filiação socioafetiva - dr. dimas de carvalho

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FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA PRINCÍPIOS NORTEADORES E EFETIVIDADE DA AFETIVIDADE DIMAS MESSIAS DE CARVALHO Promotor de Justiça aposentado Professor na UNIFENAS e UNILAVRAS Advogado Membro do IBDFAM Autor de Obras Jurídicas Email: [email protected]

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XI Congresso Brasileiro de Direito de Família FAMÍLIAS: PLURALIDADE E FELICIDADE 2013

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Page 1: Filiação socioafetiva - Dr. dimas de carvalho

FILIAÇÃO SOCIOAFETIVAPRINCÍPIOS NORTEADORES E

EFETIVIDADE DA AFETIVIDADE

DIMAS MESSIAS DE CARVALHOPromotor de Justiça aposentadoProfessor na UNIFENAS e UNILAVRASAdvogadoMembro do IBDFAMAutor de Obras JurídicasEmail: [email protected]

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• 1. INTRODUÇÃO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FILIAÇÃO

• A desigualdade entre os filhos é fato histórico nahumanidade.

• Nas civilizações antigas os filhos não havidos docasamento não podiam ser reconhecidos.

• Culto doméstico x Justiniano x Cristianismo.

• DIREITO FRANCÊS – “bâtards ne succedent”.

• NAPOLEÃO – “a sociedade não tem interesse em que osbastardos sejam reconhecidos”.

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• CC/1916 – art. 363: autorizou o reconhecimentocompulsório dos filhos naturais.

• Art. 358 – vedou o reconhecimento dos filhosincestuosos e adulterinos.

FILHOS

Legítimo

Legitimado

Ilegítimo

Civil - Adotivo

Natural

EspúrioIncestuosoAdulterino

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• CF/1988 – art. 227, § 6º: aboliu a desigualdade ediscriminação entre os filhos.

• ECA – art. 27: excluiu qualquer restrição à investigaçãode paternidade.

• CC/2002 – art. 1.593: admite a filiação não biológica por“outra origem” além da adoção.

FILHOSBiológicos

Outra origemAdoçãoReprodução heterólogaSocioafetivo – posse do estado de filho

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• 2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NORTEADORES DODIREITO DE FAMÍLIA

• Positivismo x Direito humanizado

• O positivismo é insuficiente para regular as situaçõesexistenciais, como os “filhos de criação” – necessidadede um direito mais humanizado que valorize a pessoahumana e resguarde os direitos fundamentais.

• Necessidade de aplicação dos princípios para acolher asrelações pessoais não previstas expressamente.

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• Os princípios são os pontos básicos e vitais parasustentação do ordenamento jurídico, conferindocoerência, unidade e presidindo o sistema jurídicoem toda sua extensão e substancialidade. Possuemforça normativa aberta e permitindo sua aplicaçãono caso concreto.

• Rodrigo da Cunha Pereira arrola dez princípiosfundamentais norteadores do Direito de Família.Dentre eles aplicam-se diretamente na filiaçãosocioafetiva:

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• Princípio da dignidade humana, que confere valormaior à proteção do ser humano, prezando-o pelo “serpessoa” e cerne do direito. É um macroprincípio sob oqual estão contidos e irradiam os demais.

• Princípio da igualdade, que importa na isonomia dosfilhos e inclusão de todos na família, independente daorigem. Põe fim ao apartheid legal imposto aos filhos.

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• Princípio do melhor interesse da criança e doadolescente, que preserva e protege integralmente aspessoas em formação em detrimento dos interessesdos pais.

• Princípio da afetividade, implícito no textoconstitucional é o elemento agregador e inspirador dafamília. Confere comunhão de vida e estabilidade nasrelações afetivas, exteriorizadas, que prevalecem sobrequestões econômicas e biológicas, tornando osmembros da entidade familiar solidários.

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• 3. FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA E CONVIVÊNCIA FAMILIAR

• A filiação socioafetiva (filhosde criação) é cultural, deixa deser biológica para ser umaverdade afetiva, para conceberum filho no coração,desbiologizando a paternidade.• Está umbilicalmente ligada àconvivência familiar, ondesurgem, frutificam econsolidam os laços de afeto.

• “Encontra amparo geral de tutela da personalidadehumana” (Min. Nancy Andrighi).

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• Afeto – trata dos sentimentos humanos, internos, comoamor, amizade, carinho, cuidados, paixão(inapreensíveis pelo direito).

• Afetividade – são as manifestações de afetoexteriorizadas, refletindo o afeto no mundo dos fatos,possibilitando a apreensão jurídica das relaçõesafetivas.

• Socioafetividade – é o reconhecimento da afetividadeexternada: fato social (sócio) e a incidência do princípionormativo (afetividade) – Paulo Lôbo. É oreconhecimento da afetividade no mundo dos fatos. Arealidade fático-jurídica concreta.

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• Posse do estado de filho – tratactus; nominatio;reputatio. Traz para o mundo jurídico uma verdadesocial.Paulo Lôbo:

• a) pessoas que comportam como pai e mãe e outrapessoa que se comporta como filho;

• b) convivência familiar;

• c) estabilidade do relacionamento;

• d) afetividade.

• A pessoa possui plena liberdade de afeiçoar a outra,mas afeiçoando e exteriorizando o afeto criandorelações familiares, gera responsabilidade e obriga.

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• 4. EFETIVIDADE DA AFETIVIDADE E EFEITOS DAFILIAÇÃO SOCIOAFETIVA

• O reconhecimento da filiação socioafetiva confereefetividade ao princípio da afetividade e a produção detodos os efeitos jurídicos.

• “Configuradas a filiação e paternidade socioafetiva,deve ser desconsiderada a verdade biológica” (TJRS. ACnº 70040477960. Rel. Des. Luis Felipe Brasil Santos. J.01.12.2011).

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• AÇÃO DECLARATÓRIA DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA:

• “Não há que se falar em impossibilidade jurídica dopedido de reconhecimento de filiação socioafetiva,posto que esta pretensão encontra respaldo no art.1.593, CC” (TJMG. AC nº 1.0701.09.260881-2/001. Rel.Des. Elias Camilo. J. 03.12.2009).

• “Não se pode olvidar que a construção de uma relaçãosocioafetiva, na qual se encontra caracterizada, demaneira indelével, a posse do estado de filho, dá a esseo direito subjetivo de pleitear, em juízo, oreconhecimento desse vínculo” (STJ. REsp. nº 1.189.663-RS. Relª. Min. Nancy Andrighi. J. 06.09.2011).

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• PRECEDENTES EM AÇÕES DECLARATÓRIAS DE PATERNIDADESOCIOAFETIVA:

• 5ª Vara de Família – Comarca de Belo Horizonte. Juiz AmauriPinto Ferreira. Autos nº 0024.08.066633-1. J. 02.03.2010.

• Vara única da Comarca de Itumirim/MG. Juiz Célio Marcelinoda Silva. Autos nº 0001357-70.2010. J. 11.07.2012.

• TJMG: EMENTA: APELAÇÃO – RECONHECIMENTO DEPATERNIDADE SOCIOAFETIVA – POSSIBILIDADE –DEMONSTRAÇÃO – SENTENÇA MANTIDA.

• Mantém-se a sentença que julga procedente o pedido emação de reconhecimento de paternidade socioafetiva,quando devidamente configurada, no caso concreto, aexistência de vínculo socioafetivo, o que torna viável apretensão ( AC nº 1.0343.10.000135-7/001. Rel. Des. KildareCarvalho. J. 08.08.2013.

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• EFEITOS JURÍDICOS NA FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA:

• Estado de filiação - (parentesco social) transcrita noregistro civil.

• Direito ao nome de família - excluindo a famíliabiológica (como ocorre na adoção).

• Alimentos – direito recíproco, estendendo aos parentessocioafetivos.

• Poder familiar - conferido aos pais socioafetivos, o queinclui guarda e direitos previdenciários.

• Direito à convivência familiar - com o genitor nãoguardião em caso de separação dos pais.

• Direitos sucessórios - recíprocos entre o filho e osparentes socioafetivos.

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JESUS

É O MAIOR EXEMPLO NA HISTÓRIA DE FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA, AO SER

ACOLHIDO COMO FILHO POR

JOSÉ

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MUITO

OBRIGADO!

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