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Belém - PA, 21 a 24 de julho de 2013 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural [Trabalho 1685 ] APRESENTAÇÃO ORAL REINALDO KNOREK;ANDRESSA CASARIL. UNIVERSIDADE DO CONTESTADO, CANOINHAS - SC - BRASIL; ADMINISTRAÇÃO RURAL: A IMPORTÂNCIA PARA UMA GESTÃO ECONÔMICA SUSTENTÁVEL EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS. Grupo 2. Economia e Gestão no Agronegócio Resumo Esse artigo tem como assunto de discussão a Administração Rural e a importância para os agricultores familiares em pequenas propriedades rurais e o objetivo se fundamenta em investigar a forma com que os mesmos gerenciam suas propriedades. É apresentada uma pesquisa com cinquenta produtores rurais na região de Canoinhas-SC, dos quais o principal valor-produto acumulado advém da exploração de atividades ligadas à agricultura familiar: especialmente o cultivo do tabaco. A pesquisa realizada é de abordagem qualitativa e quantitativa, onde foram aplicadas perguntas aos produtores rurais ou responsáveis pelas propriedades rurais. Os resultados apurados sobre administração rural, em sua grande maioria, improvisam uma administração por meio de técnicas desenvolvidas pela ciência da administração geral, porquanto, os mesmos conhecem a importância de um bom planejamento, de cálculos de custos e lucros, de se obter investimentos, enfim de se fazer uma administração de qualidade como uma ferramenta de gestão da propriedade rural. É preciso criar uma nova visão para os pequenos produtores, ou seja, de se fundarem como administradores rurais e não apenas agricultores de sobrevivência: titubearem que para desenvolver um negócio lucrativo e de sucesso devem agregar, sobretudo, valores ao que produzem e, consequentemente, aumentar a produtividade e obter maiores lucros com as atividades desenvolvidas na propriedade rural. Palavras-chave Administração rural, Agricultura familiar, Gestão agrícola, Sustentabilidade econômica. Abstract That article has as discussion subject the Country Administration and the importance for the family farmers in small country properties and the objectified it bases in investigating the form with that its same gerenciam properties. A research is presented with fifty rural producers in the area of Canoinhas-SC, of which the main value-product accumulated added of the exploration of activities linked to the family agriculture: especially the cultivation of the tobacco. The realized research is of qualitative and quantitative approach, where they were applied questions to the country or responsible producers for the rural properties. The select results about rural administration, in its great majority, improvise an administration by means of techniques developed by the science of the general administration, for quants, the same ones know the importance of a good planning, of costing’s and profits, of obtaining investments, finally of doing a quality administration as a tool of administration of the rural

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Belém - PA, 21 a 24 de julho de 2013

SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

[Trabalho 1685 ]

APRESENTAÇÃO ORAL

REINALDO KNOREK;ANDRESSA CASARIL.

UNIVERSIDADE DO CONTESTADO, CANOINHAS - SC - BRASIL;

ADMINISTRAÇÃO RURAL: A IMPORTÂNCIA PARA UMA GESTÃO ECONÔMICA SUSTENTÁVEL EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS.

Grupo 2. Economia e Gestão no Agronegócio

Resumo

Esse artigo tem como assunto de discussão a Administração Rural e a importância para os agricultores familiares em pequenas propriedades rurais e o objetivo se fundamenta em investigar a forma com que os mesmos gerenciam suas propriedades. É apresentada uma pesquisa com cinquenta produtores rurais na região de Canoinhas-SC, dos quais o principal valor-produto acumulado advém da exploração de atividades ligadas à agricultura familiar: especialmente o cultivo do tabaco. A pesquisa realizada é de abordagem qualitativa e quantitativa, onde foram aplicadas perguntas aos produtores rurais ou responsáveis pelas propriedades rurais. Os resultados apurados sobre administração rural, em sua grande maioria, improvisam uma administração por meio de técnicas desenvolvidas pela ciência da administração geral, porquanto, os mesmos conhecem a importância de um bom planejamento, de cálculos de custos e lucros, de se obter investimentos, enfim de se fazer uma administração de qualidade como uma ferramenta de gestão da propriedade rural. É preciso criar uma nova visão para os pequenos produtores, ou seja, de se fundarem como administradores rurais e não apenas agricultores de sobrevivência: titubearem que para desenvolver um negócio lucrativo e de sucesso devem agregar, sobretudo, valores ao que produzem e, consequentemente, aumentar a produtividade e obter maiores lucros com as atividades desenvolvidas na propriedade rural.

Palavras-chave – Administração rural, Agricultura familiar, Gestão agrícola, Sustentabilidade econômica.

Abstract

That article has as discussion subject the Country Administration and the importance for the family farmers in small country properties and the objectified it bases in investigating the form with that its same gerenciam properties. A research is presented with fifty rural producers in the area of Canoinhas-SC, of which the main value-product accumulated added of the exploration of activities linked to the family agriculture: especially the cultivation of the tobacco. The realized research is of qualitative and quantitative approach, where they were applied questions to the country or responsible producers for the rural properties. The select results about rural administration, in its great majority, improvise an administration by means of techniques developed by the science of the general administration, for quants, the same ones know the importance of a good planning, of costing’s and profits, of obtaining investments, finally of doing a quality administration as a tool of administration of the rural

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property. It is necessary to create a new vision for the small producers, that is to say, of if they found as country administrators and not just survival farmers: they hesitate that to develop a lucrative business and of success they should join, above all, values to the that they produce and, consequently, to increase the productivity and to obtain larger profits with the activities developed in the rural property.

Word-key - Country Administration, Agricultural Administration, Economic sustainability.

1- O INÍCIO DA ADMINISTRAÇÃO GERAL

A administração surgiu há muitos anos, não precisamente com as conexões da atualidade, mas desde esses primórdios a humanidade e o homem busca juntar esforços, para atingir algum objetivo e aí surgiram as empresas rudimentares que de certa forma cada um, ocasionalmente administravam do seu modo. Segundo Chiavenato (1989 p.3) “a palavra Administração vem do latim, ad (junto de) e ministratio(prestação de serviço), e significa a ação de prestar serviço ou ajuda”. Atualmente administrar não é somente a ação de governar e conduzir uma empresa, mas também todas as atividades de planejamento, organização, direção e controle de um modo geral dentro da organização. Administrar significa planejar, organizar, dirigir e controlar as organizações e as tarefas, tendo como objetivo maior produtividade e lucratividade. Enfim, a administração é o processo ou atividade dinâmica, que consiste em tomar decisões sobre objetivos e recursos. Principiar aí a necessidade de se haver uma administração mais complexa, onde se pudesse ter o controle de tudo o que era de posse da organização. O que levou a se desenvolver um modo mais complexo e eficaz de administrar uma empresa se organiza a partir do surgimento das máquinas e o consequente crescimento das organizações devido aos acontecimentos decorrentes da Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra com a invenção de James Watt em 1776 a máquina a vapor. Com essa invenção desencadeia-se um avanço para a industrialização, que se espalhou rapidamente entre a Europa e os Estados Unidos. A Revolução Industrial se desenvolveu em duas etapas a primeira fase de 1780 a 1860, e a revolução do carvão e do ferro (como principal fonte de energia, e matéria prima), começa com a introdução da máquina de fiar, do tear hidráulico e posteriormente do tear mecânico, do descaroçador de algodão, provocando a mecanização das oficinas e da agricultura. O trabalho do homem é substituído pelas máquinas, surgindo aí o sistema fabril: o antigo artesão transforma-se no operário e a pequena oficina patronal cede lugar a fábrica e a usina. A segunda fase, de 1860 a 1914, é a revolução da eletricidade e derivados do petróleo e do aço (como nova fonte de energia, e matéria prima). É a introdução definitiva da maquinaria automática e da especialização do operário. Há uma intensa transformação nos meios de transportes e nas comunicações: surge a estrada de ferro, o automóvel, o avião, o telégrafo sem fio, o rádio. O capitalismo financeiro se consolida e surgem as grandes organizações multinacionais e a partir daí surgem técnicas em administração que ao longo do tempo foram sendo aprimoradas. (CHIAVENATO, 1989)

1.2 ADMINISTRAÇÃO RURAL

Na atualidade, vivemos num mundo cheio de incertezas, mudanças rápidas em todos os níveis socioeconômicos e para tanto é sucinto um esforço, por parte de todas as organizações como as empresas na busca de aperfeiçoamento de seu produto e serviços. Na

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administração de uma empresa agrícola, também é necessário um bom planejamento, estrutura, enfim, tudo que as outras empresas fazem para ter bons lucros para crescerem cada vez mais, nas agrícolas não é diferente. O negócio agrícola vai muito além da simples produção de grãos ou de animais, precisa transpassar o conhecer de cada etapa do processo e interferir nelas alternativas de agregar valores e, assim o empresário rural pode aumentar seus lucros.

Segundo Marion (1996, p.22) “empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo através do cultivo da terra, da criação, e da transformação de determinados produtos agrícolas”

Para Antunes (2001, p. 157):

O produtor rural moderno há muito tempo, já se deu conta que conhecer, mesmo que profundamente, apenas a realidade em que vive não mais lhe dá o conhecimento necessário para sobreviver à competitividade e escassez de mercados, que a globalização da economia mundial gerou. Na maioria dos casos, o mundo vive uma abundância de produção para um mercado consumidor restrito e sem poder aquisitivo. O fato de existir milhões de pessoas que passam fome, não significa que não exista comida para elas, significa, sim, que elas não têm o dinheiro necessário para comprá-la.

A administração rural faz com que tenhamos a necessidade de conhecer o mercado e os recursos produtivos disponíveis, para aí poder decidir o que, quanto e como produzir, de controlar ação após iniciar a atividade, e por último avaliar os resultados, para compará-los com os previstos inicialmente. Para Hoffmann (1942, p. 2), “a administração Rural é o estudo que considera a organização e operação de uma empresa agrícola visando o uso mais eficiente dos recursos para obter resultados compensadores e contínuos”.

Mas o empresário rural encontra muitas dificuldades no seu segmento, que não dependem dele. Essas características são peculiares a essa atividade econômica. Por exemplo, a dependência do clima e, o agricultor depende muito do clima para obter sucesso no negócio. O clima condiciona a maioria das exportações agropecuárias. Determina épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, escolha de variedades e espécies, vegetais e animais. Outro exemplo é correlação tempo de produção versus tempo de trabalho. O processo produtivo agropecuário desenvolve-se, em algumas de suas fases, independentemente da existência do trabalho físico imediato. Em outros setores da economia, a indústria, por exemplo, somente o trabalho modifica a produção de determinado bem e é sempre igual ao tempo de trabalho consumido na obtenção do produto final. Isso deve ser favoravelmente levado em conta. O agricultor está também com um alto nível de incidência de riscos, pois como já falamos nessa atividade há uma dependência do clima, na agropecuária, os riscos assumem uma enorme proporção em relação, por exemplo, à seca, geada, ou granizo; também pelo ataque de pragas e pela flutuação dos preços dos produtos produzidos. Também a mecanização da lavoura tem um custo elevado tanto na aquisição das máquinas, quanto na sua manutenção, o que tem uma parcela significativa no custo da produção.

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Na situação atual de vinculação e dependência do agricultor em relação ao mercado, torna-se indispensável aos produtores rurais o conhecimento aprofundado de seu negócio, a agricultura. Para tanto, deve o produtor estar bem informado sobre as condições de mercado para os produtos agrícolas, bem como conhecer as condições dos recursos naturais de seu estabelecimento rural. Pelo conhecimento do que está ocorrendo no mercado, o agricultor pode escolher o melhor tipo de atividade que deve desenvolver. (CREPALDI,1998, p.22)

Gerenciar um negócio agrícola é utilizar corretamente os fatores de produção, com o objetivo de ter sempre o melhor retorno econômico, sem prejudicar o meio ambiente. Toda empresa rural, assim como outras de diversos segmentos, possui um conjunto de recursos, que são os recursos da produção: a terra, o capital, e o trabalho.

Segundo Crepaldi: “O fator mais importante para a agropecuária é a terra, pois na terra se aplicam os capitais e se trabalha para obter a produção.”. É importante que o agricultor tenha essa consciência, e conserve a terra evitando desgastes, e assim aumentando a produção. “O capital representa o conjunto de bens colocados sobre a terra com o objetivo de aumentar sua produtividade e ainda facilitar e melhor a qualidade do trabalho humano” (CREPALDI, 2009, p.4). Tudo que a empresa rural possui, é chamado de capital, por exemplo: construções em geral, animais, implementos e máquinas agrícolas, insumos agropecuários, etc.

A terra é essencial para a vida agrícola, assim como o capital investido, mas sem o trabalho nada acontece. Para Crepaldi (2009, p.5): “O trabalho é o conjunto de atividades desempenhadas pelo homem. A tarefa de administrar é considerada trabalho, assim como lavrar a terra, cuidar dos animais, construírem cercas etc.” O empresário rural deve ter o conhecimento de todas as áreas da empresa (administração e execução de práticas agrícolas), pois a ele cabe não somente a função de coordenar a atividade dos demais, mas também utilizar os fatores de produção para obter resultados econômicos satisfatórios e elevar a produtividade.

1.3 ADMINISTRAÇÃO RURAL MODERNA Com a modernidade e as novas tecnologias surgindo, as empresas devem se adaptar e

acompanhar essas mudanças – que vieram para facilitar e melhorar os negócios. São técnicas de redução de custos, geração de renda, e criação de empregos. Mas para isso precisa-se também ter profissionais capacitados para tais mudanças, desde a parte operacional até a área administrativa. E na agricultura não é diferente, as tecnologias e mudanças são constantes devendo o produtor rural se adaptar e buscar subsídios para se aperfeiçoar nessas novas técnicas.

A necessidade de uma atualização dos meios de gerenciamento nas empresas rurais é, hoje, uma realidade fundamental para alcançar resultados de produção e produtividade que garantam o sucesso do empreendimento. Por meio de tecnologias que permitem interligar criações, pode ser possível obter rendimentos adicionais, diluir custos, e economizar insumos. (CREPALDI, 2009, P.37):

Os administradores de uma empresa rural, assim como qualquer outro segmento, devem ter em mente que deve ter conhecimentos em todas as áreas, não somente em agricultura, mas em finanças, vendas, recursos humanos e também de produção. É preciso

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além de tudo ter em mente a situação da política agrícola atual do país, a fim de agir de acordo com as mesmas. Como nos diz Crepaldi (2009, p.38): “A atividade agropecuária, por suas múltiplas atividades e volume financeiro das operações (compra, venda, contratação de serviços, produção etc.), constitui-se na realidade em empresa, apesar de nem sempre estar formalmente assim denominada e estruturada.”. As operações da agricultura são divididas em três aspectos, são eles: técnico, econômico, e financeiro.

Sob o aspecto técnico, estuda-se a possibilidade de plantio de determinada cultura vegetal ou criação de gado na área rural, isso implica na escolha das sementes, os implementos as serem usados, tipos de alimentação do gado, a rotação de culturas, espécies de fertilizantes e o sistema de trabalho etc. No aspecto econômico, estudam-se as várias operações a serem executadas, quanto ao seu custo e aos seus resultados, isto é, o custo de cada produção e sua recuperação, através do qual se obtém o lucro. Considera-se o aspecto financeiro, quando se estudam as possibilidades de obtenção de recursos monetários necessários e o modo de sua aplicação, ou seja, o movimento de entradas e saídas de numerários , de modo a manter o equilíbrio financeiro do negocio.(CREPALDI, 2009, P.39).

1.4 GESTÃO DA PROPRIEDADE RURAL Há fatores atualmente, que evidenciam a agropecuária dos demais setores da

economia, pois tem seu potencial de crescimento elevado. Por isso adotar algumas ferramentas de gestão poderá auxiliar o produtor rural – empresário rural a gerenciar o seu negócio.

Mas encontramos aí certa resistência do produtor rural, por questão cultural, formação ou tradição. O produtor rural precisa entender que produzir é só uma parte do seu negócio, e enquanto ele mantiver esta visão de produtor rural ficará limitado à produção.

Sabe-se que a maioria das propriedades rurais não documenta informações necessárias para adequada gestão de seu negócio ou as registra de maneira desorganizada e inadequada impossibilitando a obtenção de índices. Portanto, para mensurar o desempenho da empresa rural e tomar decisões corretas é necessário administrar de forma correta, e buscar subsídios para o sucesso da mesma.

O agricultor atualmente, mais do que nunca, deve entender como produzir, tendo consigo outros conhecimentos aliados, por exemplo: tecnologias, conceitos, especializações, instruções, programas, gerenciamento de pessoas, vendas, finanças e custos, etc. Também é necessário conhecimentos além da porteira da propriedade como de mercado, comercialização, variáveis que influenciam o mercado e a formação de preços, para assim tomar decisões mais precisas consequentemente tendo melhores resultados. O produtor rural necessita, portanto de conhecimentos em várias áreas, exigindo cada vez mais um profissional que esteja constantemente em aperfeiçoamento, com bases da administração sempre presente.

Outro fator importante na gestão agrícola é o Ano agrícola versus Exercício Social. As empresas em geral têm receitas e despesas durante todos os meses do ano, não havendo dificuldade em escolher um mês para encerrar o exercício social para apuração dos resultados. Portanto, para elas qualquer mês escolhido refletirá o resultado distribuído de maneira equilibrada ao longo dos últimos doze meses (MARION, 2009). Já na atividade agrícola a receita encontra-se preferencialmente, durante ou logo após a colheita. A produção agrícola é sazonal e concentra-se em determinado período do ano.

Ao termino da colheita e, quase sempre, da comercialização dessa colheita temos o encerramento do ano agrícola. Ano agrícola é o período em que se planta, colhe e, normalmente, comercializa a safra agrícola. Algumas empresas, em vez de

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comercializarem o produto, desde que possível, armazenam a safra para obter melhor preço. Neste caso considera-se o ano agrícola o término da colheita. (MARION, 2009, p.4).

Ao encerrar-se o exercício social antes da colheita, têm-se lavouras em crescimento, por isso, o resultado é difícil de avaliar para obter-se um resultado justo, por isso, recomenda-se encerrar o exercício social após a colheita e a comercialização. Para melhor compreender a gestão da empresa rural, é necessário tomar conhecimento das quatro grandes áreas da administração já mencionadas.

Por outro aspecto o administrador rural ao adotar algumas ferramentas de gestão como auxilio a gerenciar o seu negócio pode obter sucesso futuro, ou seja, maior lucratividade. Mas deparamos aí de certa resistência do produtor rural, pois o mesmo precisa entender que produzir é só uma parte do seu negócio, e enquanto ele mantiver esta visão corre riscos de fracasso.

Sabe-se que a maioria das propriedades rurais não documenta informações necessárias para adequada gestão de seu negócio ou as registra de maneira desorganizada e inadequada impossibilitando a obtenção de índices. Portanto, para mensurar o desempenho da empresa rural e tomar decisões corretas é necessário gerir de forma correta, e buscar subsídios para tal. O agricultor hoje em dia, mais do que nunca, deve entender que produzir deve ter conhecimentos aliados, como por exemplo: tecnologias, conceitos, especializações, instruções, programas, gerenciamento de pessoas, vendas, finanças e custos, etc. Também é necessário conhecimentos além da porteira da propriedade como de mercado, comercialização, variáveis que influenciam o mercado e a formação de preços, para assim tomar decisões mais precisas consequentemente tendo melhores resultados.

O produtor rural necessita, portanto de conhecimentos em várias áreas, exigindo cada vez mais um profissional que esteja constantemente em aperfeiçoamento, com bases da administração sempre presente. Para uma boa gestão, o produtor rural, segundo Crepaldi (2009, p. 40) deve estar atento para os seguintes pontos:

a. Planejamento: As programações anuais elaboradas devem ser mantidas, aprimoradas e servir de lista de ações, direcionando as atividades a serem executadas; b. Controle financeiro e de resultados. Por constituir uma ferramenta indispensável à administração do empreendimento, os instrumentos de controle financeiro e de resultados devem ser do alcance do administrador e executados sob sua supervisão; c. Controle da produção. Estes controles estarão sob a responsabilidade dos gerentes de departamento.

1.5 GESTÃO DE PESSOAS

A gestão de pessoas é uma área que vem tomando espaço no mercado nos últimos

anos, sua importância dentro da organização tem destaque em qualquer empresa. Devido esta importância a gestão de pessoas é alvo de varias pesquisas e estudos voltados ao aprimoramento do fator humano.

O contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e organizações. As pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro de organizações. E estas dependem daquelas para poderem funcionar e alcançar sucesso. De um lado, o trabalho toma considerável tempo das vidas e dos esforços das pessoas, que dele depende para sua subsistência e sucesso pessoal. Separar o trabalho da existência das pessoas é muito difícil,

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senão quase impossível, diante da importância e do impacto que o trabalho nelas provoca. (CHIAVENATO, 2000, p. 04)

Discorrer sobre gestão de pessoas engloba todos os setores de uma organização, todos eles necessitam do fator humano direta ou indiretamente, sendo assim, estamos trabalhando em conjunto com todos os problemas e também as diversas maneiras de saná-los.

Para Massaú (1989, p.63), a administração de recursos humanos é: “o conjunto de atividades que visam atingir o aumento de produtividade e o equilíbrio socioeconômico.”. A administração de recursos humanos contribui com as atividades de recrutamento e seleção, administração salarial, avaliação de desempenho, planejamento organizacional, e treinamento de pessoal.

Administrar pessoas é um trabalho que envolve muitas dificuldades é necessário que o administrador saiba planejar, liderar, organizar e controlar o trabalho realizado pelos integrantes da organização.

[...] é uma área muito sensível... É contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos e de uma infinidade de outras variáveis importantes (CHIAVENATO, 2000, p. 06).

A área de Gestão de Pessoas pode ser entendida como um conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir o desempenho e o acompanhamento das pessoas como profissionais, buscando o aumento da qualidade na produção e ao bom relacionamento entre os funcionários e a empresa.

A administração de Recursos Humanos é o ramo especializado da Ciência da Administração que envolve todas as ações que tem como objetivo a integração do trabalhador no contexto da organização e o aumento de sua produtividade. É, pois, a área que trata de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, manutenção, controle e avaliação de pessoal. (GIL,2001, p. 13)

CHIAVENATO (op. cit, p 07), define que a gestão de pessoas baseia-se em três aspectos fundamentais:

1) As pessoas como seres humanos: dotadas de personalidade própria com uma história particular e diferenciada, possuídas de conhecimentos e competências e não meros recursos; 2) As pessoas como atividades inteligentes de recursos organizacionais. Como elementos com inteligência que impulsionam as empresas fazendo-as prosperar constantemente 3) As pessoas como parceiros da organização. Capazes de conduzi-la a excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na organização como esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento, riscos, etc. - na expectativa de colher retornos desses investimentos.

A gestão de pessoas tem como objetivos encontrar, atrair e manter as pessoas de que a empresa necessita. No entanto, conforme apresenta CHIAVENATO, (2004, p. 101), “para

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que seja eficaz deve-se passar por seis processos que são: agregar pessoas; aplicar pessoas; recompensá-las; desenvolver pessoas; manter pessoas e monitorar pessoas”.

Por isso cada empresa deve desenvolver a melhor forma de se fazer a administração de seu pessoal, cada qual com suas peculiaridades. A remuneração é outro fator importante. É preciso reconhecer os esforços dos colaboradores mais treinados e desenvolvidos com uma melhor remuneração, com melhores salários e benefícios, para que isso reflita com o comprometimento do mesmo com a visão e missão da organização.

Considera-se empregador rural a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explorar atividades agro-econômicas, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.(FANCELLI E DOURADO NETO, 2007, p. 369).

O empregado rural é aquela pessoa que presta serviço ao empregador rural, que recebe salário mensal ou pelo serviço realizado. Os principais tipos e funções de mão-de-obra na agricultura são segundo Santos, Marion e Segatti (2002):

a) Trabalhador rural. Todos os trabalhadores empregados na atividade agrícola diretamente no campo. São remunerados na proporção do volume das respectivas tarefas ou com remuneração mensal, independente do volume de trabalho;

b) Operador de máquinas. Sua função é operar máquinas e implementos na execução de serviços mecanizados, como o preparo do solo, o plantio, a pulverização, a colheita, o escoamento da produção, o transporte de pessoal etc.

Ainda, existem outras denominações, como trabalhador do campo, safrista, camarada, colono, mas que exercem funções iguais ou semelhantes às dos trabalhadores acima apresentados. São aparentes que as propriedades de maior sucesso são aquelas onde todas as pessoas envolvidas estão plenamente comprometidas e principalmente satisfeitas com tudo que se desenvolve nesse local. Empresa que não tem esse entendimento percebe-se que não há evolução, por isso é necessário entender de pessoas, é o fator determinante de sucesso de toda organização.

1.6 GESTÃO DE PRODUÇÃO

O produtor deve ter todos os sistemas de produção bem controlados, bem organizados,

e fundamentalmente fazer um bom planejamento das atividades a serem realizados, pensando a curto, médio e em longo prazo, tentando definir claramente quais são os objetivos da realização de cada ação. Para Massaú (1989, p.55): “A administração da Produção compreende todas as tarefas direta ou indiretamente ligadas à fabricação de bens.”. Todas as decisões devem ser tomadas relacionadas a área da produção, por exemplo: planejamento, arranjo físico, estoques, qualidade, investimentos, etc.. Muitas atividades são envolvidas na produção.

As atividades envolvidas na produção de bens e serviços formam o que geralmente se chama produção ou operações, que incluem projetar, operar e controlar um sistema para transformar recursos humanos, financeiros e físicos em produtos ou serviços necessários. Assim qualquer sistema de operação ou operações consiste em insumos, processos e produtos. (MEGGINSON, MOSLEY E PIETRI JR.,1998, p. 536).

Os insumos são um bem ou serviço utilizado para a fabricação de outro bem ou

serviço, podem ser matérias-primas, bens intermediários, equipamentos, capital, horas de

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trabalho, etc. O processo podemos dizer que é um conjunto de ações feitas para atingir o produto final. E o produto é o objetivo final da transformação dos insumos.

Para produzir seus produtos ou prestar serviços, as empresas utilizam várias tecnologias. A tecnologia pode ser conceituada como o conjunto ordenado de conhecimentos – sejam empíricos ou científicos – como resultado de experiências e observações acumuladas através de meios escritos ou verbais. A tecnologia envolve tanto os conhecimento (o saber fazer as coisas, isto é, o know-how) como as manifestações físicas desses conhecimentos, que são as coisas já feitas: máquinas, equipamentos, instalações etc. A tecnologia permite o desenvolvimento de técnicas utilizadas na transformação de insumos recebidos pela empresa em resultados, isto é, em produtos ou serviços. (CHIAVENATO,1991, p. 60).

Podem ser utilizados qualquer máquina, ferramenta, ou equipamento que ajude a transformar os materiais. Para a eficiência da produção da empresa é necessário analisar a posição e layout dos equipamentos e matéria-prima. Na propriedade ou empresa rural não é diferente a organização da produção 1.7 GESTÃO FINANCEIRA

Para ser sustentável qualquer em ramo de atividade, no mundo de hoje, a garantia do sucesso empresarial pode ser creditado ao conhecimento financeiro e gerencial por parte dos gestores das empresas. Daí a importância de se estudar, a saúde financeira dentro da organização e seus aspectos econômicos. Segundo Hoji (2009, p.11): “O objetivo econômico e financeiro de uma empresa é a maximização do seu valor de mercado, por meio da geração continua de lucro e caixa no longo prazo, executando as atividades inerentes ao seu objetivo social.”. A empresa além de gerar lucro para seus acionistas, deve também obter lucro para ações sociais dentro da organização, como por exemplo: o pagamento de tributos, pagamento de salário, treinamento dos funcionários, etc. Conhecer todas as ferramentas e apurar todos os custos de produção de cada atividade produtiva, controlando a cada real utilizado em cada atividade é algo determinante para alcançar o resultado positivo no ano agrícola.

A função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos fundos movimentados por todas as áreas da empresa. Essa função é responsável pela obtenção dos recursos necessários e pela formulação de uma estratégia voltada para a otimização do uso desses fundos. Encontrada em qualquer tipo de empresa, a função financeira tem um papel muito importante no desenvolvimento de todas as atividades operacionais, contribuindo significativamente para o sucesso do empreendimento. (BRAGA, 1995, p. 23).

A administração financeira tem três funções: planejamento e controle, levantamento e investimentos de fundos. O planejamento e controle aceitam as operações de planos de expansão, substituição de máquinas e equipamentos, previsão de custos e receitas, previsão de compras, etc. esse planejamento deve ser cauteloso, pois se devem levar em conta as variáveis externas que podem forçar mudanças de planos. Levantar fundos é suprir o caixa da empresa para cumprir compromissos. E investimentos de fundos é a função que visa proteger os ativos da empresa, aumentando seu patrimônio. Algumas definições são importantes à empresa saber para controlar bem suas finanças, essas serão descritas a seguir.

O fluxo de caixa de uma empresa, segundo Santos (2001, p 57): “é um instrumento de planejamento financeiro que tem por objetivo fornecer estimativas da situação de caixa da

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empresa em determinado período de tempo à frente.” Portanto o fluxo de caixa ajuda o administrador na tomada de decisões, pois os custos fixos e variáveis ficam evidentes, permitindo-se desta forma um controle efetivo sobre determinadas questões empresariais.

De forma geral, podemos dizer que a demonstração do fluxo de caixa – DFC evidencia todas as transações empresariais que afetam o caixa da empresa, analisando a origem dos recursos disponiveis, onde estes foram aplicados e qual o resultado do fluxo financeiro da empresa. (CAMARGO 2007, p 68).

Através dessa analise a empresa consegue se prevenir, se ajustar, se programar para diversas ações e fatores, que fazem com que empresa alcance o sucesso.

Esse instrumento é capaz de traduzir em valores e datas os diversos dados gerados pelos demais sistemas de informação da instituição. Assim, seu objetivo é informar a capacidade que ela tem de liquidar seus compromissos a curto e longo prazo, planejar a contratação de empréstimos e financiamentos, maximizar o rendimento das aplicações de sobra de caixa e avaliar o impacto financeiro de variações de custo ou variação de vendas. (CAMARGO 2007, p 68).

Para uma eficiente gestão financeira na empresa é necessário implantar alguns controles gerenciais, que forneçam sistema gerador de informações que possibilite a efetivação do planejamento de suas atividades e controle de seus resultados, o controle de contas a receber e contas a pagar.

Conforme SEBRAE (2012, p 01): “O controle das Contas a Receber fornece informações para tomada de decisões sobre um dos ativos mais importantes que a empresa dispõe, os créditos a receber originários de vendas a prazo”. A empresa deve ter um excelente controle nesse aspecto, a fim de não perder o controle do que tem a receber de clientes e terceiros.

As contas a pagar são compromissos assumidos pela empresa, representadas por compra de mercadorias, insumos para produção, máquinas, serviços, salários, impostos, aluguel, empréstimos, contribuições, entre outros. O controle das contas a pagar deve ser uma tarefa de rotina da empresa, pois normalmente envolve com grande quantidade de dinheiro. ( SEBRAE, 2012, p 01).

A administração da pequena propriedade deve ser entendia da mesma forma ou princípios da administração geral. O que diferencia a pequena propriedade é o ramo de atividade e a tomada de decisões pelo administrador. Administrar é acima de tudo dar rumo às decisões em cima de recursos escassos e problemas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

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Segundo Marconi e Lakatos (1988, p. 41-42), a finalidade da atividade científica é a

obtenção da verdade, através da comprovação de hipóteses, que por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade. Para que isso ocorra de modo adequado, é preciso que se acrescente um método de trabalho, ou seja, um conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permitir alcançar os objetivos -conhecimentos válidos e verdadeiros- traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. A metodologia consiste em um plano detalhada de como alcançar os objetivos, respondendo as questões e testando as hipóteses que foram formuladas. Vieira (2004, p. 19), ao abordar o assunto, coloca: “A metodologia é uma parte extremamente importante, pois é a partir dela que os tópicos gerais de cientificidade (validade, confiabilidade e aplicação) poderão ser devidamente avaliados”. Assim, apresenta-se a metodologia aplicada neste trabalho, em que se estabelece o delineamento da pesquisa, a forma de coleta e tratamento dos dados, a seleção dos sujeitos da pesquisa e os argumentos quanto à sua limitação.

Para que esta pesquisa tenha êxito, a metodologia - o caminho a ser percorrido - é observável a seguir alguns critérios estabelecidos: a) Quanto a finalidade: a pesquisa aplicada objetiva gerar o conhecimento prático, movida pela necessidade de resolver problemas. Por esse conceito é levantada a seguinte questão problema: de que forma os pequenos produtores rurais gerenciam suas propriedades?; b) Quanto à abordagem: Essa investigação será quali-quantitativa. Qualitativa, pois serão investigados conhecimentos sobre a percepção dos produtores e quantitativo, pois serão coletados dados estatísticos sobre a gestão da pequena propriedade.; c) Quanto aos objetivos da pesquisa: exploratória/descritiva, Na fase preliminar serão exploradas as informações sobre a gestão da pequena propriedade. Na fase seguinte será descrito todos os fatos observáveis na configuração de como os pequenos produtores gerenciam suas propriedades d) Quanto aos procedimentos da pesquisa: foi documental bibliográfico pois a busca de material já elaborado como, por exemplo: livros, artigos, teses e obras referenciadas para justificar o avanço da ciência da administração rural;.e) Quanto as técnicas de coleta de dados: Será aplicado um questionário contendo questões que venham descrever a situação de que forma os pequenos produtores rurais administram suas propriedades. F) quanto a amostra da pesquisa: o questionário da pesquisa será aplicado com uma amostra com 50 produtores rurais. G) quanto ao local da pesquisa: o local a ser realizado a pesquisa será nas localidades da Fartura, Santo Antonio dos Wosgrau, Santa Leocádia e Rio do Pinho, no município de Canoinhas-SC.

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS DA PESQUISA COM PRODUTORES RURAIS NA ÁREA AGRÍCOLA DE CANOINHAS-SC

A apresentação desses dados e resultados é decorrente da aplicação dos questionários semiestruturado, na escala de Likert, com os cinquenta produtores rurais envolvidos com a agricultura familiar no município de CANOINHAS-SC. A sequência será conforme instituído na metodologia da qual foram entrevistados cinquenta produtores/empresários rurais divididos em cinco blocos de questionamentos. No bloco um as perguntas foram direcionadas sobre a gestão da propriedade rural. No bloco dois as perguntas foram direcionadas sobre a gestão financeira. No bloco três as perguntas foram direcionadas sobre a gestão de pessoas. No bloco quatro as perguntas foram direcionadas sobre a gestão marketing e vendas. No bloco cinco as perguntas foram direcionadas sobre a produção.

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Na primeira seqüência de perguntas procurou-se traçar um perfil do produtor rural entrevistado. Os dados apresentam a formação das famílias, na atualidade são compostas com poucas pessoas, ou seja, o casal e até no máximo três filhos. No bloco um as perguntas foram direcionadas sobre a gestão da propriedade rural. Na primeira questão: Como você identifica a importância de serem vinculados a uma cooperativa Os produtores respondera que são associados em alguma cooperativa, destaca-se que 80 % são associados, em contrapartida, 20% se declararão estar fora de alguma associação devido ao fracasso da COOPERCANOINHAS.

Justifica-se esse abandono cooperativista devido ao fracasso da COOPERCANOINHAS. Neste ano de 2013 a mesma está entrando em fase de extinção1. Pois na quarta feira do dia 6 de março de 2013 a ALFA incorporou a COOPERCANOINHAS. Foi em Chapecó, no oeste do Estado de Santa Catarina em assembleia de incorporação. A partir dessa data legalmente a COOPERCANOINHAS deixou de existir. Os 185 associados da COOPERALFA presentes na assembleia Geral Extraordinária, realizada na sede da AARA aprovaram, por unanimidade a incorporação da COOPERCANOINHAS. Além dos procedimentos legais, a assembleia foi marcada por depoimentos emocionantes de associados que vivem o processo de transição entre as duas cooperativas.

A incorporação aconteceu depois de quase 10 anos de trabalho da ALFA no Planalto Norte. A dívida da COOPERCANOINHAS era de R$ 47 milhões de reais, hoje a dívida foi diminuída pra pouco mais de R$ 4,7 milhões. A incorporação de uma cooperativa pela outra atende a lei 5.764 de 1971. Essa incorporação dá um fim a uma cooperativa agrícola que sobreviveu por mais de 50 anos na região de Canoinhas. Fato este que dever ser ainda muito discutido principalmente quais foram os motivos e fatores que levaram a sua extinção.

Na segunda questão, foi perguntado sobre o gênero do administrador e a maioria dos entrevistados foram homens, totalizando 95% do sexo masculino e 05% feminino. Procurou-se também descobrir a faixa etária dos entrevistados. Os dados obtidos foram os seguintes: na faixa de idade até 30 anos encontrou-se 10% dos entrevistados, entre 31 a 40 anos encontrou-se 40% da amostra entrevistada, entre 41 a 50 anos encontrou-se 30%, entre 51 a 60 anos 15% e acima de 60 anos obteve-se 05% de participação. A escolaridade dos entrevistados também foi questionada e, 30% dos entrevistados têm o ensino primário, 25% têm ensino fundamental, 40% estudaram até o segundo grau, e somente 05% tem curso de graduação.

Nas perguntas relacionadas à gestão da propriedade procurou-se saber qual a importância que o agricultor dá a administração voltada às propriedades rurais. Como resultados obtiveram-se os seguintes: dos entrevistados 85% acham que a administração voltada à propriedade rural é muito importante, e 15% acham que é importante. Nenhum dos entrevistados acha que é pouco importante, não tem nenhuma importância, ou não soube responder.

Depois se procurou saber se os entrevistados realizam cálculos ou anotações durante o ano; dos entrevistados 90% responderam que sim e 10% responderam que não realizam nenhum tipo de cálculo: isso é um bom sinal de controle da propriedade. Aqueles que responderam que realizam cálculos informaram também qual a maneira que o fazem. Nove pessoas disseram que realizam em planilhas, dez em agendas, e nove também realizam com o 1 Noticia vinculado no jornal Correio do Norte, dia 15 de março de 2013, ano 65, edição 3080. Por Helen

Colombo

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auxilio do computador. Isso mostra que a tecnologia está cada dia mais presente na vida cotidiana do agricultor, pois com o auxilio do computador o empresário rural consegue realizar todos os cálculos e planejamentos de maneira mais fácil e rápida.

Sobre o planejamento das atividades da propriedade – conforme podem ser verificados no gráfico 01, 80% disseram que fazem durante o ano todo, e 20% disseram que fazem um planejamento de vez em quando.

Gráfico 1: Planejamento das atividades da propriedade.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Perguntou-se se os entrevistados concordavam que se deve arquivar ou guardar tickets de pesagens e outros. Dos entrevistados, 70% responderam que concordam totalmente, 25% concordam parcialmente e 05% discordam. Outra pergunta era se os entrevistados concordam que a gestão para o homem rural deve seguir os modelos de uma empresa urbana que precisa manter-se competitiva. Os resultados foram: 55% responderam que concordam totalmente com a afirmação, 40% responderam que concordam parcialmente, e 5% discordam. A Pesquisa mostrou que 70% dos entrevistaram relataram que realizam cálculos de custos na hora de vender seus produtos, 15% que realizam parcialmente, 10% relataram que realizam muito pouco e 05% não realizam de forma alguma. Esse resultado mostra que a grande maioria dos produtores rurais hoje já compreende alguns princípios da administração.

Quanto ao custeio da produção, 30% relataram que realizam sua produção totalmente com o uso de financiamento para custeá-la, 65% relatam que usam somente em partes da produção, e 05% não utilizam de forma alguma nenhum tipo de financiamento conforme gráfico abaixo.

Gráfico 2: Entrevistados que utilizam financiamentos para custear a produção.

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Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Perguntou-se aos produtores rurais com que frequência eles realizam investimentos na propriedade durante o ano. Os seguintes dados foram obtidos: 25% responderam que realizam com muita frequência, 55% realizam parcialmente, e 20% realizam muito pouco. Essa questão depende de muitos fatores, pois para realizar investimentos precisa-se de valores monetários, e como o agricultor tem muitos fatores que podem interferir no seu lucro - por exemplo, o clima – essa pergunta pode mudar de resultados de ano a ano.

Quando questionados sobre se concordavam que toda atividade econômica da propriedade deve ser planejada e traçadas metas a custo, médio e longo prazo, a grande maioria (85%) concorda totalmente e somente 15% concordam parcialmente. Isso mostra na prática que os conceitos da administração são aplicados por todos, em todas as áreas da economia. No quadro com perguntas relacionadas sobre a gestão de pessoas perguntou-se, se os entrevistados realizam as atividades da propriedade de maneira familiar ou contrata mão de obra.

Essa pergunta apresentou que, 35% dos entrevistados realizam as atividades da propriedade com mão de obra familiar, 55% realizam parcialmente com a mão de obra familiar, e 10% responderam que realizam a atividade com mão de obra contratada por diaristas e empregados com contratos fixos.

Gráfico 4: maneira de realizar as atividades da propriedade.

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Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

A pesquisa apresenta também que 45% dos entrevistados contratam funcionários safristas, aqueles que são contratados em certo período do ano, e 55% não contratam, visto que não há necessidade.

Quanto ao contrato de trabalho, os dados da pergunta sobre aqueles que quando contratam registram ou não os funcionários, com carteira assinada. A maioria, 55% disseram que registram sim os funcionários, 15% registram parcialmente, 10% registram muito pouco, 05% não registram de forma alguma, e 15% não souberam informar. Aí se percebe que a grande maioria já sabe da importância de se registrar um funcionário.

Quanto às despesas de registro, 55% dos entrevistados concordam que registrar um funcionário causa despesas adicionais, mas sabem que é importante caso aconteça alguma coisa ou até mesmo acidente, para proteção tanto do funcionário quanto do empregador. 30% concordam parcialmente e 15% declararam sem opinião.

Foi perguntado se na hora de realizar a venda dos produtos os proprietários rurais, os fazem em cooperativas ou em empresas particulares. Os dados mostram que 45% realizam as vendam somente em cooperativas, 40% realizam apenas parcialmente a venda em cooperativas, e 15% realizam muito pouco a venda de seus produtos nas cooperativas.

Os produtores rurais entrevistados, quando questionados se na hora de vender seus produtos vão pela fidelidade com estabelecimentos comerciais ou escolhem o preço como fator de venda, responderam o seguinte: 40% primam pelo preço, 40% escolhem parcialmente pelo preço, 10% muito pouco pelo preço e 10% responderam que decidem depende a ocasião. Indagou-se também, qual a hora em que o produtor vende seus produtos, se realiza a venda na hora da colheita ou estoca-os esperando o preço melhor. 30% disseram que realizam a venda já na hora da colheita, 55% realizam parcialmente, e 15% realizam muito pouco a venda na hora da colheita e preferem estocar e esperar pelo preço mais atrativo.

Sobre o bloco de perguntas de produção, procuramos saber em qual segmento os agricultores entrevistados trabalham. Todos trabalham com agricultura, mas de trinta e três entrevistados, além da agricultura com a pecuária, três com horticultura, e um com suinocultura.

Existe aí uma diversidade de segmentos, tudo visando agregar valores dentro da propriedade para obter mais resultados. Esse é o segredo para os pequenos e médios produtores rurais, agregar valor em sua propriedade, não depender só de uma atividade, pois caso ocorra alguma adversidade, sabe-se que existe outra possibilidade de sobrevivência.

Anualmente, esses entrevistados, 25% deles trabalham entre 1 a 10 ha para a produção de sua safra, 10% utilizam de 11 ha a 50 ha e 65% utilizam mais de 51 ha na sua produção. Dos entrevistados 80% realizam a produção totalmente com maquinas e equipamentos, e 20% realizam parcialmente de forma mecanizada. Isso porque realizam alguma atividade, que requer mão de obra manual, como por exemplo, a colheita do fumo, ou cebola.

Gráfico 22: Área utilizada para a produção da safra anualmente

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Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Quando indagados sobre a abrangência e especialização ou a participação de cursos e palestras sobre seu ramo de atividade se é essencial para o sucesso do negocio. Eles dizem ter consciência da importância de participar. Perguntados sobre se participam desse tipo de atividades, 40% responderam que participam totalmente, 50% participam parcialmente e somente 10% participam muito pouco.

Foi perguntado também sobre os planos de investimentos financeiros oferecidos pelo governo federal, como por exemplo, o PRONAF, entre outros. Todos os cinquenta entrevistados relataram que conhecem esses programas, onze utilizam ou já utilizaram, e nove entrevistados não utilizam – a maioria relatou não utilizar porque não se enquadra no perfil. Utilizando ou não esses incentivos, todos os entrevistados falaram da importância desse tipo de financiamentos, com juros baixos, maior prazo para pagamento e facilidade ao pequeno produtor rural. É um bom incentivo para os pequenos agricultores, trazendo assim várias oportunidades de investimentos e a possibilidade de realização da safra.

Sobre a venda dos produtos, perguntou-se para os entrevistados qual a importância de saber a hora certa de vender seus produtos. Obtivemos respostas todas direcionadas a um mesmo segmento: lucro. Todos relataram que se deve saber a hora certa de vender os produtos, buscar melhor preço, pagamento certo, pois é nessa hora que se tem o retorno do capital investido, o pagamento das dividas e custeios e o lucro desejado; essa pratica interfere diretamente nos resultados da propriedade,

Para finalizar perguntou-se sobre a gestão da qualidade. A pergunta era a seguinte: você considera a implantação de uma gestão de qualidade importante para o sucesso de sua produção? Todos responderam quem sim. Algumas das justificativas foram: quanto mais qualidade mais resultados positivos; é importante para aperfeiçoar e atualizar as atividades agrícolas e também na pecuária; o sucesso depende totalmente da qualidade imposta; como qualquer outra empresa, o agricultor, ou empresário rural, precisa ter ferramentas, controle de tudo o que se passa na propriedade; tudo o que se faz tem que ser com qualidade, do inicio ao fim.

4 CONCLUSÃO

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O artigo respondeu a pergunta da questão problema dessa pesquisa: de que forma os pequenos produtores rurais gerenciam suas propriedades? As entrevistas atenderam de certa forma aos objetivos propostos no mesmo. Todos os objetivos foram realizados, o produtor rural hoje tem conhecimento sobre as formas de administrar. Observou-se que os produtores rurais atualmente, em sua grande maioria impetram uma administração na sua propriedade por meio das técnicas já desenvolvidas pela ciência da administração geral, pois, já conhecem a importância de um bom planejamento, de cálculos de custos e lucros, de se fazer investimentos, enfim de se fazer uma administração de qualidade. Sabem da importância da utilização das ferramentas de gestão da propriedade rural, para que se tenha um negócio bem administrado e consequentemente rentável.

Atualmente os produtores rurais vêm evoluindo em suas técnicas e gerenciamento, como por exemplo, na informatização, pois a grande maioria dos moradores tem acesso a telefone celular fixo, internet e transporte próprio, sem contar a qualidade de vida que é extremamente melhor do que no meio urbano. A ampla maioria dos entrevistados tem conhecimento em informática, o que os auxilia na administração de sua empresa rural; participam de cursos e palestras não só de especialização da produção, mas também sobre a própria administração da propriedade.

Sugere-se que algumas melhorias seriam providenciadas nesse meio, como por exemplo, acesso as propriedades por melhores estradas, infraestrutura e acesso mais fácil à saúde, educação com mais qualidade, e lazer. Como se percebeu nesta pesquisa a administração rural é de soberana importância para o empresário rural que está preocupado com o bom gerenciamento de sua empresa rural. Essa pesquisa não encerra o assunto, mas que constitui o início de uma alusão e de ideias para os administradores rurais, para que a cada dia melhorem o seu gerenciamento e sua qualidade de vida, e procurem formas de melhorar sua administração e atualização de seus conceitos e assim serem sustentáveis no meio rural. Pois ainda devem buscar a qualidade de vida no trabalho dos proprietários de empresas rurais; a logística rural; os investimentos e produtividade das propriedades; e ainda entenderem que a sobrevivência está no conhecimento de novos tipos de culturas e de maior impacto e rentabilidade.

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