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ACESSO À JUSTIÇA

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Acesso à justiça

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Page 1: Acesso à justiça

ACESSO À JUSTIÇA

Page 2: Acesso à justiça

A estrutura judiciária de Portugal

Em Portugal, vigia o velho direito de Castela quereservava ao rei certas prerrogativas como a dajustiça, moeda fossado, tidas como inerentes à suapreeminência na sociedade política. O predomínio dosoberano, já a caminho do absolutismo, era asseguradopelos forais. O despotismo contribuía para controlar opovo, domesticando a nobreza sem aniquilá-la.

No século XVII, frequentavam a escola apenas uma castaprivilegiadas de pessoas. As escolas não eram feitas paratodos, mas para uns poucos privilegiados que faziamparte da classe dos donos do poder.

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O Estado português formou-se a partir de fragmentoscolhidos numa longa tradição. Seu direito será ditadopelo de Justiniano, fixando os marcos do pensamentojurídico e propagando-se no ocidente.

Desta feita , os pilares sobre os quais se assenta oEstado português é o do direito romano, calcado numracionalismo formal sob o comando e o magistério dacoroa. O direito escrito conta ainda com a influência doclero e do costume da terra, réplica continental doCommon-Law.

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O ensino era elitizado e, nessa mesmalinha formalizou-se o direito e o ensinojurídico. O direito se dirigia ao delegadoreal, ao agente soberano e, só daí eraprojetado sobre o indivíduo. Passa a serum instrumento de desígniossuperiores, sem autonomia.

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A estrutura judiciária da colônia

O princípio da colonização portuguesa orientadadeu-se sob a égide de um sistema depovoamento, exploração e defesa do territóriosustentado pela cessão da propriedade aoparticular. O domínio da Coroa sobre a colôniaestaria fundado somente, de princípio, nas relaçõesde vassalagem estabelecidas entre os donatários eo Rei.

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O rei legislava e julgava , assumindo um papelrelevante ao lado de outras várias autoridades compoder impositivo, mas por credenciar-se em razãodo discurso de soberania no poder"legítimo", colocará a si próprio no centro da justadecisão de conflitos entre os demais atores sociaistradicionais. Esse será o diferencial de seu papelque abrirá os caminhos para uma efetivacentralização, paulatinamente.

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A magistratura, ainda que profissional, não sedistanciava do ambiente das relações pessoaisfortemente envolvente da colônia. É de se crer quese tal realidade era presente na sede da Relação, doGoverno Geral e em uma capitania habitada eexplorada continuamente. Mais dependentes doslaços familiares e locais estaria a Administração aoafastar-se para o interior.

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É possível assinalar uma série de problemas quecomprometia a efetividade da justiça em tal época. Umdos problemas principais e de natureza estrutural, é oque encontramos nos fóruns hoje: a dificuldade deacesso e a excessiva demora nos julgamentos da corte.

Embora a dificuldade de acesso geográfico hoje sejabem menor e a dificuldade maior é o acessoeconômico/social, para aquelas pessoas decomunidades longínquas como a dos grandes sertõesou cidadelas mais afastadas ainda fica difícil recorreraos especialistas dos grandes centros.

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Um grande entrave em relação ao acesso à justiçaera a excessiva burocratização e integração doEstado moderno face a proporção do povoamentoe da urbanização. Em verdade, a fragilização dosambientes tradicionais constituídos pelascomunidades pode ser erigidos como um dosfatores que permitiriam as condições necessáriaspara a penetração do direito oficial.

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O direito local não oferecia grandescomplexidades. Por isso que o direitooficial, formalizado era tão difícil de serimplementado e trazia pouca eficácia.Fazendo um retrospecto histórico chegamos à raizdo caos que se instaura na Modernidade. Vemosque o problema do acesso à justiça tem sua origemna época da colonização, que desde lá, a falta deestrutura organizacional já dificultava aadministração da justiça.

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Desde então, crises políticas e econômicas agravama situação na administração da Justiça. E, semdúvida, esta aprofundou-se na década de1970, coincidentemente, com a crise do petróleo. Acrise econômica implica numa incapacidade doestado em organizar e aparelhar a justiça de formaa corresponder às crescentes demandas sociais.

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A dogmática processual, principalmente o Códigode Processo Civil de 1973, tem contribuiçãoacentuada no entravamento ao acesso à justiça. Éum código com uma linguagem excessivamenteformal e, embora a legislação tenha adotado oprincípio da instrumentalidade das formas, daeconomia processual, em vários momentos oCódigo sanciona com desobediência a ausência deforma.

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Enfim, o grande número de atos concentrados, oformalismo e os recursos fazem com que o rito searraste por anos, causando uma série de problemascomo a morosidade e a ineficácia da sentença.Outro fator que em nada tem contribuído paramelhorar o acesso à justiça é o ensino jurídico.Extremamente preso à formalidade e aotradicionalismo, não permite a investigação desoluções reais para os problemas.

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O QUE É O ACESSO À JUSTIÇA?

A Constituição confere o direito depetição aos órgãos públicos em defesade direitos, contra a ilegalidade e abusode poder, impede a exclusão daapreciação do Poder Judiciário dequalquer lesão ou ameaça a direito egarante que ninguém será processadopor autoridade incompetente.

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Além dos remédios constitucionais, como meios deacesso à justiça, o preâmbulo constitucional fundaum Estado Democrático com o escopo de asseguraro exercício dos direitos sociais e individuais, aliberdade, a segurança, o bem estar, odesenvolvimento, a igualdade e a justiça comovalores supremos de uma sociedadefraterna, pluralista e sem preconceitos.

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Nesse contexto, o acesso à justiçaencontra-se sedimentado em nossaCarta Constitucional, em especialàs classes menos favorecidas, hajavista a garantia constitucional daassistência jurídica aosnecessitados.

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QUADRO COMPARATIVO DE PROCESSOS

DISTRIBUÍDOS COMPARANDO NÚMEROS DE JUÍZES

E A RELAÇÃO CARGO HABITANTES

Mas o acesso à justiça não pode ser resumido no singelo acesso ao Poder Judiciário.

AGENTES NÚMEROHABITANTE NÚMEROJUÍZES RELAÇÃOCARGO/HABPROCESSOS 1ª

INSTÂNCIA

PROCESSOS

TRIBUNAIS% 1ª INST.

PROCESSOS

STJ+STF% 1ª INST.

BRASIL 163.998.652 7.231 22.680 11.207.948 1.741.182 15,54 244.911 2,19

PARANÁ 9.375.592 59 20.426 289.790 15.986 5,52 3.293 1,14

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A observação inicial, que deve serfeita, é que acesso à justiça é direitofundamental e está expresso noartigo 5º, inciso XXXV, daConstituição da República.

“ A lei não excluirá da apreciaçãodo Poder Judiciário lesão ouameaça a direito”.

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Na verdade, por acesso à justiça deve se entender aproteção a qualquer direito, sem qualquer restriçãoeconômica.

Não basta a simples garantia formal da defesa dosdireitos e o acesso aos tribunais, mas a garantia deproteção material destes direitos, assegurando atodos os cidadãos, independentemente de classesocial, a prática do justo .

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• Para Kazuo Watanabe o acesso à justiça não selimita a possibilitar o acesso aos tribunais, mas deviabilizar o acesso à ordem jurídica justa, a saber:

• O direito à informação;

• O direito á adequação entre a ordem jurídica e arealidade socioeconômica do país;

• O direito ao acesso a uma justiça adequadamenteorganizada e formada por juízes ineridos narealidade social e comprometidos com o objetivo darealização da ordem jurídica justa;

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• O direito a preordenação dosinstrumentos processuais capazes depromover a objetiva tutela dedireitos;

• O direito a remoção dos obstáculosque se anteponham ao acesso efetivoa uma justiça.

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• Nesse contexto, as questões cotidianas poderiam seresclarecidas pelos órgãos do Poder Judiciário, com apublicação de folhetos ou cartilhas instruindo ocidadão como resolver seus problemas com a justiçae ter acesso junto ao Poder Judiciário.

• Entretanto, como se vê, não basta ao PoderJudiciário buscar melhorar o acesso à justiça com oaperfeiçoamento dos instrumentos e condiçõesmateriais de trabalho, mas deve também assegurar adisseminação do conhecimento do direito com vistasa possibilitar e facilitar ao acesso à justiça a todas asclasses sociais.

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A dificuldade da população pobre doacesso as informações que possibilitemo conhecimento do direito, acrescida dovalor das custas processuais doprocesso nos tribunais, acarretabarreiras socialmente intransponíveispara o acesso à justiça, haja vista o nívelprecário das condições econômicas dasociedade brasileira.

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DISTRIBUIÇÃO DE RENDIMENTO NO INTERIOR

DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (PEA)

Agentes pessoas % DO PEA % ACUMULADO

sem declaração 835.543 1,2 1,2

sem rendimento 10.513.919 15,1 16,3

menos 1 salário mínimo 15.387.922 22,1 38,4

1 a 2 salários 14.204.236 20,4 58,8

2 a 3 salários 8.425.061 12,1 70,.9

3 a 5 salários 8.425.061 12,1 83,0

5 a 10 salários 7.032.489 10,1 93,1

10 a 20 salários 3.202,915 4,6 97,7

+ de 20 salários 1.531.829 2,2 100,0

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A morosidade na solução de conflitosconsiste na crítica mais ferrenhadirigida ao Poder Judiciário. Na medidaque a Constituição assegura o acesso àjustiça, concomitantemente com agarantia da apreciação judicial dequalquer lesão ou ameaça a direito, oEstado na prática tem criado normas eexigências que dificultam o acesso aostribunais.

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A consciência social hodierna brasileirapassa a exigir que os tribunaisnacionais assegurem o acesso à justiça,através da modernização do processo ede procedimentos operacionais eprocessuais, objetivando atender osanseios sociais de uma justiçaequânime e justa para todos.

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• De fato, o direito ao acesso efetivo tem sidoprogressivamente reconhecido como sendo deimportância capital entre os novos direitosindividuais e sociais, uma vez que a titularidadede direitos é destituída de sentido, na ausênciade mecanismos para sua efetiva reivindicação.O acesso à justiça pode, portanto, ser encaradocomo o requisito fundamental – o mais básicodos direitos humanos – de um sistema jurídicomoderno e igualitário que pretenda garantir, enão apenas proclamar os direitos de todos.

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• O resultado do enfoque do acesso à Justiça éuma concepção "contextual" do direito. Em vezde uma concepção unidimensional, pela qual odireito e a ciência jurídica se limitam àdeclaração de normas, afirma-se uma concepçãotridimensional: uma primeira dimensão refleteo problema, necessidade ou exigência socialinduz à criação de um instituto jurídico;

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• a segunda dimensão reflete a resposta ousolução jurídica, por sinal uma resposta que,além das normas inclui as instituições eprocessos destinados a tratar daquelanecessidade, problema ou exigência social;enfim, uma terceira dimensão encara osresultados, ou o impacto, dessa resposta jurídicasobre a necessidade problema ou exigênciasocial.

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• O papel da ciência jurídica, aliás o papeldos operadores do direito em geral, torna-se assim mais complexo, porém,igualmente muito mais fascinante erealístico.

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Atividade:

• Dividir a sala em 3 grupos, para cada um expor suas reflexões sobre:

• Grupo 1: acesso à justiça e cidadania

• Grupo 2: acesso à justiça e democracia

• Grupo 3: acesso à justiça e justiça