abong_manual de administração jurídica, contábil e financeira para

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    Nos ltimos anos, inegvel aimportncia das ONGs napromoo do desenvolvimenosocial e sustentvel. As inmeras

    experincias realizadas pelsONGs, em suas diversas reas deatuao, contribuem para aconstruo de novos padresculturais, democrticos e ticos emnossa sociedade. A fim depotencializar a capacidade de asONGs, suas Redes e Fruns

    realizarem suas respectivasmisses, faz-se necessriopromover iniciativasde desenvolvimeno instilucional,que nada mais do que umprocesso de foralecimento dasorganizaes e de suascapacidades tcnicas e polticas.

    As questes jurdicas, trabalhistas,tributrias, contbeis e financeirasque afetam direamene as ONGsm sido o foco de diversaspublicaes, ensaios e palestras.Visando ao fortalecimeno dasesruuras adminisraivas efinanceiras das organizaes

    no-governamenlais, o Manual deadministrao jurdica, contbil efinanceira para organizaesno-governamentaisratadessas questes de maneirasimples e objetiva.

    Dividido em duas partes, na

    primeira, discute os aspectosjurdicos fundamentais para todaassociao e fundao: aspecos

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    / A B O N //uac>'

    Manual de administrao

    u r i d i c a , c o n t b i i n a n c e i r ae t

    para organizaes no-governamentais

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    Manual de administrao

    u r i d i c a , c o n t b f i n a n c e i r a

    para organizaes no-governamentais

    HNCO

    Parceiros Apoio

    IIEB IIEB PADISInstituto Internadondl de Educa

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    Editora responsvel EdioRenata Farhat Borges

    rea juridicaCoordenao editorial Alexandre CiconelloNoelma Brocanelli Elisa Rodrigues Alves Larroud

    Capa, projeto grfico e editorao eletrnica rea administrativa, contbil e financeiraAlfredo Carracedo Castillo lvaro Pereira de Andrade

    Maria das Dres Barros e SilvaIlustraes

    Tasa Borges ColaboraoAndr Cremaschi Sampaio

    Reviso {direito trabalhista)Mineo Takatama Marcela 0, S. de Moraes

    Laura Karin Gillon

    Copyright 2003 by Instituto internacional de Educao do Brasil

    Dados Internacionais dc Catalogao na Publicao (CIP)

    (Cmara Brasileira do Livro, SP Brasil)

    Manual dc administrao juridica, contbil c financeira para organizaesno-govcrnameniais - SoPauto; Peirpolis, 2003.

    Apoio: AFINCO, ABONG, lltiB (Insiiiuto Inicmacional de

    Educao do Brasil), IIEB PADIS (Programa de Apoio aoDcsenvoKnniento insiiiucional c Sustentvel)Bibliografia.

    ISBN 85-7596-008-3

    1. Organizaes nao-govemamentais - AdministraoI. Borges, Renata Farhai.

    03-2759 CDD-060.68

    ndices para catlogo sistemtico;

    1. Organizaes no-govemamentais: Administrao 060.68

    9 8 7 6 5 4 3 2 1 07 06 05 04 03 02

    A

    Editora PeirpolisRua Girassol, 128-Vila Madalena

    05433-000 - So Paulo - SP - Brasil

    Tel.; (55 11) 3816-0699 e fax: (55 11)3816-6718e-ma//[email protected]

    vwwtf.editorapeiropolis.com.br

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Apresentao

    Foi com enorme satisfao que o IIEB/Padis envidou esforos junto comseus parceiros, Afinco e Abong, para a publicao do Manuat de administrao jurdica, contbil e financeira para organizaes no-governa-mentais, de modo a contribuir para a ampliao da capacidade de asorganizaes da sociedade civii cumprirem suas misses e protagonizaremo interesse pblico mais amplo de desenvolvimento sustentvel e inclusosocial.

    0 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional e Sustentvel(Padis), do Instituto Internacional de Educao do Brasil (IIEB), realizadocom recursos da Embaixada do Reino dos Pases Baixos no Brasil, apiao desenvolvimento institucional de espaos pblicos sodoambientais paraque o desenvolvimento sustentvel, como poltica e ao, seja orientadopelo interesse pblico.

    0 desenvolvimento sustentvel no depende de uma nica organizao isolada, seja governo, organizao da sociedade civil, empresa oumovimento. Depende da ao conjunta da sociedade, envolvendo cada

    vez mais e sempre no apenas os grupos organizados, mas a populaoem geral. Depende da sua capacidade de conversar e negociar em tornodas diferenas de interesse e opinio, buscando formas democrticas dealcanar objetivos comuns que garantam o interesse pblico.

    Para que o desenvolvimento sustentvel seja garantido, preciso queos vrios grupos e setores da sociedade estejam representados na tomadade decises. Portanto, para o desenvolvimento sustentvel, fundamentalque existam organizaes que representem os vrios interesses na socie

    dade, que elas sejam fortes, representativas, capazes de analisar problemas, dar opinies, fazer propostas, coloc-las em ao e que saibamconversar com outros grupos e negociar solues.

    0 Padis entende que desenvolvimento institucional este processo defortalecimento das organizaes e de sua capacidade de, junto comoutras, construir e buscar este interesse pblico no enfrentamento dosproblemas, para que possam melhor cumprir suas misses e objetivos;de crescimento de sua capacidade organizacional e poltica, para a conquistados recursos que precisam, sejam eles financeiros, materiais, conhecimentos, contatos com outras pessoas e grupos, idias etc.; de ampliao dassuas capacidades de gerenciamento, administrao e prestao de contas;de melhoria da comunicao, do dilogo e da transparncia dessas

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    organizaes em relao a outras; e de aumento da capacidade que elastm de perceberem suas necessidades e problemas, de buscarem assolues para enfrent-los e de mudarem a si mesmas.

    0 desenvolvimento institucional, no entanto, resultado da vontadedas prprias organizaes de se aperfeioarem; no vem de fora paradentro. Depende delas mesmas.

    A publicao do Manual de administrao jurdica, contbil e financeira para organizaes no-governamentais,em um esforo conjunto entreAfinco, Abong e llEB/Padis, veio para contribuir e apoiar esta vontade.

    Leila Soraya MenezesCoordenadora do IlEB/Padis

    Esta publicao um manuat que contm fundamentos e instrumentos bsicos que visam introduzir os passos de uma gesto profissional paraas ONGs. A gesto profissionalizada um dos caminhos para a auto-sustentabilidade poltica e financeira das organizaes, porque impeuma reavaliao estrutural dos processos de administrao dos recursosinstitucionais. Cabe ressaltar que^esse "olhar para dentro", a partir dagesto, no pode deixar de considerar os aspectos ticos, polticos einstitucionais das ONGs, sua misso e a especificidade de seu papel na

    construo de uma sociedade mais justa, democrtica e sustentvel.Assim, com imenso prazer que a Afinco, Abong e o IlEB/Padis,

    inspirados no princpio de responsabilidades compartilhadas, tornam pblicaa edio deste manual, visando contribuir para o fortalecimento institucionaldas organizaes no-governamentais brasileiras.

    Por parte da Afinco, importante frisar que no teramos chegado aessa publicao sem o apoio, no decorrer de todos esses anos, de nossosassociados, assessores, colaboradores, funcionrios e voluntrios que,

    direta ou indiretamente, contriburam para que o conhecimento construdose materializasse neste livro. H que se destacar tambm as sugestes deorganizaes obtidas durante os cursos realizados pela Afinco.

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    Por parte da Abong, a existncia do Programa de DesenvolvimentoInstitucional (PDI), que visa potencializar a capacidade de as ONGs asso

    ciadas promoverem processos de mudana social, possibilitou a elaborao da parte jurdica do manual. Nosso objetivo o de fazer com queas ONGs conheam o ambiente lega! em que esto inseridas e possam,a partir disso, cumprir seus deveres e exigir seus direitos institucionais.

    Este trabailio conjunto s foi possvel pelo apoio do IlEB/Padis, parceiroestratgico da Abong e da Afinco, a iniciativas relacionadas ao desenvolvimento institucional das ONGs brasileiras.

    0 Manual de adnninistrao jurdica, contbil e financeira para orga

    nizaes no-governamentais um guia prtico, elaborado com base nasexperincias acumuladas pela Abong e pela Afinco em suas respectivasreas de atuao. 0 propsito contribuir efetivamente para o fortalecimento das prticas gerenciais no dia-a-dia dos gestores das ONGs.

    Este um livro para ter sempre por perto; um referencial de trabalhoque procura transmitir os contedos em uma linguagem prtica, objetivae simples.

    AbongAssociao Brasileira deOrganizaes No Governamentais

    AfincoAdministrao e Finanas para

    o Desenvolvimento Comunitrio

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    Sumrio

    Parte 1 - Aspectos legais e institucionais das ONGs

    Introduo..................................................................................................15

    Estrutura da primeira parte......................................................................15

    Contexto...................................................................................................16

    A spe ctos s o c ie t r io s ....................................................................................... 17

    Pessoas jurdicas no*lucraivas................................................................... 17

    Associaes.........................................................................................17

    Fundaes............................................................................................17

    Novo Cdigo Civil................................................................................20

    Constitu io..................................................................................................... 26

    Procedimento para constituir umaassociao................................... 27

    Procedimento para constituir umafundao...................................... 29

    Estatuto de uma associao.........................................................................31

    Regime de gesto...........................................................................................35

    Assemblia-geral..................................................................................36

    rgo diretivo...................................................................................... 36

    rgo executivo................................................................................... 37 Conselho fiscal.................................................................................... 37

    rgo consultivo..................................................................................38

    Modelo de Estatuto Social.............................................................................38

    A spectos a d m in is tra tiv o s ...............................................................................48

    Regularizao diante do poder pblico.......................................................48

    Registro do estatuto e atos constitutivos.............................................48

    Registro de atas e outros documentos............................................... 49

    Outros registros obrigatrios............................................................... 49

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    Ttulos, declaraes, qualificaes e conselhos.........................................51

    Reconhecimento de Utilidade Pblica Federal......................................51

    Flegistro no Conselho Nacionai de Assistncia Social.........................54

    Certificado de Entidade Beneficente de Assistncia Social (Cebas) ..57

    Cadastro nacional de entidades ambientalistas ....................................61

    Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico (Oscip)....... 64

    Organizaes Sociais............................................................................71

    Conselhos de polticas pblicas e outros ttulos e registros ...............74

    Relaes com a administrao pblica......................................................76 Contrato administrativo......................................................................... 77

    Convnio.............................................................................................. 78

    Termo de parceria .................................................................................83

    A spec to s tra b a lh is ta s ...................................................................................... 86

    Direito do Trabalho - sua importncia e formas

    de contratao teis para as ONGs............................................................ 86Distino entre autnomo e empregado.....................................................87

    Empregado...........................................................................................87

    Autnomo .............................................................................................87

    Distino entre relao de emprego e trabalho voluntrio......................88

    Dos diferentes tipos de contrato de trabalho............................................88

    Contrato por prazo indeterminado .......................................................89

    Contrato .por prazo determinado.............................,...........................89

    Outras formas de contratao por prazo determinado............................90

    Lein? 6.019/74.................................................................................... 90

    Lei n^ 9.601/98.....................................................................................91

    O estagirio e o contrato de aprend izagem.............................................. 92

    Estgio ................................................................................................. 92

    Contrato de aprendizagem ...................................................................93

    Novas hipteses de contratao e reduo de gastos ......................94

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    Obrigaes trabalh istas.................................................................................95

    Admisso do empregado.................................................................... 95 Folha de pagamento mensal...............................................................96

    Exemplos de clculos da folha de pagamentos................................. 98

    Folha de pagamento do 13 salrio...................................................102

    Direito e concesso de frias............................................................102

    fesciso de contrato de trabalho......................................................105

    Aviso prvio......................................................................................106

    Seguro-desemprego..........................................................................107

    Obrigaes fiscais de natureza trabalhista ..............................................108

    Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS)..........................109

    Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)...............................109

    Programa de Integrao Social (PIS)................................................ 110

    Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)........................................111

    Imposto Sobre Servios (ISS) (de terceiros)...................................112

    Contribuio sindical..........................................................................113

    Cadastro de Empregados e Desempregados(Caged).....................113

    Relao Anual de Informaes Sociais (Rais)..................................113

    Aspectos tr ib u t rio s ........................................................................................114

    Imunidades e isenes................................................................................ 115

    Imunidade de impostos...................................................................115

    Imunidade de contribuies............................................................ 117

    Iseno..............................................................................................119

    Incentivos fiscais para doaes................................................................120

    utilidade pblica federal - Oscip.....................................................120

    Fundos de direitos da criana e do adolescente........................... 121

    Ensino e pesquisa............................................................................. 122

    Cultura e audiovisual..........................................................................122

    Atividade com ercia l.......................................................................................125 Comercializao de mercadorias.....................................................126

    Prestao de servios...................................................................... 127

    1 0

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    Fontes de aprofundamento e contatos.............................................129

    Referncias bibliogrficas..................................................................... 129rgos administrativos......................................................................... 129

    P a r te 2 - A im p o r t n c ia d a o r g a n iz a o a d m in is t r a t iv a

    In tro d u o ......................................................................................................... 135

    Organograma de uma ONG........................................................................ 135

    Para que sen/e o planejamento do trabalho de umasecretaria?....139

    Mtodos de arquivamento ........................................................................... 140

    O arquivo da secretaria......................................................................140

    Recomendaes teis para arquivamento..........................................141

    Procedimentos para expedio da correspondncia..............................142

    Exemplo de recibo de entrega.......................................................... 143

    Exemplo de folha de protocolo ......................................................... 143 Formas de tratamento na redao de correspondncias..................145

    Para que organizar e manter o sistema follow-up7.................................146

    Modelo de ficha de controle............................................................. 147

    Como preparar reun ies? ............................................................................ 147

    Redao da ata da reunio........... , .................................. ............. 148

    P a r te 3 - O r a m e n to : e l a b o r a o e c o n t ro l e

    In trod uo ^........................................................................................................ 153

    Conceitos bsicos.........................................................................................153

    Fases do oram ento .....................................................................................154

    Controle do oramento ................................................................................ 160

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    In tro d u o .........................................................................................................165

    Abertura de conta corrente bancria especfica

    para cada agncia de cooperao ............................................................166

    Fundo ixo de caixa para pequenos gastos............................................166

    Roteiro para elaborao do boletirr) do fundo fixo.............................169

    Fluxo de caixa m ensal................................................................................. 170

    Procedimentos para elaborao do fluxo decaixa...........................172

    Controle de gastos com viagens............................................................... 174

    Opo pela "diria"........................................................................... 176

    Opo pelo adiantamento de viagem.................. ..........................176

    Controle das contas a pagar......................................................................177

    Conciliao mensal dos saldos das contas bancrias.......................... 179

    Contas correntes............................................................................... 179

    Aplicaes financeiras........................................................................180

    Controle dos emprstimos entre projetos.................................................184

    Escriturao contbil.....................................................................................186

    Conceitos contbeis essenciais......................................................... 186

    AJgumas orientaes para a leitura dos relatrioscontbeis.............. 192

    Recomendaes para contratao desemos contbeis de terceiros......................................................... 193

    Relatrio financeiro........................................................................................ 194

    Passos para o relatrio financeiro......................................................195

    Modelo do relatrio financeiro........................................................... 199

    Exemplo do relatrio financeiro em dlares........................................201

    Primeiro passo: clculo da taxa de cmbiovalorizada........................ 201

    Referncias bibliogrficas............................................................................204

    Parte 4 - Controle financeiro e contbil

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    Parte 1

    Aspectos legaise institucionaisdas ONGs

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    Introduo

    Estrutura da primeira parte

    A primeira parte est dividida em quatro tpicos jurdicos relativos gesto: aspectos societrios, administrativos, trabalhistas e tributrios.

    No primeiro, introduzimos os conceitos de associao e fundao

    (as nicas duas formas jurdicas no-lucrativas) e as implicaesde sua constituio; abordamos o estatuto social e suas disposies

    obrigatrias e freqentes e examinamos a estrutura de gesto daorganizao.

    Em seguida, apresentamos os aspectos administrativos, a comearpelos registros indispensveis ao regular funcionamento de qualquerorganizao, passando pelos ttulos e qua lificaes existentes - taiscomo utilidade pblica federal, organizao da sociedade civil deinteresse pblico (Oscip) e certificado de entidade beneficente deassistncia social (Cebas) e, ao final, os instrum entos de contrato,convnio e termo de parceria com a administrao pblica.

    Mais adiante, trazemos conceitos e informaes sobre a legislaotrabalhista, como empregado, estgio, prestao autnoma de serviose trabalho voluntrio, bem como sobre as obrigaes trabalhistasdecorrentes.

    O ltimo tema do manual corresponde aos aspectos tributrios.Indicamos os benefcios e implicaes na rea social, como os requisitos para as imunidades, isenes e incentivos fiscais existentese os impostos decorrentes da comercializao de produtos e servios.

    Ao longo da primeira parte ficar evidente que os quatro temastm diversas relaes entre si. Em especial, as caractersticas societrias,administrativas e tributrias afetam-se diretamente. (Por exemplo,algumas previses estatutrias so condio para obteno de umttulo ou exerccio de uma iseno fiscal, e um certificado necessrio para gozar de uma imunidade.) Quando cabvel, o texto indicaa referncia correspondente.

    15

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    Manual para organizaes no-governamentais

    Os dados para contatar os rgos governamentais mencionados

    durante o texto esto relacionados no final da primeira parte dapublicao.

    Contexto

    Em pesquisa recente realizada pela Associao Brasileira de Organiza

    es No Governamentais (Abong), que deu origem publicaoONGs no Brasil 2002: perfil e catlogo das associadas Abong, foramlevantadas as principais dvidas e questes jur dicas enfrentadas poresse universo de organizaes. Havia uma pergunta especfica sobreQuais so as principais questes jurdicas enfrentadas por sua organizao atualm ente? - e alguns temas jurd icos aparecem comdestaque na questo Quais as necessidades de capacitao institucional de sua organizao?

    Ou seja, nos ltimos anos, a necessidade de clarificar as questes

    ju rdicas que afetam as ONGs passou a ser uma preocupao cadavez maior dos dirigentes e tcnicos dessas organizaes. Esses temascomeam a ser incorporados em programas de capacitao e desenvol

    vimento institucional e cada vez mais publicaes, manuais e subsdios so produzidos para atender essa demanda.

    importante ressaltar que no Brasil, alm de termos um sistemalegal complexo, a tradio burocrtica de nossos rgos pblicos

    acaba por dificultar o exerccio de certos direitos institucionais queas organizaes possuem, criando exigncias que em alguns casoscontradizem o previsto na Constituio Federal e nas leis.

    Acreditamos que, a partir do momento em que as ONGs tiveremmais segurana e conhecimento tcnico sobre as questes jurdicasque as afetam, podero reivindicar os seus direitos institucionais,cumprir seus deveres legais e atuar na esfera pblica de modo maisinstrumentahzado.

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    Aspectos societrios

    Pessoas jurdicas no-lucrativas

    No Brasil, existem apenas dois formatos institucionais para a constituio de uma organizao sem fins lucrativos: fundao privada eiassociao civil sem fins lucrativos. Uma fundao tem sua origem

    em um patrimnio ou conjunto de bens, ao passo que uma associaose origina da vontade de um grupo de pessoas unidas por uma causaou objetivos sociais comuns.

    As associaes e fundaes so freqentemente chamadas poroutras expresses - tais como instituto, organizao no-governamen-tal (ONG), entidade filantrpica, entidade assistencialista, Oscip,entidade de utilidade pblica -, mas importante esclarecer queessas designaes no correspondem a formas jurdicas. Algumas

    delas se referem a ttulos e qualificaes conferidos pelo poder pblicos associaes e fundaes, conforme veremos mais adiante.

    AssociaesUma associao civil um a pessoa jurdica de direito privado, criadacom base na unio de pessoas em torno de uma finalidade no-lucrativa. A Constituio Federal de 1988 assegura a liberdade de

    associao par fins lcitos, impedindo a interferncia estatal em seufuncionamento. O Cdigo Civil e a Lei de Registros Pblicos fixamalguns procedimentos e requisitos bsicos para a criao de umaassociao civil sem fins lucrativos (veja adiante).

    FundaesUma undao privada uma pessoa jurdica constituda com baseem um patrimnio: uma pessoa fsica ou jurdica destina um conjunto de bens para a reahzao de um fim social e determinado. Umafundao criada por iniciativa de seu instituidor, e h duas nicasformas: por escritura pbhca ou testamento.

    1 7

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    Manual para organizaes nao-governamentais

    Com base nessa finalidade social e pblica, o patrimnio ganha

    personalidade jurdica e fica sujeito fiscalizao do MinistrioPblico (em geral, por meio da curadoria de fundaes da comarcada sede da fundao). O papel do Ministrio Pbhco, por atribuiolegal, zelar por essas organizaes, assegurando a efetiva utilizao

    do patrimnio para o cumprimento de sua finalidade.Por necessitarem de um fundo patrimonial expressivo para sua

    constituio, pou cas O NG s so constitudas como fundaes; a maiorparte opta por constituir uma associao civil.

    Organizao no-governamental (ONG)A sigla ONG corresponde organizao no-governamenta! - unna

    expresso que admite muitas interpretaes. De um lado, a definio

    textual (ou seja, aquilo que no do governo ou vinculado a ele) to

    ampla que abrange qualquer organizao de natureza no-estatal.

    Como visto acima, do ponto de vista jurdico, o termo ONG no

    apropriado. Toda ONG uma associao ou uma fundao. Contudo,do ponto de vista poltico, nenn toda organizao privada no-lucrativa

    uma ONG. Clubes esportivos e recreativos, hospitais privados, movi

    mentos sociais, universidades privadas, entidades ecumnicas, entida

    des filantrpicas e assistencialistas, fundaes empresariais, associaes

    civis de benefcio mtuo etc., tm objetivos e perspectivas de atuao

    social muito distintos, s vezes at opostos.

    Em mbito mundial, a expresso surgiu pela primeira vez na Orga

    nizao das Naes Unidas (ONU) aps a Segunda Guerra Mundial,

    com 0uso da denominao em ingls "non-governmental organizations

    (NGOs)'' para designar "organizaes supranacionais e internacionais que

    no foram estabelecidas por acordos governamentais".

    No Brasil, a expresso era habitualmente relacionada a um universo

    de organizaes que surgiram, em grande parte, nas dcadas de 70

    e 80, apoiando movimentos sociais, organizaes populares e de base

    comunitria, com objetivos de promoo da cidadania, defesa de direitose luta pela democracia poltica e social. As primeiras ONGs nasceram

    em sintonia com as finalidades e dinmicas dos movimentos sociais.

    1 8

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    peia atuao poltica de proteo aos direitos sociais e fortalecimento

    da sociedade civi.l, com nfase nos trabalhos de educao popular,pesquisa, visando sempre contribuir para a elaborao e o monito

    ramento das polticas pblicas.

    Segundo o saudoso humanista Herbert de Souza, "uma ONG se

    define por sua vocao poltica, por sua positividade poltica: uma

    entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental desenvolver

    uma sociedade democrtica, isto , uma sociedade fundada nos valores

    da democracia - liberdade, igualdade, diversidade, participao e so

    lidariedade. (...) As ONGs so comits da cidadania e surgiram para

    ajudar a construir a sociedade democrtica com que todos sonham".

    Ao longo da dcada de 90, com o surgimento de novas organiza

    es privadas sem fins lucrativos trazendo perfis e perspectivas de

    atuao e transformao social muito diversas, o termo ONG acabou

    sendo apropriado por um conjunto grande de organizaes que muitas

    vezes no guardam semelhanas entre si. Como afirma a antroploga

    Leilah Landim, "o nome ONG no mais revelador, como ele era, deum segmento dentro das organizaes da sociedade civil brasileira"V

    De acordo com texto aprovado pelo Conselho Diretor da Abong,

    no tocante a especificidade das ONGs, preciso ressaltar aquilo que

    no so: no so empresas lucrativas (seu trabalho poltico e cultural),

    no so entidades de defesa de interesses corporativos de seus asso

    ciados ou de quaisquer segmentos da populao, 'no so entidades

    assistencialistas de perfil tradicional; e afirmar aquilo que so: servem comunidade, realizam um trabalho de promoo da cidadania e

    defesa dos direitos coletivos (interesses pblicos, interesses difusos),

    lutam contra a excluso, contribuem para o fortalecimento dos mo

    vimentos sociais e para a formao de suas lideranas, visando

    constituio e ao pleno exerccio de novos direitos sociais, incentivam e

    subsidiam a participao popular na formulao, monitoramento e

    implementao das polticas pblicas.

    1. Para saber mais, consulte ONGse universidades: desafios para a cooperao na Amrica latina.So Paulo: Abong, Peirpolis, 2002; e ONGs no Brasil 2002: perfil e catlogo das associadas

    Abong.So Paulo: Abong, 2002.

    1 9

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    Manual para organizaes no-governamentais

    Novo Cdigo Civil: o que muda para as ONGs?^

    O Novo Cdigo Civil entrou em vigor em janeiro de 2003, trazendonovidades para as associaes e fundaes. Confira abaixo as prin

    cipais novidades.

    Classificao as pessoas jurdicas

    O Novo Cdigo Civ define as 3 espcies de pessoas jurdicas priva

    das: as associaes e fundaes (sem fins lucrativos ou econmicos)e sociedades (com fins econmicos e partilha dos lucros entre osscios). As sociedades admitem diversos formatos, como cooperati

    vas, sociedades limitadas e annimas.No texto antigo, no havia previso expressa que distinguisse as

    associaes no-lucrativas das sociedades civis com finahdade lucrativa. Era preciso recorrei" interpretao de outros artigos e normas,bem como da jurisprudncia e da doutrina. J o Novo Cdigo Civildefine e separa com clareza as categorias de pessoas jurdicas de

    direito privado:

    associaes so constitudas pela unio de pessoas para finsno-econmicos (art. 53);

    fund aes so constitudas por uma dotao especial de bens,reahzada por um instituidor que especificar o hm a que se destinae declarar, se quiser, a maneira de administr-la (art. 62); e

    soc iedad es so constitudas por pessoas que reciprocamente seobrigam a contribuir com bens ou servios para o exerccio deatividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados(art. 981).

    Com o se pode observar, as associaes continuam correspondendoa um conjunto de pessoas e as fundaes, a um conjunto de bens.

    2. Trecho extrado do artigo "Novo Cdigo Civil brasileiro: o que muda para as Ongs", de AlexandreCiconello, Elisa Rodrigues Alves Larroud e Jos Fernando Latorre. Texto integral disponvel napgina eletrnica da Abong (www/.abong.org.br).

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    Em outras palavras, o Novo Cdigo Civil manteve intactas tais

    naturezas fundamentais das pessoas jurdicas no-lucrativas.

    Definio de associaes

    A alterao que mais chamou a ateno das organizaes da sociedade civil diz respeito ao conceito de associao - antes definido peladoutrina e jurisp rudncia por falta de previso legal especfica. Comoexpusemos, o Novo Cdigo Civil introduz uma definio legal expressapara as associaes em seu art. 53, transcrito a seguir;

    ArL. 53. Constituem-se as associaes pela unio de pessoas que seorganizam para fins no-econmicos.

    Esta definio, ao adotar a expresso/ins no-econmicos, causoumuita preocupao para as associaes, especialmente quelas quetm atividades econmicas (isto , comerciahzao de bens ou servi

    os) como uma fonte de recursos^. H receio de que tais organizaessejam consideradas ''sociedades^em virtude dessas atividades, o quelhes traria conseqncias graves: teriam descaracterizado seu formato associativo e perderiam, entre outros, o direito a seus benefciosfiscais (imunidades, isenes e incentivos). O receio compartilhadotanto por pequenas organizaes de base quanto grandes instituiesprivadas (do porte de hospitais e universidades).

    preciso, no entanto, distinguir entre fins e atividades. No himpedimento para uma organizao sem fins econmicos desenvolver atividades econmicas para gerao de renda, desde que nopartilhe os resultados decorrentes entre os associados, mas, sim, os

    3. Segundo a publicao ONGs no Brasil 2002: Perfil e Catlogo das Associadas Associao Brasileira de Organizaes No Governamentais (Abong). pelo menos 46,43% das organizaespesquisadas prestam servios ou comercializam algum produto, mas essa fonte de recursoscorresponde em mdia a apenas 3,83% da composio do oramento total da rede (dados de

    2000).4.N os iermosdo art . 981 do Novo Cdigo Civil, celebram contrato de sociedade as pessoas quereciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados".

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    Manual para organizaes no-govemamentais

    destine integralmente consecuo de seu objetivo social. Esta

    condio o que distingue as associaes das sociedades, conformea previso expressa dos artigos 53 e 981 do Novo Cdigo Civil, acima

    reproduzidos.Apontamos que este entendimento corroborado pelas disposi

    es do Regulamento do Imposto de Renda e da lei que instituiu as

    Oscips (Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico), segun

    do as quais todos os resultados devero ser integralmente destinados manuteno e ao desenvolvimento dos objetivos sociais da organizao. Dessa maneira, fica vedada qualquer partilha de resultados,mas no h proibio para a reahzao de atividades econmicas -o que vale tambm para as fundaes.

    Tambm interessante notar que a expresso no-econmicosno nova no Cdigo Civil, pois consta do texto anterior desde 1916.

    As previses do antigo art. 22^ tratam da destinao do patrimnioda associao de inuos no-econmicosna hiptese de sua extino

    - isto , para estabelecimento m unicipal, estadual ou federal de finsidnticos ou semelhantes, determinao esta que foi mantida no art.61 do Novo Cdigo Civil, abaixo comentado.

    Dessa maneira, pode-se deduzir que os legisladores utilizam taistermos como sinnimos, e que o uso da expresso no-econmicosproduz

    os mesmos efeitos legais da habitual referncia a no-lucrativos.Note-se, ahs, que a inteno do legislador fica evidente no Proje

    to de Lei n^ 6.960/2002, cujo autor, o deputado federal Ricardo Fiza(PPB/PE), foi relator do Novo Cdigo Civil durante sua tramitaono Congresso. O citado projeto, levando em conta manifestaes dealgumas organizaes da sociedade civil, modifica o atual art. 53,evitando futuras interpretaes contraditrias com a seguinte redao: constituem-se as associaes pela unio de pessoas que seorganizam para fins no-lucrativos.

    5. Assim dispunha o antigo art. 22: 'Extinguindo-se uma associao de intuitos no-econmicos,cujos estatutos no disponham quanto ao destino ulterior de seus bens, e no tendo os sciosadotado a tal respeito deliberao eticaz, devolver-se- o patrimnio social a um estabelecimentomunicipal, estadual ou federal, de fins idnticos ou semelhantes".

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    De qualquer maneira, resta aguardar se esta interpretao ser

    efetivamente acolhida pelas autoridades administrativas, tributriase judicirias do Pas de modo a no comprometer as atividades degerao de renda das organizaes da sociedade civil.

    Outrossim, sem prejuzo do entendimento acima, consideramosoportuno levantar hipteses que poderiam justificar uma distinoentre as referncias a no-econmicos e no-lucrativos. No casode uma organizao sem fins lucrativos que desenvolva atividadeseconmicas (isto , comerciahzao de bens e/ou servios a terceiros

    mediante contraprestao pecuniria) em carter exclusivo oupredominante, tais atividades se confundem com seus fins, descon-figurando, assim, a quahdade no-econmica da organizao. Perm anece, entretanto, a proibio de distribuir seus resultados, a qual, doponto de vista tributrio, condiciona sua classificao no-lucrativa.

    importante ressalvar que a interpretao apresentada no pargrafo anterior faz sentido somente nas hipteses levantadas, ou seja,

    em caso de predomnio ou exclusividade de atividades econmicasno escopo das atividades da organizao. Este entendimento temcomo propsito coibir impropriedades e abusos para a constituioe existncia de pessoas jurdicas sob o formato de associao.

    Disposies estatutrias obrigatrias para as associaes

    O Novo Cdigo, em seu artigo 54, relaciona algumas disposiesobrigatrias que devem constar do Estatuto Social de qualquer associao. Neste artigo, a alterao principal se faz notar com os novosdispositivos apresentados pelos incisos II, III e IV Confira o textoa seguir;

    Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associaes conter:

    I. a denominao, os fins e a sede da associao;

    II. os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos associados;

    6. Cumpre esclarecer que esta classificao pode ocorrer voluntariamente ou por fora de lei emvirtude da natureza de sua atuao (tais como hospitais e escolas).

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    Manual para organizaes no-governamentais

    111. OS direitos e deveres dos associados;

    ]V. as fontes de recursos para sua manuteno ;V 0 modo de constituio e funcionamento do s rgos deliberativos

    e administrativos;VI. as condies para a alterao das disposies estatutrias e para

    a dissoluo.

    Nos incisos 11 e 111, o legislador preocupou-se em obrigar o esta

    tuto a dispor claramente acerca dos direitos e deveres dos associados .(sendo permitidas diferentes categorias com os respectivos direitos

    e deveresO, inclusive os requisitos para sua admisso e excluso,tornando tais pontos mais transparentes para o pblico.

    Pela anlise do inciso IV, constata-se que o legislador tambm sepreocupou com questes sobre sustentabilidade e independncia econmica, ao determinar que o estatuto de uma nova associao deverapresentar as fontes de recursos da entidade. Esta necessidade no dificul

    tar a formao de novas organizaes; apenas exigir maior planejamento por parte do(s) instituidor(es) no momento de constituio.

    As organizaes j constitudas, cujos estatutos no contiveremtais previses obrigatrias, tero o prazo de um ano (isto , at

    janeiro de 2004) para adaptarem seus textos. No caso de organizaes

    que venham a ser formadas, a falta destas disposies no estatutopoder impossibilitar o registro de seu estatuto no cartrio.

    A nova lei tambm estabelece competncia privativa da assemblia-geral para eleger e destituir os administradores, aprovar ascontas e alterar o estatuto^, alm de permitir que um quinto dos

    7. O citado Projeto de Lei n 6.960/2002 torna mais claro o texto do atual art. 55, o qual estabeleceque "os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poder instituir categorias com vantagens especiais".8. Segundo o art. 2.031 do Cdigo Civil, as associaes, sociedades e lundaes, constitudas naforma das leis anteriores, tero o prazo de um ano para se adaptarem s disposies deste Cdigo,

    a partir de sua vigncia; igual prazo concedido aos empresrios".9. Para as deliberaes referentes alterao do estatuto social e destituio de administradores, exigido o voto concorde de dois teros dos presentes assemblia especialmente convocada paraesse fim. no podendo ela deliberar, em primeira convocao, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos de um tero nas convocaes seguintes.

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    Aspectos legais e institucionais das. ONGs

    associad os possam promover um a assemblia-geral. A partir de agora,essas regras prevalecem sobre outras disposies em contrrio pre

    vistas no estatuto das associaes.

    Excluso de associados

    A partir de janeiro de 2003, segundo o art. 57 do Novo Cdigo, aexcluso do associado s admissvel havendo justa causa, obedecido o disposto no estatuto; sendo este om isso, poder tambm ocorrerse for reconhecida a existncia de motivos graves, em deliberao

    fundamentada, pela inaioria absoluta dos presentes assemblia-geral especialmente convocada para esse fim.

    Vale apontar que o Projeto de Lei n- 6.960/2002, acima referido,torna mais clara e objetiva a redao deste artigo, exigindo obrigatoriamente a deliberao em reunio (no necessariamente uma assem blia-geral) convocada para esse fim. O projeto tambm elimina anecessidade de maioria absoluta.

    Limitao de constituio de novas fundaesOutra mudana do Novo Cdigo Civil com relao regulamentao

    ju rdica das organ izaes sem fins lucrativos tambm motivo depreocupao. Transcrevemos abaixo o texto integral do novo art. 62,salientando as disposies contidas no pargrafo nico:

    Art. 62. Para criar uma fundao, o seu instituidor fa r, por escritura

    pbhca ou testamento, dotao especial de bens livres, especificando o fima que se destina e declarando, se quiser, a maneira de administr-la. Pargrafo nico. A fundao somente poder constituir-se para finsreligiosos, morais, culturais ou de assistncia.

    0 Cdigo anterior no trazia qualquer limitao quanto ao escopoda finalidade da fundao. Ou seja, a criao de fundaes, desde que

    para fin s lcitos, era inteiramente livre: o instituidor, manifestando a

    vontade de dispor de seu patrimnio, indicava a finalidade social aque 0 destinaria. Dessa maneira, a restrio imposta pelo novo texto

    pode ser considerada um retrocesso. O escopo de fins religiosos, morais,

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    Manual para organizaes no-govemamentais

    cuhurais ou de assistncia no abrange alguns aspectos essenciais do

    interesse pblico como ensino, defesa e preservao do meio ambientee desenvolvimento de pesquisas.

    Contudo, as categorias estabelecidas pela lei, quais sejam, de fins

    religiosos, morais, culturais ou de assistncia, so bastante amplase imprecisas, de modo que uma interpretao extensiva do texto

    poderia abranger diversas finalidades no expressamente indicadas

    no texto legal.

    Uma das conseqncias negativas desse novo dispositivo dizrespeito especial s fundaes institudas por testamento. A limitaodo texto legal e a incerteza de sua interpretao podem desestim ulara constituio de novas fundaes, pois os cidados que desejaremlegar seu patrimnio para constituir uma fundao com um fimsocial especfico tero dvidas se sua vontade ser respeitada postumamente.

    Acreditamos que o Poder Judicirio e o Ministrio Pblico adotaro uma interpretao bem abrangente deste artigo de modo a estimular a destinao de recursos privados para finalidades pblicase sociais e^ assim, servir o interesse da sociedade. Cumpre apontar,alis, que o citado Projeto de Lei n- 6.960/2002 prope eliminar porcompleto 0 pargrafo em questo, restaurando a situao do textoanterior, isto , sem limitar as finalidades das fundaes.

    Constituio

    Uma associao civil, que se caracteriza fundamentalmente com o umconjunto de pessoas, depende da vontade de pelo menos duas delaspara sua constituio. J as fundaes, por serem constitudas combase num conjunto de bens, dependem da vontade de apenas umapessoa, sem qualquer impedimento para que haja mais de uma.

    Em am bos os casos, as pessoas que decidem constituir a organizao podem ser fsicas ou jurdicas. Em outras palavras, uma asso ciao pode ser formada exclusivamente por indivduos, outras

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    organizaes (como o caso da Abong) ou ainda por uma misturade indivduos e organizaes. Da mesma maneira, as fundaes

    podem ser formadas tanto por deciso de um nico indivduo e/ou organizao como tambm por uma deciso conjunta de indivduos e/ou organizaes.

    De todo modo, a organizao deve ser formalmente registrada emcartrio para iniciar sua existncia legal. Alm disso, para seu efetivo

    funcionamento, preciso efetuar alguns registros adicionais diantede rgos especficos do poder pblico, como a Receita Federal e a

    prefeitura. 0 procedimento para registro em cartrio ser apresentado adiante, juntamente com os demais registros necessrios.

    Alm disso, toda organizao regida por um estatuto social,documento que contm as caractersticas e o conjunto de regras daorganizao. Mais adiante aprofundaremos esse tema, apresentandodisposies obrigatrias e recomendveis. De qualquer modo, paraa elaborao do estatuto social, preciso que os fundadores determi

    nem algumas diretrizes: Como so tomadas as decises?

    Como so feitas as eleies?

    Que rgo ou cargo responsvel por estabelecer as estratgiaspara a consecuo dos objetivos da organizao e pelo planejamento das suas atividades?

    Que rgo ou cargo responsvel pela efetiva execuo dasatividades da organizao?

    Que rgo ou cargo responsvel pela representao da oi^anizao?

    Que rgo ou cargo responsvel por fiscalizar as atividadesda organizao, especialmente com relao s contas?

    Procedimento para constituir uma associao

    Primeiramente, o grupo interessado em constituir a associao deveconvocar as pessoas afinadas com a causa, por meio de carta, telefonema, mensagens eletrnicas, jornais etc., para reunio na qual dever

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    Manual para organizaes no-governamentais

    ser debatida a necessidade ou no de constituir uma pessoa juridica,

    sua misso, objetivos, caractersticas e a forma de administrao.Se o grupo decidir formar a associao, essa reunio leva o nome

    de assemblia-geral de constituio. Ou seja, uma assemblia nada

    mais do que uma reunio de pessoas para um determinado fim;nesse caso, a finalidade da assemblia constituir a associao civil

    sem fins lucrativos.Os participantes da assemblia de constituio sero os membros

    fundadores da associao, e caber a eles:

    aprovao das caractersticas da organizao (denominao,misso, objetivos, endereo da sede, durao, administrao eoutros);

    aprovao do estatuto social (documento que registra essascaractersticas e regula o seu funcionamento);

    eleio dos primeiros dirigentes, sejam provisrios ou definitivos

    (isto , as pessoas que sero responsveis pela direo da associao).

    A primeira etapa da assemblia a assinatura da lista de presenapor todos os participantes. Em seguida, dever ser composta a mesade trabalho: os presentes elegem o presidente da assemblia paraconduzir a reunio, que, por sua vez, escolhe o secretrio da assemblia, que elabora a ata.

    Com posta a mesa, o presidente l a pauta prevista para a assemblia,e d incio deliberao (discusso e votao) de cada item. Osparticipantes devero decidir sobre as caractersticas da organizao,as quais constaro do estatuto social, que ser aprovado em seqncia.

    Aprovado o estatuto social com as caractersticas da organizao,a assemblia passa eleio (em carter provisrio ou definitivo) dosprimeiros dirigentes, nos termos da estrutura de administrao aprovada. Cada um dos dirigentes eleitos dever tomar posse do cargo

    mediante assinatura do respectivo termo de posse (no qual constarsua qualificao completa) que poder ser parte integrante da ata. Aata tambm deve conter os nomes completos dos fundadores e dos

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    membros da diretoria, seja provisria, seja definitiva, com indicaoda nacionalidade, estado civil, profisso, endereo, nmero do do

    cumento de identidade (RG) e do CPEPor fim, encerram-se os trabalhos da assemblia-geral de constitui

    o com a lavratura e assinatura da ata pelo presidente e pelosecretrio da assemblia, pelos dirigentes eleitos e por todos ospresentes. Alm disso, obrigatrio o visto de um advogado na atae no estatuto, sem o qual a organizao no poder ser submetidaa registro em cartrio.

    As associaes so submetidas a registro num cartrio de registrocivil das pessoas jurdicas, onde tambm so registrados todos osdemais atos que dizem respeito vida institucional da organizao,entre os quais as eleies de dirigentes e eventuais alteraes noestatuto social. Com o registro, a associao pa ssa a existir no mundoreal, como uma pessoa jurdica independente de seus associados ecom direitos e obrigaes especficas. (Consulte os procedimentos

    necessrios para registrar uma associao em Aspectos administrativos na pgina 48.)

    Procedimento para constituir uma fundaoUm a fundao e uma associao civil tm diversas semelhanas. Paraconstituir uma fundao tambm preciso determinar suas caractersticas (denominao, misso, objetivos, endereo da sede, durao,forma de administrao etc.), aprovar o estatuto social e escolher os

    primeiros dirigentes.Por outro lado, o documento de constituio de uma fundao

    no uma ata de assemblia-geral, pois o ato no corresponde a umareunio entre pessoas, mas sim a uma manifestao de vontade (depessoa fsica ou jurd ica) quanto ao destino de um patrimnio. Dessamaneira, h dois tipos de documento adequados: uma escriturapblica, lavrada em cartrio de notas, ou um testamento.

    As fundaes podem ser institudas pelo poder pblico ou ser dedireito privado. Neste manual, limitamo-nos s caractersticas das fundaes institudas por pessoas fsicas ou jurdicas de natureza privada.

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    Manual para organizaes no-governamentais

    Em primeiro lugar, aquele que institui uma fundao dever

    especificar, na escritura pblica ou no testamento, as finalidades aque se destina o patrimnio do qual est dispondo; evidentemente,

    esse patrimnio dever ser suficiente para atingi-las.Conforme explicamos acima, o novo Cdigo Civil estabelece^

    uma restrio quanto finalidade das fundaes, que somente podero ser institudas para fins religiosos, morais, culturais ou de assistncia. Isso corresponde a uma limitao em relao legislao

    anterior, que no fazia nenhum cerceamento desse tipo. No entanto,

    a nova legislao no especifica o que so hns morais, o quepermite um escopo razovel de atuaes. De incio, a interpretaoefetiva fcar a cargo dos diferentes ministrios pblicos estaduais(com exceo das fundaes localizadas no Distrito Federal, as quaisficam a cargo do Ministrio Pbhco Federal).

    Aps a lavratura da escritura pblica ou do testamento, deverser elaborado o estatuto social da fundao pelo instituidor ou por

    pessoa a quem aquele cometer a aphcao do patrimnio. O registrodo estatuto depende de aprovao do Ministrio Pblico Estadual (oudo Federal, conforme o caso). Se o instituidor ou a pessoa por elenomeada no elaborar o estatuto no prazo de seis meses (ou outroque lhe tenha sido concedido), ficar a cargo do Ministrio Pbhcoelabor-lo e submet-lo aprovao judicial.

    O instituidor poder determinar a maneira de administrar a fundao, bem como indicar os, primeiros dirigentes da fundao. Em todocaso, assim como o estatuto, a indicao deve ser aprovada peloMinistrio Pbhco.

    O papel do Ministrio Pbhco, como defensor dos interessessocia is, essencial para a proteo das finalidades pblicas da entidade. Em geral, ele realiza essa funo por meio da curadoria defundaes da comarca da sede da fundao. Para obter mais informaes sobre a constituio de uma fundao, recomendamos uma

    consulta curadoria de fundaes mais prxima.

    10. Pargrafo nico do artigo 62,

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    Estatuto de uma associao

    o estatuto social o documento que registra as caractersticas e oconjunto de regras de uma associao civil sem fins lucrativos. Oestatuto social deve ser coerente com a misso, os propsitos, ascaractersticas, a forma de atuao e gesto de uma organizao. Emoutras palavras, esse documento, que traa todas as caractersticasda estrutura jurdica e administrativa da organizao, deve refletirseu verdadeiro perfil e objetivos; no recomendvel fazer cpias

    diretas de estatutos de outras organizaes. Se o estatuto no representara realidade da instituio, isso poder criar dificuldades prticas nogerenciamento da organizao, especialmente na tomada de decises.

    Em janeiro de 2003 comeou a vigorar o novo Cdigo CivilBrasileiro (Lei n-10.406, de 10 de janeiro de 2002)^\ O novo textode um dos principais instrumentos jurdicos brasileiros apresentamudanas relevantes, algumas das quais afetam a regulamentao

    ju rdica das organizaes sem fins lucrativos no Pas. Apresentamosabaixo alguns elementos que devem obrigatoriamente fazer parte doestatuto social de qualquer associao. As disposies em itlico soalteraes introduzidas no novo Cdigo Civil. As associaes devemadaptar seu s estatutos s exigncias da legislao at janeiro de 2004.

    O estatuto social deve dispor obrigatoriamente sobre o seguinte:

    0 nome ou denominao da associao;

    o endereo da sede; a finalidade (misso) e os objetivos sociais;

    durao (pode ser por prazo indeterminado);

    os tipos de associados e os correspondentes direitos e deveres (os associad os devem ter iguais direitos, m as o estatuto pod er instituircategorias com vantagens especiais) ;

    11,0 texto integral do novo Cdigo Civil pode ser encontrado em vmw,planalto.govbr Os captulossobre associaes e fundaes esto dispostos nos artigos 40 a 69.

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    Manual para organizaes no-governamentais

    as condies de adm isso e excluso dos scios ;

    a s or m as de suslenta o ou tipos de receita (conthbuies dc ass o -

    ciados, doaes, inanciamentos, constituio de undo social etc.);

    0 modo de representao da organizao, seja ativa ou passiva,ju dic ia l ou extrajudicial (isto , quem pode assin ar pela organi

    zao e em que condies);

    a estrutura da organizao: rgos deliberativos e administrativos(assemblia-geral de scios, diretoria, conselho fiscal, outros

    conselhos);

    o funcionamento e poderes de cada rgo da associao (garantida a um quinto dos associados a cojivocao de assemblia geral. D eve caber privativamente

    d

    assemb liageral : eleger os a d m i-

    nistradores, destituir os adm inistradores, ap rova r as contas e alte ra r 0 estatuto) ;

    as condies para a destituio dos administradores ou alteraodo estatuto ( necessria a aprovao de dois teros dos presentes as semblia espcciahnente convocada para es se im, no poden-

    do ela deliberar, em pritneira convocao, sem a maioria absoluta

    dos associados, ou com

    menos de

    um tero nas convocaes seguintes);

    se os associados respondem ou no, subsidiariamente, pelasobrigaes sociais;

    as hipteses de disso luo da associao e conseqente destinodo patrimnio.

    H tambm algumas previses estatutrias que no so obrigatriaspara o registro e funcionamento da organizao, mas que so exigidaspara a obteno de ttulos, certificados, declaraes e registros emconselhos.

    As caractersticas, significados, possveis benefcios e desvantagens na obteno de ttulos, registros e quahficaes perante o poderpbhco sero examinados no prximo captulo. Contudo, optamos

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    por detalhar a seguir as disposies estatutrias especficas para a

    obteno de alguns ttulos e registros pblicos concedidos pelo governo

    federal a fim de facilitar a anhse comparativa entre as diversasexigncias.

    Para se qualificar como Organizao da Sociedade Civil de InteressePbhco (Oscip), o estatuto social da organizao deve expressamente

    determinar que:

    a organizao de direito privado e no tem fins lucrativos;

    a organizao no distribui entre os seus scios, associados,conselheiros, diretores, empregados ou doadores eventuais excedentes operacionais, brutos ou lquidos, dividendos, bonihcaes,participaes ou parcelas de seu patrimnio, auferidos m edianteo exerccio de suas atividades, e os aplica integralmente na

    consecuo de seu objetivo social;

    a organizao observa os princpios da legalidade, impessoali

    dade, moralidade, publicidade, economicidade e eficincia; a organizao adotar prticas de gesto administrativas necess

    rias e suficientes a coibir a obteno, de forma individual oucoletiva, de benefcios ou vantagens pessoais, em decorrnciada participao no respectivo processo decisrio;

    faz parte da adm inistrao da organizao o conselho fiscal (ourgo equivalente), dotado de competncia para opinar sobre

    os relatrios de desempenho financeiro ou contbil e sobre asoperaes patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para osorganismos superiores da entidade;

    em caso de dissoluo da entidade, o respectivo patrimniolquido seja transferido a outra pessoa jurd ica qualificada comoO s c i p n o s termos da Lei n- 9.790/99, preferencialmente como mesmo objeto social da extinta;

    12. Se a organizao for qualificada como Oscip e registrada no CNAS, o estatuto dever prever quepatrimnio ser destinado a outra Oscip tambm registrada no CNAS, preferencialmente com o mesmo objeto social. Se a entidade for uma fundao, essa obrigatoriedade estatutria no se aplica.

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    Manual para organizaes no-governamentais

    na hiptese de a pessoa jurdica perder a quahficao, o respec

    tivo acervo patrimonial disponvel, adquirido com recursos pblicosdurante o perodo que perdurou aquela quahficao, seja trans

    ferido a outra pessoa jurdica qualificada como Oscip, preferencialmente com o mesmo objeto social;

    sero observadas normas especficas de prestaes de contas:- atender aos princpios fundam entais da contabilidade e s

    Normas Brasileiras de Contabilidade;

    - dar publicidade, por qualquer meio eficaz, no encerramento doexerccio fiscal, do relatrio de atividades e das demonstraesfinanceiras da entidade, incluindo as certides negativas dedbito no INSS e no FGTS, que devem ser colocadas disposiopara exame de qualquer cidado;

    - realizao de auditoria independente da aphcao dos recursosobjeto do termo de parceria, conforme previsto em regulamento;

    - prestao de contas de todos os recursos e bens de origempbhca recebidos pelas Oscips, a ser feita conforme o pargrafonico do art. 70 da Constituio Federal;

    poder instituir (ou no) remunerao para os dirigentes, ou seja:

    - expressar claramente no estatuto que no remunera seus dirigentes, sob nenhuma forma; ou

    - expressar claramente no estatuto que remunera seus dirigentesque atuem efetivamente na gesto executiva ou prestam serviosespecficos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na regio onde atuam.

    Para que a organizao seja reconhecida como entidade deUtilidade Pblica Federal (UPF), o estatuto social da organizao

    deve expressamente determinar que no remunera, por qualquerforma, os cargos de sua diretoria, conselhos fiscais, deliberativosou consultivos, e que no distribui lucros, bonificaes ou vantagens

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma oupretexto.

    Para ser registrada no Conselho Nacional de Assistncia Social(CNAS), bem como para receber o Certificado de Entidade Beneficente de Assistncia Social (Cebas), o estatuto social da organizaodeve expressamente determinar que:

    a organizao aplica suas rendas, seus recursos e eventual resultado operacional integralmente no territrio nacional e na m anuteno e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais;

    a organizao no distribui resultados, dividendos, bon ificaes,participaes ou parcela do seu patrimnio, sob nenhuma forma;

    no percebem seus diretores, conselheiros, scios, instituidores,benfeitores ou equivalentes remunerao, vantagens ou benefcios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou ttulo, emrazo das competncias, funes ou atividades que lhes sejam

    atribudas pelos respectivos atos constitutivos; em caso de dissoluo ou extino, a organizao destinar o

    eventual patrimnio remanescente entidade congnere registrada no CNAS ou entidade pblica^^; e

    a organizao presta servios permanentes e sem qualquer discriminao de clientela^'^.

    Regime de gesto

    A forma de administrao pode variar de uma organizao paraoutra. A estrutura de administrao ser determinada de acordocom fatores como composio, tamanho e estratgias de atuao.

    13. Se a organizao for qualif icada como Oscip e registrada no CNAS, o estatuto dever prever quepatrimnio ser destinado a outra Oscip tambm registrada no CNAS, preferencialmente com o

    mesmo objeto social. Se a entidade for uma fundao, essa obrigatoriedade estatutria no seaplica.14. Essa obrigatoriedade prevista somente para o registro no CNAS. Vale, indiretamente, parareceber o Cebas.

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    Manual para organizaes no-governamentais

    Apresentamos a seguir os fundam entos de uma proposta de estruturapara uma associao civil, assinalando os rgos obrigatrios.

    Conselho

    fiscal

    ssembla-gera!

    tt rgo

    diretivo

    trgo

    cnsultivo

    rgo

    Executivo

    Assemblia-geralNo caso das associaes, imprescindvel a existncia e funcionamento da

    assembliagera de associados. O

    novo Cdigo Civil determina que a assemblia-geral o tinico rgo da administrao compoderes para:

    eleger e destituir os administradores;

    aprovar as contas;

    alterar o estatuto.

    Isso faz da assemblia-geral a instncia mxima de deciso econtrole da organizao com relao aos principais aspectos daadministrao.

    rgo diretivo

    Essa instncia, muitas vezes chamada de conselho diretor, diretoria,conselho superior, conselho de administrao, conselho deliberativo,pjesidncia

    etc., tem a atribuio de conduzir a pohtica geral de

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    atuao, determinando as estratgias e focos, sempre de acordo coma misso da organizao. Assim, tem poder de deciso superior aocorpo executivo e responsvel por supervision-lo. Os membrosso eleitos pela assemblia-geral para um mandato definido, e importante assegurar a sua peridica renovao.

    um rgo poltico, subordinado assemblia e ao disposto noestatuto social. Pode ter uma atribuio executiva, ou delegar essafuno a um rgo especfico, assim como uma coordenao ousecretaria. De qualquer maneira, costuma ser funo dessa instncia

    representar a instituio perante terceiros e assinar documentos queacarretem obrigaes para a organizao. Tais poderes podem ser

    delegados equipe executiva por procurao, desde que em conformidade com o estatuto social.

    rgo executivoA administrao cotidiana da organizao dever ser realizada por

    um rgo executivo, remunerado ou voluntrio, que pode assumirvrios nomes, tais como secretaria executiva, superintendncia, coordenao, sendo subordinado instncia diretiva e assemblia-geral,para as quais deve prestar contas.

    Sua principal funo implementar as decises do rgo diretivoe da assemblia, supervisionando e executando as funes adm inistrativas, financeiras, oramentrias e de planejamento da organizao.

    Conselho fiscalA organizao pode instituir um conselho fiscal ou rgo equivalentepara fiscalizar sua conduta, especialmente com relao s contas edem ais aspectos financeiros. Cabe ao conselho fiscal dar parecer sobreo balano e as demonstraes financeiras de cada exerccio social,anteriormente apreciao pela assemblia-geral. O conselho fiscalno um rgo obrigatrio para a existncia legal e o funcionamento

    das organizaes, mas condio exigida para a obteno do ttulode Oscip.

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    Manual para organizaes no-governamentais

    rgo consultivo

    A organizao tambm pode instituir o conselho consultivo (ou rgoequivalente) como um rgo de auxlio gesto, de consulta, masque no tem poder de deciso na organizao. Trata-se de uma instn

    cia no-deliberativa, e no obrigatria para a existncia legal e ofuncionamento da organizao nem exigida para a obteno dettulos. Ele pode ter vrios nomes e competncias que devem serestabelecidos pelo estatuto social

    Modelo de Estatuto Social de Associao

    Da Denominao, Sede e Fins

    Artigo 1- - A (O ) ______________ (nome da organizao) umaassociao civil, de direito privado, sem fins lucrativos e econmicos,com sede e foro no mun icpio d e _______________ , estado de

    Pargrafo nico ~ A associao ter durao por tempo indeterminado e no far qualquer discriminao de raa, cor, gnero oureligio.

    Artigo 22-A (O):_____________ _______ (organizao) tem por

    finalidades:

    a)_

    b).

    c)_

    P ar gr afo nico - A associao no distribui entre seus a ssociados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores eventuaisexcedentes operacionais, brutos ou lquidos, dividendos, bonificaes.

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    participaes ou parcelas do seu patrimnio, auferidos mediante o

    exerccio de suas atividades, e os aplica integralmente na consecuo

    do seu objetivo social.

    Artigo 3- - No desenvolvimento de suas atividades, a associaoobservar os princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade,publicidade, economicidade e da eficincia (isposo obrigatria ap en as p ar a as o rganizaes que pretendem qu al i icarse como O scip Lei

    n'

    9.790199, inciso I do art.

    P arg ra fo P rimeiro - Para cumprir seu propsito, a associaoatuar por meio de _________________ (No caso de organizaes quepretendem qual i icarse como Oscip Lei n 9.790/99 , obrigatrio d es c rev er d e q ue m o d o ex ercer s ua s a t i v i d a d es , o p ta n d o po r um a

    ou m ais das or m as a seguir: execuo direta de projetos, pro gram as oup l a n o s d e a es ; d o a o d e r ecur s o s s i co s , h um a n o s e i n a n ce i ro s

    ou prestao de servios intermedirios de apoio a outras organizaes sem ins lucrativos e a rgos do setor pbUco que atuam em reas a ins

    Lei n 9.79 0/9 9, nico do art. 3).

    P ar g ra fo Seg un do - A (O )________________(organizao) presta servios permanentes e sem qualquer discriminao de clientela(dispos io obrigatria

    apenaspara as organizaes que pretendem

    obter 0 Registro no CNAS).

    Artigo 4- - A associao poder adotar um Regimento Interno,aprovado pelo Conselho Diretor, com a finalidade de regular e detalharas disposies contidas neste Estatuto.

    Artigo 5- - Par realizar sua misso e seus objetivos, a (o)_______________ (organizao) poder se organizar em tantas unida-

    des quantas forem necessrias, em qualquer parte do territrionacional.

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    Manual para organizaes no-governamentais

    Dos Associados, seus Direitos e Deveres

    Artigo 6- - A (O) ____ _________ (organizao) constituda pornmero ilimitado de associados que compartilham os objetivos eprincpios da associao. So distribudos nas seguintes categorias:

    a) Associados fundadores: so aqueles que participaram da Assem blia de fundao da associao, assinando a respectiva ata ecomprometendo-se com suas finalidades;

    b) Associados efetivos: so aqueles incorporados pela aprovaoda Assemblia-geral a partir de indicao reahzada pelos associados fundadores;

    c) Associados colaboradores: so pessoas fsicas ou jurdicas que,identificadas com os objetivos da associao, solicitam seuingresso e, sendo aprovadas pelo Conselho Diretor, pagam ascontribuies correspondentes (podem ser criadas outras categorias).

    P ar gra fo nico - Os associados, independentemente da categoria, no respondem subsidiria nem solidariamente pelas obrigaesda associao, no podendo falar em seu nome, salvo se expressamente autorizados pelo Conselho Diretor.

    Artigo 7 - -So direitos de todos os associados (podem ser atribudos outros direitos):

    a) participar e tomar parte, com direito a voz, da Assemblia-geral.

    Artigo 8- - So direitos especficos dos a ssociados fundadores ouefetivos (podem ser atribudos outros direitos):

    a) votar e ser votado para os cargos eletivos da associao.

    Artigo 9- - So deveres de todos os associados (podem ser atribudos outros deveres):

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    I) cum prir as disposies estatutrias e regimentais;II) acatar as decises da Assemblia-geral;III) zelar pelo bom nom e e pelo fiel cumprimento dos ob jetivos

    da associao.

    Artigo 10-

    - Poder ser excludo da associao, havendo justa

    causa, o associado que descumprir o presente estatuto ou praticar

    qualquer ato contrrio ao mesmo.

    Pargrafo Primeiro - A deciso de excluso de associado sertomada pela maioria simples dos membros do Conselho Diretor.

    Pargrafo Segundo

    - Da deciso do Conselho Diretor de exclusodo associado caber sempre recurso Assemblia-geral.

    Dos rgos da Associao

    Artigo 11

    - A associao com posta pelos seguintes rgos:

    a. Assemblia-geral;

    b. Conselho Diretor (a esse rgo podem ser atribudos outrosnomescomo: Diretoria, Conselho Deliberativo, Coordenao Poltica etc.);

    c. Conselho Fiscal (rgo facultativo; torna-se obrigatrio apenaspara

    as organizaes quepretendem qualificar-se como Oscip - Lei

    n-" 9.790/99).

    (Podem ser criados outros rgos com variadas atribuies.)

    Assemblia-geral

    Artigo 12

    - A Assemblia-geral o rgo soberano da associao

    e constituir-se- pelos associados fundadores e efetivos em plenogozo de seus direitos estatutrios.

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    Manual para organizaes no-governamentais

    Artigo 13 - Com pete privativamente Assemblia-geral:

    I) eleger o Conselho Diretor;

    II) destituir os membros do Conselho Diretor;III) aprovar as contas da associao;IV) alterar o presente Estatuto Social; e

    V) deliberar sobre a extino da associao.

    Artigo 14 - A Assemblia-geral reunir-se- ordinariamente umavez por ano, no primeiro trimestre, e extraordinariamente sempreque necessrio.

    Artigo 15 - A convocao da Assemblia-geral ser feita por meiode edital afixado na sede da associao, por carta enviada aos associados ou por qualquer outro meio eficiente, com antecedncia mnimad e___dias.

    Pargrafo nico - A Assemblia-geral instalar-se- em primeiraconvocao com a maioria absoluta dos associados presentes e emsegunda convocao, meia hora depois, seja qual for o nmero deassociados presentes.

    Artigo 16 - Todas as deliberaes da Assemblia-geral devero ser

    aprovadas pela maioria simples dos votos dos associados presentes.

    P ar grafo nico - Para as deliberaes referentes a alteraesestatutrias, destituio de membros do Conselho Diretor e Fiscale dissoluo da associao, exige-se o voto de dois teros dos presentes Assemblia especialmente convocada para esse fim; nopodendo a Assemblia deliberar, em primeira convocao, sem apresena da maioria absoluta dos associados plenos, ou com menos

    de um tero nas convocaes seguintes.

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    Artigo 17 - As Assemblias-gerais sero convocadas pelo presidente do Conselho Diretor, sendo garantido a um quinto dos associados o direito de promov-la.

    Artigo 18 - Tambm compete Assemblia-geral:

    a)

    ___________________;

    b) ___________________.

    Conselho Diretor

    Artigo 1 9 - 0 Conselho Diretor tem por funo e competncia

    traar as diretrizes pohticas e tcnicas da associao, deliberar sobre

    novos projetos e reas de atuao e acompanhar o desempenho dos

    projetos em andamento.

    Artigo 2 0 - 0 Conselho Diretor, que se reunir sempre que

    necessrio mediante convocao de seu presidente, ser composto

    por, no mnimo, trs diretores, que tero mandato de dois anos,

    admitindo-se a reeleio para o mesmo cargo.

    Artigo 21 - Compete ao Conselho Diretor:

    a )______________________

    b )______________________

    _______________________

    d).

    Artigo 2 2 - Compete ao presidente do Conselho Diretor:

    I) representar a associao ativa e passivam ente, em juzo ou foradele;

    II) convocar e presidir as Assemblias-gerais;

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    Manual para organizaoes no-governamentais

    III) outorgar procurao em nome da associao, estabelecendopoderes e prazos de validade (outras atribuies).

    Conselho Fiscal

    Artigo 2 3 - 0 Conselho Fiscal o rgo responsvel por fiscalizara administrao contbil-financeira da associao. Deve ser com posto por 3 (trs) membros, eleitos pela Assemblia-geral, com mandatode 2 (dois) anos e po sse no ato de sua eleio, permitida a reconduo.

    Artigo 24 - Compete ao Conselho Fiscal; >

    I) opinar sobre os balanos e relatrios de desempenho financeiro e contbil e as operaes patrimoniais realizadas, emitindopareceres para os organismos superiores da associao;

    II) representar para a Assem blia-geral sobre qualquer irregulari

    dade verificada nas contas da associao;III) requisitar ao Conselho Diretor, a qualquer tempo, docum enta

    o comprobatria das operaes econmico-financeiras realizadas pela associao (outras atribuies).

    Das' Fontes de Recursos

    Artigo 25 - Constituem fontes de recursos da associao:I) as doaes e dotaes, legados, heranas, subsdios e quaisquer

    auxlios que lhe forem concedidos por pessoas fsicas oujurd icas, de direito privado ou de direito pblico, nacionaisou estrangeiras, bem como os rendimentos produzidos poresses bens;

    II) as receitas provenientes dos servios prestados, da venda de

    publicaes, bem como as receitas patrimoniais;

    4 4

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    III) receita proveniente de contratos, convnios e termos deparceria celebrados com pessoas fsicas e jurdicas, de direitopblico ou privado;

    IV) rendimentos financeiros e outras rendas eventuais.

    Do Patrimnio

    Artigo 2 6 - 0 patrimnio da associao ser constitudo por bensmveis, imveis, veculos, semoventes, aes e ttulos da dvida

    pblica.

    Artigo 27

    - No caso de dissoluo da associao, o respectivopatrimnio lquido ser transferido a outra entidade sem fins lucrativos e econmicos, com o mesmo objetivo social, qualificada nostermos da Lei n- 9.790/99 (Em caso de dissoluo, a destinao do

    patrimnio para outra, associao uma disposio obrigatria em

    qualquer estatuto. Contudo, a obrigatoriedade de destinar o patrimniopara outra organizao qualificada como Oscip ocorre apenas paraaquelas que pretendem qualificar-se como Oscip- Lei n- 9.790199, incisoIV do art.4-) e registrada no Conselho Nacional de Assistncia Social(disposio obrigatria para as associaes que pretendem obter o regis

    tro no CNAS).

    Artigo 28 - Na hiptese de a associao obter e, posteriormente,perder a qu ahficao instituda pela Lei n- 9.79 0/99 , o acervopatrimonial disponvel, adquirido com recursos pblicos durante operodo em que perdurou aquela qualificao, ser contabilmenteapurado e transferido a outra pessoa jurdica qualificada nos termosda mesma lei, preferencialmente que tenha o mesmo objetivo sociale que seja registrada no CNAS (disposio obrigatria apenas paraas organizaes que pretendem qualificar-se como Oscip - Lei n- 9.790!

    99, inciso V do art. 4-).

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    Manual para organizaes no-governamentais

    Da Prestao de Contas

    Artigo 29

    - A prestao de contas da associao observar no

    mnimo (disposio obrigatria apen as para as organizaes que pretendem qualificar-se como Oscip - Lei n- 9.790199, inciso VII do art. 4~):

    I) os princp ios fundam entais de contabilidade e as N orm asBrasileiras de Contabilidade;

    II) a publicidade, por qualquer meio eficaz, no encerramento do

    exerccio fiscal, do relatrio de atividades e das demonstraes financeiras da entidade, incluindo as certides negativasde dbitos no INSS e FGTS, colocando-os disposio parao exame de qualquer cidado;

    III) a realizao de auditoria, inclusive por auditores independentes, se for 0 caso, da aplicao dos eventuais recursos objetode Termo de Parceria, conforme previsto em regulamento;

    IV) a prestao de contas de todos os recursos e bens de origempblica recebidos ser feita conforme determina o nico doart. 70 da Constituio Federal.

    Das Disposies Gerais

    Artigo 30

    - A associao adotar prticas de gesto administra

    tiva, necessrias e suficientes, para coibir a obteno, de formaindividual ou coletiva, de benefcios e vantagens pessoais em decorrncia da participao nos processos decisrios (disposio obrigatriaapenas para as organizaes que pretendem qualificar-se como Oscip -Lei n- 9.790/99, inciso II do art. 4-).

    Artigo 31

    - A associao aplica suas rendas, seus recursos eeventual resultado operacional integralmente no territrio nacional

    e na manuteno e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais(disposio obrigatria para as organizaes que pretendem obter oRegistro no CNAS).

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    Artigo 32

    - No recebem seus diretores, conselheiros, associados,instituidores, benfeitores ou equivalentes remunerao, vantagens oubenefcios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou ttulo, emrazo das com petncias, funes ou atividades que lhes sejam atribudas pelos respectivos atos constitutivos (disposio obrigatria paraas organizaes que pretendem obter o Registro no CNAS) - Opo I.

    Artigo 32

    - A associao pode remunerar os membros de seuConselho Diretor que efetivamente atuam n gesto executiva e

    aqueles que lhe prestam servios especficos, respeitados, em ambosos casos, os valores praticados pelo mercado na regio onde exercesuas atividades (Lei n 9.790199, inciso VI do art. 4-) ^ - Opo II.

    Artigo 33 - Os casos om issos sero resolvidos pelo ConselhoDiretor e referendados pela Assemblia-geral.

    Localidade e data.

    Presidente

    Secretrio

    15. Inserir esse artigo se a deciso da entidade for se qualificar como Oscip e tambm permitir aremunerao de seus dirigentes, o que a impedir de; a) obter ou manter o ttulo de Utilidade Pblica Federal e o registro no CNAS; b) ter acesso a certos benefcios e incentivos para os quais alegislao em vigor exige a no-remunerao de dirigentes.

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    Aspectos administrativos

    Regularizao diante do poder pblico

    Registro do estatuto e atos constitutivosO registro da pessoa jurdica em cartrio equiparvel ao registrode uma pessoa fsica ao nascer: preciso tornar pblica sua existncia. As organizaes privadas no-lucrativas so registradas no cartrio de registros civis de pessoas jurdicas. Somente aps o registroa organizao comea a existir para o mundo jurdico e ser umapessoa jurdica independente de seus associados. A partir dessemomento passa a ter certas obrigaes e direitos institucionais, quesero abordados no decorrer desta publicao.

    Vale a pena procurar com antecedncia o registro civil de pessoasju rd icas competente para apurar os requisitos especficos de registro

    (por exemplo: quantidade de vias, assinaturas obrigatrias, espciesde documentos a serem apresentados, necessidade de reconhecimento de firmas etc.).

    Segundo a Lei de Registros Pblicos*^, preciso apresentar (nomnimo):

    ' duas vias do estatuto social vistadas pelo advogado;

    duas vias da ata da assemblia-geral de constituio vistadaspelo advogado, com eleio dos dirigentes e termos de posse;

    o requerimento de registro assinado pelo representante legal daorganizao.

    Com o registro concludo, a organizao j pessoa jurdicalegalmente existente.

    16. Lei n 6.015, de 31 de dezembro de 1973.

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    Aspectos legais e institucionais das ONGs

    Registro de atas e outros documentos

    Do mesmo modo que averbamos os casamentos, divrcios e bitosnos registros de nascimento, as organizaes devem elaborar atas dasassemblias-gerais ordinrias e extraordinrias e registrar tais documentos em cartrio. Isso se torna ainda mais importante quando setrata de mudanas no estatuto social ou quando so eleitos novosdirigentes. Esse procedimento torna pblicas tais alteraes da vidainstitucional da organizao, evitando problemas de representao,legitimidade e competncia.

    Recomendamos que a organizao procure com antecedncia ocartrio de registro civil das pessoas jurdicas competente para saberdos docum entos e exigncias necessrias para registrar atas e demaisdocumentos.

    Outros registros obrigatriosA partir da constituio formal (registro em cartrio), a organizao

    deve efetuar os demais registros necessrios ao seu funcionamento.Para a regularizao de tais registros suplementares (fiscal, trabalhistae local), a organizao pode contar com o auxlio de um (a) contador(a),que tambm poder ser responsvel pela contabilidade da ONG(como entrega de docum entos e prestao de informaes tributriase trabalhistas) aps a sua constituio^^.

    Regularizao fiscal (registro no CNPJ)

    Do ponto de vista fiscal, a regularizao da organizao na Secretariada Receita Federal permite o seu registro no CNPJ/MF (CadastroNacional das Pessoas Jurdicas do Ministrio da Fazenda), o quepossibilita a abertura de conta bancria e a movimentao financeirapor parte da associao. O registro feito exclusivamente por meioda internet (www.receita.fazenda.gov.br) e preciso manter sempre

    17. A Lei dos Registros Pblicos orienta sobre a torma de escriturao contbil que as pessoasjurdicas sem fins lucrativos devem ter. A partir de maro de 2000, o Conselho Federal de Contabil idade editou a Resoluo 877/2000 que determina as regras de contabilidade para as organizaes sem fins lucrativos.

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    http://www.receita.fazenda.gov.br/http://www.receita.fazenda.gov.br/
  • 7/25/2019 Abong_manual de Administrao Jurdica, Contbil e Financeira Para

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    Manual para organizaes no-governamentais

    atua lizados os dados cadastrais^, especialm ente o nome do represen

    tante na Receita Federal. ^

    Regularizao trabalhista

    Quanto regularizao trabalhista, a organizao, mesmo que notenha empregados, deve apresentar documentos e informaes anuais;Relao Anual de Informaes Sociais (Rais) e Guia do Fundo deGarantia e Informaes Previdncia (GFIP). Alm disso, se quiser

    contratar empregados, dever (entre outras coisas) registrar-se noInstituto Nacional do Seguro Social (INSS).

    Regularizao do espao fisico utilizado

    O espao fsico a ser utilizado como sede da associao tambmprecisa ser reg