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A68 Tiragem: 3500 País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Saúde e Educação Pág: 20 Cores: Cor Área: 18,00 x 25,50 cm² Corte: 1 de 6 ID: 69368653 01-04-2017 111UTRIÇÃO E DESPORTO «O QUE COMEMOS DEVE ESTAR ADAPTADO À FORMA COMO NOS MEXEMOS» Seja com o objetivo de emagrecer, ganhar massa muscular ou perder gordura, seja por questões de saúde, para melhoria da energia e saúde como um todo ou ainda por gosto e prazer no exercício físico ou numa aula em específico. Os motivos que nos levam a praticar desporto, dentro e fora de ginásios, podem variar muito. Porque cada pessoa tem metas, níveis de motivação e necessidades diferentes e porque há quem se deixe levar pelo que leu numa revista, pelo que viu na televisão ou pelo que o colega de treino disse, o acompanhamento de um nutricionista pode ser crucial na obtenção e/ou ma- nutenção dos objetivos. De acordo com o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, a prevalência de prática regular de atividade física desportiva e/ou de lazer programada é de 41,8%, sendo mais elevada no sexo mas- culino (44,7%) e menor no sexo feminino (39,0%). Os resultados podem não ser perfeitos, mas é certo que nos últimos anos temos vindo a assistir a unia crescente procura pela prática desportiva, Terá isto a ver com a aquisição de um estilo de vida saudável ou será uma questão de moda? Rodrigo Abreu, nutricionista da Federação Portuguesa de Futebol, considera que é um pouco de ambas: «Por um lado, as pessoas percebem cada vez mais que a atividade física, não necessariamente o desporto, traz benefícios para a sua saúde e bem-estar. Por outro, os estilos de vida ativos estão na moda». António Pedro Mendes admitiu que é «uma questão difícil», mas acredita que seja «uni fenómeno de causa multifatorial». «O que terá despoletado, numa fase inicial, a prática de exercício físico e de práticas alimentares especificas foi, provavelmente, a procura de uma estrutura física ideal. A partir dai, e com o desenvolvimento de toda uma rede de serviços, infraestruturas e novos alimentos ou suplementos, criou-se unia espécie de pressão social para a prática de exercício e para uma alimentação equilibrada», avaliou o nutricionista do Futebol Clube Paços de Ferreira. Para Alexandra Bento, «esta mudança nos padrões alimentares e no gasto energético é descrita como transição nutriclonal, e coinci- de com alterações económicas, demográficas e epidemiológicas da população. Esta mudança, eventualmente, pode ser resultado da crescente preocupação da sociedade em prevenir doenças, atrasar processos degenerativos e aumentar a qualidade de vida». A bas- tonaria da Ordem dos Nutricionistas (ON) entende que «a maior In- cidência de doenças crónicas não transmissíveis — cancro, doenças cardiovasculares e diabetes — associadas aos hábitos alimentares, bem como o maior envelhecimento da população, que se tem ob- servado nos últimos anos, pode explicar, em parte, a maior procura Página 68

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111UTRIÇÃO E DESPORTO «O QUE COMEMOS DEVE ESTAR ADAPTADO À FORMA COMO NOS MEXEMOS»

Seja com o objetivo de emagrecer, ganhar massa muscular ou perder gordura, seja por questões de saúde, para melhoria da energia e saúde como um todo ou ainda por gosto e prazer no exercício físico ou numa aula em específico. Os motivos que nos levam a praticar desporto, dentro e fora de ginásios, podem variar muito. Porque cada pessoa tem metas, níveis de motivação e necessidades diferentes e porque há quem se deixe levar pelo que leu numa revista, pelo que viu na televisão ou pelo que o colega de treino disse, o acompanhamento de um nutricionista pode ser crucial na obtenção e/ou ma-nutenção dos objetivos.

De acordo com o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, a prevalência de prática regular de atividade física desportiva e/ou de lazer programada é de 41,8%, sendo mais elevada no sexo mas-culino (44,7%) e menor no sexo feminino (39,0%). Os resultados podem não ser perfeitos, mas é certo que nos últimos anos temos vindo a assistir a unia crescente procura pela prática desportiva,

Terá isto a ver com a aquisição de um estilo de vida saudável ou será uma questão de moda? Rodrigo Abreu, nutricionista da Federação Portuguesa de Futebol, considera que é um pouco de ambas: «Por um lado, as pessoas percebem cada vez mais que a atividade física, não necessariamente o desporto, traz benefícios para a sua saúde e bem-estar. Por outro, os estilos de vida ativos estão na moda». António Pedro Mendes admitiu que é «uma questão difícil», mas acredita que seja «uni fenómeno de causa multifatorial». «O que terá despoletado, numa fase inicial, a prática de exercício físico e de práticas alimentares especificas foi, provavelmente, a procura de

uma estrutura física ideal. A partir dai, e com o desenvolvimento de toda uma rede de serviços, infraestruturas e novos alimentos ou suplementos, criou-se unia espécie de pressão social para a prática de exercício e para uma alimentação equilibrada», avaliou o nutricionista do Futebol Clube Paços de Ferreira.

Para Alexandra Bento, «esta mudança nos padrões alimentares e no gasto energético é descrita como transição nutriclonal, e coinci-de com alterações económicas, demográficas e epidemiológicas da população. Esta mudança, eventualmente, pode ser resultado da crescente preocupação da sociedade em prevenir doenças, atrasar processos degenerativos e aumentar a qualidade de vida». A bas-tonaria da Ordem dos Nutricionistas (ON) entende que «a maior In-cidência de doenças crónicas não transmissíveis — cancro, doenças cardiovasculares e diabetes — associadas aos hábitos alimentares, bem como o maior envelhecimento da população, que se tem ob-servado nos últimos anos, pode explicar, em parte, a maior procura

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na aquisição de um estilo de vida que inclua hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercício físico»,

SINCRONIZAÇÃO Antonio Pedro Mendes e Rodrigo Abreu acentuaram a importância da nutrição neste quadro de ambiente desportivo não competiti-vo. «O papel da nutrição passa por permitir a prática da atividade física com a intensidade e frequência desejada por cada Indivíduo, tentando promover uma adequada recuperação e adaptação ao exercício», avançou o primeiro. «A nutrição e a atividade física são dois elementos de uma mesma equação: o que comemos deve es-tar adaptado à forma corno nos mexemos. Mesmo para as pessoas que procuram "apenas" incluir alguma atividade física nas suas ro-tinas, uma alimentacão cuidada pode ajudar a que se sintam me-lhor durante e depois do esforço, ou que consigam controlar melhor o apetite», completou o segundo.

Ser acompanhado por um nutricionista acarreta inúmeros benefi-cios para quem pratica exercício físico regularmente com o propó-sito de se manter em forma e/ou por questões de saúde. «O papel do nutricionista nestes casos é "sincronizar" a forma como treina-mos com a forma de comer. E muito frequente as pessoas não sa-berem o que comer antes ou depois de um treino, ou queixarem-se de sentir um aumento do apetite devido aos treinos, Muitas pes-soas até fazem escolhas alimentares corretas, mas que não estão adaptadas ao timing ou características dos seus esforços. Cabe ao nutricionista garantir que alimentação e atividade fisica se "encai-xam" corretamente», explicou Rodrigo Abreu.

Numa primeira fase, António Pedro Mendes encara como benéfico «o esclarecimento de algumas ideias pré-concebidas relativamen-te a alguns alimentos e práticas alimentares, muito cimentadas na população, nomeadamente nos praticantes de atividade física». A partir dai, «tendo em conta o objetivo de quem procura um nutri-cionista, deverá ser desenvolvido um aconselhamento alimentar e/ou um plano alimentar estruturado, que permita atingir os resul-tados da forma mais eficaz».

GINÁSIOS E HEALTH CLUBS Alexandra Bento confirmou que não existe legislação para o acom-panhamento nutricional em ginásios e locais para a prática des-portiva não profissional. «No entanto», destacou, «é importante que os locais que tenham acompanhamento nutricional exijam nu-tricionistas que estejam Inscritos na Ordem, a fim de salvaguardar a saúde e o bem-estar dos individuos». A responsável informou que a ON, através de um grupo de especialistas, está a criar nor-mas de atuação para a prática clínica: «Estas normas permitirão a orientação e uniformização da prática do nutricionista em contexto clinico».

Na opinião de Alexandra Bento, a presença do nutricionista no gi-násio é «extremamente relevante». Desenvolveu: «Do ponto de vista de saúde pública, a promoção de uma alimentação saudável e da atividade física não são mutuamente exclusivas, mas fatores igualmente importantes na promoção da saúde e do bem-estar. Portanto, ambos os comportamentos devem ser considerados, Alem disso, quem frequenta os ginásios frequentemente tem

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DESTAQUE MITRIQÃO E DESPORTO

como objetivo a perda de peso, o ganho de massa muscular, a me-lhoria do rendimento desportivo ou a melhoria da qualidade de vida. Todas estas dimensões incluem a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercido físico»,

A bastonária da ON enumerou algumas das tarefas que um nutri-cionista pode desempenhar neste contexto: avaliar o estado nu-tricional através da medição do peso. altura, massa gorda, massa magra; realizar a anamnese nutricional; fazer prescrição nutricio-nal/alimentar de acordo com a avaliação do estado nutricional, anamnese nutricional e clinica e o objetivo do cliente que frequenta o ginásio; desenvolver ações de formação à comunidade que fre-quenta o ginásio, bem como aos outros profissionais que exercem a sua ação no local; desenvolver material informativo; avaliar e re-gular a oferta alimentar quando existente no ginásio, por exemplo. em máquinas de venda automática ou no bar.

Lillian Barros, nutricionista associada ao Fitness Hut no que respei-ta á divulgação, criação de texto e colaborações externas, trabalha em consultório, onde acompanha vários sócios deste e de outros clubes e ginásios. «Da mesma forma que um personaltrainer de-senvolve um plano de exercícios especifico, um nutricionista de-senvolve um plano alimentar que vai ser composto por diferentes quantidades e tipos de macronutrientes, em resposta aos objeti-vos da pessoa», indicou.

Para Cristiana Lopes, os nutricionistas «desempenham um papel preponderante, permitindo adaptar a alimentação e as necessi-dades nutricionais face ao tipo e intensidade de treino ao qual de-terminado individuo irá ser submetido», A área da Nutrição cons-titui «um pilar de qualquer ginásio», permitindo «efetuar uma avaliação Individual do estado nutriclonal e contribuir ativamente para a prevenção de patologias e possiveís lesões/complicações. causadas muitas das vezes por défices nutricionais». «No con-

texto particular de heolth dubs, como o HolmesPlace, o nutrido-nista tem um papel crucial na evolução dos associados, ajudando a atingir resultados de forma segura e eficaz. Como tal, assegura um acompanhamento continuo e personalizado, trabalhando em constante colaboração com os demais departamentos», elucidou Marta Mourão,

O DIA A DIA Cristiana Lopes trabalha no I am Fit, um heolth dub localizado no Parque das Nações. em Lisboa. «O meu dia a dia é sempre bastante preenchido com a realização de consultas, nas quais são sempre elaborados planos alimentares personalizados», adiantou. Mas esta não é a sua única função. A nutricionista redige material infor-mativo três vezes por semana, que é divulgado na página de Face-book do ginásio, «de forma a desmistificar algumas ideias erradas acerca da nutrição e alimentação saudável, bem como aumentar o conhecimento nesta área». Mensalmente tem também a redação de uma newsletter a enviar para os sócios.

O I am Fit conta com cerca de 3 mil sócios inscritos e todos eles, sem exceção. têm direito a uma primeira consulta com a nutricio-nista, onde é «elaborado o seu primeiro plano alimentar perso-nalizado e adequado as suas necessidades, gostos, horários. tipo de treino, etc.». Em média, entre primeiras vezes e acompanha-mentos, Cristiana Lopes realiza cerca de 40 consultas por semana. Neste momento existem mais de 30 pessoas a fazer acompanha-mento regular presencialmente, todas as outras. após_ a primeira avaliação, vão sendo seguidas via e-mail e/ou contacto telefónico sempre que necessário.

«No HolmesPlace, o nutricionista tem de assegurar o agendamen-to das consultas de nutrição, realização das mesmas e elaboração

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dos planos alimentares e outros materiais que considere essen-ciais no acompanhamento do sócio», aclarou Marta Mourão. Desde que chegou ao health club, já acompanhou cerca de 3.300 utentes, «maioritariamente histórias de sucesso num contexto de altera-ção de hábitos alimentares».

DESAFIOS E OBSTÁCULOS São vários os desafios e obstáculos a ultrapassar por um nutricio-nista inserido neste contexto. Desde logo, «pelo facto da nutrição ser um tema do qual todos falam e comentam». Cristiana Lopes la-mentou que nem sempre as pessoas percebem que cada formação dá acesso a um determinado título profissional: «Se eu não tenho formação em treinos personalizados, não vou recomendar exerci-cios físicos. Portanto. quem não tem formação em Nutrição devia pensar duas vezes antes de recomendar algo que muitas vezes não está correto e, sim, encaminhar a pessoa para um profissional competente e com formação na área».

O acesso à informação é muito rápido e fácil, contudo o filtro da qualidade nem sempre está presente. «Vivemos uma fase em que toda a gente fala de nutrição, "percebe" de nutrição, vai á Internet e encontra a "dieta perfeita"», certificou Marta Mourão, que ini-ciou o seu percurso como nutricionista e diretora clinica no Holmes Place de Cascais em 2013, acumulando a função de coordenadora regional do departamento de Nutrição e de formadora da Training Acodemy desde 2014. Neste sentido, «o maior desafio prende-se com a valorização da nutrição para o alcance de resultados e que a alimentação deve ser individualizada, ajustada às necessidades nutricionais, gostos e rotinas de cada um».

Cristiana Lopes proferiu que nem toda a gente entende a impor-tãncia da mudança de hábitos alimentares e que tudo na nossa ali-mentação é importante. «Apenas temos de compreender quais os

alimentos que devemos consumir em maior ou menor quantidade diariamente, quais os que devemos consumir apenas uma ou duas vezes por semana e quais os que devemos consumir uma vez por mês», anotou.

O ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL Segundo António Pedro Mendes, o acompanhamento nutricio-nal em ginásios e locais para a prática desportiva não profissional «deve ser feito, impreterivelmente, com responsabilidade. rigor e bom senso». O nutricionista que segue atletas de diferentes mo-dalidades no setor privado lembrou «a obrigatoriedade de rejeitar qualquer incentivo ou oferta que possa colocar em causa a abor-dagem mais adequada. A ON conta com um Código Deontológico que deve funcionar como um guia para a prática diária e que deve ser estudado com cuidado e consultado sempre que necessário».

Rodrigo Abreu declarou que os princípios do acompanhamento nutri-cional neste tipo de estabelecimentos são similares aos da restante prática clinica: «Começar sempre com uma avaliação do indivíduo e caracterização da sua atividade física, para depois estabelecer uma intervenção nutricional e respetivo acompanhamento». «0 nutri-cionista tem de ser versátil o suficiente de modo a ir de encontro ás necessidades de cada indivíduo», mencionou Cristiana Lopes. «Nor-malmente é realizado um acompanhamento presencial quinzenal-mente, ou no máximo mensalmente, de forma a avaliar a evolução da composição corporal após a prática regular de exercicio conjunta-mente com o plano alimentar personalizado. Nele é importante tam-bém reestruturar e alterar o plano a~imentar sempre que necessário. Há quem não tenha essa necessidade. Nesses casos é realizado um acompanhamento presencial mais espaçado no tempo e/ou via email para esclarecimento de dúvidas sempre que se justifique». anunciou.

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Marta Mourão transmitiu que o acompanhamento «deverá ser re-gular e em colaboração com o personal trainer para garantir que a alimentação está ajustada aos objetivos e ao treino prescrito. A primeira orientação nutricional deverá ser realizada no mês em que inicia a prática de exercício físico no ginásio, após a orientação com o personal trainer». Aprofundou: «A regularidade de acompanha-mento não é diferente da de outro contexto. A mudança de hábi-tos alimentares e a alteração da nossa composição corporal é algo que precisa de ser trabalhada por fases, com objetivos e pontos de mudança bem definidos. Como tal, quando existem condições clinicas e/ou objetivos de mudança de composição corporal que, impreterivelmente, exigem um plano de reeducação alimentar e monitorização regular. é essencial um acompanhamento com uma periodicidade mínima de trés meses».

Habituado a trabalhar com as estrelas do futebol nacional, Rodrigo Abreu divulgou as diferenças a ter em consideração entre um atle-ta profissional e um atleta amador/recreativo aquando do aconse-lhamento: «Para os atletas de alto rendimento a nutrição faz parte cio treino, pois todos os detalhes são importantes na preparação e recuperação do esforço. As cargas de treino de um profissional fa-zem com que as refeições antes, durante e após os esforços sejam tão importantes como os aspetos técnicos e táticos da modalida-de. Já para o atleta amador, na maioria das vezes é possível manter um padrão alimentar normal, com ligeiros ajustes».

António Pedro Mendes acrescentou que «é necessário considerar que um atleta profissional pratica exercício físico enquanto pro-fissão, sendo remunerado pelo seu trabalho a esse nivel. O atleta amador pratica exercício físico em horário pré ou pós-laboral, com um objetivo recreativo, de melhoria da saúde ou da composição corporal. À partida, e considerando estas diferenças, a abordagem terá de ser distinta». Adicionalmente, «a própria logística diária de um atleta amador pode não permitir que em alguns momentos ful-crais da ingestão alimentar se faça uma refeição com a composição nutricional Idealizada. Tudo deverá ser adaptado e personalizado tendo em conta estes fatores».

A "DIETA PERFEITA" (IM)POSSÍVEL

Para Lillian Barros, «seria bem mais simples dizer que sim, mas não existe uma "dieta perfeita"». A "dieta perfeita" é «aprendermos a fornecer ao nosso corpo o que ele precisa, aprendermos a ouvir o nosso corpo, interpretar as reações dele aos diversos alimentos que ingerimos», é aquela que «não nos escraviza, que nos permite, através do autoconhecimento do nosso próprio organismo, en-contrar um equilíbrio entre uma alimentação saudável que nos dê prazer e conceda. ainda assim, termos uma vida social ativa, que, frequentemente, inclui jantares e almoços que talvez nos façam ter pequenos desvios da dieta».

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DESTAQUE RUTRIO10 E DESPORTO

Classificando de «utópico» o objetivo de se criar urna "dieta per-feita", Antonio Pedro Mendes referiu que «existem práticas ou padrões alimentares que se adequam a determinados objetivos» e que «as particularidades de cada individuo exigirão sempre uma adaptação de cada dieta», Alem da composição nutricional do pla-no, devemos ter em conta a adesão ao mesmo: «Por muito otimi-zado nutricionalmente que um plano possa estar. se a adesão for baixa, os resultados tardarão a surgir».

Muito resumidamente, Rodrigo Abreu sustenta que a "dieta per-feita" é aquela que «cada um consegue seguir e que lhe permite atingir os seus objetivos». Para Marta Mourão é aquela que «se ajusta á rotina e preferencia individuais, sendo, por isso, exequivel e integrando-se de forma natural e sem sacrificio no dia a dia da pes-soa». Na sua abordagem, a "dieta perfeita" «segue os princípios dé uma alimentação mediterrãnica. que assegura as regras básicas de uma alimentação saudável, completa. equilibrada e variada, sem-pre ajustada ás necessidades individuais. No entanto, este concei-to será sempre algo discutivel. Existem múltiplas abordagens, cada uma assenta numa base científica distinta. A "dieta perfeita" nào resulta de um bestof de cada dieta, passando, sim, por seguir os princípios de uma unica dieta e consequente metodologia para a obtenção de resultados»,

O LADO "POUCO SAUDÁVEL" Os suplementos alimentares são muitas vezes considerados o lado "pouco saudável" dos ginásios e heolth dubs. Muitos sujeitos re-correm a suplementação de forma indiscriminada, quer por inicia-tiva própria. quer por recomendação de amigos ou vendedores não qualificados. «Os suplementos devem ser encarados como o últi-mo passo num processo que deve começar com um planeamento correto da alimentação», emitiu Rodrigo Abreu. salientando que «e importante que as pessoas tenham noção que nenhum suplemen-to compensa saltar refeições, fazer más escolhas alimentares OU

não estar devidamente hidratado».

Sublinhando que «em caso algum os suplementos devem substituir urna alimentação variada, equilibrada e completa». Alexandra Bento partilhou os resultados de um estudo realizado em frequentadores de ginásios e health dubs da cidade de Coimbra. Verificou-se que 25,1% consumiam suplementos alimentares, sendo a maioria do sexo mas-culino (79.8%). Os suplementos proteicos e os complexos vitaminicos e minerais foram os mais reportados. A maioria dos consumidores (75.6%) referiu iniciar o consumo por autoprescrição ou por indicação de amigos sem qualquer orientação de uni profissional de saúde.

«Apesar de, frequentemente, os consumidores perceberem o consu-mo de suplementos como seguro, a verdade é que o seu consumo não é livre de efeitos adversos, podendo, por exemplo, ter Interações com alguns medicamentos. Além disso, os suplementos nutricionais apre-sentam rótulos nutricionais com informação complexa que dificulta a interpretação e escolha por parte dos consumidores», alertou a bas-tonária da ON. Neste sentido, «é importante que o consumidor possa, junto de profissionais de saúde, saber os possíveis efeitos adversos e benéficos decorrentes do consumo de um determinado suplemento alimentar. Assim. a presença do nutricionista nos ginásios é um recurso imprescindível para auxiliar e orientar, caso seja necessário, a escolha de uni suplemento alimentar».

Também aqui, o nutricionista tem um papel fundamental, ao en-quadrar o uso dos suplementos, sempre que este se justificar. Partindo para o terreno, Cristiana Lopes comprovou que é comum confrontar-se com utilizadores do ginasio que consideram como primeiro recurso a suplementação. «Os suplementos servem para suplementar e não para substituir o quer que seja! Multo menos uma alimentação saudável e equilibrada. Devem ser usados, so-mente, em casos específicos em que não se consiga, apenas atra-vés da alimentação, suprimir as necessidades Individuais», realçou.

Marta Mourão revelou que «as pessoas quando vão para o giná-sio já vão, ou ficam. "formatadas" para a "necessidade" de suple-mentos. Porque veem os outros tomar ou porque ouviram dizer que e muito importante, mesmo sem saber o que o suplemento X ou Y faz. Mais uma vez, cada caso e um caso. A alimentação, por si, estará capacitada para dar resposta ás necessidades nutrido-nais. No entanto, a suplementação representa, por vezes. a forma mais prática e rápida de dar resposta ao aporte nutricional exigido, sobretudo no período peri-treino». Nestes casos. o papel do nu-tricionista passa por «educar, explicar o conteúdo nutricional do suplemento e mostrar alternativas alimentares que assegurem a mesma quantidade de nutrientes».

Antonio Pedro Mendes concorda que existe «um aconselhamento desajustado e irresponsável relativamente a alguns suplementos alimentares». contudo entende que existe «uma diabolização ex-cessiva de outros». «Creio que esta critica feroz e transversal a todo e qualquer tipo de suplemento por parte de alguns indivíduos apenas se pode justificar pela sua ignorància e desconhecimento relativamente a este assunto. É. sem dúvida, preferível admitir-se o desconhecimento relativamente aos efeitos fisiológicos de um suplemento do que propagar informação incorreta e alarmista», comentou. Do seu ponto de vista, o aconselhamento de suplemen-tos alimentares tem de assentar em dois pontos cruciais: «Conhe-cimento profundo dos suplementos em causa e avaliação com ri-gor e bom senso da pertinência da sua introdução. Alem disso, friso mais uma vez a obrigatoriedade de rejeitar qualquer incentivo ou oferta que possa influenciar a decisão de aconselhar, ou não, de-terminado suplemento alimentar».

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