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COORDENADOR: HENRIQUE CORREIA Procurador do Trabalho Professor de Direito do Trabalho do CERS on-line (www.renatosaraiva.com.br) Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm 5ª edição revista, ampliada e atualizada 2017 Coleção Coleção RE 9 I SAÇO Ministério Público do Trabalho PROCURADOR DO TRABALHO Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 3 28/04/2017 14:32:19

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COORDENADOR:

HENRIQUE CORREIAProcurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho do CERS on-line (www.renatosaraiva.com.br)

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

5ª ediçãorevista, ampliada e atualizada

2017

ColeçãoColeção

RE ISAÇO

Ministério Público do Trabalho

PROCURADOR DO TRABALHO

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Direito do Trabalho • Questões 29

Direito do Trabalho

Henrique Correia

TABELA DE INCIDÊNCIA DE QUESTÕES

Distribuição das questões organizada

por ordem didática de assuntos

AssuntoN. de

questõesPeso

Introdução ao Direito do Trabalho 6 5,83%

Renúncia e Transação 1 0,97%

Comissão de Conciliação Prévia 1 0,97%

Empregado 15 14,56%

Relações de Trabalho 5 4,85%

Terceirização 1 0,97%

Trabalho Temporário 1 0,97%

Contrato Individual de Trabalho 4 3,88%

Duração do Trabalho 18 17,48%

Salário e Remuneração 7 6,80%

Estabilidade 2 1,94%

Segurança e Medicina do Trabalho 3 2,91%

Aviso-Prévio 1 0,97%

Término do Contrato de Trabalho 1 0,97%

Prescrição e Decadência 1 0,97%

Direito Coletivo do Trabalho 36 34,95%

Total 103 100

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Henrique Correia30

Distribuição das questões organizada por ordem decrescente

de incidência dos assuntos nas provas

AssuntoN. de

questõesPeso

Direito Coletivo do Trabalho 36 34,95%

Duração do Trabalho 18 17,48%

Empregado 15 14,56%

Salário e Remuneração 7 6,80%

Introdução ao Direito do Trabalho 6 5,83%

Relações de Trabalho 5 4,85%

Contrato Individual de Trabalho 4 3,88%

Segurança e Medicina do Trabalho 3 2,91%

Estabilidade 2 1,94%

Renúncia e Transação 1 0,97%

Comissão de Conciliação Prévia 1 0,97%

Terceirização 1 0,97%

Trabalho Temporário 1 0,97%

Aviso-Prévio 1 0,97%

Término do Contrato de Trabalho 1 0,97%

Prescrição e Decadência 1 0,97%

Total 103 100%

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Direito do Trabalho • Questões 31

Direito do Trabalho

QUESTÕES

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABA-

LHO

1.1. PARTE HISTÓRICA

01. (MPT – Procurador do Trabalho/2009) Leia e analise os itens abaixo:

I. A Constituição outorgada em 1937, conhecida como Polaca porque baseada na Constituição Polonesa, continha preceitos a serem observados pela legislação do trabalho, fixando, por exem-plo, que: nas empresas de trabalho contínuo, a cessação das relações de trabalho, a que o traba-lhador não haja dado motivo, e quando a lei não lhe garanta, a estabilidade no emprego, cria-lhe o direito a uma indenização proporcional aos anos de serviço; nas empresas de trabalho contínuo, a mudança de proprietário não rescinde o contrato de trabalho, conservando os empregados, para com o novo empregador, os direitos que tinham em relação ao antigo.

II. A transformação mundial ocorrida após 1945 teve desdobramentos no Brasil, dentre os quais a pro-mulgação da Constituição de 1946 que, no Título referente à Ordem Econômica e Social, manteve condições anteriores, tais como: o salário-mínimo; a jornada diária de oito horas, exceto em casos e condições previstos em lei; a proibição do traba-lho a menores de 14 anos, de trabalho noturno a menores de 16 anos e, mulheres e menores de 18 anos em indústrias insalubres, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente; a liberdade de associação profissional.

III. A transformação mundial ocorrida após 1945 teve desdobramentos no Brasil, dentre os quais a promulgação da Constituição de 1946 que, no Título referente à Ordem Econômica e Social,

trouxe ampliação das garantias e direitos dos trabalhadores, destacando-se: a participação obrigatória e direta do empregado nos lucros da empresa nos termos da lei; a fixação em lei de porcentagens de empregados brasileiros em serviços públicos de concessão e nos estabele-cimentos de determinados ramos do comércio e indústria; a assistência aos desempregados; o reconhecimento das convenções coletivas de tra-balho e do direito de greve, com exercício regu-lado em lei.

Marque a alternativa CORRETA:

a) apenas os itens I e III são corretos;

b) apenas os itens I e II são corretos;

c) todos os itens são corretos;

d) apenas os itens II e III são corretos;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: Esta questão exige do candi-dato um amplo conhecimento da história do Direito do Trabalho, principalmente da sua origem e evolu-ção nas Constituições brasileiras.

Alternativa correta: “c”. Todas as assertivas estão corretas.

Assertiva I. Correta. A Constituição Federal de 1934 foi responsável em constitucionalizar o Direito do Trabalho no Brasil, trazendo maior liberdade e autonomia sindical. Logo após a Constituição de 1934, inspirada nos ideais ditatoriais de Getúlio Var-gas, foi instituída a Constituição de 1937 que instau-rou o corporativismo, ou seja, o fortalecimento do Estado, sendo que um dos principais responsáveis por esse fortalecimento é o trabalho considerado como um dever social. Desta forma, o trabalho deve ser um direito garantido a todos, sendo dever do Estado proteger este direito, possibilitando condi-ções favoráveis e meios de defesa ao trabalho. Em virtude deste objetivo corporativista, além de vários

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Henrique Correia32

outros direitos, a Constituição de 1937 buscou dar maior efetividade ao princípio do pleno emprego que mais do que possuir um emprego é garantir sua manutenção com boas condições e remuneração correspondente e justa.

Assertivas II e III. Corretas. A transformação mundial ocorrida após 1945, com relação ao direito do trabalho, gerou o aprofundamento do processo de constitucionalização do Direito do Trabalho e hegemonia do chamado Estado de Bem-Estar Social, normatizando as normas justrabalhistas, bem como diretrizes gerais de valorização do trabalho e do ser que labora para outrem. Nesse contexto, nasceu a Constituição de 1946, que tratou da ordem eco-nômica e social, consagrando a livre iniciativa, bem como a valorização do trabalho humano, sendo que ambas devem prevalecer em grau de equilíbrio, pois a eficácia de uma depende da outra. Esta Constituição também consagrou o princípio do pleno emprego e dispõe que o trabalho deve ser uma obrigação social, pois a Constituição consagrou, mais uma vez, o tra-balho como meio de desenvolvimento do país. Em suma, a CF de 1946 aumentou consideravelmente os direitos trabalhistas em relação às Constituições de 1934 e 1937. Nesse sentido, estabelecia o art. 157 da revogada CF/1946:

Art. 157 – A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:

I – salário mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as necessidades normais do trabalhador e de sua família;

II – proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil;

III – salário do trabalho noturno superior ao do diurno;

IV – participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa, nos termos e pela forma que a lei determinar;

V – duração diária do trabalho não excedente a oito horas, exceto nos casos e condições previstos em lei;

VI – repouso semanal remunerado, preferentemente aos domingos e, no limite das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local;

VII – férias anuais remuneradas;

VIII – higiene e segurança do trabalho;

IX – proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em indústrias insalubres, a mulheres e a menores, de dezoito anos; e

de trabalho noturno a menores de dezoito anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente;

X – direito da gestante a descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego nem do salário;

XI – fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos do comércio e da indústria;

XII – estabilidade, na empresa ou na exploração rural, e indenização ao trabalhador despedido, nos casos e nas condições que a lei estatuir;

XIII – reconhecimento das convenções coletivas de trabalho;

XIV – assistência sanitária, inclusive hospitalar e médica preventiva, ao trabalhador e à gestante;

XV – assistência aos desempregados;

XVI – previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as conseqüências da doença, da velhice, da invalidez e da morte;

XVII – obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do trabalho.

02. (MPT – Procurador do Trabalho/2009) Leia e analise os itens abaixo:

I. A Emenda Constitucional n° 1, de 17 de outubro de 1969, promulgada pelos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, trouxe modificações inovadoras à Constituição de 1967 em relação aos direitos dos trabalhado-res, dentre as quais estão: salário-família aos seus dependentes; estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido ou fundo de garantia equivalente; aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral.

II. Do ponto de vista formal é possível afirmar que a Constituição da República de 1988 deslocou os direitos dos trabalhadores do tradicional capí-tulo “Ordem Econômica e Social”, inseridos nas Constituições de 1934, 1937, 1946 e 1967, para uma posição inovadora e destacada nos “Direitos Sociais”, elegendo o trabalho como direito social e estabelecendo os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais.

III. A Constituição da República de 1988 em capítulo reservado à família, criança, adolescente e idoso estabelece que é dever da família, da sociedade

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Direito do Trabalho • Questões 33

e do Estado amparar as pessoas idosas, assegu-rando sua participação na comunidade. O Esta-tuto do Idoso tem comando semelhante, obri-gando a família, a comunidade, a sociedade e o Poder Público a assegurar à pessoa idosa a efeti-vação também do direito ao trabalho.

Marque a alternativa CORRETA:

a) Todos os itens são corretos;

b) Apenas os itens I e II são corretos;

c) Apenas os itens I e III são corretos;

d) Apenas os itens II e III são corretos;

e) Não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: A questão aborda o tema dos direitos trabalhistas consagrados nas constituições federais brasileiras. Recomenda-se a leitura da dou-trina específica sobre o tema e breve leitura dos tex-tos das constituições brasileiras.

Alternativa correta: “d”. Apenas as assertivas II e III estão corretas.

Assertiva I. Errada. O salário-família aos depen-dentes, a estabilidade, com indenização ao trabalha-dor despedido ou fundo de garantia equivalente, e a aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral, já estavam presentes na Constituição de 1967. A Emenda Constitucional nº 1 de 1969 (considerada por muitos constituciona-listas uma nova Constituição) não trouxe significati-vas mudanças com relação ao Direito do Trabalho. Com relação às associações profissionais e sindicais não fez nenhuma alteração (art. 166). No artigo 165, incisos XIV e XXI reconheceu as convenções coletivas de trabalho e o direito de greve, salvo nos serviços públicos e atividades essenciais. A Justiça do Traba-lho, na estrutura do Poder Judiciário, foi mantida e o artigo 165 ratificou os direitos trabalhistas previstos na Constituição anterior.

Assertiva II. Correta. A partir da Constituição de 1934, a qual previu os direitos sociais do trabalho no texto constitucional, esses direitos vieram sem-pre expressos no capítulo “da ordem econômica e social”, porém com o advento da CF de 1988 os direi-tos sociais, inclusive do trabalho, passaram a figurar no Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, como sendo o capítulo II desse título, chamado “Dos Direitos Sociais”. E, mais especificamente, no artigo 7º do texto constitucional. Lembrando que o trabalho vem expresso em vários outros dispositivos do pre-âmbulo, quando menciona os direitos sociais até o capitulo da ordem econômica, que prevê a valoriza-ção do trabalho humano e a livre iniciativa.

Assertiva III. Correta. Este item está correto, uma vez que a Constituição Federal de 1988 em seu artigo

230 prevê a inclusão social do idoso na comunidade. Com base nesta previsão constitucional, bem como para efetivá-la o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/03, no “caput” do artigo 3º traz como obrigação da socie-dade em geral do Poder Público em efetivar o acesso ao trabalho para o idoso.

03. (MPT – Procurador do Trabalho/2007) A Encí-clica Divini redemptoris, que trouxe orientações sobre trabalho, foi escrita pelo papa:

a) Paulo VI;

b) João XXIII;

c) Leão XIII;

d) Pio XI;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: A questão aborda o tema da história do Direito do Trabalho, especificamente no mundo. Ademais, apresenta elevado grau de dificul-dade, na minha opinião.

Alternativa correta: “d”. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que todas versam sobre o mesmo assunto. A Encíclica Divini Redemp-toris foi elaborada pelo Papa Pio XI, em 19 de março de 1937, tendo como tema principal o comunismo ateu. Segundo o Papa, a doutrina comunista trouxe um ideal hipócrita acerca de justiça, igualdade e fraternidade universal do trabalho, sendo que o suposto progresso econômico gerado pelo sistema comunista se deu dentre outros da exploração do trabalho com remuneração mínima. Nesta encíclica o Papa defende os direitos e a dignidade do traba-lho humano e o equilíbrio que deverá existir entre o capital e o trabalho, o salário, indispensável ao operário e a sua família. Nesse assunto, suplica pela consciência daqueles que tem fundos maiores fruto do trabalho de milhões de cidadãos em buscar e promover o bem comum. Todas as demais encícli-cas (escritas pelos Papas Paulo VI, João XXIII e Leão XIII) não trouxeram questões relevantes acerca do Direito do Trabalho.

04. (MPT – Procurador do Trabalho/2007) Com-plete com a opção CORRETA.

A Constituição do México, de________ tratou de regras de Direito do Trabalho no seu artigo 123.

a) 1915;

b) 1917;

c) 1919;

d) 1921;

e) não respondida.

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Henrique Correia34

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: Em termos de direitos sociais, é fundamental que o candidato tenha um mínimo conhecimento acerca do papel exercido pela Consti-tuição mexicana em comento na história. Foi ela pio-neira em trazer os direitos trabalhistas previstos cons-titucionalmente, motivo que tornou referida consti-tuição referência no estudo do Direito do Trabalho.

Alternativa correta: “b”. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo assunto. Essa Constituição data de 1917. Seu advento se deu por uma forte influência do contexto político, social e econômico da época de sua criação, quais sejam os ideais pré-revolucionários da Revo-lução Russa, influenciando o “constitucionalismo social”, ou seja, trazer para o texto constitucional os direitos fundamentais, dentre eles o do trabalho.

1.2. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO

05. (MPT – Procurador do Trabalho/2008) Analise as assertivas abaixo:

I. entre as várias formas de interpretação da norma de Direito do Trabalho, incluem-se a teleológica ou finalística segundo a qual a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim visado pelo legislador;

II. a Consolidação das Leis do Trabalho trata da inte-gração jurídica da norma, pois autoriza o juiz, na falta de expressa disposição legal ou convencio-nal, a utilizar a analogia ou a equidade;

III. de acordo com a Constituição Federal, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais de expressão não têm aplicação imediata;

IV. em relação à eficácia no espaço da norma traba-lhista, a jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho adota o critério da territo-rialidade (ou da Lex loci executionis), segundo o qual a relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação do serviço e não por aquelas do local da contratação

De acordo com as assertivas acima, é CORRETO afirmar que:

a) todas as assertivas estão corretas;

b) todas as assertivas estão incorretas;

c) apenas as assertivas II e IV estão corretas;

d) apenas a assertiva III está incorreta;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: A questão aborda o tema da interpretação e integração das normas trabalhistas.

Em razão da Lei nº 7.064/82 e da mudança da juris-prudência no TST, essa questão deveria ser cancelada. Era de complexidade mediana, tendo em vista que a assertiva IV traz uma maior atenção do candidato pelo cancelamento da súmula nº 207 do TST. As assertivas II e III necessitam apenas de uma leitura do texto constitucional para serem averiguadas.

Alternativa correta: “e”. As assertivas III e IV estão incorretas, mas a questão deveria ser cance-lada, de acordo com o posicionamento atual do TST.

Assertiva I. Correta. Partindo do pressuposto que o Direito do Trabalho é regido por princípios específi-cos que visam a maior proteção ao trabalhador, por se tratar de uma relação jurídica de hipossuficiência do empregado em relação ao empregador, o Direito do Trabalho se utiliza da forma de interpretação teleoló-gica ou finalística visando, sempre, a interpretação das normas trabalhistas que atendam a finalidade princi-piológica para qual foi citada: defesa do empregado.

Assertiva II. Correta. A respeito de lacuna na lei trabalhista, a Consolidação das Leis do Trabalho prevê em seu artigo 8º que o juiz poderá decidir utilizando a analogia ou equidade. Além dessas formas de inte-

gração, o mesmo artigo ainda traz a possibilidade de utilização da jurisprudência e outros princípios e normas gerais do direito, bem como o direito compa-rado, de acordo com os usos e costumes. Lembrando que para a realização da integração o juiz deverá se atentar a supremacia do interesse publico sobre os interesses de classe ou até mesmo particular.

Assertiva III. Incorreta. O termo aplicação ime-diata está se referindo a classificação da norma cons-titucional quanto a sua eficácia. Também chamada de norma de eficácia plena, ou seja, tem a sua aplicabi-lidade imediata e independente de qualquer regu-lamentação. Este item está incorreto, pois a CF/88 prevê no parágrafo 1º do artigo 5º que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Assertiva IV. Este item está incorreto, uma vez que a Súmula nº 207 do Tribunal Superior do Tra-balho foi cancela. Referida Súmula direcionava que diante de um conflito de leis trabalhistas no espaço a regra que seria aplicada era a do princípio Lex loci executionis em que eram aplicadas as leis trabalhistas do lugar da prestação do serviço e não por aquelas do local da contratação. O cancelamento de referida súmula se deu pela sua incompatibilidade com a Lei 7.064/1982 que regula a situação de trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviço fora do país. Desta forma, passou a valer para todos os tra-balhadores o que disposto no artigo 3º, inciso II, da mesma lei, em que assegura a aplicação da legislação brasileira quando mais favorável do que a legislação territorial, observando o princípio da norma mais

favorável ao trabalhador:

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Direito do Trabalho • Questões 35

Art. 3º – A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: II – a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria.

1.3. PRINCÍPIOS

06. (MPT – Procurador do Trabalho/2008) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) dentre os mais importantes princípios especiais do Direito Individual do Trabalho indicados pela doutrina, incluem-se o princípio da proteção, o princípio da irrenunciabilidade dos direitos tra-balhistas e o princípio da norma mais favorável;

b) o princípio da primazia da realidade sobre a forma autoriza a descaracterização de um contrato de prestação civil de serviços, desde que despon-tem, ao longo de sua execução, todos os elemen-tos fático-jurídicos da relação de emprego;

c) de acordo com a jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho, o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando nega-dos a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favo-rável ao empregado;

d) o princípio da razoabilidade segundo o qual as condutas humanas devem ser avaliadas de acordo com um critério associativo de verossimi-lhança, sensatez e ponderação, não tem aplica-ção no Direito Coletivo do Trabalho;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: A questão aborda o tema dos princípios do Direito do Trabalho. O candidato deve estar atento para o fato de que a questão exige que seja assinalada a alternativa incorreta. Ademais, exi-gia do candidato apenas conhecimentos gerais sobre o tema dos princípios específicos da área trabalhista.

Alternativa incorreta: “d”. O princípio da razoabi-lidade é, certamente, aplicável ao Direito Coletivo do Trabalho, assim como em qualquer ramo do direito. O Princípio da Razoabilidade é um Princípio Geral do Direito, ou seja, possui aplicabilidade em todos os ramos jurídicos, tanto no Direito Individual do Traba-lho quanto no Direito Coletivo do Trabalho. E quanto no Direito Coletivo do Trabalho. Não seria correto afir-mar que no Direito Coletivo do Trabalho é permitido condutas e interpretações absurdas, não razoáveis.

Alternativa “a”. De fato, esses princípios são característicos do Direito do Trabalho, tendo funda-mental importância. O princípio da proteção está associado ao fato de que o Direito do Trabalho tem por escopo proteger a figura do empregado, que é o mais vulnerável na relação de emprego. O princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas e o da norma mais favorável são desdobramentos do princí-pio tuitivo (da proteção). De acordo com o princípio da proteção ao trabalhador, a lei trabalhista estabe-lece normas de proteção que visa garantir direitos mínimos ao hipossuficiente e estabelecer o equilíbrio que falta à relação de emprego, em razão da subor-dinação exercida pelo empregador. Desse princípio decorrem três outros princípios:

In dubio pro operario.

Norma mais

favorável.

Condição mais

benéfica.

Quando existirem várias interpretações sobre o mesmo

fato, deve-se escolher a

interpretação mais benéfica

ao trabalhador.

Quando existir duas ou mais normas possíveis de

serem aplicadas, deve-se

escolher a maior favorável ao trabalhador.

É assegurado ao trabalhador as vantagens conquistadas

durante o contrato de

trabalho.

Alternativa “b”. Pelo princípio da primazia da realidade sobre a forma temos que, para o Direito do Trabalho, importa o que, de fato, ocorreu, e não o que consta dos documentos. De acordo com o princípio da primazia da realidade, essa deve se sobrepor às disposições contratuais escritas. Logo, se presentes os requisitos do art. 3º, caput, CLT), deverá ser reco-nhecida a relação empregatícia.

Alternativa “c”. De fato, pelo princípio da conti-nuidade do contrato de trabalho, presume-se (pre-sunção juris tantum ou relativa) que o trabalho não foi interrompido, e o contrato de trabalho não foi cessado. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui pre-sunção favorável ao empregado (Súmula nº 212, TST).

2. RENÚNCIA E TRANSAÇÃO

Art. 9º, CLT

Art. 444, CLT

Art. 468, CLT

07. (MPT – Procurador do Trabalho/2008) Assinale a alternativa INCORRETA:

Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 35 28/04/2017 14:32:22

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Henrique Correia36

a) o Direito do Trabalho não admite a renúncia, pelo trabalhador, antes, durante e após o rompimento do contrato de trabalho;

b) somente será passível de transação lícita parcela juridicamente não acobertada por indisponibili-dade absoluta, independentemente do respeito aos demais requisitos jurídico-formais do ato;

c) de acordo com o entendimento uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, o direito ao avi-so-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego;

d) de acordo com orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, a transação extra-judicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclu-sivamente das parcelas e valores constantes do recibo;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: A questão aborda o tema da renúncia e da transação no Direito do Trabalho. O candidato deve estar atento para o fato de que a questão exige que seja assinalada a alternativa incorreta. Lembre-se de que em razão do Princípio da Irrenunciabilidade e da Indisponibilidade que vigora no Direito do Trabalho, há restrição da auto-nomia da vontade, isto é, limita-se a possibilidade de negociação de direitos trabalhistas entre empregado e empregador.

Alternativa incorreta: “a”. Renúncia é um ato unilateral que recai sobre direito certo e atual, por exemplo, o empregado conquistou o direito de férias após um ano de trabalho e abriria mão (renunciaria) desse direito já conquistado, o que não é válido no direito do trabalho. Em razão do princípio da irrenun-ciabilidade são raríssimos os casos de renúncia de direito na área trabalhista. Um exemplo de renúncia, prevista em lei, é o pedido de transferência para outra cidade, feito pelo dirigente sindical. Nesse caso, per-derá o direito à estabilidade. Outro exemplo, previsto na jurisprudência do TST é a renúncia ao Aviso-Pré-vio, quando comprovado que o empregado já possui outro emprego. E, ainda, há doutrinadores que defen-dem a possibilidade de renúncia durante à audiência judicial, na presença do Juiz do Trabalho. Portanto, excepcionalmente, é permitida a renúncia.

Alternativa “b”. Os direitos disponíveis consis-tem em direitos cujos interesses são meramente particulares. Já os direitos indisponíveis são marca-dos pela forte intervenção estatal, pois há interesse

público envolvido, como é o caso do direito do traba-lho. Assim, a transação recai sobre direito duvidoso e requer um ato bilateral das partes, concessões recí-procas. Na transação há direitos disponíveis, cujos interesses são meramente particulares.

Alternativa “c”. O direito ao aviso prévio é irre-nunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o pres-tador dos serviços obtido novo emprego (Súmula nº 276, TST).

Alternativa “d”. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a ade-são do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valo-res constantes do recibo (Orientação Jurisprudencial nº 270, SDI1, TST).

3. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Arts. 625-A a 625-H, CLT

08. (MPT – Procurador do Trabalho/2008) Em rela-ção às Comissões de Conciliação Prévia, analise as assertivas abaixo:

I. as empresas e os sindicatos podem constituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho;

II. as Comissões de Conciliação Prévia não poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical;

III. a Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, quatro e, no máximo doze membros. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcionamento definidas no seu estatuto social;

IV. o termo de conciliação é título executivo extra-judicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.

De acordo com as assertivas acima, pode-se afir-mar que:

a) todas as assertivas estão corretas;

b) apenas a assertiva I está correta;

c) apenas as assertivas III e IV estão incorretas;

d) apenas as assertivas II e III estão incorretas;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: A questão aborda o tema da Comissão de Conciliação Prévia. Essa questão exigia

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Direito do Trabalho • Questões 37

apenas o conhecimento do texto da CLT (art. 625-A e seguintes da CLT).

Alternativa correta: “d”. Apenas as assertivas II e III estão incorretas.

Assertiva I. Correta. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representante dos empre-gados e dos empregadores, com a atribuição de ten-tar conciliar os conflitos individuais do trabalho (art. 625-A, “caput”, CLT).

Assertiva II. Incorreta. As Comissões de Conci-liação poderão ser constituídas por grupos de empre-sas ou ter caráter intersindical (art. 625-A, parágrafo único, CLT).

Assertiva III. Incorreta. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo,

dois e, no máximo, dez membros (art. 625-B, “caput”, CLT). Ainda, de acordo com o art. 625-C da CLT: “A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo”.

Assertiva IV. Correta. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente res-salvadas (art. 625-E, parágrafo único, CLT). Segue qua-dro que resume as hipóteses de eficácia liberatória do contrato de trabalho:

EFICÁCIA LIBERATÓRIA DO CONTRATO

– Comissão de Conciliação Prévia: eficácia liberatória geral, com exceção das parcelas expressamente ressalvadas (art. 625-E, parágrafo único, CLT, e Inf. 29, TST).

– Programa de Demissão Voluntária (PDV): eficá cia liberatória somente em relação às parcelas expres-samente consignadas (OJ nº 270 da SDI-I do TST).

Obs.: Recentemente (abril/2015), o plenário do STF adotou posição contrária à OJ nº 270 da SDI-I do TST ao decidir pela validade da cláusula de quitação geral ampla e irrestrita das verbas trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho, desde que previstas em acordo coletivo.

– Homologação das verbas rescisórias: A homologação realizada pelo sindicato profissional ou pelo auditor-fiscal do trabalho tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente previstas no recibo (Súmula nº 330 do TST).

– Homologação em juízo: É possível que, mediante acordo judicial, seja conferida eficácia liberatória geral das verbas trabalhistas. Nesse sentido, o acordo judicial em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem nenhuma ressalva, alcança todos os direitos decorrentes do contrato de trabalho (OJ nº 132 da SDI-II do TST).

4. EMPREGADO

Art. 3º, CLT

09. (MPT – Procurador do Trabalho/2013) Conside-rando-se a expansão dos aeroportos e do transporte aéreo no Brasil e as suas respectivas relações de tra-balho, considera as seguintes afirmações:

I. Aeronauta é o profissional habilitado pelo Minis-tério da Aeronáutica, que exerce atividade a bordo de aeronave civil nacional, mediante con-trato de trabalho.

II. Considera-se, também, aeronauta, para os fins legais, aquele que exerce atividade a bordo de aeronave estrangeira, em virtude de contrato de trabalho regido por leis brasileiras.

III. Aeroviário é o trabalhador que, não sendo aero-nauta, exerce função remunerada nos serviços terrestres de empresa de transportes aéreos.

IV. Aeroportuário é o profissional habilitado pelo Ministério da Aeronáutica que exerce atividade a bordo de aeronaves em aeroclubes, escola de aviação civil e correlatos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) apenas as assertivas I, II e III estão corretas;

b) apenas as assertivas II, III e IV estão corretas;

c) apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;

d) todas as assertivas estão corretas;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: A questão aborda o tema das relações de trabalho nos aeroportos. Sobre o tema é imprescindível a leitura da Lei nº 7.183/1984. Questão extremamente difícil, uma vez que exigia conceitos de leis muito específicas.

Anulada. A questão foi anulada pela banca exa-minadora do concurso.

Assertiva I. Correta. “Aeronauta é o profissio-nal habilitado pelo Ministério da Aeronáutica, que exerce atividade a bordo de aeronave civil nacio-nal, mediante contrato de trabalho.” (art. 2º, Lei nº 7.183/1984).

Assertiva II. Correta. “Considera-se também aeronauta, para os efeitos desta Lei, quem exerce ati-vidade a bordo de aeronave estrangeira, em virtude de contrato de trabalho regido pelas leis brasileiras.” (art. 2º, parágrafo único, Lei nº 7.183/1984).

Assertiva III. Correta. “É aeroviário o trabalhador que, não sendo aeronauta, exerce função remune-rada nos serviços terrestres de Empresa de Transpor-tes Aéreos.” (art. 1º, Decreto nº 1.232/1962).

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Henrique Correia38

Assertiva IV. Incorreta. A assertiva refere-se ao aeronauta e não ao aeroportuário que seriam os tra-balhadores dos aeroportos, cujas funções são múlti-plas não sendo possível restringir ao estabelecido na questão.

10. (MPT – Procurador do Trabalho/2008) Analise as assertivas abaixo:

I. a relação empregatícia e a figura do empregado surgem como resultado da combinação de ele-mentos fático-jurídicos que são: a) prestação de trabalho por pessoa física a um tomador qual-quer; b) prestação efetuada com pessoalidade pelo trabalhador; c) prestação efetuada com não--eventualidade; d) efetuada sob subordinação ao tomador dos serviços; e) prestação de trabalho efetuada com onerosidade;

II. não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual;

III. não há distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que estejam presentes os elementos caracterizadores da rela-ção de emprego;

IV. dentre as condições legais para admissão como mãe social, inclui-se a idade mínima de 21 (vinte e um) anos.

Assinale a alternativa correta:

a) todas as assertivas estão corretas;

b) apenas as assertivas I e II estão corretas;

c) apenas as assertivas II e III estão corretas;

d) apenas a assertiva IV está incorreta;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: Para responder esta questão o candidato deverá identificar os elementos fático-ju-rídicos expressos na CLT que caracterizam a relação empregatícia, bem como a questão do local da pres-tação de trabalho. O que poderá dificultar a resolução da questão é o tema relacionado à mãe social, pre-visto na Lei nº 7.644/87.

Alternativa correta: “d”. Apenas a assertiva IV está incorreta.

Assertiva I. Correta. A CLT prevê os elementos fático-jurídicos que presentes numa prestação de serviços empregado será o prestador. O art. 3º, caput da CLT considera empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empre-gador, sob dependência deste (subordinação) e mediante salário (onerosidade). Este artigo deverá ser aplicado em conjunto com o art. 2º, caput da CLT que esclarece que a prestação do serviço deve ser pessoal.

Assertiva II. Correta. É expressa a proibição da distinção entre trabalhos manuais, técnicos e inte-lectuais, bem como em razão da condição de traba-lhador tanto na Constituição Federal de 1988 quanto na CLT. Na CF/88, referida proibição vem expressa no art. 7º, inciso XXXII e na CLT vem elencada no art. 3º, parágrafo único.

Assertiva III. Correta. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do emprega-dor e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego (art. 6º, CLT).

Assertiva IV. Incorreta. O art. 9º da Lei nº 7.644/1987 – Lei da Mãe social traz as condições para admissão como mão social, dentre essas condições a idade mínima de 25 anos, conforme alínea “a”.

11. (MPT – Procurador do Trabalho/2007) Assinale a alternativa CORRETA:

I. O Direito do Trabalho estende sua esfera nor-mativa ao empregado a domicílio, não fazendo distinção entre o trabalho realizado no estabele-cimento do empregador e o executado no domi-cílio do empregado, desde que presentes os ele-mentos caracterizadores da relação de emprego.

II. O fato de o empregador ter permitido que o empregado execute as atividades em seu domi-cílio significa que renunciou ao poder diretivo.

III. A situação jurídica da mãe-social está discipli-nada por lei que estabelece os direitos trabalhis-tas a que faz jus, dentre eles, anotação na CTPS, repouso semanal remunerado de 24 horas con-secutivas, férias anuais de 30 dias, 13° salário e FGTS.

IV. São assegurados aos aeronautas férias anuais em dois períodos de 20 dias.

a) apenas uma das assertivas está incorreta;

b) apenas duas das assertivas estão incorretas;

c) apenas três das assertivas estão incorretas;

d) todas as assertivas estão incorretas;

e) não respondida.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: Esta questão tem um nível alto de dificuldade, uma vez que o candidato deverá ter conhecimento de leis específicas como a Lei nº 7.644/87 (Lei da Mãe Social) e a Lei nº 7.183/84 (Lei do Aeronauta), além dos conhecimentos mais bási-cos da CLT e doutrinário acerca do poder diretivo do empregador.

Alternativa correta: “b”.

Assertiva I. Correta. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do emprega-

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Direito do Trabalho

Henrique Correia

DICAS

1. PRINCÍPIOS

• Princípio da norma mais favorável: entre duas ou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza-se a mais favorável em relação ao trabalhador. A aplicação de uma norma leva a renúncia da outra. Nesse sentido:

Súmula nº 202 do TST. Existindo, ao mesmo tempo, gratificação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença nor-mativa, o empregado tem direito a receber, exclusiva-mente, a que lhe seja mais benéfica.

• Princípio da condição mais benéfica: esse princípio assegura ao empregado as vantagens conquistadas durante o contrato de trabalho, conforme previsto no art. 468 da CLT. Diante disso, essas conquistas não poderão ser alteradas para pior. Nesse sentido:

Súmula nº 288 do TST.

I – A complementação dos proventos de aposentado-ria, instituída, regulamentada e paga diretamente pelo empregador, sem vínculo com as entidades de previdên-cia privada fechada, é regida pelas normas em vigor na data de admissão do empregado, ressalvadas as altera-ções que forem mais benéficas (art. 468 da CLT).

II – Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por entidade de previdência pri-vada, a opção do beneficiário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro.

III – Após a entrada em vigor das Leis Complementares nºs  108 e 109, de 29/05/2001, reger-se-á a complemen-tação dos proventos de aposentadoria pelas normas vigentes na data da implementação dos requisitos para obtenção do benefício, ressalvados o direito adquirido do participante que anteriormente implementara os requisi-tos para o benefício e o direito acumulado do empregado que até então não preenchera tais requisitos.

IV – O entendimento da primeira parte do item III apli-ca-se aos processos em curso no Tribunal Superior do Trabalho em que, em 12/04/2016, ainda não haja sido proferida decisão de mérito por suas Turmas e Seções.

Súmula nº 51 do TST. I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anterior-mente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renún-cia às regras do sistema do outro.

• Princípio da primazia da realidade: a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve--se, portanto, verificar se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apre-sentado em juízo como prova de pagamento das ver-bas trabalhistas.

2. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

• Fontes materiais: são fatores ou acontecimentos sociais, políticos, econômicos e filosóficos que inspiram o legislador (deputados e senadores) na elaboração das leis. Esses movimentos influenciam diretamente o surgimento ou a modificação das leis.

• Fontes formais: são a exteriorização das normas jurí-dicas, ou seja, as fontes formais são normas de obser-vância obrigatória pela sociedade. Todos devem cum-pri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis.

• Há dois tipos de fontes formais:  1. Fontes formais

autônomas: são discutidas e confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma. Há, por-tanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. Exemplo: uma determinada negociação cole-tiva entre sindicato e empresa resulta em um acordo coletivo. 2. Fontes formais heterônomas: nas fontes heterônomas não há participação direta dos destina-tários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário).

3. FLEXIBILIZAÇÃO

• Flexibilização: redução da rigidez das leis trabalhis-tas pela negociação coletiva, ou seja, é dar ênfase ao negociado em detrimento do legislado. Na flexibili-zação permanecem as normas básicas de proteção ao trabalhador, mas permite-se maior amplitude dos acordos e convenções para adaptação das cláusulas contratuais às realidades econômicas da empresa e às realidades regionais.

• Desregulamentação: ocorre quando há ausência total da legislação protetiva, isto é, substituição do legislado pelo negociado. Nesse caso, não haveria a intervenção do Estado na elaboração das leis, dei-xando para as partes a elaboração das condições de trabalho.

• Lay off: Diante de retrações no mercado e crises eco-nômicas, é comum que empresas reduzam o número de empregados para viabilizar a continuação da ativi-dade produtiva. Nesse sentido, para evitar a ocorrên-cia de demissões em massa de empregados e permitir maior qualificação profissional dos empregados, é necessário adotar medidas que garantam a manuten-ção dos contratos de trabalho mesmo em momentos de crise. Uma dessas hipóteses é o denominado lay off, que se refere ao afastamento temporário do empre-gado mediante recebimento de licença remunerada.

Nesse sentido, o art. 476 da CLT estabelece hipó-tese de suspensão do contrato de trabalho pelo perí-odo de 2 a 5 meses para que o empregado participe de curso de qualificação profissional, na qual não será devido o pagamento de salários:

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Henrique Correia114

Art. 476-A, CLT. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação.

• Programa de Proteção ao emprego (PPE). Recen-temente (novembro/2015), foi promulgada a Lei nº 13.189/2015 prevendo nova hipótese de lay off como resposta ao aumento no número de desempregos diante de crise econômica. Nesse sentido, criou-se o Programa de Proteção ao Emprego – PPE.

Cabe destacar que, foi enviada ao Congresso Nacional a Medida Provisória nº 761, de 22 de dezem-bro de 2016, que modificou e prorrogou por mais dois anos a vigência do programa, denominando-o agora Programa Seguro-Emprego (PSE). 1

De acordo com essa regulamentação, permite--se que a empresa reduza a jornada de trabalho de seus empregados em até 30% com a correspondente diminuição do salário. O valor pago pelo emprega-dor após a redução não pode ser inferior ao salário mínimo. Para que essa redução seja válida, é neces-sária a celebração de acordo coletivo com o sindicato profissional. A redução pode ter duração de até 6 meses, prorrogáveis até o limite de 24 meses. O can-didato deverá estar atento a essa nova legislação!

4. RENÚNCIA E TRANSAÇÃO

• Em razão do Princípio da Irrenunciabilidade e da Indisponibilidade que vigora no direito do traba-lho, há restrição da autonomia da vontade, isto é, limita-se a possibilidade de negociação de direitos trabalhistas entre empregado e empregador. Ressal-ta-se que nesse tópico não será tratada a negociação coletiva (com participação do sindicato), pois nela há ampla possibilidade de transação, inclusive redução de direitos dos trabalhadores.

• Renúncia é um ato unilateral que recai sobre direito certo e atual, por exemplo, o empregado conquistou o direito de férias após um ano de trabalho e abriria mão (renunciaria) desse direito já conquistado, o que não é válido no direito do trabalho (conforme pre-visto no art. 9º da CLT).

• Em razão do Princípio da Irrenunciabilidade são raríssimos os casos de renúncia de direito na área trabalhista. Um exemplo de renúncia, prevista em lei, é o pedido de transferência para outra cidade, feito pelo dirigente sindical. Nesse caso, como ele foi eleito para desempenhar a função naquela locali-

1 Em dezembro de 2016, o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional a Medida Provisória nº 761/2016. Essa medida, se convertida em lei, sem alterações, gerará modificações na área trabalhista. Cabe ressaltar, ainda, que medida provisória não é, em regra, cobrada nas questões objetivas, mas o candidato pode abordar esses temas nas questões dissertativas, ressal-tando que se trata de uma tendência na área trabalhista. Até o fechamento desta edição, a medida provisória não foi conver-tida em lei pelo Congresso Nacional.

dade, perderia (renunciaria) o direito à estabilidade, conforme art.  543, §  1º, da CLT2. Outro exemplo de renúncia, citado por alguns autores, ocorre na audi-ência judicial, na presença do juiz do trabalho. Nesse caso, diante das explicações do juiz, o empregado poderia renunciar a direitos já conquistados3. Por fim, a jurisprudência do TST prevê a possibilidade de o trabalhador renunciar ao aviso-prévio, se compro-var que já possui outro emprego, conforme trans-crito a seguir:

Súmula nº  276 do TST: O direito ao aviso-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o pres-tador dos serviços obtido novo emprego.

• A transação, por sua vez, recai sobre direito duvi-doso e requer um ato bilateral das partes, conces-sões recíprocas. Na transação há direitos disponí-veis, cujos interesses são meramente particulares. A única possibilidade de transação individual extra-judicial, prevista em lei, está no art.  625-E da CLT, que trata da Comissão de Conciliação Prévia. Nesse caso, é possível que o trabalhador, individualmente, transacione diretamente com seu empregador suas verbas trabalhistas. Fora essa hipótese da Comissão de Conciliação Prévia, nem mesmo com a presença de um representante sindical, a transação individual terá validade para o direito do trabalho. Importante ressaltar que não cabe transação de direitos tra-balhistas individuais em Câmaras de Mediação e Arbitragem. A arbitragem ocorre quando as partes elegem um árbitro com poder de decisão, sendo permitida apenas para dissídios coletivos, conforme previsto no art. 114, § 1º, da CF/88.

• O Programa de Demissão Voluntária – PDV – ou programa de incentivo à demissão voluntária tam-bém é tratado, por alguns autores, como hipótese de transação individual de direitos trabalhistas. O PDV tem por objetivo conceder uma vantagem pecu-niária ao empregado que se desligar do trabalho voluntariamente. É utilizado para reduzir os quadros da empresa e também para colocar fim ao contrato de trabalho. Importante destacar, entretanto, que o TST tem posicionamento no sentido de que a inde-nização paga no PDV não pode substituir as verbas trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho. Aliás, o empregado que adere ao PDV não concede quitação geral do contrato4, podendo, no futuro, dis-

2 Art. 543, § 1º, da CLT: “O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita”.

3 “Poderá, entretanto, o trabalhador renunciar a seus direitos se estiver em juízo, diante do juiz do trabalho, pois nesse caso não se pode dizer que o empregado esteja sendo forçado a fazê-lo. Estando o trabalhador ainda na empresa é que não se poderá falar em renúncia a direitos trabalhistas, pois poderia dar ensejo a fraudes.” MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Traba-lho. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 69.

4 Nesse mesmo sentido, Súmula nº 330 do TST: “QUITAÇÃO. VALI-DADE. A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com obser-vância dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e espe-cificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas. I – A

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Direito do Trabalho • Dicas 115

cutir parcelas que não foram devidamente quitadas. A seguir será transcrita a jurisprudência do TST:

OJ nº 270 da SDI-I do TST. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntá-ria implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo.OJ nº 356 da SDI-I do TST. Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetí-veis de compensação com a indenização paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PDV).

• Quitação geral do contrato – PDV (Previsão em

instrumento coletivo). Recentemente (abril/2015), o plenário do STF5 adotou posição contrária à OJ nº 270 da SDI-I do TST ao decidir pela validade da cláu-

sula de quitação geral ampla e irrestrita das ver-

bas trabalhistas decorrentes do contrato de traba-lho desde que previstas em acordo coletivo e nos demais instrumentos assinados pelo empregado. Sustentou-se que a igualdade existente entre os entes coletivos (sindicato da categoria profissional e a empresa) possibilitaria a quitação geral das verbas trabalhistas no PDV. Em resumo, a regra persiste, ou seja, o empregado que adere ao PDV não concede quitação geral do contrato, exceto se houver previ-são dessa quitação em instrumento coletivo.

• Posicionamento doutrinário sobre transação. De acordo com o professor Maurício Godinho Delgado, para as normas de indisponibilidade absoluta não cabe transação individual por atingirem o patamar mínimo civilizatório, por exemplo, o direito à ano-tação da CTPS, ao salário-mínimo, à incidência das normas de proteção à saúde e segurança do traba-lhador6. As normas de indisponibilidade relativa, por sua vez, não atingem o patamar mínimo civiliza-tório, o interesse é meramente particular. Exemplo de possibilidade de transação individual: forma de pagamento do salário (salário fixo ou salário variá-vel). As parcelas de indisponibilidade relativa não podem ser objeto de renúncia.

5. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

• Finalidade. As Comissões de Conciliação Prévia foram criadas como forma de tentar solucionar os conflitos existentes entre empregados e emprega-dores. Poderão ser criadas pelas empresas ou pelos sindicatos e, caso existam, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de Empresa e Comissão Sindical, o interessado deve optar por uma delas. De acordo com o art.  625-A da CLT: “As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregado-

quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, consequentemente, seus reflexos em outras parce-las, ainda que estas constem desse recibo. II – Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressa-mente consignado no recibo de quitação”.

5 RE nº 590415/SC – Relator Min. Roberto Barroso – Data de julga-mento:30/04/2015.

6 DELGADO, Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 201.

res, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho”.

• Conflitos individuais. Essa Comissão poderá conci-liar apenas conflitos individuais de trabalho, ou seja, não tem atribuição para firmar acordos em dissídios coletivos. Aliás, é a única forma, prevista em lei, de transação individual (entre empregado e emprega-dor) de verbas trabalhistas.

• Composição e número de membros. A composição dos membros da Comissão de Conciliação Prévia será paritária, ou seja, o mesmo número de repre-sentantes dos trabalhadores e de representantes do empregador. A composição da Comissão em âmbito sindical terá sua constituição e normas definidas em acordo ou convenção coletiva. O número de mem-bros, em âmbito empresarial, será de, no mínimo, 2 e, no máximo, 10 membros.

• Representante dos empregados. Importante des-tacar que os representantes dos trabalhadores serão eleitos em votação secreta. Em razão disso, para que não haja perseguição, titulares e suplentes possui-rão garantia provisória de emprego (estabilidade), até um ano após o fim do mandato, salvo se come-terem falta grave. Nesse caso, o art.  625-B, §  1º, da CLT não prevê a estabilidade dos representantes dos empregados a partir do registro da candidatura, por-tanto, nas provas objetivas, importante memorizar nos exatos termos da lei.

• Necessidade de submeter a demanda à Comis-

são de Conciliação Prévia. Nas localidades onde houver Comissão de Conciliação Prévia, a demanda será submetida à tentativa de conciliação antes de ingressar com a reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho (art. 625-D da CLT). Entretanto, o Supremo Tribunal Federal – STF – entende que é facultativo

ao trabalhador a tentativa de conciliação perante a CCP, ou seja, ele poderá ingressar diretamente na Justiça do Trabalho.

• Prazo e prescrição. Ao submeter a demanda à Comissão, há um prazo de dez dias para realizar a sessão de tentativa de conciliação. Durante esse prazo, a prescrição ficará suspensa. Se não houver conciliação, será fornecida às partes declaração da tentativa conciliatória frustrada, que deverá ser jun-tada à futura reclamação trabalhista.

• Termo de conciliação. Se as partes aceitarem a conciliação, será lavrado termo de conciliação. Esse termo terá eficácia liberatória geral, ou seja, o empregado não poderá rediscutir as matérias objeto de conciliação na Justiça do Trabalho, pois já houve acordo entre as partes. Há exceção, entretanto, no tocante às parcelas expressamente ressalvadas.

• Eficácia do termo de conciliação. Esse documento terá força de título executivo extrajudicial, isto é, poderá ser executado diretamente na Justiça do Tra-balho. A título de exemplo, o termo de conciliação vale como “cheque” dado pelo empregador: se não for pago, será executado. Na reclamação trabalhista, há necessidade de juntar provas (documentos, teste-munhas etc.), por isso o processo é mais demorado. Já na execução, o processo é rápido, pois a instrução é realizada com o título executivo.

• Para a semana antes da prova, segue o quadrinho de resumo sobre CCP:

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Henrique Correia116

– Objetivo de solucionar con flitos entre empregados e empregadores

– Podem ser criadas em âm bito empresarial ou sindical

Submeter a demanda à CCP:

– Art. 625-D: demanda “será submetida”

– Posicionamento do STF: opção do trabalhador

– Prazo de 10 dias: tentativa de conciliação

– Termo de conciliação:

a) Eficácia liberatória geral

b) Título executivo extrajudicial

Comissão

de

Conciliação

Prévia

Composição da CCP:

– composição paritáriaa) Representantes dos empregadosb) Representante dos empregadores

– mínimo 2 e máximo 10– eleição: representantes dos empregados– estabilidade titulares e suplentes

(representantes dos em pregados)– mandato de 1 ano

permitido uma recondução

6. CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊN-

CIA SOCIAL

• Documento obrigatório. Não há formalidade espe-cífica para contratar o empregado, pois o contrato de trabalho poderá ser celebrado, inclusive, de forma verbal. Há, entretanto, exigência de um documento obrigatório do empregado, chamado de Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS. Esse documento é utilizado para identificação do empregado, ser-vindo como meio de prova na área trabalhista e pre-videnciária. A falta de anotação da CTPS não afasta o vínculo empregatício, mas possibilita que a empresa seja autuada pela fiscalização.

• Prazo para anotação na CTPS. O prazo para assina-tura da carteira é de 48 horas, sob pena de pagamento de multa. Nas localidades onde não for emitida a CTPS, o empregado poderá ser admitido para exercer as ati-vidades, pelo prazo de 30 dias. A empresa fica obrigada a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo.

• Emissão da CTPS. A CTPS será emitida pelas Delega-cias Regionais do Trabalho ou, mediante convênio, por órgãos federais, estaduais e municipais. Não sendo fir-mados convênios com esses órgãos, poderão ser con-veniados sindicatos para a emissão da CTPS. O sindi-cato não poderá cobrar remuneração pela entrega da CTPS, conforme previsto no art. 26 da CLT.

• Anotações obrigatórias na CTPS. Os acidentes de trabalho são obrigatoriamente anotados pelo INSS na carteira do acidentado, conforme previsto no art. 30 da CLT.

• Anotações desabonadoras. É proibido ao emprega-dor efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado. Exemplo: empregado que é dispensado

por justa causa, com suspeita de furto na empresa ou, ainda, o empregado que falta ao trabalho, injustifica-damente. O empregador, mesmo diante dessas condu-tas, não poderá descrevê-las na CTPS do empregado.

• Prescrição e CTPS. Na anotação da CTPS, para fins de comprovação perante o INSS, não se aplica o prazo pre-visto da Constituição Federal, ou seja, o prazo de dois anos a partir do término do contrato de trabalho. Esse direito é imprescritível, conforme previsto no art.  11, § 1º, da CLT.

7. EMPREGADO

• Importância de identificar o empregado. A rela-ção de emprego tem como principal característica a presença do empregado, parte mais fraca da relação jurídica. O Direito do Trabalho foi pensado e criado exatamente para proteger a figura desse trabalhador. Há necessidade, entretanto, de diferenciar o trabalha-dor em sentido amplo e o trabalhador com vínculo empregatício. A CLT e as demais normas trabalhistas são voltadas apenas à proteção dos direitos do empre-gado, ou seja, jornada de trabalho, FGTS, férias, des-canso semanal remunerado, dentre outros direitos, são direcionados aos empregados, por isso a importância de diferenciá-los dos trabalhadores autônomos, even-tuais, estagiários etc. Veja o quadro a seguir, com os 4 requisitos para identificar o empregado:

PROTEÇÃO PREVISTA

NA CF/88 E NA CLT

Princípios protetivos:

– Salário-mínimo– Limitação da jornada (8 horas diárias)– Intervalos– Descanso semanal e férias– Estabilidade – Demais direitos trabalhistas

Empregado

*Importante diferenciá-lo dos demais trabalhadores, porque os direitos trabalhistas são direcionados ao empregado.

Requisitos:

– Pessoa física (Pessoalidade)– Não eventualidade– Onerosidade– Subordinação

• Exclusividade. Não há, na CLT, exigência de que o empregado preste serviços com exclusividade. Não é requisito para configurar o vínculo empregatício que ele trabalhe para apenas um único empregador. Há possibilidade de vários contratos de trabalho, com empresas diversas, simultaneamente.

• Local da prestação de serviços. O local da prestação de serviços também é irrelevante para configurar o vínculo empregatício. Veja, por exemplo, o trabalha-dor que presta serviços em domicílio desenvolvendo programas de computador; nessa situação, se houver a presença dos requisitos da relação empregatícia (habi-

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Henrique Correia166

nidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.OJ nº 10 da SDC. É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes à utilização do instru-mento de pressão máximo.OJ nº 11 da SDC/TST. É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacifica-mente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.

• Greve em serviços essenciais: De acordo com a Cons-tituição Federal, a lei definirá os serviços essenciais. Verifica-se, assim, que o próprio texto constitucional possibilitou a greve em serviços ou atividades essen-ciais. A Lei de Greve, no art. 10, elenca 11 atividades essenciais.

• É obrigatório que sejam atendidos os serviços inadiáveis à população. Os serviços inadiáveis estão ligados à saúde, segurança e sobrevivência. Esse limite mínimo de atendimento não é fixado por lei, mas estipulado por comum acordo entre empregadores, empregados e sindicatos. Caso não seja garantido o mínimo de atendimento à população, a greve será con-siderada abusiva.

GREVE

Serviços das

atividades

essenciais

previstas em

lei (art. 10 da

Lei de Greve):

– abastecimento de água, energia e gás;

– assistência médica;

– distribuição de alimentos e medica-mentos;

– funerários;

– transporte coletivo;

– esgoto e lixo;

– telecomunicações;

– substâncias radioativas;

– tráfego aéreo;

– compensação bancária;

– processamentos de dados ligados a serviços essenciais.

Atendimento

básico

será fixado em comum acordo entre sindi-cato, empresa e trabalhador.

Requisitos

para a greve:

a) convocação de assembleia geral;

b) tentativa de solução amigável;

c) comunicação prévia (72h serviços essenciais e 48h para os demais).

SÚMULAS APLICÁVEIS

1. REGULAMENTO DE EMPRESA (NORMA

REGULAMENTAR)

• Súmula nº 51 do TST. Norma regulamentar. Vantagens e opção pelo novo regulamento. Art. 468 da CLT. I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os tra-balhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por

um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

• Súmula nº 202 do TST. Gratificação por tempo de ser-viço. Compensação. Existindo, ao mesmo tempo, gra-tificação por tempo de serviço outorgada pelo empre-gador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais benéfica.

• Súmula nº  77 do TST. Punição. Nula é a punição de empregado se não precedida de inquérito ou sindi-cância internos a que se obrigou a empresa por norma regulamentar.

• Súmula nº 186 do TST. Licença-prêmio. Conversão em pecúnia. Regulamento da empresa. A licença-prêmio, na vigência do contrato de trabalho, não pode ser con-vertida em pecúnia, salvo se expressamente admitida a conversão no regulamento da empresa.

1.1. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTA-

DORIA

• Súmula nº 288 do TST. Complementação dos proven-tos da aposentadoria.

I – A complementação dos proventos de aposenta-doria, instituída, regulamentada e paga diretamente pelo empregador, sem vínculo com as entidades de previdência privada fechada, é regida pelas normas em vigor na data de admissão do empregado, res-salvadas as alterações que forem mais benéficas (art. 468 da CLT).

II – Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por entidade de previdência pri-vada, a opção do beneficiário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro.

III – Após a entrada em vigor das Leis Complemen-tares nºs 108 e 109, de 29/05/2001, reger-se-á a com-plementação dos proventos de aposentadoria pelas normas vigentes na data da implementação dos requisitos para obtenção do benefício, ressalvados o direito adquirido do participante que anteriormente implementara os requisitos para o benefício e o direito acumulado do empregado que até então não preenchera tais requisitos.

IV – O entendimento da primeira parte do item III aplica-se aos processos em curso no Tribunal Supe-rior do Trabalho em que, em 12/04/2016, ainda não haja sido proferida decisão de mérito por suas Tur-mas e Seções.

• Súmula nº  87 do TST. Previdência privada. Se o empregado, ou seu beneficiário, já recebeu da insti-tuição previdenciária privada, criada pela empresa, vantagem equivalente, é cabível a dedução de seu valor do benefício a que faz jus por norma regula-mentar anterior.

• Súmula nº  92 do TST. Aposentadoria. O direito à complementação de aposentadoria, criado pela empresa, com requisitos próprios, não se altera pela

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Direito do Trabalho • Dicas 167

instituição de benefício previdenciário por órgão ofi-cial.

• Súmula nº 97 do TST. Aposentadoria. Complemen-tação. Instituída complementação de aposentado-ria por ato da empresa, expressamente dependente de regulamentação, as condições desta devem ser observadas como parte integrante da norma.

• OJ nº 276 da SDI – I do TST. Ação declaratória. Com-plementação de aposentadoria. É incabível ação declaratória visando a declarar direito à complemen-tação de aposentadoria, se ainda não atendidos os requisitos necessários à aquisição do direito, seja por via regulamentar, ou por acordo coletivo.

2. PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMIS-

SÃO VOLUNTÁRIA

• OJ nº  270 da SDI – I do TST. Programa de incentivo à demissão voluntária. Transação extrajudicial. Parce-las oriundas do extinto contrato de trabalho. Efeitos. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclu-sivamente das parcelas e valores constantes do recibo.

• OJ nº 356 da SDI – I do TST. Programa de incentivo à demissão voluntária (PDV). Créditos trabalhistas reco-nhecidos em juízo. Compensação. Impossibilidade. Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização paga em decorrência de adesão do traba-lhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PDV).

• OJ nº  207 da SDI – I do TST. Programa de incentivo à demissão voluntária. Indenização. Imposto de renda. Não-incidência. A indenização paga em virtude de adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda.

3. EMPREGADO

3.1. DIRETOR ELEITO

• Súmula nº  269 do TST. Diretor eleito. Cômputo do período como tempo de serviço. O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a subordi-nação jurídica inerente à relação de emprego.

3.2. BANCÁRIO

• Súmula nº  287 do TST. Jornada de trabalho. Gerente bancário. A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, pre-sume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se--lhe o art. 62 da CLT.

• Súmula nº 102 do TST. Bancário. Cargo de confiança. I – A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, depen-dente da prova das reais atribuições do empregado, é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de embargos.. II – O bancário que exerce a fun-

ção a que se refere o § 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço de seu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias exce-dentes de seis.. III – Ao bancário exercente de cargo de confiança previsto no artigo  224, §  2º, da CLT são devidas as 7ª e 8ª horas, como extras, no período em que se verificar o pagamento a menor da gratificação de 1/3.. IV – O bancário sujeito à regra do art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho de  8 (oito) horas, sendo extraordinárias as trabalhadas além da oitava.. V – O advogado empregado de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT.. VI – O caixa bancário, ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança. Se perceber gratificação igual ou superior a um terço do salário do posto efetivo, essa remunera apenas a maior responsa-bilidade do cargo e não as duas horas extraordinárias além da sexta.. VII – O bancário exercente de função de confiança, que percebe a gratificação não inferior ao terço legal, ainda que norma coletiva contemple percentual superior, não tem direito às sétima e oitava horas como extras, mas tão somente às diferenças de gratificação de função, se postuladas.

• Súmula nº 109 do TST. Gratificação de função. O ban-cário não enquadrado no § 2º do art. 224 da CLT, que receba gratificação de função, não pode ter o salário relativo a horas extraordinárias compensado com o valor daquela vantagem.

• Súmula nº 199 do TST. Bancário. Pré-contratação de horas extras. I. A contratação do serviço suplemen-tar, quando da admissão do trabalhador bancário, é nula. Os valores assim ajustados apenas remuneram a jornada normal, sendo devidas as horas extras com o adicional de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento), as quais não configuram pré-contratação, se pactu-adas após a admissão do bancário. II. Em se tratando de horas extras pré-contratadas, opera-se a prescrição total se a ação não for ajuizada no prazo de cinco anos, a partir da data em que foram suprimidas.

• Súmula nº 124 do TST.31 Bancário. Hora de salário. Divi-sor. I. O divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário, se houver ajuste individual expresso ou coletivo no sentido de considerar o sábado como dia de descanso remunerado, será:. A) 150, para os empre-gados submetidos à jornada de seis horas, prevista no caput do art. 224 da CLT;. B) 200, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos termos do § 2º do art. 224 da CLT.. II. Nas demais hipóteses, aplicar-se-á o divisor:. A)  180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas prevista no caput do art. 224 da CLT;. B) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos termos do § 2º do art. 224 da CLT.

• Súmula nº  113 do TST. Bancário. Sábado. Dia útil. O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de repouso remunerado. Não cabe a repercussão do pagamento de horas extras habituais em sua remune-ração.

31 Vide Informativo nº 149 do TST ao final do livro.

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Henrique Correia168

• OJ nº 178 da SDI – I Bancário. Intervalo de 15 minutos. Não computável na jornada de trabalho. Não se com-puta, na jornada do bancário sujeito a seis horas diárias de trabalho, o intervalo de quinze minutos para lanche ou descanso.

• Súmula nº  226 do TST. Bancário. Gratificação por tempo de serviço. Integração no cálculo das horas extras. A gratificação por tempo de serviço integra o cálculo das horas extras.

• Súmula nº 240 do TST. Bancário. Gratificação de fun-ção e adicional por tempo de serviço. O adicional por tempo de serviço integra o cálculo da gratificação pre-vista no art. 224, § 2º, da CLT.

• Súmula nº 247 do TST. Quebra de caixa. Natureza jurí-dica. A parcela paga aos bancários sob a denominação “quebra de caixa” possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais.

• Súmula nº 93 do TST. Bancário. Integra a remuneração do bancário a vantagem pecuniária por ele auferida na colocação ou na venda de papéis ou valores mobiliários de empresas pertencentes ao mesmo grupo econô-mico, se exercida essa atividade no horário e no local de trabalho e com o consentimento, tácito ou expresso, do banco empregador.

• Súmula nº  239 do TST. Bancário. Empregado de empresa de processamento de dados. É bancário o empregado de empresa de processamento de dados que presta serviço a banco integrante do mesmo grupo econômico, exceto quando a empresa de pro-cessamento de dados presta serviços a banco e a empresas não bancárias do mesmo grupo econômico ou a terceiros.

• OJ nº 123 da SDI – I do TST. Bancários. Ajuda alimen-tação. A ajuda alimentação prevista em norma coletiva em decorrência de prestação de horas extras tem natu-reza indenizatória e, por isso, não integra o salário do empregado bancário.

• Súmula nº 55 do TST. Financeiras. As empresas de cré-dito, financiamento ou investimento, também deno-minadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimen-tos bancários para os efeitos do art. 224 da CLT.

• Súmula nº 119 do TST. Jornada de trabalho. Os empre-gados de empresas distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários não têm direito à jornada especial dos bancários.

• OJ nº 379 da SDI – I do TST. Empregado de coope-rativa de crédito. Bancário. Equiparação. Impossibi-lidade. Os empregados de cooperativas de crédito não se equiparam a bancário, para efeito de apli-cação do art.  224 da CLT, em razão da inexistência de expressa previsão legal, considerando, ainda, as diferenças estruturais e operacionais entre as ins-tituições financeiras e as cooperativas de crédito. Inteligência das Leis nºs4.594, de 29.12.1964, e 5.764, de 16.12.1971.

• Súmula nº  257 do TST. Vigilante. O vigilante, con-tratado diretamente por banco ou por intermédio de empresas especializadas, não é bancário.

• Súmula nº  117 do TST. Bancário. Categoria diferen-ciada. Não se beneficiam do regime legal relativo aos bancários os empregados de estabelecimento de cré-dito pertencentes a categorias profissionais diferencia-das.

4. EMPREGADO RURAL

4.1. ENQUADRAMENTO COMO TRABA-

LHADOR RURAL

• OJ nº 38 da SDI – I do TST. Empregado que exerce ati-vidade rural. Empresa de reflorestamento. Prescrição própria do rurícola. (Lei nº 5.889/73, art. 10 e decreto nº 73.626/74, art. 2º, § 4º). O empregado que trabalha em empresa de reflorestamento, cuja atividade está diretamente ligada ao manuseio da terra e de maté-ria-prima, é rurícola e não industriário, nos termos do Decreto nº  73.626, de  12.02.1974, art.  2º, §  4º, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à indústria. Assim, aplica-se a prescrição própria dos rurícolas aos direitos desses empregados.

4.2. PRESCRIÇÃO DO TRABALHADOR RU-

RAL

• OJ nº  271 da SDI – I do TST. Rurícola. Prescrição. Contrato de emprego extinto. Emenda constitucional nº 28/2000. Inaplicabilidade. O prazo prescricional da pretensão do rurícola, cujo contrato de emprego já se extinguira ao sobrevir a Emenda Constitucional nº 28, de 26/05/2000, tenha sido ou não ajuizada a ação tra-balhista, prossegue regido pela lei vigente ao tempo da extinção do contrato de emprego.

• OJ nº  417 da SDI-I do TST. Prescrição. Trabalhador rural. Rurícola. Contrato de trabalho em curso. Emenda const. 28/2000. CF/88, art. 7º, XXIX. CLT, art. 11.. Não há prescrição total ou parcial da pretensão do trabalhador rural que reclama direitos relativos a contrato de tra-balho que se encontrava em curso à época da promul-gação da Emenda Constitucional  28, de  26/05/2000, desde que ajuizada a demanda no prazo de cinco anos de sua publicação, observada a prescrição bienal.

4.3. SALÁRIO-FAMÍLIA RURÍCOLA

• Súmula nº  344 do TST. Salário-família. Trabalha-dor rural. O salário-família é devido aos trabalhado-res rurais somente após a vigência da Lei nº  8.213, de 24.07.1991.

4.4. EMPREGADO DOMÉSTICO

• Súmula nº  377 do TST. Preposto. Exigência da con-dição de empregado. Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

5. EMPREGADOR

• Súmula nº  129 do TST. Contrato de trabalho. Grupo econômico. A prestação de serviços a mais de uma

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Direito do Trabalho • Dicas 169

empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexis-tência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.

• OJ nº  261 da SDI – I do TST. Bancos. Sucessão traba-lhista. As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agên-cias, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.

• OJ nº  225 da SDI – I do TST. Contrato de concessão de serviço público. Responsabilidade trabalhista. Cele-brado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), o todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer outra forma contratual, a título transitório, bens de sua proprie-dade:. I. em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda con-cessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão;. II. no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsabi-lidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusiva-mente da antecessora.

• OJ nº  411 da SDI – I do TST. Sucessão trabalhista. Aquisição de empresa pertencente agrupo econômico. Responsabilidade solidária do sucessor por débitos trabalhistas de empresa não adquirida. Inexistência.. O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era sol-vente ou idônea economicamente, ressalvada a hipó-tese de má-fé ou fraude na sucessão.

• OJ nº  92 da SDI – I do TST. Desmembramento de municípios. Responsabilidade trabalhista. Em caso de criação de novo município, por desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que figurarem como real empregador.

• Súmula nº  430 do TST. Administração pública indi-reta. Contratação. Ausência de concurso público. Nulidade. Ulterior privatização. Convalidação. Insub-sistência do vício.. Convalidam-se os efeitos do con-trato de trabalho que, considerado nulo por ausência de concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Administração Pública Indireta, continua a existir após a sua privatização.

• OJ nº 343 da SDI – I do TST. Penhora. Sucessão. Art. 100 da CF/1988. Execução. É válida apenhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anterior-mente à sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a execução prosseguir mediante preca-tório. A decisão que a mantém não viola o art. 100 da CF/1988.

• Súmula nº 51 do TST. Norma regulamentar. Vantagens e opção pelo novo regulamento. Art. 468 da CLT. I. As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem

vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os tra-balhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.. II. Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

• Súmula nº  77 do TST. Punição. Nula é a punição de empregado se não precedida de inquérito ou sindi-cância internos a que se obrigou a empresa por norma regulamentar.

6. TERCEIRIZAÇÃO

• Súmula nº  331 do TST32. Contrato de prestação de serviços. Legalidade. I. A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº  6.019, de  03.01.1974).. II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).. III. Não forma vín-culo de emprego com o tomador a contratação de ser-viços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de con-servação e limpeza, bem como a de serviços especiali-zados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.. IV. O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judi-cial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993). V. Os entes integrantes da administração pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666/93, espe-cialmente na fiscalização do cumprimento das obriga-ções contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

• OJ nº  321 da SDI – I do TST. Vínculo empregatício com a administração pública. Período anterior à CF/88. Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância, previstos nas Leis nºs 6.019, de 03.01.74, e 7.102, de 20.06.83, é ilegal a contratação de trabalha-dores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador dos ser-viços, inclusive ente público, em relação ao período anterior à vigência da CF/88.

• OJ nº 185 da SDI – I do TST. Contrato de trabalho com a associação de pais e mestres – APM. Inexistência de responsabilidade solidária ou subsidiária do estado. O Estado-Membro não é responsável subsidiária ou soli-dariamente com a Associação de Pais e Mestres pelos encargos trabalhistas dos empregados contratados

32 Com as alterações promovidas na Lei nº 13.429/2017, a Súmula nº 331 do TST deverá ser atualizada.

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Henrique Correia192

Impossibilidade. Nos termos do art. 10, II, “b”, do ADCT, a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia cons-titucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade de despedir arbitraria-mente a empregada em estado gravídico. Portanto, a teor do artigo 9º, da CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que estabelece a possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das garantias referentes à manutenção do emprego e salário.

• OJ nº 31 da SDC do TST – Estabilidade do acidentado. Acordo homologado. Prevalência. Impossibilidade. Violação do art. 118 da lei nº 8.213/91. Não é possível a prevalência de acordo sobre legislação vigente, quando ele é menos benéfico do que a própria lei, porquanto o caráter imperativo dessa última restringe o campo de atuação da vontade das partes.

24.3. GREVE

• OJ nº 10 da SDC do TST – Greve abusiva não gera efei-tos. É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o estabelecimento de quais-quer vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes à utilização do instru-mento de pressão máximo.

• OJ nº 11 da SDC do TST – Greve. Imprescindibilidade de tentativa direta e pacífica da solução do conflito. Etapa negocial prévia. É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacifica-mente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.

• OJ nº  38 da SDC do TST. Greve. Serviços essenciais. Garantia das necessidades inadiáveis da população usuária. Fator determinante da qualificação jurídica do movimento. É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das neces-sidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.

• Sumula nº 23 do TST. A Justiça do Trabalho é compe-tente para processar e julgar as ações possessórias ajui-zadas em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

INFORMATIVOS DO TST

1. AÇÕES AFIRMATIVAS

Ação civil pública. Art. 93 da Lei nº 8.213/91. Vagas destinadas

a trabalhadores reabilitados ou portadores de deficiência. Não

preenchimento. Ausência de culpa da empresa. Dano moral

coletivo. Não configuração.

O descumprimento da obrigação legal de admitir empregados reabilitados ou portadores de deficiência, conforme cota estipu-lada no art. 93 da Lei nº 8.213/91, somente enseja o pagamento de multa e de indenização por danos morais coletivos se houver culpa da empresa. Ressalte-se, todavia, que o fato de a empresa haver empreendido esforços a fim de preencher o percentual de vagas estabelecido pela lei, não obstante leve à improcedência do pedido de condenação ao pagamento de multa e de indenização, não a exonera da obrigação de promover a admissão de pessoas portadoras de deficiência ou de reabilitados. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhe pro-

vimento parcial para absolver a empresa da condenação ao paga-mento de multa e de indenização por dano moral coletivo. Vencidos parcialmente os Ministros Cláudio Mascarenhas Brandão, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Carlos Scheuermann. TST-E-ED-RR-658200-89.2009.5.09.0670, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira, 12.5.2016 (Informativo nº 136)

2. CTPS

Caixa Econômica Federal. Multa administrativa. Descumpri-

mento do art. 41 da CLT. Ausência de registro de empregados.

Terceirização ilícita. Validade do auto de infração.

É válido o auto de infração e a multa administrativa aplicada por auditor fiscal do trabalho à Caixa Econômica Federal (CEF) que, não obstante tenha firmado contrato com empresa para a prestação de serviços, manteve vinte e nove empregados terceirizados exe-cutando atividades tipicamente bancárias sem o devido registro em livro, ficha ou sistema eletrônico. O art. 41 da CLT visa impedir a existência de empregados sem registro nos quadros da empresa, independentemente da forma de admissão. Assim, ainda que no caso concreto seja impossível a declaração do vínculo de emprego com a CEF, ante o disposto no art. 37, II, da CF, a multa é devida, pois a manutenção de trabalhador terceirizado na atividade fim sem o mencionado registro revela intuito fraudatório de norma de proteção ao trabalho. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por unani-midade conheceu do recurso de embargos da CEF, por divergência jurisprudencial, e no mérito, por maioria, negou-lhe provimento. Vencidos os Ministros Renato de Lacerda Paiva, Ives Gandra da Silva Martins Filho, Brito Pereira, Aloysio Corrêa da Veiga, Gui-lherme Augusto Caputo Bastos e Márcio Eurico Vitral Amaro. TSTE--RR-28500-48.2006.5.14.0003, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 28.4.2016 (*Em sentido contrário, ver Informativo TST nº 97) (Informativo nº 134)

Anotação do vínculo de emprego na CTPS. Ausência. Inexis-

tência de prejuízo. Dano moral não caracterizado.

Conforme preceitua o art. 29 da CLT, a anotação do vínculo de emprego na CTPS tem caráter cogente. Todavia, a ausência de regis-tro, por si só, não gera automaticamente dano moral ao empregado, mormente quando não há prova de prejuízo. No caso concreto, não houve prova efetiva de dano algum que pudesse abalar a inti-midade, a vida privada, a honra ou a imagem do autor. Ademais, ressaltou-se que a inexistência de anotação de vínculo emprega-tício na CTPS configura mera irregularidade administrativa que pode ser sanada por determinação judicial ou pela própria secre-taria da vara do trabalho (art. 39, § 1º, da CLT). Assim, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negou-lhe provimento. TSTE-ED--RR-3323-58.2010.5.02.0203, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 2.6.2016 (Informativo nº 138)

3. EMPREGADOR

Doença ocupacional. Indenização. Pensão mensal vitalícia.

Pagamento em parcela única. Art. 950 do CC.

A pensão mensal vitalícia correspondente à indenização por danos materiais, relativa à doença ocupacional que resultou na perda da capacidade para o trabalho, poderá ser convertida em parcela única. A importância devida, no entanto, não deve equivaler à somatória dos valores das pensões mensais a que teria direito o trabalhador, de modo a não ocasionar o seu enriquecimento sem causa. Tam-bém não pode ser arbitrada em valor que onere indevidamente o devedor, que terá de dispor de quantia pecuniária vultosa de uma só vez. O quantum devido ao empregado, portanto, deverá corres-ponder àquele que, uma vez aplicado financeiramente, lhe renda por mês valores aproximados ao da pensão mensal devida, de acordo com o disposto no art. 950 do CC. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergên-cia jurisprudencial e, no mérito, deu-lhes provimento para fixar em R$ 83.000,00, o valor da indenização por dano material, em parcela única. TST-E-ED-RR-2230-18.2011.5.02.0432, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 28.4.2016 (Informativo nº 134)

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Direito do Trabalho • Dicas 193

4. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO

Gratificação de função. Percepção por mais de dez anos em

períodos descontínuos. Estabilidade financeira. Direito à incor-

poração.

Para o deferimento da incorporação de função gratificada supri-mida, pode ser considerado o exercício de diversas funções de con-fiança por mais de dez anos, ainda que em períodos descontínuos. A Súmula nº 372 do TST não exige a percepção ininterrupta da mesma função gratificada por dez ou mais anos como condição obrigatória para a incorporação da gratificação. Assim, no caso, considerou-se que, tendo em vista o princípio da estabilidade financeira do empre-gado, o fato de ter havido a interrupção do pagamento da função por dois períodos que totalizaram apenas cinquenta e seis dias, não res-palda o impedimento da incorporação da função percebida por mais de onze anos. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, deu-lhe provimento para restabelecer a decisão do Regional quanto à determinação de incorporação da gratificação de função. TST-E-ED-RR-104240-56.2003.5.01.0010, SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 29.9.2016 (Informativo nº 146)

5. ADICIONAIS SALARIAIS

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Adicional de insalubridade e de periculosidade. Cumulação.

Impossibilidade. Prevalência do art. 193, § 2º, da CLT ante as

Convenções nºs 148 e 155 da OIT.

É vedada a percepção cumulativa dos adicionais de insalubridade e de periculosidade ante a expressa dicção do art. 193, § 2º, da CLT. Ademais, não obstante as Convenções nºs 148 e 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) tenham sido incorporadas ao ordenamento jurídico brasileiro, elas não se sobrepõem à norma interna que consagra entendimento diametralmente oposto, aplicando-se tão somente às situações ainda não reguladas por lei. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial, e no mérito, por maioria, negou-lhe provimento. Vencidos os Ministros Cláudio Mascarenhas Brandão, relator, Augusto César de Carva-lho, Hugo Carlos Scheuermann e Alexandre Agra Belmonte. TSTE--ARR-1081-60.2012.5.03.0064, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 28.4.2016 (Infor-mativo nº 134)

6. ESTABILIDADE

Mandado de segurança. Antecipação de tutela. Dirigente sin-

dical. Estabilidade provisória. Processo de registro sindical no

Ministério do Trabalho e Emprego. Pendência. Reintegração.

A pendência de registro de entidade sindical junto ao Ministério do Trabalho e Emprego não afasta a garantia da estabilidade provisória de dirigente sindical, consoante atual jurisprudência do STF. No caso concreto, não obstante o pedido de registro tenha sido indeferido pelo Ministério do Trabalho, a entidade sindical interpôs recurso administrativo, o qual está pendente de apreciação. Assim, à luz da interpretação conferida pelo Supremo Tribunal Federal ao art. 8º, VIII, da CF, o empregado eleito dirigente sindical somente não goza da estabilidade provisória a partir do momento em que a solicitação de registro seja definitivamente negada pelo órgão ministerial. Sob esse fundamento, a SBDI-II, por unanimidade, negou provimento ao recurso ordinário interposto pelo impetrante, mantendo incólume a decisão que, ao denegar a segurança, ratificou o deferimento do pedido de antecipação de tutela que determinou a reintegração do dirigente sindical. TST-RO- 21386-31.2015.5.04.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 7.6.2016 (Informativo nº 139)

7. PRESCRIÇÃO TOTAL

Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Participação nos

lucros e resultados. Regularidade formal dos acordos que alte-

raram as regras. Ato único do empregador. Prescrição total.

Aplicação da Súmula nº 294 do TST.

O art. 7º, XI, da CF e a Lei nº 10.101/2000, conquanto disponham acerca da participação nos lucros e resultados, não asseguram o direito à parcela, mas apenas criam condições para que as empresas a instituam, em negociação com seus empregados. Assim, na hipó-tese em que se discute a regularidade formal dos acordos firmados em 1999 e 2001, que alteraram as regras da participação nos lucros e resultados dos empregados da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), incide a prescrição total, nos termos da Súmula nº 294 do TST, pois a suposta lesão decorre de ato único do empregador. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por maioria, não conheceu dos embargos. Vencidos os Ministros José Roberto Freire Pimenta, relator, Augusto César de Carvalho, Hugo Carlos Scheuermann e Cláudio Mascare-nhas Brandão, os quais aplicavam a prescrição parcial, por se tratar de parcela prevista em lei. Na mesma ocasião, a SBDI-I decidiu rejeitar questão de ordem suscitada pelo Ministro relator, pela qual, invocando os fundamentos do art. 156, § 4º, do RITST, do art. 20 da IN 38 do TST e do art. 947 do CPC de 2015, propôs a suspensão da proclamação do resultado do julgamento e a remessa dos autos ao Tribunal Pleno para deliberação sobre a matéria relativa à Súmula nº 294 do TST. Vencidos, neste ponto, os Ministros José Roberto Freire Pimenta, relator, Augusto César Leite de Carvalho, Hugo Carlos Scheuermann, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Cláudio Masca-renhas Brandão. TST-E-ED-ED-RR-90200-38.2006.5.01.0342, SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, red. p/ acórdão Min. Márcio Eurico Vitral Amaro, 15.9.2016 (Informativo nº 144)

8. SINDICATO

Acordo direto entre empregados e a empresa. Recepção do

art. 617 da CLT pelo art. 8º, VI, da CF. Recusa de participação

do sindicato da categoria profissional na negociação coletiva.

Necessidade de prova cabal.

O art. 8º, VI, da CF estabelece ser obrigatória a participação dos sin-dicatos nas negociações coletivas de trabalho. Já o art. 617, caput, da CLT, dispõe que os empregados que decidirem celebrar acordo coletivo de trabalho com as respectivas empresas darão ciência de sua resolução, por escrito, ao sindicato representativo da categoria profissional, que terá o prazo de oito dias para assumir a direção dos entendimentos entre os interessados. Caso não sejam tomadas as medidas negociais por parte do sindicato representativo da catego-ria, o § 1º do art. 617 da CLT autoriza a formalização de acordo direta-mente entre as partes interessadas. Nesse sentido, reputa-se válido acordo firmado diretamente entre o empregador e empregados, sem a intermediação do sindicato da categoria profissional, desde que demonstradas a livre manifestação de vontade dos empre-gados em assembleia e a efetiva recusa da entidade sindical em consultar a coletividade interessada. O art. 617 da CLT, portanto, foi recepcionado pela Constituição Federal, mas em caráter excepcio-nal, pois é imprescindível que o sindicato seja instado a participar da negociação coletiva. Somente a demonstração da inequívoca resis-tência da cúpula sindical em consultar as bases autoriza os próprios interessados, regularmente convocados, a firmarem diretamente o pacto coletivo com a empresa, na forma da lei. No caso concreto, em negociação direta entre o empregador e comissão de empregados acordou-se a fixação de jornada de trabalho em turnos ininterruptos de revezamento de doze horas. O TRT, todavia, com fundamento no art. 8º, VI, da CF, considerou inválido o referido acordo, deixando, porém, de apreciar os requisitos previstos no art. 617 da CLT. Assim, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, no tópico, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhes provimento parcial para, diante da recepção do art. 617 da CLT pela Constituição da República de 1988, determinar o retorno dos autos ao TRT de origem a fim de que aprecie o atendimento ou não dos requisitos exigidos no art. 617 da CLT para a validade do acordo coletivo de trabalho firmado sem assistência sindical, máxime no tocante à comprovação cabal ou não de recusa do sindicato da categoria profissional em participar da negociação coletiva. Venci-

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Henrique Correia194

dos os Ministros Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, relator, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Carlos Scheuermann. TST-E-ED-RR-1134676-43.2003.5.04.0900, SBDI-I, rel. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 19.5.2016 (Informativo nº 137)

9. AVISO-PRÉVIO

Aviso-prévio indenizado. Projeção do contrato de trabalho.

Adesão a programa de demissão voluntário instituído no curso

desse período. Possibilidade.

O aviso-prévio, ainda que indenizado, integra o contrato de trabalho para todos os efeitos (art. 487, § 1º, da CLT). Assim, vigente o contrato de trabalho até o final da projeção do aviso-prévio, tem o empre-gado direito a aderir a plano de demissão voluntária instituído pela empresa no curso desse período. Sob esse entendimento, a SBDI-I, por maioria, conheceu dos embargos por divergência jurispruden-cial e, no mérito, negou-lhes provimento. Vencido o Ministro Ives Gandra Martins Filho. TST-E-ED-RR-2303-30.2012.5.02.0472, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira, 19.5.2016 (Informativo nº 137)

Controvérsia sobre vínculo de emprego. Prescrição. Termo

inicial. Projeção do aviso-prévio. Incidência da Orientação

Jurisprudencial nº 83 da SBDI-I.

A diretriz consagrada na Orientação Jurisprudencial nº 83 da SBDI-I, segundo a qual se computa a projeção do aviso-prévio na duração do contrato de emprego para efeito de contagem do prazo prescricional, se estende aos casos em que o vínculo empregatício ainda não foi espontaneamente reconhecido entre as partes ou judicialmente declarado. Sob esse entendimento, a SBDI-I, por maioria, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negou--lhes provimento, mantendo, portanto, a decisão turmária que dera provimento ao recurso de revista para determinar o retorno dos autos à Vara de origem, a fim de que, afastada a prescrição bienal, prossiga no exame dos pedidos do reclamante como entender de direito. Na espécie, o TRT manteve a sentença que declarou a prescri-ção total do direito de ação para postular o reconhecimento da rela-ção de emprego, sob o fundamento de que o ajuizamento da recla-mação deuse após dois anos da cessação da prestação de serviços pelo reclamante no exercício da atividade profissional de corretor de imóveis. Vencidos os Ministros João Oreste Dalazen, relator, Ives Gandra da Silva Martins Filho, Brito Pereira, Guilherme Augusto Caputo Bastos e Walmir Oliveira da Costa, os quais entendiam que a relação originalmente havida entre as partes, ainda que passível de modificação em juízo, não era de emprego, não permitindo, portanto, a dilação do termo inicial da contagem do prazo prescri-cional conforme preconizado pela Orientação Jurisprudencial nº 83 da SBDI-I. TST-E-ED-RR-277-72.2012.5.01.0024, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen, red. p/ o acórdão Ministro Augusto César Leite de Carvalho, 15.9.2016 (Informativo nº 144)

10. TÉRMINO DO CONTRATO

Ação civil pública. Art. 93 da Lei nº 8.213/91. Vagas destinadas

a trabalhadores reabilitados ou portadores de deficiência. Não

preenchimento. Ausência de culpa da empresa. Dano moral

coletivo. Não configuração.

O descumprimento da obrigação legal de admitir empregados reabilitados ou portadores de deficiência, conforme cota estipu-lada no art. 93 da Lei nº 8.213/91, somente enseja o pagamento de multa e de indenização por danos morais coletivos se houver culpa da empresa. Ressalte-se, todavia, que o fato de a empresa

haver empreendido esforços a fim de preencher o percentual de vagas estabelecido pela lei, não obstante leve à improcedência do pedido de condenação ao pagamento de multa e de indenização, não a exonera da obrigação de promover a admissão de pessoas portadoras de deficiência ou de reabilitados. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhe pro-vimento parcial para absolver a empresa da condenação ao paga-mento de multa e de indenização por dano moral coletivo. Vencidos parcialmente os Ministros Cláudio Mascarenhas Brandão, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Carlos Scheuermann. TST-E-ED-RR-658200-89.2009.5.09.0670, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira, 12.5.2016 (Informativo nº 136)

Mandado de segurança. Despedida por justa causa de grupo

de empregados. Alegação de desídia e mau procedimento.

Ausência de provas pré-constituídas. Deferimento da tutela

antecipada. Reintegração. Manutenção.

A sonegação de trabalho junto ao tomador, com adoção de meios de coação contra empregados que intentavam trabalhar, não jus-tifica, por si só, o despedimento de vinte e um trabalhadores por justa causa, sob a alegação de mau procedimento e desídia. Nos termos da Súmula nº 316 do STF, a simples adesão a greve não cons-titui falta grave. Ademais, nos autos do mandado de segurança, não vieram provas pré-constituídas de que, quanto à desídia, todos os empregados foram anteriormente punidos com sanções mais brandas, conforme exigido pela jurisprudência do TST. Outrossim, quanto ao mau procedimento, também não houve manifesta-ção sobre o conteúdo da referida conduta. Desse modo, ausentes maiores especificações a respeito do comportamento coletivo que culminou na despedida dos empregados por justa causa, sobressai a verossimilhança da tese de que as despedidas constituíram tão somente reprimenda à ação coletiva dos trabalhadores, o que jus-tifica o deferimento da antecipação da tutela nos autos da reclama-ção trabalhista. Sob esses fundamentos, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, no mérito, por maioria, negou-lhe provimento, mantendo a decisão que, ao denegar a segurança, rejeitou o pedido de suspensão da antecipação da tutela por meio da qual se determinou a reintegração dos vinte e um empregados. Vencido o Ministro Antonio José de Barros Levenhagen. TST--RO-5107- 61.2015.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira , 28.6.2016 (Informativo nº 140)

11. TRABALHADOR AVULSO

Trabalhador portuário. Adicional noturno. Integração na base

de cálculo das horas extras. Aplicação da Orientação Jurispru-

dencial nº 97 da SBDI-I.

É inegável o maior desgaste a que submetido o trabalhador durante o período noturno, razão pela qual a Constituição Fede-ral consagrou, como direito dos trabalhadores urbanos e rurais, remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (art. 7º, IX, da CF). Tal preceito não exclui o trabalhador portuário, razão pela qual o adicional noturno deve integrar a base de cálculo das horas extraordinárias prestadas por ele. Prevalência do disposto na Orien-tação Jurisprudencial nº 97 da SBDI-I e não incidência do item II da Orientação Jurisprudencial nº 60 da SBDI-I. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negou-lhe provimento. Vencidos os Ministros Renato de Lacerda Paiva, Ives Gandra Martins Filho, Brito Pereira e Aloysio Corrêa da Veiga. TST-E--RR– 1260-79.2011.5.08.0002, SBDI-I, rel. Min Hugo Carlos Scheuer-mann, 31.3.2016 (Informativo nº 131)

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Direito Processual do Trabalho • Questões 195

Direito Processual do Trabalho

Maximiliano Carvalho

TABELA DE INCIDÊNCIA DE QUESTÕES

Distribuição das questões organizada

por ordem didática de assuntos

AssuntoN. de

questõesPeso

Princípios 1 1,02%

Organização da Justiça do Trabalho 1 1,02%

Teoria Geral do Processo 2 2,04%

Competência 7 7,14%

Substituição Processual 2 2,04%

Dissídio Coletivo e Poder Normativo 7 7,14%

Audiência 2 2,04%

Conciliação 1 1,02%

Prazos 2 2,04%

Nulidades 3 3,06%

Provas 5 5,12%

Procedimento Sumaríssimo 3 3,06%

Ação Civil Pública e ação coletiva 10 10,2%

Honorários advocatícios 1 1,02%

Antecipação de Tutela 2 2,04%

Sentença 2 2,04%

Custas processuais e depósito recursal 2 2,04%

Recursos 17 17,34%

Coisa Julgada 3 3,06%

Ação Rescisória 4 4,08%

Ação anulatória 2 2,04%

Execução 8 8,16%

Mandado de Segurança 6 6,12%

Inquérito para Apuração de Falta Grave 1 1,02%

Litigância de má-fé 1 1,02%

Ministério Público do Trabalho 3 2,04%

Representação 1 1,02%

Total 99 100%

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