontade do contribuinte.

b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir – a expressão “moeda” revela-se, nesse conceito, prescindível e redundante, já que o termo “pecu-niária” encerra igual sentido. Na expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, o legislador ampliou o âmbito das prestações pecuniárias, admitindo o pagamento do tributo em outras formas que não apenas o dinheiro. É certo que nosso direito não aceita o pagamento de tributo in natura (bens) ou in labore (trabalho). No entanto, se houver lei espe-cífica do ente credor, os tributos podem ser pagos ou compensados com Títulos da Dívida Pública (TDP) ou Precatórios. Ademais, com o advento da LC 104/2001, foi inserido o inciso XI ao art. 156 do CTN, que faz referência à dação em pagamento em bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário.

c) Que não constitua sanção de ato ilícito – tributo não é penalidade. Logo, não deve ser utilizado como sanção para o contribuinte. Ele se distingue da penali-dade exatamente porqueesta tem como hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese de inci-

dência do tributo é sempre algo lícito. Ademais, o Princípio da Interpretação Objetiva do “Fato Gerador” (art. 118 c/c 126 CTN) – Cláusula non olet – pressupõe que o tributo “não fede e não cheira”. Importa para o Estado arrecadar, angariar fundos para cobrir suas despesas (finalidade fiscal do tributo), não cabendo, nesse instante, aferir ilicitude do fato ocorrido. Em suma: o fato poderá ser ilícito, mas a hipótese de

incidência (previsão normativa) jamais o será.

d) Instituída em lei – A obrigação tributária só pode resultar da lei, em abono ao Princípio da Estrita Lega-lidade. Em regra, a lei ordinária é instituidora de

tributo. Excepcionalmente será instituído por Lei

Complementar: I) impostos sobre grandes fortunas; II) impostos residuais da União; III) contribuições resi-duais da seguridade social e IV) empréstimos com-pulsórios. Ressalte-se que Medida Provisória poderá

Direito TributárioHarrison Leite e Thiana Cairo

instituir e majorar impostos, exceto os reservados à lei complementar (art. 62, § 1°, III e § 2° da CF).

e) Cobrada mediante atividade administrativa

plenamente vinculada – O Estado é obrigado a cobrar o tributo sempre que ocorra o fato jurídico tributário e dentro dos limites e condições estabe-lecidas em lei. Tal formalização ocorrerá através do instituto do lançamento tributário (art. 142 do CTN). A atividade de cobrança do tributo não pode ser arbitrária ou discricionária, mas apenas vinculada.

– Espécies: Para o art. 5º do CTN, os tributos são impostos, taxas e contribuição de melhoria. No entanto, a jurisprudência e a doutrina são pacíficas no sentido de que, além dos mencionados no CTN, são tributos também os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais.

Teoria

Pentapartida

CF

Teoria

Tripartida

CTN

• Impostos

• Taxas

• Contribuições de Melhoria

• Empréstimos Compulsórios

• Contribuições especiais

Tributos e espécies tributárias

(baseado no julgamento da ADI 447 pelo STF – DJ de 05/03/93)

TRIBUTO

(gênero)

Art.3° do CTN

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS:

1) IMPOSTOS

Art. 145, I, CF/88

Art. 16, CTN

2) TAXAS

Art. 145, II, CF/88

Art. 77, CTN

3) CONTRI-

BUIÇÕES

3.1) DE MELHORIA

Art. 145, III, CF/88

Art. 81, CTN

3.2) SOCIAIS:

Art. 149, CF/88

3.2.1) DE SEGURIDADE

SOCIAL

Art. 195 e § 4°, CF/88

3.2.2) SALÁRIO EDUCA-

ÇÃO

Art. 212, § 5°, CF/88

3.3) ESPECIAIS:

3.3.1) DE INTERVENÇÃO

NO DOMÍNIO ECONÔ-

MICO

Art. 149, CF/88

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TRIBUTO

(gênero)

Art.3° do CTN

3) CONTRI-

BUIÇÕES3.3) ESPECIAIS:

3.3.2) DE INTERESSE DE

CATEGORIAS PROFISSIO-

NAIS OU ECONÔMICAS

Art. 149, CF/88

4) EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

Art. 148, CF/88

• “Os tributos, nas suas diversas espécies, compõem o Sistema Constitucional Tributário brasileiro, que a Constituição dispõe nos seus artigos 145 a 162. Tributo, sabemos todos, encontra definição no art. 3° do CTN, definição que se resume, em ter-mos jurídicos, no constituir ele uma obrigação que a lei impõe às pessoas, de entrega de uma certa importância em dinheiro ao Estado. As obriga-ções são voluntárias ou legais. As primeiras decor-rem da vontade das partes, assim, do contrato; as legais resultam da lei, por isso são denominadas obrigações ex lege e podem ser encontradas tanto no direito público quanto no direito privado. A obrigação tributária, obrigação ex lege, a mais importante do direito público, ‘nasce de um fato qualquer da vida concreta, que antes havia sido qualificado pela lei como apto a determinar o seu nascimento.’ (Geraldo Ataliba, ‘Hermenêutica e Sis-tema Constitucional Tributário’, in ‘Diritto e pratica tributaria’, volume L, Padova, Cedam, 1979). As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou pelo fato gerador da res-pectiva obrigação (CTN, art. 4°), são a) os impostos (CF, art. 145, I, arts. 153, 154, 155 e 156), b) as taxas (CF, art. 145, II), c) as contribuições, que são c.l) de melhoria (CF, art. 145, III), c.2) sociais (CF, art. 149), que, por sua vez, podem ser c.2.1) de seguridade social (CF, art. 195, CF, 195, § 4°) e c.2.2) salário edu-cação (CF, art. 212, § 5°) e c.3) especiais: c.3.1.) de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2) de interesse de categorias profissionais ou econômicas (CF, art. 149). Constituem, ainda, espé-cie tributária, d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148).” (ADI 447, Rel. Min. Octavio Gallotti, voto do Min. Carlos Velloso, julgamento em 5-6-1991, Plenário, DJ de 5-3-1993).

1.1.1. IMPOSTOS

– É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade esta-tal específica, relativa ao contribuinte (art. 16 do CTN). Daí ser chamado de tributo não-vinculado.

– Além de não ser vinculado em relação a uma ativi-dade estatal específica em relação ao contribuinte, ele também é tributo de receita não vinculada a órgão, fundo ou despesa, nos termos do art. 167, IV, da CF, com algumas exceções constitucionais.

– Seu fato gerador está descrito na Constituição Federal, conforme a classificação abaixo. Apenas a União poderá criar novos impostos, no exercício de sua competência residual.

IMPOSTOS

FEDERAIS

(art. 153 e

154 da CF)

IMPOSTOS

ESTADUAIS

(art. 155 da CF)

IMPOSTOS

MUNICIPAIS

(art. 156 da CF)

Imposto sobre importação de produtos estran-geiros – II

Imposto sobre t r a n s m i s s ã o “causa mortis” e doação de quais-quer bens ou direitos – ITCMD

Imposto sobre a propriedade pre-dial e territorial urbana – IPTU

Imposto sobre exportação, para o exterior, de pro-dutos nacionais ou nacionalizados – IE

Imposto sobre operações relati-vas a circulação de mercadorias e sobre presta-ções de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as ope-rações e as presta-ções se iniciem no exterior – ICMS

Imposto sobre a transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natu-reza ou acessão física, e de direi-tos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aqui-sição – ITBI ou ITIV

Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natu-reza – IR

Imposto sobre a propriedade de veículos automo-tores – IPVA

Imposto sobre serviços de qual-quer natureza serviços de qual-quer natureza, não compreendi-dos no art. 155, II, definidos em lei complementar – ISS ou ISQN

Imposto sobre produtos indus-trializados – IPI

– –

Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou rela-tivas a títulos ou valores mobiliá-rios – IOF

– –

Imposto sobre a propriedade ter-ritorial rural – ITR

– –

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Direito Tributário 967

IMPOSTOS

FEDERAIS

(art. 153 e

154 da CF)

IMPOSTOS

ESTADUAIS

(art. 155 da CF)

IMPOSTOS

MUNICIPAIS

(art. 156 da CF)

Imposto sobre grandes fortunas

– –

Impostos resi-duais

– –

Impostos extraor-dinários

– –

– Os impostos possuem a seguinte classificação:

– Quanto à alíquota: fixos ou progressivos. Fixos são aqueles em que a alíquota não aumenta com o aumento da base de cálculo. Progressivos, ao contrário, a alíquota aumenta com o aumento da base de cálculo. São progressivos o IR, ITR e o IPTU.

– Quanto à forma de percepção: diretos e indire-

tos. Será direto quando o contribuinte real do tributo é o próprio sujeito passivo da obrigação tributária principal, como se dá com o IR. Será indi-reto quando o contribuinte real do tributo é o con-sumidor da mercadoria ou do serviço objeto da operação (contribuinte de fato) e o sujeito passivo da obrigação tributária principal (contribuinte de direito) repassa, no preço da mercadoria ou ser-viço, o imposto devido, como se dá com o IPI e o ICMS. Neste caso, quando o legislador altera a alí-quota do tributo, tem em mira o consumidor (con-tribuinte de fato) e não o empresário (contribuinte de direito).

– Quanto ao objeto de incidência: reais e pessoais. Imposto real é aquele que incide sobre o patrimô-nio e não leva em consideração as condições ine-rentes aos contribuintes (ex: IPTU, ITIV). Imposto pessoal, ao contrário, leva em consideração as condições dos contribuintes, suas características, estabelecendo diferenças em função dessas con-dições (IRPF).

1.1.2. TAXAS

– Segundo o artigo 77 do CTN, as taxas têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Logo, há dois tipos de taxas: taxas de fiscalização e taxas de serviço público específico e divisível.

TAXAS

(art. 77

do CTN)

• Taxa de Polícia: No exercício regular do poder de polícia

• Taxa de Serviço: Na prestação ao contri-buinte, ou colocação à disposição deste, de serviço público específico e disvível, sendo a utilização efetiva ou potencial.

– A taxa de fiscalização é cobrada quando há o exercí-cio do poder de polícia, também chamado de poder de fiscalização. Têm-se como exemplos a Taxa de Vigilância Sanitária, a Taxa de Licença e Funciona-mento (Alvará de Funcionamento) etc. Não é pos-sível cobrar taxa de fiscalização pelo uso potencial (STF, RREE 140.278).

– O art. 78 do CTN define poder de polícia: “Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da admi-nistração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômi-cas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao res-peito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.”

– A taxa de serviço é cabível toda vez que o Estado, diretamente, presta serviço público específico e divisível ao contribuinte. Assim, se o serviço é gené-rico e indivisível, sua remuneração se dá através dos impostos. Se é específico e divisível, pelo princípio da justiça fiscal, seu pagamento deve ser cobrado apenas dos que recebem o serviço, situação em que se cobra a taxa.

ART. 79 CTN

UTILIZAÇÃO

Efetiva: quando por ele usufruídos a qualquer título

Potencial: quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua dispo-sição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento

SERVIÇOS

PÚBLICOS

Específicos: quando possam ser desta-cados em unidades autônomas de inter-venção, de utilidade ou de necessidade públicas

Divisíveis: quando suscetíveis de utiliza-ção, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários

– O STF já decidiu serem constitucionais as Taxas de Lixo, de Esgoto, de Expedição de Certidões. São inconstitucionais a Taxa de Iluminação Pública (RREE 231.764 – RJ, rel. Min. Ilmar Galvão, 10.03.99, Súmula 670) e a Taxa de limpeza pública e de con-servação de vias e logradouros públicos (RE 204.827; RE 188.391-SP, rel. Min. Ilmar Galvão, 15.06.2000).

– O art. 145, § 2º da CF afirma que “As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impos-tos”. No entanto, pela dificuldade de mensurar uma base à sua cobrança, a Súmula Vinculante nº 29 afirma que “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elemen-tos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra”.

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– Sua base de cálculo deve guardar relação com os cus-tos da atividade, o que nem sempre é fácil mensurar.

– É tributo (i) vinculado a uma atuação estatal em relação ao contribuinte, e (ii) de receita vinculada a órgão, fundo ou despesa, sem ser essa vinculação um requisito para a sua validade. Pode ter a receita vinculada ou não, diferentemente da contrapresta-ção ao contribuinte, que deve ser vinculada.

1.1.2.1. TAXA X TARIFA

– É muito comum ser cobrada a diferença entre taxa e tarifa. Eis os pontos principais entre ambas:

Tarifa ou Preço Taxa

Não é tributo, logo a receita dela advinda não é tributária. Decorre de uma atividade desempenhada pelo Estado como se fosse particular.

É tributo, logo a receita dela advinda é tributária. Decorre do exercício do poder de polí-cia ou da prestação de serviço público específico e divisível.

Receita originária Receita derivada

Natureza contratual Natureza legal

Não observa o princípio da anterioridade

Observa o princípio da ante-rioridade

Só pode ser cobrado pelo uso efetivo

O uso potencial permite a sua cobrança

Tarifa ou Preço Taxa

A relação com o usuário é regida pelo direito do con-sumidor

A relação com o contribuinte é tributária

Pode haver duas relações jurídicas: Estado – conces-sionário/permissionário – consumidor

Só há uma relação jurídica: Estado – contribuinte

Resultado de um ato de von-tade das partes

Resultado da vontade da lei

Em regra, remunera serviço público ínsito à soberania do estado e serviço público essencial ao interesse público

Em regra, remunera serviço público não-essencial.

Prescrição decenal, regida pelo Direito Privado (Código Civil). Confere REsp 1117903

Prescrição quinquenal, regida pelo Direito Público (Código Tributário Nacional)

Créditos oriundos do não pagamento são inscritos na Dívida Ativa não tributária.

Créditos oriundos do não pagamento são inscritos na Dívida Ativa tributária.

Ação de repetição de indé-bito sujeita-se ao prazo pres-cricional estabelecido no Código Civil.

Ação de repetição de indé-bito sujeita-se ao prazo pre-visto no CTN.

As taxas e o STF

TAXA JULGADA RESUMO N° STF

Coleta/remoção/tratamento/ destinação de lixo proveniente dos imóveis

ConstitucionalRemunera serviço público específico e divisível (prestado ou a disposição)

Súmula vinculante 19

Fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários (instituída pela Lei 7.940/89) “taxa da CVM”

ConstitucionalEm razão do exercício do Poder de Polícia atribuído à Comissão de Valores Mobiliá-rios (CVM)

Súmula 665

Iluminação pública InconstitucionalÉ um serviço destinado a toda a coletividade (utiuniversi), não é especí-fico e divisível

Súmula 670

Classificação de produtos vegetais (insti-tuída pelo Decreto-Lei 1.899/81)

ConstitucionalEm razão do exercício do Poder de Polícia (padrão de qualidade dos produtos vege-tais que entram no país)

RE 511.584-AgR e outros

Fiscalização/localização e funciona-mento

ConstitucionalEm razão do exercício do Poder de Polícia (desde que efetivo, não bastando a mera existência do órgão administrativo)

RE 588.322 e outros

Incêndio ConstitucionalEm razão da prestação de serviço público essencial, específico e divisível

AI 677.891-AgR e outros

IBAMA ConstitucionalEm razão do exercício do Poder de Polícia (fiscalização das atividades poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais)

RE 416.601 e outros

Segurança (policiamento preventivo) InconstitucionalÉ um serviço destinado a toda a coletividade (utiuniversi), não é especí-fico e divisível

ADI 1.942 e outros

Municipal de conservação de estradas de rodagem

Inconstitucional Base de cálculo idêntica à do ITR Súmula 595

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• Súmula CARF nº 21: “É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu”.

• Súmula CARF nº 46: “O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito pas-sivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elemen-tos suficientes à constituição do crédito tributário”.

• Súmula CARF nº 48: “A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração”.

• Súmula CARF nº 50: “É cabível a exigência de multa de ofício se a decisão judicial que suspendia a exigibilidade do crédito tributário perdeu os efeitos antes da lavratura do auto de infração”.

• Súmula CARF nº 72: “Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN”.

• Súmula CARF nº 99: “Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração”.

• Súmula CARF nº 68: “A Lei n° 8.852, de 1994, não outorga isenção nem enumera hipóteses de não inci-dência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física”.

3.4. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

• Súmula CARF nº 29: “Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendi-mentos, sob pena de nulidade do lançamento”.

• Súmula CARF nº 30: “Na tributação da omissão de rendimentos ou receitas caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósi-tos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subsequentes”.

• Súmula CARF nº 31: “Descabe a cobrança de multa de ofício isolada exigida sobre os valores de tribu-tos recolhidos extemporaneamente, sem o acrés-cimo da multa de mora, antes do início do procedi-mento fiscal”.

• Súmula CARF nº 32: “A titularidade dos depósi-tos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros”.

• Súmula CARF nº 33: “A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício”.

• Súmula CARF nº 34: “Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decor-rente de depósitos bancários de origem não com-provada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas”.

• Súmula CARF nº 35: “O art. 11, § 3º, da Lei9.311/96, com a redação dada pela Lei 10.174/2001, que auto-riza o uso de informações da CPMF para a constitui-ção do crédito tributário de outros tributos, aplica--se retroativamente”.

• Súmula CARF nº 49: “A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração”.

INFORMATIVOS APLICÁVEIS

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

1. CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Correção monetária e mora administrativa

A mora injustificada ou irrazoável do Fisco em restituir o valor devido ao contribuinte caracteriza a resistência ilegítima auto-rizadora da incidência da correção monetária. RE 299605 AgR--ED-EDv/PR, Rel. Min. Edson Fachin, 6.4.2016. Pleno. (Info 820)

2. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Fornecimento de informações financeiras ao fisco sem

autorização judicial

O art. 6º da LC 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, porque realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. Por sua vez, a Lei 10.174/01 não atrai a apli-cação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, § 1º, do CTN. RE 601314/SP, repercussão geral – mérito, Rel. Min. Edson Fachin, 24.2.2016. Pleno. (Info 815)

3. IMPOSTOS FEDERAIS

3.1. IOF

IOF e transmissão de ações de companhias abertas

É constitucional o art. 1º, IV, da Lei 8.033/90, uma vez que a inci-dência de IOF sobre o negócio jurídico de transmissão de títulos e valores mobiliários, tais como ações de companhias abertas e respectivas bonificações, encontra respaldo no art. 153, V, da CF, sem ofender os princípios tributários da anterioridade e da irretroatividade, nem demandar a reserva de lei complementar. RE 583712/SP, repercussão geral – mérito, Rel. Min. Edson Fachin, 4.2.2016. Pleno. (Info 813)

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Direito Tributário 1019

3.2. IPI

IPI e importação de automóveis para uso próprio

Incide o IPI na importação de veículo automotor por pessoa natural, ainda que não desempenhe atividade empresarial e o faça para uso próprio. RE 723651/PR, repercussão geral – mérito, Rel. Min. Marco Aurélio, 3 e 4.2.2016. Pleno. (Info 813)

3.3. IRPJ/IRPF

IR: aumento de alíquota e irretroatividade

É inconstitucional a aplicação retroativa de lei que majora a alí-quota incidente sobre o lucro proveniente de operações incen-tivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo ano-base, tendo em vista que o fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada operação de exportação, à luz da extra-fiscalidade da tributação na espécie. RE 592396/SP, repercussão geral – mérito, Rel. Min. Edson Fachin, 3.12.2015. Pleno. (Info 810)

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

1. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

Depósito judicial integral dos tributos devidos e denún-

cia espontânea.

O depósito judicial integral do débito tributário e dos respec-tivos juros de mora, mesmo antes de qualquer procedimento do Fisco tendente à sua exigência, não configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN). EREsp 1.131.090-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 10.2.2016. 1ª S. (Info 576)

2. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

2.1. FISCALIZAÇÃO

Intimação por edital no processo fiscal referido no art.

27 do DL 1.455/76.

No processo fiscal referido no art. 27 do DL 1.455/76, a inti-mação por edital só deve ser realizada após restar frustrada a intimação pessoal. De fato, intimação do ato administrativo-tri-butário confere ao contribuinte, nos planos normativo e fático, o uso da prerrogativa de contestar; é justamente com a intima-ção que tem início os efeitos temporais e formais atinentes ao exercício do devido processo legal. Visa-se com a intimação dar ciência ao intimado do conteúdo do inteiro teor dos atos pro-cessuais. Se a intimação não for aperfeiçoada de modo a garan-tir a certeza da ciência do intimado, todo o processo previsto na lei, e instalado na realidade, não passa de uma ficção intangível ao contribuinte que não pôde percorrê-lo por não lhe ter sido oportunizada tal faculdade. REsp 1.561.153-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 24.11.2015. 2ª T. (Info 574)

2.2. IRPJ/IRPF

Cegueira monocular e isenção de imposto de renda.

Os proventos de aposentadoria ou reforma percebidos por portador de cegueira monocular são isentos de imposto sobre a renda. REsp 1.553.931-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, DJe 2.2.2016. 1ª T. (Info 575)

Incidência de imposto de renda sobre o adicional de 1/3

de férias gozadas. Recurso repetitivo. Tema 881.

Incide imposto de renda sobre o adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas. REsp 1.459.779-MA, Rel. p/ ac. Min. Benedito Gon-çalves, 1ª S., DJe 18.11.2015. (Info 573)

2.3. IPI

Base de cálculo do IPI nas vendas a prazo.

A base de cálculo do IPI na venda a prazo é o preço “normal” da mercadoria (preço de venda à vista) mais os eventuais acrésci-mos decorrentes do parcelamento. REsp 1.586.158-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 25.5.2016. 2ª T. (Info 584)

Direito ao creditamento de IPI.

Apenas com a vigência da Lei 9.779/99, surgiu o direito ao cre-ditamento do IPI decorrente da aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos isentos ou sujeitos ao regime de alíquota zero. REsp 811.486-RN, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 8.3.2016. 1ª T. (Info 578)

Incidência de IPI sobre a saída de produto de estabeleci-

mento importador. Recurso repetitivo. Tema 912.

Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido indus-trialização no Brasil. Efetivamente, o fato de o “nomen juris” do tributo ser “Imposto sobre Produtos Industrializados” não sig-nifica que seu fato gerador esteja necessariamente atrelado a uma imediata operação de industrialização. O fato de o tributo incidir sobre o produto industrializado significa somente que é necessário e relevante que essa operação de industrialização, em algum momento, tenha ocorrido – pois a circulação que se tributa é de um produto industrializado –, mas não que a indus-trialização tenha que ocorrer simultaneamente a cada vez que se realize uma hipótese de incidência do tributo (fato gerador). EREsp 1.403.532-SC, Rel. p/ ac. Min. Mauro Campbell Marques, Corte Especial, DJe 18.12.2015. (Info 574)

Exclusão de crédito presumido de IPI da base de cálculo

do IRPJ e da CSLL no regime do lucro presumido.

O crédito presumido de IPI previsto no art. 1º da Lei n. 9.363/1996 que se refira a período no qual o contribuinte tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro pre-sumido deve ser excluído das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL apuradas pelo regime do lucro presumido. REsp 1.611.110-RS,

Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/8/2016,

DJe 12/8/2016. – Info STJ 587

3. IMPOSTOS ESTADUAIS

3.1. ICMS

Inclusão de subvenção econômica na base de cálculo do

ICMS.

A subvenção concedida com base no art. 5º da Lei 10.604/02 às concessionárias e permissionárias de energia elétrica compõe a base de cálculo do ICMS. REsp 1.286.705-SP, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 12.2.2016. 2ª T. (Info 576)

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Óbice ao aproveitamento de crédito de ICMS decorrente

de operação de exportação.

Não viola o princípio da não cumulatividade a vedação, prevista em legislação estadual, de aproveitamento de crédito de ICMS decorrente de operação de exportação quando o contribuinte possuir débito superior ao crédito. REsp 1.505.296-SP, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 9.12.2015. 2ª T. (Info 574)

3.2. IPVA

Termo Inicial do Prazo Prescricional para Cobrança de

Ipva

A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição definitiva do crédito tributário, iniciando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia seguinte à data estipulada para o vencimento da exação. (REsp 1.320.825-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, julgado em 10/8/2016, DJe 17/8/2016.) Info STJ 588

4. IMPOSTOS MUNICIPAIS

4.1. ISSQN

Incidência de ISS sobre montagem de pneus.

Incide ISS – e não ICMS – sobre o serviço de montagem de pneus, ainda que a sociedade empresária também forneça os pneus utilizados na montagem. REsp 1.307.824-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 9.11.2015. 2ª T. (Info 573)

5. EXECUÇÃO FISCAL

Incidência de encargo legal em execução fiscal promo-

vida contra pessoa jurídica de direito público.

O encargo previsto no art. 1º do DL n. 1.025/69 incide nas exe-cuções fiscais promovidas pela União contra pessoas jurídicas de direito público. REsp 1.540.855-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 18.12.2015. 2ª T. (Info 575)

6. OUTROS TEMAS

6.1. SIMPLES NACIONAL

Simples Nacional e alvará de localização e funciona-

mento

A ausência de alvará de localização e funcionamento não impede que a Empresa de Pequeno Porte ou a Microem-presa ingressem ou permaneçam no regime do Simples Nacional.  (REsp 1.512.925-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/6/2016, DJe 12/9/2016) – Info STJ 590.

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