alan martins dimas yamada scardoelli harrison leite …€¦ · 12 alan martins • dimas yamada...

23
ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE THIANA CAIRO Direito TRIBUTÁRIO 4ª edição Revista, ampliada e atualizada 2018

Upload: others

Post on 24-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

ALAN MARTINSDIMAS YAMADA SCARDOELLI

HARRISON LEITE THIANA CAIRO

Direito TRIBUTÁRIO

4ª ediçãoRevista, ampliada e atualizada

2018

Page 2: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 11

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies

QUESTÕES DE CONCURSOS

CF, título VI, capítulo I, seções I a V.

CF, arts. 5º, II, 30, I e II, 40, 68, § 2º, 177, 182, 195 e 227.

CTN, arts. 3º, 4º, 5º, 15 a 82, 97 a 130, 149, 151, 156 e 170-A.

CC, art. 82.

Leis complementares 24/1975, 87,96, 101/2000, 104/2001, 116/2003 e 123/2006.

Leis 7.689/88, 8.981/95, 9.430/96, 10.168/2000, 10.833/03 e 10.865/04.

Lei Paulista 6.374/89, art. 66-B.

Decretos 6.306/97 (Regulamento do IOF), 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro) e 7.212/2010 (Regulamento do IPI).

Decreto Paulista 45.490/00 (Regulamento do ICMS).

01. (Cespe – Juiz de Direito – PR/2017) O município de Curitiba - PR instituiu, por lei ordinária, taxa de coleta e remoção de lixo para os imóveis urbanos situados em seu território, estabelecendo como base de cálculo do tributo a área construída do imóvel, que, multiplicada pelo valor de R$ 2, resultaria no valor do tributo devido pelo contribuinte.

Acerca dessa situação hipotética e dos preceitos constitucionais pertinentes ao poder de tributar, assinale a opção correta.

A) A utilização da área construída do imóvel como parte da base de cálculo do tributo em questão, por também compor a base de cálculo do IPTU, torna inconstitucional a instituição do mencionado tributo.

B) A restrição constitucional para que haja identidade da base de cálculo atinge apenas as contribuições, e não as taxas, sendo, portanto, constitucional o tributo em questão.

C) O serviço de coleta e remoção de lixo em questão pode adotar um dos elementos de base de cálculo de impostos, desde que não haja identidade completa e o valor pago pelo contribuinte seja proporcional ao serviço que lhe é prestado.

D) A coleta e remoção de lixo é serviço público inespe-cífico e indivisível, por beneficiar toda a coletividade, sendo, portanto, inconstitucional a instituição da referida taxa.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: questão em que o examinador apresenta alternativas a respeito de um caso prático. Para assinalar a alternativa correta, o candidato precisa dominar os seguintes conhecimentos: 1º) As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos (CF, art. 145, § 2º); 2º) Por outro lado, é constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra (STF – Súmula Vinculante nº 29); 3º) No caso da taxa de serviços públicos, à luz do artigo 145, inciso II, da CF, para ser fato gerador de taxa, um serviço deve ser específico

e divisível. Considera-se serviço específico aquele que pode ser destacado em unidades autônomas de utiliza-ção (CTN, art. 79, II) e divisível o suscetível de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários (CTN, art. 79, III).

Alternativa correta: letra “c”. De fato, com base na Súmula Vinculante nº 29, é constitucional adotar-se para a taxa de coleta e remoção de lixo um dos elementos de base de cálculo de impostos, desde que não haja identi-dade completa. Além disso, se o valor pago/cobrado de cada contribuinte for proporcional ao serviço que lhe é prestado, estarão satisfeitos os requisitos especificidade e divisibilidade que o artigo 145, inciso II, da CF/88 estabe-lece para as taxas. Isso porque, a cobrança proporcional revela que o serviço pode ser destacado em unidades autônomas de utilização (específico), sendo suscetível de utilização, separadamente por cada um de seus usuários (divisibilidade).

Alternativa “a”: embora a área construída seja ele-mento componente da base de cálculo do IPTU, esse elemento não responde pela integralidade da referida base de cálculo, pois ainda deve ser multiplicado pelo valor metro quadrado previsto na planta genérica de referên-cia aplicável ao imóvel para formar a base de cálculo do IPTU. Logo, se apenas a área construída integra a base de cálculo da taxa de coleta e remoção de lixo, não há que se

Page 3: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo12

falar em identidade total com a base de cálculo do IPTU (também composta pelo valor do metro quadrado), o que torna constitucional essa base de cálculo para a taxa em questão, nos termos da Súmula Vinculante nº 29.

Alternativa “b”: ao contrário do que afirma o exami-nador e conforme nota dos autores, a restrição constitucio-nal para que haja identidade da base de cálculo justamente as taxas (CF, art. 145, § 2º) e não as contribuições.

Alternativa “d”: também diversamente do que afirma a banca, o serviço de coleta e remoção de lixo deve ser considerado específico, uma vez poder ser destacado em unidades autônomas de utilização (CTN, art. 79, II), e divisível, pois o suscetível de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários (CTN, art. 79, III). Daí ser considerada constitucional que incida uma taxa sobre esse serviço, exatamente con-forme consagrado na Súmula Vinculante nº 19: “A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II, da Constituição Federal”.

02. (Cespe – Defensor Público – DPU/2017) A respeito das espécies tributárias existentes no sistema tributário brasileiro, julgue os itens que se seguem.

A isenção ou não incidência do ICMS acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores, salvo se houver determinação legal em contrário.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: no campo da não cumulatividade, regra constitucional exclusiva do ICMS é a de que, salvo determinação legal em contrário, a isenção ou não-inci-

dência não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes, bem como acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores (CF, art. 155, § 2º, II, “a” e “b”). Em outras palavras, são duas regras: 1a) Se a operação anterior é isenta ou não tributada, a operação seguinte não dá direito a crédito, até porque não houve imposto cobrado na operação anterior; 2a) Se a operação seguinte é isenta ou não tributada, deve ser anulado o crédito decorrente do imposto pago na operação anterior, o que tem lógica, pois caso não houvesse essa anulação toda a cadeia de produção ficaria totalmente desonerada.

Certo. Consoante nota dos autores e nos termos do artigo 155, § 2º, II, “b”, da CF/88, de fato, salvo deter-minação legal em contrário da legislação, a isenção ou não-incidência acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores.

03. (Cespe – Defensor Público – DPU/2017) A respeito das espécies tributárias existentes no sistema tributário brasileiro, julgue os itens que se seguem.

No cálculo do valor de determinada taxa, pode haver elementos da base de cálculo de algum imposto, desde que não haja total identidade entre uma base e outra.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: de acordo com a Constituição, as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos (CF, art. 145, § 2º). Por outro lado, é constitucional a ado-ção, no cálculo do valor de taxa, um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra (STF – Súmula Vinculante nº 29);

Certo. Coerente com o entendimento da Súmula Vinculante nº 29, exposta de maneira completa na nota dos autores, realmente, no cálculo do valor de deter-minada taxa, pode haver elementos da base de cálculo de algum imposto, desde que não haja total identidade entre uma base e outra. Ou seja, o que a Constituição veda é a identidade total da base de cálculo da taxa com a de determinado imposto, sendo, contudo, permitida a coincidência de um ou alguns elementos.

04. (Cespe – Promotor de Justiça – MPE – RR/2017)

Um imóvel localizado na área urbana de determinado município é utilizado por seu proprietário comprovada-mente para o exercício exclusivo de atividades agrícola e pecuária.

Nessa situação hipotética,

A) é cabível apenas a cobrança do ITR, por expressa previsão legal, uma vez que o imóvel é utilizado em exploração agrícola e pecuária.

B) o IPTU e o ITR serão tributos devidos e cobrados cumulativamente, pois se referem a dois fatos gera-dores distintos: o IPTU será devido em razão da propriedade urbana; o ITR será devido pelo uso de imóvel em atividades agrícola e pecuária.

C) embora sejam devidos, os dois tributos não poderão ser cobrados cumulativamente, pois ambos incidem sobre o mesmo bem, devendo ser aplicado o prin-cípio da não cumulatividade: o contribuinte terá o direito de descontar do valor do IPTU devido o montante que for eventualmente pago a título de ITR.

D) somente será cabível a cobrança do IPTU, uma vez que o critério aplicado pelo CTN é o da localização do imóvel, sendo irrelevante a destinação dada por seu proprietário.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: merece ser ressaltada a existência de algumas situações que geram dúvida quanto à inci-dência de ITR ou de IPTU. Nesse contexto, dois critérios se destacam: o da “destinação” e o da “localização ou geográfico”.

Alternativa correta: letra “a”. A propriedade de bens imóveis está sujeita à tributação do ITR ou do IPTU. O ITR é de competência da União enquanto o IPTU é de competência dos Municípios. Para a determinação da incidência de um ou de outro, dois critérios despontam, o geográfico e o da destinação do uso imóvel. O CTN, em seu artigo 32, prestigia o critério geográfico, ao prever

Page 4: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 13

que “o imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município”. Não obstante o critério legal estipulado no artigo 32 do CTN (critério da localização do imóvel), o STJ, recentemente, proferiu decisões que indicam a opção por outra linha, que se consubstancia no chamado critério da destinação

do uso do imóvel, ora reconhecendo a incidência do ITR sobre área situada na zona urbana, ora decidindo pela incidência do IPTU em área situada fora da zona urbana. Vejam-se dois exemplos: i) Incidência de ITR sobre imó-

vel situado na zona urbana com base no critério da

destinação do uso do bem: “a jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que incide o ITR, e não o IPTU, sobre imóveis que sejam comprovadamente utilizados em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, ainda que localizados em áreas conside-radas urbanas por legislação municipal” (STJ, AgRg no AREsp 80947 / ES, Min Mauro Campbell, DJE 08.03.2012); ii) Incidência de IPTU sobre imóvel situado em área

que não atende os requisitos para ser considerada

zona urbana: “cabível a cobrança do IPTU sobre ‘sítio de recreio’ assim considerado por lei municipal como situado em área de expansão urbana, mesmo que não contenha os melhoramentos previstos no art. 31, § 1º, do CTN. Interpretação do art. 32, § 2º, do CTN c/c arts. 14, do D.L. 57/66, e 29, do CTN. Precedentes. 4. Recurso especial improvido. (REsp 218.788/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/03/2005, DJ 01/08/2005, p. 370). Portanto, coerente com a jurisprudência do STJ, se um imóvel localizado na área urbana de determinado município é utilizado por seu proprietário comprovada-mente para o exercício exclusivo de atividades agrícola e pecuária, de fato, afigura-se cabível apenas a cobrança do ITR, por expressa previsão legal, uma vez que o imóvel é utilizado em exploração agrícola e pecuária.

Alternativa “b”: consoante nota dos autores e orien-tação jurisprudencial detalhada nos comentários à alter-nativa correta, verifica-se haver dois critérios que tratam da incidência de ITR e IPTU (geográfico e destinação do imóvel). Nenhum desses critérios leva a se concluir pela equivocada afirmação do examinador, até porque, a cobrança cumulativa de IPTU e ITR, aventada pela banca, representaria a exigência de dois tributos sobre um mesmo fato gerador por dois entes federativos diferentes (Muni-cípio no caso do IPTU e União em relação ao ITR). Estaria configurada a prática da bitributação, via de regra, vedada na ordem jurídico-tributária brasileira. Para melhor elu-cidação da vedação à bitributação, vale transcrever aqui importantes ensinamentos da Professora Regina Helena Costa: “A bitributação significa a possibilidade de um mesmo fato jurídico ser tributado por mais de uma pessoa. Diante de nosso sistema tributário, tal prática é vedada, pois cada situação fática somente pode ser tributada por uma única pessoa política, aquela apontada constitucio-nalmente, pois, como visto, a competência tributária é exclusiva ou privativa. Inviável, portanto, que haja mais de uma pessoa política autorizada a exigir tributo sobre o mesmo fato jurídico" (COSTA, Regina Helena. Curso de

Direito Tributário - Constituição e Código Tributário Nacional. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, pág. 67). E, também, vale destacar as exceções à regra da vedação à bitributação, entre as quais não se encontra a incidência cumulativa de IPTU e ITR. Um exemplo de bitributação admitida diz respeito à instituição, pela União, na iminência ou no caso de guerra externa, de imposto extraordinário (CF, art. 154, II), compreendidos ou não em sua competência tributária (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 8ª ed. São Paulo: Método, 2014, páginas 201/203). Caso o tributo criado esteja compreendido na competência esta-dual ou municipal (como por exemplo, um “novo ICMS”), será caso de bitributação (legítima). Mas, repita-se, ITR e IPTU não se encontram nessa esfera de exceções.

Alternativa “c”: está errada, porque o princípio da não cumulatividade é típico dos impostos indiretos, a exemplo do IPI e do ICMS, não se aplicando a impostos diretos, categoria em que se enquadram o IPTU e o ITR (impostos diretos sobre o patrimônio). Mais precisamente, tratando-se de um princípio tributário específico relativo principalmente ao Imposto sobre Produtos Industrializa-dos – IPI (CF, art. 153, § 3º, II) e ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS (CF, art. 155, § 2º, I), a não cumulatividade compreende a regra segundo a qual o imposto será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, o que não vale para os impostos diretos.

Alternativa “d”: de fato, o critério adotado pelo CTN é o da localização (geográfico). Todavia, conforme exposto na nota dos autores e nos comentários à alter-nativa correta, a destinação dada pelo proprietário do imóvel constitui critério consagrado na jurisprudência do STJ e, por essa razão, fundamenta a incidência do ITR sobre imóvel utilizado por seu proprietário comprovada-mente para o exercício exclusivo de atividades agrícola e pecuária, ainda que esteja localizado na área urbana de determinado município.

05. (Cespe – Procurador do Estado – PGE – SE/2017)

Considerando as normas do regime tributário do SIMPLES Nacional e o disposto no Estatuto da Microem-presa e da Empresa de Pequeno Porte — Lei Comple-mentar n.° 123/2006 —, julgue os itens a seguir.

I A empresa individual de responsabilidade limitada não pode ser enquadrada como microempresa para efeito de adesão ao SIMPLES Nacional.

II Para o enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte, a sociedade empre-sária deve, em cada ano-calendário, ter receita bruta inferior a determinado montante legal, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais eventualmente concedidos.

III O recolhimento de tributo pelo regime especial unificado de arrecadação do SIMPLES Nacional não exclui a incidência do ICMS devido nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária.

Assinale a opção correta.

Page 5: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo14

A) Apenas o item I está certo.

B) Estão certos apenas os itens I e II.

C) Estão certos apenas os itens I e III.

D) Estão certos apenas os itens II e III.

E) Todos os itens estão certos.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: para responder essa questão, é necessário conhecer as normas a respeito do regime de tributação do Simples Nacional, veiculadas no texto literal da Lei complementar 123/2006 – Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Alternativa correta: letra “d”.

Item I: errado. Ao contrário do que afirma o examina-dor, a empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI está sim entre as pessoas jurídicas empresariais que podem ser enquadradas na condição de microempresas (Lei complementar 123/2006, art. 3o).

Item II: certo. De fato o enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte, a socie-dade empresária deve, em cada ano-calendário, ter receita bruta inferior a determinado montante legal, excluídas as vendas canceladas e os descontos incon-dicionais eventualmente concedidos. Inteligência do artigo 3o, caput c/c § 1º da Lei complementar 123/2006. Esses limites de receita bruta estão previstos nos incisos I e II do mesmo artigo, quais sejam: II - no caso da micro-empresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); II -No caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Atenção que, na faixa de R$ 3.600.000,01 e R$ 4.800.000,00, o recolhimento unificado ficará restrito ao tributos federais do Simples Nacional (IRPJ, IPI, PIS/PASEP, COFINS e Contribuição Previdenciária Patronal – CPP). Ficam excluídos dessa faixa, portanto, o ICMS dos Estados e o ISS dos Municípios, impostos que serão apurados e recolhidos pelos seus respectivos regimes normais.

Item III: certo. Exatamente conforme dispõe o artigo 13, inciso XIII, alínea “a”, da Lei complementar 123/2006, de fato, o recolhimento de tributo pelo regime especial unificado de arrecadação do SIMPLES Nacional não exclui a incidência do ICMS devido nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária.

06. (Cespe – Delegado de Polícia – GO/2017) O estado de Goiás instituiu, por lei ordinária, um depar-tamento de fiscalização de postos de gasolina com objetivo de aferir permanentemente as condições de segurança e vigilância de tais locais, estabelecendo um licenciamento especial e anual para o funcionamento de tais estabelecimentos e instituindo uma taxa anual de R$ 1.000 a ser paga pelos empresários, relacionada a tal atividade estatal.

A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

A) A instituição do departamento de fiscalização de postos de gasolina como órgão competente com funcionamento regular é suficiente para caracterizar o exercício efetivo do poder de polícia.

B) É desnecessária, para justificar a cobrança de taxa, a criação de órgão específico para o desempenho das atividades de fiscalização de postos de gasolina, por se tratar de competências inerentes às autoridades de segurança pública.

C) Para observar o princípio da capacidade contribu-tiva, a taxa deveria ter correspondência com o valor venal do imóvel a ser fiscalizado, sendo inconstitu-cional a cobrança de valor fixo por estabelecimento.

D) A taxa em questão é inconstitucional, já que a segu-rança pública é um dever do Estado, constituindo um serviço indivisível, a ser mantido apenas por impostos, o que torna incabível a cobrança de taxa.

E) Por ter caráter contraprestacional, a taxa só será devida caso o departamento de fiscalização de postos de gasolina faça visitas periódicas aos esta-belecimentos, certificando-se do cumprimento das normas de segurança e vigilância de tais locais, de acordo com a legislação.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o texto constitucional “diferencia as taxas decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público”. Dessa forma, ”a regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança da taxa de localização e fiscalização” (STF, excertos da ementa do RE 588.322), lembrando que o artigo 78 do CTN define poder de polícia (“considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público con-cernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”).

Alternativa correta: letra “a”. O teor da alternativa é condizente com o precedente do STF citado na nota dos autores (“É constitucional taxa de renovação de fun-cionamento e localização municipal, desde que efetivo

o exercício do poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura competentes para o

respectivo exercício”).

Alternativa “b”: como visto na nota dos autores, a aferição de segurança no funcionamento de postos de combustíveis enquadra-se no conceito de “poder de polícia” expresso no artigo 78 do CTN. Por sua vez, segundo a jurisprudência do STF (citada nos comentá-rios à alternativa “a”), a constitucionalidade de uma taxa

Page 6: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 15

instituída para esse fim demanda que o exercício do poder de polícia seja efetivo e, para tal, é necessária a existência de órgão público e da estrutura competente para a realização da atividade fiscalizatória. Daí porque a alternativa em comento está errada, uma vez que apre-goou equivocadamente a desnecessidade de criação de órgão específico.

Alternativa “c”: incorreta, pois “as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos” (CF, art. 145, §2º) e o “valor venal do imóvel” é a base de cálculo, por exemplo, do IPTU (CTN, art. 33).

Alternativa “d”: incorreta, pois a taxa a que se refere o enunciado tem como objetivo custear o efetivo exercício do poder de polícia, no sentido de fiscalizar o funciona-mento de postos de combustíveis, não se tratando de taxa cobrada pela prestação de serviço de segurança pública.

Alternativa “e”: incorreta, pois a taxa de fiscali-zação (pelo regular exercício do poder de polícia) não demanda uma visita específica dos representantes do órgão fiscalizador no contribuinte fiscalizado para fins de sua exigência. Eis o que já definiu o STF: “não há de se invocar o argumento no sentido de que a taxa decorrente do poder de polícia fica restrita aos contribuintes cujos estabelecimentos tivessem sido efetivamente visitados pela fiscalização, por isso que, essa questão já foi resolvida, pela negativa, pelo STF, que deixou assentada em diversos julgados a suficiência da manutenção, pelo sujeito ativo, de órgão de controle em funcionamento” (REs 461.601).

07. (Vunesp – Juiz de Direito - SP/2015) Na cobrança do ISSQN sobre serviços bancários, é correto afirmar, com base nos atuais julgamentos do STJ, que

(A) a lista de serviços previstos na legislação é exemplifi-cativa, logo, admite outras inclusões.

(B) a lista de serviços previstos na legislação é taxativa e não admite outras inclusões.

(C) a lista de serviços previstos na legislação para a ativi-dade bancária tem tratamento específico porque os serviços bancários têm natureza genérica, sujeitos, portanto, como regra, ao pagamento daquele tributo.

(D) a lista de serviços previstos na legislação é taxativa, porém, admite leitura extensiva para serviços idên-ticos embora com denominações distintas.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: representando a atual jurispru-dência do STJ sobre a cobrança de ISS sobre serviços bancários, deve-se destacar o seguinte julgamento de recursos repetitivos, exarado no âmbito do Recurso Espe-cial nº 1111234 (Ministra Relatora Eliana Calmon – 1a. Seção – DJe 08/10/2009): “TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS BANCÁRIOS. ISS. LISTA DE SERVIÇOS. TAXATIVIDADE. INTERPRETA-ÇÃO EXTENSIVA. 1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que é taxativa a Lista de Serviços anexa ao Decreto-lei 406/68, para efeito de incidência de ISS, admitindo-se, aos já existentes apresentados com outra nomenclatura, o emprego da interpretação extensiva

para serviços congêneres. 2. Recurso especial não pro-vido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08”. Esse acórdão deve nortear a compreensão da tradicional Súmula nº 424 da Corte: “É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao DL 406/1968 e à LC 56/1987. Como se vê, embora editada em período anterior à vigên-cia da CF/88 e da Lei complementar 116/2003, essa antiga súmula permanece totalmente atual, desde que o termo congêneres seja interpretada sentido de serviços idênticos com denominações diferentes.

Alternativa correta: letra “d”. A afirmação de que a lista de serviços previstos na legislação é taxativa, porém, admite leitura extensiva para serviços idênticos embora com denominações distintas é absolutamente coerente com os atuais julgamentos do STJ, conforme detalhado em nota dos autores.

Alternativa “a”: ao afirmar que por ser exemplifi-cativa, a lista de serviços admitiria outras inclusões, o examinador contraria a jurisprudência do STJ, segundo a qual a lista é taxativa, devendo-se a admissão de outros serviços por força de uma interpretação extensiva para os serviços congêneres taxativamente relacionados na lista.

Alternativa “b”: mais uma vez o examinador se equivoca, desta feita por afirmar que a lista de serviços não admite outras inclusões. Ser taxativa, não significa que não possa sofrer a inclusão de serviços idênticos com denominações distintas. Talvez, nessa alternativa, o exami-nador tenha pecado um pouco pela utilização da expres-são “outras inclusões”, pois não se trata propriamente de uma ampliação da lista, que é mesmo taxativa, mas sim de uma interpretação extensiva para contemplar serviços congêneres, isto é, aqueles idênticos com denominações distintas daquelas estabelecidas na lista.

Alternativa “c”: nessa alternativa, o examinador dá a entender que o STJ consideraria que os serviços bancários seriam mencionados de modo genérico na lista anexa à Lei complementar 116/2003 e, portanto, tratados de modo específico pela legislação com incidência geral ao imposto. Todavia, o item 15 da Lista de Serviços está subdividida em 18 (dezoito) subitens, que especificam diversos serviços bancários e financeiros específicos, ficando afastada, com isso, a inverídica tese do examinador de que os serviços bancários teria natureza genérica.

08. (Vunesp – Juiz de Direito – TJ SP/2017) A extrafis-calidade pode ser conceituada como

(A) a possibilidade de delegação da capacidade tribu-tária ativa e da aptidão de exigir e arrecadar tributo, desde que o faça por lei, a outra pessoa de direito público ou privado que preste serviços públicos.

(B) o mecanismo pelo qual a pessoa política, por meio de lei, transfere sua capacidade ativa a outra pessoa de direito público, como as autarquias.

(C) a atividade que se expressa na atuação estatal de exigência de tributos com o objetivo exclusivo de arrecadação, e a geração de receitas, operando-se em desvio de finalidade.

Page 7: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo16

(D) o emprego de instrumentos tributários para o alcance das finalidades não arrecadatórias, mas incentivadoras ou inibidoras de comportamentos, com vista à realização de valores constitucional-mente relevantes.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: importante classificação dos tribu-tos diz respeito àquela que distingue o tributo fiscal, isto é, aquele que tem escopo exclusivo de arrecadar recursos para os cofres públicos, do tributo extrafiscal, que não tem como finalidade precípua a arrecadação de recursos, mas sim a utilização como instrumento estatal de inter-venção na ordem socioeconômica – caráter regulatório.

Alternativa correta: letra “d”. Condiz perfeitamente com a feição de tributo extrafiscal apresentada em nota dos autores dizer que a extrafiscalidade pode ser concei-tuado como o “emprego de instrumentos tributários para o alcance das finalidades não arrecadatórias, mas incen-tivadoras ou inibidoras de comportamentos, com vista à realização de valores constitucionalmente relevantes”. De fato, a finalidade extrafiscal se distancia do intuito arrecadatório para incentivar ou inibir comportamentos constitucionalmente relevantes, mais especificamente com viés regulatório nos campos social e econômico.

Alternativas “a” e “b”: ambas tratam do tema dele-gação de capacidade tributária ativa, estando incorretas por não guardarem nenhuma relação de pertinência com o tema da extrafiscalidade. No plano constitucional, a capacidade tributária ativa está muito ligada às contribui-ções parafiscais. A parafiscalidade é uma característica de tributos instituídos pelas pessoas políticas com delegação da capacidade tributária ativa a terceiros. Isso ocorre, por exemplo, em relação às contribuições de interesse de categorias profissionais e econômicas, em que con-tribuições instituídas pela União, no âmbito de sua com-petência tributária plena, são arrecadadas e fiscalizadas, por exemplo, por órgãos classe, tais como CREA, CRECI, CRM etc. Portanto, complementando a explicação sobre o equívoco do examinador, a delegação de capacidade tributária ativa está relacionada à parafiscalidade, e não à extrafiscalidade.

Alternativa “c”: o objetivo exclusivo de arrecadação e geração de receitas só pode dizer respeito aos tribu-tos classificados como fiscais. Portanto, equivoca-se o examinador em relacionar esse objetivo ao conceito de extrafiscalidade.

09. (FGV - Exame de Ordem 2017.1) O Município X instituiu taxa a ser cobrada, exclusivamente, sobre o serviço público de coleta, remoção e tratamento de lixo e resíduos provenientes de imóveis. A igreja ABC, com sede no Município X, foi notificada da cobrança da refe-rida taxa.

Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) As Igrejas são imunes; portanto, não devem pagar a taxa instituída pelo Município X.

B) A taxa é inconstitucional, pois não é específica e divi-sível.

C) A taxa é inconstitucional, uma vez que os Municípios não são competentes para a instituição de taxas de serviço público.

D) A taxa é constitucional e as Igrejas não são imunes.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: nos termos da Súmula Vinculante 19, “a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II da Constituição Federal”. Portanto, não é inconstitucional.

Alternativa correta: letra “d”: como visto na nota dos autores, a Súmula Vinculante 19 atesta a constitu-cionalidade da referida taxa. De outro lado, a imunidade religiosa disciplinada pelo artigo 150, inciso VI, alínea “b” da CF/88 refere-se expressamente à espécie tributária imposto, motivo pelo qual a igreja ABC estão sujeitas à taxa do lixo.

Alternativa “a”: incorreta, pois a imunidade prevista no artigo 150, inciso VI, alínea “b”, da CF/88 (imunidade religiosa) refere-se exclusivamente à espécie tributária imposto (e não às taxas), motivo pelo qual as igrejas não são imunes à taxa do lixo municipal, devendo, portanto, pagá-la.

Alternativa “b”: incorreta, pois a taxa é constitucio-nal, segundo entendimento do STF esposado na Súmula Vinculante 19, reproduzida na nota dos autores.

Alternativa “c”: incorreta, pois a taxa é constitucional, como bem apregoa a Súmula Vinculante 19 reproduzida na nota dos autores. Além do mais, a competência para instituição de taxas é do tipo concorrente entre os entes tributantes, nos termos do artigo 145, inciso II, da CF/88.

10. (FGV - Exame de Ordem 2017.1) O Município Alfa realizou obras nas praças públicas de determinado bairro, incluindo iluminação e arborização. Tais obras acarretaram a valorização imobiliária de dezenas de resi-dências daquela região. Em decorrência disso, o muni-cípio instituiu contribuição de melhoria.

Sobre a contribuição em questão, segundo o CTN, assinale a afirmativa correta.

A) É inválida, pois deveria ter sido instituída pelo Estado Beta, onde está localizado o Município Alfa.

B) É válida, porque foi instituída para fazer face ao custo de obra pública da qual decorre a valorização imobiliária.

C) É válida, mas poderia ter sido instituída indepen-dentemente da valorização dos imóveis dos contri-buintes.

D) É inválida, porque deveria ter, como limite indivi-dual, o valor global da despesa realizada pelo Poder Público na obra e não a valorização de cada imóvel.

Page 8: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 17

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o tributo vinculado que tem por fato gerador a valorização de imóvel do contribuinte, decorrente de obra pública, é a contribuição de melhoria (CF, art. 145, III).

Alternativa correta: letra “b”: segundo o artigo 81 do CTN, “a contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado”. Logo, por respeitar os ditames constitucionais (vide nota dos autores) bem como o CTN, a contribuição de melhoria a que se refere o enunciado é válida.

Alternativa “a”: incorreta, pois a competência con-corrente para instituição de contribuição de melhoria pode ser exercida pelo ente federativo que efetivamente incorrer nos custos da obra pública da qual decorra a valorização imobiliária.

Alternativa “c”: embora a contribuição de melhoria seja válida, a valorização imobiliária é requisito impres-cindível para a sua instituição pelo Município Alfa (CTN, art. 81), motivo pelo qual a alternativa está incorreta.

Alternativa “d”: incorreta, pois como visto nos comentários à alternativa correta, o limite individual da contribuição de melhoria é “o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado” (CTN, art. 81) e não o “o valor global da despesa realizada pelo Poder Público”.

11. (FGV – Analista da Procuradoria – Processual –

PGE – RO/2016) Município situado em uma região do Brasil realizou serviços e obras de rede de água potável e esgoto de certo bairro, durante o primeiro semestre de 2013, que valorizou igualmente 100 (cem) imóveis da região em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) cada um. O custo total da obra correspondeu a R$ 3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais). Após o término da obra, a municipalidade inicia a cobrança de Contribuição de Melhoria, com igual valor, de todos os 100 (cem) proprie-tários dos imóveis. Com base nisso, poderá ser cobrado de cada proprietário dos imóveis valorizados o valor máximo de:

(A) R$ 40.000,00;

(B) R$ 38.000,00;

(C) R$ 37.000,00;

(D) R$ 35.000,00;

(E) R$ 30.000,00.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: no que tange à base de cálculo, dispõe o artigo 82, § 1º, do CTN que a contribuição de melhoria relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a ser financiada pela

contribuição entre os imóveis situados na zona benefi-ciada, em função dos respectivos fatores individuais de valorização. Matematicamente, fica assim:

Contribuição =Parcela do custo da obra financiada pela contribuição

Imóveis beneficiados (Fatores individuais de valorização)

Ressalte-se, porém, que o valor da contribuição fica sujeito a dois limitadores estabelecidos no artigo 81 do CTN, quais sejam:

• Limite total ou global: o valor da despesa realizada.

• Limite individual: o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Alternativa correta: letra “d”: considerando-se que o custo da obra foi de R$ 3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais) e que essa é a parcela máxima a ser financiada pela contribuição, deve-se dividir esse valor pelo número de imóveis valorizados (100 imóveis) em função dos respectivos fatores individuais de valoriza-ção. No caso dessa questão, esses fatores individuais de valorização constituem elementos neutros e não fazem diferença, uma vez que todos os imóveis valorizaram a mesma quantia, isto é, R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Feito o cálculo (3.500.000,00 / 100 = 35.000,00), obtém-se o valor máximo da contribuição a ser cobrado de cada proprietário dos imóveis valorizados, isto é, R$

35.000,00 (trinta e cinco mil reais). Bom dizer que essa quantia não extrapolaria os limitadores de que trata o artigo 81 do CTN, pois as contribuições cobradas de todos os proprietários: 1o) perfariam exatamente o custo total da obra (limite máximo de R$ 3.500.000,00); 2º) não ultrapassariam o acréscimo de valor que da obra resultou para cada imóvel beneficiado (limite individual de R$ 40.000,00).

Demais alternativas: estão incorretas por não cor-responderem ao valor máximo de R$ 35.000,00 da con-tribuição a ser cobrada de cada proprietário de imóvel beneficiado.

12. (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Muni-

cipal – SMF Cuiabá/2016) Caio possui uma barbearia dentro de sua residência, no Município de Cuiabá, na qual trabalha sozinho. Com o objetivo de legalizar seu negócio, Caio resolve optar pelo enquadramento como Microempreendedor Individual - MEI. Sobre a opção e a manutenção de Caio como MEI, assinale a afirmativa correta.

(A) Caio deve recolher valores mensais correspondentes ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ e à Contribuição para a Seguridade Social, na quali-dade de contribuinte individual; e ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN.

(B) Para manter-se no MEI, Caio poderá contratar até 3 (três) empregados.

(C) Caio poderá ter sua inscrição automaticamente cancelada após período de 12 (doze) meses conse-

Page 9: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo18

cutivos sem recolhimento ou declarações, indepen-dentemente de qualquer notificação.

(D) As concessionárias de serviço público podem aumentar as tarifas pagas por Caio por conta da modificação da sua condição de pessoa física para pessoa jurídica.

(E) A formalização do MEI tem caráter eminentemente econômico e fiscal.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: nessa questão, o examinador apresenta um caso concreto hipotético de um pequeno empreendedor do ramo de barbearia que pretende legalizar o seu negócio. São exigidos conhecimentos do candidato sobre o regime tributário aplicável ao Micro-empreendedor Individual – MEI, estabelecido na Lei complementar 123/2016 – Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Alternativa correta: letra “c”: transcreve literalmente os termos do § 15-A do artigo 18-A da Lei complementar 123/2016, a saber: “O MEI poderá ter sua inscrição auto-

maticamente cancelada após período de 12 (doze)

meses consecutivos sem recolhimento ou declarações,

independentemente de qualquer notificação, devendo a informação ser publicada no Portal do Empreendedor, na forma regulamentada pelo CGSIM”.

Alternativa “a”: de fato, nos termos do inciso V do § 3o do artigo 18-A da Lei Complementar 123/2006, o microempreendedor individual prestador de serviços, como é o caso do empreendedor de uma barbearia, deve recolher valores mensais correspondentes a Contribuição para a Seguridade Social e ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS.

Alternativa “b”: equivoca-se o examinador quanto ao número de empregados, na medida em que, para manter-se no MEI, Caio poderá contratar apenas 1(um) único empregado, consoante dispões o artigo 18-C da Lei complementar 123/2016.

Alternativa “d”: de modo diametralmente oposto ao afirmado pela banca, é vedado às concessionárias de serviço público o aumento das tarifas pagas pelo MEI por conta da modificação da sua condição de pessoa física para pessoa jurídica (LC 123/2006, art. 18-A, § 22).

Alternativa “e”: totalmente ao contrário do que afirma o examinador, nos termos do artigo 18-E, § 1º, a formalização do MEI não tem caráter eminentemente econômico e fiscal. Aliás, segundo o caput do mesmo artigo, o instituto do MEI é uma política pública que tem por objetivo a formalização de pequenos empreendimen-tos e a inclusão social e previdenciária.

13. (FGV – Procurador – Prefeitura Municipal de

Paulínia/2016) No que se refere ao regime especial unificado de arrecadação de tributos devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, denomi-nado Simples Nacional, analise as afirmativas a seguir.

I. Será opcional para o contribuinte.

II. Abrange impostos, contribuições e taxas federais, estaduais e municipais.

III. O recolhimento será unificado e centralizado, e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, sendo vedada qualquer retenção ou condicionamento.

Está correto o que se afirma em:

(A) II, apenas.

(B) I e II, apenas.

(C) I e III, apenas.

(D) II e III, apenas.

(E) I, II e III.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: essa questão foi formatada para análise de 3 itens de afirmativas sobre o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional, instituído pela Lei Complemen-

tar 123/2006 - Estatuto Nacional da Microempresa e da

Empresa de Pequeno Porte, com fundamento no artigo 146, da CF, no seu parágrafo único c/c inciso III, alínea “d”.

Alternativa correta: letra “c”.

Item I: certo. Exatamente consoante disposto no inciso I do parágrafo único do artigo 146, da CF, o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribui-ções devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacionalserá opcional ao contribuinte.

Ademais, diversas disposições da Lei complementar nº 123/2006 deixam claro que a adesão ao Simples Nacional é opcional às microempresas e empresas de pequeno porte que satisfaçam as condições para enquadramento no regime. Por exemplo, estabelece o artigo 16 que: “A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o ano-calendário”.

Item II: errado. Nos termos do artigo 13 da Lei com-plementar nº 123/2006, o Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI; III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS; V - Contribuição para o PIS/Pasep; VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; VII - Imposto sobre Operações Rela-tivas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS. Portanto, o recolhimento unifi-cado do Simples Nacional abrange tão somente impostos federais, estaduais e municipais e contribuições federais, de modo que está errado afirmar que a espécie tributária taxa também faria parte do regime, tudo em coerência

Page 10: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 277

c) em que for emitida a nota fiscal.

d) em que for implementada a condição resolutiva.

e) em que for efetuado o pagamento.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: De acordo com o art. 1º da LC 116: “O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. ” Logo, o fato gerado do ISS é a prestação de serviço. Na questão em tela, o contrato previa uma condição resolutória, dessa forma o ponto da questão é saber se essa condição altera ou não o momento em que se considera ocorrido o fato gerador. Para isso, atentemos para o art. 117 do CTN, quando afirma que os negócios jurídicos que preveem condição resolutória consideram-se concluídos desde o momento da prática do ato, isso porque a condição resolutiva não obsta o início dos efeitos do contrato: “Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo dispo-sição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condi-cionais reputam-se perfeitos e acabados: I – sendo suspen-siva a condição, desde o momento de seu implemento; II – sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. ”

Alternativa correta: letra “b”: Como apontado na nota, devido à condição resolutória, o fato gerador da obrigação tributária ocorrerá no momento da prática do ato, ou seja, no momento em que forem prestados os serviços, e perduram os seus efeitos até o implemento da condição.

Alternativa “a”: Não ocorre no momento atual, e sim no da prestação do serviço. De lembrar que há fatos geradores dependentes de situação de fato e outros de situação jurídica. Daí que alguns fatos ocorrem “do momento da prática do ato” ou “da celebração do negó-cio”. Nunca do momento atual, como sugerido na assertiva.

Alternativa “c”: O fato gerador do tributo é a sub-sunção da hipótese de incidência a uma situação de fato em que se encontra o contribuinte. Na hipótese, trata-se de prestação do serviço, que se dá antes da emissão da nota fiscal, de modo que a emissão da nota fiscal é for-malização de uma obrigação acessória e não se confunde com o fato gerador da obrigação principal.

Alternativa “d”: Como já apontado, a condição resolutiva não obsta o início dos efeitos do contrato, sendo não decisiva para o momento do fato gerador sua implementação.

Alternativa “e”: O pagamento não possui relação direta com o momento do fato gerador do ISS. Tanto é que um serviço prestado e não adimplido não afasta a ocorrência da hipótese tributável.

QUESTÕES SIMULADAS

01. Os entes federativos somente poderão instituir taxas sobre serviços se estes foram específicos e divi-síveis. Por específicos, devem-se entender os serviços

que podem ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas, enquanto divisível é o serviço suscetível de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Com base nessas premissas, o STF declarou inconstitu-cional a Taxa de Iluminação Pública e a Taxa de limpeza pública e de conservação de vias e logradouros públicos.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: segundo o artigo 77 do CTN, as taxas têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Logo, há dois tipos de taxas: taxas de fiscalização e taxas de serviço público específico e divisível. A assertiva trata desta última hipótese.

Certo. Com efeito, a Taxa de Iluminação Pública (RREE 231.764 – RJ, rel. Min. Ilmar Galvão, 10.03.99, Súmula 670) e a Taxa de limpeza pública e de conservação de vias e logradouros públicos (RE 204.827; RE 188.391-SP, rel. Min. Ilmar Galvão, 15.06.2000) foram declaradas incons-titucionais pelo STF. Sobre o tema, oportuno citar o teor do enunciado 41 da Súmula Vinculante do STF e Súmula 670 também do mesmo Tribunal, ambas com redação idêntica: “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”. De mais a mais, a limpeza de logradouros públicos é hipótese em que os serviços são executados em benefício da população em geral (uti universi), sem possibilidade de individualização dos respectivos usuários e, consequentemente, da referibi-lidade a contribuintes determinados, não se prestando para custeio mediante taxa (AI 245.539-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 14-12-99, DJ de 3-3-00). Assim, o fundamento para a declaração de inconstitucio-nalidade das duas taxas citadas é que o serviço é desti-nado a toda a coletividade (uti universi), não é específico e divisível. Portanto, vão de encontro ao teor do artigo 77 do CTN que dispõe que o serviço público deve ser especí-fico e divisível conforme exposto alhures.

02. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição autorizara a cobrança de pedágio em rodovias conservadas pelo Poder Público, inobstante a limitação de tráfego que essa cobrança pudesse even-tualmente acarretar. Entende o referido Tribunal, que a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condição para a cobrança de pedágio seria uma exigência constitucional e que tal cobrança teria natu-reza jurídica de taxa de serviço.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: a questão aborda o tema polê-mico sobre a natureza jurídica do pedágio. Vale lembrar que Princípio da não limitação ao tráfego de pessoas e bens (CF, art. 150, V) veda o estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

Errado. O STF revisitou a matéria recentemente no bojo da ADI 800/RS e entendeu que a cobrança do pedágio não

Page 11: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo278

teria natureza tributária (taxa), mas sim de preço público, não estando sujeito à legalidade estrita. Confira um trecho da decisão: "O Plenário sublinhou que seria irrelevante também, para a definição da natureza jurídica do pedágio, a existência, ou não, de via alternativa gratuita para o usuário trafegar. Reconheceu que a cobrança de pedágio poderia, indireta-mente, limitar o tráfego de pessoas. Observou, todavia, que essa restrição seria agravada quando, por insuficiência de recursos, o Estado não construísse rodovias ou não conser-vasse adequadamente as existentes. Ponderou que, diante dessa realidade, a Constituição autorizara a cobrança de pedágio em rodovias conservadas pelo Poder Público, inobs-tante a limitação de tráfego que essa cobrança pudesse eventualmente acarretar. Registrou, assim, que a contrapar-

tida de oferecimento de via alternativa gratuita como

condição para a cobrança de pedágio não seria uma

exigência constitucional, tampouco estaria prevista em

lei ordinária. Consignou que o elemento nuclear para iden-tificar e distinguir taxa e preço público seria o da compulso-riedade, presente na primeira e ausente na segunda espécie. Nesse sentido, mencionou o Enunciado 545 da Súmula do STF (“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orça-mentária, em relação à lei que as instituiu”). ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014.

03. Nos termos da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais têm a clara função de suprir de recursos o Tesouro Nacional.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: recorde que as contribuições sociais, segundo o STF (RE 138.284), podem ser gerais ou específicas. Específicas são as descritas no artigo 195 da CF/88, cuja materialidade já foi definida pelo legisla-dor constituinte e destinam-se a financiar a seguridade social. Gerais são todas as outras contribuições que dizem respeito aos direitos sociais, mas não estão delimitadas dentro do citado artigo 195, portanto, não financiam a seguridade social. São, portanto, as que podem ser criadas com base no artigo 149 da CF/88, que deixou a materialidade das contribuições aberta.

Errado. Existem contribuições sociais que possuem função parafiscal e outras extrafiscal. As contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, por exemplo, são parafiscais e os recursos arrecadados estão desvinculados do Tesouro Nacional. As CIDEs (contribuições de intervenção no domínio econômico), por sua vez, são vinculadas ao poder público e possuem função extrafiscal na sua maioria, pois servem de instrumento de intervenção na economia. Por fim, as contribuições para a seguridade social são parafiscais e constituem receita no orçamento da seguridade, sequer podendo suprir o Tesouro com recursos. No ponto, a redação do artigo 167, inciso XI, da CF/88, por exemplo, deixa claro que os recursos das contribuições sociais patronais e do segurado não podem ter outro destino que não o Regime Geral da Previdência Social.

04. Segundo entendimento do STF não é possível esta-belecer a progressividade de alíquota sobre a transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: um tributo progressivo apre-senta alíquotas maiores conforme há um aumento na base de cálculo, que é diferente de um tributo proporcional, em que é mantida a mesma alíquota, independentemente da base de cálculo.

Errado. É cabível a cobrança do ITCMD de forma progressiva, consoante já se manifestou o STF. Confira: “Em conclusão, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário, interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul, para assentar a constitucionalidade do art. 18 da Lei gaúcha 8.821/89, que prevê o sistema progressivo de alíquotas para o imposto sobre a trans-missão causa mortis de doação – ITCD – v. Informativos 510, 520 e 634. Salientou-se, inicialmente, que o enten-dimento de que a progressividade das alíquotas do ITCD seria inconstitucional decorreria da suposição de que o § 1º do art. 145 da CF a admitiria exclusivamente para os impostos de caráter pessoal. Afirmou-se, entretanto, que todos os impostos estariam sujeitos ao princípio da capa-cidade contributiva, mesmo os que não tivessem caráter pessoal. Esse dispositivo estabeleceria que os impostos, sempre que possível, deveriam ter caráter pessoal. Assim, todos os impostos, independentemente de sua classifi-cação como de caráter real ou pessoal, poderiam e deve-riam guardar relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo. Aduziu-se, também, ser possível aferir a capacidade contributiva do sujeito passivo do ITCD, pois, tratando-se de imposto direto, a sua incidência poderia expressar, em diversas circunstâncias, progressividade ou regressividade direta. Asseverou-se que a progressi-vidade de alíquotas do imposto em comento não teria como descambar para o confisco, porquanto haveria o controle do teto das alíquotas pelo Senado Federal (CF, art. 155, § 1º, IV). Ademais, assinalou-se inexistir incom-patibilidade com o Enunciado 668 da Súmula do STF (“É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana”). Por derradeiro, esclareceu-se que, diferentemente do que ocorreria com o IPTU, no âmbito do ITCD não haveria a necessidade de emenda constitucional para que o imposto fosse progressivo. (RE 562045/RS). 06.02.2013”.

05. Renda e proventos de qualquer natureza, à luz do Texto Constitucional, devem representar riquezas novas ou acréscimo patrimonial para fins de tributação pelo Imposto de Renda. Nesse sentido, o legislador infracons-titucional não poderá dispor incondicionalmente sobre a materialidade desse imposto.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: nos termos do artigo 43 do CTN, o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda (assim entendido o pro-duto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos)

Page 12: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 279

e de proventos de qualquer natureza (assim entendidos os demais acréscimos patrimoniais).

Certo. A incidência do imposto de renda ocorrerá em virtude do acréscimo patrimonial, ou seja, o saldo posi-tivo obtido através do cotejo entre receitas e despesas do contribuinte. Logo, a renda e proventos de qualquer natureza devem representar ganhos ou riquezas novas, de forma a atender o princípio da capacidade contributiva (CF, art. 145, § 1º). Quanto a este último, lembre-se que é considerado como um subprincípio da isonomia. Logo, consiste em tratar os iguais de modo igual (isonomia horizontal), e os desiguais de modo desigual (isonomia vertical), de modo que, na existência de desigualdade não suportada pela Constituição, deve-se buscar a igualdade pelo caminho do tratamento desigual. Para além disso, os limites e contornos do IR estão estabelecidos na CF, não podendo o legislador infraconstitucional dispor incondi-cionalmente sobre a materialidade da exação. O conceito de renda é constitucionalmente pressuposto, ou seja, só é possível cogitar da incidência do imposto caso haja

acréscimo patrimonial, cotejando-se, portanto, receitas e despesas (ingressos e desembolsos, respectivamente), para o fim de obtenção da receita líquida (produção de riqueza nova).

06. É matéria assente no Supremo Tribunal Federal que a inclusão de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS em sua própria base de cálculo é incons-titucional.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: a inclusão do ICMS na sua pró-pria base de cálculo é chamada de “cálculo por dentro”.

Errado. Segundo o entendimento do STF, a inclusão de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS em sua própria base de cálculo é constitucional. No julgamento do RE 582461 (Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/05/2011, REPER-CUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-158 DIVULG 17-08-2011) restou decidido que “(...) A base de cálculo do ICMS, defi-nida como o valor da operação da circulação de merca-dorias (art. 155, II, da CF/1988, c/c arts. 2º, I, e 8º, I, da LC 87/1996), inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. A Emenda Consti-tucional nº 33, de 2001, inseriu a alínea “i” no inciso XII do § 2º do art. 155 da Constituição Federal, para fazer constar que cabe à lei complementar “fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço”. Ora, se o texto dispõe que o ICMS deve ser calculado com o montante do imposto inserido em sua própria base de cálculo também na importação de bens, naturalmente a interpretação que há de ser feita é que o imposto já era calculado dessa forma em relação às operações internas. Com a alteração constitucional a Lei Complementar ficou autorizada a dar tratamento isonômico na determinação da base de cálculo entre as operações ou prestações internas com as importações do exterior, de modo que o ICMS será calculado "por dentro" em ambos os casos (...)”.

07. A União poderá via lei complementar instituir contribuições residuais para a seguridade social que deverão ser não cumulativas e não possuir o mesmo fato gerador de outras contribuições já discriminadas na Constituição Federal.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: a competência residual ou rema-nescente é apenas da União e encontra guarida em dois dispositivos da Lei Maior: o artigo 154, inciso I e o artigo 195, § 4º. Trata-se da possibilidade de instituir o tributo diverso daqueles já existentes. O artigo 154, inciso I, da CF/88 trata da competência residual para os impostos; o artigo 195, § 4º, da CF/88 dispõe acerca da competência remanescente para as contribuições para a seguridade social. A questão em comento aborda apenas a hipótese contida no artigo 195, § 4º da CF/88.

Certo. Nos termos do artigo 195, § 4º da Carta Maior, “a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obede-cido o disposto no art. 154, I”. Este último dispositivo trata da exigência que a nova contribuição seja não cumulativa e não possua o mesmo fato gerador de outras já discrimi-nadas na Constituição Federal.

08. Segundo o STF, a restituibilidade inerente à espécie tributária denominada empréstimo compulsório deve ocorrer em dinheiro.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: além de previsto no capítulo constitucional atinente ao Sistema Tributário Nacional, o empréstimo compulsório possui todas as características dos tributos contempladas no conceito legal do artigo 3º do CTN, quais sejam: i) é uma prestação pecuniária compulsória; ii) não constitui sanção de ato ilícito; iii) é instituído em lei; iv) é cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Como diferencial, possui a previsão de restituibilidade do produto da sua arrecadação no fim de determinado prazo.

Certo. Há precedente no STF no sentido de que a restituição do que for arrecadado pelo empréstimo compulsório deve ser feita em dinheiro (STF, 175.385/CE).

09. Segundo entendimento do STF e o teor da EC 39/2002, o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa, tampouco mediante contri-buição.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: por não ser um serviço especí-fico e divisível, a iluminação pública não pode constituir fato gerador de taxa, sob pena de afrontar a exigência do artigo 145, inciso II da CF (STF, Súmula Vinculante 41). Vale ressaltar que a Emenda Constitucional 39/2002 implementou a Contribuição para a Iluminação Pública, de competência dos Municípios e do Distrito Federal. Tem por finalidade o custeio dos serviços de iluminação pública

Page 13: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo280

e deve respeitar os preceitos do artigo 150, incisos I e III. Facultativamente, pode ser cobrada nas faturas de con-sumo de energia elétrica (CF, art. 149-A, parágrafo único).

Errado. Segundo a Súmula Vinculante 41, “o serviço de iluminação pública não pode ser remune-rado mediante taxa”. Entretanto, como visto na nota dos autores, o artigo 149-A da CF/88, introduzido pela EC 39/2002 possibilitou a instituição de contribuição para custeio do serviço de custeio de iluminação pública.

10. As custas judiciais, por terem natureza jurídica de taxa, devem manter equivalência entre seu montante e o custo real dos serviços.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: as custas judiciais possuem a natureza jurídica de taxa (Súmula 667 do STF). A taxa é um tributo vinculado por excelência, uma vez que têm por fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição (CTN, art. 77). E, se distinguem dos impostos, que são tributos não vinculados a uma contraprestação estatal específica relativa ao contribuinte (CTN, art. 16).

Certo. A taxa, por ser um tributo com característica contraprestacional ou comutativa, deve guardar equi-valência razoável entre o seu montante cobrado com o custo da atividade estatal que constitui seu fato gerador. Nesse sentido, já decidiu o STF pela “necessidade da exis-tência de limite que estabeleça a equivalência entre o valor da taxa e o custo real dos serviços, ou do proveito do contribuinte” (ADI 1772 MC, Relator: Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 15/04/1998, DJ 08-09-2000).

11. De acordo com o STF, a locação de bens móveis é equiparável à prestação de serviços para fins de inci-dência de ISS.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o assunto já foi objeto de Súmula Vinculante pelo STF.

Errado. Segundo a Súmula Vinculante 31 “é inconsti-tucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qual-quer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis”.

12. Como regra, o ICMS é tido como um imposto pluri-fásico, no entanto, a CF/88 prevê hipótese excepcional de sua incidência monofásica.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o princípio da não cumulativi-dade faz o ICMS ser considerado um imposto plurifásico, porém sem permitir a tributação em cascata, ao dispor que “(o ICMS) será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante

cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal” (CF, art. 155, § 2º, I).

Certo. Não obstante ser classificado como plurifá-sico (conforme teor da nota dos autores), o próprio texto constitucional prevê a incidência monofásica do ICMS. É o que se depreende do teor do artigo 155, § 2º, inciso XII, alínea “h”, pelo qual caberá à lei complementar “definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b”.

13. Uma taxa instituída pela União Federal é uma receita tributária e, como tal, classifica-se como receita de capital.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: a Lei 4.320/64 classifica as receitas como correntes e de capital. As primeiras são “as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes”. Já as segundas “são as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente” (Lei 4.320/64, art. 11, §§ 1º e 2º).

Errado. As taxas, por terem natureza tributária, são receitas correntes (e não de capital).

14. As taxas, diferentemente dos preços públicos, são compulsórias e condicionam-se aos princípios tributá-rios.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: em linhas gerais, taxa é tributo (art. 77 do CTN) e preço público (ou tarifa) não. As taxas estão submetidas ao regime de direito tributário, enquanto as tarifas ou preços públicos ao regime de direito privado, com natureza contratual.

Certo. As taxas possuem natureza tributária (e, portanto, devem respeitar os princípios tributários), dife-rente da tarifa (ou preço público), de natureza contra-tual. Segundo a Súmula 545 do STF, “preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamen-tária, em relação à lei que as instituiu”. Na citada súmula, a expressão “exigência de prévia previsão orçamentária” refere-se ao superado Princípio da Anualidade (previsto na carta constitucional anterior). Atenção que, como o STF não revogou a Súmula 545, algumas bancas examina-doras continuam cobrando o seu texto literal e integral.

Page 14: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo308

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: para resolução da questão, deve o estudante ficar atento ao teor do artigo 32, § 1º do CTN, a saber: “ § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei muni-cipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II – abastecimento de água; III – sistema de esgotos sanitários; IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; e V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado”.

Alternativa correta: letra “c”: assertiva em con-formidade com o artigo 32, § 1º, incisos II e III, do CTN acima transcrito.

Alternativa “a”: exige-se que a escola primária ou posto de saúde esteja a uma distância máxima (e não mínima) de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.

Alternativa “b”: o CTN exige dois melhoramentos e não três conforme exposto na assertiva. Confira o artigo 32, § 1º, do CTN citado na nota dos autores.

Alternativa “d”: consoante exposto no item anterior, o CTN exige dois melhoramentos e não três conforme exposto na assertiva. Confira o artigo 32, § 1º, do CTN citado na nota dos autores.

Alternativa “e”: o inciso IV do § 1º, artigo 32, do CTN exige rede de iluminação pública, com ou sem postea-mento para distribuição domiciliar.

71. A Constituição Federal de 1988 dispõe no seu art. 154 que: “Art. 154. A União poderá instituir: I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação”. Sobre o tema abordado, responda a alternativa incorreta:

a) A supressão gradativa dos impostos extraordinários ocorrerá no prazo máximo de cinco anos, contados da celebração da paz.

b) Os requisitos previstos no art. 154, inciso I, também são aplicáveis para as contribuições residuais para a seguridade social.

c) O dispositivo constante no enunciado da questão (art. 154, inciso I) trata dos impostos residuais que, caso sejam instituídos, não terão parte da arreca-dação direcionada à repartição de receitas tributárias.

d) O exercício da chamada competência extraordinária da União não precisa observar o princípio da ante-rioridade.

e) O Imposto extraordinário de guerra e os empréstimos compulsórios para guerra externa têm em comum, dentre outros aspectos, o fato de serem cabíveis na iminência ou no caso de guerra externa efetiva.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: atenção para a exigência de que seja assinalada a alternativa incorreta.

Alternativa correta: letra “c”: incorreta. A Consti-tuição Federal determina que 20% (vinte por cento) do produto da arrecadação dos impostos residuais pertencem aos Estados e ao Distrito Federal (CF, art. 157, II).

Alternativa “a”: correto. O artigo 76 do CTN fixa o prazo máximo de cinco anos, contados da celebração da paz, para a supressão gradativa dos impostos extra-ordinários.

Alternativa “b”: correto. O artigo 195, § 4º da Carta Magna, ao tratar das contribuições residuais faz referência ao artigo 154, inciso I, nos seguintes termos: “A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I”. Por sua vez, o artigo 154, I, dispõe que “A União poderá instituir mediante lei complementar, impostos (e contribuições) não previstos no artigo ante-rior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição”. Nesse sentido, a União poderá via lei complementar instituir contribuições residuais para a seguridade social que deverão ser não cumulativas e não possuir o mesmo fato gerador de outras contribuições já discriminadas na Constituição Federal.

Alternativa “d”: correto. O exercício da chamada competência extraordinária da União não precisa observar o princípio da anterioridade (CF, art. 150, § 1°). Em outras palavras, o imposto extraordinário de guerra é exceção aos princípios da anterioridade anual e nonagesimal.

Alternativa “e”: correto. Imposto extraordinário de guerra e os empréstimos compulsórios para guerra externa apresentam como similaridade o fato do cabi-mento nas hipóteses de iminência ou no caso de guerra externa efetiva. Também possuem as seguintes peculia-ridades em comum: ambos podem utilizar qualquer fato gerador de tributo para a sua cobrança e são exceções às duas anterioridades (anual e nonagesimal). Diferenciam--se, todavia, em alguns aspectos: O empréstimo compul-sório para guerra externa demanda lei complementar e é restituível, enquanto o imposto extraordinário de guerra não exige lei complementar e não é tributo restituível.

DICAS (RESUMO)

TRIBUTOAntes de tratar das espécies de tributos, importante

o concursando rememorar o conceito previsto no artigo 3º do CTN nos seguintes termos: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade adminis-trativa plenamente vinculada”.

Page 15: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 309

A seguir estão as características detalhadas do conceito legal de tributo:

a) Prestação pecuniária compulsória: pressupõe um comportamento obrigatório de prestação em dinheiro. Ou seja, efetivado o fato previsto na norma, o pagamento do tributo será obrigatório, indepen-dentemente da vontade do contribuinte.

b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: a expressão “em moeda” revela-se, nesse conceito, prescindível e redundante, já que o termo “pecu-niária” encerra igual sentido. Na expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, o legislador ampliou o âmbito das prestações pecuniárias, admitindo o pagamento do tributo em outras formas que não apenas o dinheiro. É certo que, atualmente, o Direito Tributário não aceita o pagamento de tributo in natura (bens) ou in labore (trabalho). No entanto, se houver lei específica do ente credor, os tributos podem ser pagos ou compensados com Títulos da Dívida Pública (TDP) ou Precatórios. Ademais, com o advento da LC 104/2001, foi inserido o inciso XI ao artigo 156 do CTN, que faz referência à dação em pagamento em bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário, na forma e condições estabelecidas em lei ordinária.

c) Que não constitua sanção de ato ilícito: tributo não é penalidade. Logo, não deve ser utilizado como sanção para o contribuinte. Ele se distingue da pena-lidade exatamente porque esta tem como hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese

de incidência do tributo é sempre algo lícito. Ademais, o Princípio da Interpretação Objetiva do “Fato Gerador” (CTN, arts. 118 c/c 126) – Cláusula non olet – pressupõe que o tributo “não fede e não

cheira”. Importa para o Estado arrecadar, angariar fundos para cobrir suas despesas (finalidade fiscal do tributo), não cabendo, nesse instante, aferir ilici-tude do fato ocorrido. Em suma: o fato poderá ser

ilícito, mas a hipótese de incidência (previsão

normativa) jamais o será.

d) Instituída em lei: a obrigação tributária só pode resultar da lei, em abono ao Princípio da Estrita Legalidade. Em regra, a lei ordinária é institui-

dora de tributo. Excepcionalmente, serão insti-tuídos por Lei Complementar: I) impostos sobre grandes fortunas; II) impostos residuais da União; III) contribuições residuais da seguridade social e IV) empréstimos compulsórios. Ressalte-se que Medida Provisória poderá instituir e majorar impostos, exceto os reservados à lei complementar (CF, art. 62, § 1°, III e § 2°).

e) Cobrada mediante atividade administrativa

plenamente vinculada: o Estado é obrigado a cobrar o tributo sempre que ocorra o fato jurídico--tributário e dentro dos limites e condições estabe-lecidas em lei. Tal formalização ocorrerá através do instituto do lançamento tributário (CTN, art. 142). A atividade de cobrança do tributo não pode ser arbi-trária ou discricionária (pautada por juízo de conve-niência e oportunidade), mas apenas vinculada.

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

Para o artigo 5º do CTN, os tributos são impostos, taxas e contribuição de melhoria. No entanto, a jurispru-dência e a doutrina são pacíficas no sentido de que, à luz da Constituição Federal, além dos mencionados no CTN, são tributos também os empréstimos compulsórios e as contribuições (socias e especiais).

Tributos e espécies tributárias (baseado no julgamento da ADI 447 pelo STF – DJ de 05/03/93)

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

• Empréstimos Compulsórios

• Contribuições especiais

Teoria Pentapartida

CF

Teoria Tripartida

CTN • Impostos

• Taxas

• Contribuições de Melhoria

Page 16: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo310

3.2.1) De segu-

ridade social

Art. 195 e §4º, CF/88

3.2.2) Salário

educação

Art. 212, §5º, CF/88

3.3.1) De

intervenção

no domínio

econômico

Art. 149, CF/88

3.3.2) De

interesse de

categorias

profissionais

ou econômicas

Art. 149, CF/88

3.1) De melhoria

Art. 145, III, CF/88;

Art. 81, CTN

3.2) sociais

Art. 149, CF/883.3) Especiais

1) Impostos

Art. 145, I, CF/88;

Art. 16, CTN

2) Taxas

Art. 145, II, CF/88;

Art. 77, CTN;

3) Contri-

buições

4) Emprés-

timos com-

pulsórios

Art. 148, CF/88

Espécies

tributárias

Tributo

(gênero)

Art.3º do CTN

“Os tributos, nas suas diversas espécies, compõem o Sistema Constitucional Tributário brasileiro, que a Constituição inscreve nos seus arts. 145 a 162. Tributo, sabemos todos, encontra definição no art. 3° do CTN, definição que se resume, em termos jurídicos, no constituir ele uma obrigação que a lei impõe às pessoas, de entrega de uma certa importância em dinheiro ao Estado. As obrigações são voluntárias ou legais. As primeiras decorrem da vontade das partes, assim, do contrato; as legais resultam da lei, por isso são denominadas obrigações ex lege e podem ser encontradas tanto no direito público quanto no direito privado. A obrigação tributária, obrigação ex lege, a mais importante do direito público, ‘nasce de um fato qualquer da vida concreta, que antes havia sido qualificado pela lei como apto a deter-minar o seu nascimento.’ (Geraldo Ataliba, ‘Hermenêutica e Sistema Constitucional Tributário’, in ‘Diritto e pratica tributaria’, volume L, Padova, Cedam, 1979). As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou pelo fato gerador da respectiva obrigação (CTN, art. 4°), são a) os impostos (CF, art. 145, I, arts. 153, 154, 155 e 156), b) as taxas (CF, art. 145, II), c) as contribuições, que são c.l) de melhoria (CF, art. 145, III), c.2) sociais (CF, art. 149), que, por sua vez, podem ser c.2.1) de seguridade social (CF, art. 195, CF, 195, § 4°) e c.2.2) salário educação (CF, art. 212, § 5°) e c.3) especiais: c.3.1.) de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2) de interesse de categorias profissionais ou econômicas (CF, art. 149). Constituem, ainda, espécie tributária, d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148).” (ADI 447, Rel. Min. Octavio Gallotti, voto do Min. Carlos Velloso, julgamento em 5-6-1991, Plenário, DJ de 5-3-1993).

Page 17: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 311

IMPOSTOS

• É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal especí-fica, relativa ao contribuinte (CTN, art. 16). Daí ser classificado como tributo não vinculado.

• Além de não ser vinculado a uma atividade estatal específica em relação ao contribuinte, o imposto também é tributo de receita não vinculada a órgão, fundo ou despesa, nos termos do artigo 167, inciso IV, da CF, com algumas exceções constitucionais.

• Os fatos geradores dos impostos estão descritos na Constituição Federal, conforme a classificação a seguir. Apenas a União poderá criar novos impostos, no exercício de sua competência residual.

IMPOSTOS FEDERAIS

(CF, arts. 153 e 154)

IMPOSTOS ESTADUAIS/DF

(CF, art. 155)

IMPOSTOS MUNICIPAIS/DF

(CF, art. 156)

Imposto sobre importação de produtos estrangeiros – II

Imposto sobre transmissão “causa mortis” e doação de quaisquer bens ou direitos – ITCMD

Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU

Imposto sobre exportação, para o exte-rior, de produtos nacionais ou nacionali-zados – IE

Imposto sobre operações relativas a circu-lação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior – ICMS

Imposto sobre a transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição – ITBI ou ITIV

Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza – IR

Imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA

Imposto sobre serviços de qualquer natu-reza serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar – ISS ou ISSQN

Imposto sobre produtos industrializados – IPI – –

Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários – IOF

– –

Imposto sobre a propriedade territorial rural – ITR – –

Imposto sobre grandes fortunas – –

Impostos residuais – –

Impostos extraordinários – –

Os impostos possuem as seguintes classificações:

• Quanto à alíquota: fixos ou progressivos. Fixos são aqueles em que a alíquota não aumenta com o aumento da base de cálculo. Progressivos, ao contrário, a alíquota aumenta com o aumento da base de cálculo. São progres-sivos o IR, ITR e o IPTU.

• Quanto à forma de percepção: diretos e indiretos. Será direto quando o contribuinte real do tributo é o próprio sujeito passivo da obrigação tributária principal, como se dá com o IR. Será indireto quando o contribuinte real do tributo é o consumidor da mercadoria ou do serviço objeto da operação (contribuinte de fato) e o sujeito passivo da obrigação tributária principal (contribuinte de direito) repassa, no preço da mercadoria ou serviço, o imposto devido, como se dá com o IPI e o ICMS. Neste caso, quando o legislador altera a alíquota do tributo, tem em mira o consumidor (contribuinte de fato) e não o empresário (contribuinte de direito).

• Quanto ao objeto de incidência: reais e pessoais. Imposto real é aquele que incide sobre o patrimônio e não leva em consideração as condições inerentes aos contribuintes (exemplos: IPTU e ITBI). Imposto pessoal, ao contrário, leva em consideração as condições dos contribuintes, suas características, estabelecendo diferenças em função dessas condições (IRPF).

IMPOSTOS FEDERAIS

O quadro a seguir sintetiza as principais características dos impostos federais:

Page 18: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo324

• Por fim, há as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, conhecidas como contri-buições profissionais ou corporativas. Caracterizam-se por serem instituídas em favor de categorias profis-sionais ou econômicas, sendo vinculadas a entidades representativas desses segmentos sociais. Têm-se como exemplos CRM, CREA, CRC, CRO, dentre outras.

• Com a Reforma Trabalhista aprovada em 2017, a CLT, lei instituidora da contribuição sindical, passou a estabelecer no seu artigo 578 que: "As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das cate-gorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente auto-rizadas.” E, com isso, o desconto da contribuição em relação a trabalhadores e o pagamento por parte dos empregadores e profissionais liberais passa a ter caráter facultativo (CLT, arts. 579/587). Com a alte-ração promovida, a contribuição sindical deixa de ter caráter tributário, uma vez perder uma caracte-rística essencial do conceito de tributo estabelecido no artigo 3º do CTN, que é a natureza compulsória. Em outras palavras, tornando-se facultativa, a contri-buição sindical passa a ter natureza trabalhista e ser objeto do direito coletivo do trabalho. Exatamente como ocorre com as outras cobranças sindicais facul-tativas, tais como as contribuições confederativa e assistencial, bem como as taxas associativas (Súmula Vinculante 40). De qualquer forma, permanece vigente a competência da União para instituição de contribuições de interesse de categorias profissionais, estabelecida no artigo 149 da CF/88. Consequente-mente, a contribuição sindical poderá retomar a sua natureza tributária caso a sua obrigatoriedade, futura-mente, venha a ser restabelecida em lei, por exemplo, por uma eventual nova alteração da CLT.

• Em relação à OAB, entende-se que não se trata de apenas um conselho de fiscalização de profissão, mas, além disso, possui finalidade institucional, como defender a Consti-tuição e a Justiça. Logo, a natureza da sua cobrança não é igual à dos demais Conselhos. Este debate tem gerado dúvidas sobre a natureza jurídica do valor cobrado pela OAB, tendo o STJ se posicionado no sentido de que este não possui natureza tributária (EREsp 495.918/SC). O tema ainda não foi pacificado pelo STF.

TEMAS DE REPERCUSSÃO GE-

RAL RECONHECIDA E MÉRITO

JULGADO (STF)

TEMA 102

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº7)

É constitucional a incidência de IOF sobre a transmissão de

ações de companhias abertas e as respectivas bonificações,

instituída pelo art. 1º, IV, da Lei 8.033/1990 (Art. 1º São insti-

tuídas as seguintes incidências do imposto sobre operações

de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores

mobiliários: ... IV — transmissão de ações de companhias

abertas e das consequentes bonificações emitidas). Discu-

tia-se a compatibilidade material da norma impugnada com

o art. 153, V, da Constituição Federal, que prevê o IOF, e a

eventual ofensa aos princípios tributários da anterioridade

e da irretroatividade. Debatia-se, também, a necessidade

de lei complementar para instituir o tributo. O Tribunal

esclareceu que não há violação à Constituição em nenhuma

das hipóteses enumeradas. Isso porque a tributação de um

negócio jurídico que tenha por objeto ações e respectivas

bonificações insere-se na competência tributária atribuída

à União no âmbito do Sistema Tributário Nacional, para fins

de instituir imposto sobre operações relativas a títulos ou

valores mobiliários. Não há falar que a exação recairia sobre

o patrimônio, a titularidade das ações, pois a incidência se dá

em relação ao negócio jurídico que envolve a transferências

dos ativos. Ademais, a instituição do imposto, no caso, não

ofende o princípio da anterioridade, dada expressa previsão no art. 150, III, b e § 1º, da CF, que ressalva o IOF da vedação de se cobrar imposto no mesmo exercício financeiro no qual foi insti-tuído. Também não há violação ao princípio da irretroatividade, porquanto o tributo tem por fator gerador futura operação de transmissão de títulos ou valores mobiliários. Por fim, a Corte julgou que a reserva de lei complementar para a instituição de imposto de competência da União somente se aplica no caso de tributos não previstos em nível constitucional. “RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS. IOF. INCI-DÊNCIA SOBRE A TRANSMISSÃO DE AÇÕES DE COMPANHIAS ABERTAS E RESPECTIVAS BONIFICAÇÕES. ART. 1º, IV, DA LEI 8.033/90. 1. Tese do Tema 109 da sistemática da repercussão geral: ‘É constitucional o art. 1º, IV, da Lei 8.033/90, uma vez que a incidência de IOF sobre o negócio jurídico de transmissão de títulos e valores mobiliários, tais como ações de companhias abertas e respectivas bonificações, encontra respaldo no art. 153, V, da Constituição Federal, sem ofender os princípios tributários da anterioridade e da irretroatividade, nem demandar a reserva de lei complementar’. 2. Não há incompatibilidade material entre os arts. 1º, IV, da Lei 8.033/90, e 153, V, da Constituição Federal, pois a tributação de um negócio jurídico que tenha por objeto ações e respectivas bonificações insere-se na competência tributária atribuída à União no âmbito do Sistema Tributário Nacional, para fins de instituir imposto sobre operações relativas a títulos ou valores mobiliários. 3. A instituição do IOF-Títulos e Valores Mobiliários não ofende o princípio da anterioridade, dada expressa previsão no art. 150, III, ‘b’ e § 1º, do Texto Consti-tucional, ao passo que também não viola o princípio da irretro-atividade, porquanto tem por fato gerador futura operação de transmissão de títulos ou valores mobiliários. 4. A reserva de lei complementar para a instituição de imposto de competência da União somente se aplica no caso de tributos não previstos em nível constitucional. Precedentes. 5. Recurso extraordinário conhecido a que se dá provimento, para reformar o acórdão recorrido, assentando a constitucionalidade do art. 1º, IV, da Lei 8.033/90 e, com efeito, a exigibilidade do IOF sobre a transmissão de ações de companhias abertas e respectivas bonificações.” (RE

583.712/SP, rel. ministro Edson Fachin, julgamento em 4-2-2016, acórdão publicado no DJE de 2-3-2016)

TEMA 204

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº7)

É constitucional a previsão legal de diferenciação de

alíquotas em relação às contribuições previdenciárias inci-

dentes sobre a folha de salários de instituições financeiras

ou de entidades a elas legalmente equiparáveis, após a

Page 19: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 325

edição da EC 20/1998. Discutia-se a constitucionalidade do art. 22, § 1º, da Lei 8.212/1991. O preceito impugnado dispõe sobre a contribuição adicional de 2,5% sobre a folha de salários a ser paga por bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobili-ário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e enti-dades de previdência privada abertas e fechadas, considerado o período posterior à aludida emenda constitucional. O Tribunal assinalou que a contribuição incidente sobre a folha de salários está expressamente prevista na Constituição (art. 195, I). Logo, a jurisprudência do STF no sentido de que a lei complementar, para instituição de contribuição social, exigida para os tributos não descritos conforme o disposto no § 4º do art. 195 da CF não se aplica ao caso. O art. 22, § 1º, da Lei 8.212/1991 não prevê nova contribuição ou fonte de custeio, mas mera diferenciação de alíquotas. É, portanto, formalmente constitucional. Quanto à constitucionalidade material, a redação do dispositivo em questão traduz o princípio da igualdade tributária, consubstan-ciado nos subprincípios da capacidade contributiva, aplicável a todos os tributos, e da equidade no custeio da seguridade social. Esses princípios destinam-se preponderantemente ao legislador, pois apenas a lei pode criar distinções entre os cidadãos, dentro dos limites constitucionais. Assim, a escolha legislativa em onerar as instituições financeiras e entidades equiparáveis com alíquota diferenciada, para fins de custeio da seguridade social, reve-la-se compatível com a Constituição, tendo em vista que as ECs 20/1998 e 47/2005 apenas explicitaram o conteúdo do art. 145, § 1º, da CF, ao indicar critérios pelos quais poderiam ser estabe-lecidas distinções entre contribuintes. Ademais, não compete ao Judiciário substituir-se ao legislador na escolha das atividades que terão alíquotas diferenciadas relativamente à contribuição indicada no art. 195, I, da CF. (RE 598.572/SP, rel. ministro Edson Fachin, julgamento em 30-3-2016, acórdão pendente de publi-cação)

TEMA 643

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº7)

Incide o Imposto de Produtos Industrializados (IPI) na impor-

tação de veículo automotor por pessoa natural, ainda que

não desempenhe atividade empresarial e o faça para uso

próprio. Discutia-se, à luz do princípio da não-cumulatividade do referido tributo, a incidência do IPI na importação de automó-veis para uso próprio, por pessoa física, como consumidor final, que não atue na compra e venda de veículos. A Corte ressaltou a seletividade e não cumulatividade do IPI. Mencionou que a Constituição não distingue o contribuinte do imposto que, ante a natureza, pode ser nacional, pessoa natural ou pessoa jurídica brasileira. Além disso, o fato de não estar no âmbito do comércio e a circunstância de adquirir o produto para uso próprio são condições neutras. Além disso, o CTN prevê, em atendimento ao disposto no art. 146 da CF, os parâmetros necessários à inci-dência do IPI em relação a bens importados, presente a defi-nição do fato gerador, da base de cálculo e do contribuinte. O citado imposto incide quando ocorre a produção em território nacional. Políticas de mercado referentes à isonomia devem ser conducentes a homenagear, tanto quanto possível, a circulação dos produtos nacionais, sem prejuízo do fenômeno no tocante aos estrangeiros. Entretanto, a situação estaria invertida se, desprezada a regência constitucional e legal, fosse assentada a não incidência do imposto em produtos industrializados de origem estrangeira, fabricados fora do País e neste introduzidos via importação. O valor dispendido com o produto importado surgiria como próprio à tributação, sem distinção dos elementos que, porventura, o tivessem norteado. Ademais, a exigência do

tributo pela primeira vez não implica a cobrança em cascata do tributo, vedada pelo princípio da não cumulatividade. O Tribunal manteve, desse modo, a jurisprudência quanto à matéria. Por fim, deliberou não modular os efeitos da decisão, porquanto não alcançado o quórum necessário. (RE 723.651/PR, rel. ministro Marco Aurélio, julgamento em 3 e 4-2-2016, acórdão pendente de publicação)

TEMA 891

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº7)

É inconstitucional o art. 1º da Lei 9.960/2000, que instituiu

a Taxa de Serviços Administrativos (TSA), por não definir

de forma específica o fato gerador da exação. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (Plenário Virtual), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. “EMENTA: TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDI-NÁRIO COM AGRAVO. SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS (SUFRAMA). COBRANÇA DA TAXA DE SERVIÇOS ADMI-NISTRATIVOS, INSTITUÍDA PELO ART. 1º DA LEI 9.960/00. INCONS-TITUCIONALIDADE. 1. É inconstitucional o art. 1º da Lei 9.960/00, que instituiu a Taxa de Serviços Administrativos (TSA), por não definir de forma específica o fato gerador da exação. 2. Agravo conhecido para negar provimento ao recurso extraordinário, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafir-mação da jurisprudência sobre a matéria.” (ARE 957.650 RG/AM, rel. ministro Teori Zavascki, julgamento em 6-5-2016, acórdão publicado no DJE de 16-5-2016)

TEMA 16

(LEADING CASE RE 643247)

A segurança pública, presentes a prevenção e o combate

a incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela

unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como

a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao

Município a criação de taxa para tal fim.

TEMA 20

(LEADING CASE RE 565160)

A contribuição social a cargo do empregador incide sobre

ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou poste-

riores à Emenda Constitucional nº 20/1998.

TEMA 69

(LEADING CASE RE 574706)

O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do

PIS e da COFINS.

TEMA 948

(LEADING CASE RE 883542)

A Contribuição Sindical Rural, instituída pelo Decreto-Lei

1.166/1971, foi recepcionada pela ordem constitucional

vigente e não configura hipótese de bitributação.

TEMA 669

(LEADING CASE RE 718874)

É constitucional formal e materialmente a contribuição

social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei

10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a

comercialização de sua produção.

Page 20: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo326

TEMA 1

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº4)

O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, rejeitou-os e

manteve o entendimento firmado na apreciação do recurso

extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral.

Dessa forma, reafirmou-se a orientação no sentido da

inconstitucionalidade da inclusão de ICMS, bem como de

PIS/Pasep e de Cofins, na base de cálculo dessas mesmas

contribuições sociais incidentes sobre a importação de

bens e serviços. A Corte registrou que a modulação de efeitos em declaração de inconstitucionalidade é medida excepcional, inocorrente na espécie. Discutia-se, no mérito, a constitucionali-dade da expressão acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições, contida no inciso I do art. 7º da Lei 10.865/2004. O Colegiado reputou violado o art. 149, § 2º, III, a, da CF, introdu-zido pela EC 33/2001, e, em consequência, assentou a inconsti-tucionalidade da mencionada expressão. (RE 559.937 ED/RS6, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/9/2014, acórdão publicado no DJe de 14/10/2014)

TEMA 8

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº4)

O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, acolheu-os,

sem efeitos modificativos, apenas para prestar esclareci-

mento, e manteve a orientação firmada no julgamento do

recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão

geral. Dessa forma, reafirmou o entendimento no sentido de

que a CSLL incide sobre o lucro das empresas exportadoras,

uma vez que a imunidade prevista no art. 149, § 2º, I, da CF

(com a redação dada pela EC 33/2001) não o alcança. A Corte consignou inexistir contradição no acórdão embargado, pois a legislação foi observada. Discutia-se, no mérito do extraordinário, a possibilidade de excluir da base de cálculo da CSLL as receitas oriundas das operações de exportação efetuadas a partir da EC 33/2001. O Colegiado assentou que os preceitos regedores da imunidade tributária devem ser interpretados de forma estrita, bem assim que a imunidade em questão não abarca o lucro das empresas exportadoras, o qual não se confunde com receita. (RE

564.413 ED/SC, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/8/2014, acórdão publicado no DJe de 30/10/2014)

TEMA 166

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº4)

O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, rejeitou-os e

manteve o entendimento firmado na apreciação do recurso

extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral.

Dessa forma, reafirmou-se a orientação no sentido da incons-

titucionalidade da contribuição a cargo de empresa, desti-

nada à seguridade social – no montante de quinze por cento

sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de

serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por

cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho –,

prevista no art. 22, IV, da Lei 8.212/1991, com a redação dada

pela Lei 9.876/1999. Pretendia-se a modulação dos efeitos da decisão que declarou a inconstitucionalidade da referida exação. A Corte afirmou a excepcionalidade da medida requerida, cujos requisitos não estavam presentes no caso. (RE 595.838 ED/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 177 e TEMA 323

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº4)

Incide o PIS/Pasep sobre atos ou negócios jurídicos prati-

cados por cooperativa prestadora de serviço com terceiros

tomadores de serviço, resguardadas as exclusões e dedu-

ções legalmente previstas. Ademais, são legítimas as alte-

rações introduzidas pela Medida Provisória 1.858/1999, no

que revogou a isenção da Cofins e PIS concedidas às socie-

dades cooperativas. Discutia-se a exigibilidade da contribuição para o PIS sobre os atos próprios das sociedades cooperativas, tendo em vista o disposto na MP 2.158-33/2001, originariamente editada sob o nº 1.858/1999. O Tribunal registrou que o cerne da controvérsia diz respeito a eventual inserção, na materialidade da contribuição ao PIS/Pasep, das receitas auferidas pelas coope-rativas de trabalho decorrentes dos negócios jurídicos praticados com terceiros, não cooperados. Examinou, ainda, a possibilidade de caracterização como hipótese de não incidência tributária, caso as receitas não sejam configuradas como receita da coope-rativa, e sim do cooperado. A Corte afirmou que a Constituição impõe ao Estado o apoio e o estímulo à formação de cooperativa (CF, art. 174, § 2º). Além disso, estabelece que a lei complementar dispense tratamento adequado dirigido ao ato cooperativo prati-cado por sociedade cooperativa (CF, art. 146, III, c). O texto cons-titucional também possibilita a tributação de ato cooperativo ao dispor que a lei complementar estabeleça a forma adequada para tanto. Assim, o art. 146, III, c, da CF não garante imunidade ou tratamento necessariamente privilegiado às cooperativas, mas tratamento diferenciado. Nesse sentido, do tema em exame, se extraem dois importantes valores constitucionais: de um lado, a vontade do constituinte de fomentar a criação de organizações cooperativistas; e, de outro, a fixação de regime universalista de financiamento da seguridade social. Tendo isso em conta, até que sobrevenha a lei complementar que defina o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo, a legislação ordinária relativa a cada espécie tributária deve, com relação a ele, garantir a neutralidade e a transparência, para que o tratamento tribu-tário conferido ao ato cooperativo não resulte em tributação mais gravosa aos cooperados – pessoas físicas ou pessoas jurí-dicas – do que aquela que incidiria se as mesmas atividades fossem realizadas sem a associação em cooperativa. O Plenário consignou que a Lei 5.764/1971 foi recepcionada pela Consti-tuição com natureza de lei ordinária e que o seu art. 79 apenas define o ato cooperativo, sem nada mencionar quanto ao regime de tributação. Desse modo, a alegação de que as sociedades cooperativas não possuem faturamento nem receita – e que, portanto, não há a incidência de qualquer tributo sobre a pessoa jurídica – implica, em termos práticos, a concessão de imunidade tributária, sem expressa autorização constitucional. Logo, o trata-mento tributário adequado ao ato cooperativo é uma questão política, e eventual insuficiência de normas não pode ser tida por violadora do princípio da isonomia. (RE 598.085/RJ, rel. Min. Luiz Fux, e RE 599.362/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 6/11/2014, acórdãos pendentes de publicação)

TEMA 277

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº4)

O disposto no art. 76 do ADCT – que desvincula 20% do

produto da arrecadação da União em impostos, contribui-

ções sociais e contribuições de domínio econômico de órgão,

fundo ou despesa –, independentemente de sua validade

constitucional, não gera direito a repetição de indébito.

Discutia-se a constitucionalidade da desvinculação tributária levada a efeito pelas EC 27/2000 e EC 42/2003 e o consequente direito à restituição da denominada Desvinculação de Receitas da União – DRU em razão de sua suposta inconstitucionalidade. O Tribunal afirmou que os impostos são tributos classificados

Page 21: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo332

montante devido nas operações ou prestações seguintes (CF, art. 155, § 2º, II, a). Em razão desse contexto, somente em 1999, com a edição da Lei 9.779/99, observar-se-ia a possibilidade do credi-tamento. Antes disso, não haveria base, quer sob o aspecto inter-pretativo em virtude do princípio da não cumulatividade, quer sob o aspecto legal expresso, para concluir-se pela procedência desse direito. (RE 562.980/SC5, rel. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 6/5/2009, acórdão publicado no DJe de 4/9/2009)

TEMA 63

(BOLETIM DE REPERCUSSÃO GERAL Nº1)

O crédito-prêmio de IPI, tendo em vista a sua natureza de incen-

tivo fiscal de caráter setorial, deixou de vigorar com o advento

da Constituição de 1988, ante a ausência de edição de lei super-

veniente sobre o tema no prazo definido no § 1º do art. 41 do

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT (“Art. 41. Os Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios reavaliarão todos os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes Legis-lativos respectivos as medidas cabíveis. § 1º – Considerar-se-ão revogados após dois anos, a partir da data da promulgação da Constituição, os incentivos que não forem confirmados por lei”).

Discutia-se o termo final de vigência do referido benefício, instituído pelo Decreto-Lei 491/69. O Tribunal destacou que o mencionado crédito-prêmio teria sido criado com o fim de promover o desen-volvimento do setor industrial, por meio de incentivo à exportação de produtos manufaturados. Aduziu que o art. 41 do ADCT objeti-varia a revisão de todos os incentivos fiscais vigentes à época, com exceção dos de natureza regional. Assim, diante da não confirmação do crédito-prêmio de IPI nos dois anos seguintes à promulgação da Constituição de 1988, ele teria sido extinto em 5/10/90. A Corte deliberou, ainda, no sentido de adotar as regras do art. 543-B do CPC. (RE 561.485/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/8/2009, acórdão publicado no DJe de 26/2/2010)

SÚMULAS APLICÁVEIS

• Súmula vinculante 12: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal”.

• Súmula vinculante 19: “A taxa cobrada exclusiva-mente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II da Constituição Federal”.

• Súmula vinculante 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra”.

• Súmula vinculante 31: “É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis”.

• Súmula vinculante 32: “O ICMS não incide sobre a alienação de salvados de sinistros pelas segura-doras”.

• Súmula vinculante 40: “A contribuição confedera-tiva de que trata o art. 8º, IV, da constituição federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.

• Súmula Vinculante 41: “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”.

• Súmula Vinculante 48: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.

• Súmula 75, do STF: “Sendo vendedora uma autar-quia, a sua imunidade fiscal não compreende o imposto de transmissão inter vivos, que é encargo do comprador”.

• Súmula 93, do STF: “Não está isenta do imposto de renda a atividade profissional do arquiteto”.

• Súmula 112, do STF: “O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”.

• Súmula 113, do STF: “O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação”.

• Súmula 114, do STF: “O imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação do cálculo”.

• Súmula 115, do STF: “Sobre os honorários do advo-gado contratado pelo inventariante, com a homolo-gação do juiz, não incide o imposto de transmissão causa mortis”.

• Súmula 241, do STF: “A contribuição previdenciária incide sobre o abono incorporado ao salário”.

• Súmula 331, do STF: “É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário por morte presumida”.

• Súmula 539, do STF: “É constitucional a lei do muni-cípio que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro”.

• Súmula 545, do STF: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferen-temente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orça-mentária, em relação à lei que as instituiu”.

• Súmula 573, do STF: “Não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato”.

• Súmula 574 STF: “Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do imposto de circulação de mercadorias sobre o fornecimento de alimentação e bebidas em restaurante ou estabelecimento similar”.

• Súmula 575, do STF: “À mercadoria importada de país signatário do GATT, ou membro da ALALC, estende-se a isenção do imposto sobre circulação de mercadorias concedida a similar nacional”.

• Súmula 583, do STF: “Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano”.

Page 22: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 333

• Súmula 584, do STF: “Ao imposto de renda calcu-lado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração”.

• Súmula 586, do STF: “Incide imposto de renda sobre os juros remetidos para o exterior, com base em contrato de mútuo”.

• Súmula 587, do STF: “Incide imposto de renda sobre o pagamento de serviços técnicos contratados no exterior e prestados no Brasil”.

• Súmula 588, do STF: “O imposto sobre serviços não incide sobre os depósitos, as comissões e taxas de desconto, cobrados pelos estabelecimentos bancários”.

• Súmula 589, do STF: “É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e terri-torial urbano em função do número de imóveis do contribuinte”.

• Súmula 590, do STF: “Calcula-se o imposto de transmissão “causa mortis” sobre o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor”.

• Súmula 591, do STF: “A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos industriali-zados”.

• Súmula 595, do STF: “É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto terri-torial rural”.

• Súmula 656, do STF: “É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel”.

• Súmula 658 STF: “São constitucionais os arts. 7º da Lei 7787/1989 e 1º da Lei 7894/1989 e da Lei 8147/1990, que majoraram a alíquota do Finsocial, quando devida a contribuição por empresas dedi-cadas exclusivamente à prestação de serviços”.

• Súmula 659, do STF: “É legítima a cobrança da Cofins, do PIS e do Finsocial sobre as operações rela-tivas a energia elétrica, serviços de telecomunica-ções, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país”.

• Súmula 660, do STF: “Não incide ICMS na impor-tação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto”.

• Súmula 662, do STF: “É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras cinematográficas, gravados em fitas de videocas-sete”.

• Súmula 663, do STF: “Os §§ 1° e 3° do art. 9° do DL 406/68 foram recebidos pela Constituição”.

• Súmula 664, do STF: “É inconstitucional o inciso V do art. 1° da Lei 8.033/90, que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e

seguros – IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança”.

• Súmula 665, do STF: “É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobi-liários instituída pela Lei 7.940/89”.

• Súmula 667, do STF: “Viola a garantia constitu-cional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calcu-lada sem limite sobre o valor da causa”.

• Súmula 668, do STF: “É inconstitucional a lei muni-cipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumpri-mento da função social da propriedade urbana”.

• Súmula 732, do STF: “É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a CF/1988, e no regime da Lei 9.424/96”.

• Súmula 20, do STJ: “A mercadoria importada de país signatário do GATT é isenta do ICM, quando contemplado com esse favor o similar nacional”.

• Súmula 68, do STJ: “A parcela relativa ao ICM inclui-se na base de cálculo do PIS”.

• Súmula 95, do STJ: “A redução da alíquota do imposto sobre produtos industrializados ou do imposto de importação não implica redução do ICMS”.

• Súmula 125, do STJ: “O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do imposto de renda”.

• Súmula 135, do STJ: “O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes”.

• Súmula 136, do STJ: “O pagamento de licença--prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda”.

• Súmula 138, do STJ: “O ISS incide na operação de arrendamento mercantil de coisas móveis”.

• Súmula 152, do STJ: “Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS”.

• Súmula 155, do STJ: “O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física, para uso próprio”.

• Súmula 156, do STJ: “A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob enco-menda, ainda que envolva fornecimento de merca-dorias, está sujeita, apenas, ao ISS”.

• Súmula 160, do STJ: “É defeso, ao Município, atua-lizar o IPTU, mediante decreto, em percentual supe-rior ao índice oficial de correção monetária”.

• Súmula 163, do STJ: “O fornecimento de merca-dorias com a simultânea prestação de serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação”.

• Súmula 166, do STJ: “Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de

Page 23: ALAN MARTINS DIMAS YAMADA SCARDOELLI HARRISON LEITE …€¦ · 12 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo falar em identidade total com a base de cálculo

Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo334

um para outro estabelecimento do mesmo contri-buinte”.

• Súmula 167, do STJ: “O fornecimento de concreto, por empreitada, para construção civil, preparado no trajeto até a obra em betoneiras acopladas a cami-nhões, é prestação de serviço, sujeitando-se apenas à incidência do ISS”.

• Súmula 178, do STJ: “O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios, propostas na justiça estadual”.

• Súmula 185, do STJ: “Nos depósitos judiciais, não incide o imposto sobre operações financeiras”.

• Súmula 198, do STJ: “Na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso próprio, incide o ICMS”.

• Súmula 215, do STJ: “A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão volun-tária não está sujeita à incidência do imposto de renda”.

• Súmula 237, do STJ: “Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao financiamento não são considerados no cálculo do ICMS”.

• Súmula 262, do STJ: “Incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras reali-zadas pelas cooperativas”.

• Súmula 274, do STJ: “O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se neles as refeições, os medicamentos e as diárias hospita-lares”.

• Súmula 334, do STJ: “O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à internet”.

• Súmula 350, do STJ: “O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular”.

• Súmula 351, do STJ: “A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro”.

• Súmula 386, do STJ: “São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional”.

• Súmula 391, do STJ: “O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada”.

• Súmula 395, do STJ: “O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal”.

• Súmula 396, do STJ: “A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da contribuição sindical rural”.

• Súmula 397, do STJ: “O contribuinte do IPTU é noti-ficado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço”.

• Súmula 399, do STJ: “Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU”.

• Súmula 407, do STJ: “É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuá-rios e as faixas de consumo”.

• Súmula 411, do STJ: “É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrentes de resistência ilegítima do Fisco”.

• Súmula 412, do STJ: “A ação de repetição de indé-bito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil”.

• Súmula 423, do STJ: “A Contribuição para Financia-mento da Seguridade Social – Cofins incide sobre as receitas provenientes das operações de locação de bens móveis”.

• Súmula 424, do STJ: “É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao DL n° 406/1968 e à LC 56/1987”.

• Súmula 425, do STJ: “A retenção da contribuição para a seguridade social pelo tomador do serviço não se aplica às empresas optantes pelo Simples”.

• Súmula 433, do STJ: “O produto semielaborado, para fins de incidência de ICMS, é aquele que preenche cumulativamente os três requisitos do art. 1° da Lei Complementar 65/1991”.

• Súmula 447, do STJ: “Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores”.

• Súmula 448, do STJ: “A opção pelo Simples de estabelecimentos dedicados às atividades de creche, pré-escola e ensino fundamental é admitida somente a partir de 24.10.2000, data de vigência da Lei nº 10.034/2000”.

• Súmula 457, do STJ: “Os descontos incondicionais nas operações mercantis não se incluem na base de cálculo do ICMS”.

• Súmula 458, do STJ: “A contribuição previdenci-ária incide sobre a comissão paga ao corretor de seguros”.

• Súmula 463, do STJ: “Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo”.

• Súmula 468, do STJ: “A base de cálculo do PIS, até a edição da MP nº 1.212/1995, era o faturamento ocor-rido no sexto mês anterior ao do fato gerador”.

• Súmula 494, do STJ: “O benefício fiscal do ressarci-mento do crédito presumido do IPI relativo às expor-tações incide mesmo quando as matérias-primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurí-dica não contribuinte do PIS/PASEP”.

• Súmula 495, do STJ: “A aquisição de bens inte-grantes do ativo permanente da empresa não gera direito a creditamento de IPI”.

• Súmula 498, do STJ: “Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais”.